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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, 16 a 31 de maio de 2009

Ano XIV - Edição No 538 - R$ 1,50

Jovem tem vez Rafaela Petroli Frizzo, 18 anos, estudante de Psicologia e residente em Porto Alegre, é a entrevistada desta edição. Na foto ao lado, ela aparece em meio aos seus amigos do Curso de Liderança Juvenil. Página 2

Bárbara Maix rumo à beatificação Agora falta pouco. Depois de longa tramitação, o processo de beatificação da fundadora da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria está chegando ao fim. A boa notícia surgiu no dia 22 de abril último quando o Congresso dos Teólogos de Roma reconheceu por unanimidade o milagre da cura do menino Onorino Ecker, de quatro anos, ocorrido em 1944 na Diocese de Caxias do Sul, pela intercessão da Venerável Serva de Deus. Bárbara Maix nasceu em Viena, Áustria, em 27 de junho de 1818. Órfã de pai e mãe desde os 15 anos, cedo teve que abandonar sua pátria por questões políticas. Veio para o Brasil e, em 8 de maio de 1849, fundou a Congregação que teve no solo gaúcho seu principal campo de ação solidária.

Um padre para os tempos atuais

Qual é o padre exigido pelos tempos atuais? Como é o padre que o povo quer e como é o padre de que o povo precisa? A controversa proposição foi o tema central da 47a Assembleia Geral da CNBB, encerrada em 1o de maio último em Itaici, SP. O debate produziu um longo documento que ainda está sob sigilo e foi enviado para o Vaticano para sua avaliação e eventual correção antes de ser dado a público. Páginas centrais

O dia do Trabalhador

CianMagentaAmareloPreto

Dois eventos religiosos polarizaram as comemorações do 1o de Maio na região metropolitana de Porto Alegre. De manhã, centenas de pessoas acompanharam a Romaria do Trabalhador no Vicariato de Gravataí, promovida pelas pastorais sociais do Regional Sul 3 da CNBB e que teve a presença de Dom Mário Stroher e de Dom Alessandro Ruffinoni. À tarde, uma multidão tomou o Parque do Anfiteatro Por-do-Sol, às margens do Rio Guaíba, em Porto Alegre (foto), para participar da celebração animada pelo Padre Marcelo Rossi.

A aflição da seca

Dezenas de municípios gaúchos já decretaram estado de emergência por falta de água até para beber. O racionamento atinge milhares de lares. Os animais são os mais atingidos, porque os reservatórios e açudes secaram, como o da foto acima, em Almirante Tamandaré do Sul, onde o barco decorativo agora ficou suspenso acima do solo estorricado.


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16 a 31 de maio de 2009

Cidadania

Jovem

Editorial

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PRESBÍTEROS

ela importância do tema, o Solidário volta a repercutir, nas páginas centrais desta edição, um dos documentos aprovados na recente Assembléia dos Bispos do Brasil (Itaici/SP, 22 a 30 de abril): a formação do presbítero para a nova época humana que estamos inaugurando. No momento, o documento está em Roma para receber a devida aprovação vaticana. A formação do presbítero define o perfil de alguém que é discípulo missionário, servidor da comunidade. Isso significa que ele estabelece com o Cristo vivo uma relação de diálogo na experiência diária de oração e celebração. Esta experiência o leva a desinstalar-se e, num constante esforço de superação, até mesmo em suas limitações humanas, a viver e ser um evangelho vivo de justiça, de perdão, de solidariedade, de paz. Mas o presbítero não pode ser um homem sozinho, solitário; ele sempre deve atuar em comunhão com seu bispo e com toda a comunidade de fiéis. Com esta comunidade ele divide responsabilidades nos ministérios pastorais e na administração temporal. Sem dúvida, para poder responder às sempre novas necessidades de sempre novos tempos, uma das dimensões do novo presbítero que a igreja e a sociedade humana necessitam é a dimensão da carinhosa acolhida. Ele deve ser alguém profundamente humano, tão humano que se torna o rosto visível e presencial do próprio Cristo. O Cristo samaritano, o Cristo da paz, o Cristo da denúncia profética, o Cristo que, onde tantos olham apenas e somente para a terra, para o aqui e agora, tem a coragem de levar as pessoas a olhar para a outra dimensão da vida, a olhar para o céu. É óbvio que o padre deve ser um homem com sólida formação acadêmica, particularmente no campo da teologia, da liturgia e da comunicação. Mas será, principalmente, um homem “ligado” no seu tempo e na sua realidade, sempre atualizado, capaz de dialogar com o diferente, ecumênico, jamais dogmático, acreditando que o Reino é como um grande mutirão que se constroi com a colaboração de todos. Dentro do Ano Catequético, a I Jornada Estadual de Catequistas é um momento forte para uma nova forma de fazer catequese. Esta nova forma quer estimular este serviço e missão eclesiais como um particular caminho para o discipulado. Sempre mais, ser discípulo missionário significa ter como referencial a escuta da Palavra e o Testemunho de vida do cristão. A escuta da Palavra implica num sistemático estudo da Bíblia como principal fonte inspiradora de uma catequese realmente cristã e um olhar aberto para a realidade da mulher e do homem de hoje, assumindo com eles um compromisso de amor exigente e solidário (cf Mateus, 25, 31-46). Este amor exigente e solidário leva à denúncia profética de toda injustiça e o anúncio, prenhe de esperança, de um outro mundo possível, um mundo onde a liberdade, a igualdade e a fraternidade têm carta de cidadania, que se transforma na carta magna de uma sociedade que vive a cultura solidária, sinal do Reino do Senhor Jesus. attílio@livrariareus.com.br

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

Ano XIV – Nº 538 – 16 a 31/05/09 Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Paulo Oliveira da Rosa (voluntário), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS Jorn.Thais Palharini (voluntária) Impressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 – Centro – CEP 90010-282 – Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

tem vez

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afaela Petroli Frizzo, 18 anos, estudante no 3º semestre de Psicologia da PUCRS, residente em Porto Alegre, é a entrevistada desta edição.

*Fala de ti. Sou uma guria engajada em movimentos sociais e na Igreja. Estudo, trabalho e dedico muitos momentos a Deus, em especial, as tardes de sábado.

*Qual o maior problema no Brasil de hoje? Acho que a miséria. A falta de amor ao próximo, o egoísmo que está muito presente hoje.

*Quanto ao futuro? Quero me realizar na profissão que escolhi e ajudar quantas pessoas conseguir. Tenho um sonho utópico de mudar o mundo, acredito que se cada um fizer a sua parte, pode ser possível.

*O que pensas da política? Sou totalmente desiludida com a política. O jovem reclama de não ter voz, mas na maioria das vezes, não faz nada para ser ouvido.

*E tua família? Minha família é minha base. Onde me apoio e me espelho, até um dia eu formar a minha família e poder passar os valores que foram passados a mim, e servindo a Deus. *E os amigos? Meus maiores e melhores amigos se concentram no CLJ (Curso de Liderança Juvenil), onde posso me apoiar e dividir a minha fé, partilhar os melhores e piores momentos de minha vida, sabendo que serei sempre acolhida. *O que consideras positivo em tua vida? A certeza da minha crença, o amor pela minha família e amigos e a certeza de minha escolha profissional. *Um livro. P.S. Eu te Amo *Um filme inesquecível. A Paixão de Cristo *Um medo. Perder minha família. *Um defeito do qual gostarias de te livrar? Ansiedade. *Qual o maior problema dos jovens, hoje? Comodidade, os jovens deveriam ter vontade, iniciativa de mudar o mundo e evangelizar cada vez mais. A falta de espiritualidade e de motivação para nos transformarmos em pessoas melhores estão cada vez menos presentes nos jovens.

*Sobre a felicidade. Que conquistamos pouco a pouco. Que precisamos correr atrás, e que facilita quando permitimos Deus guiar nossa vida. *Já fizeste algum trabalho voluntário? Tenho um projeto para começar em abril no Abrigo João Paulo II, onde farei atividades com crianças, trazendo um pouco de esperança a elas. Já realizei visitas na casa Marta e Maria. *Sobre de tua religião. Desde pequena me foram passados os valores da Igreja Católica e nunca fui obrigada a seguir, sigo por opção, por amor. Acho impossível vivermos num mundo em que vivemos, sem nos “agarrarmos” em algo maior e soberano. Abraço a doutrina e busco a santidade e coerência nos meus atos. *E Deus? Deus é meu chão, meu porto seguro. Faz algum tempo em que permiti de verdade a Ele guiar a minha vida. E foi a melhor escolha que podia ter feito. Minha vida ficou mais leve, mais feliz. Ele sempre sabe o que é melhor para nós. *Uma mensagem aos jovens.

