IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS
Porto Alegre, maio de 2012 - 2 a quinzena
www.jornalsolidario.com.br
Ano XVII - Edição N o 610 - R$ 2,00
Imagens: Solidário e Livro da Família
Que mundo deixarão pra mim? As decisões de agora decidirão o futuro da espécie A maior ameaça atual da humanidade é o homem. Que esquece que da vida da Terra depende sua própria sobrevivência. Que na Rio+20, em junho próximo, consiga dar um passo definitivo em favor das gerações que nos sucederem.
Páginas centrais e editorial, na página 2
Participe também deste mutirão Solidário. Assine já o Jornal da Família “Todos seremos transformados pela vitória de Jesus Cristo” É o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2012, iniciativa global do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) em parceria com o Secretariado pela Unidade dos Cristãos do Vaticano. No Brasil, a promoção é de responsabilidade do CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. Em Porto Alegre, terá celebrações entre 20 e 27 de maio na Catedral da Santíssima Trindade da Igreja Anglicana; Paróquias São Sebastião, São Pedro e do Rosário, da Igreja Católica; Catedral Metodista e Paróquias São Lucas, da Cruz e Reconciliação, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil.
Os telefones do Jornal Solidário: (51) 3093.3029 e (51) 3222.2314 e-mail: solidario@portoweb. com.br
A
2
RTIGOS
Editorial
Q
uando uma artista de renome nacional, numa cerimônia pública, quebra o protocolo, geralmente rígido, formal e cronometrado, para dizer:"Veta, Dilma!" ela se torna intérprete da vontade e do grito da maior parte do povo brasileiro. A aprovação do novo Código Florestal por parte da Câmara e do Senado foi uma demonstração de insanidade por parte da maioria destes pretensos “representantes do povo e do bem público”. No caso, representantes de predadores, que lucram com o agronegócio e exploram um bem que é de todos – rios, riachos, nascentes e fontes de água – como se fosse propriedade sua que pudessem utilizar como bem lhes aprouvesse. O que todos precisamos é criar vergonha na cara, maior consciência de que serão nossos filhos e netos que viverão no planeta, que herdarão de nossa geração e, principalmente, ter a coragem de uma Camila Pitanga para também gritar: “Veta, Dilma!” Uma imaginária “Carta da Terra” acusa esta geração e, particularmente, aqueles que fazem um uso exploratório e predador da Pacha-Mama (Mãe-Terra), ao dizer: “Se continuarem depredando os recursos naturais que preparei durante tanto tempo, são vocês, homens de pouco saber, as maiores vítimas. Parem de derrubar florestas! Parem de sugar minhas energias! Eu sobrevivi a grandes catástrofes naturais durante esses quatro bilhões e meio de anos de minha existência; se continuarem me depredando, são vocês que vão desaparecer porque eu ficarei inabitável”. Depois da Rio-92, agora a Rio + 20, eventos mundiais, programados para mudar este panorama sombrio que enche de nuvens ameaçadoras o horizonte da humanidade. E a pergunta que não quer calar: é possível uma mudança de rumos com o atual modelo econômico de acúmulo e de lucro a qualquer preço!? O Solidário, nas suas páginas centrais, enfoca o tema e traz opiniões. E se identifica com a afirmação do prof. Aloysio Ely quando afirma: “O modelo capitalista está esgotado, pois é ecologicamente predatório, socialmente perverso, política e economicamente injusto para o indivíduo, comunidades, países, nações e para a humanidade planetária. A sociedade capitalista não tem credencial, tampouco é capaz de promover o desenvolvimento sustentado, sem que haja profundas mudanças e reformas políticas, econômicas, culturais e sociais, inclusive uma reforma de sua doutrina e no pensamento filosófico liberal. A ONU não quer atacar o capitalismo, porque é o capitalismo que sustenta a ONU. Mas o capitalismo terá que se reformar ou vai desaparecer. Há traços de renovação, evolução. Há esperança! Mas continua com o princípio de acumulação sem limite”. Há esperança, sim. Até porque, no coração e na vida do cristão, a esperança sempre deve iluminar novos caminhos, novos horizontes, novas utopias. Sinal forte de esperança ocorreu na recente Assembleia Geral dos Bispos do Brasil (Aparecida/SP, 17 a 27/04/12, matéria na contracapa), quando foram lembrados os 50 ano do início do Concílio Vaticano II, este, o maior sinal de esperança de uma Igreja voltada para “as alegrias e os sofrimentos do povo”. Sinais de esperança foram alguns dos temas tratados durante a Assembleia, como o posicionamento em defesa dos territórios e dos direitos dos povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e demais populações tradicionais, além da nota sobre a reforma do Código Penal e a convocação para um voto responsável nas próximas eleições municipais. (attilio@ livrariareus.com.br)
CNPJ: 74871807/0001-36
Conselho Deliberativo
Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola
Voz do Pastor Dom Dadeus Grings
Arcebispo Metropolitano de P. Alegre
"Veta, Dilma!"
Fundação Pro Deo de Comunicação
Maio de 2012 - 2a quinzena
Voluntários Diretoria Executiva
Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj
Nossa ideia de Deus
J
untando todas as buscas humanas, chega-se a uma ideia de Deus, onde se encontram, de modo supereminente, as suas perfeições, extremamente simples, ou seja, sem nenhuma composição. Transcende o espaço e o tempo. É representado como infinita e eterna, ou seja, não limitada a algum espaço nem confinada a um tempo. Infinito se opõe, evidentemente, a espaço. É sua negação, ou seja, não se mede por ele. Nem está preso ao tempo. Contudo, se encontra onde houver espaço e tempo. Eterno é oposto do tempo. Tempo é estar dividido entre o antes e o depois, ao passo que eterno é ser todo de vez, sem passado nem futuro, ou seja, sem nada que esteja superado nem nada a aguardar. Adentrando o mistério divino, os filósofos, que não se querem limitar ao plano religioso de acolhida de sinais, falam da unidade, bondade e verdade de Deus. Seu ser é viver, conhecer e amar. Por isso, pode ser concebido por substantivos abstratos, com significações puras, como vida, verdade, bondade, amor... Criamos substantivos compostos para expressar sua natureza como onisciente, onipotente, onipresente... São ideias sobre Deus. No fundo, não passam de imagens intelectivas. Na verdade, não são Deus. Mas nos permitem pensar e falar dele, com alguma ideia a seu respeito. Afeta a inteligência. Mostra que crer em
Conselho Editorial
Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino
Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo
Deus é razoável. Não é absurdo. Conseguimos pensar algo dele. Quem crê nele certamente tem dificuldades de o expressar. Mas para quem não crê nele as dificuldades são muito maiores e chegam a ser insolúveis. Terá que apelar para o absurdo, para o caos, para a ausência de razão de ser de todas as coisas. Mas não basta fazer ou ter uma ideia de Deus, ou seja, não é suficiente satisfazer as exigências da razão. É preciso ir além e alimentar a vontade e os sentimentos. Numa palavra, existe uma necessidade inadiável de ir, com toda a vida, tendências e faculdades, até Ele. Fazer uma experiência de Deus. Viver em sua intimidade. Só então se responderá à tríplice pergunta básica acerca da vida: por que, para que e para quem viver. E respondendo, vivemos porque Deus nos criou: temos nele nossa razão de ser; fomos criados para nos realizarmos através de nossa colaboração com sua graça; e é para o próprio Deus para quem vivemos. Tirando Deus da vida, esta se esvazia: não tem donde nem para onde nem para quem se dirigir. Temos, pois, duas asas para chegar a Deus: a razão e a fé. O ser humano é, ao mesmo tempo, religioso e racional; vive da fé e se aprofunda pela ciência. Tem, por assim dizer, inata uma ideia de Deus, como o transcendente. A filosofia elabora as vias para chegar a Ele. Tenta falar também de sua natureza. É, porém, a fé que põe o homem em contato com Ele, envolvendo todas as suas dimensões no plano religioso.
Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS
Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul
Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.
Maio de 2012 - 2a quinzena
F
AMÍLIA &
S
OCIEDADE
3
Eu vivo com um avarento afetivo Deonira L Viganó La Rosa Reflexões extraídas de texto da jornalista Margaux Rambert
C
om os homens, as palavras doces, as declarações de amor, as pequenas atenções e outros gestos ternos são raros. Às vezes, inexistentes. “Em três anos e meio, meu companheiro quase nunca me fez surpresas agradáveis, beijos não são seu forte, olha lá para dizer bom dia e boa noite. Em público, ele se comporta como se não fôssemos um casal” – esta queixa é de Luísa, 31 anos.
Será uma característica masculina?
