DO CURSO DE JORNALISMO
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
GOIÂNIA, dezembro DE 2015
nº 071/ ANO XV
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preconceito
Reproducão
JORNAL LABORATÓRIO
INVISIBILIDADE SOCIAL Auxiliares de serviços gerais reclamam por atenção
cidades
resgate responsável Animais abandonados ganham um lar e uma segunda chance
CULTURA
IDENTIDADES NEGRAS Cabelos crespos são mote para discussão sobre racismo
COMPORTAMENTO
alternativa aos absorventes Coletores menstruais ganham mercado e conquistam adeptas
[p. 5]
Editores de Capa NATÁLIA MOURA, LUCAS BOTELHO, ELISAMA XIMENES, VINÍCIUS PONTES | Criação e Design de Capa LUCAS BOTELHO E NATÁLIA MOURA | Fotografia LUCAS BOTELHO
samambaia MOBILIZAÇÃO
PRIMAVERA DAS MULHERES [p. 8 e 9]
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EDITORIAL
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GOIÂNIA, DEZEMBRO DE 2015
- OPINIÃO -
DE LÁ E DE CÁ
RUMOR
Por NATHÁLIA PERES | Diagramação ELISAMA XIMENES
Jornal Samambaia é uma produção dos estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Goiás. Suas produções são voltadas para assuntos relacionados a academia e também à assuntos que afetam a Universidade e aos estudantes. E nesta primeira edição do segundo semestre de 2015, o ambiente universitário é abordado em conjunto com temas sociais e culturais. A temática dos animais abandonados é abordada trazendo uma reflexão sobre o cuidado, o zelo com os bichos, a castração e outros meios de garantir um lar aos pequenos animais. Nesta edição a saúde da mulher também é colocada em foco, através de informações a respeito de coletores menstruais e do tabu da menstruação.
Na sessão “Olhares”, foram retratados os projetos de extensão da própria Universidade que são abertos para a comunidade acadêmica e também para a comunidade como um todo. A dança do ventre foi o projeto escolhido para representar este eixo da UFG. O esporte também é pautado nesta edição, através do Rugby e do uso do Centro de Esportes da própria Universidade. Os repórteres ultrapassam as barreiras acadêmicas ao abordar o Rugby, levantando também informações sobre o time goiano, Goianos Rugby Clube. A cidade goianiense também é abordada através do cenário da arte urbana que vem ganhando mais espaço e vem sendo considerada como arte. Esta edição aborda temas que refletem na sociedade como um todo.
- CRÔNICA -
U M A F L O R S Ó N Ã O FA Z P R I M AV E R A Por ELISAMA XIMENES
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laço não era de fita, mas daqueles de pano que a gente compra em loja de R$1,99. Assistia à TV compenetrada, porém não sem deixar de pensar na noite passada. Maria, a filha, fazia a tarefa de casa sem perceber a angústia da mãe. Voltava do serviço, já passava das dez da noite. Horário em que era liberada da jornada de trabalho no shopping. O ponto de ônibus estava cheio de gente que era obrigada a ficar longe de casa até tal hora. O cansaço era visível. Os braços cruzados e a postura impaciente dominavam a cena. A maioria era de mulheres, não fosse por um homem. Este a olhava sem parar desde que chegara. Da cabeça aos pés. Quis gritar com ele. Quis falar “que é que ta olhando?”. Mas a posição de subalterna na situação não lhe deu a segurança de que precisava. Naquele momento, só conseguia rezar para que ele não pegasse o mesmo coletivo que ela. Sabe-se lá o que podia acontecer.
Meia hora depois, nenhum ônibus havia passado, mas já dava pra ver, de longe, o 026. “Finalmente meu ônibus” pensou. Mas, quase ao mesmo tempo, o sentimento de alívio fora interpelado pelo de preocupação. Durante os dez segundos de chegada do ônibus no ponto, Lívia só conseguia torcer para que o fulano não subisse junto com ela. O barulho do freio foi alto e a porta se abriu com rapidez. Tentou ser a última a entrar. Caso ele subisse, ela esperaria o próximo. O homem permaneceu intacto. Então, pôs os pés na escada com a esperança de que aquele não fosse o ônibus dele. Enquanto passava na roleta, sentiu uma respiração forte aproximando-se. Quis virar-se para ver quem era, mas o medo lhe congelou a espinha, de modo que mal conseguia mexer o pescoço. A roleta girou e olhar foi quase que inevitável. Era ele. O ônibus lotado. Não tinha pra onde fugir. Descer estava fora das opções, sabe-se lá dos novos perigos que correria do lado de fora novamente.
Uma mulher sentada no primeiro banco percebera sua angústia. Como de impulso, Lívia arregalou os olhos para a moça, que respondeu rapidamente. “Amiga, você aqui! Quanto tempo”. Lívia ficou confusa, nunca tinha visto aquela pessoa na vida, mas preferiu entrar no teatro, era sua chance. As duas falavam em voz alta o suficiente para que todos as escutassem. Continuaram conversando sobre coisas aleatórias como se os assuntos lhes fossem comuns. Poucos minutos depois, escutou a campainha que anuncia a próxima descida. Olhou e era o fulano. Ele não tinha parado de observá-la. Mas dessa vez a expressão era ressabiada. Quando ele desceu, ela só sabia agradecer a desconhecida. Na sala de casa, imaginava as coisas que podiam ter acontecido caso não tivesse arregalado os olhos para a mulher. Pensou que agora podia estar em um hospital, ou mesmo na farmácia comprando a pílula do dia seguinte. Nem conseguia pensar na possibilidade de estar morta de tão assustadora que era.
Era quarta-feira e, no jornal, a chamada “A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou a PL 5069”. Quis saber do que se tratava. “Eduardo Cunha propõe, na lei, que as vítimas de estupro terão que realizar um boletim de ocorrência e fazer um exame de corpo de delito para, só então, serem atendidas em uma unidade de saúde”. Aquilo lhe desceu frio pela garganta e parou na boca da barriga. A lei também vetava a pílula do dia seguinte. Ela revivia a noite passada e percebia que as flores que ganhava no dia da mulher não lhe asseguravam nenhuma proteção do Estado que a presenteava. Percebeu que a flor era ela própria e ninguém lhe podia dar ou tirar isso. Aprendeu que, junto a outras, poderiam formar um jardim de resistência a tais tipos de leis e opressões. Viu que deveriam começar uma primavera. A das mulheres.
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FIC Ano XV - Nº 71, Dezembro de 2015 Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Faculdade de Informação e Comunicação Universidade Federal de Goiás
Orlando Afonso Valle do Amaral REITOR
Magno Medeiros DIRETOR
Angelita Pereira de Lima
COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO
Luciene Dias
COORDENADORA GERAL DO SAMAMBAIA
Alfredo José
Lucas Botelho Vinicius de Morais MONITORES
COORDENADOR DE PRODUÇÃO
Laboratório de Jornal Impresso II
Sálvio Juliano
Laboratório de Jornal Impresso I
EDITOR DE DIAGRAMAÇÃO
EDIÇÃO EXECUTIVA
PRODUÇÃO
Contato: Campus Samambaia | Goiânia-GO - CEP 74001-970 | Telefone: (63) 3521-1854 - email: samambaiamonitoria@gmail.com | Versão online no issuu.com/jornalsamambaia | Impressão pelo Cegraf/UFG - Tiragem de 1000 exemplares
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GOIÂNIA, DEZEMBRO DE 2015
- PROFISSÃO -
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VÍTIMAS DA INVISIBILIDADE SOCIAL
Lucas Botelho
TRABALHADORAS FALAM DOS PRECONCEITOS SOFRIDOS NA PROFISSÃO Reportagem LUCAS BOTELHO NATÁLIA MOURA Ediçãoe Diagramação ELISAMA XIMENES
Grande parte da comunidade acadêmica parece ignorar as dificuldaes das profissionais que lidam com a limpeza Claudete e Josineth trabalham na limpeza da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC). Ambas já protagonizaram casos de preconceito e invisibilidade. Claudete conta que sente diferença no tratamento das pessoas, quando veste a camiseta cinza e a calça azul. “Há uma discriminação, né? Tem pessoas que olham e fazem pouco caso da gente, mas tô nem aí”, ela reage. Claudete revela que começou esse trabalho há quatro anos por ter sido o que surgiu de imediato, quando veio de Brasília para Goiânia. Precisava continuar pagando a faculdade e não hesitou quando a vaga surgiu. “Não é humilhante, toda profissão é importante, eu precisava pegar algum serviço”, conta de forma espontânea. Atualmente, já formada em Serviço Social, ela espera ser demitida para que possa exercer a profissão de formação. Mesmo com bom humor, Claudete não conseguiu fugir de situações constrangedoras. Certa vez, um aluno desentendeu-se com a auxiliar, chamando-a pejorativamente de limpadeira de chão chão. “Eu posso até ser limpadeira de chão, mas eu tenho nome, e você está desprezando a profissão da gente”, respondeu. “Se a gente não estivesse aqui, em que ambiente você estaria?”, relembra a discussão. A auxiliar de serviços gerais afirma sentir-se invisível diversas vezes. “Quando você tá limpando mesmo, muita gente passa e não quer nem saber.” Mas a principal queixa no momento é só uma, “quero ser mandada embora”, conta, rindo. Josineth, de forma semelhante, não Lucas Botelho teve muita opção.
