IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS
Porto Alegre, agosto de 2012 - 2a quinzena
Ano XVIII - Edição N o 616 - R$ 2,00
Comunidades Eclesiais de Base: jeito de ser Igreja www.arquidiocese de maceió
Salários não revelados Possibilitar o acompanhamento de como o dinheiro que desembolsamos, sob a forma de impostos, é usado para remunerar bem os servidores e assegurar serviços de qualidade aos contribuintes. É esta a finalidade da Lei de Acesso à Informação, a conhecida Lei da Transparência. Mas que, sob os mais diversos argumentos e subterfúgios, vem sendo driblada por representantes do Executivo, do Legislativo e, principalmente, do Judiciário, exatamente por líderes de servidores situados nas faixas mais altas de salários. Até quando? Pois a lei é clara: tem que constar o nome do servidor, seu vínculo funcional e ocupação com as devidas remunerações, incluindo vantagens de natureza pessoal, abono de permanência, descontos obrigatórios, etc.
Retiro aberto Depois de alguns anos de restrição no meio eclesiástico, esse modo de ser igreja, já citado em encíclicas papais e assembleias gerais de episcopado continental, volta a ter reconhecimento explícito. As CEBs estão contempladas claramente no documento final da V CELAM – Reunião do Conselho Episcopal Latino Americano – ocorrida em Aparecida em maio de 2007. E, mais recentemente, no documento final da 49a Assembleia Geral da CNBB. Páginas 2 (Editorial) e centrais
Olimpíadas modernas: confraternização universal O que importa é competir. Era o mote das Olimpíadas Gregas em que só os homens podiam participar. Consistiam em festival religioso e atlético que se realizava de quatro em quatro anos no santuário de Olímpia, em honra de Zeus. A primeira Olimpíada foi em 776 a.C. Os jogos foram proibidos em 393 pelo imperador Teodósio, sob a alegação de constituírem manifestação de rituais do paganismo. Em 1896, sob os auspícios do Comitê Olímpico Internacional – COI – foram reativados no estádio de Panathinaikos, em Atenas, com participação de 243 atletas de 14 nações competindo em 43 eventos. Na edição deste ano, em Londres, 202 países grandes e pequenos competiram em diversos esportes, numa demonstração de que a confraternização universal é possível, ao menos na quadra de esportes.
Voltado para membros e não membros, o Apostolado da Oração da Igreja S. José de Porto Alegre chama para o Retiro Aberto 2012. Será nos dias 4, 5 e 6 de setembro próximo – terça, quarta e quintafeiras, tendo como pregador Pe. Egon Binsfeld. As palestras serão no horário das tarde, a primeira às 15 horas e a segunda às 16 horas, concluindo com celebração de Missa. Informações e reservas pelo telefone (51) 3224.5829 ou na secretaria da Comunidade S. José, que fica na Av. Alberto Bins, 467, Centro de Porto Alegre.
Os telefones do Jornal Solidário: (51) 3093.3029 e (51) 3211.2314 e-mail: solidario@portoweb. com.br
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RTIGOS
Voz do Pastor Dom Dadeus Grings
Editorial
Arcebispo Metropolitano de P. Alegre
Primeiras comunidades
A relação consigo
eram eclesiais e de base
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bom pastor conhece as suas ovelhas, as chama pelo nome e elas o seguem porque conhecem a sua voz (cf João 10). Esta edição do Solidário aborda o controvertido e polêmico tema das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Tema esse que não deveria ser controvertido, muito menos polêmico, se atentarmos para o início da história da Igreja de Jesus Cristo, melhor, para as primeiras comunidades cristãs. Que eram eclesiais e que eram de base, tanto na sua concepção, quanto na sua prática da vivência da fé. Era o jeito de ser igreja, com um mínimo de normas e estruturas, mais movimento que instituição, onde, fiéis à palavra do Senhor, não havia disputa de poder e “maior era aquele/aquela que mais servia” aos irmãos e à comunidade. Ao longo dos séculos, este espírito foi se diluindo e, finalmente, se perdeu. Lamentavelmente, em muitas ocasiões, a Instituição se sobrepôs ao projeto original, com páginas dolorosas e escandalosas, que em nada contribuíram na construção de um mundo justo e solidário, sonho de Jesus, há dois mil anos. Com o Concílio Ecumênico Vaticano II, cujo cinquentenário de convocação estamos lembrando neste ano, e o sentimento de um homem de Deus chamado Ângelo Rocalli/João XXIII, a Igreja, como um todo, respirou ares renovados e começou a reescrever a verdadeira história da Igreja de Jesus. Neste contexto, as Comunidades de Base voltaram a ganhar espaço e lugar, como uma forma particularmente importante de ser Igreja em nosso tempo. Contudo, correntes internas, por desconhecimento ou por medo de que estas comunidades “fugissem” ao seu controle autoritário, foram esvaziando, pela crítica aberta ou pela desautorização, as ainda embrionárias Comunidades. Como sinal de esperança, a última Assembleia Geral do Espiscopado Latino-americano (Aparecida, maio/2007) e a 49a Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (maio/2011), “reabilitaram” as CEBs e as colocaram, novamente, como um jeito por excelência de ser Igreja, hoje. Não sem fortes contestações, especialmente por parte de certos movimentos ou por praticantes de uma religiosidade “de consumo”, no interior da própria Igreja. A matéria nas páginas centrais aborda um pouco da história e o que são, na sua prática cristã, as Comunidades Eclesiais de Base. Num tempo em que se vive em sociedades onde ninguém conhece ninguém, onde as relações são sempre mais diluídas e frágeis, é da maior relevância a prática eclesial das Comunidades de Base, onde o “pastor conhece suas ovelhas”, seus irmãos e irmãs, “as chama pelo nome”, sabe da sua história, das suas alegrias e tristezas, dos seus sonhos e esperanças, vive e celebra sua vida em Eucaristias vivas e participadas. Em uma palavra: nas CEBs, o cristão tem todas as condições para ser, novamente, sujeito da sua fé, construtor consciente do Reino do Senhor Jesus... conhecer e ser conhecido por irmãos e irmãs na mesma fé em Jesus e no seu Projeto de paz, de justiça, de amor. (attilio@livrariareus.com.br)
Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36
Conselho Deliberativo
Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola
Voluntários Diretoria Executiva
Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj
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paralítico do Evangelho (Mc 2,1-12) se identifica, por assim dizer, com sua deficiência. Considera-se e é considerado pelos outros como deficiente. Com isso, nem nome tem. Parece não ser nada nem ninguém.
A paralisia cai em vista. Ele a sente e todos a percebem. Mas ele não é paralisia. Tem vida. Também convive. Relaciona-se consigo, com o mundo, com os outros e com Deus. Tudo, porém, marcado pela paralisia. Tem um conceito de si como paralítico, aparece na sociedade como paralítico, não consegue se locomover no mundo porque é paralítico, e isto o leva, pelos vistos, a se distanciar de Deus. Nutre uma revolta contra seu destino. Dá tudo errado nele e para ele. Na verdade, há um engano fundamental, que costuma atingir os enfermos ou deficientes. Vê-se o que lhes falta e não o que são nem para onde vão. O paralítico, certamente, não pode fazer muita coisa. Mas tem amplas condições de se relacionar consigo, com o mundo, com os outros e com Deus. Se não souber responder à pergunta: por quê? E para quê? Não lhe poderia faltar a resposta à pergunta: para quem vive? Volta a primeira consideração: o valor da vida. Viver é relacionar-se. Sócrates colheu do frontispício do templo de Apolo, em Delfos, a orientação para suas pesquisas filosóficas: “Conhece-te a ti mesmo”. Não quer que sejamos definidos por aquilo que falta, mas por aquilo que somos. Isto significa que não podemos falar, com propriedade, de um paralítico, de um cego, de um moribundo... Mas de uma pessoa, atingida por paralisia, pela cegueira, que está nos últimos momentos de vida terrena... Por uma série de fatores assistimos, hoje, a uma grave doença, que recebeu o nome de depressão e estresse. Há dificuldade de as pessoas se aceitarem como são. Muitas tentam mudar o visual. Outros procuram modificação mais profunda, desde a personalidade à sexualidade. A aparência passou a ser condição de autoestima. Não interessa, neste contexto, o que alguém é, mas como aparece. E, para salvaguardar as aparências, se corre qualquer risco. A beleza foi guindada à condição de divindade. Corre, por isso, o provérbio
Conselho Editorial
Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino
Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo
de que o que não se comunica não existe, e o que não tem boa aparência é rejeitado. O problema está no relacionamento consigo mesmo. Sentimos necessidade de ouvir novamente, em nossos tempos, a advertência de S. Leão Magno: cristão, reconhece tua dignidade! O século XX iniciou uma reação ao racionalismo do século XIX, com um apelo veemente à existência. Existência vale mais que ideia. Falta, porém, levar a existência à altura da vida. O Evangelho nos pergunta: o que o homem dará em troca da vida? É preciso ser realista. Não há vida isolada. Viver é conviver. Portanto, deve-se costurar o tecido vital, com os outros, com o mundo e com Deus. A primeira condição de um bom relacionamento com o mundo, com os outros e com Deus está no relacionamento consigo mesmo. É aceitar-se, amar-se, realizar-se. Da forma como alguém se relaciona consigo, abre-se também para o que está em volta. Necessita descobrir seus próprios valores, capacidades e dignidade. Acolher-se no contexto do mundo, do tempo presente, das mãos de Deus, na convivência humana. Descobrir a meta da caminhada e se empenhar para chegar lá. Pela fé, viver alegre na esperança. Cada dia há algo de novo, de surpreendente. É preciso estar aberto para tudo o que de bom acontece ao redor. Em síntese: a pessoa humana não pode ser definida ou caracterizada por uma eventual deficiência, mas pela existência e pela vida. Ela tem dignidade, sendo capaz de conhecer, amar e sentir. Precisa de autoestima. Não pode depender das aparências ou do visual. Há uma interioridade capaz de introjetar a própria razão de ser e todas as realidades nas quais está inserido. Vida humana é relacionamento. Em primeiro lugar consigo mesmo. Aceitar-se como se é, através do reconhecimento da própria dignidade de ser humano e de filho de Deus. Sentir-se bem é acolher-se como amado.
Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS
Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul
Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.
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AMÍLIA &
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OCIEDADE
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Pai real x Pai simbólico Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia
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poder dos pais guia a criança a um destino mais alto. Porém, quando este destino cresce, começa a luta entre a consciência em evolução e aquilo que é infantil, a influência dos pais passa, então, a ser reprimida e vai se aninhando no inconsciente. Mas não é eliminada. Ao contrário, afirma Yung, a influência dos pais dirige, com fios invisíveis, as criações apararentemente independentes e individuais do espírito em amadurecimento. Ned Horton/www.hortongroup.com/sxc.hu
A função simbólica do pai
Todo ser humano traz dentro de si, inato, um sentimento arraigado que o faz perceber a figura do pai como algo indescritível e maravilhoso, sentimento este que chega mesmo a ultrapassar a figura do pai real, como indivíduo, como pessoa, e atinge tudo aquilo que “simboliza” o pai. Esta “função simbólica” do pai pode até vir a concretizar-se em outro homem, que não o pai biológico, ou até em uma mulher, em sua parte masculina, sua parte “pai”, que a cultura atual começa a introjetar e a fortalecer. A funçao simbólica paterna é que envolve a colocação de limites. Aquele “pai simbólico”, aquele “ideal” de pai – vamos dizer simplesmente assim – se traduz, se torna concreto, na interação do filho com o pai real, biológico, ou seus representantes, e contribui para a estruturação do psiquismo da criança, abrindo novos horizontes e possibilidades de desenvolvimento. A presença e atuação do pai favorecem a conquista da autonomia psíquica e, consequentemente, a formação do sujeito, mas o pai atua, sobretudo, através do exemplo. Desde que a criança percebe o pai e a lei como sinônimos, a conduta paterna, ou dos adultos significativos, passa a ser modeladora e normativa, vindo a ser apreendida e internalizada com peso semelhante ao da lei. Assim como o dinamismo matriarcal responde pela intimidade, assim o dinamismo patriarcal impõe a lei, a noção de dever e de cumprimento de tarefas, a organização, a coerência lógica . Não por acaso, crianças e adolescentes infratores, em várias pesquisas, informam “não ter pai”. “É o pai que determina em que bases, até que ponto, dentro de que limites, com que regras, com que qualidade de aproximação e afastamento, com que métodos, regularidade, finalidades, responsabilidades e objetivos as diversas relações do filho com o mundo, consigo mesmo e com o outro, irão acontecer. O pai interrompe o que até então era “natural” para instalar o escolhido, o proposital, o consciente” (Amauri M. Cardoso).
A ausência do pai real, importa?
Embora eu tenha descrito tanta coisa que é promovida pelo pai simbólico e não pelo pai físico/ pessoal, no caso da ausência deste, ou das figuras necessárias para ativar aquele sentido de pai que a criança tem no seu inconsciente, o filho pode permanecer numa relação diluída e indiscriminada com o mundo. E não só a ausência do pai, mas também a presença disfucional de figuras paternas reais ou representativas contribui para o desenvolvimento de caminhos distorcidos, que não ativam plena-
mente a personalidade do filho. A internalização de uma imagem paterna distante, rejeitadora ou ameaçadora, pode levar os filhos a se tornarem vulneráveis a sentimentos de incompetência e de fracasso.
Os pais são chamados à humildade
No desempenho da tarefa paterna, os pais devem estar cientes de que jamais corresponderão integralmente à grandiosidade das expectativas e ao peso da imagem idealizada que sobre eles projetam os filhos. Resta um consolo para as famílias cujo pai real está ausente: é possível que o pai simbólico, traduzido por outra figura forte, até mesmo pela mãe, represente tudo o que o filho idealiza como “pai”. Mas, atenção: também é possível que aquele filho que tem a presença de um pai real, físico, tenha a maior decepção em relação à idealização inconsciente que ele tem da figura paterna.
Um caso concreto para ilustrar este texto
Acompanho uma criança que foi concebida numa relação da mãe com o pai no cárcere. Apesar de muito desejar conhecer o pai real, a mãe não lhe satisfez o desejo, estando ele já com nove anos. Aconteceu que, por estes dias o
pai foi solto, e o menino, excitado, achou que agora se encontraria com a figura concreta que encarnava aquele “símbolo paterno”, forte em seu inconsciente. Mas, lástima, ao sair da prisão o pai participou de um assalto e foi morto. Não posso traduzir em palavras o quanto este menino ficou transtornado e passou a ter um comportamento violento com os outros, imaginando que, em tudo, ofendiam a figura de seu pai, morto. Eis aí o que quero dizer com “pai simbólico”, pois este menino nunca conheceu um pai real.
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4 de olhar Escritor
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ois é, cheguei aos setenta anos! Quantas coisas tenho ainda a descobrir! A idade (bem) madura é um tempo de cultivar a sabedoria do silêncio interno, o direito de ficar calado ou dar boas risadas, não quando os outros acham conveniente, mas quando eu entendo oportuno. O idoso, já que ninguém escuta seus “bons conselhos”, se limita a dar maus exemplos... Setenta anos! Costumo dizer aos meus amigos da minha alegria em fazer o que eu gosto, quando eu quero. Sinceramente, eu tinha medo de não chegar a essa marca; meu pai partiu três meses antes do completá-la. Hoje, temo viver demais, atrapalhar os outros e começar a ver (e contar) coisas em repetição... A minha geração de setentões, Paul McCartney, Caetano Veloso, Chico Buarque, Leonardo Boff, Roberto Carlos, Gilberto Gil, Pelé, Padre Zezinho e outros, está aí, mais em pé do que os das gerações anteriores. Embora não seja saudosista, assisto contristado a morte do bom senso, da vergonha-na-cara, do respeito, do amor duradouro e da probidade das pessoas. Ser velho não implica em sentir saudades, pois isto todo mundo sente. Velhice é só enxergar para trás e firmar compromissos mórbidos com o passado, sem ver o hoje e sem expectar o amanhã. Num dia desses marquei encontro com minha mulher na porta de uma loja. Na chegada, ela me recebeu com um sorriso tão bonito e alegre como eu, nos cinquenta anos que nos conhecemos, nunca tinha visto. O fato é que enxergar banaliza aquilo que se deveria ver. A gente passa a enxergar, sem ver. É preciso e salutar, mesmo enxergando os fatos e as visões do cotidiano, procurar ver com olhos de busca e de descoberta. A beleza ao nosso redor não pode ser desperdiçada de forma rotineira e banal. A rotina, depois de algum tempo, faz com que a gente enxergue pessoas, fatos e circunstâncias, sem ver sua riqueza e o valor do seu conteúdo. O chato da idade não é a visão diminuída e ter que usar lentes para enxergar melhor. A vista cansada é aquele saudosismo de quem teima obstinadamente que todos os fatos bons e as coisas bonitas estão no passado. Hemingway, em uma de suas obras, recomenda que se contemple as imagens como se fosse a última vez. Eu acho que não deve ser assim, mas deslumbrar-se como se fosse a primeira mirada. Olhar pela última vez é deprimente, pois nos lembra despedidas. A gente deve estar sempre aberta para reencontros e novas descobertas. O espírito inquieto, o contrário do acomodado, deve estar sempre curioso. Já escutei um orador dizer que felicidade é ter olhos de cego, para ver melhor, coração de caipira, para intuir a verdade, e cabeça de poeta para ser sensível ao amor. Nos olhos gastos e opacos pela rotina e pelo negativismo se instalam as piores doenças: o pessimismo e a indiferença. Um dia meus olhos vão se apagar, mas meu espírito se regozijará por tudo aquilo que consegui ver, na alegria de uma vida que valeu a pena. Sei quantos anos tive para trás, mas não sei quantos mais terei pela frente. Mesmo assim, quero sempre alimentar um novo jeito de olhar...
