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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS
Porto Alegre, outubro de 2012 - 2a quinzena
Ano XVIII - Edição N o 620 - R$ 2,00
Fazer a diferença: desafio diário do cristão
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oda opção tem seu preço. Assumir o seguimento de Jesus exige coerência e coragem. E, muitas vezes, a opção radical de desvencilhar-se de tudo, segundo o evangelista Lucas: não leveis nada para o caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem mesmo duas túnicas. Foram mulheres e homens assim que, seguindo o exemplo dos primeiros apóstolos, fizeram a diferença nos dois mil anos do cristianismo. Reagiram, não ficaram indiferentes, não se acomodaram, saíram da zona do conforto e disseram sim aos desafios propostos por acharem que valia a pena. Os cristãos atuais ainda fazemos a diferença?
Páginas 2 (Editorial) e centrais
Antônio Parissi é Cidadão de P. Alegre O título foi conferido em 21 de setembro último. Conselheiro e parceiro de primeiríssima hora da Fundação Pro Deo, o homenageado é professor universitário aposentado. Atualmente é presidente do Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul e já dirigiu inúmeras entidades sociais, assistenciais e religiosas. Também foi diretor do Centro Administrativo Fernando Ferrari. Parissi é natural de Passo Fundo.
Homenagem aos mestres Pelo Dia do Professor, o Jornal Solidário expressa merecido reconhecimento àqueles que completam a formação que crianças e jovens recebem em suas famílias. E almeja que consigam levar avante sua nobre missão, em que pese os ventos desfavoráveis da atual cultura que pouco os valoriza. A Direção e Funcionários
Retiro de silêncio Os Padres do Deserto na Vida dos Cristãos é o tema do retiro com pregação do monge Martinho Maria, do Mosteiro Regina Pacis, da Fraternidade Monástica dos Discípulos de Jesus. Será de 19 a 21 de outubro no Centro Espiritual Cristo Rei - CECREI - em S. Leopoldo. Ainda há vagas. Informações e inscrições na Secretaria da Paróquia São Sebastião - fone (51) 3331-2708.
Teletrabalho: solução para a mobilidade urbana Uma em cada cinco pessoas no mundo trabalha à distância, segundo pesquisas. No Brasil, pelo Censo de 2010, já são 20 milhões de teletrabalhadores. Estudos recentes da Elance, uma agência de recrutamento profissional com 1.500 organizações, indicam que, em breve, mais da metade de seus profissionais não terão mais necessidade de espaço físico em suas empresas. É uma solução à vista para o já problemático deslocamento nas grandes cidades.
Seja simples, porém, firme nas suas resoluções. Pe. Pio de Pietrelcina
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RTIGOS
Editorial
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sociedade, na qual nos movemos e somos, faz tudo para transformar-nos em “vaquinhas de presépio” sociais e robôs consumidores. A serviço desta sociedade, os grandes meios ditos de comunicação nos impelem ao consumo, inconsciente e alienado, dos produtos que oferecem. Sempre muito bem embalados, claro, agradáveis aos olhos, saborosos ao estômago, sedutores ao coração. Os modernos “vendilhões do templo” querem criar em nós a convicção de que interessar-se pelos outros e partilhar de seus problemas apenas cria incomodação. “Fique na sua”, nos dizem de muitas formas, “compre, consuma e você terá uma vida tranquila e feliz. Não é isso que você quer”!? O resultado? Uma sociedade de pessoas acomodadas, mornas, nem quentes, nem frias, arrastando sua história mesquinha, bocejante, sem importância para ninguém e, por isso, sem sentido. Sem sentido para elas mesmas, para a sociedade, para a história familiar, comunitária e humana. Passam pela vida sem viver... Na contramão desta opção pela mediocridade e alienação de muitos, o Solidário quer mostrar que, quem faz a diferença na história da humanidade, são sempre os que fazem da sua vida um constante, corajoso, persistente e repetido ato de amor solidário. Bons samaritanos de todos os tempos, vivem um amor que assume o outro a partir do outro, das suas necessidades, dos seus sonhos, das suas esperanças, não a partir das próprias conveniências e comodidades. Há dois mil anos, na Palestina, aquele “Homem de Nazaré” viveu esse amor solidário, um amor a tal ponto solidário com os pobres, marginalizados, doentes e oprimidos da sua época, que foi perseguido, caluniado, preso e morto pelos poderosos de então. Mas a história da humanidade se divide em antes dele e depois dele. Ele fez a diferença. Assim como Jesus de Nazaré, a história é feita por mulheres e homens que marcam corações e vidas na construção de um mundo mais justo, mais fraterno, mais solidário... mulheres e homens que, entre acomodar-se numa “segura” e morna coluna do meio, entre não fazer por medo de errar e fazer, arriscando não acertar, preferiram o risco (Cardeal Aloysio Lorscheider). O risco de também serem caluniados, perseguidos, assassinados. Elas e eles têm muitos nomes, vêm de muitas gerações, de muitas raças, línguas e nações, mas todas/os com um só foco, uma só opção: fazer da sua vida uma oportunidade de vida para muitos. Como Ele, há dois mil anos, elas e eles fizeram e fazem toda a diferença. (attilio@ livrariareus.com.br)
CNPJ: 74871807/0001-36
Conselho Deliberativo
Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola
Voz do Pastor Dom Dadeus Grings
Arcebispo Metropolitano de P. Alegre
O amor solidário
Fundação Pro Deo de Comunicação
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Voluntários Diretoria Executiva
Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj
A primeira aliança da humanidade
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resto de Israel” viveu na Babilônia, em contato com uma civilização que conheceu e produziu grandes obras. Lembremos Guilgamesh, cujo poema da criação tornou-se famoso em todo o Oriente. Os filhos de Israel, no exílio, não poderiam parar na origem de seus ancestrais, provindos de Ur da Caldeia. Tinham que recuar até o início do mundo, para colher os frutos das reflexões que ultrapassavam seu gueto. Havia muita coisa a ser explicada, especialmente o problema candente do mal, que experimentavam amargamente na sua condição de desterro.
Qual é a origem do mal? Lá no exílio apareceu um profeta, de extraordinária envergadura, que marcou e selou definitivamente a sorte dos judeus. Não nos foi transmitido seu nome. Mas seus maravilhosos e profundos escritos foram acoplados ao profeta Isaías, que viveu antes da catástrofe nacional dos judeus. Para distingui-lo do “primeiro Isaías” designaram-no “segundo Isaías”. Vai do capítulo 40 até o final, no capítulo 65. Atua junto aos exilados. Fala de um novo êxodo. Seu enfoque central e novo é a apresentação do servo de Javé. O segundo Isaías, como já fizera Jeremias, mostra que Deus é fiel. O castigo que sobreveio – cruel e exemplar – se deve ao pecado do povo e de suas lideranças. Foi pela infidelidade do povo à aliança que lhe aconteceu tudo isso. Basta ler o profeta Jeremias, para perceber as barbaridades e a corrupção, que campeavam no reino de Judá, e ler as intervenções dos profetas Elias e Eliseu para tomar consciência do que aconteceu no reino de Israel (Haverá alguma comparação com Brasília?). Mas agora, no exílio, a pergunta se faz mais premente. Por que os homens são tão maus e corruptos? Por que não se rendem à evidência do amor de Deus? Por que são infiéis a Deus e se traem mutuamente? Por quê? E por quê? Deveria haver uma resposta para não desarticular de vez. E agora, no desterro, a resposta a esta pergunta era vital. Sem ela se perderia a esperança e se trairia a herança do povo eleito. A primeira resposta vem do segundo
Conselho Editorial
Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino
Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo
Isaías. O servo de Javé, de modo geral, identificado com o povo da aliança, carrega em si o pecado da infidelidade. Deve reparar o mal. Jeremias vê em Nabucodonosor o flagelo de Deus para corrigir seu povo. Mas não para aniquilálo. Isaias fala de um resto de Israel, que será restaurado. A segunda resposta vem da origem do homem. Adão e Eva, isto é, os primeiros pais da humanidade, foram criados justos por Deus. Ao acabar sua obra, Deus viu que tudo era muito bom. Havia harmonia no universo criado por Ele. Mas o Maligno penetrou nesta obra e seduziu a humanidade, afastando-a da Lei de Deus. Plantou joio no trigo, dirá, mais tarde, Jesus. Daí os desencaminhou. Sem a lei divina torna-se impossível viver bem. Os exilados meditavam esta passagem com um extraordinário realismo. E puseram-na por escrito nos primeiros livros do Gênesis, com cores muito vivas. Eles estavam ali fora, exilados, longe da pátria, por culpa própria. Viam, atrás das grandes muralhas, os donos da terra, vivendo de regalias, com seus jardins suspensos e a opulência de suas construções, bem guarnecidas, para os exilados não entrarem nos seus jardins de felicidade. Eles, o exilados, não haviam sido criados ali fora. Não nasceram ali. Eles tinham uma terra, uma capital e um templo, casas e benesses. Lembravam sua terra natal como lugar onde jorrava leite e mel. Tinham sido exilados porque não haviam guardado a aliança com Deus.
Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS
Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul
Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.
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AMÍLIA &
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OCIEDADE
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Sentir-se ou não agredido Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia
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o ler as publicações do psiquiatra Geraldo José Ballone, no PsiqWeb – Portal de Psiquiatria –, pareceume oportuno destacar o texto no qual ele analisa a reação das pessoas frente à agressão. Coloco sua textual publicação no espaço a seguir para oportunizar a cada um uma auto-análise, descobrindo assim por que reage desta ou daquela maneira frente ao comportamento dos outros. Conhecer-se melhor é desafio diário. Cortez Family Law/ New Mexico
Agredir o próximo
O ser humano pertence, biologicamente, ao reino animal e reagir à agressão faz parte da biologia animal. Entre nós, são raríssimas as pessoas capazes de oferecer a outra face. De qualquer maneira, há uma forte tendência em agredirmos quando nos sentimos agredidos, portanto, nossa agressividade (excetuando-se transtornos de personalidade) depende do fato de nos sentirmos agredidos. Sentir-se ou não agredido, como gostamos de enfatizar, depende muito da sensibilidade e do bem estar íntimo de cada pessoa.
Um sábio ditado: “Quem está bem consigo não incomoda e nem se incomoda com os demais”
Sentir-se agredido vai depender muito do quanto somos sensíveis à crítica, à contrariedade e à frustração. Se tivermos uma parte de nosso corpo ferida, qualquer coisa que esbarrar aí causará dor. Isso quer dizer que nossas feridas são mais sensíveis que a pele sadia e, mesmo sendo boa a intenção de quem nos esbarra, sentiremos dor. Excetuando-se as lamentáveis questões da violência urbana, se nos sentimos demasiadamente agredidos em nosso relacionamento social, ocupacional ou familiar, normalmente é porque temos feridas íntimas e profundas. Nesse caso, a dor depende mais de nossa sensibilidade do que da intenção de nosso pretenso agressor. Mesmo havendo em nosso pretenso agressor intencionalidade em nos agredir, essa intencionalidade se perderá no vazio se não nos sentirmos agredidos. Portanto, não nos sentirmos agredidos pode ser a melhor defesa contra as intenções de outros em nos agredir. Dificilmente as pessoas com autoestima equilibrada se sentirão agredidas.
Há os que têm mais sensibilidade às agressões sociais
Pessoas culturalmente menos privilegiadas têm demonstrado mais sensibilidade às agressões sociais. Por se tratar de pessoas que naturalmente já se sentem oprimidas e agredidas de fato pelas circunstâncias existenciais, qualquer coisa do cotidiano poderá lhes parecer como mais uma agressão, apesar de nem sempre se tratar, de fato, de algo intencionalmente agressivo. Evidentemente, tendem a revidar agressivamente à pressuposta agressão sentida. Pessoas orgulhosas e arrogantes também se mostram especialmente sensíveis às agressões. Elas costumam interpretar como afrontosas e humilhantes atitudes desprovidas dessa intencionalidade. São pessoas portadoras de um Ego demasiadamente espaçoso o qual, quando muito grande, acaba esbarrando em muito mais obstáculos do cotidiano do que um Ego melhor dimensionado. De fato, quem tem consciência plena e honesta de sua dimensão, seja de sua pequenez ou grandiosidade, não pleiteia adulações. Jamais se sente humilhado ou diminuído. Quem tem clara e sincera noção de sua dimensão, não se sentirá frustrado se as mesuras e deferências do sistema confirmarem ou não o seu tamanho. Ou a pessoa é, de fato, humilde o suficiente para aceitar sua pequenez como uma coisa inerente ao ser humano em geral diante da vida, portanto, sem necessidade de buscar no sistema adulações que a façam parecer maior do que é ou, de outro jeito, tem nítida consciência de sua grandiosidade
como pessoa digna e íntegra e não depende do reconhecimento público para reforçar seu Ego. De qualquer forma, em qualquer um dos casos, trata-se de um grau de consciência suficientemente sólido para que a autoestima seja emancipada da avaliação de terceiros. Ora, não se sentindo agredido, o ser humano não necessita revidar agressivamente para manter sua dignidade. Também as pessoas portadoras de estado depressivo, as quais têm como consequência um rebaixamento da autoestima, tendem magoar-se demais diante da vida. Os deprimidos podem tomar como ofensivas atitudes neutras ou até amistosas. Tendem a se sentir menos queridas, mais discriminadas, menos valorizadas do que são, portanto, sentem-se mais agredidas. Nesses casos, agridem mais. (deoniralucia@gmail.com)
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PINIÃO
Vivendo de máscaras
Tão humano, só podia ser Deus
Antônio Mesquita Galvão
Pe. Renato dos Santos
Escritor
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um desses dias assisti um psicopedagogo falando na tevê a respeito dos descaminhos da vida humana em sociedade. No andamento da palestra ele se referiu a três períodos distintos de sua vida, dos quais ele colheu lições e exemplos capazes de formar uma base para sua existência, e de profissional do comportamento. Ele aprendeu com os pais que o que importava era ser; ser distinto, amigo, bom filho, cidadão, digno, honesto, respeitador. Mais tarde, ele testemunhou a fase do ter. Era imperioso ter boa aparência, dinheiro, boas roupas, ter bens, status, ter, ter... Hoje, disse ele, na fase madura, presencia a fase do “faz de conta”. Na atualidade, as pessoas fazem de conta – mesmo que não esteja – que está tudo bem... Os pais fazem de conta que educam, os professores fazem de conta que ensinam, os alunos fazem de conta que aprendem, os profissionais fazem de conta que são competentes, os governantes fazem de conta que se preocupam com o bem-comum e a felicidade do povo, e este faz de conta que acredita. Nessa conjuntura de máscaras e falsas posturas sociais, a maioria das pessoas faz de conta que são honestas, os líderes religiosos fazem de conta que são representantes de Deus e conhecem a sua vontade; os fiéis fazem de conta que têm fé, os doentes fazem de conta que têm saúde; os bandidos fazem de conta que são dignos e a justiça faz de conta que funciona e é imparcial. Enquanto os corruptos se fazem passar por probos idealistas, os terroristas querem passar uma imagem de justiceiros. É por isso que a maioria da população se omite e faz de conta que está tudo bem. Mas, uma coisa é certa, irrefutável: não podemos fazer de conta, quando nos olhamos no espelho da nossa própria consciência. Podemos sair à cata de mil desculpas para explicar nosso faz-de-conta, mas não há como justificar a omissão. É salutar, porém, salientar que todo esse circo que a sociedade arma, causa prejuízo a todos, a partir dos que teimam em não ver. Quem age deste modo termina caindo nos buracos que ele mesmo cavou, e acaba frustrado, deprimido e derrotado. É hora de buscarmos a autenticidade, deixando cair todas as nossas máscaras. Quem vive sem máscara nunca será confundido e jamais cairá no anonimato dos medíocres, mas obterá sucesso em todos os seus empreendimentos. O indivíduo autêntico jamais representa papéis falsos; ele apenas é o que é, sem maiores alardes. As pessoas autênticas têm maior possibilidade de serem felizes que as demais. Como ensina Dráuzio Varella, “se não quiser adoecer não viva de aparências. Nada pior para a saúde do que viver de fachadas”. Se é fácil enganar os outros, é impossível enganar a nós mesmos. No fim, prestaremos contas à nossa consciência e não aos outros. Quem vive de máscaras é pessoa de muito verniz e pouca raiz.
