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Porto Alegre, 1.º a 15 de julho de 2008

Diocese de Montenegro As instalações físicas da Cúria estão concluídas. Toda a comunidade católica da região do vale do Rio Caí vive em clima de grande expectativa: a qualquer momento, Montenegro poderá se tornar sede oficial da 18.ª Diocese do Rio Grande do Sul. A confirmação de designação do primeiro bispo e a definição da data de instalação da diocese poderão ser dadas

Ano XIV - Edição No 517 - R$ 1,50

Solidariedade pela boa leitura

a público ainda na primeira quinzena de julho deste ano de 2008, segundo se especula.

Marramarco Cidadão de P. Alegre Foto: Camila Domingues/CMPA

Dois dias antes de completar 80 anos, Giuseppe Antônio Marramarco, mais conhecido pelo apelido de “Padre José”, teve reconhecida sua trajetória cristã pela Câmara Municipal de Porto Alegre em sessão solene de 13 de junho último. Italiano da cidade de Corleto Perticara, Província de Potenza, Marramarco é o coordenador estadual da Pastoral Carcerária e um dos criadores da Fundação de Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciário (Faesp). Conhece, como poucos, o drama real vivido entre as quatro paredes dos presídios gaúchos. Marramarco imigrou para o Brasil em março de 1951 e seu primeiro emprego em Porto Alegre foi de frentista de posto de gasolina. Espírito empreendedor, poucos anos depois tornou-se autônomo com um açougue no centro da Capital. Muito devoto de S. Maria de Schoenstatt, decidiu difundir a devoção dentro dos presídios gaúchos depois que se aposentou em 1988.

Horários das missas

Confira na página 8 os horários de missas nas capelas e paróquias de Porto Alegre. A divulgação conta com o patrocínio de Unidos S. A. , parceira desde a primeira hora do jornal Solidário.

ANUNCIE NO SOLIDÁRIO E dê visibilidade à sua empresa ou aos seus serviços. Apóie esta causa.

Muitos desafios foram superados. E, acima e além das denominações anteriores que teve, foram a atitude e o gesto concreto de solidariedade de leigos católicos da Arquidiocese de Porto Alegre que viabilizaram os 13 anos de circulação ininterrupta, completados em 29 de junho último, do jornal Solidário. É esse mesmo espírito que anima um grupo atual que abre mão de seus fins de semana para divulgar o jornal em diversos espaços eclesiais. Página 7

Capital apóia as vocações

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Foto: Élson Sempé Pedroso/CMPA

Os 80 anos das Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida Em outra oportuna e merecida homenagem, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre destacou os 80 anos de existência da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida. Foi em sessão solene de 23 de junho. A Congregação nasceu em Porto Alegre, em 24 de junho de 1928, por ato do Arcebispo de então, constituindo a primeira congregação religiosa brasileira fundada no Rio Grande do Sul. Em 1947, o Vaticano concedeu-lhe o caráter diocesano. Na foto, Irmã Salete Dal Mago, superiora geral da congregação, agradece a homenagem

Em 2009 o Mutirão de Comunicação CianMagentaAmareloPreto

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cidadania

As eleições municipais de 2008

Editorial

U

Mutirão de comunicação

m mutirão de comunicação. Algumas pessoas poderiam perguntar: mas o que quer, concretamente, um mutirão de comunicação?! Mutirão é coisa bem concreta, é construir solidariamente uma igreja, uma casa, um salão comunitário, despoluir um rio, limpar uma rua, uma praça; mas como entender um mutirão de comunicação? A dificuldade da compreensão talvez esteja na utilização simbólica do termo “mutirão”, na capacidade de sair do “concreto” e entrar no espaço imaginário, analógico, simbólico. Quando se consegue esta compreensão, o tema do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe (Porto Alegre, 12 a 17 de julho/2009), “Processos de Comunicação e Cultura Solidária”, ganha uma “concretude” e atualidade muito grandes. Trata-se da construção da casa mais importante, neste momento histórico, a construção da ameaçada casa comum da humanidade que é a Terra. E a cultura solidária é a matéria essencial para esta construção: somente mulheres e homens solidários, que se assumem e querem como pessoas justas e fraternas, são “obreiros” desta construção, somente atitudes solidárias podem realizar o que, para muitos, é utópico e milagroso. Este milagre ou sonho utópico tem toda a chance de se tornar realidade nos espaços da comunicação, entendida como meios, políticas e processos de relações. Esta edição do Solidário traz, nas páginas centrais, testemunhos de diferente ordem, mas fluindo numa mesma direção. Primeiramente, o jornalista Washington Uranga fala do sentido mesmo do Mutirão de Comunicação, enquanto o Pe. Marcelino Sivinski conta como estão os preparativos deste importante evento, cujo lançamento será dia 14 de julho próximo, em rede de televisão e rádio para todo o continente (página 6). O que pouca gente sabe é o imenso trabalho voluntário que realiza um grupo ligado ao Solidário: praticamente todos os fins de semana, este grupo, que também é responsável pela leitura crítica do jornal, contribuindo ainda com sugestões e fornecendo matérias, se desloca até as igrejas da grande Porto Alegre e, na hora dos tradicionais “avisos paroquiais” no final das celebrações, apresenta o jornal e busca novas assinaturas para o mesmo. O testemunho dos membros do grupo (página 7) fala por si só: a maioria, pessoas já numa idade em que poderiam gozar de um justo e merecido repouso ou lazer, deixam sua casa e oferecem a boa-nova impressa, certos de que estão evangelizando, no melhor dos sentidos, através de um meio concreto de comunicação. A diocese de Frederico Westphalen, no norte do Estado, tem novo bispo nomeado, Mons. Antonio Carlos Rossi Keller, que substitui a Dom Zeno Hastenteufel, respondendo pela diocese de Novo Hamburgo. Ao novo bispo, o Solidário deseja todo sucesso em suas atividades de pastor desta igreja particular. No momento, todas as dioceses do Rio Grande do Sul têm seu titular. A expectativa fica pela nomeação do primeiro bispo da recém-criada diocese de Montenegro e instalação oficial (contracapa). Uma das mais importantes iniciativas de ordem sócio-política da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dos últimos tempos é, sem dúvida, a coleta de 1,5 milhão de assinaturas para a aprovação da lei que impede que políticos de “ficha suja” possam apresentar-se como candidatos nas eleições de outubro próximo. Cerca de 30 organizações da sociedade civil, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil, participam desta empreitada pela ética na política (contracapa). É hora de dizer “CHEGA”! attílio@livrariareus.com.br

Fundação Pro Deo de Comunicação Conselho Deliberativo Presidente: Dom Dadeus Grings Vice-presidente: José Ernesto Flesch Chaves Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi e José Edson Knob Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

Ano XIV – Nº 517 – 1.º a 15/07/08 Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Paulo Oliveira da Rosa, Ir. Erinida Gheller, Izolina Pereira (voluntários), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS Impressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 – Centro – CEP 90010-282 – Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br

Dom Hélio Adelar Rubert

N

Bispo de Santa Maria

o dia 5 de outubro vindouro estaremos votando e escolhendo nosso prefeito e os vereadores/as do município. A preparação e as eleições são momentos importantes para o povo que é chamado a exercer seu dever cívico através do voto. O voto depositado na urna requer dos eleitores um compromisso com a democracia.

Nesta democracia, os cidadãos possuem um amplo campo de ação. Na tradição da Doutrina Social, a Igreja considera a participação na política uma forma elevada do exercício da caridade. É uma maneira exigente de viver o compromisso cristão a serviço do próximo e do progresso social. Em nosso mundo globalizado, o poder local sempre mais adquire seu espaço decisivo. É no município que se consolidam as estruturas de uma

adequada convivência humana e se promovem os cidadãos como sujeitos políticos. É também no âmbito municipal que a política atende as necessidades básicas da população: saúde, segurança, educação, moradia, transporte, saneamento básico, limpeza pública, organização social e outros. A tendência do poder local é administrar em harmonia com as redes intermunicipais, isto é, por meio do intercâmbio das experiências e organizações conjuntas. Os eleitores são convidados a votar e, conseqüentemente, acompanhar os eleitos/as no desempenho de sua missão e valorizar os que atuam com critérios éticos. Os eleitos/as procurarão concretizar a mística do serviço, construindo um mandato solidário na busca do bem comum do município, com criatividade e garantindo a continuidade dos projetos da administração anterior. Na última Assembléia Geral da CNBB, os bispos, em sua declaração, afirmam que “a cultura da corrupção perpassa as malhas da nossa história política”. A corrupção pessoal e estrutural convive com o atual sistema político brasileiro e vem associada à estrutura econômica que acentua e legitima as desigualdades. É relevante e urgente aplicar com empenho a Lei 9.840, decorrência da qual já foram cassadas em torno de 600 pessoas. Esta lei ajuda a assegurar a lisura das eleições na campanha eleitoral” (Declaração da CNBB, Itaici – SP, 10/04/2008). Nosso país está em processo de contínua educação para a cidadania. O exercício do voto é um dos instrumentos eficazes para fazer acontecer as mudanças necessárias que a sociedade almeja. A Igreja não tem sigla partidária. Sua missão é de ajudar a iluminar as consciências dos cidadãos, despertar as forças espirituais e promover os valores sociais. Propõe que as comunidades realizem debates e reflexões sobre os programas dos partidos e qualidades dos candidatos. Cabe aos leigos assumirem seu compromisso na política e também nos partidos. Na Declaração, citada acima, os bispos propõem alguns critérios para a votação, a partir do respeito ao pluralismo cultural e religioso, do comportamento ético dos candidatos/as na defesa da vida, da família e da liberdade de iniciativa no campo da educação, da saúde e da ação social, em parceria com as organizações comunitárias. Consideramos como qualidades imprescindíveis para os eleitos/as: honestidade, competência, transparência, vontade de serviço ao bem comum, comprovada por seu histórico de vida”. Desejamos que as eleições 2008 decorram no espírito democrático, sem divisão das comunidades, no respeito mútuo e na justiça. Que o Espírito de Deus acompanhe a todos na tarefa de ajudar a tornar mais humanos e justos os nossos municípios!


