Jornal Samambaia Outubro 2011

Page 1

Samambaia do curso de

J ornalismo

CIDADANIA

Organizações não governamentais utilizam técnicas circenses para educar, formar e incluir socialmente crianças e adolescentes

U niversidade F ederal

de

G oiás | G oiânia ,

outubro ,

2011

ENTREVISTA

Primeiro repórter fotográfico de Goiânia, Hélio de Oliveira relembra a capital de antigamente e presenteia leitores com página Olhares sobre a cidade

15

Diagramação: Raniê Solarevisky

3

da

a Cunh Lidia

J ornal L aboratório

Mais de

de veículos circulam na vias de Goiânia. No mês em que a cidade completou 78 anos de fundação, o jornal Samambaia traz uma série de reportagens que abordam um dos maiores problemas da capital goiana: o trânsito. Como o planejamento inicial do município não previa tamanho crescimento, hoje os motoristas disputam espaço nas ruas em um trânsito caótico que não parece ter solução

8

COMPORTAMENTO

Mais brasileiros querem subir ao altar para se casar. Pesquisa do IBGE registra maior índice de casamentos desde 1999

7

SAÚDE

Projeto da UFG orienta pacientes com comportamento suicida, causa de morte de nove mil brasileiros por ano

5

ESPORTE

Burocracia e falta de incentivo ao esporte fazem atletas goianos competirem por outras federações

4


Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

R UMOR

e d i t o r i a l

Diagramação: Laura de Paula

2

Frederico Oliveira

O dia 24 marca a cidade de Goiânia. Dia 24 de maio é o dia da padroeira da cidade, Nossa Senhora Auxiliadora, e no dia 24 de outubro comemora-se seu aniversário. Comemora-se? Sim, com direito a bolo, velas, shows, desfiles e tudo mais. Há quem também tenha visto balões espalhados pela cidade, nos últimos anos. Não se sabe se toda a alegria trazida por essas datas comemorativas vem da importância de mais um ano de vida e mais um ano de proteção divina ou dos feriados. De qualquer maneira, a Prefeitura comemora. A população comemora. Com uma cidade pouco poluída, sem violência, muitos empregos e poucos problemas urbanos é fácil fazer uma festa de aniversário. Para festejar os

muitos anos de vida da capital goiana é preciso tapar os olhos para a cidade. Só assim mesmo. É isso que acontece, é o que tem acontecido há tempos. Este ano teve Jorge e Mateus cantando, concerto da Orquestra e do Coro Sinfônico da cidade, passagens por metade do preço oferecidas pela Gol. A população espera o dia do feriado, aproveita as atrações e promoções, e comemora como se estivesse tudo bem. E não está. Se perguntassem às pessoas quais são os maiores problemas da cidade, muitas delas (a maioria, talvez) diriam que é o trânsito. Fica difícil andar a pé nas ruas, de ônibus, de carro, enfim, se locomover, enquanto a cidade tentar abrigar uma das maiores frotas de veículos do país. É praticamente um automóvel por adulto. É muito carro. É muito caos. É grande o problema. E o que estamos fazendo? A população

C SÃ EN O TR ÁR O EA E T S ER M M AI IN S PO AIS LU ÍD A

Texto: Danielen Gonçalves Edição: Laura de Paula

S

Há motivos para comemorar?

comemorou junto com a Prefeitura e órgãos públicos o dia 24 de outubro de 2011, quando a cidade completa 78 anos e ganha mais adubo para cultivar seus problemas.

Samambaia

Ano XII – Nº 52, Outubro de 2011 Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia Universidade Federal de Goiás Reitor Professor Edward Madureira Brasil

a r t i g o

Porque o Wikileaks não é importante

Diretor da Faculdade Professor Magno Medeiros Coordenador do Curso de Jornalismo Professor Juarez Ferraz de Maia Coordenador Geral do Samambaia Professor Welliton Carlos

Texto: Raniê Solarevisky Edição: Laura de Paula Fora das manchetes há algum tempo, a maior notícia sobre o Wikileaks passou longe dos olhos da mídia. Na última semana de agosto, o site vazou todos os 251.287 telegramas confidenciais de representações e embaixadas americanas de 178 países – na íntegra, sem nenhum tipo de edição. O número vasto de informações ainda está sendo filtrado. E não é o site quem está fazendo todo o trabalho. O perfil @wlfind foi criado no Twitter para publicar as descobertas de qualquer um que tenha encontrado algo interessante sobre o seu país. O Wikileaks foi fundado em 2006 por Julian Assange e, inspirado em outros sites alimentados por informantes, se destina a revelar informações de in-

teresse público mantidas em segredo sobre empresas, instituições e nações de todo o mundo. No ano passado, vazou, ilegalmente, quase meio milhão de documentos que detalhavam ações dos aliados do ocidente nas guerras do Afeganistão e do Iraque, e foi indicado para o Nobel da Paz deste ano, ao lado de redes sociais como o Twitter e o Facebook. O fenômeno gerou (e ainda produz) muitas perguntas, mas a maior questão talvez seja mesmo o interesse – ou a ausência dele. Afinal, qual a importância de se saber, por exemplo, que crianças a milhares de quilômetros daqui foram imobilizadas e assassinadas intencionalmente por militares americanos, em 15 de março de 2006? Em quê isso pode alterar nossas vidas? A resposta mais conveniente parece ser: “Em nada”. Até sinto pena das crianças, mas que

posso fazer? Amanhã, o sol vai nascer de novo, tenho que trabalhar, o leite e o pão não vão chegar na mesa sozinhos e... Olha só! Encontrei aquele velho amigo no Facebook! Descobri que ele está casado e se mudou para São Paulo. A internet realmente tem o seu valor. Sem ela, não conseguiríamos ter acesso a boa parte do que realmente importa; àquilo que transforma de verdade nossas vidas, que nos faz seres humanos. Viva a Internet! Por nos abrir os olhos, e jamais nos condenar à mediocridade de uma sobrevida animalesca, onde a carcaça que jaz ao lado, se não serve de alimento de qualquer espécie, é lixo que não nos compete limpar.

Raniê Solarevisky é estudante do 8º período de Jornalismo

Editor de Diagramação Professor Sálvio Juliano Monitoria Laura de Paula Silva Diagramação Alunos da disciplina Laboratório Orientado – Diagramação Edição Executiva Alunos da disciplina Jornal Impresso II Reportagens Alunos da disciplina Jornal Impresso I Contato Campus Samambaia - Goiânia/GO - CEP 74001-970 Telefone: (62) 3521-1092 E-mail: samambaiajornal@gmail.com Impressão: Cegraf/UFG Tiragem: 1000 exemplares


Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

3

c i d a d a n i a

Hoje tem aprendizado? Tem sim, senhor Através

das artes circenses, instituições de todo o mundo ensinam crianças e adolescentes, do malabarismo a direitos

Texto: Illa Rachel Edição: Raniê Solarevisky Diagramação: Raniê Solarevisky

Q

uem nunca se encantou com a alegria do palhaço, os truques do mágico, a audácia do trapezista, ou a habilidade do malabarista? Imagine se essa arte pudesse ser utilizada como forma de educação, especialmente de grupos sociais em situação econômica de risco? A prática, conhecida como circo social, utiliza as artes circenses como ferramenta pedagógica, além de ser um meio de educação, formação e inclusão social. Ela existe há anos no Brasil, mas só agora vem ganhando notoriedade. Segundo a pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ermínia Silva, ao contrário do teatro, o circo não era visto como um formador

da moral cívica. “Com espetáculos relacionados a problemas sociais, políticos e econômicos, essa visão começou a mudar”, explica a professora. A partir das décadas de 1970 e 1980, esses grupos passaram a ganhar maior visibilidade na sociedade e com isso o conceito de circo social passou a ser questionado. De acordo com o pesquisador da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Fabio Dal Gallo, as instituições que atuam no âmbito do circo social são, principalmente, organizações não governamentais, que não visam o lucro e procuram compartilhar os conhecimentos em uma espécie de rede social. “O circo social está inserido em um processo de educação não formal. Ele envolve a compreensão política dos direitos individuais, a formação profissional dos indivíduos por meio do desenvolvimento das próprias habilidades e do próprio potencial”, explica o professor. Outro ponto de destaque é a preocupação com a aprendizagem e exercício das práticas, permitindo aos indivíduos se organizarem, com objetivos comunitários direcionados a resolver problemas do cotidiano coletivo. Brasil

