Ed_613_Jornal Solidario_1a_quinz_jul_2012

Page 1

IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, julho de 2012 - 1a quinzena

Ano XVII - Edição N o 613 - R$ 2,00 Solidário/Divulgação

Mutirão Solidário no Campo da Tuca A iniciativa é do Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS. Entre 13 e 15 de julho, alunos de diferentes cursos da Universidade farão uma revitalização do Centro de Reciclagem da Associação dos Moradores do Campo da Tuca, em Porto Alegre, constando de pinturas e pequenas reformas.

Afinal, o que é que vale? O estímulo ao aumento do consumo em geral e à aquisição de carros vai na contramão do que o Governo pregou na Rio+20. Só no mês de maio, a venda de carros novos no Rio Grande do Sul cresceu 5,21% na comparação com abril, conforme o Sincodiv/Fenabrave-RS. Foram emplacadas 24.139 unidades. No país, as vendas de veículos registraram alta de 11,5% em relação a abril.

Política A busca do bem comum ou do próprio !? O bom político é transparente e coerente. Não tem medo da verdade e não necessita esconder-se atrás do expediente do voto secreto para evitar expor-se diante de quem o elegeu. O serviço público brasileiro – seja nos poderes executivos ou nos poderes legislativos – conta com homens assim e que merecem o título de políticos, pois vivem com transparência e honestidade e são representantes do povo. Infelizmente, são suplantados pelos maus políticos, mais comprometidos com o corporativismo e conchavos para favorecimento próprio, de amigos ou parentes. Páginas 2 (Editorial) e centrais

Uma Outra Economia Acontece

“Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudará a face da terra”. Sob esse provérbio africano, a Arquidiocese de Santa Maria e o Projeto Esperança/Cooesperança realizam a 8a Feira de Economia Solidária e a 19a Feira Estadual do Cooperativismo, entre 13 e 15 de julho, no Centro de Referência em Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter - Rua Heitor Campos, s/no - Bairro Medianeira, Santa Maria.

"Hoje, na era do consumo, compramos mais e nos satisfazemos menos."

(A. M. Galvão)

Os telefones do Jornal Solidário: (51) 3093.3029 e (51) 3211.2314 e-mail: solidario@portoweb. com.br

Traga um amigo para este mutirão Solidário. Assine o Jornal da Família


A

2

RTIGOS

Editorial

M

aquiavel (o fim justifica os meios) está vivo e fazendo escola na “política” brasileira. Política entre aspas, porque a maioria dos chamados políticos de nosso país não faz a verdadeira política que é, por definição, a arte do bem comum. É tragicamente atual a afirmação de um dos maiores políticos que o Brasil já teve, além de escritor, jurista e orador, Ruy Barbosa: Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes, se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a higiene dos países moralmente sadios; a politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada. O Solidário faz desta definição o referencial das páginas centrais desta edição. Um dos aspectos desta politicalha ou politicagem, acusada por Ruy Barbosa, é o esconder-se no tal voto secreto. Proteger-se com o artifício do voto secreto escancara uma verdade: o medo da verdade. O Mestre lembra: a verdade vos libertará. O político deve aceitar que é um homem público e que, aqueles que nele votaram, têm o direito de conhecer seus atos públicos, em que projetos vota ou deixa de votar, que iniciativas de bem público apoia ou se omite. E por quê. Seu referencial mais elevado deve ser sempre o bem público e não o que seu partido apoia ou não apoia. O corporativismo é um câncer que corrói a nobre missão do político, mina a credibilidade da atividade política, é uma atitude covarde de quem o pratica e é indigna de quem exerce algum poder político. Mas temos políticos que merecem este título porque vivem, honesta e transparentemente, sua missão de representantes do povo. E querem, verdadeiramente, o bem comum. Com estes, o que fazem os maus políticos? Dizem e fazem dizer pelas mídias, comprometidas igualmente com o mesmo corporativismo, do qual tiram proveito para seu “negócio”, que aqueles homens e mulheres estão “gagás” ou são quixotescos, que ninguém os leva a sério. Há dois mil anos, fariseus hipócritas diziam essas mesmas coisas de um nazareno chamado Jesus... O que nós mais almejamos é que haja políticos honestos e de postura moral elevada em todos os segmentos públicos. Se não conseguirmos uma posição maciça do eleitorado em defesa da honradez e dignidade, jamais teremos um congresso, tampouco políticos na administração pública que correspondam ao nosso anseio (Ruy Nedel, páginas centrais). (attilio@livrariareus.com.br)

CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

Política e politicalha

Fundação Pro Deo de Comunicação

Julho de 2012 - 1a quinzena

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

O

Jesus Cristo

século XIX iniciou uma discussão acalorada acerca da historicidade da revelação divina. Na Igreja Católica, já no século XX, este debate concentrou-se na problemática do Jesus histórico e do Cristo da fé. Passando pelo crivo da história, isto é, da comprovação documental, muitas narrações, tanto do Antigo como do Novo Testamento, começaram a soçobrar. Perguntava-se sobre o que teria sido estritamente histórico, isto é, o que, de fato, aconteceu como revelado e o que é criação da mente humana: o que é histórico e o que é apenas literário.

Este critério começa a ser aplicado a todos os eventos e personagens. No fundo, há um grande equívoco que não deixa de produzir uma série de mal entendidos. Assim, por exemplo, acerca de Napoleão a pergunta é se ele foi um personagem histórico ou uma figura literária. Concretizando: qual é a diferença entre o Napoleão real e o Napoleão, digamos, de Bindel e o Napoleão de Daniel Rops? Uma recente pesquisa, na Inglaterra, mostrou a confusão entre o real e o fictício em dois personagens paradigmáticos: Winston Churchill e Sherlock Holmes. Na pesquisa, ambos obtiveram sufrágios semelhantes, tanto como tendo sido reais, como sendo personagens apenas literárias. Ou seja, muitos julgaram Churchill uma figura puramente literária, enquanto outros viram em Holmes uma pessoa real... E não faz muito tempo que estes personagens existem! Quando nos debruçamos sobre a figura de Jesus vem a questão da contraposição entre o histórico e o literário, entre o real e a fé. Na verdade, não é esta a questão fundamental. Se fosse, seria impossível equacioná-la. Trata-se de dois métodos de abordagem: pelo método da pesquisa histórica ou pelo método do aprofundamento da fé. Um o busca no passado e outro o encontra no momento presente. Seria como querer chegar a Deus pela razão ou pela fé, ou seja, pela filosofia ou pela teologia. Se alguém optasse pelo caminho da razão, ficando restrito às ciências empíricas, certamente empacaria no meio do caminho. Seria como querer extrair, com

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

um bisturi, alguma ideia do cérebro de um famoso pensador, ou uma pitada de amor do coração de algum apaixonado... Hoje se fala de perspectividade para significar que nosso conhecimento é condicionado. Para concretizar mais, apela-se para algum paradigma. Tornase fundamental o ponto de vista, que varia de acordo com a posição do observador, de seus interesses e de seu a priori, que norteiam a pesquisa. Diz-se, com razão, que somos mais filhos da cultura que da natureza. A cultura seleciona as pesquisas e os interesses. Voltemos agora novamente nossa atenção ao Jesus histórico. Que queremos com Ele? Localizá-lo no espaço e no tempo. Em linhas gerais, não há problema: com Ele se inicia a era cristã. Marcamos então o ano um para seu nascimento e o resto da história é decorrência. Esta demarcação, porém, só aconteceu, concretamente, cinco séculos após seu nascimento. Não fez nenhuma falta para conhecê-lo antes desta demarcação. Que dia da semana? Que hora? Que dia do mês e em que mês? A pergunta é se isto interessa e para quê. Nem estes dados despertaram qualquer curiosidade nos primeiros séculos. Até nossos dias, os católicos na Alemanha não costumam festejar seu próprio aniversário natalício, contrariamente ao que é costume entre os protestantes. Preferem o dia do onomástico, que é o dia do santo de seu nome. Assim, as pessoas, após certa idade, não passam pelo vexame de revelar o número de seus anos. O onomástico transcende esta questão.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


Julho de 2012 - 1a quinzena

F

AMÍLIA &

S

3

OCIEDADE

Construindo uma saudável vida de casal Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

T

odo humano busca a felicidade e o bem estar, quer esteja consciente ou não. No casamento não é diferente. Entretanto, esta vida prazerosa e saudável não aparece como que por encanto, ela é resultado de uma série de características da personalidade de cada um e da capacidade que ambos têm de criar uma boa vida comum, no dia a dia. Há os que têm muita dificuldade, neste sentido.

Os conflitos, maiores ou menores, sempre estarão acompanhando o cotidiano destas relações. Eles, em si, não prejudicam a saudabilidade da vida de casal. O que pode prejudicá-la é a maneira como cada um age, reage, enfim como trata estes pequenos ou grandes conflitos. A pergunta será sempre: O que faço com aquilo que me aconteceu? Como acomodo, seleciono, o que quero eliminar, o que vou aproveitar, perdoar, deixar passar. Consigo fazer do limão uma limonada?

Divulgação/sxc.hu

Quando o afrontamento vale a pena ?