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família e sociedade

de crescimento do casal. Freqüentemente, as descobertas que cada um faz do outro são ambivalentes, ao mesmo tempo gratificantes. Nesta confusão de sentimentos, nenhuma linguagem clara costuma aparecer, o que não facilita, seguramente, a comunicação entre os cônjuges. Isto faz parte do “não dito” que explode com o tempo.

Evolução do EU,

Alguns anos depois ...

do TU e do CASAL Fotos: Divulgação

Deonira Lúcia Viganó La Rosa

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Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

izer que a evolução do casal depende da evolução de cada cônjuge e que a evolução de cada cônjuge, em parte, depende da evolução do casal e do outro cônjuge, poderia ser a questão de referência para todo problema conjugal. A constante interação entre o funcionamento do “grupo casal” (NÓS) e o funcionamento de “cada um dos seus membros” (EU e TU) é uma constatação fácil de fazer, mas muito mais complexa para administrar quando aparece um problema, seja em nível de cônjuge, seja em nível de casal. Dois solteiros morando juntos não formam um casal, este pressupõe duas pessoas que compartilham a vida e dão à luz o NÓS, alimentando-o intensamente. Muita vezes por ano faço parte de círculos de noivos que se preparam para o casamento. Observo que uma das primeiras questões levantadas por todos os grupos é a grande dificuldade que sentem em administrar a inter-dependência entre o EU, o TU e o NÓS, no casamento. A mulher, em processo de libertação e cada vez mais ocupada com o gerenciamento da coisa pública; o homem, por vezes desorientado frente a esta nova mulher; e, ambos, imersos num mundo que exacerba o individualismo, encontram severas dificuldades em administrar esta questão. Tentarei colocar em evidência elementos de compreensão e de reflexão sobre este tema.

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Vida de casado: primeiros passos

O equilíbrio conjugal dos primeiros anos (ou meses), construído a partir do encontro amoroso, é fundado sobre uma parte de ilusão, sobre a imagem idealizada do outro: No embate amoroso, cada qual está persuadido de que o outro cônjuge caminha passo a passo com ele, e que a evolução de cada um se produzirá de acordo com seu próprio desejo. Esta idéia é tão forte que certos traços de caráter, certos comportamentos, que já no início aparecem como transtornados, são supostos pela outra parte como algo que desaparecerá espontaneamente sob o efeito benéfico do amor. O primeiro desequilíbrio desta harmonia ideal é a descoberta recíproca do outro na realidade cotidiana, realidade onde vão emergir as partes escondidas ou imprevistas de cada um. Alguns vão integrá-las rapidamente no funcionamento do casal; outros, na medida em que são pessoas ressentidas ou inquietas, vão exigir uma adaptação mais prolongada e sofrida de cada um ao sistema casal, ou vão ter de modificar o próprio sistema para poder permanecer casados. É a primeira crise

Veja o exemplo deste marido trabalhador e ambicioso que proporciona segurança e conforto à sua família: é o seu jeito de mostrar amor, o jeito de provar a si mesmo o quanto ele vale, de mostrar ao mundo sua capacidade. Ele se reconhece na função de bom pai de família, protetor e previdente, que resolve dissonâncias entre o familiar e o profissional. Seu investimento profissional intensivo se concretiza pelas promoções no trabalho: ele faz carreira. Sua mulher fica muito gratificada por ter tal marido e fica absorvida na educação e cuidado das crianças, com um pequeno investimento pessoal aqui e ali. Mas, no curso dos anos, uma defasagem se produz: Ela não tem investimento pessoal suficiente e não se encanta mais com a ascensão social do marido. De onde sua queixa: “Agora temos dinheiro’- me diz ele – ‘tu tens tudo para ser feliz’. Mas, eu não lhe interesso mais, ele não discute mais comigo; eu não sou mais suficientemente sábia para ele, eu me sinto abandonada, sou infeliz”. Outro exemplo, ao inverso: a ambição de uma mulher pelo êxito de seu marido a faz esperar que ele siga um percurso profissional combativo e triunfante e, se os resultados não estão à altura do esperado, reprimendas e azedumes p’ra cima dele podem romper a harmonia da relação; esta desvalorização de um pelo outro os afasta. Estas imagens que cada um, mais ou menos conscientemente, faz do outro, seguidamente acontecem em função dos próprios desejos projetados sobre o cônjuge e que a realidade da vida confirma ou desconfirma. Assim, certas evoluções de um dos cônjuges vão completar o outro e recriar uma nova lua de mel. Outras, ao contrário, vão decepcionar e necessitarão de um trabalho doloroso: renunciar à imagem esperada para descobrir e reconhecer outras qualidades que tornam um cônjuge amável. Felizes somos quando sabemos apreciar aquilo que é, e aquilo que pode vir, sem sonhar o impossível e comprometer o futuro.


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opinião

filosofia volta à moda

(I)

A base da economia está na educação

Antônio Mesquita Galvão

D

Filósofo e escritor

epois de muitos anos de obscurantismo, o ensino da Filosofia e da Sociologia volta ao Segundo Grau. Já volta tarde; nunca deveria ter sido banido. Mesmo assim, é impossível negar que o brasileiro seja o povo mais filósofo do mundo. Os nossos não são decalque de outras escolas, são filósofos naturais, mesmo! É sério mesmo! Ele é um filósofo autêntico, que ri dele próprio e faz piada com sua desgraça. Na verdade, é preciso enxergar, como cabe a um filósofo, a profundidade de uma questão, desde as primeiras causas, até o corolário. Piada, historieta jocosa ou picante, é filosofia pura. Assim Sócrates fez rir o povo de Estagira, subjugado pelos tiranos. Agora é chegada a hora de resgatar aquelas perdas. A verve do brasileiro, do homem de rua, do engraxate, do operário, é recheada de uma filosofia que faria a alegria dos peripatéticos, componentes da academia, e o desbunde dos sofistas. Nada mais socrático que o deboche irreverente sobre as crises nacionais. Nada mais aristotélico que a lógica: “Eu trabalho pro patrão enricar; ora, enricando ele não vai mais percisar de mim; logo, eu devo trabalhar menos prele não enricar”. Na grandeza de quem sofre e acha graça dos seus males, vê-se o estoicismo heraclitiano. No drama diário o brasileiro vive as “leis do eterno retorno”, provando que as situações, embora cruéis, nunca são as mesmas, afinal, “não nos banhamos duas vezes no mesmo rio”. Tudo passa! Aliás, já dizia Lulu Santos. Ah! essa filosofia tão esquecida, como, aliás, anda esquecido o mais elementar humanismo! A filosofia natural, não essa metodologizada pelos “intelectuais” e editores de livros “técnicos”, longe do que se imagina, não nasce nas universidades, onde pedantes, de óculos na ponta do nariz, mal-arrumados, descabelados (para serem confundidos como “filósofos”), cabeças cheias de estereótipos. Nas “academias” ela é apenas aprisionada. A verdadeira filosofia, mais como “arte de pensar” do que “amor ao estudo”, nasce do povo. O que pensa é como o pássaro, não se detém, mas voa. A filosofia nasce do povo que vive, que pensa, que quer mudar. Nesse contexto, filosofia, longe de infletir na busca dos “primeiros princípios”, é um método que pensa, ensina, deduz e faz pensar. Hoje as pessoas não sabem mais pensar, resolvem os problemas técnicos com calculadora e computador. Para as questões existenciais vão para o analista. O que falta é a lógica (aristotélica, cartesiana, sei lá) para organizar suas vidas. Aliás, “organizar idéias” é a proposta da filosofia moderna. (Continua na próxima edição)

Benedicto Ismael C. Dutra Graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP*

