Ed_607_Jornal Solidario_1a_quinz_abr_2012

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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, abril de 2012 - 1 a quinzena

www.jornalsolidario.com.br

Ano XVII - Edição N o 607 - R$ 2,00

Perdão sem fim

"Senhor, quantas vezes devo perdoar", perguntou Pedro a Jesus. "Até setenta e sete vezes sete", respondeu o Mestre. Perdoar até as últimas consequências. Quem ama, perdoa. Outra passagem do Evangelho recomenda: sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso. Está aí a receita da felicidade: perdoar. É verbo difícil de conjugar, na prática, numa cultura do lucro a qualquer preço, mesmo que seja pisando em cima do semelhante. A Arquidiocese de Porto Alegre festejará a Divina Misericórdia em solenidade programada para o primeiro domingo após a páscoa.

Católicos aumentaram

É o que confirma o Anuário Pontifício de 2012. Somos, atualmente, 1,1 bilhão de católicos, com aumento de 15 milhões em 2009. Houve dimi-

Mais poluição veicular Diferentemente de países mais cultos, onde o automóvel tem apenas sentido de utilidade, para o brasileiro ele é também sinal de status. E pagamos o mais alto preço de automóvel do mundo sem reclamar. As montadoras se aproveitam disso. E, ano a ano, mês a mês, comemoram sucesso de vendas. No Rio Grande do Sul, já temos 5,03 milhões de veículos, um crescimento de 56,6%, entre 2001 e 2011, dez vezes mais que o crescimento populacional que foi de apenas 5,02% . No Brasil, foram vendidos 3.633 milhões de veículos no ano passado. É a ascensão social da classe média.

nuição na América do Sul e na Europa. Segundo o documento do Vaticano, o aumento ocorreu na África e Sudeste da Ásia.

Solidário

Terra dá sinais de cansaço? Vendavais, temporais, terremotos, longos períodos de estiagem, degelo das calotas polares, tsunamis. Nossa "casa" emite sinais que precisam ser observados. Seriam sinais de cansaço? Que responsabilidade temos sobre essas mudanças? O aquecimento global é algo natural ou estamos acelerando o processo? Há maneira sustentável de viver bem?

Páginas 2 e centrais

Juventude prepara a chegada da Cruz Página 11

Os telefones do Jornal Solidário: (51) 3211.2314 e (51) 3093.3029. e-mail: solidario@portoweb. com.br


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RTIGOS

Editorial

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isericórdia. Até o termo está em desuso. Soa estranho numa sociedade onde o signo do lucro a qualquer preço domina as relações. Relações comerciais, relações sociais, relações pessoais. Há os que falam numa sociedade pós-humana. Seria consequência desta ânsia compulsiva de consumo, do retorno lucrativo por qualquer caminho ou descaminho? Sem ética, nem moral, a sociedade do lucro não tem alma nem coração, não conhece poesia, desdenha paixão por uma causa, zomba do perdão, menospreza o amor solidário que ama o outro a partir do outro. O outro, nesta sociedade, só tem valor quando pode render algum lucro. Na sociedade pós-humana tem carta de cidadania quem rege seu modo de ser e agir pela onipresente e onipotente “lei de Gerson”. Esta é a sua norma, esta a sua lei: “É preciso levar vantagem em tudo”! E ainda há quem se admire quando a corrupção em todos os níveis, seja no poder público, no poder privado, nas relações de qualquer tipo se torna moeda de troca entre poderes e pessoas. Corrupção esta, escancarada pelos onipresentes meios de comunicação e que já nem provoca reações mais fortes. Tornou-se costume, se transformou em hábito, se fez cultura. A cultura da corrupção. Na contramão desta cultura e da sociedade do lucro, o Solidário (páginas centrais) garimpa pessoas e gestos que testemunham e vivem a utopia da misericórdia, feita da matéria que conserva o que é da essência da pessoa humana: um ser social, um ser que encontra sua realização e felicidade no ser e viver para os demais, de amar o outro a partir do outro. No símbolo tão caro à fé cristã, a devoção ao Coração de Jesus, rico em misericórdia, cabe bem recordar aqui um pensamento da obra-mestra de Exupèry, “O Pequeno Príncipe”, quando diz: “Os olhos, eles são cegos; só se vê bem com o coração”. E olhar com o coração é olhar para o outro, para a vida, para a natureza, para o mundo criado com olhos de misericórdia. Uma sociedade que estabelece suas relações sob o signo do consumo e do lucro, é uma sociedade doente. Doente de humanismo, de coração, ela caminha para uma crescente robotização. Mas um robô não tem sentimento, não tem coração, não tem alma nem vida humana. Por isso, não pode ser feliz. O caminho que devolve a saúde e leva o homem robotizado deste tempo de volta a si mesmo, ao seu “eu” profundo e, assim, para a felicidade, é o caminho do coração, o caminho da misericórdia, que ama o outro a partir do outro. Como Deus e sua presença entre nós, Jesus Cristo. (attilio@livrariareus.com.br)

CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

O caminho da misericórdia

Fundação Pro Deo de Comunicação

Abril de 2012 - 1a quinzena

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

A demitologização

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partir das tentativas da demitologização, iniciada no século XIX, aprofundada no século XX, tentou-se reescrever e rever os dados do Antigo Testamento. A base é o método histórico-crítico. Foram tirados os livros das origens, desde o Gênesis até os juízes, do âmbito dos escritos históricos, para situá-los, puramente, no contexto teológico. Não descreveriam fatos, mas concepções de vida. Não só as figuras de Adão e Eva caíam, mas também Caim e Abel, Noé e o dilúvio, passavam ao rol das ficções teológicas. Até Abraão, Isaac e Jacó, com seus 12 filhos, perderam sua historicidade, para se transformarem em modelos de fé.

Se a narrativa acerca de Abraão, venerado como pai da fé e fundador do monoteísmo, não passa de uma ficção teológica, como fica nossa fé, que tem nele seu fundamento? É certo que os que elaboraram esta demitologização não perderam a fé abraâmica. Isto significa que esta fé existe e é plenamente histórica. Como se originou não está plenamente esclarecido, depois que se tirou Abraão, Isaac e Jacó do contexto da história. Crer que Adão e Eva não passam de figuras literárias em nada desmerece seu significado, como concepção da origem do homem. De fato, não cremos, a rigor, nem em Abraão, nem em Adão, mas em Deus, cuja ação, em nosso favor, é narrada através das figuras literárias e figurativas de ambos. É a fé que se quer ressaltar e não um fato histórico, que eventualmente pudesse colidir com os dados das pesquisas científicas. Causou maior impacto a demitologização do Moisés e da epopeia do êxodo. Parece até que o mundo da fé vinha abaixo. Se Moisés não existiu, nem houve êxodo do Egito, nem a conquista militar e sangrenta da Palestina, nem travessia do deserto ao longo de 40

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

anos, como fica nossa religião? Tudo não passa de falsificação? E as pesquisas do lugar junto ao Mar Vermelho, por onde os israelitas teriam passado e o lugar do Sinai, apontado como lugar do encontro com Deus? Na verdade, assim como não cremos em Adão, nem em Abraão, mas no Deus deles, também não cremos em Moisés, mas no Deus dele. E este existe e se revelou, de um modo muito misterioso, no passado. Nossa fé em nada diminuiu com a revolução bultmaniana. Moisés simboliza a lei divina e a organização do povo. Josué representa a entrada do povo de Israel na Palestina. Não há dúvida de que este povo morou na Palestina, quando foram escritos os livros da Bíblia. Como chegou até lá se traduz por uma epopeia de façanhas mais literárias que históricas. Após mais de mil anos, tentou-se sistematizar a doutrina revelada ao longo dos tempos. Quem entende a Sagrada Escritura ao pé da letra, o que em termos exegéticos se chama de fundamentalismo, fica, certamente, abalado com estas propostas. Confunde fé em Deus e nas suas promessas, com fé na história, com suas narrações. Crê mais na apresentação dos fatos que na acolhida de sua mensagem. Certamente, a revolução bultmaniana sacudiu os fundamentos da fé ingênua, de muita gente, bem mais que a revolução copernicana, a revolução freudiana e a revolução darwiniana juntas. Mas, apesar de tudo, a fé continua firme e Deus continua sendo amado e adorado. O racionalismo penetrou nas fontes da revelação. Primeiro eliminou a tradição. Depois devassou a Bíblia, procurando, prevalentemente, sua base histórica. Seguiu-se uma nova interpretação de suas narrativas, através do método históricocrítico. Fala-se de uma demitologização, a reduzir a quase nada a história sagrada. As grandes figuras bíblicas passam para o rol de personagens puramente literárias.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

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OCIEDADE

Casamento

Oportunidade maravilhosa ou armadilha ardilosa? Patricia Gebrim

Psicóloga e escritora

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u me pergunto: “De onde tiramos essa certeza de que todos devemos namorar, casar e ter filhos para sermos felizes?” É incrível como acabamos assimilando algumas ideias sobre a vida como se fossem verdades universais, não é? Pense comigo... então pessoas solteiras, ou sem filhos, nunca poderiam ser felizes? Você acredita mesmo nisso?

