Samambaia J ornal L aboratório
do curso de
J ornalismo
da
U niversidade F ederal
de
G oiás | G oiânia ,
novembro ,
2011
Lis Lopes
Reta Final
Chega o fim de ano, começa a temporada dos vestibulares. Para milhares de estudantes que durante 2011 enfrentaram longas jornadas de estudo, agora é a hora do tudo ou nada. O jornal Samambaia preparou uma reportagem especial com dicas de como agir na véspera das provas, datas dos vestibulares das principais universidades de Goiás e do país, além de relatos de quem já passou pela maratona de provas e conseguiu a aprovação e de quem ainda vai prestar os exames
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Comerciantes das feiras da Lua e Hippie divergem sobre horário de funcionamento. Falta fiscalização por parte do poder público
Literatura
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Histórias que provocam identificação com leitores fazem sucesso no mercado de livros infanto-juvenis
Trânsito
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Programa “Balada Responsável” quer reduzir acidentes de trânsito relacionados à bebida
Saúde
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Bola da vez nas academias de ginástica, pilates alia condicionamento físico e estético, atraindo adeptos
Diagramação: Vanessa Martins
Cidade
Ana Flávia Marinho
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Samambaia >> Goiânia | Novembro, 2011
R UMOR
e d i t o r i a l
Natal da cautela Texto: Serena Veloso Edição: Myla Alves Há pouco mais de um mês para a chegada do natal, o comércio de todo o Brasil já entrou no espírito natalino. Os shoppings ganharam decoração com motivos que lembram a data e as lojas estão em preparativos para ampliar as vendas, com o aumento do número de vagas para serviços temporários. Neste ano, estão previstas 147 mil contratações no país, 5% a mais do que em 2010. Só em Goiás, são 16.200 oportunidades de trabalho durante o período de festas. Com tantas ofertas de emprego espera-se um natal com grande movimentação na economia. Mas a situação atual mostra que não vai ser bem assim. Em meio à crise global, ao menor crescimento da economia doméstica, à inflação mais alta e ao endividamento dos brasileiros, os consumidores deverão ser mais cuidadosos na hora de ir às compras. A alta de 5% do índice de
Layane Palhares
Enquanto isso, Dilma no Ministério do Cai Cai...
inadimplência em 2011 seria um bom motivo para preocupação. Isso significa que o consumidor vai pensar duas vezes antes de gastar o 13º salário no aumento de dívidas e, principalmente, em compras a prazo. Mesmo com a desaceleração da economia brasileira as vendas no país devem aumentar em 7%. O percentual é menor que o registrado no ano passado, o qual chegou à casa dos 11%. Quer queira ou não, aqueles que afirmam que os sinais da chegada da crise mundial à economia brasileira ainda não estão claros podem estar errados. A maior cautela nos investimentos por parte dos empresários e empreendedores, e o medo dos consumidores de
assumir contas longas, reflete bem a tal maré de azar que pode estar de passagem no Brasil. A indústria também apresenta algumas dificuldades. Agora, é esperar que essa maré tome outro rumo. Assim o país terá motivos para festejar um período de paz e um feliz ano de 2012.
Samambaia
Ano XII – Nº 53, Novembro de 2011 Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia Universidade Federal de Goiás Reitor Professor Edward Madureira Brasil
a r t i g o
Diretor da Faculdade Professor Magno Medeiros
Uma juventude violenta
Coordenador do Curso de Jornalismo Professor Juarez Ferraz de Maia
Texto: Luciano Rodrigues Edição: Flávia Gomes Naquilo que chama de juventude, nossa cultura costuma ver o reflexo de si mesma e a possibilidade de se perpetuar. Uma sociedade que se quer saudável deve, ao menos, esperar jovens um mínimo preparados para assumir suas responsabilidades, vencer seus testes e atravessar a ponte que lhes levará ao estágio seguinte: o mundo adulto. Quando, no entanto, essas expectativas se vêem mais que frustradas, é momento de parar, refletir e agir. As manifestações de violência urbana tornam-se, cada dia mais, uma constante na vida do goianiense. Sequestros, homicídios, mortes no trânsito, estupros
e outras palavras do gênero perderam sua aura sinistra e distante para se tornar um fantasma vizinho. Evidentemente, a violência pode ter várias faces. Mas estudos recentes revelam que é exatamente na juventude, que elas encontram maior expressão em nosso estado. E os números vêm crescendo, progressivamente. Se não é desconhecido um certo “desgosto” de nossa sociedade para com seus jovens, até que ponto a própria sociedade tem participação nisso? Ser adolescente no mundo contemporâneo não é, de fato, tarefa fácil. Entre liberdades extremas e exigências dos mais variados cunhos (estéticas, comportamentais, econômicas – descontando-se a própria situação psicológica, por si só conflituosa, que a adolescência representa), nos-
sos jovens são incapazes de se recordar de uma pequena palavrinha: o “não”. Como toda questão complexa, é bastante provável que o fenômeno da violência adolescente, manifestada nas grandes zonas urbanas, não comporte uma solução simples. Não se resume a policiais bem armados vigiando nossas ruas ou associações simplistas entre pobreza e delinqüência. Do psíquico ao social, a tarefa será longa, mas não é demais lembrar que começa por cada um de nós: afinal, do privado ao público, está em nossas mãos conduzir a educação de nossa juventude e escolher, conscientemente, nossos políticos. Luciano Rodrigues é estudante do 6º período de Jornalismo
Diagramação: Laura de Paula
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Coordenador Geral do Samambaia Professor Welliton Carlos Editor de Diagramação Professor Sálvio Juliano Monitoria Laura de Paula Silva Diagramação Alunos da disciplina Laboratório Orientado – Diagramação Edição Executiva Alunos da disciplina Jornal Impresso II Reportagens Alunos da disciplina Jornal Impresso I Contato Campus Samambaia - Goiânia/GO - CEP 74001-970 Telefone: (62) 3521-1092 E-mail: samambaiajornal@gmail.com Impressão: Cegraf/UFG Tiragem: 1000 exemplares
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c i d a d e Fotos: Isadora Pícolo
Briga entre feiras Disputa
por espaço e clientela no sábado à noite tem levado
comerciantes da feira
Hippie
e feira da
Lua,
as maiores da
capital, a buscarem seus direitos para vender mercadorias Texto: Isadora Pícolo Edição: Laura Braga Diagramação: Steffen Kühne
U
ma verdadeira guerra move o segmento de confecções e calçados de Goiânia. A guerra das feiras começa sábado às 18h quando 400 feirantes tomam conta das imediações da rodoviária. Ao começar no dia anterior ao normal, a feira Hippie atinge diretamente a feira da Lua. No sábado, as barracas só podem ser montadas na Praça Tamandaré às 14h e as vendas começam às 15h. Com isso, os feirantes da Lua se sentem prejudicados com a antecipação da feira Hippie - maior feira livre do país, com aproximadamente seis mil barraquinhas - que tem atraído os turistas e diminuído o movimento para outras feiras no sábado. Consequentemente, os feirantes que iniciam os trabalhos de madrugada, após a meia-noite, que é o horário previsto para o início da feira Hippie, ficam prejudicados. O secretário municipal de turismo e desenvolvimento econômico de Goiânia, Barbosa Neto, estabeleceu um acordo permitindo aos 400 feirantes da feira de domingo iniciarem suas atividades a partir das 18h do sábado. Expositores das feiras Hippie e Lua fizeram um abaixo assinado pedindo que a feira de domingo volte a funcionar apenas no seu dia tradicional. O documento tem aproximadamente 1,5 mil assinaturas de feirantes da Lua e cerca de cinco mil dos trabalhadores da feira Hippie, mas até agora nenhuma mudança foi executada. O presidente da Associação dos Expositores e Amigos da Feira da
Lua, José Adalberto, afirma que as feiras são reconhecidas no Brasil por seus dias tradicionais. “Queremos que as feiras continuem tradicionalmente nos dias previstos. Se não for assim, que seja o mesmo direito a todas as feiras, podemos começar também um dia antes”. Cerca de 1680 famílias são beneficiadas com as vendas da feira da Lua e, segundo elas, estão sendo prejudicadas e sentem que são concedidos privilégios à feira hippie. O feirante Edgar Silveira, expositor da feira da Lua, relata sua indignação com relação a mais nova concorrência. “Qualquer feira só pode funcionar um dia por semana. Não existe feira especial. Se todo mundo puder funcionar duas vezes por semana, tudo bem, porque então deveria ter direitos iguais.” Fiscalização A situação se torna mais difícil porque não existe uma fiscalização adequada para o aumento de dias de funcionamento da feira. “Pode abrir uma galeria a esmo, pode chegar com o carro, colocar manequim e vender na rua 44. Falta ordem e a fiscalização não está presente em nenhum lugar nos arredores da feira Hi-
“
Feira Hippie: aproximadamente seis mil barraquinhas movimentam o comércio ppie”, conta Lira Margarete Santos, presidente da Associação dos Expositores e Amigos da Feira do Sol. Não se trata apenas da feira Hippie, qualquer uma tem vendedores não regulares, principalmente de CD’s e DVD’s piratas, pessoas que não têm alvará para vender e entram nas feiras aumentando a concorrência. José Adalberto diz que não há apoio da polícia militar e da guarda municipal. Galerias De acordo com Lira Margarete Santos, a feira hippie foi crucificada. Ela explica que quando o comércio da feira e dos arredores se intensificou, muitas galerias migraram da avenida Bernardo Sayão
Queremos que as feiras continuem tradicionalmente nos dias previstos. Se não for assim, que seja o mesmo direito a todas as feiras, podemos começar também um dia antes” José Adalberto, presidente da Associação dos Expositores e Amigos da Feira da Lua
para o local, com salas menores que uma banca de feira. Ela põe na mesa um assunto que tem gerado muitos problemas para os feirantes da feira Hippie: o aumento das galerias na rua 44 e proximidades. Houve crescimento do comércio no local, com muitos camelódromos, galerias e pequenas lojas. “Se a prefeitura der alvará a todo esse pessoal além de atrapalhar aqueles que já estão trabalhando, daqui a uns dias teremos de comprar um dos outros”, adverte José Adalberto.
