Porto Alegre, 1o a 15 de abril de 2009
Ano XIV - Edição No 535 - R$ 1,50
Outro mundo possível através da pintura
A arte foi e sempre será um poderoso instrumento de transformação. Talvez por isso, ao término de sua criação deixa de pertencer ao seu criador. Seu potencial se multiplica se praticada em contexto de completa pobreza e exclusão social como ocorre na Vila Antônio Carlos Jobim, na periferia da cidade de Gravataí. Página 7
Jovem tem vez
Publicamos, nesta edição, entrevista com um jovem casal, Fabiane Biscaino Ramos Vaucher, psicóloga, e Rogério Silveira Vaucher, informata. Introduzimos, assim, uma novidade na página: jovens casais falando de suas esperanças e motivações. Página 2
Um bispo gaúcho nos confins da Amazônia
A ordenação de Dom Liro Meurer
Orib Ziedson
Depois de 10 anos junto às tribos indígenas de Roraima, Mons. Edson Damian será bispo de S. Gabriel da Cachoeira. Página 6
Foi em concorrida tarde de 22 de março último, na Catedral Metropolitana de Porto Alegre. Além de familiares vindos de Salvador do Sul e Tupandi, ex-paroquianos dos lugares em que atuou, também contou com a presença de numerosos amigos padres e seminaristas e de seus colegas bispos das 18 dioceses gaúchas. Dom Liro assumirá como bispo auxiliar de Passo Fundo em 5 de abril.
AVISO Em razão de alteração de rotina adotada pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, os exemplares da edição 534 de assinantes do Solidário do interior do Estado estão com suas entregas em atraso. A Direção. CianMagentaAmareloPreto
Reprodução de painel sobre o altar mor do Santuário Sagrado Coração de Jesus,em S. Leopoldo
“Ressuscitei e estou convosco” Não é somente o fato da ressurreição que os cristãos comemoram por ocasião da Páscoa, mas a presença do Senhor ao longo da história como companheiro de cada discípulo e de toda a comunidade de seguidores. Essa presença fortalece os cristãos na missão de presentificar a Ressurreição no cotidiano da vida e de construir um mundo segundo o projeto de Deus. Feliz Páscoa, irmãos na fé. Queremos dizer feliz e ousada ação para que a Ressurreição aconteça na vida de cada ser humano e da humanidade no seu conjunto! “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo”!
A DIREÇÃO DO JORNAL SOLIDÁRIO
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Editorial
COM JESUS, AMAR E SERVIR
É
a diocese mais isolada, mais extensa - 286.966 km2, do tamanho do estado de S. Paulo - mais isolada, mais indígena e mais pobre do Brasil. Durante 10 anos, ele foi missionário na Igreja de Roraima onde pode sentir bem de perto, de forma inculturada, a discriminação dos índios, como são desprezados, explorados e excluídos. Ele é o Pe. Edson Damian, ou Edson Ianomâni, que identifica um dos muitos povos indígenas desta região da Amazônia. Padre Edson, a partir de 24 de maio próximo, será Dom Edson, gaúcho de Fontana Freda, Jaguari. Seu lema é simples, mas desafiador: Com Jesus amar e servir. Ele vai assumir a diocese de São Gabriel da Cachoeira, na fronteira com a Bolívia, sob vários aspectos a diocese que está em último lugar. Emocionado, ele diz: “Com lágrimas e saudades deixo os parentes indígenas e muitos outros amigos de Roraima para conhecer e servir novos parentes de 22 etnias diferentes na diocese onde 90% de seus habitantes são índios. As dez paróquias e missões indígenas são todas atendidas por via fluvial através de barco ou voadeira (lancha a motor). De Manaus são necessários quatro a cinco dias de barco, rio Negro acima, para chegar a São Gabriel da Cachoeira. Em compensação, são contempladas as mais belas paisagens da Amazônia”. E Dom Edson Damian conclui: “Com esta Igreja pobre e perseguida e pascal aprendi também a admirar, amar e servir os índios, a ser solidário em suas lutas na conquista dos seus direitos, na defesa de sua cultura, na posse de suas terras. Os índios me converteram para a sua causa e pela causa da Amazônia”. Na pagina 6, o Solidário lembra com gratidão alguns dos inúmeros mártires desta América Latina, afro e ameríndia. Filho de Capão da Canoa, Frei Orestes Serra é padre desde 1966, membro da Fraternidade Três Companheiros da Ordem de São Francisco, assessor da Pastoral Operária do Estado e responsável pela organização da 12a Romaria do Trabalhador, dia 1o de maio, em Gravataí. É ele quem nos fala do projeto Pintando Cidadania, no núcleo de ocupação urbana Antonio Carlos Jobim, próximo das Moradas do Vale Um, Dois e Três. Diz: “São 2.600 famílias - diaristas, carroceiros, catadores, serventes da construção civil - a maioria delas vinda do interior, sonhando com um emprego na empresa montadora de automóveis próxima. Onde vivem não há água encanada, nem esgoto, nem ruas calçadas. Pintando Cidadania quer resgatar o valor humano das pessoas e desenvolver nelas o sentido da dignidade através do belo e do agradável. O projeto agrega, ainda, a questão do ingresso econômico: no ano passado foram feitas três exposições com essas crianças na cidade de Gravataí e se venderam 320 quadros”. O projeto oferece, ainda, aulas de informática, além de atividades de artesanato para as mães das 22 crianças, diretamente acompanhadas pelo projeto. No momento está sendo implantado um projeto de economia solidária. Os envolvidos neste projeto de grande significado solidário, especialmente suas lideranças, sabem que correm sérios riscos, uma vez que o projeto está bem no centro de uma zona de tráfico de drogas com toda a sua sequela de violências (página 7 desta edição). Na contracapa, o Solidário registra o ato que formalizou e ratificou a Catedral e a Cúria Metropolitana como patrimônio cultural de Porto Alegre dia 11 de março último. Agora tombado, o conjunto formado pelo edifício da Cúria e a Catedral, deverá ser restaurado imediatamente, devendo abrigar, entre outros, um museu de arte sacra, aberto à visitação pública. O futuro acesso à Cúria se dará pela R. Fernando Machado e não mais pela R. Espírito Santo, como até aqui. De 21 a 25 de julho deste ano vai acontecer, em Porto Velho/RO, o 12o Intereclesial das Comunidades de Base. O lema que vai nortear e iluminar estes dias será: “Do ventre da Terra, o grito que vem da Amazônia”. É um grito profético da terra e dos povos da Amazônia, como símbolos da Humanidade, de mulheres e homens que ainda acreditam e lutam pela utopia de uma “Terra sem males”. attílio@livrariareus.com.br
Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36
Conselho Deliberativo
Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril
Voluntários Diretoria Executiva
Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi e José Edson Knob Secretário: G. Carlos Adamatti Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj
Ano XIV – Nº 535 – 1o a 15/04/09 Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Paulo Oliveira da Rosa, Ir. Erinida Gheller (voluntários), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS Impressão: Gazeta do Sul
Rua Duque de Caxias, 805 – Centro – CEP 90010-282 – Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.
Cidadania
Jovem
tem vez
Publicamos, nesta edição, a entrevista com um jovem casal, cujas núpcias ocorreram recentemente. Trata-se de Fabiane Biscaino Ramos Vaucher, psicóloga, 27 anos, e Rogério Silveira Vaucher, informata, 35 anos. Introduzimos, assim, uma novidade na página: jovens casais falando de suas esperanças e motivações.
Rogério e Fabiane
* Quando vocês se casaram? Em 07/02/2009, em Santa Maria, RS, na Capela do Colégio Sant´ Anna. Estamos, portanto, casados há cerca de dois meses. * Bairro em que moram? Bairro Rio Branco. * Por que vocês decidiram se casar? Porque acreditamos no casamento, e principalmente, acreditamos no sentimento que nos une e em tudo o que está ao redor do amor, que é o respeito, a cumplicidade, a união. * Por que, segundo o ponto de vista de vocês, tantos casais se separam? Pensamos que hoje algumas pessoas pensam no casamento como mais um negócio, ou uma tentativa apenas, e, com isso, já há o descrédito de que possa durar muito tempo e que seja saudável e feliz. Parece que o casamento, para muitos, é algo descartável, fácil de romper e, por isso, muitos se aventuram sem maturidade nem segurança e começam uma vida a dois, com excesso de individualismo. Assim, não compreendem que o casamento precisa ser uma mistura de cada um com o “nós” que é formado dessa união. * Que ingredientes ou condições devem existir para que um casal permaneça unido? Deve existir com o amor, primeiramente o compromisso de se estar junto, logo vem o respeito, a cumplicidade, o carinho. * Por que vocês se casaram pela Igreja? Primeiro, por acreditarmos na bênção que recebemos no matrimônio e nos sentirmos fortalecidos com o olhar de Deus na nossa vida nova, também por todo o envolvimento que nossa família possui com a Igreja. * Onde fizeram o encontro de preparação ao casamento? Na sede do Movimento Familiar Cristão, em
Porto Alegre. Os encontros foram fantásticos, no sentido de que nos proporcionaram vivências e conhecimentos que, muitas vezes, não paramos para refletir antes de casarmos. Achamos muito valioso o curso, pois nos proporcionou, a cada dia de encontro, horas de reflexão em casa sobre cada assunto discutido no grande grupo. * Qual é a religião de vocês? E o que vocês pensam sobre ela? Somos Católicos e pensamos que a Igreja como um todo deveria expandir mais seu conhecimento sobre o ser humano e permitir que discussões como as que foram abordadas nos encontros do curso para noivos sejam realizadas também em missas, ou em outros encontros dos Cursilistas, etc., pois se tratam de assuntos vividos cotidianamente pelas famílias e que precisam ser discutidos e aprendidos a todo o momento. * O que Deus representa na vida de vocês? Deus, para nós, é nosso guia, nossa luz, energia diária nos nossos atos, nossos sentimentos e por estarmos abençoados pelo matrimônio nos sentimos ainda mais próximos dele em nossa fé. * Qual a mensagem que dariam àqueles que pretendem se casar? Por acreditarmos muito na força de nosso sentimento, diríamos que um casamento feliz não tem fórmula pronta, mas que deve ser construído tijolo por tijolo, e que o fundamental para que isso aconteça é que ambos queiram muito viver essa experiência embasados em sentimentos que sejam verdadeiros. Para tanto, pensamos no casamento como algo mágico, e que nos proporciona a cada dia novos conhecimentos de mim e do outro. Então, para os que pretendem se casar saibam que é valioso demais se for sempre vivido pelos dois de forma madura e saudável, embelezados pelo sentimento que nos rege, que é o amor.
