Samambaia J ornal L a boratório
do curso de
Jornalismo
da
U n i v e r s i da de F e de r al
de
G oiás | G oiânia ,
abril ,
2012
Do ônibus lotado ao transporte clandestino
Guilherme Semerene
Enquanto uma parcela da população se espreme em veículos abarrotados de gente, outra se arrisca em carros clandestinos. Em ambas as situações, quem perde é sempre o usuário, que se vê refém de políticas públicas que não saem do papel >> 8 e 9
Edição: Guilherme Barbosa e Raisa Ramos
Das 440 mil ligações recebidas pelo SAMU em 2011, 25% eram trotes. Para este ano, a expectativa é reduzir este número e realizar mais atendimentos >> 7 Carolina Duarte
Diagramação: Danilo Boaventura, Raisa Ramos e Weverthon Dias
Trotes ainda são ameaça
Crianças
aprendem
brincando
CMEIs apostam em atividades que unem diversão e ensino, além de reproduzir rotina aconchegante que os pequenos teriam em suas próprias casas >> 5
Doação de Medula Óssea >>11| MMA >>12| Documentário por Crowdfunding >>13
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Samambaia >> Goiânia | abril, 2012
É tempo de mudanças Texto: Guilherme Barbosa, Luciano Rodrigues, Raisa Ramos
Primeira edição do ano! Novas ideias e uma nova equipe. Como pregam os mais pessimistas, 2012 pode até ser o fim do mundo, mas isso não nos impede de pensar num futuro melhor. Uma boa forma de transformar esse pensamento em realidade é investir em um jornalismo de qualidade, ainda em sua fase experimental. Em nossa tentativa de trazer um jornal com cara nova, abordamos assuntos a realidade acadêmica, com pautas que refletem os nossos interesses. Sociedade, arte, saúde, transporte, serviços, esporte
e música. Esses são os assuntos que estão estampados aqui, finalizado com um ensaio fotográfico com as figuras mais presentes no Campus II: os macacos do bosque. O jornalismo procura se adaptar a esse contexto de novas ideias. Hoje, essa linha de pensamento não é aprovada nas salas de aula e, aqui, opinião também tem a sua vez - sendo inclusive muito bem-vinda. Claro que isso é um processo. Tudo leva tempo. Embora tenhamos conseguido trazer algumas matérias com cara nova, outras permaneceram no campo das ideias, com a nossa vontade de se tornarem realidade. Apostamos em uma próxima edição.
R U M O R
a r t i g o
Samambaia
Ano XII – Nº 54, abril de 2012 Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia Universidade Federal de Goiás
O sexo e o jornalismo Texto: Norbert Bruggeman* Edição: Luciene Dias É realmente verdade? É um sonho? Não, de jeito nenhum. Voltei ao banco de escola, depois trinta anos. Na Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, Brasil, para onde esse holandês emigrou há oito anos. Que coisa, gente! Terminei a universidade de jornalismo com bons resultados na minha pátria. No mesmo país comecei a trabalhar. Aonde? Em um jornal regional holandês: o Brabants Nieuwsblad. Ano? 1981. De Stem, um outro jornal diário regional na mesma área, comprou Brabants Nieuwsblad em 1998. Um jornal novo nasceu: BN/ De Stem. Esse jornal ainda existe. Eu era jornalista, editor e artista gráfico. Fiz notícias, reportagens e trabalhei sob pressão todo o tempo. E muito mais, durante 23 anos. Agora pronto, já falei bastante sobre meu antigo trabalho.
Diagramação: Laura de Paula
e d i t o r i a l
Voltei à escola, né? Com alunos, professora, sala, cadeiras de escola, horários. Muito legal. Naturalmente me fez lembrar da minha velha universidade holandesa. Nome? School voor de Journalistiek. Na época só existia ela em todo país. Minha universidade era de extrema esquerda, com posições críticas e sempre chutando contra vacas sagradas. Não tão comum na Holanda. Mas era o início dos anos oitenta. Ainda uma época de revoltas, ditaduras caindo pelo mundo. E os jovens estudantes de jornalismo e os professores foram mais radicais. Que lembranças! Eram discussões sem fim, professores com cabelos longos, barbas grandes e camisas vermelhas. Fumando cachimbo. Naturalmente, também muitos livros sobre jornalismo. Com resultados de pesquisas, com os pensamentos, as regras. Que blá-blá-blá. Tudo pra nada? Não, é sempre bom ler, estudar e comparar. Essas coisas enriquecem o espírito. Hoje em dia, depois de trabalhar
como jornalista mais de um quarto de século, eu nunca vou esquecer professor Ben van de Pavert. Especialmente agora, voltando ao banco da escola. Ben era um homem sujo, sim, com barba, bigode e cabelos compridos. Nojento. Mas os alunos admiravam-no. Com tudo razão. Suas palavras estão na minha memória para toda a eternidade: ´´O que vocês estão fazendo aqui? Querem ser jornalistas? Vão para a rua! Entrevistem, pesquisem e nunca voltem sem notícias ou reportagens. Vocês querem estudar jornalismo dentro de uma escola? Vocês são idiotas? Ouçam bem jovens! O jornalismo é igual o sexo: Vocês aprendem sexo dentro de uma escola? Não, lá fora. O início é difícil, talvez dramático. Mas ao longo do tempo, fica melhor. A prática é o professor. Igual no jornalismo. Agora pronto, é o bastante. Saiam daqui!`` * Norbert Bruggeman (54) é holandês, jornalista e editor. Mora no Brasil desde 2003.
Reitor Professor Edward Madureira Brasil Diretor da Faculdade Professor Magno Medeiros Coordenador do Curso de Jornalismo Professor Juarez Ferraz de Maia Coordenadora Geral do Samambaia Professora Luciene Dias Editor de Diagramação Professor Salvio Juliano Monitoria Laura de Paula Silva Diagramação Alunos da disciplina Laboratório Orientado – Diagramação Edição Executiva Alunos da disciplina Jornal Impresso II Produção Alunos da disciplina Jornal Impresso I Contato Campus Samambaia - Goiânia/GO - CEP 74001-970 Telefone: (62) 3521-1092 E-mail: samambaiajornal@gmail.com Impressão: Cegraf/UFG Tiragem: 1000 exemplares
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Brasil ainda não é um país de leitores
c o m p o r t a m e n t o
De nerd a geek
O brasileiro lê em média quatro livros por ano e apenas metade da população pode ser considerada leitora, aponta a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, de março. O estudo feito em 2011, entrevistou mais de 5 mil pessoas em 315 municípios. Na categoria leitores, se encaixam quem leu pelo menos um livro nos últimos três meses, inteiro ou em partes. Entre as mulheres, 53% são leitoras contra 43% dos homens. (Redação)
de confundidos quanto ao significado atribuído, os dois termos carecem de uma diferenciação
Texto: Filipe Andrade Diagramação: Laura de Paula
“B
azinga!” Essa expressão foi popularizada pelo personagem Sheldon Cooper, interpretado pelo ator estadunidense Jim Parsons na série The Big Bang Theory. O seriado, que começou em 2007, aborda a vida de dois amigos nerds que convivem com outros dois amigos e uma garota que mora no mesmo prédio que eles. Segundo Danielle Galvão, professora e pesquisadora de comunicação da PUC de São Paulo, o termo nerd surgiu por volta dos anos 1950 e 1960. Em um artigo publicado na revista Intr@Ciência, ela explica que o termo nerd refere-se à pessoa “que nutre alguma obsessão por um determinado assunto a ponto de pesquisar, colecionar coisas, escrever sobre isso”. Já geeks, para ela, é uma nova definição que acrescenta o gosto por computadores, ficção científica e HQs. A visão clássica dos nerds era a daquele garoto tímido, que usava óculos e aparelhos ortodônticos, uma visão caricaturada que, de acordo com Danielle Galvão, a série The Big Bang Theory ajuda a difundir. Atualmente essa situação é diferente e o nerd deixa de ter, necessariamente, essas características. É aqui que entra o termo geek. Para José Guilherme Abrão Firmino, estudante, blogueiro e geek assumido, aqui no Brasil há uma confusão entre
os dois termos. Segundo ele, no inglês, por exemplo, o geek “é aquele cara que é apaixonado por seus gostos pessoais”, enquanto que nerd soa como um termo pejorativo. Por aqui o termo nerd ainda é muito utilizado e não seria ofensivo, mas José Abrão destaca que geek é o termo mais correto. Em Goiânia, os locais onde eles frequentam são as lojas de vídeo games, algumas livrarias e outros locais específicos identificados pelo grupo. A forma de vestir, em grande parte das vezes, também é característica, casual, com jeans e camisetas de super-heróis ou bandas. Segundo José Abrão, apesar de pouco divulgados, em Goiânia, acontecem eventos com temática geek, como torneios, reuniões em torno de algum produto midiático ou, ainda, feiras, quando diversos elementos da cultura geek são abordados.