Mudança de endereço A ideia é mudar o local da feira Hippie, hoje na praça do Trabalhador, para o prolongamento da Avenida Bernardo Sayão, no setor Fama. A proposta é do vereador Clécio Alves, do PMDB, mas até o fechamento desta edição não foi votada pela Câmara Municipal e tem intrigado os feirantes. O projeto, que visa melhorar o espaço e organização da feira, prevê estacionamento para 200 carros, além de evitar concorrência com as lojas que funcionam nos arredores da estação rodoviária de Goiânia.
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Concurso de Residência Médica 2012 No dia 11 de dezembro serão realizadas as provas objetivas e discursivas do concurso de residência médica. O resultado dessa primeira fase será divulgado no dia 6 de janeiro de 2012, no site www.cs.ufg.br. (Ana Flávia Marinho)
s o c i e d a d e
E as marchas tomam conta das ruas Protestos em forma de marchas ocupam as ruas de muitas cidades brasileiras. O objetivo é alcançar mais liberdade e respeito Texto: Adriane Rocha Edição: Marianna Martins Diagramação: Guilherme Lucian
A
mais bem sucedido dessas atuais manifestações. Eurípedes Cruz, presidente da APOGLBT-GO (Associação da Parada do Orgulho GLBT de Goiás), diz que a marcha é respeitada. “As paradas se tornaram tão importantes que hoje o próprio poder público apoia sua realização na maioria das cidades. Nos últimos três anos o movimento tem reunido em torno de 70 mil pessoas.” Todos esses movimentos ganham adeptos através das redes sociais, que promovem e criam fóruns de discussões virtuais acerca do tema e, após junção
“
Contexto histórico
As paradas se tornaram tão importantes que hoje o próprio poder público apoia sua realização na maioria das cidades”
Jaqueline Telis
marcha pela liberdade, realizada em junho deste ano, é um exemplo de manifestação que remete as lutas sociais do passado. Ela tinha como objetivo inicial protestar contra a decisão de não permitir a Euripedes Cruz, realização da marcha da maconha. No presidente da Associação da entanto, com a sua divulgação, uniramParada do Orgulho GLBT de Goiás -se novas bandeiras e, por fim, a marcha acabou englobando diversos setores sociais que passavam por problemas, como a greve dos professores, a crise nos bombeiros, e vários outros. A marcha da maconha que ocorreu em julho, na capital goiana, pretendia muito mais do que legalizar o uso e comércio da substância, mas também propor uma discussão sobre o aumento da violência e corrupção, geradas pelo fato de a droga ser ilegal. Outra manifestação que também aconteceu recentemente foi a marcha das vadias. O movimento foi uma resposta à declaração de um policial norte-americano que disse ser culpa das Marcha das Vadias: mulheres promoveram reflexão social através do protesto no Campus próprias mulheres os ta uma conscientização da população estupros que acontecem, devido à forma de simpatizantes, saem em marchas. e, mais que isso, uma identificação. “As de se vestirem. O protesto levou a uma manifestações acontecem na medida em discussão interessante sobre maior liberIdentidade que esses agrupamentos se sentem com dade para as mulheres se vestirem e se comportarem como quiserem. Para o cientista político Pedro Célio, os interesses contrários e ao que julgam A parada gay é, talvez, o movimento a participação nessas marchas represen- serem seus direitos. Então eles lutam
Os movimentos sociais sempre fizeram parte da história da sociedade. Lutas, protestos, rebeliões, além de movimentos estudantis ocorridos nas décadas de 60 e 70 contra a ditadura imposta pelo militarismo. Em muitas deles, pessoas foram mortas para que alguns direitos fossem conquistados. Os protestos eram por melhores salários, pela democratização política, ou garantia dos direitos básicos, como liberdade de expressão. Hoje, essas bandeiras ainda são levantadas, porém em contextos diferentes. A busca pela liberdade foi ampliada. Atualmente não é reivindicada apenas a liberdade de expressão, mas sim a liberdade de se relacionar com pessoas do mesmo sexo, da mulher se vestir como quiser, bem como a legalização do uso e comércio da maconha. Para o cientista político Pedro Célio, é possível traçar semelhanças entre os movimentos atuais e os movimentos ocorridos no passado. “Alguns aspectos como a liberdade e o pluralismo, que a marcha do orgulho gay busca, já foram levantados no passado pelo movimento estudantil.”
por situações que querem ver reconhecidos como direito.” As reivindicações começam com um processo de identificação das pessoas com o problema levantado pela marcha, mas segue como uma reflexão ao sistema político e econômico vigente. As marchas adquirem papel importante dentro da sociedade, pois propõem discussões relevantes e buscam liberdade, equiparação dos gêneros, livre sexualidade ou comportamento. Além de possuírem um papel contestador, que é algo necessário a toda sociedade que pretenda se desenvolver e não parar no tempo.
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t r â n s i t o
Outro lado da lei Convênio
do governo que reforça fiscalização de motoristas
produz mudança de hábito nos bares, desperta críticas de
empresários e provoca reação contraditória de condutores Texto: Camila Rocha Edição: Bárbara Camargo Diagramação: Jéssica Gonçalves
U
Plano B A alternativa recomendada pelo Detran aos motoristas que não desejam abrir mão do álcool em suas noites é chamar um táxi. O órgão fez uma parceria com as redes de táxis de Goiânia e está sendo dado um desconto de 10% em viagens que excedam o valor de R$20. De acordo com o presidente da Cooperativa de Transporte em Táxi de Goiânia, Luiz Roberto Alves, a procura por táxis da sua frota aumentou 200% desde o início da campanha. O maior movimento acontece de quinta a sábado quando cerca de 60 veículos circulam pela cidade fazendo corridas. A cooperativa já obteve um lucro 15% nas viagens que aconte-
O programa “Balada Responsável” foi assinado no dia 27 de setembro e nos primeiros 30 dias de campanha 287 pessoas foram autuadas por dirigirem embriagadas, número muito inferior ao esperado. No mesmo período foram abordados cerca de 6.600 motoristas e espera-se uma queda de 40% nos acidentes de trânsito. De acordo com o presidente do Detran, Edivaldo Cardoso, a intenção do programa não é abordar motoristas desprevenidos. “Os locais das blitzes estão cem no período da madrugada. Apesar do acordo entre o Detran e os taxistas, muitas pessoas dizem que o desconto não faz tanta diferença. O motorista Renato Mota, 27 anos, afirma que se fosse chamar táxi toda vez que saísse não teria dinheiro para consumir nos bares e boates que frequenta. “Prefiro reunir os amigos em um carro só e escolher um para ficar de motorista”, diz. Quem não está feliz com os resultados da Balada Responsável são os donos de bares de Goiânia. Segundo a AssociaCamilla Rocha
m convênio entre Detran, Secretaria de Segurança Pública, polícias Militar e Civil, e o Batalhão de trânsito vem reforçando a fiscalização e educação do trânsito em todo o estado de Goiás. Juntos eles lançaram o programa “Balada responsável”, que tem o objetivo de evitar acidentes de trânsito causados pelo uso de álcool. A ação conjunta visa conscientizar os motoristas da importância do cumprimento da Lei Seca, que determina a apreensão do carro de qualquer motorista que esteja dirigindo com o nível de álcool acima de dois decigramas por litro no sangue. Além da apreensão caso seja pego,
o motorista tem que pagar uma multa de R$ 957,70 e sua carteira é suspensa.