“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” (Atos 4,32). Só unidos podemos evangelizar e tornar o mundo um pouco melhor.


Família e sociedade

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16 a 31 de maio de 2009

A família no século XXI O

Rabino Nilton Bonder*

século XXI traz o inédito desafio de um mandamento cultural na contramão daquele vivido pela primeira família: “crescei pouco e não multiplicai”. Isso é vivido não só na esfera intelectual de um mundo densamente povoado e com graves problemas de fadiga, mas principalmente pela expressão econômica que esta realidade gera. A competitividade e o aumento do custo relativo em todos os níveis para se ter filhos está mudando profundamente a família. Não é difícil perceber esta realidade biológica ou esta lógica da vida em nosso dia a dia. O casamento tardio, as famílias alternativas (das chamadas “produções independentes” às relações homossexuais), os vários casamentos (transformando casamentos em formas de namoro) e tantos outros fenômenos são indicativos da perda funcional da família em seu aspecto biológico. Esta mudança nos fundamentos da família afeta também (e não ao contrário!) os papeis culturais dos homens e das mulheres. Os homens se veem num processo reverso aos últimos milênios quando desenvolveram mais do que qualquer outra espécie “um investimento paternal” desconhecido na natureza. Seu papel na sobrevivência dos filhos se tornou “maternal” na medida em que a família o fez indispensável. O século XXI desenha um homem mais dispensável e traz o desafio de recriar sua função e imagem em meio à cultura. A mulher, por sua vez, busca outra forma de ocupação e valorização que não seja apenas concentrada na maternidade. Esta projeção da mulher em outros setores da cultura é também uma profunda revolução. Tudo isto apontaria para um fim da família como a conhecemos. No entanto, há forças distintas e poderosas no sentido contrário também. A virtualização das relações, o desenraizamento dos indivíduos e a própria competitividade rendem um valor importante aos laços de família. É extremamente atual a inveja daqueles que “não tem família” em relação aos que “tem família”. E o sonho do casamento, não por motivos de formação de família, mas de encontrar estabilidade está “em alta”. Acredito que o século XXI é o início de uma guinada na definição da família e de seus objetivos. De regra biológica fundamental, ela está se tornando regra social - a tribo mínima e essencial em tempos de multidão e de solidão. Seja como for, a família foi indiscutivelmente o mais importante instrumento de sobrevivência para a espécie humana. Suas transformações não representam o desejo de descartá-la como tal mas, ao contrário, fazer com que se torne ainda mais eficaz. Afinal, o modelo antigo da família - que objetiva procriar e ser núcleo segregado de solidariedade - parece não estar dando conta de seu histórico papel de ajudar o ser humano a sobreviver. *http://www.cjb.org.br/

Simona Balint/sxc.hu

O yoga do sorriso**

Como parar de gritar *

◘ Antes de querer disciplinar os seus filhos, os pais devem saber disciplinar-se a si próprios.

◘ Meta-se na pele dos seus filhos pequenos e pense no terror que eles sentem quando a veem fora de si. ◘ Evite situações de stress. Não mande as crianças interromperem uma atividade que lhes dá prazer para a mandá-las ao banho, limpar o quarto, ... dará discussão. Estipule que depois do desenho animado, sem discussão, irão para o banho. ◘ Diga para si mesma se sentir que está perdendo o controle “Vou me acalmar e pensar no que vou fazer”.

◘ Thich Nhat Hanh, mestre zen vietnamita, dedicou um livro à ira**. Quando sentimos a ira tomar conta de nós, ele aconselha que tomemos alguns segundos para praticar o “yoga da boca”: de olhos fechados, inspirase, sorrindo e dizendo para nós mesmos: “Eu sorrio.” Depois expira-se, sentindo o rosto, o pescoço e os ombros relaxarem e prosseguimos até nos sentirmos apaziguados. Nenhuma tensão resiste a esta prática ◘ Isto porque um corpo descontraído envia ao cérebro límbico, centro das emoções, mensagens apaziguadoras e este, por sua vez, remete-as para o organismo ◘ O nosso rosto possui mais de 30 músculos, explica o autor, e todas as tensões interiores se refletem neles. A prática deste exercício permite dissipar todas as tensões musculares e transformar a emoção negativa em tranquilidade.

*La Colère, edições Pocket. ** Soyez Libre lá où vous êtes, de Thich Nhat Hanh


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Evangelização da cultura

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Opinião

16 a 31 de maio de 2009

A comunidade em mudança de época

Urbano Zilles

Dom Sinésio Bohn

Teólogo

Bispo de Santa Cruz do Sul

urante as últimas décadas, na teologia e, sobretudo, na pastoral, entrou em voga a expressão “evangelização da cultura”. Poucas vezes tem-se clareza sobre o sentido dessa nova expressão. Na tradição cristã, a evangelização dirige-se estritamente a pessoas, pois somente essas podem responder ao anúncio da Boa Nova de Cristo. A rigor, somente pessoas são capazes de converter-se, de serem batizadas, de crerem. Embora reconhecendo que os primeiros destinatários da evangelização são as pessoas, hoje, na Igreja Católica, se fala muito de evangelização da cultura. Como compreender essa ampliação do conceito de evangelização? No decurso do tempo, o conceito de cultura evolui. Por outro lado, no Vaticano II, a Igreja Católica assumiu o compromisso de um novo diálogo com o mundo moderno e suas culturas, espaço vital para o homem do futuro, consciente de que a falta desse diálogo prejudicará não só o mundo, mas, sobretudo, a própria Igreja. Tradicionalmente se relaciona a cultura às pessoas, ao seu desenvolvimento intelectual, à sua criação artística e técnica, à sua produção. Neste sentido, fala-se de uma pessoa culta para dizer que é erudita, instruída, que desenvolveu seus talentos. A partir daí, desenvolve-se, mais recentemente, um conceito antropológico. Fala-se, então, de identidade cultural, de cultura popular, de diálogo cultural. Nesse caso designam-se os traços característicos de um grupo humano, seus modos típicos de pensar, de comportar-se, de humanizar determinado ambiente. Conhece-se uma comunidade humana por sua cultura. Ora, essa realidade cultural, coletiva e histórica, hoje, se toma como objeto de evangelização, pois o indivíduo vive num contexto. Claro que é mais fácil viver como cristão numa sociedade cujos critérios de juízo e valores determinantes se inspiram no Evangelho. Este tem força transformadora e criadora de cultura e humanização. A mensagem cristã enriqueceu o pensamento (Santo Agostinho, Tomás de Aquino), a arte pictórica, a arquitetura, a música, a poesia com sua inspiração. A alfabetização universal foi estimulada sob Carlos Magno pelo monge Alcuíno; as universidades nasceram no seio da Igreja Católica, marcaram e ainda marcam profundamente a cultura ocidental e oriental. Desta maneira, a Igreja influenciou a cultura das pessoas e das sociedades. É isso que se chama transformar a cultura pela luz do Evangelho. Nos tempos modernos, a Igreja distanciou-se muito da evolução cultural. Por isso, hoje, a evangelização das culturas pressupõe, em primeiro lugar, uma mudança radical de atitude por parte da Igreja, ou seja, uma postura de aceitação e discernimento da evolução tecnocientífica; em segundo, exige competência dos evangelizadores para o diálogo com a inteligência crítica; investimento em pastorais especializadas. Não basta repetir frases de autoridades eclesiásticas, mas é preciso observar e refletir, à luz da fé, sobre os novos problemas, com dedicação e amor, pois as culturas são dinâmicas e evoluem ou se transformam sempre. Antes de tudo, é preciso compreender esse dinamismo das culturas. Paulo VI expressou a tomada de consciência que justifica a evangelização da cultura na Evangelii Nuntiandi: “A ruptura entre o Evangelho e a cultura é, sem dúvida, o drama de nossa época, como também o foi em outras épocas. Portanto, é preciso envidar todos os esforços com vistas a uma generosa evangelização da cultura, ou mais exatamente, das culturas” (n. 20). Isso pressupõe competência profissional e coerência de vida segundo o Evangelho de Cristo. A Igreja não se pode omitir em dar sua contribuição crítica às culturas atuais. Não há evangelização sem conversão, tanto do evangelizador quanto do evangelizando. A fé tem que elevar a cultura viva de um ambiente. Na Carta de fundação do Conselho Pontifício da Cultura (1982), o Papa João Paulo II escreveu: “A síntese entre a cultura e a fé não é somente uma exigência da cultura, mas também da fé. Uma fé que não se faz cultura é uma fé que não é plenamente acolhida, totalmente pensada e fielmente vivida”. A evangelização da cultura não pode menosprezar o profissionalismo no uso dos modernos meios de comunicação.

