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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, 1o a 15 de junho de 2009

Ano XIV - Edição No 539 - R$ 1,50

Jovem tem vez Nesta edição estamos destacando a jovem Angélica Rodrigues da Silva, estudante universitária, residente em Porto Alegre. Conheça o seu pensamento e as suas idéias. Página 2

Um novo Pentecostes na Igreja Contracapa

Padre: homem de Deus a serviço da humanidade O padre deve ser o mais autêntico seguidor de Jesus. Atualizado com seu tempo e contextualizado na cultura em que está inserido, é ele um bom pastor que está no meio de suas ovelhas que o conhecem e a quem conhece. Um servidor e animador da comunidade a que está designado e com quem chora, ri e celebra a vida. É isso que espera o povo de Deus.

Páginas centrais

Dom Rodolfo Weber, bispo gaúcho para o Tocantins Sua ordenação episcopal ocorreu em cerimônia na Catedral Metropolitana de Porto Alegre, dia 15 de maio último. E sua posse será em 31 de maio, na Prelazia de Cristalândia, estado do Tocantins, substituindo Dom Heriberto Hermes, que será bispo emérito. Administrará sob o lema ‘Ide e Evangelizai’: “É minha resposta ao ministério episcopal. Quero ser discípulo missionário de Jesus Cristo para que nele os povos tenham vida”, explica Dom Rodolfo. A Prelazia de Cristalândia foi criada em março de 1956. Abrange 14 municípios do Tocantins, incluindo a Ilha do Bananal, com três mil índios karajá e javaé, e quatro municípios do Estado de Goiás. Soma uma população de 300 mil habitantes, grande parte migrantes do Norte e Nordeste e também do Leste e Sul do Brasil.

Alterações climáticas: avisos da natureza?

Dom Weber (detalhe) foi ordenado na Catedral de P.Alegre

Calamidade com enchentes incomuns no norte e nordeste, emergência em centenas de municípios gaúchos por causa da seca: fenômenos comuns ou avisos da natureza agredida pelos homens? Muitos rios, arroios e sangas desapareceram por conta de equivocada busca de níveis de produtividade. O ar está cada vez mais impuro. A produção sustentável é possível? Vale uma oportuna reflexão no Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho próximo. Ainda estamos longe de cumprir o compromisso pelo futuro do Planeta.

Família: semente do futuro CianMagentaAmareloPreto

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1o a 15 de junho de 2009

Cidadania

Jovem

Editorial

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O PADRE

ela relevância que o tema tem, o Solidário volta a comentar nessa edição o perfil do padre/presbítero de que a humanidade precisa, hoje. E é preciso acentuar: que a humanidade precisa, não apenas a comunidade dos fiéis. E isso já vai definindo e estabelece uma das características do perfil deste homem, tantas vezes incompreendido na sua opção vocacional e outras tantas, contraditório na vivência desta opção: ele é alguém para a comunidade religiosa e para a sociedade civil. Por ser a vocação do padre uma vocação tão diferente das vocações/profissões em geral, é óbvio que o padre fique muito exposto às críticas, a insinuações de toda ordem, onde não faltam aquelas que põem em dúvida sua virilidade ou, então, sua coerência e autenticidade nas suas relações. E um dos aspectos que desgasta a figura do padre e marca negativamente sua atividade pastoral é ser, constantemente, o principal alvo de um vasto repertório de contos humorísticos e piadas de mau gosto, quando não grosseiras e de baixo calão. O celibato obrigatório do clero católico romano enseja estas insinuações, sem dúvida. Para manter-se de pé, digno, alegre e entregue à sua missão, ele precisa aceitar, estoicamente, este verdadeiro estigma que lembra o “espinho na carne” do qual falava S. Paulo. Depois de colocar em nossas páginas, em edições anteriores, o debate realizado pelos Bispos do Brasil em sua recente Assembléia Geral sobre este tema, nesta edição publicamos opiniões de pessoas que responderam o que esperam do padre em suas comunidades e na sociedade. Entre as pessoas ouvidas, destacam-se opiniões que abordam diferentes aspectos deste novo perfil do padre para uma nova época humana. Vale ressaltar que estas opiniões dão ênfase ao padre como seguidor de Jesus, homem de Deus, servidor e animador da comunidade, alguém atualizado, homem do seu tempo e que está a serviço de uma causa maior pela qual vale a pena viver toda uma vida. Lembra uma imagem bíblica, síntese dos depoimentos: um bom pastor, que está no meio das suas ovelhas, que as conhece e é conhecido por elas, que as acolhe como iguais, que chora com quem chora, que ri e celebra com quem se alegra. Um homem de Deus para os demais (páginas centrais). A festa do Espírito Santo ou Pentecostes não é, de modo algum, a menor e menos importante das três grandes festas anuais do calendário litúrgico. Jesus sempre faz referência ao Espírito que ele vai enviar do Pai e que vai ensinar e fazer conhecer tudo o que era absolutamente misterioso e incompreensível para os discípulos. Os depoimentos de Mariano Bersch e Egon Roque Fröhlich (contracapa) enfatizam a importância fundamental do Espírito de Jesus, o Espírito Santo de Deus para a compreensão e a vivência da fé cristã e suas sempre novas e diferentes exigências. Ganha ainda maior relevância a oração confiante ao Espírito Santo neste tempo de tantas e tão profundas dúvidas, questionamentos, contradições, perplexidade e medo do que “está por vir”. O Espírito Santo é a presença continuada de Jesus e a força para a realização do seu Projeto de um mundo justo, solidário e de paz. attílio@livrariareus.com.br

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

Ano XIV – Nº 539 – 1º/06/09 Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Paulo Oliveira da Rosa (voluntário), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS Jorn.Thais Palharini (voluntária) Impressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 – Centro – CEP 90010-282 – Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

tem vez

A

ngélica Rodrigues da Silva, 19 anos, estudante universitária, residente em Porto Alegre é a entrevistada desta edição.

* Fala um pouco de ti. Sou uma pessoa alegre, extrovertida, que se preocupa com os outros, principalmente os que amo. Tenho amigos em quem posso confiar de verdade, e uma família que me dá todo o apoio necessário para ser feliz. * O que pensas fazer no futuro? No futuro penso em ser uma profissional competente, ter minha família sempre por perto e meus amigos também. E ser uma pessoa muito feliz.

Believe-Cher. * Um medo. Solidão. * Um defeito do qual gostarias de te livrar? Insegurança. * Qual o maior problema dos jovens, hoje? Muitos jovens atualmente só pensam em si mesmos, não dão bola para os que estão à sua volta e precisam de algo, então eles são muito egoístas.

* Qual o maior problema no Brasil de hoje? * Fala de tua família. O Brasil está cresEu adoro minha família, cendo, mas os problemas quando estou com eles me continuam e ninguém reesqueço de tudo, pois me sinto solve. E para mim o maior muito feliz. Eles me dão todo problema é o esquecio apoio necessário. Eu adoro mento de cuidar da nossa cada um. E sei que eles tampopulação. Pois o governo bém tem um carinho grande Angélica Rodrigues da Silva brasileiro não está consepor mim. guindo cuidar da saúde dos que precisam ter cuidados médicos. * Fala de teus (tuas) amigos. Meus amigos são muito importantes para * O que pensas da política? mim, pois me sinto segura com eles, quando preA política é corrupção, mas é quem governa ciso de ajuda sei que estarão lá, assim como eles o Brasil. Então precisamos de alguém que queira sabem que também podem contar comigo. realmente cuidar do nosso país. Mas os jovens não se interessam muito por política. Mas os futuros * O que consideras positivo em tua vida? políticos serão os que se preocuparão com nosso Tudo eu considero positivo, pois tive muita país. sorte de ter a família e os amigos que tenho. Tenho de positivo também as oportunidades que tive. E * Sobre a felicidade. ser quem sou. A felicidade é o estado de espírito máximo. Há felicidade quando nós estamos bem com tudo * Um livro que te marcou. que temos. É a felicidade que nos faz viver, pois Crepúsculo. vivemos sempre a procura dela. E é o que desejamos a qualquer um. * Um filme inesquecível. O Curioso Caso de Benjamim Button * Já fizeste algum trabalho voluntário? Já fiz ações voluntárias com o CLJ da * Uma música? Igreja Nossa Senhora das Dores, nós já fomos à casa de reabilitação para mulheres usuárias de drogas, Hospital Infantil do Câncer e outras de Cursos de Especialização que não me recordo.

PÓS-GRADUAÇÃO PUCRS Conhecimento para você chegar mais alto. www.pucrs.br/pos

* O que pensas de Deus? Deus é força. Pois é ele que me dá a força de que preciso para enfrentar os obstáculos. * Uma mensagem aos jovens. Tenha objetivos e sonhos na vida, para que possa chegar onde você queira e realizar seus sonhos. Assim terá a felicidade que sempre quis. Acreditem mais em vocês.


