IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS
Porto Alegre, 1o a 15 de maio de 2009
Ano XIV - Edição No 537 - R$ 1,50
Cinquentenário da Diocese de Santa Cruz
Assembléia Geral dos Bispos “Formação Presbiteral: desafios e diretrizes” é o tema central, e “Iniciação à vida cristã” e “O Brasil na Missão Continental” são os temas prioritários da 47ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que reúne 315 bispos entre 22 de abril a 1º de maio em Itaici,
município de Indaiatuba (SP). Os bispos das 18 dioceses gaúchas também participam. A Assembléia anual da CNBB propicia a comunhão com todos os bispos brasileiros, oportuniza sentir os problemas da Igreja Católica no Brasil e no mundo e é tempo de avaliação da ação pastoral e
transformadora. Neste ano os bispos também realizam uma sessão solene para lembrar o centenário de nascimento de Dom Helder Câmara, fundador da CNBB, falecido em 1999, e uma peregrinação à Catedral da Sé da capital paulista dentro das comemorações do Ano Paulino.
Costurando para os pobres
Zulmira Torres, 94 anos, é uma das 25 voluntárias que há décadas se reúnem em torno da Oficina Santa Rita de Cássia em Porto Alegre para confeccionar roupas novas que serão doadas a crianças e idosos carentes. Páginas centrais
“Não somos máquinas, pessoa humana é o que somos”
CianMagentaAmareloPreto
É o tema da 12ª. Romaria do Trabalhador promovida pelo Regional Sul-3 da CNBB, Pastoral Operária e centrais sindicais. É realizada de dois em dois anos e de forma alternada em uma das 18 dioceses. A edição de 2009 é no Vicariato de Gravataí e contará também com exposição e venda de produtos e serviços oferecidos pelos empreendimentos solidários. Gravataí foi escolhida porque concentra grande contingente de operários, especialmente de indústrias de transformação metal-mecânica, segmento mais atingido pela crise e turbulência capitalista mundial.
Criada por decreto de João XXIII em 20 de junho de 1959, a Diocese de Santa Cruz do Sul foi instalada a 15 de novembro de 1959, tendo Dom Alberto Frederico Etges como seu primeiro bispo. As comemorações do jubileu estão sendo preparadas sob a liderança de Dom Sinésio Bohn, atual bispo, que está percorrendo todas as 52 paróquias da Diocese.
Jovem tem vez
Nosso destaque, nesta edição, é a jovem Denise Teixeira de Mello, na foto com familiares. Página 2
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Cidadania
Jovem
Editorial
A FORMAÇÃO DOS PADRES
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em dúvida, o acontecimento mais importante da Igreja nestes próximos dias é a Assembléia dos bispos brasileiros em Itaici, São Paulo. Nem tanto pela Assembléia em si, uma vez que ela se realiza anualmente, mas por um dos temas centrais da mesma. Os bispos vão examinar os desafios e definir normas e diretrizes para a formação dos padres. A reiterada e, na maioria dos casos, justificada queixa dos leigos mais próximos às atividades pastorais de nossas comunidades (ministros, catequistas, equipes de celebração, etc.), bem como dos fiéis em geral, se refere à vida e atuação dos presbíteros. Os processos e estruturas de formação nos seminários dão ênfase insuficiente à dimensão humanística, de integração psico-afetiva, de comunicação. Quando se fala em comunicação não entende, necessariamente, a capacitação para o uso das mídias, o que não deixa de ser particularmente importante neste tempo histórico. O padre deve ser um expert... um mestre em comunicação, que é, sempre, a arte do encontro com o outro. Esta arte inclui, como sua componente principal, a arte da acolhida. A nova época humana, que estamos inaugurando, necessita de padres que sejam presença animadora em suas comunidades, mestres na comunicação, sacramentos de acolhida, servidores do projeto de Jesus Cristo que faz da pessoa humana o centro de seu apostolado e o sentido da sua vida. Maio é tempo de Maria... é tempo de mãe. Faz parte da nossa cultura e de todas as culturas lembrar e celebrar datas especiais ao longo do ano. Assim, o mês de maio é todo ele dedicado a Maria, a mãe de Jesus que, no exercício da sua maternidade, viveu o que a maioria das mães viveu e vive hoje também: alegrias e sofrimentos, realização profunda e prazerosa e preocupações de toda ordem no cuidado com seus filhos. Neste ser presença constante e referência familiar todos os dias e todas as horas são dia e hora das mães de ontem e de hoje. Na escola de Nazaré, há dois mil anos, o filho Jesus recebeu da mãe Maria lições de humanidade, lições da fé judaica, lições de vida; nas escolas familiares, os filhos continuam recebendo de suas mães lições de fé e de vida. Lamentavelmente, grande parte de nossas famílias deixou de ser esta alegre e prazerosa escola de humanidade, de fé e de vida; não estaria aqui uma resposta para tantas e tão dolorosas situações de desencontro, de violência, de desrespeito aos valores fundamentais da pessoa e da sociedade!? É a grande pergunta que nos fazemos todos os que acreditamos ser a família... o lar uma referência fundamental para o crescimento “em idade e sabedoria” como o foi a escola de Nazaré, com Maria, José e Jesus. Eis um desafio particular para os que crêem numa outra sociedade possível: recuperar os valores familiares para que nossos lares voltem a ser o melhor espaço e o lugar mais próprio para a realização dos mais profundos sonhos, desejos e esperanças de toda pessoa. attílio@livrariareus.com.br
tem vez
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entrevistada é Denise Teixeira de Mello, 26 anos, universitária, cursando Enfermagem, residente em Porto Alegre.
* Fala de ti. Sou uma jovem estudante prestes a concluir a Faculdade de Enfermagem, que busca um espaço no mercado de trabalho cada dia mais competitivo. * O que pensas fazer no futuro? Em primeiro lugar, conseguir emprego na área escolhida. Após estar estabilizada, começar a pensar em constituir minha própria família. * Fala de tua família. Minha família representa suporte, apoio nos momentos difíceis, divide comigo minhas angústias, me guia nas horas de dúvida e me faz sentir muito feliz por fazer parte dela. * Fala de teus amigos. É sempre bom podermos contar com pessoas especiais, por isso meus amigos representam alegria, diversão, apoio e dedicação para conseguirmos manter boas relações. * O que consideras positivo em tua vida? Minha família, meus amigos e minha profissão. * Um livro que te marcou? Dez dias que abalaram o mundo - História de Uma Revolução, de John Reed. * Um filme inesquecível?
Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36
Conselho Deliberativo
Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril
Voluntários Diretoria Executiva
Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj
O curioso caso de Benjamin Button. Ano XIV – Nº 537 – 1o a 15/05/09 Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Paulo Oliveira da Rosa (voluntário), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS Jorn.Thais Palharini (voluntária) Impressão: Gazeta do Sul
Rua Duque de Caxias, 805 – Centro – CEP 90010-282 – Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.
* Um medo? Do futuro. * Um defeito do qual gostarias de te livrar? Não me permitir errar. * Qual o maior problema dos jovens, hoje? O primeiro emprego. Talvez as empresas devessem criar mais oportunidades para jovens recém-formados.
* Qual o maior problema no Brasil de hoje? A desigualdade social que acaba gerando miséria, fome, condições de moradia inaceitáveis e, consequentemente, doenças até então consideradas erradicadas no país. * O que pensas da política? Infelizmente, as pessoas que exercem o poder público estão deixando muito a desejar. Perdemos a noção entre o certo e o errado, e ficamos vendo as coisas acontecerem sem fazermos nada. Penso que os jovens deveriam se envolver e se interessar mais por este assunto. * O que pensas sobre a felicidade? Que ela está nas pequenas coisas, nos bons momentos e que é mais fácil alcançar do que pensamos. * Já fizeste algum trabalho voluntário? Sim, com crianças moradoras de uma Vila em Porto Alegre, com o objetivo de trabalhar Educação para Saúde. * Fala de tua religião. Acho que nossa religião poderia acompanhar algumas mudanças que o mundo sofreu. Temos que rever conceitos e repensar nossa postura diante da desigualdade social. * O que pensas de Deus? Quando fiz o Curso de Liderança Juvenil (CLJ) aprendi que Deus é nosso melhor amigo e que ninguém mais do que ele deseja o nosso bem, assim Deus é o meu guia e está sempre comigo onde quer que esteja. * Uma mensagem aos jovens. Por mais difícil que pareça a vida, nunca deixe de sonhar e acreditar em si e em Deus. Quando tudo parecer muito ruim, coloquese no lugar do outro, pois assim verá que existem pessoas em situação pior, que um grande problema pode não ser tão significante e nada pode ser tão ruim que não haja solução.
