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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, março de 2013 - 2a quinzena

Ano XVIII - Edição N o 630 - R$ 2,00

O melhor papa: Servo dos servos, ontem, hoje e sempre! A profética renúncia de Bento XVI certamente incomodou muita gente. Mas também edificou crianças, jovens e adultos, homens e mulheres de todo mundo pelo seu gesto retilíneo e coerente com seu lema ‘colaborador da verdade’. Quando esta edição do Solidário chegar ao leitor, certamente já teremos um sucessor escolhido pelos 115 cardeais eleitores. E que Papa a Igreja precisa hoje? Um santo? Sim! Um sábio teólogo? Sim! Um homem sensível e atento aos sinais dos tempos? Com toda certeza! Um legítimo pastor de almas? É o que o mundo espera! Mas todas essas virtudes e predicados de pouco adiantarão se não for alguém completamente disposto a servir. Ser servo dos servos. Servir a Igreja com todas as suas energias e capacidades. Só assim, mesmo com eventuais equívocos, se justificará a Instituição criada para levar o projeto de Jesus, anunciado nos Evangelhos, aos quatro cantos da terra.

http://gosaomiguel.wordpress.com

Projetos sociais na própria Universidade, no Hospital S. Lucas e em mais de 100 organizações sociais da Capital, Viamão e Alvorada. É a frente de solidariedade a que várias centenas de jovens universitários, professores e técnicos da instituição aderem todos os anos, atendendo crianças, adolescentes, adultos, famílias, idosos e portadores de necessidades especiais em vulnerabilidade social. Inscrições para adesão estão abertas no Centro de Pastoral e Solidariedade da Universidade. www.pucrs.br/ voluntariado

A gente não tropeça nos grandes obstáculos, mas são as pequenas pedras que nos fazem cair. (Antônio Mesquita Galvão)

Páginas 2 (Editorial), 4 (Opinião), 9 (Espaço Livre), centrais e contracapa

Festa da Divina Misericórdia “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados”. (Lc 6,36-37) Jesus reafirma a misericórdia de Deus e convida a confiarmos nela e a imitarmos. A II Festa da Divina Misericórdia tem programação especial na Catedral Metropolitana de P. Alegre, dia 7 de abril próximo. Mais detalhes na próxima edição. São os votos da direção e funcionários do jornal Solidário a todos os assinantes, amigos, colaboradores e seus familiares. P. Alegre, março de 2013

Voluntariado na PUCRS

A nova cartilha de Dom Dadeus Grings Página 11

Uma boa relação marital Página 3

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RTIGOS

Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Editorial

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

Antes e depois de Bento XVI

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ste é um momento de graça da Igreja. A profética renúncia ao papado de Bento XVI coloca este Papa alemão entre os maiores papas da história. Sem exagero, pode-se dizer que a história da Igreja se dividirá, de certa forma, entre antes dele e depois dele. Ao quebrar o paradigma da perpetuidade da missão papal, como se a perpetuidade fosse um dogma sagrado, Bento XVI sinaliza um novo tempo: daqui para frente o Papa terá o direito de, olhando para sua condição humana, chegar à conclusão de não ter mais as condições necessárias para o posto e abdicar, digna e tranquilamente, em paz com a própria consciência. No fato de assumir os riscos de uma tal decisão e enfrentar, com altivez de ânimo e livre coração, as reações que, ele sabia, haveriam de acontecer, está a grandeza de Bento XVI. Deverá ter doído muito no coração do Papa ter de ouvir, de um colega cardeal, a afirmação categórica, carregada de decepção pela abdicação de que “da cruz não se desce”. Para quem olha com fé para o episódio pode ver nele uma reedição da palavra de João Batista, ao referir-se a Jesus: “Importa que ele cresça, e eu desapareça”. Sem dúvida, no gesto profundamente humano de Bento XVI a Igreja ganhou em humanidade. E o próprio Papa, em algum momento, afirmou uma verdade que, por vezes, fica escondida, quando não esquecida: “Quem dirige a barca da Igreja não sou eu, é Ele, o Senhor Jesus; eu sou apenas um servidor mais da Igreja de Cristo”. Também neste sentido, a renúncia de Bento XVI trouxe um saudável choque para muitos cristãoscatólicos que endeusam a figura do Papa e perdem o foco em Jesus, o filho de Maria na história, o Cristo do Pai pela fé. Agora, todos somos convidados a acompanhar o conclave que vai eleger o sucessor de Bento XVI. Falase muito, especula-se muito, afirma-se demais. Até cartazes aparecem, com a imagem de algum cardeal, incitando os cardeais a elegerem tal ou qual candidato. É óbvio que a eleição do Papa vai passar pelas mentes e pelos corações dos cardeais eleitores que têm suas próprias convicções e suas próprias tendências. É bom e útil rezar, sim, mas não acreditar que uma eleição para Papa é obra quase mágica do Espírito Santo. Rezar, sim, para que o Espírito do Senhor Jesus ilumine as mentes e os corações dos cardeais para que elejam aquela pessoa que, neste tempo histórico, tenha as melhores condições de estar à frente da Igreja de Jesus Cristo. Alguém que tenha mente de teólogo, para ser uma verdadeira presença do Deus, Pai de Jesus Cristo; alma de artista, para ser uma presença alegre, viva, estimulante, que aponte para o lado bom e belo da vida e das pessoas e, finalmente, um coração de pastor que está, como Jesus, no meio da gente para servir a toda a gente. Um pastor que conhece e chama as ovelhas por seu nome... (attilio@livrariareus.com.br)

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

Março de 2013 - 2a quinzena

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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As conquistas humanas

a idade adulta somos, em grande parte, o que nós nos fizemos ser. Construímos nossa vida pela opção fundamental e pelas escolhas diárias. Tivemos um tempo de formação, quando se investiu muito em nós, desde a família à escola, desde a Igreja à sociedade. Não fomos, porém, apenas argila nas mãos do oleiro. Também, e principalmente, nós nos dispusemos a acolher, ou não, os ensinamentos. Esforçamo-nos para ser alguém na vida.

Não vamos discutir se a formação que nós, que agora somos idosos, recebemos, era melhor ou pior do que a que se ministra hoje. Era, como necessariamente deveria ter sido, diferente. Os tempos mudam. E se não mudassem, não contribuiriam em nada. Seria apenas repetição do mesmo. Nenhum progresso! A velhice, que hoje vivemos, resulta da preparação que tivemos e que fizemos. Qual será a velhice dos que, hoje, são jovens ou crianças? Depende deles e de seus formadores. Em qualquer hipótese, será diferente. Encontram-se em outro contexto, com outros recursos. O acervo patrimonial, não só material, mas principalmente cultural, será muito maior, talvez não para cada um pessoalmente, mas para a humanidade. Diariamente se fazem novas descobertas e se pesquisam novos campos, que, em linha de princípio, deverão facilitar ainda mais a vida humana, prolongá-la em cada indivíduo e proporcionar novos recursos. Haverá muitas surpresas. A geração dos que hoje são idosos tem um passado muito rico de mudanças e inovações. Chegou a ter sobressaltos. Aconteceram coisas que jamais se imaginara e outras que pareciam sonhos irrealizáveis. O campo mais afetado foi o das comunicações. Acostumamo-nos tanto ao rádio e à televisão, que parece sempre terem existido. Mas, quando se aventou a hipótese da televisão, parecia algo totalmente utópico. O projeto da ida à lua era simplesmente ridicularizado. A descoberta da eletricidade revolu-

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

cionou a vida humana quase tanto quanto a posse do fogo. O automóvel, o avião, o trem encurtaram as distâncias e criaram uma civilização que já se está saturando em menos de um século. Vale a pena ler os episódios que acompanharam as primeiras viagens do automóvel! A informática criou um sexto continente, sem ocupar espaço algum. A matéria perde cotação, deixando de sobressalto e no vazio os que se diziam materialistas. Já dera golpe fatal nos que adotavam o materialismo a descoberta da composição atômica, reduzindo a matéria à energia. O mundo, por assim dizer, espiritualizou-se. Os produtos, a partir da informática, valem pelo trabalho humano, e não pela matéria. Requer-se, consequentemente, cada vez maior especialização e investimento na formação humana. Nesse sentido, o homem, mais que antigamente, se faz a si mesmo e se valoriza, ou também se desvaloriza. É mais ou menos como aconteceu com a matéria. Não vale por aquilo que é, mas por aquilo que se fez e é capaz de fazer. Não por nada muitos se viciam em internet. Grudam nela, incapazes de viver, pensar e ser, sem ela ou fora dela. Criam assim um novo modo de ser, que se pode qualificar de internauta. Entramos, decididamente, no mundo que nós mesmos criamos, confirmando sermos mais filhos da cultura que da natureza. Trata-se de um mundo espiritualizado, muitas vezes apenas virtual. Daí a pergunta crucial sobre a realização neste contexto, ou seja, pergunta-se sobre o que é ser real ou tornar-se real hoje.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

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OCIEDADE

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Uma boa relação marital? Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

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s relações, quer sejam amorosas, sexuais ou de amizade, são importantes para todo mundo. Mas é preciso alimentálas para que sejam permanentes, e isso nunca é fácil. Manter uma relação viva, saudável e prazerosa, requer seguir certas regras básicas. Estas diretrizes, por mais que sejam as mesmas, precisam ser trazidas à memória com frequência, pois é destes aparentemente fáceis esforços que a relação se nutre.

