Solidario2agosto2011

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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, 16 a 31 de agosto de 2011

www.jornalsolidario.com.br

Ano XVII - Edição No 592 - R$ 2,00

Imagens: Site da Jornada Mundial da Juventude

Os jovens e a Igreja

Dois milhões de jovens de 182 países prometem estar presentes na Quinta Jornada Mundial da Juventude, em Madri, entre 16 e 21 de agosto corrente. Sob o tema “Enraizados e Edificados em Cristo, firmes na fé”, o evento será uma demonstração ao mundo de adesão cristã e de fé. Mas a absoluta maioria integra movimentos de Igreja, com idades entre 15 e 30 anos, e que representam parcela muito pequena no universo de jovens. E a Igreja se pergunta: como atingir e atrair o jovem do século XXI que se afastou e não quer saber de religião organizada, embora não abdique de uma espiritualidade particular? Páginas centrais

Fraternidade e Saúde Pública É o tema da Campanha da Fraternidade de 2012 e que tem por lema “Que a saúde se difunda sobre a terra”. O tema, segundo a CNBB, foi escolhido para refletir sobre a saúde pública no Brasil a que muitos pobres nem sempre têm acesso digno. A iniciativa será oportunidade de ampla discussão sobre essa realidade. A CF 2012 começará na Quarta-feira de Cinzas do ano que vem.

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“As pessoas te pesam? Não as carregues nos ombros. Leva-as no coração”. Dom Hélder Câmara

Doação do Solidário na Santa Casa Graças ao gesto solidário de um casal de amigos, 500 pacientes da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre podem ler o jornal Solidário em suas edições 591 e 592. A atitude também representa forma de difusão do Evangelho e é um convite a que outros amigos façam o mesmo.

A Direção


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Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Editorial

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Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

Os jovens e a fé

e 16 a 21 de agosto, em Madrid, capital da Espanha, vai acontecer a Quinta Jornada Mundial da Juventude. São esperados mais de um milhão de jovens para este evento. Do Brasil, deverão participar de 15 a 20 mil jovens, talvez o país com a maior representação dos 182 países que terão delegações. O principal objetivo das Jornadas é fazer da pessoa de Jesus o centro da fé e da vida de cada jovem para que Ele, “Jesus, possa ser seu ponto de referência constante e também a inspiração para cada iniciativa e compromisso para a educação das novas gerações”. Foi o que disse o, agora, beato João Paulo II, numa carta que escreveu ao Cardeal Eduardo Pironio por ocasião do Seminário sobre as Jornadas Mundiais da Juventude, realizado em Czestochowa, Polônia. João Paulo II foi o grande idealizador destas Jornadas e, para ele, elas são um tempo para reavivar nos jovens a sua caridade e celebrar a fé na união da diversidade de povos, línguas e nações. As Jornadas devem ser como fontes para reabastecer a fé de cada jovem na Igreja e da Igreja nos jovens. O tema da Jornada é muito significativo: “Enraizados e Edificados em Cristo, firmes na fé”. O tema tem uma grande atualidade: não é segredo para ninguém que a maioria dos que poderiam ser chamados de “católicos folclóricos” tem três momentos onde celebram sua fé: são batizados, ainda casam na Igreja, uma cerimônia mais social que religiosa, cantada em prosa e verso nas novelas televisivas e voltam a “aparecer” na missa de sétimo dia! A grande maioria destes católicos deixa de viver sua fé e participar na comunidade na sua juventude. A Igreja se pergunta sobre o porquê deste abandono. Mas há perguntas que não são feitas, nos parece, com a devida seriedade: Que Igreja para que jovem? Que fé para que jovem? Que religiosidade para que jovem? A chamada “crise religiosa” da juventude é uma crise normal, natural, até necessária para que, este jovem, que foi batizado em criança, portanto, sem fazer uma opção pessoal, possa reavaliar a sua fé desde sua realidade de jovem, e, aí sim, fazer uma opção pessoal por Jesus e seu Projeto. Como jovem e jovem do século XXI. A fé infantil não serve para o jovem porque ele já não é criança; também não pode querer copiar a fé dos pais, porque é a fé de outra geração. A fé copiada nunca cria raízes. Em qualquer idade, a fé, como opção pessoal, é dinâmica e busca respostas atuais para cada momento que a pessoa vive ao longo do tempo da sua vida. O Solidário buscou três testemunhos (páginas centrais) sobre o evento: o testemunho de Mons. Urbano Zilles, professor de Teologia da PUCRS e vigário episcopal de Cultura da Arquidiocese de P. Alegre, da jornalista profissional Andréia Fantinel e da jovem Ana Paula Anguiloni Ramos, estudante de Letras da UFRGS. Leia e tire suas conclusões. Oxalá esta Quinta Jornada Mundial da Juventude não seja apenas um festivo e quase turístico encontro de muitos jovens, mas ajude para criar raízes profundas na pessoa de Jesus e faça com que os jovens se tornem cúmplices do seu Projeto de um mundo mais justo, mais igualitário, um outro mundo possível. (attilio@ livrariareus.com.br)

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril

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RTIGOS

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

Os animais sagrados

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de um povo. Diz-se, por isso, que o ser humano é mais filho da cultura que da natureza. Não pode ser entendido por uma simples análise genética de seu DNA ou da seleção de cromossomos. Deve ser visto no contexto da cultura em que se criou e foi educado. Fazer tábula rasa destes valores, na verdade, é destruir o próprio ser humano no que tem de mais profundo. Muitos, para traduzir sua ideia de Deus em algo sensível, se servem de imagens materiais. Sabem que Deus é espírito e que a divindade não pode ser limitada nem ao espaço nem ao tempo. Contudo, uma estátua pode ajudar sua devoção. Trata-se de obra humana. Sabemos, ao invés, que Deus é vivo e fonte de vida. Por isso, parece mais consentâneo escolher uma de suas obras para representá-lo. Os animais, sem dúvida, nos dão uma ideia melhor dele do que as montanhas e que as flores. Representam o infinitamente complexo. Cada cultura escolhe, dentre seus valores mais conspícuos, aquilo que melhor lhe pareça lembrar a divindade. A vida ocupa um lugar de preeminência. Não se trata do animal em sentido biológico. Ele foi elevado a símbolo do transcendente. Os povos, identificando-se com sua cultura, cultuam, neste sentido, animais. Veem neles um sinal do divino. Atribuem-lhes a característica numinosa. Seu culto faz parte de sua identidade como povo. Quem se sente ligado a este povo procede assim. Não crê que este animal seja Deus, mas, por ele, no contexto de sua cultura, vê um sinal de sua presença. Isto significa que nele e através dele encontra seu Deus e lhe presta homenagem. Objetivamente, o animal é animal. Tem seu DNA. Está sujeito às leis da biologia. As ciências determinam sua natureza. Mas, subjetivamente, esta sua natureza é guindada, por aquele povo – e não só por alguns indivíduos isolados – às alturas do sinal, o que significa algo totalmente diferente.

lém da afeição pelas flores, que enfeitam os jardins e as casas, para dizer que alegram a vida humana, os homens também se afeiçoam aos animais. Falamos de animais de estimação. Temos os domésticos, que moram conosco; e os selvagens, deixados no seu próprio ambiente. O estranho é que os seres humanos assumiram alguns animais como sendo sagrados. Não se trata apenas da afeição, que une o dono ao seu cachorro, gato, passarinho... Povos inteiros cultuam animais, que consideram sagrados. Lembramos as serpentes dos fenícios e do deserto dos israelitas, o boi Ápis e os crocodilos do Egito; as vacas sagradas da Índia... Além desses animais, cultuados em vida, temos os sacrifícios, em honra da divindade. Os judeus, como os demais povos da antiguidade, faziam oferendas de bois, de cordeiros, de pombas... Houve povos que sacrificavam seus próprios filhos em holocausto. O que significa isto? Por que se considera sagrado um animal e por que se oferecem a Deus vítimas do rebanho? Procedendo como Abraão diante dos ídolos, diríamos que, cientificamente, não há nenhuma distinção de um animal sagrado dos demais. S. Paulo, ao responder à questão da carne oferecida aos ídolos, concedia que os ídolos nada são e, portanto, a carne a eles oferecida não tem nenhuma característica. É oferecida ao nada, o que equivale a dizer que, na verdade, não é sagrada. Mas o apóstolo logo acrescenta: já que muitos ainda acreditam em ídolos e, consequentemente, têm esta carne como sagrada, que se absterá dela para não escandalizar os simples. A escolha dos símbolos religiosos é complexa. Tem forte conotação cultural, o que equivale a dizer que não se trata de algo sagrado em si, mas de uma marca cultural

Doenças e "doenças"

