IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS
Porto Alegre, novembro de 2011 - 1a quinzena
Ano XVII - Edição N o 597 - R$ 2,00
www.jornalsolidario.com.br
Attílio Hartmann
Sem Bíblia não há Igreja
I
Ensaio de indignação
nsatisfação pelos rumos da gestão política e econômica. É o que arrastou milhares de pessoas às ruas das principais cidades brasileiras e do mundo nas últimas semanas, mobilizadas por redes sociais na internet. No Brasil, o protesto centrou-se no combate à corrupção no serviço público em todas as instâncias e poderes. No Chile, contra a política educacional. Em metrópoles dos Estados Unidos e Europa, a causa determinante foi – e está sendo – contra os rumos da crise global e seus efeitos no emprego. Talvez sejam praticamente nulos os efeitos de toda essa mobilização. De qualquer forma, são um alerta para os mandantes e donos do poder econômico e político. Já não se violam tão impunemente os interesses legítimos dos que estão no andar de baixo da pirâmide social. Todavia, a arma mais eficaz para o combate a desmandos de toda ordem ainda é o voto consciente. O que talvez falte são candidatos à altura!
A Bíblia é a base da espiritualidade, a alma da teologia, a centralidade de toda a ação pastoral. É o que afirma Bento XVI na exortação apostólica Verbum Domini. A ignorância da Escritura é a ignorância de Cristo, já disse S. Jerônimo. A Igreja funda-se sobre a palavra Deus e vive dela. Sem a Sagrada Escritura não há Igreja, corrobora Bonifácio Schmidt, em entrevista nas páginas centrais.
Punição: falência da educação ou limite salutar? Página 3
O tempo de vida humana
Página 5
"A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo
A Morte não é nada Santo Agostinho
no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho... Você, que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi."
Leia na contracapa:"Morte, tema desagradável na cultura atual."
A
2 Editorial
P
or que o Solidário volta ao tema da Bíblia quando todos sabemos que o mês da Bíblia é setembro e o Dia da Bíblia é 30 de setembro, festa de São Jerônimo? Simplesmente porque a Bíblia não pode ser tema de um mês no ano e muito menos ser celebrada num determinado dia. A Bíblia precisa voltar a tomar o seu lugar em todos os dias do ano e durante toda a vida do cristão. As Escrituras Sagradas devem ser a principal referência para quem se diz cristão, cristã. ´É forte, mas absolutamente verdadeira, a afirmação de São Jerônimo: Desconhecer a Sagrada Escritura é ignorar o próprio Cristo. Num tempo em que sempre menos pessoas tomam um livro nas mãos, leem uma obra, a Bíblia ganha uma dimensão a mais: um convite ou desafio para parar, ler, refletir o lido e interiorizar a mensagem lida para transformá-la em vida. A Bíblia não é e não pode ser mais um produto de consumo, nem um objeto fetiche que se conserva, talvez até num lugar especial na casa, quem sabe com uma vela acesa do lado, mas não é Palavra viva que gera vida pela constante consulta, leitura e reflexão. A história da Igreja católico-romana, porque feita por homens, tirou a centralidade da Bíblia, Palavra de Deus, da vida do cristão-católico. Foi um monge agostiniano, Martinho Lutero, quem popularizou os textos sagrados no século XVI. A excomunhão de Lutero, por suas ideias “subversivas”, fez com que, para o mundo e o imaginário católico, Bíblia se tornasse “coisa de protestante”. Então, o Espírito Santo suscitou um sábio e santo homem de Deus, Ângelo Roncali, o bom Papa João XXIII, para convocar o Concilio Ecumênico Vaticano II e recolocar a Bíblia no seu lugar. Isso se refletiu na própria liturgia eucarística, onde a mesa da Palavra e a mesa do Pão voltaram a ganhar igual importância e centralidade. O Solidário entrevistou o cônego José Bonifácio Schmidt (página 6) e ele afirma, sem meias-palavras: A Bíblia – palavra de Deus – é o cerne da espiritualidade de qualquer cristão. A ignorância da Escritura é a ignorância de Cristo (São Jerônimo). Devemos recuperar o centralismo da Palavra, da figura de Jesus, como palavra inculturada, encarnada. Devemos deixar-nos reencantar pelo Jesus de Nazaré... procurando ver qual é mesmo a mensagem que Marcos, Mateus, Lucas, João e Paulo quiserem dar. Hoje, percebe-se uma fome de Bíblia. É o Espírito Santo trabalhando na Igreja. Há interessados em participar de grupos de oração em muitos lugares. A leitura orante da Bíblia está ganhando força e vida entre os cristãos-católicos. Roberto Afonso Alles fala deste método e conta sua experiência com grupos que transformam a letra dos textos sagrados em vida e vida em sempre mais abundância (página 7). Na morte, a verdade da vida. Lembramos, nesta edição, nossos entes queridos que já partiram. Agradecemos a Deus as suas vidas porque deixaram marcas de amor em nossas vidas. (attilio@livrariariareus.com.br)
CNPJ: 74871807/0001-36
Conselho Deliberativo
Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril
Voz do Pastor Dom Dadeus Grings
Arcebispo Metropolitano de P. Alegre
Bíblia de todos os dias
Fundação Pro Deo de Comunicação
Novembro de 2011 - 1a quinzena
RTIGOS
Voluntários Diretoria Executiva
Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj
O desafio do mal
A
tendência humana leva, naturalmente, a perceber uma presença da divindade em tudo, particularmente naquilo que transcende sua compreensão e desperta sua admiração. Mas há um desafio que, ao penetrar os umbrais da razão, sacode esta tendência e põe em cheque seu objeto. É o problema do mal. Todos concebem a divindade como realidade boa por natureza. Consequentemente, se firma a convicção de que só faz o bem. Não pode, em hipótese alguma, fazer o mal. De onde vem, pois, o mal? E mais radicalmente, se existe o mal – e sua constatação é contundente – não pode existir Deus. Ele, todo poderoso e bondoso, não poderia admiti-lo. Desde tempos antigos, com o protagonismo dos maniqueus, se pensa em duas realidades supremas: uma do bem e outra do mal. Como esta divisão bipartida dificilmente se consegue conciliar com as exigências da razão e da fé, procuram-se outras explicações mais coerentes. O fato, porém, é que o mal existe e incomoda. Mas também alicia. Não basta dar-lhe uma explicação filosófica, dividindo-o na tríplice categoria: metafísico, representando o limite dos seres finitos; físico, caracterizado pelas deficiências em seres que carecem de alguma propriedade que faria parte de sua natureza; e moral, como ação livre, desviada de seu objetivo. Dizer que o mal, a rigor, não existe, porque é ausência de um bem, não convence a quem se sente envolvido por ele. Que há no mal que possa atrair tamanha atenção e proporcionar tal força, que leve a empenhar toda a vida? Sacrificam-se mais vidas e mais energias em holocausto
ao mal do que para as realidades numinosas, que representam divindades. Certamente, não se trata do mal enquanto mal, mas do mal enquanto proporciona benefícios. Dificilmente alguém cultua o diabo ou algum princípio do mal em si. São raras as religiões satânicas. Apelar para forças extra-humanas para fazer o mal visa aos outros: pela vingança, concorrência, corrupção, falsidade... Ninguém, a rigor, procura o mal para si. E quando se "submete" a ele, o faz para obter algum favor, normalmente não inferior ao que os fiéis procuram em suas religiões. Mas, quando alguém procura o mal para os outros, de fato, está se submetendo ao mal. Mahatma Gandhi dizia, com muita propriedade: "se nos matarem, viveremos para sempre. Mas se formos nós a matar, não viveremos jamais". Há um modo de submeter-se ao mal, tentando fazer mal aos outros. Há outro modo de vassalagem, ao se procurar benefício próprio, fora da normalidade. Em vista do prazer, do poder, da riqueza, usam-se certos meios que, no final de contas, acabam com a vida. Basta o exemplo das drogas, dos vícios, da corrupção... para se convencer disso. Já vem dos antigos a expressão que o Deus dos transviados é o estômago. Nele se incluem as buscas de todos os prazeres. Vivem em função deles. Seu destino é a morte, não só no futuro, mas também no vazio do presente. Não têm com que preencher o tempo, porque o que os anima, na verdade, não é vida. É morte prematura. Goethe se admirava de que os homens tivessem tanta dificuldade de encontrar Deus. Garantia que isto não seria difícil se eles não o rejeitassem. Não querem saber dele, porque têm outra preocupação, o que equivale a afirmar que, na verdade, fizeram-se outros deuses. O pior deles é o próprio mal, que ocupou o lugar da divindade. Sendo seus escravos, escravizam muitas pessoas, pela violência, pelo roubo, pela sexualidade, pela corrupção...
Crise na Igreja?