Para início de conversa, você e ele(ela) não podem ter divergências básicas e demasiadas. Devem coincidir no que diz respeito a caráter, valores e relacionamentos com os outros. Lembre-se que vocês formam uma equipe: cada um com ideias próprias, fraquezas e pontos fortes. As diferenças não são uma fraqueza, antes, são uma força: vocês se completam. As diferenças, evidentemente, devem ser respeitadas, e os sentimentos negativos mantidos sob controle. Problemas precisam ser dissipados sem esperar. Frequentemente encontram-se feridas na origem de uma ruptura: proteger-se está bem, impedir o outro de ter acesso ao que somos é um erro.

Divulgação

É fundamental que você nunca confunda sexo e amor. Relações sexuais regulares não significam necessariamente que esta pessoa te ama. Se o sexo é bom, a comunicação é melhor. Comunique-se sempre, procure saber quais são os desejos e necessidades do outro, e seja clara a este respeito. Dissimular não é boa ideia. A fala é nosso grande instrumento. Fale! Supor não é suficiente. Você deve negociar, disputar, analisar: os problemas, as diferenças, mas também os hobbies prediletos, ou mesmo o que cada um gosta de comer. É desta maneira que vocês criam um laço entre vocês. Sabendo disso, faça excelente uso da palavra, ela pode sanar ou destruir. Nada mais confortador do que a ternura, a amabilidade. Sempre. Sempre. Escute verdadeiramente as preocupações e as queixas de seu companheiro, sem condená-lo. Isto deixa a porta aberta para a confiança. Experimente colocar-se em seu lugar. Trabalhe a intimidade, já que ninguém fica próximo do outro naturalmente. As pessoas se afastam com o tempo e sem intimidade uma história não pode durar. Uma boa relação é um processo sem fim, que não pode continuar se não lhe prestamos muita atenção.

Aprenda a pedir perdão, se não aprendeu quando criança, treine agora. Nunca vá dormir "brigada", resolva a disputa antes. Se a noite traz o conselho, ela também pode fazer perdurar situações que são inconvenientes. Pense que quem deve tomar a iniciativa é você. E faça jus à sua idade, seja adulta. Não fique de mal, ou sem falar, ou dormindo no sofá. Pergunte-se : Quantos anos tenho, afinal ? Enriqueça a relação, incorporando novos elementos. Novidades são essenciais para manter ativo qualquer sistema. Não, não é possível manter uma relação saudável sem introduzir surpresas, isto a qualquer idade. Tenha sempre em mente que o amor não é todo branco, nem todo preto. Não

é sim ou não, antes é uma continuidade, sobre a qual deslizamos, movendo-nos para cá e para lá, conforme nossas determiações e esforços. Tranquilidade e paz são necessárias, mas a inquietação que nos move, tirando-nos da inércia, propicia a evolução.


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PINIÃO

Quando pendurar as chuteiras?

O momento de parar Carmelita Marroni Abruzzi

Marcos Morita

Professora universitária e jornalista

Mestre em Administração de Empresas*

notícia sobre a renúncia do Papa Bento XVI provocou análises, comentários e muitas especulações, principalmente sobre o que teria motivado sua decisão. Não sei. Possivelmente, várias poderão ser as causas desta decisão inédita, que não ocorria há muitos séculos. Mas, com certeza, uma das que deve ter pesado bastante, está a relacionada com as limitações que a idade nos impõe.

renúncia do Papa Bento XVI trouxe à tona um dilema vivido por executivos e empresários nos últimos tempos: qual a hora certa de pendurar as chuteiras? A maior expectativa aliada à melhoria na qualidade de vida, fez com que senhores e senhoras na faixa dos 60 ou mais, ainda sintam-se totalmente aptos e capazes para fixar objetivos, liderar equipes, cumprir metas, conquistar novos mercados, viajar e enfrentar longas e extenuantes jornadas de trabalho.

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Para muitos de nós, torna-se difícil aceitar essas limitações, principalmente quando estamos em pleno vigor de nossas faculdades intelectuais e nos sentimos bem fisicamente. Entretanto, reconhecer o momento de parar requer reflexão e muita sabedoria, sabedoria para parar quando ainda podemos deixar uma imagem do que fomos durante o exercício de nossa profissão. É triste ver pessoas que se apegam a cargos e funções e, aos poucos, vão perdendo aquelas características que tanto as distinguiram como profissionais capacitados. A posição de um papa, com tudo o que ele significa para a Igreja e para o mundo, é diferente. Porém, o Papa como pessoa é um ser humano, que sofre com doenças e restrições da idade, nem sempre pode manter o ritmo e atender aos compromissos que se espera de uma pessoa no exercício de um cargo de chefe de Estado e da Igreja no mundo. Além disso, é preciso enfrentar uma série de questões complexas que hoje se avolumam e exigem uma resposta, um posicionamento da Igreja e do Papa, como representante de Cristo na terra. E essa resposta supõe muitas horas de trabalho e esforço, por vezes além das forças de “alguém fisicamente debilitado”. Mais cedo ou mais tarde o dilema de parar se imporá a todos nós. Há especialistas e obras ensinando como se deve parar, o que se deve fazer, todos destacam a importância de a gente se preparar para esse momento. Dicas teóricas são muito fáceis, na prática cada caso é um caso. Há quem se aposenta cedo, aproveitando possibilidades. Da legislação: talvez tenham trabalhado pensando apenas na aposentadoria. Há os que “amam” seu trabalho, o que ele proporciona: sentem-se “gente” e valorizados; não querem parar. Há os que precisam trabalhar mais por “n” razões. Enfim, não há “receitas” e para cada um haverá o momento, que se espera, seja o acertado. É preciso encontrar a hora em que voluntariamente paramos, antes que circunstâncias, nem sempre agradáveis, nos façam parar. E lembrar que, afinal, não somos insubstituíveis! Parar de trabalhar, porém, não significa parar de viver, trata-se de deixar para trás uma etapa valiosa de nossa vida, enquanto outra se abre à nossa frente, na qual se pode descortinar um horizonte ainda muito rico em que um leque de oportunidades se abre à nossa frente: o colorido desse horizonte dependerá das escolhas que soubermos fazer ou que fizemos. (litamar@ ig.com.br)

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O segundo grupo, composto pelos empresários, em geral têm maior autonomia. À frente de seus negócios, criados ou herdados, tornam-se uma espécie de lenda viva na organização, mesmo que já tenham passado o bastão para a próxima geração. Antônio Ermírio de Moraes e Abílio Diniz fazem ou fizeram parte deste grupo. Já os executivos têm contra si os estatutos e regulamentos das empresas, os quais fixam a idade máxima para se aposentar. Quem conviveu anos ou décadas com secretárias, motoristas, combustível pago, planos de saúde de primeira linha e um cartão de visitas que abria portas e convites, tornar-se um simples mortal do dia para a noite pode ser um forte baque caso não esteja preparado. Ir ao banco, ao correio, revisar o carro, consertar o computador e anotar os recados, podem ser tarefas interessantes nas primeiras semanas. Comparo a carreira de um executivo ao ciclo de vida de um produto, composto por quatro fases: introdução, crescimento, maturidade e declínio, o qual tem se tornado cada vez mais curto, face às inovações, tecnologias, globalização, competitividade e consumismo. Já se foi o tempo em que fogões e geladeiras duravam décadas na cozinha de nossas mães. Hoje compramos um computador, smartphone, eletrodoméstico ou veículo, já sabendo que em alguns meses ou anos estarão ultrapassados, seja em design ou desempenho. As carreiras inexoravelmente seguirão o mesmo movimento, onde cabelos brancos e óculos para presbiopia, também conhecida como vista cansada, deixarão de ser sinônimo de experiência adquirida,

adquirindo conotações negativas. Neste cenário de maior expectativa de vida e menor tempo útil como profissional, desenvolver uma nova ocupação tornase essencial aos profissionais precavidos e cientes de que diferentemente do veículo Gol, não poderão renovar-se eternamente em novas versões para se manterem no mercado. Acredito que não haja uma hora mais correta ou adequada para se pensar no assunto, porém deixá-la para a fase do declínio pode não ser uma boa estratégia, haja vista que alguns projetos consomem anos para tornarem-se realidade ou prover um retorno financeiro satisfatório, caso não consiga viver com as reservas acumuladas durante o período como executivo. Abrir um negócio, tornar-se consultor, conselheiro ou professor são atividades que requerem preparo e dedicação prévia. Talvez uma boa estratégia seja aproveitar os últimos anos em que esteja na empresa, seja ou não por vontade própria, para começar a colocar seu plano B em prática. O contracheque garantido no final do mês e a rede de relacionamentos podem ajudá-lo a planejar a transição com mais calma, esteja sozinho ou com o acompanhamento de um mentor. Ter uma nova atividade ou carreira certamente ajudará na perda do sobrenome corporativo, seja por aposentadoria ou demissão de profissionais seniores, comum em épocas de redução de custos. Bento XVI ensinou com a humildade de seu ato que devemos saber a hora de parar, assim como somos senhores de nosso destino, mesmo que este seja a clausura. (http://www.marcosmorita.com.br/)