Carmelita Marroni Abruzzi

(se der certo) seja produzida e acessível ao doente. Quantas falsas esperanças têm sido despertadas! Reconhecemos que estudos e expeob o título "Doses diárias de neuroses", Pa- rimentos destinados a melhorar a vida trícia Villalba (Cad. TV, Estado de São Pau- dos doentes e amenizar seus sofrimentos lo; 19 a 25 de junho) comenta a presença merecem o apoio de toda a sociedade e constante de médicos e seus aconselhamentos, devem ser divulgados. Porém, as notícias na TV dificilmenem todos os canais de TV, abertos ou pagos. te são captadas na sua íntegra e provocam Fala de uma personagem que os assiste e vive apaerros de interpretação. Já artigos escritos vorada, sentindo todos os sintomas da "doença do dia" e permitem releitura e uma análise mais cuidadosa. Talvez levou uma semana para fazer o tal exame de glicose que, possam cumprir melhor sua função de esclarecer a sociedade diziam na TV, era coisa simples. E, nesse período, passou sobre questões de saúde. por todos os "terrores” de ter várias doenças fatais. Afinal, De qualquer maneira, é preciso discernimento e bom feitos os exames e consultado o médico, veio o diagnóstico. senso para não ficar “soterrado” sob o peso de tantas infor"Dona Áurea, a senhora tem uma saúde de ferro... Só mais mações, em geral superficiais e dispersivas. Elas podem uma coisa; veja menos TV, ok"? ter o mérito de alertar pessoas que têm sintomas reais e Todos nós conhecemos pessoas influenciáveis, como orientá-las para procurar cuidados médicos; podem, até, Dona Áurea, com mil e um sintomas de doenças, fato que cumprir o papel de informar a sociedade para melhorar suas se tem acentuado nos últimos tempos com a enxurrada condições de vida, mas é preciso prudência, porque notícias de programas científicos e pseudocientíficos, que tratam alarmantes sobre supostas epidemias, por exemplo, podem superficialmente de doenças, sintomas, cuidados para evitar provocar correrias e agravar o caos em que já se encontram e sugerem tratamentos. as emergências dos hospitais. Há também aquelas notícias que anunciam cura de Enfim, se os meios de comunicação têm importante doenças como o câncer, por exemplo, ou acenam com papel para divulgar informações em situações de emergência possibilidades de os paraplégicos recuperarem seus e de epidemias, têm, também, a responsabilidade de tranmovimentos. Até a gente se entusiasma, e não perde o quilizar a sociedade nessas mesmas situações, reduzindo a programa. Entretanto, por vezes, trata-se de uma primeira questão às suas verdadeiras proporções e não aumentando e hipotética experiência com animais, que levará anos para os medos e angústias que tais notícias podem gerar. (deser testada com humanos e muito tempo até que a droga bruzzi@ig.com.br) Professora universitária e jornalista

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Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

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OCIEDADE

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O segredo dos casais felizes Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

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o dia 29 de julho passado, meu marido e eu fomos convidados a participar de um acontecimento único e mágico: as bodas de ouro de nossos amigos Nildete e Cláudio. Nada de extraordinário nisso, dirá você. Pode até ser, digo eu, sobretudo se este casal tivesse levado sua união de maneira apenas tolerável. Mas o fato é que não foi assim. Martin Rotovnik/sxc.hu

Pai, hoje queria ter você! Adriana Leal

Queria você aqui agora. Queria que você me mostrasse o sentido da vida, me fizesse compreender meus erros... Queria você aqui agora... Para simplesmente olhar para mim e dizer: vai dar tudo certo! Sou um pouco da sua essência, a minha razão de existir, a minha vida devo a você! Você é o sol que me aqueceu nas horas de medo, nas horas que precisei sentir o chão! Pai, hoje eu estou com medo E você não está aqui... Estou com frio... Estou querendo seu colo para sentir meu chão... A lua que me ilumina na noite, me traz solidão... Não sei se estou certa, ou se estou querendo viver de ilusão. Estou cansada, quero sua mão... Me dê seus sonhos, me busque e mostre o caminho da luz. Não deixe sua filha, sem saber a razão. Pai, hoje é seu dia, para mim foram e são todos... Não há um dia que eu não encontre suas palavras... Seus ensinamentos, sua razão... Mas hoje, meu pai, eu queria só deitar e sentir seu cheiro... E lhe dizer: cuide de mim... Saudades, querido pai! Amo-te!

Foram milhares de horas passadas na vivência de uma grande felicidade. Bem entendido, seu coração foi marcado pelas intempéries, como é natural a todo ser humano, mas o amor que sempre tiveram um pelo outro ensolarou e aqueceu seus mais belos anos... Durante este meio século de vida comum, nossos amigos souberam gerenciar harmoniosamente as crises e os conflitos inevitáveis da vida a dois. Ao longo destes anos, eles souberam cultivar a sabedoria, o respeito, o espírito de partilha e a humildade para viver sua felicidade. Se esta bela história de amor, como tantas outras, nos prova que formar um casal feliz durante décadas é possível, ela também nos coloca interrogações, porque constatamos que é raro encontrar este tipo de casal em nossos dias.

Terão eles algum segredo ?

De fato, o sucesso deste casal é realmente simples: eles cultivaram o positivo. Quer dizer, eles estabeleceram uma dinâmica em sua vida cotidiana que fez com que seus pensamentos e sentimentos positivos sempre superassem os pensamentos e sentimentos negativos (presentes em qualquer matrimônio). É o que podemos chamar de ação positiva. Esta é uma das regras fundamentais para a longevidade de um casal e vocês vão compreender o por quê, lendo o que segue. O gesto positivo de um é recompensado pelo gesto positivo do outro, a um sorriso virá como retorno um outro sorriso. Cada gesto positivo será recompensado por uma atitude, um gesto, um agradecimento. Desta maneira, podemos dizer que em um casal a quantidade de ações positivas é colocada na balança como contrapeso às ações negativas, criando uma dinâmica muito positiva para o casal. Os sentimentos positivos devem sempre pesar mais do que os negativos. Devem sempre predominar. Amigos, se vocês cultivarem com arte o positivo, o amor, a amizade, os sorrisos trocados, se vocês tiverem uma grande quantidade dessas emoções e ações positivas, vocês poderão facilmente suportar os desacordos, mesmo importantes. Em contrapartida, se vocês colocarem muito pouco de positivo em sua relação, o menor conflito vai degenerá-la gravemente, porque vocês não terão uma

reserva de felicidade compartilhada para fazer face a estas situações. Nos tempos atuais, o casal aparece como uma espécie em via de extinção, ameaçado pelo medo do cansaço, do sofrimento, do tédio, do divórcio... O negativo parece predominar, tanto na mídia, quanto ao nosso entorno. Ousem reverter este vapor mórbido! Porque “o primeiro passo rumo à felicidade durável do casal é acreditar nele, acreditar plenamente que viver um casamento prazeroso e feliz é possível”. Esta fé profunda no amor e na felicidade do casal é comprovadamente a condição para uma vida de casal feliz. Vocês sabiam que os casais felizes se constroem de cinco a dez vezes mais pelas aprovações e atitudes positivas do que pelas reprovações e negatividades? Então, vejam o que lhes resta fazer: apliquem, sem moderação, os pensamentos, sentimentos e ações positivas em relação a seu companheiro ou companheira. Deixem de lado as eternas queixas e reprovações, curtindo a vida com mais leveza e bom humor, não levando tão a ferro e fogo qualquer coisa que lhes pareça menos boa. Do contrário, que tortura!!! (deonira@terra.com.br)


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PINIÃO

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P. Alegre: uma nova

É lícito “desligar” equipamentos de sobrevida?

