IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS
Ano XVIII - Edição N o 628 - R$ 2,00
Porto Alegre, fevereiro de 2013 - 2a quinzena
Brasil desperta de letargia e indiferença
P Ninguém deu maior prova dela ao mundo do que Jesus Cristo. "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito” (João 3.16). E a Igreja nasceu e sempre caminhou à luz desse exemplo. Mas, parece que a atual cultura do individualismo e consumo exacerbado fez diminuir os gestos de tão bela virtude. Será? Páginas 2 (Editorial) e centrais
arece que precisou uma tragédia de dimensões nunca vistas como a da morte de 237 jovens em S. Maria para provocar a Nação a reagir contra o descaso e indiferença à impunidade, quando se trata de casas de diversão e lazer. (Ver páginas 2, 5 e contracapa). Almeja-se que idêntica postura aconteça com os descalabros em outras áreas. Como, por exemplo, com os que acontecem na nossa Câmara e Senado Federal, em que foram eleitos dirigentes com ficha política, no mínimo, duvidosa. Seriam as promessas dos candidatos e espírito de corpo a determinar o voto dos deputados e senadores? Afinal, só na Câmara, com 15.400 funcionários para 513 deputados, cada um com custo mensal de R$ 130,6 mil, o orçamento de 2013 é de R$ 4,9 bilhões!
Ser bom é passar a vida a tecer a felicidade dos outros (São Clemente, romano († 101). oooOooo Amar não é só dizer: “Eu te amo!” Amar é provar isto. Todos os dias. (A. M. Galvão). Moradores do Asilo Padre Cacique com frequência recebem a generosa visita de crianças que os ajudam a passar momentos de alegria e distração
‘Era forasteiro e me hospedastes’ É o tema do Dia Mundial de Oração – movimento universal e ecumênico de ação com oração deste ano de 2013. Através deste Dia, as mulheres são encorajadas a se conscientizarem do que acontece no mundo e não viverem isoladas; a se enriquecerem com experiências de fé vividas por cristãos de outros países; a levarem as cargas de outras pessoas, orando com e por elas; e a reconhecerem seus dons e talentos e usá-los em benefício da comunidade. Em Porto Alegre, a celebração será às 16 horas de primeiro de março, na Igreja Wesley, na Rua S. Vicente, 180, bairro Rio Branco. Conta com a participação das Igrejas Anglicana, Católica, Evangélica de Confissão Luterana e Metodista.
Início da Quaresma e a CF 2013
“Eis me aqui, envia-me” é o lema. E Fraternidade e Juventude é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano de 2013. O lançamento é dia 13 de fevereiro próximo, quando a Igreja inicia o período dos 40 dias da Quaresma.
Jornal Solidário na internet:
www.jornalsolidario.com.br solidario@portoweb.com.br http://facebook.com/ jornalsolidario
Nossos telefones: (51) 3093.3029 e (51) 3211.2314
Traga um amigo para este mutirão. Assine o Jornal Solidário
A
2
RTIGOS
Editorial gratuidade e
Amor solidário
em querer ser saudosista nem inaugurar, aqui, uma “sessão nostalgia”, parece óbvio e é tangível que as pessoas, em geral, são menos generosas que noutros tempos. Toda uma realidade contribui para isso: as mídias, a serviço do mercado, insistem em impingir-nos, sob os mais diversos disfarces e as mais belas aparências (faz lembrar a maçã do Paraíso, tentação invencível de Eva...), uma nova verdade: você vale tanto quanto você consome. Ou, então, você é mais se tem mais. E para chegar a ser um consumidor que satisfaça ao deus-mercado e o considere “importante”, você precisa afiliar-se, logo, à nova sociedade regida pela “lei de Gerson”: levar vantagem em tudo. Nesta nova sociedade, “generosidade” é uma palavra-tabu, porque ela exclui, por definição, o retorno econômico e, em muitos casos, até mesmo o retorno da gratidão. A generosidade e sua irmã gêmea, gratuidade, foram banidas desta sociedade cujo lema é: “você é tanto mais quanto mais coisas e bens você possui”. Ser generoso e praticar um amor gratuito – e o amor, ou é gratuito, ou não é amor – parece, mesmo, coisa de outros tempos... Terá mudado ou Brasil ou terão mudado os brasileiros? Esta é uma falsa pergunta: não existe Brasil sem brasileiros, óbvio. Também não existe o “povo brasileiro”, como um coletivo sem nome, nem rosto, amorfo e disperso. O que faz o Brasil são brasileiras e brasileiros, definidos e identificados, que são generosos, gratuitos, solidários. Ou não. Em recentes estatísticas, o Brasil/ brasileiro está muito mal colocado no item “generosidade” no concerto das nações. Aí acontece a maior tragédia da nossa história e os atos de generosidade e amor solidário se multiplicam e ganham manchetes em todas as mídias. Mas, a pergunta não quer nem pode calar: era preciso que quase 240 jovens morressem numa boate, transformada em câmara de gás, para que brasileiros/as acordassem da sua acomodação letárgica e do seu “quemeimportismo” e demonstrassem que o sentimento humanitário ainda não havia morrido em sua mente e em seu coração!? O Solidário, na contracapa desta edição, aborda a tragédia de Santa Maria. Nem poderia ser diferente: por definição e por opção de fé e de vida, os que fazemos esta publicação sempre nos colocamos ao lado dos “mais pequeninos” do Senhor. E, neste momento, os “mais pequeninos” são os familiares, amigos e colegas destes jovens que partiram, tragicamente, na madrugada de domingo, 27 de janeiro, e em dias posteriores. Que eles e elas, desde junto de Deus, intercedam por nós para que jamais percamos o que somos e temos de melhor: o sentimento de solidariedade, a gratuidade e a prática do amor solidário. (attilio@livrariareus.com.br)
Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36
Conselho Deliberativo
Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola
Voz do Pastor Dom Dadeus Grings
Arcebispo Metropolitano de P. Alegre
Generosidade,
S
Fevereiro de 2013 - 2a quinzena
Voluntários Diretoria Executiva
Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj
A
A boa nova bíblica
Sagrada Escritura faz misteriosamente desaparecer Moisés, bem como Abraão, Isaac e Jacó. Ninguém sabe onde foram sepultados. Mas sua lei e sua fé perduram ao longo das gerações. Esta fé nos leva a acolher dois grandes mistérios: o primeiro é o da encarnação do Verbo: Deus fez História conosco. Por isso, Lucas enfatiza seu nascimento e sua obra dentro das coordenadas do Império Romano. Jesus é real. Pode concretamente ser situado no espaço e no tempo. Ele viveu entre nós. É objeto de fé, ou seja, não só cremos no que Ele ensinou, ou no que Ele pensou, mas cremos nele e o acolhemos como Salvador, o Deus conosco. É o rosto humano de Deus, que se tornou o rosto divino do homem.
O segundo é o mistério pascal: morte e ressurreição do Senhor. Aponta para a transcendência da vida. Unindo os dois mistérios, se criou a expressão de que Ele assumiu o que é nosso, - nossa humanidade – para nos dar o que é seu – a divindade. Em outras palavras, tornou-se imanente para nos levar à transcendência. Estes dois mistérios constituem o fulcro do anúncio cristão: Deus se tornou humano, em Jesus Cristo, para, nele e por ele, tornar-nos divinos. Isto não só se anuncia com palavras, mas também se realiza com atos, através dos sacramentos, sinais sensíveis e eficazes da graça. O Antigo Testamento nos garante a fé num único Deus verdadeiro, Criador do céu e da terra. Exprime-a através de figuras literárias de profundo significado, que marcaram a História da Salvação. Esta mesma fé agora se concretiza em Jesus Cristo. Este Deus único enviou seu Filho para nos salvar. Sua condenação à morte fez com que se unisse indissociavelmente a Cruz à Divindade. Nosso Deus é um Deus que morre por nós. Dános sua vida para que tenhamos vida. E aprofundando este mistério, tornado palpável pela ressurreição, descobrimos uma nova escala de valores: o que é escândalo para os judeus e opróbrio para os pagãos, Jesus Cristo, crucificado, tornou-se para nós sabedoria de Deus e poder de Deus: é a sabedoria que serve de paradigma para entender o mundo e a vida e são os sinais que demonstram a presença de Deus, atuando entre nós.
Conselho Editorial
Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino
Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo
E o paradoxal é que tudo isto nos leva a reconhecer e acolher a alegria de Cristo: “Disse-vos estas coisas para que minha alegria esteja em vós e vossa alegria seja completa”. Em Cristo reconhecemos o Salvador prometido por Deus no Antigo Testamento. Ele é apresentando pelo Novo Testamento como Aquele que cumpre as promessas e que plenifica a vida na Terra: é o primogênito de toda criatura. Tudo foi criado por ele e para ele, segundo a expressão de S. Paulo. A Providência quis que a Bíblia fosse escrita algum tempo depois dos acontecimentos, para nos certificar da sedimentação da fé, dentro de uma visão histórica. É o conselho do Mestre Gamaliel para atestar a solidez da pregação: o tempo dirá. Não se poderia esperar demais, para não perder a memória, nem precipitar-se antes de uma confirmação e concretização da mensagem na vida da humanidade. A filosofia realista define a verdade como adequação do intelecto com a realidade. Não basta, pois, à semelhança do racionalismo ou do idealismo, constatar ideias na mente, para declarar-se possuidor da verdade. É preciso ir à realidade e ver sua correspondência. Assim acontece com a Revelação divina. Não podemos correr o risco de ficar nos escritos, como se nossa religião fosse uma religião do livro. É preciso ir até à fonte, que é única. Os canais, pelos quais ela chega a nós são duplos: a Escritura e a Tradição, ou seja, a escrita e a vida.
Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS
Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul
Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.
Fevereiro de 2013 - 2a quinzena
F
AMÍLIA &
S
OCIEDADE
3
Casal, saboreie a rotina A
Margaux Rambert Jornalista
rotina, inimigo número 1 do casal? Ao contrário, estima o psiquiatra Jacques Malarewicz, para quem nossos pequenos rituais de casal são mais que preciosos. Na condição, entretanto, de nunca esquecer de intermediar a rotina com a surpresa. Gavin Spencer/sxc.hu
A rotina é inevitável
Noites diante da televisão, chinelos, assado do domingo, sexo monótono... Qualquer que seja a descrição que fazemos da rotina, todos, dela tentamos fugir... “É o maior inimigo do casal”, não cessamos de repetir. E, em vão, procuramos evitá-la. Precisamente porque ela é inevitável. Se houvesse uma greve em nível de cotidiano, isto seria insuportável. Sobretudo quando nascem os filhos. O casal fica obrigado a viver no ritmo da criança, dia e noite.
Atenção, perigo?
E, mesmo antes de ter os filhos, quantos casais se queixam do tran-tran cotidiano ! “Não nos vemos mais”, “tenho a impressão de ser um móvel”... De tanto partilhar o dia a dia do outro, terminamos por não mais olhá-lo, persuadidos de conhecê-lo de cor... E nos deixamos submergir pelos deveres ou pelas tarefas a fazer... Foi-se o tempo em que se faziam os trabalhos domésticos a dois, e com bom humor. Hoje, cada um espera que o outro se engaje nas tarefas diárias, tentando ele mesmo escapar. Cuidado para não culpar o outro pela rotina. Interrogue-se sobre esta rotina que você tanto deplora. Existe uma co-responsabilidade em todas as coisas, no casamento. Se o homem faz pouca coisa, é porque a mulher aceitou em fazer muito. Um mau acordo pode durar. De fato, a rotina aparece quando um dos dois se sente frustrado.
Quebrar a rotina
Para amenizar, nada melhor que oferecer-se um jantar a velas ou uma escapada em um fim de semana a dois – palavra dos terapeutas. Então, o que estamos esperando para introduzir a surpresa na nossa relação? Não há ninguém para cuidar das crianças... Pura desculpa de casais que buscam obstáculos para não se encontrar sozinhos porque perderam o hábito de estar juntos. Criaram o hábito de não se falarem a não ser como pais. É o sinal que a rotina triunfou. Eles só fazem alimentá-la. Entretanto, os pais devem também lembrar que antes de tudo são um casal de amantes. E criar momentos a dois, mesmo no dia a dia. Isto não significa organizar uma nova lua de mel todo ano.
A arte de negociar
A rotina obriga a negociar: sobre as refeições, a escola, o cuidado com a casa... os membros do casal partilham, confrontam seus pontos de vista e aprendem a firmar compromissos. Cada um é obrigado a tomar uma boa distância do outro. É um momento de diferenciação, e é importante para um casal. É também o momento em que se confrontam as diferenças homem-mulher. Não temos a mesma maneira de ser. A negociação
permite confrontar estas diferenças e aprender a lidar com elas. Exitosos, podem comemorar algo bom.
Os rituais podem ser bons
O cotidiano são também todos estes rituais – o café da manhã juntos, as notícias que os dois não querem perder, o passeio no domingo pela manhã, levar as crianças ao parque. São todos os hábitos próprios de cada casal. As pequenas alegrias partilhadas por cada casal. E são muito preciosas. Quando um casal se separa, são estes pequenos nadas, estas coisas insignificantes, sem importância, que passavam desapercebidas, as que mais fazem falta. Nossos rituais nos cimentam. São necessários. Não podemos todo dia negociar. Há uma rotina que não cria problemas.
Doce fazer nada, a dois
Passear juntos, sem finalidade e objetivo algum... Mas isto pede uma certa maturidade. Isto supõe ser capaz de ficar juntos sem necessariamente falar. E se para driblar a rotina, começássemos a nada fazer... a dois?
Em tempos de corre-corre e ansiedade, é difícil ser capaz de nada fazer, de saborear o estar juntos, de meditar, de refletir. Mas é soberanamente necessário. (Psychologies.com – Resumo e tradução livre por Deonira La Rosa)
O
4 Em busca de Deus Cinthya N. Vieira
D
Apesar de meu coração se ter aquietado para certas questões existenciais, há outras que, creio, não me abandonarão até meu último suspiro, até que os mistérios me sejam revelados, se o forem, no fim das contas. Desse modo, o que tantas vezes me pergunto é onde Deus se esconde em certas horas? Eu sou capaz de vê-lo nas flores, nos animais, no milagre do nascimento de uma criança, em um sorriso doce, em um amanhecer de sol, mas não consigo encontrá-lo quando tragédias acontecem e fico me inquirindo, em desespero, se de fato Ele anda entre nós, ao menos da forma como me ensinaram a acreditar... Nessa semana, diante da morte de mais de duzentos jovens, sem causa, sem razão, sem sentido, não pude ficar alheia à dor de tantas famílias, ao vazio que deve estar habitando almas e corações. Não que mortes sejam justificadas ou justificáveis, mas, nesse caso, por exemplo, qual sentido, qual ganho teve o mundo, perdendo tantas vidas em plenitude, em alvorecer? Nada. Nenhum. Só um inconsolável e imenso vazio... Quantos sonhos destruídos, quantos quartos vazios, quantas formaturas, casamentos e netos que nunca virão... Quantos pais sem filhos e filhos sem pais, e tudo isso para quê? Se eu acredito que Deus é amor, Ele jamais contribuiria para isso, mas por que não se fez presente em alguém para desviar a chama que atingiu o teto? O que isso custaria ao mundo, em contrapartida? Quanto mal teria sido evitado... Eu sei que sou só uma ignorante dos desígnios divinos, mas, perdoem-me aqueles que, ao contrário de mim, não são míopes, pois eu não consigo entender a dor, a perda e as lágrimas que escorrem sem razão. O mundo não ficou um lugar melhor por conta do ocorrido e, infelizmente, não significa que coisas assim não irão mais ocorrer. Só queria, de fato, ser capaz de entender onde Deus se esconde nessas horas... *A autora é também professora universitária em São Paulo e escritora
PINIÃO
Uso adequado do poder João Carlos Nedel
Advogada, mestra em Direito*
esde que tomei consciência do binômio vida e morte, comecei a questionar aos meus pais e depois a mim mesma, em busca de alguma resposta divina, por que razão as pessoas sofrem e por que a nossa jornada pelo mundo não podia ser eterna ou mais longa. Sei que, de verdade, a eternidade terrena seria não apenas inviável, mas pobre e sofrida. Ninguém, em sã consciência, com bom coração, quer viver para sempre. E quanto a isso, quem ainda não entendeu, que espere o momento de entender...
Fevereiro de 2013 - 2a quinzena
Vereador em Porto Alegre
D
e nada serve o Poder, se não for para utilizá-lo em favor do Bem Comum. Conquistado por delegação do povo, deve ser exercido em seu nome e a ele reverter sob a forma de instituições e serviços que satisfaçam suas necessidades coletivas. O povo paga para tê-las. Merece, então, recebê-las. Todo mundo sabe disso. Perdoem-me se pareço demagógico. Mas não posso deixar passar a oportunidade do início de uma administração e uma nova legislatura municipal para reforçar essas ideias que, embora sabidas e manifestadas, são tão pouco transformadas em realidade. Não falo só da questão ética e moral, que tem avassalado a política brasileira. Sob esse aspecto, parece que o Brasil toma um novo rumo, após o julgamento do “mensalão”, com a pública e exemplar punição aplicada pelo STF a réus que, até então, se pensava intocáveis. Outro ponto nevrálgico da vida nacional é o que diz respeito à administração, com o uso perverso dos recursos públicos, em projetos tantas vezes mal planejados, mal orientados e mal executados, com uma perda imensa e irreparável não só de dinheiro, mas também e especialmente de fruição de benefícios pelo povo. As manchetes da mídia, nos últimos dias, têm mostrado casos como o da usina de Charqueadas, cujos equipamentos – representando um custo de mais de 500 milhões – estão há 25 anos em depósito, sem utilização, por uma pendência judicial. E também o caso, nas serras da região de Caetité, na Bahia, das turbinas eólicas, já instaladas e prontas para funcionar, com capacidade para abastecer uma cidade do tamanho de Brasília. Não funcionam por falta de licenciamento ambiental. Mas o País paga 33,5 milhões mensais pela energia que não recebe. O que dizer das obras de transposição do Rio São Francisco, paradas, enquanto o nordeste morre de sede? Coisa semelhante acontece às dezenas, em todos os níveis da Administração Pública, no Brasil inteiro. Conclusão: o Poder é mal e inadequadamente exercido.
