Ed_603 Jornal Solidario 1a_quinz_fev_2012

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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, fevereiro de 2012 - 1a quinzena

Ano XVII - Edição N o 603 - R$ 2,00

www.jornalsolidario.com.br

Imagens: televisor, RedeMinas; poço, Divulgação; montagem: Solidário

Santa Faustina

Festa da Divina Misericórdia na Arquidiocese de Porto Alegre Já tradicional em outras regiões do mundo, a Festa da Divina Misericórdia também terá celebração especial em nível de Arquidiocese, em P. Alegre. Será dia 15 de abril próximo. A devoção teve impulso especial com Santa Faustina Kowalska, polonesa, apóstola da Divina Misericórdia, falecida em 1938 e canonizada por João Paulo II. Detalhes nas próximas edições.

Crack que avança e que aniquila Parece que o problema ainda não faz parte dos projetos prioritários da sociedade brasileira. Enquanto isso, alguns pontos urbanos já mais parecem lixões humanos. Dizer que é encargo da saúde pública – que nem dá conta das doenças comuns e também não está preparada para lidar com milhares de viciados – é comodismo. Para cortar o mal pela raiz, só há um caminho: o poder público e as forças vivas da sociedade se darem as mãos.

Com a recente reedição do BBB – Big Brother Brasil – e seus escândalos escancarados em rede nacional, parece que o nível da televisão no Brasil atingiu o fundo do poço da miséria moral. E, pior: conta com o apoio – inclusive financeiro – de milhões de brasileiros que, passivamente, deixam amolecer o corpo e a alma.

Mais reflexões nas páginas 2, 9 e centrais

Procissão pela paz

A 137a Procissão de Navegantes quer promover a paz. A novena encerra a presença da imagem no Santuário de Nossa Senhora do Rosário, no Centro de Porto Alegre, para onde foi levada em procissão dia 22 de janeiro último. Nesse período, a igreja do Rosário recebe 20 mil devotos diários. Para a procissão de retorno à origem, dia 2 de fevereiro, são esperadas mais de 200 mil pessoas. O encerramento da Festa se dará com concelebração de missa campal em frente ao Santuário de Navegantes, presidida pelo arcebispo Dom Dadeus Grings. Toda a programação da novena e mensagens levadas aos devotos estão concentradas em promover a paz na humanidade. triunfoconcepa.com.br

Comunicabilidade, modéstia e timidez Leia na página 5

O fim das sacolas de plástico Praticamente todos os supermercados de S. Paulo deixaram de fornecer sacolas plásticas aos seus clientes. Oferecem caixas de papelão e sacolas retornáveis. Também oferecem sacolas biodegradáveis a R$ 0,20. Não demora, a moda vai pegar em P. Alegre e, de preferência, em todo o Rio Grande. Antes tarde do que nunca!

“Só a participação cidadã é capaz de mudar o país”. (Betinho, Herbert de Souza)

Os telefones do Jornal Solidário:

Festa deste ano deve atrair mais de 200 mil fiéis

Igreja Católica Rumo à Prevenção da Dependência Alcoólica

“A dependência do álcool é um dos graves problemas de saúde pública brasileiro”. (CF-2012, n.91).

Coordenadores e Lideranças:

Promovam a vida e a fé cristã na Igreja Católica, Nas festas e promoções, excluam a bebida alcoólica. Promovam o Dízimo na sua Comunidade de Fé. Dízimo é expressão de amor e gratidão a Deus. pastoraldodizimo@via-rs.net

(51) 3211.2314 e (51) 3093.3029. e-mail: solidario@portoweb. com.br


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RTIGOS

Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Editorial

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

Nosso passado

A sordidez televisiva

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ai chegar um tempo em que muitos se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas (2Timóteo 4,4). “Só no Brasil mesmo”, poderiam pensar alguns patriotas ressentidos ou ufanos, que dizem que nosso país é só samba, futebol, sexo, corrupção, “jeitinho”, mas que, mesmo assim, é bonito por natureza e abençoado por Deus. Agora, numa coisa estes “patriotas” têm razão: só no Brasil um “programa” de televisão como o BBB vai ao ar e, incrível, é sucesso de audiência e, mais incrível ainda, se mantém há doze anos! Este pseudo programa televisivo não é invenção da “criatividade” brasileira, é importado, teve seus momentos de apresentação em outros países pelo mundo afora, com diferentes matizes. Mas, depois de algumas edições e diante do fracasso de audiência, foi sacado do ar. Por outro lado, notícia recente nos diz que, na Itália, a próxima edição terá a participação de um padre católico! Sem comentários, até porque não temos maiores detalhes sobre esta “presença sacerdotal” num programa deste gênero. Fosse aqui, o padre possivelmente iria para um dos primeiros “paredões”, não sem antes deixar uns 15 milhões nos cofres das duas empresas que patrocinam o BBB: a Rede Globo e a Companhia Telefônica. O Solidário aborda o tema, nesta edição. Quem nos ajuda a penetrar um pouco mais nos meandros do BBB, além da introdução do jornalista Adriano Eli, são duas figuras que têm cacife para opinar: Pe. Pedrinho Guareschi, comunicador, escritor e professor emérito da PUCRS, e Moacir Pereira, jornalista, diretor da Rádio e TV Unisinos. Nas páginas centrais, eles dizem o que pensam sobre este programa, recolhendo e expondo a opinião de muitas pessoas, especialmente as que ainda têm um pensar livre e mantém uma postura ética e de dignidade. Que é o que o BBB e seus patrocinadores não têm, uma vez que, maquiavelicamente, são movidos pela audiência e pelo lucro a qualquer preço. “O fim justifica os meios”. Justifica!? Aqui se poderia repetir a palavra de Paulo, o apóstolo: recusaram-se a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Um cristão que participasse desta “pantomima televisiva”, inclusive telefonando para o programa, deveria, urgentemente, rever seus conceitos e perguntar-se, honestamente: “que cristão sou eu!?” O Solidário se posiciona e diz para quem quiser ouvir: o cristão, mais: toda pessoa digna, que participa deste programa, subvencionando-o com sua audiência e/ou com seus telefonemas, está fechando seus ouvidos à verdade e entregando-se a uma sórdida fábula de péssimo gosto televisivo e de prostituição da dignidade da comunicação. (attilio@livrariareus. com.br)

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

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Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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revolução cosmológica de Copérnico abriu um novo horizonte para o universo. A revolução política, culminada sangrentamente com Robespierre, situou-nos numa nova relação entre Igreja e Estado. A revolução genética, sob o protagonismo de Darwin, nos proporciona uma nova visão da vida. Desde seus primórdios, o ser humano tem consciência de que a vida é dinâmica e, por assim dizer, transitória. Transmite-se de pai para filho. Daí a preocupação com a descendência e, ao mesmo tempo, a curiosidade com a antecedência. Os pais perpetuam sua vida nos filhos e buscam sua origem nos antepassados. É óbvio para todos que a geração, ao retroceder dos pais para os avós e destes para os bisavós, deve necessariamente chegar a um primeiro. E ali vem a questão da primazia entre o ovo e a galinha. Como surgiram o primeiro homem e a primeira mulher? Há certamente um início que exige explicação. Quando o filho pergunta como veio ao mundo, viabilizam-se duas explicações: a da cegonha, que o teria trazido, ou abrindo o jogo da verdade, da prática da geração, através da atuação sexual masculino-feminina. Na primeira hipótese, a criança

costuma dar-se por satisfeita, porque ainda não tem o uso da razão. Tem claramente a percepção de que ela veio ao mundo. Aceita, em primeira mão, a hipótese da cegonha. No fundo, se diria que surgiu por geração espontânea. Mas isto não vem ao caso, porque a criança não tem alcance intelectual para esta questão. A segunda explicação pode, em primeiro momento, ficar na descrição da concepção, resultante do ato sexual entre o pai e a mãe. Quando a razão se abre para ulteriores questionamentos, porém, ela se mostra radicalmente insuficiente. Vem a questão do primeiro, ou seja, exige-se, em certo momento, um salto qualitativo: o ser humano originou-se de uma outra realidade, que não é humana. Qual é esta outra realidade? Aqui o conhecimento comum e o conhecimento científico se bifurcam. O primeiro costuma povoar o início da vida de mitos e lendas, ao passo que o segundo tenta explicá-lo pelas causas experimentais. Num contexto religioso é óbvio que se coloque ali um ato criador de Deus. Pela revelação judaico-cristã falamos de primeiros homens, sob o nome de Adão e Eva. Poderíamos simplesmente denominá-los: primeiro homem e primeira mulher, sem ulterior denominação. Sua origem vem diretamente de Deus, que lhes imprimiu seu selo, dotando-os de inteligência e vontade, ou seja, confiando-lhes a ideia da divindade. Esta concepção criacionista faz parte do acervo da tradição e vem sendo exposta pela doutrina cristã. Além deste início, por obra transcendente de Deus, põe-se um destino eterno: uma vida para sempre, não certamente num plano material, mas espiritual.