imigração em contexto

Suprema Corte de New Jersey concedeu, por sete votos a zero, o direito da família em Filósofo* solicitar o desligamento dos equipamentos de questão relativa ao ato de desligar os aparelhos suporte extraordinários. Após isto, a paciente que mantêm a vida de doentes terminais, es- sobreviveu quase dez anos, sem o uso de pecialmente nas Unidades de Terapia Intensiva respirador, mas sem qualquer melhora no dos hospitais, é um assunto moralmente ainda muito seu estado neurológico. discutível. Digo ainda discutível porque o zeitgeist Em 1995, ministrei, na cidade de Pe(espírito de época) que norteia nossa vida em socie- lotas, RS, um curso intensivo de teologia dade hoje é muito elástico, atuando com casuísmos sobre “escatologia” (vida após a morte). que tentam passar a idéia do “cada caso é um caso”. Num determinado momento do programa, para falar em após a morte, tivemos que A jovem americana Karen Ann Quinlan tinha 22 anos de definir a hora da morte, quando veio à baila o assunto morte idade quando em 15/04/75 entrou na emergência do Newton encefálica (ME) e consequente desligamento de aparelhos. Memorial Hospital, de New Jersey/EUA, em estado de coma, Uma religiosa, que trabalhava na UTI de um dos hospitais em virtude de algum problema nunca esclarecido. Há quem da cidade, relatou que, por conta de um acidente de carro, diga tratar-se da ingestão de tranquilizantes com bebida uma moça foi declarada em ME, sendo recomendado pelos alcoólica. Depois de dez dias, a garota foi transferida para médicos que lhe desligassem os aparelhos e depois dessem a o Hospital St. Clair, em New Jersey. Lá, seus pais adotivos, notícia do falecimento à família. A irmã de caridade resistiu à Joseph e Julia Quinlan, tendo as informações da irreversibiidéia, e os aparelhos não foram desligados como fora adredelidade do caso e após conversarem com seu diretor-espiritual, mente solicitado. Para não se alongar, a religiosa perguntou: Pe. L. Trapasso, solicitaram, em 1o de agosto, a retirada do “Sabem onde está a moça hoje? É dentista, casada e tem dois respirador. O médico assistente, após ter concordado com a filhos”. Nenhum dos médicos presentes se dispôs a contestar solicitação no primeiro momento, se negou, posteriormente, o depoimento da religiosa. alegando a ética profissional. O homicídio involuntário (quando o agente não teve a Inconformada, a família foi à justiça solicitar a autorizaintenção de praticar o ato danoso) não é moralmente impução para suspender todas as medidas extraordinárias, alegando tável. Mesmo assim, não está isento de falta grave quem, de haver, por parte da paciente uma manifestação anterior, que modo culposo (imperícia, imprudência ou negligência) agiu não gostaria viver mantida por aparelhos. Em despacho em de maneira a provocar a morte, ainda que sem a intenção de novembro de 1975, o juiz responsável pelo caso não autorizou causá-la. É indiscutível que as fronteiras biológicas estão sendo a retirada dos aparelhos, baseando a sua negativa no fato da derrubadas, e por isto deve-se refletir sobre o papel do Direito impossibilidade de confirmar que a paciente tivesse dado na tentativa de evitar a utilização indiscriminada da ciência aquela declaração. quando não ligada aos princípios éticos consensuais, oferecidos A família apelou para a Suprema Corte de New Jersey, pela reflexão bioética. É imperioso buscar a proteção da vida que designou o Comitê de Ética do Hospital St. Clair como humana e de suas características intrínsecas relacionadas à responsável para estabelecer o prognóstico da paciente e dignidade, inviolabilidade, e identidade do ser humano. assegurar que a mesma nunca seria capaz de retornar a um patamar aceitável de vida. O Comitê, que até então não * O autor é também mestre em Escatologia, doutor em Teologia Moral e especialista em Bioética existia, deu parecer de irreversibilidade. Em 31/03/76, a

de globalização? Pe. Luigi Mansi Padre Scalabriniano*

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jornal Zero Hora de 3.7.2011 noticiou uma provável inversão da onda migratória. Nas últimas décadas, jovens brasileiros buscaram na Europa oportunidades que não encontravam no próprio território nacional. A razão parecia ser a de perspectivas, empurrando mão-de-obra verde-amarela para outros países e continentes. A inversão da onda migratória coloca, agora, o Brasil e outros países emergentes (Índia, China, África do Sul) no radar e interesse de jovens europeus. Zero Hora cita o exemplo de jovens portugueses, como Sérgio Marques e Gonçalo Narciso, refazendo o trajeto de antigos compatriotas dos Açores, que marcaram a colonização de Porto Alegre. Eles já estão aqui, completando estudos na UFRGS, e pensam em ficar. Gonçalo, 23 anos, faz graduação em Engenharia Ambiental. Cogita o Brasil para se estabelecer por ser um dos países com crescimento econômico, democracia com tendência estável e também um mercado interessante dentro da área de estudo ambiental. Ele avalia fragilidades em segurança e justiça, mas compensa avanço tecnológico assim como a crescente preocupação com a infraestrutura. Vai se formando do Brasil uma imagem de potência mundial no imaginário dos candidatos a imigrantes. Na verdade, Porto Alegre é uma cidade que nasceu pela chegada de imigrantes, se desenvolveu e continuará com esta presença significativa. Os fundadores, como advertimos acima, vieram do Arquipélago dos Açores. No ano de 1752, cerca uma 60 famílias se instalaram no lugar da atual Volta do Gasômetro. Em 1773, já era como que uma pequena capital do Continente de São Pedro. Aumentando a população porto-alegrense, as atividades comerciais ganham peso, atraindo mais pessoas e famílias de outros lugares, que ao lado do trabalho escravo dos africanos, expandem e aumentam atividades livres. São portugueses, alemães, italianos, ingleses, franceses, poloneses, espanhóis, belgas, russos, ucranianos, árabes, holandeses e canadenses, entre outros, que no século XIX atuam não somente na produção econômica e na atividade comercial, mas participam também da vida política – vejam no caso os 10 anos da Revolução Farroupilha – e da vida cultural. No século XX, chegam judeus e japoneses entre outros. Agora estamos no século da globalização e das mil surpresas, enquanto é a Europa abastada que entra em crise. Alguém foi profeta desta visão global, não olhando apenas o seu umbigo, ou no caso de Mons. Scalabrini, não se preocupando apenas da sua diocese de Placência. O produto que Scalabrini queria valorizar, comercializar e globalizar é a fé. Este bom produto ajuda hoje em Porto Alegre, e no mundo todo, a olhar o irmão diferente e migrante com olhos positivos. Afinal, o Bem-aventurado Dom Scalabrini foi pioneiro na atenção aos migrantes. Nós, Scalabrinianos da Paróquia de Nossa Senhora da Pompéia – rua Dr. Barros Cassal, 220 – procuramos continuar seu carisma de acolhida e incentivo irmanizador. *Colaboraram Vali Mors e Luis Chamorro

Antônio Mesquita Galvão

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O mito da felicidade Maria Regina Canhos Vicentin

iremos trilhar. Nesse sentido, é muito importante saber escolher. Acabo de me lembrar de uma passarroneamente, imaginamos que a felicidade se gem bíblica em que Jesus diz: "Marta, caracteriza pela ausência de dissabores. Apenas Marta, andas muito inquieta e te preocualegria e contentamento, nada de contrariedades. pas com muitas coisas; no entanto, uma Assim é fácil perceber por que é tão difícil ser feliz. Não só coisa é necessária, Maria escolheu a há como ter uma vida livre de dificuldades. Pois, se o de- boa parte, que não lhe será tirada." (Lc safio é exatamente esse, crescer à custa do enfrentamen- 10, 41-42). A boa parte não nos será timas, às vezes, podemos excluí-la to de situações adversas, como deixar de vivenciá-las? rada, de nossa vida, ainda que sem perceber. Marta estava assoberbada com o trabalho Observando por este ângulo, a felicidade estaria doméstico e se descuidava do principal. Quantas vezes mais próxima da sensação que advém do êxito em nos descuidamos do principal? driblar adversidades. Deduz-se que não há como ser Dalai Lama disse se surpreender com os homens feliz sem problemas, pois se inexistem problemas que "perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perinexistem situações a serem enfrentadas. E se não dem o dinheiro para recuperar a saúde", e não é assim existem situações a serem enfrentadas, não há êxito a mesmo que acontece? ser conquistado. Interessante, não é mesmo? Para vivermos felizes precisamos modificar a ideia Principalmente se levarmos em conta a ideia dominante de felicidade como sendo a ausência de pro- dominante de felicidade. Felicidade não é ausência de blemas. Obviamente, você já percebeu que, para uma problemas a serem enfrentados, e sim acolhimento das pessoa poder ser feliz, ela necessariamente tem de ter situações, sejam positivas ou negativas, como forma de aprendizado e aperfeiçoamento. problemas, ou não? Está ficando complicado? Estamos em processo de desenvolvimento. A criaOra, mas ser feliz é tão descomplicado. E é descomplicado porque é feliz todo aquele que assim o deseja. ção continua acontecendo. Nossas células se renovam a É preciso querer ser feliz para efetivamente o ser. Será cada dia, e não podemos ficar estagnados em conceitos que a felicidade é uma opção? Bingo! É uma opção. estreitos e limitantes. A felicidade não é bem o que É feliz aquele que quer ser feliz. Temos a liberdade de parece, mas existe sim, e todos nós podemos escolher escolher com que cor desejamos pintar a nossa vida. ser felizes. (contato@mariaregina.com.br - Fonte: Nossas escolhas vão delimitando os caminhos que www.mariaregina.com.br) Escritora

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DUCAÇÃO &

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SICOLOGIA

O veneno do ressentimento Jorge La Rosa Professor universitário, doutor em Psicologia

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desenvolvimento emocional é tarefa para uma vida, jamais chegamos ao fim. A alegria de viver, o sentimento de gratidão diante da vida e dos semelhantes, o amor ao próximo têm horizontes infindáveis que nos projetam para o infinito. Os sentimentos que acolhemos, os que rejeitamos, vão conformando nosso perfil psicológico. Entre os possíveis sentimentos com os quais nos defrontamos, está o ressentimento.