As mulheres têm o desejo e a necessidade de sentirem-se amadas e que este amor seja dito, mostrado, renovado cotidianamente: “Ele não diz que me ama”, “não me dá a mão na rua”, são declarações de mulheres visivelmente carentes de ternura. Os homens estão mais à vontade na ação, eles desejam mais fazer o amor do que manifestá-lo com palavras. É a maneira que eles têm de expressar sua ternura, seu desejo. Eles têm menor necessidade de demonstrações cotidianas. Mas a avareza afetiva não é somente uma característica masculina. Existem mulheres que são indiferentes, frias, fechadas para seus companheiros.
Avareza e amor parecem incompatíveis
Amar não é abrir-se, doar-se ao outro? As confidências cúmplices, as carícias compartilhadas na intimidade, não são elas que distinguem as relações amorosas de qualquer outra relação? Ao privar o outro de carinho, o avarento vai privando a si mesmo desta ternura. A verdadeira questão é, pois, saber a que esta avareza corresponde: A um medo de engajar-se? De ser absorvido pela relação? Ou a uma forte necessidade de diferenciação? Será uma expressão de poder sobre o outro?... A avareza afetiva é, em geral, um sintoma de um problema maior: quem sabe o casal está se debilitando porque um dos dois decidiu não mais colocar o oxigênio necessário ao bom funcionamento da relação, quem sabe seja urgente encontrar o que está disfuncional.
Fale de sua insatisfação, mas não tanto
Patrícia, 40 anos, ressentia-se de uma cruel falta de afeto. Então, ela participou isto ao seu marido. “Ele me respondeu que ele era assim. Eu então voltei e tornei a voltar ao problema. E, mais eu evocava minhas frustrações, mais ele se retinha. E isto nos afastava”. Até que o casal se separe... É importante comunicar ao outro suas fontes de insatisfação. Não o tempo todo, porque enquanto falamos muito, não escutamos. Além disso, não podemos mudar o outro. Então, ao invés de ficar acusando “tu não me abraças”, “tu não tens pequenas atenções comigo” melhor falar de nós. E interrogarnos: Quem na nossa relação traz a avareza? Desde quando ela existe? O que aconteceu? Muito investimento de um em seu trabalho? Um sentimento de descuido do outro, após a chegada dos filhos?
Será que não buscamos um companheiro avaro afetivo para fugirmos de uma relação anterior onde o companheiro era muito colado?
A cada um sua maneira de diferenciar-se
Dez Pain/sxc.hu
É preciso entender que cada um tem necessidade de respirar, de distanciar-se do outro, e isto cada qual o faz a seu modo. É preciso descobrir o quanto cada membro do casal necessita de manifestação de afeição, de proximidade, e quanto precisa de afastamento, de retirar-se ao seu silêncio. Se o homem precisa passar um tempo no jardim, mas ele não diz à esposa que ele tem esta necessidade de estar só, com a natureza, sem ela nem as crianças, ela poderá pensar que ele é avarento afetivo. Na verdade, estes momentos não são contra ela, mas para ela, e para seu casamento, que só poderá ser beneficiado.
O amor se mostra de múltiplas maneiras
Há mil e uma maneiras de amar. O risco, quando a frustração torna-se importante, é de não mais perceber que seu companheiro pode mostrar amor de outra maneira. Muito focada na ausência de beijos e de carícias, pode-se terminar por esquecer que ele prepara todas as noites a refeição ou se ocupa das crianças, e que ele traz todo dia um suporte essencial à família. Se as pequenas atenções são importantes, elas não constituem o único cimento do casal. Um casal é também uma empresa, uma célula econômica, não se reduz ao amor e à sexualidade. Ele se nutre de todos os projetos que estão ao redor do amor, das crianças ...
Pedimos muito?
Há quem fique cega pelas manifestações de amor: “Sinto sempre uma falta, uma necessidade afetiva ou sexual. Minha feminilidade sofre. Daria tudo para que ele me carregasse em seus braços”. Às vezes, esta aparente avareza afetiva é mais um sentimento do que uma realidade. Certas mulheres carregam uma necessidade infantil de carinho. Sentindo-se inseguras, elas procuram a mãe, no marido. Um amor que faltou em sua infância. Quando nos quei-
xamos da avareza do companheiro, é bom perguntarnos sobre as próprias capacidades e dificuldades em receber e buscar amor. Às vezes pedimos demais. E a avareza pode provir de uma falta de amor a si mesma.
O
4 Centenário de Guido Mondim Victor J. Faccioni Contabilista, economista e advogado
E
staria fazendo, agora, cem anos Guido Fernando Mondim, falecido em 20 de maio de 2000, pois nasceu em 6 de maio de 1912, em Porto Alegre. Centenário de um grande homem público e de um grande pintor, que de certa forma continua vivo, em suas belas telas, de tão hábil mão e visão de pintor. Mas não seria somente o artista a nos motivar sua lembrança, como também o homem público, político de grande liderança, pelo que foi mais conhecido no Estado, desde Caxias do Sul e depois senador e presidente do Tribunal de Contas da União.
Em 1950 concorreu à prefeitura de Caxias. Dessa campanha, tal o espírito extrovertido e hilariante de Mondim, que contam episódios. Um até parece lenda. Os antagonistas teriam programado um “enterro simbólico” da sua candidatura. Quando o cortejo fúnebre passava pelo centro, Mondim, de chapéu, capote de lã e manta, rosto quase coberto, se incorporou e chegou junto ao caixão que “levava seu corpo”. Em seguida, conseguiu substituir um dos que carregavam o “defunto” e, aí, desdobrou a manta, baixou a gola do capote, levantou um pouco o chapéu e acabou sendo identificado. Um dos participantes se assustou e gritou: “Pessoal, o defunto ressuscitou, está vivo, carregando o próprio caixão!” O que provocou sobressalto nos participantes, que correram, ficando Mondim sozinho. Não ganhou aquela eleição, o que não arrefeceu sua disposição. Em 1958 elegeuse senador, sendo reeleito, em 1966. Com o término do segundo mandato no Senado, em 1975, foi indicado ministro do TCU, do qual foi presidente em 1978. Mondim foi também atleta, líder classista, folclorista, escritor, poeta e dirigente-escoteiro. A vida política não impediu o desenvolvimento do dote artístico de pintor, estilo neoclássico, que tanto o notabilizou. Suas telas estão espalhadas no Brasil e pelo mundo, inclusive na Casa Branca, em Washington. Também em Brasília, no Senado, e aqui, na Assembleia Legislativa do RS, no TCE, retratando em cores mágicas a história do RS, nossa Serra, campos e paisagens, como tantos episódios da História e cultura gaúchas, ou revivendo figuras sacras, desde o “Cristo Banido” à “Via Sacra”. O TCE chegou a transformar a reprodução de uma de suas telas, “A Carga Farrapa”, numa honraria.
PINIÃO
Maio de 2012 - 2a quinzena
O Crucificado e a noção de um estado laico Antônio Estevão Allgayer Advogado
E
m atendimento à solicitação de pessoas estranhas ao poder judiciário foram retirados das paredes de um tribunal os crucifixos. Como justificativa de tal procedimento, alegou-se que somos um Estado laico. Causa surpresa o açodamento com que medida de larga repercussão e severas implicações foi tomada sem consulta prévia a juízes e representantes de órgãos públicos. Os motivos alegados para a retirada dos crucifixos são falaciosos e incompletos. Os crucifixos não constituem meros símbolos religiosos. São muito mais. Configuram um memorial ilustrativo do que foi um dos mais perversos julgamentos de todos os tempos, procedido por juiz covarde, intimidado pelo vozerio de uma horda de assassinos em potência. Ademais, não é pacificamente admissível a noção da laicidade do Estado. Flávio Tavares, jornalista e escritor de largo prestígio, a contesta. Em artigo sob a epígrafe O Crucificado assim se pronuncia: “Dizer que somos um Estado laico que não admite símbolos religiosos é falso e inadmissível. A ser assim, teríamos de terminar com o Natal e os feriados religiosos que pululam pelo calendário”. Nos Estados Unidos da América, considerados modelo de país democraticamente organizado e de raízes profundamente religiosas, o presidente eleito para o governo da nação presta juramento de fiel cumprimento de suas funções com a mão sobre a Bíblia. Onde e como chamar de laico tal procedimento ou o país que o admite? Mas há algo mais. Lá acompanhei um notário público a exigir de pessoa de minhas relações que jurasse em nome de Deus estar dizendo a verdade
num procedimento de interesse monetário. Em visita a um estabelecimento militar daquele país, vi uma capela (chapel), que pelo visto concluí ter sido construída e ser mantida a expensas do erário público. Assisti à inauguração de uma escola pública, em que um padre, um pastor e um rabino juntos fizeram uma prece antes de se realizar a cerimônia inaugural do prédio. O Dia Nacional de Ação de Graças é celebrado em todo o pais com fé e devoção de muitos. Volvendo ao Brasil, devo supor que, se fôssemos um Estado laico, deveriam ser riscados do mapa o monumento de Cristo Redentor no Corcovado, a catedral de Brasília, e, em Porto Alegre, o Asilo de Mendicância Padre Cacique, os prédios do Pão dos Pobres, a Santa Casa de Misericórdia, o abrigo de Menores de Rua, e centenas de instituições estipendiadas com dinheiro público. A sermos um Estado laico, por que não derrubar as cruzes dos cemitérios, que constituem símbolos de fé religiosa não menos densos de significado do que os crucifixos na parede de edifícios públicos? Lembro que freiras mal pagas atendem doentes em hospitais públicos e privados. Fidel Castro apresenta a jovens comunistas as freiras católicas de sua ilha como modelo de dedicação Há cerca de dois mil anos, pereceu no patíbulo da infâmia Jesus de Nazaré, cuja memória se eternizou e dividiu o nosso tempo entre antes dele e depois dele. Para os cristãos é Deus Humanado. Pessoas sem fé religiosa nele veem um homem inteligente, corajoso e inovador, o qual se colocou ao lado dos injustiçados e os ninguéns da vida. Pagou o alto preço de haver afrontado a autoridade religiosa do Templo-Estado de Jerusalém, o Sinédrio e o pretório de Pôncio Pilatos. Permito-me supor que os crucifixos na parede de um pretório, além de configurarem um símbolo, contêm uma advertência! Sabe quem me lê o que isto significa.
