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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, dezembro de 2011 - 1a quinzena

Renda dos ricos supera a dos pobres em 39 vezes no Brasil É o que aponta o Censo do IBGE de 2010, divulgado no dia 16 de novembro último. Segundo esses dados, os 10 por cento mais ricos no País têm renda média mensal 39 vezes maior que a dos 10 por cento mais pobres. Ou seja, o pobre, isto é, o que tem renda mensal que não passa de R$ 137,06, terá que trabalhar durante três anos e três meses para atingir os R$ 5.345,22, considerada a renda média mensal de um integrante do grupo dos 10 por cento de ricos. O Censo ainda indicou que metade da população de 101,8 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais de idade e com algum tipo de rendimento em 2010 recebia até R$ 375,00 por mês, valor inferior ao salário mínimo oficial em 2010 de R$ 510,00.

www.jornalsolidario.com.br

Ano XVII - Edição N o 599 - R$ 2,00

Natal: esperança de paz

Imagens: Divulgação

Punições devem ser justamente equilibradas Inquietante e problemática é a punição que se generaliza, mas ela não tem gravidade se for apenas pontual, porque é preciso lembrar: "Pais perfeitos não existem". Página 3

Família e escola: lições de uma nova era Muitas vezes enxergamos com olhar utópico a possibilidade de voltarmos para casa e olharmos atentamente a agenda dos filhos e, com um olhar terno (quase impossível em dias de sobrecarga), perguntar como poderíamos ajudá-los ou corrigi-los em erros pertinentes à educação. Página 5

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le nasceu para inverter a lógica bélica de paz através das armas. Veio para propor a antítese do dente por dente, olho por olho, que ainda vigora no mundo atual e que não permite passar um ano sem alguma guerra. Sua mensagem profunda só pode ser entendida e posta em prática por corações libertos de todo o mal e revestidos de fraternidade sincera e verdadeira. Só assim, o “Feliz Natal” faz sentido. Páginas centrais

Esta edição tem a impressão patrocinada pelo

COLÉGIO ANCHIETA de Porto Alegre

Leia matéria na contracapa


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Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Editorial

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Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

Por que o sonho não se realiza?

humanidade está cansada de violência, de perseguições, de retaliações, de guerras, uma mais estúpida e inútil que a outra. Estúpida, porque, quando se analisam honestamente os objetivos de uma guerra, nenhuma encontra justificativa racional; inútil, porque jamais, na história humana, se construiu paz sobre cadáveres... Talvez o cansaço e uma indignação global possa tornar-se o motor de uma rejeição total a todo tipo de violência e de guerras em nossa casa comum, o planeta Terra. Será possível imaginar ou sonhar com o dia em que, num campo de futebol ou numa rua de uma cidade qualquer, um ponta-pé, um soco ou qualquer gesto de violência tenha a reação imediata de todos os que veem a agressão e o agressor sofra uma vaia tão estrondosa que o leve a jamais repetir seu gesto indigno de uma pessoa humana!? Há dois mil anos, uma criança, nascida nos arredores de uma pequena cidade da Palestina, sonhou o sonho de um mundo sem violências e sem guerras, sem ódios e sem vinganças, sem injustiça e sem exclusões, sem ganância e sem explorações... sonhou o sonho de perdão, de justiça, de amor e de paz para toda a humanidade. Ao longo da sua vida e da sua história, esta criança de Belém anunciou um Evangelho cujo conteúdo central é exatamente este sonho. O mundo continua celebrando o seu nascimento, o seu “natal”, ano após ano. Um terço da humanidade é “batizada” no batismo deste sonho possível. E vem a pergunta que não quer calar: por que o sonho não se realiza? Onde foi que a humanidade errou e continua errando para tentar explicar o que foi que aconteceu e continua acontecendo para que um sonho tão belo, capaz de trazer alegria e felicidade a todos, não acontece!? Algumas respostas são óbvias: não se constrói a paz sobre ameaçadoras ogivas nucleares, não se constrói a paz com desigualdade econômica e social, não se constrói a paz enquanto alguns poucos gastam na festa de um dia o que um trabalhador não ganha num ano de trabalho, não se constrói a paz enquanto alguns países se acreditam melhores que outros e se julgam com o direito de impor normas e sanções contra outros, supostamente inferiores ou “perigosos”. Também não se constrói a paz familiar enquanto, em pleno século XXI, o homem se julga superior e dono da mulher, enquanto os pais acreditam terem direito de propriedade sobre os filhos, enquanto, na família e na sociedade, não se volte a “perder tempo” com as pessoas do seu entorno familiar e social. Este é o Jesus, a criança de Belém, a ser esperado e celebrado neste Natal: um Jesus que sonhou um mundo de perdão, de amor e de paz e que continua buscando, como há dois mil anos, corações humanos capazes de igualmente sonhar este outro mundo possível, amando ao próximo como a si mesmos. Nas páginas centrais desta edição, o Solidário traz o testemunho de alguns corações que já sonham o sonho de um mundo irmão... (attilio@livrariareus.com.br)

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

Dezembro de 2011 - 1a quinzena

RTIGOS

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

A vida humana

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odos os seres vivos, desde os vegetais, passando pelos animais até chegar ao homem, se espalham, de acordo com suas resistências, pela face da terra, respeitando os elementos básicos: os peixes na água, os pássaros no ar e os animais e homens na terra. Todos são, de algum modo, exóticos, e podem também tornar-se nativos em qualquer lugar. Nem os vegetais, através das sementes, levadas pelo vento, pelos pássaros, pelas marés e pelos homens ficam confinados a um único território. As aves migram, os animais se locomovem e os homens se espalham por toda a terra, a pé e através de muitos meios de transporte que inventam. O ser humano, dotado de inteligência e vontade, depositário de uma capacidade interior, põe-se diante do universo, diante da vida, diante de si mesmo, diante dos outros e diante de Deus. Tem consciência de suas relações e as vai ampliando ao infinito. Traz o mundo inteiro para dentro de si, a ponto de se constituir num microcosmo. Vai ao encontro deste mundo para aperfeiçoá-lo e subjugá-lo. Procura tornar humano o universo, pelo conhecimento, fazendo-se uma ideia dele. Integra-o em sua vida, pela vontade e pelos sentimentos. Ama e aprecia este mundo e, consequentemente, descobre e acolhe seu Criador. O universo, bem como o organismo vivo, que constitui o substrato de sua vida, se afigura como um mistério e um enigma a ser decifrado. Com sua capacidade de intelecção, o homem vai tentando desvendar seu segredo. Tudo o que se lhe apresenta aparece como questionamento. Lança-lhe uma pergunta a ser respondida.

A primeira pergunta lhe põe o tempo, constituído de presente, passado e futuro. Passado até onde? Futuro até quando? Daí a questão do início e do fim. Sem uma resposta adequada a estas duas perguntas, o presente se afigura sem contexto e sem intelecção. A segunda pergunta se faz acerca do espaço. Vai até onde? Está fechado ou aberto? Afinal, onde estamos? Como situar-nos neste universo? A terceira pergunta se refere ao movimento. Sentimolo ao nosso redor e dentro de nós. Constatamos diariamente o nascer e o pôr do sol; a lua apresenta fases; as estações se revezam; as chuvas caem e nós mesmos mudamos... A quarta pergunta se dirige à vida: nascemos e morremos. Somos gerados e temos capacidade de gerar. Constatamos as gerações de antepassados. Como começou? Quando terminará? Ou seja, de onde veio e para onde vai a vida? As plantas e os animais também vivem e experimentam estes movimentos. Mas não os questionam. Nem sabem que existem. Por que o ser humano se pergunta sobre tudo isto? Como responde às suas interrogações? Existe uma idade da infância que se caracteriza pelos porquês. É quando desperta a razão e se procura uma explicação. A rigor, esta idade acompanha a vida humana até seu fim. Torna-se, em alguns momentos, especialmente de crise, mais angustiante e até patética. Sem uma resposta adequada aos grandes interrogativos da vida não se vive. A própria razão, coadjuvada pela experiência de muitas pessoas que despertaram para seu uso, vai respondendo aos quesitos fundamentais. A primeira atitude é de questionamento diante da realidade. A segunda, após o devido esclarecimento, é a aceitação criteriosa. Aplicamse as soluções encontradas. Para o que não há solução, corre o provérbio que solucionado está, o que equivale à necessidade de uma aceitação de quem se conforma por razões superiores ao que pessoalmente consegue explicar.

