Ed_605_Jornal_Solidario_1a_quinz_março_2012

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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, março de 2012 - 1a quinzena

www.jornalsolidario.com.br

Ano XVII - Edição N o 605 - R$ 2,00

Campanha da Fraternidade 2012 e a

precariedade humana

Imagem: Solidário

Fragilidade e transitoriedade são o pano de fundo da Campanha da Fraternidade deste ano. Única e irremediável certeza – seja no crepúsculo da existência ou por doença inesperada ou de forma súbita – a penosa transição da finitude só pode ser minorada mediante a proximidade e presença de outrem. Qual gesto solidário e samaritano está ao alcance de cada um nós para suavizar a dor e o sofrimento do abandono e solidão de doentes de corpo e alma deixados ‘à beira do caminho’, seja em seus lares ou em hospitais?

Jornada da Juventude tem logomarca O lançamento foi no Rio de Janeiro, em 7 de fevereiro último, presidido pelo cardeal arcebispo Dom Orani Tempesta e na presença de mais de 100 bispos. O encontro mundial da juventude católica acontece de 23 a 28 julho de 2013 próximo e promete reunir jovens do mundo inteiro. O símbolo gráfico tem formato de coração. O verde, na parte superior, representa o Pão de Açúcar, um dos cartões postais do Rio de Janeiro. O azul, na parte inferior, representa o litoral brasileiro. O amarelo, no centro, representa o Cristo Redentor. A cruz, à esquerda, é alusão às origens cristãs da “Terra de Santa Cruz" – o Brasil.

Dia Mundial de Oração É um movimento universal e ecumênico de ação com oração. A promoção é conjunta das Igrejas Católica, Anglicana, Metodista e de Confissão Luterana do Brasil. A celebração será dia dois de março na Catedral da Santíssima Trindade da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, em P. Alegre. Mais informações: www.dmoracao.com.br

Fraternidade e Saúde Pública É o tema da Campanha da Fraternidade para o ano de 2012, promovida pela Igreja Católica do Brasil. O lançamento estadual no RS ocorreu em 22 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, na sede do Secretariado Regional Sul 3 – da CNBB, em P. Alegre, com a presença do presidente do Regional, Dom Zeno Hastenteufel, do diretor geral e secretário estadual de Saúde adjunto, Elemar Sand, e do secretário executivo da Pastoral DST/ AIDS, Frei José Bernardi.

Páginas centrais

R$ 347 mil em salários sem trabalhar É o que os contribuintes brasileiros pagarão a muitos parlamentares federais que, depois do recesso de julho deste ano e por causa das eleições municipais, só voltarão à Brasília em novembro. O cálculo, publicado pelo portal UOL, exclui os fins de semana, recessos, feriados prolongados e as segundas e sextas-feiras. Os parlamentares recebem salário mensal de R$ 26,7 mil. Somando os 12 meses do ano mais o 13o salário, cada um custará R$ 347 mil aos cofres públicos somente com salários. Considerando que o Congresso é formado por 513 deputados e 81 senadores, o custo total será de R$ 206,1 milhões, em 2012. (Fonte: www. radioagencianp.com.br)

Os telefones do Jornal Solidário: (51) 3211.2314 e (51) 3093.3029. e-mail: solidario@portoweb. com.br


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RTIGOS

Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Editorial

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

A revolução familiar

O desafio da saúde

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esde 1964, cada ano, durante a Quaresma, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe, para a reflexão e vivência dos cristãoscatólicos, a Campanha da Fraternidade (CF). Durante esses 48 anos, estas Campanhas podem ser divididas em três fases e que identificam a própria caminhada da Igreja no Brasil. Na primeira fase (1964 – 1972) houve uma busca da renovação interna da Igreja; na segunda fase (1973 – 1984) a Igreja se preocupou com a realidade social do povo, denunciando o pecado social e promovendo a justiça; na terceira fase (1985 – 2012) a Igreja voltouse para situações existenciais do povo brasileiro. Cada Campanha da Fraternidade tem um Tema e um Lema. A Campanha para o ano 2012 tem como Tema: "A Fraternidade e a Saúde Pública" e como Lema: "Que a saúde se difunda sobre a terra". O Objetivo Geral da CF de 2012 é: "Refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção dos enfermos e mobilizar por melhoria no sistema público de saúde". Os seis objetivos específicos levam a atitudes concretas diante do problema da saúde em geral e da saúde pública, em particular: "a) Disseminar o conceito de bem viver e sensibilizar para a prática de hábitos de vida saudável; b) Sensibilizar as pessoas para o serviço aos enfermos, o suprimento de suas necessidades e a integração na comunidade; c) Alertar para a importância da organização da pastoral da Saúde nas comunidades: criar onde não existe, fortalecer onde está incipiente e dinamizá-la onde ela já existe; d) Difundir dados sobre a realidade da saúde no Brasil e seus desafios, como sua estreita relação com os aspectos sócio-culturais de nossa sociedade; e) despertar nas comunidades a discussão sobre a realidade da saúde pública, visando à defesa do SUS e a reivindicação do seu justo financiamento; e f) Qualificar a comunidade para acompanhar as ações da gestão pública e exigir a aplicação dos recursos públicos com transparência, especialmente na saúde". A saúde é afirmação da vida e um direito fundamental que os Estados são obrigados a garantir. Não se trata apenas da ausência da doença corporal, mas de um processo harmonioso de bem-estar físico, psíquico, social e espiritual que capacita toda pessoa a cumprir a missão que Deus lhe destinou e ser feliz. Jesus, curando os doentes, apresenta a parábola do bom samaritano como paradigma de cuidado para com o “homem à beira do caminho”. A doença deixa as pessoas à margem da sua vida normal e exige carinho, atenção, paciência, acompanhamento, presença... grita por um amor solidário que ama a partir da necessidade específica de cada doente. O Solidário traz, nas páginas centrais desta edição, exemplos de pessoas que vivem esta dimensão profundamente cristã em suas vidas. Aqui se poderia dizer: dize-me como tratas os doentes que Deus coloca em tua vida e eu te direi que cristão tu és. (attilio@livrariareus.com.br)

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

Março de 2012 - 1a quinzena

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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abemos que o ser humano não é puro indivíduo. É, antes de tudo, família.Isto significa que sua vida, na verdade, é partilha.Viver humanamente é conviver. Esta convivência tem seu ambiente natural na família.

Como é a família? A vida humana mudou muito nos últimos anos. Já falamos da mudança da vida em geral, que recebeu o aval científico pelo evolucionismo. Surgiu de modo, diríamos, embrionário e se foi desenvolvendo através de milhões de anos, até chegar à estrutura do DNA humano. A vida humana, porém, não se reduz ao DNA. Surge na família: do homem e da mulher, que se tornam esposo e esposa e, num segundo momento, pai e mãe, em relação à prole. Expressa nestes termos gerais, não há problemas quanto à vida familiar. Acontece, porém, que esta convivência é extremamente diversificada. Flexibilizou-se. Organiza-se dentro de cada cultura. São as relações conjugais, parentais, filiais, fraternais, de parentesco que devem não só ser vividas, mas também, de algum modo, regulamentadas. A revolução da família parte de uma base, que chamaríamos de família patriarcal. Existia, no Brasil, até meados do século XX. Caracterizava-se como extensa, em seus membros; com habitação unifamiliar; baseada em um matrimônio estável, que diríamos mais de razão que de coração; com uma primazia parental e uma condição de estado matrimonial, com longa subordinação dos filhos, bem numerosos. Mudando o contexto da vida humana, a família necessariamente teve que se adaptar aos novos tempos e redimensionar-se. A industrialização tirou, por assim dizer, a autonomia da família. Terminava o período em que a família produzia quase tudo o que consumia e consumia quase tudo o que produzia. O dinheiro, no tempo da família patriarcal,

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

não tinha muita importância. Amava-se o trabalho não só por seu valor intrínseco – amor à profissão – nem pelo ganho externo – mas, principalmente, porque era realizado por e para pessoas queridas. A casa constituía uma unidade de residência e de trabalho. Com a família, chamada nuclear, que se seguiu, isto acabou. A família moderna esfacelou-se, pulverizando-se em núcleos familiares, muito restritos, que se encontram cada vez menos em seus membros. O segundo fator a levar à revolução da família foi a vertiginosa urbanização. Apesar do acúmulo de residências, acarretou um isolamento das famílias. Desaparece a vizinhança e a parentela. A família, mesmo rodeada de muita gente, ficou a sós, para administrar seus problemas. Consequentemente, perdeu seu significado social. Suas funções institucionais, que a qualificam como instituição social – como a função biológica, de transmissão da vida, sua função econômica, de produção de bens, sua função protetiva, de garantia contra os riscos da vida, sua função cultural, de transmitir valores sociais e religiosos, sua função estratificativa, de atribuir a seus membros um “status” social, sua função integrativa, que lhe garante um controle social – estão decaindo vertiginosamente. Crescem, ao invés, as funções pessoais, como a conjugal, de afetividade entre marido e mulher, parental, entre pais e filhos; e fraterna entre irmãos e irmãs, quando existem. A explosão demográfica e a urbanização trouxeram consigo uma precariedade de alojamento e a consequente marginalização de grande parte da população. Desse modo, a família se sente na contingência de redimensionar-se. Seus membros são cada vez mais reduzidos. Perdem seu convívio para integrar-se em outros grupos e ambientes, com uma precoce emancipação e com um acentuado conflito de gerações.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


Março de 2012 - 1a quinzena

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AMÍLIA &

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OCIEDADE

Crise de valores e violência familiar G. J. Ballone Psiquiatra

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oje, mais do que antes, parece que os comportamentos, as normas e o sentido global da vida individual e comunitária não se inspiram em padrões éticos de valores, preferindo critérios imediatistas, consumistas, hedonistas e pragmáticos. Num português mais direto, preferindo-se o que se pode ter agora, consumir vertiginosamente, o prazer sem consequências e tudo o que for mais fácil.