Filipe Andrade
Apesar
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Preconceito Como outros grupos sociais, os geeks lidam com o preconceito. Para José Abrão a imagem dos “nerds” ainda é pejorativa e eles são vistos como perdedores e inaptos socialmente. Apesar da glamourização do termo nerd, que é mais comum no Brasil que geek, ainda há, segundo José Abrão, alguns estereótipos. Por exemplo, “acham que ver um filme de super-herói é ser nerd”. Para ele é mais que isso, é uma questão de personalidade.
A diferença Geek: termo mais correto, caracteriza a pessoa obcecada pelos gostos pessoais (HQs, Jogos Eletrônicos e etc).
Nerd: apesar de, no Brasil, se referir ao mesmo geek, é, em geral um termo pejorativo. Possui uso genérico no país. Para José Abrão, ser geek é mais que uma questão de gosto, tem a ver com personalidade
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Goiás ganha programa sobre cultura A TV Brasil Central, afiliada da TV Cultura em Goiás, lançou neste mês, um programa que tem como enfoque a cultura popular e vai abordar todos os movimentos culturais de Goiás. O Rota Cultural é exibido aos sábados. (Redação)
e d u c a ç ã o
Comunidade FazArte: educação gratuita ao alcance de todos
Projeto
de extensão realizado na
Texto: Weverthon Dias Edição: Luciano Rodrigues Diagramação: Agnes Arato
M
ilitância pelo direito à educação. Este é o slogan do cursinho comunitário intitulado Projeto Comunidade FazArte. O projeto de extensão surgiu em 2005 por iniciativa de moradores do Conjunto Itatiaia juntamente com estudantes da UFG. Já em 2007, tornou-se projeto de extensão da Universidade e, desde então, tem contribuído para que estudantes de baixa renda tenham acesso a um cursinho pré-vestibular de qualidade e, consequentemente, tenham maiores chances
Facomb
disponibiliza cursinho pré-vestibular a estudantes de baixa renda
no vestibular. O cursinho, que começou no Colégio Estadual Waldemar Mundim, no Conjunto Itatiaia, e já passou pela Faculdade de História da UFG, agora acontece nas noites de segunda a sexta-feira na Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb). O projeto atende hoje 220 alunos pré-vestibulandos de baixa renda e conta com uma equipe de trabalho de mais de 30 pessoas entre professores, coordenadores e colaboradores. Jullyane Alves, ex-aluna do cursinho e uma das atuais coordenadoras do projeto, afirma que ‘‘o projeto tem objetivos que vão além de colocar o aluno na faculdade, ele se preocupa em como esse aluno irá se comportar ao entrar
>>
Na ativa desde 2005, o projeto atende hoje 220 alunos pré-vestibulandos de baixa renda, e conta com uma equipe de trabalho de mais de 30 pessoas nela, como agirá diante da sociedade e como pode interferir nela.’’ Jullyane Noleto
Estudantes assistem a aula especial do FazArte na Faculdade de História da UFG
Estrutura No último vestibular da UFG, cerca de 40 alunos do projeto foram aprovados no vestibular. No total são disponibilizadas quatro salas da Facomb para atender aos estudantes e uma sala para a secretaria do curso. Segundo um dos coordenadores gerais do FazArte, Alan Araújo, a falta de professores e salas disponíveis para as aulas são os principais elementos que dificultam uma expansão do projeto. O coordenador afirmou ainda que o cursinho não conta com mais professores por falta de pessoas com o ideal da Comunidade FazArte. Vários alunos que
participam do projeto voltam após a aprovação do vestibular. É o caso da estudante Izabel Noleto, aprovada no último vestibular da UFG, que hoje também faz parte da equipe de trabalho do FazArte. A estudante afirma que se sente na obrigação de participar do projeto, pois da mesma forma que ela foi ajudada, pretende ajudar outros a também ingressar na universidade. Ajudar também está nos planos da estudante Danielle Damasceno. A aluna quer prestar vestibular para medicina e atualmente está matriculada no FazArte, garante que se passar no vestibular volta para colaborar com o projeto. Danielle afirma que apesar da falta de professores o cursinho é de excelente qualidade e que tem colaborado muito em sua preparação para o vestibular.
