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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS
Ano XVIII - Edição N o 623 - R$ 2,00
Porto Alegre, dezembro de 2012 - 1a quinzena
O perdão pode curar? Página 3
Pedido de solidariedade
Romaria da Medianeira, cheia de graças! Espetáculo “Bote Fé no Parque da Medianeira”, com 40 mil jovens até a meia noite de sábado, antecedeu a 69a Romaria da Medianeira, em 11 de novembro último, com participação de 300 mil peregrinos. A devoção, trazida pelo jesuíta Inácio Valle, a cada segundo domingo de novembro, atrai mais adeptos a Santa Maria.
O transitório e o perene na vida do cristão
Ter expectativas! Pequenas ou grandes, quem não as têm? Enquanto as tivermos, sonhamos e estamos vivos. Mas importa não considerá-las absolutas e razão última da existência. Há uma expectativa muito maior para cuja realização ganhamos uma vida inteira para nos preparar. Aqui, nesta Terra, da qual somos meros inquilinos, deveríamos apenas armar tendas do cotidiano para seguir rumo à prometida Pátria Definitiva.
Páginas dois e centrais
Recebemos da Igreja da Pompéia de P. Alegre pedido de ajuda de voluntário, “pois temos aqui dois meninos colombianos de 13 e 17 anos, recém chegados, que necessitam de aulas de reforço em matemática para não reprovarem na escola. Contamos com a ajuda de todos”. Tel: (51)3226-8800. Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato de casamento importa mais que o amor, o funeral mais do que o morto, as roupas mais do que o corpo e a missa mais do que Deus" Eduardo Galeano - escritor uruguaio.
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RTIGOS
Editorial
Voz do Pastor Dom Dadeus Grings
Arcebispo Metropolitano de P. Alegre
Peregrinos da história
As razões da alegria cristã
ara muitos talvez seja quase impossível compreender esta verdade: somos apenas inquilinos da Terra... peregrinos da história... expectantes do amanhã... caminheiros em busca do sentido último do nosso ser, do nosso existir. Que não se concretiza no aqui e no agora, mas somente, um dia, na nossa verdadeira “Terra”, na nossa definitiva Casa, onde todas as expectativas do aqui e do agora se tornarão feliz realidade. Enquanto caminhamos na história, recebemos estímulos de todo o tipo que nos impelem a viver o aqui e o agora como o único tempo importante e definitivo. “Compre, venda, coma, desfrute, passeie, guarde, consuma o mais que puder, pois a vida passa depressa e você será feliz na medida que tiver muitos bens e puder aproveitar tudo o que lhe é oferecido!” Para esta concepção de vida, o secundário torna-se fundamental... o passageiro, perene... o transitório, definitivo... o meio, um fim a ser buscado e alcançado de qualquer maneira. “Quanto mais bens você tiver, mais feliz você será”, é o que ouvimos de muita gente, repercutido intensiva e extensivamente pelos poderosos e onipresentes meios de comunicação. É natural à alma humana, é próprio de toda pessoa ter projetos, alimentar sonhos, viver a esperança do amanhã. Que se supõe seja sempre melhor que o hoje. Esta expectativa do que ainda não é mas um dia será é uma necessidade de nossa mente e do nosso coração. Quem não sonha, quem não tem projetos nem esperanças, realmente já não vive, está morto e não se deu conta. Talvez forte, mas verdadeiro: é um cadáver ambulante! O verdadeiramente sábio vive intensamente sonhos, projetos e esperanças sem, contudo, tornálos absolutos e senhores da sua vida. Não se prende nem se subordina a eles. Estabelece hierarquias de importância. E renova em seu íntimo a certeza de que é um inquilino da Terra, um peregrino da História, um caminheiro que vai fazendo caminho no tempo, com os olhos postos no horizonte do eterno. Assim, ele relativiza os muitos absolutos que escravizam e tornam infelizes tantas pessoas em nosso tempo. Mais uma vez, o tempo do Advento é uma oportunidade para examinarmos nossa vida e nossas relações e perguntar-nos, honestamente, se sabemos relativizar as “coisas da terra” para não perder o horizonte da “Terra Prometida”, a felicidade definitiva na Casa do Pai, sentido último de nosso existir. (attilio@livrariareus.com.br)
lexandre Manzoni, no seu famoso romance “Os noivos”, descreve a conversão de um cidadão anônimo por ocasião do Natal. Ele se perguntava: “Que tem esta gente para estar tão contente?” É claro que ele queria ver e experimentar a mesma alegria. Começa pela curiosidade: queria saber, para depois também experimentar. Paulo pede, por isso, aos cristãos que deem as razões da própria esperança.
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Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36
Conselho Deliberativo
Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola
Voluntários Diretoria Executiva
Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj
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Estamos no ano da fé, proclamado pelo Papa Bento XVI, com início no dia 11 de outubro. Celebra o jubileu de ouro do Concílio Vaticano II, que projetou para o século XX os fulgores da fé cristã. O Papa diz, na sua carta “Porta fidei”, que hoje não se pode mais dar por descontada a fé, para urgir suas consequências e compromissos. É preciso ir à raiz da mesma. Constitui um encontro pessoal com Cristo. Calca a atitude de alegria contagiante, como testemunho da fé. S. Paulo garante saber em quem acreditou. Afirma que para ele viver é Cristo. S. João descreve a experiência dos primeiros discípulos de Jesus. Ele mesmo se inclui, como anônimo, para representar todos os que haveriam de crer e irão fazer a experiência do encontro com Jesus. Descreve a atitude de seu companheiro André. Por indicação de Batista, ambos seguiram Jesus. Este, ao vê-los atrás de si, dirige-lhes a primeira palavra que João registra no seu Evangelho, mas endereçada a todo aquele que se propõe o mesmo trajeto: “que buscais?” Os dois, surpreendidos pela pergunta, expõem o pedido: “onde moras?” Não queriam coisas dele, mas estar com ele. Queriam ele em pessoa. E Jesus os convida a ficar junto dele: “vinde e vede”. João, quando escreve, após mais de meio século, ainda lembra a hora. Era pelas quatro da tarde. E nunca mais esqueceu nem se separou dele. Passa logo a escrever a atitude de André – o que também ele fez procurando seu irmão Tiago para levá-lo a Jesus. Transbordante de alegria, André procurou seu irmão Simão – que a partir daquele primeiro encontro receberá o nome de Pedro. Diz-lhe simplesmente: “encon-
Conselho Editorial
Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino
Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo
tramos o Messias”. Pedro, antes mesmo de se encontrar com Jesus, vislumbrou, neste anúncio do irmão, pela primeira vez, o mistério. Os olhos de André brilhavam. Seu rosto irradiava alegria. Nunca o tinha visto assim. Vê agora nele o fulgor da graça divina. Por isso não teve dúvida de segui-lo para se encontrar com aquele que proporciona tal alegria. Lá descobriu por que seu irmão estava tão contente. Podemos exemplificar este episódio com o caso dos três garimpeiros. Numa região de garimpo de ouro, os três amigos, há semanas, procuravam, em vão, o metal precioso. Já estavam quase desanimando e querendo desistir da empreitada quando, num sábado, ao pôr do sol, viram uma montanha brilhar. Foram até lá e encontraram aquilo que procuravam: muito ouro. Como já estava anoitecendo, decidiram voltar na segunda-feira para o garimpo. No domingo, foram à missa, como de costume. À tarde, participaram da festa da Igreja. Havia um compromisso de não se falar a ninguém do achado. Na segundafeira, bem cedo, se dirigiram à montanha do ouro. Quando se deram conta, toda a comunidade os estava seguindo. Inicialmente, desconfiaram um do outro de traição. Alguém teria revelado o segredo. Mas todos se juraram mutuamente não terem vazado a notícia para ninguém. Aí perguntaram ao primeiro que os alcançou na caminhada: “Por que vocês nos estão seguindo?” A resposta foi: “Porque vocês encontraram ouro, que todos nós estamos procurando”. E eles revidaram: “Quem disse?” A resposta foi simples: “Ninguém! Os olhos de vocês brilharam de tal modo que todos entendemos que vocês descobriram o que estavam procurando com tanta ansiedade.”
Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS
Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul
Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.
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AMÍLIA &
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OCIEDADE
O perdão pode curar? Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia
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ela segunda vez chegávamos a Cuba, meu marido e eu, e desta vez tínhamos a missão de trabalhar com grupos de homens e mulheres interessados na compreensão e na prática da metodologia participativa. Percebia que, entre ganhos e perdas trazidos pela Revolução de Fidel, sobravam, sem dúvida, muitas mágoas no coração daquela gente, achacada pelas privações materiais e, sobretudo, pela falta de liberdade no exercício da palavra e de iniciativas independentes. Foi então que algo me chamou a atenção. O cardeal arcebispo de Havana colocava ao povo um grande desafio: a reconciliação com o passado seria a proposta para a construção de um futuro promissor. “Faz falta em Cuba uma batalha pela reconciliação no seio do povo cubano” – disse o cardeal. “Como cubanos – continuou – temos que nos olhar como povo, tal como somos e como estamos, e aceitar a nossa realidade.”