Embora não se possa ter certeza de que a maneira da sociedade se conduzir, hoje, seja diferente do que fora em outras épocas, pelo menos uma verdade se detecta: há, atualmente, muito maior apelo ao consumo e ao prazer do que antes. O ser humano normal sempre foi ávido de seus direitos e há uma grande tendência das pessoas que não têm as mesmas coisas e os mesmos prazeres que outras, desejarem ardorosamente uma equiparação. Talvez, em outras épocas, as pessoas não tivessem informação ou noção do que se pode ter na vida. Atualmente, através da mídia, o cidadão normal vê em sua televisão, no cinema ou nas revistas, tudo aquilo que poderia usufruir e a “vida lhe nega”. A pessoa normal se frustra muito mais sabendo dessas coisas do que ignorando-as e, a partir desse conhecimento, começa a querer também, começa a achar que seu DNA não pode ser tão diferente do DNA daquele seu “semelhante” que vive nababescamente. Se princípios éticos não forem acrescidos à formação dessas pessoas desde o berço, os meios para conquistar a pretendida igualdade tornam-se eminentemente pragmáticos e aéticos.

Combinação entre a vitrine do prazer e a do consumo

Talvez a poção mágica que está transformando nossa sociedade seja composta de uma perigosa combinação entre a vitrine do prazer e do consumo, oferecida pela mídia, com o fascínio da liberdade plena, pretensamente virtuosa em sua essência. Talvez, também, se o slogan da Revolução Francesa tivesse sido “Liberdade responsável, Igualdade de oportunidades e Fraternidade tolerante”, o mundo ocidental seria diferente. Inculca-se na pessoa desde criança, atendendo a uma leitura deficiente e incompleta de algumas correntes psicologistas, um exercício da liberdade sem limites, deixando de lado o ensinamento de que a dignidade desta liberdade reside na responsabilidade, pois o exercício da liberdade deve ser a expressão do respeito de cada pessoa em relação a si mesma e em relação ao seu semelhante. Pois bem, primeiro a mídia apetrecha a consciência

Imagem: Solidário

pela glorificação do sucesso, fez surgir novos poderes, fragilizando aqueles em que, tradicionalmente, se assentava a sociedade. Com isso, surgem sintomas de falta de confiança no sistema judicial, porque o que é legal não significa, necessariamente, moral. Esse é, aliás, um sintoma preocupante das sociedades ocidentais, onde a ordem legal se afasta, muito frequentemente, da ordem ética. Surgem também sintomas de falta de garantias dos direitos e da dignidade, sintomas de falta de referenciais morais, perda de confiança nas instituições e nos valores.

A liberdade sexual é, hoje, um tabu onde ninguém ousa tocar

Talvez interesse ao mercado que as pessoas não pensem tanto, apenas consumam...

humana de tudo aquilo que é possível ter, depois, a liberdade dá rédeas soltas aos meios de tê-las. Deu no que deu. A imediatização da vida (estimulada pela mídia) exige meios mais eficientes e rápidos para a aquisição do prazer, e a liberdade, destituída de sua contra-partida que é a responsabilidade, dá, para pessoas órfãs de princípios éticos, o aval de se poder fazer o que quiser. Nas pessoas bem formadas surge uma enorme frustração em ver que os outros fazem tudo aquilo que elas não se permitem. E essas pessoas estão órfãs de ética por quê? Talvez porque interesse ao mercado de consumo que as pessoas não pensem tanto, apenas consumam... A conquista dos objetivos hedonistas através da liberdade plena, aética, amoral e estimulada

... pois o policiamento dessa liberdade é extremamente opressor. Daí decorrem as doenças sexualmente transmissíveis, aumento de adolescentes que engravidam, aborto complicado e letal, medo dos relacionamentos duradouros e coisificação do amor. A instituição social gasta milhões no tratamento da AIDS, orienta e oferece preservativos gratuitamente, mas não se vê uma palavra sobre valores e preservação da dignidade da pessoa, muito pelo contrário. A televisão mostra cada vez mais cenas de sexo explícito entre pessoas que mal se conhecem, tentando convencer que o facultativo é obrigatório, como um indispensável passaporte para a modernidade. A liberdade dos usos e costumes leva ao abuso das drogas. Nesse caso, a instituição social oferece gratuitamente seringas descartáveis, gasta milhões nas internações hospitalares, mas não se diz uma palavra que sugira responsabilidade no exercício da liberdade de comportamento. Aliás, parece não haver vontade para resolver esse problema de vez. A engenharia genética, se quisesse, já estaria dotada de recursos para desenvolver doenças capazes de dizimar plantações de coca, maconha e ópio. (Portal de Psiquiatria)


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Invisíveis, mas não ausentes

Na casa de geriatria Carmelita Marroni Abruzzi

Vítor Hugo

Professora universitária e jornalista

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az o que tu fizeste com ela...”, disse-me uma senhora na agradável casa de geriatria, em meio a uma grande área florida verdejante. Perguntei-lhe: - Mas o que eu fiz? Ela não conseguia se expressar e apontava para outra senhora, a quem eu acabara de abraçar e beijar. Então entendi e a abracei e beijei: surpreendeu-me a expressão de felicidade de seu rosto! Numa outra geriatria, sempre que chegávamos, um senhor com dificuldades de caminhar e falar, aproximava-se e nos abraçava. Cenas desse tipo são frequentes. Será que compreendemos seu significado? Em muitas clínicas, os idosos estão muito bem cuidados, em bonitas instalações, rodeados de todos os confortos, suas necessidades atendidas, cercados de pessoal especializado. Entretanto, nem sempre se percebe um clima de alegria. Parece que falta algo. É claro que há clínicas em que os idosos, doentes, não conseguem se expressar e raramente um sorriso aparece em seus rostos. O que estará faltando a essas pessoas? Será apenas incapacidade para demonstrar emoções, devido a deficiências físicas e mentais, ou será que falta um tipo de atenção verdadeiramente humana, que faz a pessoa sentir-se única e importante para alguém? Não sei, vivemos numa época de grandes transformações, em que as relações familiares e sociais foram seriamente afetadas. Os velhos não mais envelhecem à beira do fogão, em meio a uma família numerosa, na qual sempre havia alguém para lhes dar atenção. Nas pequenas famílias nucleares, todos estão muito ocupados e não dispõem de tempo para cuidar dos idosos, em número cada vez maior. E há os velhos sadios que não querem ser tratados como inúteis e procuram se ocupar. Aliás, a família, nesse caso, não mais os presenteia com mantas e calças de abrigo e, sim, com “notebooks” para que eles se distraiam com jogos e deixem “os outros em paz”, sem “brindá-los” com conselhos, pois ninguém está interessado na “sua possível sabedoria acumulada”! Afinal, cada um quer viver sua própria experiência! Nesses casos, por vezes, falta uma palavra de valorização, um pouco de carinho, um reconhecimento do que eles proporcionaram às famílias com seu trabalho, com sua dedicação e seu amor. Por outro lado, surge um novo tipo de profissional: “os cuidadores”, que, nem sempre estão bem preparados para essa função. Existem cursos específicos que são cada vez mais procurados. Porém, ainda falta para muitos as necessárias condições para tratar dos velhos. É preciso paciência, gentileza e compaixão para não executar mecanicamente suas tarefas. Mas os idosos sadios, que se movimentam sozinhos, também podem sentir solidão. Rubem Alves diz que “a grande tristeza da velhice é a solidão”. E os velhos não podem esperar que os adultos jovens lhes dediquem muito tempo. Então, esses idosos que têm condições, talvez pudessem procurar os velhos doentes, incapacitados, e que estão à espera de um gesto de carinho, de um toque, de um abraço. E a solidão de ambos os grupos poderia se tornar menor. Aliás, só há um caminho para vencer a solidão, sejamos jovens ou idosos: sair de dentro de nós, deixar mágoas, tristezas e frustrações e ir ao encontro dos outros que, talvez, se sintam ainda mais solitários! (litamar@ig.com.br)

PINIÃO

Março de 2012 - 1a quinzena

Escritor

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uando morreu, no século XIX, Victor Hugo arrastou nada menos que dois milhões de acompanhantes em seu cortejo fúnebre, em plena Paris. Lutador das causas sociais, defensor dos oprimidos, divulgador do ensino e da educação. O genial literato deixou textos inéditos que, por sua vontade, somente foram publicados após a sua morte. Um deles fala exatamente do homem e da imortalidade e se traduz mais ou menos nas seguintes palavras: ”A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa. Que digam esses que atravessam a hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo? Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser. O que constitui o meu eu, irá além. O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra. Coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro. Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar

livre, vê a luz. Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade. Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída? Por que não possuirá ele um corpo sutil, etéreo? De que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro? A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É por demais pesado para esta terra. O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo do luminoso é o que não vemos. Os nossos olhos carnais só vêem a noite. A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz. Na morte o homem fica sendo imortal. A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nela. A morte é uma continuação. Para além das sombras, estende-se o brilho da eternidade. As almas passam de uma esfera para outra, tornam-se cada vez mais luz. Aproximam-se cada vez mais e mais de Deus. O ponto de reunião é no infinito. Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem. Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito.”