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onheço um jovem entusiasmado com sua comunidade. Ele conhece os membros da comunidade só pela internet. É uma comunidade do Orkut, virtual. Já o padre que trabalha no projeto diocesano de renovação das comunidades tem como ideal a pequena comunidade, de rosto humano, onde se articula bem fé e vida. É a comunidade eclesial de base. A maioria dos párocos têm em vista a comunidade paroquial ou, simplesmente, a paróquia. Esta, porém, é constituída de várias comunidades menores. Alguns se esforçam para transformar a paróquia em rede de comunidades. Mas conheço um bando de jovens, que se vestem de preto, planejam ações conjuntas, às vezes aventuras legais, mas com frequência desordens ilegais. Porque em geral não duram muito, são considerados tribos. Tem pouca coesão. A Europa conseguiu unir os países, eliminando praticamente as fronteiras. É a comunidade européia. Existe ainda a comunidade internacional, a

comunidade terapêutica, a comunidade científica e a comunidade acadêmica. Também os movimentos eclesiais formam suas comunidades. E ultimamente surgem novos carismas e novas comunidades de vida. Sob a assessoria de Pe. Joel Portella, os bispos católicos, reunidos na 47ª Assembléia Geral, meditamos sobre o sentido e a melhor maneira de os cristãos viverem a fé em comunidade, como a Escritura atesta dos primeiros cristãos. Hoje, com tantas mudanças, o território ficou menos decisivo para ser comunidade. Como vivemos, as pessoas se unem de muitas maneiras. Sempre se pede pertença comunitária. Ela pode ser territorial, geográfica. Mas pode ser ambiental, afetiva, supraparoquial, interparoquial. Os grupos de famílias são núcleos comunitários, sementes de comunidades. “Num mundo marcado pelo pluralismo e pela mobilidade, não há como se fazer presente se não for pela diversidade de formas”. E pela paciência pastoral! Mas viver a fé em comunidade, celebrar a fé em comunidade, partilhar o pão e manter a comunhão são essenciais à vida cristã.

A Páscoa continuada Antônio Allgayer Advogado

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áscoa, pessach no hebraico, significa passagem. Passagem do cativeiro para a liberdade. E, no sentido cristão, passagem da morte para a vida. Comunidades judaicas vinculam a celebração da Páscoa ao evento fundante de sua identidade de povo eleito, liberto do trabalho escravo que lhe impusera um faraó esquecido da saga de José e preoupado com a explosão populacional da posteridade de Jacó. Para os cristãos, é o memorial da passagem do Cristo da morte cruenta na cruz para a gloriosa ressurreição. Judeus devotos recitam o xemá Israel: “Eu sou o Senhor teu Deus que te libertou da terra do Egito, da casa da servidão”. Para o povo de Israel, a passagem da servidão para a liberdade não aconteceu sem sofrimento. Implicava desinstalação de hábitos arraigados. Liderados por Moisés, decidiram não mais submeter-se ao arbítrio de um faraó opressor. Fizeram uma opção. A opção de lutar pela liberdade. Todavia, transposto o mar dos Juncos, ao ingressarem no deserto ermo, bravio e ínóspito, entraram a achar demasiado alto o preço da libertação. A longa caminhada rumo a Canaã pareceu-lhes sobremodo desalentadora. Além de tudo, tiveram de sustentar uma guerra contra os amalecitas. Nem o maná caído do céu ou extraído de uma planta, nem as codornizes cobrindo o solo punham cobro a suas carências alimentares. Saudosos da carne de peixe, dos pepinos e melões, do alho e da cebola do país do cativeiro, mostraram-se dispostos a para lá voltar. Murmurando, insurgiram-se contra Moisés. A todos os males mencionados, somava-se uma caída no engodo da idolatria.

Com exceção de Caleb e Josué, nenhum dos homens que subiram do Egito na idade dos vinte anos para cima veria a terra prometida. Nem mesmo Aarão e Moisés lá puderam ingressar. Deus permitiu que toda uma geração de “dura cerviz” vagueasse pelo deserto durante quarenta anos, até desaparecer. A missão de levar o povo jovem à conquista da terra de Canaã foi cometida a Josué. Após a guerra judaica, ferida no primeiro século da era cristã contra a dominação romana, aconteceu a diáspora. Judeus expatriados e dispersos pelo mundo padeceram pogroms, confinamento em guetos e sangrentas perseguições. Não obstante todas estas adversidades, mantiveram a sua identidade de povo e constituíram um baluarte da fé em Deus num mundo infestado de idolatria, prostituição ritual e sacrifícios humanos. Somente em meados do século passado, com iniciativa da ONU, voltaram a ser um povo soberano, com território próprio e autonomia política. Com tudo o que aconteceu, o Oriente Médio, convulsionado pela violência, segue frustrando a paz entre palestinenses e israelenses. Oremos para que a “aldeia global” aconteça sem apátridas...! Tenhamos presente que o fenômeno pascal acontece a cada momento da vida humana. Toda vez que do desespero e da descrença se ressuscita para a alegria e a fé, vivencia-se o mistério pascal. A morte não acontece de súbito. É um processo. Antes da morte sofremos várias mortes. Morre em nós a criança e nasce o adulto. Morre o jovem ou o adulto e mais um ser humano ingressa na vida. O nosso Deus é Deus da vida. Um dia chegaremos à Páscoa derradeira. Nela nos precedeu o Cristo, no qual Deus se identificou com os seres humanos. Vivos e salvos, daremos entrada na intemporalidade de Deus. A morte já não terá poder sobre nós.

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Educação e psicologia

Atendimento ao recém-nascido prematuro

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5 www.benefis.org

Juracy C. Marques Professora universitária. Doutora em Psicologia

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pós contato preliminar, obtivemos valiosos esclarecimentos do dr. Renato Machado Fiori (professor titular, Departamento de Pediatria, PUCRS), via e-mail, sobre o atendimento hospitalar ao recém-nascido prematuro que repassamos, quase em sua íntegra, neste texto. O ambiente de parto

“As boas práticas médico-hospitalares visam o alívio do estresse materno, evitar a separação mãe (família) e filho. Inclui a mãe conhecer previamente o local de seu parto e as pessoas que a atenderão; inclui ter junto de si, durante o parto, pessoa de sua confiança. Inclui o contato imediato olho no olho, pele com pele com seu filho assim que isto seja possível”, diz o médico Renato Fiori. O ambiente, desse modo, requer não só cortesia e qualidade do atendimento, mas, sobretudo, uma atmosfera imbuída de afeto e carinho que, certamente, contribuirá para que a mãe se sinta mais segura e acolhida para ‘fazer seu trabalho de parto’ que é o ponto culminante de seus sonhos de ser mãe.

Bebê prematuro “E o bebê prematuro? Por uma questão de sobrevivência, ele é levado imediatamente a uma UTI Neonatal e mantido isolado em uma incubadora cheia de monitores ao seu redor, longe da vista de sua mãe. O medo da perda e a separação elevam o nível de estresse da mãe e dos familiares, o desenvolvimento do apego mãe-filho é inevitavelmente prejudicado”. Isto, entretanto, pode ser minimizado pela permanente atenção dos familiares com a mãe e o recém-nascido, podendo esta nos horários de higiene do bebê (troca de fraldas) e nos momentos de amamentação, fazer o saudável contato pele a pele e olho no olho, sempre que as condições de saúde do bebê o permitirem.