O poder é um múnus e não um privilégio João Carlos Nedel

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Vereador

ento XVI surpreendeu a Igreja e o mundo, por renunciar ao poder. Renunciando ao papado, renunciou, assim, ao comando supremo da Igreja Católica. Renunciou à infalibilidade em questões de fé. Renunciou ao poder sobre o maior conjunto de pessoas do mundo. Deixou de ser, de fato e de direito, o homem mais poderoso do mundo. Deixo de lado as razões que levaram Bento XVI a tal decisão. Muito se está discutindo a respeito e muito ainda se vai discutir. O que pretendo ressaltar, aqui, é o significado verdadeiro do Poder, assim com letra maiúscula, que é claramente perceptível e está perfeitamente demonstrado na atitude do Papa. Bento XVI nos ensinou que o Poder não é uma condição pessoal, que possamos usar ao nosso livre talante. Tampouco é uma força irrestrita que seu detentor possa empregar para subjugar os corpos, as mentes os espíritos das pessoas. E, incontestavelmente, o Poder não é infinito, nem inextinguível. Compare-se a decisão do Papa com a insistência de alguns governantes mundiais (Cuba e Venezuela, por exemplo), em se manterem ou em voltarem ao

Poder, mesmo não conservando mais as condições físicas – às vezes até mentais – para o pleno exercício dos encargos em que implica o Poder. Ao contrário do poder humano, cujos detentores sempre lutam para nunca perdê-lo, o poder na Igreja Católica é só o de servir, impondo a quem esteja no lugar de Pedro a disponibilidade total, pois o poder não é um bônus, mas um ônus, carregado de responsabilidade e dedicação. oooOooo O Poder é um trabalho e não uma condição de destaque. O Poder é uma missão e não um objetivo. O Poder é um múnus e não um privilégio. É uma lição que todos deveríamos aprender.

Outras opiniões sobre o Papa na página 9


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DUCAÇÃO &

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SICOLOGIA

O Grande Pedagogo Jorge La Rosa Professor universitário, doutor em Psicologia

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edagogo é um educador. Há os que fazem o curso de Pedagogia e se habilitam, através de diploma, a exercer a função tanto em escolas de ensino formal como em empresas cujo objetivo prioritário não é o ensino, mas a produção de bens, sua comercialização ou prestação de serviços. Nestes casos, o pedagogo é o especialista na arte de ensinar o indivíduo a melhor exercer a atividade específica da qual está ou será investido. Trata-se de expert na arte de ensinar, para promover aprendizagens. Em sentido genérico, somos pedagogos Benjamin Earwicker/sxc.hu enquanto ensinamos bons hábitos aos filhos e influenciamos, por palavras e ações, o modo de pensar, sentir e agir das pessoas com que nos relacionamos. Somos educadores dos outros, e somos por eles educados: é caminho de mão dupla. As mídias são, também, pedagogas enquanto disseminam conhecimentos e promovem a construção de uma sociedade mais justa e solidária. São antipedagogas quando fazem o contrário, assim como as pessoas.

O Pedagogo maior

A história da humanidade e da pedagogia relata as contribuições significativas de célebres educadores: desde Sócrates, na antiga Grécia, com sua Maiêutica, até Paulo Freire, brasileiro, mundialmente reconhecido, com legado importantíssimo. O texto, reconhecendo a valiosa contribuição dos pedagogos, volta-se especificamente para o Grande Pedagogo, Deus. Ele ensina através das circunstâncias de vida, de pessoas que se entrecruzam conosco, de sua palavra na Escritura, através da comunidade eclesial, da natureza. Ele age no coração.

Educação para o amor

Ele é artista e sábio. Sua sagacidade é instigante: o jovem adulto sente-se vitalmente atraído pelo outro sexo, os hormônios à flor da pele, a paixão irrompe, avassaladora. Tudo conspira para o acasalamento, que se concretiza. A lua de mel, a festa, as alegrias e prazeres do casal recém constituído, um período bonito. Aos poucos, o Senhor vai preparando o casal para o acolhimento dos filhos, eles chegam e com eles a exigência do cuidado, do desprendimento, da dedicação à prole. O amor do casal, fecundo, se espraia para a prole. O tempo passa, os filhos crescem, preparam-se para a vida, saem do ninho. O casal volta a ser casal. A meia idade vem chegando, após, a terceira idade: o vigor físico diminui, os hormônios escasseiam, mas o amor do casal aumenta em comprometimento e responsabilidade, em cuidado e reciprocidade; são companheiros inseparáveis, seu amor é reflexo e testemunho do amor de Deus. É a evolução do amor. Quem está atrás desse processo e metamorfose?

Caminhando para o amanhã

Outra aprendizagem importante é que somos para o amanhã. Isso não quer dizer que o passado não é importante, mas já não pode ser modificado, cristalizou-se. Podemos mudar o olhar que o vislumbra, e, por consequência, novo sentimento é gestado pela nova perspectiva. O presente está em nossas mãos e é nele que construímos nossa vida, realizamos projetos, cultivamos afetos. Mas o presente é fugidio, no momento que penso nele, já é passado. O presente torna-se extenso quando considero um período de tempo: hoje, este ano, esta década. Gostaríamos de eternizar momentos felizes, mas a experiência é que tudo passa: caminhamos para o futuro, inexoravelmente; não nos detemos no aqui e agora, como, às vezes, gostaríamos; não há retorno. Somos impelidos para o futuro, que nos acena, e nos interpela. Aqui, ainda é Ele que assim nos constituiu, e nos espera, de braços abertos, qual Pai afetuoso, no portal de sua casa, para o abraço definitivo, para o hoje eternizado, para o presente, enfim, cristalizado. O Amanhã terá chegado! Os momentos felizes já não passarão. Trata-se de aprendizagem que o Grande Pedagogo nos proporciona, e no seu bojo gesta a esperança.

Além dos laços de sangue

Nunca se enfatizará suficientemente o valor da família, e sua importância na vida do indivíduo. É aí que comumente inicia sua vida, aí é socializado, os valores são aprendidos, afetos construídos. Sem família, difícil a humanização. A família e sua importância não estão em causa. Mas, à medida que o tempo passa e a maturidade vai chegando, o olhar do sujeito se estende para além dos laços de sangue; ele começa a se preocupar com o bem da comunidade, de sua cidade, de seu país, da humanidade. Sente-se membro da família humana. Seu horizonte se amplia, seu labor tem por objetivo construir uma vida melhor para todos, além das ideologias e laços de sangue: torna-se responsável não só pela família sanguínea, mas pela humanidade, para cujo bem trabalha incessantemente. Eis outro horizonte que o Grande Pedagogo vai proporcionando gradativamente aos seus filhos, ao longo da vida, preparando-os para o Dia da ceifa. Graças sejam dadas!


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EMA EM FOCO

Março de 2013 - 2a quinzena

As lições da renúncia

esde 11 de fevereiro último, todas as atenções estão voltadas para o menor país da terra onde está sediada a matriz da maior organização religiosa do mundo. Nas proximidades da Praça de S. Pedro, no Vaticano, que tem apenas 44 hectares – um pouco mais que o Parque Farroupilha, em Porto Alegre, com 38 hectares – se instalaram equipes de jornalistas de todo mundo ocidental. Primeiro, para acompanhar as duas últimas semanas de papado de Bento XVI, que deixou vacante a diocese de Roma e o mando da Igreja, em 28 de fevereiro. E, a partir de então, para acompanhar o desenrolar do processo de sucessão papal que deve estar encerrado até 31 de março, Domingo de Páscoa. Duas perguntas são os temas principais de suas pautas: por que Bento XVI renunciou e quem será seu sucessor?

Só os fortes renunciam ao poder

Papa Emérito é agora o título do Cardeal Joseph Ratzinger. Já não mais o veremos com o Anel do Pescador e as vestes brancas. O que o teria levado a essa inesperada e inédita decisão de renunciar ao cargo? Teria sido mais cômodo não renunciar? Talvez! Só os muito fortes renunciam ao poder e, assim, se tornam realmente humanos, pois, reconhecendo seus limites, mostram que nada se perde de essencial na vida ao abrir mão do poder. Seu gesto fascinou, mesmo àqueles que não são filiados à Igreja Católica. E, de alguma maneira, mexeu e abalou a rotina de uma instituição duas vezes milenar. Criou-se um vazio muito promissor que convida à responsabilidade individual. Bento XVI mostra, de forma contundente, que a Igreja é maior que os eventuais cargos. E que o Cristianismo é maior que a sua estrutura de poder temporal, que é serviço – ao menos deveria ser – cuja única missão única é fazer chegar a Boa Nova aos quatro cantos da terra. E que essa Boa Nova trazida por Jesus de Nazaré atravessará séculos e milênios, com ou sem Vaticano.