O Cristão e o Dízimo Rinaldo Alberton

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Advogado e pastoralista

s discípulos de Jesus foram chamados de Cristãos pela primeira vez em Antioquia (At 11,26). A graça de Deus estava presente naquela Comunidade. Para ajudar a Comunidade de Jerusalém necessitada, os discípulos de Jesus não promoveram rifas, bingos, festas e bailes, visando ao lucro, mas fizeram uma coleta (At 11,29-30), partilhando os bens na gratuidade, na generosidade e na solidariedade. Nas primeiras comunidades cristãs, a partilha de bens não se limitava à décima parte de tudo (dízimo), os cristãos, vale enfatizar, “colocavam em comum todas as coisas” (At 2,44), “tudo era posto em comum entre eles” (At 3, 32). O Dízimo, como Palavra de Deus, sofre, hoje, uma forte concorrência das promoções paroquiais que, além de não serem bíblicas, não são nada evangelizadoras. E isso, ainda, não está sendo percebido pela maioria de nossas lideranças pastorais e administrativas. Nas rifas e bingos, basta ter o dinheiro e a “fezinha” da sorte para que essas promoções garantam, para alguns,

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

o prêmio material, para muitos, a frustração silenciosa. Porém, o mais grave é quando as lideranças insistem em disponibilizar nas festas e promoções a bebida alcoólica que favorece a dependência, contribuindo para as tragédias no trânsito e um aumento da violência doméstica, gerando dor, sofrimento e desagregação familiar. Diferente é o Dízimo que, como coisa consagrada (Lv 27,30.32) e por sua prática consciente e partilhadora, alimenta a fé cristã, é caminho de graça e de bênção(Ml 3,10). Por sua força evangelizadora, o Dízimo premia a todos com bens espirituais, intrínsecos à gratuidade, à solidariedade e à generosidade, valores plenificados por Cristo em seu Mistério Salvífico. As festas e promoções paroquiais, quando são submetidas à lógica do mercado, visando ao lucro, afastam o sentido cristão, dispensam a fé e excluem da mesa do salão os pobres e os necessitados. Promover a celebração da fé, recuperando sentido da festa, é dever de cada cristão. Abandonar a lógica do mercado e acolher a lógica do Evangelho é compromisso de todo discípulo missionário de Jesus Cristo. A partilha de bens através do Dízimo permite, hoje, sermos dignamente chamados de Cristãos, como em Antioquia, pois a graça de Deus está presente, não no lucro de nossas promoções, mas na gratuidade da Partilha Comunitária.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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Dezembro de 2011 - 1a quinzena

AMÍLIA &

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OCIEDADE

Punições justamente equilibradas Deonira L. Viganó La Rosa

Que tipo de punição será mais adequada?

A sanção reparadora é a mais benéfica, porque confronta a criança e suas responsabilidades: consertar o objeto que estragou; colocar em ordem uma peça desarrumada; limpar um móvel sujo; comprar com renúncias pessoais um brinquedo que estragou de seu amigo e doá-lo; pedir perdão e convidar a criança ofendida para merendar em sua casa... As punições sempre têm de ser equilibradas em relação à falta e não se deve reprimir da mesma maneira um atraso, um insulto ou uma maldade feita a outra pessoa. A punição deve estar relacionada à gravidade da falta, indiretamente, à escala de valores posta pelos pais.

Um último recurso

Escrito em base a artigo de Anne-Laure –Gannac : “psycologies.com”

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Em artigo já publicado no Solidário sobre o tema “Punição”, informei que daria continuidade à reflexão. Alguns itens em relação a este assunto serão abordados a seguir. Gabriella Fabbri/sxc.hu

A qualquer idade, as privações são as sanções mais eficazes. Necessário se faz distinguir a privação: é importante visar as atividades estéreis (privar de TV, jogos de vídeo, saídas, uso de determinada roupa ou brinquedo...) e não privar os filhos das atividades que lhes permitam desenvolver-se ou lhe sejam vitais (esporte, arte, alimentação). Boas são as punições que engajam o corpo: arrumar, limpar, levar o lixo. Por quê? Porque a finalidade de uma punição é aliviar a criança de sua culpa; ela sabe que agiu mal. Fazendo um esforço, ela se liberta psicologicamente do peso de sua culpa. Ela se desgasta para pagar sua dívida. Estas punições são, sobretudo, válidas para crianças de mais de cinco anos. No que concerne aos pequenos, a presença e a atenção de seus pais são sua principal satisfação, por isso é suficiente privá-los por alguns minutinhos desta presença para que se sintam bem punidos.

O essencial é que a punição fique rara A punição só deve acontecer como último recurso, quando relembrar a regra e dar explicações se torna insuficiente. Caso contrário, corre-se o risco de entrar em relação conflituosa permanente e o pai (ou a mãe) fica constrangido (a) a buscar a punição a toda hora.

Educar é responsabilizar

As melhores punições serão sempre aquelas que servem a esta responsabilização. Como? O mais adequado é antecipar : “Quero que arrumes o quarto. Se não o fizeres, não irás ao parquinho hoje”. Trata-se de incitar a criança a obedecer de maneira racional. Se ela desobedece? “Não se negocia. Fica-se no que foi acertado antes”. Multiplicar as ameaças de punição e não aplicá-las é o melhor meio de não conseguir fazer-se obedecer. Este princípio implica que as ameaças devem ser bem mensuradas e que antes de colocar a punição, o pai ou a mãe se

assegurem que será capaz de aplicá-la. Às desobediências previsíveis juntamse todas as teimosias e enfrentamentos que atingem os nervos dos pais. Nestes momentos em que a paciência não pode ser contida, o melhor meio de evitar uma reação brutal é enviar a criança para o quarto. Isto deixa um tempo à criança para refletir sobre seu comportamento e aos pais para se interrogarem sobre a necessidade e a escolha da punição. Discutir com o parceiro pode se útil para adquirir confiança em si e agir sem excesso.

Se a punição se torna o único meio de fazerse obedecer, significa que a autoridade não se estabeleceu. Significa que o pai/mãe não soube impor naturalmente sua autoridade. Neste caso, não se pode hesitar em procurar um especialista. Lembramos que, se hoje a punição não é mais diabolizada como no tempo do “proibido proibir”, ela tampouco deve ter o gosto de revanche, ou prejudicar a criança. Inquietante e problemática é a punição que se generaliza, mas ela não tem gravidade se for apenas pontual, porque é preciso lembrar: “Pais perfeitos não existem”.


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PINIÃO

Erguei as mãos!

Presentes de Natal Carmelita Marroni Abruzzi

Dom Hélio Adelar Rubert

Professora universitária e jornalista

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Natal parece nos inspirar os melhores sentimentos e emoções. Tornamo-nos mais sensíveis ao outro, ao belo, às ações de amor e solidariedade. E isto ocorre quando se trata dos verdadeiros sentimentos de Natal, em que o Menino, em sua manjedoura, nos fala de uma linguagem diferente daquela que o consumismo desenfreado joga sobre nós, dando a falsa ilusão de que, quanto mais se compra e presenteia, mais felizes nos tornamos. Dar e receber presentes é bom, principalmente quando eles expressam o carinho de quem presenteia. Sentimo-nos queridos, lembrados. Mas há também outro tipo de presente que pode permanecer conosco por muito tempo. E é desses que nos fala o escritor Ignácio de Loyola Brandão, em sua crônica no “Estado de São Paulo” (17/dez./2010), ao contar o presente que acabara de receber: o e-mail de dona Maria Olímpia, uma senhora de 78 anos, com quem trocara correspondência, há 40 anos, num concurso de contos de uma revista feminina: ele considerara bom o conto que ela enviara e sugerira modificações pra melhorálo; a resposta da leitora demorou a chegar, ela contou que escrevia em condições adversas, depois de certificar-se que o marido dormia (ele a proibira de escrever e até rasgara seus escritos). Na época, a correspondência terminou interrompida, mas Loyola Brandão escrevera numa das últimas cartas: “Pelo amor de Deus, não pare de escrever! Nunca!” Então, segundo o escritor, o e-mail de dona Maria Olímpia, 40 anos depois, foi uma das melhores coisas deste e dos últimos anos: “Dentro de mim, você colocou a semente da coragem para continuar tentando... Estou com 78 anos e, hoje, viúva,... sou uma escritora. Já vendi 600 exemplares de meu livro...Sou “Chef de cozinha”... ao fazer 80 anos, deixarei a cozinha e trocarei a colher pela caneta... quero agradecer a você o bem que me fez com seu apoio e estímulo”... Como esse, os presentes de Natal se multiplicam ao nosso redor, mas nem sempre os reconhecemos, pois os imaginamos em pacotes coloridos, envoltos em grandes laços. Entretanto, eles nos chegam de diferentes maneiras, como na mensagem de uma pessoa agradecida, nas boas notícias de familiares ou amigos que se recuperaram de alguma doença grave ou de outros que conseguiram um emprego há muito esperado..., nas palavras de estímulo que nos levam a superar momentos de desânimo... Enfim, são presentes tão significativos que representam verdadeiras bênçãos. E, então, é o momento de voltar nossos olhos para o Menino no Presépio e agradecer todas as coisas boas que recebemos neste ano que termina. (litamar@ ig.com.br)