Qual a causa? Por que o Poder é mal e inadequadamente exercido? O grande mal é a falta de planejamento estratégico com visão sistêmica. Ou seja: os poderes públicos não têm planos de longo alcance, no tempo e no espaço e, ao planejarem, não têm estabelecidas as interferências de umas ações sobre as demais, ignorando os efeitos de umas sobre as outras. Você sabe de algum Plano Governamental para os próximos 40 anos? Nem eu. Além disso, a maioria dos governos quer fazer coisas novas, mesmo sem dar continuidade às obras inconclusas de governos antecedentes. De quem é a culpa disso tudo? De todos nós. O Poder é do povo. Mas, ao delegá-lo às autoridades constituídas, não pode o povo omitir-se de sua responsabilidade fiscalizadora sobre essas autoridades. Quando tudo vai bem, a gente se acomoda e tudo flui com facilidade. Mas não é o que acontece atualmente: O Executivo administra mal, o Legislativo fiscaliza mal e o Judiciário deixa a desejar. Ficando no âmbito específico de Porto Alegre, dois casos são emblemáticos: o do prolongamento da pista do Aeroporto, há vários anos pendente de solução, por inadequação dos projetos até aqui apresentados, e o da III Perimetral, em que estão sendo necessárias várias obras, como trincheiras e viadutos, porque o planejamento inicial foi ideologicamente transformado. Tenho convicção de que os Governos, ainda que por vezes bem intencionados, não usam adequadamente o Poder que recebem do povo. Mas também acredito que todos devemos agir em cima das questões mal resolvidas ou irresolvidas.
A piscina e a cruz História recontada por Albano L. Werlang Psicólogo
C
onta-se que certo professor de natação, antes de dar o primeiro mergulho na piscina, costumava mergulhar a mão direita nas águas e fazer o sinal da cruz. Intrigado com tal comportamento, um aluno pergunta-lhe pela razão de tal hábito. E o mestre:
"Há bem uns quinze anos, eu ministrava aulas de natação para um grupo da melhor idade. Alojados na sede do clube, em noite quente de verão, demorei para conciliar o sono. E lembrei da piscina lá no pátio. Poderia fazer-lhe companhia... Retornei ao pátio para espantar a insônia e – por que não? – para dar mais alguns mergulhos nas águas refrescantes da piscina. Não acendi a luz, pois a lua, embora sem nenhum entusiasmo, produzia claridade suficiente para o meu passeio noturno. Já no alto do trampolim, de braços abertos, inspirei ar fresco e coragem para o primeiro salto. Foi então que algo novo prendeu minha atenção: a sombra do meu corpo, projetada numa parede próxima à piscina, formava uma enorme cruz. Eu não era, a bem da verdade, um cristão praticante. Quando menino, aprendera coisas poucas sobre Jesus, mas, para aquele momento, suficientes para invadir minha alma de profunda paz. Após incontáveis minutos, baixei meus braços e recolhi minha surpresa. Abri mão do salto no trampolim.
Desci até o nível da piscina e procurei alcançar com os pés o frescor da água. Nova surpresa: por mais degraus que eu descesse, cadê água? Por fim, um calafrio gela o meu corpo. Não era água, mas a constatação de que a piscina fora esvaziada! Tivesse eu saltado do trampolim, teria dado meu primeiro salto naquela noite, mas provavelmente também o último da minha vida! Mergulhado em profunda comoção, ajoelhei-me à beira da piscina e fiz o que, há longos anos, não fazia mais: rezei com muita fé e gratidão por graça tanta e tamanha! Naquela noite, a imagem da cruz, formada pelo meu próprio corpo, salvara a minha vida! Lembrei-me então de que fora, precisamente, numa cruz que, outrora, Jesus tinha morrido para me salvar! E é por isso, seu moço, que, hoje, antes do primeiro mergulho, umedeço meus dedos nas águas das piscinas e dos lagos, dos rios e dos mares, e faço o sinal da cruz, para que o Crucificado continue a me proteger e a salvar a minha vida!"
Fevereiro de 2013 - 2a quinzena
E
P
DUCAÇÃO &
SICOLOGIA
5
A música certa na hora certa Ana Lúcia Louro
Professora da UFSM
O
que se pode dizer diante da tragédia da boate de Santa Maria? Diante de uma tragédia como a que se abateu sobre nossa cidade neste fim de janeiro, o que se pode dizer? Antes de tudo, apresentar um profundo respeito pela dor dos familiares. O que posso dizer como professora de música e como alguém que costuma colocar seus dons musicais a serviço da Igreja? Muitos foram os que se manifestaram, se indignaram, se revoltaram e, com a graça de Deus, se solidarizaram. Acredito que uma reflexão em todos os sentidos e direções seja pertinente neste momento. Faz-se necessário repensar todas as circunstâncias quando se derrama sobre nós algo tão terrível e de tão grandes proporções. Que reflexão sobre música, enquanto fenômeno que se dá na sociedade, seria possível neste momento?
Por que a sonoridade, em si, não é suficiente?
O aspecto que chama a atenção, no que se refere a questões ligadas ao relacionamento dos jovens com a música, é a necessidade de que a música para diversão tem de usar algo como “fogos de artifícios”. Nada contra, desde que não em ambientes fechados e, se o forem, com os artefatos apropriados. Mas por que a sonoridade em si não é suficiente para dar um clima de festa? Por que o ritmo, a música, as vozes, os instrumentais não falam por si mesmos. Em algum momento se perde a gostosura da sonoridade para ouvir e dançar e se fica na necessidade de um espetáculo mais fascinante, grandioso e surpreendente. O que nossa juventude busca na “balada” e o que pode encontrar quando vai à procura de diversão?
Apelos sensoriais nos quais os auditivos nem sempre são os mais importantes
É possível perguntar: qual a contribuição de uma formadora de professores de música em colocar tais questionamentos? Ocorre que em nossas pesquisas nos debruçamos sobre a música como fenômeno social e procuramos compreender a relação dos grupos sociais, em especial dos jovens, com as manifestações musicais. Se ocorrer uma tragédia como esta, cabe ao pesquisador se perguntar, quais os papéis das relações dos jovens com a música neste contexto? No caso do uso de fogos de artifício se percebe uma pluralidade de apelos sensoriais nos quais os auditivos nem sempre são os mais importantes. Ao pesquisador não cabe julgamentos do tipo “nossos jovens não têm mais ouvidos refinados”, mas a observação da maneira própria dos comportamentos para saber dialogar com ele, quando de ocasiões em que estamos aprendendo música, no cotidiano e nas salas de aula.
MasterSuno
Nas boates, frequentadores disputam status solicitando que sejam servidas em suas mesas bebidas que tragam fogos de artifício queimando
A música como uma porta de aproximação entre as vivências dos jovens e a Palavra de Deus
É neste sentido de busca de diálogo que penso que as teorias da sociologia da música podem também servir para uma reflexão na Igreja. Toda esta juventude em busca de diversão, de uma “balada” no sábado à noite. O que a Igreja Católica, nestes tempos de Jornada Mundial da Juventude, pode oferecer ao anseio dos jovens? Penso na música certa na hora certa. Acredito que devemos refletir,
enquanto músicos que atuam na Igreja, sobre como podemos promover shows, tardes de oração, liturgias com a música adequada e, ao mesmo tempo, inculturada naquilo que os jovens vivenciam em seu cotidiano. Não vejo necessidade de fogos de artifício na música da Igreja, que já demonstraram ser potencialmente perigosos, mas sim de buscarmos dialogar com as culturas dos jovens para desenvolver uma evangelização na qual a música possa se colocar como uma porta de aproximação entre as vivências dos jovens e a Palavra de Deus, impregnadas de toda sua energia e entusiasmo ao louvar e agradecer as muitas bênçãos recebidas.
6
A
T
EMA EM FOCO
Fevereiro de 2013 - 2a quinzena
Generosidade
generosidade de nossos pais e dos pais de nossos pais fez a diferença. Semeou escolas e capelas.Construiu ras distantes. Generosidade era postura espontânea, estava em seu DNA. Era expressa na disponibilidade, n adiando compromissos pessoais imediatos. A mesma generosidade também se refletia nas coletas das cele permitiam a manutenção e melhoria de igrejas, capelas, cemitérios, escolas comunitárias que aí estão às dezena
O que é ser generoso, hoje? É ser caridoso, doar dinheiro a instituições, dar um prato de comida a quem tem fome? Sim, é tudo isso e muito mais: a generosidade começa em casa e nas pessoas próximas. Na atenção ao marido ou esposa, aos filhos, aos pais, aos parentes do marido ou da esposa, aos amigos, aos vizinhos. A generosidade se expressa também no respeito aos direitos de todos, em não estacionar em vagas para deficientes, em dar preferência a gestantes, idosos e deficientes em filas, em ajudar as pessoas que precisam de informação e orientação nas ruas. Ser generoso é estar disponível, sempre. É ser voluntário, ter palavras de conforto a quem está triste. É saber conversar e sorrir para um idoso solitário ao nosso lado no ônibus. É ceder o lugar na fila do banco para quem está com pressa. É abrir mão de suas prioridades para dar atenção a quem está próximo.