Intelectual em sociedade do espetáculo

“A Bento XVI tocou um dos períodos mais difíceis que o cristianismo enfrentou em seus mais de 2.000 anos de história”, escreve Mário Vargas Llosa, comentando a renúncia do Papa. “Bento XVI não era um homem carismático, nem de tribuna, como Karol Wojtyla. Era um homem de biblioteca e de cátedra, de reflexão e de estudo. Seguramente, um dos Pontífices mais inteligentes e cultos que teve a Igreja Católica em toda sua história. Numa época em que as ideias e as razões importam muito menos que as imagens e os gestos, Joseph Ratzinger era já um anacronismo, pois pertencia ao mais conspícuo de uma espécie em extinção: o intelectual. Refletia com profundidade e originalidade apoiado em enorme informação teológica, filosófica, histórica e literária, adquirida na dezena de idiomas clássicos e modernos que dominava, entre eles, o latim, o grego e o hebraico.”

Águas agitadas

Em seu último discurso, Bento XVI disse que enfrentou “águas agitadas e vento contrário. O Senhor nos deu muitos dias de sol e ligeira brisa, dias nos quais a pesca foi abundante. Mas também, momentos nos quais as águas estiveram muito agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja... E o Senhor pareceria dormir”. Disse também que sua renúncia foi decidida “não para seu bem pessoal, mas para o bem da Igreja. Amar a Igreja significa também ter a valentia de tomar decisões difíceis tendo sempre presente o bem da Igreja e não o de si próprio”.

Por que renunciou?

É a pergunta que não quer calar. E, talvez, só terá a resposta completa ao longo da história. A mídia e os denominados ‘vaticanistas’ especulam por que apenas a notícia com tempero provoca curiosidade e atrai o

‘consumidor’. E, por isso, pode tender ao sensacionalismo. Por que ele renunciou? A versão oficial de falta de saúde e forças alegadas por Bento XVI é indesmentível pelas imagens fartamente exibidas. O cansaço de Ratzinger era visível. Mas fontes próximas ao Vaticano afirmam que essa exaustão não é apenas por causa da sua saúde e sim a disputa de poder que marcou seus últimos meses no trono que o impediu de aplicar a tolerância zero prometida quando tomou posse. Ele mesmo reconheceu recentemente “quanta sujeira há na Igreja!” E, durante a missa, na Quarta-Feira de Cinzas, Bento XVI conclamou a que os seguidores de Cristo deveriam mostrar o verdadeiro rosto da Igreja, reconhecendo que muitas vezes essa face “aparece desfigurada por pecados. Penso em particular nos atentados contra a unidade da Igreja e nas divisões no corpo eclesial”, asseverou, durante a homilia na Basílica de São Pedro, denunciando também “a hipocrisia religiosa, as atitudes que buscam aplauso e aprovação”. E pediu a superação de “individualismos e rivalidades”.

Semeadores de confusão

É como o jesuíta Pe. Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, denominou, indiretamente, alguns fatos divulgados, embora reconhecendo que “a renúncia foi uma mensagem à Cúria, mas também a todos nós”. Mas também, várias vezes, rebateu o que denominou de “a desinformação e, inclusive, as calúnias”, sobre possíveis intrigas na cúpula da Santa Sé e a existência do chamado “lobby gay” publicadas na imprensa. “Há quem tenta aproveitar o movimento de surpresa e desorientação, após o anúncio de que o Papa Bento XVI abandonará seu cargo, para semear a confusão e desprestigiar a Igreja. Aqueles que apenas pensam em dinheiro, sexo e poder, e estão acostumados a ver as diversas realidades com estes critérios, não são capazes de ver outra coisa, nem sequer na Igreja, porque seu olhar não sabe dirigir-se para cima ou descer com profundidade nas motivações espirituais da existência”, disse ele após uma das últimas aparições do Papa.

Semana da Paixão

Estaria a Igreja (re)vivendo sua via-sacra? O gesto da humildade de Bento e reconhecimento de suas limitações humanas imitaria o gesto de Jesus no Lava-pés? Alguma possível traição interna na intrincada e engessada estrutura institucional e a traição de Judas no Horto das Oliveiras? O sofrimento visível do Papa e da igreja como um todo e a coroação de espinhos, os açoites e o caminho ao Gólgota? Uma coisa é certa: nos 2013 anos de história, muitas vezes o barco de Pedro balançou em mar revolto e muitos acharam que a Igreja acabaria. Todos os que assim pensaram ou desejaram, já morreram. E a Igreja continua firme. E não será dessa vez. Espera-se – todos esperamos – que esse interregno de inquietação, dúvidas e incertezas culmine com o resplandecer da Ressurreição e a

eleição serena de um chefe supremo da Igreja.


Março de 2013 - 2a quinzena http://padrepauloricardo.org/blog

A S ÇÃO

OLIDÁRIA

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Crise da cultura ocidental Para o capuchinho Frei Luiz Carlos Susin, professor de Teologia da PUC/RS, é inegável a crise que vive a Instituição “Ela é reflexo de uma crise de cultura do ocidente onde a Igreja tem presença mais acentuada. De modo geral, todas as instituições religiosas históricas estão em crise. O mesmo se observa em instituições leigas, políticas, ongs, etc.” Solidário - Essa crise refere-se à legitimidade das instituições, em geral? Susin – Exatamente! Essa é uma das pontas, a meu ver. É uma crise que alguns chamaram de crise de fundamentos, isto é, falta de clareza sobre quais fundamentos legitimam as instituições. No caso do cristianismo, a origem onde se fundamenta a Igreja é o Novo Testamento-NT, a vida e história de Jesus, o Evangelho. S - E o que foi acrescido depois? Susin - É evidente também que o que temos hoje tem muito a ver com o foi acrescido e que tem muito pouco a ver com o Novo Testamento: só se explica pela história da Igreja e não pelas fontes. E como a Igreja é uma instituição tão grande, tão longa no tempo e tão espalhada – e, portanto, abrigando tanta diversidade – é mais difícil a todos perceberem essa legitimidade que está ligada sempre às raízes. A Igreja construiuse em cima de um projeto de Jesus, em cima do NT. Não se pode entender a legitimidade do Papa sem primeiro ter clareza sobre quem é Pedro e sua missão. Isto está na origem. S - A cultura do ocidente dificulta a compreensão dessa legitimidade? Susin - Há muita dificuldade em perceber essa legitimidade, sobretudo nos tempos Luiz Carlos Susin modernos e com a carga cultural do ocidente, que é outra ponta do processo. Essa cultura pesa muito naquelas instituições que guardam muito a tradição. Faço um paralelo oportuno: na Igreja Anglicana, praticamente aconteceu um racha por causa do episcopado para mulheres. E, mais ainda, por causa da questão da homossexualidade – casamentos homossexuais,

ministros homossexuais com companheiros. Essa discussão foi levada a uma situação extrema. Mas são temas da modernidade, da ciência, dos direitos humanos, e que pendem para uma mesma direção. Mas nas tradições das igrejas não é bem assim. E isso começa a pesar. Começa a fazer água na instituição.

Crise de fé

S - E a Igreja ao se confrontar com essa cultura? Susin - O que falei acima se refere apenas à ética, bioética, família. Mas o que dá curto-circuito é o confronto dessa busca de fundamento da legitimidade lá nas origens com a ciência. Não a ciência em sentido de ciências exatas. Mas na pesquisa das ciências sociais. A gente escuta a ciência. E a ciência escuta nossas interrogações. Não se tem toda a verdade. Não se tem respostas já prontas. Claro que não se pode abolir os 10 mandamentos, ou o Evangelho de Jesus. Mas hoje há estudos sérios sobre a formação de textos, estudos histórico-críticos, estudos linguísticos, estudos arqueológicos, religiões comparadas, estudos da literatura em torno da mitologia, etc ... que mostram que o acesso que nós temos às fontes são também acessos sobre as quais a ciência tem algo a dizer. E as ciências modificam a nossa percepção sobre as fontes. O mundo de hoje dá uma nova versão sobre as fontes e, ao aceitar que isso é verdade, – porque a ciência mostra que é verdade – acabamos modificando a maneira de interpretar as próprias fontes onde se busca a legitimidade. Isso tem um peso dos dois lados. E esse é um problema que, nas entrelinhas, a gente podia perceber que Bento XVI vinha mostrando. Ele percebeu claramente que hoje a grande questão é a fé, antes ainda das instituições, antes ainda de questões internas, antes ainda das políticas internas da Igreja Católica. Está difícil no mundo ter-se uma fé tranquila, sem perturbações... a fé está tremendamente perturbada – como ele disse naquele texto da renúncia – por essas ondas todas levantadas pela área da ciência e, junto com a ciência, dos direitos humanos.