SDB
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aquele tempo, Jesus dirigiu-se a uma cidade chamada Naim. Com ele iam seus discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade a acompanhava. Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: “Não chores!” Aproximou-se, tocou o caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo”. E a notícia do fato espalhou-se pela Judeia inteira e por toda a redondeza." (Lucas 7,11-17) Vemos neste Evangelho cenas lindas, emocionantes e reais de encontro de Jesus com pessoas talhadas pela dor e pelo sofrimento. Trata-se de uma mãe, viúva, que perde o único filho. Esta mãe, imagem de todas as mães que perdem tragicamente seus filhos em tantas situações inexplicáveis, encontra-se com a fonte da vida. A divina misericórdia se rendeu diante desta mãe aflita. Em Jesus a vida sempre vencerá a morte. E Deus vem diariamente ao nosso encontro. E Ele continua a nos oferecer vida em plenitude. Ele nos oferece a esperança e a certeza de que com Ele, todas as realidades, as mais difíceis, sobretudo, podem adquirir sentido novo. Com Ele seremos sempre capazes de transformar as cruzes em ressurreição. Este é o grande desafio. E Ele sempre quer dizer na intimidade de nossos corações: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” Fernando Pessoa disse a respeito de Jesus: “Tão humano
assim, só podia ser Deus”. É exatamente isso o que vemos na cena deste Evangelho. Um Jesus humano, com sentimentos, com ternura, com compaixão. Compaixão é sofrer a mesma dor com alguém. Trata-se de um Deus que se interessa pelos nossos sentimentos, pelos nossos sofrimentos, pelas nossas angústias. E não podemos esquecer que todo encontro com Cristo é encontro gerador de vida. Ninguém sai igual depois de ter encontrado pessoalmente a Jesus Cristo. Encontrar-se com Cristo é encontrar-se com a fonte da misericórdia, com a fonte do amor, que é gerador de vida. Quem se encontra com Cristo, que é a fonte de vida e de amor, nunca mais permanece do mesmo modo. Para encontrar Cristo, contudo, precisamos nos despir da arrogância, da soberba e do orgulho. Para o encontro com Ele precisamos nos vestir com a veste da humildade. (pe. renato@dombosco.net)
Informação, conhecimento e internet Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista
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ivemos a era da inf ormaç ã o, q u e re m o s i n f o r m aç ão e m g ran d e quantidade e velocidade. Porém, ainda precisamos de tempo para ligar os fatos e interpretá-los, pois isso é que gera conhecimento”.
Esta afirmação é da dra. Susana Greenfield, neurocientista britânica, que pronunciou recente conferência, em Porto Alegre. Segundo ela, a internet está mudando a forma de pensar da humanidade, com acesso imediato a fatos, mas não dispomos necessariamente de uma estrutura conceitual que os ligue. E, então, os fatos não se tornam “conhecimento”. Segundo ela, o cérebro humano não é uma máquina de filtrar, e sim um processador de informações que nos cercam para entender o mundo. Exemplifica, afirmando que as crianças digerem a informação de maneira rápida e aprendem decorando de forma satisfatória, mas seus cérebros não são melhores que de um adulto vagaroso que pode entender e usar as informações ao redor e colocá-las numa estrutura mais ampla e conceitual. A dra. Greenfield já foi criticada ao defender que o uso diário de redes sociais como o Orkut e o Facebook reconfigura o cérebro e que “essas tecnologias podem infantilizar o cérebro que ficaria predisposto ao distúrbio de déficit de atenção”. Nessa linha, Nicholas Carr, inveterado leitor em sua juventude, descobriu o computador, a internet e os prodígios revolução informática e tornou-se especialista nas novas tecnologias da comunicação, sobre as quais escreve em publicações dos Estados Unidos e da Inglaterra. Porém, certo dia, descobriu que deixara de ser um bom leitor e que sua concentração desaparecia depois de duas páginas de um livro: “Perco o sossego e o fio, começo a pensar em outra coisa. Sinto como se tivesse de arrastar meu cérebro desconcentrado de volta ao texto. A leitura profunda...se tornou um esforço”. Preocupado, isolou-se nas montanhas do Colo-
rado, e ao longo de dois anos escreveu o livro: “Superficiais: O que a internet está fazendo com nossas mentes? - Taurus, 2011” (Disponível em inglês e espanhol). No livro, ele reconhece a extraordinária contribuição que Google, Twiter, Facebook ou Skype prestam à informação e à comunicação, a facilidade com que os seres humanos podem compartilhar experiências e os benefícios à pesquisa científica, mas tudo isso tem seu preço e significará uma grande transformação em nossa vida cultural e na maneira de operar do cérebro humano. Professores universitários estão preocupados: “Não consigo mais que meus alunos (De Literatura!) leiam livros inteiros”. Entretanto, há muita gente colocando a “salvação” da educação no Brasil na aquisição de computadores para todos os alunos, permitindo amplo acesso a uma imensa e eficiente rede de banda larga da internet! Esse grupo se esquece onde está a essência do processo da aprendizagem e especialistas nos alertam: informações chegam até nós com tal intensidade que nos “soterram”. Aprendizagem requer muito mais: processos distintos ocorrem; a informação pode ser absorvida em uma primeira etapa, mas requer reflexão e reorganização, é a etapa de análise em que ela se relacionará com outras informações e nos conduzirá à síntese. Ora, a orientação desse processo requer professores capacitados. Não basta, pois, conectar os alunos com a internet: informações soltas não geram conhecimento e reflexão, importantes objetivos de uma autêntica educação, em que se pretende tornar pessoas livres e capazes de pensar sobre o que lhes é proposto, e assumir a direção de suas próprias vidas. (litamar@ig.com.br)
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DUCAÇÃO &
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Sentimento de pertencer e empoderamento Juracy C. Marques Professora universitária, doutora em Psicologia
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ssisti a uma formatura dos Cursos Técnicos da Universidade Federal de Santa Maria: Agronegócios, Desenvolvimento Industrial e Paisagismo, numa cerimônia impressionante por sua organização e altos níveis de fruição estética, tanto na decoração como no uso de recursos de alta tecnologia pelo uso de som e iluminação. Cada curso tinha um orador que transmitia, com síntese e clareza, os objetivos e as atividades dos diferentes cursos. Consegui conversar com alguns professores e formandos e deduzi a excelência dos trabalhos que desenvolvem em suas íntimas ligações com as diferentes culturas regionais e suas prioridades em busca de eficiência e eficácia. Ben Kaye-Skinner/sxc.hu
Sentimento de pertencer
O sentimento de pertencer a uma instituição de alto prestígio acadêmico, onde existe uma consistente colaboração entre os cursos de Graduação e os Cursos Técnicos, confere um sentimento de pertencer que resulta em autoconfiança e responsabilidade social, bem como orgulho e honra, ressaltando o privilégio de estar vivenciando uma oportunidade ímpar, em meio à forte competição para ingresso nos Cursos. Isto se traduz nas muitas comemorações encetadas pelas famílias para os diferentes grupos, em confraternizações entre formandos e suas famílias com os respectivos professores e administradores.
Empoderamento
Através de rígidas regras de funcionamento que entrosam teoria e prática e das avaliações continuadas, uma por semana, não há reprovações, nem evasões: cada aluno tem um monitor que acompanha sua aprendizagem. Quando deficiências de aprendizagem são constatadas, elas são revisadas, de forma individual, em horários extra-aula até que o aluno adquira pleno domínio do conteúdo e das habilidades previstas para aquele módulo específico. São planejadas excursões (em geral, uma por mês) para visitas a empresas que se destacam naquela área de conhecimento, com minuciosos relatórios que contam pontos na avaliação da aprendizagem dos alunos que são comentadas em sala de aula. Além disso, há um ‘trabalho de final de curso’ que pode ou não ser aprovado por um professor orientador ou reencaminhado para reformulações com sugestões de um outro professor que as repassa para o orientador e este tem uma ‘entrevista’ previamente marcada com o aluno. Aos poucos, o aluno vai adquirindo segurança, desenvolvendo as competências necessárias para que se sinta com poder e independência para o exercício de sua nova profissão. Além disso, são
acompanhados, por um de seus professores durante mais um semestre, depois de formados, quando já se tornaram empreendedores ou empregados, com condições e circunstâncias favoráveis para reafirmar seu êxito profissional. É evidente que surgem problemas e obstáculos, mas estes são vistos como problemas a serem superados, em função de análises e compreensão dos recursos disponíveis. Mas o aluno não está isolado, faz parte de um grupo que se constituiu em seus anos de formação – ninguém faz nada sozinho –. O empoderamento se reforça no intercâmbio de ideias e na convivência, plena de confiança e amizade que se estende, algumas vezes, por muitos anos, criando laços e suportes que são construídos para sinalizar os caminhos de sustentabilidade que ins-
tituem modos de comportamentos e atitudes que favorecem tanto a lucratividade como o prazer de se fazer o que se gosta. Esta é uma das muitas maneiras possíveis de eliminar do Ensino Médio os nefastos malefícios da reprovação e da evasão, superando um dos problemas para os quais o baixo desempenho da Educação Brasileira vem clamando, através da campanha “A Educação precisa de respostas” (Zero Hora) ou pela ONG “Todos pela Educação”. “Oh! Meu Senhor, dê-nos, através de sua misericórdia, a satisfação de nos regozijar pelo que fazemos, através de nossas preces, para que alcancemos o que é justo e conveniente para todos os teus servos” (Salmo no. 90).