Jovens trapezistas se equilibram em ensaio

Segundo Dal Gallo, não se sabe ao certo quantos projetos de circo social existem atualmente no Brasil, mas o que reúne o maior número de instituições é a Rede Circo do Mundo Brasil. Ela é formada por organizações não governamentais que se encontram em todas as regiões do país. Tais organizações são independentes e autônomas, mas

Fotos: Vinícius Batista

Grupo de crianças em uma das oficinas de leitura ministradas no espaço do circo compartilham pressupostos conceituais e metodológicos do circo social, visando a consolidar práticas educativas e de mobilização sociocultural. A rede também busca influenciar as políticas públicas de garantia de direitos, com foco no desenvolvimento humano, em especial de crianças e adolescentes em situação de risco social. Em Goiânia, o Circo Laheto é um exemplo do emprego das artes circenses na educação de crianças e adolescentes. De acordo com a coordenadora pedagógica do Laheto, Seluta Rodrigues, as atividades no circo são divididas em três grupos: o iniciante, que trabalha as primeiras técnicas circenses, o grupo intermediário, exigindo mais dedicação e esforço dos participantes e o grupo profissionalizante, responsável pela execução dos espetáculos organizados pela equipe do Circo Laheto e apresentados em todo o Brasil. Mas não é só com a atividade circense que o Laheto ajuda as crianças. Com o apoio de estudantes de licenciatura em Matemática da UFG, os jovens aprendem a matéria através de atividades lúdicas

que estimulam o raciocínio lógico. “As crianças melhoraram o rendimento escolar e aprovaram as atividades da equipe da UFG”, destaca Seluta Rodrigues. Trabalhos na área de leitura também são desenvolvidos, como o Baú da Imaginação, uma biblioteca com cerca de 1000 títulos da literatura infanto-juvenil que são interpretadas e assim, incentivam a leitura por parte dos estudantes. Desde 2000, a Escola de Circo Laheto mantém suas atividades no Parque da Criança, ao lado do Estádio Serra Dourada e é membro da rede Circo do Mundo Brasil. Para Maneco Maracá, o circo social tem o poder de transformar as realidades, especialmente a violência urbana. “A arte pode ser mediadora de conflitos, sejam eles na cidade ou no campo”, explica. Para Fábio Dal Gallo, o “circo social não traz apenas inovações para a cena circense, mas contribui com as outras áreas artísticas e coloca em discussão, de forma inovadora, o papel do fazer artístico e do espetáculo como recurso pedagógico para alcançar transformações da realidade”.


4

Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

e s p o r t e

Falta incentivo para atletas goianos pouco aporte financeiro

e burocracia no único programa do governo, esportistas deixam o estado para competir por equipes de outras federações Texto: Vinícius Moura Edição: Marianna Martins Diagramação: Laura de Paula

A

realidade para aqueles que optam pelo esporte como profissão no estado de Goiás não é das mais fáceis. O mundo dos esportistas goianos vai além da superação dos obstáculos nas quadras, campos, pistas, entre outros; passa também pela força de conseguir recursos para competir. Todos sabem que o futebol é uma das marcas da cultura brasileira, que atrai grande divulgação e, por consequência, maior investimento público ou privado. Para quem escolhe outros esportes, a dificuldade é maior, mesmo naqueles com boa divulgação a nível nacional, como vôlei, basquete e automobilismo. A última equipe goiana, que não era de futebol, e obteve sucesso foi o Universo Ajax, que alcançou o feito de vice-cam-

peão sul-americano no início da década passada.

Vinícius Moura

Com

Incentivo O Proesporte foi o último programa do governo estadual para o esporte. Lançado em outubro de 2004, tinha o intuito de promover incentivos fiscais, como redução e ampliação do prazo de recolhimento do ICMS para empresas privadas patrocinadoras de projetos no esporte, desde que fossem aprovados pelo Conselho Gestor e pela Secretaria da Fazenda (Sefaz). Hoje o programa está vinculado a Agência Goiana de Esporte e Lazer (Agel) e anualmente fica aberto a inscrições de empresas interessadas. Segundo o Gerente de Convênios e Projetos da Agel, Fidêncio Lobo, a empresa patrocinadora pode ganhar até 100% do valor investido. “Uma empresa que aplica, por exemplo, 50 mil reais, vai deixar de passar para os cofres públicos 50 mil reais em arrecadação em ICMS, mas em compensação está incentivando o esporte no Estado”. Queixas

Entretanto, os atletas goianos parecem não ter conseguido benefícios por prograAcervo pessoal este ma devido à burocracia. A triatleta goiana Ana Lídia de Borba relata que, mesmo havendo uma grande empresa disposta a patrociná-la, ela não conseguiria captar mensalmente a verba aprovada. “O que Atletas goianos correm em busca de incentivo ao esporte. Triatleta acontece em Goiás é que Ana Lídia Borges (C) critica o Proesporte, programa do governo

zer deslocamentos dentro do país. Fora do Brasil, então, a dificuldade é muito maior”, diz Janildes. Hoje, ela tem quatro patrocinadores, sendo duas multinacionais, porém os valores estão bem abaixo do que recebem os seus principais competidores pelo mundo. Deslocamento

Sem incentivo, Janildes Fernandes pode não competir fora do país só conseguimos utilizar os programas de incentivos do governo se tivermos um agente captador, o que normalmente nos custa o quádruplo do teto de 5% estipulado pelo Proesporte. E, mesmo assim, não é qualquer captador que consegue entrar no programa”. A ciclista goiana Janildes Fernandes é mais uma a apontar problemas no programa. “Existe uma burocracia muito grande no Proesporte. Já tive duas grandes empresas que queriam me patrocinar por meio deste projeto, entretanto não consegui todos os documentos dentro do prazo exigido pelo órgão”, revela. Em maio deste ano, Janildes conseguiu quatro medalhas, sendo duas de ouro e duas de prata, no campeonato brasileiro de pista, em São José dos Campos (SP), competição que vale pontos para os Jogos Olímpicos de Londres no ano que vem. Nesta categoria ainda haverão mais quatro etapas que podem credenciar a ciclista goiana para a maior competição do esporte mundial. Mas a ciclista corre risco de não poder disputar estes campeonatos que serão realizados na China, Estados Unidos, Hong Kong e Autrália. “Com o dinheiro de patrocínio que recebo mal dá para fa-

Com toda a burocracia nos programas de incentivo os esportistas goianos começam a deixar de representar Goiás em competições nacionais e internacionais e passam a defender a bandeira de outros estados. É o caso de Ana Lídia Borba, que compete pela equipe Trial de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. “Em Santa Catarina temos uma das Federações de Triatlo mais bem dirigidas do país, um campeonato estadual organizado e a participação do esporte nos Jogos Abertos do estado. Aqui tenho apoio financeiro para disputar todas as provas oficiais, estaduais e nacionais”. Janildes Fernandes também já compete por outro estado. Hoje ela representa o estado de São Paulo pela equipe SJ Ciclismo.

Existe uma burocracia muito grande no Proesporte. Já tive duas grandes empresas que queriam me patrocinar por meio deste projeto, entretanto não consegui todos os documentos dentro do prazo exigido pelo órgão” Janildes Fernandes, ciclista


Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

5

Conhecer riscos para evitar suicídios Equipe da Faculdade de Medicina da UFG desenvolve programa de prevenção e tratamento a pessoas com comportamento suicida. Transtorno mental que vitima 24 pessoas por dia no Brasil pode ser combatido com acompanhamento médico adequado

O

Brasil está entre os dez primeiros países do mundo em números absolutos de suicídio. Todo ano, cerca de nove mil brasileiros morrem vítimas de suicídio, o que corresponde a uma média de 24 casos por dia. E, para cada fatalidade, há em média de cinco ou seis pessoas próximas que sofrem com consequências emocionais, sociais e econômicas. Ainda sim, a taxa brasileira, que mede o número de mortes a cada 100 mil habitantes, é tida como baixa se comparada a outros países. Apesar de ser considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um grave problema de saúde pública, esse tipo de mortalidade pode ser combatida com ajuda profissional e informação. Em Goiânia, o Programa de Estudos e Prevenção do Suicídio e Atendimento a Pacientes com Tentativas de Suicídio (PATS) desenvolve ações de assistência e prevenção ao suicídio. Vinculado ao Departamento de Saúde Mental e Medicina Legal (DSMML) da Faculdade de Medicina da UFG e coordenado pela psicóloga Célia Maria Ferreira da Silva Teixeira, o programa pretende orientar e auxiliar o paciente que apresenta comportamento suicida, assim como seus familiares, por meio de tratamentos com uma equipe interdisciplinar. Segundo Célia Teixeira, pessoas com ideação suicida dão sinais de suas intenções que muitas das vezes são ignoradas. Frases como “preferia estar morto”, “os outros vão ser mais felizes sem mim” ou “sou um perdedor e um peso para os outros” podem ser indícios. De acordo com a psicóloga, pessoas com esses pensamentos não desejam necessariamente morrer, mas, sim, livrar-se de