Entre as dificuldades da vida a dois importa saber que existe uma espiral negativa que conduz ao fracasso um bom número de casais: é aquela da palavra depreciativa. Se acontecer de teu companheiro te faltar ao respeito, ficar calado, mal te falar, reaja imediatamente antes que este comportamento nefasto se torne um hábito e polua tua vida sentimental. É preciso ir direto ao ponto, pois a situação não melhorará por si mesma. Tenham os dois uma franca conversa. Digalhe, por exemplo: “Eu gostaria muito que reservássemos uma hora para discutir certos fatos que acontecem conosco. Frequentemente, eu me sinto desvalorizada pelos teus comentários negativos e tuas críticas. É extremamente frustrante. O que pensas disto?” Ele pode negar com veemência. Ou porque ele não tem consciência destes fatos, ou porque acha desagradável admitir este seu defeito. Assim mesmo, não esmoreça. Com efeito, você não somente deixaria de resolver aquele problema, como se tornaria ainda mais difícil se tivesse que, em outra ocasião, abordar este mesmo assunto. Volte, pois, pacientemente à carga. Dê-lhe exemplos. Nada melhor que os exemplos para avançar na conversa. Mas se, apesar disso, ele persiste em negar ou a acusa de deturpar os fatos e mal interpretá-los, ou ainda que ele não se lembra absolutamente destas histórias, faça um pacto com ele. Previna-o ! Diga-lhe que se ele voltar a denegri-la ou desvalorizá-la por suas palavras ou atos, você irá interrompê-lo. Ele será então surpreendido para pensar sobre o fato na hora que acontece e então será mais difícil negá-lo. Isto tudo seja feito com elegância e boa educação, pois esta é a condição para bem resolver os problemas de relacionamento. Nada justifica a

grosseria, o devolver ofensa com ofensa. A mansidão é um instrumento formidável no trato das dificuldades do dia a dia. Bem o sabia o Mestre que, com sabedoria, anunciou no Sermão da Montanha: “Felizes os mansos, porque possuirão a terra” (Mt 5,5). Usando a mansidão, que é doçura, os dois irão construir um casamento prazeroso, certamente. Aliás, hoje, mais do que nunca, é preciso um programa de educação dos sentimentos e controle pessoal, uma verdadeira ascese, a qual não tem nada de ultrapassada. Há que considerar também se vale a pena trazer à tona e mexer em fatos negativos. Muitas vezes conflitos podem ser resolvidos por ações positivas, sem ficar escavando o que passou. Vale avaliar se o fato merece o desgaste de um afron-

tamento, e se julgar que sim, enfrente a situação e busque resolvê-la em conjunto, para não mais voltar a ela. Nada fere mais a confiança do que, num momento de fragilidade, usar uma confidência ou uma ofensa passada, para agredir o outro. O que no texto foi dito para a mulher, vale também para o homem.


O

4

Julho de 2012 - 1a quinzena

PINIÃO

Objetos, pessoas,

Débora - juíza, profetisa e guerreira

lembranças

Antônio Allgayer

Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista

V

ivemos rodeados de objetos, de coisas. Alguns lembram bons momentos, outros, simplesmente enchem nossa vida de entulhos. É bom quando esses objetos têm sua história e, em alguma ocasião, trouxeram significado à nossa vida. Fiz esta reflexão quando me detive a observar certos objetos e a recordar sua origem. 1. Na parede de nossa copa, por exemplo, o prato de pó de cimento, com o calendário asteca e um belo rosto de mulher, com o nariz lascado, nos lembra Tula, no México, sua produção de cimento e suas estátuas gigantes. Porém, a lembrança principal é da menina que desejava nos vender o prato que não queríamos comprar. Então, ela apontou para a metade de um pão de forma e propôs a troca. Compramos o prato, demos o pão e, ao longo de nossa vida, sempre que achamos a comida ruim, lembramos daquela menina e seu olhar ! 2. Os móbiles e os crucifixos de palha de milho nos recordam o velhinho, bem enrugado, de um povoado de Mixoacán (México), famoso por aqueles artesanatos. Escolhemos os objetos e na hora de pagar, ele nos pediu que fizéssemos a soma. Ele não sabia ler e escrever, nem somar, mas confiou em nós. Guardamos a foto daquele rosto tão vivido, expressivo, tão confiante na sua simplicidade ! 3. Uma pintura da fachada da Catedral de Zacatecas e uma foto nossa do alto da colina de onde se divisava toda a cidade, nos recordam o menino mexicano, que tentava nos contar a história da cidade. Muito pequeno, mal conseguia falar, ele decorara o “script” para ganhar uns “trocados” que colocariam pão na mesa da família ! A história de Zacatecas nós não compreendemos, mas a vida do menino, sim ! 4. Próximo a Manaus, visitamos uma plantação de seringueiras. Pedimos para tirar uma foto do seringueiro trabalhando; ele concordou e, para nossa surpresa, pediu-nos que enviássemos a foto para ele, porque ao longo de sua vida de cerca de 50 anos nunca havia tirado uma foto ! Então, nem carteira de identidade deveria ter ! Revendo velhos “slides” de viagem lembramos aquele seringueiro: será que em algum momento conseguiu materializar sua identidade ? 5. Um conjunto de rústicas e pequenas bonecas de tecido nos transportou à Guatemala e à menina que, ainda de bico na boca, dizia algo como: “Dola, dola....” Demoramos para entender que ela queria nos vender as bonecas por um dólar ! Na Guatemala a produção artesanal de têxteis sustenta muitas famílias e as crianças estão envolvidas na atividade, com diferentes tarefas. 6. Recebi um colar de sementes e de escamas do ”Pirarucu”, o peixe gigante do Amazonas, de uma de minhas alunas da Pedagogia. Voluntária em trabalho na Amazônia, ela o ganhara de um indiozinho, seu aluno, e contou que as crianças aprendem a fazer aqueles colares, cuja venda auxilia, e muito, no sustento familiar. 7. Na Cidade do México, fomos socorridos numa emergência “dolorida” por uma dentista, que nos atendeu muito bem e nos deu um quadro de feltro com os seguintes dizeres: “Señor: Tu sabes lo mui ocupado que estaré hoy, podré olvidar-me de Ti, pero Tu no te olvides de mi”. O feltro amarelou, o tempo esmaeceu as feições da dentista, na nossa memória, mas até hoje recordamos sua gentileza e o carinho com que nos acolheu num país distante. Todos temos nossos objetos, alguns só tem sua história para nós. Se os olharmos com atenção quantas lembranças surgirão, quantas vivências ! Recordaremos momentos de alegria ou de dor muitas vezes superadas. Pensaremos nas pessoas que os ofertaram ou na ocasião em que os adquirimos. O que significam esses objetos para nós ? Como se inserem no contexto de nossa vidas ? Talvez a resposta a essas perguntas possa nos ajudar a refletir sobre as dimensões do “ter” e se esse “ter” nos ajudou a “ser”, não se constituindo apenas num monte de “entulhos” que entravam nossa caminhada em busca de uma vida mais plena. (litamar@ig.com.br)

Advogado

I

nstigada pela cultura grega, a douta latinidade cunhou a expressão “Nomen est omen”. Segundo o dicionário Koehler, “omen “ se traduz por “prognóstico, agouro, desejo”. Ao contrário do que se vê nos registros notariais da atualidade, em priscas eras esperava-se que o nome pessoal transmitisse alguma característica da personalidade do seu portador. Exemplos bíblicos o provam: Eva é mãe dos viventes; Abraão é pai de multidões; Sara é princesa; Rebeca é beldade encantadora. Pode causar estranheza que uma mulher de invulgar coragem, dotada de excepcionais atributos de inteligência e capacidade de liderar coletividades tribais, se chamasse Débora pura e simplesmente. É que o nome Débora em português é Abelha, lembrando minúsculo inseto que produz o doce mel e possui um ferrão como eventual defesa. Antenor Nascentes, em seu dicionário etimológico, aduz o adjetivo “laboriosa” à abelha e destarte salva a consistência simbólica dessa Débora de insignes predicados.. Cabe indagar qual a ingerência de Débora em guerras, conquistas e turbulências, a que estava sujeito o povo da primeira Aliança. A Bíblia nos informa que Débora detinha as altas atribuições de profetisa, juíza e guerreira. Como juíza julgava, na montanha de Efraim, sob a copa de uma palmeira, litígios submetidos à sua decisão por filhos de Israel em demanda de justiça. Essa brava mulher foi envolvida numa guerra desigual entre Israel e as hostes de Jabin, rei de Canaã, o qual, durante vinte anos, oprimira duramente Israel e possuía novecentos carros de ferro em seu depósito de artefatos bélicos. O que parece temeridade difícil de entender é que Débora mandou chamar Barac, vacilante e indeciso chefe militar de Israel, e lhe fez ver que Deus é seguro aval da sobrevivência de seu povo. E foi entendido que por desígnio do alto dez mil homens recrutados dentre as tribos de Neftali e Zabulon dariam combate

às hostes de Sísara, chefe do exército de Jabin. Barac, temeroso de enfrentar o poderoso rival, declarou a Débora: “Se tu vieres comigo, eu irei...” E ela concordou em acompanhá-lo, advertindo-o de que assim a honra da vitória viria a ser de uma mulher. Sísara, sabendo que Barac subira com o seu minúsculo contingente de guerreiros o monte Tabor, convocou todos os seus comandados e munido com os novecentos carros de ferro se dispôs a enfrentar a tropa comandada por Barac. Na hora da refrega,. Barac desceu como um tufão do monte à frente dos dez mil combatentes. Sísara, convicto da superioridade bélica de seu exército, somente então se deu conta de que se deixara atrair para a encosta íngreme do um monte, sítio favorável às manobras do rival. Algo estranho e inesperado o encheu de pânico: foi a inoperância dos carros de ferro, estacionados ao sopé do monte e de difícil movimentação na base e na subida. Sísara então desceu do seu carro e se pôs a fugir a pé, enquanto sua soldadesca era impiedosamente dizimada. O que sobrou do exército de Sísara caiu ao fio de espada. O seu fim foi morte trágica às mãos de uma mulher que, estando ele em profundo sono, lhe atravessou as têmporas com uma estaca de tenda. Na Bíblia de Jerusalém se lê o remate da derrota do opressor do povo eleito: “Assim Deus humilhou naquele dia a Jabin, rei de Canaã, diante dos filhos de Israel”.

