Samambaia J ornal L aboratório
Saúde em risco
do curso de
da
U niversidade F ederal
de
G oiás | G oiânia ,
dezembro ,
2012
A busca pela vida saudável e pelo bem-estar físico levam jovens a tomar medidas perigosas. Os danos à saúde são iguais tanto para quem sofre com a anorexia quanto para quem recorre à cirurgia de redução do estômago
Diagramação: Laura de Paula Edição: Frederico Oliveira, Isadora Pícolo, Layane Palhares e Murillo Soares
J ornalismo
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Divulgação EJE-GO
Eleitor do futuro
Projeto do TRE-GO nas escolas visa aproximar a política de crianças e adolescentes
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o t s e t o r P Estudantes se mobilizam em prol da acessibilidade
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IPI
Quem ganha e quem perde com a redução
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Audiovisual
Como é fazer animação em Goiás
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CinePop >>15 Ai que Tudo! >>12 Mente sã e corpo são
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e d i t o r i a l
“Mens Sana in Corpore Sano” Texto: Murillo Velasco Toda ação humana é influenciada por três fatores fundamentais: biológico, psicológico e social. Se algum deles não vai bem, os outros são diretamente afetados, o que pode acarretar doenças chamadas pela ciência de “psicossomáticas”. Exemplos famosos são: depressão, transtornos de humor, fobias, distúrbios alimentares e sexuais. Os humanos são completamente integrados. A ação social reflete a individual e vice-versa: um ciclo que pode não ser virtuoso. A sociedade contemporânea é caracterizada pela crise da convivência e pelo auge da depressão. Segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 15% da população mundial sofre da doença. Paralelamente, vive-
-se cada dia mais em ritmo individualista e efêmero. A maioria das relações humanas se resumem a trocas monetárias. Prevenir é sempre a solução mais cabível. Garantir que o dinamismo e a competitividade não afetem a harmonia e o equilíbrio do ser humano é a saída. Mas como fazer isso numa sociedade em que a solidez das relações sociais é tomada pela liquidez egoísta exigida pelo capitalismo? A resposta pode ser encontrada nos relatos de vítimas dessas doenças psicológicas, sobretudo na forma como elas desenvolveram suas “alternativas de vida”. Há mais de dois mil anos, o poeta romano Juvenal utilizou-se de um provérbio popular para exprimir sua sátira. “Mens sana in corpore sano”, expressão latina que significa “uma mente sã num corpo são”, deve ser tida como a melhor
R UMOR
mensagem para expressar a busca do ser humano. Na Roma antiga, vivia-se o bombardeio de discursos e crenças a fim de re-
Financiamento privado de campanhas: uma truculência social Há vários anos, é discutida no Congresso Nacional a tão propalada reforma política brasileira. Reforma essa que, na visão dos mais idealistas, representaria a solução precisa e imediata para um dos mais graves problemas da atualidade: a corrupção. Um dos pontos mais polêmicos desse projeto diz respeito ao financiamento das campanhas eleitorais. Ele deve ser exclusivamente público? Exclusivamente privado? Um meio-termo entre as duas opções (ou, como se diz na minha terra, “ficar em cima do muro”)? O fato é que a cada eleição as campanhas políticas se tornam mais caras. Milhões e milhões são gastos com material gráfico, cabos eleitorais, programas de
velar o segredo da saúde e do equilíbrio. Hoje, procura-se incessantemente dar respaldo ao mens sana in corpore sano.
Samambaia
a r t i g o
Texto: Matheus Ribeiro*
Layane Palhares
TV, enfim. Mas... De onde sai tanto dinheiro?! Do bolso dos grandes empresários que, em troca desse apoio financeiro, querem do político eleito as mais variadas benesses quando este assumir o poder. Esse esquema impede e inviabiliza a adesão de várias pessoas à vida pública e, consequentemente, candidaturas verdadeiramente comprometidas com o bem-estar da população. Quando isso não ocorre, os corajosos que enfrentam o poder financeiro dos grandes partidos são isolados e, até mesmo, ridicularizados pela mídia. Aqueles que por ventura representarem perigo real ao oligopólio político têm sua honestidade comprada e se corrompem, adotando o vale-tudo eleitoral com o único objetivo de conquistar uma confortável e rentável cadeira no Executivo ou no Legislativo.
Não podemos ver o financiamento público como um “monstro comunista”. O dinheiro destinado às campanhas não sairá das já escassas verbas da Educação ou da Saúde, mas sim, do bolso dos corruptos que há décadas assaltam a população brasileira. Nada mais, nada menos que uma relação custo-benefício. É com o financiamento público que incentivaremos pessoas de boa índole a ingressarem na vida pública, a contribuirem com a sociedade. É com o financiamento público que tentaremos afastar do poder aqueles que só olham para o próprio umbigo e inflam a cada dia suas contas no banco. É com o financiamento público que as cachoeiras que inundam os órgãos públicos começarão a secar. * Matheus Ribeiro é estudante de jornalismo
Diagramação: Laura de Paula
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Ano XII – Nº 56, dezembro de 2012 Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia Universidade Federal de Goiás Reitor Professor Edward Madureira Brasil Diretor da Faculdade Professor Magno Medeiros Coordenador do Curso de Jornalismo Professor Juarez Ferraz de Maia Coordenadora Geral do Samambaia Professora Luciene Dias Editor de Diagramação Professor Salvio Juliano Monitoria Laura de Paula Silva Diagramação Alunos da disciplina Laboratório Orientado – Diagramação Edição Executiva Alunos da disciplina Jornal Impresso II Produção Alunos da disciplina Jornal Impresso I Contato Campus Samambaia - Goiânia/GO - CEP 74001-970 Telefone: (62) 3521-1092 E-mail: samambaiamonitoria@gmail.com Impressão: Cegraf/UFG Tiragem: 1000 exemplares
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c i d a d a n i a
Projeto leva democracia para escolas Atividades
interativas motivam alunos a se interessarem por política e a entenderem o processo eleitoral brasileiro
Divulgação EJE-GO
Texto: Liliane Bueno Edição: Filipe Andrade Diagramação: Laura Machado
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ara muitos jovens falar de política não é assunto interessante, pois falta informação e sobram escândalos relacionados ao tema. Apesar do processo eleitoral brasileiro ser modelo para o mundo, no Brasil ainda é observada uma democracia de papel, na qual muitos eleitores vendem votos e não se sentem preparados para escolher seus representantes. Desde 1988, jovens de 16 e 17 anos conquistaram o direito ao voto facultativo, mas alguns ainda preferem votar apenas na idade obrigatória: 18 anos. “Não me considerava capacitado aos 16 anos para escolher os representantes de toda uma população”, diz Phelipe Ávila, 18, que votou pela primeira vez este ano. “Me senti melhor preparado para votar agora do que há dois anos. Embora compreenda mais sobre a política em geral,
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A escola ajuda a selecionar aqueles que serão os candidatos. Os alunos recebem treinamento para atuarem, inclusive, como mesários no dia do pleito. falta aprofundar os conhecimentos sobre a política no Brasil e sobre os candidatos”, confessa o estudante. Em Goiânia, desde 2005, alunos de
Alunos assistem a palestra sobre as leis eleitorais e contam situações de compra de votos escolas públicas, conveniadas e privadas têm a chance de compor uma nova geração em relação à consciência política e de acesso aos seus direitos. Por meio de palestras, o projeto “Eleitor do Futuro”, realizado gratuitamente pela Escola Judiciária Eleitoral (EJE-GO) do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás busca aproximar a política de crianças e adolescentes e mostrar como eles também estão envolvidos nela a partir de um processo eleitoral simulado. Projeto Em cada escola são realizados três encontros. Conceitos como democracia, ética e orientação sobre compra de votos são passados aos alunos antes de eles serem divididos em cinco partidos. A coordenação da escola ajuda a selecionar aqueles que serão os candidatos. Para a coordenadora do Educandário Paranaíba, Maricely Santos, a experiência permitiu aos 352 alunos da institui-
ção vivenciar o exercício da cidadania ao votar e conhecer as normas de candidatura. “Os recursos foram atrativos e movimentaram toda a comunidade escolar com cartazes, panfletos, debates e acesso à urna digital”, conta. Os alunos recebem treinamento para atuarem, inclusive, como mesários no dia do pleito. Ashley Caetano, 12, aluna do oitavo ano, tentou ser prefeita, mas ficou em segundo lugar. A menina se candidatou como treinamento para quando crescer. O vencedor do pleito não pôde exercer o cargo por causa das notas baixas: “Ele havia prometido papel higiênico nos banheiros e eu prometi esportes, como a capoeira”, conta animada. Ashley garantiu que tem trabalhado junto à escola para cumprir as promessas. “A coordenadora disse que já está providenciando professores”. De acordo com Leonardo Hernandez, professor da EJE-GO, o que mais chama a atenção dos alunos é ver a foto dos candidatos – eles próprios – nas urnas. “Isso
faz com que se sintam responsáveis”, afirma. Durante os encontros, crianças e adolescentes recebem instruções sobre o que são propostas para que possam desenvolver as suas. “Há alunos que propõem o aumento do recreio, sorvete de graça, uma melhoria da lanchonete, das salas de aulas. Tivemos até uma proposta de melhoria do salário dos professores, que nos chamou a atenção”, explica o servidor da Justiça Eleitoral. Em 2012, por ser ano eleitoral, só quatro escolas receberam o projeto até o mês de outubro. Mesmo assim, para quem oferece a iniciativa, o ano de eleições municipais foi importante para observar mudanças na postura das crianças. “Elas passaram a se preocupar em quem os pais votam, começaram a contar situações dos pais e cobrar deles uma consciência política”, avalia Leonardo. É com brincadeiras da infância, confecção de cartazes e leituras de gibis sobre o voto consciente que estes futuros eleitores vão sendo formados a partir do tripé política-educação-lúdico. E como característica da atividade lúdica, a qual prevalece no tempo, espera-se que a história dessas crianças também fique marcada pelo dia em que descobriram o exercício da real cidadania.