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Arcebispo de Santa Maria

a preparação duma Romaria da Medianeira, um casal se aproximou solicitando a bênção para o filhinho que, enfermo, erguia as mãos e olhava suplicante. No meio da multidão, erguia as mãos para a oração, como o conhecido ícone da “Virgem Orante”, que expressa uma característica importantíssima de Maria, Mãe de Deus e nossa. Não é difícil imaginar a cena da Anunciação do Anjo, que o filme “Jesus de Nazaré” retratou apenas como silêncio contemplativo, no qual o olhar e o movimento das mãos e dos braços pronunciavam as palavras do diálogo conhecido de todos, quando a humanidade dizia, em Maria, “faça-se em mim segundo a tua palavra”, abrindo-se para que, em seu ventre virginal o Verbo se fizesse carne. Pouco depois, irrompia na casa de Isabel e Zacarias o cântico daquela que é bem-aventurada por ter acreditado, o Magnificat. Só de começar a cantá-lo, erguem-se os corações e os braços, tamanha a riqueza de conteúdo bíblico e de compreensão profética da realidade humana, explosão de sabedoria nos lábios de uma jovem formada na escola da oração, própria dos pobres de Javé. Moisés, de mãos erguidas e sustentado pelos braços por dois homens (Êx 17, 8-12), manteve-se em oração durante toda uma jornada. A vitória para o povo de Deus veio da perseverança na oração. Sempre chamados à oração, diálogo com Deus, todas as suas necessidades foram apresentadas ao Senhor, mesmo sendo muitas vezes um povo contumaz em seus pecados, cabeças duras a serem continuamente alertadas pelos profetas, enviados para endireitar os caminhos, apontando para a vontade de Deus e alimentando a esperança da chegada do Messias. O Apóstolo São Paulo, que não cessava de orar pelas suas comunidades (Cf. Cl 1, 9-13), recomendava a erguer mãos santas, sem ira nem contenda, fazendo

súplicas, orações, intercessões, ação de graças, por todas as pessoas, pelos reis e pelas autoridades em geral, em vista de uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e dignidade, coisa boa e agradável a Deus, nosso Salvador. Ele sabia que Deus quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. A todos fazia voltar os olhos para aquele que é o único mediador entre Deus e a humanidade: o homem Cristo Jesus (Cf. I Tm 2, 1-8). No correr dos séculos, também o povo do novo Israel de Deus, conquistado no Mistério Pascal de Jesus Cristo, continua chamado à oração. No tempo da Romaria vivemos uma oportunidade inigualável para o aprendizado da oração. Vemos mãos erguidas, abençoadas em nome do Senhor, mãos calejadas pelo trabalho, mãos suplicantes de detentos por entre as grades das prisões. A linguagem eloquente das mãos, sabe Deus, com quantas promessas escondidas ou agradecimentos que ficarão no segredo dos corações. Nessa Romaria, queremos cantar muitas vezes: “O Senhor fez em mim maravilhas. Santo, Santo, Santo é o seu nome” (Lc 1,49). Nossa Igreja em Romaria quer ser como os dois homens que sustentaram Moisés em oração, dizendo a todos os que clamam do mais profundo de suas angústias que a oração vale e chega ao coração do Deus Uno e Trino! Com os mais diversos grupos de Igreja que entraram na escola da Oração, como o Apostolado da Oração, a Legião de Maria, a Renovação Carismática Católica e a surpreendente e promissora novidade dos últimos anos chamada Grupo de Oração do Terço dos Homens, ao lado de outras realidades igualmente orantes de nossa Igreja, queremos assumir o compromisso da intercessão recomendada por São Paulo, rezando uns pelos outros, não só na Romaria, mas contínua e incessantemente. E com a Virgem, Mãe e Medianeira de Todas as Graças, queremos dar graças continuamente ao Pai do Céu, por Cristo, nosso Senhor e Salvador e pela força do Espírito Santo.

Túneis cinzas ou verdes? Beto Moesch Vereador*

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arborização pública em Porto Alegre iniciou-se na metade do século 19, mas os plantios se intensificaram a partir de 1930. Com a participação dos moradores da cidade, que também se dedicaram a cultivar árvores em suas ruas, hoje podemos contar com diversas vias que formam belíssimos túneis verdes. Tendo em vista conservar esses bens públicos, concebemos o Projeto de Lei dos Túneis Verdes. A iniciativa busca declarar como Áreas de Uso Especial cerca de 70 ruas e avenidas da Capital – pouco mais de 1% do total da cidade – com árvores cujas copas se unem formando túneis vegetais. Assim, a flora desses logradouros deverá ser perpetuada. Diferente do “tombamento” – que impediria o corte das árvores –, a medida proposta autoriza, de forma excepcional, eventuais remoções, desde que ocorra plantio compensatório na região de origem. No entanto, a Câmara Municipal perdeu a oportunidade de aprovar o Projeto de Lei no Dia da Árvore. Definitivamente, fácil é degradar; o desafio continua sendo, preservar. Está comprovado que a melhor maneira de combater as mudanças climáticas nas cidades é plantando e cuidando das árvores. Além disso, a vegetação concorre

para amenizar a temperatura, diminuir a poluição atmosférica e sonora, evitar alagamentos, abrigar a fauna e conter os ventos. E, é claro, forma uma aprazível paisagem que exerce saudável efeito psicológico. Nossa Capital é pioneira em tutelar e proteger seus túneis verdes, processo que se iniciou em 2006. Hoje, existem 17 vias declaradas, por decreto, como Áreas de Uso Especial em função da riqueza de sua vegetação. Tal status foi oficializado porque a relevância ecológica, cultural, histórica, turística e paisagística dos túneis verdes é, de fato, incontestável. A arborização, para uma cidade, é tão importante quanto avenidas, viadutos, sistemas de transporte, edifícios, esgotos pluvial e cloacal, metrô, aeroporto e demais intervenções urbanísticas. Tanto é que o conceito de florestas urbanas já vem sendo desenvolvido e aplicado às mais evoluídas metrópoles do Brasil e do mundo. Em virtude disso, urge reconhecer esses patrimônios naturais no ordenamento jurídico de Porto Alegre. Afinal, até mesmo os taxistas estão relatando que inúmeros visitantes pedem para conhecer nossos célebres túneis verdes. Prova disso é que esses logradouros já estão entrando na rota da Linha Turismo da Prefeitura. Então, o que estamos esperando? (Artigo também veiculado em ZH) *O autor é também advogado e foi secretário do Meio Ambiente de P. Alegre


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DUCAÇÃO &

SICOLOGIA

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Família e escola: lições de uma nova era Odete Conceição Brandão Vidor Psicopedagoga e Terapeuta Familiar

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unca houve na história tantos avanços tecnológicos como os que presenciamos hoje: celulares possuidores de alta tecnologia, aparelhos televisores com funções há pouco impensáveis, internet, webcam e outras tantas bugigangas que surgem com tal frequência que fogem à nossa contagem. Vencemos a gravidade e rasgamos o céu indo de Sidney a Dubai, enquanto saboreamos frango e assistimos ao seriado favorito. Comunicamo-nos, por vídeo e áudio, com o parente que viajou e está do outro lado do mundo. E ai do sinal que causar um delay maior que o previsto! De fato, somos testemunhas de uma era em que parece não haver distância que o homem não possa superar. Divulgação

Contudo, o acesso às maravilhas de nossos tempos tem um custo. O último modelo da Apple ainda não é distribuído pelo governo em centrais de promoção da inclusão digital. Salvo exceções, o deslumbre oferecido pela pós-modernidade só pode ser custeado com o capital provindo do trabalho de cada um de nós. E o pior: os caminhos desse trabalho parecem correr na direção inversa aos fluxos da vida. Talvez estejamos cada vez mais perto dos infinitos bens materiais e cada vez mais distantes de nossas casas. Dada a conjuntura de nossos tempos, muitas vezes enxergamos com olhar utópico a possibilidade de voltar para casa e observar atentamente a agenda dos filhos e, com um olhar terno (quase impossível em dias de sobrecarga), perguntar como poderíamos ajudá-los ou corrigi-los em erros pertinentes à educação. No final de ano, quando, às vezes, temos um tempo bônus para respirar ares de paciência, percebemos, culpados, a falta que faz sentar à mesa de jantar e conversar: simplesmente conversar. Desligar a maravilhosa TV tela plana e sentar junto aos familiares. Talvez esse seja o precioso momento em que consegamos analisar com alguma lucidez tudo o que avistamos como o que deveria ser imperativo em todas as famílias: o encontro real, o olhar. Perplexos, entendemos o paradoxo de nossos dias. Na tentativa de amor, cedemos ao apelo comercial e, assim, entregamonos à máquina social que nos coíbe o amar.

solidificados na personalidade. Além, obviamente, de toda aquisição de conteúdos que estimularão a capacidade intelectual e formarão os preceitos básicos de visão de mundo. Enquanto tudo isso acontece, onde estão as famílias? Elas olham os cadernos dos filhos? Olham os portfólios? Participam das campanhas realizadas? Participam dos eventos? Vão à escola quando são chamadas pela orientação educacional ou pela professora? Ou não dá tempo?