“Vim de uma família muito pobre, saí de casa muito cedo e tive que sustentar as minhas filhas, mas eu não tenho vergonha da profissão.” Ela completa, “às vezes a gente passa por algumas coisas muito desagradáveis com algumas pessoas na universidade, muitos aqui nem olham na minha cara, não conhecem a gente, só veem o uniforme.” E os casos continuam. “Tem um senhor também que fica com gracinha, fica pedindo para a gente engraxar o sapato dele”. Os casos mais frequentes, entretanto, vêm de outro grupo. “Quem mais trata a gente mal são os alunos, muitos não tem um pingo de educação”, acusa. Em meio a tantos problemas, o que mais entristece Josineth é não ser chamada pelo próprio nome. “Me chamavam por menina da limpeza, não me chamavam por meu nome, e é uma coisa que eu não admito, pois eu tenho nome, é só perguntar.”
Hoje, aposentada, Ivoni lembra bem como era atuar em uma empresa terceirizada de limpeza em Goiânia. “Eu trabalhava numa firma que se chamava JCS, mas prestava serviço em bancos”. Ivoni conta que a invisibilidade é algo real para quem trabalha com limpeza. “As pessoas tratam diferente, quase passam por cima da gente, fingem que não veem e olham torto porque é da limpeza”. Suas reclamações são o salário baixo e a falta de assistência social que os profissionais da limpeza enfrentam. “Eu ganhava um salario mínimo – na época R$ 136,00 – mais o vale transporte, só isso, e como nem comida eles davam, tinha vez que eu ficava com fome o dia todo”, protesta. BULLYING
A psicóloga Jessyca Rocha aponta que, quando o individuo não está ou não se sente inserido no meio social, diversos problemas emocionais podem se manifestar. “Depressão, desamparo, angústia, desilusão – isso tudo Quase passam por cima da gente, influencia tanto emocional quanto fingem que não veem e olham fisiologicamente e torto porque é da limpeza. leva a pessoa à necessidade de ajuda profissional”. IVONI DUTRA Jessyca conta que o “menosAposentada prezo do trabalho da pessoa em si PASSADO e o julgamento da incapacidade em crescer profissionalmente” também Engana-se quem pensa que os é considerado bullying, tanto no amproblemas relacionados à profissão são biente de trabalho quanto fora. Cabe atuais. Já na década de 80, uma senhoà sociedade, à empresa e aos órgãos ra vinda do interior e casada à força, só públicos investirem em meios de inconseguiu trabalho e liberdade com o clusão desses profissionais. “Existem emprego de auxiliar de limpeza. Essa é palestras coordenadas por órgãos a história de Ivoni Dutra, 65, natural de públicos para conscientizar e proAnicuns, cidade do interior do estado mover a inclusão na sociedade, assim de Goiás. O sonho de estudar foi impecomo existem palestras sobre violêndido pela morte de seu pai. Trabalhou cia, discriminação, e sobre bullying como auxiliar de limpeza por 17 anos. em qualquer ambiente”, completou.
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ão 5 horas da manhã e o despertador toca. Ela levanta, toma banho e passa um café. Acorda os filhos antes de sair de casa e vai para o trabalho. Assim começa o dia de uma funcionária de 34 anos, que prefere não ser identificada, responsável por cuidar – além da casa e dos quatro filhos – da limpeza de um prédio da Universidade Federal de Goiás (UFG). Uma colega, que também não quer o nome divulgado, descreve, com jeito calmo e voz mansa, sua rotina de limpar corredores, escadas, salas e banheiros. Conta que faz isso porque não conseguiu emprego em outros lugares. Mora perto do campus, tem o segundo grau completo e, em suas palavras, “não tenho que reclamar de muita coisa.” Considera que todos e todas a tratam bem, independente do uniforme ou da atividade que exerce. Entretanto, uma de suas companheiras de trabalho discorda desde o começo. Estudante do primeiro ano do ensino médio, a auxiliar de limpeza é negra e vê diferença no tratamento e na atitude das pessoas em relação a ela. “Às vezes fazem pouco caso de mim, você reconhece no olhar da pessoa, no agir, o que a pessoa quer dizer”, reclama a mulher. “Qualquer um percebe um ar de crítica, de superioridade, a pessoa pode estar com deboche mesmo”, completa. Apesar de visivelmente desconfortável e insegura, a mulher desabafa. “Não tem como citar alguém numa situação dessas, até porque são várias pessoas.” Com firmeza, ela continua. “Se eu estivesse aqui em outra posição, acho que com certeza iam me olhar diferente, com uma afinidade maior, e tudo seria bem diferente”.
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- SAÚDE -
SAUDAVELMENTE E A DEPRESSÃO NA UFG INSTITUIÇÃO QUER GARANTIR SAÚDE MENTAL E VIDA COM QUALIDADE Reportagem CALIPSO CARELINE Diagramação LUCAS BOTELHO
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ngressar em uma universidade pública é motivo de muita alegria e satisfação para alunos. Porém diversos fatores podem tornar a experiência estressante e cansativa, em muitos casos causando o adoecimento mental. A adolescência costuma ser conturbada para a maioria dos jovens. São momentos de decisões importantes e rompimentos. A necessidade de escolher uma carreira profissional cada vez mais jovem, e o consequente ingresso no mundo adulto, impõe uma pressão que, em determinados casos, contribui para um adoecimento mental. Junto com todas estas aflições, o adolescente se sente muito inseguro, sobre sua aparência, amizades, amores, convívio e não a toa tem crescido a preocupação com esta faixa etária da população. Ao perceber esta crescente deterioração da saúde mental, a Universidade Federal de Goiás criou em 2003 o programa “Saudavelmente”, aberto a alunos e servidores. A primeira iniciativa ocorreu em 1988 através de uma inciativa do serviço social que atendia apenas funcionários administrativos e professores. Para participar do programa, basta comparecer no prédio da PROCOM, atrás da CEU (Casa do Estudante Universitário), no Setor Universitário e agendar o seu “acolhimento” que será o primeiro passo para um acompanhamento psicológico. Para a psicóloga do programa “Saudavelmente”, Viviane Ferro, há uma
OITO SINTOMAS DA DEPRESSÃO QUE VÃO ALÉM DA TRISTEZA Problemas digestivos A dor na parte gastrointestinal é muito comum em pessoas com depressão. Em muitos casos, desenvolve-se a síndrome do intestino irritável, que causa dores abdominais, flatulência e mudanças do hábito intestinal. Dor de cabeça A depressão pode motivar dores do tipo cefaleia, que são inconscientes e se medicadas de maneira a ignorar o psicológico terão um alívio apenas momentâneo.
grande procura de atendimento por parte dos alunos do primeiro e último ano. Entre os recém-chegados, o principal temor é a adaptação. Há uma quebra de expectativa sobre como seria a experiência universitária, e os alunos ainda procuram a vivência do ensino médio. Muitos estudantes precisam sair da casa dos pais no interior do Estado, ou até mesmo em outras unidades federativas, para começar uma nova vida na capital goianiense. Com isso, as queixas, sobretudo entre os moradores da Casa do Estudante Universitário (CEU) tornam-se são recorrentes. Romper o cordão umbilical de maneira tão abrupta pode ser fator determinante para o adoecimento mental dos universitários. Na turma dos formandos, a aflição recai sobre a constante pressão da sociedade a cerca do sucesso profissional. De repente, um jovem que convivia grande parte do seu tempo no meio acadêmico se vê sozinho para desbravar o mundo. O medo é “deixar de ser estudante e se tornar estatística”, e a constante pergunta que passa a assombrar esse jovem é: e agora o que eu faço? Entre mestrandos e doutorandos há ainda o constante temor da relação “orientando-orientador”, o receio de não conseguir estabelecer grau satisfatório de comunicação ou de ver sua pesquisa parada. Para inúmeros pós graduandos ocorre o primeiro contato com a sala de aula, e junto com esta experiência surge a agonia, o nervosismo e em casos menos comuns o ataque de pânico. Segundo Viviane, no caso dos servidores ocorre um processo de adoecimento, ligado a dificuldade em outras esferas da vida, como as decorrentes de problemas financeiros, desajustes familiares, entre outros. O acompanhamento desses profissionais percorre um caminho mais longo, já que em média o tempo de serviço de um funcionário público é de trinta anos. Para a psicóloga embora o programa Saudavelmente já tenha se ex-
Distúrbios do sono Em pacientes com depressão é muito comum um sono de má qualidade. O paciente ou dorme demais, buscando no sono uma fuga de seus problemas, ou dorme pouco por não conseguir se desligar de sua realidade. Tensão na nuca e nos ombros A pessoa com depressão tende a fica constantemente em estado de alerta e isso se reflete em tensão na musculatura, principalmente da nuca e ombros. Cansaço ou fadiga Sintomas como fraqueza, cansaço, falta de ânimo e fal-
Fonte: Departamento de Saúde Pública do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
pandido e aumentado sua capacidade de atendimentos, ainda há um deficit se for considerado o tamanho da comunidade UFG, entre alunos servidores e professores. Viviane relata que tem percebido uma quebra no tabu a cerca das questões mentais e psicológicas. Para ela, os alunos têm dado o exemplo e procurado cada vez mais a ajuda profissional necessária, sem se preocupar tanto com os paradigmas sociais que negativizam as questões mentais. Já os professores demonstram resistência maior. Muitos procuram horários alternativos para que não sejam vistos enquanto são aconselhados ou atendidos. Por outro lado, Viviane alerta para a banalização da tristeza, “Em tempos modernos é proibido ao indivíduo ficar triste por um momento de sua vida ou preferir se isolar”. Segundo a psicóloga, a tristeza é normal e recorrente ao ser humano. Na vida de todos acontecem situações desagradáveis e a resposta natural é se entristecer, mas isso não significa que esta pessoa será diagnosticada com depressão.
BARREIRAS
ta de iniciativa para executar atividades do cotidiano é um sintoma comum entre pacientes com depressão.
também recorrente em depressivos, agrava a situação.