Por outro lado, “o bebê é submetido a frequentes procedimentos dolorosos, sobretudo punções e incômodos associados à manipulação frequente, ruídos, luz excessiva, com prejuízo ao seu descanso, necessário à sua recuperação”. Muitas vezes, os familiares não se dão conta do sofrimento da criança e de suas necessidades específicas, mais preocupadas com suas próprias emoções e necessidades imediatas, como as mudanças impostas nas relações familiares com a chegada de seu mais novo membro.

Qualidade de vida do bebê “Até não muito tempo atrás, as unidades de tratamento intensivo neonatais tinham uma única preocupação: salvar a vida destes prematuros. Na década de sessenta, em Porto Alegre, a mortalidade desses recém-nascidos era superior a 50%. Atualmente, é inferior a 10%, em alguns hospitais é menor do que 5%”, diz o professor Fiori, sem esconder seu entusiasmo quanto a esses importantes resultados. Assim, o objetivo maior passa a ser a qualidade de vida do bebê, tanto

em relação à melhoria do ambiente hospitalar quanto de sua convivência, não só no aconchego do berço – ninho macio, com alguns toques de carinho - mas principalmente para minimizar tanto quanto possível seu distanciamento da mãe. E mais, permitir que o bebê durma mais tempo sem interrupções (permanecer na penumbra é um dos fatores favoráveis), não sendo perturbado em seu sono reparador. Isto envolve treinamento e supervisão constantes de todos os membros da equipe, para que os cuidados e o afeto se mantenham como característica marcante do difícil e, às vezes, penoso trabalho do atendimento ao recém-nascido prematuro. Os pais vão, aos poucos, através do íntimo entrosamento com o bebê, aceitando e amando sua nova configuração familiar, com benefícios inestimáveis para todos. Mas, em particular para o hoje bebê, tendo em perspectiva, a sua saúde e as condições de vida que lhe foram proporcionadas e que vão repercutir, ao longo de sua trajetória como ser humano, sujeito a sucessos e vicissitudes nas muitas oportunidades e acontecimentos que a vida enseja.


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Tema em foco

16 a 31 de maio de 2009

A formação dos Padres da Igreja no Brasil

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os padres incumbe a tarefa principal do anúncio do Reino de Deus aqui na Terra, revelado há dois mil anos por Jesus. Por isso, espera-se que sejam autênticos discípulos missionários. A eles cabe a missão de serem o principal fermento e sal no meio das comunidades que lhes são atribuídas, de serem exemplo e referencial humano e espiritual. Para tanto, espera-se que persigam a perfeição. De serem mobilizadores e canalizadores das forças e ações de boa vontade comunitária, os verdadeiros animadores da vida em conceito amplo. Por isso, espera-se que sejam muito bem preparados, afetiva, humana, espiritual e intelectualmente. Como formar melhor os padres brasileiros para atender às exigências atuais? Foi essa a principal proposta dos bispos reunidos na 47ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em Itaici, S.Paulo, entre 22 de abril e 1º de maio último. Dos intensos debates resultou um extenso documento que, após várias versões, foi aprovado por consenso unânime. E que, enviado a Roma para avaliação e eventuais correções, está mantido em sigilo até receber o ‘recognitio’ da Congregação da Educação Católica do Vaticano.

Atualização

Unidade O novo documento insiste em que haja unidade no processo de

formação inicial dos futuros presbíteros, “levando em conta

a diversidade cultural e a qualificação de seu processo de formação permanente para que o sacerdócio seja exercido e vivido por autênticos presbíteros-discípulos, presbíterosmissionários e presbíteros-servidores da vida, cheios de misericórdia”. Refere as recomendações de Bento XVI de que “o seminário é tempo de caminho, de busca, mas, sobretudo, de descoberta de Cristo”. Também insiste que as novas diretrizes sejam observadas em todos os seminários, diocesanos e interdiocesanos, e outras instituições de formação presbiteral, bem como pelos órgãos diocesanos responsáveis pela formação permanente dos presbíteros do Brasil.

7 Divulgação

Samaritanos Para Dom José Mário Stroeher, bispo da Diocese do Rio Grande e presidente do Regional Sul 3 da CNBB, “numa sociedade sofrida o padre é chamado a mostrar a atitude samaritana. Em meio à violência social ele é chamado a mostrar a força do bem sobre o mal. Diante dos clamores dos pobres, o padre tem a vocação profética de denunciar as injustiças e anunciar os nossos céus e a nova terra. O padre é o rosto mais visível do discípulo missionário de Jesus Cristo.”

Discipulado, missionaridade e comunidade Dom Sérgio Rocha, presidente da Comissão de elaboração do novo documento e arcebispo de Teresina, PI, avalia que “as Diretrizes da Formação Presbiteral que acabamos de aprovar tem três grandes eixos: o discipulado, a missionaridade e a comunidade. Discipulado quer dizer, o padre, antes de mais nada, precisa ser discípulo, fazendo a experiência do encontro com o Cristo vivo. Cristo não é uma ideia, mas uma pessoa para uma relação de amor. A missionariedade: o presbítero é padre para o mundo, é preciso sair, desinstalar-se e ir aos areópagos do mundo moderno, ajudando este mundo a viver o que o Evangelho propõe: justiça, partilha e solidariedade. A Comunidade: o presbítero deve agir em comunidade presbiteral, não isolado e sozinho, com seu bispo, irmãos no presbitério e com a comunidade de fieis”. Ele afirma que o “documento é um alento para os presbíteros”.

O último documento de orientação para a formação de presbíteros no Brasil foi aprovado na 32ª Assembléia da CNBB em 1994. É conhecido como Documento 55, e era consenso que estava desatualizado frente às exigências do atual contexto cultural e histórico do País. “A formação dos padres precisa levar em conta o novo mundo. É preciso formar os padres para responderem aos desafios que cada época impõe à Igreja”, sublinha Pe. Tarcísio Rech, (foto à esquerda) secretário do Regional Sul 3 da CNBB.

Dom José Mário Stroeher

Padre-pai Para Dom Paulo De Conto, bispo de Montenegro e bispo que acompanha os padres dos gaúchos “a palavra padre vem de pai. Pai é aquele que cuida e ampara os filhos. É também irmão entre os irmãos. Prefiro que a palavra padre seja chamado de presbítero. Pois, presbítero é aquele que testemunha e preside a fé, esperança e a caridade. Presbítero é o ministro ordenado que anima os mais diversos ministérios. Bispos e presbíteros formam uma família, família presbiteral. No serviço celebrativo e na caridade, um age em sintonia com o outro. Nenhum presbítero é franco atirador, age e atua na comunidade, em unidade com o presbitério.”

Homem de Deus e acolhedor Para Dom Hélio Rubert, bispo de Santa Maria, as Diretrizes apontam para o padre “que é um só, tanto no mundo urbano, rural ou periferia: um homem de Deus, de diálogo, acolhedor, humilde, sem medo de denunciar e anunciar. É natural que o lugar onde o padre trabalha exige atitudes e métodos diferentes. O mundo urbano exige uma comunicação diferente. Mas o padre deve levar consigo as características do bom Pastor humilde e servidor”. Dom Hélio Rubert

Iniciação à vida cristã

Dom Sérgio Rocha

Dom Paulo De Conto

Esse foi outro tema de discussão desenvolvido na Assembléia dos Bispos em Itaici. Segundo Pe. Tarcísio, há necessidade de uma nova conotação para as aulas de catequese no Brasil. “Em vez de ser uma preparação apenas para os sacramentos, especialmente de crianças para a 1ª Comunhão e de adolescentes para a Crisma, deseja-se que a Catequese seja um processo permanente de educação da fé. Para isso, é importante que a iniciação cristã seja um processo catecumenal, ou seja, que os cristãos sejam introdução no sentido de fazerem a opção por Jesus Cristo de maneira consciente”. Os bispos deram muitas sugestões que deverão ser refletidas e aprofundas nas bases, e o tema deverá voltar numa próxima assembleia.


