IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS
Ano XVI - Edição No 569 - R$ 1,50
Porto Alegre, 1o a 15 de setembro de 2010
Divulgação
NESTA EDIÇÃO
Voz do
PASTOR A salvação cristã Página 2
Educação e Psicologia
Para se beneficiar da plasticidade do cérebro, a pessoa busca manter uma atitude aberta a novas experiências, novas idéias, que apelam à inteligência racional (hemisfério esquerdo) ou desafiando-se para viver novas e renovadas emoções, inteligência emocional (hemisfério direito) que resultam em novas aprendizagens. Página 5
Rede Nacional de Mobilização Social
Os valores na família estão em crise? Página 3
A Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria está preparando os detalhes finais para a cerimônia oficial, a ocorrer a 6 de novembro próximo, no Ginásio Gigantinho, em P. Alegre. Caravanas de todas as regiões do Brasil, de países da América do Sul e da África estão confirmando presença. Ao todo, 14 equipes estão envolvidas para o evento que é inédito na história de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Bárbara Maix atuou em Porto Alegre entre 1856 a 1870, cuidando de crianças abandonadas na Roda dos Expostos da Santa Casa, asilos e também dos feridos da guerra do Paraguai.
Inversamente de muitas iniciativas públicas, sujeitas à volubilidade das alternâncias do poder político, o COEP – Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida – mantém-se fiel aos seus princípios e objetivos originais. E, 17 anos depois de sua implantação, mobiliza também empresas privadas, ONGs, universidades, comunidades e pessoas de todos os estados brasileiros, constituindo braço solidário acima de partidos e governos. Página 7
Tema em foco
Família e Sociedade
Beatificação de Bárbara Maix
“Teremos perdido irreversivelmente confiança nos homens de vida pública e nos corredores do Congresso?” - Reflexão de J. Campos na página 6
"O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam."
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Arnold Toynbee
A
2 EDITORIAL
“C
A arte da política
omo está difícil fazer propaganda política... convencer as pessoas de que é importante votar! A desilusão é muito grande, especialmente entre os jovens”. Foi o que me disse, num desabafo sentido, o pai de um candidato a deputado, ele mesmo antigo político no cenário gaúcho e ex-deputado estadual. “São todos iguais, desonestos, corruptos, interesseiros,” é uma afirmação que se ouve amiúde e repetidamente, numa referência aos homens e mulheres que exercem cargos públicos e, agora, se apresentam como candidatos. É bem verdade que muitos políticos, em todas as instâncias, têm contribuído para este sentimento mais ou menos generalizado. Contudo, a generalização é sempre injusta, jogar todos na vala comum não corresponde à verdade: há muitos políticos honestos, mulheres e homens, que fazem do espaço político um lugar de serviço à sociedade. Que exercem a arte do bem comum, que é como se define a verdadeira política. E isso, muitas vezes, com extremo sacrifício pessoal, inclusive o de ver seu “A generalização é nome jogado nesta vala comum sempre injusta, jogar da desonestidade. Não é difícil todos na vala comum imaginar o sofrimento silencioso não corresponde à destes homens e mulheres, que têm verdade”. família, que tem relações de amizade, que são pessoas que vivem em sociedade. Aí a arte da política se transforma em verdadeira missão e a desclassificação de grande parte da população se transforma no seu calvário, na sua cruz, no seu martírio. Distinguir entre os bons e os maus políticos e votar naqueles que merecem o voto é exercer a cidadania e um ato de bem comum que beneficia a todos. Esta co-responsabilidade na gestão da “coisa pública” é enfatizada pelo professor Jorge Campos (PUCRS), que conclui seu ótimo artigo (página 6), dizendo: “Não podemos olhar nós próprios como se não fôssemos coadjuvantes comprometidos, cúmplices do jogo que assim, distraidamente, denunciamos como se a nossa única responsabilidade fosse a da denúncia fácil das palavras, disfarçando a alienação dos nossos gestos”. Herbert de Souza, o grande Betinho, irmão do Henfil, tem uma frase que sintetiza a co-responsabilidade que temos todos na condução da vida pública de nosso país, como sujeitos desta ação, não apenas como meros e alienados espectadores. A frase do Betinho: “Tudo o que acontece no mundo, seja no meu país, na minha cidade ou no meu bairro, acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida”. O sociólogo Betinho foi o inspirador de uma organização que se alastrou pelo país e, 17 anos depois da sua criação, reúne centenas de instituições, ONGs, empresas, universidades e pessoas numa rede nacional que tem como um dos objetivos centrais da sua atividade a extirpação de uma chaga deste país: a fome, a miséria, o analfabetismo crônico, a exclusão, consequência desta chaga social que nenhum governo, apesar de todas as mirabolantes promessas, conseguiu diminuir significativamente. É uma verdadeira rede de mobilização social, que envolve múltiplos segmentos da sociedade civil para possibilitar uma vida digna para todos os brasileiros. Isto é Evangelho vivo, uma Boa Nova para milhões de pessoas deste nosso Brasil, que ostenta, para vergonha nossa, o título de um dos países de maior desequilíbrio social e econômico do mundo. A brecha entre ricos e pobres/miseráveis é uma chaga que os novos mandatários deste país deverão enfrentar com coragem e decisão, para que mereçam o nome de políticos do bem e a consideração do povo brasileiro (página 7). (attilio@livrariareus.com.br)
Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36
Conselho Deliberativo
Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril
Voluntários Diretoria Executiva
Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj
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RTIGOS
A salvação cristã
A
s curas e a alimentação somente às ovelhas perdidas de - As curas que Cristo realiIsrael, e, de outro lado, garante que zou têm uma característica somente a fé dá vida. Deus é Pai de própria. Provocam, ao mesmo temtodos. Chora sobre Jerusalém. Suas po, medo e conflitos. Só se entenlágrimas, porém, não caem sobre as dem dentro do contexto judaico: vitórias dos imperadores, mas sobre Dom Dadeus Grings Jesus não só não exige pagamento as incoerências do povo de Israel, Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre por elas, contrariamente ao que se que mata os profetas e apedreja os praticava, mas viola também as enviados de Deus. normas religiosas, especialmente da segregação; cura em dia de sábado, contra a lei do descanso de Deus; O samaritano e o fariseu - Jesus inverte o sigdá o protagonismo ao enfermo em vez de privilegiar nificado das palavras, dando-lhes o um novo sentido, o taumaturgo; perdoa pecados, que poderiam ter dentro do contexto da salvação divina. Fariseu tinha causado a enfermidade; cura pessoas fora dos limites um sentido positivo, tido como exemplar na prática de sua “jurisdição”, como o endemoniado de Gerasa, judaica, totalmente consagrado à causa de Deus. Na o filho da cananeia, o servo do centurião... pregação de Jesus é apresentado como negativo, Em relação à comida Jesus também marca um de desautorização e de hipocrisia. Samaritano, ao contraste com as práticas judaicas: come com “gente contrário, era alguém malvisto. Em Jesus recebe o de má vida”; manda escolher os últimos lugares nos maior elogio, apontado como modelo de vida: “faze banquetes; é acusado de “comilão e beberrão”, não tu o mesmo”. Quando se fala de uma igreja samaporque o faça em excesso, mas porque o realiza com ritana não se quer significar a ruptura de Israel com “publicanos e pecadores”. As parábolas da miseri- o Cristianismo, mas apontar para a figura do bom córdia mostram, nestes sinais, a chegada do reino samaritano. Alguém, tido como herege, mostra o de Deus. outro lado da fé, pelo amor.
Voz do
PASTOR
Os de dentro e os de fora - Jesus, sem dúvida alguma, é judeu. Vive e se expressa nesta cultura. Constitui a melhor expressão e maior riqueza desta raça e cultura. Contudo, entra em choque com as práticas de seu povo, criticando acerbamente sua falta de fé. Chega a elogiar, em contraposição, a fé dos estranhos, como a do centurião romano e da mulher cananeia. Anuncia que virão do Oriente e do Ocidente os povos a sentar-se à mesa com Abraão, enquanto os filhos do reino ficarão de fora. Na verdade, quer aplicar aos de fora os mesmos privilégios dos de dentro. De um lado, Jesus afirma ter sido enviado
O seguimento e o conflito - Jesus suscita um movimento de discípulos e seguidores que revolucionaram o mundo, mas também provoca uma hostilidade que vai crescendo até sua eliminação como um dos piores malfeitores e se estende ao longo dos séculos. A reação contra Jesus foi liderada pelas autoridades religiosas e pela classe social mais avantajada, com a ajuda do poder político do império. Tinham tudo para prevalecer e tripudiar. Os discípulos de Jesus, ao contrário, não passam de gente humilde: pescadores, algum essênio, um publicano, um zelota, algumas mulheres...