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EMA EM FOCO
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Só é cristão quem
Qual é a nossa atitude de cristãos diante dos desafios nos com situações não condizentes com a mensagem Indignamo-nos ou ficam
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s mornos serão vomitados! O texto, atribuído a João Evangelista, não deixa por menos. É radical, mas sempre atual. E se aplica em todas as circunstâncias da vida. Mas com bom senso, sempre com a necessária serenidade e lúcida consciência. Do cristão não se esperam reações impensadas e precipitadas, ser de ‘faca na bota’ e esperar com as ‘’mãos cheias de pedras’. O que não significa, contudo, abdicar de firmeza e coerência com as convicções “.
“Entre não fazer por medo de errar ou fazer, arriscando não acertar, prefiro o risco”. Dom Aloísio Lorscheider. É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder. Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver.” Martin Luther King
Não é comigo!
Os que detêm os destinos da humanidade – os gestores públicos e os donos do capital – fazem o que querem, porque contam com a complacência e pouco caso dos seus ‘comandados’. Retroalimentada pelas grandes formadoras de comportamento e opinião, a cultura atual é marcada pelo consumismo inconsequente e prima pelo individualismo e indiferença: ‘não é comigo’, ‘não vale à pena se incomodar’, ‘deixa assim’ ‘para que arrumar encrenca?’, ‘deixa para amanhã’, ‘Por que me candidatar a um cargo público se isso só traz dor de cabeça?’ ‘Por que estudar mais para conquistar um cargo melhor se isso não adianta nada?’
Era com Ele
Concedei-nos, Senhor, Serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, Coragem para modificar aquelas que podemos e Sabedoria para distinguirmos umas das outras. Reihold Niebuhr Defintivamente não era de indiferença e insensibilidade o comportamento de Jesus em sua vida pública. Os Evangelhos o ilustram fartamente. Acima de tudo, Ele era um indignado: indignado com parâmetros de comportamento, com valores morais, com a hipocrisia social reinante, com a forma com que era praticada sua religião. E reagia na exata medida. E seu gesto mais radical de indignação foi expulsar os vendilhões do templo de seu judaísmo. O que, segundo as mais recentes pesquisas, foi a gota d’água para decretar sua prisão na mesma noite e sua crucificação dias deppois. Segundo esses estudos, essa expulsão, à base do chicote, teria ocorrido na semana da páscoa do judaísmo, diferentemente das interpretações até agora vigentes. Os ‘vendilhões’ tinham o monopólio de venda de ‘oferendas’ em bancas dentro do templo. E mais: só eram permitidas ofertas com o que era vendido nas ‘bancas oficiais’ a preços estipulados pelos administradores do templo. O que fazia com que os pobres, em geral vindos de muito longe, se vissem impedidos de cumprirem os ritos com doações trazidas de suas terras: ou compravam ali, no templo, ou ficavam sem fazer as oferendas anuais. Jesus se indignou. Isso era com Ele! E deu no que deu!
Sair da zona de conforto
Outra passagem recorrente é a parábola do Bom Samaritano, cujo simbolismo é paradigmático: todos os que passaram antes por aquela estrada fizeram vistas grossas àquele que estava machucado e caído na sarjeta. É mais ou menos isso que acontece ainda hoje: estamos acomodados, na zona do conforto. Em tempo algum a humanidade teve tantas facilidades como tem hoje, proporcionadas pela ciência e pela tecnologia. Parece que pouco ou nada nos falta: temos quase tudo. Isto é, temos, do verbo ter! Mas será que somos: do verbo ser? Somos suficientemente solidários? Ou continuamos indiferentes ao que sofre do nosso lado? Damos chance a que o ‘bom samaritano’ emerja em nós para perceber a solidão de quem está do nosso lado, doente – da alma e do corpo? Para ouvir com paciência as inquietações de quem mora conosco sob o mesmo teto – nosso filho, nosso marido ou esposa? Ou isso não é conosco?
A. Gaber
Todas as facilidades do mundo de hoje se deve a menos de um por cento de humanos! Dizem que Isaac Newton, ao fazer o milésimo teste de seus experimentos, foi interrompido por um de seus parceiros, sugerindo que desistisse. Mas Newton os demoveu: ‘Continuarei, pois, com certeza, estamos mil vezes mais perto de acertar’. “Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de ter coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar, de vez em quando, o amanhã pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina”, afirmava o educador Paulo Freire.
Deixar a banda passar?
A fartura material que atingiu quase todas as camadas sociais anestesiou mentes e corações. E poucos se incomodam com a violência exsurgente e a criminalidade crescente. Falta coragem de dizer, coragem de fazer, coragem de viver. Mas isso exige desacomodação, ‘sair de sua casa’, aceitar desafios. Temos encarado ou adiado questões importantes da vida, por medo, por insegurança ou comodismo? Deixando a vida passar, deixando a história passar, deixando a ‘banda passar’, como refere a marchinha de Chico Buarque? Jesus queria que sua Igreja e seus seguidores se encolhessem? Que sua Igreja se acomodasse? Ou esperava que se arregaçassem as mangas para construir o Reino?
Fazer a diferença
Só mudam as coisas na história os que se encorajaram a arriscar. “Ninguém está 100 por cento seguro na vida. Ninguém está livre de sentir dor. Mas, se você não se arriscar e nem se expuser, jamais saberá o que poderia ter acontecido. Não deixe a acomodação tomar conta de sua vida para não provocar, no futuro, o seguinte comentário que alguém talvez faça sobre você: coitado, morreu aos 18 anos, mas só foi enterrado aos 60!”, provoca Roberto Shinyashiki. Onze dos 12 apóstolos e os muitos seguidores mais de Jesus morreram mártires. E seus exemplos inspiraram outros milhares de cristãos nos dois mil anos que se seguiram, pois tiveram certeza da mensagem de Jesus, força para a colocarem em prática e coragem para defendê-la, mesmo com o sacrifício da própria vida. Tiverem coragem. E fizeram a diferença. A história da humanidades se divide entre homens e mulheres que fizeram a diferença e os que se acomodaram. Quem hoje é capaz de fazer a diferença?
Outubro de 2012 - 2a quinzena
A S ÇÃO
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OLIDÁRIA
m faz a diferença
s do dia a dia? Como procedemos ao confrontardo Evangelho? Reagimos ou nos conformamos? mos indiferentes?
“Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te” (Apocalipse 3:15, 16.)
oragem de arriscar Elas fizeram a diferença
Ester
Na cultura machista da cultura ocidental, raramente as mulheres têm seus nomes inscritos no panteão dos heróis. Mas são elas as verdadeiras e anônimas protagonistas da história da humanidade. Algumas são citadas no Antigo Testamento: Sara, mãe de Isaac; Joquebede, cuja ousadia em fazer um cesto de junco salvou seu filho Moisés de ser morto pelo faraó; Miriam, que cuidou dessa criança, que era seu irmão, na chegada ao seu destino; Débora, que ocupou um lugar de destaque na liderança entre o povo, tida como profetiza e juíza; Ester, que se torna rainha da Pérsia e com muita coragem conseguiu abortar um plano em que haveria um genocídio do povo judeu; A Mulher virtuosa descrita em Provérbios 31, cuja autora foi nada mais, nada menos que a mãe de Salomão; Hulda, a profetiza, cuja incumbência foi decifrar os rolos contendo o livro da lei encontrado no templo, durante uma reforma feita no período do rei Josias, em 621 a.C, da tribo de Judá. No Novo Testamento, o primeiro nome é Maria de Nazaré, mãe de Jesus; sua prima Isabel ou Elisabete, mãe de João Batista; Maria de Magdala, as irmãs Martha e Maria e tantas outras. Na história recente da Igreja: Santa Joana d’Arc, heroína francesa; Gonxha Agnes (Teresa de Calcutá) missionária; Irmã Dulce, o anjo Bom da Bahia (Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes); Irmã Doroty Stang; Zilda Arns; e centenas de milhares de anônimas e silenciosas missionárias, religiosas e leigas cristãs. Não fugiram da missão: era com elas!