Família e sociedade
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Sexualidade: o desejo do outro Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia
Craig Toron
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or que sexualidade e violência frequentemente estão relacionadas, se cada um dos cônjuges aspira à união total e pacífica com seu eleito? Por que esta harmonia dos corpos não acontece sempre naturalmente, quando um amor forte une os cônjuges? Com efeito, para certos casais, não é suficiente amarem-se apaixonadamente para conseguirem uma vida sexual satisfatória; as dificuldades sexuais que muitas vezes são sentidas por um ou por outro como falta de amor, na verdade podem ter bem outras causas... E o que faz mal ao casal e o faz sofrer é constatar que seu amor é impotente para tornar harmoniosas suas relações íntimas.
Todo encontro sexual acontece no mistério A relação sexual é o encontro do outro na sua radical diferença: isto implica que cada um esteja suficientemente à vontade com sua própria sexualidade para poder acolher a sexualidade do outro sem medo, e sem negar a sua. Estar feliz em ser aquilo que a natureza o fez, homem ou mulher, é a primeira condição para uma boa integração da sexualidade. Esta integração não surge de repente, mas é construída, passo a passo, ao longo do tempo, em base à educação e à história de cada um, e não está jamais concluida ou perfeita; ela tem suas cicatrizes que podem reavivar-se sem, contudo, estar conscientes. A mulher e o homem sempre vão viver de maneira diferente suas experiências sexuais. O que cada um sente não é totalmente entendido pelo outro. A mulher não pode senão interrogar-se sobre o que é a virilidade, e para o homem, a feminilidade permanece misteriosa. É justamente esta parte desconhecida e misteriosa, estranha para o outro, que faz acontecer a atração, mas também deixa pairar uma apreensão
Quem são estes homens, estas mulheres, que não querem ser tratados como objetos? O homem e a mulher pertencem ao mundo das pessoas, o mundo dos sujeitos, radicalmente distinto do mundo dos animais e das coisas. A pessoa do outro é o único ser visível ao seu redor que é, como você próprio, um sujeito. Os comportamentos ditados pela cobiça do outro lesam gravemente seu direito a ser reconhecido e tratado como sujeito pessoal. Isso acontece particularmente na relação sexual. Aqui se pode compreender a profundidade do apelo à ternura na relação amorosa, apelo que às vezes se exprime indiretamente, até mesmo através de uma recusa, ou pela revolta ou raiva quando um se sente tratado como objeto pelo outro. É o grito do corpo que quer ser amado, tocado com ternura pelo outro.
Aparecem dificuldades de âmbito sexual...
O grito do corpo é o grito da pessoa
Há períodos em que a harmonia deixa a desejar, mas isto não é preocupante. Entretanto, isto se torna prejudicial ao casal quando ele se resigna, banalizando ou justificando o fato, já que a relação sexual é um meio privilegiado de expressar o amor e de confirmar a identidade sexual do parceiro. A vida sexual não só expressa, como fomenta o amor. Lamentavelmente, marido e mulher pouco se falam sobre questões relativas a esta área. Ao terapeuta, mulheres relatam sentirem-se humilhadas quando para seus maridos não passam de um objeto sexual. Outras dizem sentirem-se humilhadas porque seus maridos já não as percebem como mulheres: ‘Serei ainda uma mulher para ele? Eu não duvido de seu amor: ele me ama como a uma mãe, mas eu quero ser amada como mulher’. Homens também se sentem feridos em sua virilidade quando o olhar de sua mulher já não exprime o desejo de dar-lhes prazer.
Enquanto o olhar de volúpia sobre o corpo o coisifica e o fere profundamente, o olhar de ternura se dirige à pessoa toda inteira e reconhece sua beleza e a revela. O olhar de ternura não é um olhar interessado, mas um olhar amoroso, maravilhado, sob o qual o ser amado se sente reconhecido. Longe de ser somente a gratidão sexual pelo prazer recebido, a ternura que jorra da afetividade é também uma autêntica atitude pessoal, do ser por inteiro. A afetividade faz o homem sair de si para estar à escuta das mínimas manifestações de sua mulher e faz a mulher ultrapassar-se para sair de sua passividade e mostrar toda ternura a seu marido. A ternura assim expressa permite a ambos viverem a relação sexual como uma verdadeira relação interpessoal. jlarosa@terra.com.br
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Opinião
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O Paraiso
Nossos filhos, nossos alunos e a internet Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista
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sse tema está cada vez mais atual e polêmico. Não se trata, porém, de assumir posições radicais ou antagônicas: há muitos fatores a serem considerados. De um lado, as possibilidades que a internet oferece para a aprendizagem, para o conhecimento de novos mundos, novas culturas; de outro, riscos e problemas não só para a formação das crianças e jovens, mas, também, para sua própria segurança. Ethevaldo Siqueira, em seu artigo “Não abandone seu filho diante da internet” (Estado de São Paulo, 23 de novembro de 2008), comenta estudos nessa área e lembra que “por mais benefícios que a internet nos possa trazer, quase a metade de seu conteúdo é lixo da pior qualidade”. E cita exemplos como pedofilia, propaganda nazista, instruções de como cometer suicídio, assédio e exposição a conteúdo sexual e venda de drogas além de disseminar vírus e softwares espiões que invadem computadores, furtam nossa identidade, transmitem dados pessoais, números de contas e senhas. Nesse sentido, diz ele, “o maior perigo para os menores são as armadilhas de pedófilos e predadores, a inadequação de muitos conteúdos na rede mundial”, além da própria ingenuidade das crianças e adolescentes. A União Internacional de Telecomunicações (UIT), com sede em Genebra, lançou uma campanha mundial, conclamando os países a “proteger a população das ameaças cibernéticas, em especial quando elas têm como alvo as crianças”. Mesmo sabendo desses perigos, a maioria dos pais quase nada faz pra evitá-los. Os filhos acessam a internet em qualquer lugar e, com muita frequência, no computador em seu próprio quarto, o que não é aconselhável para crianças menores. Em relação a trabalhos escolares e internet, existe um risco que precisa ser considerado, do ponto de vista ético: a cópia de textos completos, e sem citar fontes e autores. Aqui, os professores têm sua responsabilidade: um bom professor sabe quando seu aluno reproduziu um texto e quando elaborou o próprio trabalho. A questão está em como se solicitam os trabalhos e exigi-los de acordo com o solicitado, não aceitando tratamentos vagos ou genéricos do assunto. É preciso considerar o uso didático da internet como ferramenta de consulta e propor temas que exigem análises, comparações, conclusões, o que levará a uma elaboração pessoal. Isso não é fácil, porque muitos alunos, aos quais os professores pouco exigiram, querem que se aceite qualquer trabalho. Na questão ética, os pais podem ajudar, orientando os filhos para que não façam meras cópias de textos. Além disso, muito diálogo sobre riscos e uso da internet torna-se imprescindível. Opiniões e posições à parte, este é um tema que não se esgotou e requer muita atenção dos pais e professores; torna-se cada vez mais atual, com a proposta do governo de doar um laptop a cada criança, esperando-se que o computador faça “milagres” para melhorar a educação e esquecendo-se da importância da formação de bons professores que serão, sempre, em última instância, aqueles que realmente impulsionarão a qualidade da educação, em qualquer nível de ensino. debruzzi@ig.com.br
Antônio E. Allgayer Advogado
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ohn Milton, poeta inglês do século XVII, foi encontrar na vertente javista do Gênesis a motivação de sua obra intitulada Paradise Lost (Paraiso Perdido), que veio a ser um clássico da literatura mundial. Mais tarde surgiria o Paradise Regained (Paraíso Reconquistado) que, segundo a Enciclopédia Britânica, é considerado um dos poemas artisticamente mais perfeitos da época. Como é fácil de ver, o autor faz referência a uma perda e uma reconquista. Trata-se de elaboração poética do relato bíblico da expulsão de nossos primeiros pais do Jardim do Éden e do resgate dessa perda. Há de causar assombro a leitores o fato de a obra ter vindo a lume só depois de o seu autor ser acometido de cegueira irreversível. Por sua estrutura estética e significado religioso, o texto miltoniano mereceu ser comparado à Divina Comédia de Dante Alighieri. A incursão aqui praticada na temática por quem não é exegeta nem entendido na arte de poetar, visa apenas obter respostas que os textos bíblicos citados possam oferecer a leitores leigos. Limito-me a mencionar uma vaga recordação que a memória me consente registrar: Exímio biblista teria sugerido que o relato bíblico referente ao paraíso configura evento futuro projetado no passado. Se tal for o sentido bíblico pertinente, ao invés de tratar-se de algo que remonta à época da criação do mundo, o paraíso perdido e seu reencontro constituiriam um “continuum” que normalmente acontece na vida de todos os seres humanos. O resgate dessa aflitiva perda estaria a depender da graça divina e da vital adesão humana ao projeto salvífico que Deus nos propõe.