Ficou interessado? Para cadastrar sua escola no projeto “Eleitor do Futuro” envie um email para eje@tre-go.gov.br, com os seguintes dados: - nome da escola - tipo: pública, privada ou conveniada - endereço - telefone - contato de um responsável pela instituição - mensagem
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a c e s s i b i l i d a d e
Cadeirantes buscam acesso facilitado Desrespeito durante embarque no transporte coletivo compromete a qualidade de vida do deficiente físico na grande Goiânia Júnior César de Oliveira
Texto: Júnior César de Oliveira Edição: Natânia Carvalho Diagramação: Sarah Marques
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ustavo Gabriel tem apenas três anos, mas o menino sorridente e brincalhão já conhece a realidade de quem depende da acessibilidade no transporte coletivo da capital. Toda semana ele disputa uma vaga para chegar ao seu destino. O pai de Gustavo, Abel Romualdo, conta que o filho foi vítima de um erro médico com um mês de nascido. Ao tomar uma injeção errada ele sofreu duas paradas cardíacas e uma cardiorrespiratória. O bebê só foi reanimado após 20 minutos de tentativas, o que comprometeu suas funções cerebrais. Atualmente, atendido pelo Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), ele faz o mesmo trajeto mais de uma vez por semana e não raramente até duas vezes ao dia, sempre acompanhado do pai. Gustavo ainda não conseguiu uma vaga nos ônibus 100% acessíveis, por isso precisa pegar três para chegar ao Crer. Apesar das dificuldades eles não desanimam. Romualdo afirma
Como o elevador não funciona, o pai de Gabriel precisa subir a cadeira que a viagem seria mais rápida e menos cansativa se todos os ônibus tivessem elevadores ou funcionassem. “Às vezes, os ônibus não têm elevador, então eu tenho
que erguer a cadeira. Já fiquei duas horas no ponto esperando um ônibus em que eu conseguisse embarcar com o Gustavo”. Panorama Locomover-se na grande Goiânia não é tarefa fácil para quem tem deficiência física. Se o assunto é transporte público a situação se complica. Demora, ônibus não adaptados e superlotados, elevadores que não funcionam, motoristas impacientes e desrespeito com o cadeirante na hora do embarque são alguns obstáculos. De acordo com a Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC), dos 1466 ônibus, 1099 contam com elevadores projetados especialmente para o embarque e desembarque de cadeirantes. Além dos veículos convencionais, a RMTC disponibiliza uma frota 100% acessível, com ao menos um veículo para cada linha. Já a Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) possui um serviço complementar ainda desconhecido. O deficiente liga para a ouvidoria da empresa pelo telefone 0800 646 1851, com 30 minutos de atencedência, e solicita um veículo adaptado na linha de que precisa.
Tetraplégico e amigo adaptam automóvel para deficientes físicos Jéssica Alencar Dezembro de 2010 e mais um acidente de trânsito acontecia na capital. Gilberto Franco conduzia uma moto quando colidiu com um automóvel. Sem prestar socorro, o motorista fugiu e atropelou Gilberto. O estudante de Gestão em Tecnologia da Informação ficou tetraplégico. Das tantas mudanças em sua rotina, uma delas foi deixar de dirigir. Até existem carros adaptados para pessoas com deficiências físicas, mas comprar um automóvel com desconto exige uma extensa
lista de documentos e muita burocracia. Foi conversando com o amigo de curso, Osmar Vieira, que surgiu a ideia de adaptar o carro de Gilberto. Durante meses eles pesquisaram tecnologias e recursos para o projeto. “Dirigindo de novo vou ter mais autonomia, sem precisar depender da ajuda de ninguém”. Além das modificações mecânicas e elétricas, a tecnologia eletrônica de comando de voz foi incluída para ligar o carro, acionar setas, pisca-alerta e buzina.
Os colegas de Gilberto arrecadaram cerca de R$ 2,5 mil para viabilizar o projeto. Mas garantem que depois dos ajustes, o valor para modificar um carro será menor. Gilberto já dirigiu até o Detran-Go, controlando o volante e pedais com as mãos. Mas precisa fazer exames médicos para estar de fato habilitado a dirigir. Agora os planos dos estudantes não param. “Nós pretendemos fazer do projeto uma obra social e quem sabe conseguir patrocinadores”, almeja Osmar Vieira.
Em muitos casos, o deficiente físico pode não embarcar mesmo quando há vaga. Os elevadores não funcionam ou os motoristas têm dificuldades para manusear o equipamento. Resta ao deficiente esperar e torcer para que o próximo ônibus não demore. Com essas condições, a persistência é fundamental na rotina do cadeirante e familiares. “Cheguei atrasada à clínica porque o elevador do ônibus estava estragado. Tivemos que esperar o próximo que também tinha o elevador estragado. Então a gente teve que subir ele (o cadeirante) sem o elevador”, conta Elisângela da Silva, acompanhante de Eli Antônio, de 41 anos. A incompreensão também compromete a acessibilidade. Neuzair da Silva, mãe de Leandro Júnior, 10 anos, diz que é complicado lidar com isso. “Ouço muitas reclamações quando há um cadeirante no ônibus. Alguns usuários reclamam do barulho da campainha, outros dizem que a cadeira de rodas atrapalha e muitos não cedem a cadeira do acompanhante. Como demora para o elevador subir e descer, algumas pessoas falam para o motorista correr e recompensar o tempo perdido. Eu fico muito constrangida”, lamenta. Para a assistente social da Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (Adfego), Renata Coven, o preconceito é o maior dos obstáculos para a pessoa com deficiência. “A barreira arquitetônica não é o único empecilho. Outra grave dificuldade é a barreira de atitude”. Para amenizar as dificuldades de locomoção, a Lei Federal nº 10.098 determina que até 2014 todos os ônibus devem ter elevadores de acesso para cadeirantes. Enquanto isso, muitos usuários defendem mais uma vaga para o deficiente, já que os coletivos possuem duas portas traseiras. Isso compensaria os veículos que não possuem espaço reservado nem elevadores de acesso, além de suprir a deficiência dos elevadores com defeito.