Débora
Sara
Elas, na história
Na história recente da humanidade: Maria Curie (Maria Sklodowska) cientista e Prêmio Nobel; Evita Perón; Indira Gandhi; Benazir Bhutto, política do Paquistão; Edith Piaf, cantora. No Brasil: Princesa Isabel; Cora Coralina, poetisa (Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas) mulher simples, doceira de profissão; Carlota Joaquina (Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon), princesa do Brasil e rainha de Portugal; Maria Quitéria, militar (Maria Quitéria de Jesus) heroína da Guerra da Independência, considerada a Joana D’Arc brasileira; Anita Garibaldi (Ana Maria de Jesus Ribeiro) “Heroína dos Dois Mundos”, companheira do revolucionário Giuseppe Garibaldi. Não tiveram medo dos desafios: era com elas!
Joana D’Arc
Princesa Isabel
Elas na nossa vida
Por fim, mas não por último, o que seria da humanidade sem elas, nossas esposas, nossas mães? É por elas e com elas que a existência mantém sentido. Muitas pessoas marcam a nossa vida... algumas apenas passam. E mesmo que todas passem, apenas uma fica: a nossa mãe. Contam os agentes da pastoral carcerária que a última e suave lembrança do pior preso é sua mãe. De quem tem saudade. De quem lembram o carinho e zelo. De quem recordam suas doces palavras e conselhos. E quem, ainda no colo, lhes ensinou as primeiras – talvez únicas – orações. O amor de mãe, sua dedicação e proteção e a coragem de dar a vida por seus próprios filhos se preciso for, deixam sinal indelével para o resto da existência. É seu nome que invocamos em grave perigo, em momento de muita dor ou na iminência da morte. Elas fizeram e fazem a diferença. Nada temem: é com elas!
Anita Garibaldi
Evita Perón
Irmã Dulce
Zilda Arns
8 Reféns do futuro
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Juliana Gonçalves
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ossa vida se dirige para o futuro, disso todos sabemos e melhor se conseguirmos manter essa direção, mas é importante lembrar que ainda não chegamos lá. E quando confundimos, perdemos o presente, o real. Podemos dizer, sem receios, que a famigerada ansiedade é o grande algoz do homem moderno e do próprio viver. Ela faz concessões o tempo todo, mas sua moeda de troca não tem valor algum. Apenas uma promessa de dividendos, que não dá garantia alguma, e na maioria das vezes não entrega. A ansiedade é uma dama extremamente sedutora, suas estratégias são pautadas em nossos desejos, vontades, nossos medos, angústias. Quanto mais conhecemos alguém, mais seremos capazes de seduzir. Sendo este sentimento um produto nosso, por certo nos conhece bem. E usa esse conhecimento para nos envolver em sua miríade de promessas. Na medida em que a sedução só mostra o que não é, vende o que não tem. A ânsia chega sorrateira, estuda o ambiente, estuda a personalidade. Chega a pedir licença, esbanja polidez, mas não se iludam. Logo estará ordenando, pressionando, tirando o seu sono, alterando seu humor, embaralhando seus pensamentos, roubando-lhe o real e brevemente você se tornará refém do futuro. Não se deixe seduzir. Não sacrifique o presente em prol de incertezas. Esteja aonde a vida realmente acontece. O amanhã é uma bolha de sabão, só é possível colher o dia e tocar o que está à sua frente. Porque quando você cria o hábito de flertar com o porvir, se descola do agora e começa a viver uma fantasia. Sofre porque o ideal da mente não condiz com o real da vida. O futuro lhe faz bem ou mal? É seu carrasco ou seu salvador, seu mestre, seu senhor, lhe dá ou tira a vida? Se quer viajar no tempo, tenha consciência de que é apenas uma viagem fantástica. Use-a para se divertir, não para se martirizar, sofrer ou se machucar. O futuro vive de promessas, e é o melhor que ele pode fazer, e se você acha que pode viver de juras, então precisa rever seus conceitos. O presente nem sempre é um mar de rosas, disso sabemos todos, mas é verdadeiro, é o que é. Não há vida no abismo, e quando você tenta dar o segundo passo sem ter dado o primeiro, ele o engole. Liberte-se do futuro e aprenda a lidar com o real de forma saudável.
Visa e Mastercard
Outubro de 2012 - 2a quinzena
ABER VIVER
Barulho em excesso nas grandes cidades pode causar perda auditiva
São 7 horas. Mal começa o dia e já se ouve o som das buzinas dos carros. No trajeto para o trabalho, no trânsito, fica-se exposto ao barulho dos ônibus ou do metrô. No escritório, há o incômodo ruído das obras no edifício vizinho ou da britadeira que fura o asfalto da rua. Chega a hora do almoço. Para relaxar, recorre-se a fones nos ouvido para ouvir música no volume máximo. São situações e comportamentos comuns a todos nós nas grandes cidades. Mas será que essa rotina é saudável? O cotidiano abarrotado de barulho e estímulos sonoros está prejudicando a nossa audição, em um processo que não tem volta. Por isso, precisamos aprender a nos proteger dos ruídos que fragilizam a nossa saúde auditiva. De acordo com o último censo do IBGE, mais de nove milhões de brasileiros declararam sofrer de algum tipo de deficiência de audição. Desse total, 347 mil pessoas afirmaram não conseguir ouvir de modo algum; quase 1,8 milhão disse ter grande dificuldade para ouvir e 7,5 milhões relataram alguma
Assine O SOLIDÁRIO
limitação na audição. Shows, boates, bares, praças de alimentação dos shoppings, festas e cultos em igrejas aumentam ainda mais a probabilidade de problemas de audição, e em idades cada vez mais precoces. Uma medida bastante eficaz é o uso de protetores auriculares, que reduzem o volume excessivo, mas não impedem o indivíduo de ouvir o som ambiente. O ideal é consultar um médico otorrinolaringologista para obter mais informações sobre os cuidados com a audição. Quando fica constatado que já existe a perda de audição, o uso do aparelho auditivo, muitas vezes, resolve o problema, sem causar constrangimentos a quem o usa. Cada vez menor e com tecnologia digital, a nova geração de aparelhos desempenha tão bem suas funções quanto a própria audição humana e, o que é melhor, de um jeito moderno e prático. A perda auditiva induzida por ruído é cumulativa. Qualquer dano à audição vai se somando ao longo do tempo. Os efeitos podem não ser sentidos e a percepção do dano pode vir tarde demais. A exposição frequente a ruídos pode levar, com o tempo, à perda permanente e irreversível da audição. Em todo o planeta, 120 milhões já estão com a audição afetada pela exposição a ruídos intensos e podem caminhar para a surdez, já que as células do ouvido não têm a capacidade de se regenerar. Quer cuidar da sua audição? Siga estas dicas e previna-se! • Modere o volume do MP3. Para saber a medida ideal: a pessoa ao lado não deve ouvir a
Pe. Attílio Hartmann - 16/10 Adelhardt N. Mueller - 20/10 Waldair G. Kulczynski - 21/10 Solange Medina Ketzer - 29/10
Albano L. Werlang CRP - 07/00660
TERAPIA DIRETA DO INCONSCIENTE Cura alcoolismo, liberta antepassados, valoriza a dimensão espiritual Vig. José Inácio, 263 - conj. 113 - Centro - POA 32245441 - 99899393
música que sai de seu aparelho e você precisa escutar a voz dela. • Prefira os fones de ouvido do tipo concha. • Use protetor auditivo em baladas e eventos esportivos. Em shows, mantenha-se longe das caixas de som. • Ao sair de lugar barulhento, fique em silêncio por pelo menos 20 minutos para descansar os ouvidos. • Quando o trânsito estiver pesado, evite, se possível, andar a pé; e no carro, feche os vidros. • Em casa, evite ligar ao mesmo tempo máquina de lavar, liquidificador, TV e outros eletrodomésticos. • Se mora em ruas movimentadas, adote a proteção acústica nas paredes e janelas de casa. Como saber se já tem perda auditiva? • Parentes, amigos ou vizinhos dizem que você mantém a TV, rádio ou aparelhagem de som alto demais? • Você escuta o que as pessoas dizem, mas às vezes não entende bem ou perde partes da mensagem? • Costuma pedir para que repitam o que acabaram de falar? • Tem sentido zumbido no ouvido? • Sente dificuldade de entender a conversa ao telefone? • Se alguém conversa de costas, ou de outro cômodo, você não compreende? Se tem dúvidas ou respondeu afirmativamente a uma dessas perguntas, o melhor é procurar logo um otorrinolaringologista para avaliar sua audição. E quanto mais cedo, melhor, para evitar maiores problemas no futuro.