A família precisa ser envolvida para discutir sinais de alerta específicos do paciente, além de reduzir o isolamento” Thiago da Fonseca, residente em Psiquiatria

mento”, afirma Thiago da Fonseca. Ele acrescentou que quanto mais ajuda receber o paciente, maiores serão as chances de se evitar o suicídio, que pode e deve ser prevenido. Mitos Diversos mitos cercam casos de tentativa de suicídio e muitas vezes levam à negligência perante situações que resultam em fatalidades possivelmente evitadas. Segundo os especialistas, é mito dizer que quem realmente quer se matar não avisa. Dados mostram que 80% das pessoas que cometeram suicídio demonstraram sinais de sua intenção anteriormente. Outro mito é que a melhora após a crise significa que o risco de suicídio acabou. Na verdade, muitos dos casos

ocorrem na fase de melhora, quando a pessoa tem energia e vontade de transformar pensamentos autodestrutivos em ação. Segundo a psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina Maria Amélia Dias Pereira são diversos os eventos de suicídio que acontecem após a melhora de um quadro depressivo. Fatores de risco Há diversos fatores de risco para o suicídio, segundo os especialistas. Entre eles estão os transtornos mentais, fatores sociodemográficos, psicológicos e condições clínicas incapacitantes. Os dados revelam que histórico de suicídio na família e presença de algum transtorno mental são os principais fatores capazes de desencadear o suicídio.

uma situação considerada insuportável. Sendo assim, o recomendado é que o indivíduo que já tentou por fim à própria vida seja tratado com atenção e receba acompanhamento de um profissional. Isso porque, segundo o médico residente em Psiquiatria no Hospital das Clínicas, Thiago Cézar da Fonseca, o suicídio é a consequência de um pedido de socorro que não foi ouvido a tempo. Além disso, orienta-se que a família acompanhe de perto o tratamento. “A família precisa ser envolvida para discutir sinais de alerta específicos do paciente, além de reduzir o isola- Equipe interdisciplinar do projeto PATS tenta resgatar o desejo de viver em pacientes que tentaram sucicídio

Carlos Siqueira

Texto: Flávia Gomes Edição: Serena Veloso Diagramação: Jéssica Gonçalves


Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

6

c o m p o r t a m e n t o

Cinema na era digital é mais acessível Com a tecnologia, facilidade de acesso aos filmes na internet desperta maior interesse na população para as obras cinematográficas

É

notável a atual influência exercida pela internet na vida da população. Seja para fins de trabalho ou entretenimento, o computador está presente no dia a dia de quem procura estar atualizado com o que acontece no mundo. A velocidade de compartilhamento das informações e demais facilidades de comunicação contam vários pontos a favor da internet. Até mesmo obras cinematográficas, objeto de grande apreciação mundial, estão ganhando espaço na rede. Sites especializados em filmes se tornam cada vez mais populares e facilitam a vida de quem procura a agilidade do conhecimento. Através de grupos de discussões, os internautas desenvolvem um novo costume: compartilhar filmes. A principal ligação existente entre a internet e o cinema são os downloads. Já existem milhares de sites que distribuem filmes, inclusive nacionais, que através do download despertam o interesse para o cinema atual e também o de época. Redes sociais Além dos sites voltados para o público que deseja baixar as obras, existem as redes sociais. Entre elas, uma das mais utilizadas no Brasil é o Filmow, site no qual o usuário marca quais filmes ele já viu, além de séries, programas de televisão, curtas e documentários. É possível selecionar também quais ele deseja assistir, quais não quer e quais são seus favoritos. Cada filme tem sua própria página, na qual existe uma pequena sinopse, acompanhada das informações relevantes da produção, como diretores, produtores, roteiristas e os principais artistas envolvidos no trabalho. Abaixo dessas informações há um espaço para discussão, em que os usuários podem comentar o que

acharam do filme e dar uma nota de zero a cinco para cada obra. A estudante de design de moda Mey Oliveira faz questão de marcar no site os filmes que assistiu. “Sempre marco os que vi e sempre leio as opiniões que os outros usuários postam antes de assistir algum outro. É muito bom poder ter contato com diferentes interpretações dos filmes. Torna o ato de assistir bem mais prazeroso”. Devido a interação, o Filmow tem atraído cada vez mais usuários. Hoje, são mais de cem mil adeptos da rede, segundo a estudante co-fundadora, Thais de Lima.

Camilla Rocha

Texto: Camilla Rocha Edição: Paula Nogueira Diagramação: Susanna Vigário

Direitos autorais Apesar da popularidade dos sites relacionados ao cinema, a polêmica dos direitos autorais ainda acompanha esse crescimento. Não é incomum que downloads de filmes sejam disponibilizados na internet sem autorização das produtoras ou antes da estreia nos cinemas. A pirataria já foi alvo de muitas discussões e protestos no meio cultural. Sem conseguir resolver a questão do boicote que a internet promove à arrecadação das taxas dos direitos autorais, vários governos já consideraram extinguir as

>>

Apesar da polêmica dos direitos autorais e do desfalque financeiro, internautas acreditam que a publicidade dada pela internet às obras compensa o dinheiro perdido

Para a estudante Mey Oliveira, as discussões sobre as diferentes interpretações de um mesmo filme que são divulgadas nas redes sociais agregam conhecimento taxas. Na União Européia, por exemplo, essa proposta chegou a ser feita, mas depois de muita revolta por parte das produtoras e dos artistas que ganham a vida com o lucro dos filmes, ela não vingou. Apesar do desfalque financeiro, quem tem o costume de baixar filmes pela rede acredita que a publicidade dada pela internet às obras compensa o dinheiro perdido. A estudante de direito Maria Clara Capel afirma que já baixou vários filmes e que essa não é uma questão de não querer pagar as taxas autorais, mas de ter acesso fácil às produções. “Nem sempre tenho tempo para ir ao cinema ou assistir a um filme pelo prazo que as locadoras dão. Acho muito mais cômodo baixar e ver quando eu puder”. Maria Clara declara que, caso fosse produtora, não se incomodaria em liberar seus filmes para download. “Sei que se fossem liberados teriam uma divulgação muito maior. Eu mesma já baixei vários filmes que nem conhecia apenas por ter encontrado download disponível”. Mesmo com essa visão otimista, os números mostram que só os Estados

Unidos perderam mais de 25 bilhões de dólares por conta da pirataria no ano de 2010, de acordo com informações do produtor escocês Iain Smith em seu blog. Legislação No Brasil, a lei do direito autoral foi elaborada em 1998. Desde 2007, discutem-se reformulações para adequar os direitos sem prejudicar o acesso à cultura. Apesar disso, nenhuma alteração foi feita na lei. A ministra da Cultura Ana de Hollanda determinou uma revisão do projeto, que depois será encaminhado ao Congresso Nacional. O fato é que a lei, já ultrapassada, não supre a necessidade de acesso da população à cultura. Apesar da ação da pirataria, acredita-se que o cinema não perderá seu espaço para o computador. A comodidade da internet não substitui o ato de apreciar um filme na sala escura das projeções. O computador ocupa, na verdade, um espaço a mais no meio cinematográfico, que ele mesmo construiu e que não substitui os já existentes.


Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

7

c o m p o r t a m e n t o

Mesmo

com os padrões individualistas da sociedade moderna,

casar ainda é uma opção para parcela dos brasileiros.

