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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, 16 a 31 de julho de 2009

Ano XV - Edição No 542 - R$ 1,50

Gripe A transfere Mutirão Nova data: 3 a 7 de fevereiro de 2010 na PUCRS Devido ao alastramento da gripe A e em função da dimensão do evento, em que eram esperados 50 mil participantes de 40 países, os organizadores consideraram prudente adiar a realização do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe e do Encontro de Jovens Comunicadores para contribuir na prevenção de uma possível propagação do vírus da gripe.

Nota oficial do Presidente do Mutirão “Em nome das Entidades Promotoras (CELAM, CNBB e OCCLAC), na condição de presidente do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe e atendendo à recomendação das autoridades de saúde pública do Estado do Rio Grande do Sul, de não realizar grandes eventos em ambientes fechados, como medida de prevenção diante da expansão da Epidemia da Influenza A (H1N1), havemos por bem da saúde do povo suspender a realização do evento, que aconteceria de 12 a 17 de julho corrente, nas dependências da PURCS, em Porto Alegre, transferindo-o para 3 a 7 de fevereiro de 2010. Entendemos que a referida transferência é um exercício de responsabilidade e manifestação de solidariedade integral com respeito à saúde e vida dos participantes e do povo de Porto Alegre. Estamos cientes dos graves prejuízos que esta determinação acarreta, em primeiro lugar aos participantes deste acontecimento continental. Também aos conferencistas, painelistas, técnicos, especialistas e, de maneira particular, aos organizadores, patrocinadores e promotores. A todos, a nossa gratidão e a solicitação de seguirmos acompanhando esta tarefa. Com nossas orações para que cheguemos a um bom termo, recebam uma saudação no Senhor. Dom Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre, Presidente do Mutirão América Latina e Caribe”.

As manifestações internacionais de apoio Diversas entidades internacionais e partícipes da organização do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe expressaram seu apoio formal à decisão do adiamento do evento. Página 6 e contracapa

Cooperativismo solidário

O projeto Cooesperança recupera o verdadeiro conceito de cooperativismo em Santa Maria. Criado há mais de duas décadas por D. Ivo Lorscheiter, significa dignidade humana para milhares de participantes. Página 7

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Decisão prudente

uma atitude preventiva solidária com a saúde pública e a vida das pessoas, os responsáveis pela organização do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe houveram por bem transferir este magno evento, para o qual eram esperados milhares de participantes de todos os países do continente. O motivo? O rápido aumento da incidência de casos de pessoas afetadas pelo vírus Influenza A em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Esta incidência tende a aumentar ao longo deste mês de julho e seria temerário e irresponsável realizar um evento como o projetado, sabendo que boa parte dos participantes viria dos países vizinhos da Argentina, Uruguai e Chile, onde são milhares as pessoas comprovadamente afetadas por este vírus. O Solidário, convocado a ser o jornal do Mutirão, assumiu o papel de ser uma voz importante na divulgação do evento, sua realização e, agora, a manutenção da chama do Mutirão até a sua realização, de 3 a 7 de fevereiro de 2010, na PUCRS. Antes, de 1o a 3 de fevereiro, deverá acontecer o encontro de jovens comunicadores, o Refresher, na Unisinos, em São Leopoldo. Para manter viva esta chama e incentivar o processo, teremos, em todas as edições do jornal, uma página especial que publicará eventos, notas e comentários relacionados com o Mutirão, especialmente aqueles que falam de iniciativas locais, de encontros nacionais e outros eventos que levarão em frente e socializarão estas iniciativas para que, em fevereiro de 2010, o Mutirão tenha ainda maior e mais qualificada participação. Nesta edição do Solidário, publicamos documentos oficiais, como o pronunciamento do arcebispo de Porto Alegre e presidente do Mutirão, Dom Dadeus Grings, e da Secretaria Estadual da Saúde, além de manifestações de solidariedade e apoio à decisão de se transferir o Mutirão de pessoas de diferentes pontos do mundo. Isso apenas vem demonstrar e confirmar o acerto e a postura ética dos responsáveis pelo evento nesta difícil, complexa e dolorosa decisão. Por outro lado, ficou comprovado que o fato negativo “vende” mais do que a notícia positiva: o grande público soube mais do Mutirão por seu cancelamento em dois dias do que em dois anos de preparação e organização! Praticamente todas as mídias noticiaram a não-realização, agora, do evento e sua transferência para fevereiro de 2010, relacionado com o fato do aumento da incidência do vírus Influenza A em nosso meio. Porque iniciativa eminentemente solidária e, ainda, porque também sofreu o cancelamento da edição deste ano, falamos (página 7) sobre o que é e o que realiza o projeto Cooesperança, de Santa Maria. Iniciativa do saudoso Dom Ivo Lorscheiter, Cooesperança integra o Projeto Banco da Esperança que, por sua vez, faz parte da Cáritas do Rio Grande do Sul. Irmã Lourdes Dill, coordenadora do Projeto, não tem dúvidas quanto ao alcance e significado desta iniciativa. Para ela, esta é uma outra economia possível, dentro da idéia de cooperativismo inaugurado pelo jesuíta Teodoro Amstadt, no século passado. attilio@livrariareus.com.br

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril

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A cultura solidária na Bíblia

texto bíblico que melhor A história dos discípulos de Emaús retrata a solidariedade hutermina dizendo que “naquela mesma mana é a parábola do Bom hora levantaram-se e voltaram para Samaritano (Lc 10,25-32), na qual Jerusalém”(Lc 24,35). É o que Pedro Cristo sintetiza toda a História, a garante, diante do Sinédrio: “Não Dom Dadeus Grings Salvação. Um homem que descia de podemos deixar de falar destas coisas Arcebispo Metropolitano Jerusalém a Jericó caiu nas mãos de que vimos e ouvimos”(At 4,20), o de Porto Alegre assaltantes. Despojaram-no de tudo e que equivale a dizer que quem sentiu o deixaram na margem da estrada, semi-morto. Trataa solidariedade, sente também a necessidade de se, sem dúvida, de um homem bom, piedoso, profuntornar-se solidário. damente religioso. Passaram por alí um sacerdote, Para sintetizar tudo, Lucas garante que “a mulhomem da religião, um levita, funcionário público, e tidão dos fieis era um só coração e uma só alma. um samaritano, um estrangeiro. Todos eles o viram Ninguém considerava suas as coisas que possuía, agonizante. Os dois primeiros, porém, passaram pelo mas tudo entre eles era comum... Entre eles ninguém outro lado da estrada, sem se comprometer com ele. passava necessidade”((At 4,32.34). O terceiro moveu-se de compaixão, aproximou-se e Paulo aprofunda a teologia da solidariedade o socorreu com tudo o que tinha à disposição e, mais cristã mostrando como todos são um em Cristo, de ainda, serviu-se, criteriosamente, dos préstimos de um modo que entre eles não possa existir discriminação. hospedeiro, para onde o levou, a fim de que a cura “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. fosse completa. A hospedagem representa a Igreja. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o O samaritano é a imagem de Cristo, que nos dá o mesmo. Há diferentes atividades, mas é o mesmo exemplo e incentivo da solidariedade. Deus que realiza tudo em todos” (1 Cor 12,4-6). A aplicação concreta desta parábola Lucas nos O amor, que constitui a essência da vida cristã, inapresenta no itinerário dos discípulos de Emaús (Lc ventou duas virtudes para atuar e se firmar entre os 24,13-35). Em vez de alguém fisicamente abatido, homens: a justiça que dá a cada um o que é seu; e a deitado na sarjeta, apresenta dois caminhantes, muito misericórdia, que vai além da justiça. Acolhe o outro tristes, indo também de Jerusalém, da cidade de Deus, não porque tenha direitos, mas porque o ama: é seu a Emaús, a aldeia dos homens. Haviam-lhes tirado, na irmão. Por isso se solidariza com ele. Sabe perdoar cidade de Deus, toda a esperança. Com a esperança e se reconciliar, mesmo que tenha sofrido ofensas e tinham perdido o sentido da vida. A esperança em ingratidões. A solidariedade se mede pela atitude de Jesus, como Messias, por quem haviam deixado tudo Cristo, que era rico pela divindade e se fez pobre em para o seguir, desaparecera com sua morte. Agora não humanidade para nos salvar. Esta solidariedade se lhes sobrava mais nada. Iam por isso muito tristes manifesta em seus discípulos. É o sinal da santidade, para casa. ou seja, do amor expresso no relacionamento com o Jesus se lhes junta nesta caminhada. Devolve-lhes próximo. Cristo garante que tudo o que se fizer pelo a esperança, a alegria e a coragem. Transforma-os mais pobre é feito a Ele em pessoa. E conclui que Ele em missionários de uma boa nova. A parábola do nos disse estas coisas para que sua alegria esteja em Bom Samaritano concluiu: “vai e faze tu o mesmo” nós e assim nossa alegria seja completa ((Jo 16,24).