A justiça de Deus Antônio Mesquita Galvão
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Doutor em Teologia Moral
ossa justiça humana, muitas vezes, é “justa” demais. Dividimos, de forma maniqueísta, os homens em bons e maus. Sem saber o que fazer, pedimos a Deus que intervenha, colocando ordem nas coisas, castigando depressa os que julgamos definitivamente perdidos. As leituras bíblicas revelam que a justiça de Deus é diferente da nossa. Para ele, ser justo é sinal de indulgência e mansidão. A justificação do homem, ensina São Paulo, ocorre por uma iniciativa gratuita de Deus. Ela cresce proporcionalmente à nossa aceitação cotidiana da vida da graça. Esta não é só o fruto de nossos pobres esforços, mas da presença do Espírito Santo em nós, porque em nossa miséria, nada podemos e temos que pedir ajuda pela oração. Mas não sabemos rezar: “Não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém”. Se fosse suficiente recitar fórmulas decoradas, seria fácil. Jesus ensinou que não adianta desperdiçar palavras como fazem os pagãos. Importa, ao orar, abrir-se ao sopro renovador do Espírito para intuir o que Deus quer de nós. A partir dessa consciência, podemos abrir os olhos e enxergar o que há ao nosso redor. O bem (o trigo) existe, mas a seu lado, notamos um mal (o joio), que cresce cada vez com
Conselho Editorial
Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer e Beatriz Adamatti
Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo
mais força. Bem e mal, fazem parte da perspectiva humana, e por isso devem conviver até a colheita. A linha que separa o bem do mal é tão tênue que se torna quase imperceptível, em alguns casos. É um engano dizer que o mal “está no mundo”. O mal está em nosso coração. Nós é que engendramos, a partir de nosso interior, todas as maldades. Com mais ou menos vigilância, nós o controlamos ou o deixamos agir. Santo Agostinho, sobre esse dualismo, chega a dizer que “em mim habita um santo e um bandido”. Nas atuais circunstâncias, se descesse “fogo do céu” como pedem alguns “menos avisados”, se queimaria, por certo, trigo e joio. Até no mais perverso dos homens, há em seu coração, junto com o joio, alguma coisa de trigo. Por que queimá-lo? “Calma”, diz o Senhor! No diálogo com o profeta Jonas, o Senhor afirma que a misericórdia deve estar acima de sua justiça. Deus não ama somente os bons. Ama a todos; também os maus. E nós? Por acaso, sentimo-nos no grupo dos “justos”, como que “obrigados” a viver em um mundo perverso? Não há em nosso legalismo um pouco (ou bastante) de hipocrisia? Nunca nos ocorreu o desejo fundamentalista de ver, um dia, a força de Deus detonar os projetos dos perversos e mandar pelos ares todos os ímpios, pecadores ou os que não pensam como nós?
Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS
Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul
Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.
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AMÍLIA &
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OCIEDADE
Crise de valores na família? Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e Família. Mestre em Psicologia
Q
uando se realizam congressos, ou outros grupos de estudo, tendo em vista debater questões sobre Família, ouve-se, infalivelmente, em tom de lamento: “O maior problema da família, hoje, é a perda dos valores”. E passa-se a elencar um sem número de valores “perdidos”: o respeito aos pais, a tolerância, o amor, a religião, a autoridade, o respeito à vida... Como resultado dessas discussões, parecem pouco evidentes as mudanças desejadas. Divulgação
Que se entende por valor?
É de se perguntar: como está sendo entendida a questão dos valores, na família? A impressão que temos é a de que os valores estão sendo tratados como se fossem um objeto que se herda ou se adquire, e que se guarda, ou se joga fora, ou se perde. Exagerando um pouco, seria como se você entrasse numa casa e aí encontrasse papai, mamãe, os filhos, o cachorrinho, os móveis e os valores (que hoje estão se perdendo). Na verdade, vamos perceber que não é assim. Dentro da família não existem os valores em si, mas eles aparecem nos comportamentos, nas “relações” entre os membros da família, e nas relações destes com Deus, com a natureza e com a sociedade. Se tomarmos a justiça como exemplo, vamos perceber que ela não aparece como uma realidade avulsa dentro de casa, na cidade ou nas nações, mas vão aparecer “relações justas ou injustas” entre familiares, governantes e povo, entre nações, professores e alunos, ricos e pobres... E assim como existem relações justas ou injustas, vão se fazendo realidade as relações respeitosas ou desrespeitosas, violentas ou pacíficas, honestas ou desonestas, egoístas ou de doação e partilha, e assim por diante.
Existem valores absolutos ?
Você vai dizer: existem, sim, os valores absolutos e universalmente aceitos como, por exemplo, o Amor, a Vida, a Solidariedade. É verdade. Entretanto, nós, humanos, vamos sempre viver estes valores nas relações com o outro: se temos a Vida como valor soberano, vamos abrir um leque de alternativas nas nossas relações cotidianas para colocar esse valor em prática. A família que tem a Vida como um valor vai expressar essa valoração deixando nascer a criança já concebida, cuidando das crianças nascidas, das plantas, dos animais; poupando e democratizando a água e mantendo limpa a água dos rios; separando o lixo tóxico, o lixo seco e o orgânico; curando e cuidando o doente; tirando as crianças da rua; alimentando os famintos; impedindo o uso de agrotóxicos perniciosos à saúde; vivendo segundo o Espírito; não matando e nem ferindo qualquer pessoa; militando para diminuir o crime nas cidades e no campo, etc. Porque estas (e outras) são as práticas que evidenciam, no dia a dia, se uma família tem a Vida como valor. Ficar apenas repetindo: "A Vida tem de ser um valor para a família", parece-nos um procedimento ineficaz. Segundo nosso ponto de vista, não produz fruto a reflexão que reduz a questão dos
valores a uma queixa saudosista e repetitiva de perda. Deveríamos, sim, sair do abstrato, descer ao cotidiano da época em que vivemos e descobrir/praticar/viver um conjunto de comportamentos que declarem ao mundo o que ou quem tem realmente valor na nossa família. Esta passaria a perguntar, por exemplo: onde, quando, como vivemos relações justas em casa, na escola, na rua, na igreja, no bairro, ... ? Onde, quando e como vivemos essas relações de maneira injusta? Quais e como seriam as ações cotidianas que produzem paz, violência, respeito ou desrespeito à sexualidade?, etc.
Surgem valores novos?
É imprescindível adentrar na época atual e descobrir o que merece importância, o que "vale" (é valor), hoje. Parece contraditório, mas, por mais eternos e absolutos que sejam certos valores, muda a nossa compreensão em relação a eles, porque a humanidade evolui. Por exemplo, até em relação à compreensão de Deus nós evoluímos: hoje sabemos e aceitamos que Ele, além de ser nosso Pai, é também nossa Mãe, já que homem e mulher são sua imagem e semelhança, por isso o masculino e o feminino O refletem. Isaías (66,13) já o anunciava, mas, devido à desvalorização histórica da mulher e a uma religião masculina e machista, não se ousava falar em Deus "Mãe".
Você é profeta?
Ser profeta é estar atento e responder aos sinais da história. É do ventre do contexto que o espírito fala a seu povo. Urge que a teologia e a moral considerem o ser humano no seu entorno, na sua cultura, no seu tempo, acompanhando o movimento, a dinâmica do povo. Hoje ressurgem valores que ficaram esquecidos, como a compaixão, a partilha, a misericórdia, a ecologia, o voluntariado, e outros. Enquanto não os proclamarmos e vivermos como nossos, haverá pessimismo no Povo.