Dom Odilo Pedro Scherer Cardeal Arcebispo de São Paulo
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uito já se falou e se continua a falar de crise na Igreja. No Documento de Aparecida, falamse dos fatores de crise e mudança que marcam nossa época; e o Papa Bento XVI não se cansa de conclamar a toda a Igreja para uma nova evangelização. Os números de levantamentos e pesquisas vão mostrando que diminui a adesão à religião tradicional e à Igreja. Há, sim, muita religiosidade e oferta de benefícios religiosos, como parte do mercado consumista, mas não como busca e anúncio de Deus e de seu Reino; o nome de Deus tornou-se uma espécie de "marca" para produtos, capazes de satisfazer desejos e de gerar muito lucro. "Não tomar o santo nome de Deus em vão", já é advertência antiga da Lei de Deus! Há muita religiosidade individualista, sem conversão nem obediência a Deus, onde não é Deus e seu Reino que estão no centro, mas o homem, com seus desejos e projetos pessoais. Fruto da cultura individualista e consumista do nosso tempo. Será que Deus aprova isso? Diante desse estado de coisas, qual é a solução? Entrar em pânico? Apelar para soluções mágicas? Apontar para culpados? Relacionar tudo com alguma questão
Conselho Editorial
Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino
Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo
interna da Igreja, como o celibato do clero, a pretendida ordenação sacerdotal de mulheres, a liberação do aborto, a aprovação do divórcio ou das uniões homossexuais pela Igreja, como se nisso estivesse a explicação para o distanciamento da Igreja e da religião? São lugares comuns e recursos fáceis para análises superficiais... Ainda mais, quando vemos que a questão não diz respeito somente à Igreja Católica. Outros grupos cristãos e não-cristãos estão enfrentando a mesmas dificuldades, e até bem mais sérias, do que a Igreja Católica. Deveria a Igreja esconder o Evangelho para contar com a simpatia das pessoas? Já dizia São Paulo que alguns pretendem esconder a cruz de Cristo, para tornar o Evangelho simpático... Pode haver Cristo sem cruz? Evangelho, sem a via dolorosa? Coragem, Povo de Deus! Jovens, olhem para a cruz de Jesus! Enraizados e edificados em Cristo, fiquemos firmes na fé! Muitos já foram os momentos difíceis enfrentados pela Igreja ao longo de 2 mil anos (assunto que vem sendo abordado pelo Solidário há mais de 30 edições à página 9. O destaque é nosso). E a resposta não foi o desânimo, mas uma renovada aproximação de Cristo e de seu Evangelho; e um renovado amor também pela Igreja, com uma verdadeira conversão - "conversão pastoral e missionária" -, como se pede no Documento de Aparecida. A resposta à crise é evangelizar de novo e com nova consciência de que somos todos servidores de uma obra que não é nossa, mas de Cristo e de Deus. Coragem, portanto! Ele nunca abandona a obra de seu amor! (Fonte: www.cnbb.org.br)
Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS
Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul
Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.
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AMÍLIA &
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OCIEDADE
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PUNIÇÃO Falência da educação ou limite salutar? Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia*
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ace às desobediências e aos caprichos dos filhos e alunos, as sanções dos pais e professores, muitas vezes, fracassam. Qual o ponto ideal, na administração das interdições? É da natureza da criança (adolescente) querer ultrapassar os limites impostos. Desobedecer é para ela a ocasião de ir descobrindo o mundo que a rodeia e testando até onde vai sua relação com os pais e professores.
A era dos filhos-reis
“Ele só faz o que lhe dá na telha” – lamenta a mãe de Luís, 5 anos. “Ela responde o tempo todo”, continua a mãe de Alice, 14. “Ele debocha a toda hora”, comenta a professora de Paulo, 9. Xavier, 43 anos, renunciou às refeições em família: “Ficar ouvindo os berros de minha filha, 4 anos, quando lhe oferecemos outros alimentos além da batata frita, eu não suporto mais. Nossos pais sabiam como lidar, mas nós, hoje em dia ...” Por que certas crianças são mais desobedientes do que outras? Questão de personalidade ressalvada, isto também depende da solidez das bases sobre as quais a autoridade foi estabelecida. E esta se instaura bem cedo, até os 20 anos. A criança toca em tudo, começa a falar, a se deslocar sozinha... Este período de descobertas é essencial ao seu desenvolvimento e à afirmação de sua personalidade. É função dos pais dar-lhe o marco limite: olhar severo quando age perigosamente, leve tapinha na mão se pega objeto proibido, tom grave quando desobedece... são sinais que fazem a criança entender que todas as coisas têm seus limites e que são seus pais que, por sua atitude e suas ordens, os garantem. Hoje, muitos pais não sabem mais punir seus filhos. Por quê? Parece que a palavra punição soa mal: com suas lembranças, retrocedem ao tempo do autoritarismo, quando surras, cortes drásticos da diversão, gritos e humilhações eram ativados por quase nada... Tempo em que não havia nenhum direito da criança/adolescente, somente obediência cega. Depois, uma geração de especialistas colocou em primeiro lugar o funcionamento psíquico e afetivo da criança. No final dos anos 60, aparece o “proibido proibir”, que entrou família adentro. Resultado: um atordoamento das relações pais e filhos (professores-alunos), quando amar passou a significar o abandono dos princípios de direito e dever. Assim, os filhos-reis e os pais desorientados encheram os consultórios de psicologia. A nova geração de pais quer encontrar o equilíbrio entre estes excessos. Pais atuais assimilaram a utilidade do diálogo na educação, mas reconhecem também a necessidade dos limites, sem os quais os filhos se tornam tiranos. E sofrem. Freud insistiu sobre a necessidade da punição sentida
Divulgação/Foto modificada eletronicamente
punição engendra a frustração da criança, que devolve em forma de agressividade. Agressividade que os pais suportam mal, pois eles a consideram como prova de desamor. Esta queixa é um mal dos pais hodiernos, os anteriores se contentavam em ser respeitados. Já na contemporaneidade, como reação a uma fragilização generalizada dos vínculos, as relações pais-filhos se movem sobre a sedução e o amor.
A relação de educação não é uma relação de sedução
A educação repousa sobre um sistema de regras que devem permitir à criança/adolescente compreender a diferença entre o que é autorizado e o que é proibido e, por extensão, entre o bem e o mal. Ora, uma regra não é uma regra se ela não vem acompanhada da sanção em caso de transgressão. Mas se a sanção é o gesto com o qual o educador vem reafirmar a regra, isto subentende que a regra seja colocada como um imperativo. O discurso parental deve ser sem ambiguidade: por exemplo, ao invés de “Eu desejaria que tu entrasses em um minuto”, prefira “Estou pedindo que estejas aqui em um minuto”. A entonação, os olhares e os gestos devem ir no mesmo sentido. Dizer “Eu te proibo de sair”, com a mesma voz que “Eu te proponho ficar conosco”, ou sorrir ao dizer “O que fizeste é perigoso”, é pôr a perder toda a credibilidade da intervenção. Não distinguindo mais se o que ouviu é uma ordem, um desejo ou uma solicitação, a criança desobedece sem o saber, e se sentirá injustamente punida. pela criança, consciente de ter faltado. Se não é a autoridade parental que aplica a sanção, a criança corre o risco de se encarregar ela mesma, assumindo práticas autopunitivas (provações voluntárias, condutas de risco, anorexia, mutilações...).