O que é o ressentimento? Como se origina? Quais suas implicações? Como superá-lo? São questões interessantes. Ressentimento, como o vocábulo expressa, é re-sentir, sentir outra vez ou outras vezes após o evento original que o desencadeou: um amigo muito íntimo ao qual você fez múltiplas confidências o trai e as comunica em roda de bar, expondo aspectos pessoais e secretos de sua vida pessoal; uma namorada que você amava e respeitava profundamente, rompe unilateralmente o relacionamento, sem qualquer consideração; o chefe no trabalho o humilha e desqualifica uma tarefa que você fez com esmero e dedicação. Estas situações e outras podem despertar no sujeito que as sofreu, sentimentos de mágoa, tristeza, amor próprio ferido, hostilidade e impulso de vingança em relação ao agressor: aí está o ressentimento. Segundo Max Scheler, o impulso de vingança é o mais importante na conformação do ressentimento, principalmente quando se transforma em sede de vingança. O impulso de vingança necessita sempre motivo bem determinado, e ele cessa quando a vingança é perpetrada ou quando há perdão sincero.

Ressentimento disfuncional

Em todo o caso, se o problema se originar de traição de amigo, ficar ressentido não ajudará a cultivar novas e velhas amizades; se tiver sido com a ex-namorada, não tornará o sujeito atraente para a próxima, e talvez definitiva; se tiver sido com o chefe, o ressentimento não vai aumentar a satisfação no trabalho nem concorrer para relacionamento saudável com ele; se tiver sido com o marido, o ressentimento não ajudará a comunicar-se com ele, a eliminar a causa ou estreitar o afeto. O ressentimento é disfuncional, não presta benefício, ao contrário, prejudica a comunicação e erige muros entre os indivíduos e não pontes. Trata-se de sentimento destrutivo de laços e amizades. Não vale a pena investir nele! É preciso, antes, extirpá-lo.

Ressentimento e passado

Outra característica do ressentimento é que ele mantém o sujeito preso ao passado, e o torna vítima de alguém que nem mesmo está tentando prejudicá-lo mais; por esse sentimento, revivem-se situações que trouxeram amargura e raiva, num movimento de autodestruição – masoquista – e que impede de viver o momento presente. É sentimento alienante do aqui e agora. Trata-se de castigo auto-imposto; a pessoa corre

Divulgação

o risco de tornar-se amargurada e cheia de dores e transformar-se em ressentida diante da vida e do mundo – transformando o que era evento isolado em traço de personalidade. A pergunta: por que usar a mente para sentir novamente coisas ruins, tristes, decepções e mágoas? Não tem nenhuma função, só prejuízos. Trata-se de movimento equivocado da mente. Os estudiosos do assunto indicam também que o ressentimento constitui bloqueio psicológico, quer dizer, impede que outros sentimentos como o amor e gratidão possam se desenvolver – tornandose inibidor de sentimentos altruístas. Ressentir significa marcar passo ou estacionar na evolução pessoal, quando não, um regredir.

Enfoque psicanalítico

A interpretação psicanalítica trabalha com os conceitos de demissão da condição de sujeito, de inocência e vitimização. Segundo ela, o ressentimento tem origem em ação/ato de outrem que fere meu amor próprio, há uma delegação de poder ao outro que o torna capaz de suscitar em mim sentimentos não desejados, eximo-me de qualquer responsabilidade pelas emoções que sinto: o culpado é o outro, eu sou vítima. No ressentimento, atribui-se ao outro culpa como agressor

e a mim inocência, como vítima. Segundo essa interpretação, a superação do ressentimento está na conscientização de seu significado e gênese, de modo que o indivíduo se responsabilize pelos próprios sentimentos e deixe de assumir a condição de vítima.

O caminho

É interessante observar uma passagem da vida de Jesus em que Ele teria todas as condições para ser ressentido – e não o foi. Trata-se da bofetada desferida pelo soldado que estava ao seu lado, quando interrogado pelo Sumo Sacerdote. O Mestre interpela o militar: “Se procedi mal, mostra-me; se procedi bem, porque me bates” (João, 18,23)? Observe-se que ele não acusa o esbofeteador, não revida, não esbraveja de raiva, nem tem sede de vingança, mas age com mansidão e bondade – os seus sentimentos não dependem do gesto do soldado. Ele, contudo, induz o militar a rever sua ação, se está correta ou não é questão que ele, soldado, deve decidir segundo sua consciência. A reação do Nazareno é protótipo para aqueles que querem ser seus discípulos – e que, por isso, não serão vítimas do ressentimento nem de seus dissabores. A graça está aí. Disponível. Contemplar a pessoa de Jesus é o Caminho. (jlarosa@terra.com.br)


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EMA EM FOCO

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Os jovens e a Igreja D

ez entre dez padres preocupados com o futuro da Igreja se angustiam com a ausência ou indiferença da quase absoluta jovens. “Não sabemos mais como atingi-los”, é a frase mais repetida. E dez entre dez bispos preocupados com o futuro d cordam com esses padres. A impressão que passa é que – usando a figura de uma maratona, uma corrida de S. Silvestre, por exemplo – o pelotão dos jove ciou, está muito à frente, se “descolou” dos que ficaram quilômetros atrás. E esses, os “atrasados”, por sua vez, perderam o co sabem mais como se comunicar com os que correm na frente. Nesse pelotão que corre na frente não se incluem os jovens qu movimentos juvenis, que, num universo de, no mínimo, 50 milhões de brasileiros entre 15 e 30 anos, são total minoria, um quadr acentuado em países europeus. O que fazer?

Imagens: Solidário

P

Andréia Fantinel

Ana Paula Ramos

Religião com liberdade

“Eles querem ter religião com liberdade. Talvez por isso não querem participar da Igreja. Querem Jesus, mas sem todas aquelas leis, todos as mandamentos, os limites. Penso que existe um Jesus dentro do coração de cada um, fora das leis e fora dos mandamentos. Parece que a Igreja voltou a ser o que Jesus não queria na religião do seu tempo, a religião oficial dos judeus”, resume a estudante de Letras da UFRGS, Ana Paula Anguiloni Ramos, 18 anos. Ana Paula, que dos 11 aos 17 anos participou do Movimento Onda e CLJ, não acredita em jovem ateu, mesmo que assim se confesse. “Penso que todo jovem tem algo de religiosidade, de espiritualidade. Isso é inato e não vejo sentido alguém dizer que é ateu. Penso que não querem dogmas, leis”. Para ela, é mais fácil manter um idoso na Igreja do que um jovem. “A Igreja está com uma face muito idosa. O padre é essencial para manter o jovem na Igreja. Tivemos essa experiência na Igreja das Dores e o padre ficava com a gente nos momentos de lazer, no barzinho, até meia-noite para conversar e confraternizar, conversando no sotaque dos jovens. Isso é essencial. É isso que Jesus fazia também, penso. Parece que os padres se fecham. Claro que eles têm seus compromissos. Mas não custa achar um espaço na sua agenda. O que falta é o padre e a Igreja falar a língua dos jovens, falar as nossas gírias. É muito mais fácil se comunicar com alguém que fale a mesma coisa que nós , interessar-se por redes sociais, saber o que nós pensamos e como pensamos”.

Discurso mais direto É a sugestão da jornalista Andréia Fantinel. “Algumas coisas precisam ser feitas para atrair a juventude. Um discurso mais direto e prático sobre as dúvidas e inseguranças que fazem parte do dia a dia de pessoas com menos idade, bem como uma preparação mais específica também para crianças e adolescentes (que têm de ter esses valores introjetados desde cedo), seriam um bom começo para tornar mais frequente a presença dos jovens nas igrejas e na vida comunitária. Infelizmente, a história de vida de Cristo e o que ele pregou, que continua atual – basta adaptarmos à nossa realidade –, não é explorado com uma linguagem simples, mais jovem e coloquial. Medidas dessa natureza podem atrair mais pessoas com menos idade, porque se aproximam da realidade delas, acrescentam algo em suas vidas, etc. A participação da vida em comunidade seria uma consequência da absorção e da vivência desses valores.