Uma Igreja Samaritana Dom Emanuel Messias de Oliveira Bispo Diocesano de Guanhães

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odos se recordam da linda parábola do “Bom Samaritano” (Lc 10,2937). O Bom Samaritano, que cuidou do seu inimigo ferido por assaltantes, é símbolo de Jesus e deve ser também símbolo da Igreja. Em uma palavra, nossa Igreja deve ser uma Igreja Samaritana. Nós nos deparamos em nossas comunidades muito frequentemente com muitos “feridos”, “caídos”, machucados pela vida. Muitos encontramos nos caminhos da vida, outros vêm ao nosso encontro, batem à nossa porta. Qual a nossa atitude? Muitos padres e leigos são acolhedores, compreensivos, compassivos, verdadeiros “bons (boas) samaritanos (as)”. Jesus diz no evangelho que quando atendemos a um desses irmãos feridos, estamos atendendo a ele mesmo. Mas, infelizmente não são todos que vivem a atitude do Pai Misericordioso, mesmo sabendo que todos nós somos filhos pródigos, que todos nós somos “feridos”. Nós estamos devagarzinho escrevendo nossas orientações sobre os sacramentos. Quero que a tônica seja a misericórdia, a atitude do Pai, a atitude Filho-Bom samaritano, Bom Pastor. Tenho percebido que os corações de alguns padres ainda estão apegados à lei, não à graça, a normas e não a orientações misericordiosas. Uma Igreja Samaritana tem que correr o risco de errar, mas errar acolhendo, não batendo a porta às ovelhas já tão machucadas. Exorto a que nossos padres e leigos procurem todos os meios de se empenhar o máximo em abrir o coração para a acolhida. Padre nenhum foi feito

para outra coisa. Ah! Eu fui feito para a Eucaristia! Muito bem! E a Eucaristia foi feita para alimentar o nosso coração com a atitude do bom samaritano. Quando falo “Bom Samaritano” não estou pensando apenas numa boa acolhida, mas todo o exaustivo trabalho de misericórdia que fez o “Bom Samaritano” para curar o “assaltado-ferido”, inclusive, investimento pessoal em dinheiro. Se a gente quiser resolver tudo a partir da secretaria paroquial ou do pedestal, onde muitas vezes nos assentamos, a gente estará muito distante do Pastor que vai atrás da ovelha perdida. E nós, principalmente a partir dos últimos documentos da Igreja, tomamos consciência plena de que nosso sacerdócio é empenho missionário em favor dos “afastados”, caídos, feridos e prostrados. Nos casos mais difíceis vamos abandonar as coisas secundárias que muitas vezes ofuscam o essencial. Precisamos buscar a ovelha perdida e trazê-la, se quisermos ser “bons samaritanos” ou “bons pastores”, trazê-la nos braços com todo carinho e ternura. Que nossa Igreja não deixe passar o precioso tempo em que as ovelhas ainda nos procuram. Acostumamos com o sermos procurados nos nossos escritórios para exercermos a misericórdia. Jesus não tinha escritório, ele ia atrás. Não podemos negar que nos bitolamos num jeito antigo de exercer o sacerdócio e temos dificuldades de partir para o novo, de sairmos de uma Igreja paroquializada, sacramentalista e exercermos o ministério de “discípulos missionários a caminho”, de uma Igreja legalista para uma Igreja da graça, do encanto e da ternura. Numa palavra, é um imperativo para nós o sermos, no sentido mais radical, uma Igreja Samaritana.


Março de 2012 - 1a quinzena

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DUCAÇÃO &

SICOLOGIA

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Protestos e manifestações Juracy C. Marques

Professora universitária, doutora em Psicologia

“A Internet é a verdadeira televisão. A televisão é a falsa Internet”. (Comentário de um adolescente)

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movimento “Ocupar Wall Street”, em meados de setembro/2011, atingiu vários países, principalmente do Oriente Médio, como movimento de massa contra a desigualdade econômica e governos ditatoriais. Um dos primeiros foi o da Praça Thair, no Cairo, Egito, contra a ditadura de Hosni Mubarak. Alguns meses depois, emergiram manifestações em Atenas, Espanha, Portugal e Itália, reclamando do baixo nível de emprego. Os árabes (Tunísia, Líbia, Síria e outros), bem como os demais iniciaram seus movimentos através da Internet – redes sociais como Twitter, Orkut e Facebook – para conectar os cidadãos, incitando-os participar na luta por Estado de Direito, liberdade de expressão e justiça social, visando seu desenvolvimento econômico e social.

Uma relação amorosa

CEPERS Sindicato/Imagens alterada eletronicamente

Como preconiza Paulo Freire, educar é, sobretudo, uma relação amorosa. São Paulo, em sua carta aos Coríntios, ressalta isso. As características do Amor, defendidas por São Paulo: “O amor é paciente e bondoso, não aceita injúrias e não busca seus próprios interesses, não se regozija pelos erros e maus-procedimentos, mas se regozija com a verdade. Carrega e suporta tudo, mantém a esperança e nunca falha” (1 Cor. 13: 4-8). “Não à curtição da bebida, da droga, da promiscuidade, mas da coisa gostosa dos bons afetos, da maravilhosa natureza; dos trabalhos humanos que nos fizeram chegar das cavernas dos trogloditas até a mais apurada tecnologia que nos permite ver e ouvir pessoas amadas a milhares de quilômetros de distância, conhecer culturas, entender gentes, apreciar a arte, percorrer a natureza mais remota, sem sair da mesa do computador” (Lya Luft, em sua página da VEJA, 23 de Novembro de 2011).

Corrupção e Transparência

Em onze meses de governo (principalmente no ano de 2011), a presidente Dilma Rouseff demitiu sete ministros, indicados pelos partidos aliados, seis deles por terem se envolvido em irregularidades que vão da cobrança de propina à extorsão; a única exceção foi Nelson Jobim, de Santa Maria, RS, que exercendo as funções de Ministro de Defesa, com alto reconhecimento, sentiu-se incompatibilizado com o Governo. As principais revistas do País – Veja, Isto é, Amanhã, entre outras, além dos jornais diários de grande circulação – anunciavam semanalmente mais um escândalo, através de reportagens, em busca de provas, muitas vezes consideradas insuficientes, em sucessivos inquéritos. Um dos pilares da democracia é a liberdade de imprensa, que assegura transparência nas ações governamentais, permitindo que os cidadãos participem de múltiplas decisões que, de outra forma, seriam vedadas ao conhecimento e à opinião pública..

Terrorismo e problemas sociais

O escritor turco Orhan Parmuck encerrou o ciclo de palestras "Fronteiras do Pensamento" (Zero Hora, Caderno especial, 4 de dezembro de 2011). Ele foi agraciado com o Nobel de Literatura em 2006. Sua obra aborda os problemas do ser hu-

mano ante os dilemas sociais do presente. Os mais destacados são o enfrentamento entre o Oriente e o Ocidente, entre muçulmanos e cristãos, defesa dos direitos humanos e terrorismo. As manifestações ganham publicidade instantaneamente, espalhando medo e insegurança que, não raro, assumem contornos de crise econômica.

Protestos de professores As greves de professores em diversos estados brasileiros questionam a Educação Fundamental, a Educação Infantil e o Ensino Médio, para além da mera reivindicação de melhores e mais justos salários. A imprensa tem contribuído com uma chamada “Todos pela Educação”. É mencionada

a distância entre a educação que temos e aquela que necessitamos e queremos. É sabido que a competitividade de um país, num mundo globalizado, depende de inovações. Isto supõe professores preparados para enfrentar os desafios do mundo atual, de tal sorte a oferecer uma educação transformadora e multidisciplinar, onde teorias e práticas se inter-relacionam. Os administradores precisam ter uma visão de mundo compatível com os avanços das ciências e das novas tecnologias, a fim de facilitar o trabalho das escolas, dos professores e dos pais. É assim que se diminuirão as desigualdades, melhorando os desempenhos de professores alunos e escolas: respeitando as diferenças individuais e acolhendo os que, por razões diversas foram marginalizados.