Perdoar é esquecer?
Sanja Gjenero/sxc.hu
Paul Ricoeur, reconhecido como um dos maiores nomes da Filosofia da segunda metade do século XX e dos inícios do século XXI, estabelece diferença entre esquecer e perdoar: “Para a memória, o perdão se mostra como elemento que tenta converter a memória dolorida em memória feliz. Para o esquecimento, o perdão se mostra como um convite ao apagamento”. O perdão exige a memória, mas o que ele faz é tomar como base uma memória dolorosa que quer se converter em uma memória feliz, já que a memória vai revisar o acontecido, elaborar, e se fixar na felicidade do perdão oferecido. O perdão é um lembrar para se esquecer. Este modo de entender o perdão é muito confortante. Seja na vida das nações, nas relações marido-mulher, pais e filhos ou outros, perdoar exige um ato espontâneo e não imposto, uma disposição perene e um real esforço para transformar uma memória dolorosa em uma memória feliz. Ricoeur entende que a memória doente é aquela que se encontra atada ao passado de forma obsessiva. E a cura é um trabalho que concilia lembrança e esquecimento de forma a possibilitar que o passado seja desligado e que a promessa num outro futuro se torne a saída das feridas do passado.
O perdão é uma figura difícil de compreender e difícil de acontecer
O perdão é uma abundância de algo, é quase uma dádiva, como diz Paul Ricoeur. É difícil porque ele é uma luta contra a dor, é uma digestão bem feita de algo difícil de ser digerido. O perdão atua num campo onde a espontaneidade dos indivíduos é convocada para selar um conflito. O perdão não pertence à ordem jurídica; nem sequer pertence ao plano do direito. Não é a mesma coisa que justiça, tanto que ouvimos: “Isto foi injusto, mas eu perdoo”, ou então: “É justo, mas não consigo perdoar”. A ideia de perdão envolve coisas tão díspares como a culpa, o crime, o castigo, o pecado, o sofrimento, a morte, o esquecimento e a reconciliação. Sendo um tema de fronteira, está presente em discursos diversos como o religioso, o jurídico, o político, o ético, o psicanalítico, o médico. O problema do perdão não consiste apenas em exercer o perdão mas em poder pedi-lo. Ora, quem pede perdão ao outro já está preparado para receber uma resposta negativa. Mas é assim porque o
perdão não é exigível. É graça, é espontaneidade. Mais madura e emocionalmente mais saudável é a pessoa que consegue perdoar e também pedir perdão. E o perdão exige ainda a capacidade de perdoar a si mesmo, o que não é nada fácil. É bom questionar-nos: Como uso a memória em relação àquilo que me fez sofrer, aos meus erros passados, às pessoas que me ofenderam e àquelas a quem ofendi? – Para ruminar, amarrarme obsessivamente, buscar vingança, revidar, odiar? Ou sou capaz de revisar, elaborar, confrontar os acontecimentos, para depois perdoar,
ficando assim interiormente livre para consturir um futuro melhor? Diante da premissa de que o perdão não significa esquecimento dos fatos, mas destruição da dívida (Ricoeur), também na dimensão do político precisamos reconhecer que, na ditadura militar brasileira, a experiência negativa existiu e produziu efeitos traumáticos que não deixam de emergir no presente, devendo, portanto, ser confrontados para que sejam, enfim, perdoados, como dizem Ernane Salles jr e outros. (deoniralucia@ gmail.com)
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Agenor Casaril
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gnorando uma precedente decisão sobre a questão, tomada pelo Conselho Nacional de Justiça – que tem hierarquia constitucional sobre os Conselhos de Magistratura estaduais (art. 103-B, § 4º, CR) –, o Conselho da Magistratura do RS determinou a expulsão do Crucificado do espaço público dos pretórios gaúchos, com enorme repercussão na opinião pública. Embora sob aparência legal, a atual decisão expulsória do Crucificado e seu suporte cultural carecem de originalidade. As raízes intelectuais da atitude são conhecidas. “É preciso expulsar Deus do cenário histórico e da mente do ser humano, porque Deus é o mal, pois ele é contra o homem”. Foi Proudhon, em 1843, quem ousou afirmar a necessidade da expulsão de Cristo do curso da História. Embora tivessem existido, na Antiguidade, pensadores ateus que não viam a necessidade de um Deus Criador e ordenador da criação, é certo que, após a estabilização da Igreja, toda a Europa acolheu o Cristianismo como a cultura do homem novo, originando a civilização cristã ocidental. Ninguém jamais havia pensado que a civilização e o progresso do homem pudessem acontecer lutando contra Deus, expulsando-o da cultura e da consciência humanas. Tal afirmação só poderia ser referida a Lúcifer, de O Paraíso perdido, de Milton. O desvario de Proudhon é fruto do Iluminismo, enraizado no racionalismo de Descartes. Este, para fazer tábula rasa e começar do zero, a partir do homem e não de Deus, prega uma fratura total entre pensamento e realidade material. Deus, enquanto ser não material, pertence ao pensamento, à ideia. Na lógica do penso, logo existo, Deus é reduzido a um mero conteúdo da consciência humana. Logo, não mais deveria ser considerado como Aquele que explica em profundidade o ser humano. Deus não poderia mais ficar como o Ser autossuficiente, o Criador, Aquele que doa a existência. Com Descartes, o Deus da criação e da revelação da essência do homem deixa de existir como o Deus dos filósofos. Permanece apenas a ideia de Deus como tema de uma livre elaboração mental. Trazendo ao centro o homem racional, Descartes legitimou a rebelião do homem contra Deus. Buscou objetivar na mente do homem nascido da razão a fórmula que S. Agostinho já usava para indicar o sentido da rebeldia original de Adão e Eva: “Amor de si mesmo até o desprezo de Deus”. O homem cartesiano toma o lugar de Deus e decide o que é certo. Ante a fragilidade do raciocínio científico, Vico contrapôs-se a Descartes: Deus não é um problema de ciência, mas de consciência. Os iluministas expulsam Cristo da cultura. E há seguidores, incomodando a Nação brasileira, majoritariamente crente no Crucificado. Aliás, simbolicamente, recrucificado pela decisão.
PINIÃO
Mísseis que abalaram o mundo
A expulsão do Crucificado Procurador de Justiça. Mestre em Direito Público
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Antônio Allgayer Advogado
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jornal ZH deu à publicidade relato de Leo Gerchmann, referente a acontecimento sucedido há 50 anos nos dias 15 a 28 de outubro de 1962. Em meio aos treze dias entre estas datas, a população da Nova Inglaterra e algumas regiões do Caribe vieram a dar-se conta de que estava iminente a deflagração de uma guerra nuclear.