Balada responsável sinalizados com bastante luz e um balão informando que ali há policiais. A intenção não é pegar ninguém desprevenido e sim ensinar como é importante não dirigir alcoolizado”. Os policiais responsáveis pela fiscalização poderão receber até R$ 1.440 a mais por mês, se atingirem as metas quantitativas e qualitativas de desempenho. Essas metas são traçadas pelo percentual de carros abordados, diminuição na taxas de crimes, identificação de veículos clonados, entre outras. ção Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Goiás, a campanha gerou uma queda de 30% no número de clientes de bares e restaurantes da cidade nos finais de semana. Se a queda continuar a previsão é que aconteçam demissões de funcionários do setor. Alguns motoristas não se intimidam, como é o caso de Fabiana Melo, 34 anos
“
Não bebo muito, tenho condições de dirigir. Nunca estive envolvida em acidentes de carro e me acho capaz de dirigir mesmo após beber algumas cervejas, então porque parar?” Fabiana Melo, motorista
No início da noite de sábado, parceria entre policiais militares e agentes da AMT realizam Blitz na Av. T63 na capital
“Não bebo muito, tenho condições de dirigir. Nunca estive envolvida em acidentes de carro e me acho capaz de dirigir mesmo após beber algumas cervejas, então porque parar?”. Fabiana diz já ter sido parada uma vez em uma blitz ano passado, mas apesar de não ter feito o teste do bafômetro, foi liberada.
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a l i m e n t a ç ã o
Pratos brasileiros não são saudáveis brasileiros, em geral, não têm se alimentado de maneira
correta.
Como,
Isadora Pícolo
Os
quando e o que comer são perguntas
frequentes daqueles que buscam uma alimentação saudável Texto: Isadora Picolo Edição: Vanessa Martins Diagramação: Vanessa Martins
A
limentar-se bem, variar os nutrientes nas refeições e fazer uma dieta balanceada é uma velha história que as pessoas estão cansadas de ouvir, mas que às vezes passa despercebida quando não lhe é dada o devido valor. Na busca por uma alimentação saudável, porém, é preciso observar além do que se está ingerindo, mas como, com quem, quando, e onde são feitas as refeições. Os tipos de alimentos básicos que devem ter todos os dias na mesa variam entre ricos em proteínas, carboidratos, vitaminas, minerais, fibras e pobres em gordura, devendo ser adequada à idade da pessoa. As quantidades dos alimentos não podem ser insuficientes nem excessivas. A dona de casa Cleusa Pereira revela que todos os dias não faltam salada, ar-
roz, feijão e um tipo de carne na mesa. “Quando tem macarrão, no outro dia faço algo mais leve e quando tem ovo não faço carne. Tento balancear a alimentação em casa variando no cardápio entre massas e carne. O arroz e o feijão são sagrados todos os dias”. Para ela, a a nutrição correta começa em casa. “A alimentação dos filhos tem muito a ver com a alimentação dos pais. O que os pais gostam, eles consomem em casa. É também o que os filhos comem. A alimentação saudável se torna um hábito”. Amigos e inimigos da saúde A nutricionista Lílian Mattos enfatiza a necessidade de balancear a alimentação. “A gordura, por exemplo, pode causar o entupimento das artérias, causando infarto e derrame cerebral, caso seja consumida em excesso”, explica. Os horários devem ser organizados para que se coma pouco, com frequência
Alimentos saudáveis no dia-a-dia são essenciais para uma dieta equilibrada e sem pressa. Frutas são sempre boas alternativas para serem ingeridas entre os intervalos de alimentação como o café da manhã e o almoço e o lanche da tarde e o jantar, pois nosso organismo absorve nutrientes que podem não conter nas refeições diárias. Ainda mais quando estas
Mitos e verdades Não tomar café da manhã ajuda a perder peso Não, pois a digestão queima calorias. O correto é comer pouco, com frequência e sem pressa. A melhor forma de perder peso é uma dieta rigorosa A perda rápida de peso provoca a redução do metabolismo, com isso o corpo queima calorias com menos eficiência, sendo provável que a pessoa recupere os quilos, logo que voltar a comer normalmente. Alimentos com baixo teor de gordura não engordam Baixo teor de gordura não é sinônimo
Ecogastronomia
de baixo teor de calorias. É a quantidade total de calorias consumidas no alimento que importa.
consumo elevado está vinculado ao câncer de fígado, de boca, de esôfago e de mama.
Comer tarde da noite faz engordar mais rápido O momento que a pessoa se alimenta não tem efeito sobre o destino das calorias. Se fizer uma grande refeição noturna, mas não tiver exagerado nas calorias durante o dia, elas não se acumularão na cintura mais do que se você fizer a mesma refeição às 18 horas.
As gorduras devem ser evitadas a qualquer custo A gordura é uma fonte de vitaminas A, D e E. O melhor é variar a alimentação com todos os nutrientes sem exagerar na gordura.
Bebidas alcoólicas são benéficas à saúde Uma taça de vinho por dia faz bem à saúde, mas o álcool é rico em calorias, seu
refeições são feitas em restaurantes ou fast foods, que são consumidos em excesso pela população brasileira. Lílian Mattos aconselha trocar pizza por sanduíche natural e refrigerante por suco de polpa como alternativas para quem não almoça em casa e não tem tempo para comer em restaurantes.
Quase não como e, mesmo assim, não perco peso É importante observar aquilo que se ingere. Se esqueceu o que “provou” ao cozinhar, os drinques nas festas, o punhado de biscoitos enquanto assistia televisão.
Para aqueles que fazem almoço e jantar todos os dias, a preocupação com a variação de alimentos é maior. A empresária Rute Rodrigues Pimentel cozinha seu almoço todos os dias e cuida para ter sempre na mesa os vegetais cultivados na própria horta que tem no jardim de casa. O modelo é adotado pelo Slow Food, uma associação internacional sem fins lucrativos, como resposta aos efeitos do fast food e que objetiva proteger espécies vegetais e raças animais, contribuindo com a defesa do meio ambiente, da cozinha típica regional, dos produtos saborosos e do prazer da alimentação. Em Goiás, o Slow Food localiza-se em Pirenópolis. É uma boa pedida para quem busca alimentos saborosos e orgânicos.