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e d u c a ç ã o
Deficientes auditivos lutam pela inclusão Texto: Yago Rodrigues Edição: Filipe Andrade Diagramação: José Abrão e Renato Veríssimo
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uestões sobre acessibilidade e inclusão permeiam discussões acadêmicas do Brasil em busca de igualdade e respeito para uma sociedade marcada pela diversidade. Vestibulares com reservas de vagas, disciplinas que atendam portadores de deficiência, recursos físicos que superam barreiras arquitetônicas como rampas e placas em braile, criação de cursos específicos, teste da orelhinha e outras ações são alguns passos para realizar esse objetivo. Entretanto, há muitas dificuldades a serem superadas. No fim de setembro, a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC) passou por uma dessas complicações. Rodrigo Nascimento Guedes, estudante de História, não estava acompanhando as aulas por não ter o apoio de um intérprete. Os amigos do curso se mobilizaram em greve por melhorias. A universidade declarou em nota que abriu vagas para reposição do cargo, porém não houve inscritos.
Mas a falta de professores especializados e de conhecimentos sobre habilidades e limitações por parte da sociedade em geral travam esse desenvolvimento. Os olhares sociais precisam se ampliar. “É primordial que todos os envolvidos, como professores e técnicos administrativos possam colaborar com este processo”, acrescenta a professora Karla Amâncio. História e leis Tudo começou quando Dom Pedro II trouxe o francês Ernest Huet para o Brasil. Huet era professor e sugeriu ao imperador que criasse uma escola, o Instituto Nacional de Surdos Mudos, atual INES. Muitos anos depois, na década de 50, o professor Edson Gomes saiu do interior de Goiânia para estudar a língua de
Expectadores Vítima de meningite, Rodrigo perdeu a audição aos dois anos. “Ele fica triste com a situação. Trabalha e estuda para ser igual aos outros”, afirma a mãe do estudante, Rosemeire Bento Guedes. A professora Karla Amâncio que trabalha com a educação inclusiva aponta o acesso, a participação e a aprendizagem dos estudantes como os objetivos da inclusão.
Fotos: Reprodução
Barreiras no sistema de ensino dificultam a acessibilidade de estudantes em sala de aula
sinais na escola de Dom Pedro II, no Rio de Janeiro. De volta à capital goiana, ele criou o Instituto Chaplin, referência atual em Língua Brasileira de Sinais (Libras) na capital. Desde então, o ensino da língua de sinais perpassou por muitas mudanças quanto ao método de ensino e a própria concepção de objetivos. A primeira abordagem foi o Oralismo, criada em 1880, que previa a exclusão da língua gestual, o que mostra um caráter dominador “certo-errado” em que a sociedade percebia a surdez como uma doença curável. Muitas pessoas abandonaram as escolas e, em 1960, foi instaurada a Comunicação Com sinal de “Oi”, a professora Edna recebe os alunos Total. Chamada de “Português Sinalizado”, a abordagem previa o por ser um processo em andamento já oral-gestual. Entretanto, não funcionou, apresenta significantes melhorias”. pois a língua de sinais possui regras e Rodrigo Nascimento destaca o epiestrutura própria, diferente da língua sódio ocorrido com ele na faculdade e portuguesa. Com isso, foi desenvolvido da mobilização dos estudantes da PUC. o Bilinguismo que objetiva o respeito de “Precisamos continuar mostrando que a ambas as línguas. acessibilidade é importante e acho que Todo esse processo culminou com a essa ação pode gerar mais acessibilidaaprovação da Lei nº 10.436 que conside- de”. Pequenos passos, mas que como ra a Libras um meio legal de comunica- tartarugas chegam a algum lugar, fuginção e expressão. No ano de 2007, houve do da pressa e das voltas em círculos. aprovação do decreto nº 5.094, cujos artigos tratam do acesso à educação e teorizam o ensino especial. Porém, a oferta de vagas na rede regular de ensino, bem como os alicerces arquitetônico, tecnológico e técnico e os apoios psicológicos e médicos são falhos. A lei que regulamentou a profissão do intérprete é recente, só foi aprovada em 2010. Edna Misseno, professora de Libras na PUC e na UFG, diz que não há proKarla Amâncio, fissionais suficientes para assumir tantos professora espaços. “São novas problemáticas, mas
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O acesso, a participação e a aprendizagem dos estudantes são os objetivos da inclusão”
Sinais utilizados para a comunicação de surdos
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e c o n o m i a
Vantagens e desvantagens do IPI menor
Redução do Imposto sobre Produtos Industrializados é boa para consumidores e comerciantes, mas ruim para o Governo Federal Reprodução
Texto: Pedro Marinho Edição: Lis Lopes Diagramação: Karla Araujo
A
Pedro Marinho
redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) apresenta vantagens e desvantagens. É benéfica para o consumidor porque amplia o acesso aos produtos e também para os comerciantes pois vendem mais. Mas para o governo federal é ruim, já que precisa compensar de outras formas, fazendo ajustes na economia. O IPI é um imposto federal, ou seja, somente a União pode instituí-lo ou modificá-lo. Ele regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração de tributos sobre produtos industrializados. Segundo Cláudio Henrique de Oliveira, economista da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), a redução de um imposto visa diminuir o
Redução do IPI, que aumentou as vendas de carros, termina em dezembro preço do produto, já que este encargo é considerado na composição do valor de venda que chega ao cliente. Oliveira afirma que com a redução, o consumidor tem melhores condições de fazer uma compra. “A redução do imposto sobre produtos industrializados diminui o preço do produto, então nós consumidores podemos adquirir o produto com preço menor em relação ao que geralmente é cobrado. A ideia é que o consumidor tenha condições de fazer a aquisição, já que o preço foi reduzido.” Proteção
O jornalista Eric Douglas comprou o primeiro carro graças à redução de IPI
A aquisição de produtos com IPI reduzido serve para proteger e incentivar a indústria local. A intenção é incrementar a produção de forma a diminuir o preço e fazer com que o consumidor compre e a indústria continue produzindo. São ações tomadas pelo governo federal para proteger o mercado interno, uma vez que
a indústria mundial está voltando a se reaquecer após a crise internacional. Em outubro, a presidente Dilma Rousseff anunciou a prorrogação do IPI reduzido para automóveis até o final deste ano. O imposto para veículos foi diminuído no final de maio em até sete
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É um ciclo onde a indústria está produzindo, o comércio está vendendo e o consumidor está comprando. Cláudio Henrique de Oliveira, economista
pontos percentuais, de acordo com o modelo e a cilindrada. Antes, a medida valeria até 31 de outubro. No caso dos carros populares, de motor 1.0, a redução foi de 7% para zero. Os veículos álcool e flex com motores entre 1.0 e 2.0 tiveram o IPI reduzido de 11% para 5,5% e os modelos à gasolina com motores de 1.0 a 2.0 tiveram dedução de 13% para 6,5%. Os carros nacionais acima de 2 mil cilindradas não tiveram alíquota menor. Para o jornalista Eric Douglas, essa redução foi muito boa pois ele pôde comprar seu primeiro carro. “É um estímulo que o governo concede ao consumidor que deseja adquirir o veículo zero. Graças a ele eu consegui comprar o meu primeiro carro. Sem essa ajuda eu não teria conseguido”, relata. Desvantagem Com essa redução o governo perde arrecadação, diminuindo sua receita. Por isso é feito o cálculo da margem de risco, ou seja, o governo faz as contas do limite no qual poderia trabalhar e compensa essa perda de renda através de outros impostos. Mesmo com essa baixa, o economista Oliveira acredita na efetividade da medida. “Sem dúvida vale a pena porque o efeito sistêmico, um efeito de cascata, é um ciclo onde a indústria está produzindo, o comércio está vendendo e o consumidor está comprando.” De acordo com Oliveira, a disponibilidade de capital da população nessas aquisições deve ser analisada para que não haja um aumento da inadimplência, isto é, da compra por impulso. É importante observar essa questão para financiamentos ou empréstimos, de forma que o consumidor possa adquirir esse produto a um preço menor e financiá-lo a juros mais baixos.