Família e sociedade
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Ameaças
à vida de casal Deonira L.Viganó La Rosa
Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia
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omo qualquer relação interpessoal, a relação marital não está isenta de dificuldades. Somente uma pessoa atenta é capaz de identificálas, tais sejam a decepção, a imaturidade, o egoísmo, a incomunicabilidade, o tédio, ou outras. Antes de mais nada saiba que se você alimentar a dúvida sobre o sucesso do seu casamento, estará a meio caminho do fracasso. Exorcize e esconjure a dúvida, não permita que ela se instale, e você terá cenário para o casamento acontecer com êxito. Afinal, o casamento, e mesmo o amor, são resultados de uma decisão, exigem participação da vontade. Nunca foram e nem serão compostos somente por sentimentos ou emoções. Justamente por isso é que dificuldades aparecem, para tentar impedir sua realização. Sem pretender esgotá-las, podemos comentar algumas: Nikhil Desai/sxc.hu
A decepção No dia a dia, sob o mesmo teto, as máscaras vão caindo e os cônjuges vão descobrindo que o outro nem sempre corresponde àquela imagem idealizada. Aparecem certas indelicadezas, deselegâncias, ou grosserias mesmo, que, conforme a criação que cada um teve, jamais supôs que isso seria possível entre marido e mulher. Aparecem defeitos totalmente desconhecidos, qualidades também, mas aqueles são mais difíceis de aceitar. Aqui se faz importante compreender que o outro tem direito de ser quem é, e que, ao casar, não renunciou a si mesmo. Embora ambos possam trabalhar para aplainar defeitos, certas características de personalidade não mudam facilmente e saber lidar com elas, de ambas partes, é fundamental.
A rotina
A imaturidade Algumas vezes um dos cônjuges permanece preso a uma etapa evolutiva, por exemplo à sua infância, e não assume compromissos e responsabilidades que a condição da vida de casal exige. Não estamos falando aqui de uma leveza da criança, própria de quem brinca e ri de si mesmo, para amenizar momentos mais duros. Trata-se daquela pessoa que tem repetidos comportamentos atípicos à sua idade e condição, muitas vezes até sendo incapaz de desligar-se o suficiente da mãe, ou do pai, para vincular-se ao companheiro, à companheira. A frustração aprofunda-se. A amargura entremeia o casal e o desejo de obrigar o outro a crescer aparece.
O egoísmo A tentação do ‘eu’, ‘mim, ‘me’, ‘comigo’. Quando um dos membros do casal não quer conjugar a vida com o ‘nós’, o vínculo entre os dois afrouxa e pode se romper. A primeira fecundidade do casal consiste em dar à luz o ‘nós’, enfrentando o dia a dia como parceiros, como comunidade,
como equipe. Há os que permanecem internamente tão solteiros que mais parecem um hóspede na casa, incapazes de uma verdadeira vinculação. Ninguém pode ser solteiro e casado ao mesmo tempo. Ninguém pode ter tudo o tempo todo.
A incomunicabilidade Quando as palavras vão desaparecendo, à medida que os ressentimentos se acumulam, então a vida de parceria começa a desaparecer. Cada um vai procurar alguém fora do casamento para ser seu confidente. O distanciamento aumenta. A proximidade é maior com uma terceira pessoa. Diálogo, e um jogo entre distanciamento e proximidade, cada um na medida justa, são imprescindíveis para continuar juntos e de bem. Diminuir a importância do aborrecimento e valorizar a conversa amena. Diz-se aos namorados: “Se você puder antever que estará prazerosamente conversando com o parceiro, até a velhice, então case com ele. Do contrário, fuja!”
Li, faz pouco, que a apatia é o câncer da relação. É um gotejar lento que desgasta a parceria. Investir em novidade e novas expectativas é o remédio. Todo sistema, para manter-se vivo, precisa de elementos novos. Quais? Invente, use a imaginação, descubra algo diferente, pode ser até o jeito de tocar, de falar, de olhar... Como qualquer sistema vivo, o sistema casamento (e família) precisa alimentar-se, metabolizar e excretar. Senão intoxica. Elimine sempre o que gera mal estar e desavenças e invista no novo. Sim, quem deve começar a mudar é você. E vale a pena recomeçar o casamento todo dia, renovando a aliança e deixando para trás aquilo que o estava prejudicando.
Finalizando É ilusório acreditar que um ser humano seja capaz de satisfazer totalmente as pretensões e expectativas do outro. O que faz o casamento feliz é esta predisposição e empenho de cada cônjuge para viver na leveza, no prazer da convivência, na entrega mútua e no serviço solidário aos outros. Este projeto comum fomenta a conjugalidade. E estar casado se torna cada vez mais um fato prazeroso.
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Somos todos Páscoa da Ressurreição da vida de Cristo José Idear Cardoso Professor
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Opinião
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m Adão, todos morremos. Em Cristo, todos ressuscitamos. Sem sabermos morrer e sem ressurreição da vida em Cristo, onde está a vida? Onde está a paz? Onde está a justiça, a fraternidade e a segurança pública? Páscoa é festa de restituição de vida. Porque a vida é a glória de Deus manifestada desde antes da fundação do mundo! (João 17,24). Para todos serem um só em Cristo! É difícil? É muito difícil! Porém, não impossível! O que é impossível aos homens, a Deus é possível (Mateus 19,26). Tanto a vida temporal na matéria viva, quanto a Vida Eterna na antimatéria rediviva! Vida na carne. Vida no espírito! Pois, quem tem nascido da carne é carne e, quem tem nascido do Espírito é espírito! (João 3,6). É o espírito que vivifica a carne... (João 6,63) E onde há corpo carnal há corpo espiritual. (I Coríntios 15,44). Felizes os que nascem da carne e do Espírito! E não podem mais morrer... Porque Deus não é Deus de mortos, mas de vivos. (Lucas 20,38) Vivos pela Graça de Deus! Vivos na Fé em Cristo! Isto é Páscoa! Isto é Ressurreição! O mistério da Vida que sobrepõe ao mistério da Morte! A morte só existiu desde Adão até Moisés. (Romanos 5,14). Em Moisés, o homem natural, aquele que pratica as obras da carne, é o ponto máximo da evolução inconsciente. (I Coríntios 2,14). Este homem ainda não adquiriu as expectativas de vida futura. Crer que os mortos ressuscitam. Eis, o que revelou Moisés na passagem – páscoa – da sarça ardente. (Êxodo 3,1-6) Ou, da Serpente de Bronze! (Números 21, 8-9) Estes símbolos explicam e justificam a vida dos vivos mortos e dos mortos vivos! É a vitória do Espírito de Deus sobre a morte – morte carnal e espiritual. Se não houvesse a morte carnal nem a morte espiritual, por que temos tanto medo da vida ou da morte, se a vida é movimento e repouso? De nada nos adiantariam as riquezas deste mundo se a vida terminasse dentro de uma sepultura... Eis o que Deus não faz como o homem. Porém aquele que crê, como acreditou Jó em seu redentor, que Deus pode poupar a descida de nossa alma à sepultura, iluminando-a com a luz dos vivos, uma, duas, três vezes, ou quantas mais Ele quiser, (Jô 33, 19-30), com certeza a morte, tanto da carne quanto do espírito não terá mais nenhum poder sobre nós. A exemplo de Jó – eleito antes da fundação do mundo (38,4 e 21) – todos nós também podemos e devemos ressuscitar com Cristo no tempo presente, (Romanos 3,26) como fizeram muitos cristãos de Éfeso. (Efésios 2). Páscoa de ressurreição da vida em Cristo é festa de restituição de vida, aqui, lá e depois. Lembremo-nos de que Ele disse: vede minhas mãos e pés, sou eu mesmo! Apalpai-os e vede que um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho! Tendes alguma coisa para comer? Então lhe ofereceram um pedaço de peixe assado. Ele o tomou nas mãos e comeu na presença deles. (Lucas 24, 39-43). Essa é a vida depois da vida. (Bom Retiro do Sul - RS)
Reminiscências da Sexta-Feira Santa Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista
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os últimos 50 anos, o mundo mudou vertiginosamente e com eles os hábitos e costumes das pessoas e da sociedade. A semana santa, p.ex., era um período de puro recolhimento, de silêncios e orações, não se viajava para a praia ou para a serra, nem se faziam frenéticas viagens de turismo. Os templos ficavam lotados, era um tempo de oração por excelência. Naquela época, minha família tinha uma tradição: visitar sete igrejas na tarde da sexta-feira santa. Nosso velho carro inglês acomodava a família numerosa, mais tarde acrescida de um dos namorados, que, felizmente, entendia de mecânica. (Cabiam todos no carro, pois havia crianças e não existiam cintos de segurança). Entretanto, o velho carro “pifava” sempre lá pela 4ª ou 5ª igreja e não conseguíamos alcançar nosso objetivo. Não sei a origem desse costume, nem que indulgências ou graças se alcançava, se visitássemos as sete igrejas. Ainda vou pesquisar para saber! Seria alguma tradição trazida pelos imigrantes do sul da Itália? Ou seria alguma tradição local ? Já em algumas cidades do interior, as cerimônias das tardes de sexta-feira estendiam-se por quase três horas. Como os sacerdotes se revezavam na pregação e os fieis, não, desmaios eram frequentes. O tempo passou, os costumes mudaram. A Páscoa é um feriadão que convida a viajar, a fazer curtas temporadas na praia, na serra e até no exterior.