Mudanças no apetite e peso A depressão é frequentemente associada a transtornos alimentares, causando alterações no apetite, dessa forma a pessoa pode comer pouco ou em excesso. Dores no corpo Pacientes com depressão frequentemente se queixam de dores generalizadas, especialmente nas costas. O sedentarismo,
Marcela* (nome fictício), 19, conta que tem depressão a mais de dez anos, ingressar em uma universidade agravou sua ansiedade e nervosismo. “Antes de entrar na Universidade eu tinha uma visão pré moldada de como tudo seria e me decepcionei bastante, principalmente com as pessoas”. A universitária, que nunca se consultou com um especialista, relata ter receio de como será vista em casa. “Moro só com minha mãe e ela é muito atrasada em alguns aspectos, depressão para ela é coisa de gente atoa, doença de rico. Não quero procurar um tratamento e ser humilhada quando voltar para casa”, diz. A estudante, que até então não conhecia o programa “Saudavelmente”, afirma que pretende procurar ajuda em breve. Ela ainda acrescenta “Muita gente pensa que a depressão crônica nos deixa tristes o tempo todo, mas não é assim. Há dias em que está tudo bem, semanas inteiras sem nenhum surto, mas as vezes algo acontece e tudo desaba, porém tenho me esforçado para que minha condição não atrapalhe os estudos”, conclui.
Imunidade baixa A depressão leva o indivíduo à prostração, ele não se sente bem física e mentalmente, isso pode, de maneira indireta, interferir na imunidade. A adoção de comportamentos de risco como ingestão excessiva de álcool, tabagismo, uso de drogas, má alimentação e sedentarismo, todos fatores que interferem diretamente na imunidade, deixam o indivíduo mais vulnerável a infecções oportunistas, como gripes, resfriados e herpes.
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PROGRAMA DA
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GOIÂNIA, DEZEMBRO DE 2015
- COMPORTAMENTO -
M E N S T R U A Ç Ã O S E M TA B U Caroline Brandão
ALTERNATIVAS SUSTENTÁVEIS
AOS ABSORVENTES
O COLETOR – Preços variam entre R$79 e R$181, em função da durabilidade. Um coletor dura em média dez anos, se bem cuidado. Por ano, a mulher gasta cerca de R$100 com absorventes externos. Em dez anos, ela terá gasto R$1 mil. A economia pode ser de até R$920, considerando o preço do modelo mais barato.
DESCARTÁVEIS GANHAM ADEPTAS Reportagem CAROLINE BRANDÃO Edição e Diagramação LORENA LARA
– Para higienizá-lo, basta lavar com água e sabão neutro, e ao fim do ciclo, ferver na água quente por cinco minutos. Dependendo do fluxo, ele dura até 12 horas dentro do canal vaginal, podendo ser usado debaixo d’água e ao fazer esportes.
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BOM E BARATO A estudante universitária Fernanda Siqueira, 19 anos, usa o coletor menstrual há dois meses. Ela aponta o desconforto como principal causa para o abandono dos absorventes externos. “Tenho muita alergia e irritação quando uso absorvente. Tudo me incomoda. Fiquei sabendo dos coletores ao ouvir algumas meninas comentando e decidi entrar em grupo no Facebook para saber mais”.
– Como o sangue não entra em contato com o algodão do absorvente descartável, não há a presença do mau cheiro.
Ela afirma gastar bem menos do que com os tradicionais e aconselha: “Com ele você conhece mais o seu corpo, o seu ciclo menstrual, o seu fluxo. Você descobre o que te dá alergia ou não. Além do que, com ele, não sinto nada, nem parece que estou menstruada”. Fernanda revela, entusiasmada, que o copinho “não tem nenhuma desvantagem!” MARCAS Os coletores estão à venda principalmente pela internet. O produto não é facilmente encontrado em farmácias ou outras lojas, mas há empresas especializadas, como Holy Cup e a InCiclo - essa última disponibiliza em seu site endereços de lojas físicas. Jacqueline Silva, criadora da empresa Holy Cup, comenta que a empresa nasceu em 2013 e que é incrível participar desse processo. “São muitas as questões que entram em jogo ao decidir usar o coletor. É difícil questionar o que sua mãe e avó ensinaram, ou o que ainda dizem alguns médicos, deixando claro que não estudaram o assunto por
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Adepta do copinho, a estudante Fernanda Siqueira posa com o seu coletor mostrarem argumentos rasos”, declara. Ela afirma ser gratificante ver o resultado do que idealizou. “A ideia foi de que pelo menos as mulheres tenham ciência de que o coletor existe.” USO A reportagem entrou em contato com ginecologistas e órgãos de saúde, mas não foi encontrado profissional que pudesse dar informações quanto às alternativas aos absorventes tradicionais. Devido ao coletor ser uma novidade e uma opção diferente da recomendada nos consultórios, seu uso ainda não é abertamente comentado pelos médicos. Mesmo com poucos profissionais da saúde cientes dos coletores menstruais, há consenso entre as usuárias de que o produto não altera a flora vaginal. Segundo o site da fabricante Me Luna Brasil, o uso do coletor só não é aconselhável no período do pós -parto ou por mulheres virgens. As últimas até podem usá-lo, mas com certo cuidado para não romper o hímen, já que sua posição indicada é no começo do canal vaginal.
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Eu encontrei a solução de um problema tão velho quanto Eva
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ndispensáveis para as mulheres durante o período menstrual, os absorventes descartáveis começaram a ser comercializados no Brasil na década de 1930. Apesar de amplamente utilizados, são frequentes as reclamações femininas acerca do produto. Elas se queixam do desconforto causado, de alergias, vazamentos e até mesmo da produção de lixo. Mas, como o assunto menstruação ainda é tabu, a maioria das mulheres adere aos descartáveis como única solução disponível, ignorando a existência de alternativas. Uma das opções disponíveis é o coletor menstrual, ou, como é conhecido popularmente, copinho. Trata-se de um pequeno copo maleável feito de silicone, que se encaixa no canal vaginal e “guarda” o sangue expelido. Foi inventado em 1937 por Leona Chalmers, mas só recentemente ganhou adeptas. No começo era feito de látex, plástico que causou reações alérgicas. Atualmente é de silicone medicinal, produto maleável e resistente.
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LEONA CHALMERS Criadora do coletor menstrual
Arquivo pessoal
ABSORVENTES REUTILIZÁVEIS SÃO OPÇÃO Junto com o pensamento da sustentabilidade, existe outra opção para a higiene da mulher: os absorventes recicláveis. Externos e feitos de pano, vêm em vários modelos, todos coloridos. A carioca e economista Ellen Lopes é adepta dos reutilizáveis há seis meses e possui cinco deles, comprados por R$15 cada um.
Ela comenta que não gostava do cheiro dos absorventes tradicionais e da quantidade de lixo que geravam. Por isso preferiu parar de usá-los e apostar em uma opção mais ecológica. “A mulher não precisa ter nenhum cuidado diferente. Eu lavo uma vez após usar, uso em média um durante o dia e outro à noite. Esses absorventes são maravilhosos, nunca vazam”, afirma.
Ellen também comenta sobre a durabilidade dos produtos. “Pelo o que li, eles duram em média cinco anos, e por serem feitos de algodão são totalmente biodegradáveis”. Os absorventes de pano também são encontrados na internet: “É surpreendente como eles ficam limpinhos, nunca vi uma mulher reclamando ou querendo voltar para os descartáveis”, conclui.