Pessoas mais bem informadas tinham clara noção de que os mísseis instalados em Cuba poderiam atingir de imediato a região do Caribe, a costa Leste dos Estados Unidos e Cuba, cujo território dista a 230 quilômetros de Miami. Dispensável é mencionar a sensação de angústia e terror que se apoderou de vítimas potenciais de uma hecatombe atômica. Até aqui estou registrando informes do insigne escritor. Sigo adiante expondo o que escrevi alguns meses atrás sobre o mesmo assunto. No episódio conhecido como crise dos mísseis, os soviéticos, em represália à instalação de mísseis nucleares dos Estados Unidos na Turquia, partiram para a instalação de mísseis nucleares em Cuba. O governo de John Kennedy considerou isto um ato de guerra. Nikita Kruschev, primeiro ministro da URSS, ponderou a Kennedy que tais mísseis eram apenas defensivos, objetivando dissuadir novos agravos à ilha de Fidel Castro. O confronto de ameaças recíprocas entre as duas superpotências fazia prever que a guerra nuclear estava prestes a explodir. Face a tal situação, o presidente Kennedy autorizou a instalação de fullout shelters, espécie de bunkers ou abrigos subterrâneos, com o fito de salvar vidas humanas no país por ele governado. A esse tempo morava eu, como hóspede temporário, numa casa de família próxima da Universidade Harvard, onde, com colegas de vários países, participava de programa educacional. Ao que me
foi possível constatar in loco, famílias declaravam preferir a morte a sair de uma horrenda cavidade do subsolo para contemplar desoladora paisagem juncada de cadáveres e detritos que a imaginação se nega a descrever. Para alívio da humanidade ameaçada por hecatombe atômica, à exacerbação de opiniões em choque seguiu-se período de negociação em que ambas as partes se prontificavam a ceder o que fosse necessário a um acordo de paz. Teve papel saliente nas tratativas Robert Kennedy, irmão do presidente, bem como Nikita Kruschev, representando a União Soviética. Este se revelou estadista de larga experiência e pacificador. As partes envolvidas no conflito tinham plena consciência de que numa guerra nuclear não há ganhadores nem perdedores....! Também o Brasil exerceu importante papel no esfriamento dos ânimos exaltados. Por economia de espaço, limito-me a registrar fato referido pelo autor acima mencionado: “O Brasil tomou uma decisão altaneira: contrariou o pedido de aderir à ação armada contra Cuba e interveio no conflito em faixa própria, pela via diplomática”. Por ordem de Kruschev, os mísseis balísticos foram levados de volta para a sua base soviética, com mágoa de Fidel Castro, que não participara da solução em causa. Pelo visto, o “Pesadelo Atômico”, que é título de livro de José Lutzenberger, de saudosa memória, não evoluíra em trágica concretude. Para alívio e gáudio dos que sofríamos com expectativas aterrorizantes, uma charge publicada em jornais estadunidenses apresentava o presidente Kennedy de revólver em punho e dedo no gatilho. E, pouco adiante, Nikita Kruschev saindo de Cuba com umas bombinhas nada inócuas às costas. Todavia, se por tais sucessos o mundo estava momentaneamente livre de uma hecatombe atômica, poucas razões havia para comemorar. Já pairava no ar o surto premonitório da morte dos irmãos John e Robert Kennedy.
Pensar na morte é garantia de vida bem vivida Eliane Quintella Escritora
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odo mundo já ouviu dizer que devemos aproveitar hoje, pois do amanhã não sabemos. Mas como fazer para realmente seguir isso à risca? A resposta é: pense na morte. Não estou propondo nada mórbido, muito pelo contrário, pensar na morte é a garantia da vida bem vivida.Exatamente isso.A certeza de que morremos,faz com que lutemos pelo que realmente queremos e desfrutemos o tempo que nos resta aqui na Terra da melhor forma possível. A morte, poucos sabem disso, não é apenas o destino que a todos aguarda, mas também é nossa aliada, pois é ela que nos dá a melhor resposta toda vez que estamos perdidos e define o melhor caminho a ser seguido. Você vive um grande dilema? Precisa tomar uma decisão importante em sua vida? Pense na morte. Ela lhe lembrará que seu tempo é curto e mostrará o que realmente importa para você. Seu tempo aqui não é eterno, assim, como a morte abriu caminho para você, abrirá caminho para os mais jovens que você. A morte é a renovação da vida, é ela que grita ao seu ouvido todo dia: aproveite aqui e agora. O presente vivido na sua melhor forma garante o melhor futuro e é esse segredo que muitos não conhecem. É a luta diária e constante por aquilo que você realmente quer, é cada segundo vivido na sua maior intensidade que faz a vida realmente valer a pena.
Sinceramente, preocupações em demasia com o futuro só fazem você deixar de aproveitar o presente e, mais do que isso, desperdiçam um tempo valioso que você não tem e que deveria estar sendo usado para fazer aquilo que ama. Portanto, não perca tempo vivendo uma vida que não é sua, que disseram que você deveria viver, fazendo aquilo que não gosta ou se matando para cumprir uma rotina que não faz sentido para você. Há pessoas por aí respirando, mas há poucas vivendo para valer. Pense que tempo desperdiçado não é tempo vivido. Agora reflita quanto tempo da sua vida você realmente viveu? Quanto tempo você morreu? A resposta não lhe agradou? Não se martirize, o que passou, passou. Ficar remoendo o passado não é aproveitar a vida. Para o futuro, ou melhor, para o presente, lembre-se apenas de pensar na morte. (http:// pactosecreto.wordpress.com).
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DUCAÇÃO &
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SICOLOGIA
A ciência e o amor Jorge La Rosa Professor universitário, doutor em Psicologia
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amor é sentimento complexo, objeto da ciência, além de ser estudado pela filosofia e teologia. Na perspectiva cristã, o amor é mensagem central, princípio da moralidade e destino último do ser humano, conforme ensina João na primeira carta (4,8). Jesus, o Mestre, disse que não há prova maior de amor do que dar a vida pelos amigos – o que ele fez ao longo de sua vida e na hora derradeira. São Paulo, na primeira carta aos coríntios, capítulo 13 – em uma das mais belas páginas da Bíblia – escreve sobre o amor, suas características, relações com a fé e a esperança, e sobre sua duração perene. Página sempre revisitada pelos cristãos! Os filósofos também têm escrito sobre o amor. Martin Buber, para citar apenas um, tem-nos dado lições magníficas sobre a relação Eu-Tu, o amor que permeia essa relação e sua explicitação no diálogo.
A procura do par
Para a ciência, homens e mulheres buscam as mesmas características em um parceiro: bondade, inteligência, bom humor e saúde, de acordo com pesquisa internacional realizada com 9.474 pessoas em 33 países (Journal of Cross-Cultural Psychology). Outra dica: procure pessoa semelhante a você, já que conforme pesquisa da Universidade de Iowa (Estados Unidos), casais com personalidades parecidas estão mais satisfeitas em seus relacionamentos. No estudo, os pesquisadores pediram a 291 casais que respondessem a questionários e participassem de interações filmadas, observando duas variáveis: satisfação matrimonial e semelhanças entre parceiros. Os resultados evidenciaram que a semelhança no que concerne a atitudes é fator importantíssimo para a qualidade da relação.
Sexo
Quem tem relações sexuais com quem acabou de conhecer fica malvisto, tanto faz se se trata de homem ou mulher, conforme pesquisa realizada pela Universidade Texas Tech (Estados Unidos), publicada na revista “Personal Relationships”, que entrevistou 296 universitários de ambos os sexos e que responderam a questionários sobre comportamento sexual de homens e mulheres. Por outro lado, homens e mulheres que tiveram sua primeira relação sexual após firmar um compromisso, foram considerados mais apaixonados e companheiros, ou seja, desejáveis para namoro ou casamento. Outro estudo, publicado no mesmo periódico, mostra que homens têm 40% mais chance de se envolverem em sexo casual, e que 33% dos homens já tinham se envolvido nessa modalidade, enquanto 16% das mulheres também. Ter tido experiência de sexo casual, ou estar bêbado, aumenta as chances de que o fato volte a ocorrer. (Observação: aqui foram narrados resultados de pesquisas, não foi feito juízo moral sobre os comportamentos.)
Discussões
As discussões são inevitáveis em um relacionamento, e a forma como elas ocorrem diz muito sobre a qualidade do convívio. As agressões e as acusações, de modo geral, prejudicam. É melhor abrir portas para o diálogo que escancarar as que produzem conflito e brigas que desgastam a relação e
Andrew C._Bucarest/sxc.hu
podem deixar feridas de difícil cicatrização. Ao invés de agredir verbalmente e acusar, quando se sentir injuriado, dê chance ao outro de explicar por que agiu de determinada maneira ou fez certa afirmação – o que poderá ajudá-lo a avaliar o próprio comportamento e, se for o caso, reformular-se e pedir desculpas ou perdão. É a reconciliação. Identificar-se com o agressor, agredindo (Freud), envolver-se em bate-boca interminável, não conduz à resolução de impasses, mas leva a possíveis tempestades domésticas, com fim, às vezes, imprevisível e infeliz.
Fazer o amor durar
Um dos desafios do casamento é fazer o amor durar. John M. Gottman, PhD, professor emérito da Universidade de Washington, depois de acompanhar casais por anos a fio, e de ter criado o Laboratório do Amor na referida instituição, criou uma fórmula de êxito para casamentos: a taxa 5x1. Significa: para cada aspecto negativo que você encontrar no parceiro, deve encontrar cinco positivos, ou, para a memória de um fato negativo, relembrar cinco positivos. Trata-se de exercício e tarefa para quem pretende dar estabilidade ao relacionamento. Assim, queixas sobre defeitos do parceiro e declaração de desprezo, são exemplos de comportamentos nocivos, enquanto capacidade para resolver conflitos e cultivar memórias positivas mantém a satisfação no relacionamento. A proposta de Gottman lembra a teoria custobenefício. Quando os custos são maiores que os benefícios, a relação tende ao rompimento; quando os benefícios são maiores, tende à estabilidade. O êxito no relacionamento depende de eu não ser um fardo para o outro e, principalmente, de lhe proporcionar muitas alegrias e satisfações. Se cada um pensar e agir assim, o relacionamento tem futuro. O cristão pode e deve aproveitar os dados que a ciência disponibiliza, e, além disso, utilizar os meios espirituais e sacramentais para construir uma vida conjugal estável e feliz. (larosa1134@gmail.com)
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EMA EM FOCO
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O transitório e o pere
omos seres em expectativa: vivemos pensando no que está por vir. Mal terminamos o dia, já projetam o fim do ano novo que apenas está começando. Voltamos de viagem de férias há muito programada e crianças, sonhamos crescer. Ficar grandes! É natural. Um pouco maiores, sonhamos concluir os estud mais patrimônio, lazer e diversão... Conseguimos comprar nosso primeiro automóvel e já pensamos num casa própria e já pensamos numa maior. Sonhamos juntos par Christian Heins/sxc.hu
Que bagagens levaremos conosco neste último desembarque?