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e x t e n s ã o
Uma agência... “entre aspas”
Projeto
criado em
TCC
por alunos de
Jornalismo
não é concretizado e gera frustração entre estudantes da
Fotos: Matheus Ribeiro
Texto: Matheus Ribeiro Edição: Murillo Soares Diagramação: Camila Teles
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ropiciar um espaço acadêmico para a prática do jornalismo e incentivar o espírito empreendedor dos estudantes. Uma ótima ideia, caso a Empresa Júnior Entre Aspas, da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb) da Universidade Federal de Goiás (UFG), tivesse realmente saído do papel. Com foco em assessoria de comunicação, a empresa ganhou uma sala no prédio da faculdade, mas problemas legais em seu registro e falta de organização impedem que o espaço cumpra sua missão. Criada no final de 2011, a Entre Aspas surgiu do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos ex-alunos de Jornalismo Katherine Alexandria, Murillo Buaretto e Carolina Umbelino. Orientados pela professora Silvana Coleta, eles promoveram uma palestra para explicar a ideia aos colegas de curso e buscaram aprovação no Conselho Diretor da Faculdade. Além disso, abriram inscrições para a formação da equipe da agência. Porém, após os acadêmicos concluírem o curso, o projeto parou. Oficialmente, o coordenador da Entre Aspas é o professor Rafael Castanheira, também do curso de Jornalismo. Segundo ele, o problema inicial estava no registro. “A empresa não estava regularizada, havia problemas no seu estatuto e tive que procurar os ex-alunos e um advogado para resolver isso”, diz. Problemas No entanto, agora os impedimentos vão além. Outra empresa júnior da Facomb, a Ponto e Vírgula Comunicação (PEV), foi registrada no Núcleo de Empresas Juniores (NEJ) da universidade
Empresa júnior de Jornalismo já tem sala e equipamentos, mas permanece fechada como um projeto das três habilitações de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Relações Públicas –, além dos cursos de Design Gráfico e Direção e Produção de Arte. Como o estatuto da PEV prevê a atuação no campo do Jornalismo, o NEJ não aceita o registro de outra empresa do mesmo curso. Questionado se esse registro da PEV não seria um desrespeito aos alunos de Jornalismo, já que eles não foram consultados, o diretor de contas da agência e estudante de Relações Públicas, Iggor Laureano, afirma que a intenção é “trabalhar a comunicação integrada e estimular a relação entre alunos de diferentes áreas”. Segundo ele, a PEV tem a intenção de manter o registro. O professor Rafael Castanheira, coordenador da Entre Aspas, salienta que as conversas para a solução desse problema já começaram, mas ainda não há previsão para o início das atividades da empresa júnior de Jornalismo. Laureanno, todavia, propõe uma resolução para o conflito: a transformação da Entre Aspas em agência experimental, ao invés de ser uma empresa júnior. Com
isso, o projeto teria a presença efetiva de um professor e seria ofertado como disciplina. “O curso de Relações Públicas tem a Simetria, Publicidade e Propaganda tem a Inova. Por que Jornalismo também
Facomb
não pode ter sua agência experimental?”, indaga o estudante. Desfecho O coordenador do curso de Jornalismo, Juarez Ferraz de Maia, lamenta o não funcionamento da Entre Aspas, mas diz não poder tecer comentários porque tudo depende do professor Castanheira. Por sua vez, o diretor da Facomb, Magno Medeiros, disse não ter informações sobre o projeto. Nesse emaranhado de problemas e desinformações, resta uma inutilizada (e empoeirada) sala no prédio da faculdade, além de uma página desatualizada na internet (www.entreaspascomunicacao.com.br) que traz a missão da suposta empresa: “Contribuir para a formação e o crescimento profissional, pessoal e humano dos graduandos em Jornalismo (...)”. Mais um caso da série “poderia ter sido, mas não foi”.
Voz do estudante
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Além de estar ocupando um espaço na faculdade, é ruim que não tenha uma iniciativa dessa para o Jornalismo, enquanto Publicidade e Propaganda tem a Inova e a Ponto Vírgula.” (Heitor Vilela)
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Eu votei a favor (da criação da agência) e não está funcionando. Eu queria uma oportunidade de exercer essa área do Jornalismo ainda durante o curso e infelizmente isso não está acontecendo.” (Lucas Moura)
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s a ú d e
Mudanças na balança em favor da vida Por
conta do alto índice de
obesidade, aumenta o número de cirurgias bariátricas entre adolescentes Texto: Jéssica Alencar Edição: Tallita Guimarães Diagramação: Laura de Paula
A
enfermeira Juliana Morais, 27 anos, enfrenta problemas com a balança desde a infância. Mas foi na vida adulta que a jovem decidiu se submeter à cirurgia bariátrica, procedimento que reduz o tamanho do estômago. Já a estudante de psicologia, cujo pseudônimo é Priscila Lima, fez tratamento para emagrecer durante sete anos, mas decidiu operar ainda na adolescência, aos 16 anos de idade. Em 2011, 72 mil cirurgias bariátricas foram realizadas no Brasil pela rede privada e quase seis mil pela pública. Os dados são da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). O Brasil é o segundo país que mais realiza essa cirurgia, atrás dos Estados Unidos. A Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2009 indicou que 21,7% dos brasileiros entre 10 e 19 anos estavam com excesso de peso. Em 1970, o índice era 3,7%. Com a doença atingindo mais cedo os jovens, o Ministério da Saúde reduziu de 18 para 16 anos a idade míni-
ma para fazer a operação na rede pública. Essa medida já valerá em 2013. Isadora El Hage, assim como Juliana e Priscila, foi uma criança obesa e, aos 17 anos, optou por fazer a cirurgia. “Minha autoestima melhorou muito, junto com a minha saúde. O preconceito diminuiu depois que perdi 105 quilos”. Isadora desisitiu de fazer a cirurgia pelo SUS, porque a fila de espera era de quase dois anos. “Preferi o tratamento pela rede particular, que me deixa mais segura”. O cirurgião bariátrico Samir Mahumed operou um garoto de 13 anos, que já não ia à escola por causa da obesidade. Para o médico, a cirurgia em adolescentes é benéfica no sentido de diminuir doenças, como diabetes e apneia do sono, e melhorar as relações sociais. “É preciso agilizar o processo pelo SUS, para beneficiar também quem não pode pagar.” De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 50% dos brasileiros engordam ainda na infância. O presidente da SBCBM, Ricardo Cohen, explica que as pessoas desen-
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Minha autoestima melhorou muito, junto com minha saúde” Isadora El Hage, sobre sua cirurgia bariátrica volvem as células do tecido adiposo na infância. “Depois disso, elas só incham e desincham. Com alimentação rica em gorduras na infância, a criança está fadada a lutar contra a balança para sempre.” Alternativas Será que a única solução para a obesidade é a cirurgia? A operação é apenas uma delas. A equipe multiprofissional, com psicólogos e nutricionistas, requer grande preparo pré e pós-operatório. Thiago Castro, de 26 anos, é um
exemplo. Ele passou a adolescência lutando contra a balança. Em 2011, um médico afirmou que pesando 120 quilos, ele só conseguiria emagrecer se tomasse remédios ou realizasse cirurgia bariátrica. Intrigado com a sentença, resolveu se desafiar e, em pouco mais de um ano, perdeu 74 quilos. “Perdi peso através de muita luta, reduzindo a quantidade de alimento, fazendo caminhada e frequentando diariamente a academia.” Muitas pessoas que não têm problemas de saúde, mas estão acima do peso, encaram a situação com autoconfiança e aceitação do próprio corpo. A psicóloga Lilian Barros acredita que, por meio do tratamento multiprofissional, o indivíduo pode perder peso sem encarar uma cirurgia. “O mais importante é a saúde e não querer apenas seguir os padrões de beleza que a sociedade impõe. Além disso, procurar profissionais qualificados que possam ajudar no tratamento, de preferência no início do ganho de peso da criança ou adolescente para que o problema não se agrave na vida adulta”.