E

ducar não significa apenas e tão somente preparar as novas gerações para o trabalho. É também e, principalmente, formar pessoas conscientes de seu papel como cidadãos. Por isso, o investimento nessa formação é essencial. No Brasil, estamos muito atrasados nesse sentido e também no que tange à saúde, planejamento urbano, e tudo ao que leve ao desenvolvimento econômico de um modo geral. É chegada a hora de repensar o conceito de educação de forma a que esteja em consonância com as necessidades da vida. Saturar a mente com teorias não ajuda muito, assim como também não funciona oferecer apenas conhecimentos tecnológicos. Atualmente, o Brasil e o mundo passam por uma fase muito delicada com muitos acontecimentos negativos simultâneos, o que conduz ao artificialismo econômico. Esse conjunto de fatores obriga ao emprego de muita criatividade, o que, em outras palavras, significa usar o bom senso. Vivemos num país privilegiado que possui enorme potencial para produzir alimentos e é dotado de riquezas minerais abundantes, inclusive petróleo. Paradoxalmente, a oferta de bens sempre foi limitada e a demanda contida, mediante acréscimos na taxa de juros. Existe no Brasil um grande contingente de população sem preparo, que mal sabe ler. As escolas se enfraquecem. Os professores desanimam. Os estudantes não se dedicam aos estudos, pois não percebem oportunidades de empregos no futuro imediato e, ao mesmo tempo, não recebem estímulos dos pais para se esforçarem na obtenção de conhecimentos. Com isso, as novas gerações permanecem despreparadas para tudo na vida. Temos que ser criativos para oferecer uma edu-

cação que propicie maior discernimento aos estudantes, ensinando-os a pensar, a ler corretamente, a falar fluentemente e a escrever com clareza. É preciso dar-lhes oportunidades, mesmo que os turnos de trabalho tenham que ser reduzidos para que surjam mais vagas. É possível uma série de ações, tais como: estabelecer atividades culturais ou de utilidade pública, formar monitores capacitados para lidar com os jovens e coordenar as suas atividades em oficinas, parques e jardins, hortas comunitárias e atividades atléticas. Com o advento de novas tecnologias e com a globalização da produção, estão sendo gerados menos empregos. Se não atentarmos para isso, se não dermos preparo aos jovens para que se empenhem em atividades construtivas, eles tenderão a ações marginais, aumentando a violência urbana. Além disso, também tendem a se agravar as crises financeiras e de alimentos. Com o aumento do preço do petróleo, a situação poderá ficar insustentável, tendendo para uma rebelião civil em muitos locais. Em suas análises, o economista Celso Furtado concluiu que estávamos muito longe daquilo que poderíamos ter sido, apesar do enorme potencial com que fomos dotados. Pode-se perceber, com isso, que necessitamos de líderes dispostos a trabalhar de forma construtiva. No mundo há uma grande ausência de lideranças representativas, o que se revela na pobreza que assola os continentes. Faltam pessoas capazes de formar verdadeiros líderes aptos a transformar o planeta em um lugar hospitaleiro e, no caso brasileiro, fazer do país um exemplo de sociedade humana. *Benedito Dutra é também autor dos livros ‘Encontro com o Homem Sábio’ , ‘Reencontro com o Homem Sábio’, ‘A Trajetória do Ser Humano na Terra’ e ‘Nola – o manuscrito que abalou o mundo’ E-mail: bidutra@attglobal

O que o STF vai dizer ao Vinícius? Sílvio Medeiros Publicitário

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ssa é a pergunta que fica! Não só o STF, mas a grande imprensa, as clínicas de fertilização (ansiosas para dar um fim aos seus onerosos embriões), os cadeirantes que se jogaram no chão no momento da votação, todos deverão prestar contas ao pequeno Vinícius, este menininho que antes de ir parar no útero de sua mãe passou oito anos congelado num tanque de nitrogênio líquido. E é cada dia maior a legião de crianças que se ajuntam a ele e a Laina Beasley, norte-americana, nascida em 2005 e congelada por 13 anos, e que criam uma interrogação irrespondível nas nossas legislações que permitem a destruição dessas vidas humanas no seu primeiro estágio para pesquisa. Sim, eles merecerão explicações. Foram chamados de inviáveis, descartáveis, amontoado de células, coisas e não pessoas (talvez um bem de consumo?), mas estão aí. Tudo porque estavam há mais de três anos congelados numa clínica para onde não pediram ir, e por isso mesmo negociados numa corte que opinou democraticamente se poderiam ser destruídos num laboratório. A justificativa de que eram “pré-embriões” (embriões não implantados) não vai adiantar, pois um ser humano pode

até ser privado de um ambiente favorável para seu desenvolvimento e ainda assim continuar humano. A justificativa de que ainda não haviam passado pela fase de nidação também nada pode resolver, pois um ser humano não perde sua indentidade quando impedido de se alimentar. A justificativa de que ainda não detinham células do tecido nervoso também será insuficiente quando entenderem que o sistema nervoso humano só se completa anos depois do nascimento, e que nem por isso eliminamos nossos bebês recém-nascidos. Todos temos direito a viver com dignidade. Mas quem ousará definir do que é feita essa tal dignidade? O ministro Celso Mello defende a destruição de embriões humanos visando a possibilidade de uma vida digna para os que sofrem de doenças hoje incuráveis. Mas, caro ministro, desde quando limitação física reduz a dignidade humana? Desde quando o grau de drama de uma pessoa é critério ético para acabar com uma vida alheia? O ministro relator, Carlos Britto, atrelou ainda a cura da limitação neurológica do filho do jornalista Diogo Mainardi às pesquisas com embriões humanos. É claro que absolutamente todos queremos essa cura, mas quereríamos à custa da vida de um Vinícius, de uma Laina, de qualquer um? Pode-se pensar:

não estaríamos matando ninguém pois eles ainda não existiam. Talvez não a olho nu, mas num microscópio veríamos todos eles muito bem. Cada um com um sexo, com uma cor de olhos e de cabelos, impressões digitais, tom de voz, tudo traçado em seus irrepetíveis DNAs. Se disséssemos um “oi” para o Vinícius, não seria para Laina. Se ainda acompanhássemos sua gestação, não nasceria nenhum outro do que aquele que vimos anteriormente com apenas 100 células. Poderia até ter outro nome, mas seria o mesmo. Somos porque fomos preservados desde o início. De minha parte, direi para o Vinícius que apesar do país em que vive afirmar que sua vida em um dado momento foi descartável, manipulável, violável, mesmo assim, ele possui um valor incalculável desde sempre, uma dignidade inalienável, intrínseca pelo fato de pertencer à raça humana; que apesar de ter sido relativizado por uma ética pragmática, não poderá jamais ser menor do que aquilo que realmente é: um ser humano pleno, completo, merecedor de todo respeito. Direi, enfim, que existem leis que estão acima das nossas, porque existem antes de nós, e que nos ensinam a não matar para salvar, porque no fim, somos todos iguais.

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educação e psicologia

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Emoções, sentimentos e conscientização Juracy C. Marques Professora universitária. Doutora em Psicologia

A

ntonio Damásio, no livro The feeling of what happens (New York, Harcourt,1999), diz que afeto se refere ao que a pessoa demonstra (emote) ou experiência (sentimento) em relação a um objeto, em qualquer momento de sua vida, esteja ou não de bom humor. Ele também classifica as emoções como básicas e universais – medo, raiva, tristeza, desgosto, surpresa e felicidade – ou como emoções sociais, por exemplo, vergonha, culpa e inveja. Somente quando o objeto que provoca a emoção se torna consciente surge o sentimento. Conhecimento e ter consciência do que se conhece é essencial na esfera dos sentimentos, o que supõe a existência de um Self, capaz de distinguir o que é bom do que é mau, tanto do ponto de vista dos objetos que nos envolvem quanto das ações que se desdobram nos juízos de certo – errado. Portanto, é necessário desenvolver um processo de conscientização através de emoções e sentimentos que são experiências vividas interiormente.

Viver em comunidade

Ternura e paciência são sentimentos mesclados por ações, onde sobressaem esperança e otimismo no sentido de obter resultados satisfatórios na espera de um futuro que corresponda a boas respostas para nossas inquietações. É por aí que nos damos conta de que estamos imersos nos inevitáveis conflitos do viver em comunidade. Somos indivíduos, mas vivemos coletivamente em relações interdependentes, somos convocados ao pertencimento, a sermos um entre outros. Nossas decisões, pensamentos e atitudes, e mesmo nossas fragilidades e pecados nascem daquilo que nos afeta por influência daqueles com quem convivemos. Quando estamos demasiadamente focados em nós mesmos, necessitamos de alguém que nos incite para uma perspectiva mais ampla, no caminho da doação, do serviço à comunidade que produzem efeitos de compreensão e solidariedade. Muitas vezes, emerge de nosso íntimo em meio a reflexões, a auto-avaliação, a análise de nossos objetivos e propósitos, de nossos acertos e desvios do rumo que queremos dar às nossas vidas. Tornamo-nos mais autênticos, mais verdadeiros e honestos e, assim, podemos lucidamente escolher o lugar que queremos ocupar em nossas comunidades. Oséias, o profeta da Ternura, proclamou à Casa de Israel, “a vontade de Deus para per-

doar e aceitá-los de volta, apagando os sinais de adoração de outros deuses” (Oséias 11:8). Ele é misericordioso e está sempre disposto a nos reconciliar com Ele e conosco mesmos.

E mais, Ele nos mostra o caminho e baliza as ações que poderão resgatar nossa auto-estima e nossa boa-vontade para com o mundo e para com os outros que nos rodeiam. Foto: Sanja Genero

A Escola como contexto

A professora perguntou à Helena (8.ª Série, Ensino Fundamental): “Você não é mais a amiga e companheira da Jandira?”. Ela respondeu: “Pois é...: não somos mais amigas e companheiras, acontece que ‘quebramos os pratos’. Eu me afastei dela e de sua ‘galera”, desde o final do semestre passado, pois não é que tivemos uma discussão de ‘arranca rabo’ (!). A professora insistiu: “Por quê?”. Helena justificou sua atitude: “Ela é uma capitalista hipócrita: diz uma coisa e faz outra. É uma ‘mala sem alça’. Despreza os colegas e não se dispõe a colaborar”. A professora, depois de algumas reflexões, decidiu que o melhor era esquecer a briga–desentendimento entre as colegas, pois as relações estão em contínuo fluxo, mudam como a noite para o dia e se revertem, sem muitas vezes entendermos o porquê. Acontecimentos como este nos convocam a repensar os múltiplos significados que podem assumir os inter-relacionamentos pessoais e nos levam a pesá-los nas devidas proporções, freando comportamentos impulsivos, ainda que bem intencionados.