Partidas e chegadas

Victor Hugo

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Escritor

uando observamos, na praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar a dentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara. O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor. Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram. Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi". Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. “E talvez, no exato instante em que alguém diz: já se foi”, haverá outras vozes, mais além, a afirmar:

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

"lá vem o veleiro". Assim é a morte. Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi". Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado. Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado. “E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: já se foi”, no mais além, outro alguém dirá feliz: "já está chegando". Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena. A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos. Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário. A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

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OCIEDADE

O perdão no casamento Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

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casal e a família acabam sendo o lugar onde mais acontece o perdão mútuo. Por quem, com efeito, vamos ficar machucados e feridos, senão por aqueles que amamos, aqueles que importam para nós, aqueles de quem esperamos uma troca de amor? Aliás o amor, em qualquer casamento ou família, só perdura se for acompanhado pela capacidade recíproca de aceitar-se e de perdoar-se.

Meu cônjuge não é aquele que idealizei

Cada um de nós pode decepcionar e ferir seu marido, sua mulher, seu irmão, sem querer, sem perceber, pelo simples fato de sermos nós mesmos. A revelação do eu, na vida cotidiana, não coincide sempre com a imagem ideal que cada um construiu do outro nos bons tempos de namoro. Daí a necessidade, para cada parceiro, de sair de seu sonho para perdoar-se mutuamente. E perdoar-se justo por não estar sendo exatamente aquele ou aquela que o outro esperava. É preciso renunciar a ter o outro tal qual nosso sonho esperava. Somente a partir daí cada um estará apto a reconciliar-se com o desconhecido, o inesperado, enfim, com alguma faceta um tanto decepcionante... que não imaginávamos existir. Sabemos que a passagem do sonho para o real não se faz sem decepção, sem dor. Com frequência, esta passagem é o resultado de um confronto entre os cônjuges e acontece após conflitos e bloqueios de comunicação, quando cada um se dá o direito de expressar sua agressividade pelo sofrimento e/ ou pela culpa de não se sentir a altura da expectativa do outro. Para certas personalidades, a passagem do ideal para o real é particularmente difícil, porque esta idealização do outro era o meio que elas haviam encontrado para construir seu equilíbrio. Sabemos que todos temos nossos limites e que certos aspectos da personalidade do marido, da mulher, nos serão sempre intoleráveis, intragáveis, sem conciliação possível. A boa convivência passa longe do desejo de eliminar tais características e só acontece com a aceitação e o perdão da decepção que elas nos causam. Entretanto, este perdão e esta reconciliação nunca poderão ser atitudes unilaterais; para permitir criar um novo equilíbrio relacional, os esforços necessariamente devem ser de ambos.

O mau perdão

Um trabalho sobre si mesmo, uma reflexão sobre o tipo de relação que o casal está levando, revela até que ponto a vida conjugal e a família nos tornam profundamente solidários um com o outro apesar dos erros. Quando a solidariedade funciona, as derrapagens de um, ou de outro, não têm real significado senão quando analisadas em comum. É o oposto de um primeiro olhar no qual certas disfunções de casal parecem somente devidas ao comportamento inadequado daquele que carrega a responsabilidade da falta. Nesta última perspectiva, o perdão se torna

Hilde Vanstraelen/sxc.hu

Para permitir criar um novo equilíbrio relacional, os esforços necessariamente devem ser de ambos

unilateral; ele consistiria apenas em esquecer a ofensa, aliviar a ferida, passar a borracha sobre os motivos da briga ... Estes comportamentos não contêm senão o mau perdão, um novo equilíbrio que já nasce coxo, porque construído sobre a ilusão de voltar atrás (tudo vai ser como antes) e sobre um não-dito, um recalque do mal-estar anterior. Não dizer a verdade por culpa, por medo do conflito, por medo de não ser amável, torna-nos corresponsáveis.

O verdadeiro perdão

Uma verdadeira reconciliação supõe, ao contrário, uma tomada de consciência, pelos dois cônjuges, ou por toda a família, da interação de seu comportamento, de uma relativa corresponsabilidade, não sobre a ação delituosa em si, mas de suas causas. Esta conscientização não pode resultar senão de um movimento recíproco de perdão e tem por efeito a serenidade reencontrada, com a culpabilidade e o ressentimento desaparecendo de verdade, resultando um novo equilíbrio muito mais satisfatório. Mas este reajuste não pode ser feito senão se, para cada um, o desejo de uma satisfatória vida de casal e familiar importa mais do que o deixa p´ra lá.

Percebemos então porque encontramos casais irreconciliáveis, mesmo que não estejam separados, é que, pelo menos para um deles, morreu o desejo de fazer viver seu casamento. Se o grão não morre... a vida pára e a colheita não terá lugar. O mesmo em nossa vida relacional: o perdão acontece sobre a aceitação de uma morte parcial de mim mesmo, sobre a renúncia do sonho de um ego todo poderoso. A reconciliação está no nível da vida, da ressurreição, de uma relação que renasce outra .... Leitura base: Le pardon dans le couple de D. Balmelle, conselheira conjugal na AFCCC


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Perfil do corrupto

O "Palhaço" e a Vocação

Frei Betto

Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista

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ão sou crítica de cinema. Não analiso filmes como o fazem os jornalistas especializados. Mas analisoos em relação ao conteúdo, à mensagem que nos deixam. Muitas vezes, são filmes com baixo custo de produção, sem o exagero de efeitos tecnológicos de espetáculos que atraem multidões. Nesse sentido, vi belos filmes como a “Garota Ideal” e “Um conto chinês”, que vão a fundo no problema da solidão que angustia o homem atual, e abordam o lento processo de sair de si mesmo, no caminho ao encontro do outro. Ou, ainda, filmes como “Almoço em agosto”, que nos remete à questão da convivência com as pessoas idosas. Entre os filmes desse gênero está o “Palhaço” de Selton Mello, que até o final de 2011, levou 1.400.000 pessoas ao cinema. Na aparente ingenuidade da narrativa, surgem, no universo do circo, as mais diferentes pessoas que, com suas virtudes e defeitos, representam o que existe num grupo social, como os idealistas que, acreditam na proposta do circo, viajam com seus carros velhos, por estradas empoeiradas, e realizando espetáculos em pequenas cidades. Nesse universo convivem outros tipos como os irmãos mentirosos, a mulher que escondia para si parte da renda dos espetáculos, as famílias de artistas, as crianças que pulavam, alegres, entre barracas e aparelhos, a dupla de palhaços, pai (Valdemar) e filho (Benjamim), que lideravam o grupo e administravam o circo. Não falta o prefeito da cidade e sua família, recepcionando os artistas, e lembrando nossos políticos do interior. A solidariedade está presente entre os membros do circo que repartiam seus minguados recursos para resolver os imprevistos. O palhaço Benjamim passava por uma crise em sua profissão, não encontrava graça em nada; a busca de sua identidade parecia se materializar na falta de sua carteira de identidade. Sonha com um ventilador, que não podia comprar em prestação, porque não tem documentos. Ele abandona o circo e parte para a cidade grande. Vai em busca de outro sonho; consegue um emprego e faz sua carteira de identidade. Experimenta o trabalho e a vida na cidade. Nas cenas seguintes, vemos Benjamim viajando de ônibus, com sua carteira de identidade e segurando um grande ventilador. E nos vem a mente o dito que ele repetia: “O gato bebe leite, o rato come queijo, e eu faço o que sei fazer”. A frase nos remete à outra questão, além de se fazer aquilo que se sabe: a da vocação, tema cada vez mais presente nas preocupações do ser humano: como conciliar a realização pessoal, o fazer aquilo que se gosta, com as exigências materiais cada vez maiores do mundo de hoje? De um mundo que nos convida a viver com máximo de conforto e prazer, em que a tecnologia exige de nós investimento constante, para não ficarmos “defasados”, à margem das inovações? É o dilema que as novas gerações enfrentam ao tentarem viver sua vocação, a consequente profissão e conciliá-las com o retorno material que poderá oferecer-lhe a vida confortável que idealizam. No filme, o palhaço Benjamim volta para o circo, com sua identidade redescoberta e reencontra a vocação: o espetáculo continua e, com ele, o encantamento e a alegria que proporciona àquelas pequenas povoações, às margens das poeirentas estradas do interior do nosso Brasil. (litamar@ ig.com.br)