A abstinência de carne não é mais um sacrifício, face à variedade de deliciosos pratos à base de peixe. Jejum poucos fazem. A Sexta-Feira Santa, para muitos, tornou-se ocasião para um almoço festivo, reunindo amigos para comer peixe, acompanhado de cerveja ou vinho. Nós não conseguimos sair nesse período; ficou, a idéia de recolhimento, de silêncio, de meditação, talvez mais de revisão de vida do que de participação dos cultos. Ainda tentamos visitar as sete igrejas, talvez numa homenagem à nossa família a aos princípios cristãos que nos legaram e que norteiam nossas vidas. Entretanto, fica na tentativa, não mais por culpa do carro, mas nossa, porque saímos um pouco tarde (ainda faz calor nessa época); visitamos três ou quatro igrejas, mas não há tempo suficiente para as sete, porque muitas fecham à tardinha, preparando-se para a cerimônia da noite. É pena; sempre prometemos sair mais cedo no próximo ano. Quem sabe nessa Páscoa a gente consegue! Cada povo, cada cultura tem sua maneira peculiar de comemorar a Páscoa, com suas cerimônias religiosas, seus tipos variados de presentes, ou suas encenações teatrais, desde as mais simples até aquelas que atraem multidões. Entretanto, para nós, cristãos, sempre é bom reservar algum tempo para pensar sobre a Paixão de Cristo e o que ela significou para a humanidade e para refletir sobre a contribuição que cada um de nós poderia dar para que houvesse um pouco de paz em nossa sociedade tão conturbada. debruzzi@ig.com.br
Santos e heróis do Antigo Testamento Antônio E. Allgayer
A
Advogado
Bíblia não enfeita seus heróis. Não esconde mazelas e tampouco exagera virtudes dos personagens que descreve. Se assim não fosse, como seria possível discernir nela a palavra de Deus? Eis que no Gênesis se comenta a caminhada épica de pequeno povo de pastores semi-nômades, habitando em tendas e percorrendo terras de Canaã, sem rumo e sem norte. A motivação desse jornardear sem meta foi a promessa feita por Deus a Abraão de que dele sairiam nações e reis (Gn 17, 6) e seus descendentes possuiriam toda a terra de Canaã (Gn l7, 8). Abraão completara noventa e nove anos, quando Deus lhe reiterou a promessa de que ele se tornaria pai de uma multidão de nações (Gn l7, 1- 4). Já centenário, gerou Isaac, o descendente que Sara e ele, já idosos, estavam cansados de esperar. Inicialmente esse minúsculo grupo humano não passava de família composta de umas poucas gerações: Os patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, as matriarcas Sara, Rebeca, Lia e Raquel, com filhos, servos e aderentes. No volver dos séculos, desses troncos nasceriam profetas, guerreiros, reis e governantes de cidades, províncias e impérios. . O que ressalta na história desse povo é a sua convicção inabalável de ser povo eleito por Deus para constituir um baluarte da verdadeira fé num mundo infestado de idolatria, religiosidade depravada pela prostituição cultual e a prática de sacrifícios humanos. Por outro lado, causa assombro constatar a desmedida propensão desse povo a deixar-se seduzir pelo culto dos baals cananeus
e divindades egípcias e babilônicas. Toda essa trama de obediência na fé e traição à ortodoxia, a Biblia registra com absoluta fidelidade aos fatos, isenta de qualquer intuito de esconder a verdade, por mais que a sua revelação deslustre a herança abraâmica. Já no âmbito do Novo Testamento, a Epístola aos Hebreus refere às gestas de líderes de Israel posteriores ao Êxodo. Menciona Josué, Gedeão, Barac, Jefté, Sansão, Samuel, Davi e Débora, juíza, profetisa e guerreira. E faz referência a Raab, a prostituta instalada nos muros de Jericó, convertida à fé de Israel, que ingressaria na genealogia do rei Davi. Insignes próceres do povo da Aliança conquistaram reinos, praticaram a justiça, granjearam notoriedade através de feitos memoráveis. Quando no martirológio cristão se alude à fé dos discípulos de Jesus dispostos a afrontar a tortura e a morte por se recusarem a prestar culto a ídolos pagãos, raramente se recorda a grandeza e os méritos dos santos do primeiro Testamento. Convém se saiba que muitos deles “foram esquartejados (...), sofreram a provação dos escárnios, experimentaram o açoite, as correntes e as prisões. Foram lapidados, foram serrados e queimados. Morreram assassinados com golpe de espada. Levaram vida errante, vestidos com pele de carneiro ou de cabra. Oprimidos e maltratados, sofreram privações. Eles, de quem o mundo não era digno, erravam pelos desertos e pelas montanhas, pelas grutas e cavernas da terra” (Hb 11, 35-38). Na passagem do Antigo para o Novo Testamento, haviam eles precedido a paixão e morte do Servo Padecente do Segundo Isaías, selada pelo sangue redentor do Jesus, o Verbo Encarnado.
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Educação e psicologia
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Adolescência e seu empoderamento Desafios da convivência intergeracional Juracy C. Marques Professora universitária. Doutora em Psicologia
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s adolescentes consideram-se centro das decisões, acentuando sua natural tendência a ocupar os espaços que lhe são ensejados, em todos os aspectos que a vida pósmoderna lhes oferece. Em geral, ele conhece mais e melhor os ‘segredos’ do computador, da informática e dos múltiplos meios de comunicação disponíveis pelos avanços e ampla divulgação das tecnologias eletrônicas que se renovam constantemente - muitas vezes através da propaganda e da publicidade de produtos com o objetivo de marketing e comercialização.
Auxiliar dos pais em assuntos de computação Edu, 16 anos, 2a. série do Ensino Médio, tem amplo conhecimento dos comandos de seu “laptop”, ao qual está quase sempre conectado, quando seus pais, principalmente a mãe, pede ‘auxílio’, ele é tão rápido e simplificado em suas explicações que a mãe, quase nada entende. Impaciente, ele pergunta, “O que queres fazer?” e mais ligeiro que o vento, encaminha as soluções, fazendo a tarefa que a mãe ansiosamente desejava aprender. Com isto, ele se coloca sob o signo do empoderamento, aproveitando a próxima ocasião para solicitar a compra do último “videogame” que, como parece óbvio, a mãe empenha-se junto ao pai para prontamente atender seu pedido. Com isto, inverte-se a autoridade dos pais, embora tenham o controle do orçamento doméstico.
Convivência de avós com adolescentes Em um condomínio residencial, é constantemente chamada a atenção sobre cuidados com as crianças e particularmente, certa tolerância com os adolescentes. Na piscina do condomínio, as crianças com suas mães ou babás ocupam a piscina menor, mas os adolescentes pensam que são ‘os donos’ da piscina maior. Uma dada ocasião, dois adolescentes, de 12 e 13 anos tiveram um ‘bate-boca feroz’ porque um deles pediu licença para que a escadinha fosse desocupada a fim de que sua bisavó pudesse entrar na piscina. A Síndica teve de intervir, pois os adolescentes estavam dispostos a jogar bola na piscina, naquela tarde ensolarada e não estavam dispostos a ceder espaço para os mais velhos. Na próxima reunião de condomínio foi aquele “barraco”, pois os condôminos, pais dos adolescentes os defendiam, enquanto que a condômina, cuja mãe eles não deixaram entrar na piscina, quase chorando, buscava argumentar sobre os direitos de sua mãe de usufruir um banho de piscina. Foi criada uma comissão para estabelecer normas para o uso da piscina, mas essas até o momento ainda não foram aprovadas.