As instabilidades e as mudanças As relações comunitárias são dinâmicas, alternando-se períodos de confiança com outros de revolta, movendo as pessoas de uma posição

de subordinação e passividade para uma de maior liberdade individual. E, então, esgarçam-se as fronteiras entre o certo e o errado, em suas ambivalências de admiração e inveja. No entanto, com ternura e paciência podemos retornar a nossos sentimentos mais construtivos de equilíbrio, serenidade, aceitação de nós mesmos e dos outros e, assim, reconstituir nossos valores e crenças. Preenchemos nossas dúvidas e inseguranças com as virtudes da paz interior e da atitude amorosa com nosso semelhante. Como conseqüência, passamos a ser mais tolerantes e mais abertos às mudanças que o mundo impõe, podemos contemplar as belezas que nos rodeiam nos vales e nas montanhas ou no sorriso de uma criança que nos afaga. Desabrocha em nós um estado de graça, como uma flor do deserto que se abre para o sol escaldante em meio à desolação da paisagem.


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tema em foco

A mídia a serviço da solidariedade O

que une os humanos é muito mais do que os separa. Por isso, o que, acima de todas as diferenças de ideologia, religião ou partido político, pode ser feito a partir de uma mesma identificação de solidariedade humana? Nessa mesma direção, qual a contribuição da Comunicação Social para construção de um projeto duradouro de paz e solidariedade na América Latina? Esse o grande mote do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe, a ter lugar no Centro de Eventos da PUCRS entre 12 e 19 de julho de 2009. O evento promete constituir o maior acontecimento na área em nível de Brasil no ano que vem, atraindo mais de três mil profissionais dos mais diversos segmentos da comunicação do Brasil e América Latina e movimentando diretamente 50 mil pessoas com interesse no tema. O lançamento do Mutirão será na semana que vem, dia 14 de julho, no Salão de Atos da PUC, com a presença do arcebispo Dom Dadeus Grings, da governadora Yeda Crusius e do prefeito José Fogaça.

As tecnologias a serviço de um outro mundo possível

O Mutirão é preparado pela Organização Católica Latino-Americana e Caribenha de Comunicação, Conferência dos Bispos da América Latina e do Caribe, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, União Cristã Brasileira de Comunicação, União de Radiodifusão Católica/Rede Católica de Rádio, Organização Católica Internacional do Cine-Brasil e conta com a colaboração de mais de uma dezena de instituições públicas de ensino e organizações não governamentais de nível nacional e continental. Processos de Comunicação e Cultura Solidária é o tema definido para o evento, que se desenvolverá a partir dos seguintes grandes eixos temáticos: Novos cenários políticos e sociais latino-americanos e os processos de comunicação; Economia e comunicação na era digital; e Comunicação no diálogo das culturas. Segundo os organizadores, a dinâmica do Mutirão seguirá o formato bem sucedido do Fórum da Igreja Católica do Rio Grande do Sul, realizado em 2007. Isto é: durante as manhãs, conferências centrais para motivar e expor o tema, de tarde, seminários para aprofundar os aspectos importantes da temática, simultaneamente com oficinas específicas e apresentação de pesquisas. Paralelamente, durante todo o Mutirão haverá tendas, estandes e espaços destinados para a divulgação de materiais, intercâmbio de experiências e divulgação de iniciativas vinculadas ao tema central do congresso.

Cultura solidária e a mídia

Washington Uranga, jornalista e professor de comunicação social da Argentina, é um dos integrantes da Equipe de Coordenação Acadêmica do Mutirão. Uranga trabalha como editorialista para o diário ‘Página ‘12’ em Buenos Aires e atua em diversas universidades argentinas e América Latina. É diretor de mestrado em jornalismo da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires. Solidário - Qual a contribuição da mídia para a formação de uma verdadeira cultura de solidariedade humana? Uranga – Se entendemos a comunicação como um espaço de construção social e disputa simbólica pelo poder, esse (espaço) se transforma como um lugar central para a construção de uma cultura solidária. Não nos referimos somente aos meios de comunicação, mas a todas as práticas de comunicação, desde aquelas da comunicação da vida cotidiana. Acima de tudo, a comunicação é uma relação entre sujeitos e atores sociais. À medida que os critérios solidários perpassam essas relações, estaremos impregnando de valores toda a vida social, política, cultural e econômica da sociedade. S - Já é possível identificar alguma tendência nesse sentido ou tal sonho ainda constitui distante utopia? Uranga – Existem muitas experiências solidárias em matéria de comunicação no continente. Não somente a larga tradição de comunicação/educação popular na América Latina e Caribe, como múltiplos ensaios de políticas de comunicação, embora a grande maioria delas tenha fracassado. Há rádios e televisões populares, mas sobretudo, há práticas de comunicação nas organizações e há comunicadores e dirigentes que atuam pela vigência do direito da comunicação. São prenúncios, sinais portadores de um futuro distinto, gérmens de solidariedade que brotam em diferentes lados. Há, todavida, muito trabalho a ser feito. O Mutirão será uma contribuição a mais nesse caminho. S - É possível antecipar algum grande tema centrado nesse objetivo no

Marcelino Sivinski

Washington Uranga

Mutirão da Comunicação? Que outros grandes títulos de conferências estão programados? Uranga – O grande tema segue sendo a concreção do direito da comunicação, pensando muito além da liberdade de expressão ou de informação. Referimo-nos à busca de caminhos múltiplos para a vigência integral do direito. Esta é uma tarefa político-cultural que nos desafia a todos. É este, defintivamente, o grande tema do Mutirão. S – Quem são os conferencistas estrangeiros previstos? Alguma confirmação? Qual? Uranga – Estamos convocando referenciais muito importantes. Embora estejamos ainda na etapa das confirmações, podemos afirmar que, para a abertura, convidamos o escritor uruguaio Eduardo Galeano e o pesquisador Inácio Ramonet, da Espanha, ex-diretor do Le Monde Diplomatique, da França. Entre outros espacialistas latino-americanos, estamos chamando Rosa Maria Alfaro, do Peru, Matín Becerra, da Argentina, Carlos Cortés, da Colômbia e contamos com prestigiados comunicadores brasileiros como Pedrinho Guareschi e Pedro Gilberto Gomes, para citar apenas alguns.

Dioceses mobilizadas

Pe. Marcelino Sivinski, da diocese de Santa Cruz do Sul, a partir de sua atuação exitosa no Fórum da Igreja Católica do Rio Grande do Sul, também é o coordenador geral do Mutirão de Comunicação da América Latina e do Caribe. Solidário - O que está previsto para a noite do lançamento do Mutirão? Sivinski - O lançamento oficial acontecerá, no dia 14 de julho, às 20 horas, no Centro de Eventos da PUCRS, numa programação especial com a participação de artistas, dançarinos, corais e presidentes das entidades promotoras do evento. Além do histórico dos mutirões, acontecidos no Brasil, e dos congressos dos comunicadores católicos da América Latina e do Caribe, será apresentado o programa do evento a realizar-se de 12 a 17 de julho de 2009. O prefeito de Porto Alegre e a governadora do Estado usarão a palavra e Dom Dadeus Grings, presidente do evento, fará o lançamento oficial do Mutirão. A cerimônia será transmitida pela TV, cadeia de rádios e pela Internet. S - Como repercute a proposta junto às dioceses do Rio Grande do Sul? Sivinski - Há um interesse e expectativas muito grandes para a realização do Mutirão, uma vez que é uma continuidade do I Fórum da Igreja Católica no RS e traz para a reflexão dos participantes um tema de suma importância para a vida dos cidadãos no planeta: Processos de Comunicação e Cultura Solidária. Pesquisadores e estudiosos do tema de renome internacional estarão presentes, fazendo conferências, assessorando os cinco seminários temáticos e convivendo com os participantes. S- Quem e quantas pessoas são esperadas para o evento? Sivinski - Estamos esperando 3.000 profissionais da comunicação da América Latina e do Caribe nas grandes conferências e nos seminários de estudo; e mais de 50.000 pessoas para a visita às tendas e à exposição de arte sacra e obras de artistas contemporâneos, presença nas oficinas, participação nas apresentações artísticas e culturais bem como nas celebrações que acontecerão no início e no final dos trabalhos.


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ação solidária

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O anúncio do Reino através de uma mídia impressa S olidário é um projeto implementado há exatos 14 anos por uma fundação de leigos católicos da Arquidiocese de Porto Alegre que, de forma espontânea e gratuita, disponibilizam tempo para viabilizar a continuidade do empreendimento. Sob o nome de Novo Milênio, o número um do jornal começou a circular a 29 de junho de 1995, dia de S. Pedro, padroeiro do Rio Grande do Sul. E, desde aquela data, circula ininterruptamente, primeiro semanalmente e, há cinco anos,

com intermitência quinzenal. Por um período de dois anos teve o nome de Versão Semanal. Mas, em nenhum momento abdicou de seu objetivo original e fundante de, fiel à tradição e o magistério da Igreja e ajudando a ser voz da verdade sobre fatos, notícias e suas versões que envolvam interesses eclesiais, oferecer boa leitura à família, tentar contribuir para a divulgação do Reino e somar-se às frentes de resistência à degradação ética e de valores que permeia a cultural atual.

Linha de frente

Foram muitas as dificuldades superadas ao longo desses 14 anos. E representaram desafio de superação por parte dos diversos dirigentes e colaboradores à frente do projeto. Em sua atual fase, sobrevive graças ao empenho pessoal e abnegado de um pequeno grupo de leigos que não hesita em sacrificar seus fins de semana para percorrer espaços de colocação do jornal. Visita igrejas, conversa com os párocos e vigários, divulga o jornal para os fiéis ao final

das celebrações acenando com boa leitura. É um grupo de voluntários que poderia estar usufruindo o merecido descanso depois de encerrar sua carreira profissional. Mas, decide vestir a camiseta para buscar a difusão do projeto. Um grupo que, imbuído de espírito solidário, vai a campo e persegue, em forma de apostolado, essa verdadeira missão. São eles: Pe. Attílio Hartmann sj, Jorge e Deonira la Rosa, Martha Alves d’Azevedo, José Edson Knob, Eloi Claro, Décio e Carmelita Abruzzi.