Uma Igreja sem juventude é uma Igreja sem futuro

É o que resume Monsenhor Urbano Zilles, professor titular de Teologia na PUC/RS, pároco da Igreja Nossa Senhora do Líbano – Igreja Maronita – e vigário episcopal da Cultura da Arquidiocese de P. Alegre. Mas é como assistente eclesiástico do Movimento Emaús, atribuição que exerce desde 1973, que formou convicções sobre a caminhada pastoral juntos aos jovens. “A gente tem a impressão – sem querer ferir ninguém – que o clero e os agentes de pastoral em geral são peritos em chutar, em afastar a juventude da Igreja. Isso muitas vezes dá a impressão que não é tão consciente. O mundo mudou e parece que só na Igreja nada mudou. O que não muda é Deus e Jesus Cristo, mas nós somos diferentes. Estamos num mundo mudado”.

Igreja Católica Rumo à Prevenção Alcoólica

Para o sacer um jardim sem sem futuro”. “A elas assistam a Fazemos questã Igreja é a casa d fazem parte as c Sobre a juv anos atrasado e “No tempo dele pastorais espec especializadas. preparavam par só existe paróqu pode ser o maio problemática do de uma comuni mos regredindo são os jovens re

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Divulgação

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Pastorais especializadas

dote, assim com uma “Igreja sem crianças é como flores”, uma “Igreja sem juventude é uma Igreja As crianças são afastadas da igreja, querendo que uma celebração de missa que é feita para adultos. ão de dizer que a Igreja é a casa de Deus. Ora, se a de Deus, também é a nossa casa. E da casa também crianças”, reflete Zilles. entude, pensa que o Rio Grande do Sul está 20 em relação ao tempo de Dom Vicente Scherer. e, antes do Vaticano II, nós tínhamos no Estado as cializadas, JUC, JOC, JEC, JAC. Eram pastorais E os assistentes eclesiásticos eram pessoas que se ra isso. Hoje, a coisa mais idiota na nossa pastoral: uia, paróquia, paróquia. O padre de uma paróquia or gênio, mas não tem condições de acompanhar a os jovens de hoje e ao mesmo tempo dos adultos, idade e dos hospitais. Nesse ponto, nós hoje estao a gigante. Imaginamos uma juventude que não eais”.

Discurso atrasado

uns movimentos de jovens que ninguém de espara dentro da igreja: só pegam aqueles que já o que já é uma coisa. Ao menos tentam segurar Mas o que nos falta é a linguagem, a competência ueles jovens que hoje estão afastados. O jovem do com mil religiões e não precisa sair de casa a ligar uma TV, a internet, seu celular, etc. e está s religiosas. E isso o desorienta. E nós chegamos rso de dois mil anos atrás. Ora, para o jovem a importante. O jovem vive do momento presente rente. Qual é o discurso? É piedoso, mas falta o is são os problemas de hoje? Porque, em cinco emas mudam completamente”.

har ad intra ou ad extra?

como vejo, se afastou sim, da Igreja instituição. de Deus, nem da religiosidade. Não adianta nós , é pecado grave não assistir missa”. Não! Assistir ções que muitas vezes fazemos até pode ser virtude. m. Pelo contrário, afastam. O que nós dizemos, qual que nós temos, qual é o projeto que possa empolgar greja precisa ter projetos adequados ao problema, dia de hoje, que frequentam universidades”. cada um quer seu rebanho. Viramos egoístas, não em dimensão de Igreja universal. Cada um com olhando para o seu espaço, para dentro de si. É har ad intra? Sim, é importante! Mas, e os outros

Solidário –Madri espera mais de um milhão de jovens durante a realização da Quinta Jornada Mundial da Juventude, entre 16 e 21 de agosto próximo. Do Brasil, segundo indicações do site oficial do evento, irão entre 15 e 20 mil jovens, talvez o país com a maior delegação dos 182 países que prometeram se fazer presentes. Mons. Zilles – A iniciativa é louvável e importante. Mas o equívoco está quando se aposta numa pastoral de festas. A festa só é Urbano Zilles festa quando existe o cotidiano, quando ela se destaca do cotidiano. Quando se trata dos jovens, a situação me parece mais grave do ponto de vista da Igreja Católica. Solidário - Qual é a mensagem de esperança que a Igreja quer passar? Qual é o Jesus que está sendo apresentado, o Jesus da instituição ou o Jesus da Bíblia? Que tinha um discípulo jovem, João? Mons. Zilles - Não era Ele que tinha discípulo jovem. O próprio Jesus era um jovem. E morreu jovem. E não escreveu nada. Nenhuma regra. Transmitia o reino de Deus. A minha impressão é que o equívoco está na pastoral – isso no Brasil inteiro e não vou falar da América Latina nem da Europa – que estamos muito mais preocupados em construir igrejas de pedra do que igrejas vivas, de pessoas. Tornamo-nos vítimas da burocracia. O que são essas nossas reuniões? O que nós discutimos nessas reuniões? São problemas dos jovens, da Igreja, dos adultos? Não! São puras questões burocráticas! S – Assim, a Instituição poderia até atrapalhar? Mons. Zilles - Não só pode: ela atrapalha em muito. É uma luz apagada. O Concílio Vaticano II diz que a Igreja deve ser igual que um sacramento, um espelho que irradia a luz de Cristo, não a luz própria. Nós estamos mais preocupados com as nossas coisas que com a ação do Espírito Santo. Parece que a mensagem não passa. Quem precisa de uma mudança de atitude, uma conversão, é a hierarquia da Igreja. S - Qual é a igreja que queremos para amanhã, pensando no jovem que assegurará a obra de Jesus? Bastariam as respostas para as pequenas perguntas atuais? Mons. Zilles - Apresentamos Jesus mal. Eu tenho as minhas dúvidas. Acho que Jesus realmente está longe de muitas igrejas católicas! Quer fugir d’Ele (Jesus), entra em igreja católica! Por quê? Temos uma mania de não apresentar Jesus como Ele mesmo se apresenta nos Evangelhos. Mas através da perspectiva de outros que olham Jesus. É um Jesus endoutrinado, colocado em sistemas doutrinários. Deixem Jesus se apresentar através do testemunho dos Evangelhos! E o que acontece? Vai lá para a IURD e vê se não há jovens. Mas lá se apresenta um Jesus sem pretensão de sistemas doutrinários. É preciso acabar com essa ideia de que a doutrina é mais importante. A doutrina é importante na pregação, na pastoral, mas ela é um esqueleto de ossos. Não é pessoa! É preciso que essa doutrina leve a Jesus, que é pessoa, vivo, humano, próximo a nós. Que se torne Emanuel. Nós, quando comentamos a Bíblia, estamos muitas vezes longe da Bíblia e mais envolvidos com doutrinas. Estamos muito mais preocupados em citar documentos – e ainda citamos mal – os que os outros já falaram. Jesus não veio para ensinar uma doutrina, um sistema doutrinário. Ele veio para ensinar uma forma de viver e de nos realizarmos, não só cristãmente, mas também humanamente. S - O que faz Mons. Zilles para atrair 500, 600 jovens, em fins de semana? Mons. Zilles - Em primeiro lugar, nada faço. Deixo os jovens fazerem e fazem muito bem. E quando precisam de orientação, eles me procuram. Trabalhar com jovens é um trabalho fácil? Sim. Eles estão abertos, não tem clichês. O jovem hoje é muito querido, muito dócil... Eles querem manifesto. Nós, velhos, queremos testamentos. Nós olhamos para o passado. Eles, os jovens, para a frente!


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ABER VIVER

Foto pessoa rindo: Emiliano Spada/Demais: Divulgação

Cuidado: bebidas quentes e alcoólicas podem levar ao câncer de esôfago

Em 2010, o número de casos estava perto de 11 mil em todo País, sendo 7.890 em homens e 2.740 casos detectados em mulheres. Pouco se fala sobre o esôfago – o tubo muscular que liga a garganta ao estômago. Mas o câncer de esôfago está entre os dez mais incidentes no Brasil, sendo o sexto colocado entre os homens e o nono entre as mulheres, de acordo com dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer). Uma pesquisa do mesmo Instituto revela que, em 2010, o número de casos estava perto de 11 mil em todo País, sendo 7.890 em homens e 2.740 casos detectados em mulheres. Já um estudo iraniano, divulgado em 2009 pela revista especializada British Medical Journal, destaca a teoria que liga o consumo regular de bebidas muito quentes a danos no revestimento interno do esôfago.

De acordo com o gastroenterologista e cirurgião oncológico Dino Altmann, diversas são as causas, incluindo histórico familiar e associação genética. Mas uma coisa é certa, segundo o especialista: hábitos de vida e alimentares são fortes fatores de risco – entre eles o de ingerir bebidas quentes e alcoólicas, além do tabagismo e dentes mal conservados. “Não se conhece o mecanismo específico que origina o câncer. A esofagite, que é uma inflamação do esôfago, decorrente do refluxo gastroesofágico também predispõe a um tipo específico de câncer da porção mais baixa do esôfago, junto à sua junção com o estômago”, explica o especialista. Ele afirma ainda que a falta de nutrientes também é fator de risco, já que a proteção do órgão se dá também pela ingestão de fibras, de vitaminas A, C e

Visa e Mastercard

Carotenóides (alimentos de cor amarela, alaranjado, vermelho e verde).