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Atrocidades acontecendo
O sentido da vida e da morte
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Izar Aparecida de Moraes Xausa
s noticiários atuais refletem uma trágica constatação. A violência mortal que medra das mais variadas formas na sociedade são produtos do desprezo à vida das pessoas e do desrespeito a dignidade da pessoa humana. Também estão mais frequentes.....Não tenho a intenção de falar sobre a agressividade e o instinto de morte, apregoados pela psicanálise freudiana, nem fazer filosofia sobre a finidade da existência humana, nem pregar sobre a imortalidade do espírito. Mas registro com pesar os mais variados sintomas da falta de sentido da vida que caracteriza nossa época, expressos no vazio existencial. Quero refletir sobre aquilo que me compete como membro da comunidade humana. Todos os sofredores destas tragédias indagam por si ou pelos seus familiares: - Por que tudo isto? Por que eu ou meu ente querido fomos atingidos? Estas são as perguntas angustiantes feitas nos seus monólogos de dor – Têm sentido estas dores ou estas mortes? Não há resposta porque nada justifica a falta de respeito ou o preço de uma vida. As perdas nos atingem maciçamente e nos fazem lembrar a expressão de Jonh Donne: - “Por quem os sinos dobram? – Os sinos dobram por todos nós”. Porém, da nossa parte não desejamos apenas enterrar os mortos e consolar os vivos enlutados. Isto é necessário, eficaz e digno nas situações de luto. A dor e o luto não devem ser trabalhados somente do ponto de vista psíquico e sim comunitário. É preciso que nos levem a uma atitude de valor para reverter em bem pessoal, familiar e social e por sua vez se tornar um ato decisório traduzido em solução ética, educacional e legal a favor das pessoas e da comunidade como prevenção. Então, em primeiro lugar responderemos com a frase de Exupéry e Viktor Frankl coincidentes: “O que dá sentido à vida, dá sentido à morte”. O primeiro sacrificado como piloto de guerra atingido paradoxalmente por um disparo fatal de soldado alemão, seu leitor e admirador. O segundo como psiquiatra judeu sobrevivente dos campos de concentração nazista onde perdeu pais, mulher e filho, irmãos, colegas, etc. A execução de cada pessoa atingida por uma agressão mortal fala sobre o sentido de suas vidas interrompido irresponsável, dolorosamente ou desesperadamente. A lembrança pessoal será a voz que permanecerá através do legado de sentido para o qual viveram, ou não encontraram o sentido deve ser encontrado e ser cultivado. Mas o que dizer dos que não tem mais voz. No sacrifício seu ou de seus familiares está o reverso da medalha contida na ausência do sentido pessoal ou comunitário expresso pela falta de ética, do respeito à dignidade humana e pela falta de responsabilidade das autoridades, ou ainda a falta de uma educação eficaz ou preventiva. As famílias não são os maiores responsáveis, é todo este clima em que vivemos. Perguntamos então: - “Quem é o verdadeiro responsável? ou - “De que é responsável o ser humano?” - “Até quando” e “ante quem” o ser humano é responsável? (Frankl) A responsabilidade é a habilidade de responder (responshabilitas) logo, devemos responder. Não podemos ficar apenas na comiseração ou na reflexão dolorosa. Todas estas mortes clamam por uma atitude de responsabilidade social conjunta. A imprevisibilidade, a busca de maior rendimento, a vantagem política, os programas com mensagens agressivas ou com pseudo sentido são frutos de atitudes individualistas, mercantilistas e irresponsáveis. São sintomas de uma patologia social. Repetindo Doutor Frankl, podemos dizer: “É preciso levarmos os homens à consciência da responsabilidade, tornando presente o caráter histórico de cada existência e em cada momento presente, afirmando sua responsabilidade com a vida”. Portanto, como membros da comunidade humana, digamos não ao fatalismo do destino para assumir a culpa da apatia, do conformismo e da inconsciência. Propomos algo para redimir nossa comunidade. Será preciso uma reação coletiva de sucessivos atos em prol de uma solução social, educacional e política necessária e urgente. Lembrando versos daquela canção popular, digamos: esperar não é fazer, quem sabe faz a hora – não espera acontecer”. Numa atitude consciente perante nós, perante a sociedade e perante Deus, digamos SIM à VIDA!
PINIÃO
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num mundo globalizado mundo está se encolhendo: “The world is shrinking”. Efetivamente, mercê da eficácia e celeridade com que a mídia leva a notícia de país a país, já não se pode conúltimo número da revista Time apresenta um siderar o planeta Terra dividido em guetos geográficos visual apavorante. Na capa da revista aparece e culturais. O mundo se fez um só. Causa pasmo admitir que mulheres cobertas de foto de Aisha, casada e com 18 anos de idade, de nariz amputado e véu que esconde as cicatrizes indumentário da cabeça aos pés sejam punidas com das orelhas decepadas. Aisha é afegã, condenada por chibatadas se expuserem um tornozelo à contemplação comando talibã a pena crudelíssima sob acusação de pública. David Coimbra remata artigo publicado em Zero abandono da casa do marido. Na mesma capa se leem dizeres alusivos à justifi- Hora com oportuna indagação: “E diga se não existe cativa da presença de forças de ocupação estrangeira limite para a autodeterminação dos povos...” Na verdade, danos irreversíveis infligidos à natuno país: “O que acontecerá se nos retirarmos do Afereza ou procedimentos cruéis cometidos contra seres ganistão”.... Aisha consentiu na publicação da foto, no intuito de humanos indefesos não se circunscrevem ao país em que sirva de demonstração do que se passa num país que ocorrem. Atingem a humanidade como um todo. O terricídio, lento ou acelerado, vem acontecendo parcialmente dominado por talibãs. Aryn Baker, repórter a serviço da revista, confessou mercê do consumismo voraz praticado em países do ter hesitado em dar à publicidade a foto de Aisha com primeiro mundo. A estapafúrdia invocação do princípio de soberania rosto mutilado. Acabou convencendo-se de que é importante o mundo saber a que extremos pode levar um nacional debalde tenta justificar crimes de lesa-humanigoverno de fanáticos fundamentalistas. Por esta mesma dade, como o genocídio continuado de povos indígenas razão, propus-me assinalar, embora com repugnância, na América, a perseguição movida pelo nazismo aos detalhes da sangrenta execução, praticada pelo próprio judeus, que levou milhões de seres humanos à morte marido de Aisha com ajuda de um cunhado. Após arras- em campos de extermínio, o massacre de velhos e tarem a vítima indefesa a lugar ermo, o marido sacou crianças no pós-guerra em Dresden, Alemanha. Tais de uma faca e efetuou o bárbaro ato de amputação do fatos e inúmeros outros a humanidade não consente que se repitam. nariz e das orelhas de Asha. Um mundo que se considera Atualmente, ela se encontra em lugar livre terá de assumir a responsasecreto, relativamente seguro, aos cuidados bilidade de combater a prática das forças de ocupação. Ela narra a sua “O terricídio vem de atos de inominável crueldade estória em tom monótono e olhar distante, acontecendo mercê como este que a revista Time aguardando cirurgia reconstitutiva do nariz do consumismo vopõe diante de quem possui olhos nos Estados Unidos. raz no 1o mundo”. para ver...! Autores de língua inglesa têm dito que o Antônio Allgayer Advogado
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A paz não deve ser da boca para fora Sergio Savian
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Consultor de Relacionamentos
á vinte e cinco anos, a ONU proclamou o Dia 21 de setembro como Dia Internacional da Paz, um dia para o cessar-fogo e de não violência em todo o mundo. Desde então, a ONU tem celebrado este dia, cuja finalidade não é apenas que as pessoas pensem na paz, mas sim que façam também algo a favor da paz. Mais do que uma palavra ou um conceito, a paz é um sentimento. Ou você sente paz ou não sente. Não tem meio-termo. E essa compreensão é muito importante para os conturbados dias de hoje. Existem dois caminhos para a sua vida e você tem de escolher por qual deles quer andar. De um lado, encontramos o conflito, a guerra, o caminho dos problemas. E esse é o caminho que a maior parte da humanidade tem adotado para as suas vidas. No geral, estamos completamente viciados no problema. Existe uma ilusão de que, quanto mais prestamos atenção aos problemas, iremos resolvê-los desta maneira. Mas não é isso o que ocorre. Colocamos atenção no conflito, ficamos indignados, bravos. E os problemas aumentam sempre. Eles ficam cada vez mais complexos. É só olhar para a humanidade hoje e ver o que está acontecendo. Cada um com suas razões, ninguém se entende. Ao contrário do que muitos imaginam, a resolução do conflito não se resolve por meio da luta. Estamos cansados de ver tanta gente
acabando com as suas vidas e com a vida dos outros em nome de Deus, em nome da ordem, por conta das suas convicções, do seu próprio senso de justiça. Essas pessoas se dão o direito de julgar e de estabelecer o que é certo e o que é errado. Em vez de se unirem aos demais para construir um mundo melhor para todos, estufam os seus egos, achando que o seu jeito é o correto, sendo tudo e todos que não estiverem de acordo consigo, seus inimigos. Do outro lado você tem a boa vontade, o agradecimento, o não problema, a paz verdadeira. Não existe uma paz abstrata, por decreto. Ela é um estado de espírito que você conquista quando se desarma, quando consegue relaxar. Você sai do estresse, decidindo que não vale a pena viver brigando com tudo e com todos. Você consegue ver o ponto de vista alheio, sem se sentir ameaçado com as diferenças. Você faz de tudo para desfrutar o lado bom e gostoso da vida. Você se respeita e aprende a respeitar os outros. Leva em consideração que a sua felicidade só faz sentido se vier acompanhada da felicidade alheia. Você desenvolve a sua sensibilidade, reconhecendo a vida como o valor principal. Ela é a bússola que norteia todas as suas atitudes. Aliás, compreende a vida como sinônimo de Deus, de sabedoria. Aí sim, você estará apto para dizer em alto e bom-tom: “Eu sei o que é a paz”. (contato@sergiosavian.com.br - www. sergiosavian.com.br)
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DUCAÇÃO &
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SICOLOGIA
Plasticidade do cérebro e mudanças Juracy C. Marques Professora universitária, doutora em Psicologia
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s pesquisadores, nas duas últimas décadas, foram aos poucos, através de seus experimentos, comprovando que o cérebro tem dois hemisférios: o esquerdo e o direito. O esquerdo assume as principais funções intelectuais: abstração, análise, pensamento linear, objetivo, sequencial e classificatório. Concentra-se nos detalhes e partes do todo. Trata de equacionar os problemas e obter informações. É realista, frio e direto, segue a lógica em suas argumentações. Vem da tradição grega, principalmente Platão, e reconhece-se sua presença facilmente nas competências de um engenheiro. O hemisfério direito relaciona-se às emoções, aos sentimentos, às intuições. Lida com a imaginação, a fantasia, a espiritualidade, a religião. Dedica-se a acolher inspirações, projeta-se de modo flexível e livre de amarras padronizadas, produzindo idéias novas, num processo pleno de criatividade, é dominante nos artistas em geral, mas também, muitas vezes nos filósofos, pois demandam uma maneira de pensar que seja, ao mesmo tempo, divergente, flexível e complexo.