Voz do

PASTOR

Comunicação e cultura

Dom Sinésio Bohn

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Bispo de Santa Cruz do Sul

emana passada encontrei um líder da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), com o qual tenho relação de amizade e de confiança mútua. E me lembrei: nossas Igrejas levaram 400 anos para superar o conflito e entrar em comunicação dialogal. A Igreja Metodista do Brasil comunicou que em qualquer organização ecumênica, em que participa a Igreja Católica, os metodistas se retiram ou não entram! Os metodistas foram líderes do diálogo e da cooperação ecumênica no Brasil! Todos os membros da Igreja Metodista, com os quais tive contato, são pessoas excelentes. O que torna a comunicação entre nós tão difícil? Conheço uma comunidade católica, em que os membros mais velhos e mais instruídos excluem os mais jovens e os condenam, porque estão errados! Está estabelecido o conflito, sem comunicação! Vejo parte dos jovens navegar na Internet, sem participar do esforço de transformar o mundo. Também não vejo a juventude atual empenhada numa nova espiritualidade, que ajude a Igreja Católica a ser testemunha da

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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DITORIAL

Boa Nova de vida, de liberdade e de comunhão. Ou como diz Casaldáliga, "uma boa nova de misericórdia, de acolhida, de perdão, de ternura, samaritana à beira de todos os caminhos da humanidade". E nossas famílias? Quanta falta de diálogo, de comunicação! As novas tecnologias são fantásticas, mas frias. A economia globalizada é cruel para com os miseráveis. Sem solidariedade. É hora de as Igrejas, as lideranças pastorais e educacionais, inclusive as organizações juvenis se desinstalarem e entrar em diálogo. A comunicação entre nós deve melhorar! Afinal, estamos todos no mesmo barco. João Paulo II lembrava que a razão deve ser curada pelo amor. Também a técnica fria deve ser curada pelo amor. Devemos aprender a trabalhar os conflitos, a proteger os fracos, perdoar os culpados, reconstruir amizades e construir um mundo de paz. Podemos e devemos "promover espaços de diálogo sobre os processos de comunicação, à luz da solidariedade e da construção de uma sociedade comprometida com justiça, liberdade e paz".

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Paulo Oliveira da Rosa (voluntário), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Impressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

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OCIEDADE

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Humanização da família Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

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Humanizar o humano?

Humanizar a sociedade

Diz Antônio Allgayer: “Jesus era tão humano, que de tão humano só podia ser Deus”. Humanizar é um verbo que o cristão precisa conjugar em seu cotidiano. Quando ele pratica um ato humano, praticou um ato cristão. Se ele pratica um ato desumano, é anticristão. Há pouco tempo, alguém nos surpreendeu com esta pergunta: “Humanizar? Como assim, humanizar?” Humanizar o que já é humano parece algo contraditório. Entretanto, todo ser humano é um ser inacabado e, se é saudável, está consciente de sua inconclusão. Portanto, o homem pode, sim, humanizar-se (ou desumanizar-se), pois ele cresce (ou decresce) todo dia. Mas, somente a humanização - o ser mais - é a vocação do homem. A desumanização gera o ‘ser menos’. Humanizar é ter uma concepção clara de “que homem queremos construir”, isto é, “como este ser humano deve ser para ser ‘humano’”. E agir em coerência. A pessoa que vive determinados valores, como a empatia, a compaixão, a solidariedade e o cuidado, certamente será ‘humana’. Quem é ‘humano’ não pode ferir o outro porque, quando o faz, se sente ferido. Humanizar-se é, então, evoluir. É educar-se para ser mais benévolo, mais ético, mais compassivo, mais solidário, mais empático. É um processo que dura uma vida.

A humanização oferece um sentido à ação humana. Ela auxilia a quem age a explicar a si mesmo como inserido num mundo de relações sociais e políticas. Trabalhar para que a sociedade seja humanizada nada mais é do que buscar estratégias e ações que visem colocar o ser humano, e o respeito que lhe é devido, como centro das relações políticas, comerciais, culturais. Quando estas relações giram em torno do eu, do poder e do dinheiro, fazendo do ser humano escravo destas variáveis, então a sociedade está se desumanizando. Sabemos que o homem e a mulher, muitas vezes, geram ações desumanas, perversas e destruidoras que os desviam de sua vocação humanística. Mas, seu papel fundamental é humanizar cada vez mais o mundo, dizer não a intolerância, às culturas de opressão e de negação das diversidades. É empenhar esforços para que as necessidades de cada ser sejam humanamente satisfeitas. Nessa luta, o papel dos pais e educadores é central, já que são eles que indicam os caminhos, apontam as situações-limites, propõem a leitura de mundo, subsidiam o corpo crítico dos filhos e alunos e colaboram na formação éticosocial de pessoas que terão a missão de agir e transformar a sociedade e o mundo em que vi-

Imagem: Jayanta Behera / sxc.hu

inguém pode agir como se existisse uma Família que pudesse viver e morrer isoladamente, como se ela tivesse realidade por si só, com independência das estruturas sociais. A família não está simplesmente sofrendo uma crise, a família está imersa num profundo processo de transformação, acompanhando as mudanças sociais, culturais, econômicas, políticas, climáticas e religiosas que, a um ritmo cada vez mais vertiginoso, modificam a sociedade. As mudanças na família e na sociedade são interdependentes. Apesar das variadas formas que assume e das transformações que passa ao longo da história, a família permanece como condição para a humanização e socialização das pessoas. É na família que os valores são aprendidos .

vemos.

Sem comunicação não há humanização Somente o modelo motivado pela solidariedade, realizado pelo encontro interpessoal e mediado pela palavra é capaz de promover a humanização. O ser humano dispõe do grande instrumento da palavra para mediar os encontros interpessoais. A palavra precisa ter lugar mais relevante no cotidiano institucional e familiar. Desafortunadamente, ainda não usamos com eficácia a palavra. Até bem pouco tempo, tínhamos que controlar a palavra para não sermos massacrados pelo autoritarismo da sociedade, da escola, da própria família. E, apesar de agora o uso da palavra estar permitido, temos resquícios que nos impedem de falar e/ou escrever, tememos expor-nos, ou vamos para o outro lado, usando a palavra para manobrar e ferir pessoas. Importa lembrar que o sentimento vem à frente das palavras. Conseguindo colocar-se no lugar do outro, você se sensibiliza com as alegrias, as dificuldades e o sofrimento, e é isso que o torna mais humano e lhe possibilita realmente ajudar alguém. Entrar em contato com os próprios sentimentos é a base para desenvolver a empatia. Como alguém que despreza as próprias necessidades e sentimentos poderá compreender as necessidades do outro? Uma família se humaniza quando as relações entre seus membros se tornam civilizadas (a boa educação é a fina flor da caridade), repelindo qualquer violência, oferecendo atendimento de qualidade, capaz de gestos concretos de solidariedade e de compaixão. Os pais dando o exemplo e criando ocasiões para estas práticas.