O sentimento de culpa
Será que não vou traumatizá-lo? Serei uma boa mãe? Este sentimento de culpa aparece sobretudo à nossa época, onde uma super-psicologização de vínculos e de comportamentos fez os pais perderem a confiança neles mesmos. Além disso,
*Escrito sobre artigo de Anne-Laure –Gannac : “psycologies.com” ( Darei seguimento a este tema na próxima edição)
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4 A força da palavra Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista
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m antigo ditado popular dizia que "a língua não tem ossos, mas quebra ossos", afirmação essa muito atual no mundo de hoje, quando lemos na crônica policial o número de brigas que acabam em ferimentos e mortes, brigas muitas vezes originadas por tolas discussões até entre amigos. A palavra, porém, assim como destrói, pode construir, dependendo da intenção de quem a pronuncia. A palavra surge com toda sua força nos Meios de Comunicação, porque um veículo, ao fazer sua pauta, além de selecionar os assuntos, determina o tratamento verbal que lhe dará, evidenciando a direção desejada e a influência que poderá exercer. Na vida diária, a palavra está sempre presente, pois é através dela que nos comunicamos e estabelecemos nossas relações com a família e a sociedade; dependendo da maneira como a utilizamos, criaremos um contexto de harmonia e sentimentos positivos ou um clima pesado, em que incompreensões, angústias e desentendimentos se farão sentir. Através de nossa linguagem revelamos os sentimentos que habitam em nosso coração. Sócrates já dizia: “Fala para que eu te conheça”. Além disso, há uma medida para o uso da palavra, pois nota-se um excesso no seu emprego: nos Meios de Comunicação, fala-se quando a imagem por si só traz a mensagem; os professores, por vezes, falam demais, quando deveriam dar espaço para as reflexões e as palavras dos alunos; alguns sacerdotes fazem longas homilias, explicando o que os fiéis já sabem e esquecendo-se que, depois de 10 minutos, a atenção flutua e é difícil recapturá-la; participantes de debates tomam a palavra, querem impor suas ideias e não permitem que os outros participem. E exemplos do emprego excessivo das palavras se multiplicam. Fulton Sheen, escritor e arcebispo de Nova York, dizia, na década de 50, que nossa era é a mais faladora de toda a história, todos falam e ninguém escuta. E acrescentava: “uma palavra amável encoraja o coração desanimado, uma palavra cruel faz soluçar o infeliz ao longo do caminho que o leva à sepultura...faltam apóstolos do encorajamento no mundo de nossos dias.” E concluía: “a grande tragédia é que há muitos seres que não são amados como deveriam ser.” E sugeria que em vez de procurar o lado mau das pessoas, deveríamos descobrir o lado bom, alguma qualidade apreciável que elas possam ter. Penso que sua mensagem, muito atual no século XXI, poderia indicar a todos nós um caminho para uma convivência fraterna em que, reconhecendo a força da palavra, tentássemos usá-la positivamente, para criar, na sociedade, um clima mais alegre e produtivo. E essa seria, ao mesmo tempo, uma das grandes responsabilidades da imprensa cristã, numa época em que os Meios de Comunicação divulgam tantas tristezas e violências. (debruzzi@ig.com.br)
PINIÃO
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O que dizem autores extrabíblicos sobre Jesus de Nazaré Antônio Allgayer Advogado
A
título de complementação de crônica anterior, vou fazer referência ao que disseram três autores extrabíblicos sobre a aparência física do Cristo da nossa fé. 1 - Consoante afirmação de Santo Irineu, Jesus teria sido “infirmus, ingloriosus, indecorus”, de aparência nada atraente. Pelo visto, tal concepção lembra o “servo sofredor” do segundo Isaías. 2 - Estudo esmerado do cirurgião francês Pierre Barbet, com base no sudário de Turim, o pano em que teria sido envolto o corpo de Jesus entregue à sepultura, pouco revela sobre a aparência externa de Jesus vivo. Tamanhas foram as sevícias impressas por decalque nessa mortalha, os sinais da flagelação, da coroa de espinhos e do rosto desfigurado por golpes de indescritível crueldade, pouco dizem de real e esclarecedor sobre a aparência humana de Jesus. A ciência tem se manifestado acerca da antiguidade e autenticidade das descobertas de Barbet. Inobstante alegações várias sobre a antiguidade do pano, ao que parece ainda não disse a última palavra sobre o assunto. 3 - Públio Lêntulo, governador da Palestina, revela algo impactante em carta ao Imperador de Roma: “Nestes tempos apareceu, na Judeia, um homem de virtudes singulares, que se chama Jesus, e que pelo povo é chamado “O Grande Profeta”. Seus discípulos dizem ser ele o “Filho de Deus”. Em verdade, ó César, cada dia dele se contam raros prodígios: ressuscita os mortos, cura todas as enfermidades e tem assombrado Jerusalém com sua extraordinária doutrina. É de estatura elevada
e nobre e há tanta majestade em seu rosto que aqueles que o veem são levados a amá-lo ou temê-lo. Tem os cabelos cor de amêndoa madura, separados ao meio, os quais descem ondulados sobre os ombros, ao estilo dos nazarenos. Tem fronte larga e aspecto sereno. Sua pele é límpida e corada. O nariz e a boca são de admirável simetria. A barba é espessa e tem a mesma cor dos cabelos. Suas mãos são finas e longas e seus braços de uma graça harmoniosa. Seus olhos são plácidos e brilhantes e o que surpreende é que resplandecem em seu rosto como raios de sol, de modo que ninguém pode olhar fixo o seu semblante, pois quando refulge faz temer e quando ameniza faz chorar”. Aos que põem em dúvida a procedência dessa carta, poder-se-iam opor argumentos que aduzem razões em prol da sua existência: É inadmissível supor que César Tibério se mantivesse indiferente com relação a um súdito do Império que através de sua pregação, seu poder taumatúrgico, seu modo de ser e agir, seu olhar e magnetismo verbal atraía multidões incomensuráveis de ouvintes e admiradores advindos de todos os recantos da Ásia Menor. E tentaram proclamá-lo rei, o que terá suscitado alvoroço, embora não fosse considerado risco de insurreição contra a hegemonia do Império. Quem lê a carta na íntegra, depara-se com peça literária de primoroso lavor estilístico e apreciação altamente favorável ao personagem em causa. Não pôde, todavia, o governante de província do Império admirador dos singulares predicados de Jesus, silenciar sobre realidade de certo modo comprometedora, acrescentando: “Há, todavia, os que o acusam de ser contra lei de Vossa Majestade, porquanto afirma que reis e escravos são iguais perante Deus”.
A Bíblia dos judeus Antônio Mesquita Galvão Biblista, exegeta e doutor em Teologia Moral
Q
uando se estuda as Escrituras com os mestres judaicos, como fiz em 2009 em Jerusalém (École Biblique et Archéologique de Jérusalem – EBAF) há que se ter sempre alguns cuidados. O que para nós é “Bíblia”, para eles é tanakh. É claro que estou me referindo ao Antigo Testamento, uma vez que, por uma questão de estrutura doutrinária, eles ignoram o nosso Novo Testamento. Tudo começa com o número de livros. Enquanto o cânone (a regra) católico possui quarenta e seis livros, a coletânea dos judeus (no que é acompanhada pelos protestantes) tem livros a menos: ela não registra os livros Judite, Tobias, 1 e 2 Macabeus, Eclesiástico, Baruc e Sabedoria que são encontrados nas nossas Bíblias. São, portanto, sete livros a menos, além de alguns fragmentos (escritos em grego) de Ester (9,20-32) e Daniel (cap. 13-14). Esta diferença tem a ver com aspectos históricos levados a efeito com a reforma de Esdras (430 a.C.). A outra divergência está na sistematização dos livros. As Bíblias católicas têm seus quarenta e seis livros dispostos em quatro grupos (Pentateuco, Históricos, Sapienciais e Proféticos). Os judeus agruparam seus livros em três compartimentos: Torá (a lei), Nebiim (os profetas) e Ketuwin (os demais escritos). Pentateuco é penta (cinco) e teuxós (rolos). É das iniciais de Torá, Nebiim e
Ketuwin que sai o acrônimo tanakh. Dentro do cânone católico, os cinco primeiros livros (no Pentateuco) têm nomes em grego e em português: Gênesis (o nascimento), Êxodo (a saída), Levítico (os códigos rituais), Números (o recenseamento) e Deuteronômio (deuterós = segunda + nómos = lei). Os judeus adotam outro critério para nominar seus livros. Eles não foram buscar nomes em outras línguas, mas utilizam as primeiras palavras de cada volume para designá-los. Assim, o livro do Gênesis é chamado de bereshit, que significa no princípio; ao segundo volume, o Êxodo, os judeus chamam de shemôt, que se refere aos nomes dos filhos de Israel; ao Levítico dão o nome de vaicrá – e chamou, que narra o chamado de Javé a Moisés, para uma conversa na “tenda da reunião”; o quarto livro, Números, é conhecido entre os hebreus como bamidbar – no deserto, que explicita o mandato de Deus, no deserto do Sinai, para que Moisés realizasse o censo do povo; por último, o Deuteronômio é chamado de debarim (ou devarim) como as palavras dirigidas por Moisés à assembléia do povo, no outro lado do Jordão. Dos três conjuntos que compõem a Tanakh (Torá, Nebiim e Ketuwin) a ênfase de leitura e oração se apóia na Torá e seus cinco livros. As preces dos rabinos e demais fiéis junto ao “muro das lamentações” bem como nas sinagogas contempla privilegiadamente textos da bereshit, supervenientemente a shemôt, vaicrá, bamidbar e debarim. A esses livros, por sagrados, devemos respeito e reverência.
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DUCAÇÃO &
SICOLOGIA
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O tempo de vida humana Jorge La Rosa Professor universitário, doutor em Psicologia
O
ser humano é dimensionado pelo tempo. Ser e tempo estão intrinsecamente implicados – não podemos pensar um sem o outro: é no tempo que começa a vida, se desenvolve e termina: o tempo limitado que nos é dado é fundante de todos os limites; e de nossa finitude. A perspectiva do fim, mais distante para os jovens, mais próxima para aqueles que se encontram na maturidade, é estímulo para vivermos a melhor das vidas, e a embelezarmos. Definitivamente, vivemos uma única vez, ninguém pode reviver o passado, a não ser na imaginação.
As dimensões do tempo
Temos consciência das dimensões do tempo: passado, presente e futuro dialeticamente relacionados, onde passado e futuro são sintetizados no aqui e agora, o que enseja as psicologias voltadas especialmente para o passado como explicação do comportamento atual e, também, aquelas que vislumbram o futuro para dinamizar o presente e dar-lhe direcionamento e sentido. Uma psicologia voltada exclusivamente para o passado não pode dar conta do humano, nem uma que seja voltada unicamente para o futuro: no primeiro caso, seria a negação do tempo futuro, no segundo, a negação do passado; o bípede pensante é a síntese de seu passado vivido e futuro projetado – o que revela a importância do tempo que já se foi, da leitura que fazemos, e, também, do porvir que o impele para o amanhã. – Desintegramos o humano de duas maneiras: negando o passado ou negando o futuro: a negação do passado ou a não aceitação é subjetiva – o passado pode ter diversas leituras, depende do ponto de vista e do estado emocional. – A construção do futuro depende tanto de condições subjetivas como objetivas: fica difícil, não impossível, idealizar um futuro para quem nasceu em condições de extrema miséria e nelas se desenvolve. Daí a expressão “Eles não têm futuro”, situação pela qual temos alguma responsabilidade.