PINIÃO

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Escritor e assessor de movimentos sociais

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or que há tanta corrupção no Brasil? Temos leis, sistema judiciário, polícias e mídia atenta. Prevalece, entretanto, a impunidade – a mãe dos corruptos. Você conhece um notório corrupto brasileiro? Foi processado e está na cadeia? O corrupto não se admite como tal. Esperto, age movido pela ambição de dinheiro. Não é propriamente um ladrão. Antes, trata-se de um requintado chantagista, desses de conversa frouxa, sorriso amável, salamaleques gentis. Anzol sem isca peixe não belisca. O corrupto não se expõe; extorque. Considera a comissão um direito; a porcentagem, pagamento por serviços; o desvio, forma de apropriar-se do que lhe pertence; o caixa dois, investimento eleitoral. Bobos aqueles que fazem tráfico de influência sem tirar proveito. Há vários tipos de corruptos. O corrupto oficial se vale da função pública para extrair vantagens a si, à família e aos amigos. Troca a placa do carro, embarca a mulher com passagem custeada pelo erário, usa cartão de crédito debitável no orçamento do Estado, faz gastos e obriga o contribuinte a pagar. Considera natural o superfaturamento, a ausência de licitação, a concorrência com cartas marcadas. Sua lógica é corrupta: "Se não aproveito, outro sai no lucro em meu lugar". Seu único temor é ser apanhado em flagrante. Não se envergonha de se olhar no espelho, apenas teme ver o nome estampado nos jornais e a cara na TV. O corrupto não tem escrúpulo em dar ou receber caixas de uísque no Natal, presentes caros

de fornecedores ou patrocinar férias de juízes. Afrouxam-no com agrados e, assim, ele relaxa a burocracia que retém as verbas públicas. Há o corrupto privado. Jamais menciona quantias, tão somente insinua. É o rei da metáfora. Nunca é direto. Fala em circunlóquios, seguro de que o interlocutor sabe ler nas entrelinhas. O corrupto "franciscano” pratica o toma lá, dá cá. Seu lema: "quem não chora, não mama". Não ostenta riquezas, não viaja ao exterior, faz-se de pobretão para melhor encobrir a maracutaia. É o primeiro a indignar-se quando o assunto é a corrupção. O corrupto exibido gasta o que não ganha, constrói mansões, enche o pasto de bois, convencido de que puxa-saquismo é amizade e sorriso cúmplice, cegueira. O corrupto cúmplice assiste ao vídeo da deputada embolsando propina escusa e ainda finge não acreditar no que vê. E a absolve para, mais tarde, ser também absolvido. O corrupto previdente fica de olho na Copa do Mundo, em 2014, e nas Olimpíadas do Rio, em 2016. Sabe que os jogos Pan-americanos no Rio, em 2007, orçados em R$ 800 milhões, consumiram R$ 4 bilhões. O corrupto não sorri, agrada; não cumprimenta, estende a mão; não elogia, incensa; não possui valores, apenas saldo bancário. De tal modo se corrompe que nem mais percebe que é um corrupto. Julga-se um negocista bem-sucedido. Melífluo, o corrupto é cheio de dedos, encosta-se nos honestos para se lhe aproveitar a sombra, trata os subalternos com uma dureza que o faz parecer o mais íntegro dos seres humanos. Enquanto os corruptos brasileiros não vão para a cadeia, ao menos nós, eleitores, ano que vem podemos impedi-los de serem eleitos para funções públicas. (http://www.freibetto.org - twitter:@freibetto)

Só a palavra de Deus é eterna Pe. Renato Santos Salesiano

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aquele tempo, Jesus contou-lhes uma parábola: “Olhai a figueira e todas as árvores. Quando vedes que elas estão dando brotos, logo sabeis que o verão está perto. Vós também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. Em verdade, eu vos digo: tudo isso vai acontecer antes que passe esta geração. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”. (Lucas 21,29-33). Estas leituras querem nos ajudar a perceber o novo acontecendo. E a grande novidade é a ação de Deus no meio da comunidade humana. Sentir esta presença carinhosa de Deus é o segredo de tudo. A atitude mais importante e necessária, neste contexto, é saber ler os sinais dos tempos. Quem cultiva esta atitude de ler os sinais dos tempos, torna-se uma pessoa altamente conectada com a natureza, com os acontecimentos do dia-a-dia, com as pessoas que estão bem, com as que sofrem, etc. Toda a natureza, os fatos, as pessoas, são recursos com os quais Deus se manifesta. Deus nos fala sempre através destes recursos. De nossa parte,

cabe muito bem o discernimento interior. E este discernimento será excelente se acontecer pela ação do Espírito Santo. Falando em brotos novos Jesus nos convida a perceber, pelos sentidos, que já é tempo de uma nova primavera. Primavera é uma das mais lindas estações do ano. Mas a grande primavera da fé será sempre a força e o poder da ressurreição. O maior sinal da presença do Reino entre nós é a ressurreição. Quem conseguir chegar ao grau de entender esta primavera da fé, com profundidade, certamente alcançará um grau mais elevado na espiritualidade. Quem cresceu na espiritualidade, saberá ver Deus agindo até nas desgraças que acontecem ao nosso redor. Afinal, Deus sempre reconstruirá tudo, ainda que para isso tenha sobrado somente os escombros. Os escombros podem ser também os pedaços de corações esfacelados pela dor, pelo sofrimento, pela angústia e pelas incertezas que nos acometem diariamente. Tudo passa. Tudo é transitório. A Palavra de Deus, contudo, é eterna. Esta permanece sempre. Obrigado, Senhor, pela Sagrada Escritura. (renato@dombosco.net/ Facebook: Renato Dos Santos/ Twitter: @SantosRenatodos /Linkedin: Padre Renato dos Santos)


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DUCAÇÃO &

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SICOLOGIA

Comunicabilidade, modéstia e timidez Juracy C. Marques Professora universitária, doutora em Psicologia

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onah Lehrer, em seu blog Frontal Córtex, Science Blog, comenta sobre o quanto e como a nudez – uso de calção e biquíni – numa praia, torna-se uma forma bastante eficiente de comunicação. Tudo depende do estilo, da estampa e do jeito de maior ou menor espontaneidade com que eles são usados. Nossas percepções e sentimentos são moldados pelos estímulos externos que recebemos do ambiente externo. Entretanto, em virtude da separação entre objetividade e subjetividade considerando-se as influências dos modos de pensar cartesianos, de acordo com as teorias de Descartes, recebemos, na maioria das vezes, uma nítida comunicação sobre o poder da sexualidade no relacionamento humano. Como o contexto da vida na praia, do espírito de veraneio requer certo nível de nudez, chamaria mais atenção alguém vestido em trajes de passeio. A comunicação verbal, todavia, desfaz ou reforça as primeiras impressões, é a partir daí que as interrelações pessoais se aprofundam ou se diluem como as ondas do mar batendo na areia. Divulgação

Dissociação entre subjetivo e objetivo

Gertrudes caminhava na praia com duas amigas, numa manhã ensolarada, com o mar calmo e quase transparente. De repente, um garotão fez com que elas parassem, pois ele veio em sua direção, com sua prancha de surf. Gertrudes tirou sua saída de banho, sentou-se na areia; o garotão notou em seu pescoço uma corrente com um crucifixo e resolveu puxar conversa. Gertrudes viu o mesmo garoto, no sábado seguinte, tocando violão na banda que se apresentava durante a missa das 18 horas. Foi ao seu encontro e combinaram sair para comer uma pizza no Bar do Antônio. Dois anos depois estavam casados, e após três anos tiveram uma filha que foi batizada naquela Igreja em que se reencontraram para conversar. A dissociação entre objetivo ou factual e aquilo que é subjetivo pode ser desfeita pela linguagem do corpo, bem como pelos modos de vestir e comportar-se que se transformam em imagens mentais que são interpretadas como convites de aproximação ou distanciamento por representarem sinalização de afinidades que se embasam no mesmo conjunto de valores que estabelecem possíveis elos de união entre duas pessoas, nos primórdios de seus relacionamentos.