O casamento não é para todos!

Eu acredito, de verdade, que algumas pessoas fariam um enorme favor a si mesmas, e aos outros, se optassem por não se casar. Não que eu seja contra o casamento, longe disso! Mas sou a favor de escolhas conscientes. É preciso que a gente abra mão dessa visão romântica que vende o casamento como um conto de fadas, onde os parceiros se casam e “são felizes para sempre”, como se isso acontecesse por um passe de mágica, sem o menor esforço! Ouça... É claro que eu acredito que podemos ser felizes no casamento! Tanto quanto podemos ser felizes se estivermos solteiros, ou se dedicarmos nossa vida a um trabalho, ou a viagens. Eu repito: Não é o casamento que fará alguém feliz! A felicidade é uma conquista interna. Vejo o casamento como uma escolha. Escolher casar é escolher ter um ombro onde podemos nos deitar de vez em quando, um parceiro para dividir as coisas boas e ruins da vida. É escolher aprender junto com o outro coisas como amor, respeito, perdão, amizade. Longe de ser um “parquinho de diversões” recheado de doces, divertimentos e riso solto, o casamento, na verdade, seria melhor representado se comparado a uma escola, com seus testes, desafios, possibilidades e conquistas. Um espaço de crescimento e mútua transformação – com deliciosos toques de prazer e ternura, é claro, afinal ninguém é de ferro !!!

Um pequeno teste para você!

Pare um pouco a leitura e pergunte-se o que você espera do casamento. Você espera que o casamento seja um espaço onde você será plenamente aceito como é? Espera que seu casamento seja livre de conflitos? Espera prazer ilimitado? Perfeito entendimento entre você e seu (sua) parceiro (a)? Você sonha chegar em casa e encontrar à sua espera uma pessoa sempre feliz, pronta a satisfazer todas as suas necessidades?

Você acredita que isso seja possível? Eu vou lhe dizer que sim, talvez isso seja possível, se – preste atenção agora!!! – você for capaz de aceitar-se plenamente como é, se nunca tiver nenhum conflito em sua vida pessoal, se for totalmente seguro, se estiver sempre feliz e pronto a satisfazer todas as necessidades de quem ama. E se encontrar alguém que também tenha todas essas características! Bem, por outro lado, se aceitarmos que o casamento seja um espaço de crescimento, então precisamos considerar que todos os nossos aspectos imaturos e não trabalhados aparecerão nesse espaço, bem como os de nosso parceiro conjugal. Todos nós trazemos conosco uma boa quantidade de lixo emocional, que fomos acumulando desde nossa infância. Esse lixo é feito de idéias errôneas, crenças distorcidas, percepções enganosas. Bem, todas essas distorções atuais e passadas aparecerão refletidas na tela do casamento. Quer ver? Imagine que você tenha sido uma criança insegura em uma família grande, onde ninguém tenha dado ouvidos às suas opiniões. O tempo passa, e você seguiu achando que muitas vezes as pessoas ao seu redor não ouviam você, nem os amigos, nem o chefe... Então você se casa, faz uma linda festa, passa-se um tempo, e então você começa a ter “certeza” de que ... seu parceiro simplesmente não ouve você! É isso o que quero dizer com enxergar-se no espelho do casamento. E é nesse ponto que podemos decidir se o nosso casamento será uma história de crescimento ou não.

Conflitos e desentendimentos são parte de uniões saudáveis

Se aceitarmos os conflitos do casamento como pistas sobre os aspectos a serem trabalhados em nós (e no outro), poderemos conviver com as imperfeições e utilizá-las para nos tornarmos pes-

Divulgação/imagem alterada eletronicamente

soas mais maduras e melhores. Poderemos ajudar, amorosamente, nosso parceiro a fazer o mesmo. Não nos sentiremos tão ameaçados quando as coisas parecerem dar errado. Na verdade, aceitaremos melhor as crises e imperfeições. As nossas e as de nosso parceiro. Nesse tipo de casamento, também haverá abertura para a alegria, o prazer, o afeto compartilhado, o companheirismo. Não haverá exigências inalcançáveis ou expectativas irrealistas. Mas se esperarmos demais do casamento e encararmos os conflitos como sinais de imperfeição, como se o casamento precisasse ser “jogado fora”, perderemos essa preciosa oportunidade, e mais, ficaremos aprisionados em uma teia indissolúvel de mágoas e ressentimentos. Não é difícil perceber que quando nos recusamos a lidar com os conflitos, mesmo que consigamos desviar deles, em breve eles voltarão, minando a vida do relacionamento.


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4 Reginaldo Veloso

Carmelita Marroni Abruzzi

Presbítero das CEBs - Morro da Conceição - Recife – PE

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E foi assim: Jesus de Nazaré, um carpinteiro, que, mais de 2000 anos atrás, nascera de um casal pobre e vivera num lugarejo do interior da Palestina, aos 30 anos de idade, começou a anunciar o Reino de Deus! Para pertencer a este Reino, as pessoas precisavam mudar de vida: quem tinha conhecimentos devia partilhar com os desinformados; quem tinha dinheiro, deveria repartir com os necessitados; quem tinha poder, devia colocar-se a serviço dos excluídos... Era como se o mundo tivesse que virar de cabeça para baixo! Uma revolução, sim, mas que deveria começar no coração de cada um, de cada uma. Para os pobres, era uma boa notícia, aquilo que eles mais gostariam de ver acontecer. E é isso que quer dizer "evangelho", palavra grega, sinônimo de "boa nova", boa novidade. Mas para os ricos era subversão, perturbação da ordem, ou, como muita gente hoje em dia ainda diz, isso era "comunismo"! Até os pobres, iludidos pela conversa mole dos ricos e poderosos, foram na onda deles e ficaram contra Jesus. Só sei que, por conta dessa história, Jesus terminou preso, foi condenado e morreu crucificado entre dois marginais. Mas, quando os poderosos menos imaginavam, os poucos seguidores de Jesus de Nazaré foram perdendo o medo e fizeram o maior reboliço na cidade: saíram anunciando que Deus havia ressuscitado seu Mestre! Jesus vivia, isto é, Deus deu razão a ele! Ele morreu pela causa de povo, sobretudo dos pobres, seu sangue foi derramado para que uma nova Humanidade começasse a se organizar, os entendidos se colocassem a serviço dos sem instrução, os ricos se colocassem a serviço dos empobrecidos, os poderosos se colocassem a serviço do povo, e todos se juntassem numa grande irmandade, uma família de irmãos e irmãs, simples como as crianças. E como a causa pela qual Jesus morrera era justamente a causa de Deus, o que Deus mais queria que acontecesse, por esse motivo, Deus passou no túmulo onde Jesus foi sepultado, e o arrancou do poder da morte. Chegou o momento de cada um, de cada uma, deixar Deus passar na sua vida. PÁSCOA é isso: Deus passando na historia de Jesus de Nazaré, e o reconhecendo como seu Filho! Deus querendo passar na vida de cada um da gente, na medida em que a gente entrar na jogada de Jesus, e se tornar assim um filho, uma filha de Deus. Só sei que, quem ia acreditando em Jesus, através da mensagem dos discípulos, tomava um banho, para mostrar que estava começando uma vida nova, limpa de todas as maldades e sujeiras. E esse banho passou a chamar-se de Batismo. Os discípulos (seguidores), agora chamados "apóstolos", que dizer "enviados", colocavam as mãos sobre a cabeça dos que se "batizavam" e eles e elas recebiam um nova energia, um espírito novo, que chamavam de ESPÍRITO SANTO! Na força dessa nova energia, é que o pessoal continuava se reunindo, escutando a mensagem dos Apóstolos sobre Jesus, repartir, entre todos, os seus bens, de tal forma que ninguém passava necessidade entre eles e elas. E esse ajuntamento de gente, convocada pela Palavra de Deus, chamou-se de IGREJA. O que mais chamava a atenção do povo era a alegria com que eles comiam a Ceia do Pão e do Vinho, em memória de Jesus: era o jeito de eles se sentirem em comunhão de vida com o seu Mestre. E essa Igreja era, assim, o ensaio, a amostra de um MUNDO NOVO! É por causa dessa historia, que os cristãos e cristãs de todos os tempos, todo ano, a certa altura do mês de abril, celebram a Festa da Páscoa. E agora José, e agora Maria, como vamos fazer para que nossos Grupos, Movimentos, Organizações e Comunidades cheguem à gostosa descoberta deste "Mistério" maravilhoso que se esconde em suas vidas, mas que precisa se manifestar aos olhos deles e delas, aos de todos?... Como fazer para que esta descoberta se torne motivo de festa e desencadeie toda uma criatividade, no sentido de todos se darem as mãos na preparação de um evento capaz de fazer brilhar esta vida nova, este mundo novo, que está acontecendo no dia-a-dia da gente e do povo, como Festa da Vida como um grande louvor ao Deus da Vida que assim como passou na história de Jesus, está passando nas historias bonitas da gente, hoje, aqui e agora?... A Páscoa está à vista! Como vamos fazer? Feliz Páscoa!