O tempo segundo os gregos
A língua grega possui duas palavras para designar o tempo, chronos e kairós. Chronos é o tempo medido, dimensionado por um número, e se refere à mensuração de determinado movimento: a terra completa uma volta sobre seu eixo em 24 horas ou um dia, e ao redor do sol em 365: dizemos, então, que temos tantos anos de idade e tantos de escolaridade. Kairós também se refere a tempo, ele é gestado dentro de chronos, dele depende, mas dele difere. Kairós é oportunidade, é o momento presente que se nos oferece como dádiva para darmos guarida aos melhores sentimentos, proferirmos a palavra estimulante, ouvirmos interessadamente alguém; enfim, é o momento de darmos à luz um ser humano melhor que pulsa em nosso interior. Duas atitudes são deploráveis: viver lamentando um passado que já se foi, ou sonhando com um futuro impossível; no aqui e agora, podemos reinventar-nos.
A palavra de Paulo, no ocaso de sua vida, ao contemplar seu passado e vislumbrar seu esperançoso futuro, pode nos ajudar a concluir o artigo, não o assunto: “Combati o bom combate, acabei minha car-
reira, guardei a fé. Resta-me esperar o prêmio da vitória que o justo Juiz me dará como recompensa, e não só a mim, mas a todos os que esperam sua vinda” (2 Timóteo 4, 7-8). Feliz de quem vive o tempo na perspectiva de kairós! (jlarosa@terra.com.br) Salvador Dali
Há uma passagem do Eclesiastes (3, 1-8) que vale a pena recordar: “Há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu. Tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar a planta. Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de destruir, e tempo de construir. Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de gemer, e tempo de bailar. Tempo de atirar pedras, e tempo de recolher pedras;
tempo de abraçar, e tempo de se separar. Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de jogar fora. Tempo de rasgar, e tempo de costurar; tempo de calar, e tempo de falar. Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.” O texto acima não deve ser interpretado num sentido prescritivo ou de conselho; o autor descreve suas constatações, independente de juízo de valor.
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EMA EM FOCO
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Bíblia: principal refere
“Desconhecer a Sagrada Escritura é ign
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Imagem: tarotida.com
Igreja funda-se sobre a palavra de Deus. Isto é, nasce e vive dela. Sem a Bíblia, não há Igreja”. A afirmação é de cônego José Bonifácio Schmidt, destacando passagem da exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, de 30 de setembro de 2010, do pontificado de Bento XVI. Bonifácio é mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, ex-professor de Teologia na PUCRS e no Seminário de Viamão. Atualmente, além de vigário paroquial na Igreja S. João de P. Alegre, colabora no Seminário Maior da Arquidiocese de Pelotas. E, junto com Dom Jacinto Bergmann, está à frente de projeto em nível regional da CNBB de desenvolvimento de familiarização bíblica e de Leitura Orante para o aprofundamento da espiritualidade cristã a partir da leitura dos textos sagrados.
Sem tempo para Deus
Na esteira da pressa para tudo, pois ‘tempo é dinheiro’, que caracteriza a cultura atual, a leitura de textos mais alentados e com conteúdo, igualmente não se enquadra no ritmo do fast food. Livros com mais de 50, 100, páginas representam pouco interesse: são deixados de lado. E se a leitura da Bíblia já não constituía hábito comum, especialmente entre nós, católicos, agora mesmo, está quase esquecida. Passamos a vida numa correria louca, contando os minutos, sem tempo para as pessoas, sem tempo para nós, sem tempo para Deus, admitidas, naturalmente, as exceções. Solidário - A Palavra de Deus tem sido muitas vezes esquecida pelos católicos. Talvez estejamos precisando aprender dos luteranos um pouco de amor e paixão pela palavra de Deus. Bonifácio - “Talvez...! Há pouco tempo, eles fizeram uma Semana Acadêmica na nossa Escola Superior de Teologia – EST. E pelo visto, entendem melhor da Verbum Domini do que nós. A Bíblia é a base da espiritualidade, é a alma da teologia, é a centralidade de toda a ação pastoral, diz muito bem o Papa na Verbum Domini”. Solidário - Percebe-se um claro apassivamento, perda de capacidade e um certo analfabetismo de reflexão
de nossas comunidades, ainda mais em se tratando de textos sagrados. É mais fácil e tentador correr atrás do espetáculo, com fácil digestão e pouco compromisso! Bonifácio - “É verdade. E é geral! As pessoas hoje estão fora de si: estão nas coisas. O espaço interior está fechado. Uma pena! Há falta de estrutura, de estabilidade. Em geral, as pessoas são persuadidas em cinco minutos, mas logo depois voltam ao vazio”.
Bíblia: referencial principal
“A Bíblia – ou por outra, a palavra de Deus – é o cerne da espiritualidade de qualquer cristão. A Bíblia contém a palavra de Deus. Mas essa mesma palavra se encontra também na história, na criação, – diz o Papa. S. Boaventura afirma que cada criatura é palavra de Deus”, lembra cônego Bonifácio. O mesmo conceito é enfatizado pelo biblista Carlos Mesters: “O primeiro livro de Deus é a criação, a natureza, a vida, o mundo, os fatos, a história, os acontecimentos. É através deste Livro da Natureza ou da Vida que Deus quer falar conosco. Tudo que existe é a expressão de uma palavra divina. Cada ser humano é uma palavra ambulante de Deus. O segundo livro é a Bíblia, escrita, não para substituir o Livro da Vida, mas
sim para ajudar-nos a entendê-lo melhor e a descobrir nele os sinais da presença de Deus. O estudo e a Leitura Orante da Bíblia nos devolvem o olhar da contemplação e nos ajudam a decifrar e a interpretar o mundo, os acontecimentos, a natureza”. Cônego Bonifácio recorda que São Jerônimo dizia que a ignorância da Escritura é a ignorância de Cristo. “E dizia mais: nós nos preocupamos com as migalhas do mistério eucarístico. E por que não nos preocupamos com as migalhas da palavra de Deus que caem da mesa? E o Papa tem isso também muito claro. Entrevistado por um jornalista alemão e amigo seu sobre a meta de seu pontificado, foi enfático e direto: o essencial. Para mim, ele – Bento XV – quis dizer que tudo que for acessório, isto é, as ‘quinquilharias’ que a gente foi pendurando na Igreja no decorrer da história de dois mil anos, deve ficar em plano secundário. Devemos recuperar o centralismo da palavra, da figura de Jesus, como palavra inculturada, encarnada. Devemos deixar-nos reencantar pelo Jesus de Nazaré. De que jeito? Estudando, procurando ver qual é mesmo a mensagem que Marcos, Mateus, Lucas, João e Paulo quiserem dar. Não aquela que eu estou tirando talvez de uma leitura fundamentalista. Tem que saber passar por cima da letra e chegar àquilo que Deus quis dizer para nós, hoje”, resume cônego Bonifácio.
Cônego José Bonifácio Schmid
Leitura
“Graças a Deus, fome de Bíblia. É o Esp do na Igreja. Há inter de grupos de oração Leitura Orante, para resultado da sistemat Lectio Divina pelo Mo degraus desse método 1º - Leitura – ler v criar uma maior famili o texto dentro do seu 2º - Meditação – tr horizonte da nossa vid 3º - Oração – é o m ação de graças, súplic rezar algum salmo, r tentes. 4º - Contemplação A leitura responde o texto? A meditação texto para mim, para n de: o que o texto me contemplação ajuda a r to para nova missão?” (Monge Guigo, da percebeu por volta d texto, era possível rel presente, trazendo um para o futuro. Guigo de Deus comprometia livros que formam a B de uma unidade. De percebia que estavam de compreensão: lit teológico. Cada um te o primeiro está mais segundo leva mais e tuação histórica em q e o terceiro está dire com a mensagem de
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A S ÇÃO
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OLIDÁRIA
encial do cristianismo
norar o próprio Cristo”. (São Jerônimo) Imagem: Solidário
Da oração à ação
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Orante
hoje percebe-se uma spírito Santo trabalhanressados em participar em muitos lugares. A mim, é um método, tização dos passos da onge Guigo. Os quatro o, resumidamente, são: várias vezes o texto até iaridade. É preciso ver contexto e origem. razer o texto dentro do da e realidade. momento para o louvor, ca, pedido de perdão, recitar preces já exis-
o. e à pergunta: o que diz responde: o que diz o nós? A oração responfaz dizer a Deus? E a responder: estou pron” questiona Bonifácio. a Ordem dos Catuxos, de 1.150 que, lendo o ler o passado à luz do ma grande contribuição sentia que a Palavra a e que o conjunto dos Bíblia era tido dentro entro dessa unidade, m presentes três níveis terário, histórico e o em sua especificidade: s próximo do texto, o em consideração a sique o texto foi escrito etamente relacionado Deus).