Agenciamentos de comunicabilidade

José, durante o verão, trabalhava num quiosque na beira da praia e observava uma família que vinha todos os dias com duas garotas gêmeas, uma era mais espontânea e buscava conversar com as pessoas que lhe estavam mais próximas, enquanto que a outra passava o tempo falando em seu celular ou fazendo joguinhos para se distrair, era como se não estivesse na praia, só comia alguma coisa se a irmã comunicativa lhe oferecesse. Ficava na sua, na sua cadeira, não tomava banho de mar, nem se entrosava com ninguém. José, que durante o ano trabalhava em uma revendedora de

automóveis na capital, fez amizade com Marília, a gêmea espontânea e comunicativa; moravam em uma cidade do interior. Trocaram endereços de e-mail, durante o ano tornaram-se amigos virtuais, com esporádicas postagens de Elisa, a irmã reservada. Eram sinceros e honestos sobre seus modos de pensar e suas visões de mundo. Mas só na praia, no ano seguinte, estreitaram as relações e puderam se conhecer melhor. Aí passaram a frequentar suas respectivas casas e suas famílias. José, porém, passou a interessar-se mais por Elisa, que era mais quieta e modesta. Daí a três veraneios José pediu Elisa em casamento, pois Marília já tinha outro pretendente. Casaram-se, no veraneio seguinte, na mesma praia, pois José passou a ser dono do quiosque e tinham planos de vir a morar na praia. Na verdade, fazemos teorias

sobre o que pensam os outros, embora nem sempre verdadeiras e, quando queremos cultivar amizade fazemos agenciamentos, como a troca de e-mails ou números de telefones ou lançamos mão das redes sociais, a fim de não deixar a vontade de estar junto se esvair. O acontecimento produto do acaso precisa ser agenciado, de outra forma, ele se desfaz como as espumas das ondas na areia. Modéstia e timidez podem encobrir bons níveis de autocontrole, levando a interrelações mais atraentes quando o mútuo conhecimento se aprofunda. A comunicabilidade mais consistente acentua a atratividade que não se revela num primeiro momento. Só aos poucos, se desvelam afinidades capazes de alimentar a perspectiva de uma vida conjugal sustentável em longo prazo.


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EMA EM FOCO

Fevereiro de 2012 - 1a quinzena

Sucesso do BBB: atestado A

condenação é praticamente unânime entre os que tem mínima opinião própria. Mas há quem defenda a mos livres para assistir ao que quisermos. Plenamente de acordo! Mas justamente é aí que está o mais g são no Brasil nos últimos tempos. E mais: assistem, - ‘espiam’, como diz o apresentador - e ainda usam se do-lixo com incentivo nada dissimulado à licenciosidade e consumo de álcool - esquecendo que com isso rech de reais aos promotores do ‘programa’, qu Mas o show não pode parar: “o povão precisa consumir diversão, arte cultura e entretenimento na medida exa de uma cultura que perdeu todos os seus limites”, está escrito no blog de conhecido jornalista de P. Alegre. Se têm. Pelo contrário: igualmente, não passam de pobres coitados em tod

Falta educação “Acho um desserviço à nação. Mas eu entendo por que o povo gosta. Porque foi mal educado, teve escola fraca, pouca cultura”, declara a atriz Betty Faria, que já foi estrela Global. “A televisão tem uma função educativa, cultural e informativa. O que se oferece na TV aberta, no entanto, são produções pobres. As pessoas são tratadas de forma meio infantil”, pensa o ator Paulo Betti, que também já foi estrela Global. José Bonifácio Sobrinho, o Boni, um dos diretores da própria Globo, não deixa por menos: “o perfil do telespectador brasileiro é triste. A massa é desinformada, portanto, fácil de iludir. A maior parte do público não tem ideia do que está fazendo na frente da TV”. Em ciclo promovido em Centro Cultural Banco do Brasil, para abordar a situação da arte e da cultura no País, um roteirista da Rede Globo, que participava como debatedor, foi categórico: “sempre que a cúpula diretiva está para começar uma reunião de trabalho para tratar dos detalhes da programação, o encontro é iniciado com a seguinte frase: está na hora de emburrar, está na hora de tornar os outros burros”. Só há um caminho para avançar: investir em educação básica e diminuir a desigualdade social no Brasil. Enquanto isso, a TV brasileira continuará zombando, escarnecendo, ridicularizando, corrompendo, manobrando a massa ignara, transmitindo (des)valores que a escola e, principalmente, os pais deixam de transmitir.

BBB12 – uma ignomínia É como resume o sociólogo e professor universitário Pe. Pedrinho Guareschi. Solidário – A constituição brasileira e o BBB? Padre Guareschi - Cada um pode fazer o que quiser em sua intimidade, expressar sua opinião, etc. desde que isso não ofenda alguém. Mas o que vemos aqui? O que diz a Constituição Brasileira, artigo 221, que quase ninguém conhece: “A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; (…) IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.” Ora, temos, no caso, uma televisão, que é uma concessão pública - e que deve (deveria) se reger pelos princípios acima - promovendo, induzindo e explorando, com objetivo de lucro (ou seria outro objetivo, senão aumentar a audiência e, consequentemente, faturar mais?), atentados à pessoa humana! Pois é a isso que assistimos: tornar pessoas vulneráveis contra as quais se pode praticar violência. S - E sobre o recente caso do possível estupro? Guareschi – Que hipocrisia! Quando o escândalo vem à tona, corre o ilustre “biógrafo” do dono da Globo a dizer que o participante está eliminado por “infringir as regras do programa”. Não! Essa fala é uma desculpa a fim de jogar a responsabilidade no coitado do participante! Quem deve responder, diante dessa imoralidade e baixaria, é a Globo! Foi ela que colocou deliberadamente todas as condições, assumindo o risco de promover a embriaguez, de exploração da sexualidade, de oferecimento de “quartos” para manifestação desta sexualidade, de tornar seus participantes vulneráveis a atos não consentidos. Se a emissora provocou, por todos os meios e circunstâncias, a possibilidade de sexo não consentido, é dela a responsabilidade pelo que se passou, e não adianta dizer, num gesto de cinismo Pedrinho Guareschi hipócrita, que aquilo deveria parar “no limite da responsabilidade”. Não adianta querer atirar Daniel na cova dos leões! S – O que tem a dizer sobre o bom uso da concessão pública? Guareschi - Há coisas muito piores nesse reino corrupto da Babilônia Global! É essa a comunicação, a arte, a criação, a educação que um meio público de difusão deve oferecer à nação? É assim que deve agir quem usa um meio público de difusão? O histórico de barbaridades no BBB já não é novo. Mas quais serão os limites do programa após um suposto estupro em cadeia nacional? Como será interpretada pelas autoridades públicas e pelos telespectadores a omissão da Globo diante do caso? Eu ainda me perguntaria: qual o sentimento de uma pessoa humana, confinada em um reality show, sem contato com o mundo exterior, sem saber que milhões discutem seu suposto estupro! É assim que deve ser tratada a pessoa humana? S - O que podem fazer os telespectadores? Guareschi – Eis o círculo vicioso: exatamente porque tal comunicação “educa” desse modo os milhões de famintos virtuais, a quem nunca se fez a pergunta (isto é, que nunca foram provocados a pensar, pois a essência do processo educativo é fazer a pergunta), eles se atiram vorazmente, gastando seus míseros tostões, que vão formar os muitos milhões que a Rede Globo fatura através de várias estratégicas de faturamento como pay per view, telefonemas, etc. O que nos resta, além da pressão e das críticas dos brasileiros e telespectadores? É cada vez mais fundamental a mobilização de forças não somente para a solução desse caso, mas também na construção de uma nova mídia.