PINIÃO

Voltamos às aulas!

Páscoa à vista! palavra "páscoa", de origem hebraica, é irmã da portuguesa "passagem". E páscoa quer dizer "a passagem de Deus"! Sim, porque Deus passa, está passando na história da Humanidade, na vida da gente... Mas a gente não se dá conta. Foi preciso, então, que Deus passasse de maneira espetacular, escandalosa até, para que, pelo menos uma porção de gente se tocasse.

Abril de 2012 - 1a quinzena

Professora universitária e jornalista

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a rotina se repete todos os anos, idem as notícias na mídia: correrias para a compra de material escolar, publicidade sobre ofertas de melhores preços, expectativas do comércio em aumentar as vendas em tanto por cento, engarrafamentos no trânsito, reclamações de 2ª e 3ª filas defronte aos colégios, jovens e crianças em alegre algazarra, os reencontros... Todos conhecemos esse contexto. Mas quanto dura tudo isto? Quanto tempo as páginas dos novos cadernos, incrementados com as capas dos famosos, permanecerão sem as “conhecidas orelhas”? Aliás, o aparecimento destas parece estar diretamente relacionado à duração do interesse dos alunos por determinadas matérias! O que a escola significa para os alunos, mesmo com a utilização dos mais modernos recursos tecnológicos? Parece que, às vezes, há excessiva preocupação com os acessórios e se esquece do essencial. Será que o interesse em aprender e a alegria das descobertas se mantêm, quando a rotina se instala e os novos materiais perderam o encanto? Onde se encontra a essência da aprendizagem? Luxuosas instalações e recursos sofisticados levam necessariamente à alegria das descobertas? Os novos métodos educacionais dão ênfase ao processo de conhecer ou concentram-se em cobrar dos alunos o conhecimento como um produto acabado?

E ao final do ano letivo, o período escolar será recordado como uma época prazerosa, de convívio salutar, de amizades renovadas, de conhecimento? Ou como naquela charge, publicada num jornal, há alguns anos atrás, em que o professor pede que cada aluno recorde o melhor daquele ano e, nos pensamentos da turma, o que aparecia eram as “as artes” e estripulias feitas, jogos e brincadeiras, algumas até pesadas, e ninguém se lembrou de qualquer aprendizagem realizada! Na verdade, o processo educacional é complexo, muitas são as variáveis que interferem: sociedade, meios de comunicação, famílias, ambiente escolar e suas instalações, professores e sua formação, alunos. A correria de nossos dias, pais dividindo-se entre sua vida profissional e a educação de seus filhos, professores assoberbados, desdobrando-se, com frequência, em mais de uma escola, alunos dispersivos, bombardeados pelos ruídos do mundo exterior, instalações escolares nem sempre adequadas, enfim um contexto em que se torna difícil atingir os objetivos da educação. Nesse contexto coloca-se a grande responsabilidade da educação sobre os professores. E, realmente, sobre esses professores bem preparados, em condições de trabalho mais favoráveis, repousa grande parte do sucesso. Mas eles precisam de tranquilidade, de valorização,de respeito. E aqui cabe uma reflexão final: como a sociedade, os meios de comunicação e as famílias estão valorizando esse profissional e oferecendo-lhe possibilidades de viver com dignidade e desenvolver seu trabalho com toda a dedicação que ele requer?(litamar@ ig.com.br)

“Deus me desenhou sem braços” Dom Hélio Adelar Rubert Arcebispo de Santa Maria

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real e atual esta história da dançarina nascida na Itália no dia 18 de junho de 1974.Quando nasce Simona Atzori,seus pais, de mãos dadas, decidem não apenas aceitá-la mas acolhê-la com alegria infinita. Esta foi a grande diferença inicial: ser amada. Simona já subiu nos palcos do mundo, voou sobre as pontas dos pés na Escala “Robert Boole and Friends”. Foi embaixadora da dança no Jubileu do ano 2000, abriu as Para-olimpíadas Invernais de 2006 e hoje faz apresentações na Itália levando “Me”, primeiro espetáculo realizado inteiramente por ela junto com a sua companhia “Simonarte Dance Company” e com os bailarinos da Escala de Milão. Simona viveu alguns anos no Canadá, onde terminou a faculdade. Seus colegas logo a identificaram como italiana pela maneira de gesticular. A síntese perfeita acontece quando dirige um veículo com um pé no freio ou acelerador e a outra “mão” no volante. Interrogada sobre como seus pais, Vitalino e Toninha, reagiram no seu nascimento, Simona responde: - Naquela época não tinha ecografia, foi uma bela surpresa, sem dúvida. Os primeiros dois partos para minha mãe não deram certo. A terceira gravidez foi chamada Alegria. Minha mãe tinha muito medo de me perder. Quando acordou da cesariana, mamãe viu os rostos tristes dos enfermeiros. Não deixavam ver o seu nenê, por isso sofreu muito. Depois soube que estava bem, mas faltavam os braços. Minha mãe e meu pai se abraçaram e logo pensaram o que precisavam fazer: ensinaram-me a tomar o bico e a mamadeira com os pés. Antes de nascer, minha mãe sonhava que eu me tornasse uma bailarina. Imaginava me ver voando no palco: seu primeiro pensamento foi a chave da nossa vida, seu otimismo

deu a todos nós o segredo da felicidade. Ser bailarina te ajudou a viver? - A dança me ajudou também fisicamente, é verdade, mas não fui eu que escolhi, foi ela que me escolheu, assim como a pintura. As artes me permitem expressar todo o meu mundo interior. Simona, além de bailarina e pintora, começou a escrever. Escreveu o livro: “O que te falta para ser feliz?” Ela comenta sobre o livro: - O título do livro é a pergunta que faço sempre aos outros. Na vida não me faltou nada. Gostaria de dizer para as pessoas não desistirem diante das dificuldades, não perderem nunca a coragem, porque, ainda que falte alguma coisa, sempre se pode ser feliz. Quando as pessoas olham a foto da capa, não se apercebem que faltam os meus braços e isto significa algo importante; na vida precisamos olhar aquilo que temos e não nos queixarmos daquilo que falta. Alguma coisa na verdade falta a todos, também aqueles que tem os braços e as pernas normais: certamente o exterior se nota primeiro, mas se o vazio é interior, o sofrimento é mais dolorido, mais limitante do que dois braços que ficaram no céu. Qual é o teu relacionamento com o Criador? - Agradeço a Deus não pela vida em geral, mas porque me desenhou exatamente assim. O meu obrigado quotidiano é procurar tornar esta minha vida uma obra prima, como Ele quis que fosse. Se fosse possível pedir a Deus os teus braços, o farias? - No Kenya dancei para os presos, doentes de AIDS e meninos de rua, e me fizeram a mesma pergunta. Respondo-te como fiz com eles: se tivesse nascido com os braços, tu agora não estarias falando comigo, mas com uma outra pessoa. E eu amo Simona. O testemunho de Simona nos enche de alegria e nos faz pensar sobre os valores de nossa existência. A vida é um dom extraordinário. Não podemos desperdiçá-la.


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DUCAÇÃO &

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SICOLOGIA

Experiências, desafios e mudanças Juracy C. Marques

Professora universitária, doutora em Psicologia

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Verão é uma época de intensos encontros e festividades que produzem variadas experiências que ensejam oportunidades de crescimento para aqueles que estão sempre abertos a novas experiências. Para nós, aqui no hemisfério sul, ele coincide com o Natal e o Ano Novo, como festividades que se inserem em nossas tradições. Isto tudo tem amplas reverberações na vida das famílias, alterando suas rotinas e afastando os perigos da solidão e da monotonia. Principalmente o Natal é uma festa marcante que propicia encontros de família, em geral, com troca de presentes, mais ou menos relevante para quem dá e quem recebe, destacando-se a presença das crianças de todas as idades. Solidário/Arquivo

Trocas afetivas e sociais

Elida, minha vizinha, contou-me com grande entusiasmo e emoção, as vivências em torno de sua neta de dois anos e meio. A família estava reunida em torno da mesa com ‘comes e bebes’, as crianças, no entanto, só tinham olhos para os presentes ao pé da árvore de Natal. De repente, Maly escapuliu-se sem que ninguém percebesse, pegou o pacote maior, abriu-o abruptamente e a boneca começou a falar. Ela entrou na pequena piscina, tirou completamente a roupa da boneca, lá ficando a brincar. Assustada, pois a boneca não só não nadava, como parou de falar, puxou-a para fora e mais assustada ainda ficou: a boneca não mais falava, porém eliminava água por todos os lados. Então, Maly, quase chorando, reclamava com os olhos arregalados: “Ela está fazendo xixi!”. O avô, com espírito brincalhão, disse:”Traz o piniquinho”, o que ela prontamente atendeu, com um largo sorriso. Elida, então, explicou-me: acontece que Maly estava, naquele momento, abandonando as fraldas e aprendendo a usar o seu ‘vaso’. Todos ficaram quietos a observá-la, ficaram admirados quando Maly, por sua própria conta, resolveu aproveitar e calmamente fazer o seu xixi! Sem dúvida, foi uma situação inusitada como recorte de uma aprendizagem importante, tendo em consideração sua fase de desenvolvimento relativa à coordenação motora.