As alegrias da visita pastoral Dom Hélio Adelar Rubert Arcebispo de Santa Maria

D

urante 10 dias realizei a Visita Pastoral na Terra de Iberê Camargo, Restinga Seca – RS, Paróquia Sagrado Coração de Jesus. Foram dias de graças e bênçãos pela oração, celebrações, avaliação, renovação dos compromissos batismais, visitação de diversas entidades e das 25 comunidades, inclusive o misterioso “Buraco Fundo”. O contato direto com algumas famílias ocorreu durante as refeições nas casas. Ao amanhecer, por cinco dias, o arcebispo caminhou pelas ruas conhecendo, fazendo exercício físico e orando por toda a cidade. O pároco Pe. Nelson Pappis, gentilmente, acompanhou o arcebispo em quase todas as comunidades e programações. O sr. Eldiro Ceolin, ministro especial do Batismo e do Matrimônio, acompanhou na visitação às instituições na cidade de Restinga. Na visita às Comunidades, o arcebispo sempre foi acolhido carinhosamente. Alguém da Comunidade fazia a acolhida e, no final, entregava um presente-mimo para o arcebispo como expressão de afeto da Comunidade. A Visita nas Comunidades incluia celebração, escuta da Palavra, revisão da vida comunitária, renovação dos compromissos batismais e a bênção. Na despedida, o arcebispo, num sinal de carinho para cada pessoa, ungia a mão com o óleo perfumado de Nardo, trazido de Jerusalém e abençoado. Todos retornavam para suas casas levando consigo o perfume com que Maria ungira

os pés de Jesus (cfr. Jo 12,1-6). No encontro com as Comunidades, o arcebispo retomava alguma questão respondida no questionário, fazia alguma sondagem sobre o Conselho, a catequese e os serviços. Agradecia o progresso acontecido na Comunidade e estimulava a união, o testemunho de fé e solidariedade. Agradeceu o gesto que todas as Comunidades fizeram em arrecadar uma cesta de donativos destinados ao Seminário, na certeza de colaborar com a oração pelas vocações e com uma atitude concreta. Durante a Visita Pastoral, o arcebispo percebeu, com alegria, que o pároco é muito dedicado ao seu povo e é correspondido na estima. A Paróquia realiza um belo trabalho organizativo e de evangelização. Existe um cuidado na formação permanente, na catequese, na preparação de ministros extraordinários para todas as Comunidades e adequada administração paroquial. No encerramento da Visita Pastoral com o encontro das lideranças de todas as Comunidades, na Missa de Pentecostes e na confraternização, foram assumidos compromissos concretos: a) orar e incentivar as vocações; b) criar novas capelas, especialmente, nas periferias da cidade; c) finalizar a regularização de alguns terrenos; d) prosseguir a formação para o discipulado na fé e no protagonismo dos leigos; e) motivar a leitura, a comunhão e formação através do jornal “O Santuário” e f) continuar a incentivar a juventude, a pastoral familiar, a pastoral do dízimo e o uso dos meios de comunicação local. Com alegria, o arcebispo abençoou toda a Paróquia pela força do Espírito Santo, agradeceu e estimulou que progridam, tenham saúde do corpo e do espírito, se amem mutuamente e anunciem sempre o nome do Senhor Jesus e seu Reino.


Julho de 2012 - 1a quinzena

E

P

DUCAÇÃO &

SICOLOGIA

5

Apologia do esforço e disciplina Jorge La Rosa Professor universitário, doutor em Psicologia

N

ão é raro ouvirmos notícias de amigo ou amiga informando que o filho vai mal nos estudos, apesar de reconhecida capacidade intelectual. E não se trata de usuário de drogas – o que poderia redundar em mau rendimento escolar, nem de conflito vivido pelos pais, o que poderia também influenciar. O que estaria acontecendo?

Vivemos em mundo de mil facilidades, e que dispensa esforço na realização de múltiplas tarefas. Diante da televisão, com toque mudamos o canal, aumentamos o volume, matizamos de diversas formas o colorido; vemos também jogo de futebol que se realiza na Europa, em tempo real, e somos informados do que ocorre no mundo. Ou, se preferirmos, com celular realizamos essas e outras tarefas. A tecnologia tem facilitado a vida humana, e, de múltiplas formas, enriquecido. Outro setor desenvolvido é o da bioquímica. Há praticamente pílula para todas as necessidades humanas. Se o indivíduo está insone, toma comprimido, se está com cefaleia ingere pílula, se se encontra deprimido não falta aquele comprimido que devolve o ânimo. Se está com sobrepeso, há remedinho que tira o apetite e facilita uma refeição frugal. Se está sem apetite sexual ou impotente, há também o Viagra e similares. Por que então praticar esporte para cansar o corpo e ter sono fácil e profundo? E, em consequência de melhor circulação sanguínea pelo exercício, exorcizar a dor de cabeça? E, ainda, pela produção de endorfina espantar o abatimento, ou por trabalho voluntário em prol de populações carentes gerar entusiasmo e amor pela vida? Isso implicaria em vencer a inércia, engajar-se em atividades que demandam esforço, ao menos nos seus inícios.

Atmosfera cultural

Parece que o mundo contemporâneo, em diversos aspectos, por ter facilitado a vida humana, transmite a ideia de que já não há mais necessidade de esforço para atingir determinados objetivos. O que é falso. Palavras como esforço, disciplina vão perdendo o sentido, parecem ser de outras eras, quando o horizonte tecnológico mal suspeitava o que estaria por vir. Agora, somos pós-modernos, o progresso científico e suas aplicações exorcizaram o esforço, colhamos seus frutos! É nessa atmosfera que o jovem citado no primeiro parágrafo deste artigo se encontra. O que fazer? Umas conversas com jovens que se encontram avessos a esforço e disciplina são necessárias, para que, conscientizando-se do clima que vivenciam e no qual estão inseridos, percebam também que determinadas conquistas se logram

Gabriella Fabbri

Parece que o mundo contemporâneo, em diversos aspectos, por ter facilitado a vida humana, transmite a ideia de que já não há mais necessidade de esforço para atingir determinados objetivos

depois de muito esforço e dedicação. E que não há outro caminho. Lembro-me que certo poeta de renome foi interpelado pelo entrevistador quanto havia de inspiração na sua criação, e quanto de esforço. A resposta não tardou: 5% de inspiração e 95% de transpiração. Hoje, talvez mais que no passado, os jovens se veem envolvidos em diversas situações que precisam dizer não, não podem simplesmente ser arrastados pela corrente. Ora, tal postura é possível para quem fortalece sua vontade e se personaliza através da busca de objetivos de vida pelo esforço

e dedicação. Eles precisam dizer não às drogas, não ao sexo promíscuo e irresponsável, não ao álcool com volante, não à desonestidade, não à preguiça e inércia, não ao descontrole emocional, não ao sedentarismo, não à alienação política, não... O ser humano, através das gerações, é envolvido pela atmosfera cultural no qual está inserido, e não pode ser diferente. Conscientizar-se dessa atmosfera é condição necessária para construir uma vida com mais liberdade e menos condicionamentos, e, assim, atingir os objetivos mais importantes que toda existência postula – o que já é assunto para outra reflexão.


6

T

EMA EM FOCO

Julho de 2012 - 1a quinzena

Transparência política e de polí

“Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com dos países moralmente sadios. A politicalha, a

Ruy B

P

assados mais de 100 anos, as definições continuam, mais que nunca, atuais. E são cada mais mais atribuíveis, ao menos aqui no Brasil. Existem os bons políticos. Mas os maus permeiam todos os espaços e fazem sombra, ofuscam os eventualmente bem intencionados. E, para atingir seus fins, os maus se valem de todos os meios, não importa quais: barganham, conchavam, conspiram, engendram, intrigam, maquinam, tramam. Tudo para tirar proveito próprio ou buscar favores para seu grupo. Infelizmente são os que temos, em quem votamos porque são os que aparecem para concorrer. E se escondem atrás de imunidades ou do silêncio corporativo. Porque têm medo da transparência e da verdade.