Família e sociedade

1o a 31 de maio de 2009

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“A Família é o elemento fundamental da sociedade e tem a responsabilidade primária pela proteção, crescimento e desenvolvimento das crianças”. UM MUNDO PARA A CRIANÇA É UM MUNDO PARA A FAMÍLIA. ONU, PE, UNICEF, 2002

Família: semente do futuro Família: grupo estruturante da sociedade A Família, realidade cultural e sociológica, tem por base o compromisso estável, publicamente assumido, entre um homem e uma mulher, que livremente se escolheram, que responsavelmente decidem ser fiéis um ao outro e que acreditam no valor da vida. Os direitos e as responsabilidades da Família são próprios e inalienáveis, porque a Família é anterior ao Estado. Este tem o dever de assegurar o exercício dos direitos familiares da pessoa e dos direitos sociais da Família e de potenciar as capacidades próprias da Família para assumir as suas responsabilidades. O reconhecimento dos direitos da Família constitui um aspecto fundamental da promoção dos Direitos Humanos.

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Família: responsável natural pela educação dos filhos É na Família que deve nascer a criança, ser único e irrepetível, é nela que se educam as gerações e se constroi o mundo dos valores, sentimentos e afetos sem os quais a pessoa dificilmente cresce, se desenvolve e sobrevive. A defesa dos direitos da criança coincide com a defesa dos direitos e responsabilidades da Família. O Estado tem de respeitar o projeto educativo que os pais livre e responsavelmente escolhem, de facilitar a conciliação entre a vida familiar e o trabalho, de estimular a responsabilidade social/familiar das empresas e de não penalizar fiscalmente a Família.

Família: agente determinante de progresso

Família: garantia da democracia

Estudos de sociologia, de economia e ensaios políticos reconhecem a Família como protagonista determinante do desenvolvimento sustentado: econômico, social, cultural e moral. A Família é uma unidade criadora de riqueza e não é uma simples unidade de consumo porque: • garante a indispensável renovação das gerações; • é a fonte natural do capital humano indispensável à construção do futuro, pela forma como exerce a sua função educativa; • presta serviços gratuitos: educação, acompanhamento na doença, proteção de idosos, prevenção de situações de risco e de várias formas de exclusão social; • é geradora de estabilidade; • é garantidora da democracia; • é limite natural ao poder político. É hoje um dado adquirido a nível mundial, conforme tantas vezes a ONU tem insistido, que o desenvolvimento e o fortalecimento dos países passa pelo investimento na Família como meio natural de crescimento e educação das novas gerações, a futura população ativa, e como a melhor prevenção para qualquer forma de pobreza.

A valorização da instituição familiar é a questão decisiva de todas as épocas, porque a Família constitui o barômetro da sociedade. Enquanto as medidas de política se centrarem no indivíduo isolado e abstrato e não na Família, a democracia fragiliza-se e vai sofrendo fraturas. A política centrada na Família é indispensável à superação da crise da sociedade atual e a garantia de um futuro possível para a vida em liberdade e democracia. A classe política tem de entender que a Família é hoje a questão central e que não bastam orientações e enumerar medidas. São necessárias medidas concretas e integradas nas áreas Fiscal, da Educação, da Saúde, da Habitação e Urbanismo, do Trabalho, dos Transportes, da Segurança Social, da Cultura, do Desporto... A classe política não deve confundir política assistencial com política familiar. Os destinatários desta são todas as famílias. Os destinatários da política assistencial/social são as pessoas abrangidas por qualquer forma de pobreza ou vulnerabilidade. Por esse motivo, a Política de Família deve ser coordenada ao nível da Presidência e, nunca, ser um sub-departamento de qualquer Ministério ou Secretaria de Estado setoriais. *Publicação da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas


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Opinião

1o a 15 de junho de 2009

DERRUBANDO FORTALEZAS

“Quem pensa que o povo não pensa, ainda não foi julgado por ele.” Raidhid

CONSTRUIR BARCOS Carmelita Marroni Abruzzi

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Professora universitária e jornalista

onheci dois amigos que passaram longos anos discutindo o barco que construiriam. E, em sua imaginação, o fizeram em seus menores detalhes; porém, esqueceram um elemento fundamental: como o transportariam até a água; a construção ocorreria nos fundos da casa, sem qualquer passagem aberta para a rua! Muitas vezes em nossas vidas “construímos barcos”. Fé, idealismo são necessários, importantes para a humanidade. Grandes avanços se originaram em ideias, que, por vezes, pareciam utópicas. Entretanto, não se pode ficar no campo das teorias. Diz um ditado popular que “o inferno está cheio de boas intenções”. Há necessidade de concretizar ideias, colocar “os pés na terra” e partir para a ação. Todos nós conhecemos pessoas que se comovem até as lágrimas com imagens de velhinhos sofrendo maus tratos ou de crianças famintas, mas não se engajam em qualquer trabalho para minorar esse sofrimento. Há muitos anos, Irmão José Otão, um dos grandes reitores da PUCRS, escreveu um artigo: “A vontade de vencer”. Nele, destaca a importância de as pessoas terem seus planos de vida e organizarem-se para concretizá-los; isto exigiria um programa que deveria ser preparado desde cedo, a partir de uma filosofia de vida que respeite uma escala de valores. E essa escala visa incluir valores de ordem humana, social, moral e espiritual. Isto se evidencia quando vemos pessoas muito ocupadas, inclusive profissionalmente, que se organizam e reservam tempo para atividades solidárias. Elas têm um plano de vida, sua escala de valores, suas crenças; observam o mundo, veem o que não está bem e encontram tempo para fazer algo de concreto. Essas pessoas não passam horas na mesa de um bar ou num banco de praça, lamentando o que está mal ou discutindo soluções para os grandes problemas do país. Elas empregam essas horas para procurar soluções, para realizar atividades que, talvez, possam ajudar a abrir horizontes para a vida de muitos outros. Sempre é tempo para se pensar no assunto; por vezes há necessidade de parar, revisar nossos princípios, analisar nosso rumo. Quem sabe não estamos muito dispersivos, gastando energia sem resultados práticos? Afinal, nenhum de nós quer chegar ao fim de sua existência sem saber para que viveu. Não podemos passar nossa vida com projetos mirabolantes, esfumaçando a realidade ao nosso redor. “Construir barcos” é preciso, mas é necessário colocálos a navegar. debruzzi@ig.com.br

Antônio Algayer

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Advogado

a encosta ocidental do Monte das Oliveiras, alteia-se, na paisagem, pequeno templo que tem a forma de uma lágrima. No frontispício da edificação leem-se as palavras “Dominus Flevit” (O Senhor chorou). O sítio traz à memória momento de extrema aflição de Jesus. Na outra banda do vale de Cedron erguiase, altaneira, vibrante de vida e de cores, a cidade de Jerusalém. À vista da bela metrópole do judaismo, do Templo, dos muros, dos torreões e baluartes, monumentais símbolos da glória de Israel, Jesus não conteve as lágrimas. Interpretando os “sinais dos tempos,” percebera, com humana sabedoria, que em breve aquilo tudo seria reduzido a escombros, não ficando pedra sobre pedra. O episódio torna transparente a humanidade de Jesus de Nazaré. O pranto é atributo inerente ao ser humano. Judeu pelo sangue e pela fé, Jesus ama entranhadamente o seu povo, a sua nação, o seu país. Possui identidade cultural, integra contexto histórico, é consciente de sua origem étnica, vincula-se a uma tradição. A recusa do seu projeto messiânico resultou em desfecho catastrófico para o seu povo! Ao contemplar, à meia encosta do Monte das Oliveiras, o majestoso monumento da fé de Israel, Jesus proferiu o vaticínio que se transformaria em trágica realidade no ano 70 de nossa era, quando as legiões de Tito destroem o Templo e tomam a cidade a ferro e fogo, crucificando ou passando ao fio da espada os seus habitantes. O vale de Cedron, que se interpõe entre a esplanada do Templo e o Monte das Oliveiras, simbolicamente desenha na paisagem hierosolimitana a separação entre a Sinagoga e a Igreja. Milan Machovec declarou que ”a separação entre o povo da primeira e da segunda aliança constituiu uma das maiores tragédias de toda a história

bimilenar da herança de Jesus”. Afortunadamente, as tensões entre o povo da Antiga e o da Nova Aliança tendem a atenuar-se. A hora não é propícia aos confrontos e desencoraja novas dilacerações. A herança de Abraão, pai da fé das três grandes religiões monoteístas - o judaísmo, o cristianismo e o islamismo – vem sendo revigorada pelo diálogo interreligioso preconizado pela Igreja através da Declaração NOSTRA AETATE do Concílio Vaticano II. E motivou o encontro de dezenas de representantes de diferentes confissões religiosas unidos em prece pela paz numa das colinas de Assis. Na visita a uma sinagoga de Roma, o papa João Paulo II endereçou-se aos judeus como “nossos irmãos mais velhos na fé”. E, em gesto imitado por Bento XVI, orou numa mesquita islâmica Tais eventos convidam-nos a refletir sobre um mundo a exigir a derrubada dos muros de preconceituosos estereótipos que seguem dividindo a humanidade e as confissões religiosas até mesmo em assuntos de comum interesse, qual seja a defesa da vida humana e a integridade do planeta. Se tal não acontecesse, o fim dos tempos não tardaria a chegar. Somos seres interdependentes, conectados ao cosmos, inseridos na cadeia da vida. E somos, no dizer do papa Bento XVI, necessários. Necessários? Sim, porque a humanação do Verbo na pessoa de Jesus de Nazaré tornou-nos seres divinizados e a ausência de qualquer um de nós deixaria o mundo mais pobre Oremos pelo êxito da visita do Papa a áreas conflitadas da Terra Santa. O peregrinar de Bento XVI por território que Pedro, o seu antecessor, após tríplice profissão de amor ao Sumo Pastor Ressuscitado, lembra a incumbência dele feita a Simão Pedro de reger o rebanho de cordeiros e ovelhas, A visita papal será contributo válido para o estabelecimento da justiça entre palestinos e israelenses. Não acontecerá sem a iniciativa e mérito dos que promovem a paz, os quais, no Sermão do Monte, são chamados filhos de Deus.