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EMA EM FOCO

Março de 2012 - 1a quinzena

Campanha da Fraternidade 20 O

tema da Campanha da Fraternidade de 2012 permite múltiplas abordagens. Na edição passada, fe rias para o sustento e expansão do atendimento aos mais carentes através do atual Sistema Único d ção aos enfermos desvalidos através de enfermarias nas primeiras comu O tema é amplo e tem como pano de fundo a inafastável fragilidade e precariedade humana que só pode e dos seus gestores o cumprimento de seu papel constitucional no que tange à saúde pública. Mas cabe p rar o deplorável quadro? Como cada cidadão, cada cristão católico, poderia colaborar para minorar a do em seus lares ou Imagens: Solidário

A doação de cada um – familiares e voluntários – ajuda a minorar o sofrimento dos enfermos

Igreja samaritana A parábola do Bom Samaritano é paradigma para a missão histórica da Igreja e para quem pretende cumprir ao menos um pouco do que está em Mateus 25 – “tive fome, tive sede, estive enfermo e me visitaste...”. Samaritano é aquele que, em face da necessidade do outro, a assimila e se deixa transformar por ela. Não só porque cuida do ferido e lhe dá abrigo, mas porque o faz em prejuízo dos seus próprios planos iniciais. Tornar-se próximo compreende uma vulnerabilidade ativa, um aceitar tornar-se frágil nas mãos de outrem, um ato de entrega ao projeto do outro, o que implica deixar-se nas mãos de quem se cuida. Esquadrinhando os sete verbos o Ver - A primeira atitude do samaritano que descia pelo caminho foi enxergar a realidade. Ele não ignora a presença de alguém caído, de alguém que teve seus direitos violentados e que se encontra à margem da estrada. Ainda imersos em seu círculo vicioso que não permite ultrapassar da palavra e oração à ação – como até hoje ocorre inclusive em grupos católicos praticantes assíduos – o ‘sacerdote’ e o ‘levita’ que haviam passado antes dele também ‘viram’, mas passaram adiante. Bom samaritano é todo homem que se detém junto ao sofrimento de outro homem, seja qual for o sofrimento, e se insere no círculo virtuoso de orar e agir. o Compadecer-se - Ele deixa-se afetar pela presença do violentado que jazia quase morto. Bom samaritano é todo homem sensível ao sofrimento de outrem, o homem que se ‘comove’ diante da desgraça do próximo. Por vezes, esta compaixão acaba por ser a única ou a principal expressão do amor e da solidariedade com o homem que sofre. o Aproximar-se - Ao contrário dos que o antecederam, o viajante estrangeiro aproxima-se do caído, vai ao seu encontro, não passa adiante. Reconhece seu próximo, apesar das muitas diferenças entre ambos.

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Curar - A aproximação, a compaixão não são simplesmente sentimentos benevolentes voltados ao outro. Elas se tornam obra, se transformam em ação que lança mão dos elementos que tem disponíveis para salvar o outro. o

Colocar no próprio animal -. Ele colocou a serviço do outro os próprios bens. Não temeu disponibilizar ao desconhecido ferido tudo o que dispunha: primeiro seu meio de transporte, depois o que trazia para seu autocuidado, dinheiro. o

Levar à hospedaria – o samaritano não só viu, aproximou-se, curou, colocou no próprio animal, por fim, também mudou o seu itinerário, adaptando-se para poder atender aquele necessitado. E ainda mais: ele acabou mobilizando e envolvendo outras pessoas e estruturas para não deixar morrer. A Igreja é chamada a anunciar o Reino aos doentes e a todos os que sofrem, zelando pelos direitos de todos e denunciando as injustiças sociais e econômicas, raízes de males, doença e morte. o Cuidar – Envolveu outros personagens, recursos financeiros, estruturas que o viajante não dispunha e o compromisso de retornar. o

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Março de 2012 - 1a quinzena

A S ÇÃO

OLIDÁRIA

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012 e a precariedade humana

ez-se breve retrospecto cronológico da saúde pública no Brasil e das históricas dificuldades orçamentáde Saúde no Brasil. Fez-se também breve referência do pioneirismo da Igreja Católica do Brasil na atenunidades de jesuítas e através das Santas Casas, nascidas ainda nos século 16. e ser minorada mediante a proximidade e presença de um outro alguém. Hoje, cobra-se muito do estado perguntar: o que cada um de nós pode fazer – além da constante vigilância constitucional – para melhoor e sofrimento do abandono e solidão de doentes de corpo e alma deixados ‘à beira do caminho’, seja u em hospitais?

Com o coração na mão

onselho é de S. Camilo de Lélis, padroeiro dos enfermeiros. E não por acaso! Pois é na ça dos profissionais da saúde que nós, humanos, vivemos es extremas de nossa existência. Estar internado em hospital empre resulta em cura. Portanto, em mais chance para viver. mbém poder ser o último endereço em vida, porque de cada tes, sete vão a óbito em hospitais. Desses sete, seis vão a óbito ença de algum profissional da saúde, cabendo-lhes amenizar periência amarga através do carinho e atenção. Isto é, com o o na mão, ‘levando no colo’! É princípio que deveria nortear s profissionais da saúde como forma de humanizar um lugar mente triste. m o coração na mão’ já é a postura de abordagem dos 65 rios visitadores semanais às enfermarias da Santa Casa de córdia de P. Alegre. “Atendemos os sete hospitais do complexo. oluntário doa uma hora e meia a duas horas por semana. Há Walmir Pires em duas vezes por semana”, adianta Walmir Luiz Pires, 35 asado, pais de dois filhos e coordenador da equipe de voluntários visitadores do complexo. também é ministro da eucaristia. Nas horas vagas, atende na Paróquia N. S. das Dores, de re. “Encantei-me pelo serviço de visitador a doentes durante a enfermidade de minha mãe, 8, no Hospital Centenário em S. Leopoldo. Lá mesmo, fiz cursos com padres e pastores. Há anos estou aqui”. mir é uma espécie de coringa no auxílio do capelão Pe. João Marcos Schneider SJ. “Onde tando alguém, vou correndo, seja para batizado urgente, para levar eucaristia ou para receber vo voluntário.”

O sentido do sofrimento

doença pode ser oportunidade única para refletir sobre o que realmente é importante e al na vida. O doente está debilitado fisica e espiritualmente mas guarda sua totalidade a. É preciso vê-lo como um outro Cristo. Um ser humano que tem uma caminhada de ainda tem sonhos a realizar. Que talvez esteja arrependido de seu passado e quer se . Cabe também a nós perguntar-nos: como eu estou vivendo? Não estou postergando ompromissos cristãos, deixando de fazer caridade, não perdoando a meus semelhantes, o com carinho minha família? O hospital nos remete à brevidade da vida. Não passamos ve sopro. Mesmo assim, podemos fazer a diferença. O grande grito do paciente é querer ido. Fazemos o que muitas vezes o profissional da saúde não pode ou não tem condições r. Muitas vezes, não precisamos falar: basta segurar a mão. O doente quer isso: alguém scute”, ensina Walmir. visitadores não fazem distinção entre confissões religiosas. “Não queremos converter ninMas, mesmo sabendo que somos católicos, eles nos pedem: volte mais vezes”, diz Walmir.

O papel da família

fundamental para a cura. Porém, pacientes do interior do Estaoutros Estados não podem contar com seu familiar ao lado. Aí ossa presença”, diz Eliane Pinheiro Cavalheiro, aposentada erente no comércio e ministra da eucritia na Praóquia S. João, legre. “Há cinco anos, venho aqui duas manhãs por semana. te nos ajuda mais do que nós a ele. Só quem faz esse trabalho ndições de sentir o que sentimos. Crescemos muito com essas Descobrimos logo que os ‘problemões’ de nosso dia-a-dia am insignificâncias diante do que constatamos aqui: pessoas am, com dificuldades de toda ordem, parentes longe, solidão, e. E que querem continuar a viver. E nós nos prendendo em Eliane Cavalheiro tão menores! Muitas vezes saio daqui demolida, por cenas entes de reaproximação de pais com filhos e vice-versa, de perdão entre parentes. Aqui ce o verdadeiro Evangelho, principalmente para nós”, reflete Eliane.