Quem perde e quem ganha com a renúncia Frei Susin defende uma atitude positiva em relação à renúncia de Bento XVI, “o que já não é o caso dos tradicionalistas que andaram pedindo que ele voltasse atrás”. S - Por que essa resistência? Susin – Essas correntes não suportam porque tem uma visão sacral do papa, ao estilo dos monarcas pré-modernos, em que o poder vem de Deus. Em que a pessoa é ungida com o poder que é sagrado. E, portanto, sem possibilidade de separar a função da pessoa. Separar a função da pessoa é uma atitude moderna. Essa ideia da sacralidade faz com que não haja um ministério que não provenha de uma espécie de ontologia. Traduzindo: é a figura mesma da pessoa que muda substancialmente para ser outra pessoa. Isso há em relação a padre, em relação a bispo, embora com o Vaticano II os bispos já foram colocados numa situação em que precisam deixar o cargo com certa idade – 75 anos – para se tornarem bispos eméritos. Talvez a figura do bispo ficou mais moderna que a figura do padre. E agora temos também a figura do Papa como emérito: a pessoa física, Josef Ratzinger, filho da mãe dele lá na Baviera, deixa esse corpo de Papa e reassume somente o corpo dele sem ser Papa. Isto é, ele se 'dessacraliza'. S - Deixa de ser 'eterno'? Susin - Deixa de existir o elo. Com a renúncia, afirma-se que esse elo é provisório, possível de ser interrompido, ou por afastamento, deposição ou renúncia. Isso é um salto da pré-modenidade para a modernidade, em termos de cultura do ocidente. E que atinge no seu coração toda essa questão de uma visão de igreja demasiada sacral. E isso choca correntes mais fundamentalistas. Veem nisso uma perda, pois estavam se segurando na sacralidade da figura. Por essa visão de

sacralidade, o Papa tem que 'morrer na cruz', ficar até o fim, como foi afirmado por integrantes dessas correntes. E na mesma direção vai a infalibilidade no imaginário que se prende na sacralidade da pessoa. O que funciona no imaginário religioso é o simbólico. Na verdade, o dogma da infalibilidade é muitissimo restrito. Mas, de novo, aqui não é uma questão de racionalidade dogmática que não funciona no imaginário religioso e que vê na figura papal o símbolo da infalibilidade. 'Ele falou é Deus quem fala pela boca do Papa. Era infalível e agora deixa de ser infalível'? Isso mexe com toda uma cultura. S - E quem ganha? Susin - Além do gesto de humildade de Raztinzer, vejo nisso também uma transcendência enorme e que superou todos os gestos dos oito anos de papado dele. Na sacralidade, a pessoa física fica anulada por essa pessoa sagrada. O Papa Razinger fez essa distinção que, a meu ver, foi possibilitada pelo Vaticano II, que previu a renúncia dos bispos ao atingir certa idade. E logo se fez a pergunta se isso também não deveria valer para o Papa, embora, do jeito que está organizada a hierarquia, o Papa pode mandar os bispos renunciar... mas quem é que pode mandar o Papa renunciar? S- Consequências futuras? Susin - A renúncia do Bento foi totalmente livre, espontânea. Cria-se uma nova jurisprudência que vai repercutir no futuro. Será muito mais difícil para os papas do futuro quererem ir até o fim se não há mais condições. Haverá pressão porque o ministério, o cargo em si, precisa de certas habilidades que uma pessoa com muita idade ou muito doente não consegue ter. Ganha a Igreja, pois deu-se um passo na direção de uma certa razoabilidade para a boa função dessa missão.


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ABER VIVER

Estresse

Não limpe os ouvidos com cotonetes. Pode machucar! bomjardimnoticias.com

não é fenômeno moderno

Como podemos ver na história de Marta e Maria, no evangelho de Lucas, estresse não é um fenômeno moderno. É inerente à psique humana sentir que, às vezes, não podemos suportar. A vida se torna muito para nós, nos sentimos isolados e desesperados. Relativo É claro que o estresse é relativo. O estresse de uma pessoa é a diversão de outra. Talvez por causa da adrenalina ou pela necessidade natural de superar nossos limites, um atleta ou uma executiva acham divertido se colocarem em situações estressantes. Outros buscam uma vida

rotineira e se contentam com o conforto de suas já conhecidas qualidades. O estresse bom é diferente da aflição. A criatividade raramente flui sem algum grau de estresse. No entanto, muito dele sufoca o espírito. E não é só uma questão de temperamento. A força interior da psique tem altos e baixos. E o que nós conseguimos controlar num dia parece que nos domina por completo em outro. O elemento necessário, muitas vezes ausente quando a vida se torna muita rápida e furiosa, é o bom julgamento e a autoconsciência. “Que eu me conheça a mim

Eduardo V. Pinto - 24/03 João M. C. Pompeu - 28/03 Pe. Pedro Alberto Kunrath - 28/03 Edmundo C. Marques - 29/03 Vanir Perin - 30/03

mesmo para que eu possa te conhecer”, era a oração de Santo Agostinho – um santo e administrador estressado, pelo que indica sua incansável composição literária. Nós todos precisamos saber quando nosso estresse está alcançando a zona vermelha, precisamos saber quando pedir ajuda e quando parar. De onde vem esse autocontrole e autoconhecimento. A pressão arterial e outros indicadores mensuráveis podem ajudar. Técnicas e programas podem ser úteis. Mas autoconhecimento surge de um nível de consciência intuitivo. Todos tem isto, mas nem todos conseguiram abertura para isso. O paradoxo é que a sabedoria natural e espontânea que nos permite ajustar nossa performance para as forças interiores e exteriores que estão em constante mudança, é o fruto da disciplina. Muito do estilo de vida moderno causa estresse. E tão pouco da nossa cultura ou dos nossos hábitos são disciplinados. Resultados limitados Enquanto pensarmos na meditação primeiramente como uma técnica de redução do estresse, teremos resultados limitados. Mudanças maiores e mais profundas virão quando entendermos a meditação como uma disciplina.

Lesões da pele do conduto auditivo, da membrana timpânica e até dos ossículos dos ouvidos podem comprometer a audição, até mesmo de maneira definitiva, diz especialista O orifício de nossos ouvidos, cujo nome correto é conduto auditivo externo, não deve ser limpo com cotonetes. O uso de hastes flexíveis de plástico com algodões nas pontas pode machucar o órgão. Além disso, ao invés de limparmos totalmente o canal do ouvido, estamos na verdade fazendo com o cotonete apenas uma limpeza parcial, pois o resto de cerume que não é retirado vai se acumulando e com o tempo chega a obstruir totalmente

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o canal auditivo, causando uma diminuição importante da audição. O alerta é do médico otorrinolaringologista Marcelo Toledo Piza, SP. “O que ocorre é que muitas vezes traumas pequenos na pele do conduto auditivo levam a inflamações e infecções que causam dor e muitas vezes pus, dificultando a limpeza e causando diminuição da audição. O médico revela que são comuns acidentes graves nos ouvidos, principalmente durante a infância, com o uso de cotonetes, lápis, tampas de caneta, gravetos e até clipes. “Há casos inclusive de pessoas que durante a limpeza dos ouvidos se distraem com alguma coisa e deixam o cotonete no ouvido. Esse esquecimento é lembrado depois de maneira dolorosa e perigosa quando, por exemplo, a pessoa atende o telefone”. O especialista lembra que as pessoas não têm ideia do perigo que correm com essa limpeza inadequada. “Lesões da pele do conduto, da membrana timpânica e às vezes até dos ossículos que temos dentro de nossos ouvidos podem causar problemas como perfurações da membrana e fraturas dos próprios ossículos, que podem comprometer a audição, até mesmo de maneira definitiva”. Não tenha medo de ficar com o ouvido sujo. Quando há cera visível, podemos retirá-la com a ajuda de uma toalha úmida; e para manter a higiene, basta lavar com água e esfregar atrás da orelha e as curvinhas durante o banho. Mas se já há suspeitas de problemas para ouvir, o melhor é procurar um médico otorrinolaringologista. É ele quem vai examinar, diagnosticar o grau e o tipo de perda auditiva e qual a melhor solução. Muitas vezes o uso do aparelho auditivo resolve o problema e é essencial para que o indivíduo resgate sua autoestima. Depois do diagnóstico do médico, cabe aos fonoaudiólogos indicar qual tipo e modelo de aparelho são indicados para atender às necessidades do deficiente auditivo.


progressista ou conservador?

P: Qual é o antônimo de fumo? R: Vortemo. xxx P: Como um elétron atende o telefone? R: Próton! xxx P: Por que o jacaré tirou o jacarezinho da escola ? R: Porque ele reptil. xxx P: Qual é o fim da picada? R: Quando o pernilongo vai embora. xxx P: Por que o Batman colocou o Batmóvel no seguro? R: Por que ele tem medo que Robin. xxx P: Qual o nome do pai da Malú Mader? R: Malú Fader. xxx - Sabe qual a diferença entre a lagoa e a padaria? - Na lagoa há sapo e na padaria assa pão. xxx