Humor Dois loucos conversando: - Imagina o seguinte: você está perdido numa floresta com um jacaré morto de fome que vai te comer e você só tem uma pinça, uma caixa de fósforos vazia e um binóculo, o que você faz? - Não sei, responde o outro maluco. - Pega o binóculo, vira ele ao contrário e aponta pro jacaré, aí ele vai ficar pequeno, depois pega ele com a pinça e bota ele dentro da caixa de fósforos... Dois médicos entram numa das salas daquele hospício e um pergunta ao outro: - Por que estão todos pulando deste jeito? - Não sei; vou perguntar para aquele louco que está ali parado. - Me responda, por que estão todos pulando deste jeito? - É que nós estamos brincando de pipoca na panela. - E por que você está aí parado? - Ah! É que eu grudei na panela! O maluco chega na padaria e pergunta ao padeiro: - Olá, o pãozinho já saiu? E o padeiro, com um sorriso no rosto: - Sim, já saiu, freguês! - Ah, então quando ele voltar o senhor fala que o Percival passou por aqui! Toca o telefone no hospício: - Alô! - De onde que estão falando? É do hospício? - Não é, não. Aqui nós nem temos telefone!
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SPAÇO LIVRE
Casa dos avós: doces lembranças para os netos Dado Moura
Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo
Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on Le
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Outubro de 2012 - 2a quinzena
Escritor
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participação dos avós na vida dos netos é tão importante quanto a presença dos pais na vida dos filhos. Embora minha infância já tenha passado, as lembranças dos meus avós são tão vivas na minha memória, como se tudo que vivemos juntos tivesse acontecido ontem. Quem já passou alguns dias de férias na casa dos avós certamente tem boas recordações. Algumas atividades simples, como conhecer a casa e os locais onde nossos pais foram criados, a escola onde estudaram ou ver as fotografias da época, nos ajudaram a estreitar os laços com uma geração passada. Principalmente através dos causos de família, narrados ao ritmo da (o) vovó (ô), passamos a conhecer a história dos nossos pais quando crianças. Dependendo da intensidade do relacionamento entre netos e avós, facilmente a criança irá obedecer àquele com quem passa a maior parte do dia. Essa influência acontece quando os netos vivem cotidianamente sob os cuidados dos avós, por exemplo, quando os pais trabalham fora. O contato com a maneira e os hábitos da “casa da vó” serão percebidos no comportamento das crianças, seja na maneira de falar, de se comportar ou até mesmo em hábitos simples como atender ao telefone. Com isso, os avós acabam passando por algumas dificuldades de convivência, não com a nova geração, mas com os pais de seus netos. Os conflitos entre os adultos podem ser estressante quando os avós, na intenção de fazer o melhor para os netos, interferem na educação aplicada pelos pais. Contudo, mesmo que seus compromissos sejam grandes, não cabe aos avós assumir a responsabilidade outorgada aos pais. Geralmente, na casa dos avós, comer doces antes do almoço, deitar sem escovar os dentes ou fazer xixi na cama parece não ser o maior pecado do mundo… Mas isso não significa que os pais devam proibir suas crianças de visitá-los. A eles cabe apenas buscar o equilíbrio dessas visitas e ajudar seus filhos a perceberem que em cada casa há um ritmo próprio. Acima de tudo, estes momentos de convivência na casa dos avós são fundamentais, pois nossas crianças não esquecerão das brincadeiras, dos passeios, das piadas, entre outras coisas boas que fizeram parte do tempo de infância; do mesmo modo, que eu não posso esquecer de outras épocas quando, com outros primos, brincávamos na oficina e com as “preciosas” ferramentas do meu avô "Tonho". Um abraço especial aos avós e também aos bisas!
RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2013 e o Familienkalender 2013 estão disponíveis para venda. Faça seu pedido na Livraria Padre Reus, em Porto Alegre. Adquira também na nossa filial, no Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo. Fones: 51-3224.0250 e 51-3566.5086 livrariareus@livrariareus.com.br
Educação radiofônica
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ducação radiofônica é a maneira mais fácil de educação à distância e alcança a maior abrangência em países em desenvolvimento.
Nos anos 70 nasce no continente sul-americano, no Equador, a Associação Latinoamericana de Educação Radiofônica (ALER ), que propõe uma nova maneira de entender e fazer comunicação no subcontinente, para responder às necessidades e anseios daqueles que, durante séculos, foram silenciados e excluídos do sistema-mundo. Atualmente, a ALER está constituída por 107 organizações radiofônicas de 17 países da America Latina e do Caribe, conta com uma forte penetração na opinião pública e, junto a outros atores e sujeitos sociais, desempenha um papel chave nos processos de mudança do continente americano, desde a perspectiva dos excluídos. Neste cenário, a ALER tem mantido sua opção, vocação e compromisso por uma comunicação democrática, participativa, popular, diversa e múltipla. Em definitivo, manteve seu irredutível compromisso por uma comunicação formadora, transformadora e libertadora, longe dos interesses empresariais. Nelsy Lizarazo, secretária executiva da ALER, afirmou: “A ALER nos mostrou, durante esses 40 anos, que outra comunicação é possível, e sua prática nos move a um diálogo profundo com nossos saberes ancestrais e contemporâneos, e a reconhecer os diversos e múltiplos processos de comunicação popular e alternativa no continente”. “ Um elemento central da identidade da ALER tem sido a permanente visão crítica sobre a própria prática e sua capacidade de renovar-se e recolocar-se, buscando responder aos desafios do contexto”. Cada vez mais rádios e pessoas do continente se somam ao trabalho da ALER, em suas numerosas redes e projetos, enriquecendo o processo e contribuindo para um projeto duradouro e libertador. Sem dúvida, uma autêntica experiência de rádio popular e comunicação emancipatória da nossa América. Os 40 anos que completa a ALER pesam muito, não pelo cansaço, e sim, pelo realizado e conquistado. Pelo 40o aniversário de sua fundação a ALER merece a saudação de todo o continente. Encontro Latinoamericano de Comunicação Popular e Bem Viver
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GREJA &
COMUNIDADE
Outubro de 2012 - 2a quinzena
Como descobrir e encontrar o
Solidário Litúrgico
melhor amigo Victor José Faccioni Contabilista e advogado
14 de outubro - 28o Domingo do Tempo Comum Cor: verde
1a leitura: Livro da Sabedoria( Sb) 7,7-11 Salmo: 89(90),12-13.14-15.16-17 (R/. cf 14) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Hebreus (Hb) 4,12-13 Evangelho: Marcos 10,17-30 Para melhor compreensão dos comentários litúrgicos leia, antes, os respectivos textos bíblicos. Comentário: A riqueza não é sinal da bênção de Deus, nem a pobreza, sinal de maldição. Na cultura na qual Jesus viveu, isso era assim: o rico, dono de muitos bens e cheio de saúde, era uma pessoa querida e abençoada pelo “Deus de nossos pais”; o pobre, sem casa, sem teto, doente, leproso, “pecador”, era detestado e maldito pelo mesmo Deus. Que, claro, jamais pode ser identificado pelo Deus, Pai/Mãe de Jesus Cristo. Jesus deixa muito claro que no seu Reino não será assim, riqueza não será sinal de bênção, nem pobreza, sinal de maldição. Aqui, é preciso fazer uma distinção entre “Salvação” e “Reino”: a salvação é graça de Deus, depende da sua gratuidade e misericórdia, que ele dá a quem ele quer; o Reino é um projeto de vida, uma atitude, um assumir as consequências de uma fé que segue a Jesus em todos os momentos: no silêncio de Nazaré, pelos caminhos da Palestina, na rejeição por parte de muitos, na condenação e morte de cruz. E faz da certeza da ressurreição o seu foco de luz que ilumina toda a sua vida. Agora, honestamente, riqueza como sinal de bênção e pobreza, como sinal de maldição, não é algo do passado; está muito presente no imaginário de muita gente, hoje. Também cristãos. E algumas “igrejas” pregam isso abertamente, prometem riqueza e bem-estar a quem contribuir, generosamente, com tal igreja. Nada a ver com o Reino, nada a ver com o projeto de Jesus. O homem rico do Evangelho deste domingo, cumpridor da lei, mas acomodado nesta prática, que lhe dava segurança, não aceita o convite de Jesus para libertar-se de todos os seus bens e segui-lo. E vai embora, “cheio de tristeza”. Somente quem não tem o coração preso às coisas e bens deste mundo é capaz de sentir e viver a alegria da liberdade, sinal dos verdadeiros filhos e filhas de Deus, companheiros e amigos de Jesus.