Justiça

facilita cerimônias e contratos de matrimônio

Texto: Adriane Rocha Edição: Gilmara Roberto Diagramação: Jéssica Gonçalves

S

ubir ao altar e se casar ainda é o sonho de um número crescente de pessoas no Brasil. De acordo com a última pesquisa sobre matrimônios, divulgada em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram realizados 6,7 casamentos para cada mil habitantes. Esse é o maior índice registrado desde 1999. O cidadão tem mais acesso aos serviços de Justiça para formalizar a união, o que contribui para o aumento do número de casamentos. O estudo do IBGE revela ainda que as pessoas têm se casado mais maduras: a média de idade é de 26 anos para as mulheres e 29 para os homens. O responsável pela Paróquia Universitária, frei Júnio César, confirma esse crescimento. “Chegamos a ter 12 casamentos por mês aqui na comuni-

Para muitas pessoas, o casamento é quarto escuro, você abre a porta e entra sem saber no que vai dar”

Júnio César, frei da Paróquia Universitária

Adriane Rocha

dade”, informa. Para ele, o aumento na média de idade é reflexo das conjunturas sociais e econômicas da atualidade. “A vida profissional parece ocupar o primeiro lugar. Busca-se uma estabilidade para depois construir uma vida a dois”, destaca. Gabriela Rebouças tem 19 anos e diz que pretende se casar. “Acho importante casar no civil para ter alguns direitos assegurados. Também pretendo me casar de branco na Igreja, porque acho muito bonito. Mas isso só lá pelos 28 anos, porque até lá já deu tempo de me estabilizar na vida.” Pessoas acima de 60 anos também têm se casado mais. Entre as mulheres de 60 a 64 anos, a taxa foi de 1,5 por mil. Para os homens do mesmo grupo etário, a taxa foi de 3,6 por mil. Durante muito tempo, a celebração do casamento acontecia por motivos Frei Júnio César ressalta importância das uniões econômicos, como ganhar continuarem sendo celebradas no âmbito religioso

Espécies de matrimônios Casamento civil: celebrado sob os princípios da legislação vigente em determinado estado

Isadora Pícolo

Casar ainda é sonho

Casamento religioso: celebrado perante uma autoridade religiosa Casamento aberto (ou liberal): é permitido aos cônjuges ter outros parceiros sexuais por consentimento mútuo

Número de casamentos é o maior desde 1999

Casamento arranjado: celebrado antes do envolvimento afetivo dos noivos e normalmente combinado por terceiros (pais, irmãos, chefe do clã, etc.) Casamento morganático: entre duas pessoas de estratos sociais diferentes no qual o cônjuge de posição considerada inferior não recebe os direitos normalmente atribuídos por lei (exemplo: entre um membro de uma casa real e uma mulher da baixa nobreza) Casamento poligâmico: realizado entre um homem e várias mulheres (o termo também é usado coloquialmente para qualquer situação de união entre múltiplas pessoas)

um dote, enriquecer e ter filhos legítimos que perpetuariam o nome e o patrimônio do pai. No início não era de praxe ter a bênção de um religioso. Esse costume só foi oficializado depois do Concílio de Trento, no século XVI. Já o casamento civil surgiu depois, em 1650, na Inglaterra. Escolha Hoje, o casamento reflete uma escolha livre de duas pessoas que, por motivos culturais ou espirituais, resolvem se unir formalmente. “A procura pelo casamento não se baseia apenas em um valor cultural, mas também não afirmaria que existe um valor religioso acima de tudo. Para muitas pessoas o casamento é quarto escuro, você abre a porta e entra sem saber no que vai dar”,

afirma o frei Júnio César. Ele ainda aponta um problema recorrente nas celebrações. “Festas grandiosas, arranjos que destoam de tudo aquilo que é promulgado pela ação litúrgica; o valor cultural, o status social é muito maior e a preparação mesmo para o matrimônio não ocorre de modo correto.” Embora exista um despreparo de muitos casais para enfrentarem uma vida a dois, ainda há um grande número de pessoas que sonham em se casar, como foi revelado pelas pesquisas. O fato é que apesar de toda evolução e dos padrões individualistas da sociedade atual, ainda é perceptível a necessidade que muitos têm de encontrar alguém e viver o tão sonhado “felizes para sempre”.


8

Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

t r â n s i t o

Locomoção em Goiânia anda de marcha ré Motoristas

e pedestres

concordam que transporte coletivo seria capaz de mudar realidade goianiense.

Mas

poder público está longe de resolver o problema Texto: Myla Alves Edição: Bruna Dias Diagramação: Steffen Kühne

E

m fevereiro deste ano, a frota de veículos em Goiânia ultrapassou a marca de 1 milhão. Facilidades como a redução do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) e grandes parcelamentos contribuíram para que a capital goiana atingisse esse número. Por causa do volume de automóveis, motocicletas e ônibus, o trânsito em Goiânia já é um dos mais caóticos do país. Desde o ano passado, a Agência Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (AMT) tem realizado várias mudanças nas vias da capital para melhorar o tráfego. No entanto, os motoristas dizem que muito ainda precisa ser feito. O motorista de ônibus Carlos Alberto dos Santos acredita que o trânsito em Goiânia é ruim praticamente em todos os lugares da capital e que os horários de pico são os piores, às oito da manhã, na hora do almoço e às seis da tarde. Nesses períodos, há grande fluxo de pessoas se locomovendo de casa para o trabalho e vice-versa. Ele ainda destaca que nas proximidades de escolas o trânsito é pior. “É horrível. Nos horários de rush você raramente engata uma terceira marcha, você só anda de primeira e segunda”, reclama. Um levantamento feito com os motoristas da capital aponta que as avenidas D, 136, 85, Assis Chateaubriand, T-4, T-7,

T-8, T-9, T-63, Paranaíba, Castelo Branco e Goiás, além da Marginal Botafogo, são as mais congestionadas da cidade. Transporte coletivo Carlos Alberto defende que a solução para melhorar o trânsito na capital está no transporte coletivo. Porém, ele afirma que o transporte público é ineficiente e não consegue atender toda a população. Hoje, Goiânia tem cerca de 1600 ônibus. O motorista disse que seriam necessários pelo menos três mil para atender os cidadãos de forma digna, já que, atualmente, os ônibus vivem superlotados. No entanto, o citybus tem sido uma boa alternativa para a população. O engenheiro agrônomo Rainero Queiroz, que mora no Setor Bueno e trabalha próximo à Praça Universitária, resolveu deixar o carro em casa e ir para o trabalho usando as vans do transporte público. O que motivou essa decisão foi o estresse e

>>

Pedestres e veículos disputam espaço com um agravante: cada vez menos paciência com o trânsito caótico de Goiânia

a falta de vagas para estacionamento. “O que me fez optar pelo citybus foi a comodidade de ir sentado, sem aperto e o empurra-empurra, coisa que no transporte coletivo convencional não acontece.” Rainero acredita que as mudanças que vem sendo feitas pela AMT têm melhorado o fluxo dos veículos, mas ainda estão longe de resolver os problemas do

tráfego na capital. Em países desenvolvidos, como a Holanda, há altos investimentos em transporte público, principalmente no ferroviário, o que facilita a locomoção da população. Outra alternativa muito usada naquele país é a bicicleta. As leis de trânsito holandesas favorecem preferencialmente os ciclistas. Educação Aqui no Brasil, os órgãos públicos ainda tentam investir na educação dos condutores e pedestres, para que eles convivam de forma harmoniosa. A gerente de educação no trânsito do Detran/ GO, Nadir de Castro, afirma que é visível a falta de conscientização dos cidadãos. “Há uma crise, não só em Goiás, mas em todo o Brasil, de cidadania. As pessoas não respeitam o próximo e nem as leis de trânsito, estacionam em local proibido, atravessam o sinal vermelho, tentam sempre usar o ‘jeitinho brasileiro’”. O Detran firmou parceria com a Secretaria Estadual de Educação para conscientizar os cidadãos, que são os principais agentes para melhorar o trânsito. O projeto do Detran e da Secretaria Estadual de Educação pretende abordar não só os motoristas, mas principalmente os pedestres, que, segundo Nadir, são as maiores vítimas porque são má orientadas. A estudante Iara Nunes concorda que os pedestres estão em desvantagem na guerra travada diariamente no trânsito. Ela acredita, porém, que a relação entre veículos e pedestres é baseada no desrespeito de ambas as partes. A situação é mais crítica no setor Central e nas avenidas mais congestionadas, onde pedestres e veículos disputam espaço com um agravante: cada vez menos paciência com o trânsito caótico de Goiânia.