Para ilustração de fatos deixados na penumbra, aí vai um conto fundado num episódio que em parte presenciei. Dia destes um sujeito, por sonho ou fantasia, teve a sensação de vivenciar uma nesgazinha do paraiso. Ao que é lícito supor, o personagem em causa sofria da incapacidade crônica de libertar-se da clausura do seu ego, não lhe sobrando espaço vital para saber-se conectado às demais criaturas. Eis que a solidariedade humana, como o dever de prestar socorro a pessoas golpeadas de infortúnio, não integrava o seu projeto de vida. Acontecimento fortuito o fez perceber de repente que na existência humana há um caminho de duas mãos: uma que vai e outra que vem. A que vai levou-o a interessar-se pela sorte de uma menina de vila. Sujinha e mal vestida, a ele se dirigiu com a desenvoltura comum à linguagem infantil. O desmazelo e a candura nela visível despertou algo latente em suas parcas reservas afetivas. Alcançou à menina uma dádiva repassada de ternura e compaixão. O retorno ao gesto espontâneo de amor não se fez esperar: vislumbrou no rosto dessa pobre menina um inefável sorriso de Deus. Declaração da menina: “O Deus disse que nóis tudo semo irmão”. Solicitei a um adulto me explicasse por que se referia ela a Deus como “o Deus”. Obtive a seguinte resposta: “Para a criança Deus é alguém muito próximo a nós, como o irmãozinho, o pai e a mãe”. Como existe um só Deus, ele é o Deus. Esta é a nossa glória: Somos seres redimidos, com passagem paga de retorno ao Paraiso. A este retorno deu-se o nome de “Nova Terra”. O termo “paraiso” não é unívoco. Tem servido a muitos propósitos. Se tivermos o vezo de ler a Bíblia, desvelaremos a página mais bela do último de seus 73 Livros: Apocalipse, 21, 1-4. Abra o livro e leia...!
Ciência & globalização J.Peirano Maciel Médico
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“Se as leis da evolução são verdadeiras, então, ao longo dos tempos, os seres humanos tornar-se-ão, eventualmente, completamente perfeitos, isto é, evoluirão para gatos” (Do Livro dos Gatos (de Helen Exley).
ssa abordagem, uma brincadeira, quem sabe foi inspirada no cortejo de homenagens e estudos atualmente em curso pela passagem dos 200 anos de nascimento do inglês Charles Darwin, cuja principal obra, a “Origem das Espécies” veio à luz em l859. Este problema da evolução, hoje em dia, é assunto para qualquer discussão de cunho científico ou não. Domina a biologia, mais ainda depois que a genética entrou em pauta, depois do DNA e da decodificação dos genes. É um dos temas mais candentes da ciência atual. As próprias escolas discutem se deve-se ensinar o Criacionismo ou a Evolução, ou ambos, com encarniçadas disputas. Que o Bom Deus perdoe esses homens que tudo querem explicar sem o Seu concurso, sem Sua intervenção, como se o Mundo, o Universo, fosse algo muito estranho que surgiu de uma explosão, sem a interferência de um Ser Superior, cheio de Amor Criador, que só pode ser um Ser Espiritual. Enfim, um mundo sem Dono, sem Sentido! Os evolucionistas querem explicar nossas origens pela seleção natural , mediada pela genética, através dos milênios, numa supercomplexidade de fatos, mas trata-se de uma engenhosa e séria teoria, mas sem ainda provas cabais, e uma teoria pode ser substituida por outra, na mudança de um paradigma, por exemplo. Não queremos dizer que o darwinismo seja uma fraude, é possível que os animais tenham evoluido
através das eras, mas não que uma espécie possa gerar outra completamente diferente, e menos que o homem tenha evoluído simplesmente do chimpanzé, dadas sua condições mentais, psicológicas e espirituais únicas. A Igreja não é contra a ciência. Os delatores lembram sempre os tempos da Idade Média, que teve períodos obscuros, e o próprio nome diz, tempos obscuros, quando todos não sabiam quase nada, mas pensavam que muito sabiam, e muitos eram déspotas. Disse, recentemente, Bento XVI: “Nosso papel é comunicar à Igreja e às pessoas que não pertencem a ela, que não somos contra a ciência e que promovemos a ciência verdadeira e sólida, assim como definiu Leão XIII, quando fundou o O Observatório de Astrofísica. A Astronomia aproxima da Fé (Radio do Vaticano, l9/09/09)”. Detenhamo-nos um instante na chamada Globalização, fenômeno sócio-econômico que nos reduziu à chamada “aldeia global”. Que a globalização produziu efeitos positivos é sabido e notório. Elevou uma China à condição de grande potência, produziu os “tigres” asiáticos, melhorou relações entre países; no Brasil, durante anos, favoreceu o desenvolvimento, etc. Contudo, a idéia de globalização, considerada também uma “evolução”, leva-nos a pensar em uma espécie de congraçamento, de entendimento entre as nações, o que seria louvável, mas ela esconde hipocrisias, domínio de pequenos pelos grandes, injustiças, deixando marginalizado grande número de nações. O conceito de bem comum geral parece ainda estar muito longe dessa concepção. Ela olvidou-se dos valores morais, da solidariedade e possui uma serva fiel, poderosa, que deu origem a um dos grandes males atuais, ou seja, a propaganda comercial, essa detestável mentira, meio maior de manter o consumo como meta. Estamos em plena crise. Doravante, como reagirá o mundo?
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Educação e psicologia
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Filhos de pais separados Jorge La Rosa Terapeuta de Casal e Família. Doutor em Psicologia
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ma das questões envolvidas nas separações de casais é a dos filhos. Fará diferença se os filhos crescem com a presença dos pais no mesmo teto, com a presença ora de um, ora do outro, ou só com a presença de um deles? Certamente. Sofrerão os filhos com a separação dos pais? Indiscutivelmente. Quando um casal se separa, são sonhos que se desfazem, projetos que morrem, cumplicidade que termina. Pois, um dia tudo isso deve ter existido, para que eles assumissem a condição de casal. O sofrimento acompanha qualquer separação, por mais desejada que seja. Sofre o casal, sofrem os filhos. Imagens: Di
vulgação
O desejo e o sofrimento dos filhos O desejo dos filhos é que os pais permaneçam sempre unidos. O filho é a síntese do pai e da mãe, ele é metade o pai e metade a mãe. A sua segurança e o seu sonho é que os pais permaneçam juntos. E isto se observa até após a separação dos genitores, quando os filhos acalentam o sonho ou fantasia de que um dia os pais voltem a se unir, o que, com o passar dos anos, se dissipa. O sofrimento dos filhos precisa contar com o apoio e acompanhamento dos pais, para que suportem e superem essa fase difícil de sua existência. Eles vão sentir a falta de um dos genitores, vão sentir-se abandonados, estão experimentando uma perda. Esse sofrimento existe, qualquer que seja sua idade.