O método da Leitura Orante da Bíblia está se difundido. Também na Arquidiocese de P. Alegre, especialmente no Vicariato de Canoas, surgiram vários grupos que se reúnem semanalmente para desenvolver o método. Roberto Afonso Alles é um dos responsáveis pela sua difusão. Casado há 23 anos com Maria Isabel Scapini Alles, pai de Felipe (21), Gustavo (19) e Augusto (17), Roberto é representante comercial autônomo e atualmente coordena o ministério da palavra no Vicariato de Canoas. Solidário - O que significou e significa o método da Leitura Orante da Bíblia em sua vida e na caminhada cristã? Roberto – O método para mim é a maneira leiga de encontrar a verdade oculta na Palavra, através da partilha e vivência de outros leigos que, como eu, perceberam que o conhecimento da Palavra possibilitava uma aproximação maior com a proposta fraterna do Reino anunciado. A Partilha, a Escuta, a Vivência e a Ação que Cristo nos propõe trazem um encantamento que nos impele a procurar mais. Através da Leitura Orante, vamos agregando valores à nossa vida e mudamos de maneira positiva. Hoje, sou mais equilibrado e oriento minhas escolhas e decisões de maneira mais cristã. Solidário - Como, quando e porque começou a adotar esse método? Roberto - Em 2004, cônego José Bonifácio Schmidt propôs a criação do Ministério da Palavra em nossa paróquia. No inicio, não tínhamos a dimensão da transformação que esta proposta traria para nossa comunidade
Roberto Afonso Alles
e para o Vicariato. Mesmo com receio, começamos a caminhada, sempre buscando em Bonifácio refúgio para nossas dúvidas e incertezas, que eram muitas. E descobrimos a maneira apaixonante que a Palavra nos apresentava. A simplicidade que o método irradiava cativou a mim e a outros que iniciaram esta caminhada e atuam até hoje. Solidário - Que mudanças práticas de vida aponta em seu grupo de oração? Roberto - As mudanças que aconteceram não foram coletivas, mas individuais. Cada um, ao seu tempo, foi crescendo e percebendo que este método não poderia ficar somente restrito a um pequeno grupo. E hoje, além da adoção em pastorais sociais, movimentos e serviços, quase todos tomam a
A Leitura Orante é um método, resultado da sistematização dos passos da Lectio Divina pelo Monge Guigo
iniciativa e levam o método até as paróquias e comunidades do vicariato. Em 2011 mais de 1.200 pessoas foram apresentadas ao método, além de muitos ministros que fazem a celebração da palavra em comunidades onde o padre não pode estar presente em todas as celebrações. Solidário – Como está o trabalho de expansão do método da Leitura Orante no Vicariato de Canoas? Quantos grupos já estão estabelecidos, em que paróquias? Roberto – Hoje existe uma coordenação composta por 18 integrantes de várias paróquias do vicariato. Esta coordenação tem o acompanhamento e orientação do Frei Irineu Trentin da paróquia São Pio X. Esta coordenação prepara e ministra encontros de formação: um curso sobre o evangelista do ano, sempre no inicio do ano (janeiro e fevereiro) e mais quatro noites de aprofundamento durante o ano, sobre temas específicos do evangelista estudado. Durante o mês de setembro desenvolvemos o estudo do livro proposto pela CNBB para o ano (2011 Livro do Êxodo). Durante cinco meses fomos a mais de 20 paróquias e comunidades para apresentar o método da Leitura Orante, além de capacitar leigos em paróquias para dar continuidade ao ministério da Palavra em suas comunidades. Neste ano foi criada uma página na internet para que todos possam acessar os materiais que apresentamos nos encontros, além de textos para leitura e estudo. O endereço é htpp://ministrosdapalavravicariatodecanoas.blogspot.com e foi criado pela nossa irmã Clarisse Kopp.
8 Bolinhos de arroz no forno?
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ABER VIVER
Incubadora da PUCRS facilita uso de marcapasso
ilha de italiana e neta de quatro avós italianos, não herdei exatamente o gosto pela cozinha. Entretanto, dizem até que minhas comidas (quando as faço) são saborosas. Principalmente, reluto muito A Solentech, empresa em experimentar receitas novas escritas que vêm instalada na Incubadora em caixas ou rótulos de determinados produtos. Raiar da PUCRS, está deÀs vezes, em casa de amigos, peço uma receita que acabamos senvolvendo um dispositivo de provar e meu marido me olha, irônico. Estou desacreditada! Já para abastecer baterias de sabe quantas eu colecionei e jamais as fiz. Há poucos dias, experimentamos, minha auxiliar e eu, receita marcapassos, transformande bolinhos de arroz de forno. Afinal, adepta de uma cozinha sau- do energia eletromagnética dável, procuro tudo que não seja frito. Claro, parece que as frituras em elétrica. O projeto está são bem mais gostosas! sendo realizado com apoio Seguimos fielmente a receita dos tais bolinhos. Quando a de recursos do edital Inova mistura ficou pronta, não deu para modelar os bolinhos: era uma Pequena Empresa RS, do pasta que se espalhava na forma. De qualquer maneira, assamos Sebrae, e deve ser concluassim mesmo! Assada, a massa formou uma bolacha, tão dura e tão ruim, que ído no primeiro semestre de 2012. Por meio de uma até nosso vira-lata, que nada rejeita, recusou-se a comer. Telefonamos para o 0800 da empresa (muito grande, com antena denominada Rectencozinha experimental). Alegaram-nos que a receita fora “cienti- na, o dispositivo, que estará ficamente” testada na maravilhosa cozinha. Como insisti, a aten- acoplado ao marcapasso, irá dente prometeu encaminhar o problema para o setor competente captar a energia eletromage retornar! nética transformando-a e Dias depois, recebo o retorno. abastecendo o equipamento. A receita foi testada e modificada em alguns detalhes. A senhora O projeto irá permitir que o aceita receber a nova? É claro que aceitava; afinal, estava curiosa para saber como paciente que usa o dispositivo médico possa recarregar se poderiam fazer os tais bolinhos de forno. Desejava assá-los! E aí recebi, pelo correio, a nova receita, num incrementado a bateria do equipamento envelope; ansiosa, tratei de comparar as duas receitas. sem que haja necessidade Imaginem a minha surpresa! Realmente, houve uma pequena de retirá-lo da pele. modificação: em vez de levar os bolinhos ao forno, devia-se fritáNarcélio Ribeiro, um los numa panela com óleo! dos sócios da Solentech, Conclusão: não percam tempo. Se, quiserem fazer bolinhos salienta que, atualmente, de arroz, é melhor seguir a boa e velha receita de nossas mães e há uma busca permanente avós. Ah: e usar um azeite com menos calorias! Cuidado: a tal receita está nas prateleiras de supermercado, na caixa do produto! por novas fontes de ener(Carmelita M. Abruzzi - debruzzi@ig.com.br) gia. "A eletromagnética é interessante, pois está em todos os lugares e é emitida o tempo inteiro", observa. A iniciativa é inédita no Brasil. Recentemente, uma empresa japonesa anunciou o desenvolvimento da antena, mas não informou a aplicação. As pesquisas para a realização desse projeto foram iniciadas em 2006, pelo engenheiro Sebastien Rondineau, pesquisador e diretor da Solentech, quando foi professor na Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.
Foto pessoa rindo: Emiliano Spada/Demais: Divulgação
Dicas de Nutrição Dr. Varo Duarte
Médico nutrólogo e endocrinologista
Vitaminas e sais minerais Pretendemos concluir estes ensinamentos de Educação Alimentar falando das Vitaminas e Sais minerais, que devem estar presentes em nossa alimentação diária. Conforme vimos apresentando nestas considerações, em vista da pesquisa originada pelo IBGE e publicada nos jornais comprovando o desconhecimento dos princípios básicos da alimentação normal por parte do povo brasileiro, esperamos contribuir com a divulgação dos princípios que norteiam a alimentação balanceada. A obesidade infantil constitui-se em perigoso inicio da obesidade mórbida que será constatada na fase adulta, atingindo hoje no Brasil maior incidência que a desnutrição protéico-calórica. Relembramos nossas regras de uma boa alimentação: COMA DE TUDO SEM COMER TUDO. COMA BASTANTE FRUTAS E VERDURAS. MEXA-SE. Melhor do que escrever sobre estes importantes nutrientes, encontrados nas frutas e verduras, será reproduzir os versinhos de nosso professor Eugênio Carvalho Jr. Em dicas anteriores já os publicamos, mas as considero de tanta importância, traduzindo de uma forma simples, direta e educativas, que vamos reproduzi-las. O mestre aproveita sua facilidade poética para fazer um alerta. Mas não pensem meus amigos, São produtos naturais Mas os homens que são tolos Procuram sempre encontrá-las
que elas são medicamentos; que existem nos alimentos. desconhecendo a verdade, nas farmácias da cidade.
A deficiência de vitamina A, pode levar até à cegueira, e determina muitos dos problemas de visão e de enfermidades de pele, quando a recebermos em quantidades inferiores às recomendadas. Utilizando como exemplo os ratinhos, sempre usados em experimentos nutricionais, explica o professor: Vamos então começar Dizendo para que serve Tem outras perturbações Os seus olhos ficam secos, Virarão uma ferida Também a nós acontece Se falta esta vitamina Nossa pele fica seca Tal qual como nos ratinhos Quase que não vemos nada Nesta doença de carência
pela vitamina A e também onde ela está. que tentarei descrever. começam logo a arder, se ninguém os socorrer. cousa muito parecida. todo dia na comida. com cravos a aparecer nossos olhos vão sofrer. quando vai morrendo o dia chamada hemelaropia.