RENOVAÇÃO DO AMOR José Eduardo de Moura Missionário da Comunidade Canção Nova

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enhum tipo de relacionamento entre pessoas está livre de conflitos e discussões. As pessoas são diferentes umas das outras. Como se não bastasse, cada uma teve um tipo de criação, um círculo de amigos, professores, mestres etc. E essa bagagem influencia os relacionamentos, incluindo o casamento. Mesmo aqueles casais que são exemplos de respeito, carinho, atenção e amor aprendem dia a dia como agir, adaptando suas atitudes para a manutenção da relação. Para saber se um casal tem ‘futuro’, basta avaliar como lidam com determinadas situações. Há casos em que até mesmo desavenças passageiras são capazes de alterar a vida conjugal. Obviamente, ninguém em meio a uma acalorada discussão tende a ressaltar qualidades do outro. Ao contrário, ainda que a pessoa tenha qualidades e virtudes notáveis, mais cedo ou mais tarde acabam se afogando no mar de palavras pejorativas. Por isso, é necessário ter cuidado sempre, calculando os resultados. Momentos conflituosos podem acabar em verdadeiros campeonatos para saber quem consegue ser mais hostil para com o outro. Incrível, mas é verdade. Muitas vezes, as discussões têm início por causa de uma bobagem e acabam mal, com agressões morais e físicas, difíceis de serem apagadas da memória. Dificuldades financeiras e conflitos familiares são os problemas mais recorrentes. Sem perceber, mesmo em momentos de intimidade, o teor da conversa esbarra em problemas difíceis de serem digeridos. É como se o casal adotasse um novo vocabulário, muito diferente das doces palavras pronunciadas à época de namoro. E, sem palavras de carinho e apoio, o abraço solidário e

apaixonado fica cada vez mais fora do contexto. Com o passar do tempo, homem e mulher encontram pouco espaço para se abrir um com o outro e reviver momentos agradáveis. Pouco a pouco, o distanciamento torna muitas situações insustentáveis, transformando um casal feliz em pessoas amargas e frustradas. As sequelas de uma discussão mal administrada podem resultar em feridas que não cicatrizam nunca, levando o relacionamento - que um dia foi sadio - ao fim. O único ‘remédio’ para manter a saude do relacionamento é conquistar o outro todos os dias. Olhar para a pessoa com quem se divide uma vida inteira e ainda encontrar motivos para cativá-la mais, mantendo o “fogo alto”. A sincera disposição para o diálogo amoroso pode ser o estímulo que faltava para salvar um relacionamento adoentado. Às vezes, é necessário ceder. Longe de ser uma demonstração de fraqueza, trata-se de um ato de grande bravura. Mais do que isso, é preciso declarar o seu amor, ainda que em meio à discussão. Se cada um der o melhor de si dentro do relacionamento, não haverá problema que não possa ser solucionado a dois. Relacionamentos amorosos têm discussões e desavenças. É utopia pensar o contrário. O que vale é saber que seu casamento não se concretizou apenas no dia da cerimônia, diante do sacerdote e das juras de amor e fidelidade proferidas diante dos presentes. Esses votos devem ser renovados a cada novo dia, tendo como bagagem a experiência de toda a convivência. Dedique-se, tenha fé, e faça de sua relação um eterno namoro, hoje e sempre. www.cancaonova.com

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Educação e psicologia

Erotização infantil Jorge La Rosa Professor universitário. Doutor em Psicologia

É

impressionante a erotização do mundo infantil. E é uma pena, porque cada fase da vida tem seus encantos, suas tarefas e seus desafios. A infância é o momento do lúdico, da descoberta do mundo, do sonho, do aconchego do lar, da iniciação escolar. E em meio a toda essa atmosfera, os adultos como indivíduos e a sociedade como um todo destroem o sonho e violam a infância introduzindo, fora de tempo, o erótico em tão tenras existências! Violência escancarada, estupro do desenvolvimento infantil! Wynand Delport

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As mídias As mídias, especialmente a televisão, vendem sexo explícito ou quase explícito em horários que nossas crianças estão sentadas diante do aparelho sorvendo as imagens-estímulo para a atividade sexual. Mostrar sexo aumenta a audiência, objetivo dos meios de comunicação, ainda que isso inocule, fora de tempo, o interesse pelo sexo em vidas incipientes que têm outras tarefas prioritárias para essa época de desenvolvimento, e que serão prejudicadas pela inoportuna introdução do erótico. O interesse pelo sexo surge na adolescência, quando ocorre também verdadeira revolução hormonal no corpo do indivíduo – e quando será, então, o tempo de trabalhar o seu significado e sentido na vida humana. Os pais e a sociedade como um todo e as mídias de modo particular estão, assim, queimando uma etapa da vida humana, ou, ao menos, introduzindo elemento extemporâneo, com prejuizos para as crianças: não sabemos, ainda, todas as suas consequências na formação do futuro adulto, que teve uma infância invadida e que, por isso, o brinquedo, o jogo e o sonho e as atividades escolares que deveriam ser as colunas do desenvolvimento infantil foram desestabilizadas e parcialmente substituidas. Haverá no seu coração espaço para essas dimensões que são comumente cultivadas no início da jornada humana? Que tipo de adulto será? Sabemos, e cada vez mais, que adulto saudável é aquele que soube integrar na sua personalidade as coisas boas de cada fase, e soube superar suas mazelas típicas. O sonho, o lúdico, o espírito de brincadeira e a transparência são os atributos gloriosos da infância que ornarão um espírito adulto; a birra, o egocentrismo, a dependência serão as mazelas que deverão ter sido erradicadas. As fases existem não simplesmente para serem superadas, mas integradas. Pois é riquíssimo o legado de cada uma para constituir o todo da vida humana. Não foi em vão que Jesus disse: “Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino do céu” (Lucas 18, 16-17).

Freud e a latência

Crianças passam horas em frente à TV, muitas vezes sem controle do que assistem

Adultos e sociedade

É preciso reconhecer a responsabilidade dos adultos e da sociedade. Quantas mães pintam precocemente os lábios de suas filhas de seis, sete anos, quando não antes, e as vestem de modo sensual para serem admiradas e cobiçadas? Além de levá-las aos institutos de beleza para pintar unhas, cabelo e até para se maquiar? E os pais que induzem também precocemente seus filhos a serem conquistadores e garanhões? E as festinhas de aniversário quando são feitas em ambientes que imitam as boates, com pouca luz e incitando a proximidade física e o toque sensual? Nesse sentido, outro dia, uma mãe se dirigiu pressurosa à escola em que sua filha de seis anos estudava para mostrar o bilhete que tinha encontrado na roupa dela, enviado por um coleguinha da mesma idade: “Cláudia, eu te amo. Você quer transar comigo? Ass.: Pedro.”

Não é demais lembrar o velho Freud que caracterizava o período de vida da criança entre os seis/sete anos e os 10/11 como “latência”, isto é, o período em que o sexo está dormindo, e deixa tempo para a criança viver outras realidades e se dedicar às atividades escolares. O que diria hoje Freud ao ver todas essa erotização infantil? A cultura, a sociedade, as mídias e até os pais parecem querer acordar esse gigante antes da hora. Por quê? Não estarão equivocados? Não estarão contribuindo para a formação de adultos mais tristes, para uma sociedade mais depressiva? Onde as coisas boas da infância já não têm guarida, onde já não se cultiva o sonho nem a inocência? Que tipo de mundo, afinal, queremos? Estamos conscientes das consequências de nossos atos e de nossas práticas educativas ou deseducativas? Estamos sendo suficientemente responsáveis quando erotizamos a infância? Por que será? Não temos, então, outra mensagem para a vida incipiente, outros valores, como Deus, o afeto, a ternura, a amizade, o gosto pelas atividades intelectuais? Estamos, assim, tão pobres que o legado que lhe podemos dar - praticando violência contra a natureza - seja a erotização de suas vidas? Precisamos pensar, e assumir a responsabilidade que nos cabe. Ninguém é imune, ou ninguém pode ficar alheio a esta missão.


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Tema em foco

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Padre a serviço do povo de Deus

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a edição anterior (538), repercutimos as expectativas e opiniões de algumas autoridades eclesiásticas brasileiras que participaram da elaboração de um novo documento de orientação para a formação dos presbíteros, redigido e votado durante a 47ª assembleia da CNBB, encerrada em 1º de maio último em Itaici, SP. O novo guia, aprovado após várias revisões, pela unanimidade dos bispos que são os superiores institucionais imediatos dos padres, só será divulgado depois de autorização do Vaticano. E o que diz e espera do padre o Povo de Deus, de quem ele está a serviço? É ele um discípulo missionário e real imagem do seu modelo inicial? Esforça-se sinceramente para estabelecer e demonstrar essa intimidade com Jesus de Nazaré, o primeiro sacerdote? Sabe dividir – e, de fato, divide - tarefas administrativas e pastorais com a sua comunidade? É um servidor com coragem de desinstalar-se, um animador a serviço da comunidade que lhe foi destinada? É alguém presente e disponível 24 horas na vida das pessoas da comunidade, vivenciando seus problemas? Sabe acolher afetuosa e carinhosamente seus fiéis? O que admira e o que não admira no padre?