Comunicação da separação Mas uma separação envolve outras questões. Os filhos percebem quando o relacionamento de seus pais anda mal, quando uma separação se avizinha, o clima está no ar, não podemos desprezar sua inteligência e sensibilidade. Como, então, comunicar aos filhos? Será com uma linguagem adequada ao período evolutivo dos mesmos, sem chegar aos detalhes, sem externar sentimento hostil pela outra parte, e sem culpar o outro pela separação – ainda que a mesma seja acompanhada de ressentimento e hostilidade! Dos quais os filhos devem ser poupados para não sobrecarregarem o seu já pesado fardo. Jamais desqualificar/desmoralizar o pai ou mãe para o filho! É falta de consideração. Procurem ser elegantes e tratarem-se amigavelmente durante o processo de separação, para não aumentar o sofrimento daqueles que foram frutos de seu amor.
Filho não é confidente
Pai/mãe para sempre
Outro aspecto. Os filhos não podem tornar-se confidentes do pai ou da mãe. Não despejem neles os seus sentimentos, seus sofrimentos e suas hostilidades. Se quiserem confidente, procurem psicólogo, terapeuta ou amigo adulto que possa ouvi-los, sem estar diretamente envolvido no evento. Filho é filho, não confidente!
Ainda uma palavra. Um homem pode separar-se de uma mulher, e uma mulher de um homem. Eles podem divorciar-se. Mas, jamais, alguém pode divorciar-se da função de pai/mãe. Quem é pai, o é para sempre; e a mãe tem igual destino. Eles não podem, por isso, abdicar de sua função. Eles precisam acompanhar e educar o filho, mesmo após a separação. Não podem, sob qualquer pretexto, abandoná-lo! Seriam desnaturados!
jlarosa@terra.com.br
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Tema em foco
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Joseph Hoban
Oficina de Santa Rita de Cássia: vestindo carentes de Porto Alegre E
ntre cinco e sete mil peças de roupas são confeccionadas e distribuídas para crianças e idosos carentes de Porto Alegre pela “Oficina de Santa Rita de Cássia”, organização não governamental fundada há 48 anos. A instituição reúne senhoras voluntárias da sociedade porto-alegrense e realiza seus objetivos através de doações e promoções sociais. Iniciou suas atividades na cripta da Catedral Metropolitana, transferindo depois seu atelier de costura para a casa de uma associada. Desde 1987, tem sua sede própria na Av. Independência, 128, apartamento três, adquirida através de cotizações entre suas associadas.
Mãe: doação e afeto sem limites E
la gesta a humanidade. É exemplo vivo de solidariedade. Mãe é terreno fecundo de amor em seu coração dilatado do tamanho do mundo. É abrigo, é ninho quente e acolhedor onde nos sentimos protegidos e amados. É anjo-da-guarda sem asas a velar o sono do fruto de seu ventre, mesmo quando já crescido. Mãe é provisão na hora do aperto, mesmo que sintamos vergonha de pedir. Suas preciosas orações e lágrimas são remédio nos momentos de dor e sofrimento. Para ela, pai morre, mãe morre, mas filho não morre: ela transforma sua dor em solidariedade aos filhos dos outros. Mãe é perdão. Mãe é o sim à vida no dia em que fomos gestados. Maternidade sem limites
Maria, a mãe biológica de Jesus também é a mãe espiritual de toda a humanidade. E deixou incontáveis cópias pelo mundo afora: mulheres que extrapolaram a maternidade biológica para se tornarem a mãe de muitos outros filhos: nas ações sociais, na solidariedade na Igreja e na sociedade. É a maternidade que não se esgota na família e está viva na creche, na ONG, no ministério da Eucaristia, na visita aos doentes, no socorro aos passantes e sofredores. São elas, as mães, que abraçam e assumem, em geral espontânea e voluntariamente, as frentes de trabalho onde o homem e o estado estão omissos. São mães da humanidade e parceiras insubstituíveis da mãe terra.
Elas são essenciais à Igreja “Elas são essenciais na transmissão da fé. A mãe não só transmite a vida, como também a fé”, diz Dom Dadeus Grings, arcebispo metropolitano de Porto Alegre. “Na família, é ela que ensina a rezar, transmite os valores, o relacionamento com Deus. Porque, pelo amor ilimitado que devota à família, aos filhos, ela já conhece Deus. Pois só quem ama sem limites conhece Deus. A presença materna na Igreja é vital. Que as mães continuem sendo o esteio da família e da Igreja, transmitindo os valores perenes para que todos tenham vida e vida em abundância. Elas trabalham dia e noite e têm longevidade maior que os homens. A maioria dos homens para quando se aposenta. Elas não: trabalham o tempo todo – em casa, nas associações, na Igreja. Realmente, a mulher não para e por isso vive mais. Porque a atividade é vida. O trabalho é saúde. E se tira o trabalho adoece. Como ela não tem tempo de descanso, ela vive muito mais tempo. E vive mais feliz, porque sente esses valores maiores por experiência”, conclui o arcebispo.
Devoção tornada obras A Devoção Santa Rita de Cássia, a santa dos casos impossíveis, em Porto Alegre, tem mais de um século. Em 1903 já há anotações e registros em jornais locais de sua existência, vinculada à Paróquia Madre de Deus, depois tornada Catedral. “Minha bisavó já frequentava a Devoção”, adianta Rosa Maria Alvim Silva, atual presidente da entidade. Era devoção de toda a Cidade e não restrita a alguma paróquia. E, pelos anos tantos, essas senhoras resolveram começar a trabalhar para os pobres, converter em obras a sua devoção. Da ‘Devoção’ nasceu a ‘Oficina’ que se tornou autônoma e com personalidade jurídica, com registro nas repartições públicas afins. “Começamos então a trabalhar fora da Catedral. Primeiro na casa de Marieta Chaves Barcelos, depois na de Carlinda Chaves Barcelos, que também faleceu. Hoje, temos sede própria”, resume Rosa Maria. Gratificante “É muito gratificante o trabalho. A doação ajuda a gente, principalmente nessa faixa etária em que nos encontramos, todas aposentadas. Estou aqui há 30 anos. Cada uma encontra suas formas de se doar. E não tem limite de idade”, antecipa Zuleika Rolim Costa, vice-presidente da ONG. Na atual sede, as costureiras e oficineiras se espalham entre diversas mesas de corte de roupa e máquinas de costura. “Atualmente, trabalhamos somente às quartas-feiras de tarde” esclarece Zuleika. Doações Amparo Santa Cruz e uma vila no Parque Índio Jari estão entre as diversas instituições beneficiadas. As doações são feitas através de encomendas. “Os responsáveis vêm buscar. Fazemos lençóis, cobertores, toalhas, pijamas, camisolas, enxovais para nenês, roupas de crianças, etc. Atendemos pedidos para idosos e crianças. E só doamos roupas novas” diz Rosa Maria. Renovação “A gente sente falta de sangue novo. Somos 25 senhoras atuantes. Algumas vêm esporadicamente e outras trabalham em casa. Espelhamo-nos em D. Zulmira Torres. É a primeira a chegar e a última a sair. É ágil e competente, consegue iniciar e concluir um pijama por vez. Atravessa a Independência sozinha, feito menina. Sabe qual a sua idade? 94 anos! É um fenômeno”, diz Zuleika.
Rosa Maria Alvim Silva
Zuleika Rolim Costa
A Devoção A Devoção Santa Rita de Cássia nasceu em Porto Alegre no início do século XX. Em 1926, bancou a construção de um altar à S. Rita, na ‘nova’ Catedral de Porto Alegre que estava em construção. Em 22 de maio de 1956 foi lançada a idéia de criar um serviço de assistência social. A Oficina iniciou em 7 de novembro de 1961, numa sala da cripta. Suas voluntárias eram carinhosamente denominadas de ‘ritocas’. Em 1964, no dia da festa, 22 de maio, foi montado o primeiro bazar, junto à catedral, vendendo material para arrecadar fundos para instituições pobres. Em 1983, a Oficina se desvinculou da Devoção, mas continua atuando em sintonia. Depois de 25 anos funcionando na casa de associadas, em 1987 foi adquirida sede própria e, desde então, estão nesse endereço.