Marlei e Idalício

Na saúde e na doença Não raro, é entre as quatro paredes de um quarto ou enfermaria de hospital que é posta à prova a promessa solene do casamento: ‘..ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...’. “Sei bem o que estou passando. Mesmo assim, é um quase nada diante do que Ele passou antes de morrer. Mas para mim, que sou um ser humano fraco, fraco de fé, às vezes chega ao limiar de minhas forças. Mas quero carregar essa cruz com resignação até o final de minha vida e enquanto tiver força. Jamais vou abandonar Cristo enquanto tiver força para cantar, louvar, agradecer. É isso que me sustenta nessa caminhada de cruz”, resume, entre lágrimas, Marlei Almeida Cardoso ao lado do leito de seu marido Idalício. “Temos um filho e um neto. A doença do meu marido alterou toda a nossa rotina. Moramos na cidade de Santa Rita. Começou há sete anos. Ele está cego há cinco anos por conta da diabete. O quadro está cada vez mais crítico pois também tem hepatite C e insuficiência renal profunda. Internamos aqui na Santa Casa em 18 de outubro e saimos dia 22 de dezembro. Passamos Natal e Ano Novo em casa. E estamos de volta desde 5 de janeiro”. Marlei é ministra da eucaristia, catequista e ensaiadora de cantos litúrgicos. “Quando canto, esqueço tudo. Preparada para enfrentar esse desafio? Seguro-me nas mãos de Deus. E, nas manifestações de insegurança dele, falo: Nós casamos, juramos estarmos juntos, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença até que a morte nos separe. Então, bota na tua cabeça, Idalício: vou estar contigo até o fim. E tenho certeza, Deus nos escolheu um ao outro para um dar dar força e coragem em todas as situações”, se emociona Marlei.


8 Pavel Jedlicka/sxc.hu

S

ABER VIVER

Remédio para o cansaço Pe. Renato dos Santos Salesiano

“N

aquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mateus 11,28-30).

Uma das consequências do cansaço é o tédio

Visa e Mastercard

Certamente, o cansaço ao qual Jesus está se referindo, não é somente o físico. O cansaço tem várias nuances. Ele é resultado de um esgotamento físico, mental, intelectual. Ele gera na pessoa um grande aborrecimento. Uma das consequências é o tédio. Com o tédio agindo em nosso interior, os fardos, que podem ser as responsabilidades da vida, ficam pesadíssimos. As causas objetivas podem nem sempre ser claras. A pessoa que se sente cansada fica sem motivações profundas para viver. Parecem faltar as forças e o encanto. Algumas perdem até a alegria de viver e a coragem de lutar por aquilo que, um dia, foi a motivação essencial de suas vidas. A pessoa cansada e sem estímulos não consegue mais enfrentar as zonas de conflitos internos e externos. A pessoa cansada, aborrecida, chateada, não tem mais os estímulos necessários para produzir ações que dão sabor ao viver cotidiano. A pessoa cansada se esvazia, se anula interiormente, se desgasta. A consequência pior do cansaço é que ele provoca na pessoa a atitude da desistência. Tenho atendido pessoas que chegam num tal ponto de perda de forças e energias interiores, que só faltaria se jogar no precipício. E o pior: também nós nos tornamos fardos na vida de muita gente, ainda que sem consciência disso. Seria ótimo se fizéssemos um bom exame de consciência sobre isso. Estaríamos cansados de quê, precisamente? Dos nossos medos e receios infantis que não nos deixam crescer de verdade? De fingirmos o tempo todo? De aparentar o que não somos? De andarmos por caminhos incertos? De trabalharmos demais para conseguirmos coisas e mais coisas, sem sermos mais e mais pessoas humanas com sensibilidade e ternura? Estaríamos casados de não tratarmos e acolhermos bem as pessoas? De mentirmos? De vivermos numa vida desvairada, sem sentido? De aborrecermos as pessoas com nosso tipo petulante e intransigente? Estaríamos cansados de sermos metidos por demais na vida dos outros? Cansados das imposições do dia-a-dia? Quais seriam nossos fardos reais? Infelizmente, procuramos o remédio para todos esses cansaços em coisas e lugares que simplesmente não nos edificam e não nos restauram. E o desprazer de viver retoma sua força dentro de nós. Jesus quer ser o grande remédio. Vinde a Mim, significa: traga todos os seus descontentamentos, amarguras, raivas, mágoas, ódio, dissabores, desconfortos, desânimos, doenças físicas, espirituais e mentais. Coloque tudo isso no meu coração misericordioso, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Ele quer ser a nossa meta principal, o porto seguro em nossas vidas. Basta que aceitemos! O que Ele exige em troca? Simplesmente que amemos, como Ele nos amou, isto é, doando a vida. Precisa coisa melhor do que isso? O amor é a energia que cura todas as canseiras. Portanto, deixe-se amar por Deus e, O ame, sobre todas as coisas. (renato@dombosco.net)

Albano L. Werlang CRP - 07/00660

TERAPIA DIRETA DO INCONSCIENTE Cura alcoolismo, liberta antepassados, valoriza a dimensão espiritual Vig. José Inácio, 263 - conj. 113 - Centro - POA 32245441 - 99899393

Março de 2012 - 1a quinzena

O RISCO ENLATADO Estudo feito pela Universidade de Harvard (EUA) concluiu que o consumo de enlatados aumenta a presença no corpo de bisfenol A, substância química associada à puberdade precoce, infertilidade e câncer. A pesquisa, com 75 pessoas, analisou a urina de dois grupos. O grupo que tomou sopa enlatada por cinco dias apresentou nível de bisfenol superior a 1000% em comparação ao que tomou sopa fresca. Os pesquisadores da Escola de Saúde Pública afirmam que é hora de tirar o bisfenol do revestimento interno de latas de bebidas e alimentos. TRAVESSEIROS REGULÁVEIS Com altura regulável, os travesseiros da Duoflex são adaptáveis a todos os gostos e pescoços. Eles têm três camadas internas que podem ser adicionadas ou removidas, possibilitando quatro opções de altura. Estão disponíveis em dois tipos de espuma: viscoelástico (mais econômico) e látex (mais caro) – indicado para pessoas que transpiram muito durante a noite. Ambos têm capa de algodão e são antiácaro HORTA NO APARTAMENTO Falta de espaço e de talento natural para lidar com plantas não podem ser desculpas para deixar de ter um pouco de verde em casa. O DVD “Horta de temperos” (R$ 26,00), do projeto Dedo Verde Urbano, gravado em um viveiro de mudas em São Paulo, ensina o passo a passo para cultivar uma horta em apartamento, vasos ou jardineiras. O vídeo é vendido em lojas de produtos naturais, livrarias, bancas de jornais e na internet. (www.dedoverdeurbano.com.br)


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Humor VÁRIAS - Este povoado é saudável para se viver? - Se é... Nestes últimos anos só morreu um homem aqui. - Ah, é?! E quem foi? - O médico. De fome... xxx - Sua irmã teve um menino ou uma menina? - Hummm... esqueci de perguntar. Agora não sei se sou tio ou tia! xxx - Meu bem, por que é que tu falas tanto durante o sono? - Querida, é o único momento em que tu não falas!... xxx O poeta: "O casamento é um porto onde dois navios se encontram." O Manoel: "Puxa vida, então devo estar navegando em navio de guerra..." xxx - Sabe, fui a um psiquiatra e lhe contei todas as minhas frustrações e complexos. - E daí, resolveu? - Bem, eu me curei, graças a Deus. Já o meu psiquiatra, foi pro hospício. xxx - George, apaixonado por uma multimilionária, de repente resolver dissolver o seu noivado. - Mas por que, George? - Bem, um grafólogo analisou a letra dela e encontrou muitos defeitos... prognosticou coisas... sabe, né?! - E a tua noiva? - Casou-se com o grafólogo...

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SPAÇO LIVRE

Não falta alguém que

Nascem profetas

conhece a história

Marcelo Barros

Marta Sousa Costa Escritora

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certa altura de sua autobiografia, o tenista Andre Agassi lembra palavras ouvidas de Nelson Mandela, o líder negro: “Temos que cuidar uns dos outros, essa é a nossa tarefa na vida. Mas, além disso, temos que cuidar de nós mesmos, o que significa que temos de ser cuidadosos em nossas decisões, cuidadosos em nossos relacionamentos, cuidadosos em nossas declarações. Temos de administrar nossa vida cuidadosamente, para não nos tornarmos vítimas”. As palavras de Mandela foram definitivas para Agassi, num momento em que buscava, mais que tudo, entender a si mesmo. Próximo aos 30 anos, ao mesmo tempo em que exagerava no comportamento de adolescente revoltado e rebelde, ele se ressentia com as reações da mídia e dos fãs às suas atitudes grosseiras e impensadas. Ele se sentia injustiçado, sem perceber que ajudava a aprofundar o poço onde se afogava. Quem nunca viu ou viveu esse filme? É comum as pessoas compararem o novo ano a um livro com páginas em branco, à espera de que cada um escreva a sua história. Mas, em vez de se assemelhar a um novo livro, a vida mais parece um seriado de televisão, em que as cenas se sucedem, interligadas, umas em consequência das outras. Assim como as gentilezas costumam provocar sentimentos agradáveis, as grosserias e os malfeitos provocam rejeição; mentiras precisam de mais mentiras, até a primeira ser desmascarada e não haver lugar para mais nenhuma; depois de uma falcatrua dificilmente não vem a seguinte, enquanto o espertalhão se acredita seguro. Descobertas, as pessoas recebem rótulos pelo seu comportamento, em cada situação, e depois passam dificuldades para provar que mudaram, quando gostariam de esquecer o passado e anular tudo o que disseram ou fizeram. Sempre sobra alguém que conhece a história e lá vem aquele assunto novamente, manchando a imagem arduamente elaborada. Somos responsáveis pelas nossas escolhas, pelas decisões que tomamos, em detrimento de outras; pelos relacionamentos e os caminhos que, através deles, trilhamos; por todas as coisas que fazemos: algumas bobas, sem que causem mal, outras perniciosas, trazendo consequências e arrependimento. O livro da vida só possui todas as páginas em branco no momento mágico do nascimento. A partir dali, todos os atos e omissões podem ter consequências. E não adianta querer arrancar certas páginas para apagar o que nunca deveria ter sido escrito. Não falta um fofoqueiro pra tirar cópia e divulgar justamente o que pretendíamos esconder. Mas, a cada novo ano, lembramos que podemos virar a página e recomeçar, sem anular o que já foi escrito, apenas mudando a continuação da história. Porque virar a página significa apenas isso: fazer diferente, procurar outra forma para atingir a paz, o prazer e a felicidade a que todos temos direito. Por trazer essa esperança, o novo ano é sempre bem-vindo, mas só chegaremos felizes ao final se lembrarmos de, além de cuidar dos outros, também cuidarmos de nós, essa pessoa especial pela qual somos responsáveis.

RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2012 e o Familienkalender 2012 estão à venda na Livraria Padre Reus e também na filial dentro do Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo. Faça o seu pedido pelos fones: 51-3224-0250 e 51-35665086 ou através do e-mail: livrariareus@livrariareus.com.br

Monge

N

o Brasil, no dia 7 de fevereiro, nasceu um grande profeta e no mesmo dia, outro profeta deu a vida pelo povo. De fato, no dia 7 de fevereiro de 1756, no sul do Brasil, perdeu a vida o cacique guarani Sepé Tiaraju, defendendo a terra e a liberdade do seu povo contra os exércitos reunidos de Portugal e Espanha. Sepé Tiaraju era o nome que os índios lhe deram. Significa "facho de luz". Até hoje, o povo da região o venera com o título de São Sepé, inclusive, nome de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. No mesmo dia 7 de fevereiro, já no começo do século XX, nasceu no nordeste brasileiro, uma criança que se tornou Dom Hélder Câmara, bispo dos pobres e profeta da justiça e da libertação. Todo ser humano pode ser um profeta ou profetiza. Há as pessoas que, desde que nascem, desenvolvem este dom. Outros o descobrem no decorrer da vida. Outros/as passam a vida inteira sem acessar essa capacidade que tem nomes diversos conforme a cultura e tradição na qual se desenvolve e que a Bíblia chama de profecia. Para muitas culturas indígenas, profeta é alguém que interpreta sonhos, se comunica com os espíritos e interpreta o futuro. Na tradição judaica bíblica mais antiga, os profetas eram videntes que, em comunidade, aconselhavam as pessoas sobre o que fazer na vida e previam o destino do povo. Pouco a pouco, descobriram que sua vocação não era tanto a de apenas pressentir o mundo invisível, mas principalmente ser porta-vozes do Espírito para revelar o projeto divino para o mundo. Deus não intervém diretamente na nossa história e respeita ao máximo a autonomia humana. Por isso, para descobrir sua palavra, homens e mulheres que desenvolvem a vocação profética têm de viver uma profunda busca e discernimento da palavra divina que devem reproduzir. Dom Helder viveu a profecia de sempre ajudar a abrir a Igreja Católica para o diálogo com o mundo, o diálogo com as outras igrejas e as mais diversas religiões. Em uma época na qual os padres e bispos eram formados para verem o comunismo ateu como o inimigo número um, Dom Hélder sempre procurou dialogar com os marxistas e aprofundou uma sincera amizade com Roger Garaudy, que na época saía do Partido Comunista Francês. Ele via como sua vocação de cristão ser como Jesus, nunca se negar a dialogar com ninguém e, ao contrário, pelos frutos, valorizar a árvore. Isso o levava a se unir a todos os que buscam transformar esse mundo injusto e garantir o direito dos mais pobres. Dom Hélder sempre optou pela luta não violenta que ele chamou de insurreição evangélica. Aos 89 anos, no Recife, recebeu o famoso Abbé Pierre. Juntos, declararam à imprensa: "Durante toda a nossa vida, lutamos pela justiça e para transformar esse mundo. Agora, no final de nossa vida, percebemos que não conseguimos muita coisa. Mas, nos comprometemos de novo a ir até o último suspiro lutando por essa mesma causa que cremos: Deus confiou a todos nós que cremos nele".

Marlena Biondi - 07/03 Sulema Terra - 14/03


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GREJA &

COMUNIDADE

Solidário Litúrgico

Catequese

4 de março – 2o Domingo da Quaresma

CATEQUESE! PARA QUEM?

Cor: roxa

1a leitura: Livro do Gênesis (Gn) 22,12.9a.10-13.15-18 Salmo: 115(116b),10.11.15.16-17.18-19 (R/.Sl 114,9) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Romanos (Rm) 8,31b-34 Evangelho: Marcos (Mc) 9,2-10 Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos leia, antes, os respectivos textos bíblicos. Comentário: Jesus era um homem de oração. Mas não uma oração desencarnada, alienada da realidade, como tantas orações de muitos cristãos: nada a ver com a vida, com a realidade, com o mundo à sua volta e sua transformação. Jesus rezava acontecimentos, pessoas, dúvidas, projetos, alegrias, tristezas, saúde e doença, maldade e bondade, morte e vida. Jesus rezava vida. Com tudo o que a vida tem e traz. No relato de Marcos deste domingo, encontramos Jesus, no alto de uma montanha, mais uma vez em oração. Com ele, três privilegiados discípulos – Pedro, Tiago e João – , marcados com o selo de especial responsabilidade na sua incipiente comunidade. Com Jesus, a graça do privilégio se transforma sempre em compromisso com a realidade. E, enquanto rezava, Jesus se manifesta como o Messias, na sua aparência “celestial” de

luz e esplendor e, principalmente, pela voz, testemunho do Pai, que vem de dentro de uma nuvem luminosa, presença do Espírito Santo, e que confirma ser este o Filho muito amado que é preciso escutar (cf 9,7). Moisés e Elias são a presença profética do tempo antigo que ganha, em Jesus, a novidade e plena realização. Pedro, propondo construir três tendas, quer perpetuar no tempo presente o êxtase de felicidade que pertence ao “tempo de Deus”, no depois da Casa do Pai: Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias (9,5). Claro, seria bom ficar ali, longe dos desafios do dia-a-dia, das cansativas caminhadas, das dúvidas, das discussões com fariseus, sacerdotes e mestres da lei, das incompreensões, dos desentendimentos, das ameaças, da não-aceitação da sua missão. Seria bom, mas é preciso descer para enfrentar o caminho que, Jesus sabia e sentia, o levaria a outro monte, o Calvário do sacrifício maior e final! Para seguir a Jesus, como seu discípulo missionário, todo cristão precisa da oração encarnada e comprometida com a realidade para, como Jesus, enfrentar, de alma leve e livre coração, os muitos calvários da vida para, com Jesus, um dia, viver a felicidade plena da ressurreição.

11 de março - 3o Domingo da Quaresma Cor: roxa

1a leitura: Livro do Êxodo (Ex) 20,1-17 Salmo: 18(19b),8.9.10.11 (R/.Jo 6,68c) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor)1,22-25 Evangelho: João (Jo) 2,13-25 Comentário: O Jesus que aparece neste relato de João é um Jesus duro, irado, de chicote na mão, derrubando mesas e expulsando comerciantes que tinham transformado o Templo, lugar de oração, num lugar de compra/venda de produtos de toda espécie. Um verdadeiro “armazém de secos e molhados”, onde o que menos se fazia, pois não havia clima, era rezar. Fora, fora com tudo isso, e não façam da Casa de meu Pai uma casa de comércio (cf 2,16). Esta atitude profética de Jesus foi, para o poder religioso/político opressor, a gota d´água para a aliança que, finalmente, o levaria à injusta condenação, à rejeição do povo e à morte da cruz. Voltemos à cena da “limpeza” do Templo, um lugar bonito, uma construção imponente, um orgulho para os fieis, que ali celebravam suas liturgias, cumprindo com as prescrições previstas em lei. O que menos aparecia na “Casa do Pai” era o rosto misericordioso de Deus. O risco existe também hoje de ficar mais na parte externa e ritual, de muitas palmas,