O presbítero hoje Gerson Laureano

Um animador Ivo Hammes

O bom pastor conhece as ovelhas “Espero do padre que ele seja um autêntico seguidor de Cristo. Uma pessoa que demonstra ter fé no que está pregando. Que tenha uma boa formação intelectual e que esteja em busca de novos conhecimentos, especialmente que conheça a realidade social. Que evite a arrogância e que se relacione com uma espontânea simplicidade com o povo todo. Nesse sentido, ouço, por vezes, queixas como ‘esse padre só cumprimenta alguns, a gente ele não enxerga’. Para mim, o modelo do padre deveria estar de acordo com o que afirma o Evangelho: ‘o bom pastor conhece as suas ovelhas e suas ovelhas o conhecem’. Ele é um ser humano, portanto, sujeito a ter defeitos e limitações. E também tem direito a pequenos ‘caprichos’. Mas decepciona-me muito ver alguns assumindo falsa fachada. Ou, em vez da humildade e da caridade cristãs, externa soberba ou, ainda, apegado exclusivamente a um moralismo farisaico, põe nas costas do seu povo fardos que ele mesmo não carrega”. (Ivo Hammes, filósofo e professor - Paróquia São Cristóvão da Boa União, Estrela/RS)

Natália Bourscheidt

Íntimo do Nazareno

“Do padre, espero que seja um fiel sacerdote, íntimo do Nazareno em suas atitudes, suas pregações, em suas relações do cotidiano, enxergando e acolhendo os mais humildes e também os afortunados. Que seja devoto e fervoroso. Que saiba ‘estar’ no mundo moderno e aberto aos avanços das ciências humanas. Que se considere o ombro alentador também nas desgraças e adversidades de todos os seus semelhantes, independente de religião, classe social ou cor, investindo um pouco de seu tempo em favor da paz, do bem- querer e do confortar com ouvidos sábios e palavras sensatas. Que ele seja o espelho do Deus Amor, sem julgar. Que siga os mandamentos e que não cometa deslizes. Que tenha no amor ao próximo, sua maior meta. E, finalmente, que ele tenha o direito de constituir família e assim possa também estar resolvido em sua intimidade, como também estar fortalecido em suas pregações. O que me decepciona é vê-lo vulgar, prepotente e impostor, infiel à sua proposta de vida. Ou ainda, ignorante e metido a sábio, sem saber ouvir, arrogante e ‘pequeno’. Penso que deve distinguir-se e estar acima do comum dos mortais, alguém especialíssimo nas comunidades, um amigo de todos, imparcial e sem tomar partido. Em suma, simplesmente, correto e coerente a Cristo.” (Natália Maria Bourscheidt - Mestre em Pedagogia, professora. Paróquia S. Cristóvão - Lajeado RS)

“Concordo que o sacerdote esteja ‘ligado no seu tempo e na sua realidade, sempre atualizado, capaz de dialogar com o diferente, com o ecumênico...’. Preocupa-me, todavia, colocar-se muitas vezes ecumenismo e diálogo inter-religioso num caldeirão e feito deles uma grande salada: muito ingrediente e pouco sabor. Como é chato mordiscar um tomate com gosto de orégano! Neste caso, foi por terra o “ser atual”, o diálogo, a formação e tudo o mais. Perdeu-se a essência. Caímos num sincretismo disfarçado. Devemos dialogar sim, mas, como diria a sabedoria popular, “cada um no seu quadrado”. Mas o que poderia salvar este ato falho? A resposta, creio eu, seria o bom senso. Se o bom senso estiver nas qualidades que esperamos num homem de Deus, aí sim, poderíamos ter um pouco de Deus neste homem. O que o decepcionaria num padre? Como ele não deveria ser? Com o passar do tempo, percebi que não devo sustentar minha religiosidade no homem. Ele é falho e essa é uma realidade que não vai mudar. Eu seria tolo se pensasse diferente. E como ele deveria ser? Bem, acredito muito mais no homem que erra na busca da perfeição do que naquele que se esconde com medo do erro. O sacerdote deve ser, por natureza, um animador. Deve sustentar a comunidade e dar a ela o fôlego necessário para o dia a dia: pastorais, movimentos, projetos, retiros... Tudo tem que ser muito dinâmico. É como um organismo vivo. Precisa ser oxigenado constantemente! E sabemos que a melhor maneira de oxigenar nosso corpo é colocando-o em movimento. Corpo parado é corpo em declínio.” (Gerson Luiz Laureano - gerente de editoração, paróquia N.S. da Saúde – Teresópolis/Porto Alegre)

Rosane Souto

Luz para o oprimido e sofredor “Espero que o sacerdote seja um proclamador de Jesus Cristo através de suas palavras e, acima de tudo, de seus exemplos. Que, com o conhecimento de teólogo e a simplicidade de servo de Deus, seja luz para povo, especialmente para o oprimido e sofredor. Que seja acolhedor e sensível aos problemas do mundo e da comunidade onde está. Que ajude as pessoas a refletirem sobre sua caminhada, buscarem mudanças em suas vidas; que saiam das celebrações e missas animadas e com vontade de colocarem em ação a proposta de Jesus . Desagrada-me perceber sacerdotes que não vivenciam o que anunciam. Que demonstram estar mais preocupados com questões administrativas da paróquia do que com as pessoas que a constituem ou ainda quando muito ágeis em apontar o erro, ao invés de ajudar a reflexão e construção do ser humano, deixando de buscar em conjunto com a comunidade, soluções para as dificuldades e conflitos.” (Rosane Braga Souto – professora, paróquia N. S. da Glória, Porto Alegre)

“Inicialmente, é preciso olhar para o primeiro colégio apostólico escolhido por Jesus, e para os presbíteros constituidos nas diversas comunidades nos três primeiros séculos da Igreja. É preciso voltar às fontes! E é necessário dizer sempre de novo que o exemplo de Jesus deve ser considerado, e, não, como se fosse algo superado. Queremos fazer diferente do que Jesus fez e, assim, nos distanciamos de Jesus, do Evangelho e da missão. Jesus escolheu homens do povo inseridos em sua comunidade, a maioria não era especialmente instruída, alguns casados outros solteiros, e os formou durante três Jorge La Rosa anos. E eles expandiram a fé! Acredito que não precisamos fazer diferente do exemplo citado. Mas o problema da Igreja é que ela se distanciou do exemplo do divino Mestre: estabeleceu o celibato obrigatório para os presbíteros, criou os seminários para retirar os candidatos de suas comunidades e formar elites intelectuais, com dois cursos universitários: filosofia e teologia, quando, no Brasil, é significativo o número de analfabetos e a maioria da população não conclui a escola média. Resultado disso é que a Igreja restringiu-se ao ocidente, com raras exceções, e, no Brasil, uma sangria desatada tira anualmente centenas de milhares ou milhões de católicos batizados para outras confissões religiosas: éramos 95% da população há quatro décadas, hoje somos 75% e, no amanhã, se os rumos não mudarem, seremos menos. Voltar a Jesus, ao seu exemplo. O importante é que o presbítero seja pastor, alguém da comunidade, piedoso e homem de fé, a serviço do Evangelho. O resto é o resto.” (Jorge La Rosa, doutor em psicologia e professor universitário)


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RESILIÊNCIA NO TRABALHO, UMA QUESTÃO DE ATITUDE Ricardo Piovan

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Saber viver

É bom saber...

Consultor organizacional*

e acordo com a pesquisa realizada pela ISMA-BR, 70% dos brasileiros sofrem as consequências do stress. Destes, 30% são vítimas da Síndrome de Burnout, um termo psicológico que descreve o estado de exaustão prolongada e diminuição de interesse, especialmente em relação ao trabalho. O termo burnout descreve principalmente a sensação de exaustão da pessoa acometida. Estudos também mostram que algumas pessoas passam pelo mesmo processo de pressão e adversidade no ambiente de trabalho, mas não entram no estado de estresse ou burnout, suportando a pressão mantendo-se equilibradas, isto é, sem quebras emocionais. Estas pessoas são chamadas de resilientes, pois possuem atitudes diferenciadas em relação às adversidades no trabalho ou na vida pessoal. Resiliência é uma palavra que vem do latim RESILIO, que significa “voltar ao normal”. O conceito foi criado em 1807, pelo cientista inglês Thomas Young, que fazia estudos sobre a elasticidade dos materiais. Mais tarde, a resiliência foi incorporada pela física como a capacidade que certos materiais têm de acumular energia quando submetidos a um esforço e, cessado o esforço, retornar ao seu estado natural sem sofrer deformações permanentes. É o que acontece com uma vara no salto em altura: quando o atleta toma impulso para saltar, a vara se curva, acumula energia, projeta o atleta sobre o obstáculo e depois retorna ao seu estado normal. Nas últimas décadas do século 20, o termo resiliência foi abraçado pela psicologia, para denominar a capacidade que certas pessoas têm de sofrer fortes pressões ou situações de grande estresse e não quebrar emocionalmente. Na verdade, estas pessoas se fortalecem neste processo, “acumulando energia” para, assim como a vara do salto em altura, projetar-se para resolver as adversidades por que estão passando. O iatista Lars Grael é um exemplo de uma pessoa resiliente. No auge da sua carreira repleta de conquistas, teve sua perna decepada pela hélice de um barco, em um trágico acidente em 1999. Anos depois, voltou a competir e ganhar medalhas. “O erro das pessoas, em geral, é se voltar para trás”, disse Grael certa vez. “Se eu fosse comparar minha vida anterior com a que levo hoje, com certeza teria entrado em depressão. Mas não adianta olharmos para trás. Temos que lidar com o aqui e o agora. Poderia ter sido pior, e tenho a obrigação de me sentir no lucro”. Ser resiliente é uma questão de atitude, isto é, entrar em ação para solução das pressões e adversidades cotidianas. O profissional resiliente não se permite entrar na sintonia do medo e da tristeza, sentimentos estes que paralisam a pessoa impossibilitando a retomada para a ação. Não permitem também experimentar a energia da raiva, pois a raiva descontrolada apenas busca culpados em relação ao que se passa. O profissional resiliente primeiramente questiona o que deve ser feito para solucionar este problema, investigando várias opções, utilizando a sua flexibilidade e criatividade para sair do momento adverso. Concluido este processo, ele entra em ação, pois agora ele tem a tal da MOTIVAÇÃO, isto é, motivos (adquiridos no processo de pesquisa) para entrar em ação e fazer o que tiver que ser feito para minimizar ou até mesmo sair da adversidade. *Ricardo Piovan é também autor do livro “Resiliência – como superar as pressões e adversidades no trabalho”. www.ricardopiovan.com.br