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- direito -
justiça para quem precisa Projeto AJURIPH
Ao perceber tal cenário, a Arquiprejudicam a sociedade têm poder atender a todos os nomes mandados pela diocese de Goiânia e o curso de Direito aquisitivo para contratar advogados e Pastoral”, pondera. da Universidade Federal de Goiás não precisam recorrer à defensoria púO coordenador da Pastoral Carceauxilia presos sem UFG se juntaram para criar um projeto blica”, analisa Julia. rária, Ramon Curado, lamenta o proA necessidade do projeto foi percejeto não ter começado antes. Segundo acesso a justiça de extensão que ajude a mudar essa realidade. Assim surgiu a AJURIPH (Asbida também pela Pastoral Carcerária da ele, são muitas pessoas que necessitam sessoria Jurídica ao Preso HipossufiArquidiocese de Goiânia, que já prestava dessa ajuda. “São presos e presas que não e estimula empatia ciente), que tem como objetivo prestar serviço social a algumas penitenciárias têm seu direito garantido. O trabalho e recorreu à ajuda da faculdade. Muitos da Pastoral, especificamente, não é de de alunos da assessoria jurídica aos presos da Casa de Prisão Provisória de Goiânia (CPP) presos contatados pela Pastoral tinham cunho evangelizador, porque os presos, e da Penitenciária Coronel Odenir direitos não cumpridos, como liberdade na maioria, não são católicos. Nossa misFaculdade de Guimarães (POG), ambas da Agência provisória e até mesmo mandado de solsão é levar solidariedade e amor cristão a tura vencido, porém a impossibilidade Direito da UFG Goiana de Sistema de Execução Penal. pessoas que estão numa situação muito Alunos da faculdade podem entrar de a defensoria pública tratar todos os desfavorável”, comenta Ramon. O coorno projeto a partir do segundo período casos mantinha os processos dessas pesdenador também esclarece que o fato de Reportagem Yasmin Cabedo do curso, sob orientação das professosoas parados. Após o convênio das duas essas pessoas terem cometido crime não Edição JÚLIA PONTES ras Franciele Cardoso, Cláudia Loureninstituições, a Pastoral passou a enviar à exclui o direito delas de acesso à justiça, Diagramação LUCAS BOTELHO ço, Carolina Chaves e é nesse ponto que o e Cláudia Quintino. convênio com a UFG Segundo Julia Faipher, A postura do direito penal no Brasil tem presta assistência. realidade penal do Brasil é incoordenadora da AJUuma atuação discriminatória e seletiva, sustentável: o país tem a quarta RIPH, o projeto surgiu Prognóstico maior população carcerária do a partir da análise da bem próxima do clichê de que aqui mundo, segundo o Ministério Público realidade do Estado de Iniciada em nosó se prendem ladrões de galinha Federal, com mais de 600 mil presos, Goiás, que foi um dos vembro de 2015, a que vivem em situação de insalubridaúltimos no Brasil a ter parte prática não bede, em celas lotadas e sujas, com pouuma defensoria públiJULIA FAIPHER neficia somente os quíssimas chances de reinserção na ca instalada. Mesmo presos. O contato Coordenadora da AJURIPH sociedade. O quadro se agrava quando sem quadro completo, com a prática é extrese constata que muitos desses presos o órgão vem se empemamente importante não têm acesso básico à justiça, nem nhando em mudar a realidade penal faculdade, todas as semanas, nomes de para os alunos, que muitas vezes não conseguem ter seus direitos legais relocal. “É claro para nós que o direito, presos que necessitam da assessoria juríveem o direito penal fora da teoria ao presentados, pois a defensoria pública não só o penal, mas principalmente ele, dica prestada pelos alunos, que redigem longo do curso. O grupo do projeto é, não consegue atender a todos os casos. atende a demandas e interesses de cateas peças jurídicas, sempre com orientaem sua maioria, composto por mulheO resultado dessa equação são pessoas gorias sociais específicas. A postura do ção de professores, dando sequência ao res, fato que é mera coincidência para presas, muitas vezes sem julgamento, direito penal no Brasil tem uma atuação processo dos presos. Julia frisa que o proJulia. Mas a aluna Keilla Ingrid, particisem direito a liberdade provisória e, discriminatória e seletiva, bem próxima jeto não consegue cobrir toda a demanpante do projeto, conta que, apesar de muitas vezes, cumprindo penas mais do clichê de que aqui só se prendem lada. “São muitos presos que necessitam acidental, em algumas instâncias, o fato longas do que deveriam. drões de galinha. As pessoas que mais dessa ajuda e nós temos dificuldades em de ter mais mulheres atuando nessa área gera mais empatia em certos casos. “Em uma visita de outra matéria, uma mulher presa não via o filho há seis meses, pois a entrada de crianças na penitenciária estava suspensa. Seis meses sem ver a mãe é muito tempo para uma criança e isso faz com que a gente pense e tenha mais empatia em relação a pessoas naquela situação”, conta Keilla. Julia espera que o projeto consiga ajudar ao maior número de presos possíveis e conscientizar mais o corpo discente. “Aqui na faculdade a gente lida pouco com o lado humano do direito, que na teoria, deveria ser o foco principal. Muitos alunos sonham em ser promotores ou delegados, com um espírito de justiceiro da sociedade, esquecendo que a cabeça de alguém, um ser humano, vai para a guilhotina”, diz a aluna. A proliferação do ódio é outro aspecto que o projeto visa combater, indo de encontro à ideia de que presos sem condições financeiras são pessoas marginais e devem mofar na cadeia, como pregam vários meios de comunicação sensacionalistas. O projeto AJURIPH não se baseia em nenhuma religião específica: é integrado por alunos de diversas religiões e também por ateus. As estudantes Julia Faipher e Keilla Ingrid, participantes do projeto AJURIPH
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Yasmin Cabedo
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-CIDADE-
EM BUSCA DA FELICIDADE ANIMAL Rafaella Pessoa
reabilitação para animais abandonados nas ruas de Goiânia Reportagem Jhessyka Monteiro Roberta Rodrigues Edição Yasmin Cabedo LORENA LARA Diagramação Yasmin Cabedo
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tualmente é possível encontrar cães e gatos de rua perambulando por Goiânia. Às vezes os animais passam despercebidos, como parte da paisagem. Outras vezes sua presença incomoda algumas pessoas e, por isso, sofrem maus tratos, são agredidos ou mesmo mortos. O Centro de Controle de Zoonozes (CCZ) é um canil municipal onde os animais após serem capturados ficam por três dias esperando reclamação pelo desaparecimento. Caso não sejam procurados, são selecionados os que estão sadios e têm perfil para adoção. Estes entram para o programa de castração. São esterilizados e posteriormente postos à adoção. Os demais são sacrificados. O CCZ captura animais que apresentem zoonose ou que represente ameaça à sociedade. “Não temos dados do número de animais abandonados, porque para isso eles teriam que possuir chips. Lidamos com saúde pública”, informa um funcionário do CCZ. Em situação de frio, fome e sede, esses animais são recolhidos por protetores independentes e abrigos.
O profissional entende sua situação e facilita o atendimento dos animais, oferecendo serviço destinado exclusivamente a protetores, criadores e veterinários. Naiana procura a prefeitura apenas para obter vacinas contra raiva. “Um serviço de castração gratuita seria de imensa ajuda, assim como campanhas de conscientização sobre prevenção do abandono”, acrescenta. A protetora afirma não existir em Goiás políticas públicas de cuidados com animais. “Esse é um problema que precisa ser prevenido e combatido, não apenas arrastar esses animais para abrigos públicos, mas cuidar e evitar que o abandono aconteça, pois abrigo não é a solução, assim como o sacrifício desses animais também não”, conclui.
Viva Gato Malagueta, gatinha resgatada pelo Projeto Viva Gato DIFERENCIAL
Edionary Aguiar
Naiana Cruz, protetora independente de animais abandonados na cidade, é uma pessoa que faz a diferença. Abriga 44 bichos em sua casa, 36 gatos e oito cachorros, e ainda alimenta 12 felinos nas ruas. Para ela, os únicos responsáveis por essa situação são os donos dos animais abandonados, que, ao adquiri-los, deveriam pensar nos gastos, no cuidado necessário, no trabalho e na responsabilidade com os seres vivos. Naiana também aponta a necessidade de se castrar os animais ou impedi-los que tenham acesso às ruas, porque os filhotes certamente vão nascer nas ruas: “Castrar é um ato de amor, pois não existem casas para todos os bichos. Castrar não é crueldade. Ajuda
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a prevenir doenças como a piometra nas fêmeas, uma espécie de infecção uterina, e acalma muito os machos, evitando fugas”, explica. AJUDA Naiana não possui ajuda f ixa. C onta apenas com a compreensão de um médico veterinário.
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Esse é um problema que precisa ser prevenido e combatido, não apenas arrastar esses animais para abrigos públicos, mas cuidar e evitar que o abandono aconteça NAIANA CRUZ
Protetora independente
N o ta d e Fa l e c i m e n t o
comunidade acadêmica da UFG comunica com pesar o falecimento do cão comunitário do Campus II, conhecido como Linguinha. Nosso amigo canino levou uma vida difícil, foi negligenciado, vivendo nas ruas e nos parâmetros do Câmpus. Chamou atenção do corpo discente por dormir com a língua de fora, origem de seu nome. Era querido pelos alunos e odiado por outros habitantes do campus, os macacos. Os alunos amavam e conviviam com Linguinha, porém o cão não
O projeto Viva Gato é uma organização não-governamental que trabalha e funciona com a ajuda de voluntários e doações. O grupo hoje abriga mais de 70 felinos. Monik Bats, colaboradora do projeto, relata: “Os animais são resgatados por algum voluntário do projeto Viva Gato”. Algumas vezes eles estão tão fracos e famintos que fica fácil pegá -los e levá-los ao veterinário.
possuía tutor, assim como outros cães comunitários, que assim são chamados devido a terem vários “c ui d ad ores”, p oré m ne n hu m responsável. Linguinha morreu devido a uma insuficiência renal, 3 semanas após ter sido adotado por uma aluna da Universidade. O amigo deixará saudades, tendo ganho um mural em sua homenagem dentro do Câmpus II e sua morte levanta a discussão do abandono e negligência de cães dentro da Universidade.
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Linguinha
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Outras vezes os animais estão ariscos ou assustados demais, e aí são usadas armadilhas conhecidas como gatoeiras para a captura”. Os animais resgatados só são colocados para adoção depois de serem vacinados, castrados e vermífugados, além de obterem atestado de saúde emitido pelo veterinário responsável. “Os adotantes também assinam um termo de responsabilidade e nós acompanhamos a adoção para saber sempre se está tudo certo”, diz Monik. Para arrecadar fundos extras, o projeto promove eventos em Goiânia, como o Meow Tattoo e Viva Doce, onde a renda é revertida para cobrir os gastos do abrigo.