Suicídios aumentam mais de 30% em dez anos Texto: Jéssica Reges Edição: Ana Letícia Santos Ausência da figura paterna, cobranças da família, violência sexual e morte de parentes próximos foram fatores que levaram Nathália Hernandes, 22 anos, a tentar colocar fim à sua vida. Os sinais da depressão começaram a aparecer quando ela ainda tinha 15 anos. “Não ter crescido com o meu pai me afetou muito. Ele fez muita falta, principalmente na infância, uma fase muito importante da vida, porque ali começa a formação de uma pessoa.” Em 2006, Nathália perdeu a mãe, vítima de infarto fulminante. No ano seguinte, com 17 anos, a jovem sofreu
abuso sexual. Depois desses acontecimentos, ela tentou pela primeira vez se matar com a ingestão de remédios. Em 2009, vieram a perda da avó, as cobranças da família pela aprovação no vestibular e a busca pelo corpo perfeito. Com vontade de emagrecer de forma rápida, Nathália passou a consumir remédios para ficar magra. Porém, os medicamentos estimularam a depressão, acarretando a segunda tentativa de suicídio. “Era para chamar atenção, para que os meus familiares me vissem. Era uma alerta para mostrar que eu não estava bem”. A ajuda de Nathália não veio da família, mas de uma amiga que ela conheceu em um encontro de jovens que
participou na igreja. A amiga, na época estudante de psicologia, aconselhou que Nathália procurasse a ajuda de um profissional. Hoje, morando em São Paulo, ela ainda tem depressão, mas controla a doença e diz que encontra forças no amor dos irmãos e amigos. “Quando vejo que vou cair, eu não penso mais em me matar, porque não é a solução”. Mídia Mesmo com o aumento do índice de suicídios, a imprensa raramente aborda o assunto. A falta de conhecimento das pessoas próximas ao suicida potencial e até dos profissionais de saúde é um dos fatores agravantes que aumentam as taxas.
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Magreza excessiva é antônimo de beleza Em um mundo onde as pessoas querem ter corpos magros, transtornos alimentares como a anorexia atendem essa exigência Texto: Luiza Guimarães Edição: Ana Flávia Marinho Diagramação: Laura de Paula
Q
ue menina nunca sonhou em ser a Barbie? Cabelos loiros, olhos claros, sorriso branco e corpo escultural. Este sonho pode estar longe de ser realidade, pelo menos se o desejo é ter o físico da boneca. Segundo estudos do Hospital Central Universitário de Helsinque (Finlândia), se a Barbie fosse humana, não teria gordura subcutânea suficiente, e inclusive, deixaria de menstruar, o que é sintoma da anorexia. Uma recente campanha na internet, transforma a Barbie em uma boneca anoréxica. Nomeada “Anoressia”, ela aparece muito mais magra, com os ossos vi-
Embora acredite que o tema não pode deixar de ser abordado pela imprensa, o jornalista Edson Spenthof explica que é preciso considerar questões importantes. “O suicídio é um assunto evitado pela mídia porque a simples abordagem do tema pode ser estímulo suficiente para um suicida em potencial consumar o ato. O principal estímulo seria a notícia de outro suicídio. O fato é que jornalistas e editores não dispõem, ainda, de estudos conclusivos sobre essa influência. Na dúvida, optam por evitar”, afirma o professor. Psicológico Segundo dados do Ministério da saúde, 40% das pessoas que pensam
síveis sob a pele, sem o bonito cabelo loiro nem o sorriso, mostrando como a doença afeta a saúde.
dial da anorexia chega a 0,8% da população. Destes, 5% são jovens entre 14 e 18 anos. Cerca de 90% dos pacientes são do sexo feminino.
Transtorno
Seja nas bonecas, revistas ou passarelas, jovens sempre buscam um modelo a seguir. Uma das influências mais visíveis está nas top models, que mantém um corpo extremamente magro. Este modelo se agravou de tal forma que leis foram criadas para proibirem desfiles com tops abaixo do peso. O país mais recente a adotar este tipo de lei foi Israel. Lá nenhuma contratação de modelos será feita sem aprovação médica. Além disso, a legislação também proíbe o uso de imagens em que a modelo apareça abaixo do peso. Enquanto o slogan “beleza é magreza” é mantido como padrão mundial, jovens, na maioria meninas, adotam métodos cada vez mais severos para emagrecimento. Entre eles, dietas com poucas calorias diárias, intensa prática de exercícios e ingestão de remédios que inibem a fome ou aumentam o metabolismo. Inclusive, entre alguns grupos, a anorexia se tornou estilo de vida. Na internet é possível encontrar grupos chamados “pró-ana” que encaram o distúrbio alimentar como uma receita para ficar magra. Nos blogs sobre o assunto, muitos depoimentos de incentivo à anorexia, nos quais as meninas que adotam o “estilo” falam como convivem sem comida no dia a dia. Em um deles, intitulado “Uma vida, um caminho, uma meta”, a garota que o escreve não diz seu nome, mas informa que tem 17 anos, 1,62m de altura e “muito peso”. Em um dos posts, ela relata que ficou sem comer por 37 horas e emagreceu 1 quilo. Segundo a nutricionista Jordana Colombo, deixar de se alimentar por longos períodos, como fazem as pessoas anoréxicas, pode causar sérios danos ao orga-
O grupo Genta, especializado em nutrição e transtornos alimentares, explica que a anorexia é causada por uma síndrome psiquiátrica, caracterizada por mudanças no comportamento alimentar. A pessoa que sofre desse transtorno desenvolve uma distorção da imagem do próprio corpo, na qual se enxerga acima do peso, mesmo estando magérrima. Com isso, criam formas variadas de controle da alimentação, não ingerem quantidade suficiente de comida, até o ponto de desenvolverem doenças mais sérias ou mesmo chegar à morte. Apesar de não existirem dados epidemiológicos no Brasil, a incidência mun-
em cometer suicídio procuram os serviços de ajuda antes de tirar a própria vida. A psicoterapeuta Eucliva Floriana de Oliveira diz que ainda falta esclarecimento por parte da pessoa adoecida e de seus familiares que faça com que o potencial suicida procure auxílio profissional, já que nem sempre a ajuda é solicitada de forma explícita. Eucliva orienta como pessoas próximas a um possível suicida podem ajudar. “Nunca ache que a pessoa que fala em suicídio está fazendo chantagem ou ameaça vazia. Quando alguém fala em suicídio, ela está, no mínimo, anunciando que não consegue resolver a questão sozinha, ou seja, está pedindo ajuda. Em caso de dúvida, não tente resolver o problema sozinho, busque ajuda profissional”.
Magreza sem custo
nismo. “A falta de macro e micronutrientes pode gerar desnutrição grave”. Jordana alerta para o risco das famosas dietas que fazem sucesso entre as jovens e reforça a ideia de alimentação saudável. “Estas dietas podem levar a uma desnutrição de curto prazo, desregulação do metabolismo (a pessoa sempre vai emagrecer e engordar) e dificuldade para emagrecer posteriormente. As dietas ideiais são as balanceadas e baseadas na educação alimentar”, explica. Cobrança de padrão Em contraponto à anorexia, o blog Síndrome de Estocolmo, que fala a respeito de casos que envolvem transtornos alimentares, apresentou o depoimento de uma leitora anoréxica que decidiu compartilhar seu sentimento sobre a doença. Ela diz que as pessoas não sabem como ajudá-la e que magreza é um desejo dela. Relata também a influência que a família tem sobre a anorexia que ela enfrenta. “Minha mãe sempre disse que tinha vergonha da minha gordura, que quando eu era modelo (magérrima) eu tinha mais sucesso nas coisas (...). Cada quilo perdido é uma junção de alegria, medo, pavor e descontrole que desaba sobre nós. Não sei mais se estou gorda ou magra, nem quero saber. Só é muito ruim quando as pessoas colaboram para que afundemos mais”. A psicóloga Luciana Kotaka avalia o apoio da família e amigos contra a anorexia. “É fundamental que familiares e amigos estejam atentos a esses sintomas e não desprezem os comportamentos”.