PINIÃO
Inclusão – Exclusão
Um novo jeito Antônio Mesquita Galvão
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Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista
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m cada época, surgem novos termos para designar situações que não são novas. São termos que se transformam em moda e, por vezes, correm o risco de esvaziar o que pretendem denominar, tal a frequência e, até, a impropriedade com que são usados. É o caso de 'INCLUSÃO-EXCLUSÃO." Em 1998, Dom Lucas Moreira Neves, na época cardeal-arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, emprega o termo “exclusão” para comentar a Campanha “Fraternidade e Educação”. Ele afirma que “não há exclusão mais grave que o analfabetismo e outras carências da educação”. Hoje, apesar de avanços, ainda observamos a gravidade do problema. No “ranking” da educação, o Brasil ocupa o 88o lugar entre os 127 países pesquisados, atrás de países menos desenvolvidos. E não são apenas as estatísticas, os indicadores numéricos a constatar essa realidade. Na vida diária, nas escolas e universidades, a questão surge com toda a força. Oficialmente, a proporção de analfabetos diminuiu, mas a realidade nos mostra as carências de que nos fala Dom Lucas: muitas crianças chegam à 4ª série do ensino básico sem saber ler, há alunos das séries posteriores incapazes de entender instruções e interpretar pequenos textos. São os famosos “analfabetos funcionais”, e esse é um dado alarmante, tais as graves consequências que essa deficiência traz para a vida pessoal e profissional. Esses “analfabetos funcionais” não conseguem interpretar instruções, não entendem o que se espera deles em situação de grupo e de trabalho. Trata-se de um enorme contingente de pessoas que pode se considerar excluído. Para eles, diminui a chance de conseguir bons empregos e salários, ficam à margem de um mercado de trabalho cada vez mais exigente e complexo. São pessoas que encontram dificuldade para prosseguir seus estudos e aproveitar ao máximo as
oportunidades, o que significará uma severa exclusão. E, até na universidade, nota-se grande resistência à leitura e dificuldades dos alunos para ler e entender textos. Recente pesquisa realizada em alguns cursos revelou que os alunos liam em média de um a menos de dois livros por ano. De Paraty (RJ) nos vem a declaração de Afonso Borges, escritor e produtor, envolvido nas atividades da Feira Literária Internacional de 2012: “Outro segmento que anda muito distante dos livros é a universidade...” Hoje, 12 anos depois da campanha “Fraternidade e Educação”, o que tem sido feito em âmbito de políticas educacionais para melhorar essa situação? E o que cada um de nós, como cristãos e cidadãos conscientes, pode fazer, concretamente, para diminuir essas carências? E sempre há muito para fazer, seja engajandonos em movimentos mais amplos da sociedade, seja atuando em nosso grupo, através de ações concretas e imediatas, como: - estimular crianças e jovens a permanecer na escola mais tempo, ou orientá-los para que voltem a estudar; - promover a leitura, oferecer livros, ajudar a formar pequenas bibliotecas na comunidade. Então, estaremos contribuindo para que essa “exclusão” que estigmatiza o analfabeto ou o analfabeto funcional, se transforme em “inclusão”, em que mais brasileiros possam se tornar participantes ativos na construção da CIDADANIA, de uma autêntica cidadania e não apenas no sentido banal e esvaziado com que esse termo tem sido usado. (litamar@ig.com.br)
Encontro eclesial: cinco pães e dois peixes Dom Hélio Adelar Rubert Arcebispo de Santa Maria
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os dias 26 até 29 de julho, Santa Maria sediou o 13o Encontro Estadual das Comunidades Eclesiais do RS. Foram dias de bênçãos para nossa cidade e Arquidiocese. Fizemos a bela experiência de acolher, orar e partilhar nossa caminhada eclesial com os visitantes. O Evangelho do domingo,29, iluminou o 13o Encontro Estadual. Na Liturgia, a Igreja reza pedindo que Deus redobre – “multiplique” – seu amor para conosco, para que, conduzidos por Ele, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam. A administração dos bens sempre foi um desafio para a humanidade, tanto que os sistemas econômicos, a partir de visões diferentes, se alternam ou se complementam, numa busca incansável das respostas adequadas às necessidades humanas. No Evangelho, Jesus se ocupa, em seus ensinamentos, parábolas ou milagres, do tema dos bens a serem cuidados pela humanidade. O fato da multiplicação de pães e peixes, milagre realizado por Jesus e narrado pelos quatro evangelistas, é carregado de ensinamentos, fonte inesgotável para a vida cristã em todos os tempos (Jo 6,1-15). De forma muito clara, abre ainda as mentes e os corações para o milagre cotidiano, com o qual o Senhor se faz presente na Eucaristia. Dentre tantas riquezas da Multiplicação de Pães, podemos voltar os olhos para aquele menino que ofereceu a “contrapartida” para que o Senhor realizasse o milagre. As crianças nem eram contadas, tanto que o número de cinco mil homens pode ser multiplicado, pelas mulheres e crianças certamente presentes ao episódio da multiplicação. Jesus acolhe quem nem mesmo vale para a sociedade de seu tempo, recolhe o pouco que pode ser oferecido e multiplica. O cristianismo aprendeu desde cedo com o seu Senhor e Mestre a verdade da partilha, ponto de partida para a intervenção da
graça, que efetivamente multiplica o que se pode oferecer, do menor ao maior, para chegar a todos, que podem entrar cada dia numa igreja, ter os olhos voltados para o altar e ali aprenderem a lição perene da multiplicação. Muitas vezes cantamos “sabes, Senhor, o que temos é tão pouco para dar, mas este pouco nós queremos com os irmãos compartilhar”. O apelo suscitado pelo Evangelho é a uma mudança que se pode chamar “cultural”. A cultura cristã tem a marca do “dar” e do “receber”, capacidade de oferecer o que se tem de melhor, mesmo que sejam os pães e os peixes do menino, as duas moedas da viúva pobre, o óleo perfumado da mulher pecadora ou a vida daqueles doze homens chamados por Jesus para começar tudo. Lições de economia, administração e matemática! Os dons de Deus são infinitamente desproporcionais às nossas capacidades e eventualmente pequenas ofertas. Basta verificar a quantidade de obras sociais nascidas do Evangelho no coração da Igreja, para ver o quanto os meios pobres, mas bem administrados, são orvalhados pela graça. Onde houver um cristão de verdade, esteja presente o milagre da multiplicação! Um, dois, cinco mil. Uma contabilidade nova! As contas de Deus serão sempre maiores, porque são do tamanho da eternidade. Que o nosso 13o Encontro Estadual das CEBs tenha sido capaz de realizar o milagre da multiplicação dos cinco pães e dois peixes!
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DUCAÇÃO &
SICOLOGIA
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Autocontrole, empatia e bem-querer Juracy C. Marques Professora universitária, doutora em Psicologia
“Tem anjos voando neste lugar, no meio do povo, em cima do altar, subindo e descendo em todas as direções, não sei se a igreja subiu ou se o céu desceu, só sei que está cheio de anjos, porque o próprio Deus está aqui”. (Louvemos o Senhor, 2004)
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ara compreender nossos motivos intrínsecos, tanto os demoníacos que nos inclinam à hostilidade quanto os benfazejos que nos levam a obter proteção de nossos anjos intrínsecos, muitas vezes, a mudar nossa visão de mundo, bem como nossos modos de pensar sobre a sociedade em seu constante dinamismo. Orgulho, ganância, inveja, luxúria, raiva e vaidade, geralmente, transformam nossos relacionamentos interpessoais em atos e atitudes que convocam o pior de nós mesmos, acordando demônios ocultos que, ao mesmo tempo, nos ferem e ferem outros, vítimas de nossos abusos de poder. Em contraponto, no eixo dos comportamentos e atitudes de Amor, temos um imenso reservatório de empatia, ternura, confiança, fé e senso de justiça que nos possibilitam usufruir bem-estar, equilíbrio e autocontrole.