4 Um tipo inesquecível

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J.Peirano Maciel

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Liberdade de imprensa e liberdade de expressão

Médico

hama-se Ziraldo. Curso superior, mais de um, mas sempre fez questão de dizer que é um autodidata. Conhecedor de Ciência, Filosofia e Religião, entre outras matérias mais amenas, e adora literatura universal. Sempre me pareceram originais suas idéias. Comecemos pela Ciência. Versado nessa matéria, Ziraldo estuda-a até nossos dias, inclusive temas estranhos como a Física Quântica. Digamos, desde já, que nosso homem discorda totalmente de certas tendências atuais, propostas a partir dessa interessante matéria. Ou seja, muitos autores, talvez com tendências místicas, já propuseram que, a partir da quântica, se possa construir uma espiritualidade profunda, com base predominante espírita. Ou seja, espiritismo e quântica estariam entre si naturalmente unidas ou consequentes. Para outros, religião e quântica são afins... Para Ziraldo, isso é um absurdo. Não se pode unir ciência e religião; cada qual em sua esfera e habitação, afirma convicto. Aliás, esta posição, a meu ver muito interessante, é uma constante nas avaliações de meu amigo, sobre os ramos do saber. No tocante à evolução, Ziraldo tem parecer profundo. Se a Terra, como dizem, tem bilhões de anos, como é possível provar o que ocorreu nesses bilhões, transformações, mutações, fatos complexos, senão mediante teorias falíveis? Como saber o grande mistério da origem da vida em geral? Somente com teorias falíveis? O que é a vida? Esse mistério tão imenso? Pela química? Orgânica ou inorgânica? Sabemos? Filosofar, diz Ziraldo, é natural para todos, mesmo que não o saibamos conscientemente. Porque natural é a tendência de querer saber, questionar, indagar sobre problemas simples e difíceis, especialmente os que fogem à indicação científica (por exemplo, nosso destino, nossa origem, nossa natureza,etc.) Irritado fica Ziraldo, quando ouve dizer que morreu a filosofia, que tomou seu lugar a ciência. Absurdo, absurdo, pois quão grande é a quantidade de assuntos que não cabem na ciência (o conhecimento, a lógica, a filosofia da história, entre tantas outras, esbraveja nosso personagem! Ziraldo sempre apreciou a filosofia, desde adolescente, mas sempre disse que é cheia de artimanhas, de becos sem saída, produtora de enxaquecas e gastrites. Como é possível que um grande chato como Hegel, um sonhador como Luc Ferry, um vesgo como Sartre,cujas doutrinas interessam no máximo a mil leitores atentos e confusos, queiram doutrinar para o Mundo? Como aceitar um futurista (Ray Kuruweil) afirmar, sorrindo, que, em 2045, seremos eternos, e acha possível que seu pai volte à vida, mesmo que seja como um avatar (usando seu DNA, colhido na tumba,etc.). Como então satisfazer uma humanidade sequiosa de verdade e sentido para sua vida? Eis a questão. Para Ziraldo, nenhum mortal pode ter mais sabedoria que Deus, nosso Pai. Não, cada coisa em seu lugar, reafirma Ziraldo. Ciência, na casa de pesquisa. Filosofia no simbólico Partenon. Religião em suas letras sagradas e reveladas. Fusão entre elas? Nunca! Aperto de mãos, abraços, boa vontade, modéstia? Sempre! A independência dos saberes é fundamental neste planeta. Por último, em que religião se inscreveu Ziraldo? Homem de grande fé, batizado, mas ainda não se decidiu sobre que religião adotar. Quando chegar a hora, diz... Então, leitor, agora fale sobre o Ziraldo.

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PINIÃO

complementares, mas distintos

Néstor Busso Vice-Presidente da Asociación Latinoamericana para el Estudio de las Religiones

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que é liberdade de imprensa e a sua relação com o direito à informação, à liberdade de expressão e o direito à comunicação? Parece evidente que são conceitos que se completam, mas são diferentes. Os sujeitos da liberdade de imprensa são aqueles com capacidade de ter meios de comunicação: os proprietários dos meios. Foi um direito consagrado no final do século 18 e está expressamente incluído na maior parte das primeiras Constituições de nossos países. A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 consagrou o direito à livre expressão. A alteração substancial é a universalidade do direito. Os sujeitos da liberdade de expressão somos todos nós. Mas a “livre expressão” se completa pelo direito à informação, ou seja, a possibilidade de que todos tenhamos informação diversa e plural que nos permita participar da vida em sociedade com possibilidades de decidir sobre questões que nos são comuns e afetam nossas vidas. É por isso que defender a “liberdade de imprensa”, sem referência à necessária liberdade de expressão para todos, especialmente aos mais pobres, seria defender o direito de apenas uns poucos

de difundir suas idéias. A liberdade de imprensa é indispensável, porém, devemos enquadrar o exercício desse direito em outras mais amplas, claramente estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos (artigo 19) e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos Artigo 13. Não poucas vezes em nosso continente tem-se usado a ‘liberdade de imprensa’ para atacar a ordem constitucional e a defesa de interesses corporativos de grupos de poder econômico. Liberdade de imprensa não pode ser um argumento para defender monopólios ou oligopólios que ameaçam a necessária diversidade de pluralismo que assegure o direito à informação e à liberdade de expressão de todos os setores sociais. O livre curso de idéias numa sociedade democrática requer a participação de múltiplos atores e vozes. Isto não se consegue quando se estabelecem monopólios ou oligopólios, e amplos setores da sociedade civil são silenciados, absolutamente excluídos da possibilidade de expressar-se e até de ter meios de comunicação a seu alcance. O Mutirão de Comunicação em Porto Alegre será uma boa oportunidade para discutir e apresentar as múltiplas experiências que em nosso continente desenvolvem uma comunicação a serviço de um modelo de sociedade participativa, inclusiva e solidária.

“Ao invés de descobrir o que extrair da natureza, devemos identificar o que aprender a partir dela”. Fritjof Capra

Carta do cacique Seattle Antônio Allgayer Advogado

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uando os ecólogos dizem que “tudo está ligado a tudo” fazem ver que todos os seres do orbe terrestre dependem uns dos outros, constituindo unidade vital e dinâmica. O homem não é um ser isolado, distante dos demais seres. Sua vida se entrelaça com outras vidas. Insere-se na biosfera como parte consciente do cosmos. Sua vida está conectada ao todo, à semelhança da flor, que gera beleza e esbanja perfume, hauridos do solo fértil, do sol, da umidade, do ar atmosférico. Isto foi expresso com sensatez, humildade e primor de linguagem pelo cacique Seattle, em carta endereçada ao presidente dos Estados Unidos. Ao cogitar-se da compra, pelo governo, de terras dos índios, o grande líder de um povo indígena manifestava a sua estranheza pelo fato de o homem branco considerar objeto de negociação a terra, por ele e pelos povos da América pré-colombiana tida como bem comum da humanidade. Ante a beleza e a pertinência do seu conteúdo, vale a pena transcrever tópicos deveras antológicos da famosa carta: “Somos da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs. O cervo, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem – todos pertencem

à mesma família (...). Ferir a terra é desprezar o seu Criador (...). Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família (...). O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios”. Idêntica intuição tivera São Francisco de Assis lá pelos fins da Média Idade. No Cântico do Irmão Sol, o despossuído filho de Pedro Bernardone chama de irmãos o fogo, a água, os vermes e a própria morte. Proclamando a fraternidade universal das criaturas, foi, seguido por Seattle, o “inventor” da democracia cósmica. Teriam os dois vates – o santo e o índio – efetivamente descoberto o elo existencial que une todas as criaturas? Seja qual for o lugar que a história lhes reserva, justo é situá-los entre ambientalistas do porte e da estatura de um rei Dom Dinis, que no século XIII promoveu a agricultura e o plantio de pinheiros em Portugal. Um Fórum Social Mundial sediado aqui em Porto Alegre proclamou que mudanças acontecerão, por menos que as desejem beneficiários da inércia instalada. É de esperarse que sejam aquelas “mudanças ousadas e profundamente inovadoras” preconizadas pelo Papa Paulo VI na encíclica “Populorum Progressio” (PP 32). Está em jogo a sobrevivência da espécie humana. Se você não quiser ou não puder compreender isso, pelo menos plante uma árvore...! E tolere que outros cuidem do seu futuro e do futuro de seus filhos...!