Mas, na verdade, os dois hemisférios não são separados, eles se interligam através de sinapses e um precisa do outro para bem cumprir suas funções. E por vezes, um substitui o outro, quando, por quaisquer razões, um deles apresente déficits de funcionamento. Pesquisas vêm demonstrando que os neurônios, células do sistema nervoso, como as demais células do organismo humano, se transformam e recriam, pela influência das experiências individuais que exigem adaptações inteligentes às mudanças do ambiente, das circunstâncias e das necessidades de cada um. É o que a ciência convencionou chamar de plasticidade do cérebro. As mudanças de condições de vida, principalmente em função das tecnologias e avanços da informática e de um mundo interconectado que elas possibilitaram, impõem mudanças de hábitos, estilos de vida, crenças e convicções arraigadas, levando o indivíduo a mudanças de comportamento.
Quero ser um vaso novo
Fed. Sindic. Metalúrg. da CUT/SP
vando as árvores e o cantar dos passarinhos, deu-se conta que sua extrema dedicação aos estudos de livros e apostilas, com horários e metas rígidas, não estava rendendo. Resolveu mudar seu estilo de vida, ouvir mais música, entremear seus estudos com divertimento, conversas com amigos e, de vez em quando, simplesmente olhar o amanhecer ou o céu estrelado numa noite qualquer. Adquiriu autoconfiança e acredita, firmemente que poderá passar no próximo concurso para um cargo qualquer, ainda que não seja no serviço público.
Diário do Grande ABC
xadrezdovale.blogspot
diu matricular-se em um curso de especialização sobre Finanças Internacionais, bem diverso de sua formação e atividade profissional, engenharia mecânica. Já está no segundo semestre, contente com seus progressos, encarando os problemas com mais lucidez, menos tencionado; mudou seu modo de olhar o mundo circundante. Disse-me ele: “resolvi olhar para frente com renovadas esperanças”.
Exercitar o cérebro
Para se beneficiar da plasticidade do cérebro, a pessoa busca manter uma atitude aberta a novas Sofia, sessenta e quatro anos, vivendo em uma Olhar para frente com experiências, novas idéias, que apelam à inteligêncasa de repouso para velhos, disse-me, outro dia, cia racional (hemisfério esquerdo) ou desafiando-se renovadas esperanças que contratou analista de sistemas, da área de informática, para aprender a receber e enviar e-mails Cristóvão, quarenta anos, depois de uma se- para viver novas e renovadas emoções, inteligência para seus parentes e amigos e, assim, exercitar ou paração judicial após vinte anos de casamento, emocional (hemisfério direito) que resultam em nomodificar seus neurônios, evitando a degeneres- em meio às tentativas de superação de inevitáveis vas aprendizagens. Isto significa envolver-se num cência e, talvez até, a senilidade ou doença men- conflitos, acordou um dia com esperanças renova- processo de mudanças que inscreve a criatividade, tal. E acrescentou: “Quero inovar-me, aprender das. Retomou seu hábito de frequentar a igreja da com sua característica de pensamento divergente e algo diferente”, como costumo cantar na missa, paróquia de seu bairro, re-encontrar seus antigos a coragem de sair da zona de conforto representada “Renova-me, Senhor, eu quero ser um vaso novo!”, amigos. Aceitando a sugestão de um deles, deci- pela rotina e pela mesmice de seu cotidiano. pois aprendi, a duras penas, que preciso de novos estímulos, para não utilizar, apenas, o que já sei, armazenado de há muito em minha memória e clamando por revitalização.
Mudei meu estilo de vida
Tobias, trinta e sete anos, já fez sete concursos para cargos públicos e continua desempregado. Contou-me em uma entrevista informal, num banco do parque, que só agora, depois de muitas caminhadas descontraídas, obser-
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EMA EM FOCO
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Política: a arte do bem comum ou a busca de vantagens pessoais?
ela oportunidade da antevéspera de três de outubro, cabe recordar o verdadeiro sentido do fazer política. Os políticos de hoje deveriam beber na fonte de sabedoria dos antigos gregos que nunca deixaram de condenar qualquer tipo de excesso, inclusive no fazer política. Lamentavelmente, a grande maioria dos que se candidatam a algum posto nos parlamentos nacional e estaduais e nos respectivos poderes executivos esquecem esses princípios básicos. Simplesmente, perderam o elo com a sociedade que querem representar. E, uma vez eleitos, muitas vezes ainda insistem na prática de terra arrasada do que foi feito no período anterior porque foi obra do oponente ou concorrente de outro partido. Eleições sugerem tolerância da alteridade. O momento exige reflexão e maturidade por parte do eleitor. O Brasil mais consciente precisa de representantes que se debrucem sobre o bem comum de todos. O brilhante artigo abaixo, do doutor e professor Jorge Campos, da PUCRS, aprofunda a reflexão. Vale conferir.
Jorge Campos
Paradoxos da Política e da Democracia J. Campos
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PUCRS
Política - Pólis/Politikós - em sua tradição aristotélica praticada pelo homem como ser essencialmente social, não é mais hoje entendida e aceita como a busca do bem comum no sentido civilizado daqueles tempos. As idéias de Platão e sua academia passaram pelos séculos, mas, o mais importante, o espírito dos diálogos, a luta contra os sofistas, a procura pela justiça, o jogo argumentativo na ágora ateniense, estes ,parece, ficaram perdidos nos tempos da velha Grécia. O nosso cotidiano político, tão marcado pelas inconsistências, jogo pessoal e interesses exclusivamente partidários, não chega ao homem comum, especialmente em países como o nosso, como uma atividade nobre, honesta e bem intencionada. De um lado, em épocas como a de agora, uma corrida eleitoral desenfreada se desenrola no sentido de novas formações de classes políticas marcadas pelo individualismal personalismo e campanhas de seduzir as massas; de outro, os brutais problemas de saúde educação, miséria, violência e desemprego, enraizados na vida rotineira, em absoluto contraste com os slogans das campanhas que os reduzem a puras peças publicitárias repetidas de
maneira vazia ao longo de décadas. Na sociedade do espetáculo, como gostam de enfatizar os intelectuais franceses, a política é apenas mais um jogo. Onde estarão os sentimentos nobres de doação e de sacrifício, de integridade e de ética pública que sonhamos todos deveriam marcar a trajetória de um político profissional de vereador a presidente? Teremos perdido irreversivelmente confiança nos homens de vida pública e nos corredores do Congresso? E como entender o sentido profundo de democracia nos descaminhos da corrupção e da arbitrariedade do jogo político-partidário? Esse quadro, entretanto, de aparente clareza e veracidade quanto ao sentimento popular, não é tão simples como parece e não pode nos levar a um entupimento de nossa sensibilidade política. Esse jogo de contradições é o jogo que somos convidados a jogar e não há como furtar-se a ele. Somos nós, empresários, que patrocinamos campanhas em troca de favores, somos nós que elegemos por anos o candidato inoperante e corrupto, somos nós, os eleitores, que tratamos com igualdade oportunistas e políticos bem intencionados, somos nós que cultivamos a lógica do levar vantagem em tudo, a lógica do autismo ao que não for de nosso interesse pessoal. Somos nós que gastamos o nosso tempo, o que
deveria ser o tempo do critério, assistindo com ar de descrença e ceticismo às banalidades das promessas. Somos nós que deixamos que interesses de puro jogo eleitoral unam e desunam pessoas em detrimento de mínimos programas que deveriam marcar as direções partidárias. Somos nós que consumimos e sustentamos as falácias das grandes mídias e a formação de celebridades milionárias que não cumprem nenhum papel social a não ser o jogo interminável de produzir notícias totalmente inúteis e egocêntricas. Sim, o desenho claro e transparente da nossa indignação contra a trivialidade política, suas mazelas e inoperância diante dos problemas é justo e deve fazer parte da nossa consciência política de pessoas decentes e de vida conseqüente. Mas não podemos olhar para os políticos como se eles não fossem nós mesmos naquela dimensão. Não podemos olhar as suas contradições e oportunismos como se tais desvios não fizessem parte da nossa cultura política, da nossa forma de vida. Não podemos olhar nós próprios como se não fôssemos coadjuvantes comprometidos, cúmplices de do jogo que assim, distraidamente, denunciamos como se a nossa única responsabilidade fosse a da denúncia facil das palavras, disfarçando a alienação dos nossos gestos.
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A S ÇÃO
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OLIDÁRIA
“Tudo o que acontece no mundo, seja no meu país, na minha cidade ou no meu bairro, acontece comigo. Então, eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida”. (Herbert de Souza, o Betinho)
COEP: rede nacional de construção da cidadania
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ara o nordestino do semi-árido, rede é ‘prá gente deitá, né’. Para o ribeirinho fluvial e marítimo, rede serve para pescar. Para o nativo digital, rede serve para estar conectado com o mundo. Mas, para todos esses, rede também pode significar um elo inconsútil que une mentes e corações distantes e de muitos lugares com um objetivo comum: ajudar o próximo. É isso que constitui o Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida – COEP – presente em todos os estados brasileiros e em torno do qual se mobilizam milhares de pessoas, atuando em diferentes frentes de ação. Diferentemente das iniciativas dos poderes públicos, muitas vezes boas iniciativas, mas sujeitas à volubilidade e equívocos dos agentes políticos na alternância do poder a cada eleição, o COEP mantém o objetivo inicial no seu DNA. E ampliou seu leque de abrangência ao longo dos seus 17 aos de existência. Hoje já pode ser considerada uma agência nacional de desenvolvimento social, um braço solidário acima de partidos e governos.