Santa Rita de Cássia Foi filha obediente, esposa fiel, esposa maltratada, mãe, viúva, religiosa, estigmatizada e santa incorrupta. Nasceu Margherita Lotti, filha única de Antônio Lotti e Amata Ferri, em 22 de maio de 1381, na cidade de Roccaporena de Cássia, Itália, e morreu em 22 de maio de 1457, aos 76 anos. Mesmo com vontade de se tornar freira agostiniana, foi induzida a casar com Paolo Ferdinando, embora de boa índole, se revelou depois violento e agressivo marido. Foi um casamento de dor e via-sacra que durou 18 anos. Conseguiu converter seu marido, mas em seguida ele foi assassinado numa emboscada. Seus dois filhos clamavam por vingança. A mãe, através de muita oração, novamente conseguiu que não se consumasse o crime e manchassem de sangue e pecado suas almas. Ambos acabaram morrendo precocemente, aos 14 anos. Entrou ela então no Mosteiro Agostiniano, onde viveu quarenta anos, rezando e fazendo jejuns e penitências. Morreu com fama de santa. Sua devoção na Itália começou em 22 de maio de 1458. Em maio de 1628 foi beatificada por Urbano VIII e canonizada em maio de 1900 por Leão XIII.
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Saber viver
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Obesos vivem até 10 anos menos Pesquisa realizada com 900 mil pessoas com idade média de 46 anos, revelou que o IMC (índice de massa corporal) entre 30 e 35 (indicador de
obesidade leve) é responsável pela redução de 2 a 4 anos na expectativa de vida e, entre 40 e 45 (obesidade grave), por 8 a 10 anos. Essa diminuição se dá Geo Cristian
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pelo desenvolvimento de doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, apneia do sono, derrame cerebral, hipertensão arterial, gota, entre outras. E, a medida da circunferência abdominal tem se mostrado importante para detectar riscos, especialmente em pessoas que apresentam IMC normal ou até 30. Nessa região a gordura tem um perfil metabólico danoso ao organismo, podendo elevar os níveis de triglicérides no sangue, de gordura no fígado e desencadear processos inflamatórios que causam a aterosclerose. Outra pesquisa feita por americanos demonstra que um pescoço mais grosso indica teor mais elevado de colesterol no sangue. E as pessoas com tendência a acumular gordura nesta região, geralmente costumam reunir mais gordura no tronco.O pescoço com diâmetro superior a 40 cm aponta risco e necessidade de procurar o médico. Para verificar seu IMC divida seu peso por sua altura ao quadrado. O limite para homens é de 90 cm e para mulheres 80 cm.
Dieta rica em proteinas queima mais gorduras Pesquisa realizada com 130 adultos, com sobrepeso, demonstrou que 50% do grupo que aderiu à dieta com o dobro em proteínas e 15% menos carboidratos, melhorou os níveis de gordura corporal, do bom colesterol e de triglicérides, embora a perda de peso tenha sido similar nos dois grupos.
CORES NA MESA 1. Brancos: leite, alho, cebola, rabanete, palmito, nabo, pera, feijão-branco, mandioca, cogumelo, mandioca, maçã, pinha e outros. São ricos em carboidratos, cálcio, minerais, fósforo e nutrientes. Ótimos para músculos, dentes e no auxílio da renovação das células. 2. Marrons: Lentilha, nozes, amendoim, soja, castanhas, cristian avelã, feijão, integrais, grão- de-geo bico e outros. Ricos em fibras, que são antioxidantes, anticoagulantes, vasodilatadoras. Ótimas para regular o intestino, prisão de ventre e ajudam no controle do colesterol. 3. Amarelos e alaranjados: caju, abóbora, cenoura, mel, melão, manga, damasco, carambola, pêssego, mamão, milho, entre outros. Ricos em betacaroteno, vitamina C e A. Muito bons para pele, unhas e cabelo. Melhoram o humor e reduzem fadiga e stress. E ainda fortalecem o sistema imunológico, ossos e dentes. 4. Pretos e Roxos: repolho roxo, beterraba, berinjela, feijão, uva, jabuticaba, amora, ameixa e outros. Ricas em vitamina B1. Entre outros, retardam o envelhecimento precoce da pele. 5. Vermelhos: tomate, morango, cereja, pitanga, romã, melancia. Ricos em vitamina C e licopeno. Fortalecem o fígado e o coração. Combatem o stress e servem para prevenção de vários tipos de câncer. 6. Verdes: Limão, couve, ervilha, kiwi, vagem, agrião, salsa, quiabo, manjericão, abacate, chicória, rúcula, espinafre, escarola, pepino, entre outros. Ricos em ferro, fibras insolúveis, ácido fólico e sais minerais.
DENTES JOSY M. WERLANG ZANETTE Técnicas variadas Atendemos convênios
Use protetor bucal ao praticar esportes coletivos, boxe ou ciclismo Se o dente cair e estiver intacto: procure e imediato o dentista. Se o dente quebrar: coloque o fragmento em água ou soro para que o cirurgião faça a reconstituição.
Espaço aberto
A crise de valores sociais João Carlos Nedel
Pastoral da Ecologia do RS estará presente no Mutirão Uma das mais novas pastorais da Igreja Católica, a da Ecologia, está se mobilizando para marcar sua participação no Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe. Seus integrantes no Estado do Rio Grande do Sul, comandados pelo Frei Pilato Pereira, já iniciaram os trabalhos no sentido de elaborar oficinas, exposição de fotos, teatro e celebrações. Resumindo os motivos que levam a Pastoral da Ecologia a estar presente ao evento, Frei Pilato destaca que “ecologia é também a arte de compreender, promover e melhorar a comunicação da vida”. Ele lembra ainda que “Deus criou a vida com o poder da Palavra, em comunicação com as criaturas. Deus cria através da palavra, e a palavra que expressa sua vontade e liberdade. Por isso, podemos dizer que a criação é fruto de sua vontade, de sua livre decisão. Deus quis e livremente decidiu criar dirigindo sua palavra criadora. “Deus disse...” (Gn 1, 3). A criação é obra da “Palavra” de Deus. E como a palavra é comunicação, relação, então a criação pode estar em comunicação com o Deus Criador”. A participação do grupo se dará através de dois espaços distintos: a Tenda da Ecologia, onde haverá distribuição de material e informações e a Aldeia da Ecologia, onde a Pastoral pretende destacar questões relacionadas a Espiritualidade Ecológica no início das manhãs e, ao longo dos dias, realizar exposições fotográficas e apresentação de filmes e teatro. Na parte da tarde estão previstas oficinas com os seguintes temas: O Aquífero Guarani; Um olhar sobre a Crise Ecológica; Ecologia, Paz e Justiça Social; Bíblia e Ecologia; Espiritualidade Cristã de Ecologia; Mostra de ações concretas e propostas da Pastoral da Ecologia (Grupos Ecológicos de Base). Como forma de colaborar na divulgação do evento, a Pastoral da Ecologia também está conclamando seus participantes a conferir de perto todas as atrações reservadas pelo Mutirão. Para isso, está utilizando seu próprio blog para difundir esta ideia. Para quem quiser acessar, o endereço eletrônico é: http://www.pastoraldaecologia.blogspot.com.
Mutirão no Orkut As redes de relacionamentos ocupam cada vez mais espaço no universo virtual, possibilitando não apenas o contato entre as pessoas, mas também a propagação de ideias e interesses comuns. Talvez seja por isso que, recentemente, o Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe tenha sido brindado por uma de suas futuras participantes com uma comunidade no site de relacionamentos Orkut. Denominado ‘Muticom 2009 Porto Alegre’, o espaço é dedicado a chamar a atenção dos internautas sobre as propostas e objetivos do evento que acontecerá em Porto Alegre/RS, no mês de julho. A nova comunidade é aberta a todos os interessados e conta ainda com recursos como fórum e enquetes. A iniciativa é da jornalista Francine de Almeida, de Rio Preto, SP, que trabalha na área de comunicação popular e comunitária.