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Saber viver

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Combate à Aids J.Peirano Maciel Médico

T

ambém chamada infecção pelo HIV, refere-se à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 ou tipo 2 .Clinicamente, é caracterizada por um período (em média, cerca de 8 a 10 anos) de doença assintomática, seguido por episódios repetidos de doença de gravidade variável e crescente, à medida que o organismo se deteriora e enfraquece: entra em colapso o sistema imunitário e constitui-se a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. De 1980 a 2007, foram notificados no Brasil 474.273 casos, sendo 289.074 no sudeste, numa população de 15 a 49 anos. Na série histórica, foram identificados 304.294 casos em homens e 159.793 em mulheres, embora esta relação venha diminuindo, bem como a faixa etária, notando-se aumento na faixa acima de 50 anos. Caro leitor, esses dados mostram uma trágica realidade sobre uma doença terrível, cuja transmissão se efetua especialmente pela relações homo ou heterossexuais. Outros fatores de risco são as transfusões, in-

jeções ou punções com material não descartável e ainda uma mulher pode transmitir ao seu bebê pela placenta, durante o nascimento ou durante a amamentação natural. Isso posto, perguntemos o que tem sido feito em nosso país no sentido da prevenção e tratamento desse mal, ainda incurável.A bem da verdade,é de se dizer que bastante tem sido feito, pelo governos. Foram adotadas políticas especiais quanto à aquisição de medicamentos específicos e outras medidas. Contudo, é lamentável que, no atual governo, tenhamos um Ministério da Saúde que vem adotando estranhas e equivocadas medidas, não só em relação à Aids mas também em outras questões delicadas. Há poucas semanas, tomamos conhecimento da maior compra conhecida, de uma só vez ,de preservativos(camisinha s), se não me equivoco, mais de 5 milhões e quinhentas mil unidades desse material elástico, para distribuição num período de feriado prolongado.Imaginemos, leitor, esse verdadeiro exército saudável e bem equipado desfrutando um feriadão, o estrago que poderá fazer, com beneplácido de nosso bondoso

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ministro. E questionemo-nos: será esse um adequado método de combate à Aids? O eminente descobridor do HIV, Luc Montagnier, indica como deveria ser o combate à Aids: “São necessárias campanhas contra práticas sexuais contrárias à natureza biológica do homem. E, sobretudo, há que educar a juventude contra o risco da promiscuidade e do vagabundeio sexual”. O Dr.Edward C. Green, diretor do Projeto de Pesquisa para a Prevenção do Centro Harvard, declarou que o Papa Bento XVI está correto em sua afirmação (recentemente na África) de que a simples distribuição de camisinhas exacerba o problema. O Papa está correto, disse Green na entrevista de l8 de março passado, na National Review On Line, e isto pode ser devido ao fenômeno chamado “compensação de risco”. Sobra ,leitor, o que dá mesmo resultado: é a fidelidade, a monogamia e a educação. Mas não é só isso que o Ministério da Saúde tem feito. Porém, citaremos apenas o aborto, este antigo crime contra a vida. No dito órgão público, constata-se um verdadeiro plantão de espera para aplaudir qualquer medida favorável, seja um projeto de lei para ampliar a tolerância, ou para propagar conceitos vazios como a “liberdade” da mulher em decidir sobre seu ventre, etc. Então, tudo que provém dos “padres”, da “Igreja romana”, é ultrapassado, em desacordo com as práticas atuais, mais expeditas, sem qualquer ranço “medieval”. NÃO RECEBEU O JORNAL?

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Alimentos que melhoram nosso estado de espírito Apesar de não haver um consenso entre os especialistas, o fato é que vários trabalhos científicos têm apontado o poder de certos alimentos para espantar a tristeza, combater a depressão e a ansiedade e ainda melhorar o humor. “Alguns destes alimentos ajudam a melhorar o humor e até a combater a depressão porque estimulam a produção e a liberação de neurotransmissores, substâncias que transmitem impulsos nervosos ao cérebro e são responsáveis pelas sensações de bem-estar e prazer. A produção e a liberação desses neurotransmissores podem ser comprometidas por alguns fatores como distúrbios fisiológicos e deficiências nutricionais”, explica a nutricionista Juliana Schmitt, da rede de Clínicas Anna Aslan. Os três principais neurotransmissores relacionados com o humor são a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. A serotonina, responsável pela sensação de bem-estar, proporciona ação sedativa e calmante. Já a dopamina e a noradrenalina proporcionam energia e disposição. “A produção de serotonina é dependente da ingestão de alimentos fontes de triptofano - aminoácido precursor da serotonina - e de carboidratos. Já a dopamina e a noradrenalina são produzidas com o auxílio da tirosina, outro aminoácido importante na nossa alimentação. Vitaminas do complexo B e alguns minerais também estão envolvidos na modulação do humor”, destaca o geriatra Eduardo Gomes, diretor da rede de Clínicas Anna Aslan. Pratos de bom humor Nossos níveis cerebrais dependem da ingestão de alimentos ricos em triptofano e de carboidratos. “O triptofano, uma vez no cérebro, aumenta a produção do neurotransmissor”, explica a nutricionista. Dietas ricas em carboidratos podem ser utilizadas como coadjuvantes no tratamento de melhora do humor. Isso ocorre principalmente em pacientes que durante o episódio depressivo perderam peso consideravelmente. “Mas, mesmo com a relação entre carboidratos e humor comprovada, o consumo dos alimentos deve ser equilibrado e orientado por um profissional de Nutrição, para evitar o ganho de peso excessivo”, reforça Juliana Schmitt. Quando falamos em carboidratos, devemos ter cuidado com o consumo excessivo de doces, que a princípio pode favorecer uma melhora de humor, e depois, agravar um quadro de tristeza. “Quando comemos açúcar, o nível de glicose no sangue aumenta rapidamente e, com isso, o pâncreas produz mais insulina do que o normal. Em excesso, a insulina acaba retirando mais açúcar do sangue do que deveria - provocando assim, hipoglicemia, que reduz a tolerância do organismo aos fatores que geram estresse. Uma alimentação pobre em nutrientes e cheia de açúcar, a longo prazo, tende a deixar a pessoa deprimida e cansada, pois o organismo se desgasta para metabolizar os alimentos e não tem a reposição dos nutrientes, que são o seu combustível”, complementa a nutricionista. Assim como o triptofano e os carboidratos, outros nutrientes também contribuem para manter o pique. Um deles é a vitamina B6, encontrada em boas doses nos cereais integrais, na semente de gergelim, na banana e no atum. “Ela é integrante de uma enzima importante, que participa da produção dos neurotransmissores norepinefrina e serotonina e, conseqUentemente, ajuda a melhorar o humor”, diz a nutricionista. Eduardo Gomes destaca que bom humor também precisa de uma ingestão adequada de selênio. “Não podemos deixar faltar castanhas, nozes, amêndoas, trigo integral e peixes. Para se ter uma idéia, uma castanha-do-pará fornece 100 microgramas de selênio. A recomendação diária é de 55 por dia”, diz o geriatra, adepto da prática ortomolecular. “O folato ou ácido fólico também é uma potente vitamina antidepressiva. Encontrado no espinafre, no feijão branco, na laranja, no aspargo, na maçã e na soja. Sua deficiência no organismo tem sido associada à depressão em diversos estudos científicos”, destaca o médico.