Oito jeitos de melhorar o mundo “Aqui no Rio Grande do Sul, estamos presentes no Morro Santana, Ilha Grande dos Marinheiros, Ilha da Pintada, antiga Vila dos Papeleiros, agora Vila Santa Terezinha, Lomba do Pinheiro e interior do Estado, entre outros. A rede gaúcha atinge 100 instituições e mobilizadores pessoais. Para muitas instituições alavancamos a arrancada inicial, como, por exemplo, a Cooperativa Unidas Venceremos – UNIVENS – zona norte de P. Alegre.. Hoje ela caminha pelas próprias pernas”, detalha Vercedino Albarello, (foto) Secretário Executivo do COEP do Rio Grande do Sul.
Vercedino Albarello
Parcerias
Herbert de Souza
O início de caminhada do COEP está nas idéias e projetos do sociólogo Herbert de Souza. No dia 2 de agosto de 1993, em reunião no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, trinta dirigentes de instituições públicas assinaram Termo de Adesão ao COEP subscrevendo o Programa de Combate à Fome e à Miséria, coordenado por Betinho, reconhecendo o caráter público de suas organizações e o compromisso de participarem nessa luta. O evento contou com a presença de Dom Mauro Morelli, presidente do Consea. Hoje, 17 anos depois, o COEP reúne mais do que entidades públicas. Dele participam também empresas privadas, ONGs, universidades, comunidades e pessoas. Juntos e afinados, formam a Rede Nacional de Mobilização Social em torno de uma causa comum: combater a fome e a miséria. “Começamos a ver que as organizações são lugares em que trabalham pessoas. Pelo que não adianta sonhar se as pessoas não acreditarem e se mobilizarem para o trabalho”, recorda Gleise Peiter – secretária executiva do COEP nacional (http://www.coepbrasil.org.br/coepteve). “Hoje temos quase 12 mil mobilizadores voluntários que se somam às mais de 1.100 organizações e mais de 150 comunidades em todo o Brasil, dispostos a buscar resultados cada vez mais efetivos para realmente transformar e melhorar a vida de tantos brasileiros”, projeta Gleise.
“Atuamos também junto às escolas de ensino fundamental para a construção da cidadania. E formamos parcerias com a Secretaria Estadual de Educação, com o SINEP para as escolas particulares e FAMURS para as secretarias municipais de educação. Junto aos alunos, desenvolvemos a consciência dos oito jeitos de mudar o mundo (Declaração do Milênio, aprovada pela ONU em 2000, pela qual propõe atingir oitomacro-objetivos até 2015). Provocamos os alunos a discutirem e descobrirem o seu jeito de melhorar o mundo”, revela Albarello.
Ponto de referência
O COEP/RS tem sede administrativa junto ao BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - em Porto Alegre, que cede espaço e infra-estrutura para seu funcionamento. E representa o referencial para iniciativas e ponte de troca de interesses e necessidades. “Como rede, atendemos as demandas e ao mesmo tempo procuramos descobrir onde existem possibilidades de solução de problemas. Fazemos as pontes”, explica Albarello.
Conscientização pela música
Transformar a realidade a partir da própria realidade, sem assistencialismo institucional. E isso começa com a conscientização. “No trabalho junto às escolas, fizemos uma provocação aos estudantes para que escrevessem uma letra e compusessem uma música inédita sobre o tema escolhido por eles e se
Brechó beneficente na Ilha Grande dos Marinheiros
inscrevessem num festival de música do COEP sobre os objetivos do milênio. O sucesso foi imediato e hoje estamos na 6ª edição, neste ano com etapas regionais em Pelotas, Canoas, S. Leopoldo, Santana do Livramento, S. Luiz Gonzaga e S. Maria, e final em P. Alegre. Se quisermos transformar o mundo, já não podemos olhar exclusivamente para os nossos cabelos e barbas brancas. Já estragamos suficientemente o mundo. As gerações futuras percebem mais claramente a necessidade de transformação e estão mudando seu comportamento para uma pegada ecológica diferente e, por gestos de solidariedade para com os colegas e o planeta, tentar melhorar este mundo em que vivemos”, conclui Vercedino.
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ABER VIVER
E-books podem fazer mal à visão? Em atividades normais, os olhos piscam, em média, 22 vezes por minuto, enquanto que, quando estão em atividade de leitura, piscam de 12 a 15 vezes por minuto Nos primeiros cinco meses de 2009, os e-books representavam 2,9% das vendas de livros. No mesmo período de 2010, eram 8,5%, segundo a Associação das Editoras Americanas, graças ao Kindle, da Amazon, e ao iPad, da Apple. Mas os brasileiros não ficam atrás, quando o assunto é a tecnologia. A Bienal do Livro de São Paulo de 2010 apresenta mais que títulos em papel. A feira sedia o lançamento do Mix Leitor-d, primeiro leitor eletrônico com tecnologia de software nacional. Em ascensão nos últimos anos, o livro digital vem se tornado uma forma mais contemporânea de leitura, ainda que incipiente. O assunto mobiliza os leitores no mundo todo. Durante a 8ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), na cidade do
Sul Fluminense, o assunto foi muito debatido. “O futuro do livro digital é certo, mesmo sem entrar no mérito se ele substituirá ou não, por completo, os livros tradicionais. Quando o preço médio do e-book for reduzido, o livro digital ficará mais popular, ocupando parte do mercado editorial em todo o mundo. Pode ser cansativo ler dessa forma, mas esse estilo de leitura vem crescendo muito, pois permite ao usuário do e-book ter acesso gratuito a obras internacionais que são célebres e fáceis de serem encontradas na Internet”, diz o oftamologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares. Um livro também promove a acessibilidade quando facilita a leitura de quem tem problemas de visão, de vista cansada à completa cegueira. “Um livro de papel de qualidade e com letras grandes ajuda o primeiro grupo. Os livros digitais também fazem isto, mas vão
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além para atender o segundo grupo, os e-books oferecem um sistema de text-to-speech (conversão texto para áudio embutida), que lê todo o texto, como alguém que lê para uma pessoa cega o livro que ela deseja”, destaca Centurion. Adaptação às novas tecnologias O que preocupa os oftalmologistas em relação ao uso do livro digital são os tipos de iluminação de tela e o contraste das letras com o fundo do display. “Grande parte das queixas é similar ao uso do computador comum ou dos notebooks: vista cansada, desconforto com a luminosidade da tela e dores de cabeça após a leitura”, diz o oftalmologista Eduardo de Lucca, que também integra o corpo clínico do IMO. Para amenizar os desconfortos e usufruir das novas tecnologias, algumas providências podem ser tomadas em relação aos cuidados com os olhos e com a postura corporal, durante leituras prolongadas. Se uma pessoa tem intolerância à iluminação específica da tela, talvez ela não consiga superar o problema apenas se adaptando a um novo hábito de leitura. “Em alguns casos, é preciso fazer o uso de óculos com lentes coloridas, que podem filtrar algumas tonalidades da luz do livro digital”, explica o médico. Geralmente, o público que lê e-books é mais jovem, “mas percebemos que algumas pessoas com mais de 40 anos ficam com a vista cansada. Para evitar a fadiga visual é preciso posicionar o livro digital abaixo da linha dos olhos e ler em ambientes com lâmpadas amarelas, mais próximas da luz natural”, ensina o oftalmologista. Após horas de leitura, o piscar reflexo diminui, sem que a pessoa perceba. “Quando você estiver fazendo uso dos livros digitais, coloque um lembrete, como, por exemplo, ‘piscar’ em algum cantinho do monitor. Assim você estará se policiando e piscando mais vezes, evitando o ‘olho seco’”, recomenda Eduardo de Lucca.