Professor na coordenação de discussão Uma colega, Anita, psicóloga e orientadora educacional, criou na Escola em que trabalha um Grupo de Discussão sobre Educação Ambiental para alunos do Ensino Médio. Inscreveram-se trinta, mas só dez apareceram. Ela foi adiante, mas eles impuseram que a discussão não fosse sobre Educação Ambiental. “Deixa isso para os professores de Biologia”, era a voz unânime do grupo. Anita, depois de alguma resistência, cedeu e o Grupo de Discussão, durante todo o semestre, passou a discutir temas propostos pelo grupo: gravidez na adolescência, aborto, violência urbana, drogas e relações sexuais, com destaque para as ‘baladas’ e o intrigante significado do ‘ficar’. Anita, que é colaboradora, em sua paróquia, de uma das pastorais de adolescentes, convidou-os a comparecer às reuniões, 3as. feiras às 20 horas. Dos dez do Grupo de Discussão da Escola, apenas três apareceram e, felizmente, passaram a ser assíduos, uma menina de 15 anos e dois rapazes, ambos de 14 anos. Anita, apesar das dificuldades, ficou satisfeita com o resultado.
Perspectiva de uma convivência harmoniosa Há, sem dúvida, tanto na família como na escola, necessidade de repensar o significado de ‘boas maneiras’ na convivência social. Há, também uma confusão sobre ideias de autoridade, autoritarismo, democracia, direito e deveres do cidadão, como partícipe de uma sociedade em mudança. Falta clareza quanto a valores, como justiça, generosidade, senso de responsabilidade e cortesia, como, por exemplo, a consideração com os mais velhos. Todos, tanto jovens como adultos, terão de reaprender para poder tomar decisões inteligentes que envolvem capacidade de adaptação, ao enfrentar-se com dificuldades e desafios, tanto externos, próprios do tecido social, como internos, de desejos e necessidades, buscando justiça e equilíbrio na perspectiva de uma convivência harmoniosa.
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tema em foco
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Um bispo gaúcho para os confins do Brasil “Não deixem a profecia morrer. A profecia está viva porque nossos irmãos estão dispostos a derramar o seu sangue pelo Reino de Deus” Dom Helder Câmara
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esus escolheu de tal modo o último lugar que ninguém lhe poderá tirar, diz o místico Charles de Foucuald. Aceitei ser bispo de São Gabriel da Cachoeira porque percebi que sob vários aspectos é a diocese que está em último lugar: é a diocese mais isolada, mais extensa - 286.966 km2, do tamanho do estado de S. Paulo - mais isolada, mais indígena e mais pobre do Brasil. Durante os 10 anos em que fui missionário na Igreja de Roraima pude constar o quanto os índios são discriminados, desprezados, explorados e excluídos. Com esta Igreja pobre e perseguida e pascal aprendi também a admirar, amar e servir os índios, a ser solidário em suas lutas na conquista dos seus direitos, na defesa de sua cultura, na posse de suas terras. Os índios me converteram para a sua causa e pela causa da Amazônia”. As reflexões são do padre que se assina Edson Ianomâmi, gaúcho nascido há 61 anos em Fontana Freda, município de Jaguari, e que dia 24 de maio se tornará Dom Edson Damian. A nova missão
Pe. Edson
Com Jesus amar e servir
“Com Jesus amar e servir será o lema que norteará meu ministério episcopal. Na companhia e seguimento do amado Irmão e Senhor Jesus continuarei me esforçando para ser parecido com Ele, pois a semelhança é a medida do amor. “O discípulo não está acima do Mestre; todo o discípulo bem formado será como o Mestre” ( Lc 6,40). São João insiste em seu Evangelho no mandato do amor como Jesus amou. Esse “como” é mais que uma simples comparação, significa “na mesma medida”, “do mesmo jeito”. Depois do lava-pés Jesus explica o seu gesto: “Dei-vos o exemplo para que, como (= na mesma medida, do mesmo jeito) eu fiz, também vós o façais” (Jo 13,15). “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como (= na mesma medida, do mesmo jeito) eu vos amei” (Jo 13, 34; 15,12).
Coragem e determinação
O clero da diocese de Santa Maria, de onde é oriundo, e boa parcela dos religiosos e do clero brasileiros, a quem pregou muitos retiros espirituais, vibrou com a nomeação ocorrida em quatro de março último. Pe. Edson Damian é mais um exemplo de coragem e determinação em defender seu ideal. De ser sal da terra, anunciar e denunciar, contrariar interesses de poderosos e postar-se do lado dos mais fracos e desprotegidos. Do homem, a exemplo do Nazareno cuja coerência e sofrimento são lembrados na Semana Santa, fez e faz do seu tempo histórico não um paradigma materialista, onde o que conta é o patrimônio pessoal, a riqueza material. Mas que vive para o outro. Sua vida e suas obras não mais lhe pertencem, pois criadas para o irmão. Que abraça suas causas com todas as suas consequências porque tem certeza que valem a pena a qualquer preço, até de sua própria vida, se for o caso. O religioso, em sua atividade em Roraima – a exemplo de vários outros conhecidos ou anônimos missionários religiosos ou leigos da América Latina (ver box) – também vive ameaçado de morte e nos últimos anos, por conta da convicta e aberta defesa do direito dos índios, especialmente e homologação de área contínua na reserva Raposa Serra do Sol – definitivamente concedida em histórica decisão do STF em 19 de março último - tem realizado serviços pastorais em Boa Vista acompanhado de guarda-costas. “Nos 10 anos que tive a graça de ser missionário em Roraima fui testemunha dos momentos mais dramáticos desta luta histórica”, escreveu Damian ao Solidário.
“Com lágrimas e saudades deixo os parentes indígenas e muitos outros amigos de Roraima para conhecer e servir novos parentes de 22 etnias diferentes na diocese onde 90% de seus habitantes são índios. As dez paróquias e missões indígenas são todas atendidas por via fluvial através de barco ou voadeira (lancha a motor). De Manaus são necessários quatro a cinco dias de barco, rio Negro acima, para chegar a São Gabriel da Cachoeira. Em compensação são contempladas as mais belas paisagens da Amazônia”. A Diocese foi circunscrição eclesiástica com o nome de Prefeitura Apostólica do Rio Negro entre 19 de setembro de 1910 a 1º de maio de 1925 quando foi elevada a Prelazia do Rio Negro. Em 30 de novembro de 1980 foi elevada à Diocese. Foi dirigida por dois administradores apostólicos e os quatro bispos, todos salesianos. Damian será o primeiro bispo do clero diocesano e também o primeiro a ser ordenado na sede diocesana. Substituirá a Dom José Song, que renunciou por motivos de saúde. A diocese é formada por 10 paróquias, espalhadas em quatro extensos municípios - São Gabriel da Cachoeira; Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, onde moram 70 mil habitantes, a maioria católicos. Como bispo, contará com o auxílio de 14 sacerdote, cinco Irmãos Salesianos, duas Irmãs Catequistas Franciscanas e 46 Irmãs Salesianas. Além dos desafios espirituais e graves problemas de alcoolismo do povo indígena, o novo bispo- enquanto administrador - enfrentará desafios materiais: transporte, dificuldades econômicas, o envelhecimentos dos prédios e a manutenção do clero
O preço de um ideal A historia não tão remota da América Latina lembra o martírio de vários idealistas, que, mesmo sob ameaça, não capitularam de seus ideais de defesa por uma causa justa e de suas opções de profetismo e denúncia. Entre os que morreram pela causa, estão Óscar Arnulfo Romero Galdámez, conhecido como Monsenhor Romero que morreu fuzilado durante celebração de missa em San Salvador. Por ideal similar, os jesuítas Ignacio Ellacuría e seus companheiros já tinham sido assassinados dentro da residência da comunidade em novembro de 1989, também em San Salvador. Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como “Chico Mendes” morreu a tiros em dezembro de 1988 por seu ativismo sindical e em defesa da preservação ambiental da Amazônia. Irmã Dorothy Stang foi morta a tiros em fevereiro de 2005, segurando a sua Bíblia na remota cidade de Anapu, no Pará, onde ela defendia os direitos dos agricultores contra os poderosos donos de terras. Outros ainda estão vivos, mas marcados para morrer. Lembrem-se os nomes de Dom Erwin Krautler, da Prelazia do Xingu, Dom José Luiz Azcona Hermoso, da Prelazia do Marajó, e Dom Flávio Giovenale da Diocese de Abaetetuba
ação solidária
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Pintando Cidadania: aceno para um mundo sem males
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Não queremos o trabalho da Igreja aqui. É bom saírem antes que dê problema. Era esse o aviso dos traficantes de drogas quando os freis começaram as atividades sociais aqui”, informa Frei Orestes Serra, recordando os primeiros tempos de ação da Fraternidade Três Companheiros, no interior do núcleo de ocupação urbana Antônio Carlos Jobim que fica próximo dos bairros Morada do Vale Um, Dois e Três, no município de Gravataí”. E acrescenta: “Nessas ocupações urbanas, o tráfico de drogas é muito forte. E, no momento que se começa a organizar um trabalho social, esse tráfico se fragiliza, os traficantes perdem sua ‘mão-de-obra’ e seu mercado mais próximo que são os adolescentes e jovens. E, ou expulsam o invasor – no caso os freis – ou eles acabam se evadindo para outros lados”. Frei Orestes
Exemplo de Cristo
“Sei que corremos riscos. Pessoalmente, não sofri ameaça”, esclarece o religioso. “Mas isso faz parte de nosso carisma. E não devemos desistir. E, como dizia São Francisco, ‘sempre começar de novo, nunca ter medo’, mesmo sob ameaça. É o projeto de Jesus Cristo: dar a vida pelo irmão, pela defesa de sua dignidade que está acima de interesses pessoais, mesmo que isso signifique risco de vida e até de morrer pela causa que se abraça. Por oportuno, lembro que estamos em vésperas da Semana Santa, onde recordamos que Cristo nos deu esse exemplo de doação total, de aniquilamento total pelo irmão, pelo homem e por todos os homens. Sabendo que denunciando a injustiça e postando-se do lado do mais franco poderia custar-lhe a vida, assim mesmo, optou por essa causa. Isso nos anima e encoraja”.