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Exercícios promovem qualidade de vida A atividade corporal combate o sedentarismo e proporciona bem-estar aos praticantes. Corpo e mente agradecem os benefícios
Texto: Luísa Viana Edição: Frederico Oliveira Diagramação: Filipe Carvalho
físico e aprendem a utilizar o oxigênio de forma correta. Vantagens não faltam! Bem-estar
A
Luísa Viana
Muitas pessoas optam por praticar s praças e parques estão cada vez atividades ao ar livre, sem a necessidamais movimentados por pessoas que praticam caminhadas, corri- de de um profissional por perto. Michada ou outro esporte, andam de bicicleta e el Valim, 35, diretor de imagem da TV jogam bola. Isso resulta da crescente pre- UFG, confessa não gostar de academias, ocupação da sociedade com a saúde e o ou centros esportivos. Ele prefere andar e corpo. O exercício físico é fundamental, correr em uma praça próxima à sua casa, mas a falta de tempo e os gastos financei- pois gosta de ver as pessoas nas ruas, caros com academias e centros esportivos minhar livremente e observar a cidade. De acordo com a professora Vanessa podem dificultar a prática corporal. O importante é não parar de se exercitar e Santana o importante é procurar uma atividade que proporcione prazer e bem-estomar as precauções corretas. Vanessa Helena Santana, professora tar fisiológico, emocional e social, como doutora em Adaptação e Saúde, afirma caminhar no parque ao lado das pessoas que os benefícios gerados pela atividade física são grandes. A sociabilidade é um deles. Na Faculdade de Educação Física da UFG, muitos idosos que praticam exercícios apontam a oportunidade de fazer amigos como o primeiro motivo para se exercitarem. Segundo a professora, o indivíduo aprende a aceitar seu corpo, sem procurar seguir os estereótipos de beleza ditados pela mídia. A pessoa se descobre útil e eficaz em uma atividade e se reconhece bonita com a aparência física que tem. Além dos benefícios psicológicos, as atividades físicas previnem doenças cardiovasculares e circulatórias, melhoram a respiração, através do bom condicionamento Pessoas caminham no Bosque dos Buritis, em Goiânia
que gosta, ou andar de bicicleta onde tenha natureza. Pensar no exercício físico como uma obrigação também prejudica a sua continuidade e regularidade e, consequentemente, não traz retorno à saúde. A prática corporal não é restrita a ambientes específicos. Ela faz parte do cotidiano, como caminhar, limpar a casa e subir escadas. Tais atividades provocam alto índice de perda calórica e melhoria cardiovascular. Portanto, praticar um exercício é mais simples do que se imagina. O importante é perceber suas necessidades e encontrar algo que seja prazeroso. Cuidados e riscos Segundo a Organização Mundial de Saúde, os casos de óbitos provocados por problemas cardiovasculares têm aumentado e já são considerados a maior causa de morte natural. Quando a pessoa possui essas complicações e exerce uma sobrecarga física corre graves riscos, por isso a importância de se realizar exames médicos. Assim, é aconselhável verificar se existe alguma doença cardiovascular, circulatória ou hipertensão, para realizar a atividade na intensidade e forma adequadas. A professora lembra que após a checagem clínica, é preciso cuidar da hidratação, bebendo muita água para repor o líquido perdido na transpiração. Quanto à vestimenta, Vanessa Santana aconselha vestir roupas confortáveis, leves e arejadas, que proporcionem satisfação com o próprio corpo, além de usar sapatos que não escorreguem, de preferência com amortecedor para evitar acidentes. Também é recomendável buscar auxílio de um profissional de Educação Física que vai determinar a intensidade do exercício, de acordo com as características do indivíduo. O profissional ensina a realizar a atividade corretamente, com maior eficiência, respiração melhor, maior eficiência e menos cansaço. A autonomia
também é importante. Quando a pessoa aprende a fazer os movimentos corretamente, ela deve ser incentivada a praticar sozinha. A dependência de um profissional pode levá-la a desistir da atividade. Quem não têm condições de pagar um personal trainer pode procurar centros ou instituições que oferecem atividades físicas gratuitas à população. Sem o acompanhamento profissional, ainda é possível recorrer ao SUS para a realização de exames e, segundo recomendação médica, se exercitar sozinho. Atividade x Sedentarismo A atividade física proporciona progressos visíveis nas pessoas. Ajuda a combater o stress, gera equilíbrio emocional e melhora a qualidade de vida. “Geralmente isso me faz dormir melhor; quando corro, eu alivio o stress, é uma coisa que me dá prazer. É quando fico sozinho e paro para refletir”, diz o Michael Valim. No entanto, muitas pessoas não desenvolvem o hábito do exercício físico. A professora Vanessa Santana afirma que o sedentarismo é cultural. Ela exemplificando que no grupo de idosos que ela estuda, os homens se dizem mais preocupados com a saúde. Porém, eles têm maior dificuldade de procurar algum exercício físico que a mulher. “A gente vive num mundo maluco, que exige produtividade, um corpo magro e não te dá tempo de se cuidar”, afirma a professora, alertando que a procura por determinada prática corporal está relacionada à disponibilidade de tempo e às condições financeiras. No entanto, o indivíduo não pode ver essas dificuldades como obstáculos. É importante reservar um tempo para o corpo e a mente, realizar atividades prazerosas e que não exijam muitos gastos financeiros. Logo, é fundamental que as praças públicas estejam repletas de pessoas se exercitando.
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Anualmente, o HPV infecta aos milhares Risco
de adquirir o vírus é maior para as mulheres sexualmente ativas.
Texto: Sara Luiza Edição: Murillo Soares e Natânia Carvalho Diagramação: Laura de Paula
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m vírus transmitido nas relações sexuais, pode desenvolver o câncer de colo de útero, diagnosticado em 20 mil mulheres brasileiras por ano. O HPV é classificado em mais de 100 tipos, sendo que os mais comuns se tornam infecções transitórias. Os mais graves podem causar lesões na genitália, câncer de colo uterino, vagina, vulva, pênis e até de laringe. Segundo a ginecologista Thaísa Strozzi, a infecção por HPV aparece mais na mulheres sexualmente ativas, entre 18 e 30 anos. Mas a idade não interfere no fator contaminação e a estimativa é de
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Cerca de 30 a 40 tipos de HPV acometem a genitália humana. Alguns deles são assintomáticos e, por isso, mais perigosos.
que 50 a 80% de mulheres sejam infectadas com o vírus. “O risco de adquirir a infecção surge juntamente com o início da atividade sexual e persiste por toda a vida sexual ativa”, explica Thaísa. Diagnóstico A estudante S.M., que prefere não se identificar, foi infectada aos 20 anos. Ela conta que tudo foi muito rápido. Seus exames ginecológicos estavam em
dia, até que ela notou as lesões na vulva e resolveu procurar o médico. Com o diagnóstico de infecção por HPV, o desgaste psicológico começou. “A primeira reação é sentir-se a pior pessoa do mundo, mas com o tempo fui me conformando”, diz. Cerca de 30 a 40 tipos de HPV acometem a genitália humana. Alguns deles são assintomáticos e, por isso, mais perigosos. Nesse caso, a realização de exames ginecológicos é a melhor forma de prevenção. Em outras variações da doença como a de S.M., os sintomas são o aparecimento de pequenas verrugas na vulva ou na vagina. A ginecologista explica que o tratamento começa com o aumento da imunização da paciente, além do diagnóstico precoce e tratamento das lesões, se existentes, visto que não há medicação que elimine o HPV. Na opinião dela e de S.M., o fato de a camisinha não ter eficácia completa, somado ao início precoce da vida sexual das mulheres resultam no crescimento desenfreado da doença. Vacina Existem dois tipos de vacinas no mercado. Uma delas combate o tipo de HPV que causa câncer de colo de útero e tem 100% de eficácia, segundo a ginecologista. A outra previne as infecções que provocam verrugas. Essas vacinas são encontradas apenas em clínicas particulares e especializadas em vacinação, com preços que variam de R$ 250 a R$ 400. Um projeto de lei da senadora Vanessa Grazziotin (PcdoB/AM) previa que todas as mulheres de 9 a 40 anos teriam direito à vacina gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou o projeto no dia 12 de setembro, mas com alterações da senadora Marta Suplicy (PT/SP), que restringe a faixa de idade a meninas entre
Mas
nem todos os tipos causam doenças graves
9 e 13 anos. Uma medida para prevenir que futuras mulheres infectadas. Homens Embora eles geralmente sejam responsáveis apenas pela transmissão, podem desenvolver lesões na região genital, mas sem grandes proporções como nelas.
O principal sintoma do HPV em homens é o aparecimento de lesões no pênis e, em casos mais raros, o diagnóstico de câncer no pênis e no ânus, os quais, em geral, acometem homens na faixa dos 50 anos. Mesmo assim, eles também são responsáveis pela saúde da parceira, por isso, é necessário manter os exames em dia.