No ranking mundial, uma desconfortável colocação do Brasil Mas, parece que essa virtude – uma das sete virtudes capitais – está sendo suplantada na cultura atual pelo pecado oposto, a avareza. Parece que deixou de ser regra para tornar-se quase uma exceção. Ao menos no Brasil, segundo recente pesquisa, em que, numa lista de 148 países pesquisados pela Charities AID Fondation (CAF) – Fundação de Caridade e Ajuda - fundação britânica que administra ativos voltados à caridade, o Brasil está na 83a posição quando o assunto é filantropia. Libéria (apesar de estar na 182a colocação no IDH), Irã e Turcomenistão são alguns dos países que estão à frente do Brasil. Austrália e Irlanda ficaram na primeira colocação. Aos entrevistados eram feitas as seguintes três perguntas: se, no mês passado, eles doaram dinheiro à caridade, fizeram trabalho voluntário em alguma organização ou ajudaram algum estranho em necessidade. 155 mil pessoas foram entrevistadas.
Brasileiros caridosos
Felizmente, em se tratando de pessoas caridosas, o Brasil ocupa uma das melhores posições. Segundo a pesquisa, os brasileiros estão em 8o lugar, com 35 em cada mil, quando se trata de doar dinheiro, o mesmo acontece com o indicador de voluntariado: estamos em 9o lugar, com 18 voluntários a cada mil brasileiros. Nesses dois quesitos, Índia e Estados Unidos lideram, respectivamente, com 165/mil e 105/mil habitantes. A melhor posição brasileira se dá quando se trata de ajudar pessoas estranhas: estamos em 5o lugar, com 65 a cada mil brasileiros.
Ter em vez de ser
A pesquisa conclui que, desde 2007, a filantropia vem caindo no mundo. Segundo Marcos Kisil, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis) e que representa a CAF no Brasil, a posição brasileira deve-se tanto ao baixo IDH do país quanto a uma política governamental que não incentiva doações de pessoas físicas. Será somente essa a causa? Não seria uma questão cultural em que o ter, o aparentar, o status e visibilidade de patrimônio e busca de ascensão social, estimulados ad nauseam por todos os meios de sedução e marketing para o consumo desviou o olhar de quem está mais proximo? IDH, crise econômica, seriam apenas disfarces para dissimular uma radical mudança de paradigma no modelo de sociedade atual em que o ter vale mais que o ser? Em que a generosidade dá lugar ao individualismo, à ganância sem disposição para doar? Em estar-se apenas preocupado em acumular bens materiais como se, ao fim da vida, pudesse-se levar algo consigo, esquecendo que no caixão só cabe o próprio corpo? Sim, continuam a existir incontáveis lindíssimas almas generosas em que a bondade exala suavemente e preenche o espaço em que se encontram. Mas, na mesma intensidade de antes? Há controvérsias!
Que a mão esqu
A Igreja nasceu do maior exemplo da generosidade. dela ao mundo do que Jesus Cristo. "Porque Deus tanto seu Filho Unigênito” (João 3.16). “Guardai-vos, não façais as vossas boas obras dian de serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis a rec Pai que está nos céus.”. ( Mateus 6: 1). “Quando você esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de for ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em (Mateus 6.3-4). Se a caridade cristã tiver seguido a recom o resultado produzido pelo questionário inglês esteja suj verdadeira caridade é aquela que não procura se projetar certos 'benfeitores', animados pela promessa de serem livros de ouro da comunidade, fazendo seu marketing pe e generosidade anônimas. E a Igreja o faz através de inco sos e anônimos. (Há quem defenda que os bons exemplo divulgados, que há inúmeros cantores, atores, donos de in que fazem doações. E que a Igreja, por não divulgar toda no mundo, é ignorada e até atacada em certos meios de
A generosidade no Antigo T
Há dezenas de passagens que falam de generosidade Deuteronômio fala no perdão das dívidas a cada sete anos E que não houvesse precaução dos credores, criando ob caridoso, especialmente quando estivesse próximo o an 3,10: “e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e tas bênçãos que nem terão onde guardá-las”. Em Prové prosperará; quem dá alívio aos outros, alívio receberá” com gratidão: como posso retribuir ao Senhor toda a su Em 1Crônicas 29.14: “Tudo vem de ti, e nós apenas te mãos”. E assim por diante.
No Novo Testamen
Nos Evangelhos. Mateus 6.24: “Ninguém pode servir um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará
Fevereiro de 2013 - 2a quinzena
A S ÇÃO
7
OLIDÁRIA
e, cadê você?
igrejas e salões. Abriu caminhos e fez sua conservação para viabilizar a comunicação entre comunidades de terna prodigalidade, na liberalidade do dia a dia. E significava estar pronto para ajudar a quem estivesse precisando, ebrações religiosas dominicais, cujos resultados - ao lado dos resultados das festas comunitárias de benerência as – talvez, centenas ou milhares – quais mudas testemunhas de voluntariado de gerações que nos antecederam. http://tempodeluzeamor.blogspot.com.br
Testemunho
Gentileza em terra estranha
uerda não saiba o que faz a direita
Ninguém deu maior prova o amou o mundo que deu o
nte dos homens, com o fim compensa da mão de vosso der esmola, que a sua mão rma que você preste a sua segredo, o recompensará” mendação evangélica, talvez jeito a equívocos. Porque a r. Não aquela praticada por citados ou constarem nos essoal! Mas a solidariedade ontáveis exemplos silencioos de caridade deveriam ser ndústrias, homens públicos a a sua presença de caridade formação de opinião).
Testamento
e e perdão. O capítulo 15 do s, especialmente aos pobres. bstáculo a um empréstimo no sabático. Em Malaquias, e derramar sobre vocês tanérbios 11.25: “O generoso ”. Em Salmos 116.12: " Dê ua bondade para comigo?”. demos o que vem das tuas
nto
a dois senhores; pois odiará o outro. Vocês não podem
servir a Deus e ao Dinheiro”; Lucas 6, 34 e 35;Lucas 11.39: “Vocês lavam os copos por fora, mas por dentro continuam sujos. Portanto, deem aos pobres o que está dentro dos copos e dos pratos e assim tudo ficará limpo para vocês. Ai de vocês, pois dão a 10a parte até da hortelã, da arruda e das verduras, mas não são justos com os outros. E são exatamente essas coisas que vocês devem fazer e deixar de lado as outras". Em Marcos, Jesus deixa claro que o que nos torna ricos e especiais não é a fortuna que acumulamos, mas o que estamos dispostos a doar para o serviço de Deus e para o próximo. Quem olha só o seu próprio umbigo e pensa só em si mesmo, mesmo tendo dinheiro no banco e muitas propriedades, para Deus é pobre. S. Paulo faz diversas admoestações para a necessidade da generosidade, especialmente na segunda Carta aos Coríntios, capítulos oito e nove.
O óbolo da viúva pobre
Talvez nenhuma outra passagem dos textos sagrados seja tão emblemática quanto aquela que fala da doação de apenas duas moedas da pobre viúva. “Aí Jesus chamou os discípulos e disse: eu afirmo a vocês que isto é verdade. Esta viúva pobre deu mais que todos. Porque os outros deram o que estava sobrando. Porém, ela que é tão pobre, deu tudo o que tinha”(Mc 12.43-44 ). Havia sete caixas (arcas) para o imposto do templo e seis para ofertas voluntárias. Eram caixas pequenas, se alguém desse muito, a oferta transbordaria pela caixa e ele seria visto por todos. A viúva depositou numa destas caixas as moedas de cobre (valiam um 1/8 de centavo de dólar). Era comum as pessoas levar grandes somas de dinheiro. Mas esta mulher deu tão pouquinho aos olhos humanos e Jesus diz aos discípulos que ela deu mais do que todos, porque os outros davam as sobras, mas ela deu tudo o que tinha para viver. Jesus havia acabado de alertar seus ouvintes das pessoas falsas, que da boca para fora se diziam servos de Deus, demonstrando até mesmo grande gesto de piedade nas orações, nas suas vestes e no seu comportamento adequado no templo e até nos cargos que ocupavam na igreja. A lição da viúva pobre nos faz lembrar que é Deus quem nos dá tudo. O valor da oferta não é pela quantidade, mas pela qualidade. A viúva ofertou pouco, mas foi com qualidade. Seu coração estava ali. Deus não avalia a sua oferta, Deus avalia o que ficou com você. A lição da viúva também remete para certas realidades nas coletas das missas de fim de semana, em que, ao se conferir, há moedinhas de até cinco e dez centavos. E – o que é o pior contrasenso – muitas vezes ali postas por pessoas com posses, casas, carros, propriedades, bom conforto...