É intrínseco do ser humano esperar, ter expectativa, apesar de muitas vezes sentir um vazio invadir o peito depois da meta alcançada. Sonhar é preciso, sim: enquanto tivermos sonhos e expectativas estamos vivos. Quem já não os tem está morto, embora respire. Mas importa muito mais viver o presente com tudo o que oferece, pois o ontem já foi, o amanhã ainda não nos pertence.
Peregrinos para a pátria definitiva
Quando o povo de Israel foi libertado para sair do Egito, armava apenas toscas tendas no deserto para seguir viagem no dia seguinte até alcançar seu objetivo último: a Terra Prometida. O peregrino faz, pois, suas tendas: nós somos apenas peregrinos nesta terra rumo à Patria Definitiva Prometida. O dia-a-dia, nossas expectativas, são como rápidas paradas na viagem da vida – longa ou mais curta – onde há uma – apenas uma – parada final de que não bem sabemos quando nem onde. E é para esse final que devemos estar preparados. "Estai, sempre, preparados", adverte Jesus. Que bagagens levaremos conosco nesse último desembarque? As malas de muitos bens acumulados serão de alguma valia? Ou apenas as malas do bem que fizemos podem ser úteis? E as malas de uma vida desperdiçada – da falta de coragem, da preguiça, da ausência da caridade e do amor sincero ao próximo, da rotina dissoluta, da sensualidade, do consumismo inconsequente... – servirão para alguma coisa nesta última estação em que iniciaremos outra viagem, a viagem ao infinito e à eternidade?
Transitório ou perene
Aquilo que é perene dá a medida do que é transitório. Contrariamente à cultura atual que privilegia e absolutiza a expectativa transitória, o motivo último e razão da nossa existência é algo projetado para além da história: não termina no agora e no aqui. Não se conclui na Terra de que somos meros inquilinos temporários. Por isso, é preciso relativizar mais nossos sonhos, nossas expectativas. E por que não também nossas contrariedades e pequenos ou grandes fracassos e perdas? Sonhos e insucessos são passageiros, transitórios. Agora mesmo fala-se muito em fim de mundo, 'marcado' para 21 de de-
zembro corrente. É expectativa de mau agouro que objetiva assustar incautos e desprev dos que não têm conhecimento mínimo sobre a mecânica celeste. Baseiam superficialmente em certo calendário Maia ou na existência de um inexist planeta Niburu ou similar; ou num presumível alinhamento solar com a Láctea, nossa galáxia: teorias alimentadas por certo jornalismo sensacio lista que quer ver o circo pegar fogo com objetivos comerciais. Convém em mente que “nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho, mas somen Pai sabe o dia e a hora (Mateus 24,36). Pelo que até mesmo a ameaça de de mundo não é essencial e torna-se meramente secundária para quem preparado. Um dia chega a hora para cada um de nós. Nosso destino fin Deus e a eternidade.
O essencial e o acessório
"Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: “q é o primeiro de todos os mandamentos?”. Jesus respondeu: “O primeiro é e ‘escuta, Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendim e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘amarás o teu próximo com ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes”. (Mc 12, 28b e Parece que dois mil anos de cristianismo e seus inúmeros preceitos, p bições, exigências, opiniões, cobriram de pó essa verdade elementar e cen de toda mensagem dos evangelhos. Hoje gasta-se tempo com o acessó questões de menos importância, e se esquece o essencial da proposta de Je A vida não pode resumir-se só em nascer, crescer, casar, multiplicar-se, p tar, comprar, vender, construir, frequentar shopping, clubes, academias, ro sociais, viver/sobreviver, morrer. Se a tudo isso não for dado um sentido m profundo, significa que não entendemos o porquê e o para quê do nosso exis Jamais achar que a vida termina no nosso umbigo... ”Quem procura gan a sua vida vai perdê-la; e quem a perde vai conservá-la”. A vida não é no não nos pertence. Pertence às pessoas que Deus coloca em nosso caminh
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OLIDÁRIA
ene na vida do cristão
mos o outro. Mal terminamos o fim de semana, já planejamos o seguinte. Terminamos o ano, e imaginamos e já pensamos na seguinte. Parece que à véspera, a espera é mais importante e nos envolve mais. Quando dos para trabalhar e ganhar nosso dinheiro para comprar a ‘liberdade’. Já adultos, queremos sempre mais e mais novo. Conquistamos um belo posto de trabalho, mas não era o que pensávamos. Conseguimos nossa ra constituir família e, aos poucos, o sonho está se desfazendo.
venim-se tente a Via onam ter nte o e fim está nal é
qual este: r teu mento mo a e ss) prointral ório, esus. planodas mais stir... nhar ossa, ho.
essencial
Advento: Deus está chegando!
Pe. Dário Pedroso, s.j.
Antônio M. Galvão
Buscar o Secretário Nacional do Apostolado da Oração, Portugal
“O
mundo à nossa volta perdeu o sentido do pecado. Tudo se pode fazer, pensar, realizar, passando o mal a ser bem, sem critérios de verdade, de justiça, de dignidade humana. Parece que já não importa matar o próximo. Parece que já não se distingue a grandeza da castidade levada a sério, tomando com amor puro os compromissos assumidos diante de Deus e da Igreja. Como parece não ter valor o sacramento da Reconciliação, celebrado e vivido com empenho e seriedade, como necessidade da consciência de que somos pecadores e de que o pecado precisa ser perdoado. Buscar o essencial é voltar às fontes, às origens do nosso ser cristão e do nosso compromisso de consagrados levado a sério, com coragem, determinação, audácia. Sabendo que somos pecadores, frágeis, mas ter a ousadia santa de chamar mal ao mal, pecado ao pecado, infidelidade à infidelidade. O essencial é o Senhor Jesus Cristo, a sua Palavra, as suas bemaventuranças, as suas normas, o seu amor, a sua maneira de agir. Buscar o essencial é o caminho da santidade de vida, da integridade do nosso ser de homens e de cristãos, o caminho da fidelidade que passa pela retidão, honestidade, grandeza de alma, nobreza de sentimentos. Buscar o essencial é o único caminho que nos conduzirá à felicidade que só Deus e a sua graça podem dar. Não os falsos ou fúteis contentamentos que nos tocam, mas não enchem alma e o coração. Só se é feliz em Deus e na sua vontade. Só se é feliz quando se é fiel. E a fidelidade é-nos traçada pela boa consciência formada com os critérios da Palavra e da Igreja. O pecado, mesmo quando dá gozo e prazer, não dá felicidade nem alegria interior. Só a busca sincera e humilde do essencial é que nos dignifica e nos faz felizes com Deus e em Deus. Buscar o essencial é encontrar alimento e norma de vida, grandeza de alma e de dignidade pessoal. Onde há crime, roubo, suborno, mentira, injustiça, calúnia, depravação moral e sexual não há “homens”. Não há “mulheres”, na dignidade das suas pessoas e dos seus atos, dos seus critérios, das suas opções e das suas vidas. Busquemos o essencial”.