Informações Onde Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia Universidade Federal de Goiás Quando De segunda a sexta-feira à noite, com aulas extras aos sábados pela manhã Abrangência Cerca de 220 estudantes Equipe de trabalho Mais de 30 pessoas, entre professores, coordenadores e colaboradores
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i n f â n c i a
Crianças de Goiânia têm segunda casa proposta pedagógica dos
Texto: Carolina Duarte Edição: Mariza Fernandes Diagramação: Raisa Ramos
E
m parceria com a Prefeitura, o Governo Federal anunciou, em 2011, a criação de 54 Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) em Goiânia até o ano de 2016. Segundo a professora e coordenadora do Cmei Jardim Guanabara III, Érica Melhorin, hoje em dia “não tem creche mais, hoje tem Cmei”. Isto é, os centros, que são públicos e custeados pelo município, possuem uma proposta de ensino mais pedagógica e menos assistencialista. Para conseguir vaga, os pais devem ligar, durante o período de matrícula, para o número que a Secretaria Municipal de Educação fornece. Podem participar crianças de seis meses a cinco anos de idade. O critério de seleção é a ordem de quem liga primeiro. Por isso mesmo, falta vaga para quem quer. No Cmei Jardim Guanabara III, há um total de 70 crianças em quatro salas que são atendidas por 27 profissionais. Cada turma é separada por idade e possui um professor, que deve ser pedagogo, e um agente educativo, com curso de magistério, para cuidar das crianças. A programação das atividades é escolhida antecipadamente e organizada de forma alternada pela coordenação com o acompanhamento da Secretaria. Segundo a diretora do centro, Maria Helena Aires Rodrigues, o Cmei é “a segunda casa da criança”. Dia-a-dia no Cmei Nesta “segunda casa” o dia é longo e começa cedo, com o desjejum: geralmente, pão, leite e frutas. Todas as refeições são servidas no refeitório. O car-
CMEIs
garante autonomia aos mais de
19
mil baixinhos atendidos pelo programa na capital
dápio é criado pela coordenação com a orientação de uma nutricionista designada pela Secretaria de Educação. Na hora do almoço e da “jantinha”, os tradicionais arroz, feijão, carne e salada compõem o prato das crianças. A sobremesa costuma ser uma fruta e, às vezes, um doce é servido. O refeitório é um dos lugares favoritos de Gabriel Satler Pires Pasini, de cinco anos. Ele diz com um sorriso acanhado que a hora de comer, de brincar de lego e de pintar são os momentos prediletos. Proposta O que Gabriel não sabe é que, enquanto brinca de lego e faz “tarefa de pintar”, ele também está sendo educado. Quando as crianças acham que estão apenas se divertindo também aprendem. São elas quem escolhem qual vai ser o material de Crianças descansam debaixo de árvores no pátio de recreação do Cmei do Jardim Guanabara III trabalho da professora. “as amiguinhas”, Yasmin também ajuda com estas temáticas que as professoras Yasmin Ferreira Silva, de cinco anos, a professora a descobrir qual o foco da devem trabalhar. Segundo a coordenadora, a proposta é promover o ensino dos quais passou quatro no Cmei, afir- aprendizagem a ser explorado. ma que “brinca de tudo”. Quando se diO projeto de trabalho parte das através das crianças. “É dentro dessa verte e está na companhia daquelas que crianças, é o que querem aprender. Elas curiosidade infantil que se busca o coconsidera o mais importante no centro, falam em “sapo, lagartixa, coração” e é nhecimento científico”, conclui.
Carolina Duarte
Nova
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r e p r e s e n t a ç ã o
Novo grupo defende direitos estudantis Oposição
ao
DCE-UFG
expõe suas ideias de luta e tenta mobilizar alunos e reestrutur o diretório da universidade
Texto: Talitha Nery Edição: Alana Sales Diagramação: Marcela Haun
A
Oposição Classista, Combativa e Autônoma (CCA) ao Diretório Central dos Estudantes (DCE) surgiu em outubro de 2011 para enfrentar as novas eleições do diretório estudantil. O DCE é conhecido pelos estudantes da UFG pelas reivindicações que atendem aos interesses não só de universitários, mas também de alunos secundaristas. São realizadas também manifestações em prol do interesse estudantil, como as passeatas contra o aumento das tarifas de ônibus. De acordo com Mariana Coimbra, membro do DCE, é natural que surjam novas chapas de oposição neste momento de entrega de gestão. Oposição A Oposição CCA luta pela classe trabalhadora e busca uma universidade verdadeiramente popular, ficando livre de prendimentos governamentais e de dependência de empresas privadas. Uma das maiores críticas ao atual mandato do DCE é que “a direção do DCE se constitui na UFG por indivíduos de partidos legais e reformistas, para-governistas, que se utilizam desses espaços como palanque eleitoral ou para eventos festivos que nada contribuem para o movimento, deixando a luta estudantil de lado” como é dito no próprio blog da oposição CCA (oposicaocca.blogspot. com.br). O grupo luta por mais assistência ao estudante universitário acreditando que aquela oferecida pela universidade não é suficiente. Eles são contra o novo
Talitha Nery
Plano Nacional de Educação (PNE), criado pelo Ministério da Educação, que traça as diretrizes e metas para a educação brasileira a serem seguidas até o ano de 2020. O CCA é contrário à existência do ENEM e do vestibular. Para eles, a universidade deve ser algo inteiramente universal, ou seja, o ensino superior deve estar ao alcance de todos. Gestão atual O DCE-UFG é uma entidade estudantil que representa todos os estudantes da instituição de ensino e organiza movimentos em Boas-vindas da oposição aos novos alunos da UFG prol dos alunos. Além disso, o diretório mantém relações com entida- versidade. Uma semana é dedicada a des que representam os estudantes, tais palestras e debates sobre assuntos que como a União Nacional dos Estudantes. o DCE defende. Esses eventos não são A atual gestão realiza todo semestre bem vistos pela oposição, que os julga a calourada unificada dentro da uni- insuficientes pela luta dos estudantes e,
algumas são vistas como forma de promoção política. Apesar das críticas recebidas pela oposição, a diretoria do DCE faz um balaço positivo da gestão atual.
Você sabe o que é a Oposição CCA? “É um grupo de oposição ao DCE, que tem bons ideais, mas que partem de uma premissa muito extremista para conseguir Álvaro Castro o que querem. Eles tem um pensamento muito utópico, de revolução. Eles fazem encontros, palestras que são muito boas, mas quando se fala de posicionamento político, eles pecam na forma de tentar conseguir os objetivos”.
“Não sei muito sobre esse movimento, acho que falta um pouco de divulgação. Creio que poucas pessoas da faculdade estejam cientes da Sara Luiza formação desse novo grupo”.
“A única informação que tenho é a de que o CCA é uma oposição ao DCE,
Felipe Ungarelli
mas não tenho conhecimento dos ideais contrários”. “Não conheço o grupo de oposição, mas penso que, se a intenção do grupo é “derrubar” o DCE o movimento devia ser mais bem divulgado, principalmen- Camilla Rocha te entre nós, estudantes, que somos os principais interessados quando o assunto é direito estudantil”.
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s a ú d e
Serviço de Urgência amplia atendimentos mais de
440
mil ligações recebidas pela central em
Texto: Guilherme Semerene Edição: Guilherme Barbosa Diagramação: Brunno Falcão
O
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Goiânia recebeu, no ano passado, cerca de 440 mil ligações. Destas, quarenta mil necessitaram do envio de viaturas e uma parcela de 290 mil ocorrências pôde ser resolvida por telefone. Segundo o diretor geral do Samu Goiânia e Região, Fernando Bernardes, a grande procura pelos serviços de urgência se deu pelo aumento do número populacional e pela facilidade de buscar o atendimento. “O Samu atende hoje qualquer vítima que corre risco de vida. Queremos que a população acredite no nosso trabalho”, afirma. Bernardes fala que a velocidade do transporte e a qualidade de quem trabalha nele aumenta cada vez mais. “A exigência do povo é muito grande, temos que estar prontos sempre. A qualidade de nossas ambulâncias para socorristas
2011,
cerca de
25 %
foram trotes.
A maioria
parte de crianças
e pacientes vem melhorando substancialmente.”
Fotos: Guilherme Semerene
Das
Atendimentos De todos os atendimentos realzados no ano passado, ocorreram 180 óbitos. As principais causas de morte foram: acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão arterial, infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca congestiva. A recepcionista, Maria das Graças Valadares, 53 anos, foi uma entre as centenas de atendimentos bem sucedidos no ano passado. Em outubro, Maria sofreu uma insuficiência cardíaca na porta de sua residência. “Pensei que não conseguiria resistir. Felizmente fui surpreendida com a agilidade do atendimento dos profissionais do SAMU.” Outro exemplo dos serviços prestados à população é o do engenheiro civil Fábio André Lobo. “Sofri um acidente automobilístico e quase perdi a vida”. Se a motolância não estivesse passando pelo local por acaso, talvez não estivesse aqui, devido à minha distração.