Março de 2012 - 1a quinzena

améns e aleluias, sem dar chance de vivenciar a experiência de um Deus vivo, comprometido com a gente. O Evangelho pode tornar-se mercadoria a ser vendida e comprada nos mercados da fé e tornar-se um produto de consumo individual, sem compromisso com a realidade. O dominicano Frei Beto, há mais de dez anos, publicou um artigo, onde aponta para este mercado da fé. Diz: uma religião assim brilha sob as luzes da ribalta, trocando o silêncio pela histeria pública, a meditação pela emoção, a liturgia pela dança aeróbica. Na esfera católica, torna o produto mais palatável, destituindo-o de três fatores fundamentais na constituição da Igreja, mas inadequados ao mercado: a inserção dos fiéis em comunidades, a reflexão bíblico-teológica e o compromisso pastoral no serviço à justiça. A Campanha da Fraternidade 2012 convoca todos os cristãos para que recuperem essa dimensão profética na luta em favor de um adequado sistema de saúde pública. A Quaresma é o tempo oportuno para reavaliar a nossa prática religiosa, para que não caia na desgraça do Templo: ser bonita, atraente e emocionante, mas vazia de sentido transformador da sociedade. (attilio@livrariareus.com.br)

Dom Juventino Kestering Bispo de Rondonópolis - MT

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catequese depara-se com novos desafios. É importante estar atento à realidade em que a catequese acontece. O mundo atual exige avanços no método, na linguagem e nos conteúdos. Catequese não é uma atividade acabada, mas um itinerário. Nesta caminhada merecem atenção especial “algumas realidades desafiadoras dos tempos atuais”. 1o – À margem do caminho É crescente o número de crianças, jovens e adultos que caminham distantes ou fora da catequese organizada pelas paróquias. Aí estão os migrantes, os nômades, ciganos, moradores de rua, doentes crônicos, dependentes químicos, alcoólatras, presos, as grandes periferias desprovidas e abandonadas, os motoristas, os trabalhadores noturnos e tantas outras categorias. Eles necessitam de catequese adaptada ao ritmo de vida e às circunstâncias em que vivem. Com eles a Igreja é chamada a ser presença evangelizadora, sinal de acolhida e caminho de integração na comunidade. Jesus se identifica com aqueles que estão à margem do caminho. A prática de Jesus mostra seu amor, sua dedicação com os excluídos, leprosos, peregrinos, estrangeiros, doentes. A catequese precisa levar em conta a realidade de cada um, a experiência de vida, a busca religiosa, para ajudar os mesmos a fazerem um encontro pessoal com Cristo e vivência fraterna na comunidade. 2o – Grupos diferenciados Outra realidade que reclama a atenção da catequese são os grupos de profissionais liberais, artistas, homens e mulheres das ciências, esportistas, turistas, juventude universitária, administradores públicos... A estes é preciso oferecer catequistas qualificados, linguagem atualizada e métodos renovados. Mais do que ensino de verdades, o catequista é testemunha de vida e presença solidária. As grandes questões da fé, da ciência, da ética, da justiça e das descobertas científicas são refletidas e iluminadas à luz da Palavra de Deus. É importante a presença da Igreja junto a essas categorias, pois exercem forte influência sobre a sociedade e suas decisões e posturas repercutem no cotidiano das comunidades. 3o – Ambientes de vida Longe da vida rural, a catequese com as pessoas da cidade leva em consideração as situações econômicas, sociais, culturais e religiosas. O ritmo de vida, o desemprego, a vida comprimida entre carros, lojas, prédios, a luta pela sobrevivência, moradia, educação, saúde, segurança..., afetam a vida, a religião e o ambiente familiar. Há necessidade de organizar a catequese a partir de ambientes de convivência. Neles o cristão é convidado a viver a fé, acolher a Palavra de Deus, celebrar os sacramentos e assumir os compromissos cristãos em busca de mais vida e solidariedade. Nossa comunidade leva em consideração estes aspectos na catequese? (Fonte: "Missão Jovem")


Março de 2012 - 1a quinzena

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RTIGOS

Correndo contra o tempo Maria Regina Canhos Vicentin Escritora

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ndamos correndo tanto ultimamente. Mal temos tempo de nos cumprimentar e desejar votos de um dia tranquilo. Quando nos damos conta, o momento passou e a pessoa a quem deveríamos ter dado atenção já não está mais próxima de nós. Guardamos esse instante em nossa lembrança, e só vamos refletir acerca do ocorrido horas, talvez, dias depois. Não estamos conseguindo parar um pouco. Corremos demais. Falta-nos tempo para as coisas mais elementares como um sorriso, um aperto de mão e um abraço. Vivemos atrasados. O relógio, nosso companheiro inseparável, mostra que temos pouco tempo e muitos compromissos. Não dá pra parar. Temos que correr. Sei que isso tem deixado um grande número de pessoas estressadas. O cansaço surge em função do pouco lazer e do excessivo dever. Já não se "mata" o tempo com conversas descontraídas; pelo contrário, é ele quem nos mata com o seu eterno transcorrer. A gente vai, ele fica. Nem sei por que brigamos tanto, correndo contra o tempo; afinal, ele sempre ganha. A gente se ilude pensando ganhar tempo, fazendo as coisas correndo e sem respirar direito. A gente pensa que poupa tempo e, na realidade, só se gasta; se desgasta. Quando deitamos não conseguimos dormir, pois o peito está acelerado e a mente procura lembrar o que possa ter sido esquecido no corre-corre do dia. É lamentável que tenhamos nos deixado escra-

vizar assim pelo relógio, perdendo de vista coisas tão importantes como a amizade, a consolação ou o incentivo, o parabenizar e o compartilhar momentos. É; nós nos enchemos de coisas pra fazer. Acreditamos que seremos mais que os outros se conseguirmos fazer mais coisas. Sem perceber, vamos incluindo nossos filhos nessa ciranda, e hoje é comum eles competirem entre si para verem quem é o melhor. Já desde pequeninos fazem inglês, judô, natação, pintura, futebol, dança, capoeira, computação... E ai de quem não fizer. Estará fadado a fracassar, ser o último da turma ou, posteriormente, não encontrar vaga no mercado de trabalho. Isso é o que muitos pensam, mas, em parte, trata-se de uma ilusão criada pelo marketing de produtos e serviços. Não é necessário saber falar inglês para vencer na vida. Muitos empresários desconhecem por completo o uso do computador. Defesa pessoal nem sempre ajuda e, muitas vezes, atrapalha. O que faz a diferença é ser seguro e saber o que se quer. É sentir-se amado e aceito em sua família e grupo de amigos. É conhecer-se a si mesmo, reconhecendo suas limitações e defeitos, assim como suas qualidades e virtudes. Isso sim faz uma grande diferença na vida profissional e pessoal. Pare de correr tanto atrás do que não é tão importante. Ensine seus filhos a valorizarem o que realmente faz a diferença, pois é isso que irá torná-los felizes. Você tem duas opções: fazer de seu filho um estressado (à semelhança de muitos), ou assegurar-lhe futuras condições de escolha, investindo em seu lado moral e emocional no momento atual. A realização e a ambição positiva acompanham todos os que possuem vontade de vencer na vida. Não é necessário submetê-los a uma rotina incansável de tarefas a fim de fazê-los sobressaírem-se aos demais. A felicidade, ainda hoje, é encontrada nas coisas mais simples. Viva e deixe viver! (contato@mariaregina.com.br - Fonte: www. mariaregina.com.br)

O mundo do dinheiro e seus heróis Emir Sader Sociólogo e escritor

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té um certo momento os ricos ou escondiam sua riqueza ou tratavam de passar despercebidos, como se não ficasse bem exibir riqueza em sociedades pobres e desiguais. Ou até também para escapar da Receita. De repente, o mundo neoliberal – esse em que tudo vale pelo preço que tem, em que tudo tem preço, em que tudo se vende, tudo se compra – passou a exibir a riqueza como atestado de competência. Nos EUA se deixou de falar de pobres, para falar de "fracassados". Numa sociedade que se jacta de dar oportunidade para todos, numa "sociedade livre, aberta", quem não deu certo economicamente, é por incompetência ou por preguiça. Ser rico é ter dado certo, é demonstrar capacidade para resolver problemas, ter criatividade, se dar bem na vida, etc., etc. Até um certo momento as biografias que se publicavam eram de grandes personagens da historia universal – governantes, lideres populares, gênios musicais, detentores de grandes saberes. A partir do neoliberalismo, as biografias de maior sucesso passaram as ser as dos milhardários, que supostamente ensinam o caminho das pedras para os até ali menos afortunados. Todos dizem que nasceram pobres, subiram na vida graças à tenacidade, à criatividade, ao trabalho duro, ao espírito de sacrifício. Tiveram tropeços, mas não desistiram, leram algum guru de auto-ajuda que os fez aumentarem sua auto estima, acreditarem mais em si mesmos, recomeçarem do zero, até chegarem ao sucesso indiscutível.