T
Pe. Dario Pedroso
Antônio M. Galvão
Escritor
empo de advento é tempo de espera. A imagem mais adequada para essa meditação é o período em que a mãe aguarda a chegada de seu filho. É uma época de expectativa, reflexão e preparação para o que está por vir. Nas quatro semanas que antecedem o Natal, acendem-se quatro velas representando quatro facetas de nossa espiritualidade: a expectativa, a contrição, a esperança e a alegria. Advento (do latim Adventus: “chegada”, do verbo Advenire: “chegar a”) é o primeiro tempo do Ano Litúrgico, o qual antecede o Natal. Para os cristãos, é um tempo de alegria, onde os fiéis, esperando o aniversário de Jesus, vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a paz. No calendário religioso este tempo corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal. Ao contrário do que alguns afirmam, no Natal Jesus não nasce; ele já nasceu há dois mil anos. O dia 25 de dezembro marca a data do seu aniversário. Lá em casa, depois da Missa, fazemos festa, celebramos e o “aniversariante” (representado por uma imagem do “coração de Jesus”) sempre vem para a mesa. A liturgia do Advento nos impulsiona a reviver alguns dos valores essenciais cristãos, como a alegria expectante e vigilante, a esperança, o desprendimento das coisas materiais e a conversão. Deus é fiel às suas promessas: o Salvador está no meio de nós, daí a alegre expectativa, que deve nesse tempo, não só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá com certeza, de forma renovada e vigorosa. Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de uma realidade concreta e atual. O Natal, junto com a Epifania e o batismo de Jesus é uma das principais festas da nossa Igreja. A mais importante, porém é a Páscoa, por causa da Ressurreição. O tempo do Advento é tempo de concretude, porque Cristo é a nossa esperança que se torna realidade; esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna, esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições, etc. O Advento também é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o ser a Cristo, não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da sua vinda. É necessário “prepararmos os caminhos do Senhor” nas nossas próprias vidas, lutando incessantemente contra o pecado, através de uma maior disposição para a oração e um radical mergulho na Palavra revelada. Nesse tempo litúrgico, as quatro velas ajudam a celebrar as quatro “personagens” do Advento: no primeiro domingo, Jesus; no segundo, a Virgem Maria; no terceiro, João Batista e no quarto, o profeta Isaías. Assim como lavamos as roupas, cortamos a grama e pintamos as casas, igualmente deve ocorrer a “higiene” em nosso coração, espírito e atitudes, para vivermos adequadamente a festa. Este é o sentido primordial do Advento.
8 Doenças respiratórias infantis terão mais atenção da PUCRS
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A PUCRS inaugurou em novembro, o Centro Infant, referência mundial na área de pesquisa em doenças respiratórias infantis, vinculado ao Instituto de Pesquisas Biomédicas da Universidade (IPB). A solenidade teve a presença do reitor, Joaquim Clotet, do secretário da estadual da Saúde, Ciro Simoni, do vereador Mauro Zacher, prefeito de Porto Alegre em exercício, do diretor executivo da Fundacíon Infant, na Argentina, Fernando Polack, além de representantes de entidades de classe e governamentais, entre outras autoridades. Durante o evento, o diretor do Centro Infant, Renato Stein, destacou que no Estado 60% das internações infantis são por doenças respiratórias, como a bronquiolite e a asma. No País, 20% das crianças são asmáticas e a doença mata em média, sete pessoas por dia. Em todo o mundo, são cerca de 2 milhões de mortes infantis. Foram apresentados também vídeos de representantes de diversas universidades e países parceiros em pesquisas do Centro, como os Estados Unidos, a África do Sul e a Austrália, saudando a inauguração.
Dados alarmantes sobre asma
Recentemente, o Centro Infant realizou uma das mais completas pesquisas feitas sobre a asma no Brasil, ao mapear os seus tipos, acesso ao tratamento e qualidade de vida das crianças afetadas. Foram investigados 1.975 estudantes de 13 escolas públicas estaduais e municipais em diferentes regiões de Porto Alegre. Entre os que participaram do estudo, 90% não têm a doença controlada, 26% usam tratamento preventivo e 59% consultaram emergência pelo menos uma vez nos últimos 12 meses – alguns chegaram a ir até 12 vezes. Para o pneumologista pediátrico Paulo Pitrez, diretor do IPB e um dos responsáveis pela pesquisa, os dados são alarmantes. "Morrem de seis a sete pessoas por dia no Brasil, segundo o DataSUS, de uma doença tratável. Poucos pacientes parecem ser adequadamente assistidos pelo sistema público". Na pesquisa, foi detectado que 95% dos asmáticos têm inflamação nos brônquios, ou seja, a doença está ativa.
Dezembro de 2012 - 1a quinzena
ABER VIVER
As dificuldades da vida a dois Mari Cordeiro Consultora especializada em desenvolvimento humano
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iscutir a relação é algo comum não apenas em relacionamentos amorosos, mas também nas relações empresariais e profissionais. É comum ficarmos horas tentando entender quem é o responsável pelas problemáticas que nos deparamos sempre que estamos em convívio com outras pessoas. A saída mais rápida é olhar para o outro como o que funciona diferente da forma que sempre sonhei. O outro não age assim ou não me compreende nestes aspectos. No entanto, os relacionamentos que escolhemos viver são ótimas oportunidades de nos enxergarmos mais de perto. As pessoas que cruzam nossos caminhos nos mostram
características nossas, quer sejam elas fáceis de assimilar, já conscientes ou profundamente rejeitadas. Já deve ter acontecido de você encontrar dificuldade em conviver com alguém que é muito diferente de você. Pode ser uma situação de organização, por exemplo. Você pode ser extremamente organizado e achar que o desleixo de outro pode ser um descaso. Você pode achar que é mais flexível em seus planejamentos e achar que o outro é rígido demais. Nas duas situações a saída mais confortável é apontar o dedo para o outro sinalizando o quanto ele está inadequado. Saber identificar o que compõe nossa essência mais pura é fundamental para buscarmos uma vida inteira. Ano após ano, temos oportunidade de encararmos nossas facetas de perto, porém, não é fácil, pois isso requer abandonar nosso modelo mental praticado há décadas e herdado de nossos amados pais. Contudo, manter um padrão não funcional e apenas lógico é muito pouco para alcançar uma vida de realizações.
É longa a jornada deste mergulho em nossa essência e também sabido que poucos conseguem iniciar de maneira consciente este projeto. Um ótimo começo é olhar para o outro como um espelho gigante. Todos são nossos espelhos. Um espelha o que eu gosto de ver em mim. Ele espelha minha capacidade de ser x ou y e eu já sei disso. Ah, como adoro a amizade com esta pessoa, o casamento com ela ou trabalhar com ela. Mas, como a vida é sábia, e nosso inconsciente também, outro espelhará meus piores deslizes, minhas falhas secretas até de mim mesmo, aquilo que mais repudio num ser humano, mas que habita todo o meu ser. Quer seja em potencial para eu trazer à tona ou pela minha necessidade de enfrentar e me aproximar do meu oposto. Muito se fala no caminho do meio, pois o segredo está na dose. E o que acontece é que, às vezes, nos apaixonamos por crenças sem as quais não sabemos viver e acreditamos que qualquer coisa fora disso é errada. Uma executiva com uma
Odila Terezza Luzzi de Campos - 02/12 Irmãs Salvatorianas - 08/12 Irmã Jurema Borges - 09/12 Egon R. Fröhlich - 11/12 Hiran Telles Carvalho - 13/12
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carreira de sucesso me procurou para um coaching com um pedido especial: quero que me ajude a consertar as pessoas. Respirei fundo algumas vezes e iniciamos o trabalho. Ela já havia conquistado muitas coisas, mas achava que todos ao seu redor estavam errados e ela já estava cansada e doente, hipertensa, pré diabética, acima do peso, com insônia e sobretudo, infeliz. Aprofundamos o entendimento sobre toda esta insatisfação. Constatamos que ela, por ser a mais velha entre os irmãos, amadureceu cedo com a ausência do pai que viajava muito a trabalho. Sua mãe adoeceu e ficou debilitada por dois anos ainda em sua adolescência. Seus dois irmãos mais novos passaram a depender dela financeira e emocionalmente. Não dá para ser adulto quando se é criança ou adolescente. Como ser feliz com crenças de que é preciso controlar tudo para que todos estejam seguros? Todos temos nossas crianças que precisam ser olhadas, entendidas e autorizadas a crescerem e escolherem crenças mais saudáveis. Todos temos nossos entraves e é cômodo responsabilizar o outro, mas acontece que o outro também tem seus entraves e construímos relações enganchadas: meus entraves e os seus. Discutir a relação passa por conversar com as crianças que compõe nossa história, colocá-las no colo, reconhecer que foi o melhor que pudemos fazer naquela situação e agora é fundamental entender que todos os que cruzam nosso caminho trazem uma oportunidade de conhecermos mais sobre nós mesmos e fazermos escolhas diferentes. Não dá para controlar tudo. Ter pessoas "erradas" ao redor pode ser apenas um convite para olhar que não temos o poder de consertar o outro, mas que dispomos de todas as ferramentas para nossa cura pessoal.