A idade e a sabedoria Antônio Mesquita Galvão Filósofo e escritor
N
o passado, idade era sinônimo de experiência e sabedoria. Os sábios e os filósofos, por exemplo, são sempre retratados como homens idosos, de cabelos e barbas brancas, passo lento e voz pausada. Por isso, eram respeitados e venerados como paradigmas da sociedade. Cabelo branco era sinônimo de distinção. Idade sempre foi sinônimo de experiência, o que levou o personagem Martin Fierro a afirmar que “o diabo sabe mais por ser velho do que por ser diabo”. Hoje, isto se inverteu. Neste início de século XXI, por dominarem as tecnologias da informática, da web, dos computadores e dos celulares de última geração, crianças, adolescentes e jovens se converteram na figura arrogante, e nem sempre simpática, do “sabe tudo”. Há tempos li uma cronista falar em “anões intelectuais”, referindo-se a esses sabichões mirins que gostam de exibir domínio, e que numa reunião com os adultos costumam falar alto e polarizar o assunto para demonstrar sua sapiência. O fato é que a maioria dos jovens hoje tem pouco respeito pelos velhos (e sua sabedoria), ridicularizando-os. Não sabem eles que, se sobreviverem, um dia serão idosos com todas as limitações que a idade impõe. Em consequência desse confronto, muitos idosos desprezam os
jovens, afirmando que eles são superficiais e não sabem nada de consistente. A idade, segundo os idosos, é algo irrelevante segundo algumas profecias auto-realizáveis, que mostram pessoas de sessenta ou oitenta anos com excepcionais condições de vida com qualidade. Niemeyer, com mais de cem anos, está aí para confirmar essas assertivas. Muitas empresas modernas preferem aposentados para qualificar seus quadros de executivos empreendedores. De outro lado, alguns jovens de 18, 20 ou 30 anos revelam perfis desestruturados e pouco amadurecidos, adultos ainda presos à saia da mãe, à carteira do pai ou à mesada da esposa. Esses foram “castrados” pelos pais, impedidos de crescer, gerando uma falsa acomodação de quem, em muitos casos, não sabe aonde ir. Apesar de as leis nacionais decretarem que após os 60 anos as pessoas são idosas (Estatuto do Idoso) na prática, a despeito das limitações de alguns, a grande maioria se revela ativa, interessada e operadora. Não se pode generalizar. Existem sessentões que sofrem com a saúde e a inatividade, mas outros, a maioria quem sabe, estão aí para demonstrar que a vida não está no físico, mas naquilo que a cabeça elabora. O ser humano envelhece quando perde os referenciais da esperança, do entusiasmo e dos ideais. No passado, depois dos quarenta anos, um indivíduo era considerado velho; hoje, aos setenta, faz coisas que até Deus duvida.
Maio de 2012 - 2a quinzena
E
P
DUCAÇÃO &
5
SICOLOGIA
Controle e descontrole emocional Jorge La Rosa Professor universitário, doutor em Psicologia
N
ecessidade crucial da vida social é o autocontrole, fundamento de convivência fraterna; sem ele, o convívio é precário, primitivo mesmo. No instante de fúria tudo parece conspirar para que você pule no pescoço de alguém: o coração dispara, as pupilas se dilatam, os músculos recebem mais sangue e se preparam para o ataque troglodita que pode emergir do fundo de nosso ser. Divulgação
Alguém diz que tem personalidade forte e pavio curto. Irrita-se com facilidade. Personalidade forte e pavio curto, contudo, não se casam. Pavio curto é descontrole emocional, sinal de fraqueza. Nada de força, pelo contrário. A ciência, em contínuo desenvolvimento, deu endereço da regulação das emoções no cérebro. A notícia alvissareira é que controle emocional pode ser adquirido, inclusive pelos mais impulsivos, desde que utilizem estratégias adequadas.
Impulsividade e meditação
Elisa Harumi Kozasa, neurocientista do Instituto do Cérebro do Hospital Albert Einstein, em São Paulo (Caderno Equilíbrio, p. 4, Folha de São Paulo, 10.04.12) é uma das autoras de estudo recém publicado na revista internacional NeuroImage, que compara o desempenho de pessoas que meditam com outras que não meditam, em atividade que exige controle de impulsos. Os resultados mostraram que as que meditam obtiveram melhores resultados do que aquelas que não o fazem. A neurocientista afirma que a meditação modifica as áreas cerebrais, e que o córtex fica mais espesso em partes relacionadas à atenção, tomada de decisão e ao controle dos impulsos. Meditar ajuda a criar caminhos neurológicos mais claros, é como abrir uma brecha entre a emoção e o instante de decisão. Os efeitos da meditação, contudo, não são imediatos; após oito semanas já ocorre boa diferença, e, com o passar do tempo ,os ganhos são consideráveis; todos lucram, a própria pessoa e aquelas de seu entorno.
Outras técnicas
Além da meditação, existem outras técnicas de autocontrole que envolvem terapia comportamental e técnicas de reconhecimento facial de emoções. A ideia não é aprender a engolir sapos, nem forjar pensamento positivo; querer suprimir raiva e estresse pode ser autoilusão, é preciso entender o que causa o impulso, não rejeitá-lo. Emoções são respostas do organismo a estímulos internos ou externos, e o que determina o tamanho do pavio do indivíduo, seja longo seja curto, ou quanto ele é ansioso não é apenas questão de “gênio”, influência genética, mas também da cultura, o que não pode ser esquecido. Pavio curto e ansiedade são também questões de aprendizagem, assim como exercer autocontrole e agir com serenidade; o ambiente, as pessoas que nos cercaram principalmente na infância, mas também ao longo de nossa vida, ajudam a moldar as reações que manifestamos aos acontecimentos do cotidiano. Dar uma guinada, porém,
sempre é possível, enquanto vivos estivermos, não só num sentido biológico, mas especialmente psicológico e espiritual. Podemos sentir raiva, nojo, duas emoções universais, o que é involuntário e fisiológico; podemos decidir, entretanto, o que fazer com esses impulsos, trata-se de escolha. É possível controlá-los, o que exige que os reconheçamos e os nomeemos, o que se pode fazer através da meditação, ou podemos permitir que tomem conta de nós e nos governem. As consequências, entretanto, serão diferentes para um
e outro caso. Emoções e sentimentos têm singular importância no cotidiano de nossas vidas, e repercutem admiravelmente nas pessoas que caminham ao nosso lado, podendo torná-las mais felizes e esperançosas, ou, pelo contrário, tornar mais pesado o seu fardo. Depende da qualidade, e a nós cabe decidir quais emoções e sentimentos que acolheremos, e quais excluiremos, na jornada que nos é presenteada pelo bom Pai do Céu, que é definido por um sentimento: Amor (1 João 4,8). (larosa1134@gmail.com)
T
6
EMA EM FOCO
Maio de 2012 - 2a quinzena
Que planeta deixaremos p
Na luta contra a natureza, o gr
“A
continuar do jeito que estão depredando os recursos naturais que preparei durante tanto tempo, são vocês, homens de e veneno das fábricas nos rios e no mar! Parem de sugar minhas energias! Sofro, sim, com as feridas que abrem em m recupero. Vocês é que desaparecer
A Terra na UTI? O maior desafio de nossa espécie é manter o Planeta habitável. A maior parte dos ecossistemas da Terra encontra-se degradada ou sob severa pressão em consequência das atividades humanas. Talvez, novos estudos nem acrescentem muito para concluir que a humanidade fracassou em agir com a escala e a urgência necessárias. Assim mesmo, de tempos em tempos, depois do advento da Era Industrial, alguns homens sinceramente preocupados com o nosso futuro, servindo-se da ONU – Organização das Nações Unidas – têm-se encontrado para realizar um check-up da Terra e prescrever nova medicação.