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s a ú d e
Pilates é a atividade física do momento Com
promessas de resultados expressivos, exercícios com bolas ganham cada vez mais adeptos entre anônimos e celebridades
espaço de tempo menor. “Os resultados são adquiridos de forma rápida e notados tanto por quem o pratica quanto pelas pessoas que convivem com os praticantes”, comenta Solaine Perini, fisioterapeuta e presidente da Associação Brasileira de Pilates (ABP). As altas mensalidades somam pontos negativos para a modalidade. Algumas academias de ginástica oferecem aulas de pilates, porém em casos específicos de reabilitação ou em procura de O pilates vem conquistando mulheres de todas as idades horários flexíveis é preciso recorrer aos estúdios de pilates. método de condicionamento corporal e estético que é conhecido Nesse caso, os preços nem sempre são por muitas celebridades como acessíveis. Madonna, Gisele Bündchen e Brad Pitt Exercícios também vem ganhando adeptos fora dos holofotes. Criado pelo alemão Joseph PiVisando o movimento consciente sem lates, em 1920, a prática, que o ajudou a superar os próprios problemas de saúde, fadiga e dor, o método pilates baseia-se ficou famosa com o trabalho de reabili- em cinco princípios: respiração, controle tação e condicionamento físico que reali- corporal, concentração, fluxo de movimento e precisão. As atividades levam o zou com bailarinos profissionais. Como não apresenta muitas contrain- aluno a ganhar força, ter realinhamento dicações, o público praticante é bastante corporal, perceber alívio de dores crôvariado. “O pilates é indicado para todas nicas e tensões musculares, melhorar a as pessoas: crianças, adolescentes, adul- coordenação motora, estimular a circulatos e idosos que queiram ter um corpo ção e melhorar a postura, além do bem bonito, saudável e equilibrado”, explica estar mental. Embora a primeira impressão seja a a professora de pilates de solo Adriana Martins. “Mulheres grávidas e pessoas de que os movimentos praticados de pés idosas que apresentam problemas car- descalços sejam leves e relaxantes, não é díacos devem procurar autorização e bem assim que os exercícios realmente acompanhamento médico antes de co- são. Vilma Viana, praticante de pilates de solo desde o início do ano, conta que meçar”, complementa. se surpreendeu com o método: “Experimentei por curiosidade, já que parecia Vantagens ser um exercício fácil e com resultados O maior diferencial do pilates em rela- rápidos. Na verdade, as atividades não ção aos demais exercícios físicos é a pro- são tão fáceis quanto parecem, mas permessa de numerosos benefícios em um cebi resultados significativos, principal-
Texto: Ana Flávia Marinho Edição: Gilmara Roberto Diagramação: Vanessa Martins
O
mente o aumento da flexibilidade”. Sobre as vantagens de se substituir a musculação por pilates, o professor e fisioterapeuta Luciano Baccelli afirma que o método pode satisfazer quem quer fortalecer o corpo. “Mas se o objetivo for ganho de massa muscular, nenhum outro método oferece tanta possibilidade quanto a musculação”, afirma. Pessoas mais suscetíveis a desencadear problemas físicos devido a profissão podem encontrar no pilates uma forma de ajudar o corpo. “Os exercícios de pilates podem ser praticados por pessoas sedentárias que resolvem iniciar alguma atividade física, bem como por atletas de ponta, como esportistas de diversas modalidades e bailarinos”, conclui Solaine Perini.
Fotos: Ana Flávia Marinho
Embora se possa fazer pilates em casa, o ideal é que a prática seja monitorada por um profissional
Como se faz A utilização de aparelhos e acessórios tem como função auxiliar o movimento consciente ao estimular, facilitar e desafiar a execução de forma assistida e resistida. Cada modalidade utiliza-se de objetos e movimentos específicos e necessita de locais apropriados.
Modalidade
Aparelhos (estúdio)
Solo
Onde realizar
Estúdios especializados
Em academia de ginástica ou em casa
O que é utilizado Equipamentos de mecanoterapia que utilizam molas para dificultar os exercícios (reformer, trapézio, wall unit, cadeira, barril e step barril) Bolas, tubos, elástico, discos proprioceptivos
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e d u c a ç ã o
Terror do vestibular Fotos: Lis Lopes
Estudantes precisam lidar com a pressão das provas, a concorrência que aumenta a cada ano e a difícil tarefa de escolher uma profissão Texto: Lis Lopes Edição: Myla Alves Diagramação: Raniê Solarevisky
O
desafio de escolher uma carreira promissora e conseguir vaga em uma universidade reconhecida preocupa muitos estudantes. Com a exigência crescente de boa formação acadêmica, a demanda por vagas em cursos superiores no país aumenta a cada ano e a concorrência também. A pressão sobre os alunos do terceiro ano do ensino médio e de cursinhos pré-vestibular é grande. Muitos chegam a desenvolver problemas físicos e psicológicos em decorrência do ritmo intenso de estudo e da preocupação constante em ser aprovado. Passar no vestibular sempre foi sinônimo de dificuldades, mas com o aumento da concorrência por uma vaga na
faculdade, a prova tem se tornado mais complicada. Em 1975, havia 2,2 candidatos por vaga, em média. Hoje, existe 4,6, ou seja, esse número dobrou. Isso acontece porque o número de candidatos cresce consideravelmente, enquanto a oferta de vagas avança num ritmo menor. O vestibular é mais que um exame. Enquanto está no colégio, o aluno até pode ir mal em uma prova ou outra, pois o que conta é sua média anual. Já com o vestibular não é assim. Quem se sair mal, sabe que só terá outra chance no semestre ou ano seguinte. O teste resume os conhecimentos de uma vida de estudo num único dia e, isso somado ao nervosismo e à ansiedade, pode ser algo traiçoeiro para o aluno que se esforçou. Muitas vezes, calma e agilidade podem contar mais que o conhecimento das matérias em si. A estudante Camila Ribeiro, 20, que atualmente está cursando Publicidade e
Gabriela Guimarães estuda muito para realizar o sonho de cursar faculdade de Medicina Propaganda, foi aprovada na primeira tentativa depois de muito estudo e dedicação. “O terceiro ano foi bastante complicado. É como se tivesse uma pressão sobre mim de todos os lados, no colégio, em casa, com os colegas concorrentes. Estudei muito e não achava que fosse conseguir, pois a concorrência no ano em que prestei vestibular era 12 por vaga”, conta. Gabriela Guimarães, 20, colega de Camila no Ensino Médio, escolheu prestar para Medicina, o curso mais concorrido nas universidades. Já fez provas de várias universidades nos dois últimos anos e ainda não obteve a aprovação. Matriculou-se no cursinho e dobrou seu ritmo de estudo. “Eu sei que passar para Medicina numa universidade federal é muito difícil, mas é o meu sonho e pretendo continuar estudando até conseguir a aprovação em alguma das faculdades que escolhi”. Apoio familiar
Camila Ribeiro (E) com as amigas da faculdade: aprovação na primeira tentativa
Além do suporte psicológico, é fundamental que os alunos recebam total apoio dentro de casa. Um ambiente calmo e sem barulhos favorece a concentração nos estudos. Outro fator essencial é a sensibilidade da família em perceber quando o estudante está sobrecarregado e sugerir que ele
descanse um pouco, pratique atividades físicas e coloque o sono em dia. O equilíbrio é fundamental para que o vestibulando alcance os resultados almejados e cabe aos pais observar o comportamento dos filhos dentro de casa oferecendo apoio necessário. A dona de casa Valéria Maldi, que atualmente tem os três filhos na universidade, vivenciou o desgaste do perío-
“
Passar para Medicina numa universidade federal é muito difícil, mas é meu sonho” Gabriela Guimarães, vestibulanda
do pré-vestibular em seu lar. “Cada ano foi um filho meu prestando vestibular, então eu tinha a impressão que aquela época de stress não iria acabar nunca. Eu e meu marido demos todo o apoio possível e tivemos que aturar muito mau humor também. Mas valeu a pena, agora que cada um está na faculdade, cursando o que sempre sonhou”, conta.
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Preparação é fundamental para o sucesso Com o ritmo intenso de estudos, a maioria dos alunos acaba esquecendo de cuidar da saúde. É muito importante manter uma alimentação balanceada e nutritiva, pois o desgaste físico é gran-
“
Não adianta nada a pessoa estudar o dia inteiro, durante todo o ano, se ela não tiver um pouco de lazer” Élia Maria, psicóloga
de e necessita-se de uma boa reposição de energia. Isso significa fazer de cinco a seis refeições por dia, o que inclui café da manhã, almoço, jantar e lanches leves intercalados.
Além de cuidar bem da alimentação, esses alunos devem procurar um tempinho na agenda de estudos para praticar alguma atividade física. Segundo o médico Rodrigo Pastor, os benefícios da atividade física para o cérebro são notados ao longo de toda a vida acadêmica, mas principalmente em épocas decisivas, como o vestibular. “A atividade física promove uma descarga saudável de adrenalina no cérebro, deixando a pessoa mais atenta, com menos tendência à sonolência, além de ajudar a manter o índice de glicose no sangue, fundamental para a nutrição dos neurônios. E além de tudo, o exercício é uma ótima forma de aliviar o stress”, destaca. Ansiedade O vestibular traz um pacote de fatores que podem prejudicar o estado físico e psicológico dos estudantes: ansiedade, medo, nervosismo, stress, sedentarismo, má alimentação, poucas horas de sono e descanso. Além de estudar e se alimentar bem, o estudante precisa controlar a
ansiedade. A psicóloga Élia Maria afirma que o estudante deve procurar maneiras de aliviar o stress e balancear o ritmo pesado de estudos com momentos de lazer. “Não adianta nada a pessoa estudar o dia inteiro, durante todo o ano, se ela não descansar e tiver um pouco de lazer. Quando chegar o dia do vestibular, estará extremamente exausta e isso diminui as chances de um bom desempenho no exame”, relata. Segundo a psicóloga, uma dica válida é fazer exercícios de respiração profunda para aliviar a tensão. Alguns estudantes chegam até mesmo a desenvolver depressão ou um leve início da doença, devido à pressão intensa do período pré-vestibular. Élia recomenda que os pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos em casa e, caso percebam algum indício de depressão ou abalos psicológicos, devem procurar um terapeuta ou um psicólogo para acompanhar esses adolescentes.