Visita a uma vila da periferia

Uma das paróquias de Porto Alegre adota uma vila à qual presta assistência de forma continuada. Depois de arrecadar brinquedos e algumas guloseimas, duas catequistas prepararam as crianças de mais ou menos dez anos que estavam fazendo catequese para a primeira comunhão, a passar uma tarde brincando com as crianças da vila. Algumas senhoras da paróquia também aderiram a esta atividade, formando um grupo devotado a proporcionar àquelas crianças algumas horas de experiências, desafios e talvez mudança de atitudes e comportamentos. Déia, uma senhora de 72 anos, liderava no sentido de que tudo acontecesse para minimizar as inúmeras carências daquela comunidade. Era um dia comum e muitas das senhoras participantes

abdicaram de seus inúmeros compromissos, a fim de participar de uma experiência ímpar. Além das brincadeiras, as crianças da catequese encenaram o nascimento de Jesus. Mais tarde, já com o sol entrando no poente, coroaram as atividades com uma missa festiva. Foi um acontecimento marcante e inesquecível, não só pelos presentes e pela encenação, mas também pela troca de carinho, através de brincadeiras criativas.

Alargamento do horizonte de compreensão

Os comentários posteriores ressaltam o bemestar e a alegria pelo momento vivenciado, através da participação, como exemplo do que é uma so-

ciedade igualitária e fraterna, desfazendo-se dos muitos preconceitos relacionados às diferenças de classe social. Mudam-se atitudes, reconhecendo o quanto falta de estímulos, oportunidades e políticas de desenvolvimento econômico podem acentuar as indesejáveis disparidades que criam comunidades carentes. Fortalecem-se as convicções de que para enfrentar um mundo em mudança, multifacetado em função das novas tecnologias e dos eflúvios da globalização é preciso incorporar as virtudes maiores da esperança, da compaixão, dos direitos humanos em prol de uma vida melhor que abarque, em sua plenitude, os intrincados aspectos que compõem as complexidades do que é qualidade de vida para todos numa sociedade democrática.


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EMA EM FOCO

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Perdão s

“Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” Je “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis ju

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Evangelho da Quaresma é pródigo na ênfase do perdão e da misericórdia. Na primeira parábola, vemos o próprio Deus nos ensinando a perdoar, até as últimas consequências, sem impor limites,

 Perdoar ou conciliar Só se ama de verdade o outro a partir do outro. E para isso é preciso vê-lo pelo coração, porque os olhos são cegos: só se vê de verdade com o coração. O amor perdoa. E o perdão cura feridas, confessa a verdade que nos liberta, consola a dor, acalma a raiva, dissolve o ressentimento, consegue a reconciliação dos inimigos. Saber perdoar é roçar o infinito para estar mais próximo de Deus. Se o perdão não for possível num primeiro momento, resta a opção de conciliar em vez de litigar. E nisso, nós, gaúchos, temos uma longa caminhada a trilhar: somos os brasileiros mais brigões. Brigamos na política, no futebol e na justiça. Também somos os líderes em ações na justiça: para cada 100 mil gaúchos, houve 9.706 novas ações no primeiro grau e 3.645 recursos no segundo, no ano passado, segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça,

sempre levando em conta que a fraqueza e o erro fazem parte da condição humana. Não vale a pena passar anos sofrendo. O perdão é o bálsamo que nos alivia e cura. Perdoar é uma questão de amor. Quem ama, perdoa.

Quem ama, n Na segunda passag dá a receita da felicid dia e humildade. Mis julgar o outro quand tão ou mais imperfe

O Sagrado Coração de Jesus e a Divina Misericórdia Pe. Pedro Alberto Kunrath

“M

Pároco do Santuário Nossa Senhora da Paz – P. Alegre

eu Coração está repleto de grande misericórdia para com as almas, e especialmente para com os pobres pecadores... por eles jorrou do meu Coração o sangue e a água como de uma fonte transbordante de misericórdia” (Diário, Santa Faustina, 367).

De acordo com os Papas dos últimos cem anos, não existe devoção mais importante para a vida da Igreja que a devoção ao Coração de Jesus. É suficiente dizer que há mais de um século os sucessores de São Pedro têm repetidamente exortado os fiéis a honrar o Coração de Jesus e a praticar essa devoção com amor e zelo. A devoção ao Coração de Jesus tem uma linhagem impressionante. Está enraizada nos Evangelhos, no apelo de Nosso Senhor: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11, 18-189). E novamente Nosso Senhor exclamou na festa das Tendas: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba... como diz a Escritura: de seu seio jorrarão rios de água viva” (Jo 7, 37-38). E a Divina Misericórdia? Diz o beato Papa João Paulo II: “Em Cristo e por Cristo... se torna especialmente visível a Sua misericórdia. Não somente fala dela e a explica pelo uso de comparações e parábolas, mas acima de tudo Ele mesmo a encarna e a personifica. Ele mesmo, em certo sentido, é misericórdia” (Carta Encíclica Dives in misericórdia, 2). E Santa Pe. Pedro Alberto Kunrath Faustina Kowalska o reafirma: “Fostes levados pela misericórdia, e Vós mesmo Vos dignastes descer até nós e nos levantar de nossa miséria... assim se realiza o inconcebível milagre da Vossa misericórdia, Senhor. O Verbo se fez carne: Deus habitou entre nós, o Verbo de Deus – a Misericórdia encarnada” (Diário, 1745). Sem dúvida, para Santa Faustina, o centro de sua vida, seu primeiro amor, era o misericordioso Coração de Jesus. Sua devoção era o Sagrado Coração, mas focalizada no misericordioso amor que flui para nós do seu Coração. Da mesma forma que na devoção tradicional ao Sagrado Coração de Jesus, como para Santa Margarida Maria Alacoque, Nosso Senhor forneceu a Santa Faustina novas formas com que seu misericordioso Coração devia ser honrado e novos vasos para uma renovada efusão da Sua graça: a imagem da Divina Misericórdia, novas orações, tais como o Terço da Divina Misericórdia e as orações para a Hora da Misericórdia das 15 horas (três da tarde) e, naturalmente, uma nova festa para a Igreja Católica, a Festa da Divina Misericórdia, proposta para o domingo seguinte ao da Páscoa. Inseparáveis Qual a relação apropriada entre essas duas correntes de espiritualidade do Coração dentro da Igreja? O fato é que o Sagrado Coração e a Divina Misericórdia são inseparáveis, pois o Sagrado Coração transborda de amor misericordioso para conosco. Jesus tem apenas um Coração. Seu Sagrado Coração é o seu Misericordioso Coração. O Sagrado Coração de Jesus é todo amor, mas a forma que esse amor assume quando alcança os seres humanos é o amor misericordioso. Porque a misericórdia é o amor compassivo; a misericórdia é o amor que procura superar e aliviar todas as misérias dos outros. A Divina Misericórdia, portanto, é a forma que o amor de Nosso Senhor para conosco assume quando se defronta com a nossa necessidade e a nossa miséria. Qualquer que seja o nome da nossa miséria – pecado, culpa, sofrimento, morte – o Coração de Jesus está sempre pronto a derramar o seu amor misericordioso e compassivo para conosco, a ajudar-nos na necessidade. Meios Quaisquer que sejam as orações e as devoções que alguém possa escolher para santificar cada dia, o importante a lembrar é que Nosso Senhor não olha o número ou a magnitude das devoções que praticamos, mas a fé e o amor com que as oferecemos. Pelos atos de piedade, é apenas isso que traz deleite ao Misericordioso Coração de Jesus. Além disso, tais práticas piedosas são meios. Elas têm por fim alimentar e formar em nós, pela graça de Deus, não apenas devoções e devocionismo, mas a verdadeira devoção: o verdadeiro amor a Deus, conhecer o Seu amor para conosco tão profundamente, pessoalmente e intimamente que penetremos nesse Coração como numa fonte e oceano de Misericórdia, uma fornalha ardente de amor e luz. “Encerro-me no Vosso Coração compassivo, que é um mar de misericórdia insondável” (Santa Faustina Kowalska).