Por que ser voluntário e por que o Solidário

“Prestar serviço voluntário é uma forma de devol-

ver à sociedade tudo que ela nos proporcionou: educação, saúde, emprego e vida social. O pouco que se possa retribuir vai permitir que ela continue a atender as necessidades da comunidade. Depois de trabalhar como voluntária em duas vilas populares, cheguei à conclusão de que para provocar mudanças necessárias seria mais importante tentar fazê-lo junto às classes dirigentes. O jornal é um veículo de comunicação de grande penetração e pode, pouco a pouco, mudar os rumos da sociedade.” Martha Alves d´Azevedo

“Sou cristã, isto é, seguidora de Cristo. Ele deu primazia absoluta ao amor, o amor ao próximo, principalmente aos mais pobres. Não tenho outra chance: se quero amar, preciso comprometer-me com a construção da justiça e da fraternidade, preciso prestar serviço concreto aos necessitados, com presença física e mangas arregaçadas. Só assim participo da expansão do Reinado de Deus, grande projeto de Cristo. Sou responsável pela página ‘Família e Sociedade’ do jornal Solidário. Na verdade, empurraram-me para este projeto, e hoje percebo que, escrevendo e compondo esta página, colaboro para um melhor relacionamento entre os membros das famílias, além de que pouquíssimas pessoas aceitam evangelizar através da escrita. Um dom e uma profissão a serviço do próximo.” Deonira La Rosa

“Ser voluntário é praticar atos sem ser forçado ou constrangido a fazer. Entendo que é preciso, na vida, esquecer um pouco as benesses dessa sociedade consumista e abraçar espontaneamente uma missão. É o caso do projeto Solidário. Faço parte deste grupo de voluntários que se deram as mãos com o objetivo de levar em frente um desiderato. Você pode, você deve fazer parte deste grupo.” Elói Claro

“Sou voluntário para prestar serviço gratuito a uma comunidade, vocação do ser humano e fonte de realização e alegria. Uma maneira de ser cristão. Não escolhi, fui escolhido, ou melhor dito, fui convidado para trabalhar no projeto e aceitei. Já estou no sétimo ano...E o sonho continua!” Jorge La Rosa

“Ser voluntário é dispor-se a realizar um trabalho, sem qualquer remuneração, em área da sociedade onde nossa atividade se pode fazer necessária e com a qual a gente tenha afinidade. É mais do que dar uma contribuição material, mas sim um pouco de nós próprios, indo ao encontro do outro. Escolhi esse projeto porque acredito na importância dos Meios de Comunicação para educar e melhorar a vida dos homens em sociedade. É preciso divulgar a mensagem cristã e as coisas boas que se fazem para promover a dignidade humana. É nesse sentido que vejo a proposta do Solidário e, sendo convidada, logo me engajei no projeto e participo com muita alegria.” Carmelita Abruzzi

“Ser voluntário é executar algum trabalho sem interesse financeiro e que seja de ajuda à comunidade. Por que este projeto? Minha esposa e eu sempre trabalhamos juntos em movimentos comunitários e de Igreja. Como ela já estava realizando este trabalho no Solidário, fui convidado e aceitei.” Décio Abruzzi

“Sou voluntário porque sinto o dever de dar um pouco do que recebi de graça. Ajudar a levar o Evangelho pela palavra escrita – jornal – aos necessitados gratifica-me, faz sentir-me um operário do Senhor. Fazer parte desse projeto é conseqüência de escrever para o próprio jornal e ser convidado a integrar a equipe. Além de divulgar o mesmo, traz um conhecimento maior da Igreja e me convence a divulgar cada vez mais a palavra do Senhor na imprensa.” José Edson Knob

“Como jornalista de longa data, sinto-me humanamente realizado e imensamente gratificado por participar do projeto do jornal Solidário, no qual vejo e sinto um verdadeiro sacerdócio... um serviço de transcendental importância para o anúncio da Boa Nova do Senhor Jesus neste tempo e nesta sociedade, tão necessitada de gestos bem concretos de solidariedade.” Attílio Hartmann sj


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saber viver

DICAS DE NUTRIÇÃO Dr. Varo Duarte Médico nutrólogo e endocrinologista

Alguns alimentos mais indicados no emagrecimento. A MANGA. Iniciamos com sua composição química. Energia: 59kcal. Proteínas:

0.5 mg. Gorduras: 0,2mg. Carboidratos: 15.4 mg. Fibras: 0,8 mg. Cálcio: 49. Fósforo: 50mg. Ferro: 50 mg. Vitaminas A: 37 mcg. Tiamina: 0,5mg. Riboflavina: 0,6 mg. Vit. C: 53 mg. Reproduzimos o que escre-

vemos em nosso livro Alimentos Funcionais, da Editora Artes e Ofícios: “Alto teor de vitamina C e vitamina A (carotenóides), o que caracteriza a ação antioxidante e anti cancerígena. Uma unidade pequena (100g.) de manga madu-

ra é capaz de oferecer 100mg de vitamina C. Por sua riqueza em fibras, não deve ser proibida nas dietas de emagrecimento”. A UVA Composição química Energia 68 kcal. Proteína: 0,6 mg. Gordura: 0,7 mg. Carboidrato: 16,7 mg. Fibra: 0,5 mg. Cálcio: 12mg. Fósforo: 15 mg. Ferro: 0,9 mg. Vitamina A: traços. Tiamina, 0,05. Riboflavina: 0,4 mg. Niacina: 0,5mg. Vit.C: 3mg. Relatarei o caso ocorrido em minha clínica, durante um verão no RS. Paciente me procurava, por indicação de uma amiga, após consulta com importante e famoso endocrinologista de Porto Alegre, que ao ser informado que a paciente gostava muito de UVA, concordara que ela comesse diariamente 6 gomos. A amiga havia indicado o meu nome e eu, após confirmar-lhe que não contava as calorias das frutas e verduras, recomendei-lhe que comesse 6 cachos de uva. A paciente, é bom que se diga, morava na cidade de Bento Gonçalves, famosa por sua produção de uva e de vinho. Não será preciso confirmar que até hoje a paciente consulta comigo. A BANANA Poucas frutas terão sido mais desaconselhadas nas dietas de emagrecimento que a banana amarela tradicional. Inúmeras são as variedades, mas após o sucesso obtido por Guga, o nosso (catarinense) campeão mundial de tênis, a banana tornou-se um alimento receitado universalmente como fonte energética, sem ser reconhecida como produtora de obesidade. Realmente. trata-se de um alimento altamente energético, de fácil digestão, capaz de satisfazer as necessidades alimentares do indivíduo, sendo, portanto, elemento imprescindível em uma dieta rica em fibras, vitaminas e sais minerais. Deve ser indicada em todas as dietas de emagrecimento acompanhadas de exercício físico. Possui cálcio, fósforo, ferro, importante para quem utiliza medicamentos anti-hipertensivos por sua alta concentração de potássio. Fornece 0.4 mg de fibras ,68 mcg de vitamina A, vitaminas C, B1, e B2. Contém apenas 0,2 mg de gorduras. “Embora rica em açúcar, não possui gorduras. Recomendo-a nas dietas de emagrecimento por favorecer a não ingestão dos doces calóricos, altamente constituídos de açúcar e gorduras.


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espaço aberto

Projeto Pescar favorece jovens em situação de vulnerabilidade Para proporcionar melhor qualificação e ambiente adequado a jovens estudantes de informática, a Prefeitura inaugurou o novo prédio da Unidade Procempa do Projeto Pescar, na Rua João Neves da Fontoura, junto à sede da companhia. Concluído em março deste ano, o prédio conta com laboratório de informática, sala de aula para dinâmicas de grupo, teatro, oficinas, práticas de música e utilização de equipamentos de áudio visual, vestiários e banheiros. Além do Pescar, o espaço abriga outras ações sociais da Companhia, o Centro de Capacitação Digital (CCD). “O prédio é resultado da cooperação e solidariedade de iniciativa privada, voluntários e servidores. A Procempa soube juntar os parceiros corretos e, em uma ação de governança solidária, está inaugurando esperança e futuro para esses jovens”, explicou o prefeito municipal, ressaltando a parceria firmada em 2005 pela Procempa. Com o objetivo de preparar jovens em situação de vulnerabilidade social não só para o mercado de trabalho, mas também para o desenvolvimento pessoal, além de aulas de informática, o Pescar conta com módulos voltados

à montagem e manutenção de computadores, desenvolvimento pessoal e cidadania. Durante a inauguração do prédio, foram entregues certificados para os formandos da quinta turma do Curso Básico de Informática dirigido a deficientes visuais do Centro de Capacitação Digital (CCD) Unidade Usina do Gasômetro, parceria entre Procempa e Secretaria Municipal de Acessibilidade e Inclusão Social (Seacis). O curso oferece noções de Windows, Word, Excel e Internet por meio do software virtual vision, leitor de tela do pacote Office XP. As aulas também ocorrem na Unidade Restinga do CCD. O curso oferece aos participantes noções de Windows, Word, Excel e Internet, por meio do software Virtual Vision (leitor de tela do pacote Office XP). Interessados deverão comparecer à sede da Seacis (Rua Siqueira Campos, 1300/202) e apresentar carteira de identidade e comprovação da deficiência, por meio de CID (Código Internacional de Doença). Inscrições para novas turmas estarão abertas entre os dias 21 de julho e 15 de agosto. Na antiga sala do Projeto Pescar, são realizadas aulas do CCD para turmas da terceira idade.