Congestionamentos em vários pontos da cida

Obras provo Texto: Myla Alves e Camilla Rocha Edição: Pietro Bottura A reforma do Parque Mutirama, promovida pela Prefeitura de Goiânia, mudou o trânsito nas imediações. A avenida Araguaia, a partir da esquina com a avenida Contorno, está interditada para a realização da obra. Os motoristas devem utilizar a avenida Contorno para chegar à avenida Independência. Seis rotas do transporte coletivo foram alteradas por causa da interdição. A Marginal Botafogo também foi interditada em agosto. O trânsito no local deve ficar impedido por seis meses, prazo para a construção de uma passarela que ligará os Parques Botafogo e Mutirama. A recomendação da AMT é que os motoristas evitem o local, principalmente nos horários de pico. Devido ao período de chuvas, a Saneago está realizando, desde setembro, uma obra em Goiânia com o intuito de melhorar a evacuação de água no parque Vaca Brava. O prazo de conclusão é de oito


Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

9

Divulgação

AMT realiza mudanças para melhorar o fluxo

ade são constantes

Miguel Tiago, presidente da AMT: “Não nos preparamos para receber essa quantidade de veículos”

ocam mudanças no trânsito meses. Por isso, a Companhia Municipal de Transporte Coletivo (CMTC) mudou a rota de alguns ônibus como o trajeto entre a alameda Cascavel e o parque Vaca Brava. O solo do Parque Vaca Brava foi danificado devido ao alto grau de urbanização da região. As poucas áreas permeáveis dificultam o escoamento da água das chuvas, tornando difícil a circulação de carros e pedestres no local, principalmente durante períodos chuvosos. Um saneamento que suporte as chuvas e evite o alagamento das vias é requisitado há tempos pelos moradores e transeuntes do local. Ainda que tardiamente, a obra da Saneago pretende controlar este problema para que não adquira proporções maiores. Linhas alteradas Desde 7 de setembro, duas linhas de ônibus foram alteradas por causa das obras: a 171, que passa pelo Terminal Cruzeiro e pelo Terminal Praça A, e a 015, que passa pelos Terminais Praça A, Isidória e Shopping Flamboyant. De acordo com

Romero Arruda, assessor de informação e cidadania da CMTC, a população foi alertada sobre as mudanças nas rotas dos ônibus. As duas linhas transportam cerca de 16 mil passageiros por dia e, apesar da informação ter sido passada por agentes da CMTC e pela imprensa, muitos usuários do transporte coletivo não souberam da mudança. Joana Oliveira, 54 anos, usuária da linha 171, informou que não foi informada sobre os desvios. “Descobri que o caminho mudou quando já estava dentro do ônibus. Sempre pego essa linha e não vi nenhum fiscal da CMTC no terminal”. Em compensação, Maria Aparecida, de 32 anos, declarou que foi informada por meio de panfletos e por avisos na televisão. Durante o período das obras, outras intervenções serão realizadas no trânsito da região que segue da alameda Cascavel até o parque Vaca Brava. De acordo com a Saneago, a obra só deve ser concluída em maio de 2012 e evitará que as vias em torno do parque transbordem quando houver chuvas pesadas na região.

Goiânia, na sua fundação em 1933, foi uma cidade planejada para 50 mil habitantes. Atualmente, possui cerca de 1,3 milhão de pessoas e mais 1 milhão de veículos. Todo esse crescimento urbano não planejado, além de várias facilidades para a compra de um veículo, gerou grande fluxo no trânsito da capital goiana, causando congestionamentos em diversos pontos da cidade. Para tentar solucionar os pontos de lentidão a Agência Municipal de Trânsito (AMT) vem realizando nos últimos anos uma série de intervenções nas ruas de Goiânia, para dar maior dinamismo e fluidez ao tráfego. Os exemplos dessas ações estão em vários locais, como por exemplo o viaduto da T-63, a trincheira na Praça do Ratinho, a alteração feita na Praça Walter Santos e, mais recentemente, mudanças nos sentidos da Praça do Cruzeiro e ruas laterais. Segundo Miguel Tiago, presidente da AMT, não se esperava um aumento tão grande no número de carros e motos circulando pelas ruas. “Nós não tinhamos nenhum indicativo que pudesse mostrar que haveria essa explosão de veículos nas ruas. Com isso, não nos preparamos décadas atrás para receber essa quantidade de veículos”, afirma. Ainda segundo o presidente da AMT, as ruas não estão e nunca estarão preparadas para o constante crescimento da frota em Goiânia. Enquanto o transporte se basear no individual e não no coletivo, o problema dos engarrafamentos não terá solução definitiva. Milton Pires, especialista em transportes, acredita que não há uma forma ideal em se tratando de trânsito. Alterações Com relação às modificações realizadas pela AMT, o engenheiro acredita que foram boas modificações embora faça algumas observações, como por exemplo no viaduto da T-63. “Com a

melhora do trânsito, há um novo volume de tráfego oriundo de novos veículos que deixaram de utilizar vias congestionadas e que passarão a utilizá-las (avenidas do viaduto da T-63) em virtude das melhorias apresentadas”, afirma o especialista. Sendo assim, intervenções pontuais podem ser soluções momentâneas, correndo o risco de voltar a sofrer novos congestionamentos devido a um aumento no fluxo de veículos que desejam desfrutar dos benefícios gerados pelas mudanças. Sobre as intervenções feitas em praças e rotatórias em vários pontos da cidade, Milton Pires explica que, devido ao aumento no tráfego, muitas não comportaram mais a demanda, gerando pontos de lentidão e com pouco espaço entre os carros, o que aumenta o número de atritos e colisões. Segundo o engenheiro, cortar a rótula ao meio, e implantar semáforos (como no caso da Praça Walter Santos) ou retirar parte do tráfego, desviando-o para ruas externas (exemplo da Praça do Cruzeiro) são ações com um custo/benefício satisfatórias. De acordo com o presidente da AMT, o trânsito não é uma responsabilidade só dos órgãos competentes, depende muito da mudança de atitude, cultura e comportamento dos motoristas. Miguel Tiago concorda que as ruas estão saturadas mas reforça que, enquanto não tivermos uma sistema de transporte coletivo eficiente, confortável, rápido e acessível, a situação tende a continuar a mesma. Não é difícil encontrar motoristas que confessam não abandonar a condução particular. “Ah, não deixo de andar no meu carro não. Posso ir pra qualquer lugar sem precisar ficar descendo longe ou trocando de ônibus, fora que é muito mais rápido, não tenho que ficar esperando”, deixa claro o motorista André Bueno Sanches. (Vitor Santana)


Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

10

t r â n s i t o

Opção pela agilidade pode ser perigosa Goiás possui a maior média de mortes de motociclistas por habitantes do Brasil, uma taxa de 65% a cada 100 mil habitantes Texto: Mariza Fernandes Edição: Laura de Paula Diagramação: Larissa Vieira

L

iberdade para escolher os dias e horários de trabalho, possibilidade de altos ganhos financeiros em pouco tempo e um certo fetiche em relação ao instrumento de trabalho. Estes são os principais atrativos de profissões que trabalham com transporte de pessoas e objetos em motocicletas. Segundo informações da Agência Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (AMT) e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), os motofretistas e mototaxistas somam cerca de 17 mil das quase 250 mil motocicletas que circulam em Goiânia. Ao optar pela moto como instrumento de trabalho ou meio de transporte, os benefícios são levados mais em conta do que os riscos de acidentes. É o caso do jovem Clebson de Lima Alves, que está começando na profissão de mototaxista. “Eu já havia caído de moto uma vez, sei dos riscos que corro, mas como já tinha experiência e sabia das vantagens desse trabalho, decidi arriscar”. Benefícios Além dos baixos custos de compra, utilização e manutenção desse meio de

transporte, a precariedade do transporte público é um dos fatores que provocaram o aumento de 131,5% na frota de motocicletas em Goiânia, nos últimos 10 anos. Ir de moto para o trabalho e usar o carro só para passeios e viagens se tornou hábito comum nas grandes cidades. É o caso da estudante Renata Santos. “Na minha casa, tenho um carro à disposição. Porém, diante da demora nos congestionamentos e da distância que percorro todos os dias, a utilização dele se torna inviável”, afirma a jovem, que faz um percurso diário de 36 Km. A estudante faz parte de uma mudança que se pode perceber no trânsito de Goiânia: o aumento na quantidade de motociclistas do sexo feminino. Mesmo com pouca experiência na condução de motocicletas, as mulheres são mais cuidadosas no trânsito, é o que observa Renata. “Acredito que as mulheres se preocupem mais com a direção defensiva e a experiência as torna bastante atentas. Já os homens, principalmente os mais jovens costumam ser mais atrevidos e a experiência faz com que eles se arrisquem mais”, afirma. Acidentes A falta de atenção no trânsito é uma das principais causas de acidentes. No