Vera

Maria


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A S ÇÃO

sem fim

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OLIDÁRIA

esus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt. 18, 21 a 22). ulgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados” (Lc 6, 36 a 37).

não mata. gem, o Evangelho dade: a misericórsericórdia em não do também somos eitos que o próxi-

mo o que não nos autoriza levantar o dedo para ninguém. E a humildade que permite ver que não se é dono da verdade, fazendo rever honestamente os próprios conceitos e desconfiar humildemente das certezas.

As reflexões são oportunas e ainda apropriadas ao tema da CF 2012, pois a verdadeira saúde física só é possível com a saúde espiritual. E é espiritualmente saudável quem perdoou e perdoa – a si e ao semelhante.

Festa da Divina Misericórdia em P. Alegre

a Gallas

Pela primeira vez a Arquidiocese de P. Alegre celebra, de forma mais abrangente, o que em outros lugares do Brasil e também no exterior já é tradição. Aqui, a festa culminará com procissão. Será no domingo após a Páscoa, dia 15 de abril próximo. E não por acaso é nesse domingo: há um profundo sentido teológico e espiritual vinculado à proximidade da celebração do Mistério Pascal da Redenção e do mistério da Misericórdia de Deus. A escolha da data lembra que a paixão, morte e ressurreição de Jesus Nazareno só se explicam por sua infinita misericórdia com a humanidade. Esta data existe oficialmente na Igreja por desejo de João Paulo II, baseado nos diários de Santa Faustina por ele canonizada. A festa foi instituída por decreto de 23 de maio de 2000 da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, definindo missa solene e liturgia específica. A procissão de P. Alegre, liderada pelo arcebispo metropolitano Dom Dadeus Grings, sairá da Catedral Metropolitana, após de celebração de missa às 15 horas, e terminará de forma muito apropriada e oportuna na Santa Casa de Misericórdia. “Será uma procissão alegre, com cantos, reza e música”, antecipa uma das integrantes da equipe de organização.

Novenas

Eunice Fochi

a de Lourdes Paiva

“Todas as nossas paróquias foram convidadas para aderir à celebração da data. Os párocos foram convidados para as confissões, para concelebrar e também para permitir a realização das novenas nos hospitais, nas geriatrias. A novena começa na Sexta-feira Santa”, adianta Vera Gallas, integrante da equipe de organização da Festa, da qual ainda participam Eunice Fochi, Maria de Lourdes Paiva, Tânia Laier e Maria Regina Oliveira. “Todos estão sendo convidados a levar quadros, fotos, cartazes da imagem da Divina Misericórdia. A imagem é lembrança e sem poder. Quer-se lembrar que a fonte de misericórdia é que nos dará as graças e não o quadro”, enfatiza Regina. Também já existe em P. Alegre um grupo de apóstolos eucarísticos da Divina Misericórdia. “Recebemos a formação em Curitiba, através dos padres marianos encarregados do Santuário da Divina Misericórdia. Nesse Santuário são promovidos dois congressos anuais há 10 anos, com concorrida participação de devotos de todo o Brasil”, informa Vera Galas.

Programa

13h30min – Confissões 14 horas – Palestra “Origem da Devoção e da Festa”- Pe. Claudio Damé. 15 horas – Missa concelebrada e presidida pelo arcebispo (transmissão da Rádio Aliança). 16h10min – Saída da procissão, com “Terço da Misericórdia” e cantos 16h40min – Chegada à Santa Casa, com consagração, bênção de objetos e bênção de encerramento.

Santa Faustina Kowalska Também conhecida como apóstola da Divina Misericórdia, Faustina Kowalska (imagem acima) era polonesa, terceira de 10 filhos, de uma família camponesa de sólida formação cristã, nascida em 25 de agosto de 1905. Aos 20 anos, entrou no convento das irmãs da Congregação de Nossa Senhora da Misericórdia. Em diversas casas do Instituto, desempenhou de modo exemplar as funções de cozinheira, jardineira e porteira. Morreu em 5 de outubro de 1938 por causa de tuberculose. Seu maior legado, além de seu piedoso exemplo de dedicação e desvelo junto a jovens na iminência de cair ou que já haviam caído na prostituição, foi um valioso diário - “A Misericórdia Divina em Minha Alma” - escrito por obediência de seu diretor espiritual. Foi canonizada em 20 de abril de 2000, por João Paulo II, que produziu a Encíclica “Dives in Misericórdia”, que lança as bases doutrinárias e práticas para o culto à Divina Misericórdia. As formas de devoção da Divina Misericórdia, além da festa e da novena, também incluem a reza do terço e da hora


8 Encontros de Formação da Pastoral da Saúde na Paróquia S. Antônio do Partenon

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A Pastoral da Saúde da Paróquia Santo Antônio do Partenon divulgou a programação dos Encontros de Formação para os meses de abril e maio, que ocorrerão sob o lema "Que a saúde se difunda sobre a terra" e com o tema geral "Fraternidade e Saúde". Em abril: dia 11, Espiritualidade - "A fé em Jesus fortalece o homem" (At3,16) - Palestra com o urologista José Jerônimo F. sobre "A busca da Saúde Integral". Dia 18 - Espiritualidade: "Ele carregou as nossas doenças"(Mt 8, 16-17) - Palestra com o diácono Antônio Alves sobre "Pastoral da Saúde, Presença e Ação". Dia 25 - Espiritualidade - "Eu sou o Bom Pastor" (Jo 10,1) Palestra com Frei Adelino Piloneto sobre "Saúde, tarefa de toda a comunidade cristã". Em maio: dia 2 - Espiritualidade - "Ele passou pelo mundo fazendo o bem" (At 10,34-38) - Palestra sobre "Saúde, princípio básico: alimentação, com a nutricionista do SESI Andréa Prybysz da Silva Rosa. Dia 9 - Espiritualidade - "Só queriam tocar em Jesus" (MC 3,10) - Palestra com a psicóloga Sônia Louzado sobre "Aspectos psicológicos da Pastoral da Saúde, relação de ajuda, compreensão e empatia". Dia 16 - Espiritualidade - "A fama de Jesus se espalhava" (Lc 5,15) - Palestra "Cura-me, Senhor, serei curado", com o Frei Luís Turra. O local das palestras será a sala de catequese da Paróquia, das 14 às 17 horas. Ingresso: um quilo de alimento não perecível. Informações fones 3223.3494 e 3223.2062.

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ABER VIVER

Câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil De acordo com o INCA – Instituto Nacional de Câncer – as estimativas para novos casos de câncer de próstata neste ano são de 60.180. Entre os homens brasileiros uma das doenças mais preocupantes e assustadoras certamente é o câncer de próstata. Para quem não sabe, a próstata é uma glândula que só os homens possuem e que se localiza na parte baixa do abdômen. Trata-se de um órgão pequeno - com formato semelhante ao de uma maça - que fica posicionado abaixo da bexiga e à frente do reto. Além de envolver a porção inicial da uretra - tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada - a próstata também é responsável pela produção de parte do sêmen, líquido espesso que contêm os espermatozoides liberados durante as relações sexuais. Quando acontece um crescimento anormal e incontrolado das células do órgão, o homem provavelmente já desenvolveu a doença ou está prestes a entrar nas expectativas do Inca. Segundo Marcus Vinicius Mesquita, diretor de uma clínica especializada em diagnósticos avançados por imagem, o câncer de próstata é curável. “É importante diagnosticar a doença logo no início para que ela não se espalhe para outras partes do

Imagens:prostata.seebyseeing.net

corpo. As metástases sempre complicam o tratamento da doença. Quanto mais cedo ele for detectado, menos agressivo será o tratamento”, afirma.

Prevenção x Diagnóstico

A partir dos 45 anos da idade os homens já precisam se preocupar em fazer exames preventivos. O PSA (exame de sangue) deve ser feito anualmente para investigar se não existem anormalidades no órgão. Caso tenha

alguma alteração neste exame, a próxima indicação é que o paciente faça um ultrassom de próstata transretal, que detecta tumores pequenos ou aqueles localizados em áreas da próstata não alcançadas pelo toque retal, que também deve ser feito por um médico anualmente. Mesquita disse ainda que caso os exames acima mencionados apontem irregularidades, o próximo passo é que o paciente faça uma biópsia, que nada mais é do que a retirada de uma amostra de tecido de partes da próstata para confirmar a doença e saber o grau em que ela se encontra. “Não existem estudos comprobatórios sobre as causas do câncer de próstata, mas algumas pesquisas sugerem uma combinação de fatores hormonais e genéticos, hábitos alimentares e condições ambientes como fatores de risco”, explica o diretor da clínica.