Uma atenção e boa vontade de estranho pode representar um raio de luz a indicar caminho a seguir numa noite de breu. Principalmenete, quando literalmente, se perdeu o caminho a seguir, numa viagem, por exemplo. O casal Carmelita e Décio Abruzzi vivenciaram diversas situações dessas em seus giros pela Europa. “Já era noite e estávamos perdidos na autoestrada a caminho de Frankfurt. Paramos à margem e, surpreendentmente, um dos raros automóveis que passavam àquela hora parou. Um homem desceu e veio falar conosco. Falava português pois era casado com uma brasileira. Pediu que o seguíssemos até o acesso correto para o nosso destino. Noutra oportunidade, desta feita em Leipzig, também na Alemanha, não conseguíamos encontrar o hotel reservado. Abordamos um casal com duas crianças que estava chegando na entrada do edifício em que moravam. Entendeu nossa aflição, solicitou-nos o endereço do hotel e, por telefone, localizou-o. E pediu que o seguíssemos. Estávamos a 25 quilômetros do endereço correto. O motorista certificou-se de que aquele era o hotel, despediu-se e retornou à cidade. Portanto, andou 50 km, numa noite de sábado, com duas crianças pequenas, para ajudar a dois desconhecidos! Já em Praga (Rep. Tcheca) pedimos a um motorista de táxi informação sobre a localização de nosso hotel. Ele disse que o seguíssemos. Levou-nos até o local e recusou-se a receber qualquer pagamento pela corrida. Em Udine (Itália) não tínhamos qualquer indicação de hotel. Resolvemos parar, pois era noite. E pedimos orientação a um casal que fazia sua caminhada, que prontamente ofereceu ajuda, entrou no nosso carro e foi conosco até o endereço certo, retornando a pé, depois, ao ponto do nosso encontro. Também vivenciamos diversas outras sensibilizadas gentilezas em viagens de trem, com a ajuda de carregamento de malas e pacotes em estações para não perder a hora da passagem do tem seguinte”.
Décio e Carmelita Abruzzi
8 Tosse constante é um alerta de que os pulmões estão mal
S
Ela pode ser causada por alergias, irritações e até câncer de pulmão. Não é porque o verão chegou que a tosse não é um assunto importante. Seja ela crônica ou aguda, o sintoma é incomodo que atinge todas as idades e precisa ser levada a sério. "A tosse não é uma doença, e sim um sinal de que algo está irritando as nossas vias aéreas ou nossos pulmões". Muitas vezes, só a força que fazemos para tossir é o suficiente para trazer complicações. Em idades extremas, ou seja, para as crianças e para os idosos, a tosse pode desencadear uma série de contusões. "Durante um ataque de tosse, as pessoas com mais idade ou as crianças podem forçar excessivamente os músculos que atuam na respiração, ou até mesmo quebrar uma costela ou tirar algum órgão do lugar por terem o organismo mais frágil". Fatores externos Uma casa empoeirada pode ser um dos motivos de ataques de tosse frequentes. Esse tipo de problema acontece muito quando passamos por frentes frias. Com a baixa temperatura, as pessoas têm o instinto de fechar todas as janelas da casas, impedindo a circulação do ar e causando o acúmulo de poeiras. Mas isso não acontece apenas no inverno. "O cada vez mais usado ar condicionado aumenta as chances de ataques de tosse por irritar os pulmões e deixar o ambiente mais seco". De acordo com especialista, produtos de limpeza, perfumes e incensos com odores muito fortes também entram na lista negra dos fatores que contribuem para a irritação das vias aéreas. Normalmente, esse tipo de tosse dura menos do que três semanas, e é chamado de tosse aguda. Para amenizar os ataques desse tipo de tosse, além dos medicamentos prescritos pelo seu médico, como xaropes, vale a pena investir no mel e no própolis, além de frutas e sucos ricos em vitamina C. Uma receita caseira que pode ajudar a combater uma tosse aguda é a mistura de mel de eucalipto com gotas de própolis. O mel ajuda na expectoração e diminui a irritação da garganta. O própolis é anti-inflamatório e ajuda a tratar agressões nas vias pulmonares. Mas vale um alerta: as pessoas diabéticas devem evita o mel, pois é rico em açúcares, assim como crianças menores de um ano de idade. (Resumido de texto de Fernando Menezes – publicado por Vida e Saúde)
Fevereiro de 2013 - 2a quinzena
ABER VIVER
Estresse no trabalho pode dobrar as chances de diabetes em mulheres H. Valdez/sxc.hu
Assista a um vídeo divertido na internet Os níveis dos hormônios cortisol e adrenalina (relacionados ao estresse) diminuem muito quando você dá umas boas risadas. Por isso, aproveite as ferramentas que tiver na mão para dar aquela gargalhada. Cante uma música ou recite um poema O cortisol está muito relacionado à resposta de cognição, ou seja, com o pensamento. Manter o foco longe das preocupações ajuda a reestabelecer os níveis normais de hormônio. Um estudo realizado no Canadá com mais de 7.500 participantes, que foram acompanhados durante nove anos, provou que existe uma relação entre o grau de estresse no trabalho e a incidência de diabetes tipo 2 em mulheres. Os resultados foram divulgados no ano passado, no periódico Occupational Medicine. A proporção de casos de diabetes relacionado ao trabalho chega a ser maior do que a incidência ligada a fatores como tabagismo, abuso de álcool, sedentarismo ou com o nível de consumo de frutas e verduras, mas ainda é menor que o risco representado pela obesidade.
Além disso, mulheres que ocupam cargos de baixa hierarquia e sofrem com estresse correm um risco duas vezes maior de desenvolver diabetes do que as que não sofrem pressão profissional. De acordo com os autores, as mulheres costumam reagir ao estresse comendo mais produtos com açúcar e gorduras, o que somado ao sedentarismo eleva o risco da doença. Além disso, os pesquisadores explicam que a doença é favorecida por perturbações geradas no sistema neuroendocrinológico e no sistema imunológico das mulheres sob estresse, que provocam maior produção de hormônios como o cortisol e a adrenalina.
Psicosul Clínica
Albano L. Werlang - CRP/07-00660 Marlene Waschburger - CRP/07-15.235 Jôsy Werlang Zanette - CRP/07-15.236
Visa e Mastercard
Espante o estresse em poucos minutos
Alcoolismo, depressão, ADI/TIP Psicoterapia de apoio, relax com aparelhos Preparação para concursos, luto/separação, terapia de crianças, avaliação psicológica Vig. José Inácio, 263/113, Centro, P. Alegre 3224-5441 // 9800-1313 // 9748-3003
Coma um alimento doce e saudável "A solução é comer um alimento que aumente a glicemia no sangue e a deixe constante, como uma fruta fresca ou desidratada". Controle a respiração "Respirar profundamente pelo menos 15 vezes, enchendo a barriga e deixando todo o ar sair dos pulmões, desacelera o coração e faz com que a ansiedade diminua", explica o médico acupunturista Alexandre Yoshizumi.. Solte o verbo Os pesquisadores recomendam: o ideal é achar o meio termo, já que xingamentos feios podem ser ofensivos e minar o clima do trabalho. Vá ao banheiro ou, então, espere até entrar no carro para proferir poucas e boas. (Extraído de uma publicação de Vida e Saúde).
Humor P: Qual é a diferença entre a bota e a calça? R: É que a calça a gente bota e a bota a gente calça. xxx P: Quatro caminhões estavam voando. De repente, dois caíram. Por quê? R: Porque um era caminhão pipa e o outro era caminhão cegonha. xxx - Alô, é do 999-9999? - Não, é do 666-6666. - Droga! Disquei com o telefone ao contrário de novo. xxx Três monges meditam no Tibete. Um ano de silêncio absoluto depois, um deles fala: - Frio aqui, hein? Passa-se um ano e o segundo diz: - É mesmo. É quando o terceiro levanta-se e começa a descer a montanha. - Aonde vai? - perguntam os outros. - Vou embora, preciso de silêncio para meditar. xxx - Joãozinho, você pode me explicar como a sua redação está absolutamente igual à que seu irmão fez no ano passado? - Posso sim: temos a mesma irmã!
O mundo em que vivemos J.Peirano Maciel
P
9
SPAÇO LIVRE
Médico
ara qualquer pessoa, letrada ou iletrada, chega um momento em que se questiona,vaga ou profundamente, sobre origem, natureza ou significado deste mundo azul, desta Terra que ocupa um lugar definido no espaço sideral. Muitas letras às vezes atrapalham, como dizia um Riobaldo, ‘letras complicam’.