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Espaço aberto

Envelhecer Ivone Sander

A cultura da solidariedade passa pela liberdade de expressão e de comunicação A liberdade de imprensa ou a liberdade de comunicação, a liberdade de interlocução é um tema, é um problema, tema-problema, bastante complexo que está garantido no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, disse o sacerdote e jornalista Attilio Hartmann, diretor do Solidário e vice presidente da Organização Latinoamerica e Caribenha de Comunicação, OCLACC, ao comentar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado no dia 3 de maio. Segundo ele, o direito à livre expressão “passa por essa realidade que nós vivemos aqui, que é o monopólio da informação, que é um problema muito sério, também”. “Quando a gente sabe que muitas vezes os meios de comunicação são grandes conglomerados e que nem sempre se guiam pela ética nas comunicações, então a sociedade civil, a sociedade organizada também tem que exigir seus direitos”, acrescenta o Pe. Attilio ao insistir que a exigência de que esses direitos à livre informação, à livre comunicação sejam vividos, sejam de fato cumpridos, têm que ser feitos a título pessoal por toda a sociedade . Constatou que a falta de liberdade de informação está presente no Brasil, como também é um problema em “nossa América Latina, nossa Pátria grande”. Sobretudo quando se estabelece um governo ditatorial, a primeira coisa é impedir esse direito à informação, esse livre fluxo da informação e da comunicação, por isso “nós vamos tratar muito especialmente esse tema da comunicação, da liberdade de expressão no grande Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe, de 12 a 17 de julho em Porto Alegre, explicou o dirigente da OCLACC. Para Attillio Hartmann, “só através dessa comunicação livre, democrática, participativa é que nós construímos essa sociedade que nós queremos, uma sociedade onde se viva, de fato, no dia-a-dia uma cultura solidária. E a cultura da solidariedade é o grande objetivo que todos nós buscamos. E ela passa sempre por essa liberdade de expressão e de comunicação, por uma comunicação verdadeiramente democrática e participativa”. O vice presidente da OCLACC convidou a todos os comunicadores e comunicadoras da América Latina e Caribe a participar no Mutirão de Comunicação que vai acontecer de 12 a 17 de julho, e antes o Refresher, na UNISINOS, em São Leopoldo, o Refresher dos dias 9 a 11, também de julho de 2009. Acompanhe os preparativos para o Mutirão em www.muticom.org

Hoje Olhando no espelho a minha imagem Não me reconheci E nem quis acreditar! Aquela que me olhava do outro lado Era uma mulher envelhecida, Que teimava em me imitar. No entanto, Fitando melhor aquela imagem, Notei resquícios de brilho no olhar, Lembrando vagamente uma garota, Altiva, forte e destemida, Que aceitava os desafios do presente E abraçava o futuro, confiante, Plena de sonhos e estuante de vida. Então, me apercebi... Como num passe de magia, Vi desfilar na minha memória As vivências que fizeram a minha história, O que senti no decorrer dos anos: Tristezas, alegrias e emoções, Muita ternura e muitos desenganos. Voltei a olhar no espelho -Sim! Na verdade, sou eu! Mas, só a minha imagem feneceu. Estou viva, alegre e atuante, Sorvendo a vida intensamente Até chegar a o derradeiro instante!

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Sem fronteiras

Reunião do G-20 em Londres Martha Alves D´Azevedo

O

Comissão Comunicação Sem Fronteiras

G-8, que reunia os oito países mais ricos do mundo, perdeu seu espaço diante da crise econômica mundial e desdobrou-se no G-20, grupo de vinte países mais ricos e os emergentes, que se reuniram em Londres na primeira semana de abril, para buscar saida para a crise financeira, que afeta e preocupa os dirigentes destes, e de todos os demais países. Juntos, os países que integram o G-20, representam cerca de 90% do Produto Interno Bruto (PIB), mundial, 80% do comércio global e dois terços da população do planeta. Até o ano passado, só reunia ministros das Finanças. O primeiro encontro do G-20 com a participação de chefes de Estado ocorreu em Washington, em 15 de novembro de 2008. Segundo informações provenientes de Londres, os líderes mundiais expressaram sua preocupação com a crise mundial, sem, contudo, deixar transparecer suas discordâncias em relação a quem provocou os problemas, e quem deve buscar resolvê-los. “Ninguém deseja assustar os mercados sugerindo uma atmosfera desarmônica, pelo menos durante as 36 horas do encontro do G-20”, declarou Jeffrey E.Garden, professor da Yale School of Management (USA). A França ameaçou abandonar o encontro caso os outros países não concordassem em aprovar a criação de uma forte agência reguladora para o setor financeiro internacional. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, depois de uma reunião com o presidente Lula, declarou: “França e Brasil, por exemplo, compartilham de uma total identidade de opiniões sobre a necessidade de uma regulação mundial”. Em conversa com jornalistas brasileiros, Lula afirmou que o Brasil estava disposto a reforçar os cofres do Fundo Monetário Internacional (FMI), para que este ajudasse os países emergentes a enfrentar a crise econômica mundial. Os integrantes do G-20, durante o encontro em Londres, decidiram colocar US$ 250 bilhões à disposição do FMI para novos empréstimos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, presente ao encontro em Londres, declarou que é preciso discutir ainda a quem o FMI emprestará dinheiro e sob que condições o Brasil concederá esses fundos. “O País acha que esses recursos devem ser concedidos preferencialmente aos paises emergentes”. Depois de entrar para o grupo de paises credores do FMI, o Brasil vai lutar para ter mais voz e colocar na direção do organismo multilateral um representante escolhido pelos paises emergentes. Essa é uma das frentes de interesse do Brasil nas discussões para reformar do FMI e do Banco Mundial (BIRD), que foram acertadas na reunião do G-20.

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Catequese solidária

Igreja e comunidade Voz do Pastor

A MUDANÇA DE ÉPOCA

USO DE BLOGUES NA

É

CATEQUESE

Dom Dadeus Grings

Pe. José Carlos de Azevedo e Sá (Portugal)

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

hora de usarmos o blog como estratégia educativa. Isto nos obriga a uma mudança de mentalidade e a novas formas de pensar e fazer catequese. O computador, e os recursos que nos oferece, pode estar ao serviço da catequese, quando pedimos às crianças que façam pesquisas, que produzam conteudos, que interajam com outras pessoas e com o próprio grupo através da Web. Os catequistas não se limitam a transmitir conteudos, mas criam condições de verdadeira partilha e reflexão, deixando de ser um ensino vertical, de cima para baixo, para um ensino horizontal, em que os saberes, emoções, descobertas das crianças são devidamente valorizadas, juntamente com a do catequista. Os blogues revelaram-se autênticos aliados na educação. Eles derrubam as barreiras do espaço e do tempo que a catequese tradicional impõe. Isto é: a catequese tradicional limita-se, atualmente, a pouco horário por semana, e a uma sala. Fora disso, não há mais catequese. E se a catequista pede que as crianças trabalhem algum tema, só na catequese seguinte se pode constatar a evolução do mesmo. Caso contrário, obriga a deslocações ou comunicações, mais dispendiosas. E os pais não sabem a evolução dos filhos, a não ser que perguntem frequentemente aos filhos e à catequista. O blog permite que se fuja destas dificuldades. Se o blog for gerido em co-autoria com as crianças, existem enormes VANTAGENS que poderão ser aproveitadas: * as crianças que faltaram poderão acompanhar o que foi feito pelo grupo; * as crianças farão trabalhos que irão publicar, fazendo com que tenham mais cuidado com a sua produção; * o catequista acompanha o trabalho, e pode ajudar e incentivar; as crianças poderão consultar, e comentar e refazer comentários, aprofundando a reflexão; * a partilha de outras ideias, saidas do grupo, ou de visitantes estranhos ao grupo, pode ajudar a reflexão; * os pais poderão acompanhar aquilo que está sendo feito na catequese; * o pároco também poderá dar o seu contributo, já que, na maioria das situações, não pode estar presente na catequese;

Isto exige competências novas

Mas por que não apostar em formação dentro desta área? Exige que as crianças tenham computador e internet. Mas temos de começar por algum lado. Hoje em dia, com o programa “computador na escola” e as lan house até em vilas pobres, já muitas crianças possuem estes meios. Usemo-los a serviço da catequese. Estou convencido de que poderíamos e deveríamos ir mais longe do que simplesmente levar informações com o blog da Paróquia. Sem descurar esta utilização, poderemos deixar que o blog seja como mais uma “criança” do nosso grupo, em que os colegas se sirvam para partilhar ideias, para refletir, criar uma comunidade virtual. Isto só se consegue se as crianças puderem também publicar. Solicite a criação de um blog, em regime de co-autoria, para acompanhar e completar a catequese presencial.