Por que pintura?
“Estamos falando do núcleo de ocupação urbana chamada Antônio Carlos Jobim, localizada nas imediações da RS-118, numa grande área da antiga cerâmica Estela. São em torno de 2.600 famílias, compostas basicamente de diaristas, carroceiros, catadores, serventes da construção civil. A grande maioria são pessoas vindas do interior do Estado, atraídas pelo sonho de encontrar melhor vida com algum emprego na GM de Gravataí. Nessa ocupação não existe a mínima infra-estrutura urbana, água encanada – duas vezes por semana o carro-pipa leva água para as famílias – esgoto, ruas calçadas, etc. É esse o contexto do projeto Pintando Cidadania, iniciado há dois anos e pouco. O que queremos? Em primeiro lugar, o resgate da cidadania, do valor humano e do belo e do agradável. São 22 crianças, filhos de catadores, onde o lixo faz parte de sua paisagem diária e se acumula perto de seus casebres. Em segundo lugar, também buscamos geração de alguma renda. No ano passado fizemos três exposições com essas crianças na cidade (Gravataí), com 320 quadros vendidos. Uma parte do dinheiro foi para as famílias das crianças”.
Nasce uma nova comunidade
Segundo Frei Orestes, a oitava comunidade está prestes a se integrar na rede. Por enquanto, as aulas e a prática de pintura estão sendo realizadas na sede da Associação de Moradores do núcleo. Também são dadas aulas de informática com a colaboração de voluntários. “Além de darem as aulas, buscam as crianças na vila e depois das aulas as levam de volta em seus carros. Hoje, estamos construindo uma sala, ali na vila, para desenvolver melhor o trabalho. Também realizamos um trabalho de artesanato com as mães dessas crianças e em vias de implantar um projeto de economia solidária. Além das missas aos domingos, também são dadas aulas de catequese para a primeira comunhão e crisma. Uma nova comunidade está nascendo para se agregar à rede de comunidades S. José”, sintetiza Frei Orestes.
Frei Orestes Serra é filho de Capão da Canoa, tendo sido ordenado sacerdote em 1996. Atualmente, integra a Fraternidade Três Companheiros da Ordem de S. Francisco e é pároco da rede de comunidades S. José. Também é assessor da Pastoral Operária do Rio Grande do Sul e responsável pela organização da 12a Romaria do Trabalhador, dia 1o de maio próximo, em Gravataí.
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Saber viver
É bom saber... CUIDADO COM SEUS PENSAMENTOS
Somos as únicas criaturas na face da Terra capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos. Nossas células estão constantemente bisbilhotando nossos pensamentos e sendo modificadas por eles. Num surto de depressão, podemos arrasar nosso sistema imunológico; quando nos apaixonamos por algo ou alguém, ao contrário, podemos fortificá-lo tremendamente. A alegria e a realização nos mantém saudáveis e prolongam a vida. Enquanto que uma situação estressante, que não passa de um fio de pensamento, libera uma imensidão de hormônios destrutivos, nossas células estão constantemente processando nossas experiências e metabolizando-as de acordo com nossos pontos de vistas pessoais. Nós nos transformamos na interpretação quando a internalizamos. Essas são afirmações de Deepak Chopra, filósofo e médico indiano, desde a década de 70 radicado nos Estados Unidos, com mais de 35 livros escritos.
SHAKESPEARE
Não estava sendo metafórico quando, próspero, disse: “Nós somos feitos da mesma matéria de nossos sonhos”. Você quer saber como está seu corpo hoje? Lembre-se do que pensou ontem. Quer saber como estará seu corpo amanhã? Olhe seus pensamentos hoje.
ANESTESIADOS
O que acontece aos nossos órgãos quando estamos anestesiados? Tanto em vigília como no sono, o cérebro mantém os demais órgãos ativados. A diferença é que, em repouso – e também durante a anestesia geral, que induz ao relaxamento profundo – o ritmo diminui,
Imagens: Divulgação
já que, nessa condição, o organismo demanda menos energia para continuar funcionando.
CACHORROS
Quando brincamos com nossos cachorros nosso corpo libera ocitocina, o mesmo hormônio que nos faz amar as crianças. E também eles combatem a solidão urbana, trazem felicidade e melhoram a auto-estima.
Shakespeare
ENVELHECIMENTO
O mau hábito de certos alimentos, o consumo em excesso de radicais livres, um estilo de vida sedentário, favorecem o envelhecimento. Os principais fatores são: alimentos refinados e sem fibras – pães brancos, massas de pizzas, macarrão e folhados, açúcar refinado – doces, sorvetes, bombons e tortas cremosas, sal em excesso, carnes gordas, frituras, manteiga e margarina, café em excesso, refrigerantes, enlatados, embutidos, obesidade, alimentos com agrotóxicos, falta de sono e exercícios físicos, ausência de respiração correta e estresse emocional e físico crônico.
MAGNÉSIO
Ele é capaz de tratar a osteoporose, doença que enfraquece o esqueleto – é um sal mineral presente em alimentos como germe de trigo, queijo tofu, semente de abóbora, caju, amêndoa, pistache e feijão.
CORAÇÃO
A evolução da cardiologia é um dos maiores exemplos do poder de evolução na medicina. As grandes cirurgias com abertura de tórax deixaram de ser a única alternativa para corrigir obstruções nos vasos que irrigam o peito. Elas cederam espaço para medicamentos e procedimentos infinitamente menos invasivos, como angioplastias para a colocação de stents. Reduziu-se tremendamente o risco de morte do paciente que vive mais e melhor, mas apesar disso tudo, o coração ainda mantém o desonroso título de principal causador de mortes no Brasil e no mundo. O risco de morte no hospital após o infarto agora é menor que 5%. Na verdade, o que continua parada no tempo é a prevenção.
Só para HOMENS
Estima-se que um em cada seis homens terá câncer de próstata e que 46% dos brasileiros entre 40 e 70 anos apresentam problemas de ereção. Então, aí vai a dica de exames para homes inteligentes e precavidos. Exame de testículos (indicado dos 15 aos 30), PSA (a partir dos 40), toque retal (se passou dos 40) e dosagem hormonal (com mais de 50). Eles permitem detectar doenças típicas o mais cedo possível.
APETITE
Concentrar horas em uma atividade intelectual desperta um apetite daqueles. Porque a concentração desestabiliza os níveis de glicose, aumentando a vontade de comer. Sem falar que o alimento é uma espécie de compensação para o estresse, então, logo após uma atividade intelectual, fique longe da geladeira. Se for inevitável, então procure comer algo light. Além disso, faça exercícios físicos aeróbicos, pois eles atenuam a flutuação nas taxas de açúcar e equilibram hormônios, diminuindo o apetite desenfreado.
ENTENDA
Mesmo com dor de cabeça, só com prescrição médica! • Analgésicos: Interrompem as crises nos casos de dor de cabeça tensional, dores causadas por outras ELES MORREM DE MEDO doenças e enxaqueca moderada. Possuem como prinDe acordo com o SUS, 16 milhões cípio ativo mais comum o paracetamol, a dipirona ou e mulheres procuram assistência médica o ácido acetilsalicílico. espontaneamente, enquanto apenas dois • Antiinflamatórios: reduzem a inflamação dos milhões de homens foram ao médico por vasos sanguíneos dilatados que geram a dor e interromvontade própria. pem a produção de substâncias relacionadas à sensação de dor. Podem desencadear efeitos colaterais como distúrbios no estômago. • Ergotamina: primeiro medicamento específico criado para o tratamento da enxaqueca. Age contraindo os vasos sangüíneos dilatados que desencadeiam a dor. O uso em excesso pode causar constrição dos vasos periféricos, interrompendo a irrigação do sangue nessa região. JOSY M. WERLANG ZANETTE • Triptanos: utilizados contra enxaqueca, agem na compressão dos vasos sanguíneos e tem ação semelhante Técnicas variadas a da seretonina, que produz a Atendemos convênios sensação de bem estar. Pode desencadear taquicardia, formigamento nas mãos e sensação de pressão no peito e no pescoço.