Agulha no palheiro
Humor
Américo Marques Ferreira Consultor Sênior do Instituto MVC
Um homem está passando pomada sobre uma parede, um amigo chega perto e pergunta: - Por que você está passando pomada na parede? - É que o meu médico me disse que é para passar a pomada no local da pancada... xxx - Por que é que você fecha os olhos quando bebe vinho? Por ordem do médico, que me disse: - Vinho, você não pode sequer vê-lo!... xxx O psiquiatra passeia pelo pátio do hospício. Um dos birutas segura uma vara de pescar com o anzol mergulhado na água de um balde. - O que está pescando aí? - Otários... - Já pegou algum? - Com o senhor, são cinco! xxx O paciente chega para a primeira consulta. O psiquiatra estimula-o: - Pode me contar desde o princípio... - Bem, doutor, no princípio eu criei o céu e a terra... xxx O mosquito disse para a mãe: - Mãe, eu vou ao teatro hoje. E a mãe aconselhou: - Tá, mas cuidado com os aplausos, meu filho...
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SPAÇO LIVRE
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o Século 21 todos nós estamos sendo bombardeados, diariamente, por um volume imenso de dados e informações, gerando um déficit de atenção. Dois exemplos que ilustram esta constatação: * Ao longo de todo o século 16 foram publicados apenas 200 livros. No século 21 são publicados, em média, 16 bilhões de livros por ano. * Uma pessoa que tivesse vivido 70 anos no século 19 teria acumulado um volume de informações correspondente a uma única edição atual de domingo do New York Times. Para fazer frente a este cenário, relaciono abaixo quatro fatores críticos de sucesso em um processo de comunicação: Filtrar a mensagem, oferecendo a nossos interlocutores apenas aquilo que for relevante. Dai a metáfora da agulha no palheiro. Dito de outra maneira, o uso excessivo de um ponto forte pode torná-lo vulnerável. Vale dizer que, no afã de oferecer muita informação podemos perder a objetividade. Como no caso de um vendedor que continuou a argumentar após o cliente ter dado sinais de compra e acabou por perder a venda. O fator tempo, cada vez mais escasso, é outro aspecto complicador em um processo de comunicação. A fim de nos prepararmos para uma negociação eficaz, valeria a pena pensar que só temos de dois a cinco minutos disponíveis para transmitir o essencial de uma mensagem. Provavelmente, esta disciplina nos ajudaria a “fazer a lição de casa”, procurando estar preparados para despertar o interesse de nosso interlocutor, iniciando a mensagem pelo benefício final que ele teria a ganhar. O interlocutor adequado Na minha experiência em consultoria, procuro identificar em meus interlocutores a existência de três critérios que os credenciam como tomadores de decisão, através da sigla DAN, que significa “Dinheiro, Autoridade, Necessidade”. A falta de um desses critérios me leva a concluir que, provavelmente, a pessoa não possui todas as condições necessárias para a tomada de decisão. O momento adequado É imprescindível aprendermos a fazer leitura corporal, pois é notório que a linguagem não verbal tem mais potencia do que a comunicação verbal. Recordo-me de uma experiência que vivi na última empresa que trabalhei antes de passar a atuar em consultoria. Na ocasião, por me reportar ao presidente da empresa, mantinha com ele reuniões periódicas. No início, enfrentei algumas dificuldades por não entender as variações de humor do presidente. Posteriormente, aprendi a consultar a secretária para saber como estava o presidente, antes de cada reunião. Tal providência foi suficiente para que eu o procurasse apenas em condições favoráveis, de modo a garantir uma elevada taxa de sucesso em minhas negociações com ele. Conclusões: “A diferença entre um remédio e um veneno está só na dosagem”. (Paracelso – Médico e físico do séc. 16) Aprender a lidar com os fatores acima melhora nosso equilíbrio para caminhar na corda bamba da comunicação.
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Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo
Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on Le
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Dezembro de 2012 - 1a quinzena
Fizeram acontecer
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ocês fizeram isso acontecer. Não foi destino, nem acidente”, foi a frase com que o presidente Barack Obama saudou seus eleitores logo após ter sido anunciada a sua vitória na mais disputada eleição para presidente dos Estados Unidos. Seu antagonista,o bilionário empresário Mitt Romney, considerado favorito em muitas pesquisas e nas que precederam a eleição, tem um perfil que representa o ideal norte-americano para governar o país. Representante do Partido Republicano, que muitas vezes ocupou a presidência, parecia que era o candidato ideal para retomar a política dos dirigentes anteriores do seu partido. A primeira eleição de Obama, um negro, com avó africana, para comandar um país, que conservava até poucos anos atrás um racismo intransigente que mantinha os negros separados em todos os setores da vida pública, foi o primeiro grande choque para o conservadorismo da nação norte-americana. Pouco a pouco, os políticos foram se acostumando com o novo presidente, diferente de suas origens tão prestigiadas. Agora, Obama se candidata à reeleição, tendo como opositor um norte-americano típico, que parecia o político ideal para assumir a direção dos destinos do país, que mantém uma liderança mundial e, que não pretende abrir mão dela. As pesquisas eleitorais apontavam Romney à frente de Obama, embora a diferença fosse sempre muito pequena. Uma grande festa já estava preparada para a presumível vitória de Romney. As urnas eleitorais começaram a ser abertas e contados os votos. Romney, que iniciou à frente, começou a ceder espaço para Obama, que finalmente foi declarado vencedor, para ocupar a presidência por mais quatro anos. Na primeira declaração pública após a confirmação da vitória eleitoral, Obama agradeceu a seus eleitores e, declarou: “Vocês fizeram isso acontecer. Não foi destino, nem acidente”. Quem seriam os autores do grande feito? Com a última eleição, a democracia americana mostrou ao mundo sua extraordinária capacidade de dar voz às minorias. Os Estados Unidos hoje são um país cada vez mais multiétnico, mais distante do passado de intolerância racial ou religiosa. Na primeira década do século, a população latina foi a que mais cresceu nos Estados Unidos. Hoje, sabe-se que os latinos são os que mais crescem nos EUA e que foram um dos grupos mais responsáveis pela eleição de Obama, que já contava com os votos dos negros. Um outro segmento populacional, os jovens, que pela primeira vez estavam habilitados para votar, compareceram às urnas apesar do voto não ser obrigatório no país, e fizeram questão de mostrar sua preferência. Obama também venceu entre as mulheres e os asiáticos. Ao ser anunciada a vitória de Obama, a televisão entrevistou os líderes mundiais e, todos eles mostraram-se felizes com a reeleição do presidente Barack Obama, que foi eleito, não só pelos norte-americanos, mas também pelos governantes que comandam os destinos do mundo. Os que fizeram acontecer parece que estão mudando o perfil da população norte-americana. (geralda.alves@ufrgs.br). .
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GREJA &
COMUNIDADE
Solidário Litúrgico
Catequese O catequizando como sujeito da Catequese
2 de dezembro - 1o Domingo do Advento Cor: roxa
1a leitura: Livro do profeta Jeremias (Jr) 33,14-16 Salmo: 24(25), 4bc-5ab.8-9.10.14 (R/.1b) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Tessalonicenses (Ts) 3,12-4,2 Evangelho: Lucas (Lc) 21,25-28.34-36 Comentário: Estamos iniciando este tempo litúrgico especial de cada ano: o Advento. “Advento”, da raiz latina advenire, sinaliza a vinda, a chegada de alguém, dum acontecimento, de algo esperado. No Evangelho deste domingo, Jesus fala da chegada do “Filho do Homem”, expressão que se encontra no Livro de Daniel, no tempo dos Macabeus, e que ele, Jesus, atribuía a si mesmo, identificando-se com “servo sofredor” de Javé. Os textos apocalípticos são de difícil compreensão, principalmente por se situarem em outra época, fora de nosso contexto e cultura. O que importa é que captemos e fiquemos com a mensagem central da mensagem que ali se encontra. E a mensagem central não é provocar medo e angústia, muito menos desespero no coração das pessoas na previsão do “fim dos tempos”, mas esperança: o Filho do Homem é alguém muito próximo de nós, gente como a gente, com poder, sim,
mas poder que serve, que acolhe, que perdoa, não que explora, que oprime, que persegue e mata. O Filho do Homem é Jesus, filho de Maria na história, o Cristo do Pai pela fé, irmão maior de muitos irmãos e irmãs, membro da família humana. É o mesmo Jesus que, escandalizando os judeus do seu tempo, nos estimula a rezar, chamando o Deus Javeh, de Abba, “Pai”. É nesta ótica que devem ser interpretados os textos apocalípticos deste tempo litúrgico: nada de medo, muito menos terror ou paranóia sobre “aquele dia”. Pelo contrário: Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima (21,28). Mas fica a advertência: Que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida (21,34). Assim, o tempo do Advento é um tempo especial para examinar nossa vida pessoal, nossas relações familiares e sociais, para sentir se, de fato, somos sensíveis ao clamor e necessidades de nossos irmãos e irmãs. Então, naquele dia, ficaremos de pé diante do Filho do Homem.