Importância da escola em diversos aspectos da formação

Educar ativamente mesmo que pareça importuno

É nessa relação de distância nas famílias que vale situar uma problemática escolar. Se a maioria das famílias não tem tempo para os filhos em casa, como acompanhar atentamente o progresso educacional no qual a escola está implicada? É preciso, nesse contexto, elevar a importância da escola em diversos aspectos da formação dos cidadãos. É na escola que se estabelecem contatos sociais que poderão servir de modelo para o resto de suas vidas. É na escola que se participa de projetos que poderão acionar modelos para futuras escolhas profissionais. Na escola, vivenciam-se valores humanos que poderão ser

Tenham certeza, não serão os projetos governamentais que evitarão que nossos filhos caiam na

armadilha das drogas ou qualquer outro percalço que possa fugir ao nosso campo de visão. O que poderá salvá-los é nosso amor. E o amor é dado todos os dias, nas pequenas coisas, nos pequenos gestos. Entre tantos gestos importantes, faça também o projeto de participar ativamente da vida escolar de seu filho. Ajude-o a ter um projeto de vida. Não se constranja em educar ativamente, mesmo que pareça importuno: isso é amor! Que os pais possam fazer uma reflexão verdadeira para adequar suas práticas enquanto chefes de família: afirmar o que está certo e ajustar o que está errado, fundamentando-se, sobretudo, em um pressuposto de amor e educação. É dentro dessa busca sincera de afeto e respeito que se visa, mormente, a formação de cidadãos responsáveis e afortunados.


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EMA EM FOCO

Dezembro de 2011 - 1a quinzena

A difícil paz mundi

i vis pacem para belum’’. Se queres a paz, prepara a guerra. Parece ser, ainda hoje, esse o mesmo lema que orientava o an rio Romano. O mundo continua armado. Especialmente os Estados Unidos. O orçamento do Pentágono – entenda-se Forç – em 2011 foi de 708 bilhões de dólares. Mas o total real é o dobro disso, se incluídos todos os gastos com segurança nac dos por Washington em outros departamentos, tais como custo das armas nucleares, 16 agências de inteligência, Agência de Segu nal e juros incidentes sobre os débitos de guerra, entre outros. Os americanos, com 4,54 % da população mundial, investem mais guerra e na sua preparação do que o resto do mundo somado. Têm o maior arsenal bélico do mundo. O orçamento chinês de defe quatro vezes maior que os Estados Unidos – é de US$ 78 bilhões. A China possui entre 100 e 200 ogivas nucleares. O EUA, 9

A falsa paz pelas armas

Os americanos pregam o desarmamento. Mas justificam seu armamento “pa terrorismo internacional”, esquecendo que foram eles os protagonistas do maio toda a história da humanidade em 6 e 9 de agosto de 1945, quando a explosão – ‘g bombas atômicas resultou em 100 mil e 74 mil mortes imediatas em Hiroshima e vamente. Isso, sem contar as milhares de vidas que perecerem posteriormente em radiações atômicas. O que dizer do injustificado 11 de setembro de 2001 diante de de 66 anos atrás, em que milhares de seres humanos eram vistos com os cabelo peles penduradas pelos dedos, agonizando de dor, pulando no rio para tentar alivi e que acabavam morrendo afogados, deixando o chão e as águas cobertas por ca

Humanidade armada

A indústria bélica mundial é base da economia de muitos países. Produzem-s ras fratricidas, envolvendo disputas internas por questões de mudança de regime ou guerras de separatismo regional ou por motivos étnicos e religiosos. Produz combate entre dois ou mais estados. E produzem-se armas para governos para drogas. A humanidade parece que só consegue se entender pelas armas. Os EUA tação mundial de armas, respondendo por 49,1%. E desde a I Guerra Mundial, m em todos os conflitos armados do mundo. Conta a lenda que, nos quase três mil anos de Roma, houve apenas uma oc houve guerra em todo o império romano. E que ficou conhecida como a ‘Pax é claro, pela imposição da força. Entre as décadas de 1940 a 1990, dezenas de produziram milhares de mortos. Seria enfadonho relacionar todas as escaramu ano de 2000 foram 36.

Irracionalidade humana

Diferentemente do animal irracional, só o homem mata seu semelhante por mo algo mais fútil que uma guerra? Nenhuma guerra é humanamente justa! Em tem houve qualquer período de paz em todo Planeta. É sinal evidente de que à huma cidade de tolerância, de diálogo, de perdão. Incapacidade que tem seu embrião um dos sete bilhões de seres humanos sobre a Terra que resulta em relações hum belicosidade latente que impedem a expressão de afeto, carinho, compreensão todas as instâncias. Esse sentimento – ou falta dele – perpassa o espaço familiar organização do estado e, especialmente o ambiente ideológico e político nacion que deseja simplesmente a desgraça e a morte – quando não chega até a perpetrápolíticos ou de quem pensa diferente. É a Lei do Talião, do dente por dente e olho p e atualizada todos os dias. Se tantos desejam a paz, por que a humanidade vive c guerra? Por que será tão difícil estabelecer a paz?


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A S ÇÃO

OLIDÁRIA

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“Paz na terra aos homens de boa vontade” Se o Natal não é achado em seu coração, você não o achará debaixo da árvore. Charlotte Carpenter Imagens: Divulgação

ntigo Impéças Armadas cional realizaurança Nacios dinheiro na esa – um país 9.326.

ara fazer frente ao or ato terrorista de genbaku’ – de duas Nagasaki, respetim consequência de essa outra realidade os queimados e as iar as queimaduras adáveres?

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otivo fútil. E existe mpos recentes não anidade falta capano íntimo de cada manas marcadas por o solidariedade em r, o grupo social, a nal e internacional -la – de adversários por olho, reeditada constantemente em

Quando os romanos mandaram erguer o ‘templo da Paz Eterna’ no 12o ano consecutivo sem guerras, graças à ‘pacificação’ promovida por César Augusto, quiseram saber quanto tempo teriam ainda de tranquilidade. E foram consultar o oráculo de Apolo. O adivinho, para não ser acusado de mentiroso, ambiguamente, respondeu que a paz duraria ‘até que uma virgem desse à luz’. Ao que concluíram que a paz seria eterna. Daí, o nome de Templo da Paz Eterna. Conta ainda a lenda que esse mesmo templo ruiu, de forma inexplicável, quando nasceu Jesus. A verdadeira paz está nas palavras de Jesus na última ceia: “Deixovos a paz, a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14, 27). Essa paz foi antes disso anunciada pelos anjos no nascimento do Menino na manjedoura de Belém. “Paz na terra aos homens de boa vontade”. É a paz que é muito mais que a tranquilidade externa, a segurança dos bens e da vida. É a paz construída no coração.

Que Jesus esperamos para o Natal de 2011?

“O Jesus da paz de criança! Que deve extirpar o pior câncer do coração dos homens: a doença que afeta as relações, consome as pessoas por dentro. A humanidade precisa urgentemente e espera ansiosa pela quimioterapia que cure seus corações do veneno da retaliação e do ódio para deixar penetrar o perdão e o amor que transforma, a compreensão, o afeto, a misericórdia e a solidariedade” é o que deseja Irene Salete de Oliveira, 64, palestrante da abertura da novena de Natal da Pastoral da Saúde, realizada na Paróquia Santo Antônio do Partenon, em P. Alegre. Mãe de três filhos, Irene é catequista e professora do Estado, aposentada. Natural do interior do município de Getúlio Vargas, veio a P. Alegre quando casou há 37 anos. Irene Salete de Oliveira

Natal é todos os dias

“Quero aprender até o fim da vida, pois quase nada sei. E aprendi que o Natal é todos os dias. E quem não vive esse Natal todos os dias, não vai encontrá-lo, de verdade, na noite de 24 ou em 25 de dezembro. Não existe Natal com egoísmo. Falam muito em fim do mundo. Eu diria que é o fim de uma era, marcada pelo consumismo. As pessoas não sabem mais o que comprar, há muita oferta. Vejo pessoas frustradas, abrindo presentes, multidões se esparramando pelas ruas, comprando presentes e nem sabem o que querem. Por quê? Porque falta esse Jesus dentro delas. Falta esse menino que é esperança, que é luz, caminho, verdade,

vida. Ao conhecermos Jesus, conseguimos dar sentido na noite de Natal, sentido à confraternização, ao abraçar, perdoar, amar, reconciliar. Natal é a noite da esperança!” .

Preparando os caminhos.

“Assim como João Batista aplainou o caminho para Jesus, o Advento nos prepara para a vinda de Jesus. Uma gravidez leva nove meses. Então, estamos no fim de uma gestação que deve ser preparada nove meses. Esperamos uma criança a vida inteira. Sempre digo aos meus filhos – dois rapazes, um de 34 e outro de 31 e uma moça de 29 – eu te esperei toda a minha vinha. Não os esperei só no momento que nasceram. Tudo foi uma preparação. É a preparação de uma vida inteira para receber uma criança. O Natal é fruto de preparação: festeja o verdadeiro Natal alguém que tem Jesus em todos os dias. É então que o “Feliz Natal” que alguém nos diz toma sentido”.