Pseudodemocracia, “sub judice”

É a definição da atual situação política brasileira dada pelo professor Ruy Nedel, na entrevista a segu através de e-mail. Nedel, de profícua vida profissional como médico, professor universitário, ex-políti – foi deputado federal e constituinte – e também escritor, reside em Cerro Largo. Entre seus livros est Poder e Indecência, o apocalipse Brasileiro, em que discorre sobre um mundo manipulado por elites interesses escusos e, bem recentemente, o excelente Memoriando a História do Sul, editado pela Reus. Solidário - Por que essas procrastinações e ‘arranjos’ no nosso atual Senado Federal para aprov projeto de extinção total do voto secreto no Congresso? Medo da verdade? Receio de quebrar ferir o ‘sprit du corp’? O que falta aos nossos representantes tanto nos par mentos como nos executivos? Prof. Ruy Nedel - Esta pergunta nos leva a duas análises. Primeiro, é preci lembrar que a Constituição de 1988 surgiu após um longo período de ditadura e o vo secreto instituído, como direito do parlamentar, visava justamente a sua autonom de decisão de acordo com a sua consciência nas votações que fazia em qualquer m téria votada no Congresso. É preciso lembrar que, após a ditadura, continua haven forte pressão do poder executivo sobre a forma como vota determinado parlament deputado ou senador. Este é um movimento bastante para defender seu voto secre no Congresso. É um instrumento em favor da independência e autonomia do m frágil dos três poderes da República. Segundo, é lamentável, senão trágico, que a questão do voto secreto, no Congre so nacional, tenha descambado para uma ferramenta a iludir e enganar o eleitora nacional. Mantém subserviência ao poder executivo e, lamentavelmente, usa o vo secreto nas questões em que pretende esconder do povo o servilismo do parlamen aos demais poderes. Em vez de não ser julgado pelo poder executivo, usa o subterfúg Ruy Nedel do voto secreto para que o povo não possa julgar o parlamentar. Solidário - A partir de sua experiência de parlamentar, acredita ser possível – em futuro ne tão distante – podermos contar com representantes no legislativo e gestores no executivo honesta realmente preocupados com o bem comum de todos? Ou apenas – e prioritariamente – interessad no próprio bem e no do grupo que representam? Nedel - Vamos extrair um verso de Ego Sum – O Mundo Interior: “Sou a consciência que incrimina/Quem no poder desatina Ou larápios envolvidos/No dinheiro é que do povo Volte a ética de novo/E a moral aos corrompidos.” Este verso é o anseio de toda a nação. Entretanto, não sabemos, mas é elevado o percentual de eleitores q deseja um cafajeste na campanha eleitoral e, depois, pretende um santo no mandato parlamentar. O que n mais almejamos é que haja políticos honestos e de postura moral elevada em todos os segmentos públicos. não conseguirmos uma posição maciça do eleitorado em defesa da honradez e dignidade, jamais teremos u congresso, tampouco políticos na administração pública que corresponda ao nosso anseio. Solidário - O que sugere ao eleitor como contracorrente a essa c tura de ‘carreirismo’ político que solapa a instituição e a faz uma d mais desacreditadas do Brasil? Nedel - Minha grande esperança é ágora virtual. Se Atenas criou, atrav da ágora física, uma democracia direta, há 2.500 anos, hoje temos a fer menta da internet para promover verdadeiras revoluções na política nacion na forma de democracia direta, não mais representada pelos parlamentar Temos exemplos recentes tais como Tunísia, Egito, Líbia, em que o pov independente dos poderes, criou o seu próprio poder para as transformaçõ que exigem. Na situação atual brasileira temos uma pseudodemocracia, “s judice”, que não corresponde aos desejos do povo brasileiro.


Julho de 2012 - 1a quinzena

A S ÇÃO

7

OLIDÁRIA

e coerência na íticos brasileiros!

Ilustraçã

o de Sa

lvador e

m traba

lho de co

nclusão

de Isaia

s Malta

da Silva

m a outra. Antes, se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a higiene a malária dos povos de moralidade estragada.”

Barbosa de Oliveira -1849/1923, jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador brasileiro

uir, ico tão se . var ou rla-

iso oto mia mando tar, eto mais

esado oto ntar gio

em ae dos

que nós Se um am

culdas

vés rranal res. vo, ões sub

Mecanismos de controle do estado

O estado existe para agir em parceria com a sociedade e de acordo com os anseios desta. E cabe ao cidadão – única razão da existência do estado – vigiar para que este – o estado – cumpra sua função: garantidor da propriedade e dos contratos e garantidor dos direitos sociais, tarefas cumpridas pelos agentes públicos nos diversos poderes e instâncias. Existem mecanismos de controle social no Brasil? Sim! Em primeiro lugar, o próprio voto. E, além de todas as tecnologias de informação e redes sociais: as diversas leis (responsabilidade fiscal, etc), conselhos, ONG’s, organizações da sociedade civil, imprensa, tribunais de conta, defensoria pública, sindicatos, e muitos outros que cumprem a função de demandar sobre o Estado as suas funções primeiras de prestador de serviços à sociedade. São a esperança na lama da corrupção que infesta quase todos os poderes. Basta usá-los! Mas o eleitor não sabe ou não quer usá-los. Por quê?

Cidadão defraudado

Indiferença? Falta de capacidade de indignação? Imobilidade? Decepção? Possivelmente todas essas assertivas! Uma rejeição inconsciente ou até consciente à política e a políticos está instalada na mentalidade geral e que é amplificada por intensas campanhas de descrédito pela mídia toda vez que rompe mais um escândalo público (São quase semanais!). Maracutaias, corrupção! Não são invenções de partidos dos atuais ocupantes de gestão pública nos estados ou federação: sempre as houve e talvez com muito maior frequência e profundidade. A diferença é que hoje tudo vem à tona, graças à vigilância dos mecanismos de formação de opinião. E, em decorrência, o brasileiro tem cada vez menor sensação de pertencimento a uma nação: a sociedade civil não assume o estado como seu. Cada cidadão, ao invés de se sentir protegido por ele – o estado –, vê-se defraudado por ele, diferentemente de nações de outro status cultural, onde cada cidadão se sente cúmplice e agente do estado.

cultural brasileira, que começa no foro íntimo de cada cidadão. Todos nós nos indignamos com a corrupção dos outros! Mas, uma grande parte da sociedade tende a ser leniente ou complacente quando ela própria comete pequenas ou grandes infrações na vida em geral: é no trânsito, na fila, no favor especial, no jeitinho, no acionar um pistolão para obter vantagem ou privilégio. Achamos um absurdo a corrupção dos outros, mas achamos natural que possamos cometer pequenos delitos achando que esses nada têm a ver com aquela outra corrupção lá. E, na verdade, tem! Por trás disso há uma matriz cultural. Está no DNA da cultura brasileira e termina sendo reproduzido na sociedade. Mesmo as pessoas éticas e mesmo os partidos que têm um discurso de mudança, quando chegam no poder, facilmente escorregam. E, sem mecanismo de freios e contrapesos, vai cair e reproduzir a mesma lógica dominante secular. Divulgação

Voto consciente?

De outra parte, a espetacularização do cotidiano – catástrofes, escândalos sociais da classe média ou alta, novelas apimentadas, futebol, copa do mundo, olimpíadas, etc. – pouco ajuda na formação da consciência, pois monopoliza todas as atenções e impede qualquer espaço de reflexão. Diante desse quadro de quase completa ausência e vazio institucional – escolas, universidades, grande mídia, etc. – na agenda de formação política e de quase completa alienação coletiva, é possível o voto plenamente consciente? O eleitor em geral – e a maioria dos candidatos – sabe ou tem noções básicas do que é política?

Equilíbrio de interesses

O que buscam os candidatos? O que os move? Poder, vaidade, busca de prestígio e enriquecimento? Na verdade, não podemos esperar que a política seja algo movido por boas intenções. Muito mais realista é supor o que as pessoas na verdade buscam na política: realização de interesses seus ou dos grupos que representam. O que tem que ser feito é um controle recíproco. Ou seja: que grupos diferentes que agem estrategicamente para a realização dos seus interesses específicos e particulares, à medida que são colocados, pelo pluralismo, competição ou pelo próprio conflito de disputa, terminem se equilibrando, não ficando para nenhum o monopólio do poder e a satisfação de seus exclusivos interesses.

Revolução ética na base

Num prazo urgente, há necessidade de uma verdadeira revolução ética e

Constituição cidadã! “O caminho para as mudanças no Estado ético pode ter sido deflagrado na histórica reviravolta ocorrida na constituição de 1988, onde o cidadão, e não mais o Estado, se tornou o eixo principal, num resgate das etapas queimadas de singularização e particularização, ocorrida no início do processo colonizador. A partir de 1988 foram regulamentados os dispositivos de pressão ética. Doravante, a soberania do Estado perdeu o caráter de inviolabilidade, porque os agentes públicos passaram a ter a obrigação legal de prestar contas dos seus atos. Em decorrência, surgiu a lei de responsabilidade fiscal, que colocou freio na uniteralidade das decisões políticas. Assim, o estado se vê obrigado a prestar contas e a tornar transparente sua administração, publicizando suas ações e iniciativas de políticas públicas, bem como seus gastos orçamentários”. (Isaias Malta da Cunha - Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Ética e Filosofia Política, Bento Gonçalves, agosto de 2007).