Campanha arrecada agasalhos e incentiva cultura da solidariedade Promover uma cultura da solidariedade calcada em ações educativas, que envolvam os cidadãos gaúchos na construção de um amanhã mais digno para os menos favorecidos. Esta é proposta do projeto João–de-Barro – Construir para o Amanhã, uma iniciativa da Rede Marista de Educação e Solidariedade, através da Comissão de Assistência Social (Coas), em parceria com o Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS e Comitê de Ação Solidária do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. O Inverno Solidário é a terceira ação do Projeto João–de-Barro e acontece desde meados de junho passado. O projeto tem como objetivo envolver toda a comunidade na arrecadação de roupas, sapatos e cobertores que serão destinados a entidades beneficiadas em todo o Estado. Os pontos de coleta estarão localizados em 21 unidades maristas presentes em 14 cidades gaúchas. Cada unidade ficará responsável pela contabilidade e destino das doações e também produzirão atividades que visem dar visibilidade ao projeto e ao estímulo às doações dentro da promoção da cultura, paz e da solidariedade. O Inverno Solidário, Projeto João-de-Barro, conta com o apoio da Pastoral Juvenil Marista (PJM), da Associação do Voluntariado e da Solidariedade (Avesol) e da ONG Cooplantio Solidário. O período de doações vai até 25 de julho. Mais informações: Ir. Miguel Orlandi – coordenador da Comissão de Assistência Social (Coas) da Rede Marista - Fone 99564657; Alexandre Siqueira Mesquita – Fone 98032720 e Gláucia Martins Schneider – Fone 3314.0387.

ASSINANTE

Ao receber o DOC renove a assinatura.

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Sem fronteiras

Selva que encolhe Martha Alves D´Azevedo

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Comissão Comunicação Sem Fronteiras

revista britânica The Economist, em sua edição de 6 de junho último,declara: “É quase impossível impor regras na Amazônia”. Em uma reportagem intitulada: “Bem-vindo à nossa selva que encolhe”, afirma que na prática seria quase impossível para o governo brasileiro impor sua vontade nos limites de seu império, mesmo se quisesse. Continuando, faz mais uma afirmação duvidosa: “Os membros da tribo fotografada recentemente não são os únicos que não reconhecem a soberania do Brasil na Amazônia”. Será que eles também não reconhecem que a Amazônia é brasileira? O que devemos fazer para garantir que a Amazônia seja, e continue sendo nossa e garantir que não admitimos a intromissão de grupos estrangeiros que, servindo-se de “testas de ferro” brasileiros, adquiram grandes extensões de terras, e vendam para madeireiros a exploração da floresta. “O desmatamento ilegal ocorre quando pecuaristas e madeireiros conspiram para limpar faixas de terra”. Derrubam árvores, vendem a madeira e limpam a terra para o plantio, e a floresta amazônica encolhe... Segundo a revista inglesa, esta é a forma mais comum de se ocupar a floresta. “Dos 36% da floresta supostamente de propriedade privada, apenas 4% contam com títulos de propriedade regularizados, segundo a organização não-governamental Imazon. Como o governo não sabe quem possui o quê, impor qualquer regra é impossível”. Antes que a Amazônia deixe de ser nossa, é responsabilidade do governo brasileiro investigar quem realmente são os verdadeiros proprietários destas grandes extensões de terra, limitando estas áreas e condicionando a propriedade a brasileiros para impedir que a “selva encolha”, e que o chamado “pulmão do mundo” entre em colapso pela compressão de sua capacidade de atuação.

Dê este presente para a sua família.

Edith de Lima Xavier - 12/07 Vergílio Perius - 14/07 Antônio Parissi - 14/07 Elizabetta W. R. Torresini - 15/07


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igreja e comunidade

Catequese solidária

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Vamos aprender a ler a Bíblia?

ma adequada leitura da Bíblia requer, em primeiro lugar, a luz do Espírito Santo. A seguir, fica difícil aproveitar o texto se estiverem ausentes alguns conhecimentos básicos. Variáveis, como por exemplo: 1 – O sentido literal do texto: é o que chamamos “ler a Bíblia ao pé da letra”. Comumente, não se toma o texto bíblico em seu sentido literal. Algumas vezes, entretanto, se faz necessária uma leitura estritamente literal para não deturpar o texto. Essa discriminação se faz a partir do contexto. Exemplo de texto tomado literalmente: “Ide e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto Eu vos ensinei. E eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,19). E como exemplo de um texto que não se toma literalmente, temos : “Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9,24). 2 – O sentido simbólico do texto: os textos bíblicos são proféticos e têm a função de transmitir uma mensagem, um ensinamento. O que esse texto quer nos ensinar? Esse sentido não pode ser buscado independentemente do texto e do contexto. Por exemplo, o texto “tome sua cruz, e siga-me”, que sentido simbólico tem? 3 – O sentido figurado do texto: nos textos bíblicos, para ajudar o povo a entender a mensagem, muitas vezes são usadas parábolas, metáforas, comparações com situações da vida diária (o fermento, o grão de mostarda, a figueira, as aves do céu,...) ou expressões populares de época. Então, é preciso perguntarse: que mensagem quer dar o texto através dessa comparação, dessa parábola ? A pedagogia de Jesus é muito adequada às pessoas a quem fala. As parábolas são uma característica do falar de Jesus e ilustram uma nova modalidade temporal do Reino de Deus. Elas envolvem os ouvintes, provocam-nos a tomar uma posição, oferecem-lhes a possibilidade de uma nova compreensão da realidade, levando-os a decisões que modificam radicalmente suas existências. Na parábola do filho pródigo, como Jesus envolve os ouvintes? Como os leva a posicionarem-se? 4 – O sentido do texto no contexto consiste em descobrir: a - qual é o texto mais amplo do qual foram retiradas aquelas citações e como encontrar o seu sentido sem manipulá-lo e nem projetar nele as próprias idéias e desejos; b - qual é o contexto concreto ou qual é a realidade do povo que gerou o texto, adotando para isso os critérios de análise social, econômica, religiosa e política daquele povo. 5 – Para entender o sentido do texto na realidade de hoje, é necessário realizar o confronto entre a problemática de hoje e aquela de ontem, isto é, o que o texto escrito para um povo que viveu há dois mil anos, ou mais, quer dizer ao povo de hoje. Como levar a Bíblia à realidade conflitiva onde vivemos atualmente? Esse processo se chama “inculturação”, quer dizer, reler o Evangelho articulado ao contexto onde vivemos: isso nos leva a entender a Boa Nova como universal e não uniforme, isto é, não se deve esperar que um habitante da ilha da Pintada interprete o Evangelho do mesmo modo que um dinamarquês – isso seria colonização. 6 – A Bíblia é para ser lida em comunidade: a Bíblia é o livro do Povo, da Comunidade e da Igreja. Mesmo fazendo leitura individual, é imprescindível estar unido à comunidade, sabendo que os frutos do texto não são apenas devidos ao estudo pessoal, mas são frutos do Espírito. A principal preocupação não é descobrir que sentido a Bíblia tinha no passado, mas o que o Espírito Santo comunica ao Povo, à Comunidade, hoje. 7 – A leitura da Bíblia é comprometedora. A leitura é feita para estimular a comunidade a uma prática transformadora. Aos poucos, a leitura vai levando a comunidade a assumir uma prática política, uma conversão não só pessoal, mas comunitária e social, um compromisso com os mais pobres e necessitados. A comunidade vai descobrindo como encarnar o sentido dos atos, palavras e gestos de Jesus no contexto novo da vida e da situação atual.

Voz do Pastor

Condição dos idosos

Dom Dadeus Grings

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Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

situação dos idosos constitui o termômetro do humanismo de uma sociedade, bem como o barômetro das ideologias vigentes. A multiplicação dos asilos não é certamente índice de bom atendimento a idosos nem de valorização da vida humana. Mesmo os benefícios, que se procuram conceder às pessoas de idade mais avançada, como passe livre nos ônibus, precedência nas filas, lugares reservados nas conduções públicas, etc., não podem ser considerados humanização da sociedade. Ao contrário: são indício de que estão abandonados a seus cuidados, devendo-se criar uma lei, geralmente antipática aos demais, que os ampare. Foram reduzidos à individualidade, sem família, carinho, aconchego. Não vamos discutir a questão dos idosos por sua situação de abandono, coberta por migalhas legais, que lhes são concedidas por motivos mais políticos que humanitários e às quais se agarram para o menosprezo dos demais. Dirá alguém que eles, quando adultos, também trataram assim seus velhos, confiando-os à individualidade de asilados. Ou pior, dir-se-á que não educaram seus filhos para o respeito aos idosos e para o amparo dos familiares... Não queremos, repito, entrar no intrincado campo das causas. Basta constatar a realidade. Esfacelando-se a família, a humanidade desumanizou-se. Lida com esqueletos. Não valoriza a pessoa. Se isto pode ser, de algum modo, constatado na situação das crianças abandonadas e da juventude delinqüente e drogada, salta aos olhos na condição penosa em que vivem idosos. Como não se resolve o problema das crianças, com a criação de novas, mais numerosas e sofisticadas creches, também não se vai ao encontro da situação dos idosos com asilos mais adaptados e de hospitais geriátricos mais aprimorados, ou com leis que lhes concedam maiores benefícios e facilidades. O problema é humano. Basicamente está na família. Enquanto não tornarmos a família aquele aconchego que reúne todas as idades, enquanto não am-