Ora, diz-nos a ciência que tudo começou com uma fantástica explosão, teria sido uma pelotinha do tamanho de uma bola de tênis, que, possuindo uma descomunal energia, uma força inimaginável, que um belo dia explodiu e, em seguida, encheu o espaço vazio. Daí em diante, os astros, os planetas, estrelas, deram início à sua formação de uma maneira indescritível. A vida veio depois, após bilhões da anos de evolução. Contudo, leitor, deixemos assuntos tão difíceis e façamos algumas interrogações sobre este mundo em que vivemos hoje, em 2013, tão distante daqueles primórdios aludidos acima. Será possível defini-lo? Poderemos entendê-lo? Admirável mundo novo, diria ainda Aldous Huxley, perplexo? Ou, quem sabe, Admirável Mundo Tecnológico e Científico? Ou, quem sabe ainda, mundo sem distâncias, globalizado, computadorizado, extraordinário, caótico, injusto, rico, pobre, alienado, ininteligível? A justificação para esses adjetivos, a constatação, podemos encontrá-la nos meios diários de comunicação: aí estão as notícias de hediondos crimes, terrorismo, conflitos internos de países,corrupção,injustiças (sobre estas cito J.R.Guzzo referindo-se aos leitores de “O Processso”, de Kafka, escrito há 100 anos: "um dos textos mais possantes que a literatura mundial jamais produziu sobre a negação absoluta da justiça e a impotência do ser humano diante de forças que não entende"...) .Ontem, na Internet, uma notícia inquietante: estudos exaustivos indicam que metade dos alimentos consumidos no mundo são jogados no lixo, como sobras inaproveitadas, as quais poderiam resolver a fome no planeta. É possível entender? Sim, leitor, resumindo, ouvindo estrelas! Sim, acredite, entre muitas coisas belas, elas nos dirão que o mundo foi criado com expectativa diferente, passando até pelas citadas explosões. Mas algo bem grave ocorreu que frustrou aquela expectativa. Consulte o Gênesis e encontrará uma explicação simples.
RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2013 e o Familienkalender 2013 estão disponíveis para venda. Faça seu pedido na Livraria Padre Reus, em Porto Alegre. Adquira também na nossa filial, no Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo.
Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo
Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on Le
E
Fevereiro de 2013 - 2a quinzena
Brasil – Paraguai Martha Alves d`Azevedo
“R
ito sumário de destituição do mandatário do Paraguai”, considerado na nota oficial do governo brasileiro, o impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, criou uma crise na democracia do País e também no Mercosul, do qual o Paraguai é um dos parceiros da primeira hora. Dia 22 de junho de 2012, em julgamento político rápido, o Congresso do Paraguai, em dois dias, de quinta para sexta-feira, destituiu o presidente Fernando Lugo e nomeou o presidente Frederico Franco. O julgamento político, previsto na Constituição paraguaia, foi catalogado como um golpe de Estado contra o presidente Lugo e condenado por organismos regionais, presidentes dos países da América do Sul e por muitos setores do povo paraguaio. O escritor Adolfo Perez Esquivel declarou em comunicado público: “Convocamos o povo paraguaio e a comunidade internacional a manifestar-se pela defesa das mesmas, já que a intenção do juízo político é visivelmente uma estratégia política, que busca anular as conquistas sociais de vários anos de lutas e resistências do povo paraguaio”. A Cúpula do Mercosul, realizada no fim do mês de junho último em Mendoza, na Argentina, suspendeu o Paraguai do Mercosul até as próximas eleições presidenciais em 2013. Agora, em janeiro de 2013, em meio às divergências bilaterais, que se iniciaram com o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo, e levaram à suspensão do Paraguai do Mercosul, o país se une ao Brasil num chamado “arrastão do bem”, que busca regularizar a situação dos chamados “brasiguaios”, que imigraram clandestinamente para o Paraguai, compraram terras de forma irregular ou se apossaram delas, e hoje vivem sem registro no país, contingente que ronda os 10% dos cerca de 350 mil “brasiguaios”. Ao suspender o Paraguai até abril deste ano de 2013, data das eleições presidenciais, o Mercosul deixou bem clara uma brecha para as ações conjuntas como essa que se desenvolve pelos mais remotos rincões do País: a suspensão seria meramente política. Questões econômicas, ou que venham a afetar as populações dos dois países, teriam seguimento normal. Wagner Weber, diretor do Centro Empresarial Brasil-Paraguai (BRASPAR), lembra que, para regularização, o cidadão tem de possuir “ficha limpa” na Policia Federal e na Justiça Federal do Brasil, e apresentar a Carteira de Identidade e papéis de entrada legal no Paraguai. “Tem gente que não se regulariza porque não quer”, diz ele. (geralda.alves@ufrgs.br)
AMIGOS DO SOLIDÁRIO Em edição recente publicamos a relação dos Amigos do Solidário, onde, por um lapso de nossa parte, deixou de constar o nome da sra. Maria Regina Freitas Ferreira, pelo que pedimos excusas.
Fones: 51-3224.0250 e 51-3566.5086 livrariareus@livrariareus.com.br
Nadi Maria Dotto - 28/02
I
10
C
GREJA &
COMUNIDADE
Catequese
Solidário Litúrgico 24 de fevereiro - 2o Domingo da Quaresma Cor: roxa
1a leitura: Livro do Gênesis (Gn) 15.512.17-18 Salmo: 26(27),1.7-8.9abc.13-14 (R/.1a) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Filipenses( Fl) 3,17-4 Evangelho: Lucas (Lc) 9,28b-36 Comentário: Rezar... pra quê!? Esta é uma pergunta que muitas pessoas se fazem: qual é o sentido e a necessidade da oração na vida do cristão? Primeiro: a oração nunca é um fim, sempre é um meio. Rezamos, não porque somos bons, perfeitos, “santos”; rezamos para sermos bons, justos, honestos, santos. Outro dia, uma conhecida minha, me disse: “Padre, o senhor sabe, eu vou à missa todos os domingos... já fiz cinco vezes as primeiras sextas-feiras... rezo, em média, três rosários por dia!” E eu perguntei: Querida, você já fez as pazes com seu vizinho? E visitou aquela senhora idosa, doente e sozinha? E perdoou aquele adversário político que disse “coisas” de você? “Ah, não, padre, aí também já é demais!”. Eu não disse, claro, mas pensei: então, pra que servem tuas missas, tuas primeiras sextasfeiras, teus rosários todos, tuas promessas e sacramentais? Lembrei a palavra de Jesus: Não são aqueles que me dizem, Senhor, Senhor, que entrarão no Reino dos Céus,
mas sim aqueles que fazem a vontade do meu Pai (Mt 7,21). E a vontade do Pai não é outra coisa do que praticar a justiça e o amor solidário, perdoar e pedir perdão, ser honesto e bom com todos, é denunciar a injustiça e a opressão, é fazer da vida uma constante doação para os demais. Para viver isso, para fazer essa vontade do Pai, é preciso ser homem e mulher de oração, de muita oração. Jesus era um homem de oração. Repetidas vezes, os textos bíblicos citam que Jesus se retirava para rezar, para estar a sós com o Pai. No Evangelho deste domingo, Jesus convida a três privilegiados discípulos – Pedro, Tiago e João – para subirem o monte Tabor, se retirar do bulício das multidões e estar a sós, em oração. E durante a oração, a manifestação da glória de Jesus, a contemplação, o êxtase, a visão da história profética na “presença” de Moisés e Elias. Somente quem sobe ao “Tabor” da oração, do estar a sós com o Pai, é capaz de viver, tranquilo e em paz, sem ódios nem ressentimentos, os muitos momentos de “Calvário” que a vida traz. O “Tabor” da oração é sempre um meio... é o caminho para ser bom, justo, honesto e viver um amor solidário no cotidiano da vida.