S

8

ABER VIVER

Evolução dos aparelhos auditivos aponta para um novo caminho do som Procedimento de colocação das tecnologias coberto pelos planos de saúde é uma conquista importante para deficientes auditivos. A comunidade de pessoas surdas sempre encontrou dificuldades com relação à inclusão social. Porém, hoje, com o salto dado pelos avanços no tratamento das doenças auditivas, a realidade é outra. Indivíduos que apresentam algum tipo de surdez estão sendo direcionados para um novo caminho do som. A médica otorrinolaringologista Teresa Teixeira Cardoso conta que hoje o mercado apresenta aparelhos auditivos extremamente modernos, o que há de mais novo na audiologia. “Para nós, que trabalhamos diretamente com isso, os aparelhos, como os implantes cocleares, o Baha e o Carina são uma revolução. Eles representam a mudança direta na qualidade de vida das pessoas que apresentam algum tipo de problema auditivo”, relata. No caso do implante coclear, por exemplo, que é o indicado para os casos mais graves de surdez, a especialista explica que o aparelho permite que o paciente desenvolva ou retome a linguagem com grande qualidade. “É uma das maiores conquistas da engenharia ligada à medicina. As crianças que nascem com surdez conseguem desenvolver a linguagem com uma articulação muito boa, pois passam a reconhecer todos os tipos de som. E os adultos que já ouviam, mas perderam a capacidade em algum momento, conseguem manter a linguagem. Ou seja, é o benefício não só da aquisição da linguagem, como também de não perdê-la”.

Conquista

A fonoaudióloga Márcia Kimura ressalta uma conquista muito importante nesse avanço: “A cirurgia que consiste na colocação do implante coclear que substitui as próteses tradicionais para pessoas com surdez total ou quase total está disponível no Sistema Único de Saúde, tendo hoje 24 Programas

de Implante Coclear/SUS no Brasil. Além disso, os planos médicos também estão cobrindo as cirurgias de colocação do implante coclear, do Baha e do Carina”, salienta. A fonoaudióloga também esclarece que desde janeiro deste ano, no caso do implante coclear, os planos estão cobrindo a colocação bilateral do aparelho, ou seja, dos dois lados. No ano passado, os planos cobriam apenas o procedimento de colocação em um dos lados.

Principais tecnologias

Márcia Kimura define os aparelhos e quais as principais

Julho de 2012 - 1a quinzena

inovações trazidas por eles: - O implante coclear: conhecido popularmente como ouvido biônico por ter sido o primeiro órgão humano a ser recriado tecnologicamente, é a única prótese capaz de substituir um órgão sensorial em pessoas com surdez severa profunda ou profunda bilateral. Ou seja, após a realização do implante, elas conseguem ter acesso às informações sonoras do ambiente; - O Baha: é um dispositivo auditivo que conduz o som por via óssea, estimulando diretamente a cóclea. É normalmente indicado para pessoas com má formação de orelha ou que tenha algum problema no processo de adaptação do aparelho auditivo convencional, que impossibilite o som de chegar a cóclea. É um recurso que auxilia o paciente com perda unilateral a localizar o som e obter melhores resultados auditivos em ambientes com ruído competitivo como, por exemplo, restaurante, festa, rua, etc; - O Carina: é uma opção para pessoas que desejam ter um aparelho totalmente interno, por motivos estéticos ou por necessidade, como por exemplo, em questões de alergia por moldes auriculares.

Pálpebras caídas pedem investigação criteriosa Há diferentes causas de origem da ptose e os tratamentos são específicos a cada uma delas. É aconselhável buscar orientação de um oftalmologista especializado em plástica ocular. A ptose, mais conhecida como pálpebra caída, pode se manifestar a qualquer idade e trata-se de uma enfermidade da musculatura de elevação das pálpebras, o que extrapola a questão estética e merece muita atenção. As causas que levam à pálpebra caída são de diferentes origens e pode indicar uma disfunção neurológica. Quem faz o alerta é a oftalmologista do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Patrícia Moitinho. A especialista afirma que as pálpebras caídas, em alguns casos, prejudicam o campo visual e, em crianças, acarretam o risco do não desenvolvimento correto da visão. “Deve ser feita uma avaliação precoce para identificação e acompanhamento”, sublinha. Há diferentes situações que têm como consequência a queda das pálpebras: Involucional – É a mais frequente, causada pelo enfraquecimento do músculo elevador das pálpebras, por um processo de envelhecimento, leva à queda progressiva. Mecânica – Caracteriza-se pelo excesso de pele nas pálpebras ou tumoração muito grande que leva ao comprometimento do campo de visão. Neurológico - A médica do

Edith de Lima Xavier - 12/07 Vergílio Perius - 14/07 Antônio Parissi - 14/07 Elizabetta W. R. Torresini - 15/07

Visa e Mastercard

Albano L. Werlang CRP - 07/00660

TERAPIA DIRETA DO INCONSCIENTE Cura alcoolismo, liberta antepassados, valoriza a dimensão espiritual Vig. José Inácio, 263 - conj. 113 - Centro - POA 32245441 - 99899393

HOB explica que “a miastenia gravis é uma doença neurológica, a qual pode refletir-se em diferentes músculos do corpo, as pálpebras estão nesta relação e quando são afetadas, também levam à queda palpebral“. Trata-se de uma enfermidade neuromuscular que causa fraqueza e fadiga anormal dos músculos voluntários, como os da pálpebra. A fraqueza é causada por um defeito na transmissão dos impulsos dos nervos para os músculos. Com isso, o paciente perde o controle da pálpebra e não consegue abrir os olhos, esclarece. “Os sintomas são sutis, com pequenas fraquezas musculares e o primeiro sinal pode ser justamente a ptose. Em alguns casos vem associada à visão dupla (diplopia) e ao estrabismo”, completa. Segundo Patrícia, ao diagnosticar a ptose como uma consequência de enfermidades neurológicas, o profissional oftalmologista encaminha o paciente a um neurologista e este profissional irá realizar o tratamento. Congênita – Existe a probabilidade de acontecer a ptose congênita. Essa resulta da falta de desenvolvimento do músculo elevador da pálpebra e seu tendão durante a gestação. Nestes casos, deve-se ter cuidado com o desenvolvimento da visão nas crianças, aconselha a médica. O principal tratamento aplicado à ptose é direcionado à sua causa. Quando de origem neurológica, o tratamento deverá ser feito pelo neurologista. Nos casos de ptose congênita e também as que aparecem com a idade, a correção é feita com o reposicionamento do músculo elevador das pálpebras. Patrícia Moitinho explica que o procedimento é realizado em torno de uma hora e visa corrigir a postura do músculo da pálpebra, que muitas vezes se encontra apenas desinserido de sua posição original. “O pós-operatório, nos primeiros dias, apresenta uma sensação de incômodo ao piscar devido ao edema palpebral e fechamento incompleto das pálpebras, depois normaliza”, descreve. Conforme a médica do HOB, os casos indicados para cirurgia são aqueles de perda de campo visual, os de sensação de peso durante a leitura e também nos casos que requerem melhora estética. “É importante que o oftalmologista especializado em plástica ocular seja o responsável por essa cirurgia já que conhece muito a anatomia do olho, órbita e anexos. Além de ter a extrema preocupação em manter a fisiologia do piscar, fechar bem os olhos, e evitar ressecamentos graves no futuro”, adverte.


Milagres do Cotidiano

Humor

Pe. Roque Schneider, SJ

ÁGUIAS GIGANTES Um caipira se muda para a cidade grande e logo vira motivo de gozação dos vizinhos. Um deles manda o caipira tomar cuidado com as águias gigantes que costumavam atacar as pessoas. No dia seguinte, o caipira sai de casa e avista uma asa delta. Grita para a mulher: - Estou vendo uma daquelas águias gigantes... Traz logo a minha espingarda! A mulher traz a arma, o caipira mira bem e manda bala. - Acertou? pergunta ela. - Acho que sim. Pelo menos, o homenzinho ela soltou... ATAQUES DE NERVOS - Mas como foi, doutor, que conseguiu curar os ataques de nervos da minha mulher? - Foi fácil: disse a ela que o nervosismo é sinal de velhice! BEBENDO UNIDOS - Lá em casa, eu e minha mulher bebemos metade vinho, metade água. - Parabéns. Casal que bebe unido... - Pois é, eu bebo vinho, minha mulher, água... FALECIMENTO Genro anunciando o falecimento da mãe da esposa, bastante faladeira: "Minha querida sogra Bibiana perdeu a fala ontem, às 11 da noite!" CÃO FAREJADOR - Tenho um cão de caça que me fareja a um quilômetro de distância. Que é que você me diz a isso? - Digo que você deveria tomar um bom banho.