Publico

É o que projeta o jornalista e da Rádio e TV Unisinos, pro Solidário - O fato de hav dos integrantes confinados n exibi-los em rede aberta pod estrito? Moacir - A rigor, não cons S – Com esse formato e c Moacir - Jamais! Sobretud de um canal de televisão. Lam sensacionalismo, não são exclu também em outros canais bra países considerados desenvolv Felizmente, vários fatores indi ma, que visa somente a mais au de uma educação com mais q cidadãos; utilização imediata e


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A S ÇÃO

OLIDÁRIA

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o nacional da vulgaridade

liberdade de escolha, pois todos temos o supremo direito de usar o controle remoto da TV como quisermos: sograve: milhões de telespectadores optam por assistir ao que de mais sórdido apareceu em canal aberto de televieus limitados níqueis mensais para ‘escolher’ quem deve sair da ‘casa’- na verdade mais se assemelhando à bocaheiam os cofres da emissora e da operadora de telefonia. Consta que a edição passada do BBB rendeu meio bilhão ue nem programa é, conforme veremos abaixo. ata do seu Q.I. nem que isso signifique seu embrutecimento ainda maior. BBB é Baita Baixaria Brasileira. É sintoma eus curiosos ‘espectadores’ projetam suas frustrações e fracassos naqueles ‘heróis’ confinados que de heróis nada dos os sentidos, servindo a um lixo cultural esparramado aos quatro cantos.

o está saturando

a e diretor superintendente do Núcleo de Produção Audiovisual ofessor José Moacir Gomes Pereira. ver câmaras ‘espiando’ constantemente a vida de cada um num mesmo espaço e editar trechos dessas ‘gravações’ para de ser considerado um “Programa de Televisão” no sentido

sideraria um “Programa de Televisão”. conteúdo, o ‘espetáculo’ deve continuar? do, levando-se em conta a finalidade de uma concessão pública mentavelmente, cenas de baixaria, mediocridade, vulgaridade e usividade do BBB e de outros programas produzidos e veiculados asileiros. Pois o mesmo acontece igualmente, ainda, em alguns vidos, tanto sob o ponto de vista econômico como intelectual! icam um novo cenário: saturação desse tipo apelativo de prograudiência e, consequentemente, maior faturamento; perspectivas qualidade e assim, maior senso crítico e mais pro-atividade dos e crescente da moderna mídia social como Twiter, Facebook, etc.

1984

É o título de um livro do romancista/novelista George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, publicado em 8 de junho de 1949, e que retrata o cotidiano numa sociedade totalitária. (O título vem da inversão dos dois últimos dígitos do ano em que o livro foi escrito, 1948). Na obra, o ‘big brother’, a autoridade suprema, é um personagem fictício que vigia a tudo e a todos através de teletelas (telescreen), sendo constantemente lembrados pela frase propaganda do Estado: “o Grande Irmão zela por ti” ou “o Grande Irmão está te observando” (do original “Big Brother is watching you”). Em 1999, John de Mol, um executivo da TV holandesa e sócio da empresa Endemol, inspirado no livro de Orwell, teve a ideia de criar um reality show onde pessoas comuns seriam selecionadas para conviverem juntas dentro de uma mesma casa, vigiadas por câmeras, 24 horas por dia. A ideia prosperou e por um tempo foi copiada em 45 países. A Globo também comprou os direitos para esse ‘reality show’ (espetáculo de realismo – espetáculo???) até 2020! Os países com nível cultural um pouco acima do brasileiro há muito abandonaram sua veiculação por absoluta falta de audiência.


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ABER VIVER

Muito cuidado com a apneia do sono Dráuzio Varella Médico

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omos obrigados a hibernar algumas horas por dia e não podemos deixar de respirar por mais de alguns minutos desde o instante em que viemos ao mundo. Sem um sono revigorante, a vida se toma um fardo insuportável.

Irmã Jurema Borges - 05/02 Miriam Souza - 06/02 João C. Nedel - 07/02 Lezith Rodrigues Correa - 08/02 Roberto Pfitscher - 09/02 Martha G. A. D'Azevedo - 10/02 Maria de Lourdes Pinheiro - 12/02 Odete Gonçalves - 13/02

Nos últimos 25 anos ficou claro que a apneia do sono, uma condição que desorganiza os movimentos respiratórios, é um dos principais distúrbios do sono. Essa síndrome é caracterizada pela obstrução parcial ou total das vias aéreas durante o sono, causando apneia ou hipopneia (entende-se por apneia a interrupção completa do fluxo de ar através do nariz ou da boca por um período de pelo menos 10 segundos e, por hipopneia, uma redução de 30% a 50% desse fluxo). O número de episódios de apneia-hipopneia por hora de sono é chamado de índice de distúrbio respiratório. Pessoas com índices maiores do que 5 já são consideradas portadoras de apneia do sono, embora pacientes com índices de até 20 sejam raramente sintomáticos. Mais de 10% da população acima de 65 anos apresentam apneia obstrutiva do sono. Num estudo publicado em 1993, entre americanos de 30 a 60 anos, 9% das mulheres e 24% dos homens apresentavam índices de distúrbio iguais ou maiores do que 5. Cerca de 2% das mulheres e 4% dos homens queixavam-se também de sonolência durante o dia. Até as crianças podem apresentar apneia do sono em 1% a 3% dos casos. Os sintomas mais comuns são ronco, episódios visíveis de interrupção da respiração e sono excessivo durante o dia. O ronco pode ser excessivamente alto e interferir com o sono dos outros. Portadores de sintomas

mais graves costumam acordar com sensação de sufocamento, refluxo esofágico, boca seca, espasmo da laringe e vontade de urinar. A fragmentação da arquitetura do sono provoca cansaço, dificuldade de permanecer acordado durante atividades sedentárias, como conversas telefônicas ou dirigir automóvel, irritabilidade, depressão, redução da libido, impotência sexual e cefaleia pela manhã (uma das manifestações mais frequentes da síndrome). Qualquer fenômeno que provoque estreitamento ou oclusão da passagem de ar pelas vias aéreas superiores pode causar apneia-hipopneia do sono: obesidade, crescimento das amígdalas, malformações da mandíbula ou da faringe, hipertrofia da língua (como ocorre na síndrome de Down), tumores, hipotonia dos músculos da faringe ou falta de coordenação dos músculos respiratórios. O diagnóstico de certeza só pode ser estabelecido através da polissonografia, um exame que permite testar durante o sono os potenciais elétricos da atividade cerebral, dos batimentos cardíacos, os movimentos dos olhos, a atividade muscular, o esforço respiratório, a saturação de oxigênio no sangue, o movimento das pernas e outros parâmetros. As consequências da apneia do sono vão além das noites mal dormidas e inconveniências com os parceiros de quarto. A mortalidade entre os portadores da síndrome é significativamente mais alta entre os que não

Albano L. Werlang CRP - 07/00660

TERAPIA DIRETA DO INCONSCIENTE Cura alcoolismo, liberta antepassados, valoriza a dimensão espiritual Vig. José Inácio, 263 - conj. 113 - Centro - POA 32245441 - 99899393

recebem tratamento adequado ou entre aqueles que apenas roncam, sem experimentar momentos de apneia. Diversos estudos mostraram que a síndrome está associada a aumento na incidência de infartos do miocárclio, derrames cerebrais e arritmias cardíacas. Hipertensão arterial é encontrada em 70% a 90% dos que sofrem de apneia, do sono. Ao contrário, 30% a 35% dos pacientes que apresentam hipertensão essencial são também portadores de apneia do sono. O objetivo do tratamento é manter as vias aéreas permeáveis ao fluxo de ar durante a noite. O tratamento de escolha é o uso de máscara (CPAP) conectada a um compressor de ar que provoca pressão positiva para forçar sua passagem através das vias aéreas superiores, durante a noite. Os níveis de pressão da máscara devem ser ajustados individualmente depois de um estudo polissonográfico cuidadoso; pressões inadequadas podem aliviar os sintomas sem diminuir os riscos cardíacos. Tratamento cirúrgico está sempre indicado para a remoção de obstáculos e correção de distúrbios anatômicos que dificultem a passagem de ar. Perda de peso, no caso de pacientes obesos, e evitar dormir na posição supina (de barriga para cima) são outras medidas úteis. Um grupo de pesquisadores franceses publicou um estudo demonstrando que pacientes portadores da síndrome que usam marca-passo cardíaco, se tiverem seus marca-passos ajustados para obrigar o coração a bater 15 batidas a mais do que o ritmo medido à noite sem o uso de marca-passo, apresentarão redução significativa dos episódios noturnos de apneia. (Da revista CruzaLetras)


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Humor VÁRIAS - Há um trem para as 5 da manhã? - Há, sim senhor, mas não lhe aconselho este. É melhor tomar o das 4, que geralmente parte às 5... xxx - Papai, por que é que se põe um galo no alto de alguns prédios? O pai, embaraçado com a pergunta inesperada do filho: - Ora, filho, porque se pusessem uma galinha os ovos cairiam sobre os transeuntes... xxx - Vejo no seu horóscopo que você, até os 40 anos, vai ser muito pobre e infeliz. - E depois dos 40, então... - Bem, aí você já estará acostumado! xxx - Menino, diga-me o nome de um grande personagem da História. - Pois não, professora: o gigante Golias... xxx - Pode-se fumar aqui? - Não, senhor. - E essas pontas de cigarros que estão no chão? - São das pessoas que não perguntaram... xxx O médico ao indigente: - Deixo-lhe este remédio para você tomar antes da comida. O indigente: - O doutor não poderia deixar também a comida para eu comer depois do remédio? xxx - Madame, não vejo um pedaço de carne há semanas. - Maria, mostre um pedaço de carne a este pobre homem.