Marília Hoffmeister Caldas - 21/05

E

ncontramo-nos no tempo. Isto significa que nos situamos entre o passado e o futuro. Real, a rigor, é só o presente. O passado já foi e o futuro ainda não é. A teoria da relatividade de Einstein, que revolucionou nossa posição no universo, não vale apenas do espaço, que garante que o centro do universo é constituido pelo lugar que o observador nele ocupa. Vale também do tempo. A rigor, o ponto de observação é o presente. Mas, dai não observamos nada, se não o situarmos entre o passado e o futuro, ou seja, entre a memória e a previsão, o que equivale a colocá-lo na perspectiva da herança e do projeto. Acontece que o presente, ou seja, nossa realidade existencial, adquire colorido diferente pela preponderância que se dá ou ao passado ou ao futuro. No início da vida, ou seja, no passado, o período da infância e da juventude costuma realçar o projeto do futuro. Vive-se para frente. Predomina o que se quer ser, mas ainda não é. Na idade mais avançada prevalece a lembrança do passado, com destaque ao que foi. Valoriza-se a memória e se referem aos ‘bons tempos’. É o tempo da saudade. Numa época de mudança, que chega a ser denominada mudança de época, o ponto de vista do observador é crucial. Vendo o presente sob o prisma do passado, registra crises. Há algo que está mudando, o que quer dizer que está deixando de ser, para se transformar. Neste ponto de vista, a sensação torna-se lúgubre. Um mundo desmoronando. Gera angústia. Os próprios profetas e sacerdotes, no dizer do Antigo Testamento em período de destruição da cidade de Jerusalém, andam perambulando, sem saber o que se passa. Ficam apenas as lamentações. O mesmo aconteceu com a queda de Roma, sob as investidas dos bárbaros. Um mundo estava ruindo. E os que viveram no turbilhão da mudança garantiam que se tratava do fim do mundo. Mas não é este o único ponto de vista para analisar as mudanças. Pelo contrário, existe outro, bem mais alentador, que projeta nova luz sobre o presente. É

a atitude de interpretá-lo à luz do futuro. Não ficamos no que foi, como que agarrados desesperadamente ao passado, mas projetamos, no presente, nosso futuro. Não se trata de adivinhação nem de profecia, mas de uma análise da direção dos acontecimentos, fixando a atenção no ponto de chegada e não no de partida. O futuro dá consistência ao presente. Permite entendêlo e, mais ainda, vivê-lo, não diria com resignação, mas com ânimo, olhos fixos na grande meta, que os sinais dos tempos nos apontam. Já registramos e analisamos os principais sinais dos tempos da nova época. Não são só indicadores do futuro, mas, mais especificamente, garantias para o presente. Quando os ‘bárbaros’ saquearam Roma e os vândalos devastaram a África, deixando atrás de si terra arrasada, todos viviam assombrados pelo fim do mundo. Só o grande Agostinho, bispo de Hipona, com a lucidez de quem vê o presente a partir do futuro, estava confiante. Lançou então os alicerces do Regime de Cristandade. Era ele o único a falar de esperança. Garantia que, se a humanidade, com o gênio da romanidade, criou uma civilização, que assombrou o mundo pela perfeição linguística, jurídica e política, a mesma humanidade, agora sob a luz da fé cristã e sob o impulso do Espírito Santo, seria capaz de construir outra civilização, ainda mais perfeita. Nesta perspectiva do futuro escreveu a monumental obra ‘A Cidade de Deus’. Vimos a meta para a qual os sinais dos tempos, hoje, apontam. Mas ainda nos encontramos no torvelinho das mudanças. Elas constituem um tormentoso desafio para o presente. Concretizam-se nas crises, que abalam nossas estruturas, tão profundamente, que os especialistas chegam a falar de mudança de época, para garantir que se trata de algo muito profundo e arrasador. Como encarar essas crises? Não as superaremos ignorando-as, tampouco tentando voltar para trás. Não as interpretamos, pois, pelo passado, mas tentaremos superá-las na perspectiva do futuro. É a meta, ou seja, a perspectiva da mudança feita, que possibilita a aceitação e superação da mudança que se está fazendo.

PENTECOSTES, O DOM DE DEUS Antônio Mesquita Galvão

S

Escritor

anto Agostinho disse, certa vez, que “os cristãos têm tanto Espírito Santo quanto amam a Igreja”. O que significa esta afirmação? Amamos a Igreja à qual pertencemos? Nós amamos a Igreja que somos. Sim, pois é impensável estabelecer juízos a respeito da Igreja sem que o Espírito Santo esteja no meio desse pensamento, pois esse mesmo Espírito fundou, preside e é “alma” da Igreja. Vejo com tristeza a parcimoniosa busca que os cristãos empreendem na direção do Espírito Santo. Tenho um portfólio de cursos que ministro em escolas, comunidades e casas de formação. Pois a procura pelo estudo sobre o Paráclito aparece em um modesto sexto lugar em procura, atrás de “Vida depois da morte”, “Seitas e religiões afro”, “Reencarnação e ressurreição”, “Sacramentos” e “Bioética”. Essa inapetência dos cristãos em estudar o Espírito Santo é algo a ser aprofundado... Não é pelo mistério, pois escatologia e sacramentos também estão envoltos naquele mistério que caracteriza a limitação humana. Estuda-se até onde é possível... Pois na expectativa de Pentecostes, a Igreja reflete sobre a ressurreição de Jesus. Para o evangelista Lucas, o programa missionário de Jesus, proclamado na sinagoga de Nazaré, tem início com a força e a unção do Espírito de Deus (cf. Lc 4, 14-21). Igualmente, a Igreja nasce sob o fogo do Espírito em Pentecostes (cf. At 2, 1-11). O que fora disperso em Babel, agora é unificado em Pentecostes. A nova humanidade se agrega na Igreja, a partir daquela inesquecível manhã de domingo... As línguas de fogo e o vento impetuoso, sinal da efusão do Espírito, tornam seus membros testemunhas universais da boa notícia da ressurrei-

ção. A vida venceu a morte. Definitivamente. O Espírito de Deus agora paira sobre a Igreja e seus membros, manifestando-se em vista do bem comum (cf. 1Cor 12, 7), anulando toda distinção social e racial entre “judeus e gregos, escravos e livres, homens e mulheres”, pois todos estão batizados em um mesmo Espírito (v. 13). A manifestação de Deus, através de seu Espírito, em Pentecostes, conforme Jesus prometera, dá como diz o poeta, “à Igreja um novo vigor”, como uma água limpa que lava, como uma fonte saborosa que mata a sede, com um refrigério que bane o calor e restaura nossas forças. O kairós (um tempo especial) do Paráclito, segundo Jesus, traz para a Igreja uma nova dimensão de conhecimento, memória e santidade. Quando ele chegar, “...o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele ensinará a vocês tudo e lhes trará à memória tudo quanto eu disse a vocês” (Jo 14, 26). Incontáveis vezes, em nossas orações, temos rezado “... creio no Espírito Santo, na santa Igreja Católica...” ou, ainda, “...creio no Espírito Santo, Senhor dá a vida, ele que falou pelos profetas...” sem nos darmos conta da profundidade e da responsabilidade que é professar a fé na Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ao exortar os cristãos, da Igreja nascente, à devoção ao Paráclito, São Paulo lembrava algo muito importante: “Ou não sabem que o corpo de vocês é templo do Espírito Santo, que está em vocês, que receberam de Deus, e que, portanto, vocês não se pertencem?” (1Cor 6,19). No evangelho após a Páscoa (Jo 20, 19-23), vimos que Jesus soprou o Espírito Santo sobre os apóstolos, repetindo o sopro criacional do Pai, numa prefiguração da efusão universal do Pentecostes que aconteceria alguns dias mais tarde. Desde aí, conforme prometido, o Espírito está no meio de nós, enchendo-nos com sua luz, seus dons e seu dinamismo que não admite trevas, retrocesso e dúvidas sobre o projeto de Deus.