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DUCAÇÃO &

SICOLOGIA

Educação e exercício do poder Jorge La Rosa Professor universitário. Doutor em Psicologia

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educação é um processo que acompanha o ser humano ao longo de sua vida, e que permeia as mais variadas dimensões de sua personalidade – para falar em apenas uma de suas áreas, a afetiva, constitui perene desafio na trajetória terrestre. Quem pode dizer que atingiu o máximo em desenvolvimento emocional? – Só quem desconhece a si mesmo ou está de má fé. Um dos mais complexos desafios está no exercício do poder – certamente necessário para a existência da “polis” enquanto estabelece os ordenamentos indispensáveis para reger as relações entre as mais variadas instâncias: entre pessoas, entre instituições, entre pessoas e instituições, entre pessoas e o Estado, entre os Estados nacionais, e de todas as instâncias com a natureza. O poder, então, e o seu exercício são fundamentais, sem eles nenhuma sociedade se constituiria. Espaços do poder O poder é exercido nos mais variados ambientes, espaços e territórios. Os pais exercem poder no ambiente doméstico enquanto determinam normas e regras que filhos deverão obedecer para seu próprio bem e desenvolvimento: pais autoritários abusam do poder enquanto estabelecem normas arbitrárias e punições desproporcionadas; pais omissos deixam de exercer o poder de educar, e abandonam os filhos ao seu arbítrio. O poder é exercido no espaço público, no trânsito, por exemplo, onde a autoridade estabelece os lugares de estacionar e aqueles nos quais é proibido; determina, ainda, a velocidade máxima permitida, o modo de ultrapassar outro veículo, e muitas outras normas – as quais, todas, a serviço do bem comum. O poder é exercido pelo Estado enquanto regula as relações entre empregados e patrões, na empresa, ou quando determina o imposto a pagar pelo território ou espaço do qual o indivíduo é detentor. Enfim, a vida dos cidadãos, o funcionamento das instituições e as relações entre países são regulados por leis emanadas por autoridades investidas de poder, legítimo, reconhecido e instituído pelas respectivas instâncias. O poder, então, é inerente à autoridade, seja ela no âmbito

doméstico ou público, e está orientado para promover o bem comum através de normas e leis. Mas há, no exercício do poder, o risco de abuso.

Abusos de poder O Brasil, estarrecido, tem observado o abuso de poder em uma de suas instituições que justamente o constitui, o Senado – e que agora vem a público. Estamos informados das centenas de atos secretos que não foram publicados no Diário Oficial e que se arvoraram como atos legais, ao menos para prover os benefícios e vantagens para seus destinatários, enquanto o povo brasileiro os ignorava. Foram realizados, como se diz, na calada da noite, e nos porões do Senado – o que só deteriora a Instituição Péssimo exemplo para os comuns dos mor-

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tais, se na Câmara Alta se praticam essas ilegalidades com acentuada tonalidade antiética, não se pode esperar que os representados ajam de modo diferente; pelo contrário, está estimulando o descumprimento da lei por vias tortuosas e ocultas: a esperança, contudo, é que o comum dos mortais seja sobranceiro e ultrapasse esse legado – afinal, no povo sempre existe uma reserva moral que não se deixa contaminar, e permite entrever o amanhã com renovada esperança. Diremos que essas pessoas que burlaram a lei não foram educadas para o exercício do poder, mas fizeram dele um meio para favorecer indivíduos, grupos e instituições, com prejuízo da ética e de todas as normas de convivência na República Federativa do Brasil.

A concepção cristã de poder Há uma passagem no Evangelho de Mateus na qual Jesus fala do exercício do poder, Mas, antes, é preciso dizer que todo o poder legítimo procede de Deus, nele se origina: com isso não queremos dizer que ditadores tenham justificado seu poder, ou que quem burla as eleições esteja na mesma situação, ou ainda, que grupos golpistas detentores de força e munição justifiquem a autoridade de que se investiram – isso tudo está longe de uma concepção cristã de autoridade. O poder não pode ser usurpado, ele é delegado livremente pelo povo na sociedade civil. Voltemos ao texto de Mateus (20, 24-28), lapidar: “Sabeis que os governadores das nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servo. Desse modo, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir...” (Bíblia de Jerusalém).


CARTOLA

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UTIRÃO

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Solidariedade e compreensão

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numeráveis mostras de solidariedade e alento continuam chegando ao Comitê de organização do Mutirão Latino-americano e Caribenho de Comunicação após a oficialização do adiamento desse encontro continental devido ao aumento de casos da gripe AH1N1 em Porto Alegre. De diversos países da América Latina e Europa vêm expressões de apoio pela medida adotada de proteger a segurança e a vida dos participantes.

 María Rosa Lorbés, diretora da revista Signos, do Instituto Bartolomé de Las Casas, de Lima, Peru: “Al mal tiempo, buena cara. Cuídense de los virus por ahora, que el Mutirao es invencible y saldrá adelante tarde o temprano” .  Ilde Silvero, presidente da Associação de Comunicadores Católicos, ACCP, do Paraguai: “La salud está primero”.  Ricardo Yáñez , Signis Mundial, em Bruxelas, fazendo votos que o evento saia logo a seguir ao mesmo tempo de comprometer-se a apoiar no que puder. “... la decisión significa desarmar ‘compromisos adquiridos en Porto Alegre”.  Joseph Chittilapilli, secretário executivo da UCIP - Unión Católica Internacional de Prensa - disse “sentirse muy entristecido por la decisión de postergar el Mutirão”, e acenou com respaldo de que, se não houver condições de realizar-se na América Latina, poderia realizar-se em Roma, concomitante à Assembléia da UCIP em Roma.  Hugo Ara, Diretor da Escola de Comunicação Social DIAKONIA, da Bolívia, disse também que é lamentável que “un encuentro que con tanto cuidado ha sido preparado” tivesse que ser adiado, mas considerou a decisão “es pertinente y sabia”, porque sobretudo pensa na segurança e na vida dos participantes. “Mi agradecimiento por todo el trabajo de preparación del evento de Porto Alegre, y mi comprensión ante la difícil decisión tomada. El criterio ha sido de seguridad sanitaria y eso es fundamental”.  Gustavo Andújar, vice-presidente da SIGNIS mundial - Associação Católica Mundial para a Comunicação – solidarizou-se com a comissão organizadora do Mutirão porque o adiamento obrigado significa que “meses y meses de trabajo se esfumen de este modo. Pienso que han hecho ustedes lo debido, pero lamento que se hayan visto obligados a tomar esta decisión, porque estoy convencido de que la alarma con esta gripe está alcanzando niveles totalmente irracionales”, disse.  José Mármol, presidente da Associação Católica de Comunicação, SIGNIS, no Equador expressou apoio à medida tomada. “Aunque dura, la decisión responde al espíritu cristiano de defender la vida y procurar el bien común de todos y todas”.

“Influenza A no RS - Orientações para eventos (Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul)

Desde o dia 25/04/09, o Estado do Rio Grande do Sul, assim como o restante do Brasil, está em alerta epidemiológico pela ocorrência de casos humanos por um novo subtipo viral de Influenza A (H1N1). A progressão da situação epidemiológica, com a ocorrência de grande número de casos na América do Sul, em especial na Argentina e Chile, leva à necessidade de rever sistematicamente os Protocolos Técnicos que embasam as ações de enfrentamento da doença. Os casos confirmados no Estado, até o presente momento, são ligados a situações de viagens e/ou contatos internacionais, sem evidência de circulação autóctone do vírus. As medidas de vigilância indicadas para a detecção e acompanhamento desses casos vem sendo desenvolvidas em

conjunto com as Secretarias Municipais de Saúde. Ao mesmo tempo, têm sido divulgadas à comunidade orientações de medidas gerais que contribuem para o controle da disseminação de vírus respiratórios em geral (incluindo o vírus Influenza), tais como:  Higienizar as mãos com água e sabonete antes das refeições, antes de tocar os olhos, boca e nariz e após tossir, espirrar ou usar o banheiro.  Proteger com lenços (preferencialmente descartáveis) a boca e nariz ao tossir ou espirrar, para evitar disseminação de aerossóis;  Indivíduos que sejam casos suspeitos ou confirmados devem evitar entrar em contato com outras pessoas suscetíveis.

Caso não seja possível, usar máscaras cirúrgicas;  Indivíduos que sejam casos suspeitos ou confirmados devem evitar aglomerações e ambientes fechados;  Manter os ambientes ventilados;  Indivíduos que sejam casos suspeitos ou confirmados devem ficar em repouso, utilizar alimentação balanceada e aumentar a ingestão de líquidos.  Em relação à realização de megaeventos, que possam envolver milhares de participantes, recomenda-se o adiamento daqueles que impliquem na concentração de grande número de pessoas, especialmente quando devam receber viajantes procedentes de países/regiões com transmissão da Influenza A (H1N1) e promoverem convivência em ambientes fechados”.