9

SPAÇO LIVRE

Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo

Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on Le

E

Julho de 2012 - 1a quinzena

Escritor

O mundo que nos rodeia é materialista, agressivo, dessacralizado, consumista, violento e pagão, dentro do qual sobram cidadãos que não querem nada com a dimensão religiosa, espiritual. Seus objetivos-vida apontam em outra direção. Seu interesse básico e fundamental não decola do chão das banalidades terrestres, efêmeras e passageiras, lembrando bolhas de sabão. O lago de Genesaré do Evangelho não lhes interessa, não exerce apelo e atração nenhuma. 1 – Mesmo não sendo poeta, jornalista ou literato, sem livro nenhum publicado, você é o ESCRITOR, a ESCRITORA da sua vida peregrina, aqui na TERRA. 2 – Mesmo sem a genialidade de um Miguel Ângelo ou Leonardo Da Vinci, você e eu podemos transformar nossa existência numa simpática e luminosa pequena obra-prima, agradável aos olhos de Deus, nosso Pai e Criador. 3 – Mesmo cantando um pouco desafinado, sem grande talento musical, nosso dia-a-dia pode converter-se numa linda canção existencial, irradiando poesia, ternura, entusiasmo, otimismo, jovialidade e alegre motivação. 4 – Mesmo sem nenhum doutorado acadêmico ou Curso de Comunicação, você pode exercer e administrar a sabedoria da Caridade, de longe o melhor bilhete de entrada, junto a São Pedro, no portal da eternidade. 5 – Mesmo que seu trabalho seja humilde, anônimo, silencioso, você pode rezar suas tarefas diárias num ofertório de louvor e ação de graças, na Liturgia do cotidiano. 6 – Um rosto enrugado, já no entardecer da vida, não é tragédia, fim de mundo, vergonhosa fatalidade. Mais vale nossa beleza interna, a juventude da alma, do coração. 7 – Mesmo não sendo anjo, querubim celeste ou santo, você pode sorrir, cantar e agradecer jubilosamente. Em sua misericórdia infinita, Deus Pai nos reserva, antecipadamente, uma cadeira privilegiada, especial, na glória da eternidade. Amém, aleluia.

RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2012 está à venda na Livraria Padre Reus e também na filial dentro do Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo. Faça o seu pedido pelos fones: 51-3224.0250 e 51-3566.5086 ou através do e-mail: livrariareus@li-

vrariareus.com.br

Liberdade de imprensa

N

o dia 27 de abril último reuniram-se, em Santiago do Chile, dirigentes das associações de editores de jornais do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador e Peru para fazerem um diagnóstico nada positivo da imprensa na América do Sul. Concluíram que a liberdade de imprensa vem sendo ameaçada pela intolerância de determinados governos e pela violência contra o trabalho investigativo de repórteres.

O que, na verdade, significa a liberdade de imprensa na América do Sul, o único continente que até hoje não tem uma agência de notícias internacional e que recebe as informações filtradas pelas demais agências internacionais? Os representantes dos maiores jornais do continente assinaram uma declaração reafirmando a importância da liberdade de imprensa para o debate, a formação de valores democráticos e a fiscalização das autoridades por parte dos cidadãos. Os editores ainda citaram “alguns governos de origem democrática mas de práticas autoritárias. ”Quais seriam as razões destes governos que algumas vezes têm informações privilegiadas e não podem divulgá-las por interesses nacionais? Um assessor de imprensa de um presidente brasileiro declarou uma vez, em conversa informal, que algumas vezes determinados temas não podiam ser divulgados para não serem conhecidos fora do país. Quem determina o que pode ou não pode ser informado? Um ditado popular em Portugal declara: “Quando disser uma verdade diga-lhe inteira, porque meia verdade pode ser uma mentira”. Quantas meias verdades são veiculadas pela imprensa? Agora, em vésperas de uma eleição no México, os estudantes lançaram uma campanha nas ruas do país: “Quero informação real e não manipulada”, ou seja: “Democratização dos Meios de Comunicação a fim de garantir informação transparente, plural e imparcial”. Parece que isto é o que todos nós desejamos e, embora possa parecer uma utopia, devemos nos empenhar para que ela seja uma realidade. (geralda.alves@ufrgs.br).


10

I

C

GREJA &

Solidário Litúrgico

COMUNIDADE

Julho de 2012 - 1a quinzena

Catequese

1o de julho - 13o Domingo do Tempo Comum Cor: vermelha

FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO 1a leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 12,1-11 Salmo: 33(34), 2-3.4-5.6-7.8-9 (R/. 5b) 2a leitura: Carta de S. Paulo a Timóteo (Tm) 4,6-8.17-18 Evangelho: Mateus (Mt) 16,13-19 Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos leia, antes, os respectivos textos bíblicos. Comentário: Os tempos modernos e a necessidade criada de eliminar feriados religiosos para não prejudicar a produção das grandes empresas, fizeram com que não se celebre mais, no Brasil, a festa de São Pedro e São Paulo no dia 29 de junho. Adaptando-se a esta realidade, a igreja celebra esta festa no domingo seguinte. Neste ano, no dia 1o de julho. Jesus diria: “foi por causa da dureza de vossos corações. Mas, no princípio, não era assim”. As duas figuras bíblicas que lembramos neste domingo se tornaram paradigmáticas para as primitivas comunidades cristãs. O impulsivo Pedro pregou mais para seu povo judeu; Paulo, sem ter conhecido, pessoalmente, a Jesus, depois da sua conversão, foi o principal anunciador do Evangelho para os chamados “povos pagãos”. Pedro e Paulo se complementam e, também por isso, sua festa é celebrada no mesmo dia. Hoje, olhemos mais para a figura de Pedro. Líder natural no seu grupo, Pedro é, ao mesmo tempo, forte e fraco: forte nas suas afirmações de lealdade e de seguimento do Mestre; fraco, a ponto de renegar o amigo quando o perigo se torna iminente. Pedro, neste sentido, é muito semelhante a todos nós: fortes em afirmações de seguimento do Senhor, em juras de amor a Jesus; fracos, quando se trata de viver e praticar a fé no cotidiano. Em outras palavras: teoricamente, todos nós nos afirmamos honestos, justos, coerentes, comprometidos com Jesus e seu Projeto de um mundo solidário e fraterno; na prática, quantas vezes não somos nem honestos e coerentes com este compromisso, nem justos e fraternos em nossas relações. Como Pedro, também dizemos: Tu és o Cristo, o Messias, o Filho de Deus vivo (Mt 16,16). Mas, na prática de nossa fé, também dizemos, de muitas maneiras, como Pedro: Eu não conheço este homem (Mt 26,74). Na prática da minha fé, quem é para mim e o que significa em minha vida Jesus de Nazaré?

8 de julho - 14o Domingo do Tempo Comum Cor: verde

1a leitura: Livro de Ezequiel (Ez) 2,2-5 Salmo: 122(123), 1-2a.2bcd.3-4 (R/.2cd) 2a leitura: 2a Carta de S. Paulo aos Coríntios (2Cor) 12,7-10 Evangelho: Marcos (Mc) 6,1-6 Comentário: Poderíamos iniciar este comentário com o pensamento final do comentário do domingo passado: “Na prática da minha fé, quem é para mim e o que significa em minha vida Jesus de Nazaré”? A fé “devocional” adora, aplaude, glorifica a Jesus. E dele exige, como retorno, principalmente, milagres. Sobretudo, milagres que respondam a necessidades, desejos e esperanças pessoais ou familiares. Divinizado, o Jesus devocional “serve” para ajudarme a mim e minha família. Não é um Jesus comunitário, muito menos social. Quem vive uma fé devocional se escandaliza com um Jesus encarnado, comprometido com as necessidades de todos, com especial predileção, com as necessidades dos excluídos da sociedade, um Jesus profundamente humano ou, como diria um teólogo: “tão humano, tão humano que só podia ser Deus”. Jesus, o filho de Maria na história, é um Jesus libertador de tudo o que não é humano, de tudo o que deixa as pessoas menos gente, menos dignas, menos felizes. O Jesus das Escrituras, tanto do antigo, como do novo Testamento, quer que todas as pessoas sejam livres e, na liberdade, louvem ao Pai que está nos céus. A tensão entre um Jesus milagreiro e divinizado e um Jesus que requer a fé nele e no seu projeto para libertar as pessoas persiste há dois mil anos. Há dois mil anos, os parentes e conterrâneos de Jesus não acreditaram nele, era alguém conhecido na aldeia, não era doutor, nem fariseu: Esse aí não é o carpinteiro, o filho de Maria (6,3)!?. Próximo demais, encarnado demais, inculturado demais, “humano” demais. Pela falta de fé de seus parentes e conterrâneos, Jesus não pôde fazer milagres em Nazaré (6,5). Pela falta de uma fé encarnada e comprometida com a realidade e com as pessoas se torna impossível a realização de milagres e, principalmente, do milagre da libertação. Podemos dizer que nossa fé em Jesus é verdadeira, é autêntica, quando conseguimos ver a Jesus nos mais desprezados e excluídos e nos pequenos gestos de solidariedade presentes na sociedade. (attilio@livrariareus.com.br)

Jesus ensinava por parábolas. O que são “parábolas” ? Marina Zamberlan Professora e catequista