Empatia e Compaixão
Empatia tem um significado que se aproxima de simpatia e compaixão. Para beneficiar os outros é preciso sentir o que eles estão sentindo, olhar o mundo do mesmo ângulo em que eles o fazem. Isto acontece em relações de amizade nas quais a pessoa se projeta, vivendo as alegrias e os entusiasmos do outro que entram em concordância, sintonizados com suas inferências. É ser sensível aos sentimentos e necessidades do outro, emocionalmente comungando de seu eventual sofrimento, carências e necessidades. Os estados emocionais são contagiantes, quando alguém está sorrindo ou chorando tendemos a fazer o mesmo. Os prazeres e os sofrimentos dos outros passam a ser, pelo menos em parte, também nossos. Isso leva a companheirismo e participação em situações de grupo, proporcionando força e vitalidade nas decisões. Pode estar relacionado a sentimentos de compaixão, quando em termos de reações cerebrais é produzido um hormônio denominado oxitocina, produzida no hipotálamo, que nos envolve numa relação de dependência e proteção, precursor das emoções de desejos de superação, como acontece nos cuidados com um bebê, onde o apego de um ser com o outro é a tônica dominante nos cuidados necessários para o desenvolvimento individual.
Andy Reis/sxc.hu
Dois modos distintos de relacionamento
David Coimbra, escrevendo desde as Olimpíadas de Pequim (Zero Hora, 19 Ago, 2008) faz uma observação que nos faz refletir: “Os chineses são educados, cordiais e infinitamente pacienciosos. Os chineses resolvem seus problemas com voz baixa e gestos curtos, são suaves, mesmo quando peremptórios. O brasileiro é grosseiro e intolerante. Quando não gosta não critica, xinga. Fala alto quando não grita; é espaçoso quando não inconveniente. É mais que individualista, é egoísta. Não sente respeito pelo outro, o que quer dizer que não respeita a si mesmo”. Qual dos dois demonstra autocontrole e empatia? Qual dos dois está dando lições de cortesia?
Diminuição da violência
Steven Pinker, psicólogo da Universidade Harvard, publicou um livro sobre os processo civilizatórios, ao longo da história humana, demonstrando, através de estatísticas, como a violência decresceu à medida que a espécie humana foi se adaptando às circunstâncias
que a cercam. Através dos intercâmbios de comércio e viagens de colonização, foi adquirindo comportamentos e hábitos mais corteses e mais tolerantes com as diferenças e os modos singulares de cada região e cada sociedade (The Better Angels of Our Nature. Penguin Books, 2010). Suas referências básicas são a Bíblia em suas várias versões, em diferentes épocas e com diferentes ‘escribas’, por exemplo, a Hebraica e a Cristã, bem como as teorias de autores consagrados como Rousseau, com seu romantismo de que o ser humano é pura bondade e as teorias de Hobbes que demonstram que o ser humano só se torna capaz de conviver, com um mínimo de cortesia, quando se organiza em sociedade e estabelece leis que distribuem o poder de governar através de leis hierarquizadas, aceitas pela maioria. Não é demais lembrar nossos anjos bíblicos que nos ajudam e nos protegem ao longo de nossa caminhada num planeta inóspito e desconhecido. São Miguel, São Rafael e o famoso São Gabriel, que anunciou à Maria o nascimento de Jesus, que veio para nos libertar de nossos impulsos de hostilidade, dos demônios opostos aos anjos bons de nossa natureza.
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EMA EM FOCO
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Comunidades eclesiais
“Diariamente, todos juntos frequentavam o Templo e nas casas partiam o pão, tomando por todo o povo. E a cada dia o Senhor acrescentava à comunidade outr
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etrocedendo ao início do cristianismo, é fácil imaginar o clima em que viviam aqueles que conheceram e conviveram com Jesus de Nazaré. Que, morto e crucificado, e ressuscitado, agora os impulsionava de forma irrefreável a propagar Sua revolucionária mensagem à humanidade. Pelo que descreve Lucas, em Atos dos Apóstolos (*), as pequenas comunidades de seguidores estavam se organizado e estruturando. E, consolidadas, seus integrantes, encontravam-se diariamente para recordar as palavras e gestos de Jesus, tentando aplicá-las em sua vida prática diária dentro da realidade social e espiritual de sua época. Pelo que, não é exagerado afirmar que foram essas primeiras comunidades eclesiais o embrião, o germe, da nóvel Igreja cristã. Era a Igreja que se reúne em casa, sob a cultura judaica, com as festas judaicas, tradições judaicas, celebração do sábado. Somente no século IV, sob Constantino, o sábado judeu e o figurino ritualístico e celebrativo foram trocados pelo domingo e figurino romanos. A eventual e incipiente hierarquia adotou a linguagem hierárquica romana que se consagrou e atingiu paroxismo piramidal na estrutura institucional no segundo milênio da nossa história. (*)Podem ser denominados como ‘sumários’ ou ‘resumos’ do que viria a ser o futuro Evangelho desse relator. Lucas escreveu esses sumários pelos anos 80 a 90 da nossa era, portanto, uns 60 anos após a morte de Jesus. Atos dos Apóstolos é dividido em 28 capítulos: a) 1,1-5,42 - Origens da Igreja de Jerusalém (início da comunidade cristã ligada ao templo e à lei; vida e estrutura da comunidade; primeiras perseguições); b) 6,1-12,25 - Perseguição e missão: de Jerusalém à Antioquia (missão na Samaria, Judeia e Síria; conversão de Paulo e perseguição de Pedro); c) 13,1-15,35 - Primeira viagem missionária e concílio de Jerusalém (Paulo e Barnabé em missão; conversão dos pagãos; concílio de Jerusalém); d) 15,36-20,38 - Grandes viagens missionárias: fundação das igrejas na Grécia/Ásia (as novas comunidades de Filipos, Tessalônica, Beréia, Corinto e Éfeso; confronto com a cultura grega: confronto com as autoridades e estruturas do império); e) 21,1 - 28,31 - De Jerusalém a Roma: Paulo prisioneiro de Cristo (captura e prisão em Jerusalém e Cesaréia; outros acontecimentos; viagens a Roma.
Concílio Vaticano II
Vaticano II e as comunidades eclesia
O Concílio de Trento (1545 a 1563 – 19o Concílio Ecumênico – três concílios fundamentais na Igreja Católica) foi convocado pelo assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica, no contexto da Católica e a reação à divisão então vivida na Europa devido à Refor o concílio ecumênico mais longo da História da Igreja Católica e q número de decretos dogmáticos e reformas. Adotava uma estrutura m cada vez menos participação do povo cristão, pois a Igreja temia q cráticas que surgiam no mundo político penetrassem no seu espaço s Vaticano II (11 de outubro de 1962 a 8 de dezembro de 1965) redefin de si mesma. Estava aberto o caminho para uma caminhada democ episcopais valorizadas, criação de conselhos diocesanos e paroquiais de leigos que assumem uma função essencial e própria na missão d então, a Igreja não mais se confunde com a instituição e sua estrutu a suprime, obviamente, mas não se reduz à instituição. A Igreja que do Concílio Vaticano II é fundamentalmente o povo cristão. No C eclesiologia renovada e mais evangélica, que a muitos parece ter ido mento pretendido por João XXIII ao convocá-lo. Houve reações inic conciliares e, ainda hoje, algumas de suas lúcidas indicações perman muitos integrantes, tanto dentro como fora da hierarquia. Foi dentro desse novo ar eclesiástico que se desenvolveram as Com de Base no Brasil a partir de uma semente de inquietação já existen
Ameaça institucional?
Em geral, registra-se a origem no começo dos anos 60, sob influxo da experiência de catequese popular na Barra do Piraí (1956) ou do Movimento da Diocese de Natal, ou ainda, do Movimento de Educação de Base. Queriam a transformação da sociedade. Inspiradas no método “Paulo Freire” de alfabetização de adultos, executavam uma metodologia que levasse da conscientização à ação. Nos anos 70 e início dos 80, falava-se muito no impacto da atuação das CEBs no campo sócio-político, enquanto geradoras de uma nova consciência das camadas populares e fator de grande importância no processo de libertação dos pobres. Em outras palavras, essas pequenas comunidades cristãs, de 20 a 100 membros, eram consideradas um novo sujeito popular. No interior da Igreja Católica, as CEBs queriam rever essa estrutura muito piramidal da Igreja. Incentivadas pelo Vaticano II, vislumbraram uma maior participação dos leigos e um processo mais participativo de tomada de decisões. As comunidades sentiram-se parte ativa na construção do Reino de Deus. Houve quem aplaudisse e quem desqualificasse essa atitude como algo que ameaçasse destruir a estrutura de dois mil anos da Igreja.