Dicas de
NUTRIÇÃO Dr. Varo Duarte
Médico nutrólogo e endocrinologista
Educação alimentar Voltamos ao tema Educação alimentar, cada vez mais necessário em vista das numerosas e perigosas afirmações que leio, vejo e ouço todos os dias sobre o assunto - Nutrição -, induzindo a possíveis erros alimentares. Insistimos que em nossos dois últimos livros da Editora Artes e Ofícios o leitor poderá encontrar os elementos corretos e atualizados sobre uma alimentação saudável que permitirá atingir a longevidade e a utilização dos diversos nutrientes fornecidos pelos alimentos, obtendo a saúde que levará a uma vida melhor e maior. Coma de tudo sem comer tudo - Alimentos funcionais, são estes títulos. Procure em sua livraria. O Professor Eugênio Carvalho Jr. com seus versos inspirados, fornece os elementos indispensáveis à nutrição correta ao afirmar que Para uma vida maior... Com a saúde melhor. Ao divulgarmos seus ensinamentos em 2010, comprovamos a atualização de suas quadrinhas e a importância da educação alimentar. Assim escreve o mestre: Nós vamos iniciar Um programa alimentar, Mas desde já avisamos: Nossa meta é ensinar. Para você ter ciência Do que precisa comer, Para gozar mais saúde, Evitando adoecer. O que agora vou dizer Não é nenhum fato novo O Governo se interessa Pela saúde do povo. Por isso está divulgando Quadrinhas para ensinar: Quer vê-lo forte saudável, Pra o Brasil impulsionar! Iremos focalizar, Na singeleza dos versos, Assuntos importantes, Pelos tratados dispersos. Atente bem no que digo: Não o esqueça um só momento: Tudo o que há em nosso corpo Retiramos do alimento. Se você não receber, em sua alimentação, O que já determinou A ciência da nutrição, Você vai ficar, na certa, Um homem fraco, doente, Sem ter forças para a luta, em você próprio descrente.
Superbactéria pode causar epidemia global Um novo tipo de bactéria resistente aos antibióticos mais poderosos pode gerar uma epidemia mundial, segundo estudo divulgado na publicação científica Lancet. Essas superbactérias contêm um gene chamado NDM-1 que as torna
resistentes a antibióticos, entre eles os chamados de carbapenemas. Isso é preocupante porque os carbapenemas são geralmente usados para combater infecções graves, causadas por outras bactérias resistentes. Os cientistas acreditam que esse gene, encontrado hoje principalmente na bactéria E.coli (que causa infecções urinárias), possa ser rapidamente reproduzido em outras bactérias. Se isso acontecer, algumas infecções perigosas poderiam se espalhar, com poucas possibilidades de tratamento.
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SPAÇO LIVRE
Renovação do amor José Eduardo de Moura Missionário da Comunidade Canção Nova
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enhum tipo de relacionamento entre pessoas está livre de conflitos e discussões. As pessoas são diferentes umas das outras. Como se não bastasse, cada uma teve um tipo de criação, um círculo de amigos, professores, mestres etc. E essa bagagem influencia os relacionamentos, incluindo o casamento. Mesmo aqueles casais que são exemplos de respeito, carinho, atenção e amor aprendem dia a dia como agir, adaptando suas atitudes para a manutenção da relação. Para saber se um casal tem 'futuro', basta avaliar como lidam com determinadas situações. Há casos em que até mesmo desavenças passageiras são capazes de alterar a vida conjugal. Obviamente, ninguém em meio a uma acalorada discussão tende a ressaltar qualidades do outro. Ao contrário, ainda que a pessoa tenha qualidades e virtudes notáveis, mais cedo ou mais tarde acabam se afogando no mar de palavras pejorativas. Por isso, é necessário ter cuidado sempre, calculando os resultados. Momentos conflituosos podem acabar em verdadeiros campeonatos para saber quem consegue ser mais hostil para com o outro. Incrível, mas é verdade. Muitas vezes, as discussões têm início por causa de uma bobagem e acabam mal, com agressões morais e físicas, difíceis de serem apagadas da memória. Dificuldades financeiras e conflitos familiares são os problemas mais recorrentes. Sem perceber, mesmo em momentos de intimidade, o teor da conversa esbarra em problemas difíceis de serem digeridos. É como se o casal adotasse um novo vocabulário, muito diferente das doces palavras pronunciadas à época de namoro. E, sem palavras de carinho e apoio, o abraço solidário e apaixonado fica cada vez mais fora do contexto. Com o passar do tempo, homem e mulher encontram pouco espaço para se abrir um com o outro e reviver momentos agradáveis. Pouco a pouco, o distanciamento torna muitas situações insustentáveis,
transformando um casal feliz em pessoas amargas e frustradas. As sequelas de uma discussão mal administrada podem resultar em feridas que não cicatrizam nunca, levando o relacionamento - que um dia foi sadio - ao fim. O único 'remédio' para manter a saúde do relacionamento é conquistar o outro todos os dias. Olhar para a pessoa com quem se divide uma vida inteira e ainda encontrar motivos para cativá-la mais, mantendo o "fogo alto". A sincera disposição para o diálogo amoroso pode ser o estímulo que faltava para salvar um relacionamento adoentado. Às vezes, é necessário ceder. Longe de ser uma demonstração de fraqueza, trata-se de um ato de
grande bravura. Mais do que isso, é preciso declarar o seu amor, ainda que em meio à discussão. Se cada um der o melhor de si dentro do relacionamento, não haverá problema que não possa ser solucionado a dois. Relacionamentos amorosos têm discussões e desavenças. É utopia pensar o contrário. O que vale é saber que seu casamento não se concretizou apenas no dia da cerimônia, diante do sacerdote e das juras de amor e fidelidade proferidas diante dos presentes. Esses votos devem ser renovados a cada novo dia, tendo como bagagem a experiência de toda a convivência. Dedique-se, tenha fé, e faça de sua relação um eterno namoro, hoje e sempre. (www.cancaonova.com)
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América Latina Assustada
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América Latina, que pretendia se tornar o continente da paz, está se transformando no território da violência, e assusta as pessoas que se preocupam com o futuro da região. No final de junho, reunidos na Escola de Sociologia da Universidade de Humanismo Cristão, em Santiago, capital do Chile, especialistas discutiram a grande onda que assusta diversos países do continente. No último dia do encontro, o documento final que definiu o panorama como “preocupante”, conclui: “ Os altos índices de corrupção, e o auge do crime organizado vinculado ao narcotráfico, são as causas de uma situação quase sem controle”. Cita o México, a América Central e o Brasil como alvos da preocupação maior. Desde que tomou posse, em dezembro de 2006, o presidente do México, Felipe Calderón, enviou 100 mil militares e policiais para combater narcotraficantes.Só neste ano, a violência do narcotráfico deixou 5,4 mil mortos. Estimativa tétrica: devem ser superados pelos 7,5 mil assassinados de 2009. Os cartéis mexicanos não ficaram só no México, mas estenderam seus tentáculos à América Central. El Salvador estima o custo da violência em 8% do Produto Interno Bruto (PIB) regional. O presidente do país, Mauricio Fones, eleito pela esquerdista Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN), colocou 40% do exército para ajudar a policia, já rendida pelo crime organizado. Emilio Dellasoppa, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), diz que, no Brasil, a persepção da insegurança aumentou devido ao crescimento da população, especialmente nas zonas urbanas, e à formação de favelas. Capitais como Rio de Janeiro e São Paulo são “castigadas pelo domínio do crime organizado ligado ao narcotráfico”. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em seu relatório de Segurança Cidadã e Direitos Humanos diz que 40% de homicídios e 66% de sequestros que ocorrem no mundo a cada ano são registrados na América Latina (incluindo o Caribe), apesar de essa região contar com 8% da população mundial. A América Latina parece assustada mas ainda não se convenceu de que acabar com a violência e a corrupção que a incentiva, deve ser um esforço conjunto de todos os países que a integram.
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10 CATEQUESE ria Solidá
O catequizando como sujeito da Catequese
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GREJA &
Deonira L. Viganó La Rosa
m 1990, a CNBB publicou um documento afirmando que a Pastoral Familiar precisava "superar um problema de fundo que existe quando se considera a família mais como objeto do que como sujeito de Pastoral". Penso que esta afirmativa deve perseguir constantemente a cada um de nós que trabalhamos com a família, seja na cátedra, nos movimentos, na política, na catequese, no gabinete ou na sala de aula. Desrespeitar esse princípio seria exercer dominação e injustiça, seria desumanizar, mesmo que o objetivo fosse evangelizar. Quando as crianças vêm à catequese, a família vem à Missa, ou a alguma reunião de formação, será que as tratamos como sujeitos? Seria sujeito alguém que não tem direito à palavra e a quem lhe damos somente palestras, sem direito à participação e à opinião? A catequese só será renovada na medida em que todos os que vivem, cotidianamente, as realidades de um mundo que deve ser transformado, tiverem a possibilidade de manifestar, clara e livremente, suas necessidades e seus anseios. Uma catequese reduzida à interpretação de seus especialistas, sem a imaginação das crianças, sem a participação dos pais e da comunidade, seria efetiva? Estaria tratando os catequizandos como sujeitos de pastoral? Um exemplo Em pequenos grupos, trabalhávamos Metodologia Participativa com famílias do Movimento Familiar Cristão, no Paraguai, quando um dos presentes expressou-se com estas palavras: "Sempre me perturbei por não saber qual tema seria o melhor para discutir nas reuniões de família. Hoje, descobri que basta perguntar às pessoas presentes. Aquele que vive a vida familiar e conjugal é quem sabe quais são suas dificuldades, necessidades, ansiedades, dúvidas, desejos... Em discussão com outros, saberá também encontrar os caminhos. Mas, para fazer isso, todos nós precisamos estar em formação permanente, porque também somos um sujeito que vai opinar e desvendar necessidades implícitas. Nós, como dirigentes, também vamos agregar nosso conhecimento”. Como saber o que pensa a família, o que pensam as crianças, sem fazer-lhes perguntas? Ou, se perguntamos mas não esperamos sua resposta? Ou ainda, se não consideramos dignas de respeito todas as suas opiniões, embora delas possamos até discordar? A família está cansada de ser depósito da sabedoria dos outros e das lições que vêm dos chamados "sábios". Ela quer ser chamada a opinar, a formar sua consciência na troca de opiniões com os irmãos. Que mudanças gostaríamos que ocorressem na Igreja, na Catequese e na Sociedade para que todo o povo pudesse atingir uma maturidade espiritual e social ?