Aqui vamos fazer uma explicação para traduzir este termo médico. Esta doença é conhecida como cegueira noturna. É uma deficiência que ataca a visão quando anoitece, enxerga-se menos. Os vegetais e as frutas Contêm vitamina A Não deixem, pois, de comer Verduras, como salada,
de cor verde e amarela , pois todos são ricos nela. todo dia, com certeza, e frutas, na sobremesa.
RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2012 e o Familienkalender 2012 estão à venda na Livraria Padre Reus e também na filial dentro do Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo. Faça o seu pedido pelos fones: 51-3224-0250 e 51-35665086 ou através do e-mail: livrariareus@livrariareus.com.br
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VELHINHOS Um casal idoso estava num cruzeiro e o tempo estava tempestuoso. Eles estavam sentados na traseira do navio olhando a lua, quando uma onda veio e carregou a velha senhora. Procuraram por ela durante dias, mas não conseguiram encontrá-la. O capitão enviou o velho senhor para terra, com a promessa de que o notificaria assim que encontrasse alguma coisa. Três semanas se passaram e finalmente ele recebeu um fax do navio: "Senhor: lamento informar que encontramos o corpo de sua esposa no fundo do mar. Nós a içamos para o deque e, presa a ela, havia uma ostra. Dentro da ostra havia uma pérola que deve valer $50.000 dólares. Por favor, diga-nos o que fazer." E o velho homem respondeu: "Mande-me a pérola e atire de novo a isca." xxx
O médico atende o paciente idoso e milionário, que estava usando um revolucionário aparelho de audição, e pergunta: - E aí, seu Almeida, está gostando do aparelho? - É muito bom! - respondeu o velhinho. - E a família gostou? - pergunta o médico. - Não contei para ninguém ainda... mas já mudei meu testamento três vezes!
DE NOVO, NÃO Uma cerimônia funerária estava sendo realizada por uma mulher que havia acabado de falecer. Ao final da cerimônia, os carregadores estavam levando o caixão para fora quando, acidentalmente, bateram numa parede deixando o caixão cair. Eles escutaram um fraco lamento. Abriram o caixão e descobriram que a mulher ainda estava viva! Ela viveu por mais dez anos e então, morreu. Mais uma vez, uma cerimônia foi realizada e, ao final dela, os carregadores estavam novamente levando o caixão. Quando eles se aproximaram da porta, o marido gritou: "Cuidado com a parede!!!!!
Sem Fronteiras
2.000 anos de turbulências - XXXVI
Martha Alves D´Azevedo
Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on Le
Humor
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SPAÇO LIVRE
Monges de armas na mão
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om a conquista dos Lugares Santos da Palestina pelos cruzados, os cristãos que demandavam aquelas terras como peregrinos corriam ainda perigos. Daí, para protegê-los, surgiram as Ordens Militares-Religiosas, uma espécie de “monges de armas na mão”. A Primeira Ordem foram os Templários, fundada em 1119. Usavam uma capa branca com uma cruz vermelha. Sua origem deu-se junto ao templo de Jerusalém, quando oito cavaleiros franceses, liderados por Hugo de Payens, resolveram dedicar-se à defesa dos peregrinos cristãos. Faziam os três votos – pobreza, obediência e castidade – e juravam dar proteção aos peregrinos contra os muçulmanos. Esta Ordem foi extinta pelo Papa Clemente V, em 1312. Depois, veio a Ordem dos Hospitalários, oriunda do Hospital São João Batista, de Jerusalém, destinada a atender os peregrinos. Além de cuidar da saúde dos peregrinos, começaram a defendê-los dos inimigos da fé. Mais tarde, eles se transferiram para a Ilha de Malta, sendo chamados, por isso, de Cavaleiros de Malta (1753-1798). Vestiam uma capa escura com uma cruz branca. Finalmente, em 1190, por ocasião da Terceira Cruzada, surgiu a terceira, Ordem Militar: os cavaleiros Teutônicos. Nasceu junto ao Hospital São João do Acre e atendia os peregrinos alemães. O hábito deles era um manto branco com a cruz preta. Essa Ordem, supressa por Napoleão (1809), e pelo nazismo, na Alemanha, ressurgiu após a guerra, com sede em Viena. Nesta época, surgiram também grandes mestres espirituais, como São Bernardo, fundador da Ordem dos Cistercienses. Ao falecer, em 1153, esta Ordem possuía 350 mosteiros. Vieram depois São Norberto, fundador dos Cônegos Premonstratenses, com a finalidade de auxiliar a pastoral paroquial; Hugo de São Vitor, erudito professor, defensor da doutrina da Igreja, o que lhe valeu o apelido de “Novo Santo Agostinho”, falecendo em 1141. Hildegarda, uma das mulheres mais estimadas de seu tempo, fez-se beneditina e fundou o Mosteiro de Rupertsberg. Viveu profunda espiritualidade com apoio de São Bernardo de Claraval. Defendia uma reforma espiritual da Igreja. Graciano, 1158, foi monge e professor em Bolonha. Teve valiosa contribuição no estudo das leis eclesiásticas. Escreveu uma coleção de livros chamada de “Decretos de Graciano”. Iniciou um novo rumo do estudo dentro da Igreja: o setor jurídico. Foi chamado de “pai do Direito Canônico”. Finalmente, Pedro Lombardo, falecido em 1160. Foi professor e bispo de Paris. Seus livros de Teologia foram usados nas Universidades até o ano de 1500. (CA/Pesquisa)
Igreja e cultura digital
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e 17 a 19 de outubro terá lugar em Santiago, capital do Chile, o segundo congresso da RIIAL (Rede Informática da Igreja na América Latina). Neste encontro, será apresentado o projeto EPISCOPO.NET, que vai permitir dialogar e intercambiar informações de forma segura entre os bispos do continente. EPISCOPO.NET é um sonho da RIIAL desde o seu início remoto, em 1989, quando um grupo de católicos latino-americanos começaram a experimentar comunicação informatizada no seio das instituições da Igreja Católica. Desde as primeiras provas com baterias e pontes elétricas para contatar com paróquias distantes, até a instalação de redes em diversas dioceses da América Latina, este grupo de fiéis foi organizando a Red Informatica, que no final se anexou ao Vaticano. O projeto é uma iniciativa da RIIAL, do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais e do Conselho Episcopal Latino-americano, e conta com o apoio técnico da empresa Telefónica da Espanha. A RIIAL é coordenada pela mexicana Letícia Soberón e oferece, com o apoio do Centro de Formação e Desenvolvimento Nossa Senhora de Guadalupe, o software Office eclesial: uma coleção de programas elaborados especialmente para paróquias e bispados. Com esta nova ferramenta se pretende que os bispos latino-americanos diminuam a quantidade de viagens que realizam para estabelecer planos pastorais em comum ou para assistirem a reuniões de coordenação. O seminário do Chile busca refletir sobre os novos paradigmas da interconectividade, as linguagens multimidiáticas, os portais católicos, as redes sociais, os blogs, as aplicações, a segurança, a privacidade e os riscos da Internet. Os bispos latino-americanos buscam uma rede segura na Internet. O EPISCOPO. NET, plataforma de Comunicação Episcopal, é uma grande inovação, que coloca a Igreja inserida na cultura digital. (geralda.alves@ufrgs.br)
Visa e Mastercard
Jorge La Rosa - 10/11 Jaqueline Poersch Moreira - 12/11
Igreja Católica Rumo à Prevenção Alcoólica
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GREJA &
Solidário Litúrgico 30 de outubro - 31o Domingo do Tempo Comum Cor: verde
1a leitura: Livro do Profeta Malaquias(Ml) 1,14b-2,2b.8-10 Salmo: 130(131), 1.2.3 (R/. Guardai-me, em paz, junto a vós, ó Senhor) 2a leitura: 1a Carta de São Paulo aos Tessalonicenses (Ts) 2,7b-9.13 Evangelho: Mateus (Mt) 23,1-12 Para a compreensão dos comentários litúrgicos leia, antes, os respectivos textos bíblicos. Comentário: Jesus foi alguém que se colocou na contra-mão da cultura, dos costumes, da religiosidade, das relações da sua época. Reabilitou o amor gratuito, o servir sem nada esperar em troca, amar com o coração. Por isso, não foi compreendido pela maioria da população, foi odiado e perseguido e, finalmente, assassinado pelos donos dos diferentes poderes: religioso, político e econômico. Para Jesus, é mais importante no Reino de Deus e na vida da gente aquele e aquela que serve mais e serve com amor humilde, sem vangloriar-se nem pedir reconhecimento e aplausos de ninguém. Isso era demais, especialmente para fariseus e doutores da lei, ciosos do seu poder e fazendo tudo para serem reconhecidos e aplaudidos pelo povo: Eles fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Gostam do lugar de honra nos banquetes, dos primeiros lugares na sinagoga, de serem cumprimentados nas praças públicas e chamados de “mestres” (cf 23,5-7). É bom e sábio desconfiar de dois tipos de santos: os tristes e os orgulhosos, os que querem aparecer. O “santo” triste é um contra-testemunho do Deus feliz e o “santo” orgulhoso é uma contradição do Jesus, humilde e servidor. Os verdadeiros santos e santas são aqueles e aquelas que servem, com amor cordial, na humildade, e cuja única recompensa é sentir que fazem alguém feliz. Aqui cabe um pensamento poético da escritora Cora Coralina. Diz ela: Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. É isso que dá sentido à vida, que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira e pura enquanto durar.