Outro format
As CEBs não p cadas como pastora eclesiais, pois são de viver como Igr comunidades que, c formando grandes c modelo de Igreja n últimos tempos, com CEBs, núcleos básic munitária do catolici vistas como tipos id inteiramente nova. T ser igualadas unicam Reflexão, pois nela reflexão e ação, aco mais organizada e s quese, a administraç e a pastoral social. Com as CEBs, t vai mudando de ros medida em que as co solidam, a paróquia v numa rede de comu deixa de ser o centro e do padre, e torna serviços na formação celebrações especia na administração. Na existe maior ou me pessoas e comunidad igualdade, mudando a cada qual exerce.
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ÇÃO
OLIDÁRIA
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s: um jeito de ser Igreja
o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados ras pessoas que iam aceitando a salvação.” (Atos dos Apóstolos, 46-47) J.R.Ripper
ais
considerado um dos Papa Paulo III para a Reforma da Igreja rma Protestante. Foi que “emitiu o maior mais autoritária, com que as ideias demosagrado. O Concílio niu a visão da Igreja crática: conferências s com a participação da Igreja. A partir de ura hierárquica. Não e ressurge renovada Concílio, surgiu uma o além do aggiornaciais a alguns textos necem ignoradas por
munidades Eclesiais nte.
to paroquial?
podem ser identifiais ou movimentos apenas uma forma reja, em pequenas como uma rede, vão comunidades. Este não é invenção dos mo vimos acima. As cos da vivência coismo, não devem ser deais de uma Igreja Também não podem mente aos Grupos de as, além da oração, ontece, de maneira sistemática, a cateção dos sacramentos
também a paróquia sto e forma, pois na omunidades se convai se transformando unidades. A matriz o do poder paroquial a-se facilitadora de o de lideranças, nas ais, nos registros e a rede de CEBs não enor, pois todas as des são tratadas com apenas o serviço que
A criação das CEBs foi estimulada pelo Concílio Vaticano II
Servir e não ser servido
Em suma, as CEBs são um jeito de ser igreja sem limites, onde se procura não fechar os olhos perante as injustiças, apenas rezando e calando. Mas, de sair ao frio, às favelas, aos viadutos, às prisões. Para a vivência e a prática do Evangelho de Jesus Cristo no meio dos pobres e excluídos, na vida do povo sofrido e esquecido, retroalimentando-se em grupos reflexão, círculos bíblicos. São verdadeiras escolas de formação de cristãos comprometidos com a fé em que, como Igreja, abraçam e acolhem a Palavra de Deus como fonte de espiritualidade, farol do caminho, a exemplo da primeira comunidade cristã que fazia do ensinamento dos Apóstolos, da partilha do pão e das orações, o fundamento da sua vida. Enfim, servir em vez de ser servido (“Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”. Mt, 20,27 a 28).
Restrição
Houve momento em que a caminhada das CEBs, por ter seu foco voltado demais para as prementes questões sociais – injustiças institucionalizadas, corrupções opressoras, estruturas de pecado – esqueceu-se da formação sistemática, do aprofundamento da Palavra de Deus, da celebração da fé em forma organizada e mais prolongada. Por isso, sofreu duras campanhas de desconstrução, descrédito e desprestígio por parte de órgãos de
formação de opinião pública. Resultado: algumas autoridades hierárquicas e parte da população decretou uma espécie de ostracismo às CEBs, tirando seu lugar na vida eclesial, e abrindo então espaço para o protagonismo dos movimentos sem consciência crítica, sem profetismo, sem compromisso social. Mas as CEBs são uma estrutura de base da Igreja que estão presentes em centenas de dioceses brasileiras, que têm sua maneira e metodologia própria de atuar. Que nunca tiveram problemas com experiências e movimentos leigos como a Legião de Maria, o Apostolado de Oração e com os Vicentinos, pois são a única maneira de a Igreja se expressar.
Reconhecimento
Mas, depois de quase duas dezenas de anos de uma ‘quase clandestinidade’, “uma vida submersa”, como define Pe. Fernando Altemeyer Jr, esse modo de ser Igreja no Brasil recebeu o reconhecimento explícito no Quinto CELAM – Reunião do Conselho Episcopal Latino Americano – em Aparecida, em maio de 2007. As CEBs são citadas em
cinco encíclicas papais, em quatro das cinco assembleias gerais do episcopado latino-americano e do Caribe e em seis documentos pós-sinodais. Sem esquecer os vários documentos produzidos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, como o produzido em novembro de 1982, tirado da reunião do Conselho Permanente. Esse documento também é conhecido como Documento 25, e foi alvo de acerbadas críticas posteriores. A 49a Assembleia da CNBB, de 2011, deu um novo passo de reconhecimento de validade das CEBs e alternativa para a caminhada pastoral da Igreja, sugerindo a implantação de paróquias como comunidade de comunidades (na Arquidiocese, existem algumas paróquias que seguem o modelo proposto: Santa Clara na Lomba do Pinheiro, S. José em Gravataí, e em Canoas), em que se valorizam a religiosidade popular liberta do elitismo, a experiência popular de identificação do catolicismo orante, a Igreja das minorias, forte vínculo com as lutas populares, com as ONGs, com os grupos de mulheres e lá onde a vida está mais esmagada. Na Igreja há espaço para todos.
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8 Prevenção do câncer é o melhor caminho A prevenção ao câncer ainda é o melhor caminho a ser seguido. Medidas preventivas podem diminuir em até 50% novos casos de câncer, segundo estudos. Estudos também revelam que, em países como o Brasil, a estimativa é de 3,6% novos casos de câncer ao ano. Assim, para cada 100 pessoas, poderão ocorrer de três a quatro novos casos a cada ano. Além disso, o Rio Grande do Sul apresenta alta incidência em alguns tipos de câncer, tais como o de mama e próstata. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para o Estado é o surgimento de, em média, 94 casos de câncer de próstata e 125 de câncer de mama para cada 100 mil habitantes no ano de 2012. Os impactos socioeconômicos do tratamento dessa patologia são altos para as pessoas, instituições, os estados e o país. Portanto, as pessoas precisam ser sensibilizadas para a importância da prevenção ao câncer, que se inicia com hábitos de vida saudáveis. Com esse enfoque, o Instituto do Câncer do Hospital Mãe de Deus promove palestras gratuitas a instituições e empresas interessadas. Médicos, psicólogos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais, fisioterapeutas e odontólogos estão entre os profissionais de saúde que conversam com a plateia sobre formas de prevenção. A equipe especializada lança alertas sobre a importância de evitar fatores de risco tais como fumo, obesidade, sedentarismo, entre outros. Também responde a dúvidas e fornece orientações. Mais informações: educacaoinstitutodocancer@maededeus.com.br ou fone (51) 3230.2563. (Fonte: Comunicação Mãe de Deus)
Visa e Mastercard
Flávio J. Zanini - 24/08 Ilse P. Moesch - 31/08
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ABER VIVER
Cinco passos para se comunicar bem Elaine Lombardi
Consultora em desenvolvimento humano
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ocê já se deparou com uma situação de estresse ou mal entendido causado por problemas de comunicação? Se sua resposta é sim, doulhe as boas vindas ao clube! Sim, o clube das pessoas que percebem a importância da comunicação em nosso dia a dia e o quanto ela pode facilitar ou dificultar o andamento de uma conserva pessoal, seja por telefone ou escrita. Ah... sem falar da comunicação não verbal, aquela que o nosso corpo emite, sem pedir licença, comunicando até o que não queremos. A comunicação é o primeiro passo para a construção de uma relação interpessoal e, por consequência, influencia positivamente os resultados de uma equipe de alta performance ajudando-a a se adaptar rapidamente às mudanças e avançar com velocidade rumo aos objetivos traçados. Porém, a maior parte das pessoas peca exatamente neste ponto. As mudanças bruscas de direção exigem uma comunicação fluida entre as equipes e sempre encontramos problemas na comunicação. Melhorar a comunicação significa melhorar as relações entre cada funcionário e criar vínculos capazes de gerar resultado. Comunicar vem do latim “Communicare”, que significa fazer comum, participar, avisar, informar, falar, corresponder-se. Comunicação é o ato, efeito ou meio de comunicar. A comunicação organizacional compreende todo o fluxo de mensagens que compõem a rede de relações sob o campo da organização. É um sistema de informações. A relevância da comunicação sob o âmbito das organizações é a de informar e/ou receber informações dos públicos tanto internos, quanto externos. Quando se trata de comunicação escrita, a mesma nos exige em várias ocasiões, maior formalidade que a língua oral. Na fala, é comum repetirmos ideias, para dar ênfase ou para corrigir o raciocínio, que nem sempre percorre o caminho mais lógico e econômico porque não temos condições
de planejá-lo antecipadamente. Além disso, empregamos frequentemente expressões populares, gírias e palavras dispensáveis ou imprecisas, e nossas frases, às vezes, apresentam lacunas, porque, quem nos ouve, consegue entender o que queremos dizer (caso contrário, pode nos interromper e lançar uma pergunta). Por fim, não é raro desrespeitarmos na fala algumas regras gramaticais da norma culta (quem já não ouviu um "para mim fazer"?). Comunicar é uma atividade natural do ser humano e uma necessidade. Através da comunicação nos relacionamos, trabalhamos, expressamos sentimentos, aprendemos e ensinamos, enfim: vivemos. Porém, comunicar de forma assertiva é uma arte. Desta forma, tomo a liberdade de citar cinco dicas para uma comunicação assertiva no trabalho e nas relações sociais. Conhecimento - saiba o que vai falar antes de sair proferindo palavras e gestos. Pessoas que insistem no "eu acho" tornam-se desacreditadas em pouco tempo. Fale sobre o que você sabe ou tem experiência, mesmo quando for uma opinião. Seja direto - pessoas que falam, falam, mas não dizem nada ou simplesmente enrolam também se tornam péssimos comunicadores. O cuidado é para não ser agressivo. Esta é a diferença entre assertividade e agressividade. A comunicação assertiva é direta ao ponto, sem rodeios, enquanto o agressivo faz julgamento de valor, ataca, im-
põe suas ideias e informações. Cuide da linguagem uma das falhas mais comuns na comunicação do dia a dia é falar e escrever sem os devidos cuidados com o idioma. Na comunicação falada já é difícil ouvir determinados erros de linguagem, mas na comunicação escrita fica mais evidente. Cuidado. Use a empatia - procure se colocar no lugar do outro. Será que a outra pessoa está entendendo o que você comunica? Será que você está falando demais sem deixar os demais também se comunicarem? Enfim, faça o exercício de pensar como seria estar do outro lado enquanto você se comunica. Linguagem corporal preste atenção à linguagem corporal. Como sabemos, a comunicação é feita basicamente da linguagem falada (escrita e oral) e a corporal. Muitas pessoas não prestam atenção à própria gesticulação e à do outro. Fique atento. Existem diversos sinais que demonstram se a conversa está agradável ou não. Pesquise a respeito e preste atenção na reação das outras pessoas enquanto você se comunica. Enfim, para uma boa comunicação é preciso autocrítica e uma boa dose de treino. Preste atenção aos outros para aprimorar sua própria maneira de se comunicar e peça retorno para pessoas confiáveis sobre seu desempenho na arte de se comunicar. Pratique a empatia e a capacidade de saber ouvir. Desta forma, estará aberto a saber como é percebido pelos outros e ganhando uma grande chance de melhorar sua comunicação!