Sintomas

Grande parte dos cânceres de próstata cresce lentamente sem apresentar sintomas. No entanto, com o passar do tempo, os homens podem ter dificuldades para urinar, podem apresentar um jato urinário fraco ou ainda um aumento do número de micções. “Estes sintomas não indicam necessariamente a presença do câncer, mas já são motivos para que o paciente faça uma avalição médica”, acrescenta Marcus.

Dados

Mercedes Adelina Bolognesi - 04/04 Valdacyr S. Scomazzon - 05/04 Alda S. Fortes - 06/04 Antônio Cândido Silveira Pires - 11/04 Hermenegildo Fração - 12/04

Visa e Mastercard

Albano L. Werlang CRP - 07/00660

TERAPIA DIRETA DO INCONSCIENTE Cura alcoolismo, liberta antepassados, valoriza a dimensão espiritual Vig. José Inácio, 263 - conj. 113 - Centro - POA 32245441 - 99899393

No Brasil o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele não-melanoma. De acordo com o Inca, é o sexto tipo mais comum no mundo e o que mais prevalece entre os homens, representando cerca de 10% do total de todos os cânceres. Para se ter uma ideia, em 2009 foram registradas mais de 12 mil mortes em decorrência da doença. E para este ano a estimativa de novos casos são de 60.18. Os dados também são do Inca. (Fonte: www.alphasonic. com.br)


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O mesmo

Humor VÁRIAS Dois guris de uns sete anos, grandes amigos, eram às vezes imprevisíveis. Um dia, envolveram-se numa briga daquelas e um deles, o Jorginho, levou uma mordida do amiguinho no rosto. Em casa, sua mãe quis saber o que significava aquilo. Como ambas as famílias eram muito amigas e não querendo ser causa de inimizades, Jorginho ficou em polvorosa e saiu-se com esta: - Eu me mordi! - Sim, mas como fizeste isto? - Subi num banquinho...! xxx O cara era convencido, mesmo, e megalômano de marca. Foi levado ao psiquiatra e este lhe perguntou de saída de que mal ele queria se tratar. - Dizem que eu sou megalômano, que tenho uma tal mania de grandeza... Então o psiquiatra quis saber como era no princípio. - No princípio?! No princípio eu criei o céu e a terra... xxx E quando perguntaram àquela solteirona por que ela não arrumava um marido, não teve dúvidas e respondeu: - Um marido, prá quê?! Eu já tenho um cachorro que dorme o dia inteiro, um gato que passa as noites fora e um papagaio que só diz palavrão...

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SPAÇO LIVRE

Família: esta moda pega?

Antônio Mesquita Galvão

Nei Alberto Pies

Escritor

Professor e ativista de direitos humanos

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ncontrei um conhecido na rua. Por educação, uma época em que uma noção errada de liperguntei como ele ia, recebendo por resposberdade, muito divulgada, leva a não contrair ta: “o mesmo”. Saí dali refletindo e divagando vínculos e a quebrar com facilidade os vínsobre o conteúdo da afirmação. Lembrei-me do culos contraídos, é oportuno recordar que a liberdade Carlos Imperial, quando compôs a celebre marchi- é, na sua forma maior, liberdade de nos amarrarmos. nha “A praça”, onde falava em “... a mesma praça, o É esse o significado de "criar laços".(Paulo Geraldo) mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim...”, Somos, em maioria, movidos por modismos. Adesivar carros com para expressar que estava tudo do mesmo jeito. Em muitos casos a vida das pessoas mergulha nessa mesmice. Tudo permanece no mesmo, sem mudar, sem avançar, sem sair do lugar: é a mulher que fala mal do marido, o filho que rejeita o pai, o cara que é sustentado pela mulher, o outro que critica o governo, aquele que não cria nada, só copia o que os outros fizeram, etc. Assim como temo o homem que só leu um livro, também tenho muito medo de quem é escravo do mesmo. No meu prédio há uma plaquinha no elevador: “Veja se o mesmo não se encontra parado no andar!” Ah, como tem gente parada no mesmo! Há 2.500 anos, os gregos, referindo-se ao indivíduo fechado, parvo, que só pensa em si, só olha para o seu umbigo e parado no mesmo, cunharam a expressão idiotés, como a identificar alguém ausente, incapaz de pensar em uma sociedade alternativa, como preconizava Raul Seixas. Esse idiota é o oposto de politikós, alguém aberto, que busca recriar, capaz de reinventar, que foge da mesmice. O escravo do mesmo é aquele tolo que só sabe dizer “a vida é assim... nada vai mudar... não adianta lutar”. A pessoa refém do mesmo é incapaz de (se) questionar, de ter dúvidas, só alimenta suas convicções próprias e teorias canhestras. Só cresce quem tem dúvidas. A frase mais inteligente é “não sei”. Foi Sócrates, o filósofo, que afirmou “tudo o que sei é que nada sei”. O “sabichão” sempre é um bitolado. Cuidado com quem não tem dúvida de nada. Sua obra sempre será pequena! E, como ensinou Benjamim Disraeli († 1881), “a vida é muito curta para ser pequena”. Por isso que Geraldo Vandré fez minha geração cantar “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”. O inteligente está sempre disposto a aprender para assim ir adiante. A satisfação gera a mediocridade de quem é escravo do mesmo. Quem está satisfeito com seu estado atual, seja ele qual for, recai naquele marasmo dos que não tem capacidade de buscar o novo. As grandes dominações sociais e políticas começaram em cima dos indivíduos sem essa capacidade de reação. Construa sua vida na dinâmica dos vencedores. Não forme fila com os pobres de espírito que não gozam muito e não sofrem muito; eles estacionaram no mesmo. Como recomenda o filósofo Mário Cortella, coloque em seu epitáfio palavras como ação, mudança, iniciativa, criatividade. Seja uma “metamorfose ambulante” como dizia o Maluco Beleza. Rejeite expressões como “igual”, “devagar”, “derrota”, “não adianta”, “não posso” ou “vai ficar tudo no mesmo”.

RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2012 está à venda na Livraria Padre Reus e também na filial dentro do Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo. Faça o seu pedido pelos fones: 51-3224.0250 e 51-3566.5086 ou através do e-mail: livrariareus@li-

vrariareus.com.br

desenhos da família virou moda por afirmar família como nosso maior "porto seguro". Mas, para esta ideia surtir efeitos para além da estética, é importante perguntar sob quais condições estruturais, sociais e culturais estão postas as nossas famílias, sob pena de frustrarmos as nossas expectativas para com elas, as famílias, e para com a referida moda. A exaltação do amor pela família, por mais interessante que seja, por mais sucesso e adesão que já tenha ou venha a ter, pode contribuir para sobrecarregar a família, mais uma vez, com todo o peso da desestruturação social que o nosso mundo está produzindo. Não resolvemos mais os dramas das pessoas pelo discurso fácil da solução de todos os problemas passarem pela família. É a própria família que precisa ser resgatada e re-significada em seu papel e função social em nossos tempos. O que a sociedade tem feito, através de suas instituições, é cobrar da família uma responsabilidade que ela sozinha não tem mais como arcar. Por estar fragilizada, envolvida em imensos desafios de convivência, a família reclama de cuidados, zelo e proteção, invertendo-se uma lógica sempre alimentada e projetada por todos. A revolução industrial gerou nas famílias o primeiro grande impacto na medida em que homens, mulheres e filhos passaram a dedicar-se mais a seu local de trabalho do que a sua própria casa. Com a revolução tecnológica e da eletrônica, substituiu-se a convivência e o diálogo entre os membros de uma família pela escuta passiva do rádio, da televisão e da internet. Hoje, mais do que nunca, vivemos a afirmação de nossas individualidades a partir de um vazio existencial e histórico. Não contam mais a memória, a coletividade, a convivência. Conta agora sermos livres: sem vínculos com nada e com ninguém. A família não é um produto para a gente oferecer como solução para os reais problemas do ser humano e da humanidade. Se ainda acreditamos nela como um "porto seguro", como referência para a vida pessoal e comunitária, precisamos investir nosso melhor tempo e nossas melhores energias para que ela possa cumprir com esta expectativa que temos dela. Esta é uma opção que a sociedade precisa fazer, garantindo todos os apoios, programas e investimentos que forem necessários. O amor é a mais revolucionária das armas que a humanidade já construiu para gerar seres humanos livres, solidários, abertos, comprometidos com a permanente defesa e promoção da vida. Não acreditamos na mera verbalização deste nosso desejo de amar a família, mas acreditamos que possamos, de forma individual e coletiva, adotar posturas que promovam a convivência, a integração e a troca de saberes e de experiências no nosso ambiente familiar. Promovamos a família como o melhor espaço humano para nos fazermos gente. Acreditemos que a família, ao ser vivenciada pela gente, também é promovida. Adesivemos nossos carros com as caricaturas de nossa família, mas não esqueçamos de comprometer o nosso coração, a nossa alma, as nossas energias. A família não é uma "moda passageira", mas é o espaço que criamos para nos humanizar. Humanizar é nosso maior trabalho humano. (pies.neialberto@gmail.com - Fonte: Revista Missões)