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SPAÇO LIVRE

Diga não ao Big Brother!

Festa de N. Sra. de Lourdes

Antônio Mesquita Galvão

Dom Hélio Adelar Rubert

Doutor em Teologia Moral

Arcebispo de Santa Maria

Brasil, mais uma vez, é assaltado por um lixo televisivo chamado “Big Brother ”, onde um grupo de aventureiros vai para uma casa, tudo patrocinado pela Rede Globo e empresas multinacionais, onde se cometem as maiores barbaridades e inqualificáveis orgias, em nome da conquista de um milhão de reais, que é pago pelo resíduo dos milhares de telefonemas que os ingênuos dão para excluir alguém nos “paredôes”.

o dia 11 de f evereiro celebra-se a festa de Nossa Senhora de Lourdes. Na metade do século 19, o racionalismo era muito forte e rejeitava muitos valores espirituais, envaidecido pelas primeiras descobertas no campo da física energética.

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Rejeitado nos países desenvolvidos, o “Big Brother”, que teve seu modelo exportado para cá, faz um inaudito sucesso entre os tupiniquins da aldeia. Trata-se de uma cultura de todas as mediocridades de nosso já tão deturpado modelo social. Para a Globo se trata de uma ponderável mina de ouro. Cada ligação feita pelos papalvos que querem eliminar alguns “heróis” colocados no “paredão” geram valores, oriundos das ligações telefônicas, que pagam o custo da operadora, o prêmio (um milhão), as despesas da “casa mais vigiada do Brasil” e ainda enchem os cofres da emissora. Como apologia à imoralidade das ações e dos diálogos dos participantes, o BBB dá asas ao voyeurismo dos despreparados. Tudo na programação dá um péssimo exemplo a todos, especialmente aos jovens. Tem gente que cultiva o exibicionismo todas as noites, para ver as intimidades dos participantes, que são desocupados, aventureiros e as mulheres oportunistas, ávidas pelas câmeras da Play Boy. E o medíocre Pedro Bial ainda tem a coragem de chamá-los de “nossos heróis”. Herói é o assalariado, o que espera nas filas, o que não tem médicos, escola para os filhos nem hospitais... O telespectador é induzido a “dar uma espiadinha” na vida das pessoas 24 horas por dia, numa degradante bisbilhotice social nesse hino à mediocridade e à desfaçatez moral. É o ápice da inconsistência social. Esta é uma das tantas iniciativas da televisão de moldar os costumes e a moral do povão. E dizem que isto é comunicação. Na obra de Orwel, as fábricas continham placas com o lema: “dois mais dois são cinco se o partido quiser”. No Brasil se pode afirmar que “dois mais dois são cinco se a Rede Globo deixar”. Será que o apóstolo Paulo apreciaria o BBB? O que ele diria a respeito? “Desprezando o conhecimento de Deus, essas pessoas foram abandonadas ao sabor de uma mente incapaz de julgar, cheia de injustiça, perversidade, malícia e deslealdade. Não se amoldem às estruturas deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente, pois vai chegar o tempo em que não suportarão a sã doutrina, desviarão os ouvidos da verdade para se alimentarem de fábulas”. Por isto, caro leitor, diga não ao "Big Brother"!

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Precisamente naquela época, em 1854, o Papa Pio IX proclamava solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria, a Mãe de Jesus. Quatro anos depois, em 1858, a Virgem Maria aparecia na França para a jovenzinha Bernadete Soubirous, para confirmar essa definição dizendo: “Eu sou a Imaculada Conceição”. São Paulo diz que Deus escolhe o que é fraco para confundir os fortes. Assim aconteceu em Lourdes. A Virgem Maria escolheu uma menina pobre e analfabeta para falar ao mundo. Este instrumento era Maria Bernadete Soubirous. Nascida em Lourdes, região montanhosa dos Pirineus, na França, em janeiro de 1844, Bernadete era filha de Francisco e Ludovica. Na ocasião, tinha 14 anos. Sua família era muito pobre. Como aconteceu a aparição de Nossa Senhora? Numa quinta feira muito fria, 11 de fevereiro de 1858, Bernadete saiu de casa para apanhar lenha para os lados da gruta de Massabielle em companhia de algumas companheiras. Estava se descalçando para atravessar o canal do moinho, quando um barulho, como de uma rajada de vento, chamou sua atenção. Olhando em direção à gruta, percebeu uma luz na cavidade do rochedo. Viu uma Senhora com um vestido branco, véu branco, uma faixa azul à cintura e, sobre cada um de seus pés, uma rosa amarela dourada como a corrente de seu terço. Aquela jovem Senhora sorri para ela e abre os braços, fazendo sinal para que se aproxime. Mais tarde Bernadete contou que teve medo, mas que a olhava o mais que podia. A Senhora começou a falar com Bernadete a partir do dia 18 de fevereiro. Disse-lhe: “Poderia me fazer o favor de vir aqui durante 15 dias?” Em 18 aparições, a Senhora lhe revela, pouco a pouco, a sua mensagem: “Reze pelos pecadores... Vá dizer aos sacerdotes que quero que construam aqui uma capela e que as pessoas venham em procissão!” Aquela Senhora disse também a Bernadete: “Não prometo fazê-la feliz neste mundo, mas no outro!” A Senhora fez aparecer uma nascente no lugar onde os dedos de Bernadete escavaram o terreno, bem no fundo da gruta, uma fonte onde se devia “ir beber e lavar-se”. Nesta fonte, desde os primeiros dias, inúmeros doentes encontraram a sua cura. Somente no dia 25 de março a Senhora revelou o seu nome, respondendo a Bernadete, no dialeto falado na região: “Eu sou a Imaculada Conceição!” Esta resposta: “Eu sou a Imaculada Conceição”, era tão inesperada que acabou por convencer o pároco de Lourdes. Após um inquérito longo e minucioso, que durou quatro anos, o bispo de Tarbes, Dom Lourenço, declarou, em nome da Igreja: “Nós julgamos que Maria Imaculada, Mãe de Deus, apareceu realmente a Bernadete Soubirous”. Com o passar do tempo aquele local se transformou num santuário para o qual ainda hoje afluem milhões de pessoas de todo o mundo. Lá ocorrem inúmeras conversões. Bernadete passou por muitas e duras provações para ser acreditada em suas visões, que só os numerosos milagres confirmaram como obra divina. Tornou-se religiosa da Congregação das Irmãs da Caridade, onde Deus burilou seu coração e vida para a santidade. Faleceu no dia 16 de abril de 1879 com 35 anos. Ao concluir seu testamento, escreveu: “Não há maior amor do que dar a vida por aqueles que amamos”. Bernadete, como a Virgem Maria, estão perto de nós, dos doentes, dos peregrinos, dos viajantes e da Igreja que peregrina nesta terra.