Quando a relação familiar se inverte

Energético Natural Para começar o dia com todo gás, misture uma colher (café) de mel de laranjeira com uma colher (sobremesa) de vinagre de maçã. Dissolva em um copo de água mineral com gás e beba em jejum.

Com o passar do tempo, os pais deixam de ser nossos super-heróis e ficam frágeis, muito frágeis. E temos que aceitar como filhos essa nova condição, mesmo que por muitas vezes a tendência seja negá-la. É um problema? Sim, pois na sobrevivência do dia a dia, muitos têm dificuldades em dar atenção aos pais idosos, já que é preciso conciliar com essa nova função: a educação dos filhos, o trabalho, administração da casa, dar conta de tudo. E esquecemos que carinho, tolerância e muita conversa são essenciais na relação com os idosos. Então, temos que: • Conscientizar a família, afinal, todos têm de participar para não sobrecarregar ninguém, dividir tarefas e valores entre os irmãos. • Estar por perto, temos de ser presentes na vida deles. • Respeitar suas rotinas e horários • E nunca esquecer o quanto temos que agradecer-lhes por tudo. “Esse ato de amor é possível e não deve ser um privilégio de poucos, mas uma realidade de muitos.”

Dor nas COSTAS? Então...

Molhos light para saladas: • Molho tropical: um dente de alho, uma maçã verde, três colheres (sopa) de vinagre de maçã e uma colher (sopa) de azeite. Centrifugue. • Molho natural: iogurte natural com cebola ralada é uma mistura gostosa para colocar sobre batatas assadas. • Molho rápido: misture maionese light com suco de limão.

O superpoderoso Ele reduz o risco de tumores no fígado. Combate a depressão e alterações de humor. Diminui em um terço a incidência de diabetes. E protege o cérebro quanto ao mal de Parkinson. Já sabe quem é ele? Mais uma dica: foi discriminado durante anos. É o CAFÉ!

Alongue-se, controle o peso, faça caminhadas, ande de bicicleta. Se não adiantar, vá ao médico ver se você não tem escoliose, hiperlordose, ou hipercifose. A escoliose é um desvio lateral da coluna. Hiperlordose é o famoso bumbum arrebitado e a hipercifose é a famosa corcunda. Esses problemas causam dor e têm tratamento.

JOSY M. WERLANG ZANETTE Técnicas variadas Atendemos convênios

Coluna merece cuidados


Espaço aberto “Bíblia e Oralidade” no V Fórum de Ciências Bíblicas

As mídias não ajudam a promover uma Cultura Solidária A cultura da solidariedade faz parte do “viver com o outro, porque não podemos estar em solidariedade, se a gente não vive numa comunidade, num coletivo ou grupo de pessoas”, disse o colombiano Omar Rincón, professor associado da Universidade dos Andes, depois de constatar que, infelizmente, a mídia não ajuda a promover uma cultura de solidariedade, porque as suas “narrativas enfatizam muito o indivíduo, o personagem”. Comentando sobre o tema central do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe, a ser realizado em Porto Alegre, de 12 a 17 de julho, Omar Rincón, considerou que quando se fala de cultura de solidariedade deve-se “enfatizar que não vivemos num mundo de únicos sujeitos, mas num mundo onde estamos sempre nos relacionando, por isso a proposta -e não uma proposta de conteúdo, mas de narrativa- é que estamos em relação não só com outros sujeitos, mas com a sociedade”, pelo que a mídia precisa mudar a suas narrativas. “A grande falha das mídias, tanto informativa como na ficção, é a ausência de contexto”, e meios, tanto “a televisão, imprensa, ou rádio poderiam contribuir para promover uma cultura de solidariedade, se contextualizassem a notícia, mas nunca contextualizam. No caso da ficção, se tivesse mais de um protagonista, se tivessem múltiplos protagonistas; ou no caso da internet se juntassem os efeitos da notícia ou da comunicação na sociedade”, acrescentou. Ele disse que os comunicadores podem ajudar a promover uma cultura da solidariedade, se mudassem suas histórias, porque “a mídia não faz o relato, são os jornalistas, os comunicadores. Aqueles que fazem histórias de ficção com um único protagonista são os criadores da comunicação audiovisual”. Além disso, disse ele, podemos falar de uma cultura de solidariedade “encontrando atraentes essas histórias coletivas, que normalmente existem na sociedade e que o jornalista ou criativo não encontram nada interessante a dizer quando têm um grupo humano, pois envolve pesquisar e a pesquisa é complicada, é esforço. Os jornalistas preferem entrevistar pessoas isoladas, e isso não dá o contexto em que as coisas acontecem”. (OCLACC / MUTICOM, traduzido para o português por Pedro Andrés Sánchez)

A Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) realizará, nos dias 4 e 5 de junho, a quinta edição do Fórum de Ciências Bíblicas, que terá como tema “Bíblia e Oralidade”. O evento acontecerá no Museu da Bíblia, em Barueri (SB), e será composto por seis paineis abordando diferentes aspectos relacionados a leituras, pregações, tradição e transmissão oral das Sagradas Escrituras. “A escolha do tema vem reforçar a campanha da SBB para o biênio 2009-2010, intitulada É tempo de ouvir a Palavra de Deus, que estimula a audição e reflexão sobre a mensagem bíblica. Os palestrantes são acadêmicos que têm sua obra pautada nos estudos de Teologia e Religião e podem contribuir para enriquecer ainda mais este importante debate”, avalia Erni Seibert, secretário de Comunicação e Ação Social da SBB. No primeiro dia do evento, haverá a inauguração da exposição “A transmissão oral da Bíblia”, no Museu da Bíblia, que tem o objetivo de resgatar a história da transmissão oral da Bíblia, por meio de recursos que permitem o conhecimento em áudio das Escrituras. Inscrições: R$ 30,00 - R$ 15,00 (para seminaristas e grupos a partir de 10 pessoas). As inscrições podem ser feitas através do www.sbb.org.br . Informações: (11) 3474-5827

O crescimento demográfico Wagner Bianchini Seminarista da Arquidiocese de POA

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crescimento demográfico nas próximas décadas será de 1,2% no Brasil, segundo a ONU. Caso a tendência de queda no crescimento não seja alterada, a população brasileira chegará a 2050 com 247 milhões de habitantes. O Brasil apresenta uma baixa densidade — apenas 22 hab./km² —, inferior à média do planeta e bem menor que a de países intensamente povoados, como a Bélgica (342 hab./km²) e o Japão (337 hab./km²). A questão de controle demográfico é complexa e envolve questões éticas. Um dos fatores que contribui para o baixo nível de crescimento populacional é o elevado uso de contraceptivos entre as brasileiras. O que diz a Igreja diante disso? Quanto ao número de filhos, a Igreja propõe a liberdade de escolha dos pais, guiada por uma paternidade responsável: cada casal tenha somente o número de filhos que possa criar e educar, nem mais, nem menos. Para o controle, sobretudo a fidelidade, o famoso método billings, etc, nenhum

método abortivo, apenas os naturais. Ademais, de acordo com as possibilidades, as famílias católicas sejam numerosas, sabendo os pais que os filhos são a encarnação do amor deles, fruto maduro de uma intimidade profunda e reservada. Cumprem o mandato do Criador: “Crescei e multiplicai-vos” (cf. Gn 1, 28). A geração da vida, portanto, exige responsabilidade pessoal e social, contribuindo com o desígnio de Deus. Um jornalista da América do Sul contava a uma mãe inglesa que o governo de sua nação lançava uma potente campanha pela esterilização para a gente pobre. Que lhe parecia? Disse que essas pessoas provavelmente necessitavam de casas decentes, uma boa nutrição, escolarização para as crianças, mas não de políticos para lhes diminuir o número. E completou: “ Minha mãe dizia: Se tens dez pessoas e só dois pares de sapatos, o que tens que fazer é mais sapatos, e não começar a cortar os pés da gente”. É eticamente reprovável a esterilização – logo de quem - dos mais pobres. Não são animais, podem ser orientados para uma paternidade responsável. A Igreja tem números

na Uganda, Zimbábue e outros países africanos que o comprovam. Dizem alguns que essas campanhas são por adesão, e que por isso as pessoas têm liberdade em optar. Pois façamos forcas públicas incentivando o suicídio por adesão e isto não deixará de ser intrinsecamente imoral. Não basta atacar os efeitos, só será duradouro a atitude que promover a saúde de toda a sociedade em suas causas.