O que você precisa saber sobre o
A vacina contra o HPV é grande coisa? Sim. A descoberta de que o Papilomavírus pode causar câncer de colo do útero rendeu um prêmio Nobel de medicina. A vacina pode reduzir muito os casos de câncer de colo do útero, ânus, pênis e orofaringe. O HPV sempre provoca doença? Não. A cada 100 indivíduos sexualmente ativos, 75 adquirem o HPV ao longo da vida. Desses, 60 eliminam o vírus naturalmente, sem perceber que foi infectado. O que acontece com os 15 que permanecem infectados? Dez terão o vírus latente, sem qualquer lesão visível. Quatro terão lesões detectadas por exames, como o papanicolau. Se não tratadas, podem virar câncer. Apenas um terá verrugas genitais, que são benignas, mas incomodam. Quem tem infecção latente (sem lesões visíveis) transmite o vírus? Não se sabe com certeza. Se houver poucas cópias virais do HPV no organismo, ele não é transmitido. Qual parcela das mulheres infectadas terá câncer do colo do útero? Apenas 0,5%. Mesmo com esse número pequeno, a prevenção é fundamental. Qual parcela dos homens infectados pelo HPV terá câncer de pênis? 0,05%. Sim, você leu direito. Quem pega o HPV nunca mais se livra dele? Não é verdade. Com tratamento adequado, a pessoa que não eliminou o vírus naturalmente pode se curar e deixar de transmití-lo. Fonte: www.revistaepoca.com
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Frida Um de Kahlo ê qu
por Marcela Haun
Fotos: Reprodução
esourinha
Rose Byrne
Diane Kruger
Chega mais, inverníssimo! A temporada de pré primavera-verão 2013 da grife Marc Jacobs chegou com tudo! Cores vibrantes, estampas geométricas e muitas flores de diferentes formatos. A silhueta ousou o comprido e o reto, mas sem cobrir os pés. TamA pegada agora é rock! Mas bém aparecem as sobreposições pode vir em paetês e tam- de calça e vestido. E aí, vai para o bém em couro. Um brilho guarda-roupa? dark!
Depois de São Paulo, chegou a vez do Rio de Janeiro ser a capital da moda brasileira por três dias. A 22ª edição outono/inverno 2013 do Fashion Rio foi realizada nos dias 07, 08 e 09 de novembro, no Píer Mauá. E houve apostas em tendências para o friozinho do ano que vem! Keira Knightley
Katie Holmes
Qual é a primeira sugestão que uma mulher recebe quando quer cortar o cabelo? “Corta chanel!”. O cabelo de comprimento médio – que pode variar da altura da orelha até bater nos ombros – é referência para radicalizar o visual. Tem coragem? Já para o cabeleireiro!
Duplo
Duplo
O verão veio, ficou e pass... Opa! Passou? Se for depender da maquiagem colorida e do delineado duplo, não mesmo! Pode ser com dois tons diferentes ou até mesmo só o pretinho. Mas se for usar o colorido, escolha um que combine com a cor dos olhos.
bri lho Nada de passar frio! O clássico colegial dos anos 90 pode vir com zíper, punhos sanfonados e com até com babados.
Capangas
mo le tom
ren da
Ah, a renda! Em roupas ou acessórios, esse estilo já ganhou as ruas há tempos. Se ainda não usa, adicione no seu look!
Elas foram muito utilizadas por homens nos anos 80-90. Mas o estilo está voltando com tudo, principalmente na Europa. No Brasil, a capanga – bolsa de mão masculina – ainda é um acessório novo demais. São vários modelos e tamanhos. Quem adere?
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Pichações vão do crime à arte Pichadores
desafiam as leis e a polícia, revoltam a população e se tornam os vilões da poluição visual em
Fotos: Murilo Nascente
Texto: Murilo Nascente Edição: Talitha Nery Diagramação: Larissa Quixabeira
É
impossível andar pelas ruas de Goiânia e não se incomodar com os outdoors, os painéis eletrônicos e principalmente com elas, as pichações. A combinação desses fatores torna quase caótico o cenário visual da cidade. Dentre estes, a pichação está em todos os cantos. O ato de rabiscar muros e paredes é considerado vandalismo e crime ambiental de acordo com a Lei 9.605/98, porém, não vem sendo tratado com a devida atenção. O Coronel da Polícia Militar do Estado de Goiás, Marcílio Queiroz, expõe a situação. “Infelizmente a polícia fica com as mãos atadas quanto a isso. Nós da PM não acompanhamos esse caso; é responsabilidade da Delegacia Estadual de Crimes contra o Meio Ambiente (Dema). Quando pegamos alguém em flagrante, devemos prontamente repassar o caso para a Dema.” A punição prevista para quem depreda ou degrada edificações e monumentos urbanos é detenção de três meses a um ano e mais aplicação de multa. No entanto, os juízes estão optando por penas alternativas, como fornecimento de cestas básicas ou prestação de serviços à comunidade. Segundo a ex-delegada do Meio Ambiente, Lara Menezes Melo, quando os pichadores são menores de idade, eles têm uma punição mais leve, devendo apenas reparar os danos causados. Os envolvidos com as pichações, na maioria das vezes, são membros de gangues, que por meio dos rabiscos e assinaturas demarcam território e impõem poder. Na falta de educação e oportunidade, esses jovens buscam na arte proibida uma maneira de se tornarem conhecidos e respeitados. A antropóloga Maria Luiza Rodri-
Alvos da pichação, monumentos públicos simbolizam o poder e a audácia dos pichadores, que também costumam deixar seus nomes nos muros da cidade gues, especialista em etnografia e problemas urbanos, comenta que a pressão social sobre os jovens é maior que a necessidade de ser conhecido. Eles são pressionados e influenciados pelo meio em que vivem e acabam formando uma sociedade paralela com normas e consensos. “Há regras a serem seguidas e respeitadas pelos diversos grupos que picham. Se essas regras forem quebradas, existem punições específicas e legitimadas por esses grupos”, explica a antropóloga. Conflito Na hora de pichar não há limites. Os prédios altos e monumentos importan-
“
É triste andar pela cidade e ver as praças estragadas, bancos e estátuas pichadas” Eurismar da Fonseca, comerciante
tes se tornam troféus dos pichadores. Os muros de casas e lojas também não são respeitados. O comerciante Eurismar da Fonseca já foi vítima desse vandalismo três vezes e diz que nunca procurou a polícia. “Nem tento denunciar à polícia. Sei que não vai adiantar nada e até já espero chegar para abrir a loja e ver meu muro todo pichado de novo.” Ele afirma que os pichadores não tem respeito pelo patrimônio alheio, muito menos pelo público. “É triste andar pela cidade e ver as praças estragadas, bancos e estátuas pichadas. Já é difícil o governo construir lugares assim. Quando constroem os vândalos ainda estragam. A gente acaba ficando refém dessa situação”, comenta.
Goiânia
ca há seis anos, Luiz Henrique Almeida conta que ainda há muito preconceito. Para ele, as pessoas não conseguem diferenciar o papel do grafiteiro e do pichador e, até por isso, falta muito incentivo, especialmente o financeiro. “O grafite está intimamente ligado com a cultura e o dia a dia das favelas, das periferias. É uma arte de denúncia e é claro que isso atrapalha a trazer investimentos. Muitos não querem ver a verdade, e até por isso julgam a grafitagem como crime” relata. Almeida comenta que o grafite enfeita os muros, traz alegria e beleza e tem o papel de conscientizar e formar os jovens que poderiam se tornar pichadores e até mesmo os que já foram. Há mais de um ano, a prefeitura iniciou o projeto “Esporte e cidadania” que transforma pichadores em grafiteiros por meio de oficinas e cursos. E os resultados da iniciativa já começaram a aparecer. Dados fornecidos pela Dema indicam que, no ano passado, cerca de 250 jovens foram detidos por envolvimento com a pichação. Em 2012, as informações são mais otimistas. O número de casos ocorridos até novembro revelam que 2012 terminará com uma quantidade bem menor em relação a 2011.