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UNIDAS PA PRIMAVERA DAS MULHERES EMERGE CONTRA A INTERVENÇÃO DO ESTADO SOBRE O CORPO FEMININO Reportagem NATÁLIA MOURA Edição ELISAMA XIMENES PALLOMA BIASI Diagramação VINICIUS PONTES ELISAMA XIMENES
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m todo o Brasil, mulheres têm articulado protestos contra o Projeto de Lei 5069/13. Nas redes sociais, grupos feministas de diversas cidades organizaram atos que pedem, além da não aprovação do PL 5069, a saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, autor do projeto. Campanhas como Mulheres Contra Cunha e Primavera das Mulheres dominam os tópicos dos principais sites de interação social, blogs e jornalismo. O projeto de lei em questão tratase da alteração ao Decreto nº 2.848, de dezembro de 1940. Se aprovado passa a ser crime o anúncio de método abortivo e o auxilio/instigação do aborto a mulheres grávidas. Além disso, a agressão só será considerada estupro caso resulte em danos físicos ou psicológicos às mulheres. Elas terão que passar por um exame de corpo de delito para comprovar o crime antes de receber atendimento médico. ASSISTÊNCIA
Símbolo do Feminismo protagonizava os cartazes
Lucas Botelho
A ginecologista Maria Laura Porto, coordenador do Ambulatório Girassol do Hospital e Maternidade Dona Íris para vítimas de violência sexual, afirmou em um artigo destinado a imprensa, que as mudanças feitas pela PL 5069/13 dificultarão o acesso da vítima de estupro à prevenção. Além disso, complica a interrupção da gravidez indesejada, o que implicará também no aumento de casos de
Manifestação em Goiânia levou para as ruas
abortos clandestinos e na taxa de mortalidade das mulheres. Maria Laura Porto também apontou as dificuldades que os profissionais de saúde terão para ajudar essas mulheres. “O mesmo Projeto prevê penas específicas para quem ‘induzir a gestante vítima de violência sexual à prática do aborto”. A profissional também conta que isso limita “a competência dos Serviços de Assistência às Vítimas de Violência Sexual, que promovem a estas mulheres, acesso à prevenção da gravidez indesejada e ao Aborto Previsto em Lei”, afirmou. GOIÂNIA Na quarta feira, quatro de novembro de 2015, as mulheres de Goiânia foram à rua para protestar contra a aprovação da PL 5069/13 e pelo fim das decisões do Estado sobre o corpo feminino. O evento foi organizado pelo Coletivo Feminista UFG com parceria com outros coletivos da capital. Lívia Freitas, técnica administrativa da Universidade Federal de Goiás, atuou diretamente na organização do ato. “Nós aqui em Goiânia começamos a nos articular no meio da semana e juntamos várias mulheres de coletivos feministas universitários, mulheres independentes, autônomas e de todas as idades”, contou. Mariana Lopes Barbosa, feminista e técnica administrativa da UFG, expõe a importância desses atos na situação atual do país. “Eu acho que a gente tem mostrar a luta agora porque depois que isso passar vai ser muito mais difícil de ser revertido e o Eduardo Cunha
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- MOBILIZAÇÃO -
Lucas Botelho
ARA DERRUBAR O PL 5069/13
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s centenas de mulheres e apoiadores da causa, um dos clamores populares foi a queda do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
precisamos começar desde a barriga, desde a hora que o bebê nasce, desde a escolha do parto”, afirmou. Lana também conta que soube do Ato e da PL 5069/13 através das redes sociais e diante das demandas, pensa que as mulheres devem seguir unidas. “É cada vez mais importante que as mulheres se unam, acho que a sororidade tem que florescer”. E completa “se queremos um mundo melhor a gente tem que começar agora, e tem que começar pelas mulheres”. Seguidas pela Polícia Militar e pela Secretária Municipal de Trânsito (SMT), o ato durou aproximadamente duas horas. Após a caminhada foi realizada uma plenária na Praça Universitária para saber da sequência do movimento e discutir encaminhamentos.
O QUE MUDA SE A PL 5069/13 FOR APROVADA? HOJE Toda forma de violência sexual é considerada es tupro.
COM A PL 5069/13
Só é considerado estupro se houver dano físico ou psicológico a vítima.
ssário Não é nece orpo de exame de c var o pro delito para vado em estupro, é le só o ão consideraç ítima. v a d relato
Para se deve r atend exam prime ida a m ir u e de e de cor o fazer lher u pois p um o de de m b l ito o ocor rênc letim de ia.
Qualqu profission er al de saúd e pode info rmar sob r e o aborto le vítimas d gal a e estupro .
Hospitais serão bre desobrigados de avisar so às al método de aborto leg vítimas de estupro.
e estante pod Apenas a g e d a c or práti ser presa p al. aborto ileg
Lucas Botelho
tem feito, não só esse, mas vários ataques às mulheres”. Mariana também conta que o movimento feminista tem tomado espaço na capital. A militante credita o crescimento à marcha das vadias de 2012. Ao som de gritos e cantos com temática feminista, aproximadamente mil pessoas se reuniram em frente à Assembleia Legislativa de Goiânia e seguiram rumo à Praça Universitária. Em meio ao trajeto mulheres, homens e até crianças seguravam cartazes e faixas contrárias à aprovação do PL 5069/13. A Terapeuta Corporal e Doula, Lana Paula Luna, compareceu ao ato. Acompanhada de seus filhos Joana e Pedro. “Os meus filhos estão aqui porque eles precisam desde cedo entender como é que funciona a sociedade e se a gente quer transformá-la,
Fonte: Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ)
e pessoa qu Qualquer instigar a u induzir o métodos a te n ta ges resa. ode ser p nal p s o v io aborti s um profis Caso seja u se a gestante o de saúde
for menor de 18 an os, a pena é agravada e va ria de seis meses a três anos.
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- CULTURA -
CELEBRAÇÃO À ARTE POPULAR COMUNIDADE É CONVOCADA A
INVADIR OS ESPAÇOS ACADÊMICOS E CELEBRAR A CULTURA POPULAR Reportagem ANA LUÍZA ANDRADE LARISSA ARTIAGA Edição ELISAMA XIMENES VINICIUS DE MORAIS Diagramação VINICIUS DE MORAIS
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na Dirino não está para brincadeira quando diz que a Universidade pertence ao povo. A estudante de Direito e Bruno Borges, estudante de História, ambos da UFG, reuniram-se no amor à arte e transpiraram para deixar a agenda goiana recheada. Bruno comenta que o interesse por atividades culturais tem crescido em Goiânia: “Eu acho que existe um cenário cultural acessível, porém ainda é algo muito restrito por não haver de fato um interesse que leve esses espaços para toda a comunidade goiana.” A inspiração veio de Florianópolis, dos estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que já realizaram a festividade duas vezes e assim, atentos para a importância da valorização da arte em comunhão com a participação social, importaram o evento, buscando a diversidade nas apresentações. CONTRATEMPOS
Com o evento, os artistas tiveram a oportunidade da exposição e do reconhecimento regional de seu trabalho. É o caso da ilustradora Luisa Plaza dos Santos, que ensina suas técnicas de aquarela em uma oficina. Luisa aguardou ansiosa um momento para expor seu portfólio. Ela acrescenta que “o mais legal é o incentivo que o evento traz à artistas amadores”. Uma das atrações foi a Banda Erotori que, “inspirada na tradição do povo indígena Guarani, celebra a vida por meio do canto coletivo, em roda e de mãos dadas”. Paula de Paula, integrante do grupo crê que são os próprios estudantes que devem propor e criar esses espaços de dialogo com a comunidade. “O governo e as entidades não farão isso por nós”, complementa. A cantora pensa que “nos acomodamos nos eventos (criados) no facebook” e que é necessário repensar sobre meios de atingir um público mais amplo. Uma boa opção seria o convite feito pessoalmente à comunidade que abriga as escolas públicas no entorno dos locais do evento, sugere Paula. Ana Dirino aposta que o sucesso do evento está mesmo na diversidade. “Tem um dia só de forró e outro com rap e cada oficina tem um tema diferente”.
Banda Erotori é inspirada na cultura do povo indígena Guarani.
Por JÚLIA PONTES
ESTRUTURA PRECÁRIA Uma iniciação científica que está sofrendo com a falta de estrutura é a realizada pela Faculdade de Odontologia da UFG (FO-UFG). O objetivo do projeto é desenvolver um medicamento que trate da candidíase, mas que cause menos efeitos colaterais. Muitos pacientes sofrem muito não só com a doença que possuem, mas também com o próprio tratamento. Os efeitos colaterais podem ser extremamente desgastantes e severos, deixando a pessoa bastante debilitada. Estudar a redução desses efeitos é importantíssimo, mas até quando a falta de estrutura das universidades públicas vai continuar inviabilizando projetos tão primordiais?
LACUNAS
RECOMPENSA
Reprodução
Como todo planejamento, os problemas tiveram vez e os goianos quase perderam a festa. O evento que chegou a ser embargado pela Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) por problemas acústicos no Diretório Central dos Estudantes (DCE), no Setor Universitário. O DCE em parceria com o Motim Cultural, o grêmio do Instituto Federal de Goiás (IFG) e os estudantes da Universi-
dade Estadual de Goiás (UEG), desenvolveram o projeto praticamente sem orçamento próprio e com pouco apoio. Os espaços para a realização da SAPo foram conquistados mediante longos e cansativos diálogos com a reitoria da UFG e com as prefeituras de Goiânia e da Cidade de Goiás. Bruno classifica a realização do evento na capital como um desafio. Pretendendo atrair tanto a participação voluntária dos artistas, quanto conquistar o apoio da universidade na disponibilização de espaços. Outro ponto interessante é que nenhuma das bandas recebeu cachê e, ainda assim, “várias (bandas) nos procuraram para tocar”. A proposta é que desde as oficinas até os shows sejam completamente gratuitos.”
EXTEN DENDO
Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) constatou que o câncer de pele é o mais frequente no Brasil. A taxa da doença corresponde a 25% de todos os casos de tumores no país. Pensando nessa estatística, fica mais fácil entender a atividade da iniciação científica realizada na Faculdade de Farmácia da UFG (FF-UFG). Levando o nome de Nanotecnologia na área de cosméticos, o projeto estuda a formulação de um protetor solar nanoestruturado, com melhor capacidade de proteção. É interessante e muito significativo, principalmente no cenário brasileiro, mas a expectativa logo diminui quando se pensa não só na quantidade extensa de testes a serem feitos, mas também na burocracia exaustiva que existe entre o laboratório e o mercado.