Central 192 recebe ligações e encaminha socorro: profissionais em alerta 24h por dia Já a história de Camilo Rodovalho, estudante de economia, não foi feliz. Vítima de um acidente de moto, o graduando sofreu uma fratura exposta no braço direito. Segundo ele, a ambulância chegou rápido, mas o atendimento não foi bem feito. “Sinto dores até hoje e penso que os erros não aconteceram no hospital e sim com os socorristas,” afirma. Trotes
Motolâncias preparadas para atendimentos: serviço permite mais rapidez
Algo que prejudica o atendimento são os trotes, na maioria feitos por crianças. Segundo médicos e telefonistas do Samu, os trotes não são apenas as brincadeiras de mau gosto. Chamadas em que não há necessidade da ambulância, como por exemplo pacientes com fortes enxaquecas, também são consideradas trotes. Em 2011, cerca de 110 mil ligações recebidas foram desnecessárias. Bernardes destaca a importância de conscientizar a população sobre o trabalho desenvolvido. “Se conseguirmos diminuir o número de ligações dispensáveis, com certeza vamos salvar mais vidas.” Para esse ano, a expectativa é que mais atendimentos sejam concretizados e menos
trotes aconteçam. Em janeiro deste ano, o Samu recebeu mais de 35 mil ligações, sendo quase 10 mil trotes.
Perfil Criado pelo Governo Federal, em 2003, o Samu vem reduzindo, desde então, o número de óbitos, o tempo de internação em hospitais e as sequelas decorrentes da falta de socorro precoce. Estima-se que as mortes reduzam 25% nos próximos cinco anos. O Samu divide seus automóveis em três tipos. A Unidade de Saúde Básica Avançada é mais completa e se assemelha a uma UTI móvel. Já a Unidade de Saúde Básica é usada em casos menos complicados, mas também salva vidas, porque contém o desfibrilador, cuja função é fazer com que o coração volte ao seu ciclo cardíaco normal. Por sua vez, a motolância é um serviço inteligente, que tem como objetivo chegar antes das outras unidades nos acidentes mais graves.
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t r a n s p o r t e
Transporte
Filipe Andrade
Vai com quem? clandestino divide usuários e órgão fiscalizador
Texto: Filipe Andrade Edição: Guilherme Barbosa Diagramação: Luísa Viana
“A
inda tem quatro lugares. Alguém quer ir sentado?” Durante o fim da tarde no ponto da Praça da Bíblia, principal ponto de embarque e desembarque entre Goiânia e Anápolis, não é difícil ouvir frases desse tipo. Faz tempo que os transportes irregulares de passageiros, as lotações, são oferecidos em terminais rodoviários e pontos de embarque em todo o Brasil e contam com a aceitação de uns e a rejeição de outros. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o transporte irregular se intensificou no final da década de 90. Para a estudante Tallita Guimarães, usuária do transporte entre Goiânia e Anápolis, as lotações deixam muito a desejar. Para ela, utilizar as lotações “é colocar sua vida e segurança em absoluto risco”. Ainda de acordo com Tallita, “quem faz o uso do transporte irregular sabe que os carros nem sempre são vistoriados e revisados”. Outro lado Há aqueles, a exemplo do estudante Pedro Marinho, que preferem as lotações. Segundo ele, o motivo principal que influenciou sua escolha foi o tempo de viagem que, nas lotações, chega a ser a metade do tempo de viagem do transporte regular. “Se formos analisar cada caso, o uso das lotações é uma alternativa a ser considerada”. No entanto, ele ressalva que esse tipo de transporte oferece riscos a seus usuários, além de serem ilegais. Apesar disso, Pedro afirma que muitos motoristas de lotações são honestos e que, por necessidade, fazem esses transportes.
Em média, o tempo de viagem em um ônibus regularizado de Goiânia a Anápolis é de 50 minutos. O preço da passagem é de R$ 5,55. Já para quem usa as lotações, o preço varia entre R$ 6 e R$ 10. Os veículos são sempre carros populares. Não é fácil encontrar algum motorista que queira falar ou se identificar como motorista de lotação, apesar de ser constante a abordagem próximo aos pontos de embarque. O Jornal Samambaia tentou, por telefone, contato com um motorista. Deco, como é conhecido, não quis dar declarações, segundo ele para não se comprometer, e afirmou não fazer mais esse tipo de transporte. Fiscalização Segundo Humberto Tannús, presidente do conselho regulador da Agência Goiana de Regulação (AGR), o órgão está intensificando a fiscalização ao transporte irregular em Goiás. No estado, só no mês de março, os fiscais da AGR abordaram 61 veículos e aplicaram 72 multas. De acordo com Tannús, novas medidas estão sendo adotadas, a médio e curto prazo, visando alcançar motoristas e usuários. Dentre as novas medidas estão a reestruturação do transporte intermunicipal de passageiros em Goiás e punições mais duras, como o enquadramento dos motoristas e dos proprietários dos carros usados nas lotações em três artigos do código penal. Além das medidas repressivas, a AGR, planeja uma campanha para debater com a população os riscos que os usuários das lotações estão sujeitos. Terminais e pontos de embarque terão cartazes afixados para conscientizar os usuários. Segundo Humberto Tannús também deve haver uma parceria da AGR com as empresas de transporte regularizadas para atender melhor a população, evitando que as pessoas utilizem o transporte
Atualmente, entre Goiânia e Anápolis, 28 ônibus fazem a rota regularizada clandestino. O presidente da agência faz questão de destacar a importância de ônibus de qualidade a preços de passagens “o mais razoável possível”. Diante dessas propostas o que se
deve ter em mente é o benefício da população com um transporte digno, que garanta conforto e segurança. Com esses requisitos cumpridos parece ser mais fácil decidir qual tipo de transporte usar.