Albano L. Werlang CRP - 07/00660
TERAPIA DIRETA DO INCONSCIENTE Cura alcoolismo, liberta antepassados, valoriza a dimensão espiritual Vig. José Inácio, 263 - conj. 113 - Centro - POA 32245441 - 99899393
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Humor
Notas e notícias
Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo
Comissão Comunicação Sem Fronteiras
LIÇÃO DE INGLÊS
NO QUARTEL O soldado estava dando guarda quando se aproxima um jipe dirigido por um outro militar. O guarda aponta o fuzil para a cabeça do motorista e pergunta rispidamente: - Você sabe a senha? - Sei, sim! - Tudo bem, pode passar. CELULAR Maria deixa sempre o celular em cima da máquina de lavar. Quando lhe perguntam por quê, ela não tem dúvida: - Ô gajo, é pra não ficar fora da área de serviço...
ard on Le
Professora: - Classe, hoje eu quero que vocês pensem palavras em inglês que usamos sem traduzir e façam mímica para que seus colegas adivinhem a palavra que pensaram, ok? Julinha foi a primeira. Andando como se olhasse vitrines e segurasse sacolas, arrancou da classe um sonoro "Shopping Center!" - Muito bem, Julinha!... - diz a professora. Carlinhos abocanha um lanche imaginário e novamente a classe responde: "Hamburger!" - Muito bem, Carlinhos!... - elogia a professora. Joãozinho, visivelmente animado, pega seu livro e acerta em cheio o rosto do colega sentado ao lado... A classe, surpresa, olha sem entender, enquanto a professora, irritada, pergunta: - O que significa isso, Joãozinho!? - E ele, com um sorriso amarelo, diz: "Facebook!..."
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SPAÇO LIVRE
Missão da PUCRS favorece indígenas O Centro de Microgravidade da PUCRS e Núcleo de Estudos e Pesquisas em Cultura Indígena da Universidade realizarem atividades em Palmares do Sul até o dia 27 de julho passado. Essa foi a primeira missão em telemedicina realizada com essas etnias no Rio Grande do Sul. As ações tiveram o objetivo de beneficiar a população local, comunidade quilombola e aldeia guarani, com ações multidisciplinares com estudantes e profissionais e o atendimento de pacientes por meio de telemedicina. Tratase de uma realização conjunta com a Secretaria de Saúde de Palmares do Sul, Emater e Secretaria Especial de Saúde Indígena. Desde 2006, a telessaúde já foi realizada em diferentes localidades do território brasileiro, como Boca do Acre e Manaus, na Amazônia (AM); Ji-Paraná (RO) e Alto Xingu (MT).
Cuidadores de pacientes com Alzheimer Projeto do Núcleo de Envelhecimento Cerebral da Universidade Federal de São Paulo (NUDECUNIFESP), com apoio da Apsen, auxilia os cuidadores de pacientes com Alzheimer e outras demências a enfrentarem a doença e seus conflitos. Mais informações sobre Alzheimer: www.doencadealzheimer.com.br
Comunicação indígena
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Paraguai, país da América do Sul, nosso vizinho e parceiro não só do Mercosul e da Unasul, onde atualmente enfrenta problemas políticos, como de atividades econômicas e sociais, declarou sua independência da Espanha em 14 de maio de 1811 e traçou sua trajetória política mantendo duas línguas, o espanhol e o guarani, originário de sua população indígena, os guaranis.
Semana Nacional da Família A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza a cada ano, a Semana Nacional da Família, que em 2012 ocorrerá dos dias 12 e 18 de agosto. "Sabemos quanto é importante e especial, a Instituição humana, chamada Família", lembra o Pe. Jayme Caspary. "Todos trazemos em nós traços familiares. Queremos de coração agradecer a Deus por todas as famílias. Este ano temos como grande tema “A Família, o Trabalho e a Festa”. Teremos na Catedral Metropolitana de Porto Alegre, a Missa das Famílias, no dia 14 de agosto, às 20horas. Presidirá a Santa Missa, o nosso arcebispo metropolitano, Dom Dadeus Grings. Convide a sua família para participar deste momento tão importante."
Uma vida consagrada aos enfermos
Irmã Clarita
Faleceu no dia 6 de agosto, aos 90 anos de idade, a Irmã Clarita Maria Marchetto, da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, e natural de Serafina Corrêa/RS, tendo no batismo recebido o nome de Lydia Marchetto. Seu corpo foi sepultado em Marau. Em 2004, ao celebrar os 50 anos de Vida Religiosa, escolheu como lema: Guardo vossos preceitos e as vossas ordens, porque ante vossos olhos está a minha vida inteira (cf. Salmo 118). Durante sua Vida Consagrada, exerceu a missão em diversos lugares, de modo especial como farmacêutica e enfermeira. Destacam-se o Hospital N. Sra. da Saúde, em Cotiporã/ RS, o Hospital São Vicente de Paula, em Osório/RS e o Hospital N. Sra. de Fátima, em Praia Grande/SC.
RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2013 e o Familienkalender 2013 estarão disponíveis para venda a partir de setembro/2012. Faça seu pedido na Livraria Padre Reus, em Porto Alegre, e também na filial do Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo. Fones: 51-3224.0250 e 51-3566.5086 livrariareus@livrariareus.com.br
Hoje, o país é citado como uma das poucas nações bilíngues do mundo. A língua popular, o guarani, da qual 90% da população é falante, e a língua culta, o espanhol, a língua dos negócios. Pesquisa divulgada em 2008 pelo Índice de Desenvolvimento da Educação (IDE), da Unesco, informa que 93,6% da população do país é alfabetizada e 87,7% terminou a 5ª série, ou seja, o segundo grau. Agora, comunicadores indígenas de diferentes etnias do departamento de Boquerón, no Paraguai, tiveram nos dias 1o e 2 de junho último seu segundo encontro com a Secretaria de Informação e Comunicação para o Desenvolvimento (SICOM), para formar o 1o Conselho de Comunicação Indígena, que será o órgão de relacionamento da comunidade indígena com a instituição do governo. O encontro, contando com a presença do ministro Augusto dos Santos, titular da Sicom, foi realizado na comunidade Cayi O´Clim (Picaflor Branco), no Distrito de Mariscal Estigarribia, na Colônia Neuland, no Chaco paraguaio. Segundo o documento institucional sobre os Conselhos de Comunicação que promove a Sicom, em vários departamentos, este órgão tem como missão “traçar estratégias comunicacionais que vinculem o Estado e a comunidade na construção de uma comunicação que promova diálogo social e o desenvolvimento e, ainda, incentivar a gestão comunicacional participativa e transparente”. Os representantes da Direção Geral de Comunicação para o Desenvolvimento – que levam adiante o acompanhamento aos Conselhos, informaram que procurarão combinar uma agenda comum com os comunicadores indígenas para que a Sicom consiga concretizar sua missão de tornar efetivo o direito à comunicação para todos e todas, partindo do princípio de que a comunicação é direito humano. O Paraguai, que possui uma porcentagem grande de indígenas em sua população, procura integrá-los aos restantes habitantes do país, dando aos demais países da América do Sul e do mundo, um exemplo de que o caminho para a paz se constrói pela integração entre os povos.A língua guarani, um fator de integração do país, vai certamente contribuir para que o Conselho de Comunicação Indígena se torne um exemplo para os outros países. (geralda.alves@ufrgs.br).
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GREJA &
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COMUNIDADE
Solidário Litúrgico 19 de agosto - 20o Domingo do Tempo Comum Cor: branca
ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA 1a leitura: Livro do Apocalipse (Ap) 11,19a;12,1.3-6a. Salmo: 44(45),10bc.11.12ab.16 (R/.10b) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Coríntios (Cor) 15,20-27a Evangelho: Lucas (Lc) 1,39-56 Comentário: Festa da Assunção de Nossa Senhora. A Igreja definiu como dogma de fé que Maria está no céu, de corpo e alma. Não há base bíblica para esta definição; contudo, se cremos que merece o céu quem vive toda uma vida de entrega aos demais, Maria, mais que nenhuma outra criatura, merece o céu definitivo junto de seu divino Filho. A festa deste domingo celebra esta certeza: Maria está no céu e é nossa especial intercessora e medianeira das graças de Deus. O “Auto da Compadecida”, com muita propriedade e beleza artística, retrata esta mediação de Maria junto ao trono de seu Divino Filho, conseguindo “salvar” até alguns que viveram uma vida nada “santa” e que nós, provavelmente, enviaríamos ao inferno... Neste sentido, Maria é, certamente, a santa das salvações “impossíveis”! No Evangelho da liturgia deste domingo, o encontro de duas mulheres grávidas: uma, muito jovem, Maria; outra, de “idade avançada”, Izabel. A alegria de João, “pulando” no ventre da mãe, prefigura o tempo novo que ele, João, como “voz que clama no deserto”, anunciaria já presente na história humana; Jesus, o filho de Maria, ainda nas primeiras semanas de gestação, iria inaugurar este tempo novo de um Reino, sem hierarquias nem súditos, sem oprimidos nem opressores, sem escravos nem excluídos, um mundo solidário e justo, onde a única lei a ser praticada seria a lei do amor: “nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”. Por isso, todos os que creem em Jesus podem repetir o anúncio do anjo a Maria e, logo, a saudação de Izabel, uma prece bíblica com profundo sentido teológico e doutrinal e que compõe a primeira parte da chamada oração da “Ave Maria”. A segunda parte é muito posterior (por volta de 1300) e foi agregada pela Igreja como afirmação da maternidade divina de Maria. Com todos os que creem em Jesus, podemos dizer: “Alegra-te, Maria, tu és cheia de graça, o Senhor está contigo, tu és bendita entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. Maria, medianeira das graças do Pai, intercede por nós e leva-nos sempre ao teu divino Filho, Jesus.
26 de agosto - 21o Domingo do Tempo Comum Cor: verde
1a leitura: Livro de Josué (Js) 24,1-2a.15-17.18b Salmo: 33(34),2-3.16-17.18-19.20-21.22-23 (R/. 9a) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 5,21-32 Evangelho: João (Jo) 6,60-69 Comentário: Jesus havia concluído seu discurso sobre o “pão da vida” e dissera, com todas as letras, que era Ele o verdadeiro pão do céu que alimenta para a vida eterna. Diante disso, muitos discípulos o foram abandonando. Por não entenderem o que Jesus queria dizer, em vez de continuarem com Ele e tentarem penetrar mais no seu mistério, preferiram o caminho mais fácil: foram embora. Diante do abandono de muitos discípulos, a pergunta que Jesus faz aos doze é muito atual: Vós também quereis ir embora (6,67)!? Jesus tem que ser coerente, não pode mudar a verdade, alterar seu anúncio, “acomodar” as coisas para agradar a maioria e manter as multidões junto dele. Jesus jamais se preocupou com o número de seguidores, de discípulos, apregoado como sinal de sucesso por instituições de todo o tipo, também por igrejas; para Jesus, o que importa é a acolhida do seu Projeto e o compromisso de trabalhar pelo Reino. Pedro, nosso “advogado” em tantos momentos desafiantes da vida e projeto de Jesus, toma nosso lugar e faz a pergunta/resposta que se transforma em base referencial para o verdadeiro crente: A quem iremos, Senhor!? Só tu tens palavras de vida eterna (6,68). Pedro não sabe definir academicamente o que este homem de Nazaré tem de diferente, de tão especial que a ele e a seus amigos atrai de um modo tão irresistível e os faz abandonarem sua família, seu trabalho, suas relações, sua vida, enfim. Mas ele intui que, em Jesus, há respostas de sentido mais amplo, mais profundo, mais definitivo: palavras de vida eterna. Este episódio ganha particular atualidade quando tantos, também cristãos-católicos, buscam novidades espetaculares, “aparições”, esoterismo... muito subjetivismo e intimismo religioso e pouca prática transformadora. E vão embora quando não veem atendidos seus interesses pessoais. Ser cristão é crer em Jesus, que tem palavras de vida, e de vida eterna. (attilio@livrariareus.com.br)
Catequese A missão do pai Neste mês dos pais, sugerimos uma entrevista para as crianças/adolescentes fazerem com seu pai, ou com a pessoa que o representa (se não podem falar com o pai, é muito importante que escolham uma pessoa que para elas representa um pai). Ao entrevistar o pai, a criança reflete e o pai é confrontado e levado a pensar sobre si e sobre sua missão.
catequesecomcriancas.blogspot.com.br
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SPAÇO DA
Arquidiocese convoca para o encerramento do Ano Vocacional O encerramento do Ano Vocacional será realizado em Gravataí, no dia 26 de agosto, com a presença dos Vicariatos de Porto Alegre, Gravataí, Guaíba e Canoas. A equipe de organização do evento propõe que os fiéis compareçam com as cores dos Vicariatos: amarelo (Porto Alegre), vermelho (Gravataí), branco (Guaíba) e azul (Canoas). Programação 13h30min - Concentração em frente à Igreja Matriz da Paróquia Nossa Senhora dos Anjos 14 horas - Caminhada Vocacional até o Seminário São José 15h30min - Missa solene 17h - Show de encerramento Em caso de chuva, o evento iniciará às 15 horas, no Seminário São José.
Arcebispo anuncia transferências de párocos A Arquidiocese de Porto Alegre promoverá transferências de párocos no mês de agosto. As mudanças foram anunciadas pelo arcebispo metropolitano, Dom Dadeus Grings, e envolvem os Vicariatos de Porto Alegre, Canoas e o envio de um presbítero para a itinerância neocatecumenal, em Brasília. Confira as nomeações anunciadas PE.DARLEY JOSE KUMMER: Administrador Paroquial da Paróquia N. Sra. das Graças, em ESTEIO. Tomou posse na celebração eucarística presidida pelo vigário episcopal de Canoas, Dom Agenor, dia 28 de
julho, às 19 horas. PE.ALEXANDRE LUIZ GRIEBLER: tomou posse como pároco na Paróquia Santa Flora - bairro Cavalhada - dia 10 de agosto, durante a celebração eucarística presidida pelo arcebispo Dom Dadeus Grings. PE.GENILDO NEVES DOS REIS: assumiu como Pároco da Paróquia Madre Teresa de Calcutá - bairro Rubem Berta - dia 11 de agosto, em celebração eucarística presidida por Dom Dadeus Grings. PE. SERGIO LUIS ENDLER: irá para a itinerância neocatecumenal,em Brasília.