6 de novembro - 32o Domingo do Tempo Comum Cor: branca
Solenidade de Todos os Santos
1a leitura: Apocalipse (Ap) 7,2-4.9-14 Salmo: 23(24), 1-2.3-4ab.5-6 (R/. cf 6) 2a leitura: 1a Carta de São João (1Jo) 3,1-3 Evangelho: Mateus (Mt) 5,1-12a Comentário: Santo não é quem está sempre na igreja/templo e reza dez rosários por dia, mas quem faz de toda a sua vida um serviço de amor solidário. E sua oração é sempre um agradecimento pelo bem que pode fazer ou um pedido para ter força e saúde para fazer mais bem a sempre mais pessoas. Os mandamentos dados a Moisés no Antigo Testamento apontam para o que é proibido fazer; os mandamentos do Novo Testamento de Jesus mostram um novo caminho de perfeição, de santidade, e são impregnados de amor solidário. Os antigos Dez Mandamentos foram escritos em tábuas de pedra; os mandamentos do Novo Testamento de Jesus foram escritos pelo Espírito Santo nas tábuas do coração dos que acreditam. Quando celebramos a festa de todos os santos, lembramos mulheres e homens que viveram, em sua vida, o projeto de Jesus, sintetizado no Sermão da Montanha: bemaventurados... felizes os pobres em espírito, os que choram, os mansos e humildes de coração, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos por causa da justiça. Jesus declara felizes, bem-aventurados todos aqueles e aquelas que vivem estas disposições do seu Novo Testamento, da sua nova maneira de viver e praticar a fé. São os verdadeiros santos e santas, assim confirmados pelo próprio Jesus, santos e santas do cotidiano, da entrega silenciosa, geralmente anônima, sem manchetes nem declarações públicas, oficiais. Santos e santas de nossas famílias, de nossas comunidades, colegas de trabalho, tão comuns e tão imensos no seu amor simples e desapegado. Santos e santas porque sua vida é feita de alegre entrega, de generosa doação, de abraço de perdão, de sorriso de animação, de palavra de salvação. (attilio@livrariareus.com.br)
COMUNIDADE
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Catequese “O despertar de uma Nova Consciência” – Um programa de catequese
O
objetivo do programa “Despertar de uma Nova Consciência” é fazer com que a criança e/ou adolescente se torne construtor de uma mentalidade e experiência cristã próprias. O papel do catequista não é o de professor, mas de um amigo, um questionador, uma pessoa que planeja atividades com a participação de todos, trazendo material e deixando que o catequizando se torne protagonista de sua experiência cristã, ou seja, que ele se torne “formador de opinião cristã”. Infelizmente, muitas vezes os catequistas fazem uso de sua vocação em dois extremos: 1) copiam o método de ensino que seus professores utilizaram com eles; e se o catequista é professor, procura utilizar a mesma didática de suas “aulas”, nos “encontros” de catequese, esquecendo que os “catequizandos” não são “alunos”, mas sim cristãos que buscam, quase sempre inconscientemente, ter uma experiência cristã, onde eles mesmos serão construtores desta mentalidade nova; 2) em outro extremo acontece o infantilismo ou atitude paternalista exagerada. O catequista age com atitudes e voz infantil, tentando se igualar aos catequizandos. Consciente ou inconscientemente, procura ser o pai ou a mãe, esquecendo a sua vocação que é a de ajudar o catequizando a fazer uma experiência cristã de conhecimento e fé.
Se o encontro de catequese não é uma aula, então o que é?
Deve ser um encontro onde catequistas e catequizandos se tornem um único grupo, ou melhor ainda, uma única “comunidade de cristãos” (uma Igreja) que se unem semanalmente para um encontro, no qual aprendem uns com os outros, trocam e partilham experiências, tendo como ideal de vida a pessoa de Jesus Cristo. Em toda a comunidade existem pessoas mais experientes. É aqui que entra a vocação do catequista: ser um amigo e um guia mais experiente que irá colaborar com seus irmãos nesta experiência de se tornar um cristão consciente e convicto de sua fé e identidade cristã. Nesta “comunidade de cristãos” todos aprendem, trocam experiências e opiniões, tornando-se protagonistas de sua identidade cristã.
Uso de situações hipotéticas para os catequizandos refletirem
O catequista apresenta um fato ou um texto sobre o tema que deseja
discutir com os catequizandos.
Por exemplo, criará a seguinte situação hipotética: “Imaginemos que vocês achem uma nota de vinte reais. O que vocês fariam com este dinheiro?” A partir desta situação hipotética, o catequista cria um confronto de opiniões com os catequizandos deixando que eles falem a vontade, expressem suas opiniões, discordem um dos outros... O catequista deverá ir anotando todas as ideias dos mesmos. Antes de passar para uma situação hipotética nova, o catequista deverá partilhar com os catequizandos o que é cristão, e o que não é cristão, nas respostas que deram. Afinal, o catequista é a pessoa mais experiente naquela comunidade e tem por vocação conduzir seus irmãos pelo caminho proposto por Jesus. Neste momento, pode apresentar um texto curto, uma história ou um fato, sobre o valor “honestidade”. E todos discutem o conteúdo. É bom que o catequista prepare no mínimo quatro situações hipotéticas por encontro. Assim que perceber que os catequizandos estão se dispersando, deverá dar ínicio a uma nova situação. Idéias principais foram abstraídas do blog de Flávio Sobreiro da Costa por Deonira La Rosa
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SPAÇO DA
RQUIDIOCESE
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Coordenação: Pe. César Leandro Padilha
Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre
Pe. Leandro Padilha empossado na Paróquia N. Sra. da Saúde
Tradicional evento religioso atraiu milhares de pessoas
Mais de 40 mil na Procissão dos Motoqueiros em honra a Nossa Senhora Aparecida A devoção a Nossa Senhora Aparecida levou entre de 25 e 30 mil motos e mais 40 mil pessoas para as ruas de Porto Alegre na 37a Romaria dos Motoqueiros em honra à padroeira do Brasil. Expressões de fé, gratidão e esperança marcaram os mais de 14 quilômetros de percurso da procissão idealizado pelo padre João Peters, falecido em 2006. A movimentação dos motociclistas iniciou bem cedo, às 7 horas, com a concentração. Pouco a pouco, o silêncio da Avenida Augusto de Carvalho foi sendo quebrado pelo ronco dos motores. A cada minuto, centenas de participantes chegavam ao local, como a motociclista Denise Bittencourt. Moradora do município de Alvorada, ela estava na carona do marido e levou junto o irmão. Como gesto de gratidão à Mãe de Jesus, Denise levou durante toda a procissão a imagem da padroeira do Brasil: “Venho agradecer o que sempre recebo. Peço saúde, paz e Nossa Senhora sempre me atende. Não tem explicação a emoção de participar da Romaria”, disse a romeira. O arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, participou da abertura da Romaria. Ele proferiu a bênção à imagem e à equipe organizadora: “Que Nossa Senhora Aparecida abençoe a Romaria e a todos os que dela participam”, disse. Após a bênção, as mais de 40 mil pessoas saíram
em procissão pelas ruas do centro de Porto Alegre até o Centro Cultural Porto Seco. A romaria confirmouse grande em número de participantes. Segundo a EPTC (Empresa pública de Transporte e Circulação), o carro com a imagem de Maria tinha percorrido mais de 8 quilômetros quando o último grupo de motoqueiros estava saindo do ponto de partida. Por todo o percurso, a fé dos devotos foram se somando as dos motoqueiros. Chuva de papel picado, sinal da cruz, aceno e beijo para a imagem foram algumas das muitas formas de homenagem à padroeira do Brasil. A procissão foi finalizada no Centro Cultural Porto Seco. No local, os motoqueiros aglomeraram-se para receber a bênção final feita pelo Pe. Vanderlei Bock: “Que a bênção seja sinal de vida e proteção para o trânsito no dia-a-dia”, enfatizou o padre, que depois fez a aspersão de água benta nos motociclistas, motos, capacetes e imagens. Momento marcante foi a homenagem feita pelos participantes ao patrono do movimento, Pe. João Peters. Uma saudação foi feita com a aceleração dos motores, buzinas e capacetes levantados. A equipe organizadora anunciou que, em 2012, Pe. João Peters será homenageado com um banner e a produção de busto que será colocado no espaço ao lado do Porto Seco.