Calendário de provas PS 2012/1 UFG 2ª fase: 4 e 5 de dezembro UnB 10 e 11 de dezembro FUVEST 2ª fase: 08, 09 e 10 de janeiro de 2012 UFSC 10, 11 e 12 de dezembro UNESP 2ª fase: 18 e 19 de dezembro UNICAMP 2ª fase: 15, 16 e 17 de janeiro de 2012 UFMG 2ª fase: 3 a 6 de janeiro de 2012
Véspera
Após cansativa maratona de estudos, vestibulandos vão para casa. Reta final já começou
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Depois de tanto esforço durante o ano, noites mal dormidas, várias listas de exercício, horas de estudo intenso, pressão e muito cansaço, é chegada a semana da prova. E o que fazer na véspera da prova, quando a ansiedade já está à flor da pele? O melhor é colocar os livros de lado e descansar o dia inteiro para estar bem preparado físico e psicologicamente para o dia tão temido. Professor de Geografia e Geopolítica, Henrique Oliveira percebeu como o vestibular mexe com a cabeça dos alunos. “O melhor a se fazer na véspera é descansar bastante, assistir um filme, descontrair e ter uma boa noite
de sono. Não adianta ficar desesperado fazendo listas de exercícios ou revisando a matéria. O que o aluno tinha a aprender ele já aprendeu. Na véspera não resolve, pelo contrário, só deixaria o aluno cansado e até mesmo desesperado com a sensação de não saber toda a matéria”, ressalta. Uma dica importante é se organizar para o grande dia, separar o material que deve levar para o local de prova e sair de casa com antecedência em relação ao horário marcado para evitar imprevistos. Na véspera, o estudante também deve ter uma boa noite de sono para chegar à prova completamente repousado e pronto para a maratona de questões que virão pela frente. Na hora da prova, o vestibulado precisa manter a calma, ler os enunciados com bastante atenção e esperar pelo resultado que pode dar início a uma nova etapa de sua vida.
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GIROECONÔMICO por Ana Flávia Marinho
Edição: Bárbara Camargo Diagramação: Larissa Vieira
Governo federal investe em infraestrututra A presidente Dilma Rousseff acredita que investir em infraestrutura faz parte da “estratégia para garantir que o Brasil continue se desenvolvendo em ritmo adequado e de dizer não à crise internacional”. A declaração foi dada no dia 16 de setembro, em Belo Horizonte (MG), durante a cerimônia de anúncio de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a Copa do Mundo de 2014. O evento teve a presença do ex-jogador de futebol e embaixador do Brasil para a Copa, Pelé. Na data, o governo federal marcou os mil dias que faltavam para o início das competições.
Reprodução
O governo brasileiro vai aumentar, a partir de dezembro deste ano, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no preço de automóveis importados em 30% para montadoras localizadas fora do Brasil. A taxa atinge empresas que não cumprirem alguns requisitos, como utilizar, na fabricação dos veículos, no mínimo 65% de produtos nacionais ou regionais (Mercosul) e investir em pesquisa e desenvolvimento. A medida deve evitar a exportação de empregos para outros países, como afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Alex de Jesus
Carros importados ficam mais caros
>> E eu com isso? Com essa medida do governo, diferenciam-se veículos fabricados no Brasil dos importados (que geram empregos em outros países). Entretanto, a concorrência entre as montadoras instaladas aqui diminuirá, o que eleva o preço final dos produtos. Aumentar tributos é um modo rápido de solucionar problemas a curto prazo, mas acaba prejudicando o consumidor, que pagará mais para adquirir os produtos que deseja.
Empresas de tecnologia são mais valiosas Mesmo com a crise econômica mundial, empresas do ramo tecnológico permanecem entre as mais valiosas do mundo. No início de setembro, o relatório da Consultoria Brand Finance mostrou que a Apple cresceu de valor em 33%, superando pela primeira vez a Microsoft e saltou, de janeiro para setembro, da oitava posição para a primeira. Já a Microsoft, que estava em segundo lugar em janeiro, passou para terceiro em setembro. Google, Apple e Microsoft lideram a lista. Nos dois períodos o Google manteve a liderança. Em primeiro lugar na lista, a marca está avaliada em 48.278 bilhões de dólares. A Apple vale 39.301 bilhões de dólares e a Microsoft, 39 bilhões de dólares.
Faltando mil dias para o início da Copa, Dilma e Pelé visitam obras do Mineirão (MG)
... porém funcionários estão insatisfeitos No dia da visita, os operários que trabalham na construção do estádio Mineirão fizeram uma paralisação. Eles aproveitaram a presença da presidente para protestar por melhores salários. Sobre o estádio, Dilma afirmou que é de fato um dos estádios com tempo de resolução dos mais extraordinários do Brasil.
Reprodução
Carros chineses serão atingidos pela nova medida do governo de aumentar o IPI
Operários insatisfeitos paralisam trabalho nas obras do Mineirão
>> E eu com isso? Apesar das afirmações da presidente Dilma, as obras planejadas para a Copa de 2014 estão atrasadas. A fim de deixar o país pronto para 2014, o governo deverá aumentar o ritmo de trabalho e aplicações financeiras, o que acaba estourando o orçamento. Toda essa falta de organização e planejamento será paga com dinheiro público, arrecadado por meio de impostos.
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Quando investir no mercado de ações? >> Saber
escolher a corretora de ações e ter cautela na hora de aplicar podem ser cruciais
para o sucesso no investimento.