21 de outubro - 29o Domingo do Tempo Comum Cor: verde
1a leitura: Livro do Profeta Isaias(Is) 53-10-11 Salmo: 32(33),4-5.18-19.20.22 (r/.22) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Hebreus (Hb) 4,14-16 Evangelho: Marcos 10,35-45 Comentário: Jesus continua sua caminhada pela Palestina, anunciando a Boa Nova do Reino. Quando está a sós com seus discípulos, ele os vai instruindo e alertando para o que deverá acontecer com ele: Eis que estamos subindo para Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. Vão caçoar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo (Mc 10,33). Quando dois dos seus discípulos pedem para sentarem, um à sua direita, outro, à esquerda, no seu Reino (cf 10,37), portanto, querem ter poder, status, reconhecimento, Jesus aproveita para deixar bem claro que, quem quiser ser seu discípulo e participar do seu Reino, deverá pautar-se por outras escolhas, completamente diferentes daquelas que o “mundo” preza e quer, de qualquer forma e por qualquer meio. Diante da irritação dos outros discípulos contra os dois “pretensiosos de poder e de glória”, Jesus para e convoca o grupo: Os chefes das nações oprimem, tiranizam. Mas, entre vós, não será assim: quem quiser grande, seja vosso servo e quem quiser ser o primeiro seja o servidor/escravo de todos (10,42-44). A “mosca azul” do poder, do reconhecimento, da “glória deste mundo” não é alheia à maioria dos cristãos e nem mesmo à hierarquia e ministros ordenados. A tentação está aí e é muito forte. E muitos sucumbem e passam de servidores a “chefes”, dominadores, opressores. Agir contra a tentação do poder e da glória deve ser a máxima de todo discípulo de Jesus. Como uma atitude de vida, somos chamados a repetir João Batista: importa que ele, Jesus, cresça e apareça, e que eu diminua e seja um servidor desde o meu lugar. Na simplicidade, na entrega, na doação de toda a minha vida.
28 de outubro 30o Domingo do Tempo Comum Cor: verde
1a leitura: Livro do Profeta Jeremias (Jr) 31-7-9 Salmo: 125(126),1-2ab.2cd-3.45.6(R/. 3) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Hebreus (Hb) 5,1-6 Evangelho: Marcos 10,46-52 Comentário: Thomas Hughes é um sacerdote verbita (SVD), cujos comentários litúrgicos nos servem, seguidamente, de inspiração. Aqui, reproduzimos, quase na íntegra, um texto seu, onde comenta a passagem da cura do cego Bartimeu, no evangelho de Marcos deste próximo domingo. Enquanto Jesus está “a caminho” com os seus discípulos, Bartimeu está à beira do caminho! Bartimeu grita: Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim (10,47). É o grito do pobre, do sofrido, do excluído! Desde o grito do sangue de Abel, passando pelo grito de Jó, dos pobres nos Salmos, de Bartimeu, de Jesus na Cruz, o tema do grito do sofrido perpassa toda a Escritura, com a garantia de que Deus ouve esse grito. Mas a reação dos transeuntes é típica: mandam que Bartimeu se cale! O poder dominante sempre quer abafar o grito do excluído! Isso não mudou até o dia de hoje. Até nas Igrejas existe quem não queira ouvir o grito e faz tudo para abafar qualquer iniciativa popular. Mas Deus ouve!! Jesus não cura imediatamente a Bartimeu. Ele respeita a liberdade do cego e pergunta o que quer que faça por você (v. 10,51). Pois Jesus não obriga ninguém a se libertar: há quem prefira ficar sentado à beira do caminho, no seu comodismo e não opte pela libertação. Curado, Bartimeu segue a Jesus, a quem dava o título messiânico filho de Davi, ao qual Jesus fez muitas restrições. Mas Bartimeu tem a prática certa: segue a Jesus pelo caminho. Aqui Marcos faz contraste com a figura de Pedro, que tinha o título certo: Tu és o Messias (Mc 8, 29), mas a prática errada: não quis que Jesus caminhasse para a morte! Pois, mais importante do que títulos e expressões teológicas é a prática do seguimento de Jesus! Um alerta para todos nós, para que a nossa prática seja coerente com a nossa fé, no seguimento de Jesus, em favor do Reino de Deus. (attilio@livrariareus. com.br)
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om saúde ou não, sempre é possível, recomeçar e melhorar. Se a saúde estiver falhando, mais um motivo para buscar tão importante alento. Melhor com saúde, mas mesmo na hora da doença, mais que em outra hora qualquer, é fundamental podermos contar com um bom amigo, se não com o melhor dos nossos amigos. Basta querer. Eis o fundamental: querer! Se quisermos, podemos conseguir e sentir a companhia de nosso melhor amigo. Mas é preciso ter confiança e fé. Afinal, temos de confiar em alguém. E, se tivermos fé em Deus, com a fé e confiança n’Ele teremos o apoio do melhor amigo que cada um tem dentro de si mesmo. Às vezes, muitos não sabem que têm. Se precisas falar com um amigo e não o encontras, mais fácil seria falar com seu melhor amigo, Deus. Falar com o pensamento, ou então falar baixinho, murmurando e até em voz alta. Basta conversar com Ele! Com certeza Ele conversará contigo. Henry Cloud, autor/coautor de mais de 20 livros, que já venderam quatro milhões de exemplares, em sua última publicação “O Segredo de Deus” (Ed. Planeta), diz querer revelar os tesouros guardados para cada um de nós. Busca nas Sagradas Escrituras a luz para desvendar os caminhos para uma existência melhor. Mostra que “os bons relacionamentos dependem de se ter as habilidades para criá-los”, e que os nossos pensamentos afetam nossa maneira de sentir. Procura mostrarnos que “uma vida boa não depende de boas circunstâncias”, e que “a confiança é a chave que abre a porta, para as bênçãos”. Por isso mesmo, “a confiança mal aplicada abre a porta para a infelicidade”. Importante a orientação que procura nos incutir, na ideia de que Deus não é apenas um Pai. Mas, mais que isso, um verdadeiro e leal amigo, que de cada um de nós só exige a recíproca amizade. Ou seja, que também sejamos seu amigo. Tenho muitos amigos descrentes, sem a espiritualidade dos que creem, e não vejo neles maior ou igual exteriorização de felicidade quanto aos que procuram praticar sua fé. Mas diversos deles se queixam de um tremendo vazio, dúvidas e indagações sobre a vida. Como acabo de virar aposentado, passo a ter mais tempo para pensar, meditar e refletir sobre as circunstancias da vida. Mas, como meu primeiro curso foi de Contabilidade, cedo aprendi a fazer os balanços, desde o mensal, semestral e, em especial, o anual. Se pensarmos no melhor, ao menos direcionamos nosso coração para o bom e para o bem. (vjfaccioni@gmail.com)
Outubro de 2012 - 2a quinzena
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SPAÇO DA
RQUIDIOCESE
Catedral recebeu a celebração inter-religiosa do Dia da Doação de Órgãos Denise Gewehr
O Dia Nacional da Doação de Órgãos foi marcado por uma solene celebração inter-religiosa na Catedral Metropolitana de Porto Alegre, na noite de 27 de setembro – uma homenagem da Secretaria Estadual da Saúde (SES) às famílias de doadores de órgãos, aos transplantados, às equipes de transplantadores e a todos os envolvidos no processo de doação e transplante. A solenidade foi presidida pelo bispo Dom Jaime Spengler, com a participação de representantes de outras religiões que integram o Grupo de Diálogo Inter-Religioso, e reuniu também autoridades e organizações não governamentais. "A doação de órgãos é um gesto de amor e caridade, e uma decisão difícil em favor da vida. Origina-se de grande valor ético, sem buscar recompensa. É um gesto nobre, digno, de amor sem reservas, com decisão livre e consciente. Os transplantes são grandes avanços da ciência à serviço da vida", disse o bispo. Ao citar um trecho das Escrituras – "quando olho para os céus e as estrelas, obra da mão de Deus, me pergunto: o que é o ser humano, para que dele te lembres?", Dom Jaime conclamou a todos a inspirar o coração das novas gerações para a necessidade de amor fraternal, que pode se expressar por meio da doação de órgãos.