Fotos: Mariza Fernandes

Devido às vantagens oferecidas, Clebson Alves escolheu a moto como meio de trabalho caso dos motociclistas, é preciso ter atenção redobrada, pois o único acessório de segurança que possuem é o capacete. Goiás apresenta a maior média de mortes de motociclistas por habitantes no Brasil. Segundo informações divulgadas pelo Instituto Sangari no Mapa da Violência 2011, a taxa é de 65% a cada 100 mil habitantes. O estudo destaca ainda a vulnerabilidade do motociclista, já que a probabilidade de morte em acidentes é até 14 vezes maior se comparada aos condutores automobilísticos. De acordo com o instrutor de motociclistas Ronie Costa, ultrapassagens inseguras, ziguezaguear entre os automóveis, desafiar outros veículos e desrespeitar a sinalização também são atitudes que colocam a vida do motociclista em risco. Direção defensiva

O desrespeito à sinalização é uma das principais causas de acidentes com motos

Um fator importante para evitar acidentes é a direção defensiva, que se tornou disciplina obrigatória nos cursos

para tirar carteira de habilitação (CNH). Porém, as aulas podem não ser suficientes para garantir a segurança no trânsito, como afirma Costa. “A direção defensiva só atinge o seu objetivo se ela estiver sobre três pilares: educação, engenharia e fiscalização ou policiamento”. O mototaxista Clebson Alves critica as aulas práticas, nas quais o futuro motociclista não tem contato com o trânsito das ruas. “O treinamento não ensina a prática. Quando você vai para o trânsito de verdade, o medo atrapalha muito.” Muitos motociclistas sabem que certas atitudes são perigosas. Contudo, a maioria acredita que a motocicleta deve ser mais ágil que os carros a qualquer custo. “É preciso educar para o trânsito com ênfase no convívio social. É necessário compreender que o trânsito é um espaço comum e que devemos saber qual é o nosso, entender que a nossa postura deve ser sempre a da antecipação, da prevenção para assim termos mais tempo para uma decisão mais acertada”, explica Ronie.


Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

11

t r â n s i t o

Ditadura do volante Pedestre

Fotos: Thaís Souza

tem cada vez mais dificuldade em se deslocar pelas

ruas da capital, mas também precisa melhorar sua conduta Texto: Thaís Souza Edição: Raniê Solarevisk Diagramação: Vanessa Martins

C

ircula diariamente em Goiânia uma frota de mais de um milhão de veículos. Com transporte coletivo demorado, lotado e caro, ausência de trens ou metrôs e uma ciclovia que só é liberada aos domingos, o trânsito da capital está caótico. Somente nos quatro primeiros meses do ano passado, não respeitar a faixa de pedestre contabilizou 37 infrações por dia. Segundo dados da Agência Municipal de Trânsito (AMT), foram 4.285 infrações detectadas pelos fotossensores nesse período. Outras 149 infrações foram registradas pelos agentes do órgão. De acordo com o Sistema de Estatística da AMT, só no ano de 2010, aconteceram mais de 900 acidentes de trânsito envolvendo pedestres na faixa. Na maioria dos acidentes, a causa foi o desrespeito ao direito de uso deste espaço.

Uma opinião corrente entre quem usa as ruas para caminhar é a de que deve haver respeito por parte dos motoristas. Também ressaltam a importância de medidas da prefeitura que visem ajudar quem transita sem automóveis. O aposentado José Divino de Souza ressalta o quanto é complicado atravessar em vias públicas, pois além do desrespeito dos motoristas, a sinalização é precária. Do outro lado, quem usa o volante também reclama da falta de leis que otimizem o trânsito e a relação entre motoristas e pedestres. O representante de vendas Vanderlei Zamarioli está habituado a enfrentar o trânsito goianiense. Ele concorda que alguns motoristas realmente não respeitam as leis, mas os pedestres muitas vezes esquecem que também têm deveres. Vanderlei conta que muitos ignoram a sinalização e se arriscam a atravessar com o sinal fechado para pedestres ou em locais proibidos. Para ele, é impor-

No setor Santo Antônio, várias irregularidades: carros estacionam na calçada, cheia de falhas; pedestres atravessam em local indevido e motorista invade pista preferencial tante que haja um esforço mútuo entre sociedade e poder público para melhorar as condições do trânsito goiano. Campanhas Por meio da AMT, a Prefeitura de Goiânia promove, desde maio, uma intensa campanha para conscientizar a população sobre a importância do respeito à faixa e à travessia de pedestres. A desobstrução de calçadas, realizada em agosto, fez parte do conjunto de ações previstas pela campanha.

Na primeira semana de atividades, foram percorridos mais de 6 quilômetros de vias e emitidas mais de 66 notificações, além de advertências e orientações a respeito da correta utilização das calçadas em Goiânia. A campanha prevê ainda a revitalização das faixas de pedestres da capital, a distribuição de materiais educativos, além de atividades em instituições de ensino e empresas, fiscalizações temáticas, palestras sobre sinalização e manutenção de calçadas, audiências públicas, entre outras medidas.

No caminho certo

Não dar a preferência causa transtornos a quem anda a pé e sobre quatro rodas

A campanha da Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) de São Paulo está promovendo, desde o dia oito de agosto deste ano, uma campanha educativa com faixas informativas e presença de orientadores de travessias em alguns dos cruzamentos mais movimentados da capital paulistana. No entanto, um levantamento da própria CET mostrou que, mesmo após três meses de campanhas educativas, 90,3% dos motoristas continuam não parando nas faixas e que, quatro em cada dez veículos, não dão seta ao fazer uma conversão. Para Nancy Schneider, superintendente de educação e segurança da CET, apesar de muitos motoristas reconhecerem a necessidade de dar preferência ao pedestre, o projeto só vai funcionar quando vier a fiscalização e a aplicação de multas mais fortes.


12

Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

t r â n s i t o

Homens são os principais infratores do

Detran

mostram

Lis Lopes

Dados

que número de multas aumentou em comparação aos anos anteriores.

Maior

parte das infrações foi cometida por motoristas do sexo masculino Texto: Lis Danielle Lopes Edição: Viviane Bittencourt Diagramação: Guilherme Lucian

S

egundo o sistema de estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), o número de multas no estado cresceu significativamente em relação ao ano passado. Durante o primeiro semestre de 2010, foram registradas 135.690 infrações de trânsito. Já em 2011, nesse mesmo período - entre janeiro a julho - o total de infrações subiu para 282.585, incluindo tanto motoristas do sexo masculino quanto do sexo feminino. Além disso, os dados fornecidos pelo Detran ressaltam a diferença considerável de infrações cometidas entre homens e mulheres. Os homens são os grandes responsáveis pelas multas de trânsito, totalizando 212.740 ocorrências, enquanto as mulheres receberam 69.845 até julho de 2011. É válido ressaltar que um dos motivos para tal distância entre os números está no fato de que a quantidade de motoristas do sexo masculino é superior ao número feminino. De acordo com os registros do Detran, o estado possui 1.464.579 homens dirigindo, enquanto são 571.907 condutoras. Isso gera uma diferença de aproximadamente 61%, o que, entretanto, não explica completamente tamanha diferença no número de infrações por parte dos homens. As causas mais comuns das infrações são excesso de velocidade, esta-

Mário Jorge Duarte já recebeu duas multas por excesso de velocidade em 2011 cionar em locais indevidos e avanço de semáforo. Mulheres Segundo o assessor de imprensa do Detran, José Carlos Machado Lopes, a cautela é uma característica predominantemente feminina. “Geralmente as mulheres têm muito mais cuidado que os homens. Além disso, é da personalidade delas serem mais tranquilas e, assim, não costumam exceder na velocidade nem se envolver em brigas de trânsito”, afirma. Outro fator levantado pelo assessor é a formação cultural feminina. “As mulheres são criadas para serem mais delicadas e cautelosas. Acredito que a formação social e cultural é um fator bastante significativo no número de multas reduzido”. Carolinne Maldi, 21, faz parte do grupo de mulheres que não recebeu nenhuma multa de trânsito. Ela atribui a isso fatores como cautela e medo. “Nós temos mais cuidado na hora de dirigir, homem ousa muito mais. Temos medo