UFG e a melhoria no transporte Muitos estudantes têm que enfrentar ônibus lotados ao cruzar a cidade inteira para chegar ao Campus Samambaia no horário das aulas. Pode parecer ultrapassada essa reclamação, mas o fato é que, em pleno 2012, o transporte coletivo ainda está aquém do esperado de um serviço satisfatório. Constatar que a UFG contabiliza cinquenta anos de descaso com o transporte de seus estudantes é uma vergonha. As cenas mais frequentes observadas e vividas por quem depende de ônibus para ir à faculdade são veículos claustrofobicamente lotados, que várias vezes não param nos pontos também cheios por falta de espaço. Pessoas têm que se contorcer e empurrar o colega para conseguir um lugar no corredor apertado; e para descer então? É uma luta ter que passar por tanta gente até chegar na
porta do ônibus – isso quando o motorista não acelera o carro antes de as pessoas saltarem. Além de desrespeitoso e desumano, o transporte é perigoso. Tentaram melhorar a situação incluindo uma linha de City Bus para o campus, mas só evidenciou mais o caos. Com passagens mais caras por conta das poltronas almofadadas e do ar-condicionado, a van anda com temperatura interior maior que a externa, e mais passageiros que o determinado (no começo, não deixavam pessoas irem em pé; hoje, lotam o veículo com alunos desesperados por chegar no horário certo nas aulas). Cadê a Reitoria intercedendo a favor do corpo discente nos órgãos e departamentos públicos “competentes” de Goiânia? Cadê a equipe administrativa da universidade solicitando mais ônibus para o campus, já
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t r a n s p o r t e
Capital necessita de mais ônibus funcionamento do sistema de transporte público e frota reduzida de coletivos revoltam usuários do serviço
Texto: Filipe Carvalho Edição: Guilherme Barbosa Diagramação: Gabriel Trindade
G
oiânia é uma metrópole que passou por um crescimento urbano de grandes proporções em pouco tempo. Áreas como a construção civil e o setor automotivo sofreram um “boom” na última década. Toda essa expansão acarreta não só vantagens, mas também sérios problemas de infraestrutura que, se não observados corretamente, resultam em uma bola de neve. O trânsito goianiense foi um dos mais afetados. Os horários de pico passaram a representar dores de cabeça para muitos motoristas que não estavam acostumados com a aglomeração de carros. Diante desse cenário, o transporte coletivo deve-
público por Raisa Ramos que a quantidade atual não é suficiente? O que era ruim ficou pior por conta do Reuni, projeto que aumentou o número de vagas oferecidas pela instituição. Os ônibus que já não davam conta do recado ficaram insuportáveis com o crescimento da demanda. Todo o esforço e atenção que a universidade dá para as reformas dos campi deveria também ser empregado para melhorar o bem-estar e a segurança dos estudantes no caminho para a faculdade. Afinal, de nada adianta ter laboratórios novos ou salas climatizadas se os alunos não conseguem chegar a tempo – ou inteiros – para usufruir desses benefícios. Está na Constituição: todo cidadão tem direito de ir e vir. Logo, é dever da universidade, sim, cuidar desse assunto, um dos mais importante da comunidade acadêmica.
ria ser uma opção para diminuir o número de veículos nas ruas e garantir maior fluidez.
Felipe Carvalho
Mau
Obstáculos O estudante Victor Cavalcante (19), acaba de ingressar na UFG e já sente as dificuldades de locomoção. Com aulas predominantemente no Campus Samambaia, Victor tem como única opção o uso do transporte coletivo e não está satisfeito. Como reside no Setor Jaó, sua jornada consiste em pegar quatro ônibus diários, considerando a ida e volta. Victor planeja as viagens com antecedência para não arriscar chegar atrasado ao destino ou perder a condução. ‘’É difícil depender de ônibus em Goiânia. Muitas vezes, tenho que sair de casa cerca de duas horas antes do horário normal, para chegar a tempo’’, diz. Brena Aquino (21), estudante de Direito na UFG, ressalta que além das dificuldades temporais, o espaço também é um agravante. ‘’Não é raro nós, estudantes, nos depararmos com ônibus completamente lotados antes das aulas. Os motoristas tentam fazer com que o máximo de pessoas embarquem para não perderem a viagem, uma vez que o próximo ônibus pode demorar cerca de trinta minutos, no mínimo, para passar.’’ Essa situação gera outros problemas, como a falta de segurança e o desconforto. ‘‘Quando não existe outra opção, o jeito é ir no ônibus lotado mesmo. Mas aí o espaço fica extremamente reduzido, com quase o dobro da capacidade total do veículo. Alguns chegam a ficar nos degraus da área de embarque, sem qualquer tipo de segurança. Uma freada mais brusca pode ser catastrófica’’, ressalta. A secretária doméstica Joanita Abrantes (42) mora na Vila Redenção e depende do transporte para o trabalho. ‘‘Ando
Número de ônibus é insuficiente para acomodar todos os passageiros de ônibus todos os dias e não me sinto bem atendida pelo serviço. Se, por acaso, eu perco o horário de um ônibus, tenho que esperar quase cinquenta minutos até que passe outro, que não esteja lotado. Além de tudo, ainda nos cobram R$2,50 [preço da passagem de ônibus inteira] por um serviço que julgo ineficiente.‘’ Segundo dados da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), 900 mil pessoas utilizam o serviço por dia, número que corresponde a
cerca de 41% da população goianiense. Nos terminais é visível a diferença do número de pessoas para a quantidade de ônibus existentes. Existe nítida defasagem de veículos considerando o número de usuários, e lugares onde as linhas não conseguem comportar a população. Enquanto não houver uma análise desse quadro, que leve a uma releitura de problemas estruturais, Goiânia não será capaz de atingir um patamar de referência para o resto do Brasil.
Números 259 linhas de ônibus convencional
393 mil viagens mensais
10 linhas de CityBus (microônibus)
5 concessionárias compõem a RMTC
20 terminais de integração
1.478 ônibus compõem a frota total
3 áreas de atuação: Sul, Leste e Oeste
900 mil usuários/dia (41% da população) Fonte: RMTC/CMTC
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Eventos acadêmicos
t e c n o l o g i a
Videogame é novo aliado da fisioterapia Centros
de
Reabilitação Física
- O Instituto de Informática da UFG vai promover um workshop de visão computacional, de 27 a 30 de maio. Inscrições custam R$ 60 para os estudantes de graduação. (Redação) - Acontece na UFG, entre os dias 14 e 18 de maio, a XIX Semana de Filosofia. Estão previstas palestras, mesas-redondas, minicursos, conferências e sessões temáticas de comunicações. Professores de São Paulo, Piauí, Paraná, Lisboa (Portugal) e Madri (Espanha) garantiram participação no evento. (Redação)
apostam nos jogos eletrônicos como complemento na terapia de crianças e jovens
Pollyana Lima
Texto: Pollyana Lima Diagramação: Fábio Alves
N
a tentativa de aumentar a adesão e estimular a autoconfiança de pacientes durante a reabilitação de distúrbios físicos, fisioterapeutas têm apostado no uso de videogames. “Os jovens se mostram animados e costumam se adaptar muito rápido à terapia com Nitendo Wii, o que pode ser explicado pela familiaridade que possuem com jogos eletrônicos principalmente o videogame”, explica Gustavo Mauro Witzel, fisioterapeuta do Crer (Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo). “Outro benefício é que podemos utilizar o Nitendo Wii em um ambiente seguro e sob a supervisão do terapeuta, o que permite ao paciente movimentar-se de variadas formas sem o risco de quedas, por exemplo, já que vários deles têm medo e dificuldade de se manter de pé”, completa o fisioterapeuta. Os jogos são adaptáveis a cada paciente. Aqueles que não podem ficar
“
Os jovens se mostram animados e costumam se adaptar muito rápido à terapia com Nitendo Wii” Gustavo Mauro, fisioterapeuta do Crer
Videogame proporciona a crianças e jovens tratamento fisioterápico de forma lúdica de pé podem jogar sentados e utilizar apenas tronco e braços, e os que necessitam de um estímulo para a realização de atividade física e práticas esportivas, contam com jogos de tênis, basquete e até futebol. O movimento executado é o mesmo que aparece na tela. “Existem também os que estimulam a linguagem através de comandos de voz, a cognição, e exercitam a memória”, afirma Gláucia Castro, fisioterapeuta. Segundo Ludmilla Rodrigues, mãe de Caio, de seis anos, portador de paralisia cerebral, o filho passou a se divertir muito mais durante a terapia quando utiliza o Nitendo Wii. Chora menos e se esforça para conseguir realizar todos os
movimentos durante o jogo. Funcionamento O principal videogame utilizado, o Nitendo Wii, é composto por uma plataforma que transfere o peso e a posição corporal do jogador para uma tela projetada para as mãos e braços. O equipamento tem um controle no qual os movimentos são captados por um sensor, como num “mouse aéreo”. Todos os movimentos captados são projetados em uma tela e os pacientes passam então a ser os personagens dos jogos e a movimentá-los a partir de seus próprios movimentos.