Dezembro de 2012 - 1a quinzena
Marina T. Zamberlan Professora
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m 1990 a CNBB publicou um documento afirmando que a Pastoral Familiar precisava "superar um problema de fundo que existe quando se considera a família mais como objeto do que como sujeito de Pastoral".
Penso que esta afirmativa deve perseguir constantemente a cada um de nós que trabalhamos com a família, seja nos movimentos, na política, na catequese, no gabinete ou na sala de aula. Desrespeitar esse princípio seria exercer dominação e injustiça, seria desumanizar, mesmo que o objetivo fosse evangelizar. Quando as crianças vêm à catequese, a família vem à Missa, ou a alguma reunião de formação, será que as tratamos como sujeitos? Seria sujeito alguém que não tem direito à palavra e a quem lhe damos somente palestras, sem direito à participação e à opinião? A catequese só será renovada na medida em que todos os que vivem, cotidianamente, as realidades de um mundo que deve ser transformado, tiverem a possibilidade de manifestar, clara e livremente, suas necessidades e seus anseios. Uma catequese reduzida à interpretação de seus especialistas, sem a imaginação das crianças, sem a participação dos pais e da comunidade, seria efetiva? Estaria tratando os catequizandos como sujeitos de pastoral?
9 de dezembro - 2o Domingo do Advento
Um exemplo
Cor: roxa
Em pequenos grupos, trabalhávamos Metodologia Participativa com famílias, no Paraguai, quando um dos presentes expressou-se com estas palavras: "Sempre me perturbei por não saber qual tema seria o melhor para discutir nas reuniões de família. Hoje descobri que basta perguntar às pessoas presentes. Aquele que vive a vida familiar e conjugal é quem sabe quais são suas dificuldades, necessidades, ansiedades, dúvidas, desejos... Em discussão com outros, saberá também encontrar os caminhos. Mas, para fazer isso, todos nós precisamos estar em formação permanente, porque também somos um sujeito que vai opinar e desvendar necessidades implícitas. Nós, como dirigentes, também vamos agregar nosso conhecimento”.
1a leitura: Livro do profeta Baruc (Br) 5,1-9 Salmo: 125(126),1-2ab.2cd.3.4-56(R/.3) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Filipenses (Fl) 1,4-6.8-11 Evangelho: Lucas (Lc) 3,1-6 Comentário: A última frase da passagem de Lucas deste domingo traz a dimensão da universalidade da salvação em Jesus: E todas as pessoas verão a salvação de Deus (3,6). João, o Batista, voz que grita no deserto (3,4), termina o tempo antigo em que a salvação era oferecida apenas a um povo escolhido, determinado, e quem não fosse deste povo era sumariamente excluído da salvação. Não havia chance de salvação, por mais que alguém fosse justo, honesto e praticasse boas obras durante toda a sua vida. Em Jesus e por Jesus, todos são chamados a fazer parte do novo Povo de Deus. Agora, não é mais o sangue, a herança, a raça, a língua, leis ou normas escritas em livros e pergaminhos que determinam quem é membro deste
povo; agora, só há uma lei, uma norma, escrita no coração: o amor solidário e indiscriminado a todas as pessoas. Mas sempre é importante lembrar: não é pelo fato de alguém ser batizado nesta ou naquela “igreja” que o torna, automaticamente, membro do novo povo de Deus. O batismo e a pertença “formal” a uma igreja, a uma religião, a uma comunidade, exige um processo de constante conversão. Ninguém pode julgar-se salvo só por ter sido batizado. O batismo é uma graça para a salvação. O Advento é esse tempo especial para examinar, honestamente, quais são as veredas a serem endireitadas, os vales a serem aterrados, as montanhas e colinas a serem aplainadas, os caminhos esburacados a serem nivelados (cf 3,5), enfim, tudo aquilo que nos impede ou dificulta de viver, mais coerentemente, nossa fé e honrar nosso compromisso de membros do povo de Deus deste novo e definitivo tempo, anunciado e previsto pelos profetas. (attilio@livrariareus.com.br)
Como saber o que pensa a família, o que pensam as crianças, sem fazer-lhes perguntas? Ou, se perguntamos, mas não esperamos sua resposta? Ou ainda, se não consideramos dignas de respeito todas as suas opiniões, embora delas possamos até discordar? A família está cansada de ser depósito da sabedoria dos outros e das lições que vêm dos chamados "sábios". Ela quer ser chamada a opinar, a formar sua consciência na troca de opiniões com os irmãos. Que mudanças gostaríamos que ocorressem na Igreja, na Catequese e na Sociedade para que todo o povo pudesse atingir maior maturidade espiritual e social ?
Dezembro de 2012 - 1a quinzena
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Anunciadas as transferências e nomeações na Assembleia do Clero A Arquidiocese de Porto Alegre realizou nos dia 13 e 14 de novembro a Assembleia Anual do Clero, onde reuniu bispos, padres e diáconos no Seminário São José, em Gravataí. Na tarde de quarta-feira, dia 14, o arcebispo metropolitano, Dom Dadeus Grings, anunciou as nomeações e transferências do clero da Arquidiocese. Os anúncios foram feitos conjuntamente com os bispos auxiliares Dom Jaime Spengler e Dom Agenor Girardi. Transferências para o Vicariato de Porto Alegre Pe. Jacques Szortika Rodrigues - Paróquia Menino Deus Pe. Jaime José Caspary - Paróquia São Vicente Mártir Pe. João Manoel Prates Piccoli - Paróquia São José do Sarandi Pe. Romeu Maldaner - Paróquia Santo Antônio Pão dos Pobres Pe. Marcos Vinicius Ferreyro - Paróquia Imaculado Coração de Maria - Passos das Pedras Pe. Eduardo da Silva Santos - Paróquia Jesus Divino Mestre Pe. Sérgio Bellmonte - Paróquia Nossa Senhora das Graças (Porto Alegre) Pe. Renato Neuhaus (Vigário) Paróquia São Pedro (Porto Alegre) Pe. Paulo Klein - Paróquia Nossa Senhora do Rosário (POA) Pe. Márcio Guimarães (vigário) - Paróquia Santa Rita de Cássia (POA) Pe. Cláudio D'Angelo Castro - Promoção Vocacional - (Viamão) Pe. Silvio Guterres Dutra - Vice Reitor Seminário de Viamão Pe. Maikel Herold - Vice Reitor Seminário de Viamão Côn. Fioravante Antônio Moreschi - Lar Sacerdotal Transferências e nomeações para o Vicariato de Guaíba Pe. Adilson Corrêa da Fonseca - Paróquia Santa Bárbara - Arroio dos Ratos Seminarista Diego da Silva Corrêa - Paróquia Santa Bárbara - Arroio dos Ratos Pe. Tiago Cantuária Tedesco - Paróquia Nossa Senhora da Paz - Guaíba Pe. Tom - Luiz Antônio Larratea - Paróquia Nossa Senhora de Fátima - Guaíba
Pe. Jorge Francisco Vitczak (Vigário) Paróquia Nossa Senhora de Fátima - Guaíba Pe. Jorge Soares Menezes (Vigário) - Paróquia Nossa Senhora Navegantes - Charqueadas Pe. Charles Vargas Teixeira (Vigário) Paróquia Nossa Senhora do Rosário - Barão do Triunfo Pe. Jevérson Peixoto de Oliveira - Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes - Arambaré Pe. Luiz Ricardo de Araújo Xavier - Paróquia Santo Amaro - General Câmara Transferências para o Vicariato de Gravataí Pe. Marcus André Hartmann - Paróquia Santa Hedwiges - Alvorada Pe. Heitor Morschel - Paróquia Santa Luzia - Cachoeirinha Pe. Luiz Osório Figueiredo - Paróquia Santa Teresinha - Capão da Porteira Pe. Geraldo Schommer - Paróquia Santa Luzia - Morungava Seminarista Gustavo André Haupenthal Paróquia São José Operário - Alvorada Seminarista Lucas Matheus Mendes - Paróquia Nossa Senhora da Saúde - Alvorada Pe. Rodrigo Wegner da Costa (vigário) Paróquia São Vicente de Paulo - Cachoeirinha Transferência para o Vicariato de Canoas Seminarista Fabiano Glaser dos Santos Paróquia Imaculado Coração - Esteio Pe. Adelar Hastenteufel - Paróquia Nossa Senhora das Graças - Esteio Pe. Maico Pezzi Santos (Vigário) - Paróquia São José - Sapucaia Pe. Wagner Cardoso Bianchini - Paróquia Nossa Senhora da Conceição - Canoas Seminarista Talis Pagot - Paróquia São Luís Gonzaga - Canoas
Freis Carmelitas Teresianos: 100 anos de presença em P. Alegre No próximo dia 8 de dezembro, às 16 horas, Dom Jaime Spengler estará presidindo a missa de abertura das celebrações do centenário da chegada dos Freis Carmelitas a Porto Alegre, o que ocorreu em 1913, estabelecendo-se numa pequena casa no bairro da Glória. De lá, passaram a residir numa casa localizada na Rua da República e, depois, em 1925, fixaram residência na Av. José Bonifácio, onde se encontram atualmente, na Paróquia do Santíssimo Sacramento e Igreja Santa Teresinha. As celebrações deste centenário, a partir de sua abertura, até dezembro de 2013, terão em todos os meses, duas grandes celebrações, nos dias 16 e 30 destes meses. Nos dias 16, por recordarmos a festividade de Nossa Senhora do Carmo e nos dias 30, por termos a missa em honra de Santa Teresinha do Menino Jesus, com a bênção das rosas. Estas missas serão presididas pelos diferentes freis que fazem parte da Província dos Freis Carmelitas do Sul do Brasil.