Detecção Neste tipo de câncer, as células malignas começam a se desenvolver no revestimento interno do órgão e, conforme a evolução dos tumores, eles podem atingir outras camadas mais profundas do esôfago. É uma doença bastante grave já que, em sua fase inicial, o câncer de esôfago não apresenta sinais. E os sintomas característicos, como dificuldade ou dor ao engolir, dor torácica ou atrás do osso que fica no meio do peito, náuseas, vômitos ou perda de apetite e peso, podem aparecer quando a doença já estiver avançada. “É muito importante para o tratamento que a detecção seja precoce, já que é uma doença muito agressiva e letal. O fato

de o esôfago possuir uma rede muito extensa de vasos linfáticos logo abaixo do revestimento interno, pode rapidamente provocar a disseminação para os gânglios linfáticos e chegar a metástases”, explica o dr. Altmann. Estão associadas também à incidência deste tipo de tumor a existência de outros problemas do órgão, como acalasia (falta de relaxamento do esfíncter entre o esôfago e o estômago), esôfago de Barrett (crescimento anormal de células do tipo colunar no revestimento interno do esôfago). Podem provocar a doença também a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV); a tilose (espeçamento da pele nas palmas das mãos e na planta dos pés); e a Síndrome de Plummer-Vinson (deficiência de ferro).

Prevenção e tratamento Uma dieta rica em frutas e legumes é fundamental. Além disso, evitar o consumo frequente de bebidas muito quentes, alimentos defumados, bebidas alcoólicas e hábitos tabagistas (não somente o cigarro, como mascar fumo, fumar charuto e outros também são um risco). Atividades físicas também são muito recomendadas, pois fortalecem o organismo em qualquer situação. Na maioria dos casos, a cirurgia está indicada. Dependendo da extensão da doença, a cura não acontece e o tratamento pode ser apenas paliativo, através de quimioterapia e/ou radioterapia. Mais informações: CDI Comunicação Corporativa - (11) 3034-3639

Alfabeto emocional O dr. Juan Hitzig estudou as características de alguns longevos saudáveis e concluiu que, além das características biológicas, o denominador comum entre todos eles está em suas condutas e atitudes. “Cada pensamento gera uma emoção e cada emoção mobiliza um circuito hormonal que terá impacto nos trilhões de células que formam um organismo", explica ele. As condutas “S”: serenidade, silêncio, sabedoria, sabor, sexo, sono, sorriso promovem secreção de Serotonina, Enquanto que as condutas “R”: ressentimento, raiva, rancor, repressão, resistências facilitam a secreção de Cortisol, um hormônio corrosivo para as células, que acelera o envelhecimento. As condutas “S” geram atitudes “A”: ânimo, amor, apreço, amizade, aproximação.

Fabrícia Osanai

Cientista pesquisou idosos saudáveis

As condutas “R”, pelo contrário, geram atitudes “D”: depressão, desânimo, desespero, desolação. Aprendendo este alfabeto emocional, lograremos viver mais tempo e melhor, porque o

“sangue ruim” (muito cortisol e pouca serotonina) deteriora a saúde, oportuniza as doenças e acelera o envelhecimento. O bom humor, pelo contrário, é a chave para a longevidade saudável.”


E

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Humor

Sem Fronteiras

2.000 anos de turbulências - XXXI

A Nona disse No!!!

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SPAÇO LIVRE

Martha Alves D´Azevedo

Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on Le

Os médicos deixaram que os parentes levassem o Nono para a sua casa, para cumprir seu último desejo: o de morrer em casa, ao lado de seus queridos. Foi para o quarto e as visitas foram se revezando para tentar consolar e dar conforto ao Nono em seu derradeiro momento. De repente, o Nono sentiu um aroma maravilhoso que vinha da cozinha. Era a Nona tirando do forno uma fornada de cuca!! Os olhos do Nono brilharam e ele se reanimou. Então, pediu ao bisneto que estava ao lado da cama dele: "Piccolo mio, va in cucina e pede um petzo de cuca pra Nona". O guri foi e voltou muito rápido. "E a Cuca?" - perguntou o Nono. "A Nona disse que no!" "Ma per que no, porca miséria, ma que vecchia desgraciata! Que la Nona falô?' "A Nona disse... que as cuca... são pro velório !!!" ooo0ooo

As notícias Após a leitura dos resultados dos exames que pedira, o médico diz ao paciente: - Tenho duas notícias: uma boa e a outra ruim. Qual você quer ouvir primeiro? - Primeiro a boa! - Você tem 24 horas de vida.... - Se essa era a boa, qual é a ruim??? - Eu deveria ter te contado isso ontem...

Um

Liberdade

papa com

menos de

20

anos

H

oje existe todo um ritual para a escolha de um novo papa. Só os cardeais com idade inferior a 80 anos podem escolhê-lo. Há um local apropriado e exclusivo para isso: a Capela Sistina, no Vaticano, onde os cardeais permanecem recolhidos, de portas fechadas, até que o eleito seja anunciado através de fumaça branca que sai de uma chaminé, visível da Praça de São Pedro, onde costuma se reunir uma multidão de fiéis. Isto acontece desde o século 14. Antes não era assim. Antigamente, o povo ajudava a escolher os bispos e até os papas. Santo Ambrósio, por exemplo, grande bispo de Milão, foi escolhido pelo povo, por aclamação, antes de ser batizado. Mas, às vezes, os políticos se intrometiam e colocavam seus interesses acima do bem espiritual da Igreja. Foi assim que aconteceu com João XII, no ano de 955, eleito papa com apenas 18 anos, sem capacidade para exercer o cargo. A história relata que foi um desastre. O jovem papa viu-se cercado de intrigas e problemas políticos. Resolveu, então, pedir o apoio de um político forte, o rei da Alemanha, Otão I. Este veio depressa e entrou em Roma, com seu exército, sem encontrar resistência. Esse imperador desejava mesmo ser uma espécie de chefe político da Europa. O papa o coroou, em 962, imperador do Sacro Império RomanoGermânico. Como resultado, os dois fizeram uma aliança, com o imperador se comprometendo a defender o papa e o Estado Pontifício. Mal o imperador Otão I deu as costas para regressar ao seu país, os políticos de Roma começaram a ameaçar o papa. Então, João XII pediu auxílio ao príncipe Berengário que, por azar, era inimigo de Otão I. Aí as coisas ficaram complicadas, porque Otão I veio com seu exército, invadiu a Itália, e fez um sínodo tendencioso, que depôs o Papa João XII, colocando em seu lugar um falso papa, chamado Leão VIII. Na verdade, tanto a deposição de João XII, como a eleição de Leão VIII foram ilegais e, portanto, inválidas. Por isso, logo que Otão I regressou para a Alemanha, João XII foi a Roma e depôs o falso papa Leão VIII. Sabendo disso, o imperador alemão voltou a Roma para depor, novamente, João XII. Mas, quando chegou à Cidade Eterna, o papa acabara de falecer subitamente, com apenas 27 anos de idade. No meio de toda essa confusão, uma coisa é certa: o infeliz Papa João XII, embora incapaz para o cargo, não cometeu nem um erro de doutrina. Não fez nenhuma declaração que fosse contra as verdades da fé católica. Antes, ajudou muito o Mosteiro de Subíaco e a obra de evangelização, especialmente na Hungria. Diante de tudo isso, pode-se afirmar que a Igreja é mesmo conduzida pelo Espírito Santo. Se fosse apenas uma sociedade humana, é quase certo que não teria sobrevivido a essa época, em que os conflitos políticos foram tão fortes. (CA/Pesquisa).