COMUNIDADE
2000 anos de
TURBULÊNCIAS
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Solidário
LITÚRGICO
PARTE IX
A Igreja e o intrasigente Donato Ao longo dos 20 séculos da Igreja, as divisões internas quase sempre iniciaram por iniciativa de membros da própria Igreja. Com a paz de Constantino, surgiu um primeiro foco de rebeldia no norte da África. Donato era bispo daquela região por volta do ano 300. O principal objetivo de sua pregação foi o de defender uma moral rigorista, à semelhança de Montano e Novaciano. E encontrou um terreno fértil, pois a Igreja acabava de sair da dura perseguição do imperador Dioclesiano. Muitos cristãos que, para escapar da perseguição, não tiveram coragem de manter sua fé católica, chamados de “lapsi” (renegados), queriam agora voltar à Igreja. Donato foi contra de forma veemente. Para ele, todos aqueles que haviam fraquejado na fé, deviam ficar fora da Igreja, definitivamente. Por outro lado, Donato condenava o padre ou bispo que administrava os sacramentos em pecado. Para ele, era considerada inválida essa administração. Os seguidores de Donato não aceitaram Ciciliano como bispo de Cartago, pelo motivo de ter sido ordenado por um apóstata. Consideravam, ainda, por exemplo, um ato de apostasia entregar aos pagãos uma Bíblia ou outros objetos sagrados. A partir dessa intransigência dos donatistas, originou-se o Donatismo, que acabou também por não aceitar o Papa. Assim, a rebelião passou os limites de uma questão religiosa, para se transformar num problema social, já que dividia a Igreja e o Império. Constantino, então, achou bom que os bispos se reunissem com o Papa Melcíades, em Roma, e buscassem uma solução. Isto ocorreu no ano 313, na casa de Fausta, mulher de Constantino. O miniconcílio aprovou a ordenação de Ciciliano para a diocese de Cartago. A revolta, porém, aumentou. Então, os bispos de toda a Europa se reuniram em Arles, no ano de 314. Reafirmaram as decisões anteriores a favor de Ciciliano contra Donato. Diante das discórdias que não acabavam, o próprio Constantino resolveu agir, mas sem sucesso. Entre os donatistas havia muitos padres e bispos. O cisma durou praticamente um século. No ano de 411, entretanto, realizou-se uma reunião em Cartago, promovida pelos donatistas, da qual participou o grande Santo Agostinho. Ele conseguiu um bom resultado graças à sua erudição e capacidade de convencimento. Com isso, a seita foi se dividindo a perdendo a força. Mas só dois séculos depois desapareceu por completo. (CA/Pesquisa).
5 de setembro – 23o Domingo do Tempo Comum (verde) 1a leitura: Livro da Sabedoria (Sb) 9,13-18 Salmo 89 (90), 3-4.5-6.12-13.14 e 17 (R/.1) 2a leitura: Carta de S. Paulo a Filêmon (FM) 9b-10.12-17 Evangelho: Lucas (Lc) 14,25-33 NB.: Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos é fundamental que se leia, antes, o respectivo texto bíblico. Comentário: Desapego. Esta é uma palavra recorrente na boca de Jesus. Somente os desapegados têm condições de seguirem a Jesus, de serem seus discípulos e, como natural conseqüência do discipulado, serem, também, missionários. O espírito do desapego às coisas da terra, mesmo boas e até necessárias, é a condição que Jesus exige de seus seguidores. As duas comparações que Jesus faz no Evangelho de Lucas deste domingo vão neste sentido. O homem que vai construir, senta, primeiro, e calcula se tem condições de concluir aquele projeto, para não se tornar motivo de riso das pessoas. O outro, que vai declarar guerra, também calcula primeiro se, com os homens que tem, pode enfrentar o inimigo mais poderoso para não arriscar-se a ser derrotado. A chave para interpretar estas duas situações está no versículo 14,27:: Quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo. Para seguir a Jesus, para ser um discípulo livre e coerente, também é preciso sentar, pensar e rezar para não começar esta obra, este seguimento e desistir no meio do caminho ou, então, ser derrotado pelo “inimigo”, que são os muitos apegos que levam as pessoas a arrastarem-se pela vida, presas nas suas próprias paixões e dependências de todo tipo. Jesus quer seguidores inteligentes, coerentes, livres porque o projeto da construção do Reino exige tais seguidores. Ele dispensa os medrosos, indecisos, que se instalam em suas medíocres seguranças e, por medo da exigente cruz de cada dia, vivem uma fé folclórica, sem conseqüências concretas na vida. Como cristãos são ridículos, sua fé é uma fé morna que não contribui para construção de um mundo melhor, mais justo, mais solidário, mais cordial. Somente quem toma a sua cruz de cada dia e segue a Jesus pode ser identificado como seu discípulo, como cristão, e se torna um testemunho livre e alegre do Deus feliz.
12 de setembro – 24o Domingo do Tempo Comum (verde) 1a leitura: Livro do Êxodo (Êx) 32,32,7-11.13-14 Salmo 50 (51), 3-4.12-13.17 e 19 (R/.15,18) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo a Timóteo (1Tm) 1,12-17 Evangelho: Lucas (Lc) 15,1-32 Comentário: Entre as parábolas de Jesus, esta do filho pródigo, narrada por Lucas, merece destaque especial. No pai da parábola, Jesus identifica seu próprio Pai e como ele age com seus filhos e filhas, a quem jamais deixa de considerar como filhos, apesar de seus erros, ingratidões, pecados: compreensivo com a ânsia do filho mais moço jogando-se numa aventura de alto risco, ao pedir a herança e sair de casa, uma aventura tão própria de jovens de todos os tempos; saudoso do filho ingrato, desejando profundamente que ele volte e volte logo; o abraço de perdão e acolhida, sem recriminações nem cobranças; a festa da volta, celebrando a alegria do reencontro; o diálogo paciente e igualmente compreensivo com o irmão mais velho, absolutamente fiel no cumprimento de seus deveres e obrigações, mas a quem faltava o mais importante, o essencial: a misericórdia. A parábola do filho pródigo deveria iluminar nosso ser e nosso agir de cristãos/cristãs. Todos podemos equivocar-nos, errar, pecar; o que não podemos, como cristãos, é não acreditar na misericórdia de nosso Deus. Nos tempos que correm sente-se, aqui e ali, pessoas e correntes na igreja que voltam a falar mais de um Deus castigador do que do Deus perdoador, misericordioso, o verdadeiro, anunciado por Jesus. Toda a trajetória de Jesus pela História humana é um testemunho constante, repetido, insistente, com palavras, gestos e ações, desta verdade, absolutamente nova para a cultura religiosa da época: o Deus cristão é o Pai da parábola do filho pródigo. Um cristão que entra em desespero, seja pelo que for, perdeu o foco deste Deus, Pai/ Mãe, e precisa, urgentemente, reencontrá-lo. O filho pródigo, arrependido e envergonhado por seu erro, tinha, contudo, uma certeza: o pai não iria rejeitá-lo, não iria rechaçá-lo. Ele conhecia seu pai e, por isso, tinha confiança nele e no seu perdão. E foi acolhido, até com festa. O pai da parábola deu o motivo da alegria, da comemoração, falando para o filho mais velho: Este teu irmão estava morto e voltou a viver... esta perdido e foi reencontrado (15,32). (attilio@ livrariareus.com.br)
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SPAÇO DA
Arquidiocese de P. Alegre completa cem anos No dia em que completou 100 anos de existência, em 15 de agosto de 2010, a Arquidiocese de Porto Alegre celebrou uma missa em Ação de Graças pelo Centenário da Província Eclesiástica do Rio Grande do Sul. A Catedral Madre de Deus, completamente lotada, recebeu os 20 bispos em atividade no RS, além de bispos eméritos, presbíteros, diáconos, religiosos e fiéis das mais diferentes cidades de nosso Estado. Também celebraram seu centenário as dioceses de Pelotas, Santa Maria e Uruguaiana. O arcebispo metropolitano, Dom Dadeus Grings, presidiu a celebração ao lado dos demais bispos do RS. Dom Dadeus lembrou que há cem anos existiam apenas duas dioceses no Estado, número que hoje cresceu para 18. O arcebispo falou ainda “que na Igreja não se prega apenas a palavra de Deus, mas atuação dela nas comunidades. Hoje, 80% das obras sociais existentes são realizadas pela Igreja”, completou. Os milhares de fiéis presentes exclamaram sua devoção, acompanhando os cantos da missa e as palavras do Evangelho. Ao final do ato celebrativo, a Banda da Brigada Militar se apresentou em frente à Catedral. Os atos comemorativos ao Centenário da Arquidiocese continuaram na terça-feira, dia 17, com Sessão Solene na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, proposta pelo vereador Beto Moesch. Entre os dias 27 e 30 de agosto, acontece a 3ª Romaria Arquidiocesana em Aparecida, SP. No sábado, 28, está prevista uma visita ao Santuário de Frei Galvão. E no domingo, 29, será celebrada a missa oficial, às 10h, presidida por Dom Dadeus,
Coordenação: Pe. César Leandro Padilha Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos com a jornalista Cynara Baum pelo e-mail cynarabaum@gmail.com ou fone (51)32286199. Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa
A beleza da missão Pe. Maurício da Silva Jardim
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Dom Dadeus e bispos do RS celebraram a missa
na Basílica de Aparecida. Ainda dentro das comemorações, no dia 6 de novembro, será realizada a beatificação de Bárbara Maix, fundadora da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, no Gigantinho, em Porto Alegre, onde às 13h30min acontecerá o Momento Cultural, e às 15h30min, a Celebração Eucarística. Apesar de ter nascido na Áustria, Bárbara dedicou longos anos de sua vida religiosa na Capital gaúcha, e em breve pode se tornar a primeira santa católica do Rio Grande do Sul.