Confraternização

“No Natal não quero presentes. Falo a eles – meus filhos – deem-me apenas uma lembrancinha. E, no momento em que me a entregarem, deem-me um abraço. Esse para mim é o Natal. A mesa posta, sim. Mas o mais econômico e simples possível. Mesa arrumada, porque foi na mesa que Jesus preparou a última ceia. A mesa é o momento do encontro, da confraternização, da partilha: eu me sirvo, tu te serves, vamos compartilhar. Não interessa o que tu, eu, vamos comer. O que vale é o gesto, o ritual. A alegria do Natal é o da certeza que Jesus está dentro de nós. Assim, em qualquer lugar, o Natal é lindo! Porque é momento do começo da vida de um ser humano: um Deus criança que se faz homem, se diminui, se faz humilde, frágil como só uma criança se pode fazer. E ainda nasce de uma maneira mais humilde que um ser humano pode nascer: dentro de um estábulo. E quem somos nós a ousar e fazer celebrar esse momento com uma festa de riquezas e ostentações, deslumbramento, procurando o último vestido da moda? João Batista se vestia apenas com uma simples túnica”.

Oração

A palestra de instalação da novena de Natal da Pastoral da Saúde na Paróquia S. Antônio encerrou com a seguinte sugestiva prece: “Menino Jesus, vem nascer em nosso coração, precisamos de paz, de esperança e de luz. É só tu que tens o poder de nos dar tudo que necessitamos. Não te pedimos coisas. Pedimos saúde e paz para a nossa vida. Não queremos solidão e angústia. Queremos sentir o palpitar da vida que se renova nesse Natal em todos os dias. Menino de Belém, que a tua luz nos acompanhe nesse dia que antecede a chegada de Natal, amém”.


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O valor do silêncio errado, ou que algo está faltando, nos esforçamos para dar um nome quilo que dá direção à jornada espiritual, e a isso. (...) Aprender a silenciar envolve nos impulsiona para crescermos além dos nossos limites, é a prática e não a privação. desviarmos nossa atenção de nós Em um estilo de vida ruidoso e hiperativo, mer- mesmos, ao menos na maneira gulhado nos rumores midiáticos e bombardeado com que nós costumeira e compor invasões visuais, os períodos meditativos da pulsivamente pensamos sobre manhã e da noite purificam e recarregam nosso nós mesmos, olhando por sobre silêncio. A atenção é a força do silêncio. Ele se for- os ombros, ou perscrutando o talece através da prática regular e moderada. (...) horizonte. O que é que eu deveria fazer? Como poderei ser mais feliz? A verdadeira natureza do silên- contemporâneo e as instituições Sou um fracasso, ou um sucesso? cio é a de que sua maneira de ver que nos monitoram, não valorizam O que é que as pessoas pensam penetra além da superfície aparente muito o silêncio. A própria natureza a meu respeito? Tenho tudo sob do objeto de que se ocupa. Em do silêncio faz com que seja fácil controle? Normalmente, perguntas vez disso, nos tornamos um com perdê-lo, sem que sequer o tenha- assim determinam nossas decisões o mesmo. À medida que paramos mos realizado. Quanto mais você e os padrões de nosso crescimento de pensar a seu respeito, passamos se distrai, menos pode perceber que ou declínio. Cada pergunta surge a ser com ele. De modo muito não está prestando atenção. Quanto de uma percepção da própria idendesafiador para a mente moderna, mais estímulos exteriores ocupam tidade, que se auto-objetifica, e que Ramana dizia que o silêncio é a a mente, menos percebemos ter tem, é claro, um papel pragmático ausência de pensamento. perdido amplidão interior. Quando, necessário a representar na vida. Porém, nosso estilo de vida afinal, percebemos que algo está No entanto, muito facilmente, essas questões podem se transformar na predisposição dominante da mente, a partir da qual vivemos o tempo todo. Tornamo-nos seus escravos. CRP - 07/00660 Como nos vemos a nós mesmos TERAPIA DIRETA DO INCONSCIENTE (o ego tal como uma câmera de circuito interno que capta todos Cura alcoolismo, liberta os gestos e todas as palavras), e antepassados, valoriza a dimensão espiritual como as outras pessoas nos vêem Vig. José Inácio, 263 - conj. 113 - Centro - POA (a sensação de estarmos sendo ava32245441 - 99899393 liados e considerados insuficientes) geram, com a ajuda dos meios de comunicação, uma obssessão cultural com a autoimagem. Sem alteração e sem uma análise crítica, ela destrói a confiança no verdadeiro eu, que nos capacita a nos arriscarmos e a nos doarmos, em outras palavras, a viver. (...) Durante minha visita à Noruega, neste verão, eu nadei, num dia glorioso, em um fjorde de Oslo. Não gosto de água fria, e assim experimentei-a com os dedos do pé, achando-a fria demais para o meu gosto. Porém, envergonhado pela bravura de meu companheiro Viking que já havia nela mergulhado, reuni minhas forças e o segui. O frio explodiu em minha mente, uma agonia momentânea, mas que então, à medida que continuei a nadar e a temperatura de meu corpo se ajustou, afinal transformou-se em algo delicioso. Todos temos medo de mergulhar; encontramos desculpas para evitar sentar na quietude, fugindo do silêncio nascente. Todavia, quando por fim nos tornamos silentes, a vida explode com um frescor e uma pungência que é a energia da vida de Cristo. Num instante, os temores, os preconceitos e as prisões autoconstruídas da condição humana, começam a desmoronar. Um meio de nos referirmos a isso é o de irmos para nosso aposento interior, tal como nos diz Jesus. Porém, ao adentrarmos esse aposento, descobrimos que nos movimentamos através de um espaço ilimitado. D. Laurence Freeman OSB

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Albano L. Werlang

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ABER VIVER

Dicas de Nutrição Dr. Varo Duarte

Médico nutrólogo e endocrinologista

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Dieta

o encerrar, nestas DICAS, nossa contribuição para divulgar os princípios básicos de uma alimentação balanceada, vamos apresentar uma dieta de 2 mil quilocalorias (Kcal) publicada em nosso livro Nutrição e obesidade, 2ª edição 2001, que serve de contribuição para divulgar a dieta citada em todas as embalagens comerciais, como comparação no consumo calórico de um alimento industrializado. Vamos reproduzir também aqui alguns alimentos que servem em substituição. Deve-se notar que não contamos as calorias das frutas e verduras, porque em seu conteúdo de fibras ajudam a queimar estas calorias. CAFÉ DA MANHÃ Leite: 200 ml(1 copo); Pão: 75 g (3 fatias); Manteiga: 10g (3 colheres de chá) pode-se usar, margarina,mel); Geléia: 20 g (duas colheres de chá); Frutas:à vontade. LANCHE 10 horas Frutas à vontade. ALMOÇO Arroz cozido: 100 g (3 colheres de sopa cheias); Feijão cozido:80 g (2 colheres de sopa cheias); Carne : 100 g (gado, peixe, porco, frango); Ovo: 50 g (1 unidade); Verduras:à vontade; Frutas: à vontade; LANCHE: 16 horas Leite: 150 g (1 copo pequeno); Pão: 50g (2 fatias); Mel: 30g (3 colheres de chá); Frutas: à vontade; JANTAR Igual ao almoço ou Macarrão: 10g (3 colheres de sopa); Carne: 130g; Ervilha: 50 g (2 colheres de sopa); Verduras: à vontade; Frutas à vontade; * Chá, mate e café à vontade, desde que com adoçantes. * Evitar doce, refrigerante e álcool. Distribuição H. Carbono Proteínas Gorduras

% 54,32 20,44 24,82

calorias 1.086,48 408,84 496,44

gramas 271,62 102,21 55,16

Beba bastante líquidos (chá, chimarrão, água) cerca de 2 litros por dia. Os sucos (laranja e uva) podem ser utilizados até 500 ml por dia. Em nosso livro Alimentos funcionais 2ª edição, Editora Artes e Oficios 2007, você encontrará os diversos alimentos com suas características e porções com indicação de calorias e balanceados. Procure nas livrarias, vai lhe ser útil por toda a vida. Lembre-se sempre de nossas indicações: COMA DE TUDO SEM COMER TUDO. COMA SEMPRE FRUTAS, LEGUMES E VERDURAS. MEXA-SE, FAÇA EXERCÍCIOS. NUNCA COMETA EXCESSOS de nenhum tipo, nem de alimentos funcionais, nem de exercícios. Relembramos a todos os nosssos leitores que estamos aposentados da clínica após 57 anos de exercício profissional. Atingimos, graças ao Senhor, 82 anos de idade. Cremos que ainda muito podemos colaborar na educação e orientação alimentar. Não cobramos para palestras. Estamos à disposição no telefone (51)32-24 35 45 para contatos e agendamento de palestras. Podemos também fazer avaliação e orientação nutricional para grupos especificos. Telefone e marcaremos nossos encontros.