SEM RETORNO O GETA (Grupo de Estudos em Tecnologia Agrícola) é um grupo de estudo que funciona na Escola de Agronomia da UFG (EA-UFG) e tem o foco no plantio de alimentos, reduzindo os custos com tecnologia. Como o grupo é novo, há a necessidade de patrocínio para adubos e insumos agrícolas em geral para que a produção comece a ser realizada. Porém, a dificuldade para conseguir esse auxílio é enorme e apenas alguns professores possuem certa influência para ganharem esse benefício. “As empresas não arrumam nada sem visar lucro ou algo em troca”, revela um dos alunos participantes do grupo. Tudo acaba sendo uma grande ironia porque o que temos no mercado já passou um dia pelo meio acadêmico. É um ciclo, e o mínimo que deveria haver era uma retribuição sem pretensões lucrativas.
VIGILÂNCIA No dia 25 de outubro deste ano, vimos o caso de um detento que tentou fugir do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia usando máscara de idosa e roupas femininas. A fuga não obteve sucesso porque um dos seguranças desconfiou da forma como a “senhora” caminhava. Diante de tal situação, podemos ver a necessidade e a utilidade de um dos projetos realizados na área de inteligência artificial no Instituto de Informática da UFG (INF-UFG). A proposta é elaborar um método de identificação automática das pessoas por meio do seu caminhar, através de biometria. A ideia seria muito eficiente na segurança, mas será que há meios suficientes para projetos como esse saírem do meio acadêmico?
Reprodução
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-ESTÉTICA-
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Mais que aparência, uma questão de identidade caCheadoS, crespoS e afro RESISTEM AO ao racismo Reportagem Arícia Leão Ludimila Mendonça Edição ELISAMA XIMENES Diagramação ELISAMA XIMENES
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s cabelos são um instrumento forte de expressão da personalidade e um traço marcante da aparência das pessoas. Mas a questão das escolhas capilares vai além da estética. As mulheres são levadas a pensar que cabelos lisos são mais bonitos e aceitáveis. Esse processo de impregnação de tal pensamento é todo o tempo reforçado pelos meios de comunicação. Grandes cabeleiras lisas estampam as fotos das revistas femininas. Atrizes de TV e modelos das passarelas, na maioria das vezes, apresentam o visual liso. Influenciadas por essas informações que bombardeiam as garotas desde muito jovens, as mulheres sentem
dificuldade em admirar a beleza de um modelo de penteado diferente. Por isso, assumir um cabelo crespo é uma questão afirmativa. Força A estudante de jornalismo Mileny Cordeiro diz que apesar de sempre admirar as cacheadas e reconhecer a beleza dos cachos, em certa época foi convencida de que o alisamento a deixaria mais bonita. “Desde pequena sempre lidei bem com o meu cabelo, sempre gostei dele, na adolescência resolvi fazer selagem porque colocaram na minha cabeça que ela amenizava o volume e que facilitava os cuidados com o cabelo”. Ela conta que ficou triste com o resultado, porque o procedimento alisou seus cachos. A autônoma Paula Tamires também precisou se fortalecer para simplesmente deixar os cabelos naturais. Lembra o quanto o processo é difícil pois os comentários acabam atingindo a auto-estima das mulheres. Ela conta o motivo de ter deixado de lado os alisamentos “entre muitos acontecimentos, me senti mais segura para assumir minha verdadeira identidade.” Paula também comenta que começou os processos químicos capilares para se sentir mais aceita pela sociedade.
Transição Uma das complicações no processo de transição – do liso para o cacheado – é fazer as pessoas entenderem que o cabelo liso é tido como mais bonito por uma questão de imposição de padrão. “Muitos me criticaram dizendo que meu cabelo era lindo como era (liso), e colocam minha auto-estima lá em baixo, como se assumir um cabelo afro fosse uma coisa muito errada”, lamenta Mileny. A diferença de textura entre a parte alisada e os cabelos naturais também é um incômodo durante a transição. Milleny relata que o que mais me incomodava eram os comentários de pessoas próximas sobre o cabelo em transição. Preço Mileny fala que não gasta muito pra manter a textura original dos cabelos e que essa conversa de que os cachos muito trabalho é um discurso permeado por racismo. “A verdade é que o cabelo cacheado, o cabelo crespo, ainda é visto como indomável, bagunçado, cabelo ruim” e afirma “a verdade é que isso é racismo, muitas pessoas acham que é difícil cuidar do meu cabelo, mas não é”. Paula discorda. Ela acha que os produtos de alisamento são mais acessíveis,
no sentido de que são difíceis de encontrar. “Os de alisamento de qualidade são bem mais acessíveis que os destinados a manter os cachos”. O mercado oferece muito mais alternativas para quem quer alisar, do que quem quer deixar os cabelos naturais. Daí a necessidade de mais pesquisa pra encontrar esse tipo de produto. Riscos Os processos de alisamento são violentos e oferecem riscos para a saúde. O uso descuidado de produtos – como o formol – por salões de beleza é muito comum, apesar das recomendações dos órgãos de saúde. A facilidade de acesso a esses produtos pode colocar em risco inclusive a saúde das crianças. Milleny fala do que acontece em sua família, “hoje as pessoas fazem selagem em casa! As minhas tias fazem selagem nos cabelos das minhas primas de sete e oito anos, eu acho um absurdo!”. Mileny lembra que “cabelo crespo não é questão de moda, mas sim uma questão política, de se posicionar contra esse racismo que destrói muitas mulheres”. Mulheres que têm cabelos assumidos, ou estão em transição, ou com uma ponta de vontade de voltar à textura natural, todos os dias, ouvem comentários sobre sua aparência e têm de aprender a tapar os ouvidos para muitos deles.
ENCRESPA GERAL em goiânia Por ELISAMA XIMENES
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om a proposta de repensar o lugar da negritude afirmada pelo cabelo crespo, Goiânia recebeu no dia 22 de novembro, na Feira da Estação, a quarta edição do Encrespa Geral. As atividades do dia envolveram
oficinas, exposições, dança, história e relatos. De acordo com a coordenação do Encrespa em Goiânia, Andressa Lopes Cherem, é muito gratificante ver a estética negra sendo afirmada e reafirmada em atividades como esta.
Página Oficial Encrespa Geral Goiânia
CabeloS
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- CULTURA -
ARTE URBANA DÁ VIDA ÀS CIDADES GRAFFITIS E
MURAIS nas ruas despertam O olhar reflexivo
ckers, cartazes e esculturas: tudo é arte nesse movimento. Um exemplo da pluralidade da arte urbana é o que o artista britânico Bansky (ver box) expoente nessa área, expôs na Dismaland. A instalação artística é uma sátira dos parques da Disney. Lá, a Cinderela tem sua carruagem capotada, numa alusão ao acidente que matou a Princesa Diana, e várias das obras parecem criticar o modelo capitalista em que vivemos.
capacidades inatas para a área e contar com o incentivo do governo.”
Alline Flores
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Polêmica
Em maio desse ano aconteceu das pessoas em Goiânia o Festival Bananada, que Reportagem Alline Flores promove shows de Edição CARMEM CURTI bandas nacionais e Diagramação Carmem Curti INCENTIVO internacionais e ouLUCAS BOTELHO tras ações culturais. O Professor Ricardo Santos, forEntre as ações, um uas mais coloridas e interação enmado em História pela Universidamural foi pintado tre indivíduos e espaço urbano. de Federal de Goiás, é graffiteiro por em uma das paredes Essa é uma das princiais caractehobby. Ele tem obras espalhadas pela do prédio principal rísticas da arte de rua - a street art -, que a Marginal Botafogo e Avenida Leste-Odo Centro Cultural cada dia ganha mais popularidade. este na capital goianiense. Oscar Niemeyer. A arte de rua engloba todo tipo de O docente se interessou pela arte Os autores da manifestação artística desenvolvida em ainda criança e até cogitou a possibilidaobra, a dupla de deespaços públicos. Trata-se de uma forde de uma formação específica, mas designers goianienses Stencil de El Mendez em Goiânia. ma alternativa de comunicação dentro sanimou com os obstáculos financeiros. conhecida como da sociedade que, além de ornamentar discussão se embasou no que é ou não Mesmo não se dedicando excluBicicleta Sem Freio, Douglas Pereira e espaços coletivos, busca causar reflearte. Na época, um texto anônimo cirsivamente à arte, convive com muitos Renato Reno, foram muito elogiados e xões com o seu caráter subversivo. culou na internet criticando o trabalho amigos que usam o graffiti como proo mural amplamente fotografado duAs obras não seguem um padrão dos designers. O escrito continha a fissão. Ele sintetiza a fórmula do sucesrante o Bananada. estético definido - a street art é conafirmação de que “O painel é design so de um profissional de artes plásticas: Mas isso não agradou a todos. O siderada uma arte livre. Pintura 3D, e design não é arte, mas, sim, decora“para viver de arte, o artista tem de ter painel passou a receber algumas críticas, instalações, projeções de vídeos, stição”. A alegação causou indignação nas como a de que a obra redes sociais. profanava a arte do arEm entrevista ao site ideafixa, o proquiteto que dá nome dutor cultural Fabrício Nobre, responao lugar, e que a essável pelo evento, afirmou acreditar que trutura da construção o pedido de retirada do mural tem mais não deveria fugir a a ver com ciúmes de uma velha guarda seus propósitos. artística em relação a uma nova geração. A edificação, contudo, foi construída em 2006 e proVOCÊ SABIA? jetada para ser uma biblioteca, mas nun– Bom exemplo da característica militante da arte urbana são as obras do ca funcionou plegraffiteiro, diretor de cinema e pintor namente, por aprebritânico Bansky. Sua identidade real é sentar problemas desconhecida - o que incitou a curiosiestruturais. Além das dade das pessoas, tornando-o famoso. goteiras presentes, o prédio não compor– Com latas de tinta e humor sombrio, taria o peso das esBanksy faz críticas políticas à sociedatantes e livros. de e a guerra. Seus graffitis aparecem No mesmo mês, em ruas, paredes e pontes por todo um debate públimundo, de Londres à Palestina. Usa a co decretou que o técnica de Stencil, na maioria das vemural deveria ser zes, que lhe garante rapidez para não ser pego. apagado. Toda essa Cartaz “Mais amor por favor” e grafite feito com Stencil, ambos no Centro de Goiânia. Alline Flores
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Além do viés subversivo e crítico, este estilo de arte também pode tornar cidades mais bonitas e humanas. É isso que “Galeria Noturna” está fazendo na Avenida Goiás, em Goiânia. Criado e coordenado pelo produtor cultural e artista plástico Gutto Lemes, o projeto é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura (Secult) de Goiânia, em
parceria com empresários e entidades ligadas ao comércio local. De acordo com Ivanor Florêncio, titular da Secult, “a proposta do ‘Galeria’ é inserir Goiânia no cenário mundial da Arte Urbana e atrair as pessoas de volta para o centro da cidade”. No projeto, as portas das lojas são transformadas em grandes painéis, pintados por artistas plásticos e grafiteiros goianos.