Comunidade e Igreja

Encontro de casais em segunda união Claudino Rhoden e Nina Engel Grupo Bom Pastor

“O

Evangelho inteiro é a história das misericórdias de Deus em favor das almas, por mais afastadas que elas estejam dEle, como a Samaritana, Madalena, Zaqueu ou o Bom Ladrão” - diz o teólogo dominicano Pe. Garrigou-Lagrange. Não importam os motivos por que as pessoas se afastam de Deus. O fato é que vamos nos descuidando, cometendo pequenos “enganos” em nossa vida religiosa, e, quando nos damos conta, já estamos bem longe do caminho da Fé, consequentemente afastados de Deus. É, sem dúvida, uma grande graça daquele que veio para que “todos tenham vida e a tenham em abundância”(Jo 10,10) dar-se conta do rumo que a vida está tendo. O casal que é “de Igreja” e acaba se separando pode seguramente citar entre as causas que levaram à ruptura o gradual e crescente relaxamento no cumprimento de seus deveres religiosos, a gradual e crescente perda da atração que a Igreja de sua Paróquia antes exercia. Livre desses compromissos, torna-se mais fácil partir para ocupações mais agradáveis e menos”coercitivas”, não entendendo que a verdadeira liberdade consiste justamente em poder fazer aquilo que o dever nos impõe. Mas, como diz o Eclesiastes “Debaixo do céu há um tempo certo para cada coisa...,tempo para atirar pedras e tempo

para recolher pedras...”(3, 1 e 5). O Papa João Paulo II afirma que os casais, mesmo os que com vínculo matrimonial anterior contraíram novas núpcias, não devem considerar-se separados da Igreja, pois esta foi instituída para conduzir à salvação todos os homens, especialmente os batizados, os quais continuam participando da vida da Igreja, através da Palavra de Deus e do Santo Sacrifício da Missa. Com base nesses ensinamentos, a Paróquia do Menino Deus, de Porto Alegre, convida os casais interessados para o X Encontro de Casais em Segunda União a realizar-se no dia 7 de junho próximo. lnformações e inscrições pelo telefone da Paróquia no 3233.76.02, no horário comercial.

Encontro de reflexão A Pastoral Familiar Grupo Bom Pastor estará realizando um Encontro de Reflexão para casais em 2ª União (casais que casaram na Igreja Católica, divorciaram-se e constituíram uma nova união estável). O encontro ocorrerá na Paróquia São João Batista (Porto Alegre), no dia 5 de julho, das 8 às 20 horas. Inscrições na Secretaria Paroquial, fone: 3342-4270.

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Solidário Litúrgico 17 de maio – 6o Domingo de Páscoa (

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1a leitura: Atos dos Apóstolos (At) 10,25-26.34-35.44-48 Salmo 97 (98), 1-2-3ab.3cd e 4 (R./2) 2a leitura: Primeira Carta de João (1Jo) 4,7-10 Evangelho: João (Jo) 15,9-17 Comentário: O texto de João deste domingo define e expressa o jeito de ser discípulo de Jesus: amai-vos uns aos outros (15,17). É o amor solidário, um amor entre iguais, onde todos são amigos e se querem bem, que faz toda a diferença na nova relação que Jesus veio inaugurar. Não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor (15,15). Na igreja dos que vivem o discipulado de Jesus, não há os que são mais e os que são menos, os que têm voz e vez e os que não têm voz, nem vez, os que mandam e os que obedecem, os de cima e os de baixo. O poder que eventualmente alguns membros da igreja de Jesus venham a ter, será sempre e necessariamente para servir aos demais membros. Há dois mil anos, e sem chamar isso de “revolução”, Jesus indicava como queria que seus discípulos vivessem e qual seria o sinal distintivo que os faria serem reconhecidos: o amor solidário, vivido em liberdade, em igualdade, em fraternidade. Em outras palavras: Jesus quer que, aqueles que nele crêem e o seguem, sejam mulheres e homens livres, que o seguem livremente, se sintam igualmente amados pelo Pai e que se chamem e vivam como irmãos e irmãs. Este é o verdadeiro projeto da fé cristã. É uma utopia? Sim, se pode chamar de utopia se entendermos por utopia o sonho que quer ser realizado. Jesus, o filho de Maria e Cristo do Pai, sonhou este sonho... o sonho de homens e mulheres que se amem solidariamente e que sejam, na vivência da sua fé, sinal e presença deste amor fraterno e solidário para toda a humanidade.

24 de maio – FESTA DA ASCENSÃO DO SENHOR (

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1a leitura: Atos dos Apóstolos (At) 1,1-11 Salmo 46 (47), 2-3.6-7.8-9 (R./6) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 1,17-23 Evangelho: Marcos (Mc) 16,15-20 Comentário: Ascensão do Senhor Jesus, Dia Mundial das Comunicações e início da Semana de Oração pela unidade dos cristãos. E o que têm em comum estes três eventos? O texto bíblico de Marcos nos dá a resposta: Ide por todo o mundo, anunciai a Boa Nova a toda humanidade (15,15). A Boa Nova do projeto de Jesus não se limita nem se esgota no interior da igreja; ela é Boa Nova para todos... mulheres e homens de todos os tempos, raças, culturas, expressões religiosas. Primeira relação com a festa deste domingo: o sonho de Jesus – Pai, que todos sejam um – se realiza no processo e progresso de uma crescente unidade entre todos os cristãos. O apelo de Jesus no momento de sua ascensão é dirigido a todos, sem distinção. A história trouxe dolorosas separações entre os que deveriam ser testemunho da verdade na unidade. Com o Concílio Vaticano II e o coração profético de João XXIII, uma luz do bom Espírito: é preciso olhar mais para o que nos une do que para aquilo que nos separa! A outra relação com a festa da Ascensão e do mandato do Senhor ganha, em nosso tempo, uma particular atualidade e real possibilidade de realização: os meios de comunicação e sua onipresença na vida e nas relações entre pessoas e povos. Em segundos, a população do mundo inteiro pode conhecer uma notícia, um escândalo, um desastre, um martírio, um acontecimento, qualquer que ele seja. As modernas mídias transformaram nosso mundo numa imensa aldeia global onde se pode saber tudo o que se quer. Dentro deste contexto, o tema para o 43o Dia Mundial das Comunicações, escolhido pelo papa Bento XVI, é especialmente significativo para a realização do sonho de Jesus, o anúncio da Boa Nova do Reino: novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade. A cultura do respeito pelo outro, do diálogo, da amizade pode ser sintetizada numa única cultura: a cultura da solidariedade. A solidariedade é o caminho e o nome da verdadeira paz. Este é o contexto e o objetivo do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe (PUCRS, 12-17 de julho): contribuir com o processo de construção de um mundo mais solidário e de paz. E a construção deste novo mundo passa, necessariamente, pela comunicação e pelo uso solidário e democrático das modernas tecnologias de comunicação. O mal somente vence onde os bons e honestos não se organizam e se omitem. Hoje, somos convocados para que o sonho de Jesus, da unidade de todos os que nele creem e de um mundo justo e solidário, se torne uma linda realidade. attilio@livrariareus.com.br


Porto Alegre, 1o a 31 de maio de 2009

A Romaria

A Jornada Segundo os organizadores, a Jornada tem por objetivo a animação e encorajamento mútuo dos catequistas gaúchos para sua nobre missão. “Dar novo impulso à catequese como serviço eclesial e como caminho para o discipulado”, explicam eles. A programação prevê acolhida em frente à Catedral Diocesana de Santa Cruz, seguida de ato penitencial no mesmo local. Depois, caminhada pelas ruas centrais da cidade até o Parque de Eventos da Octoberfest, onde haverá Celebração Eucarística e almoço de confraternização. À tarde, apresentações artísticas e culturais. E, às 16 horas, Celebração de Envio. A promoção é do Setor de Animação Bíblico-Catequética do Regional Sul 3 da CNBB.

A VII Romaria de Fátima é organizada pela Paróquia Estudantil e a Rede de Escolas São Francisco. E tem seu ápice no dia 17 de maio, atraindo devotos de todas as 28 escolas e paróquias da zona norte de Porto Alegre, além de outras comunidades de Porto Alegre e do Estado. O evento é precedido de novena com a participação dos alunos de primeiro e segundo graus da região, sob a coordenação do Pe. José Antônio Heinzmann, que durante o ano visita todas as escolas. Durante o período de realização da Romaria há missa diária às 16 horas no Santuário de Fátima. E, à noite, as celebrações se realizam na Igreja Santa Rosa de Lima, onde a réplica da imagem, vinda diretamente de Portugal, permanece durante nove dias.

Missão cumprida

A união de esforços por uma boa causa dificilmente deixa de ter bom êxito. Mobilizada por um casal, que prefere o anonimato, a comunidade ajudou a reformar o espaço da Casa de Passagem do Instituto do Câncer Infantil de Porto Alegre. E desde 30 de abril último, devolveu às crianças do pré e pós-operatório da instituição a possibilidade de um pouco de alegria para essa difícil etapa de suas tenras vidas.

CianMagentaAmareloPreto


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