Roberto Kerber

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O novo Papa deve ser

Humor

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SPAÇO LIVRE

Diácono permanente – Arquidiocese de P. Alegre

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renúncia do Papa Bento XVI não requer explicações ou especulações, nos basta apenas saber que é canonicamente válida e não seria diferente. O Papa, quando renúncia, o faz de público, como o fez para a Igreja, pois não tem a quem entregar sua renúncia. O gesto de Bento XVI, entretanto, reaviva uma questão presente a cada conclave para a escolha de um Papa. Uma especulação absolutamente desnecessária: será progressista ou conservador? Progressista, mal interpretado como novo, atualizado, evoluído, em sintonia com os progressos da sociedade moderna. E conservador, da mesma forma como, retrogrado, velho, anacrônico, atrasado, etc. Baseados em meros achismos, vão os que ignoram o assunto Igreja e sua missão, assim como, surpreendentemente, clérigos e membros da hierarquia que já erraram e muito, especialmente no Brasil quando idolatram e apoiam políticos, notoriamente inimigos da pregação de Cristo e da Santa Igreja. Haja vista as propostas destes para uma sociedade “moderna e evoluída", como, por exemplo, as diversas distorções de modelos de “família”, ou o assassinato de fetos pela própria mãe, pelo direito de decisão (de quem?). A distorção sobre a “opção” sexual de nossos filhos com o famigerado kit gay, (para corrigir, certamente, o que Deus fez de errado). Um Papa progressista, numa visão embaçada, seria aquele quem deveria aceitá-las. O Papa deve ser progressista e conservador, simultaneamente. Progressista, na comunicação teológica e nas mídias, para melhor cumprir a missão da Igreja deixada pelo próprio Cristo – Ide, pois, e ensinai a todas as nações... Tal qual João Paulo II fez com os jovens em suas jornadas mundiais. Ou como Bento XVI nas redes sociais. Conservador, sempre, como pastor de uma Igreja que tem por dever de ofício apostólico o fidei depositum. Portanto, não há como o Papa não ser conservador diante da responsabilidade do ministério petrino. Ao invocar um Papa “progressista”, talvez o que queiram é transformar a Igreja Católica em um lugar comum. Sem o compromisso pessoal com a Lei de Deus e com o próximo, sem o peso de verdades que nos pese a consciência. Seria como canta o sambista: – deixa a vida me levar... Querer que o Papa aceite propostas contrárias aos valores evangélicos explícitos nas Sagradas Escrituras, fonte primaz da teologia e formação Cristã, ou ignorá-los simplesmente, é a mais gritante e eloquente incoerência. Assim fosse, perderia a sua apostolicidade e não há necessidade de um ocupante na cátedra de Pedro, e nessa condição, neutraliza a sua catolicidade ou sua universalidade. Esquecem, ou ignoram totalmente, que a Igreja tem a assistência permanente e eficaz do Espírito Santo. Pois que, se exclusivamente humana fosse, já não existiria mais há muito. Daí a desnecessária preocupação com quem será eleito o novo Bispo de Roma.

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Lutas indígenas e presentes

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ia 30 de novembro de 2012, Evo Morales, presidente da Bolívia, anunciou a construção de um museu dedicado às lutas indígenas e à guarda de seus presentes. O local escolhido foi a cidade de Orinoca, situada 350 Km. ao sul de La Paz, capital do país. ”Por que Orinoca?”, poderiam indagar aqueles que não conhecem a Bolívia. O esclarecimento procurado seria de que Orinoca, povoado do Departamento de Oruro, de 1,6 mil habitantes, foi onde nasceu em 26 de outubro de 1959 o aimará Juan Evo Morales, o primeiro indígena a presidir a Bolívia, reeleito em 2009 para um mandato de cinco anos. Em Orinoca, com a ajuda da iniciativa privada, Morales investirá 50 milhões de bolivianos (US$7,2 milhões ou R$15 milhões),para a construção do prédio onde funcionará o museu. “O museu será histórico, inédito, alguns dizem que será o maior de toda a América do Sul”, declarou o presidente. A edificação é dividida em três módulos construídos na forma de um animal de importância ancestral para os povos indígenas andinos: um tatu, um puma e uma lhama. No módulo do tatu, haverá um templo andino, um auditório e exposições temporárias. No módulo do puma, o perfil da cabeça, uma exposição permanente, apresentará objetos que, acompanhados por textos, divulgarão a história do país, um dos mais pobres da América do Sul. No módulo da lhama, haverá uma exposição sobre a vida e a carreira política de Evo Morales e os presentes recebidos pelo presidente eleito em 2006. A obra fará parte de um complexo do qual constarão uma estrada, um estádio e um teatro, que já foram construídos em Orinoca. Para a oposição boliviana, não se justifica a criação de um museu em Orinoca, quando o país, encravado no centro-oeste do continente sul-americano, sofre com grandes dificuldades e não possui saída para o mar, que perdeu para o Chile na Guerra do Pacifico. Evo Morales, contudo, segue na construção do museu, que pretende, irá imortalizá-lo. (geralda.alves@ufrgs.br).

Obrigado, Santo Padre Bento XVI Dom Orlando Brandes

O Papa Bento não olhou para si, mas, para a Igreja e a nobreza de abrir as portas do coração e dizer: “Tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministéPapa Bento XVI renunciou ao seu rio que me foi confiado”. Fazer tal declaração é testemunhar cargo conforme as leis canônicas. transparência, coerência, responsabilidade. Este gesto foi um Fez isso para o bem da Igreja. To- grande e inaudito, audaz e profético, ato de amor à Igreja. Creio que a cruz mais pesada foi a de abdicar do que a de davia, um sentimento de orfandade paira permanecer no cargo. Exatamente no dia mundial dos doentes no ar. O Papa se despede como fez o velho o Papa Bento XVI surpreendeu o mundo falando que seu vigor Simeão no Templo. Lembramos do que Je- “quer do corpo, quer de ânimo”, está diminuindo. Portanto, sus diz a Pedro: “Quando fores velho, es- o Papa não está fugindo, pelo contrário, está assumindo sua tenderás as tuas mãos e outro te cingirá e real situação. Diz a moral católica: “ao impossível ninguém te levará para onde não queres” (Jo 21,18). é obrigado”. Além de profundamente humano, o Santo Padre declara Já em 2010, no livro “Luz do Mundo” o Papa escreveu: ter fé na Divina Providência que conduz a Igreja. É bom “quando um Papa tenha a clara percepção de que física, psí- lembrar o que diz Paulo Apóstolo: “na fraqueza se manifesta quica e espiritualmente, já não consegue levar a cabo a missão a força de Deus”. O Bento XVI mostrou-se um homem livre, do seu cargo, tem o direito, e em determinadas circunstancias pois, a verdade está acima da aprovação pública, da simpatia, também, o dever de se retirar”. (cf pg 39). Saber sair de cena do sucesso pessoal. Deu um testemunho da verdade e da liberdepois de ter servido a Deus, à Igreja e ao mundo, é um gesto dade. Ele, que escreveu tanto sobre a “teologia do pequeno”, de humildade e coragem. Saber descentralizar-se, relativizar- do Deus que se abreviou, se compendiou, se fez pequeno, se e dar o lugar para o outro, é uma preclara confissão de se fez criança e experimentou a impotência na estrebaria de conhecimento de si, de simplicidade, de realismo, de lucidez Belém e no Gólgata. Vemos no Papa a espiritualidade dos e de gratuidade. “pobres de Javé”. Arcebispo de Londrina

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Sua atitude nos leva a refletir sobre nossos apegos, nossa dificuldade em deixar o poder, nossa mania de não darmos lugar para os outros, nossa permanência nos cargos, a centralização de nós mesmos. É louvável ser sincero e verdadeiro, nada esconder, não viver de aparências. Como seria bom acabar o carreirismo na sociedade e na Igreja. Confessar nossas limitações, fragilidades, incapacidades é sinal de maturidade interior, de sensibilidade humana e de tremenda humildade. Falar nossos sentimentos não é nada fácil. Corremos o risco de ser mal interpretados e até explorados. Ele escreveu que o primado de Roma é também “o primado do martírio”, mas que sentia uma “sinfonia de confortos” através das cartas, orações, presentes, visitas e palavras consoladoras de milhares de pessoas. O martírio do amor dura mais longamente que o do derramamento de sangue. Bento XVI escreveu sobre o “martírio da ridicularização” pelo qual passa hoje a Igreja. Ele que passou por tantas oposições, críticas, incompreensões, ,foi sempre seguro e gentil, forte e cordial, fiel e bondoso, sábio e santo, mestre e amigo, orante e trabalhador, ilustre e simples, teólogo e missionário, importante e simples. Obrigado por tanta sabedoria e tanta ternura. Obrigado por tudo e perdão pelos sofrimentos que lhe causamos. Abençoai-nos e rezai por nós.


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GREJA &

COMUNIDADE

Solidário Litúrgico 24 de março - Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor Cor: vermelha

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Na Bênção de Ramos: Lucas (Lc) 19,28-

1a leitura: Livro de Isaias (Is) 50,4-7 Salmo: 21(22),8-9.17-18a.19-20.23-24 (+ 2a) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Filipenses (Fl) 2,6-11 Evangelho: Lucas (Lc) 22,14-23,56 ou, abrev.: 23,1-49 Comentário: Iniciamos, neste domingo, a Semana Santa. A liturgia traz dois textos evangélicos contrapostos: primeiro, a festiva e alegre entrada de Jesus em Jerusalém e, logo, o relato da sua paixão e morte. Facilmente muitos cristãos-católicos “escorregam” para o lado folclórico desta festividade, centralizando tudo na bênção e procissão dos ramos, ramos esses que serão levados para as casas e servirão, eventualmente, para serem queimados em honra de Santa Bárbara em dias de tempestades... E fica em segundo plano ou nem sequer é lembrado o que é central neste domingo: Jesus é rei, sim, um rei com poder e majestade; contudo, não um rei que oprime e explora, mas um rei que está no meio da gente, simples, humilde, “montado num jumento popular”, como amigo

que acolhe e companheiro que estimula os que o seguem. E, mesmo entre aplausos e vivas, ele não esquece que logo mais terá de enfrentar os poderosos da terra e levar seu projeto de um mundo justo, de amor solidário e de paz até suas últimas consequências. E a consequência última é a condenação injusta e a humilhante morte de cruz. Jesus rejeita o poder que oprime e explora, rejeita a pompa que cria diferenças entre as pessoas: os que podem mais e exibem, orgulhosos, sua superioridade sobre os que não têm poder nem nada para mostrar para o “grande público”. Jesus é o pobre de Javé cujo único poder é o serviço do amor solidário. Num mundo e num tempo em que o poder e a pompa são endeusados, cabe lembrar o gesto profético e digno de Bento XVI, renunciando ao poder papal e à pompa vaticana para ser um simples e humilde servidor da Igreja de Jesus Cristo. E cabe uma pergunta para todos nós: o Jesus no qual acreditamos, é o Jesus bíblico, rei que serve a pobres e oprimidos e nos chama à conversão do coração para sermos, como ele, discípulos missionários de um tempo melhor para todos!?