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GREJA &

COMUNIDADE

Solidário Litúrgico 1o de abril - Domingo de Ramos Cor: vermelha

1a leitura: Livro do profeta Isaias (Is) 50,4-7 Salmo: 21(22), 8-9.17.18a.1920.23-24 (R/.2 a) 2 a leitura: Carta de S. Paulo aos Filipenses (Fl) 2,6-11 Evangelho: Marcos (Mc) 15,1-39 Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos leia, antes, os respectivos textos bíblicos. Comentário: Os mesmos contrastes que vive toda pessoa, Jesus viveu na sua história humana. Neste Domingo de Ramos, as leituras nos lembram isso: primeiro, as palmas do aplauso, os “vivas”, a euforia da multidão: ele é nosso rei, nosso messias, é bendito porque vem em nome do Senhor. Poucos dias depois, a mesma multidão, insuflada pelos que temiam as palavras e as ações de Jesus, soltavam o grito enfurecido: “fora com ele, condena-o, crucifica-o: nosso rei é César, não temos, não queremos e não precisamos de outro rei”. Terminando como terminou, na cruz, entre dois ladrões, abandonado por todos e despojado de tudo, Jesus, como rei, não tinha nenhuma chance de sucesso. Humanamente, o reinado

de Jesus era um fracasso total. Os judeus aguardavam um messias, um rei poderoso conforme os reis da terra, um poder conquistado pela força, pela guerra, sobre os cadáveres dos inimigos. Mas Jesus é rei, sim, mas um rei diferente de todos os reis e poderosos da terra: um rei justo e pobre que entra em Jerusalém montado num jumento, meio de transporte dos pobres, dos simples, dos desprezados e oprimidos deste mundo. Nada de pompa, nada de ostentação de poder, de riqueza e força. E vem a pergunta: o Jesus que nós queremos para nosso Rei e Senhor é um Jesus para ser aplaudido ou para ser seguido? Jesus, o Filho de Maria na história, o Messias/Salvador do Pai pela fé, dispensa aplausos, não lhe interessam “vivas” folclóricos nem salvas de palmas que tanto agradam a tanta gente! Jesus quer, como seus discípulos, mulheres e homens que o acompanhem não apenas nos dias de alegria e triunfo mas, principalmente, quando é preciso subir, como ele, os calvários da vida e ser, como ele, presença de perdão, de paz e de entrega aos demais até o fim.

8 de abril - Domingo de Páscoa Cor: branca

1a leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 10,34a.37-43 Salmo: 117(118), 1-2.16ab-17.22-23 (R/. 24) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Colossenses (Cl) 3,1-4 Evangelho: João (Jo) 20,1-9 Comentário: Nunca é demais repetir: a principal festa cristã é a Páscoa da ressurreição de Jesus. Não é o Natal, que lembra seu nascimento, não é Pentecostes, nascimento da Igreja dos que nele creem. Se Cristo não ressuscitou, nossa fé não tem sentido e continuamos em nosso pecado, nos lembra o apóstolo Paulo. Os acontecimentos que envolvem a ressurreição são relatados pelos quatro evangelistas, o que não acontece com outras passagens bíblicas. E os quatro evangelhos têm alguns aspectos em comum como o fato do túmulo vazio e que eram mulheres as primeiras testemunhas. Uma coisa é certa: ninguém, do grupo de Jesus, esperava a ressurreição. A morte na cruz era o ponto final de uma linda utopia possível, de um mundo de homens e mulheres ternos e fraternos, vivendo na alegria de filhas e filhos de um único Deus, Pai/Mãe de todos. No Evangelho deste domingo, dois

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discípulos, Pedro e discípulo amado, alertados por Maria Madalena de que o túmulo estava vazio, correm até o local onde Jesus fora sepultado. O discípulo amado, não identificado, e que hoje se acredita não ter sido um dos doze, chega antes de Pedro, mas não entra no túmulo. Talvez quisesse dar precedência a Pedro ou, quem sabe!? seu olhar ia para além das aparências e vislumbrava que algo nunca visto nem imaginado estava acontecendo: Jesus estava vivo! Neste seu olhar, ele nos precedeu: os que creem em Jesus com fé verdadeira não precisam ver um túmulo vazio nem de muitos sinais para crer! Muitas vezes e de muitos modos ouvimos que somos amados por Deus. E acreditamos nisso. Mas, perguntamos: como respondemos a este amor? Se amados assim, somos também amantes? Respondemos ao amor de Deus, amando a Ele e a todos que Ele coloca em nossa vida? Este é o melhor testemunho que podemos dar da nossa fé em Jesus, vivo, ressuscitado e no meio de nós: responder ao seu amor total e radical até a morte de cruz, sendo verdadeiros amantes de Deus, da gente, da vida e de toda a criação. (attilio@livrariareus.com.br)

Catequese Critérios para escolher o catequista O Papa João Paulo II nos diz que a Catequese é uma "tarefa verdadeiramente primordial da missão da Igreja. Que ela é convidada a consagrar à catequese os seus melhores recursos de pessoal e de energias, sem poupar esforços, trabalhos e meios materiais, a fim de organizar melhor e de formar para a mesma, pessoas qualificadas". (Ct, 15) Em virtude da importância do catequista na vida da Igreja, é fundamental que se definam critérios para a sua escolha. Os responsáveis pela escolha dos novos catequistas devem usar o bom senso, pois, se querem uma comunidade madura, esforcemse para chamar pessoas maduras na fé.

O catequista “ideal”

O (a) catequista: Não pode ser o (a) dono (a) da verdade nem do saber. Não pode confundir ENCONTRO de Catequese com AULA de Catecismo. Tem que arranjar tempo e disposição para participar dos encontros de PREPARAÇÃO, PLANEJAMENTO e AVALIAÇÃO da Catequese. É pessoa que REZA (oração pessoal, com os demais catequistas, com os catequizandos e nos encontros litúrgicos de preferência sempre com as crianças). É uma pessoa que ESTUDA, REFLETE. Participa de cursos, busca constante atualização. Cultiva o espírito de EQUIPE; faz questão de trabalhar em equipe; nas coisas práticas, sempre procura agir de acordo com aquilo que foi resolvido em comum. É uma pessoa PONTUAL. Até se antecipa à chegada das crianças e é o último a sair. Os momentos antes e após o encontro de catequese com as crianças são momentos preciosos para melhor conhecer e fazer amizade com as mesmas. Não tem "direito" de perder a paciência nem com o catequizando, nem com os familiares. Gritos, xingatórios, são anticatequéticos. Procura sempre dar apoio e conviver fraternalmente com os colegas de Pastoral. Procura fazer todo possível para não prejudicar o andamento da Família. Pelo contrário, capricha mais para que todos se sintam felizes. Cria, inventa, mas sempre com o objetivo de melhor transmitir a Mensagem proposta para aquele dia. Tem estima pela IGREJA-COMUIDADE, pela BÍBLIA, pela EUCARISTIA, entre outras coisas!

Paróquia visita oito mil famílias por mês

Um volante informativo mensal, de saudação e mensagem, chega a oito mil residências na Paróquia S. Luiz do Bairro Jardim Botânico, em P. Alegre. A iniciativa é do pároco Pe. Paulo Kunrath. “Nossas paróquias da grande Porto Alegre, muitas compostas até por dezenas de milhares de famílias, em geral conseguem contato regular com cinco a dez por cento, no máximo 20 por cento, dos lares, mesmo quando elas tenham equipe de visitadores, boletim paroquial e acolham bem aos que acorrem à Comunidade. Nossas paróquias não podem continuar sem manter o mínimo contato regular com mais de 80 por cento de seus batizados”.