Seus livros se transformam em best-sellers, vendem rapidamente – até que vários deles caem em desgraça, porque flagrados em algum escândalo –, eles viajam o mundo dando entrevistas e vendendo seu saber que, se fosse seguido por seus leitores, produziria um mundo de ricos e de pessoas realizadas e felizes como eles. Quem vai publicar um livro de um "fracassado"? Só mesmo se fosse para que as pessoas soubessem quais os caminhos errados, aqueles que não deveriam seguir, se querem ser ricos, bonitos e felizes. O mundo do trabalho, da fábrica, do sindicato, dos movimentos de bairro, das comunidades – mundo marginal e marginalizado. Programas de televisão exaltam os ricos, os bem sucedidos, as mulheres que exibem sua elegância, sua falta de pudor de gastar milhões na Daslu e nas viagens a Nova York e a Paris. Ninguém quer ver gente feia, pobre, desamparada, que só frequenta os noticiários policiais e de calamidades naturais. As telenovelas tem como cenários os luxuosos apartamentos da zona sul do Rio e dos jardins de São Paulo, com belas mulheres e homens que não trabalham, no máximo administram empresas de sucesso. Os pobres giram em torno deles – empregadas domésticas, entregadores de pizza, donos de botecos –, sempre como coadjuvantes do mundo dos ricos, que propõem o tipo de vida que as pessoas deveriam ter, se quiserem ser ricos, bonitos, felizes. Esse mundo fictício esconde os verdadeiros mecanismos que geram a riqueza e a pobreza, os meios sociais – os bancos por um lado, as fábricas por outro – em que se geram a riqueza e a fortuna, a especulação e a expropriação do trabalho alheio. Em que estão os vilões e os heróis das nossas sociedades.(Fonte: Carta o Berro)

A lagartixa Hélio Adelar Rubert Arcebispo de Santa Maria

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m conferencista compareceu ante o auditório superlotado, carregando consigo um pequeno fardo. Após cumprimentar os presentes, em silêncio, enfeitou uma mesa forrada com toalha branca de seda, com dezenas de pérolas que trouxera no embrulho e com várias dúzias de flores frescas e perfumadas. Em seguida, apanhou na sacola diversos enfeites de expressiva beleza, e os distribuiu sobre a mesa com graça. Logo depois, diante do assombro de todos, em meio aos demais objetos, colocou uma pequenina lagartixa, num frasco de vidro. Só então se dirigiu ao público perguntando: - O que é que os senhores estão vendo? E algumas vozes responderam discordantes: - Um bicho! - Um lagarto horrível! - Uma larva! - Um pequeno monstro! O conferencista então considerou: - Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos! Os senhores não enxergaram o forro de seda branca que recobre a mesa. Não viram as flores, nem sentiram o seu perfume. Não perceberam as pérolas, nem as outras preciosidades. Mas não passou despercebida aos olhos da maioria, a pequena lagartixa... E, sorridente, concluiu: - Pediram-me para subir a este palco para falar sobre crítica, portanto, nada mais tenho a dizer. Nesta história, encontrada na internet e própria para tempos de férias, seguem também os seguintes comentários. Quantas vezes não nos temos feito cegos para as coisas valorosas da vida e das pessoas? Se seu filho mostra seu boletim escolar repleto de boas notas, mas com apenas uma nota baixa em determinada matéria, qual é a sua reação? Você enfatiza e elogia as notas boas ou reclama da nota baixa? Quando agimos assim, sem perceber, podemos estar contribuindo para a formação de uma geração que será caracterizada pelo que não é, e não por aquilo que é. E assim acontece em muitas situações da nossa vida; em vez de focarmos nas flores e nas pérolas, colocamos nossa atenção na “lagartixa”. Tente substituir a crítica pelo elogio e pelo reconhecimento. Você vai perceber que isso tornará a vida de todos e, principalmente a sua, muito melhor!

Uma história Paulo Roberto Labegalini Escritor católico*

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m velho professor alemão sempre impressionara sobremaneira seus alunos. Um dia, um deles resolveu descobrir o segredo daquela conduta maravilhosa. Então, escondeu-se no escritório onde o mestre costumava ficar antes de ir para casa. Já era tarde quando o professor chegou de sua última aula. Estava muito cansado, mas sentou-se e passou uma hora lendo a Bíblia. Depois, abaixou a cabeça numa oração silenciosa e, finalmente, fechando o Livro Sagrado, disse: - Bem, Senhor Jesus, nossa velha amizade continua linda como sempre. Conhecê-Lo é o que de melhor pude obter na vida. Se eu pudesse, faria todos os meus irmãos ouvirem a Sua Palavra. Obrigado por eu ser tão privilegiado em receber essas mensagens e, neste momento, gostaria que alguém estivesse me ouvindo também. O aluno, escondido, não conseguiu manter-se em silêncio e, emocionado, soluçou. O professor, então, após o susto, perguntou-lhe: – Meu bom rapaz, o que deseja de mim? Há algo que tenha me pedido e, tendo eu recusado, voltou para tirar-me ocultamente? O rapaz ficou pálido e respondeu envergonhado: – Não, senhor. Sempre quis saber o que o mantinha tão iluminado para poder imitá-lo, só isso! O mestre abriu um largo sorriso e iniciou sua explicação: – Sente-se nesta cadeira e agradeça a Deus por essa oportunidade de atender o Seu chamado. E já que deseja imitar-me, saiba que eu também imito Jesus Cristo, digno de todo louvor! Ele me diz o que devo fazer e eu atendo! – O senhor conversa com Ele? – perguntou o jovem. – Sim, Ele me fala através deste Livro Sagrado. Todos os dias eu O escuto com muita atenção e, depois disso, fica fácil segui-Lo. Por exemplo, ouça o tesouro que me foi dado hoje neste capítulo de São Marcos... E, assim, com aquelas palavras, mais uma alma começou a se aproximar de Deus e caminhar rumo ao Céu. Com certeza, Cristo se torna mais presente àquele que persiste em cultivar a Sua Palavra. E você, sabe como melhorar de vida a partir de hoje? Se sua Bíblia for aberta mais vezes, você dará muito mais frutos.


Porto Alegre, março de 2012 - 1a quinzena

Ficha limpa: agora é prá valer Foi acolhido o clamor popular e prevaleceu o bom senso: a Lei da Ficha Limpa é constitucional. A controversa matéria sobre a suposição de inocência do réu, ainda que condenado em segunda instância, teve sete votos a favor e quatro em votação histórica do

Supremo Tribunal Federal. Com isso, prevaleceu o conceito de tratar-se não de punição, mas de norma restritiva a candidaturas de cidadãos com pendências judiciais que mancham sua ficha durante os intermináveis processos que bons advogados conseguem retardar

com sucessivos recursos de adiamento. A Lei da Ficha Limpa é de iniciativa popular. E, sem mais possibilidade de contestação, com certeza, impedirá o acesso à carreira política de candidatos não suficientemente qualificados eticamente.

Sankt Paulusblatt: 100 anos Cada nova edição do único mensário em língua alemã até hoje é esperada com expectativa, especialmente na região de descendência germânica do Rio Grande do Sul. A revista, com sede em N. Petrópolis, possui assinantes também em Santa Catarina, Paraná, Argentina e Alemanha. Foi fundada e é mantida até hoje pela Associação Theodor Amstad - antiga Sociedade União Popular do Rio Grande do Sul

e popularmente conhecida como Volksverein atualmente presidida por João Luiz Mallmann. A Sociedade União Popular foi fundada em 26 de fevereiro de 1912, em grande concentração popular pelo “Katholikentag” realizado em Venâncio Aires, por iniciativa de Amstad, jesuíta visionário que já era muito conhecido dos colonos e por eles vinha trabalhando para que tivessem uma vida mais digna e justa.

Para evitar lesões na audição

Exposições a sons de alta intensidade podem ocasionar lesões irreversíveis nos ouvidos. É o risco cada vez mais frequente com a extravagância de volume em espaços públicos e privados ou em automóveis. O ouvido humano, segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, tolera, em média 85 decibéis durante oito horas. Se o som aumenta para 90 decibéis, este tempo de exposição segura cai para quatro horas. Quando atinge 100 decibéis, a tolerância cai para apenas uma hora, e assim por diante. Isto significa que acima do tempo máximo de exposição para cada intensidade sonora, ocorrerão danos aos ouvidos, e as consequências podem ser as perdas auditivas definitivas e o desconfortável zumbido.

Especialistas dão cinco conselhos úteis: 1. Não fique muito perto das fontes sonoras. 2. Descanse cerca de 20 minutos a cada hora de música alta. 3. É importante hidratar-se bem. 4. Não pingue nada no ouvido além dos remédios recomendados pelo seu médico. 5. A qualquer alteração na audição ou a presença de zumbidos, procure um médico otorrinolaringologista imediatamente, que irá orientá-lo sobre as medidas necessárias.

Leitor assinante Ao receber o doc, renove a assinatura: é presente para sua família. No Banrisul, a renovação pode ser feita mesmo após o vencimento. E se não receber o jornal, reclame, trata-se de serviço terceirizado. Fones: (51) 3211.2314 e (51) 30.93.3029.

Exemplar de janeiro de 2012 - o ano do duplo centenário

Crise de valores e

violência familiar

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