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Sem fronteiras

Cúpula das Américas Martha Alves D´Azevedo

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Comissão Comunicação Sem Fronteiras

Cúpula das Américas, que se realizou nos dias 18 e 19 de abril em Trinidad Tobago, contou com a presença de representantes de 34, dos 35 países (faltou Cuba), que fazem parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), da qual Cuba foi afastada em 1962 por pressões dos EUA. A Cúpula foi saudada como a mais importante e promissora entre as cinco edições até agora realizadas. Barak Obama, presidente dos EUA, ao declarar “que viera à reunião para aprender”, deu o tom de convivência amistosa entre os governantes. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, estendeu a mão ao seu colega norte-americano com uma oferta igualmente surpreendente: “Quero ser seu amigo”. Obama também cumprimentou o presidente da Bolívia, Evo Morales, tão critico dos Estados Unidos como Chávez, e Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, outro representante da esquerda latino- americana. Obama se reuniu separadamente em Trinidad com os líderes sul-americanos, centroamericanos e caribenhos. A todos garantiu a disposição de ter um diálogo direto, baseado no respeito mútuo. O presidente Chávez declarou: “ De todas as cúpulas às quais assisti nesta década, esta é, sem dúvida, a mais bem sucedida, a que abriu as portas a uma nova era de relações entre todos os países”. O presidente do México, Felipe Calderón, também se pronunciou: “Nunca havíamos assistido a uma cúpula com um nível de interação, franqueza e cordialidade, que se sentiu em Trinidad Tobago. Creio que estão estabelecidas as bases para relançar uma nova etapa nas relações hemisféricas”. Se do ponto de vista diplomático a Cúpula das Américas foi um marco - dando início a uma nova era de relações entre os países da América Latina e os Estados Unidos - por outro lado não houve consenso em relação à declaração final. “ A declaração em si não tem a completa aprovação dos 34 países presentes. Alguns deles manifestaram suas reservas”, declarou Patrick Manning, primeiro ministro de Trinidad Tobago. Entre os argumentos para a não aprovação unânime do documento, estão a questão do embargo a Cuba, a escassa presença no documento da crise econômica mundial e até mesmo discussões sobre quais paises são democráticos e quais não são. A Declaração de Porto of Spain foi assinada por Patrick Manning, argumentando que assinou o documento em nome dos demais - ainda que as decisões finais não tenham sido aprovadas por unanimidade. “Apesar de existirem pontos divergentes, o espírito foi construtivo e de respeito. A cúpula abriu um novo capítulo nas relações hemisféricas”, declarou o presidente do Panamá, Martin Torrijos.

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Chegou

LIVRO DA FAMÍLIA 2009 Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do Livro da Família/2009. Adquira seu exemplar ou faça seu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. Também o Familien-Kalendar/2009 está disponível. Lembrando: a Livraria Padre Reus é representante das Edições Loyola para o sul do Brasil.

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Catequese solidária

Igreja e comunidade Voz do Pastor

CRISE DE IDENTIDADE Dom Dadeus Grings

N USAR A EXPERIÊNCIA HUMANA NA CATEQUESE*

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primeiro passo para uma catequese bem dada, depois do acolhimento, é usar a experiência humana. É verdade. Mas como fazemos? Um faz de conta? Ouvimos efetivamente as crianças, no seu mundo concreto e com as experiências vividas? Damos importância a isso, ou estamos brincando de faz de conta?! Já se lembraram que, muitas vezes, as crianças não ouvem o catequista, porque este não as ouve primeiro? Depois da acolhida, vamos começar nossa reflexão pelas vivências ou experiências das crianças. Para isso, precisamos ouvi-las. Questioná-las. Temos de repensar muito bem este passo, reajustar a metodologia, utilizar novas linguagens, incentivar a pesquisa e a reflexão crítica, desenvolver o espírito de respeito pela diferença. Não podemos fazer das crianças um mero depósito de conteúdos, que o catequista quer transmitir, de uma forma absoluta e inquestionável. Elas desempenham um papel ativo no seu próprio crescimento. É preciso envolvê-las na construção da sua identidade e do seu percurso de fé. Caso contrário, o cenário que hoje nos aflige, vaise agravar: crianças que frequentam a catequese, por obrigação, mas que andam afastadas da prática religiosa, sem uma experiência de fé concreta. Quando é que abrimos os olhos, somos sinceros e humildes, e reconhecemos que podemos estar utilizando uma pedagogia e uma linguagem inadequadas à realidade de vida das nossas crianças?! Vamos continuar orgulhosamente sós, convencidos de que está tudo bem e continuar a insistir no mesmo discurso e práticas? Temos medo de quê? De tornar Deus mais próximo da humanidade? Mas não foi isso que Cristo veio fazer? E nós a fazer o contrário… a afastar Deus da vida dos homens. *Diocese de Braga - Portugal

Paróquia São Manoel - 01/06 Carmen Cauduro Oliveira - 06/06 Miriam do Espírito Santo Vieira Heerdt - 13/06

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

ão há dúvida de que a mudança de época afeta a identidade não só das pessoas como também das entidades. Gera crises institucionais. Há alguns sintomas destas crises que podem ser constatados em cada instituição. Restrinjamos, de momento, nossa atenção à crise de identidade católica. Seu sintoma mais vistoso está na migração de seus adeptos para outras denominações religiosas. Verifica-se também um distanciamento de seus fiéis frente à própria Igreja. Pode-se ainda constatar esta crise no que se costumou chamar de relativismo ou secularismo, que abdica dos valores religiosos. Outro sintoma encontra-se no proselitismo anticatólico, que se tornou, em muitos ambientes, bastante agressivo e radical. E, para resumir tudo, basta referir o pluralismo ético, cultural e religioso, que marca esta passagem de época. Olhando para este quadro, à primeira vista desolador, parece que os católicos perderam sua identidade. Não sabem, ao certo, o que são e o que querem. Muitos vão bater em outras portas, para satisfazer suas ansiedades espirituais, religiosas e culturais. E ofertas não faltam! Não se pode, honestamente, duvidar das grandes realizações da Igreja no passado, tanto no campo religioso, com seu ininterrupto culto a Deus, através da Liturgia; como no campo artístico, com suas majestosas construções e maravilhosas obras de arte, que representam cerca de 80% do acervo cultural mundial; como no campo social, com estupendas obras de caridade e promoção humana; e ainda como no campo cultural, moldando uma civilização inteira e como, principalmente, no campo da evangelização, levando a boa nova da salvação à humanidade e proporcionando a salvação cristã a milhões de seres humanos. A Igreja produziu uma multidão de santos e tornou realmente felizes um número incalculável de fiéis. Mas o passado não basta. Os tempos estão mudan-

do. Nem basta olhar para o futuro. É preciso avaliar o presente, com a perspectiva do futuro. O Concílio do Vaticano II, em meados do século XX, intuiu esta profunda mudança. Pode-se até dizer que se antecipou ao tempo. Muitos ficaram chocados com as inovações. Parecia surgir uma outra igreja. Não foi fácil convencer os fiéis de sua identidade eclesial, para garantir que a Igreja do Vaticano II é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, nos tempos de mudança, que marcam a passagem para o Terceiro Milênio. A trepidação, causada pela mudança, forçou os padres conciliares a usar uma expressão um tanto rebuscada, para garantir esta identidade. Garante, para seus fiéis, que a Igreja de Jesus Cristo, isto é, aquela Igreja que Jesus instituiu, que é animada pelo Espírito Santo e da qual Ele mesmo é a cabeça e seus fiéis são os membros, constituida em seu Corpo Vivo através dos tempos, esta mesma Igreja ‘subsiste na Igreja Católica’. Em outras palavras, a Igreja católica é a mesma que Jesus Cristo fundou. Mas também é a que se vai adaptando às mudanças dos tempos e passa dos umbrais do Terceiro Milênio. Há, pois, nela algo de antigo – é a mesma – e algo de novo – encontra-se na passagem de época – não só de nossa, que está a cavalo entre o segundo e o terceiro Milênio, mas também na passagem de épocas anteriores, como aquela que aconteceu no século XVI, aquela do século X e aquela do século VI, respectivamente, da invasão dos bárbaros, com a queda do Império Romano do Ocidente; da passagem do primeiro Milênio, quando se preconizava o fim do mundo, de acordo com o Apocalipse mal interpretado; e das grandes descobertas e da Reforma Protestante. A Igreja de Cristo tem sua identidade na vida, que lhe foi infundida desde Pentecostes. Mas esta vida se desenvolve ao longo dos tempos, com as mudanças que cada época traz consigo. Também a Igreja passou por uma infância, uma adolescência, uma juventude e se encontra agora, por assim dizer, numa idade madura.