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ercado de ações. Para muitos é algo desconhecido e inacessível. Para quem tem muito dinheiro, é coragem. Mas não é bem assim. De acordo com especialistas, é possível fazer bons investimentos com pouco dinheiro e ter retornos satisfatórios. Para isso é necessário, pelo menos, conhecer um pouco desse universo, seja estudando ou indo atrás de orientações com profissionais qualificados. Saber escolher a empresa certa para investir seu capital e estar pronto para correr riscos é fundamental para se obter sucesso. Muitas corretoras exigem um valor mínimo para o ingresso no mercado financeiro e nem todas operam com valores baixos. Porém, é possível encontrar corretores e empresas dispostos a trabalhar com valores iniciais pequenos. De acordo com o Portal do Investidor, do Ministério da Fazenda, escolher a corretora de investimento na bolsa de valores é a primeira decisão de quem quer entrar no mercado de ações. É a empresa que fará o meio de campo entre o investidor e a Bovespa. Ele transmite a
Erros comuns Falta de humildade Excesso de otimismo e falta de disciplina Falta de metodologia fixa Utilização de informações em excesso Resultado: pode gerar confusão na hora de aplicar o dinheiro
com pouco dinheiro é possível ganhar dinheiro
ordem de compra e venda e a empresa – mais especificamente seu corretor – executa. A escolha pode influenciar toda a experiência no mercado de ações. O recomendável é utilizar aquelas que são membros da Bovespa como referência. Além disso, é preciso estar ciente que os retornos nem sempre são rápidos. SeArquivo pessoal
Texto: Danilo Boaventura Edição: Flávia Gomes Diagramação: Steffen Kühne
Mesmo
Professora Aletheia: a rentabilidade é diretamente relacionada ao risco gundo os especialistas, isso dependerá do valor e do tempo de investimento. Análise gráfica O especialista em análise gráfica de ações, Leandro Martins, afirma que quem inicia uma operação no mercado de ações costuma cometer quatro erros rotineiros. O primeiro deles é a falta de humildade. “Isso acontece quando o operador lê dois livros de análise gráfica e acha que é o suficiente para conhecer o mercado”. Excesso de otimismo e falta de disciplina são, na visão do analista, o segundo erro. Ele explica que o investi-
dor iniciante, pouco cauteloso, acredita com convicção que a operação será lucrativa e não se preocupa com prováveis perdas. Falta de metodologia fixa e utilização de informações em excesso, procurando ter conhecimento de todos os dados disponíveis, também são erros. “Isso acontece quando mudam-se constantemente a forma de fazer operações e indicadores utilizados”, explica o especialista. Ele acrescenta que excesso de informações pode gerar confusão. Riscos
Segundo a professora da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia (Face) da UFG, Aletheia Ferreira, existe a impressão equivocada que risco é sempre algo negativo e isso não é verdadeiro. Ela explica que o risco deve ser definido como uma variação esperada dentro de um resultado, que pode ser positivo ou negativo. Todo investidor quer que o capital tenha rendimentos crescentes. De acordo com Aletheia, a rentabilidade está sempre diretamente relacionada ao risco. “Cabe ao investidor definir o nível do risco que está disposto a correr em função de obter maior ou menor lucratividade”, acrescenta. Isso significa que entrar no mercado das ações pode ser sim uma boa oportunidade de ganhar dinheiro. A professora aconselha que a melhor forma de não ter prejuízos é co-
É preciso estar ciente que os retornos nem sempre são rápidos. Isso dependerá do valor e do tempo de investimento
meçar investindo pouco dinheiro e usar corretoras de ações com referência no mercado. Se por um lado há pessoas que investem no capital de renda variável sem receio, há quem imagine que esse setor da economia é um bicho de sete cabeças. Para o administrador e consultor financeiro Euller José Alves, falta informação. Segundo ele, no Brasil não existe a cultura de aplicar no mercado de ações. “Nos EUA cerca de 100 milhões de pessoas aplicam na bolsa. Aqui esse número é de 600 mil e mesmo assim a nossa bolsa é forte”, conta ele. De acordo com Euller, uma pessoa interessada em se tornar investidor pode começar comprando ações de empresas como a Vale e a Brookfield. “Uma ação da Vale custa sete reais, contudo a companhia costuma vender essas ações em lotes de R$100. Na somatória o valor resulta em R$700, mas é possível comprar por unidades, desde que a taxa de custódia no valor de dez reais esteja inclusa” acrescenta.
Fique atento às datas importantes no final de ano da UFG! - Dia 7 de dezembro serão divulgadas as disciplinas ofertadas como Núcleo Livre para o período de férias/verão – 2012. - Entre os dias 8 e 16 de dezembro os professores devem publicar as notas e frequências das disciplinas do 2º semestre/2011. - Nos dias 14 e 15 de dezembro os estudantes poderão solicitar inscrições nas disciplinas ofertadas para o período de férias, via internet. (Ana Flávia Marinho)
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Outro jeito de ver e viver Edilma e Alisson –
Lídia Cunha
ele com cegueira congênita e ela com cegueira adquirida-
explicam como enxergam o mundo, sonham e driblam o preconceito social Texto: Lídia Cunha Edição: Marianna Martins Diagramação: Jéssica Gonçalves
E
dilma Salles sofreu um acidente automobilístico aos 17 anos, quando se deslocava da cidade para fazenda, em Conceição do Araguaia, no Pará. Ela ficou 30 dias internada, sendo 15 em coma. Após 10 meses de tratamento, conseguiu transplante de córnea em um dos olhos e enxergou bem por dois anos e meio. Mas logo teve rejeição à cirurgia e precisou retirar o globo ocular. Edilma não se surpreendeu com a rejeição, pois sabia que tinha um prazo de até seis anos após o transplante para confirmar se a cirurgia teria dado certo. “Logo que perdi a visão eu me reabilitei muito rápido no Centro de Apoio (ao deficiente visual). Em três meses aprendi o Braille, aprendi a me locomover, voltei para escola. Passei no Enem e entrei para faculdade”, afirma Edilma.
“A fase mais difícil é quando você realmente fala: agora eu sou cega”, declara Edilma. De acordo com ela, existem muitas pessoas que passam cerca de dois anos até aceitar essa condição. Além do apoio da família e dos amigos, o que ajudou na recuperação de Edilma foram os objetivos que ela tinha traçado antes de perder a visão. A estudante sempre sonhou em fazer direito e hoje está no último período do curso. Dificuldades Alisson Azevedo, apesar de não conhecer a sensação de enxergar e depois perder a visão, também passou por uma fase difícil quando começou a compreender as limitações. Para ele, foi a partir da adolescência que surgiram as implicações de não enxergar e o que isso lhe acarretaria. “Foi uma fase difícil, cheia dos conflitos de um adolescente somados aos conflitos relacionados à cegueira”, afirma Alisson. Hoje ele relembra esse momento de
Sirley dos Santos
Como os cegos sonham
Edilma Salles ficou cega aos 17 anos, mas sabe como enfrentar a vida
Uma curiosidade comum a todos refere-se aos sonhos dos cegos. Edilma Salles conta que ainda tem a sua memória visual. “Eu sei o que é uma cor vermelha, azul. Essa memória visual é muito viva na minha cabeça. No meu sonho não sou cega, eu sempre estou enxergando. Vejo o sol, uma floresta, as pessoas” explica a estudante. As pessoas que já nasceram cegas, que nunca viram cores e formas, como é o caso do Alisson, geralmente sonham com as situações que convivem no seu dia-a-dia. “Eu não enxergo no sonho, mas eu tenho uma percepção da presença da pessoa. É uma percepção extra-sensorial. Eu não preciso que a pessoa fale para eu saber que ela está perto. É para mim uma espécie de hiper-realidade”, conta Alisson.
sua vida e explica que, naquela época, a situação parecia não ter solução. “Na verdade, acho que não se resolve, mas isso não tem a ver com cegueira, mas com a filosofia Alisson Azevedo, cego desde criança, é formado em direito e tenta provar, através de um processo, que é apto para de vida”. Alisson é pre- assumir a função de técnico judiciário no Tribunal Eleitoral sidente do Centro de Apoio ao Deficiente Visual e fre- do cargo”. Alisson esperou quatro anos quenta o local desde os 12 anos. Ele pelo processo na Justiça para tomar ressalta a importância do convívio com posse do cargo. A ação ainda está em cegos mais experientes. Entre outras curso e ele acredita ter grandes chances coisas, eles o ensinaram que era possí- de ganhar a causa. vel ser independente e poder caminhar Tecnologia sozinho pelas ruas. Depois de entrar em uma faculdade Hoje a tecnologia traz muitos prode direito, Alisson passou em um concurso público. É hoje técnico judiciário. gramas para auxiliar o deficiente visual a ter o mesmo acesso às informações da internet, como Virtual Vision, Jaw e o Preconceito Dosvox. Esse último possibilita um cego Edilma Salles conta que sente o pre- escrever e ler, através de programas inconceito todos os dias, mas nunca enca- terativos, o que outras pessoas escreverou isso como motivo para se deprimir. ram, diferentemente do método Braille, Ela afirma que é notória a compaixão que só é utilizado por uma minoria cega das pessoas pelo seu problema. Muitas ou interessada no assunto. Já o Virtual Vision e o Jaw são sofvezes, ela tem dificuldade até para fazer compras. “Quando entro em alguma twares que fazem a leitura da tela de loja, a vendedora não quer me mostrar computador, além de permitir ao usuáas mercadorias e diz: olha, você é cega, rio cego navegar pela internet enquanto não tem como te atender. Então preciso recebe informações sonoras de textos da explicar: eu sou consumidora e quero rede de computadores. Alisson conta que a internet trouver o produto nas minhas mãos. Não adianta me mostrar na vitrine, eu quero xe muitas vantagens para os cegos. “O maior bem que ela nos trouxe foi o de pegar”, afirma Edilma. Já para Alisson, o preconceito está podermos nos comunicar com as pessoexposto na sociedade, embora muito as não cegas, a partir do mundo da esvelado. “O preconceito está no dia a crita”, ressalta. Sem essa tecnologia ele teria que esdia. Um caso concreto de discriminação aconteceu quando passei no concurso crever na máquina de datilografia Braildo TRE nas vagas destinadas aos por- le e alguém teria que revisar. “Isso era tadores de necessidades especiais, e fui terrível, por causa da privacidade”, exconsiderado inapto para as atribuições plica Alisson.