31 de março - Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor Cor: branca

1a leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 10,34a.37-43 Salmo: 117(118),1-2.16ab-17,22-23 (R/.24) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Colossenses (Cl) 3,1-4 Evangelho: João (Jo) 20,1-9 (Missas vespertinas) Lc 24,13-35 Comentário: Neste domingo celebramos a principal e mais importante festa cristã. Não é o Natal, não é Pentecostes, não são as muitas festas de Nossa Senhora ou dos padroeiros locais; a principal e mais importante festa cristã é a festa da Páscoa ou da ressurreição do Senhor Jesus. Contudo, a certeza da ressurreição de Jesus não é referendada por sinais externos, fatos maravilhosos ou espetaculares, nem mesmo pelo túmulo vazio; a festa da ressurreição ganha sua força central e é vista somente com os olhos da fé. Por serem mais “intuitivas” e, geralmente, olharem o mundo e a vida mais “com os olhos do coração” do que com a razão, são as mulheres as primeiras e privilegiadas testemunhas da ressurreição. Para crer é preciso “ver com o coração”. Não é um raciocínio lógico que leva à fé mas uma

adesão interior do coração. O Evangelho nos fala dos dois discípulos que, alertados pelas mulheres, correm para o túmulo e querem constatar a veracidade do que as mulheres afirmam. São dois, os discípulos: Pedro e o “misterioso” discípulo amado. Os estudiosos dos textos bíblicos acreditam não tratar-se de João, como afirmam algumas interpretações e, sim, um dos muitos discípulos anônimos que acreditavam e seguiam Jesus. E que, possivelmente, por não terem tido tanta experiência presencial de Jesus, intuíam que ali estava alguém maior do que o filho de Maria e José, do que o carpinteiro de Nazaré. Neste sentido, o discípulo amado da manhã da Páscoa representa todos aqueles e aquelas que, sem terem conhecido Jesus, o “experimentam” em sua vida, o vêem com os olhos do coração e assumem o projeto de Jesus como seu projeto de fé e de vida. E num mundo de violência, de guerras, de exploração e corrupção, de ódios e retaliações, se tornam sua presença de paz, de perdão, de amor e de bem. São sinais vivos do Cristo vivo, ressuscitado e no meio da gente. (attilio@livrariareus.com.br)

Março de 2013 - 2a quinzena

Catequese Para obter a “disciplina” no grupo de catequizandos É CHAVE ▒ A competência e a coerência do catequista é a chave de sucesso para que no grupo haja disciplina. FLASH ▒ Num clima de indisciplina é impossível fazer uma boa catequese. ▒ Na catequese, como na escola, os problemas de disciplina hoje são uma realidade que tem muitas causas. ▒ O catequista necessita de experiência para saber detectar as causas da indisciplina no grupo e para acertar na maneira de abordar os membros mais difíceis. ▒ O grupo, no seu conjunto, possui um sentido especial para “intuir” os aspectos mais frágeis do animador e “aproveitar” essas fragilidades. SUGESTÕES ▒ A tranquilidade do animador é muito importante nos momentos em que no grupo acontece algo de especial. Se o grupo percebe que “alguma coisa” desconcerta o animador, já sabe por onde entrar e fazê-lo desestabilizar-se. ▒ O diálogo é a melhor arma para consertar o que acontece no grupo. Há momentos em que o diálogo não bastará e o melhor será fazer gestos com muito poucas palavras. ▒ As ameaças, os insultos, as palavras que atentam contra a dignidade da pessoa costumam produzir precisamente os efeitos contrários aos que eram pretendidos. ▒ É bom utilizar frases e palavras um pouco misteriosas, que deixam uma interrogação, que abrem a algo que não é imediatamente claro, que suscitam a pergunta: Que quererá dizer? ▒ O carinho verdadeiro ao grupo e a cada pessoa do grupo é o melhor remédio. Carinho não é deixar fazer o que cada um quer, mas sim, entender a vida do grupo, de cada elemento do grupo e gostar verdadeiramente deles. O amor leva à entrega. ▒ Tão importante ou mais que os “nãos” são os “sins”, as felicitações, as palavras pessoais “ditas ao ouvido”.

PARA MEDITAR “Eu não preciso de tatuagens para mostrar que sou jovem, ou para provar que sou moderna e estou atualizada. Minhas tatuagens não aparecem na superfície da pele porque estão gravadas na alma e no coração e não há idade que as apague”. “A velhice é a idade da essência e não da circunstância. Cheguei à maturidade porque: • Tenho uma escala de valores • Tenho moral e respeito as regras • Sei o que significa gratidão e respeito • Não me deixo seduzir por amores passageiros • Tenho brilho no olhar” Professora Nayr Tesser


Março de 2013 - 2a quinzena

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SPAÇO DA

Dom Dadeus apresenta sua nova cartilha: "Os desafios do Concílio Vaticano II" Aos 76 anos, o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, é dono de uma intensa produção intelectual. O resultado disso é a publicação de 28 livros, além de outras 20 cartilhas. A Cartilha mais recente foi publicada no início de 2013. Trata-se da obra “Os desafios do Concílio Vaticano II – Cartilha da Fé Conciliar”. A nova obra foi publicada pela editora Padre Reus e conta com 14 capítulos, distribuídos em 80 páginas. O arcebispo destaca que a Cartilha é lançada no mesmo momento em que os Católicos, convocados pelo Papa Emérito Bento XVI, vivem o Ano da Fé e também celebram o Jubileu de Ouro do Concílio Vaticano II e os 20 anos da promulgação do Catecismo da Igreja Católica. Com isso, a publicação quer auxiliar cada leitor a entender melhor este momento oportuno para reavivar a fé, e a compreender de forma aprofundada os temas propostos pelo Concílio Vaticano II. Entre outros pontos, a Cartilha aborda temas como Ano da Fé; os 50 Anos do Concílio Vaticano II; a Evangelização Cristã; Os Papas dos últimos Concílios; a Igreja no Concílio Vaticano II; os presbíteros da Igreja; o desafio do ecumenismo; mudança do ecumenismo atual; emergências educativas – a centralidade da pessoa, a religião na escola, a identidade da escola católica, o ensino superior católico e a Igreja no Mundo Contemporâneo. Dom Dadeus Grings aborda estes temas Concílio Vaticano II com a propriedade de quem viveu toda a movimentação deste importante tempo de renovação para a Igreja. Na época do Concílio, o então Pe. Dadeus estava em Roma e acompanhou de perto este momento. Pedagógico, o metropolita também provoca os leitores de sua obra. A exemplo do que fez em suas publicações passadas, ao final de cada capítulo, são propostas três perguntas para reflexões. Essa metodologia é muito utilizada para compreensão pessoal ou mesmo para o estudo em grupos. Confira a entrevista: PASCOM – O senhor começa o ano de 2013 com essa cartilha. “Os desafios do Concílio Vaticano II – Cartilha da Fé Conciliar”. De onde veio a inspiração para essa produção? Dom Dadeus Grings: O que se quer ver é a recepção do Concílio Vaticano II. Já faz 50 anos e, agora, fazemos um levantamento: como foi o Concílio nestes 50 anos? O que ele trouxe de bom? O que falta colocar em prática? Por isso, fiz um apanhado, uma vez que eu estive em Roma no tempo do Concílio, acompanhei todo este tempo do Concílio até hoje. Vendo a importância deste evento quero mostrar quanta coisa ainda falta para colocar em prática. Muitos não conhecem suficientemente ainda os espírito do Concílio, nem os 16 documentos produzidos. Neste sentido, esta Cartilha quer abrir para esta grande dimensão: tornar mais conhecido o Concílio e sua problemática. PASCOM - O senhor coloca alguns problemas que ainda não foram totalmente assimilados. Dentre estes, qual o senhor coloca como urgente para a Igreja? Dom Dadeus Grings: Continuamente a renovação da Igreja. O Concílio não quer uma nova Igreja, mas voltar a Igreja na sua autenticidade, na sua essência. Tem surgido muito escrito sobre isso e o que nos falta hoje é aquele espírito do Concílio,