Visa e Mastercard


Humor

A quem os símbolos

religiosos incomodam? João Carlos Nedel

VÁRIAS O sujeito volta do enterro da sogra quando um tijolo cai a poucos centímetros de seus pés. Revoltado, ele grita: -E não é que ela já chegou no céu...

A

tivistas de um movimento homossexual pediram a retirada de todos os crucif i x o s d o s p r é d i o s p ú bl i c o s d a C a p i tal. Por que os símbolos religiosos católicos incomodam tanto a algumas pessoas e grupos?

Um político já escolado encontra um rapaz na rua e, querendo agradar, pergunta: - E aí, meu rapaz, como vai o seu pai? O rapaz responde: - Ora, meu pai já morreu faz um bom tempo! Aí o político rapidamente argumenta: - Morreu para você, que é um filho ingrato; para mim ele continua vivo na memória. XXX

ASSINANTE

O empregado pede aumento. O chefe é curto e grosso: - Não vou dar aumento coisa nenhuma! - Mas, patrão! Eu estou trabalhando demais aqui... Eu estou trabalhando por dois! - Pois então me diga quem é o outro que eu mando embora! XXX Em uma entrevista de emprego, o gerente pergunta: - Qual o cargo que você pretende ocupar, rapaz? - Presidente!, responde ele, convicto. - Você é louco?, esbraveja o entrevistador. - Não. . . Precisa ser? XXX

Novidade para jovens políticos: Fraudes Descartáveis.

Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo

Comissão Comunicação Sem Fronteiras

Vereador de P. Alegre

Interessante é que o antagonismo é apenas contra os símbolos católicos. Pois não lembro de qualquer movimento havido no sentido de retirar dos tribunais e das faculdades de direito oficiais a figura da deusa pagã Têmis, guardiã dos juramentos dos homens e da lei, invocada nos julgamentos perante os magistrados gregos. Seria um absurdo inominável uma pretensão dessa natureza, afirmando que a retirada seria necessária para não ferir a sensibilidade de crentes em outros deuses gregos. Ora, a imagem de Têmis há muito ultrapassou o sentido de sua gênese religiosa, para assumir o simbolismo arquetípico da verdade, da equidade e da humanidade, acima das paixões humanas, para realização da Justiça. Do mesmo modo, o crucifixo, identificado pelos cristãos como representando o sacrifício de Cristo, há muito ultrapassou seu simbolismo restrito aos cristãos ,para assumir a condição de símbolo universal do amor ao próximo, válido para todos os tempos e lugares, respeitado e admirado pelas lideranças das demais religiões. Por que, então, alguém se insurge contra ele? É fácil de entender. Acontece que a lei do amor trazida por Cristo é uma lei eterna, imutável e irrevogável, da qual procedem todas as leis humanas. Sem ela, não haveria razões para a igualdade em dignidade entre as pessoas. Com ela, se estabelece um compromisso de amor, de respeito, de agir ético com relação aos demais. Acredito que os autores da petição e seus acompanhantes pensam que, se o símbolo do amor for expurgado dos ambientes públicos, poderão libertar-se para resolver conflitos psicológicos, resultantes de desejos primários reprimidos, porém latentes em seus desejos inconscientes de satisfação. Puro engano. O caminho para resolver esses problemas passa pelo divã. Portanto, deixem os crucifixos onde estão. No mínimo, por respeito ao que representam. Ou, se querem fazer uma cruzada anticristã, revelem-se em suas verdadeiras finalidades. (www.nedel.com.br)

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SPAÇO LIVRE

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Democratizar a comunicação

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m 28 e 29 de outubro último, Assunção, capital do Paraguai, foi sede da XXI Cumbre Iberoamericana, cujo tema central, “A transformação do Estado e o Desenvolvimento”, foi muito discutido pelos presentes. Augusto dos Santos, ministro da Secretaria de Informação e Comunicação para o Desenvolvimento (SICOM), afirmou que o Paraguai lançaria uma convocatória inédita nos processos de integração regional, propondo um livre trânsito para os países sem litoral marítimo. Como no encontro a Guiana entregaria ao Paraguai a Presidência Pro-Tempore da UNASUR, o ministro informou que, sob a presidência do Paraguai, a comunicação buscaria explorar uma maior permeabilidade e acesso à cidadania através de redes e sistemas de comunicação estabelecidos no território da UNASUR e seus povos. O ministro paraguaio espera que UNASUR (União das Nações Sul-Americanas) desenvolva uma integração mais comprometida com o aspecto cultural que, por exemplo, no caso do Mercosul, segundo ele, está bastante limitado e predomina uma visão economicista nas relações do bloco. Neste sentido, considera que se deve desenvolver um projeto de comunicação para a integração que trabalhe na construção de redes de comunicação e que os cidadãos se sintam parte e membros ativos da comunidade sulamericana e sujeitos de direitos da comunicação. Para Santos, falta promover uma maior democratização da propriedade dos meios. Nesta mesma linha, o ministro sustenta que é tempo de revisar paradigmas na comunicação alternativa, que muitas vezes se limita a ser contestatória. “É hora de sair de sua trincheira histórica”, diz o ministro, e ocupar novos territórios com suas propostas e soluções. “Um dos terrenos a explorar”, afirma ele, são as redes sociais porque permitem uma maior democratização das comunicações “tal como as sonhamos há 20 ou 40 anos atrás”. Santos não descartou que no futuro próximo se possa desenvolver um encontro regional especificamente dedicado aos meios de comunicação, pois constitui uma agenda impostergável para o debate. Considera que a comunicação não deve ser entendida só como uma ferramenta de promoção da integração, mas principalmente, como parte fundamental da vida dos povos. (geralda.alves@ufrgs.br).

Ao receber o DOC, renove a assinatura. É presente para a Família e apoio ao Evangelho.

RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2012 e o Familienkalender 2012 estão à venda na Livraria Padre Reus e também na filial dentro do Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo. Faça o seu pedido pelos fones: 51-3224-0250 e 51-35665086 ou através do e-mail: livrariareus@livrariareus.com.br

Odila Terezza Luzzi de Campos - 02/12 Irmãs Salvatorianas - 08/12 Irmã Jurema Borges - 09/12 Egon Fröhlich - 11/12 Hiran Telles Carvalho - 13/12

Falecimentos Registramos com pesar o falecimento recente dos seguintes Amigos do Solidário: - Cláudio Walter M. F. da Silva - Terezinha Alves Costa


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GREJA &

Solidário Litúrgico 4 de dezembro - 2o Domingo do Advento Cor: roxa

1a leitura: Livro do Profeta Isaias (Is) 40,1-5.9-11 Salmo: 84(85), 9ab-10.11-12.13-14 (R/.8) 2a leitura: 2a Carta de São Pedro (2Pd) 3,8-14 Evangelho: Marcos (Mc) 1,1-18 Para a compreensão dos comentários litúrgicos leia, antes, os respectivos textos bíblicos. Comentário: Dezembro traz uma magia particular em nossa cultura e em nossa vivência cotidiana. Dezembro nos traz o fim do ano, horizonte de ano novo, férias, descanso, passeios, visitas a parentes e amigos, alguma viagem especial. Mas traz, como referência maior, a festa do carinho, da ternura e da paz: o Natal. Dezembro tem gosto e sabor de criança, de berço, de vida renovada. E o Advento outra coisa não é e não quer do que um tempo para preparar nosso coração para, numa atitude de fé coerente, acolher a criança que nasce em Belém. No evangelho de Marcos, João Batista se transforma no mensageiro da melhor notícia que a humanidade jamais ouviu: em Jesus, Deus se faz gente, se torna um de nós, caminha conosco e propõe um evangelho de libertação, um caminho que, pela justiça e na solidariedade, leva a humanidade, finalmente, a um tempo de paz. Um novo céu, uma nova terra, onde habitará a justiça, como diz S. Pedro em sua segunda carta (3,13). O Advento é esse tempo litúrgico anual que nos convida à conversão do coração. João é o personagem bíblico referencial deste tempo, na simplicidade do seu estilo de vida, no seu jeito direto de dizer verdades, na coragem profética de denunciar a maldade e as injustiças, na humildade de não aceitar nem aplauso, nem consideração, apontando sempre para aquele que está vindo: Depois de mim virá alguém mais forte do que eu (...) que vos batizará no Espírito Santo (1,7 e 8). A melhor forma de viver o Advento e preparar-nos para o Natal de Jesus é examinar, corajosa, honesta e humildemente a nossa vida e dispor-nos, assim, a celebrar a vinda do Senhor Jesus, que veio há dois mil anos, que vem todos os dias em tantos irmãos e irmãs, especialmente nos “mais pequeninos” e que virá, no final dos tempos para cobrar de todos nós coerência de fé e de vida.