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Concurso para professores A Universidade Federal de Goiás abrirá concurso público para professores adjuntos, assistentes e auxiliares de carreira do magistério superior em 2012. Serão oferecidas 43 vagas e os salários chegam a mais de 7 mil reais. As inscrições para cada área serão feitas em dias diferentes, via internet. As datas variam de 16 de novembro de 2011 a 24 de fevereiro de 2012. (Ana Flávia Marinho)
Fotos: Natânia Carvalho
“Manhê, compra esse livro pra mim?”
Livros infanto-juvenis representam onda de best-sellers e mostram que crianças e adolescentes lêem Texto: Natânia Carvalho Edição: Guilherme Gonçalves Diagramação: Susanna Vigário
“E
xistem três tipos de dragões, os celestes, os pequeninos e os do mar. Os pequenos comem ratos, o que é um pouco nojento, mas eles têm bandos bem organizados”, diz Gustavo Fleury, 10, que ensina para a mãe tudo o que aprendeu em “Como Treinar seu Dragão”. Era uma vez histórias que começavam com “era uma vez”. O novo público leitor, formado por crianças e adolescentes, quer saber mesmo é de zumbis, deuses gregos, dragões, princesas que fazem fofoca e, claro, aquele que não se deve nomear: Voldemort. As prateleiras da seção infanto-juvenil estão quase sempre abarrotadas de novidades. Basta ir a uma livraria no sá-
Ao lado de pôsteres e de uma garrafa de suco de abóbora, Danielly Bernardes afirma que Harry Potter a incentivou a ler mais
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bado à tarde. Os corredores estão cheios de filhos cutucando os pais com, no mínimo, dois exemplares na mão. Segundo pesquisa do Instituto Pró-Livro, é na infância e adolescência que os brasileiros estão mais dispostos a ler. Até os 10 anos, calcula-se que crianças leiam cerca de sete livros por ano, batendo, portanto, a média nacional que é de cinco volumes para cada leitor. O que eles lêem Muito se especula sobre o que essa meninada gosta de ler. Outro Gustavo, o Falcão, de 14 anos, diz que em um bom livro não pode faltar ação, suspense, mitologia e personagens da sua idade. Marta do Nascimento, professora de português, diz que a literatura infanto-juvenil tem sofrido uma mudança notável, isto porque a infância e a adolescência mudaram. “As crianças estão sendo mais expostas, a dualidade agora é aceita em vez de uma moral rígida.” Para Marta, esta mudança está muito mais no jeito de se contar as histórias do que na temática. “Edith Nesbit já contava histórias fantásticas no século XIX. Hoje J.K. Rolling faz isso com maestria. Temáticas muito parecidas, envolvendo mundos mágicos e segredos, mas formas de escritas muito diferentes”. O que os autores também descobriram é que a faixa etária infanto-juvenil é bem dividida. Isso transformou o mercado em sub-mercados: de um lado, tem-se crianças que apreciam a poesia de “Ana Levada da Breca”; de outro, crianças que vibram com aventuras da coruja Soren em “A Lenda dos Guardiões”; há os adolescentes que mergulham nos dilemas de “Mano”, escrito por Heloísa Prieto e Gilberto Dimenstein, e ainda os que torcem pelo vampiro que desafiou Drácula na
saga “Crepúsculo”. Literatura e vertentes Separar literatura e sub-literatura parece coisa de criança, mas não é. Algumas pessoas se perguntam se livros como “Diários de um Banana” e outros escritos pela autora Thalita Rebouças têm o mesmo valor dos livros ditos de “adultos”. A resposta é fácil: literatura infantil não é uma arte menor. “Ela [a literatura infanto-juvenil] não tem que se explicar, mas é muito gentil dizendo para os pais e para os malucos das academias: eu preparo a criança para querer algo a mais, para querer ler mais”, garante a professora. Danielly Bernardes, 19, diz que começou a ler quando conheceu os livros de J.K. Rolling, “Conheci Harry quando era criança e seus livros falavam mais do que
Gustavo Falcão se aventura pelo mundo mágico criado pelo escritor Rick Riordan sobre magia. Harry estava sozinho e naquele momento eu também estava. Comecei a ir a bibliotecas. Acho que tudo depende de como você reage ao estímulo que o livro causa”.
Os cinco trabalhos de Percy Jackson As sagas sempre conquistaram o público de crianças, adolescentes e ‘nerds’. Essa premissa vem se provando verdadeira com os cinco livros que compõe a série “Percy Jackson e os Olimpianos”. A saga, escrita pelo texano Rick Riordan, conta a história de Percy Jackson, um garoto que sempre está encrencado na escola, enfrenta uma situação complicada com seu padrasto, além de ter Transtorno de Atenção e Hiperatividade e Dislexia. Mas esses estavam longe de serem seus problemas. Percy descobre que é filho de Poseidon, deus dos mares, o que significa que ele é um semideus. No século XXI, os deuses vivem nos Estados Unidos, no mais alto – e secreto – andar do Empire State. Gustavo Falcão afirma que os li-
vros de Percy têm o que todo menino gosta de ler. E não é que tem mesmo? Os livros alcançam níveis de popularidades incríveis no Brasil, que perde em números de fãs apenas para os Estados Unidos. Percy Jackson é uma das apostas para substituir a saudade deixada nos fãs de Harry Potter que acabaram de perder o bruxinho para um final feliz. Para a mineira Fernanda Siepierski, economista e relações internacionais, que lidera o site Percy Jackson Br, uma página dedicada a notícias da série para os fãs brasileiros, as crianças se apaixonaram pelos livros porque Riordan criou uma história cheia de ação e sem muito drama, além de toques de bom humor, com referências a Mitologia Grega.
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Novos talentos da música brasileira Ex-modelo
Fotos: Divulgação
e cantor que começou no teatro mostram
canções com ritmos diferentes e conquistam público Texto: Brunno Falcão Edição: Lara Leão Diagramação: Guilherme Lucian
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iê, de 31 anos, e Thiago Pethit, de 27, são dois dos novos nomes que estão em alta no atual cenário da música brasileira. Os músicos, de estilos únicos, vêm conquistando público e crítica com suas músicas que inovam o mercado. Tiê, a cantora com nome de passarinho, agora faz parte do catálogo de artistas da Warner Music Brasil. Mas não foi sempre assim. A cantora cursou Relações Públicas, foi modelo e até dona de um brechó-restaurante em São Paulo. Sobre o modo como entrou no mundo da música, Tiê responsabiliza a família, em especial a avó, a atriz Vida Alves. Em entrevista ao Samambaia, Tiê contou que sua avó e sua mãe a incentivaram, e ela acabou escolhendo a música. A cantora estudou canto em Nova York e também em São Paulo, onde, em 2004, conheceu Toquinho. Foi com ele que Tiê gravou a primeira música e saiu em turnê pelo Brasil e Europa. Em 2007, Tiê gravou, em parceria com Dudu Tsuda, um EP com quatro músicas. Seu primeiro disco, “Sweet Jardim”, foi lançado em 2009. Todo o álbum, com músicas autorais, foi gravado de forma independente e ao vivo, o que, segundo a cantora, trouxe uma intimidade muito grande ao disco. Em “Sweet Jardim”, a letrista e cantora também toca piano e violão. Este ano, Tiê lançou o segundo álbum de sua carreira: “A Coruja e o Coração”, que traz a participação de nomes como Jorge Drexler, Marcelo Jeneci e Hélio Flanders. Já Thiago Pethit começou no teatro.
“
Eu diria que faço uma música universal e acho muito difícil classificar” Thiago Pethit, cantor
A vida nos palcos influencia a música do cantor e compositor. Dentre suas influências, Pethit cita as músicas de teatro de cabaré e os músicos que trabalharam com teatro, como Cida Moreira, Lou Reed, Nick Cave e Tom Lehrer. “Sou influenciado por quase tudo que escuto e não escuto também”, diz. Como resultado de toda essa mistura, essa influência, o ator que virou
Tiê: cantora com nome de passarinho encanta público e crítica com sua voz e letras cantor acrescenta: “Diria que faço uma música universal, e acho muito difícil classificar”. E assim é. Nem mesmo os admiradores de seu trabalho têm facilidade na hora de classificar as músicas do cantor. Seu público é resultado de muito trabalho. O próprio músico diz que, no começo, ele não existia; foi construído aos poucos. “Quando comecei, estava muito isolado, musicalmente”, afirma. Com apenas um álbum lançado, “Berlim, Texas”, de 2010, que, segundo o cantor e compositor, foi feito com o único objetivo de se comunicar, o valor do pequeno Thiago é reconhecido pelo público e crítica. Caetano Veloso, inclusive,
Pethit: o pequeno paulista de nome francês que conquistou até Caetano Veloso
já o apontou como sendo destaque entre os nomes da atual música brasileira. Neste ano, Pethit concorreu ao Prêmio Multishow, na categoria Experimente, mas não levou o troféu. Apesar de dizer que adorou o fato de ter sido lembrado, e indicado, salienta que prêmios de música, em geral, não o agradam por tentar classificar tudo e acabar diminuindo a real dimensão das produções musicais.