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A S ÇÃO

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OLIDÁRIA

Cooesperança: autêntico cooperativismo solidário ‘Muita gente pequena em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudará a face da terra”. (Albert Tévoèdjré, in ‘A pobreza é a Riqueza dos Pobres’). Ele recupera o verdadeiro conceito de cooperativismo e o pratica com fidelidade. Não há intermediação, não há especulação. É o Projeto Cooesperança, imaginado e criado há mais de duas décadas por D. Ivo Lorscheiter, falecido bispo diocesano de Santa Maria. E cada vez mais significa e se traduz em dignidade humana para seus milhares de participantes economicamente marginalizados pelo sistema de produção hegemônico. É uma cooperativa mista dos pequenos produtores em moldes antigos. “É a reinvenção da economia. É uma outra economia possível. Adotamos o cooperativismo iniciado há mais de um século no Rio Grande do Sul pelo jesuíta Pe. Teodor Amstadt”, explica Irmã Lourdes Maria Dill, (foto) coordenadora e continuadora da obra de D. Ivo.

Renda e trabalho “Temos 230 grupos. Todos organizados e produzindo. Envolvem 4.500 famílias. E articulam 20 mil pessoas, incluindo os consumidores, e atuam em 30 municípios da região central do Estado, especialmente os que integram a Diocese de Santa Maria. Eles estão na área rural e urbana. Na rural são artesãos de pão, confecção de roupas, artesanatos e as mais diferentes formas de organização” explica Irmã Dill. A cooperativa congrega 20 Associações de Catadores, agricultores familiares, artesãos, desempregados, povos indígenas e pessoas de todas as classes sociais que, pelo seu trabalho e persistência, realizam seus sonhos de vida.

Autogestionários da Terra Para a religiosa, o modelo atual de exploração dos recursos naturais é autofágico. “Não somos donos de coisa nenhuma: somos auto-gestionários desse planeta. Todos somos transitórios, nosso ciclo é passageiro e cada um de nós é desafiado a deixar o planeta melhor do que quando o encontramos ao nascer para assegurar a continuidade da vida. Isso exige uma nova mentalidade de produção, consumo e gestão. Em suma, o desenvolvimento econômico sustentável e solidário com a vida em todos os sentidos, incluindo o próprio Planeta”, diz Irmã Dili.

Comercialização Atualmente, a rede congrega mais de 40 espaços fixos de comercialização direta dos diversos grupos, entre as quais estão o Terminal de Comercialização Direta, Centro de Economia Popular Solidária, Produção e Arte Esperança, Armazém da Colônia, Feirão Mensal da Praça Saldanha Marinho, Mãos de Terra, Giacomini II e Cantinho do Artesanato. Além disso, há o Feirão Colonial, onde semanalmente aos sábados são comercializados os produtos confeccionados ou colhidos da terra. Há 16 anos também é realizada a Feira Estadual de Cooperativismo, que há cinco anos ampliou-se para Feira do Mercosul e que em 2007 atraiu mais de 100 mil pessoas, representando 21 estados brasileiros e representantes de 18 países de três continentes. (Em razão da ameaça de epidemia da Gripe A, o poder público municipal de Santa Maria recomendou a não realização dos eventos na edição deste ano - 5ª Feira do MERCOSUL e a 16ª Feira do Cooperativismo, FEICOP - programados para 10 a 12 de julho de 2009).

Irmã Lourdes Maria Dill

O Projeto Esperança/Cooesperança faz parte do trabalho do Banco da Esperança, da Diocese de Santa Maria e da Cáritas/RS. Conta com a parceria, entre outros, da MISEREOR da Alemanha, Cáritas Brasileira, Prefeitura de Santa Maria, IGK (Instituto Genaro Krebs), UFSM, UNIFRA, Emater, SAEMA, Comissão Pastoral da Terra , Governo Federal, Secretaria Nacional Economia Solidária, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Caixa Econômica Federal, Petrobras, SEBRAE, PALLOTTI, Instituto Marista Solidariedade.


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ABER VIVER

Previna-se das lesões articulares

As notas desta página foram postadas na internet pelo Grêmio de Radioamadores da Rodada Encontro de Amigos, no site http://www.py2gea. com.br/saude%20e%20cia/saude.html, onde os leitores poderão encontrar muitos outros assuntos relacionados à saude.

Muito pouco se fala sobre os cuidados que precisam ser tomados ao realizar qualquer atividade física. Antes de iniciar um programa de exercícios, deve-se fazer uma avaliação postural para identificar possíveis desvios nas curvaturas normais da coluna e observar o alinhamento dos pés e dos joelhos. As pessoas que apresentarem tais desvios terão maior probabilidade de sentir dor ou desconforto se o exercício escolhido trouxer um maior estresse sobre as respectivas articulações. Dessa forma, determinadas atividades ou exercícios são contra-indicados para essas pessoas. Confira outros fatores que também podem provocar lesões articulares: * uso de calçados inapropriados para o esporte ou a atividade

PÓS-GRADUAÇÃO PUCRS Cursos de Especialização

Síndrome do intestino irritável incomoda muita gente

praticada; * execução incorreta de determinados movimentos, o que coloca as articulações em um posicionamento inadequado; * assimetria de força e flexibilidade (por exemplo, musculatura anterior muito mais forte ou flexível que a posterior); * ausência de aquecimento na fase inicial da atividade; *falta de flexibilidade; *solo irregular (como buracos e desalinhamentos) ou rígido demais (asfalto, concreto), dificultando o amortecimento; transição brusca entre os movimentos. Se você se exercita sozinho, procure prestar mais atenção nestes detalhes. Escolha muito bem o local do treino, o vestuário adequado e busque orientações sobre a execução correta dos exercícios. Estas medidas contribuirão para sua segurança e para a longevidade do seu treinamento.

As doenças funcionais do aparelho digestivo, ao lado das doenças por refluxo ácido, são destaque neste início do século 21. Aproximadamente metade das pessoas que procuram um gastroenterologista em qualquer parte do mundo atualmente não apresenta nenhuma doença orgânica, ou seja: os pacientes têm vários sintomas, mas os exames complementares são normais, e não mostram nenhuma alteração na estrutura do órgão. Além disso, percebe-se hoje uma queda na incidência de câncer de estômago e de úlcera apéptica. As doenças funcionais têm sido classificadas de acordo com os sintomas e com o órgão que atingem. Assim, quando se verificam azia, obstrução do estômago, digestão difícil e arrotos, mas os exames apropriados dão resultados normais, trata-se de dispepsia funcional. Já quando predominam dores ou desconforto abdominal contínuo ou recorrente por mais de três meses, acompanhado quase sempre por alterações na frequência das evacuações ou na consistência das fezes, sensação de distensão abdominal (barriga

Conhecimento para você chegar mais alto. www.pucrs.br/pos

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JOSY M. WERLANG ZANETTE Técnicas variadas Atendemos convênios

inchada) e de evacuação incompleta, mas mesmo assim os exames também não apontam nada anormal, o diagnóstico é de síndrome do intestino irritável (SII). Apesar de muito frequentes – atingindo entre 20% e 45% da população mundial –, as doenças funcionais são pouco conhecidas pela maioria das pessoas, que sofrem sem procurar ajuda. A falta de informação colabora com este quadro, pois há uma tendência a acreditar que este desconforto é normal ou provocado por vermes. Muitos pacientes procuram o médico afirmando já ter tomado vários vermífugos por conta própria, por orientação de farmacêuticos ou até mesmo de leigos, mas os sintomas persistem. O diagnóstico baseia-se fundamentalmente nos sintomas, e a origem da doença não é totalmente conhecida. Estudos recentes demonstram que os sintomas se devem a distúrbios na função dos órgãos. Admitese que o aparelho digestivo torna-se hipersensível, reagindo intensamente a fatores aparentemente corriqueiros na vida do indivíduo, como o estresse, a dieta alimentar e certos medicamentos. É interessante notar que fatos ocorridos na infância podem influenciar a maneira como a pessoa reage aos diferentes problemas do dia-a-dia quando adultos, aumentando ou diminuindo o estresse. A síndrome do intestino irritável não mata e não está relacionada ao câncer, mas, quando não é tratada, altera a qualidade de vida. Apesar de não haver um tratamento definitivo, os pacientes podem se beneficiar muito adotando medidas como reprogramação dietética e da maneira de reagir em relação ao estresse diário, atividades físicas e medicamentos que atuam no estômago e no intestino, minimizando os sintomas.