Encontros sobre meio-ambiente
Os encontros recentes mais importantes foram em Estocolmo, Suécia, em 1972, onde a ONU realizou a Conferência sobre Meio Ambiente Humano de que, em abril de 1987, resultou o Relatório Brundtland (em alusão à primeira ministra sueca Gro Harlem Brundtland), conhecido como “Nosso Futuro Comum”, que populariza a expressão “Desenvolvimento Sustentável” e lança as bases para a Rio-92, também conhecida como Cúpula da Terra e Eco-92, realizada em junho de 1992. Na Rio-92 participaram 172 países, 108 chefes de estado, 2.400 representantes da sociedade civil e 17 mil ativistas do mundo inteiro, que se reuniram para o Fórum Global – evento paralelo promovido por ONGs e movimentos sociais no Aterro do Flamengo. Um novo encontro mundial, denominado Rio +20 – Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, também no Rio, está programado para acontecer entre 13 a 22 de junho de 2012. Nesses 40 anos de esforços pela conscientização, houve dezenas de encontros similares, reuniões, documentos e acontecimentos. Em dezembro de 1988, pistoleiros a mando de inimigos políticos e da natureza matam o seringueiro e defensor da floresta amazônica, Chico Mendes em Xapuri, no Acre, fato com repercussão mundial. Em novembro 1995, o governo da Nigéria manda enforcar o escritor e ativista ambiental nigeriano Ken Saro-Wiwa. Em 1997 é discutido na cidade de Kyoto, Japão, um protocolo de compromisso internacional visando a reduzir as emissões de gases poluentes e que os Estados Unidos se negam a assinar. O Protocolo de Kyoto entrou oficialmente em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005 e obriga os países industrializados a cortar em cinco por cento suas emissões de gases-estufa em relação aos níveis de 1990.
Rio+20: o que esperar?
Mesmo abordando com profundidade e honestidade, os gestores do mundo darão ouvidos às resoluções e alertas da Rio+20? Estarão bem conscientes de que a água é necessidade universal e vital, mas tem sido tratada com pouca atenção? Estarão cientes de que os oceanos acumulam 97 por cento da água do planeta e dos restantes três por cento, 33 por cento está nas capas polares de gelo, 22 por cento é água subterrânea, ficando o pequeno residual para formar os nossos rios e lagos? Lembrarão que, do total da área de 14,5 bilhões de hectares de Terra, há hoje uma disponibilidade de 1,5 bilhões de hectares de terras cultiváveis? Que, através da história, dois bilhões de hectares foram perdidos? Que hoje de cinco a sete milhões de hectares se perdem anualmente por degradação? Que só as florestas da América Latina abrigam quase a metade das espécies do Planeta e que a ameaça de desaparecimento significa extinção de centenas de milhares de espécies? Que é inviável dar à maioria da população da terra uma forma de vida que se iguale aos padrões dos países desenvolvidos, em consumo de energia, de proteínas, de escolaridade, de horas de trabalho? Que é inviável porque os sistemas ecológicos existentes seriam incapazes de assimilar os impactos decorrentes da atividade desenfreada, decorrente de uma economia global girando ao triplo da sua intensidade atual? Mas que pode ser desejável? Que mantido o atual crescimento econômico – não confundir com desenvolvimento! – a humanidade precisará de pelo menos dois outros planetas Terra no final do século XXI para manter os padrões correntes de consumo? Espera-se que na Rio+20, a ter lugar no Riocentro, os líderes globais definam um caminho para a transição rápida e justa ao desenvolvimento sustentável que assegure um padrão de vida minimamente razoável para a população mundial e interrompa a destruição dos ecossistemas.
Fotos arquivo Solidário o Vicente de Paulo
Maio de 2012 - 2a quinzena
A S ÇÃO
OLIDÁRIA
7
para nossos filhos e netos?
rande derrotado será o homem
e pouco saber, as maiores vítimas. Parem de derrubar florestas! Parem de lançar fumo e fuligem no ar! Parem de jogar lixo, sujeira mim. Mas cá estou: sobrevivi a trombadas e grandes catástrofes naturais durante esses quatro bilhões e meio de anos. Sempre me rão porque ficarei inabitável”. (Carta da Terra)
obtidas na Casa da Criança São
A juventude de hoje deixará melhor o Planeta! É a esperança do professor universitário, ambientalista, economista e ex-funcionário da Secretaria de Planejamento e Administração do Estado, Aloísio Ely (68 anos, na foto). Aloísio leciona Política e Planejamento Econômico e Economia do Meio Ambiente na Faculdade de Economia da UFRGS. “O interesse é muito grande tanto que precisa de sala especial para acomodar os 70 alunos nessa disciplina que é optativa. O efeito poderá vir daqui a duas gerações. Talvez para certas coisas, daqui a 100 anos. Mas algumas coisas já melhoraram: há mais consciência ecológica e há ações concretas, como Cubatão, que já foi a parte do Brasil mais poluída e já está praticamente recuperada” Ely é autor de “Desenvolvimento Sustentado e Meio Ambiente” - 1992 e “Economia do meio ambiente: uma apreciação introdutória interdisciplinar da poluição, ecologia e qualidade ambiental – 1986. Foi um dos pioneiros do movimento de desenvolvimento sustentado e escreveu seu primeiro livro – “talvez o primeiro em língua portuguesa” – depois de estagiar durante três anos e meio na Inglaterra para sua tese de doutorado sobre o tema no início da década de 1980. Deu palestras em todo o Brasil. Em 1983, introduziu a primeira cadeira de economia de meio ambiente no setor universitário, posta em prática em 1987. Participou ativamente da Rio-92 e está de malas prontas para a Rio+20.
O futuro da terra
Solidário – O planeta tem futuro? Ely - Sim. Mas o homem irá até o limite. Crescemos um bilhão a cada 12 anos. Em 2050 começará a reversão. O pior não é isso. A terra tem condições de dar condições, sim, se os recursos forem bem distribuídos. Mas hoje não é assim: apenas 10 por cento tem acesso a todos os bens. Ser populoso – como o é a Índia – não é elogio. A terra tem condições de sustentar 10 bilhões, desde que se tenham os cuidados necessários: ar limpo, água limpa e matas preservadas. Solidário – É possível com o atual modelo econômico? Ely – O modelo capitalista está esgotado, pois é ecologicamente predatório, socialmente perverso, política e economicamente injusto para o indivíduo, comunidades, países, nações e para a humanidade planetária. Falo abertamente. A sociedade capitalista não tem credencial, tampouco é capaz de promover o desenvolvimento sustentado, sem que haja profundas mudanças e reformas políticas, econômicas, culturais e sociais, inclusive uma reforma de sua doutrina e no pensamento filosófico liberal. A ONU não quer atacar
o capitalismo, porque é o capitalismo que sustenta a ONU. Mas o capitalismo terá que se reformar ou vai desaparecer. O comunismo já foi varrido. O capitalismo está deixando traços de renovação, evolução. Há esperança! Mas continua com o princípio de acumulação sem teto. Solidário - Como se dará isso? Ely – Reciclar e despoluir o ar, a água e os solos são tarefas relativamente bem mais simples, comparadas à reciclagem e despoluição de cabeças pensantes. A reciclagem da poluição social, cultural e política, consequentemente a econômica, são desafios maiores para a humanidade construir uma sociedade num modelo de desenvolvimento sustentável. A transição do velho indesejável (insustentável) para o novo desejável (sustentável) implica verdadeiras revoluções científicas, tecnológicas e institucionais. O homem precisa promover o progresso tecnológico adequado (usar tecnologias adequadas, sem agredir o meio ambiente) e o crescimento econômico igualmente adequado (crescer sem destruir o meio físico e cultural). O Planeta Terra nunca esteve tão pobre no mercado das grandes ideias, no pensamento político, pois sequer dispõe de um modelo de desenvolvimento alternativo, como antídoto à expansão do capitalismo mundial. “O que ocorrerá com a terra recairá sobre os filhos da terra”, escreveu o índio Seatle para o presidente dos USA em 1854. Precisamos uma visão holística. “O planeta Terra é um ente vivo com identidade própria, o único de sua espécie que conhecemos”, disse Lutzenberger. Solidário - E a lógica do consumo da cultura atual? Ely – Produzir, consumir, poluir (destruir), despoluir é um antimodelo de desenvolvimento sustentável, que deverá ser transformado num modelo de paz que segue outra lógica: produzir, consumir, reciclar, preservar. Esse é o maior desafio para mudar para o desenvolvimento sustentável. Solidário – O que diz sobre as novas tecnologias para esse esperado desenvolvimento? Ely - Elas já existem. Já temos fontes de energia renováveis, menos poluentes e perdulários de calor – luz com led, carros elétricos, geradores eólicos, solares, das marés, etc, etc. Mas sua aplicação massiva ainda sofre resistências, porque mexe com o monopólio. O sistema só vai se interessar se significar lucro, a menos que o estado imponha. Mas aí são outros 500.