Sem dependência e em expansão Uma das preocupações quando se inicia um tratamento com a utilização de novas tecnologias é a dependência. No caso do uso de jogos interativos em terapias, porém, não há relatos de dependência dos pacientes. Como o videogame é uma forma de complementar o atendimento, os registros mais comuns são de que a criança percebe que jogar é apenas uma de suas brincadeiras semanais e não a única. A criança que utiliza o Wii Fit, um pacote de jogos do Nitendo Wii, tem um estímulo para a prática de exercícios aeróbicos, de condicionamento muscular, de equilíbrio e de força o que combate o sedentarismo promovendo ao jogador uma vida mais saudável. Em Goiânia, o principal Centro de Reabilitação a utilizar o Nitendo Wii de forma terapêutica é o Crer. Contudo, o Centro de Orientação Reabilitação e Assistência ao Encefalopata (Corae) também incorporoau o uso do equipamento após a realização de pesquisas que comprovaram que a reabilitação virtual pode auxiliar no tratamento para desordens de equilíbrio em crianças com registros de paralisia cerebral.
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s a ú d e
Quando doar significa salvar vidas
Desconhecida por uns e temida por muitos, a doação de medula óssea pode ser um passo para socorrer pessoas em transplantes
“
É
um simples doar, salvar a vida de alguém sem receber nada em troca”, assim Cristiane Tuma, médica hematologista e diretora do Hemocentro de Goiás, define a doação de medula óssea. Ação pouco conhecida pelos brasileiros, mas que pode fazer diferença na vida de pessoas que sofrem alguma doença sanguínea. O transplante cura enfermidades como leucemia e linfoma e não causa prejuízo ao doador, pois o tecido se reconstitui em 48 horas. Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos, com boa saúde, pode doar. O interessado se inscreve no Registro Brasileiro de Doadores de Medula (Redome) e seus dados ficam disponíveis em todo o país. Em Goiás, o cadastro é feito no Hemocentro de Goiânia. Lá coleta-se uma amostra de sangue do futuro doador, a qual será submetida a testes e avaliações que definirão as características genéticas do doador. O registro nacional é importante porque amplia as possibilidades de o paciente encontrar um doador compatível. Parece estranho, mas grande parte dos enfermos não encontram doadores na família. Mesmo entre irmãos, a chance de compatibilidade é 25%.
“Hoje o Hemocentro tem 100 mil doadores cadastrados, o banco nacional tem em torno de 2,5 milhão, mas ainda assim é muito pouco. Nós temos mais de 2 mil pacientes que precisam de transplante e como a chance é muito pequena, a gente precisa ampliar ao máximo o número de doadores, para aumentar as possibilidades”, explica a médica Cristiane Tuma. A estudante de jornalismo Raquel Lourenço se cadastrou no banco de dados há alguns anos, mas não foi chamada para doar. Ela acredita que a doação deve ser uma experiência muito gratificante, pois dá a oportunidade de mudar a vida de outra pessoa além de ser uma prova de amor ao próximo. “É algo que não dói, não tira pedaço, o corpo se restabelece rapidamente. É um ato de solidariedade e amor e além de ser uma troca, eu posso precisar do transplante um dia. Preciso me colocar no lugar do outro”, comenta Raquel. Receios O Redome tem crescido nos últimos anos, mas ainda o número é pequeno, principalmente em função da heterogeneidade da população brasileira. A chance de um paciente encontrar um doador não aparentado é de uma em um milhão. A maioria da população tem medo de doar medula óssea por falta de informação. Uma das razões é que eles acham que vão doar a medula espi-
Quando pode haver transplante Anemia Aplástica grave: doença que compromete a produção de células do sangue na medula óssea; Mieloma Múltiplo: crescimento exagerado dos plasmócitos, origina 10% dos cânceres hematológicos;
Leucemia: tipo de câncer que compromete os glóbulos brancos; Mielodisplasia: comum em idosos, diminui os leucócitos do sangue; Linfomas: proliferação exagerada de linfócitos.
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Apesar da facilidade, poucas pessoas sabem onde e como doar medula óssea
nhal”, explica Cristiane Tuma. A medula óssea é um tecido líquido que ocupa a cavidade dos ossos e é reconstituído em poucas horas. Já a medula espinhal é um tecido nervoso e qualquer intervenção ou fratura pode causar danos graves ao sistema nervoso. O número de transplantes no Brasil é pequeno em função dessas dificuldades. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em todo país, dois transplantes entre não aparentados são feitos por mês e sete são realizados entre parentes. Estas estatísticas podem mudar se o número de pessoas cadastradas no Redome aumentar. Mas as obrigações do cotidiano podem impedir esse crescimento. O estudante de Física, Lucas Guimarães, por exemplo, culpa a vida apressada. “Tenho interesse em me cadastrar, acho importante, mas não sei explicar o porquê de eu nunca ter ido. Acho que falta tempo.” A auxiliar de serviços gerais, Antônia Borges sabe que existe o cadastro e que ela poderia contribuir, mas trabalha todos os dias e não tem tempo disponível para ir ao Hemocentro.
de entre o paciente e alguém cadastrado no Redome, o possível doador é chamado. O transplante é feito por meio de um procedimento cirúrgico, no qual o doador é submetido à anestesia local. Para retirar o líquido, são feitas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia. No máximo 15% da medula é retirada, porém os riscos ao doador são os mesmos de uma cirurgia simples. Ele fica internado por 24 horas e pode sofrer desconforto na região da bacia, o que é amenizado com analgésicos.