LIVRARIA PADRE REUS Adquira o lançamento da nova edição de cantos e orações do Apostolado da Oração, Cantos e Orações. Também está disponível o Catecismo do Apostolado da Oração

de informação

A

liberdade de informação, tão atacada ultimamente e ao mesmo tempo tão defendida,num mundo globalizado, dotado de meios eletrônicos cada vez mais sofisticados, parece vencer todas as formas de cerceá-la. Ao ser aprovada a 10 de dezembro de 1948, em Paris, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, as ameaças à liberdade de informação eram, em geral, oriundas do poder político, que buscava calar os adversários impedindo a divulgação de informações contrárias aos seus interesses. Os tempos mudaram e os povos passaram a valorizar seus direitos, buscando governos mais democráticos. As ameaças ao controle das informações deixaram de ser preferencialmente do poder político e passaram a ser alvo do poder econômico, que começou a crescer e concentrar-se adquirindo uma força maior do que o poder político, embora este ainda faça incursões para mostrar sua influência. Público e privado se encontram para medir forças... A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que desde 2007 trava um confronto com o grupo que comanda o jornal Clarin, por decreto, e sob a justificativa de que pretende preservar as mulheres de uma exposição sexual que as degrada, proibiu anúncios de comércio sexual na imprensa. Embora, se por um lado a medida tenha sido considerada meritória, por outro lado, surgem os que afirmam que a medida abre um grave precedente contra a liberdade de imprensa. Como a publicidade dá sustentação econômica aos jornais, o Clarin e o La Nación, jornais de grande circulação na Argentina e em outros países do Mercosul, serão severamente atingidos. Os meios de comunicação serão punidos com multa, caso não cumpram a proibição, além de perderem a publicidade correspondente. Será que as mulheres que posam para estes anúncios foram ouvidas? O advogado e diplomata Ricardo Lafferriere defende a liberdade de expressão – que será posta sob risco de censura “apesar dos objetivos saudáveis”. No Chile, o presidente Sebastián Piñera contratou uma empresa de mídia para monitorar o que a população do país comenta em redes sociais como Twitter e Facebook, além de blogs, e foi acusado, pelos oposicionistas de ferir o direito à privacidade. Será que a liberdade de informação não tem mesmo limites no mundo globalizado? (geralda.alves@ ufrgs.br)

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I

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GREJA &

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COMUNIDADE

Catequese

Solidário Litúrgico

Jesus Cristo,

21 de agosto - 21o Domingo do Tempo Comum Cor: branca

caminho de humanização

FESTA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

Marina T. Zamberlan

1a leitura: Livro do Apocalipse (Ap) 11,19a;12,1.3-6a.10ab Salmo: 44(45), 10bc.11 e 12ab e 16 (R/.10b) 2a leitura: 1a Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor) 15,20-27a Evangelho: Lucas (Lc) 1,39-56 (Cântico de Maria) Para a compreensão dos comentários litúrgicos leia, antes, os respectivos textos bíblicos. Comentário: A representação de Maria como uma jovem tímida, recolhida, passiva e submissa, uma quase ingênua “menina” do interior, como muitas vezes a mãe de Jesus é apresentada, neste texto de Lucas cai por terra, nada a ver. Maria é uma mulher corajosa, consciente, assumindo uma gravidez de alto risco cultural, que vai sem medo até sua prima Izabel e ouve dela, sem se envaidecer por isso, a declaração da divindade do seu Filho, Jesus: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar (1,42-43)? Seu canto é um testamento e um testemunho de alguém que, a partir de uma fé adulta e comprometida, colabora na construção do mundo justo e solidário que seu divino Filho quis e quer que se realize. Maria acreditou na promessa do Senhor, não somente na promessa da gravidez, mas no projeto de Deus, desde Abraão, de dar ao seu povo a terra, a descendência e a bênção. Enfim, a promessa da realização do projeto do Reino. Maria celebra a mudança radical que o Reino traz: os poderosos, soberbos e ricaços serão derrubados de seus “tronos”, de seu orgulho, de sua presunção e os pobres, humilhados e famintos, serão erguidos (cf 1,51-52). A Maria de Lucas é uma mulher pobre e humilhada, sim, mas forte e batalhadora, como tantas mulheres das nossas comunidades, hoje. Diante das forças opressoras do seu tempo – o abuso do poder religioso e econômico, o machismo, o racismo – ela canta a experiência do Deus libertador, do Deus da vida, do Deus que se encarna no meio dos oprimidos. Essa Maria nos desafia para que nos unamos na luta pela construção do Reino, sem pobres e ricaços, humilhados e soberbos, dominados e dominadores. No nosso mundo, pelo menos tão opressor quanto o daquela época, esse texto questiona as nossas opções reais de vida. Seremos bemaventurados na medida em que acreditarmos e nos empenharmos na construção de um mundo mais fraterno, justo e igualitário, conforme a vontade e o projeto de Deus, celebrado por Maria no Canto do Magnificat e demonstrado na pessoa e missão do seu Filho Jesus (cf T. Hughes).

28 de agosto - 22o Domingo do Tempo Comum Cor:verde

1a leitura: Livro do Profeta Jeremias (Jr) 20,7-9 Salmo: 62(63), 2.3-4.5-6.8-9 (R/.2b) 2a leitura: Carta de São Paulo aos Romanos (Rm) 12,1-2 Evangelho: Mateus (Mt) 16,21-27 Comentário: Jesus convida seus discípulos a acompanhá-lo, revelando que deveria ir a Jerusalém, onde iria sofrer muito, ser preso, condenado e morto. Isso contrariava totalmente a expectativa que todo o povo judeu e, também, os discípulos alimentavam a seu respeito: que ele fosse um Messias poderoso, que libertasse Israel do jugo romano e restabelecesse a antiga glória do povo judaico. Pedro fala em nome do grupo: Isso não pode acontecer contigo, Deus não pode permitir isso (16,22). E Jesus foi duro na resposta: Pedro, tu és uma pedra de tropeço para mim porque não pensas as coisas de Deus, mas as coisas dos homens (16,23). Acompanhar a Jesus é uma opção que leva, muitas vezes, à cruz: à cruz da incompreensão, à cruz da humilhação, à cruz da perseguição, à cruz do martírio. Mas, acompanhar a Jesus e carregar a cruz de cada dia não significa uma aceitação passiva e queixosa dos nossos sofrimentos e cruzes; carregar a cruz é assumir as consequências de uma vida coerente com o projeto do Pai, ser justo e honesto nas relações, é fazer o que Jesus faria se estivesse aqui hoje. Lembremos sempre: Jesus foi crucificado e morto, não pelo povo, que o amava e o seguia, que ouvia com gosto e alegria suas palavras de vida, de perdão, de amor; Jesus foi morto por grupos de interesse bem definidos, “os anciãos, os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei”, a elite dominante em termos econômicos, religiosos e ideológicos. Pilatos e os soldados romanos apenas foram executores materiais da condenação e morte de Jesus. Certamente, os que seguem a Jesus de perto e vivem o que ele ensinou e vivem, também, como ele há dois mil anos, entrarão em conflito com os grupos que hoje representam os mesmos interesses. Por isso, sempre haverá a tentação de criarmos um Jesus “light”, sem grandes exigências, limitando a vivência da fé a uma religião intimista e individualista, sem consequências sociais, políticas, econômicas ou ideológicas. É preciso estar alerta e ter muito cuidado com qualquer Jesus não exigente, “light”, um Jesus para consumo pessoal intimista, que não traz consequências sociais, que não nos engaja na luta por uma sociedade mais justa, igualitária, solidária. O Jesus real, o Jesus de Nazaré, o Jesus do Evangelho, não foi assim, e deixou isso muito claro, quando afirmou: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9, 24). (attilio@livrariareus.com.br)

Professora

É

na experiência humana que se apresenta e se encontra a revelação de Deus em Jesus Cristo. A experiência à luz da fé torna-se, de certo modo, o lugar da manifestação e do cumprimento da salvação, onde Deus, conforme seu projeto, atinge o homem com sua graça e o salva. Fica assim entendido que é no modo como vivemos nossa vida humana e a honramos que nós aprendemos a viver o seguimento de Jesus, em comunhão com o Pai e sob a orientação do Espírito Santo. Este modo de entender a fé é de fundamental importância na formação cristã, desde o início. É na experiência humana que Deus se revela a cada um de nós em particular. O que quer dizer isto? Quer dizer que precisamos, desde a iniciação na catequese, entender que seguir Jesus é fazer tudo o que fazemos, do jeito que Jesus ensinou, isto em todos os dias da nossa vida, por pequenas que sejam nossas ações. Deus precisa de nós para nos dar a graça. Usando uma linguagem humana, podemos dizer que Ele vai depositar sua graça e sua ajuda nas nossas vivências durante o dia todo. Não podemos separar a fé e a vida. Temos de nos livrar desta ideia de que a fé a gente vive na Igreja, nos sacramentos, na oração, e tudo o que fazemos no dia a dia não tem tanta importância no seguimento de Jesus. Como se tivéssemos duas vidas: uma da fé, e outra do dia a dia. “Seguir a pessoa de Jesus no dia a dia” é o único tema da catequese. Tudo o que ensinamos só tem sentido se colaborar para que sigamos Jesus cada vez mais de perto. E Jesus ensinou que nunca podemos agir de maneira desumana. E, sim, que nos tornemos cada vez mais humanos, como ele foi. Ser humano é viver o amor através dos valores do respeito, da compaixão, do perdão, da partilha, do serviço ao próximo, sobretudo aos mais necessitados. Você lembra disso em todos seus encontros de Catequese?