Notas
Clero do Vicariato de Gravataí
Facebook - O Perfil do Facebook da Arquidiocese de Porto Alegre tornou-se uma página. A mudança acontece depois que o perfil da Arquidiocese atingir o limite máximo de cinco mil amigos conectados. Com a mudança, mais internautas podem associar-se a página da Arquidiocese através do “Curtir”, além de interagir PASCOM Arquidiocesana e acompanhar as notícias da Igreja. PASCOM reunirá equipes dos Vicariatos - A Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Porto Alegre iniciará as reuniões no sentido de qualificar as ações da pastoral na Arquidiocese. No dia 11 de novembro será realizada uma reunião com representantes dos Vicariatos na Cúria Metropolitana. Bem-Aventurada Bárbara Maix: primeiro ano da Beatificação - A Arquidiocese de Porto Alegre vai celebrar o primeiro ano da beatificação da Bem-Aventurada Bárbara Maix no próximo dia 6 de novembro. Fundadora da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria será lembrada com vigília e celebrações eucarísticas. Programação: Dia 05 de novembro de 2011, às 20h, Vigília no Santuário São Rafael, Rua Riachuelo nº 508 - Porto Alegre – RS e no dia 06 de novembro Missa na Catedral Metropolitana de Porto Alegre (10h) e na Igreja das Dores (18h30min). Informações pelo site: ww.icm-sec.org.br
Em Alvorada, a Paróquia São José Operário acolheu a reunião dos padres e diáconos do Vicariato de Gravataí. O encontro aconteceu no dia 13 de outubro e teve como orientador o Padre Bonifácio Schmidt. A reunião foi dividida em dois momentos. Na primeira parte, padre Bonifácio realizou formação sobre a animação bíblica da vida e da pastoral à luz das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011-2015. Também foi estudada a exortação Apostólica Pós-Sinodal 'Verbum Domini' do Papa Bento XVI. Na segunda parte da reunião, os padres debateram assuntos referentes as pastorais e o planejamento para 2012. Deste agendamento destacam-se o encerramento do Ano Vocacional dia 26 de agosto de 2012, por ocasião da Romaria Vocacional deste Vicariato e a vinda da Cruz Peregrina e do Ícone de Nossa Senhora da Jornada Mundial da Juventude do dia 1º de novembro de 2012 em Porto Alegre. A reunião terminou com almoço de confraternização com funcionários e leigos da Paróquia.
Pe. Leandro Padilha é o novo pároco da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, bairro Teresópolis, em Porto Alegre. A posse aconteceu durante missa realizada no dia 12 de outubro. Dom Dadeus Grings, arcebispo de Porto Alegre, apresentou o presbítero à comunidade. A missa contou com presença de padres, religiosas, agentes da Pastoral da Comunicação, movimento de Cursilhos e fiéis da Paróquia Santa Teresinha. Dom Dadeus abriu a celebração lembrando que depois da ordenação, o momento mais importante para o padre é a posse em uma paróquia, oportunidade em que o sacerdote é entregue aos fiéis. Após a saudação inicial, foi lida a provisão de posse, seguida da leitura de uma carta por meio da qual Pe. Leandro Padilha fez a sua profissão de fé. Antes da proclamação do evangelho, o novo pároco recebeu do Arcebispo a estola, símbolo da pertença ao Ministério deixado por Jesus Cristo; logo após, Pe. Leandro fez a proclamação do Evangelho que trouxe a recordação do milagre das Bodas de Caná. Em sua homilia, Dom Dadeus recordou o evangelho dizendo que o sacerdote deve transformar tudo em graça de Deus. O arcebispo lembrou que o padre é o primeiro fiel da paróquia e missionário da Palavra: “Nossa tarefa é deixar as pessoas atentas à Palavra. O sacerdote vai explicando a mensagem de Deus que é de salvação e vida plena. Nós não só falamos a Palavra, nós a tornamos presente em nosso meio”, ressaltou o arcebispo, acrescentando que com o padre, os fiéis aprendem que “na partilha a comunidade se torna grande”. Em seguida, Dom Dadeus apresentou a igreja ao novo Pároco. Pe. Leandro recebeu as chaves da igreja, abriu as portas para a comunidade, recebeu as chaves do sacrário, pia batismal, confessionário e sentou à Cátedra, símbolo do poder sacerdotal. A partir deste momento, o novo pároco passou a presidir a Celebração Eucarística. Em sua mensagem à comunidade, Pe. Leandro lembrou que assume a nova missão com alegria: “Sou padre há 17 anos e ainda preciso aprender muito e eu recebi o convite com muita alegria. Obrigado pelos gestos de acolhida e pelas orações. Que Deus nos ensine a ser Igreja”, disse o padre lembrando ainda que assume a Paróquia Nossa Senhora da Saúde e permanece até o final do ano como pároco da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus.
Arcebispo presidiu posse do novo pároco
Porto Alegre, novembro de 2011 - 1a quinzena
Felicidade não tem idade É o que confirma novamente a decisão de Adalberto Antônio Bortoluzzi, 88 anos, de voltar a casar. Formalizará sua união com Ana Rita Ribeiro Serppa (ambos na foto), 61, no civil e no religioso, respectivamente, em 11 e 13 de novembro próximo. A cerimônia religiosa se dará às 10h30min na Paróquia Divino Mestre, no Bairro Partenon, em Porto Alegre. O noivo é viúvo e Amigo do Solidário desde a primeira hora. Natural de Santa Maria, onde nasceu em 18/07/1923, é católico praticante e atuante na paróquia onde vai casar. É formado em ciências contábeis pela PUCRS e aposentado do Banrisul. Declara-se um otimista. A noiva é advogada, nascida em 15/06/1950 na cidade gaúcha de Quaraí. Ambos são católicos, residentes em Porto Alegre no bairro Petrópolis.
Morte: tema evitado pela cultura atual
Pela oportunidade do Dia de Finados, em que a Igreja recomenda recordar e rezar pelos entes queridos falecidos, também vem à tona a lembrança a nossa mortalidade material. “A morte é um destino do qual todos nós compartilhamos. Ninguém escapa”, disse o fundador da Apple, Steve Jobs – falecido em 5 de outubro último, aos 56 anos – numa palestra a formando na Universidade de Stanford. E complementou: “É a forma como deve ser, porque a morte é, provavelmente, a melhor invenção da vida. É o agente da vida. Limpa o velho para dar espaço ao novo”. Mas a cultura moderna tenta afastar-se ao máximo da ideia da morte, considerando sempre que é o outro que vai morrer e não ele. Defende-se pela segregação. É uma cultura determinada a varrer a morte para debaixo do tapete e escondê-la ali. “Nossas sociedades, hoje, defendem-se da doença e da morte pela segregação. Existe aí algo importante: a segregação dos mortos e dos moribundos caminha junto com a dos velhos, das crianças indóceis (ou outras), dos desviantes, dos imigrantes, dos delinquentes”, constata Maud Mannoni, psicanalista francesa. Parece que a cultura atual quer se livrar logo do morto numa espécie de mecanismo de negação ou encobrimento da realidade inexorável a que todos os seres vivos estão sujeitos. O homem sem fé é incapaz de aceitar sua própria finitude. Seu grande medo da morte é, na verdade, o medo do desconhecido.
Dolorosa conscientização
Para a psiquiatra suíça Elizabeth Kubler-Ross, o paciente terminal passa por cinco estágios quando toma consciência de seu fim iminente. O primeiro estágio é a negação e o isolamento, fase na qual o paciente se defende da ideia da morte, recusando-se a assumi-la como realidade. O segundo estágio é a raiva, momento no qual o paciente coloca toda sua revolta diante da notícia de que seu fim está próximo. Nesta fase, muitas vezes, o paciente chega a ficar agressivo com as pessoas que o rodeiam. O terceiro estágio, a barganha, é um momento no qual o paciente tenta ser bem comportado, na esperança de que isso lhe traga a cura. É como se esse bom comportamento ou qualquer outra atitude filantrópica, trouxesse horas extra de vida. O quarto estágio é a depressão, fase na qual o paciente se recolhe, vivenciando uma enorme sensação de perda. Quando o paciente tem um tempo de elaboração e o acolhimento descrito anteriormente, atingirá o último estágio, que é o da aceitação. Segundo a mesma psiquiatra, similares estágios são observados nos familiares.
O luto moderno
Já não se vive o luto como em épocas passadas e, na maioria das vezes, os enlutados vivenciam a dor da perda na solidão, já que as pessoas ao redor preferem afastar de si o medo da morte. Atualmente, o que se exige é o recalcamento da dor da perda, em lugar das manifestações outrora usuais. "Hoje não se trata mais tanto de honrar os mortos, mas de proteger o vivo que se confronta com a morte dos seus", assevera Mannoni. Os ritos, de certa forma, tornaram-se inconvenientes em nossa sociedade higienizada. Os funerais são rápidos e despojados. Os símbolos são eliminados, como se fosse possível eliminar a realidade da morte ou banalizá-la.
O livro na praça
Solidário
As livrarias e editoras católicas de Porto Alegre marcam novamente presença na maior feira de livros a céu aberto da América Latina. As Livrarias e Editoras Padre Reus, Paulus, Paulinas, Vozes, PUC e Unisinos também estão com seus estandes armados em meio às outras centenas de livreiros. A expectativa, segundo os organizadores, é de receber mais de 1,7 milhão de visitantes entre 28 de outubro a 15 de novembro, na Praça da Alfândega e adjacências, no Centro da Capital do Estado.