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JOVEMez tem v

* Fala um pouco de ti. Sou uma jovem feliz, que tem paixão pela família e pelos amigos! Sou dedicada e responsável com meus estudos e não perco um jogo do Juventude. * O que pensas fazer no futuro? Concluir meu curso, ter um trabalho estável e rentável, viajar para muitos lugares do mundo, aprender novas línguas e construir uma família. * Fala de tua família. Minha família representa tudo para mim. É meu maior apoio, 24 horas por dia, 365 dias por ano. Para ela, sou parte fundamental dessa estrutura. * Sobre os amigos. Meus amigos são a minha segunda família. Neles encontro o mesmo apoio dado pela minha família e são a minha companhia em momentos diferenciados. * O que consideras positivo em tua vida? Positivo é ter tudo o que eu tenho. Saúde, estudo, família, amigos, casa, comida... Tudo isso faz com que eu não tenha motivos para fazer qualquer reclamação. * Um livro que te marcou. O Vendedor de Sonhos.

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SPAÇO LIVRE

duarda Luísa Rech, 18 anos, estudante de Comércio Internacional na Universidade de Caxias do Sul, é a entrevistada desta edição.

* Um filme inesquecível. Um amor para recordar, e Marley e eu. * Uma música. Put your records on – Corinne Bailey Rae. *Um medo. Perder alguém que amo. *Um defeito do qual gostarias de te livrar? A dificuldade de me desfazer das minhas coisas. *Qual o maior problema dos jovens, hoje? É achar que nada vai acontecer com eles, que as coisas ruins só ocorrem com os outros. Apontar alguma solução é difícil, pois partirá da consciência de cada um. *Qual o maior problema no Brasil de hoje? É a acomodação da população. Problemas políticos, financeiros, sociais... terão seu fim a partir do momen-

to em que o povo tomar alguma atitude concreta quanto a isso. *O que pensas da política? Pouco penso sobre política, porque não tenho muito conhecimento quanto a isso. Jovens têm uma pequena participação na política, muitos votam apenas por influência dos pais. É um assunto que deveria, mas não interessa a essa faixa etária. *O que pensas sobre a felicidade? A melhor maneira de levar a vida é com felicidade. Ela faz com que vejamos nossa vida de maneira melhor e ainda auxilia na busca de nossos objetivos. *Já fizeste algum trabalho voluntário? Qual? Sim, numa casa onde era dado auxílio para crianças em turno contrário ao da escola, como reforço, atividades educativas, recreação... Tudo que as deixasse longe dos perigos existentes nas ruas. *O que pensas de Deus? Para mim, Deus é um anjo que protege a cada um de nós de uma maneira única. *Uma mensagem aos jovens. Que tenham esperança e força de vontade, porque o futuro de um mundo melhor está em nossas mãos.

Martha Alves D´Azevedo Comissão Comunicação Sem Fronteiras

Laços de integração

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a VII Reunião Extraordinária do Conselho do Mercado Comum realizada em outubro de 2008, em Brasília, no auge da crise econômica mundial, o representante do Paraguai, Oscar Rodriguéz Campuzano, declarou: “A crise é oportuna para reafirmar os laços de integração na região”. Depois de uma tarde de discussões, representantes do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela disseram que é preciso reforçar a integração regional. Quase um ano depois, verificamos que a integração dos paises do Mercosul não só não avançou, como ficou enfraquecida por constantes disputas econômicas. Se é reconhecida e alardeada a importância da integração, por que nada é feito no sentido de incentivá-la, reforçando os laços que unem nossos países? Saint Exupéry, o consagrado escritor francês, no seu livro O Pequeno Príncipe, afirmava: “Ninguém ama o que não conhece”. Será que conhecemos nossos vizinhos e parceiros no Mercosul? O que sabemos de seus hábitos, de seus costumes, de sua música, de sua cultura em geral? Será que a nossa cultura é melhor do que a deles? Como poderemos julgar sem primeiro buscar conhecer? Recebemos diariamente, através dos meios de comunicação, uma avalanche de informações sobre nosso vizinho do norte. Sua linguagem vai, pouco a pouco, sendo incorporada pela nossa, e cada vez mais nos afastamos de nossos parceiros no sul, apesar de afirmarmos constantemente que a integração com eles é fundamental para o futuro do continente. Se a integração é difícil entre os adultos, comecemos a trabalhá-la através das crianças, que rapidamente estabelecem laços de amizade, de solidariedade, independentes do país onde nasceram e, isso pode ser comprovado em nossas fronteiras no sul, que deveriam servir de exemplo para nossos governantes. Santana do Livramento e Rivera convivem harmonicamente, as crianças frequentam escolas de um ou outro lado da fronteira e através de um convívio diário criam laços de amizade, unem suas famílias e passam a falar uma linguagem comum que é por todos compreendida. Um belo exemplo de integração solidária.

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LIVRARIA PADRE REUS Especializada em livros de filosofia, educação, teologia, comunicação e ciências sociais, artigos religiosos e material escolar. Obs.: a partir de 30 de agosto estarão à sua disposição o Livro da Família e o Familienkalender. Rua Duque de Caxias, 805 – 90010-282 – Porto Alegre/RS Fone: (51) 3224-0250 – Fax: (51) 3228.1880 livrariareus@livrariareus.com.br ENCONTRO REGIONAL DO APOSTOLADO DA ORAÇÃO Venha participar no dia 22 de agosto de 2009 no Santuário Sagrado Coração de Jesus, junto ao túmulo do servo de Deus, Pe. João Baptista Reus, em São Leopoldo/RS


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GREJA &

COMUNIDADE

Como trabalhar um encontro de catequese Irmã Marilene Bertoldi

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Catequese Católica

a catequese é preciso fazer interagir, isto é, misturar aquilo que é do campo de fé (Bíblia, tradição, liturgia, doutrina, ensinamentos da Igreja...) com tudo aquilo que é do campo da vida (acontecimentos, realidade, situações, aspirações, clamores, fatos alegres e tristes...). Para melhor trabalhar este método de interação usa-se um pocedimento, ou melhor, um itinerário, que favorece o grande objetivo da catequese: “Para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10, 10). Todo encontro parte da VIDA para chegar a mais VIDA com novos compromissos e novas atitudes... O itinerário de um encontro, para muitos, é velho ou muito conhecido. Acontece que existem muitos catequistas iniciantes e precisam estar seguros de como proceder ao realizar algum encontro. Vejamos agora, parte por parte, a dinâmica metodológica de um encontro: Acolher → Ver → Julgar → Celebrar → Agir → Avaliar. a) Acolher: É a sala de visita do encontro. Pode ser expressa de muitas formas: gestos, cantos, símbolos, surpresas... É importante que todo catequizando encontre sempre um ambiente acolhedor, fraterno, amigo. Seja reconhecido na sua individualidade, chamado pelo nome. Todo participante que se sente aceito e amado participará com mais alegria e motivação. b) Ver (Olhar a vida): Suscita a capacidade para a sensibilidade, consciência crítica, perceber

com o coração e a inteligência aquilo que se passa ao redor. Não é só olhar a realidade superficialmente, mas possibilitar o aprofundamento de fatos, causas e consequências dos problemas no sistema social, econômico-político e cultural. O olhar a vida é o momento de ver o chão onde vivemos e de preparar o terreno da realidade para depois jogar a semente da Palavra de Deus. A parte do ver pode ser concretizada através de desenhos, visitas, entrevistas, histórias e fatos contados, notícias, figuras, fitas de vídeo, dramatização... c) Julgar (Iluminar a vida com a Palavra). A partir da vida apresentamos a Palavra de Deus (Evangelho). Podemos compará-la com a luz existente dentro de casa. Ela ilumina todo o ambiente isto é, nos mostra qual a vontade de Deus em relação à vida das pessoas, seus sonhos, necessidades, valores, esperanças... Fazemos um confronto com as exigências da fé anunciadas por Jesus Cristo, diante da realidade refletida. Dentro do julgar também colocamos o aprofundamento da Palavra. Nesta parte aumentamos a luminosidade da casa para poder enxergar melhor. É a hora em que refletimos com o grupo para fazer uma ligação mais aprofundada da Palavra com a vida do dia-a-dia e perceber os apelos que Deus nos faz. Pode-se perguntar: O que a Palavra de Deus diz para a nossa vida? Sobre o que nos chama atenção? O que precisamos mudar? Que apelos a Palavra faz para mim e para nós? O aprofundamento pode ser feito ainda com encenações, dinâmicas, cantos, símbolos...

CATEQUESE ria Solidá

Na próxima edição do Solidário serão trabalhadas as outras partes da dinâmica, ou seja: Celebrar → Agir → Avaliar.