“Acontecimento” Thiago e Tiê, amigos que já trabalharam juntos em “Essa Canção Francesa”, presente no EP “Em Outro Lugar”, de Pethit, e na versão de “Jealous Guy”, em homenagem a John Lennon, são dois nomes de destaque daquele que está sendo chamado “Movimento dos Novos Paulistanos”. Esse movimento, ao qual Thiago prefere chamar “acontecimento”, ainda tem os nomes de Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz, Céu e outros tantos, que são responsáveis por um novo momento da nossa música. Momento caracterizado pela grande quantidade de música de qualidade, de ritmos diferentes entre si, mas que não deixam de dialogar. À Tiê, ao Pethit, e aos Novos Paulistanos, saudações dos brasileiros, dos franceses, e dos passarinhos.
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Produções alternativas ganham espaço Carlos Siqueira
grande número de interessados por filmes não-convencionais, cresce
demanda por locais de exibição. Texto: Bruna Mitchell Edição: Danielen Gonçalves Diagramação: Jéssica Gonçalves
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uando se trata do mundo cinematográfico muitos ainda tentam refletir sobre uma questão primordial: afinal, para o que serve o cinema? É possível vê-lo como entretenimento, expressão artística, meio de difusão de ideologia ou até mesmo uma forma de pensar o mundo e a sociedade. Os filmes considerados “pensantes” são aqueles que não seguem um modelo clássico e normalmente não se pautam no gosto e aceitação do público. Cinema cult ou culto é o termo que se tornou popular para tratar de tais narrativas. O Cine UFG e o cinema do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro aparecem sempre no cenário alternativo com mostras e exibições. Outro local conhecido do público cativo é o Cine Lumière do Shopping Bougainville. O Lumière é uma rede brasileira de cinemas que está presente em três Shopping Centers na capital goiana, mas a programação um pouco diferenciada é encontrada somente no Bougainville. De acordo com Neoclésio Vieira, responsável pela programação do local, o grande número de pessoas que frequentam o local se deve à grande demanda de interessados por cinema alternativo em Goiânia. O programador afirma que essa é uma preocupação da Lumière, que vem tentando suprir essa procura e manter uma linha de cinema cult. No site da rede é possível encontrar um espaço voltado para o cinema não-convencional, denominado “Cine Cult”. Filmes como “Melancolia”, do dinamarquês Lars Von Trier e “O canadense”, de Denis Villeneuve, ganham espaço na grade de longas. Neoclésio Vieira anuncia também que um novo complexo somente com
UFG e Goiânia Ouro
são algumas das opções
exibições de produções alternativas será inaugurado até o mês de dezembro. De acordo com o funcionário da rede, o local promete ser mais uma opção para os amantes de todas as maneiras de representação da sétima arte. Internet “Não fosse o acesso possibilitado por essa revolução cultural proporcionada pela internet os cinéfilos estariam perdidos”, diz Rafael Castanheira Parrode. O amante do cinema faz referencia a um termo muito utilizado hoje em dia, mas que surgiu como um movimento de gosto e educação para com o cinema, na França dos anos 1960. Atualmente a cinefilia é tratada como o gosto pelo cinema e o interesse demonstrado por tudo aquilo que se relaciona com a sétima arte. Rafael Castanheira é cinéfilo e curador da Mostra Facetas do Cinema Oriental, que esteve em cartaz no Cinema do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, no mês de agosto. Como Rafael aponta, muitos amantes do cinema alternativo estão migrando das telonas para as telas do computador. Essa necessidade surge da carência de exibições de tais filmes, tanto brasileiros, como internacionais, nas salas de cinema convencionais. Parte dessa demanda é nutrida por mostras ou locais como o Cine UFG, que propõem uma abordagem diversificada do Cinema. Além disso, algumas mostras temáticas fazem muito bem o papel de apresentar diferentes estilos e os grandes clássicos dessa forma alternativa de ver a sétima arte. O que falta é cobrir a demanda de mostrar as novas produções do cinema pensante feito no cenário atual. Para os cinéfilos de plantão, como Rafael Castanheira, “a programação está cada vez mais restrita e vinculada aos interesses das maiores distribuidoras brasileiras”. Rafael destaca que os filmes que geral-
mente ganham mais espaço são aqueles produzidos pelo cinema hollywoodiano ou qualquer um que siga esse mesmo molde. “As produções alternativas têm o intuito de incomodar e fazer pensar, uma vez Documentário sobre Tim Maia, exibido no Festival de que a criatividade não Cinema Latina-Americano Perro Loco: cinema alternativo foi limitada por contratos ou acordos com grandes estúdios”, o pedido dos cinéfilos, com internet ou destaca o cinéfilo. “É essa certa liberdade não, é que as inquietações saiam do tema na hora da produção que quer ser condu- da infraestrutura e fiquem presentes apezida na hora da exibição”. Percebe-se que nas na saída das sessões.
Onde encontrar Cine UFG A Universidade Federal de Goiás inaugurou há três anos o Cine UFG que está sempre trazendo mostras temáticas e retrospectivas de cineastas como Bergman, Tarantino, Lars Von Trier, Godard e Kubrick. Sessões: diárias (segunda à sexta) em dois horários: 12h e 17h30 Ingressos: R$6 (inteira) e R$3 (meia) Programação: www.proec.ufg.br Local: Campus II da UFG, atrás do prédio da Faculdade de Letras Goiânia Ouro O cinema do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro criou uma proposta para apresentar mostras de cinemas de vários países. Já passaram pela casa, mostras de cinema alemão, argentino, francês, cinematografia pouco vista, entre outras. As produções locais também têm espaço como as mostras ABD, Urbana, Trash, além da exibição de curtas produzidos em Goiânia. Sessões: 12h30, 15h e 20h Ingressos: R$1 Programação:www.goianiaouro.com Local: Rua 3, esq. com a rua 9, Centro
Bruna Mitchell
Com
Cine UFG exibe filmes que não ganham espaço nos cinemas convencionais Cine Lumiére Da rede Lumiére, o cinema localizado no shopping Bougainville mantém a linha cult. No site da rede, há um espaço voltado para o cinema não-convencional, denominado Cine Cult. Filmes como Melancolia, do dinamarquês Lars Von Trier e O canadense, de Denis Villeneuve, ganham espaço na grade de longas. Sessões: 13h40, 16h15, 18h50, 21h30 Ingressos: R$16 (inteira) e R$8 (meia) de segunda à quinta, R$18 (inteira) e R$9 (meia) às sextas, sábados, domingos e feriados Programação:www.cinemaslumiere. art.br Local: Rua 9, setor Marista
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o l h a r e s
Memória abandonada
V
andalismo em prédios públicos é algo que se observa com frequência em Goiânia. Infelizmente, esse ato deplorável vem tomando conta de locais de relevância política, social e turística da cidade. Nem a Praça Cívica – construída em 1933, em arquitetura art déco – foi poupada. Além das degradações físicas, o abandono é notado com alguns usos inadequados da praça, como lavadores de carro ocupando as calçadas e moradores de rua que se abrigam nos velhos bancos. Apesar disso, tudo segue normalmente, sem que haja indignação das milhares de pessoas que circulam pela região todos os dias, ou qualquer fiscalização e atitude do poder público. Um local tão importante para a história goiana merece a atenção da sociedade e precisa continuar com suas características arquitetônicas intactas. Mais que isso, é preciso evitar que o vandalismo continue ocorrendo impunemente e apagando parte da memória de Goiânia. Texto e fotos: Ana Flávia Marinho Edição: Laura de Paula Diagramação: Guilherme Lucian