Canonização de Champagnat completa 10 anos Marcelino Champagnat, fundador do Instituto dos Irmãos Maristas, foi canonizado em 18 de abril de 1999, na praça da Basílica de São Pedro, em Roma. Para lembrar a data, o Centro de Pastoral e Solidariedade da PUCRS realizou missa na Igreja Cristo Mestre, no Campus Central (avenida Ipiranga, 6681 - Porto Alegre), com participação de jovens irmãos maristas de Viamão.
Vereador
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upicínio Rodrigues, em uma de suas mais famosas composições, dizia que “a felicidade foi-se embora” e que “o pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que o tempo voa, quando a gente começa a pensar...” Às vezes, quando começo a pensar, parece-me que não é o tempo que voa, mas sim a expectativa de que o mundo possa melhorar. E que a felicidade de fato vá embora, pois é tão grande o número e tão grave a natureza dos indicadores da degradação social que a gente se sente cansado da luta e quase desanima de continuar lutando. O Papa João XXIII afirmou, certa vez, ter “medo do cansaço dos bons, diante da ousadia dos maus”. A verdade é que o mundo todo está passando por uma transformação muito grande. O esquecimento dos valores, a perda de referências, o subjetivismo, a fragmentação, tudo isso gera isolamento e egoísmo. Além disso, as pessoas estão se esquecendo de Deus ou dizem que dele não precisam, sem levar em conta que Ele é fonte e origem de tudo. Infelizmente, vivemos um subjetivismo muito forte e esse subjetivismo conduz à frustração. A maior preocupação das pessoas, hoje em dia, é o imediatismo e o consumismo. E, no entanto, todos os valores sociais – a verdade, a liberdade, a justiça e o amor – são inerentes à pessoa humana, de quem favorecem o autêntico desenvolvimento. A prática dos valores sociais é essencial, é necessária, é a única via segura para alcançar o aperfeiçoamento pessoal e uma convivência social realmente humana. Essas são indicações preconizadas pela Doutrina Social Cristã, que acredito serem a única forma de reversão da situação calamitosa em que nos encontramos. Não podemos perder a fé. Não podemos deixar Deus de lado, em nossas vidas. Precisamos cultivar mais os princípios e valores cristãos. Deus abençoe a todos.
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Sem fronteiras
Um exemplo para o mundo Martha Alves D´Azevedo
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Comissão Comunicação Sem Fronteiras
l Salvador é um país da América Central, com 6,6 milhões de habitantes, que conquistou sua independência a 15 de setembro de 1821. Possui uma área de 21.041 km2, e tem um índice de desemprego de 6,2% e uma inflação de 5,5%. Sua capital é San Salvador e o idioma, o espanhol. De 1980 a 1992, o país viveu um período de lutas e guerrilhas entre o governo militar, apoiado pelo partido conservador ARENA, tido como ligado a Central de Inteligência Americana (CIA), e a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN). Nos anos 80 foi assassinado por radicais do exército, Dom Óscar Arnulfo Romero Y Galdanez, arcebispo de San Salvador, comprometido com as causas sociais, que defendia o direito dos desprotegidos e perseguidos pelo Estado e pelo poder econômico e que, pela radio diocesana, denunciava a violência tanto do governo militar como dos grupos armados de esquerda. Após os 12 anos de guerra civil em El Salvador, com saldo de 79 mil mortos, a FMLN, depois de depor as armas em um acordo de paz, aceitou participar da vida institucional. Na eleição agora realizada, eram candidatos Mauricio Funes, representante da FMLN, jornalista de 49 anos, casado com a brasileira Vanda Pignato, e Rodrigo Ávila, representante da Aliança Republicana Nacionalista (ARENA), engenheiro industrial e ex-chefe da Polícia Nacional, casado, e, como Funes, pai de três filhas. A violência anterior deu ligar à disputa política. Funes, ajudado em sua campanha pelo marqueteiro brasileiro João Santana, tinha como lema: “Nasce a esperança, vem a mudança”, usando sempre a palavra “esperança”. Funes jamais foi um guerrilheiro, não podendo ser acusado pelos seus oponentes, embora seu vice, Salvador Sanchez Cerén tivesse participado da luta armada. Funes tinha 51,27% dos votos, contra 48,73% de Ávila, sendo assim eleito presidente de El Salvador. A visão moderada de Mauricio Funes lhe rendeu o apoio de mais de 140 acadêmicos americanos, de universidades públicas e privadas, que pediram ao governo dos Estados Unidos que se comprometesse a colaborar com qualquer governo que fosse eleito, de direita ou de esquerda. Eles definem a campanha da Arena como suja, por propagar boatos que pintavam a FMLN como grupo armado. Alcides Vaz, vice-diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UNB) em entrevista a um jornal do sul do país, definiu a eleição de El Salvador como “um exemplo para o mundo”, e um bom precedente para a região.
Visa e Mastercard
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LIVRO DA FAMÍLIA 2009 Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do Livro da Família/2009. Adquira seu exemplar ou faça seu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. Também o Familien-Kalendar/2009 está disponível. Lembrando: a Livraria Padre Reus é representante das Edições Loyola para o sul do Brasil.
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Catequese solidária
VOCÊ SE IDENTIFICA MAIS COM CATEQUESE 1.0 OU COM CATEQUESE 2.0 ? José Carlos de Azevedo e Sá
Observamos que não se trata de negar o passado, mas, de melhorar o presente.
Igreja e comunidade Voz do Pastor
O PARADIGMA DA COMPLEXIDADE Dom Dadeus Grings
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Arcebispo Metropolitano de P. Alegre
á deixamos claro que vivemos uma passagem do material para o imaterial. Hoje, conta muito mais a marca que o produto em si. O grande projeto não é mudar a sociedade ou a pessoa, mas é possibilitar-lhe comprar mais. A diferença entre o animal e o homem não deve ser buscada na biologia, mas na capacidade de pensar simbolicamente. Uma coisa é ver uma ovelha e outra é apreciá-la, não apenas no plano gastronômico e, menos ainda, no plano econômico, mas no plano poético. Uma coisa é ver uma criança com paralisia cerebral, para reclamar da natureza ou da sociedade, e outra é propor-se torná-la feliz nessas condições. Depende da ideia que fazemos dela. O mundo moderno valorizou a razão, em oposição à fé. A palavra de ordem, na educação, era ‘conscientizar’. Foi necessário vir Freud para sacudir esta concepção racionalista e garantir que o ser humano não é movido apenas pela consciência. Falou dos desejos, que são inconscientes. Despertou também o subconsciente. Daí a convicção de não sermos movidos apenas pela razão. Temos também emoções. Calcando a razão, o mundo moderno professava o mito do progresso ascendente. Garantia que hoje é melhor que ontem e que amanhã será necessariamente melhor que hoje. Houve quem até professasse, com fé inquebrantável, o materialismo histórico, que culminaria numa sociedade sem classes. Logo se entenderam algumas experiências, bem-sucedidas, como paradigmas universais: o pequeno torna-se, impreterivelmente, grande e irá avassalar tudo.
A razão levou também ao pensamento analítico, que frutificou nas especializações cada vez mais concentradas. Chegou-se a dizer que especialista é quem sabe quase tudo de quase nada. A medicina foi talvez a que mais se especializou, tomando, como objeto, cada órgão humano isoladamente. Mas aí perdeu a visão de conjunto, que garante que saúde é paz do organismo, ou seja, é o bom e harmonioso funcionamento de todos os órgãos e muito mais ainda, é a integração de todas as dimensões humanas. O que se diz da saúde vale da política, da pastoral, da economia... Hoje volta, com especial ênfase, o paradigma da complexidade. Antigamente, falava-se da pastoral orgânica. São Paulo compara a Igreja ao corpo, no qual estão em harmonia todos os órgãos. Chegamos a um novo paradigma, que privilegia a complexidade. De um lado, torna-nos mais humildes. Ninguém pode, hoje, ter a pretensão de saber tudo. E mesmo quem se considerasse um especialista não se poderia pronunciar sobre o todo. O mundo se complexificou. Passou a época das grandes ideologias, que pretendiam impor uma visão única a toda a sociedade, inclusive à medicina, à política, à religião, às ciências... Há algo de novo, que o conhecimento analítico não consegue captar. Quem garante que ele é a única e última instância? Temos emoções, que falam bem alto. Não podemos esquecer a fé, que ficou confinada pela pretensão racionalista, mas que volta à tona, com renovado vigor. Faz-nos ver o mundo não mais só a partir da razão, mas a partir de Deus Criador, Redentor e Santificador. E temos, acima de tudo, amor, que nos leva a uma atitude muito melhor frente ao próximo e ao mundo e a Deus.