PADRE, PRESBÍTERO, PASTOR, MINISTRO Dom Demétrio Valentini

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Bispo de Jales, SP

cardeal Martini, um dos homens de Igreja mais lúcidos hoje, propôs recentemente a realização de um novo concílio ecumênico, para tratar de três temas centrais para o futuro do cristianismo. O primeiro em torno da inculturação, para encontrar um novo patamar de diálogo do Evangelho com as grandes culturas e religiões no mundo de hoje. O segundo seria o ecumenismo, para um novo relacionamento entre os cristãos. E o terceiro seria sobre o ministério, para uma nova estruturação dos serviços internos da Igreja. Portanto, um novo diálogo com o mundo, um novo entendimento entre os cristãos, e uma nova organização interna na Igreja. A assembléia da CNBB, reunida recentemente, abordou, de leve, o terceiro dos grandes temas sugeridos pelo cardeal Martini. Está renovando as orientações para a formação dos presbíteros. Trata-se da formação dos padres, como o povo os chama. As atenções de todos os bispos, nessa assembléia, se voltaram para este ministério específico dos padres, sem analisar nem questionar o corpo bem mais amplo do conjunto de todo o ministério eclesial, que abrange desde o ministério do Papa, dos bispos, dos presbíteros, dos diáconos, e também dos diversos ministérios leigos que podem ser exercidos, na perspectiva de uma Igreja toda ministerial. Portanto, é uma abordagem com limites bem determinados, incidindo sobre uma proposta prática e concreta, de valorização deste ministério por uma aprimorada formação dos que o assumem. Na análise da natureza eclesial deste ministério, o documento em estudo na assembléia, constou a diversidade de nomes que designam as pessoas que exercem este ministério. São chamados de padres, de presbíteros, de ministros, de pastores. Todos, nomes para designar

a mesma pessoa. O documento constata que cada um desses nomes enfatiza um aspecto deste ministério com significação tão variada. É padre porque exerce uma paternidade em relação à comunidade. É presbítero, como foi chamado nos inícios da Igreja, porque possui maturidade, fruto de sua experiência da vida. É ministro, porque está a serviço da comunidade e age em nome de Cristo. E, sobretudo, pode ser chamado de pastor, a figura bíblica que melhor espelha a missão de cuidar da comunidade como o pastor cuida do rebanho. Portanto, uma identidade muito rica, que justifica esta diversidade de nomes, com os quais se tenta expressá-la. Diversos nomes, para uma mesma função, para um mesmo ministério. Diversas palavras, para uma realidade complexa, concentrada numa mesma pessoa. Mas aqui, a reflexão sobre o ministério na Igreja poderia tomar outra direção, a partir da diversidade de nomes com que o padre é designado. Ao contrário de reforçar as atribuições para uma mesma pessoa, esta diversidade de nomes pode sugerir a distribuição deste ministério de maneira diversificada e desconcentrada, de tal modo que ele poderia ser repartido de modo a envolver outras pessoas que poderiam exercer este mesmo ministério de maneira diferente, segundo a diversidade de circunstâncias e de acordo com as necessidades concretas de cada situação. Isto iniciaria uma revisão em profundidade de todo o conjunto do ministério na Igreja, levando em conta os critérios que norteiam toda a iniciativa ligada à herança confiada por Cristo, isto é, a fidelidade no essencial, e a liberdade nas circunstâncias. Em síntese, ao contrário de acumular nomes para uma mesma função e para as mesmas pessoas, repartir o ministério, de maneira diversificada, para outras pessoas, em vista do atendimento mais adequado às necessidades da comunidade. Assim, libertando-se de formas fixas, a Igreja ficaria mais fiel a Cristo, e as comunidades melhor servidas.


Comunidade e Igreja

A Formação Ecumênica

Pe. Léo Hastenteufel

Coração de Maria - Esteio

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fato é que a unidade querida por Jesus Cristo: “Para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste” (Jo 17,21), não está acontecendo. No entanto, a oração de Jesus continua muito viva. Eis, pois, a razão pelo empenho de todos os cristãos e pessoas de boa vontade pela busca da unidade. Isto compromete toda a Igreja. Considerando a diversidade das pessoas, requer-se uma renovação de atitudes e flexibilidade nos métodos da busca pela unidade. Haja preocupação de todos: diálogos teológicos entre os peritos, mais formação ecumênica para os Agentes de Pastoral. Conheçam a história das divisões, mas também saibam bem dos grandes esforços de reconciliação. Meios de Formação: O estudo amoroso da Sagrada Eucaristia fortalece progressivamente o caminho da unidade. A pregação da Palavra de Deus forma as pessoas para promover, de forma visível, a unidade dos cristãos; a catequese ajuda os cristãos a terem clareza e convicção na sua fé; a Celebração Eucarística contribui no mais alto grau para que os fieis possam se exprimir e manifestar aos outros o mistério de Cristo. A Vida Espiritual é fundamental. Diz o texto conciliar: “Esta conversão do coração e esta santidade da vida, juntamente com as orações particulares e públicas pela unidade dos cristãos, devem considerar-se como a alma de todo o crescimento ecumênico e podem com razão chamar-se ecumenismo espiritual” (UR, nº8). Que a família, a paróquia, a escola e outros grupos eclesiais, sejam um ambiente propício para desenvolver, passo a passo, a maturidade humana e cristã. A abertura ecumênica: É uma dimensão indispensável na formação dos futuros padres e diáconos. Porém, sejam formados também na fidelidade de toda a tradição autenticamente cristã em matéria de teologia, espiritualidade e disciplina eclesiástica. Outro fenômeno muito conhecido é o

Sincretismo. Trata-se de uma mistura das religiões. Diz-se, todas as religiões são boas. Ora vai nesta, ora na outra. Pensa que todas as religiões são iguais. Esta é uma prática muito nociva ao autêntico ecumenismo. É uma prática acompanhada pela leviandade, sem discernimento e sem critérios. Relativiza a religião. Parece ser uma atitude simpática, mas na prática ecumênica, atrapalha. Pode ser bem ecumênico aquele que cumpre bem a sua religião, que sabe em que crê e em quem crê. Sabe discernir e optar de forma responsável pelo caminho da vida. Quem tem os pés bem no chão saberá dialogar com o diferente. No RS temos uma tradição ecumênica bem longa. As Igrejas Católica, Luterana (IECLB), Anglicana e Metodista caminham lado a lado há vários anos. Existem vários organismos ecumênicos com belos e bem fundamentados trabalhos nos diferentes campos de estudo e de reflexão. Tais como: Conic (coordenção), Sica (vivência da caridade), Cebi (estudos bíblicos), Ceca (organização social). Há uma busca permanente da Unidade. Temos consciência de que estamos bem unidos. Diálogo Interreligioso: É uma tentativa de diálogo entre as diferentes tradições e inspirações religiosas. Trata-se mais de assumir causas comuns, como a construção da paz, a proteção ao meio ambiente, a defesa da justiça. Não se diáloga, em tese sobre o tema da religião. Não se tem a pretensão da unidade em si. Em nossa cidade de Esteio temos também uma longa caminhada ecumênica. Fazemos encontros mensais de estudo e de convivência. Atendemos, de forma ecumênica, no hospital – Pastoral Ecumênica. Aprendemos a trabalhar e conviver em conjunto, somando. É isso mesmo o Evangelho que anunciamos. Não estamos divididos. Estamos caminhando no amor de Cristo. Convidamos a Comunidade, em geral, para a celebração ecumênica do dia 29/05, às 20h na Paróquia Imaculado Coração de Maria. Trata-se de uma Oração Especial pela Unidade dos Cristãos. Paz e Bem! Em Porto Alegre acontecem celebrações em todos os dias da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos entre os dias 24-31/05.

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1o a 15 de junho de 2009

Solidário Litúrgico 31 de maio – FESTA DE PENTECOSTES (

vermelha)

1a leitura: Atos dos Apóstolos (At) 2,1-11 Salmo 103(104), 1ab.24ac.29bc-30-31.34 (R./30) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 12,3b-7.112-13 Evangelho: João (Jo) 20,19-23 Comentário: Uma das três grandes festas do calendário cristão - as outras duas são o Natal e a Páscoa – Pentecostes parece ser uma festa menor, sem tanta importância e significado para a vida dos que creem em Jesus. Em verdade, Pentecostes é fundamental para a autêntica vivência da fé: é no fogo do Espírito Santo que somos batizados, e ser cristão é ser uma presença viva e transformadora da sociedade. Este é o simbolismo das línguas de fogo que desceram sobre os discípulos de Jesus e os transformaram: antes, tímidos, medrosos, escondidos, apequenados, até envergonhados de serem chamados do “grupo do nazareno”; depois de receberem o Espírito Santo, eles saem da casa onde se encontravam, falam de peito aberto para multidões, curam doentes em casas, praças e templos, enfrentam, sem medo nem receio, os eternos adversários de Jesus - fariseus e saduceus - e nada mais os detém. Eles são, agora, discípulos missionários num novo projeto religioso. Nesta festa do Divino Espírito Santo, o Evangelho lembra o que é central no discipulado e missionaridade de Jesus: Aqueles a quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados; a quem não perdoardes, não serão perdoados (20,23). Vivemos num tempo e numa sociedade onde perdoar e pedir perdão parece ser coisa de fracos, de frouxos, de alienados, de ingênuos. Mas é justamente neste tempo do olho por olho, dente por dente, de dolorosas retaliações, de vinganças em famílias e na sociedade, gerando sofrimentos e mortes, que é preciso reafirmar a centralidade do perdão na vida do cristão para que sua fé seja, realmente, transformadora desta triste realidade. O cristão que não sabe perdoar e pedir perdão é uma contradição como cristão e uma aberração da verdadeira fé em Jesus, sacramento vivo do perdão de Deus aos homens e mulheres de boa vontade.