P

a r á b o l a s , n o E v a n g e l h o, s ã o e s t ó r i a s tiradas do mundo existencial em que Jesus Cristo vivia e são contadas com o propósito de transmitir uma mensagem espiritual. Jesus era conhecedor da vida humana em todas as suas formas e variantes, em todos os seus modos e meios. Era familiarizado com a vida do agricultor, do vinhateiro, do pescador, do construtor e do mercador. Algumas profissões eram por ele conhecidas, como as de ministro da fazenda, juiz, cobrador de impostos e administrador. Conhecia os fariseus e os peritos da lei. Jesus se sentia à vontade em todos os níveis sociais e sabia ministrar a todas as pessoas, independentemente da sua posição social, formação e profissão. Por meio de parábolas, o Cristo levou a todos a mensagem de salvação, conclamava seus ouvintes a se arrependerem e a crerem, desafiava os crentes da época a praticar a sua fé e exortava seus seguidores a exercerem a vigilância. Diz Echegaray, em seu livro “A prática de Jesus” (Vozes): As parábolas apresentam três momentos em seu desenvolvimento: a) a surpresa da descoberta, que abre uma perspectiva para o futuro e se apresenta como revelação; b) a tomada de consciência do acontecimento, que modifica a relação com o passado, trazendo uma avaliação nova dos valores e provocando uma revolução; c) a decisão operativa, que modifica de forma radical a situação presente, levando a uma resolução. A parábola do Bom Samaritano, por exemplo, surpreende pela pergunta final : “Qual dos três, em tua opinião, foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes ?” - mostra a atitude do samaritano em oposição à dos sacerdotes e a atitude destes, semelhante à dos bandidos que abandonaram a vítima. Na parábola dos trabalhadores da vinha, Jesus põe em discussão a justiça de Deus firmada na base de observâncias legais, e seus ouvintes são colocados diante do agir aqui e agora, segundo as exigências do Reino de Deus. Procure, você também, ler as parábolas de Jesus e descobrir qual a revolução que ele propõe na interpretação dos valores e que decisão operativa, isto é, que ações farão você e seus catequizandos para modificar a situação presente.


Julho de 2012 - 1a quinzena

E

A

SPAÇO DA

RQUIDIOCESE

Mais de 5 mil participaram da Missa e Procissão de Corpus Christi em P. Alegre Nem mesmo o frio de 9 graus impediu os católicos de atenderem ao chamado do Vicariato para a solene Celebração Eucarística e procissão de Corpus Christi na tarde do dia 7 de junho, no Largo Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre. O arcebispo metropolitano Dom Dadeus Grings presidiu a celebração que foi encerrada com a bênção do Santíssimo na Igreja Nossa Senhora da Conceição. Vivendo o espírito do Ano Vocacional Arquidiocesano, a celebração teve como tema “Eucaristia, alimento das vocações”. Padres, diáconos, religiosos/as, autoridades civis e populares formaram a multidão de fiéis que celebrou a presença de Jesus na eucaristia. O Exército, Brigada Militar e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) garantiram o apoio, segurança e organização do trânsito durante o evento religioso. Em sua homilia, o arcebispo metropolitano destacou que três motivações reuniam os fiéis nesta festa da Igreja: a fé, celebração da eucaristia e a vida que brota da eucaristia: “Essas três motivações se colocam dentro da perspectiva do nosso Ano Vocacional. Hoje, cada um de nós também é questionado e chamado: ‘Queres colaborar com esta Obra? A obra de Cristo?’ Cada um tem sua missão, sua tarefa específica como cristão. Somos batizados e devemos levar aos outros algo dessa grande realidade”, disse. O arcebispo destacou a presença da eucaristia como ponto dinamizador da fé: “Nós olhamos para a eucaristia que, diz o Concílio Vaticano II, é o ápice e fonte de toda vida cristã. Ali brota a vida. Aqui nós temos a união de todos nós. Aqui nesta eucaristia nós nos sentimos peregrinos caminhando para a eternidade. Somos como se víssemos o invisível e caminhamos para lá. Então, neste grande ponto de nossa caminhada, viemos por que nós cremos (...) Nosso Senhor, naquela última ceia, mandou fazer isso em memória dele. Este mandamento a Igreja procura cumprir com todo carinho, ao longo de todos os tempos e estamos aqui cumprindo esta vontade de Cristo”, afirmou. Dom Dadeus lembrou que a Eucaristia não é uma aula que se dá, nem mesmo uma lição que se aprende. É um mistério que se celebra, onde os cristãos se consagram a Deus: “Se todos os dias, nós estamos em nossas casas e na Igreja rezando, hoje reunimos todas as paróquias da cidade para dizer que temos fé, que somos felizes por celebrar

Dom Dadeus presidiu celebrações de Corpus Christi

este mistério e fazer aquilo que Cristo mandou fazer em memória Dele”. Ainda na homilia, o pastor da Igreja local destacou que a festa do corpo e sangue de Cristo lembra que os cristãos caminham em direção a uma meta: caminhar na eternidade com Jesus. Procissão Após a Eucaristia, os presentes participaram da procissão. O Santíssimo percorreu as avenidas Loureiro da Silva, Sarmento Leite e foi concluída na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na Avenida Independência. Durante a caminhada, muitas foram as demonstrações de fé e confiança. Famílias caminhavam e rezavam juntas; fiéis que se aproximavam do Santíssimo para um momento de oração; grupos das paróquias ostentavam os estandartes de devoções dos padroeiros. Ao passar em frente ao Carmelo, os sinos da capela de Nossa Senhora do Carmo soaram. As Irmãs ficaram próximas às janelas, saudaram a passagem da procissão de Jesus Sacramentado com acenos e chuva de pétalas de rosas. Dom Dadeus as abençoou com o Santíssimo, ao mesmo tempo em que também abençoou as vocações religiosas. Igualmente, foram abençoados os doentes da Santa Casa de Misericórdia, quando a procissão passou em frente à instituição de saúde. Esta bênção também foi estendida a todos os doentes que foram lembrados nas intenções dos fiéis. A Procissão de Corpus Christi foi recebida na Igreja de Nossa Senhora da Conceição com badaladas dos sinos. A oração pelas vocações, cantos e oração pelo Papa Bento XVI, pelo arcebispo e toda a Igreja precederam o encerramento da Missa e Procissão quando o arcebispo metropolitano proferiu a Bênção do Santíssimo.

11

Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre

Arcebispo realizou entrega dos Ministérios aos seminaristas maiores O domingo, dia 17 de junho, foi especial para 26 seminaristas maiores da Arquidiocese de Porto Alegre que receberam das mãos do arcebispo Dom Dadeus Grings os ministérios do Leitorado, Acolitado e admissão às Ordens Sacras. A entrega aconteceu durante Celebração Eucarística presidida pelo arcebispo e concelebrada pelos padres do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição. A Paróquia São Cristóvão, em Canoas, acolheu a celebração. Dos 26 seminaristas, oito receberam o Ministério do Leitorado (destinado aos seminaristas do primeiro ano de teologia), cinco receberam o Ministério do Acolitado (destinado aos seminaristas do segundo ano de teologia) e 13 foram admitidos como candidatos às Ordens Sacras, como etapa em preparação à ordenação (destinado aos seminaristas do terceiro e quarto de ano de teologia). A Liturgia da Palavra e a homilia do arcebispo precedeu a entrega dos Ministérios e o rito de Admissão. Dom Dadeus Grings destacou a coragem dos seminaristas na construção da vocação de ser a presença de Jesus Cristo para o mundo. O arcebispo enfatizou que a Igreja é Ministerial, que tem voz e tem os sacramentos “por meio do qual Deus se faz presente e realiza suas Obras”. Ressaltando mais uma passo dado na caminhada vocacional dos seminaristas, Dom Dadeus disse que Deus quer a todos integralmente, e que os seminaristas passam a ser responsáveis pela Igreja: “Nesse rito lembramos aqueles que estão dispostos a ser o rosto de Jesus aqui na terra e, mais do que isso, serem os representantes de Cristo entre nós. Este é um momento de alegria para nossa Arquidiocese dentro do nosso Ano Vocacional”. Para o rito, os seminaristas apresentaram-se em grupo diante do arcebispo. Primeiro foi entregue o Ministério da Leitorado. Com as mãos na Bíblia, cada seminarista recebeu uma oração para transmitir com fidelidade a Palavra de Deus. Em seguida, outro grupo recebeu o Ministério do Acolitado. Segurando o Pão, receberam do arcebispo a missão de servir com dignidade à mesa do Senhor e da Igreja. Por fim, 13 seminaristas foram admitidos às Ordens Sacras. Para este rito, os candidatos, diante dos questionamentos do arcebispo, manifestam publicamente seus propósitos de continuar a formação em caminhada à ordenação presbiteral. Ao finalizar cada rito, Dom Dadeus acolheu os seminaristas com um afetuoso abraço. Fotos: Pascom