EXPERIÊNCIA RELIGIOSA? Urbano Zilles
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José Carlos Salgado Abreu - 01/05 José I. P. Maciel - 12/05 Yara Pires de Miranda - 15/05
ASSINANTE Ao receber o DOC renove a assinatura. Dê este presente para a sua família.
Teólogo
a cultura caraterizada pela objetividade e pela racionalidade científicas, sobram discursos sobre Deus, Cristo e fé, mas falta o diálogo com Deus e com Cristo. O discurso religioso, em vez de crítico, tornou-se vítima da própria cultura tecnicocientífica. A objetividade e racionalidade científicas não excluem a importância da experiência humana na qual a razão é fundamental, mas o homem não é apenas razão. Ele é também coração, emoção e sentimento. E a razão humana não é somente a instrumental ou científica. Não deixamos de ser racionais porque amamos e nos comunicamos. Até o Concílio Vaticano II, a maioria dos teólogos católicos evitava o uso do conceito de experiência. Em parte, tal reserva deveu-se ao fato de o pai do protestantismo liberal, F. D. Schleiermacher (1768-1834), ter interpretado a religião como se estivesse baseada na intuição e no sentimento, separando-a da doutrina. Sustentava que a experiência mais profunda da religião reside no sentido de união com o infinito. Definiu a religião como o sentimento de dependência absoluta. Os temores dos teólogos católicos foram reforçados quando se passou a acentuar unilateralmente o papel da experiência religiosa individual, reduzindo o valor das afirmações doutrinárias sobre a fé na vida cristã. Numa defesa clássica de sua fé, Apologia pro vita sua (1864), o cardeal J. H. Newman afirmou que “o princípio dogmático” não está ameaçado pelo recurso à experiência. Da mesma maneira, os movimentos bíblicos e litúrgicos, dentro da Igreja Católica, levantaram a questão da experiência religiosa, pois torna-se difícil falar da liturgia sem referir-se à experiência do mistério. O documento Gaudium et Spes, do Vaticano II, trata extensamente das experiências e perguntas dos homens e das mulheres no mundo de hoje. Enfim, é falsa a oposição
ou exclusão entre experiência e autoridade. O que, então, se entende por experiência e qual seu papel? A mensagem cristã, em primeiro lugar, deriva das experiências de Deus que o povo de Deus, os profetas e outros personagens na história do Antigo Testamento tiveram. A revelação ocorre numa experiência única de Deus que Jesus teve, da experiência dos discípulos de Jesus e da experiência da Igreja apostólica como a realizou com a luz e a força do Espírito Santo. A tradição pós-apostólica é a memória coletiva daquelas experiências privilegiadas que constituíram a revelação fundadora insuperável em Jesus Cristo. A questão da experiência sempre se associa a dois pontos centrais da revelação de Deus: sua credibilidade e sua transmissão. Por isso, é preciso analisar bem a experiência humana e religiosa. Mais que um processo, a experiência é condição. Põe o sujeito em contato direto com o objeto. Apesar da imediatez, as experiências têm fatores sociais, históricos e religiosos como pressupostos. Em algumas experiências, o sujeito é mais ativo (experimentos científicos) e, em outras, mais passivo. A evidência e autoridade da experiência são claras e diretas. Experiências, todavia, sempre são experiências interpretadas. A experiência pessoal e a tradição se interpenetram. Entre as muitas e múltiplas experiências possíveis somente algumas são conscientemente religiosas, ou seja, são situações que nos permitem sentir a autocomunicação reveladora e salvadora de Deus que nos convidam ao compromisso da fé. Às vezes, recorre-se à linguagem metafórica para descrever tais experiências como “situações-limite” ou “experiências de profundidade”, ou de passagem da morte à vida, do absurdo ao sentido, do ódio ao amor. São experiências nas quais nos experimentamos, ao mesmo tempo, a nós mesmos e nossa abertura ao ser absoluto, a Deus.
Comunidade e Igreja
Curso Básico para Formação Teológica
A partir deste mês de maio estará em desenvolvimento na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes (General Caldwell, 1022) o Curso Básico de Firmação Teológica para Leigos, para a área Azenha. Ao final, os participantes receberão certificado de participação emitido pela PUCRS. Estarão em pauta assuntos como “O mundo de hoje e a vida cristã”, “ Introdução à Bíblia” e Revelação e a História da Salvação”, a cargos dos padres Frederico, Romeo e Amadeu. Informações pelo fone 3223.1243.
O mundo todo é de Deus Ir. Hermes José Novakoski, PSDP
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Estudante de Teologia
eus criou o homem a sua imagem e semelhança (Gen 1,26) e o colocou no mundo. O homem vivia com liberdade e se alimentava de tudo o que existia no jardim, fruto da criação de Deus. Com o pecado, o homem se afastou de Deus e passou a se alimentar com o que produzia com seu próprio suor. A aliança tinha sido quebrada. O projeto de Deus, que é vida para todos, foi quebrado com o pecado original e continua sendo quebrado até os dias atuais com todas as estruturas injustas que destroem a vida. O pecado gera mais injustiças e nos distancia do sonho de Deus. A liberdade, no mundo pós moderno, continua tendo muitas limitações. As pessoas têm que se esconder, se fechar atrás de muros cada vez mais altos e mais resistentes e atrás de cercas. As casas com alarmes e a preocupação constante com a segurança e o bem-estar com filhos e familiares. Fica cada vez mais evidente que o mundo moderno continua vivendo numa estrutura de pecado sempre mais assustadora. Quanto mais o pecado cresce, mais a vida é ameaçada e colocada em segundo plano. Torna-se mais frágil. Em nome de certas estruturas e projetos, sacrificam-se vidas humanas como se nada fossem. O projeto de Deus fica em último plano, ou é ignorado. Muitos desses pecados que ferem e matam vidas tem sua origem em sistemas políticos falidos e sem nenhum valor moral. Para tanto, basta lembrar a ditadura no Brasil. A insegurança no Brasil é fruto do sucateamento das políticas públicas. O governo tem dinheiro para investir na iniciativa privada e não tem dinheiro para investir em educação, saúde, segurança. É sinal evidente que a vida do povo está em segundo plano e o lucro das empresas em primeiro. A Campanha da Fraternidade deste ano chama a atenção para esta problemática. Sem justiça não é possível sonhar com a paz, porque poucos continuarão acumulando, enquanto que a maioria vive em condições míseras. Certamente, o governo não está preocupado em acabar com a miséria e a desigualdade. Juntamente com eles, esta pequena parcela de pessoas milionárias que só pensam no lucro e não na vida. É difícil de aceitar e acreditar para os cristãos, mas esta pequena parcela quer que a outra parcela (a miserável) morra. Assim, eles terão mais dinheiro para guardar e gastar e não terão que dividir nada com ninguém. A justiça social não depende só do governo, mas ele é o principal agente. Deus pedirá contas de nós que estamos destruindo o mundo, esta linda casa que Ele nos deu para vivermos. A oração deve nos motivar na luta pela justiça que é semente de paz.