Transplante Quando há compatibilida-
Raquel gostaria de doar a medula, pois seria uma forma de demonstrar amor ao próximo
Sindy Guimarães
Texto: Jéssica Gonçalves Edição: Alana Sales Diagramação: Murillo Soares
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e s p o r t e
MMA ganha adeptos em Goiânia
Mistura
de várias lutas, as
Artes Marciais Mistas
vêm se popularizando pela influência da televisão Humberto Silva
Texto: Fábio Alves Edição: Luciano Rodrigues Diagramação: Weverthon Dias
A
s Artes Marciais Mistas (MMA) é uma fusão de técnicas de diversos estilos de luta, como boxe, muay thai e jiu-jitsu. A adesão de participantes aumenta a cada dia devido à complexidade dos exercícios exigidos, como confirma mestre Kalliffas, um dos precursores desse esporte na capital. “Nos últimos anos, o MMA cresceu muito em Goiânia devido à popularização do esporte pela TV e pelos incentivos de projetos como o Pró-Atleta do governo estadual. Mas desde 1995, dois anos depois que o esporte ‘estourou’ nos Estados Unidos, o MMA é praticado na nossa cidade. Temos tudo documentado com vídeos e fotos nos últimos 17 anos”, garantiu Kalliffas. Praticante há 17 anos, Kalliffas é dono da academia Kalliffas Vale-Tudo TopTeam, no setor Pedro Ludovico. Além de ensinar os iniciantes, o mestre das artes marcias, graduado em jiu-jitsu, boxe, muay thai e capoeira, incentiva o esporte realizando diversas competições. “Já realizei mais de 80 torneios de MMA. Antes era bem diferente, como não tínhamos academias nem professores para aperfeiçoarmos nossas técnicas, aprendíamos na rua, agregando um pouco da experiência de cada um. Hoje o MMA se popularizou e temos muitas academias com professores e materiais adequados para treinos e aperfeiçoamentos”. Polêmica Mesmo com grande adesão de praticantes e fãs, a atividade é alvo de po-
Precursor do MMA em Goiânia, Mestre Kalliffas (direita) e dois de seus pupilos, Dentinho (centro) e Kayo lêmica. De um lado, os defensores do MMA, do outro, aqueles que sequer o consideram uma prática esportiva. Experientes jornalistas esportivos, como Juca Kfouri e Milton Neves, se posicionam contra o MMA através de declarações ofensivas em redes sociais, gerando discussões e críticas dos adeptos ao esporte. Os principais argumentos dos opositores estão na violência e na demo-
ra dos juízes das lutas em paralisar o combate. “Infelizmente alguns profissionais e alguns meios de comunicação denigrem injustamente nosso esporte, por ignorância ou por despeito. O MMA é a mais completa modalidade de luta do mundo e visa valorizar o atleta, primando pela disciplina, ética e respeito”, contesta Kalliffas. “Em todos os esportes temos profissionais bons e outros não. Mas o atle-
ta que é bem preparado, tem o apoio de um bom treinador, é assistido por umacomissão médica e passa por todos os exames necessários, não encontrará problemas em sua carreira. É fundamental que todos que queiram praticar MMA devem procurar profissionais especializados na modalidade e, antes de qualquer prática esportiva, passar por uma rigorosa bateria de exames”, finaliza o instrutor.
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c u l t u r a
Financimento coletivo está em alta Texto: Carlos Eduardo Pinheiro Edição: Guilherme Barbosa Diagramação: Brunno Falcão
E
“
O brasileiro deixa tudo para última hora” Adérito Scheneider, jornalista
crítica, num mercado ainda insipiente de rock em Goiânia. A banda atravessou as fronteiras de Goiás e participou de programas da MTV e da TV Cultura. O grupo gravou dois EP’s e um CD, intitulado First, Lost and Always, lançado em 2006. Reprodução
m 1997, os fãs da banda de rock progressivo Marillion se juntaram e conseguiram arrecadar cerca de U$ 60 mil numa campanha na internet. O dinheiro viabilizou a turnê do grupo pelos Estados Unidos. Esta é provavelmente a primeira ação de crowdfunding no meio da indústria musical que se tem notícia. Quinze anos depois, entusiastas do rock independente goiano ajudaram a financiar um documentário sobre a banda Hang the Superstars. Um grande passo para a forma como se produz conteúdos culturais no Estado. O projeto do filme sobre parte da história da música independente do Estado nasceu dos estudos do historiador e músico Eduardo Kolody. “A ideia surgiu num grupo de pesquisa do mestrado na Universidade de Brasília. Como acompanhei a banda desde o início e tinha acesso a várias fitas VHS e mini-VHS, percebi
que o grupo pode ajudar a contar como surgiu a cena independente em Goiânia”, revela. A banda de rock Garageiro surgiu em 1997 e tocou em quase todos os lugares disponíveis do Estado. Com referências que vão do punk do The Cramps até o new wave do B-52’s, Hang the Superstars conseguiu certo sucesso de público e
Ideia do designer goiano Carlos Filho e do artista plástico Mateus Dutra, a loja virtual Rabiscaria é pioneira na prática do crowdfunding no estado de Goiás
O grupo teve seu fim decretado no ano seguinte. Crowdfunding
Reprodução
Para viabilizar projetos, produtores culturais fazem campanhas de arrecadação via internet sem precisar de patrocínio estatal
A ideia inicial tomou corpo quando o jornalista Adérito Scheneider se interessou pelo projeto. “Conheci o Eduardo e acabei gostando do projeto, chamamos a Maiara Dourado, uma amiga produtora que já havia trabalhado comigo, e entraMúsico e historiador, Eduardo Kolody ficou surpreso mos com tudo nessa”, relata. com o resultado financiamento coletivo Como a ideia cresceu, o trio achou que a melhor forma de financia- nisso terá um pouco de dificuldade. Mas mento seria via crowdfunding – que tra- acredita que com o tempo será mais fácil duzido, dá a ideia geral de como funcio- conseguir financiamento desta forma e na a coisa toda: financiamento coletivo. ainda atingir certa margem de lucro. E foi justamente no público que AdéEduardo faz um balanço positivo sorito apostou todas as fichas para que o bre os 90 dias da experiência de financiar documentário saísse do papel. “Entra- um projeto cultural sem ajuda do poder mos em contato com a produtora Catar- público. “Fiquei surpreendido por um se, que já conhecíamos, e encampamos lado, porque pessoas que não tinham a ideia de financiar o filme sem ajuda nada a ganhar, doaram um bom dinheidireta do governo”, celebra. Com isso, ro. Por outro lado, gente que deveria colocaram a campanha no site da produ- estar interessado no projeto, não deram tora com o propósito de arrecadar R$ 10 a mínima, o que decepciona bastante”, mil em 90 dias. O projeto foi ao ar no dia lamenta. 18 de janeiro e terminou em 18 de março. Conseguiram R$ 10.856, através de Pioneirismo doações de 126 pessoas. O usuário que investiu receberá em troca prêmios, que A pioneira neste tipo de investimento vão desde ter o nome mencionado nos em Goiás foi a loja virtual Rabiscaria. Em créditos, até cópias do DVD e convites princípio, os fundadores da loja precisapara a festa de lançamento. riam de R$ 20 mil para colocar a loja de Neste processo, a produtora Catarse produtos personalizados no ar. Depois ficará com 7,5% do dinheiro arrecadado, de 45 dias, o projeto conseguiu, na últia empresa que financia (Moip) com 4% e ma hora, R$ 23.095 através de 140 doaos produtores com o restante. “Pode pa- dores. Assim como o caso da loja, o dorecer muito para quem vê de fora, mas cumentário conseguiu o dinheiro para a quem trabalha com audiovisual sabe que produção na reta final. Na última semaé pouco. Mal dá para cobrir os custos”, na no ar, foram doados mais de 30% do confessa Adérito. O jornalista lembra dinheiro que ainda faltava. “O brasileiro que por ser um sistema novo de financia- deixa tudo para última hora”, alegra-se mento no Brasil, quem quiser se envolver Adérito.