11 de dezembro - 3 Domingo do Advento o

Cor: roxa

1a leitura: Livro do Profeta Isaias (Is) 61, 1-2a.10-11 Cânt.: Lc 1,46-48.40-50.53-54 (R/. Is 61,10b) 2a leitura: 1a Carta de São Paulo aos Tessalonicenses 5,16-24 Evangelho: João (Jo) 1,6-8.19-28 Comentário: Este terceiro domingo do Advento traz a marca da alegria da fé, porque o Senhor está perto e vem para salvar a todos/as. Exulto de alegria no Senhor e minha alma se regozija em meu Deus (Is 61,10); Irmãos, estai sempre alegres (1Ts 16); Surgiu um homem, enviado por Deus como testemunha da luz (1,6 e 7), anunciando a alegria da presença do Messias Salvador. João, no Evangelho deste domingo “róseo”, cor da alegria, nos traz, novamente, a figura de João Batista, agora dialogando com sacerdotes e levitas, e deixando bem claro que ele não é a luz, mas anuncia a luz, que ele não é o Messias, mas anuncia o Messias, que vai instalar o tempo novo da justiça, da igualdade, da liberdade e do amor solidário, marcas “escandalosas” do seu reinado, “pedra de tropeço” para aqueles que querem continuar na escuridão de uma sociedade dividida, preconceituosa, excludente, de alguns privilegiados e da maioria de escravos, empobrecidos, sofrendo toda sorte de marginalizações. O domingo da alegria tem tudo a ver com a proximidade do Natal, do nascimento de Jesus, o Messias prometido por Deus e anunciado pelos profetas. A alegria deve ser a marca registrada de todo cristão, de toda cristã. Aqui se poderia repetir: um santo triste é um triste santo. Ou melhor: um santo triste, é um triste; santo é que não é. Sob o signo da alegria vamos preparar nosso Natal, olhando para o motivo de nossa alegria, Emanuel, Deus conosco, Jesus, presente em nossa história, caminhando conosco e estimulando-nos a construir seu Reino de justiça, de amor solidário, de paz. (attilio@livrariareus.com.br)

Dezembro de 2011 - 1a quinzena

COMUNIDADE

Catequese Qual é a função da família na

caminhada da fé de uma criança? Marina Zamberlan Professora

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família é o local por excelência para desper tar e sustentar a fé cr istã e a vivência da espiritualidade de seus membros.

É dever dos pais convidar a criança a dar os primeiros passos que a conduzirão à fé. Eles a guiarão pelo testemunho de seus valores humanos e religiosos e pela palavra esclarecedora. Mas, para ajudar seu filho ou filha a crescer na fé de seu batismo, os pais não estão sós. Esta missão também pertence à família ampliada, aos avós, aos padrinhos e aos outros membros que devem acompanhar a criança na caminhada de sua vida espiritual, ajudando-a a expressar no gesto e na palavra, como na ação, sua experiência de fé. E ainda, ao apoiar-se no testemunho de toda uma comunidade cristã, a criança e os outros membros da família se firmarão no caminho cristão e se sentirão convocados a engajar-se na tarefa da evangelização. É no colo do pai e da mãe, do avô e da avó, dos padrinhos, que a criança desperta em seu interior a compreensão de Deus, de Jesus, dos valores cristãos da compaixão, da mansidão, do respeito, da verdade, da ética, da bondade e do amor ao outro. É vendo como agem seus pais que ela entende qual o caminho a seguir. Catequistas devem sempre envolver a família no seu trabalho, pois ela é a primeira e principal catequista.

Santa Catarina Labouré Antônio Mesquita Galvão Biblista com especializaçpão em exegese e Doutor em Teologia Moral

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nualmente, os católicos do mundo inteiro comemoram no final do mês de novembro duas festas correlatas e convergentes: Nossa Senhora das Graças e Santa Catarina Labouré (pronuncia-se Laburrê). Catarina nasceu em 1806 e em 1830, aos 23 anos, ela é admitida no convento da rue de Bac (ruas das bacias) em Paris. A aparição da Virgem Maria a Catarina precede os grandes sinais marianos dos séculos XIX e XX: La Salette (1846), Lourdes (1858) e Fátima (1917). Um anjo, na forma de menino acordou Catarina: “A Santíssima Virgem Maria deseja falar com você”. Catarina foi à capela e ajoelhou-se aos pés da Virgem. Os dedos de Maria irradiavam luz e ao seu redor havia uma frase: “O Marie, conçue sans péché, priez pour nous, qui avons recours a vous” (Oh Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós). A Virgem deu instruções diretas: “Faz cunhar uma medalha onde apareça minha imagem como a vês agora. Todos os que a usarem receberão grandes graças”. Catarina perguntou por que alguns dedos não irradiavam luz, e soube que era pelas graças que não eram pedidas. Então, Maria voltou-lhe as costas e mostrou como deveria ser o desenho a ser impresso no verso da medalha. Catarina também perguntou como deveria proceder para que a ordem fosse cumprida. A Virgem disse que ela procurasse a ajuda de seu confessor, o Pe. Jean Maria Aladel. Cético como muitos clérigos, Pe. Jean não acreditou no que Catarina lhe contou. Só dois anos depois, após cuidadosa observação do proceder de Catarina, ele finalmente se dirigiu ao arcebispo de Paris, que ordenou a cunhagem de duas mil medalhas, ocorrida em 20 de junho de 1832. Em seguida, a França, bem como toda a Europa, foi devastada pela chamada “peste negra”, quando milhares de pessoas foram vitimadas pela epidemia de cólera. As Irmãs da Caridade visitavam os doentes, levando-lhes a medalha que a Senhora ordenara a cunhagem, e muitos foram curados. Desde então, a devoção a esta medalha, sob a invocação de Santa Maria da Medalha Milagrosa, não cessou de crescer e hoje atinge o mundo inteiro. Enquanto viveu, Catarina nunca divulgou as aparições, salvo pouco antes da morte, autorizada pela própria Maria Imaculada. É imporante que fique claro que a Medalha Milagrosa não é um talismã. Ela representa um sinal da mediação materna de Maria: “Rogai por nós que recorremos a vós...”. Assim como em Caná, a mãe de Jesus se mostrou atenta ao constrangimento dos noivos em uma festa onde o vinho veio a faltar, igualmente hoje, a medalha nos ensina que ela está atenta às nossas necessidades e tem muitas graças vindas de Jesus para o nosso bem e a nossa salvação.


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Dezembro de 2011 - 1a quinzena

Arquidiocese de P. Alegre ganhará cinco novos padres A Arquidiocese de Porto Alegre ganhará cinco novos padres até o final de 2011. O Seminário Maior de Viamão divulgou as datas e locais das ordenações e primeiras missas dos futuros presbíteros: José Santiago Carrion Conde, Marcos André Hartmann, Tiago Cantuaria Tedesco, Tiago Francesco Escouto e Wagner Cardoso Bianchini. Segundo o site do Seminário Maior de Viamão, “as ordenações sempre são o momento ápice da vida do seminário, por isso gostaríamos de convidar para esse

momento tão importante para nosso seminário e para nossa Igreja”. Dois dos seminaristas já foram ordenados: Wagner Cardoso Bianchini, ordenado dia 11 de novembro na Paróquia Nossa Senhora das Dores de Porto Alegre, e Marcos André Hartmann, ordenado no dia 12 de novembro na Paróquia São Miguel do Maratá (Diocese de Montengro). As próximas ordenações estão previstas para o final de novembro e dezembro. Veja a programação:

Tiago Cantuaria Tedesco

Tiago Francesco Escouto

Ordenação Sacerdotal: 25/11/2011, Paróquia Imaculado Coração de Maria de Esteio - 20 horas 1ª Missa Solene: 27/11/2011, Paróquia Imaculado Coração de Maria de Esteio - 9h30min

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SPAÇO DA

Ordenação Sacerdotal: 2/12/2011, Paróquia São Vicente de Paulo de Cachoeirinha - 20 horas 1ª Missa Solene: 4/12/2011, Paróquia São Vicente de Paulo de Cachoeirinha - 10 horas

José Santiago Carrion Conde

Ordenação Sacerdotal: 9/12/2011, Paróquia Madre Teresa de Calcutá - Porto Alegre - 20 horas 1ª Missa Solene: 11/12/2011, Paróquia Madre Teresa de Calcutá - Porto Alegre - 10 horas