8 Renovando-se...
S
Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista
R
ecentemente, assisti ao Ballet Nacional da Ucrânia, o que me levou a refletir sobre o papel da arte em nossas vidas. Saí do espetáculo encantada pelo desempenho dos dançarinos e pelo incrível colorido de suas roupas bordadas. O espetáculo, de mil movimentos e cores, que me envolveu, renovou minha alma! E pensei: quantas oportunidades dessas deixamos passar? E muitas vezes por puro comodismo, pois hoje há programas anunciados pelos jornais e TV. Há apresentações de orquestras, corais, shows e diferentes espetáculos abertos ao público, e gratuitos. Há exposições de arte em museus e galerias, amplamente anunciados e com entrada franca. O cinema nos traz filmes de qualidade com histórias reais ou fictícias que podem nos divertir, fazer pensar, analisar a sociedade e seus problemas atuais. E mesmo os espetáculos pagos podem ser uma questão de opção. Às vezes podemos desistir de um programa que culturalmente nada nos acrescenta, por outro de maior interesse. Ao longo dos anos, tenho observado o quanto nos faz bem sair de nossa rotina: um bom filme ou uma peça de teatro nos levam a conversar, a debater uma questão, enxergá-la de outros ângulos. Podemos concordar ou discordar da posição proposta pela obra, mas estaremos ampliando nossa visão sobre o problema. Exposições de arte, quer se aprecie ou não o trabalho do artista, também nos auxiliam nesse sentido. A contemplação da obra despertará sentimentos de encanto, aprovação ou rejeição. Mas mexe com nosso mundo interior. Além disso, prestigiamos, por vezes, pessoas que dão o melhor de si e acreditam no papel que a arte tem na promoção humana. Quando assistimos a conjuntos musicais, corais de associações ou escolas de periferia em que seus dirigentes têm um ideal e creem nas possibilidades de oferecer um mundo melhor às crianças e jovens que vivem em situação de alta vulnerabilidade social, estamos dando um crédito de confiança a esses grupos. Sabemos que não é fácil levar adiante esse trabalho, pois, além das carências materiais, há todo um contexto social que nem sempre favorece. Entretanto, boas notícias nos chegam desses trabalhos: jovens sem rumo e sem maiores perspectivas encontram um caminho e uma profissão através da música que tanto os encanta. Como pessoas, somos um todo. O crescimento numa área reflete-se nas demais dimensões de nossa vida e contribui para que a gente possa enxergar melhor o mundo à nossa volta, constatar a riqueza da diversidade, compreender melhor o ser humano, suas possibilidades e carências. E, talvez, à medida que nos aproximamos do outro, podemos chegar um pouco mais perto de Deus e de sua criação. (litamar@ig.com.br)
Maio de 2012 - 2a quinzena
ABER VIVER
Hipertensão arterial, controlar é preciso
Com diagnóstico simples e controle regular é possível reduzir os problemas causados pela pressão alta . A hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, é uma doença silenciosa, mas que pode causar sérios danos à saúde de seus portadores. Considerada o principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, estima-se que 20% da população mundial seja hipertensa. No Brasil, levantamento feito pelo Ministério da Saúde aponta que em 2010, 23,3% da população adulta sofria de pressão alta. Com o intuito de lembrar o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, transcorrido a 26 de abril passado, a Beneficência Portuguesa de São Paulo (www.bpsp.org. br) alertou sobre a importância do diagnóstico precoce e do controle periódico da pressão arterial. De acordo com Allyson Nakamoto, cardiologista da Instituição, apenas 40% da população hipertensa sabe que é portadora da doença. Segundo a Organização Mundial de Saúde, quem é hipertenso e não faz o controle adequado, pode ter uma redução na expectativa de vida de até 16 anos. “A hipertensão é o principal fator de risco para o desenvolvi-
www.henriqueelkis.com.br
mento de doenças cardiovasculares como infarto, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral. No entanto, por ser assintomática, é necessário que as pessoas adquiram o hábito de aferir a pressão regularmente”, afirma o cardiologista. A prevalência de pressão alta entre os indivíduos com mais de 60 anos de idade é de 50%, o que, segundo Nakamoto, pode dificultar a adesão ao controle pressórico entre a população adulta mais jovem. No entanto, a Sociedade Brasileira de Hipertensão estima que 5% da população brasileira adulta jovem seja portadora da doença. Quem não tem uma alimentação saudável, quem ingere muito sal, não pratica atividade
Marília Hoffmeister Caldas - 21/05 Kaoru Moriguchi - 20/05
Visa e Mastercard
Albano L. Werlang CRP - 07/00660
TERAPIA DIRETA DO INCONSCIENTE Cura alcoolismo, liberta antepassados, valoriza a dimensão espiritual Vig. José Inácio, 263 - conj. 113 - Centro - POA 32245441 - 99899393
física regular, consome álcool de forma exagerada e tem histórico de hipertensão na família tem maior risco de se tornar um hipertenso. “A fase escolar deve exigir mais atenção dos pais. Isto contribuirá para o controle dos hábitos nutricionais, inclusive a ingestão exagerada de alimentos industrializados, geralmente com alto teor de sódio. O ideal seria optar por uma alimentação mais natural, rica no consumo de frutas, verduras e legumes”, afirma o especialista.
Diagnóstico precoce é fundamental
O diagnóstico de hipertensão arterial é facilmente obtido através da aferição dos níveis pressóricos em pelo menos três ocasiões diferentes em condições adequadas do paciente. Deve ser realizado por profissional qualificado e com equipamento adequado. Além da aferição em consultório, a pressão alta pode ser diagnosticada e acompanhada através de monitorização residencial da pressão, com o uso de equipamentos domésticos de aferição de pressão, disponíveis no mercado. “Em indivíduos jovens e saudáveis a pressão arterial deve ser de 12 por 8. É importante aferir a pressão regularmente para que a qualquer sinal de alteração a pessoa procure um médico e descubra o porquê da alteração da pressão arterial”, afirma Nakamoto.
E
Maio de 2012 - 2a quinzena
Humor
9
SPAÇO LIVRE
Jogos olímpicos
O galo que cantava para
Pe. Roque Schneider, SJ
fazer o sol nascer
Escritor
VÁRIAS Passa um avião numa região onde ainda existem canibais. Pai e filho fixam seus olhos no aparelho e o pai comenta: - Tá vendo aquele pássaro lá, filho? Ele é muito gostoso. Mas só dá para comer o recheio... xxx O analista conversa com o paciente: - Infelizmente, nada posso fazer para solucionar o seu problema. É hereditário! - Então, mande a conta para o mei pai! xxx Não precisa abrir tanto a boca, diz o dentista ao cliente. - Mas o senhor não vai colocar a broca? - Vou, mas eu fico do lado de fora! xxx Seu Zé almoça no mesmo restaurante há nuitos anos. Um dia, resolveu atravessar a rua e almoçar em frente. Questionado sobre a mudança, explicou: - Estou seguindo orientação do meu dentista, que me recomendou mastigar do outro lado... xxx - Gostaria de colocar uma nota fúnebre sobre a morte da minha esposa. - Quais são os dizeres? - "Sara morreu". - Só isso - espanta-se o atendente. - Sim, não quero gastar muito. - Mas o preço mínimo permite até cinco palavras. - Então coloca: "Sara morreu. Vendo Monza 94".
A
Campanha da Fraternidade deste ano nos faz meditar sobre um tema muito importante e atual: “A Fraternidade e a Saúde Pública”. O povo romano de outrora tentava viver um famoso ditado popular: mente sadia em corpo sadio... em latim: “mens sana in corpore sano”.