3 de março - 3o Domingo da Quaresma Cor: roxa
1a leitura: Livro do Êxodo (Ex) 3,18a.13-15 Salmo: 102(103),1-2.3-4.6-7.8 e 11(R/.8a) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 10,1-6.10-12 Evangelho: Lucas (Lc) 13,1-9 Comentário: “O que foi que eu fiz para que Deus me castigue assim!? Que pecado eu cometi para que isso aconteça comigo!?” Quantas vezes ouvimos essas expressões quando acontece uma tragédia, uma doença inesperada, a morte do filho ou da filha jovem num incêndio de boate ou num acidente de carro? Jesus responde à pergunta quando se refere a dois fatos bem conhecidos na comunidade judaica de então: os galileus, que Pilatos mandou matar, e a torre de Siloé, que desabou sobre 18 pessoas. “São culpados, pecaram, Deus os castigou”, é a voz popular; Não são nem mais nem menos culpados que outros, diz Jesus (cf 13,3 e 5). Por outro lado, todos são chamados à conversão. E converter-se é, sobretudo, acolher, de mente e coração abertos, a vida e todas as suas circunstâncias. Quanto às tragédias da
Fevereiro de 2013 - 2a quinzena
vida há, quase sempre, irresponsabilidade ou ganância humana, em maior ou menor grau. E a doença é, tantas vezes, um momento de graça e de humanização do nosso caminhar... Já a referência à árvore que ocupa um lugar privilegiado no jardim, sem dar os frutos esperados, é um alerta para todos nós. Como batizados, somos filhas e filhos privilegiados de Deus. Exatamente por isso, não temos o direito de sermos apenas e somente cristãos nominais, árvores que não dão fruto. O privilégio do batismo é, também, responsabilidade e compromisso. Deus espera de nós frutos de perdão, de fé viva e transformadora, de alegre esperança, de amor solidário. A paciência de Deus é muito grande, ele oferece uma, duas, três novas chances para frutificar; mas uma árvore que se nega a dar os frutos que dela se espera, se torna árvore inútil e será cortada e lançada ao fogo. Nossa missão de cristãos é sermos árvores frondosas que dão sombra acolhedora e repousante ao caminhante cansado, oferecendo, generosa e gratuitamente, frutos maduros de paz e amor. (attilio@ livrariareus.com.br)
Catequese: “Despertar de uma Nova Consciência” Flávio Sobreiro da Costa
Catequista
H
oje apresento com carinho para vocês um programa catequético criado por mim. Este método didático-pedagógico é baseado no programa Filosofia com Crianças, que tem como idealizador o doutor, professor e filósofo norte-americano Matthew Lipman. Para que este método pudesse ser utilizado no ensino catequético, foram necessárias muitas adaptações, necessárias ao objetivo. O objetivo do “Programa Despertar de uma Nova Consciência” (PDNC) é fazer com que a criança e/ou adolescente se torne construtor de uma mentalidade e experiência cristã próprias. O papel do catequista neste programa não é o de professor, mas de um amigo, um guia, que somente indica o caminho, deixando que o catequizando se torne protagonista de sua experiência cristã. O PDNC é uma sugestão para auxiliar catequistas e catequizandos. É bom lembrar que o catequista deverá preparar antecipadamente os encontros de catequese, para que o PDNC possa dar bons resultados. Algumas reflexões anteriores são válidas: - O que leva uma criança e/ou adolescente a frequentar os encontros de catequese? - Imposição dos pais e/ou familiares; medo de ir para o “inferno”; influência dos amigos; e em alguns casos por vontade própria. Muitas vezes, frequentar os encontros de catequese se torna algo obrigatório e monótono para os catequizandos, o que deveria ser o contrário. - Qual a postura do catequista frente aos catequizandos? Na grande maioria das vezes, os catequistas fazem uso de sua vocação em dois extremos: 1) copiam o método de ensino que seus professores utilizaram com eles, usando a mesma didática nas “aulas” de catequese. Muitas vezes este método de ensino torna o catequista muito autoritário e exigente com os “catequizandos”, que não são “alunos”, mas sim, cristãos que buscam, na grande maioria das vezes, inconscientemente, ter uma experiência cristã, onde eles mesmos serão construtores desta mentalidade nova. Em uma aula, muitas vezes o aluno “decora” o que foi apresentado, até o dia da avaliação, para depois, “apagar” de sua memória o conteúdo retido. É um método didático-pedagógico ultrapassado, mas que ainda resiste na maioria das escolas. 2) um outro extremo que acontece com grande parte dos catequistas é o infantilismo e atitude paternalista exagerada. O infantilismo acontece quando o catequista age com atitudes e voz infantil perante os catequizandos, tentando igualar-se a eles, ou para reter a atenção dos mesmos. O paternalismo ocorre quando o catequista procura ser o pai ou a mãe dos catequizandos, esquecendo a sua vocação que é a de ajudar o catequizando a fazer uma experiência cristã de conhecimento e fé. - Se o encontro de catequese não é uma aula, então o que é? O encontro de catequese deve ser um encontro em que catequistas e catequizandos se tornam um único grupo, uma única “comunidade de cristãos” que se unem semanalmente, para um encontro, no qual aprendem uns com os outros, trocam e partilham experiências, tendo como ideal de vida a pessoa de Jesus Cristo em consonância com a Igreja da qual são membros. A vocação do catequista é ser um amigo, um guia mais experiente que irá colaborar com seus irmãos nesta experiência de se tornar um cristão consciente e convicto de sua fé e identidade cristã. (Na próxima edição será publicado o método)
Fevereiro de 2013 - 2a quinzena
E
A
SPAÇO DA
RQUIDIOCESE
11
Coordenação: Pe. César Leandro Padilha
Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre
Arquidiocese concedeu “Mérito Cardeal Scherer”
Cerca de 160 mil fiéis participaram da Festa de N. Sra. dos Navegantes A 138a Festa de N. Sra. dos Navegantes levou para as ruas de Porto Alegre um verdadeiro mar de gente. Segundo estimativa da Brigada Militar, cerca de 160 mil fiéis participaram da procissão em honra à Rainha do Mar, realizada na manhã do dia 2 de fevereiro. Os mais de cinco quilômetros de caminhada entre a Igreja do Rosário e o Santuário Navegantes foram marcados pelas demonstrações de fé e de solidariedade às famílias de Santa Maria. A programação iniciou logo cedo, às 7 horas, com Santa Missa no Santuário Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, os fiéis tomaram as ruas de Ponto Alegre para reconduzir a imagem da padroeira ao Santuário Navegantes. Liderados pelo arcebispo metropolitano, Dom Dadeus Grings, e pelo bispo auxiliar, Dom Jaime Spengler, os fiéis acompanharam a procissão com cantos e orações. Também as autoridades civis caminharam com os fiéis. Participaram o governador Tarso Genro, o prefeito José Fortunati e, também, vereadores, deputados, secretários do município e do estado. Muitas pessoas que participaram da caminhada procuraram meios de manifestar a gratidão pelas graças recebidas ou mesmo para fazer novos pedidos à Mãe de Jesus. Muitas foram as crianças vestidas como anjos; fiéis caminharam descalços rezando o terço, distribuindo fitas e santinhos impressos. O andor em forma de barco com a imagem da Santa foi foco de atenção dos fiéis que depositavam flores ou mesmo pedindo proteção quando encostavam chaves, fotos, carteiras de trabalho, documentos de carros ou motos junto à imagem. Mais de 100 remadores dos clubes náuticos se revezaram no transporte do andor que pesa mais de 200 quilos. O mar de fiéis também assumiu a configuração de ‘mar de solidariedade’ para com as vítimas da tragédia de Santa Maria e também para com as famílias enlutadas. À frente da procissão, uma faixa lembrou o sentimento de solidariedade de cada fiel. Muitas pessoas levaram cartazes com fotos dos jovens ou frases que expressaram o desejo de força para as famílias enlutadas. A organização do evento cancelou o show de fogos de artifício e apresentações musicais. Antes mesmo do início da missa presidida pelo arcebispo Dom Dadeus Grings, foi observado um minuto de silêncio em respeito às vítimas. Emocionou a chegada da imagem. Chuva de papel picado, balões, pétalas de flores e salvas de palmas
foram as demonstrações de acolhida da padroeira. Uma estrutura de palco e som foi montada na parte externa do Santuário para que os fiéis fossem acolhidos e participassem da missa. A procissão foi concluída próximo das 11h30min. Durante todo o dia a imagem ficou à disposição dos fiéis. A cada hora, padres da Arquidiocese abençoaram os fiéis e as lembranças. Dom Dadeus na Festa de Navegantes: O tempo presente tem um peso de eternidade. Ao final da procissão da 138a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, presidiu a Celebração Eucarística. Sua homilia foi dedicada ao “Ano da Fé”, tema da festa deste ano e a solidariedade para com as famílias dos vitimados na tragédia de Santa Maria. Dadeus Grings iniciou sua fala destacando que a verdade não é uma filosofia e sim uma pessoa: Jesus Cristo. A verdade que d'Ele emana traz vida, forma comunidade que de geração em geração, faz com que os cristãos fortaleçam sua fé e proclamem as maravilhas de Deus. “O que nos reúne aqui é a fé” – disse o arcebispo – “uma fé na condição Divina. É a fé que nos dá força e coragem. A Palavra nos diz: ‘a alegria do Deus é a nossa força’. Nós vivemos desta fé e hoje viemos para manifestá-la. Para nos contagiar com a fé que cada um traz pra cá. Voltando para casa poderemos dizer: Nós vimos a fé de tanta gente que se reuniu. Somos pessoas que percebem a verdade na presença de Deus. Acreditamos na Palavra que foi transmitida de geração em geração. Essas são as maravilhas sentidas pela fé - vendo o invisível” disse. Grings disse ainda que os que têm fé percebem o mundo através de outra visão, com mais alegria, beleza e a certeza de que a vida não é concluída com a morte. Recordando a lamentável tragédia ocorrida em Santa Maria, o arcebispo destinou palavras solidárias e de esperança a todos os atingidos pelo episódio: “São Paulo nos faz entender esse mistério de Deus: O tempo presente tem um peso de eternidade. Cada momento que nós vivemos vale para sempre" Dom Dadeus finalizou sua fala dizendo que a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes reafirma o que diz a Palavra de Deus: “Hoje estamos vendo a salvação que Deus opera no meio de nós. Que esta festa seja um momento de muita alegria. Nós, que estamos aqui, somos felizes por que cremos”, concluiu.