NOTAS

Cremos na vida eterna - Faleceu no último dia 4 de novembro o Pe. Caetano Alberto Garrafiel. O sacerdote atuava como pároco da Paróquia Sagrada Família de Gravataí. O sepultamento aconteceu no dia 5 de novembro, no cemitério dos Padres, na Gruta da Glória. PASCOM - O mapeamento das iniciativas de comunicação, fortalecimento do trabalho em rede e o processo de formação de novos agentes nas paróquias e comunidades são as linhas de ação adotada pela Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Porto Alegre. Reunião ampliada, ocorrida no dia 11 de novembro, deu início à programação das atividades para o ano de 2012. Com vistas ao fortalecimento do trabalho em rede, a equipe arquidiocesana decidiu por ampliar a equipe, acrescendo representantes dos vicariatos que compõem a Arquidiocese: Porto Alegre, Canoas, Guaíba e Gravataí. Pastoral da Criança - O Vicariato de Guaíba reuniu as lideranças da Pastoral da Criança. Reunidos na Paróquia Nossa Senhora do Livramento, os líderes participaram de missa, palestras e confraternização. Vicariato de Porto Alegre: Coordenação de Pastoral do Vicariato de Porto Alegre esteve reunida no dia 11 de novembro para planejamento pastoral. A partir de março de 2012, será elaborado o segundo passo metodológico com a colaboração do Pe. Geraldo Hackmann a fim de dar subsídios. Estiveram reunidos na Cúria Metropolitana o arcebispo Dom Dadeus Grings, Pe. José Antônio Sauthier, Pe. Francisco Ledur, côn. Bonifácio Schmidt, diácono Júlio Kunzler, missionário Luis Flávio Degani, CMPS e leigos VI Romaria de Nossa Senhora Desatadora dos Nós: “Maria, Juventude e Santidade” - Com este tema, a Paróquia São Vicente Mártir, bairro Camaquã, em Porto Alegre, está convidando a comunidade para a VI Romaria de Nossa Senhora Desatadora dos Nós. O evento acontecerá entre os dias 24 de novembro e 4 de dezembro de 2011. Informações pelo fone (51) 3268-1509.

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RQUIDIOCESE Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre

Assistência Social da Arquidiocese capacita agentes para trabalhos junto às famílias carentes Em continuidade às ações de reordenamento da ação social da Arquidiocese de Porto Alegre, o departamento de Assistência Social da Mitra Arquidiocesana promoveu mais um encontro de capacitação no dia 7 de novembro. Desta vez, o encontro teve como foco as paróquias e projetos que atendem às famílias em situação de vulnerabilidade social na capital.Com a participação de 41 agentes, entre leigos e religiosos, a capacitação destacou a necessidade de reorganizar os serviços de apoio às famílias: “Este é um encontro de reordenamento do atendimento às famílias, para que as atividades atendam às especificações da Política Nacional da Assistência Social”, informou Eunice Zimmermmann, assistente social da Arquidiocese, acrescendo que a legislação pede um projeto de atendimento aos beneficiados e, também, determina os serviços que deverão ser implantados e como os recursos para este fim devem ser aplicados. A assistente social esclareceu que o encontro, além de promover uma explanação sobre a lei da assistência social, oportunizou trabalhos em equipes para a socialização de ações feitas nas paróquias: “Os agentes participaram de trabalhos em grupos para partilhar as ações, dificuldades e desafios dos trabalhos que são realizados”, disse.

Encontros como este serão realizados também em outros Vicariatos

Em Porto Alegre, a Igreja desenvolve ações na área da assistência social atendendo famílias através de benefícios eventuais (alimentos, roupas) e realização de oficinas e cursos de aprendizado em costura, artesanato, entre outros. Este mesmo encontro de capacitação também será levado para os Vicariatos de Guaíba, Gravataí e Canoas. Concluído este cronograma de formação, a Assistência Social da Arquidiocese de Porto Alegre passará a qualificar as ações sociais realizadas juntos às crianças e adolescentes e, em seguida, junto à população em situação de rua. Vale lembrar que a primeira ação de capacitação aconteceu com grupos que fazem atendimento a idosos.

Encontro de presbíteros gaúchos reuniu padres das 18 dioceses

Padres representantes das 18 dioceses do Rio Grande do Sul estiveram reunidos entre os dias 7 e 9 de novembro para o encontro regional dos presbíteros. O encontro reuniu mais de 80 padres e aconteceu no Cecrei – Centro de Espiritualidade Cristo Rei – em São Leopoldo. Este evento acontece em preparação ao encontro nacional de presbíteros, que será realizado em fevereiro de 2012, na cidade de Aparecida do Norte. O encontro começou com as palavras de acolhida de Dom Paulo de Conto, bispo de Montenegro, referencial para os presbíteros do Rio Grande do Sul e, também, do Pe. Moises Dalcin, coordenador dos presbíteros do Rio Grande do Sul. Nestes dias, foram oportunizados momentos de estudos e oração. A abertura do encontro ficou

a cargo do Pe. Tarcísio Rech, que palestrou no primeiro dia sobre a análise da realidade. “Durante o segundo dia de nosso encontro, enfocamos o tema da espiritualidade presbiteral, sob orientação do Pe. Bonifácio Schimidt. Buscamos identificar traços da identidade presbiteral à luz do texto preparatório ao Encontro Nacional”, afirmou Pe. Leandro Padilha, coordenador da PASCOM da Arquidiocese de Porto Alegre, que participou do encontro. No último dia de encontro, os padres lançaram uma carta como fruto de todo os estudos realizados. Também foram escolhidos os representantes de cada diocese para o encontro nacional. Da Arquidiocese de Porto Alegre participarão os padres Jaime Caspary, José Heinzmann, Jorlei Santos e Gelson Luiz Ferreira.

Igreja Católica Rumo à Prevenção Alcoólica


Porto Alegre, dezembro de 2011 - 1a quinzena

Diversão, sustentabilidade e solidariedade marcam abertura da Semana Anchietana Ocorreu no sábado, 22 de outubro, a Abertura da Semana Anchietana junto da Festa da Família 2011. O evento, que teve início às 8 horas, no Ginásio de Esportes, começou com a distribuição de camisetas que foram trocadas por um quilo de alimento não perecível. Ao final da festa, foram arrecadados pouco mais de uma tonelada de alimentos. Em seu discurso de abertura, o diretor geral, Pe. Guido Kuhn, frisou a importância de a comunidade escolar se unir em nome de uma causa tão nobre. “A caminhada é sinal de humildade, e a alegria é imensa ao ver que o ambiente está girando em torno da sustentabilidade”, disse. Logo mais, às 9 horas, o DJ Capu, da Rádio Atlântida, mestre de cerimônias do evento, chamou o pessoal para a pista atlética para dar as boas-vindas e iniciar o aquecimento. A caminhada, que seguiu até o Grêmio Náutico União, começou às 9h30min e teve como tema a “Sustentabilidade nas relações”. Para o presidente da Associação de Pais e Mestre (APM), Eduardo Dias, o objetivo foi alcançado: “Caminhamos todos em uma mesma direção, em prol do coletivo, fazendo a diferença para um mundo melhor, mais harmonioso e sustentável”. A caminhada reuniu, aproximadamente, três mil pessoas que caminharam pela Av. Nilo Peçanha com uma camiseta com os dizeres “Eu faço a diferença”. Ao final da caminhada, a comunidade anchietana se reuniu para assistir a Orquestra Unisinos com o espetáculo “Rock in Concert”, que apresentou clássicos do Rock sob a regência de Evandro Matté. No decorrer da tarde, houve apresentações dos alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental, do Coral Anchieta, do Show Musical e do grupo folclórico “Os Gaúchos”. Além disso, foi possível fazer uma trilha na mata, com orientação do Grupo Escoteiro Manoel da Nóbrega e participar de oficinas promovidas pelos próprios pais.

Vou contar-lhe um fato corriqueiro que, inesperadamente, trouxe-me uma grande lição de vida. Era um fim de tarde de sábado, eu estava molhando o jardim da minha casa quando fui interpelada por um garotinho com pouco mais de 9 anos,dizendo: - Dona, tem pão velho? (Essa coisa de pedir pão velho sempre me incomodou desde criança. Na adolescência, descobri que pedir pão velho era dizer: - Me dá o pão que era meu e ficou na sua casa). Olhei para aquela criança, tão nostálgica, e perguntei: - Onde você mora? - Depois do zoológico. - Bem longe, hein! - É… mas eu tenho que pedir as coisas para comer. - Você está na escola? - Não. Minha mãe não pode comprar material. - Seu pai mora com vocês? - Ele sumiu. E o papo prosseguiu, até que eu lhe disse: - Vou buscar o pão, serve pão novo? - Não precisa, não, a senhora já conversou

Tem pão velho?

comigo! Esta resposta caiu em mim como um raio. Tive a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta de amor desta criança. Deste menino de apenas 9 anos, sem brinquedos, sem comida, já sem sonhos, sem escola e tão necessitado de um papo, de uma conversa amiga. Que poder mágico tem o gesto de falar e ouvir com amor! Alguns anos já se passaram e continuam pedindo “pão velho” na minha casa e eu dando “pão novo”, mas procurando antes compartilhar o pão das pequenas conversas, o pão dos gestos que acolhem e promovem. Este pão de amor não fica velho, porque é fabricado no coração de quem acredita naquele que disse: - “Eu sou o pão da vida”. E deixou-nos um novo mandamento: - “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Depois daquele sábado, eu acho que pedir “pão velho” significa dizer: - Converse comigo, dê-me a alegria de ser amado. (Ana Luiza Tocafundo Fonte: internet).


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