Visa e Mastercard


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GREJA &

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COMUNIDADE

Solidário Litúrgico 5 de fevereiro - 5o Domingo do Tempo Comum Cor: verde

1a leitura: Livro de Jó (Jó) 7,1-4.6-7 Salmo: 146(147), 1-2.3-4.5-6 (R/. cf 3a.) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 9,16-19.22-23 Evangelho: Marcos (Mc) 1,29-39 Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos leia, antes, os respectivos textos bíblicos. Comentário: Jesus está em plena atividade evangelizadora. Seu Evangelho, para ser boa notícia, tem sempre estes três aspectos, estas três dimensões: oração, palavra e ação. Num círculo virtuoso, a oração ilumina a palavra que se transforma em prática, em ação, em boas obras. E toda ação remete novamente à oração. As três dimensões não podem estar separadas: nem somente orar, que levaria a uma fé intimista, individualista; nem somente falar, pregar, que se transformaria num discurso vazio, sem objetivo; nem somente atuar, que levaria a ações mecanicamente repetidas, sem incidência real na vida das pessoas. E frustrante para quem assim exerce um ministério, seja qual for. O episódio da cura da sogra de Pedro é paradigmático. Jesus está pregando, quando recebe a notícia de que a sogra de Pedro está enferma. Então, vai até ela, toma-a pela mão, ela se levanta, curada, e põe-se a serviço dos discípulos (cf 1,30-31). A graça da saúde, ela a transforma em serviço. Logo, Jesus cura a muitos doentes e possuídos pelo demônio (1,34) mas, quando chega a madrugada, ele se retira a um lugar deserto para orar (1,34-35). Quando os discípulos o encontram, querem que ele continue curando e aumentando a sua fama para, quem sabe? ser aclamado como um poderoso profeta e rei de Israel e eles, os discípulos, seus assessores e colaboradores! Jesus decepciona seus discípulos com sua resposta: Vamos a outros lugares, às aldeias e povoados. Devo pregar também ali pois foi para isso que eu vim (1,38). Jesus fecha o círculo virtuoso, círculo do bem, da verdadeira evangelização: palavra-ação-oração. E novamente a palavra, o anúncio, a pregação, com novas ações de cura e libertação e sempre de novo o “estar com o Pai” em oração. Ser cristão ou cristã é viver esta dinâmica do círculo virtuoso na vida diária: oração, pregação, ação. Para ser uma fé autêntica em Jesus, como seus discípulos missionários, faz-se necessário que nossas palavras e ações sejam sempre fecundadas pela oração.

12 de fevereiro - 6o Domingo do Tempo Comum Cor: verde

1a leitura: Livro do Levítico (Lv) 13,1-2.44-46 Salmo: 31(32), 1-2.5.11 (R/.7) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 10,31-11,1 Evangelho: Marcos (Mc) 1,40-45 Comentário: O pior cego é aquele que não quer ver; o pior doente é quem diz que está “vendendo saúde” e não aceita ser tratado. Estes ditos poderiam muito bem ser aplicados à vivência da fé de muitos cristãos, uma fé intimista, de consumo, gosto e prazer pessoal, sem nenhuma incidência nem compromisso com uma sociedade justa, honesta, fraterna, solidária. São estes cristãos os primeiros a dizer que, quem luta e defende uma ordem social justa e igualitária, é “ateu e comunista”. São também estes cristãos os que afirmam que fé é uma coisa e luta por uma sociedade justa, é outra e que as duas não tem nenhuma relação. Cegos e guias de cegos, diria Jesus, vão cair no poço de uma fé vazia, sem sentido, não cristã. Por mais que invoquem o seu nome, vivendo uma religião “light”, de consumo individual, Jesus não os reconhece diante do Pai. E talvez sejam estes cristãos, descomprometidos com a realidade e sua transformação, a maioria dos batizados, hoje. No relato de Marcos deste domingo, a fé do leproso é uma fé confiante no poder de Jesus, que poderia reintegrá-lo na vida da família e da sociedade, da qual, por motivos de higiene e religiosos, ele estava excluído. Se queres, tu tens o poder de me curar (1,40). Por motivos de higiene ainda poderia ser aceitável, até por tratar-se de uma doença contagiosa e sem cura; agora, excluir da sociedade, afastar da família, proibir a oração no templo a uma pessoa humana por motivos religiosos, era e é uma afronta a Deus. Também por isso, Jesus curou aquele leproso: para mostrar a todos que no seu Projeto religioso, ninguém pode ser excluído, para todos têm lugar. Que não se chame cristão quem não viver isso em sua vida e, seja lá pelo motivo que for, excluir alguém, seja ele quem for. Aquele leproso, curado e reintegrado à comunidade, transformou-se numa testemunha viva de um Evangelho que não admite exclusões por causa de gênero, de classe social, de raça, de cultura ou de saúde. Diante da boa–nova de inclusão, os excluídos correm atrás de Jesus, pois ele manifesta a verdadeira face de Deus, o Deus de bondade, perdão e justiça, cujo rosto e coração tinham sido escondidos pelas leis e normas humanas, que decidiam quem era “puro ou impuro”, quem podia ou não podia frequentar o templo, participar da vivência da fé e gozar das boas graças de Deus. (attilio@livrariareus.com.br)

Catequese Proporcionar experiências de solidariedade é objetivo primordial da catequese, em qualquer idade

A felicidade não está confinada na ciência Mario Antonio Betiato Professor de Teologia da PUCPR

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nas relações solidárias e na abertura ao transcendente que o ser humano se reconhece, se humaniza e se plenifica. É preciso então sair de si mesmo, dar-se ao outro, abrir-se ao semelhante, para, a partir daí, conhecer um pouco mais quem somos e qual é o sentido da nossa vida no mundo. Pobre modernidade que preferiu alavancas, pregos e parafusos ao invés de gente. As utopias caíram e a transcendência religiosa foi ignorada, transferida e até combatida. A solidariedade e o mistério ficaram em letras mortas e somente ecoam a partir de alguns púlpitos, na maioria das vezes, carentes de plateia. Todo esse empobrecimento deu espaço para uma economia de mercado que produz e globaliza a miséria e, os ainda não miseráveis, tornam-se reféns em suas próprias casas, protegendo-se daqueles que a sociedade tornou violentos em busca de pão, terra, saúde e dignidade humana. Nessa luta por sobrevivência, na qual somente existem perdedores e em que o ser humano tornou-se um meio de produção, a maior perda é a perda de identidade. Ousamos sustentar que a redescoberta do ser humano enquanto “ser espiritual” somente brotará de relações solidárias, de experiências concretas, para além dos tratados e dos discursos meramente acadêmicos. Que pena que a modernidade consagrou o individualismo, o particular, o instrumental, aquilo que pode ser medido, calculado, quantificado, o que é empírico, em detrimento do humanismo. Diferentemente do que se imaginou, as técnicas e o racionalismo moderno não eliminaram a fome, a violência e a ignorância, e ainda serviram para aumentar a desigualdade entre as pessoas. Reconhecemos que o paradigma moderno nos trouxe grandes avanços, principalmente na área tecnológica, mas nos parece que não criou muita felicidade. A felicidade, podemos sustentar, não está confinada na ciência e na técnica. Ela está na essência, e a essência do ser humano é ser para o outro e para a transcendência. Aqui está o sentido de tudo. Ao terminar esta leitura, espero que ninguém diga: e eu com isso?

Primeiros votos

Seis jovens concluíram o noviciado e emitiram, em 22 de janeiro último, os primeiros votos para ingresso na Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, em P. Alegre. Eis um trecho de sua mensagem: “Nós, Irmãs Josefa Y. Pereira (Bolívia), Keila Maria (AM), Lídia U. Chuê (MT), Paula Barbosa (AM), Maria Tatiana P. Coelho (AM) e Silvana G. de Carvalho (AM), somos agradecidas porque é Deus que nos consagra nesta forma de vida. Somos gratas também por todas as oportunidades de crescimento e amadurecimento humano, na fé e vocacional. “Permanecei no meu amor” (Jo 15,9b) é o lema que nos ilumina e nos convida a permanecermos fieis ao chamado e ao cuidado da vida”.