PASCOM Arquidiocesana realizou oficinas de fotografia e Treinamento de Mídia Visando qualificar as ações de comunicação, a Pastoral da Comunicação – PASCOM – reuniu os representantes dos Vicariatos para uma tarde de formação. No dia 27 de julho, agentes de pastoral e seminaristas participaram de mini-oficinas sobre fotografia e treinamento de mídia. Marcos Toledo e Flávio Bilhalva, da Soluti Tecnologia e agentes da PASCOM da Área de Alvorada, facilitaram uma oficina sobre fotografia, desenvolvendo orientações para registro de imagens desde os aparelhos de celular até as câmaras profissionais. Já o jornalista Magnus Regis abordou técnicas para formulação de pauta, técnicas de entrevista e contato com a imprensa. “Temos a melhor mensagem para transmitir que é Jesus Cristo e a salvação para todos. Estas técnicas que estamos repassando visam qualificar a utilização dos meios
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RQUIDIOCESE Coordenação: Pe. César Leandro Padilha
Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre Imagens: PASCOM
Igreja das Dores apoiou a manifestação de fé dos jovens
À beira do Guaíba, Bote Fé na Vida marcou início da contagem regressiva da JMJ O caminho se faz caminhando. Foi assim que centenas de jovens da nossa Arquidiocese de Porto Alegre começaram a contagem regressiva, há um ano, da Jornada Mundial da Juventude. Bote Fé na Vida, corrida de rua e caminhada, aconteceu simultaneamente em todas as dioceses do Brasil e aqui em Porto Alegre, o clima foi de muita alegria e manifestação de fé, com jovens caminhando e correndo pela nossa beira do Guaíba. Confira aqui como foi o Bote Fé na Vida nos outros estados Todos os participantes, ao completar a prova, ganharam uma medalha para ficar no peito e na memória este momento. Para muitos, foi a primeira prova de corrida. Como nos falou o professor Marcus Vinícius, um marco para dar mais qualidade ao maior presente que Deus nos deu: a vida! Depois da corrida, aconteceu a missa, momento ápice da nossa fé, com a participação de praticamente todos. A entrega da premiação para os três primeiros homens e três primeiras mulheres foi feita de uma maneira muito bonita e celebrativa, tendo repercussão nacional por ter sido diferenciada a outras dioceses. Os premiados: Masculino: 1º - Juliano Pereira Duarte; 2º- Eleandro Ferraz; e 3º- Vagner Cardoso Feminino: 1ª- Maria Luiza Alves da Rosa; 2ª- Charlise Oliveira; e 3ª- Taís Somacal Silva Os alimentos arrecadados foram doados para o MIM (Movimento por uma Infância Melhor) e Comunidade Terapêutica Acolher. Gostariamos de agradecer a participação de todos neste evento que ficará marcado no coração de quem participou e também no coração da nossa cidade, à equipe de jovens que organizaram e proporcionaram este momento. Aos nossos apoiadores, nosso muito obrigado: Igreja das Nossa Senhora das Dores, Projeto Nova Vida, aos grupos de Emaús e seus muitos participantes, Grupo Nova Geração, Dma Da Mihi Animas, Missão Nova, Água Vida Leve, Porthosul, Up Life Pilates, Mirian Caldasso e EPTC. Um agradecimento especial para o fotógrafo Gustavo Oliveira pela sua doação e o belo trabalho desenvolvido.
NOTAS
PASCOM promoveu oficinas
disponíveis que temos para transmitir essa mensagem, seja nos veículos de comunicação, nos informativos paroquiais ou mesmo na relações que perpassam a vida comunitária”, destacou Magnus Regis. A reunião foi avaliada como positiva e a sugestão é de que o conteúdo seja multiplicado nas comunidades da Arquidiocese.
Multiplicadores da JMJ do Vicariato de Gravataí: No dia 29 de julho, no centro de pastoral Nossa Senhora dos Anjos, ocorreu o 1o Encontro de Multiplicadores da Jornada Mundial da Juventude do Vicariato de Gravataí, com o objetivo de integrar, animar e informar os líderes da juventude católica da região. Participaram, em média, 30 jovens, vindos das cidades de Viamão, Cachoeirinha, Alvorada e Gravataí. Guaíba: Em vista da Jornada Mundial da Juventude, o Vicariato de Guaíba reuniu a juventude nos dias 28 e 29 de julho para um encontro de formação de multiplicadores da JMJ Rio 2013. O encontro aconteceu no PROJARI (Projeto Artesanato, Recreação e Informática) e contou com a presença de mais de 50 jovens. A equipe do projeto “E aí? Tchê!”, do CNBB Regional Sul 3, apresentou o projeto e a mística da JMJ e o grande evento “Bote Fé”, que acontecerá no próximo mês de novembro.
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Porto Alegre, agosto de 2012 - 2a quinzena
A polêmica dos celulares:
quem tem razão? O
levantamento da cassação temporária de venda de novos chips para aparelhos celulares não encerra a polêmica. E reacende a discussão de fundo sobre o que a grande mídia prefere silenciar: os riscos à saúde, tanto para quem usa o aparelho como para quem mora ou transita perto das torres de antenas de celulares, isto é, as ERBs – estações de rádio-base. Por maior que seja o conforto trazido pela telefonia móvel para transmissão de voz e de dados, a ciência não descarta a possibilidade de efeitos danosos provocados pela exposição à radiação eletromagnética. Isto é, as ondas de rádio, microonda, raios infravermelho, ultravioleta, raios x e raios gama. Claro, com resultados diferentes. Nesse sentido, o poder público – entenda-se ANATEL, a agência de telecomunicações ligada ao Ministério das Comunicações, bem como as Prefeituras Municipais – parece estarem agindo com bom senso ao estabelecerem critérios para ampliação da malha de estações de rádio-base.
Atropelo
Alegam as empresas de telefonia móvel que a retomada de vendas de chips de telefone celular e de modems de acesso à banda larga móvel “beneficia a população brasileira, que volta a ter acesso a todas as opções de ofertas e planos desses serviços em todo o País, para a escolha do produto que mais se adapta a cada perfil de consumo”. E dizem mais: que deve haver mobilização das autoridades nacionais, estaduais e municipais “no sentido de criar condições que incentivem a implantação de infraestrutura de telecomunicações e a expansão dos serviços, com qualidade e cobertura adequada de sinais”. Completam a reivindicação, dizendo que “a quarta geração da telefonia móvel (4G), que começará a operar no próximo ano e será demandada durante a Copa do Mundo de Futebol de 2014, exigirá pelo menos o dobro do número de antenas utilizadas hoje pela tecnologia 3G”.
Os ônus das facilidades
Nunca a humanidade teve acesso a tantas facilidades. Mas, nós, os consumidores, em geral, não medimos o ônus dessas facilidades que a evolução tecnológica nos propicia no mundo atual. Compramos automóvel e mais automóvel, esquecendo que entupimos cada vez mais as vias urbanas, além de esfumaçarmos o ar que respiramos. Atiramo-nos ao consumo inconsequente sem nos darmos conta de que estamos acelerando o esgotamento dos recursos naturais do Planeta, além de produzirmos o vazio existencial. Em suma, queremos o bônus e recusamos o ônus.
O celular e saúde
Com a telefonia móvel acontece o mesmo, por mais que as teles aleguem que a OMS – Organização Mundial
da Saúde – “já publicou estudos que mostram que não existe evidência científica de que o celular faça mal à saúde”. Seria, então, completamente infundado o alerta de um dos mais reputados neurocirurgiões de todo o mundo, o australiano Vini Khurana? Ou da epidemiologista Devra Davis, doutora em estudos científicos pela Universidade de Chicago e mestre em saúde pública pela Johns Hopkins? De que há evidências fortes de que a radiação provocada por um celular no bolso danifica as células vivas; que homens que usam o celular por quatro horas ao dia têm metade da contagem de esperma em relação aos demais; que a radiação penetra duas vezes mais no cérebro das crianças; que a medula óssea de uma criança absorve 10 vezes mais radiação de micro-ondas do celular e é uma bomba-relógio? Que quem vive até 100m de antena de celular tem 33% mais risco de morrer de câncer do que a população em geral? Em um raio de até 1000m das antenas, o risco para a saúde não é menor. O celular você desliga, a antena não? Quando usamos o celular encostado na orelha, 75% da energia que seria usada na conexão é absorvida pela cabeça? Que os riscos de tumores são: na próstata, mama, pulmão, intestino, pele, tireoide e principalmente cabeça?
Solidário
Topo de altos edifícios, local preferido pelas operadoras para a colocação de suas antenas
Regrinhas
Use fone de ouvido ou viva-voz para conversar; não deixe o telefone nem perto e nem encostado no corpo; se tiver que deixá-lo no bolso, vire o lado do teclado para o seu corpo; envie mensagens de texto ao invés de conversar; quando não estiver usando em casa, desligue-o; não fale quando o sinal estiver fraco; não use o celular como despertador; grávidas devem manter o celular longe da barriga e homens que vão ser pais não devem deixá-lo no bolso.
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