VII Encontro Estadual do Tradicionalista Cristão A coordenação estadual da Pastoral do Movimento Tradicionalista Cristão, em conjunto com o DTG Negrinho do Pastoreio, da Paróquia da Imaculada Conceição, promoverão o VII Encontro Estadual do Tradicionalista Cristão, que tem como tema “Festa de Navegantes, Cultura Açoriana e Ecologia”. O Encontro será realizado nos dias 6 e 7 de setembro, no salão da paróquia, localizada na Rua Ana Nery, 1309, em Canoas. Os participantes serão acolhidos pelas famílias. Informações e inscrições na secretaria da paróquia e pelo fone (51) 3051.6737, e com o patrão Toni no fone (51) 9261.4163. Programação
Segunda-feira, 06/09 12h - Acolhida 12h30min- Almoço 14h30min. : Abertura - Espiritualidade 15h : 1ª Palestra - Bioma do Pampa 17h: Lanche 18h: 2ª Palestra - Cultura Açoriana 20h: Jantar (Apresentações de danças açorianas e invernadas gaúchas) Terça-feira, 07/09 7h30min.: Café 8h: Espiritualidade 8h30min: 1ª Palestra - Nossa Senhora dos Navegantes 9h30min.: Debate sobre a Missa Crioula Intervalo e lanche 11h: Missa Crioula 12h: Almoço 14 às 16h: Passeio de barco pelo Delta do Jacuí
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RQUIDIOCESE
RCC promove o retiro Libertos para o Amor A Renovação Carismática Católica, RCC, promoverá no dia 5 de setembro, o retiro com o tema “Libertos para o Amor”. O encontro será realizado na Paróquia Cristo Rei, no Parque dos Anjos, em Gravataí. O pregador será Jeberton Teixeira, da comunidade Filhos da Cruz, de Guaíba. A abertura será realizada a partir das 7 horas, onde acontecerá uma confraternização durante o café da manhã. O retiro tem o custo de R$ 10,00, estando inclusos o café da manhã e o almoço. As inscrições podem ser realizadas às quintas-feiras, 20h, no Grupo de Oração Sangue de Cristo, e na secretaria da Paróquia Cristo Rei, com Adiles. Mais informações com Goreti através dos fones (51) 3487.1445 e 9733.4429.
Missionário em Moçambique
ntre nós missionários sempre reafirmamos que a missão é um dom do Espírito Santo dado a Igreja. É uma graça que nasceu com o mandado de Jesus, Ide! Aqueles que foram, podem dizer pela experiência que há mais em dar do que receber. Os missionários (as) além fronteiras não são heróis ou melhores do que outros por estarem em terras distantes, são na verdade privilegiados que gozam da beleza da missão. Na primeira quinzena de agosto estiveram conosco partilhando desta graça a visita de Dom Jaime Kohl, Pe. Adilson Zílio e Silvane Agnolin, do Regional Sul 3 da CNBB. Visitaram comunidades e reuniram-se com os conselhos pastorais para ouvirem suas preocupações. Não faltaram pedidos para que se continue e amplie o projeto missionário enviando mais padres e leigos. Sem muitas palavras o povo nos disse nas celebrações que é preciso partilhar de nossa pobreza. No momento das ofertas, dezenas de mulheres vinham até o altar com danças trazendo suas tigelas transbordantes com produtos cultivados por elas mesmas. Nós que estávamos próximo ao altar, calamos diante da generosidade daquele povo. Deram com largueza de espírito de seu pouco. Esta intuição da gratuidade deveria impulsionar toda ação missionária da Igreja. “Dê cada um conforme decidir em seu coração, sem pesar ou constrangimento, pois Deus ama quem dá com alegria. Quem semeia pouco colherá também pouco e quem semeia com largueza também colherá com largueza”. Eram esta as palavras daquela celebração debaixo do cajueiro. Era o último dia da visita e o Evangelho também nos questionou: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto” (Jo12,24). Faz pensar. Se não dermos o passo de generosamente darmos de nossa pobreza corremos o risco de continuarmos grãos de trigo sem produzir nada. Tenho convicção a partir deste chão africano que nossas dioceses do sul do Brasil não nasceram para serem grãos de trigo, pelo contrário, o Espírito as convoca para serem grãos que passam pelo processo de morte para produzirem frutos. Nossa Igreja do Brasil tem muito a agradecer pelos inúmeros missionários “fidei donum” que contribuíram e continuam contribuindo pelo testemunho e pela presença em lugares de fronteiras entre os mais necessitados, sobretudo na Amazônia. Nossa hora já chegou de partilharmos com as dioceses mais pobres do mundo aquilo que de graça recebemos. Também agradeço com alegria os dezesseis anos de presença do Sul III aqui na diocese de Nampula, Moçambique. Na atual equipe de missionários (as) somos cinco pessoas, dois padres e três leigos que atendem duas grandes paróquias com 140 comunidades. No final deste ano voltam os três leigos e o pe. Luis Cardalda também retorna a sua diocese de Goiás. Fico sozinho e entro num tempo de espera em Deus e confiança em sua província. Para concluir, permito-me partilhar que a poucos dias ouvi de um amigo padre, do sul do Brasil, que tem vontade de se lançar em missão além fronteiras, mas lhe falta coragem. Jesus responderia: “Coragem, não tenhais medo”. Às vezes penso que no imaginário dos convidados pelo Senhor da messe, persiste uma ideia irreal de missão associada naquilo que temos que perder, deixar para trás ou morrer. As cruzes das malárias, das perdas, das saudades, das distâncias geográficas e culturais não se comparam com a beleza de estar aqui no meio deste povo, podendo partilhar um pouco de nossas vidas. Agradeço de coração a visita que a equipe do Brasil nos fez, nos deixando animados pela convicção de que a missão é o Deus e por isso não faltarão pessoas generosas que acolherão o convite de partirem na descoberta da beleza da missão.
Porto Alegre, 1o a 15 de setembro de 2010
Câmara homenageia centenário da Arquidiocese de Porto Alegre Eduarda Amorim/CMPA
Dom Dadeus Grings agradeceu a homenagem do legislativo
Foi em 17 de agosto último. Agradecendo a homenagem, Dom Dadeus Grings destacou que, apesar de tantos acontecimentos negativos no mundo atual, a Igreja Católica está inserida em toda a sociedade, se organizando de maneira a estar presente nela. “Os 12 apóstolos foram responsáveis por construir a Igreja, que se torna presente reunindo as pessoas”. Lembrando a obra social da Igreja, Dom Dadeus disse desejar que a herança recebida pela Arquidiocese, nos seus cem anos, possa continuar. Beto Moesch, proponente da homenagem, destacou o caráter evangelizador e de ação social de cada uma das paróquias da Arquidiocese. “Somente no ano passado, mais de 350 mil pessoas foram atendidas pela rede da Arquidiocese de Porto Alegre”. (Mais noticiário sobre o centenário na página 11)
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CNBB não apóia candidatos Através de seu presidente, Dom Geraldo Lyrio Rocha, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB deixa claro que não se identifica com nenhum candidato à presidência da República ou outro cargo eleitoral. A manifestação é coerente com a posição da Instituição em eleições anteriores, quando esclareceu que a Igreja não tem partido nem candidato político. E, assim, ratifica o conteúdo da “Declaração sobre o momento político atual”, tirada da 48a Assembléia Geral da CNBB em maio último, em que, todavia, alerta o eleitor católico a votar só em “pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana” sem explicitar o aborto. A Igreja, portanto, recomenda, não votar em candidatos que “defendem posições que são opostas às defendidas na Igreja Católica”, segundo Dom Geraldo Rocha. E, nas próximas eleições, expressem sua cidadania através do “voto ético, esclarecido e consciente”, a fim de que sejam superados “possíveis desencantos com a política”. Pelo que, contrariamente do que circula insistentemente na internet, não é iniciativa da CNBB e sim, posição particular de um bispo diocesano do Grande ABC paulista, a carta sob o título “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, recomendando não votar em certo candidato.