Espaço aberto
Violência na TV e a família
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Sem fronteiras
Aquífero em alerta
Eduardo Teixeira Farah Advogado
Encontro dos Organismos: Igreja deve se aproximar dos debates da sociedade Cerca de 100 pessoas participaram, em Porto Alegre, da Reunião dos Organismos, promovido pela CNBB/Regional Sul 3. Entre os pontos debatidos no encontro, estiveram a discussão da necessidade de aproximação e atuação da Igreja com os temas de importância para a sociedade, como saúde, segurança, reforma agrária, questões prisionais, infância e juventude, educação, entre outros. Convidado para falar sobre esta temática, o deputado Ivar Pavan, presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, defendeu que a Igreja precisa promover esta aproximação. “Temos que ampliar o diálogo com a sociedade, discutir políticas públicas e estar cobrando dos poderes executivo e legislativo políticas que melhorem a vida das comunidades”, disse o parlamentar que acredita que os governos só atendem aos setores quando são chamados a responder. Ele citou três grande temas nos quais a Igreja deve estar envolvida, como medidas de enfrentamento da crise, reforma política e soberania alimentar. Para ele, os movimentos sociais têm que ter a capacidade e perspectivas de visibilidade. “Só assim serão enxergados”, acrescentou. Pavan disse ainda que não há como se iludir e acreditar que somente a elaboração de leis resolverá os graves problemas sociais que temos hoje. “As leis são feitas para proteger interesses de grupos e muitas vezes só ter a lei não representa a solução”. Durante o encontro, o secretário-executivo da Regional Sul 3 da CNBB, Pe. Tarcísio Rech, pediu ao presidente do Legislativo que levasse para o parlamento a lista do movimento contra a corrupção, desenvolvido pela Confederação. A lista já tem 600 mil assinaturas e pretende coletar cerca de um milhão. Pavan se comprometeu a assinar e solicitar aos demais deputados que participem do movimento.
MUTIRÃO DE COMUNICAÇÃO Sobre a realização do Mutirão de Comunicação da América Latina e Caribe, que acontecerá de 12 a 17 de julho, na PUCRS, em Porto Alegre, Pavan acrescentou que em bom momento é provocado o debate sobre o tema. “Trata-se de um evento importante para tratar da informação no país. É um diálogo necessário para democratizarmos a comunicação que na maioria das vezes é recebida a partir de um filtro”, acrescentou. Outros temas abordados durante o evento foram a Romaria da Terra, Ano Catequético, Celebração e Eucaristia e o Projeto Nacional e o Brasil na Missão Continental. Participaram do encontro bispos, padres, coordenadores de pastorais, representantes dos movimentos sociais, sindicalistas, entre outros.
ASSINANTE
Ao receber o DOC renove a assinatura. Dê este presente para a sua família.
S
em dúvida, o mais poderoso veículo de comunicação de massa é a televisão, cujo impacto no comportamento das novas gerações pôde ser evidenciado pelo recrudescimento da violência juvenil – consectária da fragmentação moral de nossa sociedade. Inclusive, o noticiário televisivo dá ênfase às matérias sobre violência e outras imoralidades que obviamente têm açulado o aumento na criminalidade, não apenas pela notória impunidade reinante, mas pela concupiscência dos telespectadores contumazes comprovada pelas altas taxas de audiência dos “reality shows”. Nesse sentido, diariamente, um monturo de programas de baixa qualidade expõe crianças e adolescentes a cenas de sexualidade explícita que, além de não agregarem qualquer forma de afeto ou valor cultural, mostram atos de amor de forma trivial e descompromissada. Aliás, esta afetividade utilitarista tem sido o tópico favorito das telenovelas que, com seus belos e atraentes personagens, seduzem o público ávido por afeto virtual. Além disso, diversos temas apresentados na televisão abordam valores distorcidos que terminam “formatando” o senso crítico e a reflexão do jovem telespectador. Por outro lado, há uma pequeníssima parcela da programação televisiva que busca transmitir conhecimento e aprimorar a cultura popular, apenas disponível para um seleto grupo de consumidores de tv paga. Todavia, mesmo esta seleta espécie de informação é transmitida em horários de pouca audiência e não costuma ser subsidiada pela máquina comercial – marketing para vendas –, cujo objetivo visa apenas aumentar e incrementar o consumo de bens e serviços. Entrementes, a violência na televisão, além de anestesiar a população sobre a sua gravidade e dimensão de seus danos à sociedade, pode inclusive propiciar a proliferação da própria criminalidade, conforme espelhada nos recentes conflitos armados nas grandes cidades brasileiras. Infelizmente, o busilhão de violência colorido apresentado nas telas, agora plasma e LCD, têm desservido à formação intelectual e humanística dos telespectadores e, se permanecer este quadro, é pouco crível que o volutabro televisivo se transforme em eficaz instrumento para a expansão cultural de nossas famílias. Pois, violência só gera violência, nada mais!
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Martha Alves D´Azevedo
A
Comissão Comunicação Sem Fronteiras
engenheira química Cristina Pasqualato, da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), em sua última pesquisa detectou em amostras de água coletadas em áreas de recarga do Aquífero Guarani, traços de Diuron e Hexazinona, componentes de um herbicida usado na cultura canavieira. A pesquisadora declarou que a contaminação não afetou a água consumida em Ribeirão Preto, mas alertou: “Temos de pensar no futuro”. Será que estamos pensando no futuro? Será que nossos governantes estão se preocupando com a nossa reserva de água? Parece que até agora o executivo, o legislativo ou a sociedade civil organizada nada fizeram para preservar um dos maiores reservatórios subterrâneos do planeta. O Aquífero Guarani, Gigante do Mercosul, como foi chamado em um estudo realizado há dez anos pela UNAERP e pela Petrobrás, atinge uma área de 1,130 milhão de quilômetros quadrados no Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. No Brasil, que abriga quase 75% da área do reservatório, o aquífero atinge os Estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Pesquisadores de São Paulo propuseram que “toda a área de recarga do aquífero fosse considerada zona de proteção ambiental máxima”. Além disso, a proposta era de que se fizesse a reposição da vegetação nativa nestas áreas. As áreas onde aflora o Guarani, afirmam eles, devem ser preservadas para que as águas da chuva possam abastecer constantemente o aquífero, sem poluí-lo. De acordo com dados da FAO (2002), o consumo anual de água no mundo em 2000 foi de 3,8 mil Km², sendo 69% (2,6 Km²) destinado ao setor agrícola, 21% (783,1 Km²) ao industrial, e apenas 10% (376,3Km²) ao doméstico (consumo humano, uso sanitário, serviços urbanos municipais). Os cinco países que mais consomem água no mundo são Índia, China, Estados Unidos, Paquistão e Japão. Se a água é um recurso imprescindível para a vida humana na terra, não estaria na hora de iniciarmos uma cruzada pela preservação deste bem, que nos foi concedido e pelo qual somos responsáveis perante a humanidade?
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Catequese solidária
Igreja e comunidade Voz do Pastor
EUCARISTIA E ESPIRITUALIDADE DO CATEQUISTA
Dom Dadeus Grings
Irmã Marlene Bertoldi *
Arcebispo Metropolitano de P. Alegre
P
ara exercer a sua missão o(a) catequista necessita de uma formação espiritual. Por isso, o Estudo da CNBB nº 59, falando da formação de catequistas e citando o Diretório Catequético Geral n.º 114, diz: “A missão confiada ao catequista exige dele uma intensa vida sacramental e espiritual, o hábito da oração, o sentido profundo da excelência da mensagem cristã (...) a atitude de caridade, humildade e prudência”. A Espiritualidade está no modo de ser, viver, falar e agir das pessoas. Quando perguntamos: qual é a espiritualidade de tal santo? A resposta logo vem caracterizando o(a) santo(a) pelo que foi e fez. Por exemplo, Santa Paulina: amor aos pobres, doentes, pela sua simplicidade, grande ideal pela missão, amor profundo a Jesus Cristo, transformado em ação. A oração é o alimento que sustenta o ser e o agir.
Jesus Cristo é o centro da espiritualidade
A maior fonte da espiritualidade é Jesus Cristo. Dele emanam outras fontes: a vida, a Palavra de Deus, a Eucaristia e a missão. Jesus nos diz “Vem e segue-me”. Seremos preenchidos por Jesus se realmente o seguirmos sem restrições. É preciso deixar para traz a vida velha dos comodismos, irresponsabilidade, medo, consumismo... para assumir o caminho de Jesus, ou seja vida nova. Em nosso modo de ser transparece uma espiritualidade do seguimento de Jesus quando a oração faz parte do nosso dia-a-dia, a fraternidade é sincera, a luta pela justiça é presente, a perseverança e o entusiasmo são constantes. Viver como Ele disse, viver como Ele viveu é a síntese da espiritualidade. “Na medida em que vamos seguindo o Cristo Ressuscitado, seu Espírito que habita a Igreja nos inspira a ficarmos mais parecidos com Cristo, compreendendo e atualizando em nossa vida os mandamentos da Lei divina, especialmente o Amor a Deus e ao próximo e a fidelidade às orientações de vida dadas pelo Mestre no Sermão da Montanha”. Por isso, a conversão ao Reino é um processo nunca encerrado, tanto em nível pessoal quanto social, porque, se o Reino de Deus passa por realizações históricas, não se esgota nem se identifica com elas” (cf. P 193, 1221, 1159) (CR 193).