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Solidário Litúrgico 3 de maio– 4o Domingo da Páscoa (
branca)
1a leitura: Livro dos Atos dos Apóstolos (At) 4,8-12 Salmo 117 (118), 1.8-9.21-23.26.28cd.29 (R/.22) 2a leitura: Primeira Carta de João (1Jo) 3,1-2 Evangelho: João (Jo) 10,11-18 Comentário: Neste domingo a Igreja lembra a todos os cristãos a importância de rezar pelas vocações sacerdotais e religiosas. Esta recomendação coincide com o domingo do Bom Pastor. Esta coincidência não é casual, mas está intimamente relacionada. Não é de quaisquer pastores e pastoras, homens e mulheres consagrados totalmente ao serviço do Evangelho, que a igreja e o projeto de Jesus precisam. Também o número de sacerdotes, religiosas e religiosos, não é tão fundamental. O que realmente importa é o que está representado na imagem referencial do Bom Pastor: homens e mulheres que assumam sua missão como causa pela qual vale a pena viver toda uma vida e, si a radicalidade da sua missão assim o exigir, morrer por esta causa. Dar a sua vida pelas suas ovelhas (10,11). O texto de João mostra Jesus como o bom pastor, em contraste com os pastores mercenários, que somente cuidam dos seus próprios interesses, que exploram o povo para o seu próprio proveito, abandonando-o na hora de maior necessidade. Mais: Jesus conhece as suas ovelhas como conhece o Pai e é conhecido pelo Pai. “Conhecer”, na linguagem bíblica, implica um relacionamento íntimo de amor e solidariedade. Não é um amor de emoções ou sentimentos apenas, mas é um amor exigente, solidário, que assume o outro a ponto de dar a sua vida. A solidariedade deste amor transforma quem verdadeiramente crê em Jesus em alguém que ama além do círculo meramente familiar e transforma a comunidade em igreja ad gentes, uma igreja para o mundo, um mundo onde toda a humanidade viva os valores da justiça e da fraternidade, onde se realiza o Reino de Deus, sonhado e querido por Jesus. Como seguidores do Bom Pastor também somos convidados à vivência desse mesmo amor solidário. Para viver este amor é preciso morrer para o egoísmo que divide e separa pessoas, comunidades, povos e nações. Onde morrem os egoísmos, a vida floresce e se realiza a missão do Bom Pastor, Ele que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10, 10).
10 de maio – 5o Domingo de Páscoa (
branca)
1a leitura: Atos dos Apóstolos (At) 9,26-31 Salmo 21 (22), 26b-27.28.30.31-32 (R/.26a) 2a leitura: Primeira Carta de João (1Jo) 3,18-24 Evangelho: João (Jo) 15,1-8 Comentário: Maio é tempo de Maria, é tempo de mãe. É uma imagem mais poética que real. Porque, no cotidiano, todo o dia é tempo de Maria... toda hora é hora de mãe. Uma coisa, contudo, parece certa e inquestionável: no mês mariano de maio, é preciso resgatar e exaltar a figura da mãe em nossas famílias, em nossa sociedade. A mãe, como referência necessária para uma sociedade ainda viável como espaço e lugar de relações amorosas e solidárias. E isso, não apenas como figura retórica, mas como necessidade de sobrevivência desta sociedade. O que as últimas décadas trouxeram foi o resgate da dignidade da mulher e sua exaltação como pessoa, como profissional e como companheira do homem, o que responde a uma simples questão de justiça. Neste comentário se quer resgatar a mulher enquanto mãe e toda beleza poética e significado simbólico que a envolve. Sem poesia e sem simbolismo, a humanidade deixaria de ser humana e se transformaria em robótica. Poeticamente foi definido que ser mulher-mãe é padecer no paraíso. São conceitos em conflito, contraditórios até que, na missão materna, ganham cotidiana atualidade. Se cada filho é um paraíso de felicidade a mais é, também, padecimento, entrega, preocupação a mais. A mulher-mãe vivencia, no exercício da maternidade, o que o texto de João deste domingo traz para nossa reflexão. A mãe é a figura da árvore familiar, cujos ramos e frutos, os filhos, se realizam como pessoas enquanto unidos a esta árvore, da qual nasceram. E esta árvore-mãe que dá frutos de novas vidas é também “podada” pelos sofrimentos que cada fruto-vida significa (cf 15,2). Sacramento de vida, a mulher-mãe é o necessário referencial do núcleo familiar, sinal de unidade numa sociedade fragmentada, símbolo e atualização do amor divino no coração da humanidade. attilio@livrariareus.com.br
Porto Alegre, 1o a 15 de maio de 2009
A Promoção Humana N
ova cartilha de Dom Dadeus Grings sugere o amor e a solidariedade como equilíbrio entre os modelos da subjetividade liberal e a coletividade socialista de convívio humano.
“O liberalismo da revolução francesa defendia a liberdade a todo custo, em que se falava em igualdade. Mas em que cada um podia fazer o que queria. Ao liberalismo sucedeu o marxismo, que também ruiu. O neo-liberalismo – onde a economia determina os parâmetros - também foi um fracasso, como estamos vendo agora. Que sistema precisamos e queremos? A Igreja sugere o que chamo de solidarismo”. A manifestação é do arcebispo metropolitano de Porto Alegre, ao justificar e comentar o conteúdo da cartilha que está prestes a ser lançada. “Nesta cartilha, insisto que a pessoa vale mais que as idéias. Idéias passam: é totalmente absurdo sacrificar uma pessoa por causa de uma idéia. E é isso que aconteceu e acontece nos sistemas de governo de totalitarismo ideológico: quem discordava era afastado, preso ou morto. Estão aí os grandes massacres do século 20: fala-se em 22 milhões de mortos por causa do nazismo e de mais de 110 milhões que discordavam do comunismo. O neo-liberalismo elimina pela exclusão e pela fome. Tanto o socialismo quando o liberalismo têm coisas boas: um enfatiza a sociedade, o outro o indivíduo. Ambos deram valiosas contribuições, sim. Mas como respeitar o indivíduo levando em conta o todo, isto é, a sociedade? Não é fácil chegar a uma síntese, em que se respeite o indivíduo e a sociedade, em que não se isole o indivíduo mas também não se o subjugue à sociedade. Importa integrar indivíduo e sociedade. E isso é proposto pelo Evangelho: que todos tenham vida e vida em abundância. Essa é linha de reflexão e conteúdo da nova cartilha”, adianta Dom Dadeus.
Mutirão da Comunicação: fortalecimento dos elos da fé na América Latina “O Mutirão de Comunicação da América Latina e do Caribe se insere no clima da 5ª Conferência do CELAM de Aparecida. Lá se falou em ‘pátria grande’ da América Latina por meio da fé comum que nos une e identifica. Tentou-se fazer essa ‘pátria grande’ por meios econômicos e, depois, por meios políticos. Nenhuma vingou. Mas já temos um caminho comum da fé. E o Mutirão tem essa possibilidade de entrelaçar e comunicar, num clima de fé comum, essa unidade. A partir da experiência bem sucedida do Fórum da Igreja no Rio Grande do Sul (setembro de 2007), agora reeditaremos um grande evento sob um tema mais específico que é o da comunicação”, comentou Dom Dadeus. O Mutirão de Comunicação da América Latina e do Caribe realiza-se em Porto Alegre, entre 17 e 21 de julho, na PUC-RS. (Mais Mutirão na página 9)
CianMagentaAmareloPreto
Dom Dadeus Grings
Beatificação de Pozzobon
Segundo Dom Hélio Adelar Rupert, bispo de Santa Maria, o processo de beatificação do diácono João Luiz Pozzobon está concluído na diocese. O ato de ‘Clausura do Processo de Beatificação’ se dará em solenidade que ocorrerá no Santuário Basílica da Medianeira às 19h30min de 8 de maio próximo. “Mas, após quase 15 anos de trabalhos, orações e documentação da vida, escritos, atividades, missão e evangelização, desempenhados pelo diácono João, a causa não está acabada. Agora, em maio, Pe. Argemiro Ferracioli, postulador da Causa de Beatificação, levará pessoalmente o processo para a Sagrada Congregação da Causa dos Santos em Roma. João Luiz Pozzobon Cabe-nos prosseguir orando e pedindo a graça da sua beatificação e do milagre correspondente”, diz Dom Hélio. Admiradores daquele apóstolo leigo realizaram entre 17 e 19 de abril último, a 4ª. Peregrinação denominada ‘Nos Passos do Diácono João Luiz Pozzobon’ que percorre parte dos lugares onde o “seu João” costumava passar com a imagem peregrina da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável. A caminhada inicia na casa onde nasceu o “seu João”, em São João do Polêsine e vai até ao Santuário Basílica da Medianeira, com aproximadamente 65 km. Todo o itinerário é feito a pé.