pararmos, na família e pela família, a vida humana desde a sua concepção até seu desfecho final digno, enquanto não tirarmos o ser humano da solidão individualista e subjetivista, não teremos qualidade de vida digna do ser humano, em qualquer idade em que se encontrar. Volto por isso a insistir que a vida humana digna é vida em família, é convivência no aconchego de um lar, é partilha de conhecimentos, sentimentos e amor, na estabilidade da instituição familiar. Tendo, pois, afastado a tentação de considerar o idoso como um indivíduo à parte, cuja situação deva ser resolvida pela sociedade, voltamos a insistir no valor humano de sua existência solidária. Fala-se de sabedoria acumulada. Mais ainda: situamo-lo na antecâmara do céu. Antes de partir, ainda por vários anos, terá muito a ensinar, particularmente sobre a vida. E seu ensino mais profundo é vivendo, o que, repito, significa conviver. Ele é o que nós seremos. Mas ainda não é o definitivo. O projeto de vida humana não pode ser confinado ao tempo e ao espaço. Transcende o aqui e agora. Abre as portas da eternidade, ao iniciar sua despedida da terra: diminui a captação sensível para reforçar a experiência espiritual. O idoso nos transmite a história. Com isto nos traz um elemento fundamental para nossa identidade. Quem não tem ou não lembra o passado não vive o presente. Falta-lhe identidade. Não tem consciência do todo de sua vida, que vem desde os antepassados, concretiza-se no presente e se projeta para o futuro. O idoso tem a vantagem de lembrar, melhor e mais, o passado e, ao esmo tempo, estar mais perto do futuro. Pode, com São Paulo, afiançar que está alegre pela esperança. Ou então garantir, com maior convicção, que ele é o futuro: o futuro dos que o rodeiam e são mais jovens que ele e o futuro dele e de toda a humanidade, que olha confiante, para a eternidade. O idoso mostra, às claras, que uma vida sem esperança da eternidade se afigura vazia e sem sentido, ou seja, sem verdadeira meta. Viver para morrer não vale a pena. Viver não é morrer. Viver é viver, o que equivale a dizer viver sempre. O cuidado que se tem pelos idosos atesta a fé que temos na vida eterna.

O exemplo de João Paulo II Dom Sinésio Bohn Bispo de Santa Cruz do Sul

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ossos seminaristas maiores, estudantes de filosofia e teologia, pediram uma tarde de espiritualidade, a partir do exemplo de João Paulo II. Deve ser por influência do livro de Estanislau Dziwisz, ex-secretário do Papa: Uma Vida com Karol. Pensei comigo mesmo: se o exemplo de Karol Wojtyla é bom para os seminaristas, por que não seria para os demais cristãos? Eis, pois, alguns traços da sua espiritualidade: 1. Um homem da Bíblia: Segundo o ex-secretário, “durante toda a vida, até os últimos momentos (o Papa) leu todos os dias a Sagrada Escritura. Era dali que jorrava incessantemente aquela grande ânsia de difundir a mensagem de Cristo no mundo. E, ao mesmo tempo, de reforçar a fé”. 2. Um homem de oração: Era “apaixonado por Deus”. Ficava muito tempo em oração pessoal; celebrava diariamente a Missa; rezava o terço; fazia visitas ao Santíssimo Sacramento na capela particular; confessava-se a cada semana. Vem à memória a frase de Santa Teresa: “A oração não é uma questão de tempo. É uma questão de amor”. Certa ocasião os bispos gaúchos almoçamos com João Paulo II. Falamos sobre a queda do muro de Berlim e da conquista da liberdade no leste Europeu. O Papa atribuiu as mudanças profundas à oração. Em Fátima, a Virgem Maria prometeu que Jesus iria converter a Rússia, se o povo rezasse. O povo orou e

a Rússia mudou. 3. Um homem de diálogo: O Papa polonês visitou quase todos os povos. Sempre reservou um tempo para o encontro com os líderes religiosos. Também com os judeus e os islâmicos, onde tinham presença. O ponto culminante foi o encontro de Assis: Quando eclodiu a guerra do Iraque, que João Paulo II tentou impedir, ele convidou os líderes das grandes religiões do mundo para um encontro de oração em Assis. Cada qual orou à sua maneira, mas todos rezaram pela paz. De lá veio a proclamação: “Matar em nome de Deus, é blasfêmia contra Deus”. É o “Espírito de Assis. A via religiosa para a paz”. 4. Um homem de cultura: Cada ano João Paulo II convidava os cientistas e os filósofos para um encontro em Castel Gandolfo (perto de Roma). Além de se atualizar, estava convencido que o encontro entre fé e cultura era uma alternativa para um mundo afastado da ética, marcado pelo materialismo e pelas injustiças. 5. Um homem da reconciliação: Quem não se lembra dos freqüentes pedidos de perdão de João Paulo II pelos erros do passado? Era preciso “purificar a memória”. Segundo ele, deve-se perdoar, sem esperar nada em troca. Como ele fez com Ali Agca, autor dos tiros certeiros contra o Pontífice na Praça São Pedro. Sem perdão, não há reconciliação, não há paz. Você e eu podemos ler a Escritura; cultivar o espírito de oração; dialogar com os diferentes; ler e estudar e nos atualizar; aprender a perdoar e a pedir perdão, pela reconciliação e a paz na família e no mundo.


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comunidade e igreja MENSAGEM DA EQUIPE VOCACIONAL

Porto Alegre apóia as Vocações Dom Remídio José Bohn

I

Vigário Episcopal de Porto Alegre

niciamos neste espaço o contato com Você, com as equipes vocacionais e nossas comunidades, para dinamizar a animação vocacional em nosso Vicariato, assumida como projeto permanente na Ação Evangelizadora. Queremos responder ao desafio da Conferência de Aparecida, que nos convoca: “É urgente dedicar um cuidado especial à promoção vocacional, cultivando os ambientes nos quais nascem as vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, com a certeza de que Jesus continua chamando discípulos e missionários para estar com Ele e para enviá-los a pregar o Reino de Deus. Esta V Conferência faz um chamado urgente a todos os cristãos e especialmente aos jovens para que estejam abertos a uma possível chamada de Deus ao sacerdócio ou à vida consagrada; recorda que o Senhor dará a graça necessária para responder com decisão e generosidade, apesar dos problemas gerados por uma cultura secularizada, centralizada no consumismo e no prazer. Convidamos as famílias a reconhecerem a bênção de ter um filho chamado por Deus para esta consagração e a apoiar sua decisão e seu caminho de resposta vocacional. Aos sacerdotes, estimulamos a dar testemunho de vida feliz, alegre, entusiástica e de santidade no serviço do Senhor”. (DA 315) Estamos felizes pelo aumento de jovens desta cidade, dispostos a responder positivamente ao chamado do Senhor, embora reconheçamos que a “messe é grande e os operários continuam poucos...” Alegra-nos ver o crescimento e entusiasmo das equipes vocacionais, que rezam, apóiam e animam os vocacionados...

Realizamos, há poucos dias, na Catedral, um encontro com nossos seminaristas – do Seminário de Gravataí e Viamão. Após a missa e o jantar, fizemos uma reunião muito enriquecedora sobre sua formação, a necessidade do apoio dos párocos e comunidades e a participação dos seminaristas na animação vocacional em nossa cidade. Enfim, o Senhor da Messe conta com todos nós para o cumprimento de sua vontade!

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Solidário Litúrgico 6 de julho – 14.º Domingo do Tempo Comum (

verde)

1.ª leitura: Livro da Profecia de Zacarias (Zc) 9,9-10 Salmo (Sl) 144/145,1-2.8-9.10-11.13cd-14 (R.1) 2.ª leitura: Carta de Paulo Apóstolo aos Romanos (Rm) 8,9.11-13 Evangelho: Mateus (Mt) 11,25-30 Comentário: Jesus reza e louva ao Pai porque esconde estas coisas aos sábios e entendidos e as revela aos pequeninos (cf 11,25). E quais são estas coisas? Dentro do contexto, “estas coisas” são os valores que dão sentido à vida e plenificam o coração da gente, que trazem a verdadeira felicidade. Não sem sacrifícios, não sem superações, não sem compromissos sérios, coerentes, não sem luta por uma outra ordem social e econômica justa e solidária. Por isso, Jesus diz: meu jugo é suave, meu peso é leve (11,30). Mas é jugo, sim, é peso, sim. A alienação da realidade humana não é cristã e não deveria dizer-se cristão aquele a quem pouco importa o que vive e sofre a maioria da gente. Os sábios e entendidos não entendem isso, aliás, não fazem nenhuma questão de entender; porque, se entendessem e acolhessem a realidade da maioria oprimida e sofrida, teriam que sair do seu nicho falsamente tranqüilo e seguro e assumir esta realidade como sua. Não são nem mansos nem humildes de coração e o máximo que fazem é criticar o poder público por não tomar as “devidas providências”. E aos ricos e orgulhosos, Deus despede “de mãos vazias”, de coração vazio. Somente aos mansos e humildes de coração o Pai revela que a Terra é a casa comum de todos, e são os mansos e humildes que farão a grande revolução de um mundo melhor, mais justo, mais solidário, mais terno e fraterno, construído sobre a rocha dos valores que enchem a alma e o coração de alegria, de realização, de felicidade. Quem crer e viver isso, verá e sentirá.