>>

Os homens são os principais responsáveis pelas multas de trânsito, totalizando 212.740 ocorrências, enquanto as mulheres receberam 69.845 até julho de 2011 de arriscar”, opina. Para Carolinne, a maior parte das mulheres preocupa-se mais com as sinalizações e regras de trânsito, enquanto os homens tendem a ignorar esses avisos e agir com imprudência. Condutores Já entre os condutores do sexo masculino, muitos justificam o número alto

Muitos carros, diversos problemas No começo de 2011, Goiânia se juntou ao grupo das cinco cidades brasileiras com mais de um milhão de veículos. A frota quase se equipara ao número de habitantes da cidade. Tendo como referência a quantidade de carros vendidos pelas concessionárias nos primeiros cinco meses deste ano, é possível afirmar que aproximadamente a cada seis minutos mais um veículo foi para as ruas. Após Goiânia atingir a marca de um milhão de veículos, os motoristas passaram a enfrentar cada vez mais engarrafamentos e dificuldades no trânsito. Com isso, a tendência é que o número de infrações cometidas cresça consideravelmente. Para o taxista Valdeir José, que trabalha na cidade há 30 anos, o movimento de veículos cresceu de forma assustadora e o trânsito tende a ser cada dia mais caótico. “Dirijo há muitos anos em Goiânia e ultimamente tenho visto diversos acidentes e muita impaciência por parte dos motoristas. É buzina para todo lado, pessoas furando sinal. Está cada dia mais complicado dirigir”, admite.

de infrações devido à maior quantidade de motoristas homens existentes no estado. Mário Jorge Duarte, 22, representa a parcela dos que já receberam multas de trânsito este ano e concorda com a máxima de que geralmente as mulheres são mais prudentes. “As mulheres costumam ser mais cuidadosas ao dirigir, têm mais paciência. Os homens são explosivos e bem menos cautelosos. Eu mesmo já bati o carro três vezes e só este ano já recebi duas multas por excesso de velocidade”, revela.


Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

13

t r a n s p o r t e

Mudança no Eixo Anhanguera divide opinião de usuários Até o final do ano, nova frota de veículos circulará pela Avenida Anhanguera e os terminais serão reformados para melhorar o atendimento aos passageiros da Capital Texto: Ana Letícia Santos Edição: Myla Alves Diagramação: Raniê Solarevisky

O

s usuários do Eixo Anhanguera serão beneficiados com uma série de melhorias que deve ser concluída até o final deste ano. Os investimentos ultrapassam R$ 90 milhões e fazem parte de um dos compromissos firmados pelo governador de Goiás, Marconi Perillo. O Eixo Anhanguera liga a região leste a oeste de Goiânia e atende uma média de 220 mil usuários todos os dias. Até agosto, a frota era composta por 100 ônibus adquiridos em 1998. Juntos, eles têm quase um milhão de quilômetros rodados. Para tentar solucionar esse problema, a Metrobus anunciou a compra de novos ônibus. Os 11 primeiros começaram a circular em setembro e até dezembro todos os 90 ônibus adquiridos pela estatal serão colocados em circulação. Destes, 30 são biarticulados com capacidade para 270 passageiros. Os outros 60 são articulados e têm capacidade para 180 passageiros, semelhantes aos atuais. Os novos veículos possuem monitores de televisão e sistemas de segurança, além de um dispositivo eletrônico que não permite que o veículo ande com a porta aberta. Os ônibus que fazem o itinerário do Eixo Anhanguera passam por 19 plataformas e 5 terminais. Ao longo de todo o corredor, são 51 paradas considerando os semáforos. Com a chegada da nova frota, o sistema de embarque e desembarque também irá mudar. Alguns ônibus só vão parar no terminal, outros em locais já pré-determinados e o restante continua fazendo as paradas normalmente.

Em Goiânia, inúmeras pessoas dependem do transporte coletivo, mas é raro encontrar quem está satisfeito com o serviço. A empregada doméstica Josylene Aparecida Rodrigues pega o Eixo Anhanguera todos os dias para ir trabalhar. Ela sai do Terminal Padre Pelágio e desce na Estação do Lago das Rosas. Segundo Josylene, os ônibus estão sempre lotados e falta organização na hora de entrar nos veículos “É uma bagunça, ninguém respeita ninguém, sai todo mundo se esmagando nas portas. A gente não vê um fiscal para organizar as filas”. Além de Josylene, outros passageiros também reclamam da situação da frota atual, que já ultrapassou os dez anos de vida útil. “Ao longo da Avenida Anhanguera eu vejo uns quatro ônibus quebrados por dia”, afirma o comerciante José Freitas da Cunha. O óleo na pista é sinal de que alguns ônibus têm problemas mecânicos e os passageiros reclamam frequentemente por terem as viagens interrompidas devido a algum problema com os ônibus. Mudanças De acordo com o presidente da Metrobus, Carlos Maranhão, é necessário um pacote de ações para melhorar o Eixo Anhanguera. “O treinamento de fiscais para organizar as filas já está sendo feito. Serão dois para cada porta de ônibus”. Para ele, o fundamental é melhorar a qualidade do atendimento ao passageiro. Carlos Maranhão acrescenta que os ônibus substitutivos aos antigos vão aumentar em 25% a capacidade do número de pessoas. Além disso, Carlos Maranhão informa que haverá reforma nos terminais. “O

A Estação do Lago das Rosas é uma das mais tranquilas da linha do Eixo Anhanguera e já possui um fiscal para garantir embarque mais seguro à população primeiro a ser reformado será o Terminal da Praça da Bíblia”, afirma o presidente. Apesar de estarem contentes com a nova mudança, nem todos os usuários estão otimistas com a novidade. Para a cozinheira Neide Aparecida, a Metrobus

deveria adicionar o número de ônibus e não substituir os antigos. Ela acredita que o principal problema do Eixo é a quantidade dos ônibus. Ela sugere que os veículos mais antigos sejam consertados e que continuem circulando.

Governo de Goiás quer implantar VLT’s Em agosto, o governador Marconi Perillo conheceu o modelo de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da capital irlandesa, Dublin. Juntamente com uma comitiva oficial, ele visitou os terminais, o setor de manutenção e percorreu dois trechos das linhas em um veículo desse tipo. O Veículo Leve sobre Trilhos é normalmente alimentado por eletricidade e tem custo menor que os transportes convencionais. Em Dublin, a experiência com o chamado metrô leve começou em 2001, com a implantação da primeira linha. Hoje, são três linhas que ajudaram a melhorar o fluxo de passageiros. O serviço na capital irlandesa tem 98%

de grau de satisfação do usuário, segundo pesquisa realizada com os passageiros. Os veículos circulam a cada cinco minutos no horário de pico e chegam a atingir 70 km/h. No mês de setembro, o governador esteve na China, onde também conheceu mais detalhes do funcionamento desse tipo de transporte. Marconi Perillo revelou para a imprensa que as negociações referentes à implantação dos VLT’s estão adiantadas e que até o fim do ano o edital de licitação deve ser lançado em Goiás. “Os VLT’s são seguros, rápidos, confortáveis e podem ser pontuais, qualidades que o goianiense aprecia”, declarou o governador.


14

Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

c o m u n i c a ç ã o

Facomb lança livro sobre Jornalismo Curso de jornalismo da UFG completa 45 anos

Texto: Layane Palhares Edição: Lara Leão Diagramação: Laura de Paula

com lançamento

de livro que reúne artigos científicos e considerações de

Música e coquetel marcam data festiva da Facomb

Fotos: Ana Flávia Marinho

profissionais.

O auditório da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb) ficou lotado de convidados, professores e estudantes que prestigiaram mais um aniversário do curso de Jornalismo. A instituição consagrada como centro de educação superior de qualidade foi novamente classificada com quatro estrelas no VII Prêmio Melhores Universidades Guia do Estudante. A abertura das comemorações ficou por conta do músico TonZêra e banda que agitou o público, seguido pelos discursos do vice-reitor da universidade, Eriberto Bevilaqua, do diretor da Facomb, professor Magno Medeiros, e do atual coordenador do curso, professor Juarez Ferraz de Maia. Foi lançado, no evento, o livro Gêneros e formatos em Jornalismo, uma coletâ-

nea de textos subdivididos em grandes temas da atualidade, como Gênero, Cidadania, Imagem, Perspectivas (internet, redes sociais) e Internacional, escritos por professores da unidade acadêmica e organizados pelo coordenador de Jornalismo, Juarez Ferraz. Em seu discurso, o diretor Magno Medeiros ressaltou a importância do curso para a UFG e afirmou que “o livro não é simplesmente uma publicação, mas, sim, um patrimônio cultural e científico”. Todos os que compareceram foram presenteados com um exemplar do livro e, ao final da celebração, os livros puderam ser autografados pelos co-autores. O evento terminou com “Parabéns pra você” em coro regido pelos estudantes de Jornalismo e pelo coquetel, onde cumprimentos e risos continuaram. Demonstrações de amizade e admiração eram explícitas no reencontro de antigos mestres, alunos e amigos que relembraram seus tempos de estudantes.