O transplantado Pablo Mondim Py, em seu depoimento, explicou que ganhou não só um novo órgão, mas a capacidade de sonhar de novo. "Hoje estou aqui para contar uma história de vitória, e para agradecer à família do doador. Levo dentro de mim uma parte de alguém que nem conheci". A família doadora de órgãos, representada por Simone Pereira Machado, fez um emocionado relato sobre a experiência de autorizar a doação dos órgãos de sua filha. "Minha filha que morreu me ensinou que a vida é muito breve. É agora. Amanhã podemos não estar mais aqui. Doar órgãos é um ato de desprendimento, de transformar a dor em bem para outra pessoa", disse Simone. A coordenadora da Central de Transplantes do Estado, Rosana Nothen, agradeceu a generosidade das famílias que permitem a doação de órgãos e explicou que nada é mais crucial do que doar a vida. Lembrou ainda que o trabalho na área de transplantes envolve limites bio-éticos, e deve ser realizado de forma justa, equitativa e transparente. Em 2011, foram realizados no Estado 1737 transplantes, sendo 918 de córneas. Neste ano, até agosto, já ocorreram 1.169 transplantes. Dados preliminares de 2012 comparados com 2011 apontam para um aumento no número de notificações de morte encefálica de 11%, e de 22% no número de efetivação da doação.
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Coordenação: Pe. César Leandro Padilha
Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre Imagens: Pascom
Bispo presidiu Ordenação Diaconal
Paróquia Sagrado Coração de Jesus acolheu Ordenação Diaconal de Salvador Correa No dia 23 de setembro, a Paróquia Sagrado Coração de Jesus acolheu a ordenação de mais um diácono. Com o lema “Chamado de Deus para anunciar a palavra e servir aos irmãos”, Salvador Conceição Correa recebeu a sua Ordenação Diaconal em cerimônia presidida pelo vigário episcopal do Vicariato de Guaíba, Dom Jaime Spengler. A comunidade se fez presente para homenagear este servo de Deus que abraçou mais este desafio. Fizeram-se presentes padres de diversas paróquias, assim como diáconos. A comunidade teve a oportunidade de rever e confraternizar com párocos que passaram pela Igreja Sagrado Coração de Jesus. Em um clima festivo, após a cerimônia foi servido um coquetel para toda a comunidade.
Realizado encontro de Formação de Multiplicadores para a JMJ Rio 2013 do Vicariato de Canoas
Solenidade religiosa na Catedral marcou Dia da Doação de Órgãos
NOTAS FALECEU - A Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Porto Alegre lamentou a morte da comunicadora da Rádio Aliança Zélia Caetano Braum, ocorrido no dia 17 de setembro. Zélia apresentava os programas “Chimarreando com Deus”, “Nova Evangelização” e “Amanhecer na Querência”. Prestou relevante serviço de evangelização por meio dos espaços que ocupou. Fez tudo com doação total e com um amor inesgotável. Em nota, a PASCOM se solidarizou à família e destacou a crença na Vida Eterna. ROMARIA DO CLERO - Todos os padres da Arquidiocese de Porto Alegre estão convidados para participar da Romaria do Clero ao Seminário de Gravataí. O evento acontecerá no dia 15 de outubro e será promovido pela Pastoral Presbiteral. Pela programação, das 9 horas até as 10h30min
será realizada adoração ao Santíssimo Sacramento e às 12 horas acontecerá um almoço de confraternização. SEMINÁRIO - No dia 24 de setembro, o Seminário Maior de Viamão promoveu o tradicional encontro dos Párocos de Pastoral, ou seja, com os padres que acolhem os seminaristas que atuam nas paróquias para os trabalhos pastorais aos fins de semana. Foi um belo dia de convivência, de oração e de troca de experiências. APOSTOLADO DA ORAÇÃO - A Coordenação Arquidiocesana do Apostolado da Oração está convidando para o encontro arquidiocesano do Apostolado da Oração no dia 17/novembro vindouro, das 8h30min às 16 horas na Paroquia Coração de Jesus, Rua Manoel Py, nº 82, Bairro Higienópolis (almoço no local).
No dia 23 de setembro aconteceu a Formação de Multiplicadores para a JMJ Rio 2013 do Vicariato de Canoas. O evento ocorreu na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, e contou com a presença de mais de 80 jovens e assessores dos mais diversos grupos existentes no Vicariato: Pastoral da Juventude, CLJ, EJC, RCC e ONDA. Com assessoria de Ir Zenilde Fontes, coordenadora do Serviço de Evangelização da Juventude do Regional Sul 3 da CNBB, foi possível conhecer melhor a organização e programação das atividades em preparação e a própria JMJ que acontecerá ano que vem no Rio de Janeiro.
Formação de Multiplicadores em Canoas
Porto Alegre, outubro de 2012 - 2a quinzena
O pano de fundo do evento é o reconhecimento do impacto na cultura e na sociedade decorrente da revolução atual na ciência e da técnica. É promovido pelo Instituto Humanitas da Unisinos entre 2 e 5 de outubro corrente. Vem à propósito do 50º aniversário do início do Concílio Vaticano II para debater as várias formas e possibilidades de interlocução da Igreja com a sociedade e a cultura contemporânea. Entre os participantes do evento estão Marcelo Gleiser (“O perigo do obscurantismo e da prepotência”) e Peter Phan (“Ser religioso é ser inter-religioso”). Mais detalhes sobre a abrangência do tema podem ser conferidos na revista IHU (http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php)
Os dez mandamentos para as eleições 1. Votar é coisa séria. Por isso, não vote em branco, nem anule seu voto. Com ele, você pode mudar a situação. 2. Seu voto não tem preço: não o venda por favores, presentes, amizades, etc. 3. Cuidado! Tem candidato que só aparece na época das eleições. Não vote nele. 4. Não acredite em quem gasta demais em propaganda. Quem esbanja na campanha vai recuperar muito mais depressa às custas do povo. 5. Não vote em quem promete mundos e fundos, pois ninguém faz. 6. Eleição não é competição esportiva. Vote em quem você acredita que é o melhor, sem a preocupação de perder ou ganhar. 7. Procure conhecer o seu candidato. Verifique se ele está comprometido com a defesa da cidadania. Será que o candidato vai fazer alguma coisa pela sociedade como um todo? 8. Quem rouba do povo não merece seu voto. Portanto, não aceite a ideia do "Rouba, mas faz". 9. Todo candidato é ligado a um partido. Veja com quem este partido está comprometido. Será que ele defende o direito dos pobres, a luta por trabalho, melhor saúde, terra para quem não a tem? 10. Política se discute, sim! Ajude os outros a votar consciente, discuta estes mandamentos com seus amigos, familiares, vizinhos e colegas de trabalho.
Congresso de Teologia: um olhar para o futuro Mais de 700 teólogos de várias partes do mundo são esperados na Unisinos, em São Leopoldo, para o evento que tem por objetivo propor desafios e rumos da teologia na América Latina na perspectiva do seu contexto cultural, social, político, econômico, ecológico, religioso e eclesial, globalizado e excludente. Esse congresso é a etapa final de várias jornadas teológicas regionais realizadas nos países do Continente, em que se avaliaram também os avanços e retrocessos teológicos e pastorais verificados no decorrer dos 50 anos após o Concílio Vaticano II. Entre os conferencistas brasileiros estão os teólogos Maria Clara Bingemer, Dom Demétrio Valentini, Carlos Mesters e João Batista Libânio.
Dinâmica
O evento é organizado por instituições teológicas e de reflexão de vários países latino-americanos – Fundação Ameríndia Continental (Montevideo, Uruguai), Conferência Latinoamericana de Religiosos - CLAR (Bogotá, Colômbia), Pontifícia Universidade Javeriana - PUJ (Bogotá, Colômbia), Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – SOTER (Belo Horizonte, Brasil) , Instituto Humanitas Unisinos - IHU (São Leopoldo, Brasil), Associação de Teólogos do México - ATEM (México), Rede Teológico-Pastoral (Guatemala, Guatemala), Agência de Informação Frei Tito para América Latina – ADITAL, Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – Ceseep, Centro de Estudos de História da Igreja na América Latina – Cehila , Ibero - Ciudad de México, Articulación Continental - Comunidades Eclesiales de Base. A dinâmica consistirá em conferências e painéis pela parte da manhã, em que teeólogos, teólogas e especialistas farão exposições sobre os quatro eixos temáticos do Congresso - Novas interpelações e perguntas; Hermenêuticas cristãs; Praxis e mística;
Prospectivas para a Teologia. Na parte da tarde, haverá oficinas com o objetivo de elaborar – a partir das práticas e conhecimentos de seus integrantes – informações que contribuam ao propósito do Congresso. De noite, sempre às 20 horas, serão proferidas conferências abertas ao público em geral. Mais detalhes sobre acesso à Unisinos, formas de participação, no endereço: http://www.unisinos.br/eventos/ congresso-de-teologia e pelo telefone (51) 3590 8474.
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