13 de julho – 15.º Domingo do Tempo Comum (

verde)

1.ª leitura: Livro do Profeta Isaías (Is) 55,10-11 Salmo (Sl) 64/65, 10abc.11.12-13.14 (R. Lc 8,8) 2.ª leitura: Carta de Paulo Apóstolo aos Romanos (Rm) 8,18-23 Evangelho: Mateus (Mt) 13,1-23 Comentário:.Uma das parábolas que mais se aplica ao tempo presente é a parábola do semeador. A questão não é a semente, a Palavra de Deus; a questão é o chão, o terreno, quer dizer: o coração que acolhe ou não acolhe esta semente, a Palavra. A semente é boa, é a mesma para todos, jogada, generosamente, nos mais diferentes tipos de terreno, oferecida, abundantemente, a todos os homens e mulheres. A dureza do terreno/ coração faz com que se percam as sementes que caíram ao lado dos caminhos. Também se perdem aquelas que caíram entre pedras, que até foram acolhidas com alegria e brotaram, mas porque não criaram raízes, secaram e morreram. Estas sementes lembram tantos cristãos que acolhem a Palavra de Deus, oram e louvam o Senhor, mas sua fé é superficial, sem raízes, e, claro, nada transforma, não dá frutos. Já as sementes que caem entre os espinhos, remetem a tantas pessoas cuja fé é para consumo pessoal e as preocupações que ocupam seus corações as sufocam e, igualmente, não dão frutos. E toda semente que não dá frutos, gera, no íntimo do coração das pessoas, frustração, tristeza e um sentimento de não-sentido da própria fé. Já a semente que cai num terreno bom, num coração humilde, aberto, sensível à realidade, cresce e produz frutos de alegria, de justiça, de paz, de solidariedade. A nós, que vivemos num tempo particularmente desafiador, onde a corrupção, a exploração, a lei do levar vantagem em tudo... onde possuir bens é sinônimo de fazer parte do fechado clube da auto-denominada “gente-de-bem”, a semente/Palavra busca terrenos/corações sensíveis à realidade e dispostos a jogar sua vida na construção de uma cultura solidária de homens e mulheres irmãos. attilio@livrariareus.com.br

 Notas GRUPO BOM PASTOR - A igreja Menino Deus, através do Grupo Bom Pastor, acolhe no dia 20 de julho casais em segunda união no Encontro de Reflexão. A idéia é que a Igreja acolhe cada vez mais pessoas que, por um motivo ou outro, não conseguiram manter a unidade do casamento e por isso, também de alguma maneira se afastaram da Igreja. Informações pelo fone 3233.7602. CENÁCULO - O III Cenáculo do Vicariato de Montenegro ocorrerá no dia 20 de julho, das 8 às 18 horas, na Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Ri9ncão do Cascalho, Portão. Serão pregadores Frei Giriboni, fundador da Obra Missionária Virgem do Carmo Peregrina, e Darlen Vaz coordenador estadual do Ministério Jovem. Animação a cargo do Ministério Aeon. Participarão caravanas de várias paróquias de Montenegro. Interessados devem procurar na sua paróquia se já existe alguma carav ana formada. Vídeo de divulgação pode ser acessado em http://www.youtube.com/ watch?v=nzkbuKoDN8M .

Movimento Emaús de P. Alegre homenageado Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA

Os 35 anos de criação do Movimento Emaús em Porto Alegre foram lembrados na Câmara Municipal da Capital. Proposta pelo vereador João Carlos Nedel, a homenagem contou com a presença do presidente do Emaús porto-alegrense, Rodrigo Dihl Schiffner , que recebeu uma placa alusiva ao aniversário , e participantes desse movimento da Igreja Católica. Jovens do Emaús fizeram uma apresentação musical e distribuíram rosas vermelhas. Nedel lembrou que, no Brasil, o Emaús foi criado em 1969, movido pela observação do “vazio existencial” demonstrado pela juventude. O movimento chegou a Porto Alegre em 1973. Segundo Nedel, em 35 anos, o Emaús da Capital realizou cursos sobre valores humanos e cristãos, que contaram com a participação de 7 mil adolescentes de 18 anos ou mais. O vereador ainda recordou que as missas do Emaús ocorrem às 20 horas de domingos na Igreja Maronita, na avenida Jerônimo de Ornellas.


Porto Alegre, 1.º a 15 de julho de 2008

Matrimônio duradouro

D. Keller é o novo bispo de Frederico Westphalen

M

Antônio Mesquita Galvão e Carmen Sílvia Machado Galvão completaram 44 anos de casados, dia 20 de junho último. O casamento foi realizado na Igreja Santo Antônio do Pão dos Pobres, em Porto Alegre. O casal, que reside em Canoas, tem dois filhos. Ana Maria, casada com Carlos Alberto, tem 37 anos e é mãe de Ana Vitória. Sérgio Ricardo tem 34 anos, é solteiro e noivo de Carla Daniele. Antônio e Carmen exercem atividades na comunicação, como escritores, conferencistas e cronistas de vários jornais, revistas e portais.

Inelegibilidade aos corruptos

Até a semana que vem a CNBB quer conseguir um milhão e meio de assinaturas para reivindicar no Congresso Nacional o aperfeiçoamento da Lei 9.840, que prevê inelegibilidade para políticos condenados por corrupção. E, para isso, conta com o apoio de 30 organizações da sociedade civil, entre as quais a Ordem dos Advogados do Brasil. A informação é do secretário geral da instituição, Dom Dimas Lara Barbosa, adiantando que já está em mãos do presidente do Tribunal Superior Eleitoral minuta de projeto de lei complementar nesse sentido. “O que se pretende agora é que fiquem inelegíveis os candidatos que já estejam condenados em primeira instância e os que tenham cometido atos de corrupção durante o exercício de seus mandatos – afirmou o bispo”.

ons. Antonio Carlos Rossi Keller é o bispo nomeado dia 11 de junho por Bento XVI para a vacante diocese desde março de 2006 de Frederico Westphalen. A ordenação episcopal será na Catedral da Sé em São Paulo, dia 2 de agosto, e sua posse em Frederico dia 31 de agosto. O sacerdote, conhecido como ‘padre Tunico’ entre seus paroquianos da Paróquia de S. Antônio do Limão, em S. Paulo, de onde é natural, concedeu o seguinte depoimento ao jornal Solidário: “O Santo Padre, o Papa Bento XVI, quis designar-me como Bispo da Diocese de Frederico Westphalen (RS). Aceitei a nomeação no espírito de obediência à Igreja, na certeza da fé de que aí está expressa com clareza, a vontade de Deus. Estou plenamente consciente de todos os meus limites, mas com uma ainda maior confiança na graça do Senhor Jesus Cristo, único e eterno Sacerdote e Pastor da Igreja. Não escondo o temor em aceitar esta responsabilidade que a Igreja coloca sobre os meus ombros.

Dom Antônio Carlos Keller

O fato de poder contar com as orações e a colaboração de tantas pessoas, fez-me dar o passo decisivo, e responder de forma positiva. Como pai destes filhos que são os cristãos católicos da Diocese, pretendo enfrentar com a ajuda da graça de Deus, as mais variadas situações buscando fazer crescer a vida de comunhão eclesial, em absoluta e irrestrita sintonia com o Magistério autêntico da Igreja. Peço aos meus diocesanos que me aceitem como Pai e Pastor, um companheiro de viagem, que antes de tudo, deseja prestar o serviço que me

é pedido como Bispo, serviço este que visa dar sempre glória a Deus, ao mesmo tempo o de oferecer a ajuda necessária para que todos sejam bons cristãos, verdadeiros santos e santas no meio do mundo, espalhando com mãos cheias a Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo. O princípio programático de meu episcopado está expresso no lema que escolhi, que são as palavras de São João Batista em relação a Jesus: “Illum oportet crescere” (João, 3,30): é necessário que Ele, o Senhor Jesus, Pastor Eterno da Igreja, cresça e resplandeça no mundo, iluminando com Sua luz divina todas as almas humanas, aquecendo todos os corações, fazendo-nos testemunhas alegres de Seu Evangelho de Salvação e de Vida, edificando a Sua Santa, Católica e Apostólica Igreja. Invoco a intercessão materna de Nossa Senhora, de Santo Antônio, padroeiro da Diocese, bem como dos bem-aventurados mártires, o Pe. Emanuel Gonzales e o coroinha Adílio Daronch, glórias desta Igreja Diocesana. Conto com as orações e a ajuda de todos”.

Irmãs Palotinas homenageadas na Câmara de Porto Alegre Os 75 anos de presença missionária no Brasil das irmãs da Congregação do Apostolado Católico/ Irmãs Palotinas teve homenagem especial na Câmara de Vereadores dia 20 de junho último. As irmãs chegaram ao País em 1933, através de sua primeira comunidade em Dona Francisca, no interior do Rio Grande do Sul. Atualmente, se encontram organizadas em quatro províncias. A província Nossa Senhora Aparecida, com sede em Porto Alegre, congrega 89 religiosas, presentes em 20 comunidades entre Brasil e Argentina. No Rio Grande do Sul estão nos municípios de Porto Alegre, São Francisco de Paula, Santa Maria, Dona Francisca, Faxinal do Soturno e Nova Palma. Fotos: Camila Domingues/ CMPA

Irmã Inês Casarin, provincial da Congregação

Ver. Sofia Cavedon, ver. Carlos Todeschini, professoras e alunos da Escola Nossa Senhora do Cenáculo

Evolução do Eu, do Tu e do Casal Página 3

CianMagentaAmareloPreto


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