A fonte e origem deste ditado histórico, medieval, encontra-se na velha Grécia, berço das Olimpíadas, o maior e mais célebre evento esportivo-religioso da Antiguidade. Os gregos acreditavam piamente que um corpo sadio era um jeito de honrar os deuses. Ao longo de doze séculos, atletas de toda a Grécia se reuniam na cidade de Olímpia para disputar as provas do maior evento esportivo do mundo antigo. As competições obedeciam a um ideal sagrado. Vencer e honrar a vitória, em nome da paz. Na verdade, foi a conjugação de muitos fatores que gerou o nascimento dos Jogos Olímpicos da Grécia. Os cuidadosos preparativos, a minuciosa seleção dos atletas, os rituais sagrados no início, durante e no final das competições, a festiva coroação dos vitoriosos, sua consagração final em Olímpia, em Atenas, projetam diante dos nossos olhos um magnífico panorama, digno de ser recordado. Os gregos da época conferiam pompa e grandiosidade aos Jogos Olímpicos, porque este notável evento esportivo celebrava a paz e a busca da harmonia entre corpo e alma. E o povo nutria também a serena convicção de que as práticas esportivas estimulavam decisivamente o vigor atlético dos soldados, potencializando sua capacidade de rápido deslocamento e eficiente movimentação. Um dos lances mais simpáticos dos Jogos Olímpicos: a trégua sagrada que acontecia, nacionalmente, ao longo de três meses. Era tempo de paz coletiva. Guerras e hostilidade cessavam por completo, ao longo de cada Olimpíada, na lendária e histórica Grécia. Bem administrado, até o esporte pode ser um magnífico caminho da paz, da saúde e da concórdia, de que nosso conturbado milênio de hoje tanto necessita.
RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2012 está à venda na Livraria Padre Reus e também na filial dentro do Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo. Faça o seu pedido pelos fones: 51-3224.0250 e 51-3566.5086 ou através do e-mail: livrariareus@li-
vrariareus.com.br
Dom Hélio Adelar Rubert Arcebispo de Santa Maria
E
ra uma vez um galo que acordava bem cedo todas as manhãs e dizia para a bicharada do galinheiro:
- Vou cantar para fazer o sol nascer... Ato contínuo, subia até o alto do telhado, estufava o peito, olhava para o nascente e cantava seu belo canto! E ficava esperando. Dali a pouco, a bola vermelha começava a aparecer, até que se mostrava toda, acima das montanhas, iluminando tudo. O galo se voltava, orgulhoso, para os bichos e dizia: - Eu não falei? E todos ficavam boquiabertos e respeitosos ante o poder tão extraordinário conferido ao galo: cantar para fazer o sol nascer. Ninguém duvidava. Tinha sido sempre assim. Havia grande ansiedade entre os moradores do galinheiro. E se o galo ficasse rouco? E se esquecesse da partitura? Quem cantaria para fazer o sol nascer? O dia não amanheceria? E por causa disso cuidavam do galo com o maior cuidado. Ele, sabendo disso, sempre ameaçava a bicharada, para ser mais bem tratado. - Olha que eu enrouqueço! - dizia. E todos se punham a correr, para satisfazer as suas vontades. O galo, por sua vez, tinha enormes oscilações emocionais. Pela manhã, depois de o sol nascer, sentia-se como um deus, onipotente e admirado e não era para menos. Mas à noite vinham a depressão e a ansiedade. - Não posso perder a hora, dizia. Se eu não cantar, o sol não vai nascer. E não conseguia dormir um sono tranquilo. Isto, na verdade, acontece com todas as pessoas que se acham poderosas assim. Paira sempre sobre elas a ameaça de fim do mundo. Aconteceu, como era inevitável, que certa madrugada o galo perdeu a hora. Não cantou para fazer o sol nascer. E o sol nasceu sem o seu canto. O galo acordou com o rebuliço no galinheiro. Todos falavam ao mesmo tempo. - O sol nasceu sem o galo... O sol nasceu sem o galo... O pobre do galo não podia acreditar naquilo que seus olhos viam: a enorme bola vermelha, lá no alto da montanha. Como era possível? Teve um ataque de depressão ao descobrir que o seu canto não era tão poderoso como sempre pensara. E a vergonha era muita. Os bichos, por seu lado, ficaram felicíssimos. Descobriram que não precisavam do galo para que o sol nascesse. O sol nascia de qualquer forma, com o galo ou sem o galo. Passou-se muito tempo sem que se ouvisse o cantar do galo, pois estava deprimido e humilhado. O que era uma pena: porque é tão bonito. Canto de galo e sol nascente combinam tanto. Parece que nasceram um para o outro. Até que, numa bela manhã, o galinheiro foi despertado de novo com o canto do galo. Lá estava ele, como sempre, no alto do telhado, peito estufado. - Está cantando para fazer o sol nascer? - perguntou o peru em meio a uma gargalhada. - Não, - respondeu o galo. Antes, quando eu cantava para fazer o sol nascer, eu era doido varrido. Mas agora eu canto porque o sol vai nascer. O canto é o mesmo. E eu virei poeta... (Adaptação da fábula contada por Rubem Alves)
10
I
C
GREJA &
Solidário Litúrgico 20 de maio - Festa da Ascenção do Senhor Cor: branca
1a leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 1,1-11 Salmo: 46(47), 2-3.6-7.8-9 (R/. 6) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 1,17-23 Evangelho: Marcos (Mc) 16,15-20 Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos leia, antes, os respectivos textos bíblicos. Comentário: Este é um domingo de festa. Jesus, depois de viver sua história humana, depois de liderar um movimento religioso diferenciado de todos os que eram conhecidos na época, depois de formar um pequeno grupo de homens e mulheres dispostos a continuar sua obra, ele “se eleva”, desaparece entre as nuvens, volta para o Pai. Não sem antes deixar uma missão: Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura (16,15). A maior e principal missão de todo cristão é ser um comunicador do Evangelho de Jesus, de uma boa notícia para toda a humanidade. Ser cristão é ser missionário/comunicador da Boa Nova e ser presença desta Boa Nova em todos os ambientes onde vive e atua: na família, no local de trabalho, na comunidade, na sociedade. Então, a pergunta: mas o que é, mesmo, esta Boa Nova... em que consiste a atividade missionária de todo cristão? Jesus fala em expulsar demônios, falar diferentes línguas, tomar veneno sem que faça mal, curar doentes (cf 16, 17-18)”. Muitas vezes isso tem sido mal interpretado. Thomaz Hughes diz que a expulsão dos demônios significa “expulsar da convivência humana os sinais do mal que escraviza e oprime milhões de pessoas, através de estruturas econômicas, sociais e até religiosas, de exclusão”; que falar em línguas é criar “uma nova língua do diálogo e respeito, da justiça e da solidariedade; que tomar veneno sem que lhe faça mal é “superar tanto veneno semeado durante milênios na convivência humana, expressado através do racismo, machismo, clericalismo, e todos os “ismos” que excluem e dividem as pessoas; e, finalmente, curar doentes significa “lutar para que todos tenham a vida e a tenham plenamente (Jo 10, 10). Como fez Jesus, não somente fazendo curas individuais, mas restaurando a saúde integral, das pessoas e da criação, através da vivência comunitária e individual do projeto de Jesus. Seria trágico se esses elementos ficassem reduzidos à busca de “milagres” duvidosos, a falação de supostas “línguas dos anjos” e a satanização de tudo, confundindo expressões de desequilíbrio emocional com a presença diabólica”. Já é hora de despertar da letargia de uma fé acomodada, individualista e alienada do mundo e seus problemas reais e concretos. Já é hora de despertar, viver e comunicar uma fé viva e transformadora, uma fé com sentido para a toda a humanidade.