Seminaristas receberam Ministérios

NOTAS Grupo de convivência - Aconteceu no dia 15 de junho o primeiro encontro do Grupo de convivência para idosos, na paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre. Estiveram presentes 26 idosos que iniciaram as atividade do grupo denominado "Alegria de viver". A primeira reunião contou com a presença do pároco, Pe. Luis Inácio Ledur, a coordenadora do grupo, a fisioterapeuta Carolina Kaercher e as assistentes sociais da Arquidiocese, Marta Bangel e Lisiane Crapanzani, que promoveram o primeiro encontro. O grupo se encontrará semanalmente, às quintas-feiras, das 14h30min às 16 horas. Paróquia lança site - Durante a novena em honra ao padroeiro, ocorreu o lançamento do site da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Alvorada. No site, os fiéis acompanharam o registro das Missas através de fotos e vídeos das homilias. O site poderá ser acessado pelo ende-

reço www.paroquiasagradocoracaodejesus.org CLJ Área Pastoral São Jerônimo - Pensando em buscar novos jovens para a Igreja Católica, o CLJ Área Pastoral São Jerônimo (São Jerônimo, Charqueadas, Arroio dos Ratos e Minas do Leão) irá realizar o "prezão": um dia com as atividades mais importantes do Pré-CLJ. O coordenador do Movimento CLJ Área São Jeronimo, Carlos Eduardo Abreu, afirma que o objetivo do "prezão" é incentivar os jovens do Pré a perseverem no PósCLJ. O "prezão" ira acontecer em quatro Paróquias até o final do mês de junho. Formação bíblica - Em maio, iniciou-se o curso de formação bíblica da área pastoral de Gravataí, do Vicariato de Gravataí, sob a coordenação do Pe. Bonifácio Schmidt. O curso é realizado em três momentos com os padres, diáconos e leigos. O objetivo do curso é colocar a palavra de Deus no centro de toda ação evangelizadora.

Visita da Irmã Griselda, representante da ONU, em Guaíba No dia 15 de junho, a Paróquia Nossa Senhora do Livramento, em Guaíba, recebeu a visita da Irmã Griselda Martinez Morales, da Congregação das Irmãs de São José. Natural do México e residindo atualmente em Nova York, a religiosa é representante da ONU e esteve no Brasil para participar do Congresso Rio +20, no Rio de Janeiro. Aproveitando o tempo disponível, a Irmã visitou diversas comunidades brasileiras, onde as Irmãs de São José atuam. Em Guaíba, a Irmã Griselda visitou o projeto social PROJARI e participou de uma palestra sobre “Sustentabilidade, Ecologia, Água e Vida”. Em mensagem, a religiosa deixou como recado “caminharmos com os pés no chão, o coração pulsante, olhos abertos e pensamento crítico”, disse.


Porto Alegre, julho de 2012 - 1a quinzena

Ilusão e decepção! Depende do olhar que se lance sobre o evento que se encerrou no dia 22 de junho último, no Rio de Janeiro, reunindo representantes de 193 países e tendo 15 mil participantes. Apesar de resultados práticos próximos de zero, da produção de um texto final bastante vago e da ausência dos principais chefes de estado – o presidente dos EUA, Barack Obama, a chanceler da Alemanha, Angel Merkel, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, não vieram e apenas mandaram representantes na reunião de cúpula para referendar o texto final – otimistas asseguram que valeu a pena todo o gasto e esforço, pois acham que a iniciativa despertou grande interesse na opinião pública. E que mais gente se interessa pela preservação do planeta. Os catastrofistas fazem tábula rasa e dizem que nada valeu a pena. Que o planeta marcha irreversivelmente para a inviabilidade de vida. “Minha descrença é ajudada pela realidade simples e sórdida: Amazônia mais desmatada, escassez de águas limpas, povos com fome e chagas, os mesmos países desenvolvidos, os outros tantos ainda em desenvolvimento, os pobres mais pobres e a violência cada vez mais sem fronteiras”, escreve a jornalista e ecologista Marli Gonçalves. Os realistas acreditam na capacidade do instinto de sobrevivência e na inteligência humana. E que as soluções para o desenvolvimento sustentável estão se encaminhando. Que o progresso é compatível com a natureza saudável. Mas que há que frear os predadores do planeta em todos os sentidos, pois querem continuar a lucrar o máximo no menor tempo possível.

Resistência dos países ricos

Até o fechamento desta edição (19 de junho) o texto final discutido durante cinco dias e apresentado para aprovação e acolhimento aos chefes de estado na Reunião de Cúpula entre 20 e 22 de junho, não tinha sido aprovado por todas as delegações reunidas no Riocentro. A tendência, segundo os negociadores, era de fechar um documento no qual esteja fortalecido o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), sinalizando para que futuramente seja criado um órgão independente, detalhando a proteção das águas oceânicas e uma espécie de bloco destinado aos financiamentos, mas sem cifras precisas. O texto deverá encerrar até 2013 os debates sobre a possibilidade de criar um fundo específico para o desenvolvimento sustentável. Inicialmente, o Brasil e vários países em desenvolvimento defendiam a criação do fundo, começando com US$ 30 bilhões e podendo chegar a US$ 100 bilhões, em 2018. Porém, os países ricos vetaram a proposta alegando dificuldades econômicas internas, preferindo preocupar-se com a solução de problemas econômicos imediatos, adiando e fazendo vista grossa – mais uma vez – para o cumprimento de medidas de sobrevivência do planeta.

Texto genérico

Definições de recursos e metas pontuais ficaram de fora do documento, assim como detalhamento de aspectos sociais. Talvez caberia defini-lo como uma soma de boas intenções sem compromissos claros em que se

Expectativas e frustrações resiste a reconhecer a Mãe Terra como um sujeito de direitos. O texto é amplo e generalista, embora ressalte aspectos sociais, como as parcerias para a erradicação da pobreza, a melhoria na qualidade de vida nos assentamentos, transportes e educação, além do combate à discriminação por gênero. No começo das discussões, dia 17 de junho, o texto tinha 80 páginas (a minuta inicial tinha 200 páginas). E pelo menos 30 propostas polêmicas foram retiradas para buscar um mínimo consenso. O documento preliminar está dividido em seis capítulos e 287 ítens. Os capítulos mais relevantes são os que tratam de financiamentos e meios de implementação (relacionados às metas e compromissos que devem ser cumpridos). O texto destaca também a necessidade de os países fortalecerem as parcerias para a transferência de tecnologia limpa.

Economia verde: um sofisma?

O termo reiteradamente citado na Rio+20 e incluído no texto final é avaliado como sofisma por ecologistas, para encobrir a privatização dos recursos naturais – como a água – e a mercantilização da natureza. Seria uma pretensão de substituir o enfoque em torno ao cumprimento dos princípios do Desenvolvimento Sustentável e dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio assumidos na Agenda 21 e acordos na Cúpula Mundial sobre o Meio Ambiente e desenvolvimento na Rio-92 e reiterados na Conferência de Johannesburbo. Segundo analistas, é muito forte a ideia de se criar um mercado financeiro para os recursos da natureza. Já existem bolsas de valores verdes que precificam o ar e criam créditos de carbono, o chamado mercado de carbono. Isso seria falsa solução. E que o mercado de carbono pode atuar contra os direitos das populações tradicionais. Seria uma armadilha.

Discurso e prática

Para Heitor Scalambrini Costa, articulista do Portal EcoDebate e professor da Universidade Federal de Pernambuco, falta autoridade moral do governo brasileiro na articulação de defesa na revisão dos padrões de produção e consumo. Ele tem como retrocessos a aprovação do código florestal (mesmo com vetos), a redução de áreas de unidades de conservação na Amazônia para atender à construção de grandes hidrelétricas, a intervenção no Ibama reduzindo seu poder de fiscalização ao sancionar a Lei Complementar 140, os atropelos

Para tentar explicar melhor o que é a Conferência, a ONG Oxfam fez o diagrama acima. Ele mostra que a vida humana existe entre um piso e um teto. O piso é a necessidade social de viver, de ter acesso à alimentação, água e conforto. Mas o teto é o quanto o ambiente pode fornecer, sem afetar as gerações futuras.

das regras de licenciamento ambiental, a subserviência inaceitável do Ministério do Meio Ambiente frente aos ataques à sua competência constitucional. E que o país não está nem cumprindo o "compromisso voluntário" de baixar as emissões de gases de efeito estufa em 39%. E também se refere às medidas internas tomadas para acelerar a economia do país estimulando a indústria automobilística e um meio de transporte de cargas por caminhão, que são opostos de sustentáveis, pois consomem freneticamente recursos naturais, rodam com combustíveis fósseis subsidiados, torna a vida nas cidades um inferno. “Na verdade, o governo age com dupla personalidade ao anunciar mais um presentão para a indústria automobilística que libera recursos da ordem de R$ 1,2 bilhões para as montadoras, R$ 18 bilhões de compulsório para aumento do financiamento de veículos, reduz o IPI para carros de até mil cilindradas até quase zero, e cria condições de mãe para filho para a compra de ônibus e caminhões com juros passando de 7,7% para 5,5% ao ano (é quase juro negativo) e com prazo de financiamento dilatado de 96 meses para 120 meses”.

Leitor assinante Ao receber o doc, renove a assinatura: é presente para sua família. No Banrisul, a renovação pode ser feita mesmo após o vencimento. E se não receber o jornal, reclame, trata-se de serviço terceirizado. Fones: (51) 3211.2314 e (51) 30.93.3029.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.