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Solidário

LITÚRGICO 19 de julho – 16o Domingo do Tempo Comum (

verde)

1a leitura: Livro do Profeta Jeremias (Jr) 23,1-6 Salmo 22 (23) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 2,13-18 Evangelho: Marcos (Mc) 6,30-34 Comentário: No texto bíblico do Evangelho de Marcos deste domingo, o coração humano e divino de Jesus se manifesta em duas dimensões. Primeiro, a preocupação com o cansaço de seu grupo de amigos: Vinde, sozinhos, para um lugar solitário para descansar um pouco (6,30). Nunca é demais lembrar: nosso Deus, em Jesus, tem um coração profundamente humano, tão humano que se solidariza com tudo o que as pessoas vivem no seu cotidiano. Neste caso, Jesus sentiu que seus amigos, depois de trabalharem todo o dia, estavam exaustos. E os convidou para um passeio, para um encontro “só entre eles”, para um bom descanso. No dia seguinte, a missão continuaria e eles precisariam estar descansados e bem dispostos para uma nova empreitada evangelizadora. A segunda dimensão do coração humano/divino de Jesus se manifesta ao ver toda aquela gente que, ansiosa e esperançosa, o seguira desde a outra margem. Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e sentiu compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (6,34). De fato, séculos antes de se falar em cultura solidária, Jesus propôs esta cultura para quem quisesse segui-lo. E a compaixão que ele sentiu é, sempre, uma compaixão solidária. Se a compaixão não é solidária, não é compaixão; será pena, será assistencialismo, será descargo de consciência, mas não será compaixão. Para ser uma compaixão solidária ela exige, primeiro, esquecer-se de si e acolher o outro a partir da realidade do outro, da necessidade do outro. Jesus e seu grupo de amigos nos deixam um belo exemplo de compaixão solidária ao esquecerem seu cansaço e lembrarem a necessidade de ficarem um pouco sozinhos, de descansar. Sempre que nos esquecemos de nossas necessidades e, às vezes, até de justos direitos, para servir a alguém, vivemos e damos exemplo de compaixão solidária, a divina compaixão que Jesus viveu e deixou como exemplo para todos nós.

26 de julho – 17o Domingo do Tempo Comum (

verde)

1a leitura: Segundo Livro dos Reis (2Rs) 4,42-44 Salmo 144 (145) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Efésios (Ef) 4,1-6 Evangelho: João (Jo) 6,1-15 Comentário: A sensibilidade do apóstolo e evangelista João resgata um dos momentos mais significativos da vida pública de Jesus. Ele relata, com detalhes, o episódio da preocupação de Jesus com o cansaço e a fome das pessoas. Eram milhares e, com razão, aqueles poucos pães de um garoto não ajudariam em quase nada para suprir a necessidade de tantos: era muita gente para pouco pão. Mas aí, o gesto de solidariedade de uma criança, que se dispõe a partilhar o pouco que tem, fez acontecer o milagre da multiplicação do pão. Uma interpretação plausível diz que, quando Jesus perguntou sobre a quantidade de pães que tinham trazido, ele não se referia aos pães que os discípulos tinham consigo, como se a responsabilidade fosse só deles, mas passeou seu olhar sobre as pessoas que estavam ali, sentadas, aguardando mais um milagre do mestre. E o “milagre“ que de fato teria acontecido, seria o milagre da partilha: quase envergonhados pelo gesto desprendido e solidário de um garoto, toda aquela gente teria buscado em suas próprias sacolas e mochilas o que ali havia. E colocado tudo em comum. Este teria sido o verdadeiro milagre: aqueles homens e mulheres partilharam... colocaram em comum o que traziam. E todos comeram e ficaram fartos. E do que sobrou, encheram doze cestos (cf 6,12-13). É mais que sabido que o grande drama da humanidade não é a escassez de alimento de milhões - dados recentes falam de um bilhão de pessoas passando fome, especialmente na África subsaariana e na Índia -, mas a ganância egoísta de uma minoria, que se nega a partilhar suas sobras. Somente uma pequena porcentagem dos imensos lucros das grandes empresas daria pão, casa e vida digna para os milhões de famintos de nosso planeta. Quando o milagre da partilha... do colocar em comum acontecer, este nosso mundo estará um pouco mais próximo do sonho sonhado por Jesus, há dois mil anos. O exemplo, de quem virá? Quem sabe, mais uma vez, de uma criança... attilio@livrariareus.com.br


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O que vai pelas

DIOCESES

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GREJA &

COMUNIDADE

Centenários

Criadas pela Bula Praedecessorum Nostrorum, do Papa São Pio X em 15 de agosto de 1910, a arquidiocese de Porto Alegre, juntamente com as dioceses de Pelotas, Santa Maria e Uruguaiana iniciam, em agosto próximo, o ano do centenário de suas instituições. Por aquele ato papal, a então diocese de São Pedro do Rio Grande do Sul - que havia sido criada em 7 de maio de 1848 e desmembrada da Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro - foi dividida em quatro circunscrições eclesiásticas (dioceses) e elevada à categoria de Arquidiocese. Por se tratar, na prática, do início da caminhada pastoral independente no Estado e que deu origem às demais dioceses gaúchas criadas posteriormente, os centenários diocesanos e arquidiocesano acima estão sendo preparados pelo Regional Sul 3 - da CNBB em conjunto com as respectivas dioceses. As outras 14 dioceses gúchas foram criadas, conforme a seguir: Caxias do Sul, em 1934; Passo Fundo, em 1951;Vacaria, em 1957; Santa Cruz do Sul, em 1959; Bagé, em 1960; Santo Ângelo, em 1961; Frederico Westphalen, em 1962; Erexim, em 1971; Cruz Alta, em 1971; Rio Grande, em 1971; Novo Hamburgo, em 1980; Cachoeira do Sul, em 1991; Osório, em 1999 e Montenegro, em 2008.

Caxias do Sul Ano de Instituição: 1934 www.diocesedecaxias.org.br/

Erexim Ano de Instituição: 1971 http://www.diocesedeerexim.org.br/

Pe. Ezequiel Dal Pozzo lança seu primeiro CD

Curso Diocesano de Liturgia

O Pe. Ezequiel Dal Pozzo, que atua junto à Paróquia Santa Fé, em Caxias do Sul, acaba de lançar o seu primeiro CD: Deus é amor. O CD compõe-se de doze faixas, todas com letra e música do autor.

Passo Fundo Ano de Instituição: 1951 www.pastoral.com.br/ Romaria Diocesana de Nossa Senhora Aparecida

A tradição é marcante na diocese e sua 29ª edição acontecerá dia 11 de outubro próximo. A mobilização está sendo coordenada pelo bispo diocesano através do ‘Voz da Diocese’, programa Com duração de 5 minutos apresentando semanalmente sempre um tema da atualidade, convidando todos os cristãos à reflexão e ação comunitária, além de informar e integrar as mais de 800 comunidades organizadas nos principais acontecimentos da Igreja diocesana. (www. pastoral.com.br).

Santa Cruz do Sul Ano de Instituição: 1959 www.mitrascs.com.br/

Foi realizado com sucesso no último fim de semana de junho no Seminário Fátima. Aberto a todas as pessoas que fazem parte ou que pretendem integrar equipes de liturgia nas comunidades e paróquias, teve por objetivo oferecer formação para agentes de liturgia além de ajudar na reestruturação da Pastoral Litúrgica na Diocese de Erexim. O curso se realizou no Seminário de Fátima, em Erechim. Teve por assessoria Frei Alberto Beckäuser, doutor em Liturgia e professor no Instituto Teológico Franciscano no Rio de Janeiro. (fonte: jornal Comunicação Diocesana, número 360).

Cruz Alta Ano de Instituição: 1971 http://www.diocesecruzalta.org.br Pastoral das Missões Populares

Volta para as equipes paroquiais, o encontro, realizado dias 20 e 21 de junho teve a assessoria de Pe. Luis Mosconi, também conhecido “pai das santas Missões Populares”. O encontro teve a participação de 90 pessoas. “Momento ímpar da nossa Igreja Diocesana, momento de Conversão Pastoral, Revitalização e Reafirmação do Projeto Missionário”, registra o site da Diocese

presente na Diocese e realizou seu 96º curso masculino em dias 25 e 28 de junho último.