27 de maio - Festa de Pentecostes Cor: vermelha
1a leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 2,1-11 Salmo: 103(104), 1ab.24ac.29bc-30.31.34 (R/. 30) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 12,3b-7.12-13 Evangelho: João (Jo) 20,19-23 Comentário: Festa do Divino, Domingo de Pentecostes, Descida do Espírito Santo, Festa do Perdão. Várias designações para marcar o nascimento de um projeto eclesial, mais movimento ou comunidade de irmãos e irmãs do que “igreja”, no sentido estrito de uma instituição, com regras, normas, cânones, estatutos, estrutura, sede e foro. A “igreja” de Jesus tem sede e foro no coração das pessoas. Ela tem um mandamento central, sim, pelo qual seus membros devem ser reconhecidos: o amor solidário, especialmente com os mais pobres e necessitados. E como duas faces da mesma moeda, a igreja de Jesus apresenta, num dos lados, o amor solidário, e no outro lado, o perdão. Amor e perdão são duas faces inseparáveis neste projeto, neste movimento, nesta comunidade de irmãos e irmãs, nesta igreja. Quem ama com amor solidário sempre acolhe o outro no perdão; e quem perdoa é porque ama a quem o ofendeu. Neste sentido ganha toda a força e constante atualidade a invocação da oração central do cristão, a prece das preces da igreja de Jesus, o Pai Nosso: Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido! A Festa de Pentecostes, além da festa do perdão e do amor solidário, é uma festa missionária. A igreja de Jesus, pela ação do Espírito Santo, já não é uma seita judaica, mas se transforma numa comunidade universal, comprometida com a construção de um novo tempo, de um “Reino” que encontra seu habitat no coração e na vida das pessoas. É um reino sem reis nem nobres, sem poderosos nem escravos, sem raças superiores nem inferiores, sem nações ricas nem pobres, sem privilegiados nem excluídos, sem “pagãos” nem “crentes”. Neste Reino todos são filhos e filhas do mesmo Pai que está nos céus. Mas é um Reino sempre em construção, em processo, que não encontra realização plena na história humana. Um Reino feito de pessoas, de gentes de todas as raças e línguas, povos e nações, que, pelo sopro do Espírito do Senhor Jesus, são artífices, construtores de um tempo de concórdia, de paz, de perdão, de amor. Ontem como hoje, o Espírito de Jesus sopra onde quer, sobre quem quer e sempre em favor deste Reino de justiça, de perdão e de amor. (attilio@livrariareus.com.br)
Maio de 2012 - 2a quinzena
COMUNIDADE
Catequese O que é evangelizar e o lugar da Catequese* Objetivos: - Saber que a evangelização tem a função de anunciar o Evangelho e de chamar à conversão; - Reconhecer a catequese como um momento importante no processo evangelizador; - Perceber que é necessária uma boa coordenação da Catequese de Iniciação no projeto catequético da cada comunidade cristã. 1. O que é evangelizar Hoje, mais do que nunca, numa sociedade envolta pela descrença e na qual Deus parece não ter lugar ou, se o tem, está muito aquém do merecido, surge a urgente necessidade de evangelizar. A missão da Igreja, hoje, continua a ser a mesma de Jesus, evangelizar todas as nações para levar a Boa Nova a todas as parcelas da Humanidade... transformálas a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade, ou seja, anunciar o Reino de Deus . O “verbo” evangelizar aponta-nos inevitavelmente para o Evangelho enquanto anúncio de Jesus Cristo e da sua mensagem universal de salvação. Este alegre anúncio comporta o propósito da conversão por parte de quem o ouve, de modo que aceite a Boa Nova e assuma o Batismo. Ao mesmo tempo, a evangelização, no seu segundo momento, “inicia na fé e na vida cristã, através da catequese e dos sacramentos de iniciação, aqueles que se convertem a Jesus Cristo, ou aqueles que reencontram o caminho do seu seguimento, incorporando os primeiros na comunidade cristã e a ela reconduzindo os outros”. É a etapa catecumenal. 2. As etapas do processo evangelizador O processo evangelizador organiza-se em três etapas ou momentos essenciais que, não sendo compartimentos estanques, se repetem se necessário for, tendo em vista o crescimento espiritual da pessoa e da comunidade. A primeira etapa diz respeito à ação missionária que é dirigida aos não crentes, no nosso caso, batizados ou não; aos que nunca tiveram fé ou a perderam; aos afastados da fé cristã; aos que vivem e organizam a sua vida à margem da vida cristã. Esta etapa termina quando aqueles que por ela passam descobrem a salvação em Deus por Jesus Cristo e começam a orientar a sua vida e ações para Ele. A Ação Catequética é a segunda etapa deste processo e dirige-se àqueles que descobriram a Boa Nova através da ação missionária e optaram por Jesus Cristo. Este momento é de aprofundamento da fé e integração na vida da Comunidade Cristã: é o tempo da aprendizagem de toda a vida cristã. Por último, temos o momento dedicado à Ação Pastoral, que integra já a atividade de todo o batizado que participa na vida da comunidade e em favor da mesma de uma forma ativa através de serviços concretos, aos que corresponde a vocação de cada um. Estas etapas procuram espelhar a missão eclesial que “recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos e constitui o germe e o princípio deste Reino na terra” (LG 5). *Departamento Arquidiocesano de Catequese - Portugal
Maio de 2012 - 2a quinzena
E
A
SPAÇO DA
RQUIDIOCESE
Arquidiocese ordenou sete novos diáconos Em uma celebração eucarística que lotou a Catedral Metropolitana na tarde de 6 de maio, a Arquidiocese de Porto Alegre ordenou sete novos diáconos como primeiro grau do sacramento da ordem. São cinco seminaristas oriundos da Arquidiocese e dois da Fraternidade Nossa Senhora da Evangelização, da Paróquia São Martinho. O arcebispo metropolitano, Dom Dadeus Grings, presidiu a missa e acolheu a ordenação os novos diáconos. Da Arquidiocese de Porto Alegre, foram ordenados os seminaristas: Charles Vargas, Jorge Vitczak, Maico Pezzi, Márcio Guimarães, Rodrigo Wegner. Além destes, também foram ordenados diáconos os irmãos
Coordenação: Pe. César Leandro Padilha
Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre
vocação que Deus nos proporcionou através da Pastoral Vocacional”, disse. O arcebispo enfatizou que a sociedade precisa redescobrir os valores cristãos e que o SIM dado pelos jovens para serem colaboradores do Reino de Deus engrandece a missão: “Deus suscita vocações para que os valores que Ele provoca entre nós não se percam, mas sejam transmitidos e vivenciados na sua Igreja e no mundo”. Dom Dadeus acrescentou ainda: “Hoje ficamos felizes de ter sete servidores desta Palavra de Deus. Servidores de nossa Igreja, servidores de nosso povo. Então, nesta união e nesta colaboração onde todos nós nos sentimos comprometidos para que o Reino de Deus cresça cada vez mais”, disse, finalizando sua reflexão. Após a homilia, cada seminarista fez o juramento de respeito e fidelidade a Dom Dadeus e ao seus sucessores. Depois do juramento, os jovens prostram-se como sinal de entrega total, enquanto a assembleia cantou a ladainha dos santos.
Família
Gilson Lucena e Felipe Lucena Neto, pertencentes à Fraternidade Nossa Senhora da Evangelização, da Paróquia São Martinho. O Rito de Ordenação Diaconal iniciou logo após a Liturgia da Palavra. Os formadores, Pe. Leandro Chiarello e o Pe. Ladislau Molnár, apresentaram os candidatos ao arcebispo e à comunidade. Os seminaristas foram interrogados publicamente sobre a sua vocação. Após, tomaram assento próximo ao altar para ouvirem a homilia de Dom Dadeus. Em sua reflexão, o arcebispo destacou que a cerimônia de ordenação acontece dentro da vivência do Ano Vocacional Arquidiocesano, e que a Igreja colhe os frutos do trabalho realizado pela Pastoral Vocacional: “Pertencer à Igreja - Nós não podemos trabalhar pelo Reino de Deus sem ser da Igreja. Sem amar esta Igreja. Sem nos integrarmos a sua caminhada: pregação e evangelização. Estamos aqui para acolher esta
11
Após este ato, aconteceu a ordenação diaconal pela imposição das mãos do arcebispo. Familiares e padres vestiram os seminaristas com a estola e a dalmática, veste que representa o diaconato. Este foi o momento de forte emoção, bastante aplaudido. Finalizando o ato de ordenação, os neo-diáconos receberam o livro dos Santos Evangelhos, onde são enviados como mensageiros. Os bispos e vigários episcopais cumprimentaram a cada um dos diáconos. Os ordenados também receberam as saudações de boas vindas dos demais diáconos e de cada um dos padres da Arquidiocese. Falando em nome dos recém-ordenados, o diácono Maico Pezzi disse que o momento poderia ser resumido em três palavras: gratidão, generosidade e serviço. O diácono agradeceu ao arcebispo, bispos, padres e formadores pelo apoio na caminhada. O seminarista lembrou a presença e o incentivo das família no cultivo da vocação: “Nossa família é que nos trouxe a esta nova família (Igreja). Obrigado a Deus por ter colocado nossos pais e parentes, por ter estado conosco (…) quem faz a figura do padre, do diácono é o povo”, disse.