Com a entrega do prêmio “Mérito Cardeal Scherer”, a Arquidiocese de Porto Alegre reconhece o trabalho de lideranças e instituições que atuam incansavelmente pela promoção humana. No último dia 1o de fevereiro, foi realizada a décima edição do prêmio, com três agraciados. A entrega aconteceu durante a Celebração Eucarística da novena de Nossa Senhora dos Navegantes, no Santuário do Rosário, centro da capital, . Neste ano, a Arquidiocese elegeu uma instituição e duas lideranças comunitárias de Viamão e Guaíba para receberem o prêmio. Foram agraciados: o sr. Osmar Mäule, a Comunidade Terapêutica Marta e Maria (Irmãs da Copiosa Redenção) e a sra. Catarina Pokoski. A escolha se dá pelo testemunho de quem acredita na fé e na solidariedade social para a transformação da vida das pessoas. Leia o perfil dos homenageados: Osmar Mäule: Há quase 50 anos, presta relevantes serviços junto ao Seminário Maior de Viamão, tendo iniciado em 1965, como secretário. A excelência do trabalho o levou a ser nomeado administrador do espaço. Em paralelo as essas atividades, participou de diversas pastorais na Paróquia Nossa Senhora da Selette. Mesmo com a aposentadoria, ocorrida em 2003, o sr. Osmar não se desligou no Seminário Maior. Mantém sua dedicação realizando o transporte diário dos seminaristas de Viamão para a PUCRS. Comunidade Terapêutica Casa Marta e Maria: Em maio de 1995, atendendo ao convite do então arcebispo Dom Altamiro Rossato, foi fundada a comunidade terapêutica Marta e Maria, primeira comunidade feminina no município de Porto Alegre, dirigida pela Congregação das Irmãs da Copiosa Redenção. A instituição tem como finalidade o atendimento a pessoas entre 12 e 30 anos com transtornos decorrentes do uso de substancias psicoativas. São 17 anos restaurando vidas atingidas pelas drogas. Catarina Franskoviak Pokorski: Conhecida como ‘Vó Catarina’ e com 81 anos de muita disposição, a sra. Catarina Pokorski pensou em ser religiosa para trabalhar com os indígenas. Os caminhos de Deus a levaram para o matrimônio. Teve 12 filhos e muitos netos – todos engajados na Igreja Católica. Atuou em Guaíba como catequista, movimentos juvenis e movimentos marianos. Sua incansável dedicação à Igreja produz frutos para a Igreja e toda a comunidade. Mantém uma incansável ação missionária, oração e uma alegria de viver, que é a marca de sua vida O Prêmio – O Mérito Cardeal Scherer foi instituído nas festividades do centenário de Nascimento do Cardeal Dom Vicente Scherer. Ele nasceu em Bom Princípio, em fevereiro de 1903. A honraria é concedida a pessoas e instituições que se destacam na promoção humana, na ação evangelizadora e no serviço à comunidade.
Arcebispo presidiu Missa na Redenção pelas vítimas da tragédia em Santa Maria Em mais uma demonstração de solidariedade para com as vítimas de Santa Maria, a cidade de Porto Alegre foi ao Parque da Redenção para unirse nessa corrente do bem pelos que partiram e pelos familiares. No final da tarde de domingo, 03/02 o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, presidiu missa junto ao Monumento ao Expedicionário. Na programação religiosa foi feita a oração do terço, seguida de celebração eucarística. Nem mesmo a chuva afastou quem desejou rezar pelas vítimas da tragédia. No início da celebração eucarística foi recordado que no dia da tragédia, dia 27 de janeiro, o Parque Redenção serviu como base para o transporte aéreo dos feridos. Na homilia, Dom Dadeus destacou que este acontecimento que gera luto e solidariedade abre uma reflexão de três pontos: A solidariedade, o valor da vida e a fragilidade humana. Para o arcebispo, a fé cristã mostra que a vida supera a morte, e que a eternidade é o que nos leva a crer em um objetivo maior: “Somos feitos para a eternidade. Quando morre uma pessoa, há tristeza, mas sabemos que ali não termina a vida, porque nós olhamos para a eternidade, para o momento presente que tem um peso de eternidade. Nós cremos na vida eterna”, enfatizou. Ao final da celebração, os fiéis foram convidados e rezaram de forma especial pelas famílias e pelos doentes que estavam internados nos hospitais de Porto Alegre. Dom Dadeus agradeceu ainda ao apoio do Exército Brasileiro, que apoiou o evento cedendo a estrutura de palco e som para a realização da Santa Missa.
Porto Alegre, fevereiro de 2013 - 2a quinzena
As lições da tragédia em boate de Santa Maria
E
ra preciso que 237 jovens, a maioria universitários, morressem asfixiados numa câmara de gás coletiva para que o Brasil despertasse de seu estado de letargia para riscos a que estão expostos seus jovens? Era necessário que tantas famílias vestissem luto para que autoridades municipais e estaduais de todo o País revisassem as casas de diversões e de espetáculos, mandando interditar, na semana seguinte, quase 500 estabelecimentos por irregularidades e falta de condições de segurança? Precisou tragédia de tamanha extensão para que políticos – ah, nossos políticos! – se interessassem ao menos um pouco pelos interesses de quem os elegeu, propondo legislação mais atual e rigorosa para locais de grande concentração humana, seja fechados ou abertos?
Culpados? Talvez, todos nós!
Certamente os há. No caso de S. Maria, segundo até aqui apurado, são quatro: os proprietários da boate que estavam menos preocupados com segurança e mais preocupados com o lucro, permitindo superlotação, sem medidas de segurança minimamente confiáveis – revestimentos acústicos de qualidade, saídas de emergência suficientes e com boa vazão, luzes de indicação, etc; os músicos, que não mediram as consequências ao queimar fogos de artifício em espaço cujo teto estava revestido de espuma comburente e altamente tóxica; a prefeitura local e o Corpo de Bombeiros, que liberaram o espaço. Mas culpados podemos também ser todos nós, brasileiros, que, em certa medida, não reagimos, perdemos a capacidade de indignação diante de descalabros de cada dia. Fazemos vista grossa para os desmandos de nossos mandantes e políticos. Toleramos – quando também não fazemos igual – as pequenas transgressões do nosso cotidiano, como falar ao telefone celular na direção, ver o produto vencido no balcão do supermercado e ‘deixamos assim’, atravessar a rua fora da faixa de segurança, atirar o papel do bombom ou o toco de cigarro pela janela do automóvel, passar o sinal fechado se não tiver guarda de trânsito, dobrar em esquina urbana em que não devemos, andar acima da velocidade permitida se tivermos certeza de que não há radar. Somos todos nós, que ‘queremos levar vantagem em tudo’. É por isso que pactuamos com a negligência, com o não cumprimento da lei, com a corrupção...
O que estava errado na boate
Alguém já disse que o homem e suas negligências estão na origem de quase todos os acidentes. Por isso, passado o jogo de empurra-empurra dos primeiros dias, entre Prefeitura e Corpo de Bombeiros, a desculpa da fatalidade para a tragédia de S. Maria não faz mais sentido. Hoje se tem certeza que houve uma sucessão de erros, como em quase todos os desastres: a Kiss, com 615 metros quadrados de área, tinha apenas uma porta de saída, mal sinalizada e difícil de ser encontrada na escuridão; a saída era
Andreas Krappweis/sxc.hu
um labirinto; não havia rotas de fuga para o caso de uma emergência; a casa tinha capacidade para menos de mil pessoas e havia mais de 1,5 mil na trágica festa; as janelas dos banheiros para onde dezenas de vítimas correram estavam trancadas com tábuas por fora; os seguranças tentaram impedir a saída dos jovens, num primeiro momento, cobrando as comandas de consumo; fogos pirotécnicos usados em ambiente fechado, com isolamento acústico feito de material inflamável; extintor de incêndio não funcionando e outros não acionados; sem sistema de som para alertar sobre incêndio; sem luzes de emergência para indicar a saída.
Para não acontecer de novo
O clamor da sociedade quer mais seriedade, mais rigor e menos impunidade e tolerância dos poderes públicos e da justiça para que esses estabelecimentos possam funcionar. Deseja-se que essa postura não seja apenas reação de momento e, tão logo passe o trauma, a memória curta tupiniquim faça retornar o desleixo. Até aqui, todos os alertas e providências convergem para casas noturnas e suas particularidades. A pedagogia da dor e da desgraça deve ensinar muito mais. A lição da tragédia na boate deveria fazer-nos refletir sobre perigos que podem estar nos rondando no dia a dia. E não contar apenas com a sorte, achar que a coisa ruim só acontece com os outros. Por isso, pergunta-se, o edifício em que moramos ou em que veraneamos tem plano de prevenção contra incêndio, há luz de emergência nos corredores e escadarias, há portas corta-fogo, a porta principal do prédio abre-se para o lado de fora, os extintores de incêndio estão em dia, funcionam, alguém sabe usá-los se for necessário e sabe que existem extintores diferentes para cada tipo de fogo? O lugar em que trabalhamos é seguro contra acidentes, contra incêndios? Ou também é uma ratoeira? E o restaurante em que almoçamos durante a semana ou para onde levamos a família no fim de semana conta com suficientes alternativas de segurança? Ou é apenas uma porta de garagem ou porão? O clube em que confraternizamos é seguro? E a igreja em que cumprimos nosso dever semanal tem saídas laterais, conta com portas largas na entrada, tem plano de emergência em caso de algum imprevisto?
Leitor assinante Ao receber o doc, renove a assinatura: é presente para sua família. No Banrisul, a renovação pode ser feita mesmo após o vencimento. E se não receber o jornal, reclame, trata-se de serviço terceirizado. Fones: (51) 3211.2314 e (51) 30.93.3029.