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RQUIDIOCESE Coordenação: Pe. César Leandro Padilha
Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre
Cônego Irineu Brand foi eleito coordenador de Pastoral do Vicariato de Porto Alegre O Vicariato de Porto Alegre contará com novo coordenador de Pastoral a partir de janeiro de 2013. O Cônego Irineu Aloysio Brand (foto ao lado), pároco do Santuário Nossa Senhora do Rosário, foi eleito durante reunião do Vicariato, ocorrido no dia 14 de novembro, na Assembleia do Clero Arquidiocesano. Cônego Irineu assume a função em substituição ao padre José Antônio Sauthier, que encerra o mandato assumido em 2010. O Coordenador de Pastoral do Vicariato é eleito para um mandato de dois anos. Também coordena o Vicariato o padre Geral Hackmann, os leigos Francisco Sérgio Lopes e Neiva Reis.
O Vicariato de Porto Alegre conta com 82 paróquias, divididas em 11 áreas pastorais e 234 comunidades.
Lançado o site da Pré JMJ Rio2013 no Vicariato de Porto Alegre Durante da Assembleia Anual do Clero, os padres do Vicariato de Porto Alegre acompanharam o lançamento do site oficial do site da Pré-Jornada Mundial da Juventude. Dom Dadeus Grings, arcebispo metropolitano, colocou o site no ar durante a reunião. O site está em fase de finalização, mas já pode ser acessado pelo endereço www.prejornadapoa.com . Por este meio, serão feitas as inscrições dos missionários de outros países que virão a Porto Alegre para a semana que antecede a Jornada Mundial da Juventude e o encontro com o Papa Bento XVI. Neste tempo, os jovens farão missão na Arquidiocese e serão acolhidos pelas famílias e instituições da cidade. Padre Márcio Lacoski destacou que o site também terá a função de informar sobre os preparativos da pre-jornada e da própria JMJ Rio2013. O religioso salesiano destacou ainda que, a partir de dezembro, com os últimos ajustes realizados, o hotsite passará a funcionar com regularidade. Ao lançar o hotsite, Dom Dadeus Grings destacou que a Jornada Mundial será o grande evento da juventude e fortalecerá o processo de evangelização junto aos jovens do Brasil, especialmente à juventude arquidiocesana. Acesse o site da Pré-Jornada: www.prejornadapoa.com
Porto Alegre, dezembro de 2012 - 1a quinzena
Anchietanos envolvidos na campanha de solidariedade “Inacianos pelo Haiti”
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Colégio Anchieta, obra da Companhia de Jesus – Jesuítas, faz parte de uma grande rede de colégios e obras sociais do mundo. Este ano,o Anchieta está participando da campanha “Inacianos pelo Haiti”, que teve início no ano de 2011, com o objetivo de ajudar na construção de escolas e na formação de professores nesse país que passa por inúmeras dificuldades. “Inacianos pelo Haiti” é uma campanha humanitária criada pela Federação Latino-Americana de Colégios Jesuítas que tem o intuito de arrecadar fundos para melhorar a educação no País. A ideia é unir todas as instituições jesuíticas, seguidoras de Santo Inácio de Loyola, em favor da causa. Faremos diversas ações junto à comunidade anchietana para arrecadar fundos em prol deste povo. Contamos com tua preciosa ajuda nesta tarefa de oferecer educação aos nossos irmãos haitianos.
Um pouco da história recente
O Haiti está localizado na América Central, sua extensão territorial é de 27.500km ² e tem mais de 10 milhões de habitantes. Antiga colônia francesa, é a primeira república afro do mundo, sendo fundada por escravos no ano de 1804. Este povo é marcado por governos ditatoriais e golpes de Estado. Hoje vive uma guerra civil muito forte. É o país economicamente mais pobre da América, o IDH é 0,404. Em torno de 60% da população é subnutrida e mais da metade vive abaixo da linha de pobreza. Para completar o caos deste povo, um terremoto de magnitude 7.0 na escala Richter abalou completamente o país em 2010. Estima-se que mais de 50% das construções foram destruídas e o número de mortos ultrapassou 300 mil. Entre os mortos, 21 eram brasileiros e entre estes, a coordenadora da Pastoral da Criança, médica e sanitarista Zilda Arns.
Como posso ajudar?
Entre em contato com os responsáveis do SOR de cada série ou com o coordenador do SOR do Colégio, Cleiton Gretzler, pelo telefone 3382-6065 ou com o Pe. Sérgio, na Igreja da Ressurreição – 3382-6082. Acompanhe as atividades que serão propostas em cada série/ano no segundo semestre. Novidades no site do Colégio Anchieta: www. colegioanchieta.g12.br Também poderão ser feitas doações pelo site: http://www.ignacianosporhaiti.org
A outra Igreja de Arturo Paoli Irmãozinho de Charles de Foucauld, Paoli festejou 100 anos dia 30 de novembro último em sua cidade natal, Lucca, Itália, para onde voltou aos 93 anos, depois de atuar em diversos países da América Latina durante 45 anos. Concluído o noviciado no deserto argelino, onde durante 13 meses aprendeu o valor do silêncio e do nada, foi enviado para a América do Sul. Desembarcou na Argentina na década de 1960, de onde teve que fugir por denunciar o governo militar – que a Igreja local defendia – e que fazia tantas vítimas entre os jovens que eram identificados como a ala cristã da subversão. Lá, entre outras atividades, foi parceiro de Dom Enrique Angelelli, a voz profética da Igreja, nos anos de ditadura militar da Argentina, e que morreu tragicamente em 1976, em um acidente bizarro que permanece ainda envolto em dúvida. Foi, então, para a Venezuela, retornando de passagem por Argentina em 1985, onde descobre que seus cinco irmãos estão entre os desaparecidos. No Brasil Ao fim da ditadura militar no Brasil, muda-se para São Leopoldo, Rio Grande do Sul, em 1983, atuando junto às classes excluídas. Em 1987, mudou-se para Foz do Iguaçu, no Paraná, onde fundou a "Associação Fraternidade e Aliança", e, em 2000, Fundação Charles de Foucauld. Olhando para o futuro aos 100 anos Visitar Jesus no sofredor. É esse o desejo de Paoli desde criança, quando saía com sua mãe a visitar o hospital de idosos em sua cidade natal. De sua homilia de 23 de setembro último, publicada no blog Sperare per Tutti e traduzida por Moisés Sbardelotto do IHU, extraímos sugestivas passagens. “Na minha fraqueza moral e física, ainda sinto que estou de pé
Foto: arquivo pessoal
Helena M. Costa, assinante do Solidário, recebida por Paoli
alegremente, com força, porque o Modelo Único está ao meu lado, me dá força e principalmente me dá a esperança do viver e a alegria do morrer. O que é mais belo, viver ou morrer? Eu não sei. Se Ele me dissesse: que escolha você faz da sua vida, quer ainda viver um pouco ou quer morrer logo? Eu não sei, escolha você, Amigo meu, qualquer escolha que você me fizer me faz feliz. É bom viver com o Cristo. Quantas vezes todos os dias, quanto alguém me comunica que se sente desencorajado, sente tristeza, cansaço, eu repito: estarei com vocês até o fim do mundo – estarei com você, não importa que você não me veja fisicamente. Não sente essa força diferente da sua que vive em você? Elevemos os olhos, olhemos para o futuro, sintamos a esperança de viver olhando longe. Não importa se no presente vemos tantas coisas tristes e erradas, acima de tudo a de preferir o dinheiro à pessoa. Todas as manhãs, elevem os olhos e chamem-no: Cristo Jesus, mantém as tuas promessas, sede a minha força, a minha ajuda, a minha alegria, a minha esperança, ó Amigo meu”.
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