A artista plástica Berly Oliveira participou da Galeria Noturna decorando um dos espaços disponíveis , entende que a repercussão do projeto foi de extrema importância para ela. Ela considera que, além da revitalização do centro, a iniciativa propôs uma cidade mais bonita e humana, além do incentivo à população goiana a desenvolver uma nova
Alline Flores
Galeria Noturna no centro da capital
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- ESPORTE -
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malhar no campus ficou mais fácil
Carlos Siqueira
inauguração do Centro de esportes traz oportunidades e humanização Reportagem Gabriela Alves Edição ÁLVARO CASTRO MATHEUS FERREIRA Diagramação LUCAS BOTELHO
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Centro de Esportes UFG atende docentes, discentes, técnicos e comunidade em geral ções entre alunos e servidores e aos poucos, tornou-se um ambiente de convivência, lazer e troca de aprendizados, pois o acesso é aberto a pessoas com experiências muito diferenciadas e em momentos distintos de suas vidas. Prática
to receptivo à comunidade acadêmica e aos moradores da região: “Quanto a disponibilidade da quadra o lugar merece nota máxima. Como o meu curso é noturno, ter a opção de jogar depois das aulas é fantástico.” A qualquer momento, os interessados podem procurar o local e se inscrever na modalidade e horário desejados, para garantir uma vaga, o acesso é totalmente gratuito e confortável, pois o centro de esportes
Estudante de Ciências Sociais e praticante de futsal às terças e quintas, Wellington Vinícius acompanhou O nosso trabalho aqui não envolve a evolução do só o exercício físico, é mais uma centro de esportes como morador conversa, um convívio do bairro Itatiaia, onde se localiza LARA SILVA o Cecas. Registra Monitora da academia que o local é muiArquivo Centro de Esportes UFG
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m setembro a inauguração do Centro de Esportes Campus Samambaia (Cecas-UFG) completou um ano. Localizado ao lado da Casa do Estudante (Ceu5), o prédio tem uma grande academia e um ginásio poliesportivo que contribuem para buscando desenvolver e instigar a prática de exercícios físicos e lazer na comunidade acadêmica e local. Segundo Lara Silva, estagiária da academia do Cecas existe uma lista de espera e reserva para as modalidades mais procuradas, como musculação, treino funcional e ergométrico, futsal, basquete e badmiton, todos oferecidos no horário de funcionamento do Cecas, de 7 a 22 horas em dias úteis. Elcio Junior, coordenador do ginásio do Cecas, explica que a grande procura é um dos motivos para o balanço positivo das atividades previstas e desenvolvidas no local. Outro ponto favorável é que o local é utilizado para treinamento de equipes que representam a universidade, como a Federação Goiana de Desporto Universitário (FGDU) e a Confederação Brasileira de Desporto Universitário CBDU). O espaço também é requisitado para festivais esportivos e competi-
Academia do Centro de Esportes mantém equipamentos para várias atividades
possui vestiários, com duchas e armários. Técnico de Engenharia da UFG, Jessé Miranda Silva comenta que se matriculou com facilidade e logo foi chamado. Ele frequenta a academia no horário do almoço desde o início de 2015: “Pra mim é ótimo, pois cuido da minha saúde no meu intervalo de trabalho.
Considero positivo mesclar minha vida aqui com os exercícios físicos, ainda mais com a ótima estrutura que se têm lá.” Oportunidade Para a manutenção do centro de esportes foi necessário abrir de vagas de trabalho e estágio na área de Educação Física. Assim, tornou-se possível vincular profissionalmente os próprios estudantes da UFG às atividades esportivas ali desenvolvidas. Estudante do 4º período de Educação Física na Faculdade de Educação Física e Dança (FEFD), Lara Silva soube da oportunidade de estágio ao praticar musculação no Cecas. Contemplada com uma vaga de monitora, atualmente ela trabalha na própria academia. A universitária comenta que sempre desejou participar da área de ensino de práticas esportivas e ali está sendo possível desenvolver habilidades para tal. “O nosso trabalho aqui não envolve só o exercício físico, mas também o contato professor-aluno. Ninguém me procura como personal trainer, é mais uma conversa, um convívio,” conta. Vinicius Souza, estagiário há três meses no centro de esportes, diz estar aprendendo muito com a oportunidade. “Quando me falaram da vaga topei, na hora. Fiz a entrevista, fui aprovado e logo comecei a trabalhar como monitor da quadra. Agendo horários, dou apoio nos jogos,” diz.
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- LAZER -
RUGBY DESPERTA PAIXÕES GOIANAS Fanpage UFG Rugby
O esporte já formou dois times em Goiás, o Goianos Rugby Clube e o UFG Rugby
Projeto O capitão revela que o projeto dentro da faculdade surgiu após a inserção do rugby em um campeonato interdisciplinar, o InterUFG pois, vários alunos já eram adeptos à modalidade. “Daí surgiu o interesse dos professores Marcel Gustavo Freuneu e Juracy Guimarães, ambos da Faculdade de Educação Física, para começarem o projeto de ensino básico do jogo na faculdade. Hoje o projeto ainda existe com o ensino juvenil e infantil do esporte e as equipes principais treinam em horários distintos”. Mateus afirma que, atualmente, o time principal e o projeto trilham caminhos diferentes, já que este não tem fins de competição. Por sugestão da Faculdade de Educação Física (FEF), foi criado o “Projeto de Rugby” e os times que levam o nome da instituição para as competições fazem parte dele. “Nós criamos um clube para podermos participar não só de competições universitárias, mas também de competições amadoras”, explica Catenassi.
Equipe feminina mostra que o esporte não é só para o público masculino O Time de Engenharia inaugura a modalidade praticada por mulheres em 2009. O intuito era competir no Torneio das Engenharias do Centro Oeste, o TECO, e os treinos eram realizados na Escola de Engenharia da UFG. Durante a competição, algumas atletas entraram em contato com o Goiânia Rugby Clube (hoje, Goianos Rubgy Clube). “Depois do TECO, algumas atletas se interessaram em continuar treinando, e se juntaram com as meninas do Goiânia”, conta a capitã Laís Magno. Assim, oficializava-se o primeiro time feminino de Rugby no Estado. Dois anos depois, algumas atletas iniciaram um movimento para formar um time na UFG. Laís conta que a iniciativa deu certo, permitindo que homens e mulheres vinculados à universidade treinassem no UFG Rugby. “No entanto, os times masculino e feminino só se consolidaram neste ano, com a participação e vitória no Campeonato Brasileiro de Sevens.
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O time do Goianos se concentra na modalidade de XV, ao passo que as equipes da UFG focam na Seven-a-side, que permite a inscrição de até doze jogadores nas competições. Devido ao intenso condicionamento físico exigido, os atletas se preparam bastante, dentro e fora de campo. Os treinos de uma hora e meia acontecem três vezes por semana e é onde são estudados e praticados passes e situações de jogo. Como complemento, os jogadores adotam atividades como crossfit e musculação Campeonatos O Goianos Rugby já disputou, neste ano, três campeonatos nacionais, o LDU Rugby 7’s, do qual saíram campeões, o Berlândia Sevens, levando a medalha de prata e, o Circuito Goiano de Sevens, cuja competição ainda está em andamento, sendo a próxima etapa a ser realiza-
Um jogo de ogros jogado por cavalheiros MATEUS CATENASSI Capitão do UFG Rugby
equipes Atualmente, Goiânia conta com dois times, o Goianos Rugby Clube, fundado em 2010 e o UFG Rugby. Segundo Mateus, as duas equipes possuem relação estreita, já que membros do UFG competem, também, pelo Goianos. Mateus explica que há duas modalidades no Rugby, o XV e o Sevens (ou seven-a-side). “A primeira joga com 15 jogadores iniciais na partida e dois tempos de 40 minutos e a segunda com sete jogadores iniciais e dois tempos de sete minutos”.