7 de junho – FESTA DA SANTISSIMA TRINDADE (

branca)

1a leitura: Livro do Deuteronômio (Dt) 4,32-34.39-40 Salmo 32(33), 4-5.6.9.18-19.20.22 (R./12b) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Romanos (Rm) 8,14-17 Evangelho: Mateus (Mt) 28,16-20 Comentário: Jesus, enquanto homem, vivendo num período histórico determinado, tinha consciência de que o poder que possuía o havia recebido. Mas, ao contrário de muitos homens e mulheres de então e de todos os tempos, não era ciumento deste poder, pelo contrário: queria e quer partilhá-lo com todos os que nele creem e querem ser seus discípulos. É assim que se deve entender a passagem do Evangelho deste domingo, Festa da Santíssima Trindade: Todo o poder me foi dado no céu e na terra. Portanto, ide e fazei meus discípulos todos os povos, batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando tudo o que vos ensinei a vós. E eu estarei convosco, todos os dias, até o fim dos tempos (28,18-20). Jesus assume que integra uma comunidade divina de amor, que se expressa num Deus que é Pai, num Filho que se faz irmão de caminhada – estarei convosco todos os dias... – e num Espírito que dá força, coragem e luz para jamais vacilarmos na empreitada de levar a Boa Nova a toda gente e transformar o mundo num lugar de mulheres e homens fraternos, solidários, felizes. Para que, fraternos, solidário e felizes, sejam a alegria do Pai Criador que, desde toda a eternidade, sonhou este mundo no seu incontrolável e infinito amor por suas criaturas. Por todas elas, sem distinção. Por isso, a palavra de ordem de Jesus: Ide por todo o mundo, fazei meus discípulos a todas as gentes... Fazer a vontade do Pai, como repetimos na prece maior de todo o cristão, é fazer de nosso mundo, familiar e social, uma imagem viva e alegre deste Deus, que é uma feliz trindade de Amor. attilio@livrariareus.com.br


Porto Alegre, 1o a 15 de junho de 2009

Um Novo Pentecostes na Igreja O

Calendário Litúrgico nos remete à memória da experiência vivenciada pelos amigos e primeiros seguidores de Jesus. Adeptos do judaísmo - mas em crise religiosa - ainda se encontravam meio confusos pelos acontecimentos recentes: a morte ignominiosa na cruz Daquele que esperavam fosse salvá-los do jugo romano; a notícia de Sua ressurreição e o surgimento inesperado para alguns; e, por fim, Sua ascensão e promessa de retorno no fim dos tempos. Faltava a fagulha inicial para encorajá-los e lançá-los à obra do anúncio da Boa Nova para todos os homens. A mensagem chegou até nós e ainda perdura, após dois mil anos, embora às vezes bastante débil. Talvez um Novo Pentecostes se faça muito necessário e oportuno para reativar aquela chama autêntica em busca da concretização do projeto de Jesus, delegado à Igreja.

Volta para um discurso único

Retomada de novo ardor missionário

“Na oportunidade da celebração do Pentecostes na Liturgia da Igreja vem-me à mente a descrição bíblica da Vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos reunidos no Cenáculo: amedrontados e confusos, os apóstolos passaram a perceber a ação do Espírito Santo em seus corações e mentes, pela clareza de espírito, sabedoria, coragem e pelo “discurso afinado” como poderíamos dizer nos dias de hoje. Creio que o grande milagre naquele episódio ocorrido há dois milênios, conhecido como o da diversidade de línguas em que os apóstolos começaram a se expressar, foi exatamente o do discurso único e afinado. Este passou a ser o eixo sobre o qual a Igreja de Cristo começou a crescer mediante o exercício missionário desses primeiros presbíteros. O Espírito Santo enviado por Deus para perpetuar a obra iniciada por Jesus Cristo é que vem acompanhando a Igreja em sua caminhada e nos permite compreender e viver a nossa condição de filiação divina. Ao revermos a história de dois milênios da Igreja, podemos perceber avanços e retrocessos. Sabemos que houve desvios e desvirtuamentos deste espírito, quando a “ação missionária” da Igreja estava inteiramente subjugada por interesses mundanos ou a serviço do poder material. Até os dias de hoje perduram na Igreja resquícios destes períodos obscuros da sua história. No entanto, percebe-se que desvios de conduta são seguidos de correções de rota, de uma volta ao verdadeiro espírito cristão e que traz novo vigor missionário à Igreja. E como enxergamos a instituição Igreja nos dias de hoje? Ela está realmente focada na busca de um retorno aos fundamentos da Igreja de Cristo ou está ainda demais amarrada ou perdida em questões institucionais ou secundárias? Até que ponto a linguagem da Igreja de hoje é afetada por questões ideológicas ou por movimentos radicais centrados em aspectos meramente secundários? Está a Igreja realmente afinada no seu discurso ou poderíamos sinalizar com um novo pentecostes neste novo milênio? Creio que devamos, antes de mais nada, acreditar que este espírito divino tem o poder de operar as transformações que se fazem necessárias, através de cada um de nós, partícipes e protagonistas. Uma Igreja mais identificada com a realidade atual e com uma linguagem cada vez mais única. Que o Espírito Santo nos ilumine.” (José Mariano Bersch – bancário – paróquia Cristo Redentor - Porto Alegre/RS)

“De repente, veio do céu um ruído como o agitar-se de um vendaval impetuoso e que encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-lhes, então, línguas de fogo, que se repartiam e que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia se exprimissem” (Atos Apóstolos. 2,1-4). Que maravilhosa descrição deste acontecimento único no início da Igreja. Povos de diferentes etnias, proveniências e línguas se entendiam sob o influxo da “linguagem do Amor do Espírito Santo”. O amor do Espírito supera fronteiras de toda a sorte e é fonte de entendimento, compreensão, tolerância, compreensão e ajuda. Quanto deste entendimento ‘universal’ do alvorecer do cristianismo na Igreja primitiva se foi perdendo no correr dos séculos! O ardor e o entusiasmo originais foram sendo substituídos por uma Igreja por vezes burocratizada e normativa, legalista e legista, muitas vezes condenando ao invés de acolher e perdoar, esquecendo-se de estimular nos fieis o reviver e o retorno ao amor ardoroso e fascinante original, manifestado no dom gratuito e na multiplicidade diversa de povos e línguas por ocasião da vinda do Espírito Santo na festa de Pentecostes. O Concílio Vaticano II, sob a sábia inspiração do saudoso e santo Papa João XXIII, foi uma tentativa de um retomar o espírito de Pentecostes nos tempos modernos. Não se pode deixar de desejar que o Espírito deste Concílio seja reavivado e despertado com o novo ardor na Igreja atual. Parece que a agitação, a pressa e a correria diária nas metrópoles e na vida urbana são um indicativo visível da busca e da procura impaciente do ser humano, correndo atrás de um porto seguro para a sua alma sem sossego. Por isso, parece ser tempo de retomar com espírito renovado o ardor pentecostalino da vinda do Espírito Santo. Este ardor pode ser reacendido em nossos corações, auxiliando-nos a abrir-nos ao diverso e diferente, escutando a mensagem do Espírito Santo que ‘fala’ no íntimo da maneira mais surpreendente, suave e imprevista. Com humildade e simplicidade podemos pedir ao divino Espírito Santo que nos reaviva com seu amor, graciosamente concedido por ocasião do Santo Crisma, irradiando-o em nosso derredor.” (Egon Fröhlich - professor universitário- paróquia S. Sebastião, Porto Alegre/RS)

Falecimento de Dom Boaventura Klopppenburg

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Teólogo de renome mundial e bispo emérito de Novo Hamburgo, Dom Frei Boaventura Kloppenburg faleceu aos 89 anos em oito de maio último, vitimado por problemas pulmonares. O enterro, dia 10, na própria Catedral S. Luiz de Novo Hamburgo, precedido de missa de corpo presente, foi acompanhado de dezenas de bispos, autoridades, o clero diocesano, seminaristas, religiosos, diáconos, ministros e o povo em geral. Dom Boaventura era franciscano da Ordem dos Frades Menores (OFM). Natural de Molbergen, Oldenburg, Alemanha, ele foi nomeado bispo em dois de junho de 1982. Antes exercera várias

funções relevantes na Igreja do Brasil e também na América Latina. Foi ainda bispo auxiliar de Salvador (BA) entre os anos de 1982 e 1985 e consultor de várias congregações da Cúria Romana. Escreveu mais de trinta livros. Seu lema era: “Sob as sombras fielmente”. Kloppenburg também foi um dos representante brasileiros no Concilio Vaticano II, junto com D. Jaime de Barros Câmara, D. Vicente Scherer, D. Antônio Alves de Siqueira, D. Helder Pessoa Camara, D. Geraldo Fernandes Bijos, D. Afonso M. Ungarelli, Pe. Estevão Bentia e D. José Vicente Távora.


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