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A

SPAÇO DA

RQUIDIOCESE

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Coordenação: Pe. César Leandro Padilha Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199. Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa

Igreja Nossa Senhora da Conceição inaugura obras de restauro Celebração Eucarística marcou transcurso do Dia do Padre

Confraternização de presbíteros A missa em Ação de Graças pelo “Dia do Padre” foi presidida por Dom Dadeus Grings que, em sua homilia, refletiu sobre o amor de Deus que os presbíteros já experimentaram e, por isso, doaram sua vida para a construção do Reino de Deus. Disse, também, que a missão dos padres é levar este amor de Jesus Cristo a todas as pessoas. “Quem aproximará os homens de Jesus Cristo para que digam como nós ‘quem nos separará do amor de Deus?’ Somos nós. Fomos chamados para este ministério para que este Reino de Deus cresça e todos conheçam Jesus Cristo e seu amor”. Estavam presentes na Celebração Eucarística, bispos, padres, diáconos, seminaristas e leigos da Arquidiocese de Porto Alegre. No início da celebração, foi lembrado, em Espírito de ação de graças, o padroeiro dos padres, São João Maria Vianney, e, também, aqueles que há mais tempo estão caminhando no sacerdócio, padres e bispos jubilares, 60 anos de sacerdócio de Dom Altamiro Rossato e do Cônego Gaspar Boaretto, 50 anos de sacerdócio de Dom Dadeus Grings, Pe. Pedro Arnhold, Pe. Jacó Steffen e Pe. Xisto Pedrotti, 25 anos de sacerdócio do Pe. Geraldo Flach, Pe. Clovis Quadros, Pe. Bonifácio Zimmer e Pe. Armando Furleto. Após a celebração da missa, os padres reuniram-se para o almoço de confraternização.

A Igreja Nossa Senhora da Conceição é uma das igrejas mais antigas e belas da cidade, teve sua construção iniciada em 1851 e em 1858 foi concluída a Capela Mor. Esse inestimável patrimônio, histórico, artístico, cultural e religioso ainda mantém suas características originais, mas seu estado de conservação é bastante precário. O Restauro se faz necessário para preservar a memória de nossos antepassados e garantir às gerações futuras o convívio com essa obra única, construída em estilo colonial-barroco tardio e considerada uma das mais valiosas obras arquitetônicas, culturais e religiosas deste Estado. As imagens, o altar-mor, os retábulos ou oratórios, os nichos, o coro, a talha do português João do Couto e Silva, tornam esse templo uma obra única. É um dos locais mais visitados por fiéis e turistas em Porto Alegre. O Projeto aprovado pelo MINC possibilita que as empresas e pessoas físicas possam abater 100% de suas doações do Imposto de Renda. Neste intuito, o Ministério da Cultura abriu uma conta específica para que as empresas e/ou pessoas físicas possam depositar suas doações e assim obterem a isenção fiscal. O Projeto aprovado pela SEDAC-RS (LIC Pró Cultura), possibilita que as empresas abatam sua doações em 100% do ICMS. A partir do dia 17 de agosto, Dia Nacional do Patrimônio Histórico, será apresentado, com grande mobilização da comunidade e das empresas que já se associaram a esta grande obra, o restauro parcial concluído da nave interna principal com seus diversos altares, nichos e tribunas, o belíssimo coro com seus entalhes, os bancos e as estatuárias. Entretanto, ainda se faz necessário o engajamento e colaboração de todos, pois grande parte do Restauro ainda está por ser feito: o batistério, parte do telhado, as paredes externas, o projeto elétrico e luminotécnico, a climatização, a acessibilidade, a sacristia, salas de catequese e de apoio e as alfaias litúrgicas. A Igreja Nossa Senhora da Conceição precisa de você! Colabore com o restauro desse importante Patrimônio Histórico! Doar é fácil, informe-se na Secretaria da Paróquia Conceição (051. 3224.0622) Informações: Pe. Luís Inácio Ledur – Pároco

Encontro de Secretárias(os) do Vicariato de Gravataí O Monitoramento do Sistema de Pastoral, desenvolvido pela Empresa Maistre, foi apresentado no Segundo Encontro das Secretárias(os) do Vicariato de Gravataí, realizado no dia 25 de julho, no Seminário São José. No período da tarde, o Pe. Edison Stein, reitor do Seminário, refletiu sobre "A liderança a partir de Jesus Cristo", analisando situações de rotina que ocorrem nas secretarias paroquiais. Quatro integrantes da PASCOM-POA representaram a Arquidiocese de POA no MUTICOM

PASCOM-POA presente no 7o Mutirão Brasileiro de Comunicação

Flagrante do encontro em Gravataí

O 7o Mutirão Brasileiro de Comunicação – MUTICOM – ocorreu na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 17 e 22 de julho. O evento aconteceu na Pontifícia Universidade Católica com o tema “Comunicação e Vida – Diversidade e mobilidade” buscando motivar os participantes a pensar a comunicação no cotidiano da vida. O “Muticom” reuniu pessoas de todo o país. Segundo o diretor acadêmico do 7o Mutirão Brasileiro de Comunicação, Miguel Pereira, foram ao todo 1.237 pessoas circulando no campus da PUC-Rio exclusivamente para o Mutirão. “Do número total, 294 eram jornalistas; 540 participantes; 162 estagiários; 124 expositores e 117 professores e conferencistas. Além disso, as oficinas temáticas chegaram a cerca de 80, oferecendo aulas práticas e teóricas sobre as diferentes atividades dos profissionais de comunicação”. A Arquidiocese de Porto Alegre esteve presente com quatro representantes que integram a PASCOM: Cesar Vargas, Eliane Bivalha, Fernanda Toledo e Magnus Regis.


Porto Alegre, 16 a 31 de agosto de 2011

Aumentam as possibilidades de beatificação do Padre Reus

“Conforme a Cúria Geral dos Jesuítas, Padre Reus é um dos que têm a maior possibilidade de ser beatificado, porque há devoção popular muito forte, o que é um dado muito importante”. A informação é do Irmão Affonso Wobeto, de passagem pelo Estado para visitar parentes. O religioso é secretário particular do Geral da Companhia de Jesus, em Roma, o espanhol Pe. Adolfo Nicolas. E, por sua condição de conhecedor da realidade em S. Leopoldo e também por sua fluência nos idiomas alemão, português e italiano, está sendo um interlocutor importante na montagem dos processos para o andamento da causa de beatificação do Padre Reus. Nessa condição, conseguiu com que o postulador e seu secretário, padres Anton Witwe e Mark Lindeger, viessem até S. Leopoldo para observações e estudos in loco.

Perspectiva de tempo?

Segundo Wobeto, o processo histórico está em fase final de montagem para ser entregue na Congregação da Causa dos Santos, no Vaticano. “O postulador sempre está em contato com a Congregação da Causa dos Santos que está ali a cinco minutos”. Segundo o religioso, concluída, examinada e aprovada toda essa etapa técnica e canônica pela Congregação dos Santos, é redigida a ‘positio’. “Só então, se inicia outro processo em cima de um possível milagre. Se houver os elementos suficientes que permitam que se leve a um processo médico, o bispo diocesano (N. Hamburgo)

Assassinos do casal extrativista ainda impunes Embora conhecidos e identificados por inquérito policial concluído, os autores e o mandante das mortes de José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva, em 24 de maio passado, no assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, tiveram negados pelo juiz Murilo Lemos Simão, da 4ª Vara Penal da Comarca de Marabá, os pedidos de prisão temporária e de prisão preventiva, embora parecer favorável do Ministério Público. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, da CNBB, estaria havendo um flagrante favorecimento da justiça local para que os indiciados possam fugir. O inquérito policial apontou como mandante dos crimes o fazendeiro José Rodrigues Moreira e, como executores, os pistoleiros Lindonjonhson Silva Rocha (irmão de José Rodrigues) e Alberto Lopes do Nascimento. Ao não decretar a prisão dos acusados, as testemunhas do inquérito correm risco de vida e não terão tranquilidade de se apresentar perante o juiz para prestar novos depoimentos para a complementação da instrução do processo. O juiz nega favorecimento aos indiciados, mas não apresenta quaisquer justificativas para a negação de dois pedidos de prisão expedidos pela Polícia Civil. O fazendeiro pretendia ampliar sua criação de gado para dentro da reserva extrativista. O casal foi morto numa emboscada, quando saltou da motocicleta em uma estrada de acesso ao assentamento para cruzar uma pequena ponte de madeira.

deve convocar um novo grupo de médicos, mediante autorização específica da Congregação da Causa dos Santos. “Esses exames e todos os elementos anteriores são então encaminhados por uma comissão teológica para a fase de possível beatificação”.

Irmão Affonso Wobeto foi recebido pelo Papa Bento XVI


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