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SPAÇO DA

RQUIDIOCESE

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Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre

Gravataí: cônego José Bonifácio Schmidt é o novo vigário paroquial de Santa Ana A comunidade Paroquial de Santa Ana conheceu seu novo vigário paroquial, cônego José Bonifácil Schmidt. A apresentação aconteceu no dia 8 de janeiro e a nomeação foi lida pelo pároco, Pe. Gelson Ferreira. O cônego José Bonifácio presidiu a celebração e colocouse à disposição da comunidade para servir e desejou que possa contribuir para a comunidade. O pároco, Pe. Gelson, disse que se alegra muito com a presença do cônego, onde relatou que "tem o imenso prazer de trabalhar agora na mesma paróquia com um de seus professores durante sua formação presbiteral". Cônego Luiz Vunibaldo Melo, Pe. Luís Inácio Ledur e monsenhor Tarcísio Pedro Scherer receberam o prêmio

Prêmio Joaquim Felizardo para a Arquidiocese de Porto Alegre

Ações desenvolvidas em prol da valorização da cultura em Porto Alegre foram reconhecidas no dia 17 de janeiro, com a entrega do Prêmio Joaquim Felizardo. A Arquidiocese de Porto Alegre foi uma das instituições homenageadas. Promovido pela Secretaria Municipal da Cultura, o prêmio chegou a sua sexta edição reconhecendo iniciativas que, com destaque, contribuíram para a cultura da cidade. A Arquidiocese de Porto Alegre foi homenageada na categoria “Memória Cultural”. As ações de restauro da Cúria Metropolitana e de templos históricos como

Faleceu Eunice Zimmermman, assistente social da Arquidiocese de Porto Alegre Faleceu no dia 12 de janeiro a assistente social da Arquidiocese de Porto Alegre, Eunice Zemmermman, aos 54 anos, vítima de um câncer no estômago. A notícia de seu falecimento surpreendeu os seus colegas de trabalho na Cúria Metropolitana. Em março de 2011, Eunice Zimmermman entrou para o setor de assistência social da Arquidiocese de Porto Alegre. Desde então, empreendia ações no sentido de reorganizar e qualificar as ações sociais da Igreja junto às paróquias, reordenando-as segundo as novas exigências da legislação da Assistência Social do Brasil. Funcionários/as da Cúria Metropolitana divulgaram nota que está no site da Arquidiocese.

as Igrejas de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora das Dores foram decisivos para que o Conselho do Prêmio Joaquim Felizardo decidisse pela entrega do prêmio à Arquidiocese. Cônego Luiz Vunibaldo Melo, Pe. Luís Inácio Ledur e o monsenhor Tarcísio Pedro Scherer receberam o prêmio. Também representaram a Arquidiocese o casal missionário Sirlene e Ailton Moreira, CMPS e a advogada Patrícia Menti Scherer. Além da Arquidiocese de Porto Alegre, outras instituições foram premiadas em mais 15 categorias.

Cônego José Bonifácio presidiu a celebração

NOTAS

Prefeito de Porto Alegre recebe o Setor Arquidiocesano da Juventude

Cremos na vida eterna: Com pesar, a Arquidiocese de Porto Alegre comunicou o falecimento de Osvaldo Rabelo Rodrigues, diácono permanente da Paróquia Cristo Redentor, em Porto Alegre. Sua passagem para a casa do Pai aconteceu no dia 12 de janeiro. Por conta de um traumatismo craniano, diácono Osvaldo estava internado na UTI do Hospital Cristo Redentor, e esta foi a causa de seu falecimento. Osvaldo Rabelo Rodrigues contava com 76 anos e há oito anos atuava como diácono permanente da Paróquia Cristo Redentor. Missa no Equador: Após ser ordenado presbítero no dia 9 de dezembro de 2011, Pe. Santiago Carrión Conde rezou sua primeira Missa na sua Paróquia de origem, Cariamanga, no Equador no dia 7 de janeiro. Nessa ocasião, também foram celebrados os aniversários de ordenação dos padres João Moraes e Luis Inácio Flach. Também Dom Remídio Bohn acompanhou os padres nesta viagem e durante a celebração eucarística, recebeu as chaves da cidade.

O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, recebeu recentemente em audiência o Setor Arquidiocesano da Juventude de Porto Alegre. Presente também o secretário do Turismo, Luiz Moraes, com sua assessoria de gabinete. Após as saudações, o Pe. Márcio Augusto Lacoski, em nome da Arquidiocese, entregou em mãos a mensagem oficial da realização dos atos da JMJ-2013 na capital. O sr. Émerson Vidal, coordenador do Setor Juventude, destacou a acolhida da Cruz e do ícone no próximo mês de novembro/2012, sua peregrinação nos dias 3 - 5 de novembro pelos vicariatos da Arquidiocese e a Pré-Jornada Mundial na qual Porto Alegre será uma das sedes nacionais em julho de 2013. A proposta é acolher jovens do Cone Sul (Uruguai, Argentina e Chile) permanecendo aberta também aos peregrinos de outros países e continentes. O prefeito manifestou grande interesse pelo evento e imediatamente dispôs que a Secretaria de Turismo encaminhe os procedimentos legais indispensáveis para o bom êxito deste projeto do Setor Juventude de Porto Alegre. Acompanhe informações pelo blog:www.jovenstriconectados.blogspot.com


Porto Alegre, fevereiro de 2012 - 1a quinzena

Fórum Econômico versus Fórum Social e a terceira via

Em Davos se reuniram, entre 25 e 29 de janeiro, chefes de estado de 40 nações. Em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, se reuniram 40 mil ativistas sociais, vindos dos cinco continentes. Na pequena comuna do Cantão Grisões da Suíça, junto a lago de mesmo nome, notabilizada pelo seu Centro de Esportes de Gelo que atrai milhares de turistas do mundo inteiro, gelo e neve. Aqui, verão inclemente. Na pauta da 42a edição do Fórum Econômico: como otimizar a riqueza, fazendo uma reforma mundial do capitalismo com vistas a maior equilíbrio à economia baseada em quatro modelos: a) poder colaborativo - capacidade de exercer o poder de colaboração que irá determinar o futuro do negócio nacional, regional e global; b) reconhecimento de que somos diferentes, mas interdependentes, sendo necessário cultivar um sentimento muito maior de união regional e global; c) enfrentamento sério do impacto social da globalização e da nova onda de inovação tecnológica, avaliando a qualidade do crescimento econômico; d) e, criação de emprego, proporcionando aos jovens a capacidade de criar suas próprias vagas, inclusive a partir do incentivo ao empreendedorismo Na pauta do Fórum Social Temático: crise capitalista, justiça social e ambiental, com dezenas e dezenas de oficinas, debates, palestras, seminários, conferências e painéis, sempre encerradas no fim do dia com apresentações musicais. Em suma, um foco oposto ao de Davos: como minorar a pobreza e a má distribuição da riqueza (o Brasil está em segundo lugar em desigualdade social entre as nações do chamado G20, atrás apenas da África do Sul, perdendo até para México, Rússia, Argentina, China e Turquia, segundo editorial de ZH, 23.01.12). Lá, em Davos, todas as reuniões num grande centro de convenções. Aqui, encontros em dezenas de espaços, ocupando praticamente todos os auditórios da UFRGS, auditórios municipais, auditórios de espaços públicos estaduais e auditórios classistas, tendo como focos 12 mundos temáticos - Mulher, Educação, Comunicação, Saúde, Trabalho, Juventude, Criança, Esporte, Mineral, Meio Ambiente, Negro e Economia Solidária. Lá, palestrantes internacionais para propor saídas à crise do sistema e tentar

O perdão no casamento Leia na página 3

Assim como em 2010, Canoas foi novamente uma das sedes do FSM

reformar o capitalismo – a chanceler alemã fez o discurso inaugural. Aqui, convidados como palestrantes, Dilma Rousseff (presidente), Marina Silva (ex-ministra), Boaventura de Sousa Santos (sociólogo português), Camila Vallejo (líder estudantil chilena), José Graziano (diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO), Gilberto Gil (músico e ex-ministro) e Ignacio Ramonet (jornalista espanhol.

Terceira via

Enquanto se gastam milhões de reais para reunir milhares de curiosos e entendidos na busca de soluções para continuar a viabilizar vida minimamente digna no planeta – ou continuar a inviabilizá-la –, há dois mil anos, um aldeão judeu de Nazaré já trouxe a melhor fórmula para resolver todos os problemas de convívio humano. E que, por isso mesmo, por causa dessa fórmula simples, resumida no 'amai-vos uns aos outros como Eu vos amei' morreu na cruz. Sua mensagem central e parâmetro de julgamento final estão reunidos num só capítulo 25 do Evangelho de São Mateus. Um pouco – ao menos um pouco – do seguimento de Sua lição dispensaria todos os fóruns econômicos e sociais pelo mundo afora!!!

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