Juarez Ferraz de Maia, coordenador do curso: lançamento de livro com artigos

TônZera e banda cantaram clássicos da MPB e alegraram o público no evento

a c o n t e c e

cerá 4.579 vagas, distribuídas da seguinte maneira: 2.851 para cursos em Goiânia, 784 para o campus de Catalão, 816 para Jataí e 128 para cursos na Cidade de Goiás. Pelo Sistema de Seleção Unificada/ SISU, serão oferecidas mais 1.901 vagas: 659 para cursos em Goiânia, 196 para Catalão, 204 para Jataí e 32 para Cidade de Goiás. As vagas que a UFG destina ao SISU podem ser preenchidas pelos candidatos que fizerem o Enem 2011.

n a

Texto: Thaís Souza Edição: Stephani Echalar 4º Seminário de Educação em Rede A Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) realizam entre os dias 9 e 11 de novembro o 4º Seminário de Educação em Rede. O seminário, que ocorrerá

U F G

na PUC, tem como tema os processos de inclusão, cidadania e tecnologias e vai divulgar trabalhos com pesquisa, ensino e extensão relacionados ao uso de tecnologia em processos de inclusão. UFG destina 20% das vagas ao SISU O processo seletivo 2012/1 da UFG ofere-

UFG e SAMU querem ampliar experiência dos acadêmicos A UFG pretende firmar parceria com SAMU-GO para que os alunos de medicina e enfermagem possam fazer estágio sob treinamento do órgão e adquirir experiência no atendimento de emergência. Após uma reunião entre as duas instituições realizada no dia 8 de setembro, estudam-se as formalidades para efetivar a parceria.


Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

15

“Vi Goiânia crescer” Texto: Lídia Cunha Edição: Bárbara Camargo Diagramação: Susanna Vigário

Aos 82 Oliveira

Hélio de Oliveira Neto

e n t r e v i s t a

60 anos de paixão pela fotografia, Hélio de viu e registrou Goiânia crescer. Em entrevista concedida em seu tradicional casarão no setor Campinas, o fotógrafo falou ao Samambaia anos de idade e

sobre os altos e baixos da profissão e os bastidores da vida de um repórter fotográfico nas primeiras décadas de

Jornal Samambaia - Como surgiu o gosto pela fotografia? Hélio de Oliveira - Eu sempre gostei de fotografia. Quando fui estudar em Uberlândia, conheci um fotógrafo que era repórter de um jornal do Rio e eu me interessei por aquilo. Então comprei uma máquina fotográfica e comecei a fotografar e fazer uns serviços como amador. Quando voltei para Goiânia, continuei a fazer esse serviços, mas para ganhar dinheiro. Eu fiquei sabendo que o jornal O Popular ia precisar de um fotógrafo. Então fui até lá e falei direto com o Câmara Filho, um dos fundadores do jornal, e ele disse: “Eu vou te dar uma pauta. Se você fizer direitinho, você continua”. Eu acho que fiz direitinho, porque fiquei lá por 10 anos como repórter fotográfico. Samambaia - Quais foram os desafios no começo da profissão de repórter fotográfico? Hélio - A dificuldade naquele tempo era grande, as máquinas muito precárias. Um profissional, além de ser fotógrafo, tinha que ser laboratorista e fazer a foto. Hoje em dia eu digo que qualquer um pode ser fotógrafo, basta comprar uma máquina digital, olhar, bater, e depois passar para o computador. Eu tinha que fazer tudo. Samambaia - Como é para o senhor ter visto Goiânia crescer?

Goiânia

Hélio - Eu vim para Goiânia em 1935, quando a cidade estava começando. Na época eu tinha 6 anos de idade e vi Goiânia crescer. Eu comecei profissionalmente a mexer com fotografia em 1950, e em 1951 eu fui para o jornal. Nesse tempo o Câmara Filho era Secretário de Agricultura e ele me levava para tirar fotografias do palácio de modo que eu praticamente me tornei fotógrafo do governador e do jornal ao mesmo tempo. Eu viajei muito com o governador,

Hoje em dia eu digo que qualquer um pode ser fotógrafo, basta comprar uma máquina digital, olhar, bater e depois passar para o computador conheci boa parte do Brasil através desse serviço. Um dia eu recebi um telefonema do então redator-chefe do jornal O Popular me convidando para ir ao local onde seria construída Brasília e recepcionar o presidente Juscelino [Kubitscheck]. A viajem durou mais de 10 horas. O Bernardo Sayão tinha constru-

ído um campo de pouso na fazenda chamada Gama, onde o Juscelino desceu com um avião. Na hora que Kubitschek chegou ele disse: Para Hélio de Oliveira, fotos da construção de Brasília e do presidente “Capricha, porJuscelino Kubitschek estão entre as mais marcantes da sua carreira que você vai tirar fotografia do presidente na nova seus próximos projetos? capital do Brasil”. Nós fomos os primeiros a chegar, de modo que eu sou o priHélio - O livro Eu vi Goiânia crescer meiro a fotografar o presidente na nova tem 4 volumes. O primeiro volume já capital do Brasil. Eles reconheceram saiu, com 80 fotografias dos anos 50 e isso e me deram o título de cidadão ho- 60. Já temos tudo pronto para publicar norário de Brasília e uma medalha de o segundo volume, com fotografias dos honra ao mérito. anos 50, 60 e 70. Só estamos esperando a liberação dos recursos pela Agência Samambaia - Quais foram as fotos mais Goiana de Cultura. O terceiro volume marcantes que o senhor já tirou? será só de vistas aéreas de Goiânia e no quarto volume nós vamos fazer a comHélio - Considero o trabalho em Bra- paração do que era antes e como é agosília e as fotos do Juscelino Kubitschek ra. Também temos o projeto de fazer o algumas das mais importantes que fiz, livro e o filme Eu vi Brasília crescer. porque não era só de nível regional, mas de nível nacional. Mas eu também tirei Samambaia - Se o senhor fosse professor fotos do crime da família Matteucci, de de fotografia em uma faculdade de Jorcrianças mortas e desastres de avião em nalismo, quais dicas daria aos alunos? que eu ajudei a pegar pedaços de gente para trazer para Goiânia. Foram muitas Hélio - Ser honesto consigo mesmo fotografias tristes. e tirar fotografias de coisas de interesse, importantes. Guarde essa fotografia, Samambaia - O senhor já tem um livro porque hoje talvez ela não valha tanto, publicado, Eu vi Goiânia crescer, e o mas daqui alguns anos talvez ela vai ser filme Memórias de Arquivo. Quais são histórica.


16

Samambaia >> Goiânia | Outubro, 2011

Goiânia Hélio de Oliveira faz parte do patrimônio cultural de Goiânia como guardião da história da cidade desde a década de 1950. Seus olhos registraram cada prédio, cada monumento e cada etapa do crescimento da capital. Hélio viajou pelo Estado e registrou grandes eventos oficiais dos governos e foi o primeiro fotógrafo a registrar a chegada de Juscelino Kubitschek à nova capital do Brasil. Grande parte de sua obra pode ser vista no Museu da Imagem e Som, que guarda a exposição Memória da Fotografia – cenas goianienses 1950 a 1970. A Olhares deste mês traz fotos do acervo de Hélio de Oliveira que retratam a Goiânia de antigamente.

Cine Teatro Goiânia, 1952

o l h a r e s

Palácio das Esmeraldas, 1952

Texto: Lídia Cunha Edição: Bárbara Camargo Diagramação: Vanessa Martins

Vista da Praça dos Bandeirantes no centro de Goiânia, 1954

Primeira visita do presidente JK ao Planalto Central, 1956

Protesto na Praça Cívica contra ameaças ao governador Mauro Borges Vista aérea da Praça Cívica, década de 1960


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.