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m ú s i c a
“A gente quer comida, diversão e arte” Projeto Música
no
Câmpus,
realizado na
Universidade Federal
de
Goiás,
traz repertórios brasileiros diversos e abre ao público geral
Adriano Reis
Texto: Marcela Haun Edição: Alana Sales Diagramação: Danilo Boaventura
D
Centro de Eventos da UFG já recebeu nomes destacados da música como Lenine, Gilberto Gil e Zeca Baleiro diz que a procura pelos shows tem sido grande. Desde o primeiro, realizado com o artista Hamilton de Holanda, o número de pessoas surpreendeu. “Recebemos, em média, de 2 a 3 mil pessoas por evento. Para incentivar a cultura, o valor do ingresso é simbólico: R$ 10 a meia entrada. Mesmo que os ingressos não cubram Divulgação/UFG
epois que o vestibulando consegue, finalmente, entrar em uma universidade, o que lhe faltam são expectativas. O calouro fica imaginando como serão as disciplinas que cursará, os congressos dos quais participará e os eventos culturais e festas ao longo do ano letivo. Desde 2009, a UFG tem investido em uma ideia que contribui com a ampliação do lazer que os acadêmicos tanto querem: o Música no Câmpus. O projeto facilita o acesso da comunidade a grandes nomes da música popular brasileira ao promover shows no Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, localizado no Câmpus Samambaia, em Goiânia. Apesar da divulgação nas primeiras edições não ter tido ajuda virtual em páginas do Facebook, a coordenadora de cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC), Flávia Cruvinel,
Show da cantora Ná Ozzetti foi a última edição do Música no Câmpus de 2011
os gastos dos eventos, que são consideráveis, o retorno é positivo”. Diferencial Yanne Naves, estudante do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), assistiu ao shows de Lenine, Tom Zé, Gilberto Gil e Macaco Bong e Céu. Ela afirma que também apoia e gosta dos encontros que alguns artistas fazem antes das apresentações. “São discussões construtivas, como um bate-papo entre um artista da música brasileira de qualidade e fãs. Um exemplo foi o momento divertido com o Tom Zé, que compartilhou informações sobre a vida pessoal e a carreira do próprio cantor. São ocasiões que, geralmente, não se tem com outros shows feitos na cidade”. Já o estudante de Direito da UFG, Heitor Oliveira, lembra-se de alguns eventos passados. “Confesso que alguns cantores ou grupos eu nunca tinha ouvido falar, como o Mawaca. E essas revelações são bem-vindas”. Ponto também defendido
pela coordenadora da PROEC, quando diz que são respeitáveis as aparições de artistas desconhecidos do grande público ao se apresentarem. Próximas atrações O primeiro show de 2012 foi do rapper Criolo, eleito como o melhor disco do ano pela revista Rolling Stone. O carioca, que reúne rap, samba e reggae, se apresentou no dia 27 de março. Já existem outros shows confirmados para o ano. Depois disso, ou a vontade de passar no vestibular vai aumentar ou é mais uma programação cultural – com riqueza e multiplicidade – na vida de muita gente.
Calendário Chico César: 19/06 Moraes Moreira: 25/09 Rosa Passos: 20/11 Gal Costa: 14/12
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Um homem livre em sua poesia base nas próprias experiências de vida, o rapper
Texto: Marcela Haun Edição: Mariza Fernandes Diagramação: Bruna Dias
O
nde tem vida, tem ser humano, tem pulsação e tem história. É assim que o músico e intérprete Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, tenta se expressar depois de muita luta para chegar ao lugar que alcançou. O cearense, que nasceu no ano de 1975 e cresceu no bairro pobre e populoso de Grajaú, em São Paulo, conseguiu espaço em redes sociais e se tornou o assunto principal de muitas páginas de cultura em jornais brasileiros. As canções do álbum Nó Na Orelha podem ser consideradas como o maior exemplo do sucesso do cantor. De acordo com a revista Bravo, esse trabalho ultrapassou a marca dos 55 mil downloads gratuitos em cerca de 40 dias. Sem dúvida, foi um grande alcance para uma produção independente. As conciliações entre vários gêneros musicais presentes no disco compro-
Criolo
vam que o artista não é ligado somente ao rap. Todo o seu trabaho é resultado da arte e do lazer, principalmente a música, que Criolo não consegue deixar de lado. “Silêncio na minha vida eu só tenho quando durmo, e, mesmo assim, no sonho vem um monte de coisa e sons.” Prêmio O sucesso da obra resultou em várias premiações para o rapper. Um exemplo disso foram as várias indicações ao Video Music Brasil (VMB) de 2011, da Music Television (MTV), das quais venceu três categorias. Não Existe Amor em SP foi considerada Música do Ano. Criolo foi o primeiro a se apresentar ao vivo durante a premiação, cantando ao lado de Caetano Veloso. O artista diz que reconhece a sensibilidade das pessoas que apreciam o seu trabalho, lembrando que já foi vítima de preconceito. “Essas palavras que machucam chegam por várias formas. ‘Você canta o quê, meu filho?’, e quando respondia que era rap, as pessoas já faziam careta e duvidavam da qualida-
A Doida Em uma entrevista para a Bravo, o rapper fala sobre seu pseudônimo Criolo Doido, que agora se tornou só Criolo. “Escolhi Criolo porque tenho um pai negro, lindo. Já o Doido deriva de minha mãe e não desse meu jeito atrapalhado. Sou filho da Doida, né? Somente um louco poderia topar os desafios incríveis que dona Maria topou. Ela é tão doida, mas tão doida, que, com o tempo, julguei melhor abrir mão do adjetivo. Não o mereço.” Mas Criolo fala que, talvez daqui 10 anos ou mais, pode vir a adotar o Doi-
faz o seu próprio rap, que mistura samba, bolero e hip-hop
Marcos Issa/Argosfoto
Com
do novamente. A vida da mãe e do filho são mais que a formação do nome do artista. O que é mais significativo está no episódio de janeiro de 1990, quando os dois resolveram, juntos, cursarem o colegial em uma escola estadual no Grajaú. Na época, Criolo tinha 14 anos e a mãe, 39. “Quando você olha para a sua mãe, você a enxerga como tal. Pra mim, o ato de ser mãe da Dona Maria Vilani era só um pedacinho dela. E tinha tantas outras partes que depois eu iria me apaixonar.”
Rapper Criolo e Caetano Veloso participam do VMB 2011 de. E ao ouvirem as músicas do disco, com tantas misturas e variedades, pensavam ‘será que esse cara está atirando pra tudo quanto é lado e está desesperado?’. Então é muito bom notar o carinho através dos votos”. Criolo teve contato com músicas da Jamaica e da França e defende que foi o rap que o abraçou e que não o enfrentou com arrogância. Inspiração Para quem não acredita em amor à primeira vista, Criolo ameaça mudar esse pensamento quando revela que com 11 anos de idade, ao escutar um homem fazer versos, se apaixonou e percebeu que era aquilo que queria fazer. Depois de encarar o rap como um modo de viver, o compositor teve que buscar as mais variadas formas de inspiração. Ídolos como Agnaldo Timóteo, Moreira da Silva, Raul Seixas, Clara Nunes e Martinho da Vila influenciaram Criolo a adotar o samba, hip-hop,
reggae, bolero e outros tantos gêneros no seu trabalho. Ninguém tem ideia de qual trabalho pode vir depois de tanta variedade musical. Mas pode-se imaginar a função ou o impacto que o cantor vai causar.
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Eu sempre vou cantar e escrever o que toca meu coração. E se não gostarem da minha música, coloca no mundo e pega a letra. O que vale é o bate -papo”
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o l h a r e s
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O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro. (Mário Quintana)
Fotos: Mariza Fernandes Diagramação: Marcela Haun, com adaptações
”