Seminarista Ânderson Barcelos Martins
Equipe Kairós na Paróquia Santa Ana
Entre os dias 27 de abril e 1o de maio, os seminaristas maiores da Arquidiocese, acompanhados por seus formadores, fizeram sua peregrinação ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, e ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Foram dias intensos de convivência, amizade e, sobretudo, de oração. No Santuário Nacional, os seminaristas tiveram a oportunidade de participar ativamente da missa presidia pelo cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo. Nela, carregaram até o altar principal a réplica da imagem oficial de Nossa Senhora Aparecida. Neste ato os seminaristas renovaram sua consagração à Virgem Maria, Mãe de Deus. No Rio de Janeiro, os seminaristas foram acolhidos por paroquianos da Paróquia Nossa Senhora da Cabeça, no bairro da Penha, onde trabalha o Pe. Maikel Herold, de nosso clero que estuda Direito Canônico naquela cidade. Tiveram a oportunidade de subir até o Cristo Redentor, onde se celebrou a Eucaristia na capela/ santuário abaixo da imagem do Redentor. Juntos, em nosso Ano Vocacional, continuemos a rezar pelas vocações!
Durante o sábado, dia 5 de maio, a Paróquia Santa Ana recebeu a Equipe Kairós de Animação Vocacional. A equipe, composta por um sacerdote e quatro seminaristas, visita as comunidades paroquiais para realizar o trabalho de Animação Vocacional. Na comunidade, realizou diversas atividades durante a tarde e também participou da Celebração Eucarística. No início da tarde, a equipe encenou um teatro de fantoches para as crianças do grupo Girassol e Coroinhas, onde trouxeram como temática central o significado de Vocação e a importância da participação das crianças na comunidade. O pároco, Pe. Gelson Ferreira, destacou a importância da presença da equipe na paróquia, dizendo que “sentimonos muito felizes em acolher em nossa paróquia a equipe Kairós, que realiza este bonito trabalho de Animação Vocacional permanentemente.
Peregrinação a Aparecida
Festa de Santo Antônio terá grande movimentação em Porto Alegre A preparação para a Festa de Santo Antônio deste ano terá muitas atrações e promete movimentar a cidade. Além da tradicional carreata e da Missa de Coroação de Nossa Senhora, a imagem do padroeiro vai visitar parques da capital e haverá apresentação de Orquestra Sinfônica na Igreja Santo Antônio do Partenon. Mais de trinta equipes de serviços estarão mobilizadas para atender bem aos devotos e visitantes que irão prestar suas homenagens a Santo Antônio e agradecer a Deus por tantas graças recebidas. Para este ano, foi escolhido o lema “Na Porta da Fé com Santo Antônio”. O objetivo é iniciar o segundo centenário da paróquia com uma grande convocação para a vivência da fé cristã. Toda a programação foi confirmada e aprovada na reunião do Conselho de Pastoral, na última quinta-feira. No dia 10 de junho, inicia-se o tríduo, com a conclusão da Trezena, no dia 5 de junho. No dia 12 de junho, às 20 horas, haverá a procissão dos namorados, pedindo a bênção e a proteção para aqueles que se preparam para constituir novas famílias. A programação, no entanto, começa no dia 27 de maio, com a presença da imagem de Santo Antônio no Parque Moinhos de Vento. Durante todo o dia haverá acolhida e bênção aos devotos. A mesma atividade acontece no dia 3 de junho, no Parque Farroupilha. Rainha da Humanidade No dia 30 de maio, às 19h, haverá Missa de Coroação de Nossa Senhora como Rainha da Humanidade, com homenagem às mães. Esta é uma iniciativa da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida organizada pela Escola Rainha do Brasil, que envolve toda a comunidade. Outra grande movimentação acontece no dia 10 de junho. A partir das 15 horas, será realizada a Carreata de Santo Antônio, percorrendo pelo menos dez bairros da Capital. MÚSICA – Para os apreciadores da música erudita, foi preparada uma atividade especial neste ano. No dia 27 de maio, às 19h30min, após a celebração da noite, haverá uma apresentação do espetáculo SESI Catedrais na Paróquia Santo Antônio. Uma orquestra irá apresentar peças de vários compositores, com a plasticidade e a harmonia que a música erudita proporciona.
Porto Alegre, maio de 2012 - 2a quinzena
As deliberações da Assembleia dos bispos brasileiros
Depois de nove dias de reflexão, discussão e oração em torno do tema central A Palavra de Deus na Vida e Missão da Igreja, entre 17 e 26 de abril passado, os 338 bispos de todo o Brasil concluíram, no último dia, sua 50a Assembleia Geral. Durante o encontro, foram divulgadas diversas notas, com destaque para a intitulada "Em defesa dos territórios e dos direitos dos povos indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e demais populações tradicionais” e para a que trata da reforma do Código Penal.Também divulgaram nota sobre as próximas eleições municipais, convocando os eleitores a um voto responsável. Celebraram ainda os 50 anos do início do Concílio Vaticano II – considerado o mais importante fato da história recente da Igreja –, as 50 Assembleias Gerais e os 60 anos da criação da CNBB. Entre os compromissos assumidos em conjunto estão a preparação para o Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação, em julho próximo, em Aparecida (SP); os preparativos para o II Seminário Teórico e Prático de Comunicação para os Bispos, que está marcado para julho de 2013, na Universidade Católica de Pernambuco, em Recife (PE), bem como a elaboração do Diretório de Comunicação. E, ainda, os preparativos para o próximo 13o Intereclesial das
Romaria de Fátima mobiliza escolas da zona Norte Novena e romaria em honra à padroeira do Santuário N. Sra. de Fátima envolve as escolas da Rede São Francisco na zona Norte de P. Alegre entre os próximos dias 11 e 20 de maio. É a seguinte a programação: Novena: Durante a semana: 9h e 16 no Santuário Nossa Senhora de Fátima com participação das Escolas da Paróquia Estudantil. Às 20h na Igreja Santa Rosa de Lima. Sábados: 9h e 16h no Santuário Nossa Senhora de Fátima. Às 18h30min na Igreja Santa Rosa de Lima Domingos: 10h e 16h no Santuário Nossa Senhora de Fátima. Às 9h15min na Igreja Santa Rosa de Lima. Dia 13 de maio – domingo – Dia das Mães e de Nossa Senhora de Fátima, missa às 10h e 16h. Durante o dia todo, bênção da saúde, terços, imagens, velas, chaves e objetos Dia 20 de maio – domingo - Romaria de Fátima 9h – concentração e saída da Romaria na Igreja Santa Rosa de Lima - Av. Bernardino Oliveira Paim, nº 82 – Vila Santa Rosa - com animação do pároco Pe. José Antônio Heinzmann. Procissão em um trajeto de aproximadamente 6 quilômetros. 10h – Missa Solene no Santuário Nossa Senhora de Fátima, Rua N. Sra de Fátima, nº 50
Gravura de Clarice Jaeger
Divulgação
Mosteiro da Santíssima Trindade: um oásis de paz
Comunidades Eclesiais de Base, que vai acontecer em julho, na cidade de Juazeiro do Norte (CE). Também foram apresentados os preparativos para a Jornada Mundial da Juventude.
“Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja”
É o documento final tirado da Assembleia e que aguarda sua publicação. O documento divide-se em três partes: “A Palavra de Deus”; “Nossa resposta à Palavra”; “A Palavra e os caminhos da missão”. Na primeira parte, o documento retrata o ensinamento do Concílio Vaticano II e da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini, do Papa Bento XVI sobre a Palavra de Deus. A segunda parte se refere a Deus que fala, que se revela, que se comunica com os homens e para quem é preciso dar resposta. A terceira parte apresenta as diversas linhas de ação para a animação bíblica de toda pastoral: linhas de ação para o Caminho de Conhecimento e Interpretação da Palavra; linhas de ação para o Caminho de Oração com a Palavra e Comunhão; linhas de ação para o Caminho de Evangelização e Proclamação da Palavra.
Fica na RST 471, km 1,8 da Linha Travessa, próximo da cidade de Santa Cruz do Sul. É ocupado por sete religiosas beneditinas em clausura, oferece atividades de artesanato, restauração de imagens, fabricação de licores e geleias, confecção de velas decorativas, ilustração de textos e mensagens, além de assessoria a retiros e encontros de aprofundamento em liturgia e espiritualidade. Também acolhe e hospeda interessados na busca de um tempo de silêncio e oração em meio a uma pródiga natureza em ponto mais elevado e com vistas para um verde vale situado longe do burburinho urbano. O Mosteiro da Santíssima Trindade se instalou definitivamente em Linha Travessa em 2005. Antes disso, estava em uma instalação precária. A instituição está aberta para receber oblatos beneditinos, isto é, leigos que se dedicam à espiritualidade beneditina.
Leitor assinante Ao receber o doc, renove a assinatura: é presente para sua família. No Banrisul, a renovação pode ser feita mesmo após o vencimento. E se não receber o jornal, reclame, trata-se de serviço terceirizado. Fones: (51) 3211.2314 e (51) 30.93.3029.