Eucaristia, o sustento da espiritualidade
Na caminhada do/a catequista não pode faltar o alimento que gera o encontro com Cristo por excelência. “A Eucaristia é o centro e o ponto culminante de toda a vida sacramental, fonte e ápice de toda a vida cristã e de toda a evangelização, raiz e centro da comunidade” (CR 227). Daí a importância para o/a catequista achegar-se habitualmente desta fonte. A Eucaristia é o caminho de interação entre fé e vida. Alimentando-se desta riqueza, é possível assumir um comprometimento de viver como Jesus viveu e, ao mesmo tempo, solidarizar-se com a multidão que vive sem o pão diário. Olhando para este quadro, as fontes da Espiritualidade do(a) catequista, como elas se fazem presentes em nossa vida? *Resumido de “Missão Jovem”
Mercedes Adelina Bolognesi - 04/04 Valdacyr S, Scomazzon - 05/04 Alda S. Fortes - 06/04 Hermenegildo Fração - 12/04 Vera Regina Dreyer - 13/04
A SEDE DE DEUS
H.
Cox, em meados do século XX, preconizava que o futuro da cidade seria o ateísmo. A ideia, bem como a busca de Deus, desapareceriam das cidades. Religião seria sinal de cultura rural, para não dizer, de mentalidade atrasada. O marxismo assumiria oficialmente o combate não só a todas as religiões, como à própria existência de Deus. Para ser marxista, seria preciso renunciar à fé em Deus. Quando, em 1984, numa viagem para trás da ‘Cortina de Ferro’, questionei, em Moscou, sede daquele combate, a razão dessa atitude negativa, um jovem, guia turístico, confessou que só lhes era permitido crer no partido. Haviam-no guindado à esfera da divindade. Na China, isto é, atrás da ‘Cortina de Bambu’, perguntei, no mesmo ano, acerca da influência de Mao Tse-Tung, falecido havia apenas dois anos. A resposta foi parecida: ele acabou com todas as religiões e todas as divindades da China para, depois, endeusar-se a si mesmo. E acrescentava o guia turístico, apontando para o grandioso mausoléu do ditador: ‘Ele, porém, não era Deus’. Poderíamos passar por todos os ditadores, que amarguraram a vida de seus súditos no século XX, e teremos sensação semelhante. Os novos tempos têm, como um dos sinais mais vistosos de seu aparecimento, dois símbolos incontestes: a implosão da União Soviética, em 1989, e as triunfais exéquias do papa João Paulo II, em 2005. Manifesta, por eles, de modo veemente, a sede de Deus. Mostra que a cidade, que Cox definira como secular, não consegue prescindir de Deus. E a razão é óbvia: é verda-
de que a cidade é obra humana. Ali o homem sempre se encontra consigo mesmo, com suas realizações e suas exigências. Mas ele próprio não é artífice de si mesmo. Foi gerado e não fabricado. Tem uma tendência que o leva irresistivelmente a transcender-se. Tem sede de Deus. Santo Agostinho o expressou lapidarmente: ‘Fizeste-nos para Vós, Senhor, e nosso coração está irrequieto enquanto não repousar em Vós’. Assistimos, hoje, a uma explosão da religiosidade. Ela leva inevitavelmente a rever a política, a educação e toda a orientação midiática. Ao prescindir da dimensão religiosa, estão agora defasadas no tempo, bem como longe da própria realidade. O ser humano é essencialmente religioso. E só na base da fé em Deus consegue resolver o enigma de sua vida e seus problemas sociais e pessoais. Nem a vida nem a convivência têm consistência sem essa dimensão mais profunda. Sabe-se que quem a recalca, tanto pessoal como socialmente, risca anormalidade, que pode ser fatal, tanto para o indivíduo como para a sociedade. A teologia, bem como a filosofia, podem discutir e clarear a ideia de Deus. Os sinais dos tempos, porém, apontam indubitavelmente para a necessidade da busca dele. Sem Ele não se consegue viver nem organizar a sociedade. Digam-no todos os que tentaram o contrário. Implodiram. Deus, que conhecemos através de Jesus Cristo, como Pai misericordioso, enche nossos corações de amor, de piedade, de paz e alegria. São João nos ajuda a conhecê-lo, o que equivale a experimentá-lo. Garante que quem ama O conhece e quem não ama não O conhece, porque Ele é amor (1 Jo 4,7). Conhecêmo-lo porque Cristo derramou, em nossos corações, o amor dele, pelo Espírito Santo, que nos enviou.
A DISCIPLINA DA LÍNGUA Dom Sinésio Bohn Bispo de Santa Cruz do Sul
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urante o tempo da quaresma, vejo cristãos conscientes fazer jejum, dar esmolas, orar e ler a Palavra de Deus. É a ascese quaresmal. A liturgia fala em quebrar nosso orgulho, corrigir nossos vícios, elevar nossos sentimentos, repartir o pão com os necessitados e fortificar nosso espírito fraterno. Mas poucas vezes ouço falar em disciplina da língua, que talvez seja o jejum mais difícil e quiçá mais necessário. É da língua que brotam a calúnia e a maledicência, responsáveis pela quebra da honra alheia, por tantas injustiças no relacionamento humano, por tanto desamor. Responsáveis ainda por um clima de desconfiança, que freia a amizade e a alegria da convivência comunitária. Se a fidelidade é irmã do amor, a maledicência é sogra do ódio! A Escritura Sagrada é severa com os pecados da língua. O salmo 51 adverte: “Tua língua é qual navalha afiada, fabricante de mentiras” (Sl 51,4). E o Salmo 54: “Suas palavras mais brandas que o óleo, na verdade, porém, são punhais” (Sl 54,22). Por isso o conselho do Apóstolo Paulo é tão oportuno: “Fazei
tudo sem reclamar ou murmurar, para que sejais livres de repreensão e ambigüidade, filhos de Deus sem defeito” (Fl 2, 14-15). O austero Tiago é fatídico: “Se alguém pensa que é religioso e não sabe controlar a língua, está enganando a si mesmo, e sua religião não vale nada” (Tg 1, 26). Para destruir algum desafeto às vezes se usa a calúnia, portanto uma falsidade. É um crime segundo a lei civil e um pecado perante Deus. Em geral, porém, se recorre à maledicência. Diz-se que o fato aconteceu e à boca pequena vão os comentários. E lá se vai a honra alheia. É crime e é pecado também. Esquecemos facilmente o conselho do poeta de Alegrete (Mário Quintana): Se tens um segredo, não conte ao amigo. Porque o amigo tem amigos, que tem amigos também! À maledicência se aplica uma comparação clássica: esvazie um cobertor de penas ao vento e depois tente ajuntá-las de novo! O jejum da língua favorece a amizade e a justiça entre as pessoas, gerando paz e fraternidade. Por isso, é tão bom evitar a maledicência e os comentários inúteis sobre faltas alheias. Melhor é orar por nossos desafetos, para que Deus os abençoe e a nós também.
Comunidade e Igreja
Mulher consagrada Ir. Lydia Domaradzki
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Solidário Litúrgico 5 de abril– DOMINGO DE RAMOS (
vermelha)
Congregação das Filhas de Caridade
mulher foi criada por Deus para colaborar com o homem no desenvolvimento da criação. É o complemento do homem, seu lado terno e afetuoso. Ajuda-o a ver o detalhe, a beleza. Colabora com o homem na educação dos filhos, respeita a vida e os princípios éticos, religiosos e morais. É a alma do lar. Conhece a realidade que a cerca, sem ser dominada pelo homem, ajuda-o a vencer os desafios que se apresentam no cumprimento da missão que foi confiada por Deus à família, para formar uma sociedade justa e fraterna. Mas, quero falar da mulher consagrada. É chamada por Deus para seguir Jesus Cristo e ser testemunha do seu amor pela humanidade. Esforça-se para ser um “sinal luminoso”, uma seta que aponta para o infinito. Sua vida é um testemunho de oração, de fé, de dignidade, de partilha, de liberdade, no meio do mundo materialista, violento, hedonista e egoísta. Faz a leitura da realidade que a cerca, na qual percebe os apelos de Deus para sua ação. Busca e encontra forças para viver sua consagração na alegria, nos momentos intensos de oração, na leitura da Palavra de Deus e, na fé no Deus que caminha com seu povo. Valoriza as iniciativas de algumas organizações, voltadas para a defesa da vida, por vezes associando-se a elas, com o objetivo de transformar a realidade e assim contribuir para uma sociedade mais justa e fraterna, conforme o projeto de Jesus Cristo. Muitas mulheres consagradas dirigem escolas, obras sociais, hospitais e têm seu espaço na Igreja, na coordenação de várias pastorais. Temos vários exemplos de mulheres assim: Irmã Tereza Araújo, Filha da Caridade: organizou o povo para mudar a realidade de um bairro pobre em Curitiba. Madre Tereza de Calcutá: com seu trabalho mexeu com os governantes e apontou as injustiças que criavam a pobreza. Irmã Maria Turkiewicz, Filha da Caridade: percebendo a necessidade de formar pessoal na área de Enfermagem, fundou uma Escola nesta área e orientou as alunas para um atendimento humanizado. Irmã Dulce: com seu trabalho apontou a necessidade de melhorar as condições de acesso ao tratamento da saúde no Estado da Bahia. Santa Luíza de Marillac, Fundadora das Filhas da Caridade: dirigiu e organizou hospitais no século XVII, redigiu normas e regulamentos, além de se dedicar ao serviço social junto aos pobres e na fundação de escolas paroquiais na França, para meninas pobres. Santa Tereza D’Avila, Carmelita: exemplo de oração e de vida contemplativa em um mundo agitado e descrente. Deus abençoe todas as mulheres corajosas que assumem sua vocação na sociedade e na Igreja com o compromisso de contribuir para um mundo melhor.