Dificuldades Apesar da visibilidade no cenário esportivo, o time de Rugby em Goiás ainda enfrenta algumas dificuldades e praticamente paga para se manter. Segundo Mateus, o apoio da UFG ainda é pequeno, oferecendo à equipe espaço de treino para um dia na semana, o campo da Faculdade de Educação Física, além do salário de 6 meses do treinador. Os treinos são realizados nas tardes de sábado, das três e meia até antes do Sol se pôr, já que o campo não tem iluminação. Para complementar o preparo e não ficar com apenas um treino semanal, as equipes precisaram buscar alternativas. Para isso, os times masculino e feminino treinam, nas noites de quarta feira, no clube da Assesgo – Associação dos Serviços da Saneago. Cada atleta precisa desembolsar R$10 para pagamento do campo e, com o dinheiro, os times ainda tentam adquirir mais material para treino que, por enquanto, é escasso. As dificuldades, porém, não superam os benefícios da prática do esporte. Além do espírito de cordialidade e respeito ressaltado por Mateus, há a melhoria na qualidade de vida em geral, já que o esporte trabalha com força, resistência, velocidade e raciocínio rápido. Além disso, como ressalta Laís, os benefícios também estão incutidos nos exercícios praticados durante os treinos e na alimentação voltada para os resultados satisfatórios. Fanpage UFG Rugby
Rugby, esporte de origem inglesa trazido para o Brasil no século XIX, tem conquistado cada vez mais adeptos em Goiás, talvez pela similaridade de regras com o futebol. Tanto que os adeptos já disputam diversos campeonatos no Estado e em outras regiões. Mateus Catenassi comenta que a adesão à modalidade é explicada pela cordialidade por trás da agressividade, um “jogo de ogros jogado por cavalheiros”, expressão que define bem o esporte. O capitão do UFG Rugby conta que seu primeiro contato com o esporte foi em 2007, através de um amigo recémchegado da África do Sul, trazendo a novidade para o Brasil. “Eu praticava judô, que prega quase os mesmos princípios de vida, mas, me apaixonei rapidamente pelo rugby”, conta Catenassi. Segundo ele, a modalidade é regida por princípios como o respeito, disciplina, paixão, solidariedade e espírito de equipe.
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Reportagem Cynthia Costa Luciana Gomides Edição ELISAMA XIMENES Natália Esteves Diagramação Natália Esteves
da em Caldazinha. Neste ano, o time ainda participa do Pequi Sevens, em Brasília e Cuiabá, e o SPAC Lions, projeto do Clube SPAC de São Paulo, no mês de dezembro. De acordo com a capitã do time da UFG, os circuitos femininos de Sevens proporcionam a participação de equipes de várias regiões, devido ao caráter itinerante das disputas. Ao todo, os times viajaram por várias regiões do país, passando por São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia, além de receber competições na capital goianiense, o que mostra a difusão do Rugby em território nacional, angariando cada vez mais adeptos.
Apesar da recente fundação, o time UFG Rubgy já coleciona medalhas
samambaia
GOIÂNIA, DEZEMBRO DE 2015
- ESPORTE -
Toco y me voy
GOIANIENSES APROVEITAM FINS DE SEMANA COM NIEMEYER GOIÂNIA OFERECE
Por MATHEUS FERREIRA
ESTÁDIO OLÍMPICO
São mais de 3 anos de “obras”. Por 3 vezes a inauguração foi cancelada. Ao passar pela avenida Paranaíba, podese perceber que tudo está muito longe de um final. Além do futebol, o Estádio Olímpico seria um ponto importante para o atletismo em todo o estado. O descaso do poder público com esse caso não dá esperança para uma solução rápida. Enquanto isso, o histórico Olímpico continua como um fantasma cravado no centro da capital.
Para alguém que mora nas redondeza, lembrar que faz mais de dez anos desde a última partida no Estádio Olímpico dá uma grande tristeza. Sim, mais DEZ ANOS do clássico Vila Nova e Goiás, em 27 de fevereiro de 2005. E quando pensamos que agora ele volta, sofremos novas desilusões e nada da obra ficar pronta. Goiânia precisa do Olímpico, faz parte da história da cidade. A reforma está quase pronta, Mas sermos iludidos mais uma vez?
VILA NOVA Um ano para nenhum torcedor colocar defeito. Se 2014 foi veio dois descensos consecutivos, 2015 a redenção chegou com 2 acessos. Vencer a Divisão de Acesso do Goiano foi mais que a obrigação. Já retornar à Série B foi uma batalha desgastante mas vitoriosas. Pontos para a diretoria comandada por Gustavo Veronez, para o grupo de jogadores que demonstraram muita força na Série e, principalmente, ao torcedor vilanovense, o mais fiel do estado. O Vila será forte em 2016!
Machucado, com o orgulho ferido, mas sempre ao lado do time. Esse foi a tônica do torcedor colorado. E foi ele quem reergueu o Vila do fundo do poço, após um 2014 com dois rebaixamentos. Apoiou nas arquibancadas e foi a mão de obra na reforma do Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, literalmente. Os frutos vieram, colhidos e plantados pela torcida, que agora comemora. O Tigrão está no caminho certo. Caminho trilhado por milhares que provaram merecer ainda mais alegrias.
GOIÁS Se do lado vermelho de Goiânia a festa está garantida, pelo lado verde as coisas não andam bem. O título do Goianão foi uma obrigação, constatada até mesmo pelos torcedores. O período de crise financeira e austeridade continuaram em 2015. O Goiás não demonstra a mesma força de outrora, não é mais temido jogando do Serra Dourada. Pelo segundo ano seguido a pior média de público da Série A e com a eminente chance de cair para Série B. As eleições para presidente no final do ano serão decisivas para o Verdão. Reage, Goiás!
Se tem algo de bom a ser retirado de bom do ano esmeraldino é como não agir na gestão de um time de futebol. Seguidas trocas de técnicos, contratações de jogadores desconhecidos que não acrescentaram ao elenco, negociações sem sucesso de atletas, profissionais sem experiência em cargos importantes de direção, aposta em jogadores da base que ainda não estavam preparados para jogar no time principal. E o que dizer da polêmica entrevista do Hailé Pinheiro? É preciso mudar muito para 2016...
DIVERSAS OPÇÕES DE CULTURA E LAZER NO FIM DE SEMANA Reportagem CESAR FONTENELLE Edição CAROLINE MENDONÇA Diagramação CAROLINE MENDONÇA
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epois de uma semana estressante de trabalho e estudos, os moradores de Goiânia têm procurado alternativas para relaxar com a família e amigos, longe movimento dos shopping centers. Para isso, o Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), espaço situado no setor Fazenda Gameleira, na região sul da capital, recebe semanalmente diversos eventos que atendem à demanda cada vez maior por lazer e cultura na capital. Inaugurado em março de 2006, o CCON é um complexo de espaços culturais com 26 mil metros quadrados. O Centro é formado pela biblioteca, Museu de Arte Contemporânea (MAC), Palácio da Música Belkiss Spenzièri, Monumento aos Direitos Humanos e pelo espaço mais utilizado pelos goianienses, a Esplanada Juscelino Kubitschek. ESPLANADA
A esplanada Juscelino Kubitschek (JK) é um espaço de cerca do 20 mil metros quadrados, destinado a exposições, apresentações artísticas, eventos, shows e lazer. O acesso ao local pode ser feito pelas rodovias GO-020 e BR-153 e conta com estacionamento para 473 automóveis, mas quem pretende lá chegar via transporte público encontrará dificuldade, já que não há linha de ônibus com itinerário próximo ao Centro Cultural. Para os que conseguem chegar à esplanada JK, a diversão é garantida.
Pessoas de diferentes pontos da cidade se encontram para andar de patins, skate, e bicicleta ou para soltar pipa e tomar um sorvete. Quem não levar seu próprio par de patins, não tem desculpa para ficar só olhando, pois há bancas de aluguel desses brinquedos, além de equipamentos de segurança.
O aluguel de um par custa R$ 10 por hora e, para garantir as segurança, vale a pena desembolsar mais R$ 5 pelo mesmo tempo. “Minha amiga e eu alugamos um par de patins e equipamentos de segurança por uma hora. Ela usou por meia hora e eu durante os outros 30 minutos”, ensina a estudante Carolina Otto, 21 anos, para quem quiser economizar. FESTIVAIS Na esplanada ocorreram os dois principais festivais de música de Goiânia em 2015. Os festivais Bananada e Vaca Amarela trouxeram para o CCON atrações como Caetano Veloso, Karol Conka, Fresno, Emicida e Criolo. A grande afluência de público em ambos eventos mostram o interesse dos goianienses por eventos desse tipo. Os festivais proporcionaram à população finais de semana com arte urbana, debates sobre a cena de festivais independentes, festas e, claro, muita música. ALTERNATIVAS Para os que não conseguem chegara facilmente ao CCON, há outras opções de eventos culturais e de lazer espalhados por diferentes pontos da capital. Novos grupos têm surgido com o objetivo de proporcionar um final de semana agradável à população. Um exemplo, é o Grande Hotel Sound System, organizado por amigos do Coletivo Casa de Música, que leva música, arte e dança à Avenida Goiás, na região central da cidade. A primeira edição do evento ocorreu em 27 de setembro e reuniu centenas de adultos, jovens e crianças. Reprodução
Por ÁLVARO DE CASTRO
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Espaço é utilizado como opção de lazer por pessoas de todas as idades
Palloma Biasi e Nayara Urzêda
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samambaia
GOIÂNIA, DEZEMBRO DE 2015
OLHARES UMA ARTE MILENAR A dança do ventre é uma das danças femininas mais antigas que se tem registro. Há milhares de anos, mulheres ancestrais criaram movimentos para homenagear deusas geradoras da vida. Essa dança teve vários sentidos ao longo do tempo, mas continua a ser um caminho para a sabedoria e é o que propõe as aulas oferecidas pela Faculdade de Educação Física e Dança da UFG, em que mulheres vibram e ondulam seus ventres em busca de autoconhecimento e transformação de si mesmas.