Novo Hamburgo Ano de Instituição: 1980 www.mitranh.org.br/ Padre Haroldo visita Fazenda do Senhor Jesus

O líder religioso texano fundou os Grupos de Amor Exigente no Brasil

Foi em 19 de junho. A Fazenda do Senhor Jesus – Casa São José – fica no distrito de Lomba Grande. Padre Haroldo Rahn, jesuíta nascido no Texas, Estados Unidos, trouxe a proposta das comunidades terapêuticas para o Brasil em 1974. (www.mitranh.org.br).

Cachoeira do Sul Ano de Instituição: 1991 http://www.diocesenet.com.br/ Diocese comemora seu 18o ano de criação

Será dia 17 de julho próximo, último dia da realização do Mutirão de Comunicação. Seu primeiro bispo foi Dom Frei Ângelo Domingos Salvador. A instalação se deu em 29 de setembro de 1991, com a posse do bispo, feita por D. Altamiro Rossato, arcebispo de Porto Alegre e Delegado do Núncio Apostólico. Transferido para a Diocese de Uruguaiana em 15 de agosto de 1999, a diocese ficou vacante até 12 de agosto de 2000 quando foi ordenado o substituto de D. Ângelo Domingos que assumiu em nove de setembro daquele ano. Um dos eventos mais significativos dessa Igreja particular é a Romaria Diocesana ao Santuário de Maria Mãe do Redentor, realizada no mês de outubro. A Diocese mantém bem estruturada Pastoral da Comunicação.

Osório Ano de Instituição: 1999 www.diocesedeosorio.org/

Ano Jubilar da Diocese

Instalada em 15 de novembro de 1959 junto com a posse de seu primeiro bispo, D. Alberto Etges, a Diocese de Santa Cruz do Sul está completando meio século. D. Sinésio Bonh, o segundo e atual bispo, está percorrendo todas as paróquias de sua jurisdição para motivar as comunidades e mobilizar as pessoas em torno da programação deste ano, cujos momentos fortes serão a 8ª Romaria da Santa Cruz, no dia 13 de setembro e dia 15 de novembro com a presença de delegações das paróquias, do Núncio Apostólico e autoridades. ( w w w. mitrascs. com.br).

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Pastoral da Juventude homenageia Pe. Gisley

Rio Grande Ano de Instituição: 1971 www.riograndecatolico.com.br Emaús

“Dai-me uma barra rígida, suficientemente grande e um ponto de apoio e, sem dificuldade, eu moverei o mundo”: Arquimedes. ‘Alavancas são orações, renúncias e sacrifícios que oferecemos por nossos irmãos que estão fazendo a caminhada rumo a Emaús, para que com nossos pequenos atos, os caminhos por onde o Senhor vai passar sejam aplainados, e assim descubram ao partir do pão, que Cristo caminha ao lado de cada um deles. Todos podem fazer alavancas, mesmo quem não teve a experiência de Emaús!’ O movimento está

Fazendo suas as palavras de Pe. Hilário Dick sj, a PJ lamenta o triste fato, ocorrido em Brasília. Disse Pe. Hilário: “Tudo que se diga é de menos. Deixa que diga, contudo, um pouco das minhas lágrimas. Fazia tempo que não chorava tão profundo...choro duplo: por Gisley amigo, dedicado, querido, lutador... e por esta juventude que faz esse tipo de coisas. Falta muita coisa por ser feita....Infelizmente também nós, também a Igreja, também a Pastoral da Juventude é culpada por esta crueldade. Eles que pareciam estar tão longe, de repente entram em nossa casa...Vontade de abraçar estes meninos e dizer: “Menino! Nós te queremos bem...” Mas eles vão sofrer... Provavelmente vão ser mortos também. Que desgraceira!” (Fonte: Pastoral da Juventude da Diocese de Osório - www.diocesedeosorio.org). DA REDAÇÃO: Dos sítios eletrônicos da Diocese de Frederico Westphalen (www.diocesefw.com.br), Santo Ângelo (www.diocesedesantoangelo.org.br) e Montenegro (www.diocesemontenegro.com.br) não foi possível extrair notícia ou se encontram desatualizados. Já para as dioceses de Vacaria e Bagé não foi possível encontrar sítio eletrônico próprio.


Porto Alegre, 16 a 31 de julho de 2009

Atitude de corresponsabilidade e exemplo de solidariedade É o que expressa a carta de Mons. Juan Luis Ysern, presidente honorário da OCLACC - Organização Católica Latino-Americana de Comunicação.

“Q

ueridos diretores e membros da OCLACC: Quero felicitar a todos de todo coração. Aos diretores pela decisão tomada diante da situação de emergência que se configurou em Porto Alegre e a todos os demais membros da OCLACC pela atitude de solidariedade que, de um ou outro modo, compartilham com os habitantes de Porto Alegre e também com todos os que tínhamos programado assistir. A suspensão do Mutirão e da Assembléia, que por tanto tempo, dedicação e esforço vinham sendo preparados, a todos nos prejudica enormemente. Mas é um autêntico exemplo de solidariedade com o povo de Porto Alegre. É atitude de corresponsabilidade que nos corresponde como comunicadores cristãos que temos impulsionado a comunicação ao serviço da solidariedade e convivência fraterna, buscando o bem de todos. Precisamente por tratar-se de algo que nos custa e que nos produz muitos inconvenientes, é porque se converte em sinal de coerência com nosso discurso. Desde o início do trabalho conjunto de UCLAP, OCIC-AL e UndaAL, sempre, antes das Assembléias se fazia também um Congresso como grande marco iluminador que constituíra um aporte adequado aos desafios do momento para a elaboração do mandato que se há de executar no novo período. É o mandato que a Assembléia há de entregar aos que forem eleitos para a nova diretoria. Ao mesmo tempo, o Congresso é orientador para o compromisso que cada um considera que vá assumir. Isso deu maior força ao unificarem-se na OCLACC os antigos organismos de comunicação. Uma Assembleia sem estar precedida do Congresso ficaria reduzida a um puro formulismo estatutário, desprovido de um elemento de grande força vitalizadora. Por isto, suspender o Congresso - o Mutirão neste caso - leva consigo a suspensão da Assembléia e, em consequência, os males são maiores. Com isto, nosso gesto solidário é mais significativo. Mas, junto com minha felicitação aos diretores e a todos os membros da OCLACC, quero também convocar para que tenham uma atitude animadora para seguir empreendendo os esforços que correspondam a cada um, com a mesma ilusão, para o feliz cumprimento de nosso projeto em fevereiro do próximo ano. A criatividade de cada um, as possibilidades de avanço das formas virtuais e o uso de todos os meios possíveis podem ajudar muito para que nosso encontro face a face tenha uma maior densidade de comunhão. Não fiquemos deplorando. Sabemos que tudo se fez responsavelmente, buscando o bem comum e não nossos interesses. É Mons. Juan Luis Ysern isso que nos ensina o Senhor. Oxalá, atuemos sempre assim. Esse espírito de aporte ao Mutirão e nossos esforços poderão ajudar na transformação da realidade segundo a direção do Reino, como nos pede o Deus da vida e da história. O Senhor não nos deixou e segue conosco. Ânimo. Cordial abraço, - +Juan Luis Ysern - Presidente Honorário de OCLACC”. (Juan Luis Ysern de Arce - Bispo Emérito de Ancud - Presidente da Caritas Chile).

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FEICOP e Feira de Economia Solidária do Mercosul A Prefeitura de Santa Maria também decidiu suspender a Quinta Feira de Economia Solidária do Mercosul que deveria se realizar de 10 a 12 de julho por temor do avanço da gripe. Da mesma maneira, as autoridades decidiram cancelar a realização da 16ª Feira Estadual de Cooperativismo (FEICOP). A decisão de suspender os eventos veio da Prefeitura depois de receber recomendações técnicas dos órgãos de saúde que sinalizam que as feiras podem ser hipotéticas portas de entrada da gripe A.

Caridade na Verdade A terceira encíclica de Bento XVI foi lançada em 7 de julho último no Vaticano e propõe uma economia solidária para governar o mundo. Tem 150 páginas e prega o desenvolvimento humano integral. Para o Papa, a globalização, “a priori, não é boa nem má”. Mas defende que os indivíduos passem da condição de “vítimas” ao papel de “protagonistas” na correção de “disfunções, tantas vezes graves, que introduzem novas divisões entre os povos e no interior dos mesmos”.


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