1a leitura: Livro do Profeta Isaias (Is) 50,4-7 Salmo 21 (22), 8-9.17-18a.19-20.23-24 (R./2a) 2a leitura: Carta de São Paulo aos Filipenses (Fl) 2,6-11 Evangelho: Marcos (Mc) 15,1-39 (Paixão de Jesus) Comentário: A liturgia deste domingo nos traz duas leituras bíblicas que parecem contraditórias, ambas do evangelista Marcos. A primeira, após a bênção dos ramos, relata a solene entrada de Jesus em Jerusalém, a cidade santa, centro religioso e político dos judeus, onde o poder estrangeiro, romano, se manifestava com mais força e crueldade. É um Jesus acolhido com aplausos, “vivas” e hosanas como se acolhe a reis e heróis libertadores. Teria Jesus, finalmente, aceito ser o Messias da libertação política do povo judeu? Mas logo, na liturgia eucarística, o relato da Paixão e Morte de Jesus não deixa dúvidas: a missão de Jesus não se restringe à libertação de um povo, mesmo que este seja o seu povo e que o domínio romano seja cruel e sanguinário. O projeto de libertação/salvação de Jesus é um projeto para toda a humanidade e para todos os tempos da história humana. Há dois mil anos, a euforia do domingo se transformou em gritos de “crucifica-o” poucos dias depois. A decepção diante de uma esperança frustrada, no caso daquele povo, uma esperança justa, mas imediata e apenas política, se transforma, facilmente, em ódio contra aquele que frustrou a esperança. O povo judeu, transformado em massa de manobra pelos que detinham o poder religioso e político, passou do aplauso eufórico para a rejeição extrema sem se questionar nem perguntar sobre a justiça de suas atitudes tão contraditórias. Se examinamos, honestamente, nossas atitudes, podemos constatar que não somos tão diferentes daqueles judeus que aplaudiram Jesus no Domingo e o condenaram à morte na Sexta-Feira seguinte; as incoerências e contradições também são parte da nossa vida, especialmente quando estamos diante de decepções pessoais ou frustrações de interesses contrariados. Dentro de cada um de nós, há domingos de ramos e sextasfeiras de condenação e morte. Oxalá nossas contradições nos levem sempre, através do reconhecimento e do perdão, à manhã da ressurreição, da vida.
12 de abril – DOMINGO DE PÁSCOA (
branca)
1a leitura: Atos dos Apóstolos (At) 10,34a.37-43 Salmo 117 (118), 1-2.16ab-17.22-23 (R./24) 2a leitura: Carta de São Paulo aos Colossenses (Cl) 3,1-4 Evangelho: João (Jo) 20,1-9 Comentário: Em nossas tradições culturais, a Sexta-Feira Santa ainda é o dia em que o povo cristão se identifica mais com os acontecimentos da chamada “semana santa”. Até mesmo o Domingo de Ramos é mais solenizado e participado, incluindo a bênção dos ramos, ramos estes que são levados para as casas e se transformam em sacramentais durante todo o ano. Até persiste o costume, em muitas famílias, de queimar ramos bentos em dias de tempestades, invocando, particularmente, a Santa Bárbara. Para muitos cristãos, especialmente católicos, a Semana Santa conclui na celebração da noite de sábado, vigília da Páscoa. João, no relato bíblico deste domingo, nos leva a acompanhar Maria Madalena, indo bem cedo até o local onde Jesus fora sepultado, e sua perplexidade diante do túmulo vazio. Logo, ela avisa Pedro e o próprio João que, por sua vez, correm desabaladamente até o local e constatam o mesmo: não era “conversa de mulher”; o túmulo, realmente, está vazio, o corpo de Jesus não está mais ali. A perplexidade daquele grupo de amigos e amigas de Jesus, testemunhas que foram da ressurreição, tem explicação na frase final do texto de João: Eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos (20,9). A Páscoa é a principal festa do cristão e por uma razão muito simples e óbvia: é do túmulo vazio da manhã de um novo tempo na história humana, sinalizando que Jesus está vivo, que vem a certeza de fé de que nós somos filhos e filhas da ressurreição... que não nascemos para a morte, mas que a vida é nosso destino final e feliz. attilio@livrariareus.com.br
Jovens promovem acampamento de Páscoa Entre os dias 9 e 12 de abril, a Arquidiocese de Porto Alegre promove mais um acampamento da juventude. Natureza, oração, música e partilha irão marcar esse encontro de jovens. A meta é promover um encontro pessoal do jovem com Deus. O acampa-
mento é realizado pela juventude de diversas paróquias, sob a orientação do padre Eduardo Pretto Moesch. Para participar, é necessário ter a idade mínima de 18 anos. Informações podem ser obtidas pelo fone 9808-3577 ou no em http://www. acampspoa.com.
Porto Alegre, 1o a 15 de abril de 2009
Catedral e Cúria Metropolitana são patrimônio cultural da cidade Formalidade nesse sentido foi assinada entre o prefeito José Fogaça e o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, em 11 de março último. O compromisso obriga e beneficia. Entra as obrigações, está a de conservar as edificações com todos os seus traços culturais e arquitetônicos originais. De outra parte, como imóvel tombado, seus administradores se habilitam e pleitear recursos para sua restauração e conservação. E, nesse sentido, projeto específico de reformas da Cúria está elaborado e será encaminhado à Prefeitura. “Se forem aprovadas, as obras terão início em abril ou maio”, afirma o Pe. Luís Inácio Ledur, ecônomo da Arquidiocese. Esse projeto prevê restauração do entorno do prédio, com melhorias na fachada e na parte interna e inclui a criação do Museu de Arte Sacra do Rio Grande do Sul e do Acervo Histórico da Arquidiocese, que reunirá documentos como registros de nascimentos, óbitos, casamentos e batismos, além de livros oficiais. “O museu não deverá expor todo o seu acervo de uma só vez, por isso, uma parte das obras ficará guardada na Catedral”, explica Ledur. Os espaços serão abertos a visitações. A Catedral teve sua pedra fundamental lançada em 7 de agosto de 1921, no lugar da antiga matriz recém demolida. Em 20 de março foi inaugurada a cripta que passou a funcionar como lugar das celebrações litúrgicas. As torres foram completadas em 1971. E, finalmente, em 1986, a obra foi consagrada e dada como concluída. Já o prédio da atual Cúria – sede administrativa da Arquidiocese criada em 15 de agosto de 1910, com entrada pela Rua Espírito Santo 95 – já foi seminário diocesano construído no espaço onde antes se localizava o cemitério da cidade.
“Do Ventre da Terra, o Grito que vem da Amazônia” Esse o lema do 12o Intereclesial das CEBs – Comunidades Eclesiais de Base - que acontecerá na cidade de Porto Velho, Rondônia, entre 21 e 25 de julho próximos. Com o tema “CEBs: Ecologia e Missão”, os promotores querem chamar mais a atenção para os problemas que enfrentam as civilizações que vivem na região. “O 12o Intereclesial visa resgatar a dignidade dos seres que povoam a Amazônia”, comenta o Pe. Luiz Ceppi, coordenador do Encontro que envolve a CNBB Noroeste e conta com a participação de todos os regionais da Conferência dos Bispos do Brasil. Para Ceppi, esse intereclesial das CEBs será uma boa oportunidade para mostrar “que é possível viver em comunhão com o meio ambiente sem prejudicá-lo. Indígenas, quilombolas e outros povos que vivem na região sem destruir são o sinal de uma nova civilização, que resiste ao mundo do consumo. É possível viver sem ficarmos escravos desse mundo”. As CEBs são comunidades cristãs formadas por pessoas de regiões próximas que se reúnem na fé para ouvir e refletir a Palavra de Deus, levando os ensinamentos para a vida cotidiana. Estruturam-se basicamente em quatro pontos: a fé, os sacramentos, a comunhão e a missão. “A CEB é estímulo para viver e trabalhar para a comunidade”, explica Ceppi. Pe. Ceppi
Bodas de diamante Não deixar morrer: não deixar morrer o amor, não deixar morrer a felicidade. E acima, de tudo, muita dedicação ao cultivo do bem viver a dois. Esse é o segredo do matrimônio duradouro e permanente cumplicidade em tudo que a vida reserva do casal Ezidro Pastro e Modesta Viganó. Conheceram-se através de um “correio elegante” - que Ezidro guarda até hoje - numa festa de São Pedro, padroeiro da cidade de Pato Branco, no Paraná, em 1947. Casaram em 5 de fevereiro de 1949 na Paróquia S. Pedro daquela cidade. Da união nasceram Ary (in memoriam), Marilene, Marizete, Deonira (in memoriam) e Silvana, que geraram sete netos e três bisnetos.
CianMagentaAmareloPreto