Arte O grafite surgiu como alternativa a esse problema. Ao contrário da pichação, as pinturas em muros e paredes são legalizadas e, inclusive, consideradas arte. Acostumada a fazer críticas sociais em suas representações, o grafite, que nasceu da pichação, hoje ajuda a transformar a realidade de muitos ex-pichadores. Porém, o dia a dia do grafiteiro ainda é complicado. Trabalhando com a técni-
Grafite: crítica social e criatividade
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c u l t u r a
Cresce o número de animações goianas Animação
chegou ao
Estado
na década de
70
e ainda enfrenta desafios, mas com muita dedicação o cenário está mudando Jéssica Alencar
Texto: Jéssica Alencar Edição: Murilo Soares Diagramação: Fernanda Garcia e Wanderson André
U
m grupo de estudantes do extinto curso de Rádio e TV da UFG fundou a Mandra, única produtora que atua formalmente na área de animação em Goiás. A ideia surgiu no projeto final do curso e, desde 2004, a produtora contribui culturalmente com o Estado. Para Paulo Miranda, sócio-diretor da empresa, o investimento na área em Goiás é escasso e a produção de animação ainda apresenta deficiências. “Muitos profissionais, quando se capacitam nessa área, saem da cidade, do Estado, em busca de mercado mais estruturado e forte”, afirma. Roberto Rodrigues, 19 anos, compartilha da mesma opinião. Este ano começou a cursar Audiovisual na Universidade Estadual de Goiás (UEG). “O que mais acontece são pessoas que querem trabalhar nessa área saírem do estado e irem para São Paulo e Rio de Janeiro”. A falta de investimentos em animação é um problema para grande parte dos profissionais goianos que querem produzir e dirigir um filme do gênero. O Ministério da Cultura (MinC), em conjunto com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) oferecem o único edital federal específico para a produção, denominado Cine Ambiente. A iniciativa, lançada em 2010, visa apoiar a produção de 10 obras cinematográficas, cada uma com duração de um minuto e com orçamento individual no valor de até R$ 20 mil. O diretor de vídeo e animação, Dustan Oeven, acredita que mesmo com deficiências, a produção goiana de animação se desenvolveu nos últimos anos. “O crescimento foi possibilitado principalmente pelas novas tecnologias, equipa-
utilizados são variados, como a massa de modelar, instrumento que o diretor usa para moldar as próprias peças. Dustan Oeven ganhou em 1998, o prêmio do IV Festival São José em um Minuto. Também foi vencedor do IV FICA 2002, com a melhor produção goiana e, no mesmo ano, com melhor edição. Já em 2004, seu filme “Onça da Mão Torta”, ganhou como a melhor direção de arte. História
O diretor de vídeo e animação, Dustan Oeven, exibe alguns de seus bonecos mentos mais baratos, facilidade de informação e publicação através da internet”. Dustan, que já produziu 10 filmes, ressalta que muitos clientes buscam o trabalho de animação desejando investir pouco e obter o produto em curto prazo.
Ele utiliza a animação tradicional em stop motion, técnica de animação de fotograma a fotograma (unidade do filme fotográfico depois de processado) que usa filmadora, máquina fotográfica ou computador como recurso. Os materiais
Para se especializar Escola Goiana de Desenho Animado Criada em 2009, oferece módulos básicos e avançados em animação 2D. O projeto é financiado pela Lei Goyazes, portanto oferece atividades de acordo com a captação de verbas. Acesse: escolagoianadedesenhoanimado.blogspot.com.br Curso de Produção Audiovisual Com 40 horas de curso, o aluno conhece a história e a linguagem cinematográfica e aprende a produzir curtas-metragens e a utilizar o audiovisual como ferramenta. Acesse: www.go.senac.br/portal Anima Mundi O Festival Internacional de Animação do Brasil, que completou 20 anos em 2012, visa informar, formar, educar e entreter utilizando as infinitas possibilidades da linguagem de animação. Acesse: www.animamundi.com.br
Foi na década de 50, que o primeiro longa-metragem de animação Sinfonia Amazônica (1953), de Anélio Lattini Filho, foi produzido Brasil. Em Goiás, foi só nos anos 70, que animação passou a ser explorada. Um dos pioneiros no Estado foi o cineasta Martins Muniz, com produções voltadas para a publicidade. Ainda não há pesquisas referentes à quantidade de animações produzidas em Goiás, mas já se percebe que a animação vem crescendo aqui e no Brasil. Segundo o relatório de 2010 do Anima Fórum, até 1992 foram produzidos 171 filmes de animação no País. Entre 1993 e 2010, o Festival Anima Mundi registrou a inscrição de 2600 filmes brasileiros. Mesmo com as limitações, novos nomes e trabalhos dão fôlego à produção goiana, que tem gerado muitas participações e premiações em festivais. Em Goiânia, desde 2009, a Escola Goiana de Desenho Animado formou cerca de 40 alunos nos módulos básicos, gratuitos e de animação 2D (método clássico de animação quadro-a-quadro). O estudante Roberto Rodrigues alerta para a necessidade de mais cursos que incentivem a prática. “É preciso mais lugares que ensinem para que haja uma concorrência maior entre as empresas. Somos limitados aos festivais anuais e mostras de dois dias, e é óbvio que não é tempo suficiente para se aprender”, conclui.
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Cinepop por Filipe Andrade
Design: Brunno Falcão e Marcela Haun Diagramação: Laura de Paula
Oldboy
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John F. Kennedy Paul Giamatti e Billy Bob Trornton estão confirmados em um filme que abordará o assassinato do presidente estadunidense John F. Kennedy. A produção será baseada no livro “Reclaiming History: The Assassination of President John F. Kennedy”, escrito por Edgar e Vincent Bugliosi e tem data de estreia prevista para 2013, ano em que completam 50 anos do assassinato de Kennedy, em novembro de 1963, durante um desfile na cidade de Dallas (EUA).
Remake da produção homônima do sul-coreano Chan-wook Park, lançada em 2003, “Oldboy” já tem data de estreia. O novo filme está previsto para 2013 e terá a assinatura de Spike Lee, diretor de “A Última Noite”. No elenco estão Josh Brolin e Elizabeth Olsen. O longa abordará a história de um executivo, publicitário, misteriosamente mantido refém e libertado após 20 anos, que sai em uma busca obsessiva por respostas sobre seu sequestro. A novidade fica por conta de elementos do mangá que originaram à versão asiática.
Star Wars na Disney Após comprar a Pixar e a Marvel, a Disney acaba de fechar mais um negócio bilionário. A companhia adquiriu a LucasFilm, grupo criado por George Lucas e detentor de produções como “Star Wars” e “Indiana Jones”. O valor da transação foi U$ 4,05 bilhões. Com o negócio, a Disney se prepara para lançar “Star Wars: Episódio VII” e fala em uma história totalmente original. A produção deve ser lançada em 2015 e a previsão é que mais filmes da franquia sejam lançados a cada dois ou três anos.
“Get Up” Com produção de Mick Jagger e Brian Grazer, a cinebiografia do cantor James Brown pode ter Tate Taylor como diretor. Taylor é mais conhecido por seu trabalho em “Histórias Cruzadas”, produção que levou o Oscar, o BAFTA e o Globo de Ouro de melhor filme em 2012. A vida de Brown, conhecido também como rei da soul music, será retratada desde a infância pobre até sua ascensão. O elenco ainda não foi definido.
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o l h a r e s Texto e fotos: Isadora Pícolo Edição: Ana Flávia Marinho e Lis Lopes Diagramação: Jessika Morais e Leon Carelli
P e r s p e c t i v a
Impulsionada pelo crescimento econômico, Goiânia está se transformando na capital dos lançamentos imobiliários no Brasil. Só a incorporadora Borges Landeiro informou que totalizará 16 prédios em Goiás até 2013. O recente boom imobiliário em Goiânia tem sido acompanhado por um consumo crescente, já que atualmente o PIB do setor é superior a R$ 170 bilhões por ano no país e pode chegar, em menos de uma década, a R$ 270 bilhões, segundo o primeiro estudo semestral “Real Estate Report”, elaborado pela Ernst & Young Terco*. A região que mais cresce no município é o Setor Goiânia 2, que entregou neste ano dois condomínios de apartamentos e possui três em fase de conclusão. *A Ernst & Young é líder global em serviços de Auditoria, Impostos, Transações Corporativas e Assessoria.
V e r t i c a l