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RQUIDIOCESE

como por exemplo, o ardor. O Papa falava em uma Nova Evangelização, então, nós temos que renovar o ardor, os métodos, as expressões e, isso, o Concílio tentou fazer. Muitas vezes se diz que o Concílio quis fazer confusão. Não! O Concílio antecipou a Igreja para os grandes problemas que surgiriam depois: toda sua secularização, os problemas da laicização das coisas e isso dificultou muito a vivencia cristã e o afastamento da religião. Isso aconteceria muito mais grave se a Igreja não tivesse se preparado. Ou seja, a Igreja se preparou, todos trabalharam em conjunto a Igreja no mundo toda, para ver quais eram os problemas mais candentes naquela época, e que tentou resolver. Hoje, nós queremos colocar o Concílio em prática e ainda não se conseguiu plenamente. Queremos ter este espírito, esta inserção na modernidade, olhando o mundo de hoje como ele está, e o que a Igreja pode fazer neste mundo. PASCOM: Percebe-se, pelo sumário de sua obra, que o senhor perpassa várias áreas: escolas, presbíteros, ecumenismo. Trata-se de uma obra referência para todas as áreas da Igreja? Dom Dadeus Grings: O Concílio foi sobre a Igreja, ou seja, a Igreja olhada para dentro e para fora. São três diálogos que a Igreja propõe desde o Concílio que deve ser incentivado: primeiro o diálogo interno, dos membros da Igreja - todo mundo parar participar e partilhar dessas ações da Igreja. O segundo diálogo é o ecumênico. Nós temos muitos irmãos separados, são de outras Igrejas e que não partilham a nossa fé igual, mas têm muita coisa em comum e por isso, o diálogo inter-religioso. Todas as religiões buscam Deus, então, o objetivo é o mesmo: É um só Deus, então vamos buscar a Deus. O terceiro diálogo é com o mundo. O mundo deve ser construído. É o grande campo dos leigos! Leigos para que esse mundo seja mais cristão, tenha mais paz, desenvolvimento, unidade. Ou seja, construir o mundo segundo a vontade de Deus.

Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre

Assinado convênio entre a FASC e a Mitra - Paróquia N. Sra. da Glória No dia 1º de março, foi firmado convênio entre a FASC (Fundação de Assistência Social e Cidadania) e a Paróquia Nossa Senhora da Glória, com o objetivo comum de executar os Serviços Assistenciais de Ação Continuada de Atenção ao Idoso. O presente convênio tem como objetivo viabilizar o atendimento mensal pela Paróquia de 50 idosos. O recurso será disponibilizado para pagamento de pessoal e encargos, alimentação, limpeza, higiene, material de construção, reformas, material elétrico, hidráulico, material didático, pedagógico e expediente, esporte e recreação, utensílios, tecidos e aviamentos, material permanente, entre outros. Estes recursos são de grande valia para o grupo de idosos que já se reúnem semanalmente na Paróquia. Estiveram presentes na assinatura do convênio o representante legal pela Entidade, Pe. Péricles Willian Corrêa, a responsável técnica assistente social da Mitra, Marta Bangel, e as coordenadoras do grupo de idosos, sras. Elba Martins e Ivone Martins. Imagens: Pascom

Mitra e FASC assinaram convênio para beneficiar idosos

CLJ do Vicariato de Porto Alegre realizou encontro com os representantes paroquiais No dia 3 de março, os representantes dos grupos paroquiais do Movimento CLJ do Vicariato de Porto Alegre se reuniram para um encontro no Centro Arquidiocesano de Pastoral. Participaram mais de 170 pessoas (jovens e casais de tios) reunidos em momentos de celebração, estudo, formação e partilha, objetivando a organização das atividades do movimento no ano de 2013, tendo em vista a JMJ.

RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2013 e o Familienkalender 2013 estão disponíveis para venda. Faça seu pedido na Livraria Padre Reus, em Porto Alegre. Adquira também na nossa filial, no Santuário Sagrado Coração de Jesus, em São Leopoldo. Fones: 51-3224.0250 e 51-3566.5086 livrariareus@livrariareus.com.br


Porto Alegre, março de 2013 - 2a quinzena

Perfil de Papa: servo dos servos "Todo aquele que quiser ser grande entre vós, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo" (Mateus, 20: 26-27). Servus servorum. Estar a serviço de seus irmãos bispos e de todo o povo de Deus. Com essa disposição e permanente ação, o sucessor de Bento XVI será verdadeiraramente um Papa, um pappas (πάππας), palavra carinhosa para pai, em grego, título utilizado desde o século III para o bispo de Roma como expressão de afeto e veneração e, a partir do século VI, com a conotação atual. Servo dos servos! Só assim, ele poderá realmente ser um construtor de ponte entre Deus e os homens, um pontifex - pontífice, título adotado desde o século XI para os papas. Servo dos servos. Só assim, a autoridade máxima do antigo Mons Vaticanus, colina do Vaticano, casa dos vates muito antes da Roma pré-cristã e onde S. Pedro foi martirizado e sepultado mais tarde, será na terra o digno representante do Filho do Carpinteiro de Nazaré. Só assim será um Vigário de Cristo e reconhecido como Pontifex Maximus - título empregado desde o século XV - por todos os seguidores da mensagem de Jesus. Servo dos servos: só assim exercerá de fato, a autoridade colegial de Papa e o ministério petrino.

Voto consciente?

Desde que Bento XVI foi morar em Castelgandolfo, os eleitores do próximo Papa começaram a se reunir no Vaticano para definir o perfil do 266o Papa. E para marcar a data da eleição feita em conclave, isto é, a portas fechadas. Podem votar todos os cardeais com menos de 80 anos. São 115. E, embora todos os católicos maiores de 35 anos possam, em tese, serem votados, é um dos cardeais eleitores o escolhido. Os prognósticos indicam que eles, os cardeais, darão preferência para um Papa "relativamente jovem" para guiar com energia a Barca de Pedro. Por jovem, consideram alguém entre 60 e 70 anos. O processo eleitoral vigente, há muito, tem sucitado interrogações dos católicos e dentro da própria hierarquia. Entre os questionamentos está a pouca representatividade de seus países ou de alguma igreja particular, pois foram escolhidos – os cardeais – pelo próprio Papa que deixa o cargo; muitos deles são funcionários da própria cúria romana; os restantes que vêm de países distantes, não têm condições de fazer um voto consciente porque não conhecem os candidatos, nem os seus programas e acabam votando por indicação de algum outro cardeal, que pode ser 'cabo eleitoral'. E o mais votado, embora toda a boa vontade dos cardeais, pode não ser o que a Igreja hoje precisa

e nem o que o povo de Deus espera. Ou ainda, alguém sem a suficiente força política para gerenciar o Vaticano. (Muitas vezes a máquina de governo, o sistema, impede a mudança. O Papa não tem condições para tomar as decisões necessárias).

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Coração de um pastor Teremos um Papa atual, ou será apenas uma simples mudança do ocupante do trono em que Jesus talvez hesitasse sentar pois cercado por tão imponentes vestes vermelhas? Muitíssimos são os desafios e preocupaçães pela frente: estagnação e perda no número de fiéis, especialmente no mundo ocidental (em 30 anos, somente no Brasil, 30 milhões de católicos deixaram a Igreja católica para aderir a igrejas ou movimentos pentecostais ou neo pentecostais); queda de vocações sacerdotais e religiosas; busca de transparência; necessidade inadiável de uma administração moderna, o que alguns chamam de 'economia da religião'; um novo passo do aggiornamento que João XXIII inaugurou há 50 anos e que parou no tempo; uma atualização a partir da escuta e interpretação dos sinais dos tempos e percepção de que o maior problema hoje não é, talvez, a migração de fiéis para outras filiações religiosas e sim o claro secularismo da humanidade, que ameaça todas as igrejas: descrentes e pessoas sem filiação a qualquer igreja, é o segmento de crescimento mais rápido no Brasil, abrangendo a 15 por cento da população, segundo recente censo. O fenômeno é semelhante ao que aconteceu na Europa e nos Estados Unidos; o que fazer para atrair os jovens e evitar sua rejeição sistemática ao atual modelo institucional, embora essa rejeição não signifique estarem abdicando da religiosidade? Por isso, espera-se e precisa-se de um Papa para toda a Igreja, que tenha visão, clareza e muita luz para indicar o caminho certo a trilhar. Que tenha a sabedoria de um teólogo, a alma de um músico e o coração de um pastor.

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"É necessário que o próximo Papa reforme e renove a Igreja. O sucessor de Bento XVI tem que ser capaz de executar as reformas e a renovação necessárias na Igreja. Temos que colocar ordem na própria casa do Papa". (Cardeal Cormac Murphy O'Connor, Inglaterra)

"O grande desafio da igreja hoje é a transmissão da fé às novas gerações. Essa transmissão tem que ser relevante, pertinente e compreensível.São necessários novos métodos e um novo ardor missionário. Enfim, a modernização.” (Dom Dimas Barbosa, arcebispo de Campo Grande, MT)

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"Roguemos a Deus para que dê à sua Igreja um pastor digno, que vele solícito sobre ela e sobre todos nós. O novo Papa já está no coração de Deus. Cabe aos eleitores descobri-lo". (Dom Hélio Adelar Rubert, bispo de Santa Maria, RS)

Leitor assinante Ao receber o doc, renove a assinatura: é presente para sua família. No Banrisul, a renovação pode ser feita mesmo após o vencimento. E se não receber o jornal, reclame, trata-se de serviço terceirizado. Fones: (51) 3211.2314 e (51) 30.93.3029.


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