Pe. Paulo Kunrath


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RQUIDIOCESE Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre

Dom Dadeus recebeu a vista ex-ministro do STF Paulo Brossard de S. Pinto

Juventude Arquidiocesana prepara a chegada da Cruz e ícones de N. Sra. da JMJ O Setor Arquidiocesano de Juventude recebeu a visita do padre salesiano Antônio Ramos, mais conhecido como Pe. Toninho. O religioso é o coordenador nacional da peregrinação da Cruz e ícone de Nossa Senhora, símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que no início de novembro visitará a Arquidiocese de Porto Alegre. Em encontro ocorrido na noite da terça-feira, dia 6 de março e que reuniu mais de 40 jovens, o coordenador nacional relatou os momentos de fé que têm ocorrido nas cidades que já receberam a visita dos símbolos da JMJ, e repassou as orientações para que a juventude receba e celebre este grande evento missionário: “Nas peregrinações, temos tido muita riqueza: a cruz e o ícone de Nossa Senhora tem tocado o coração da sociedade como um todo”, destacou. Segundo Pe. Toninho, as dioceses têm levado os símbolos da JMJ para locais estratégicos onde o maior objetivo é evangelizar as pessoas e comunidades distantes da presença de Jesus: “ A missão é de entrar na situação dos preferidos de Jesus: os pobres e necessitados. A cruz tem evangelizado presídios, já foi a mais de seis cracolândias e, a pedido do Papa Bento XVI, tem ido às universidades onde acontecem debates teológicos da fé”, enfatizou. Destacando o aniversário de 15 anos de realização da Jornada Mundial da Juventude, o coordenador disse ainda que a visita dos símbolos vai preparar todo o

Brasil para o evento que acontecerá no Rio de Janeiro em 2013, que contará com a presença do Papa Bento XVI. Segundo Pe. Toninho, a JMJ é um capítulo importante dentro do projeto de evangelização da Igreja no Brasil: “Nosso grande projeto é que a Jornada Mundial da Juventude esteja dentro do Plano de Evangelização que segue até 2015. Por isso, estamos trabalhando o antes, com a peregrinação dos símbolos; o durante, com a JMJ e o depois para que o fogo abrasador do Espirito Santo continue ainda mais forte”, destacou. Na Arquidiocese de Porto Alegre, a mobilização iniciará quando da chegada dos símbolos da JMJ no Aeroporto Internacional Salgado Filho, dia 1o de novembro. Segundo explicou Pe. Márcio Lacoski, responsável pelo setor juventude do Vicariato de Porto Alegre, após a acolhida os ícones serão entregues à Diocese de Novo Hamburgo: “Após Novo Hamburgo, os símbolos vão peregrinar na Arquidiocese de Porto Alegre nos dias 3, 4 e 5 de novembro”. Além de Porto Alegre, 17 dioceses que compõem o Regional Sul 3 da CNBB também receberão a visita dos símbolos da JMJ. O grande show missionário, o Projeto Bote Fé, reunirá toda a juventude gaúcha em Santa Maria no dia 10 de novembro. A escolha de Santa Maria como palco para o Bote Fé aconteceu pela localização geográfica e pela grande celebração do dia 11, que lembra Nossa Senhora Medianeira, padroeira do Rio Grande do Sul.

Movimento de Cursilho

Trezena de Santo Antônio

Com o objetivo de marcar o início das atividades em 2012, o Movimento de Cursilhos da Arquidiocese de Porto Alegre realizou, na casa de retiros Vila Bethânia, no dia 11 de março, um encontro com cursilhistas de diversos municípios e paróquias de nossa Arquidiocese. Mais de 60 cursilhistas participaram deste encontro, que foi iniciado com a celebração eucarística presida pelo Pe. Cesar Leandro Padilha, assessor eclesiástico do MCC na Arquidiocese. Pela manhã e à tarde houve palestras e depois os cursilhistas foram em romaria até a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes para a oração do santo terço. Ao final do encontro foi anunciada a Assembleia do MCC que se realizará em dois meses para a eleição e posse do novo Grupo Executivo Diocesano – GED, que é o órgão diretivo do movimento na Arquidiocese.

Foi aberta no dia 13 de março, a caminhada de preparação para a Festa de Santo Antônio do Partenon, no dia 13 de junho de 2012. A data está distante, mas serão treze terças-feiras com Santo Antônio. A trezena envolve a comunidade porto-alegrense numa atividade de fé e e devoção, já que os devotos chegam de diversos bairros. O pároco, Frei Luiz Turra, disse que este é um ano especial, porque 2012 foi escolhido pela Igreja Católica como o Ano da Fé. Ele afirmou que aqui em nossa comunidade estamos começando mais século de história da Paróquia Santo Antônio do Partenon. “A Porta da Fé para um novo Século” se abre para um grande futuro de nossas famílias e de nossa comunidade. “Este nosso primeiro passo da trezena trata do tema do perdão. Temos dificuldade de perdoar quem nos ofende, mas Jesus nos convoca a perdoar sempre, porque o perdão não tem limite”.

No dia em que completa 21 anos de ordenação episcopal, o arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, recebeu a visita de cortesia do exministro do Supremo Tribunal Federal, Paulo Brossard de Souza Pinto. Dom Dadeus o recepcionou para uma conversa amistosa, seguido de um curto passeio pela Cúria Metropolitana, onde o arcebispo apresentou parte das obras de restauro. O ex-ministro, exímio conhecedor da história gaúcha, não poupou conhecimento quando o assunto foi a Igreja e até mesmo de templos católicos pelo mundo, durante a conversa que teve com o arcebispo. Questionado sobre a decisão do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que determinou a retirada de crucifixos dos prédios da justiça gaúcha, o ex-ministro disse que suas declarações em um artigo veiculado pela imprensa estavam mantidas e que a visita ao arcebispo tratava-se de uma coincidência. Já o arcebispo metropolitano manifestou-se pela primeira vez sobre o assunto. Segundo Dom Dadeus, a decisão do Conselho da Magistratura não é uma questão entre o Estado e a Igreja e disse que acredita na revisão da decisão. O pastor da Igreja local destacou que a cruz é o símbolo de um país católico e que, antes de tudo, lembra de uma injustiça cometida. Dom Dadeus afirmou que a decisão não foi democrática e que a própria sociedade deve manifestar-se a respeito: "O Brasil é um país católico e democrático. Aqui cabem todos os credos. Mas um pequeno grupo não pode mandar nos destinos da maioria. Espero que os desembargadores vejam que a maioria é a favor do crucifixo", destacou o arcebispo.

Dom Dadeus recebeu visita de Paulo Brossard

NOTAS Liturgia - O primeiro encontro do ano dos coordenadores de liturgia das dioceses do Rio Grande do Sul aconteceu no dia 12 de março no Secretariado da CNBB – Regional Sul 3, em Porto Alegre. Treze dioceses e três Vicariatos da Arquidiocese de Porto Alegre estiveram representados. Presença marcante foi a de Dom Aloísio Dill, bispo diocesano de Uruguaiana e bispo referencial da Liturgia do Regional sul 3 da CNBB. Pe. Gustavo Haas, da Arquidiocese de Porto Alegre, e Pe. Marcelino Sivinski, de Santa Cruz, garantiram a assessoria no campo da liturgia nestes encontros. Focolares - O arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, recebeu em audiência o grupo Jovens Por Um Mundo Unido, segmento jovem do Movimento dos Focolares. A visita teve a finalidade de divulgar o evento mundial jovem Genfest 2012. Os "Genfest"s acontecem desde 1973 e são a inspiração da Jornada Mundial da Juventude que surgiu em 1982. O tema do Genfest 2012 é "Let's Bridge" (Construir Pontes) e convida todos a serem Pontes de Fraternidade no mundo. Jubileu - Os Palotinos estão em festa pelo 50° ano de Canonização de São Vicente Pallotti e no dia 20 de janeiro de 2013 celebrarão o Jubileu de Ouro de canonização do Fundador. O Ano Jubilar terá como tema: “Um ano com São Vicente Pallotti” com o lema: “Fazei resplandecer a santidade de Deus”.


Porto Alegre, abril de 2012 - 1a quinzena

Experiências, desafios e mudanças Página 5

Casamento: oportunidade maravilhosa ou armadilha ardilosa? Página 3

Padre corajoso

“Sou padre católico e concordo plenamente com o Ministério Público de São Paulo, por querer retirar os símbolos religiosos das repartições públicas. Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião. A Cruz deve ser retirada! Aliás, nunca gostei de ver a Cruz em Tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são barganhadas, vendidas e compradas. Não quero mais ver a Cruz nas Câmaras legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte. Não quero ver, também, a Cruz em delegacias, cadeias e quartéis, onde os pequenos são constrangidos e torturados. Não quero ver, muito menos, a Cruz em pronto-socorros e hospitais, onde pessoas pobres morrem sem atendimento. É preciso retirar a Cruz das repartições públicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causa das desgraças, das misérias e sofrimentos dos pequenos, dos pobres e dos menos favorecidos”. (a.) Frade Demetrius dos Santos Silva – S. Paulo/SP

(Manifesto publicado por ocasião do pedido de retirada dos símbolos religiosos das repartições públicas paulistas, solicitado pelo Ministério Público Federal de São Paulo. Fonte: Internet). Solidário

Iniciativa gaúcha provoca fortes reações A retirada dos crucifixos das dependências do Tribunal e dos Fóruns gaúchos também foi, recentemente, determinada pelo Conselho Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, acatando, por unanimidade, requerimento da Liga Brasileira das Lésbicas e entidades afins. A decisão causou e causa procedente polêmica e fortes reações contrárias, inclusive dentro do próprio Judiciário gaúcho, em que vários desembargadores decidiram manter os crucifixos em suas salas.

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