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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, 1o a 15 de dezembro de 2009

E T R A

Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe 3 a 7 de fevereiro de 2010 Centro de Eventos da PUCRS P. Alegre

Ano XV - Edição No 551 - R$ 1,50

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O impacto da tecnologia na vida dos casais

Campanha da Fraternidade 2010

Casal jovem tem vez

O jovem casal Rosiane Ventura Alves Moreira e Ricardo Moreira é o nosso destaque nesta edição. Página 9

Natal

Livraria Padre Reus está ofe

Reconciliação Livro da Família/2010. Adquir seu pedido no endereço abaix com alegriaDeus em atendê-lo. Também o

DA MANJEDOURA OU DO SHOPPING?

“Antes, quando saíamos para jantar, era tão romântico e tínhamos tanto para conversar... Hoje, cada qual fica a um lado da mesa atendendo às chamadas pelo celular”. Página 3

“Fraternidade e Economia” e “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” são o tema e o lema da Campanha da Fraternidade de 2010. A CF será ecumênica, sob a responsabilidade do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC – e aberta à participação de todas as denominações cristãs.

Voz do Pastor/Página 2

Halloween : participaç ão obrigatória ?

Chico Bastos

Página 4

O olhar amoroso de quem cuida aumenta a qualidade de vida O cuidado, o exercício físico, a psicoterapia e a boa nutrição continuam a ser elementos chaves, proporcionando nas pessoas um aumento dos anos de vida e da alegria de viver. Página 5

Para uns ainda representa a noite mágica do renascimento interior para uma vida nova de paz e fraternidade proposta pela vinda do Menino Deus para toda a humanidade. Para outros, apenas mais um feriado e oportunidade para consumir.

Novos operários para a Messe do Senhor Contracapa

Páginas centrais

Congresso Eucarístico em Brasília O 16o Congresso Eucarístico Nacional (CEN) ocorrerá em Brasília entre 13 e 16 de maio de 2010, sob tema e lema Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulos Missionários e Fica conosco, Senhor! Em nível mundial, o primeiro congresso eucarístico ocorreu em 1881, em Lille, França. No Brasil, o primeiro foi em 1993, na cidade de Salvador-BA. O último CEN ocorreu em Florianópolis, em maio de 2006. Mais detalhes do 16o CEN em www. cen2010.org.br .

Nomeações e transferências na Arquidiocese de Porto Alegre Página 11

está dispon


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2 EDITORIAL

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Um Deus próximo

uando a sociedade, as comunidades e famílias se preparam para celebrar mais um Natal, o menos importante é tudo o que se relaciona a datas históricas desta celebração. Foi, mesmo, numa noite de 24 de dezembro que Jesus nasceu? Em que ano da nossa história isso aconteceu? O texto bíblico deve ser lido e interpretado tal qual aparece em nossas Bíblias? A visita dos reis magos deve ser entendida como um fato histórico ou mais como uma narração simbólica? Perguntas de somenos importância e sem maior transcendência, embora seja sobre estes “fatos” que foi construída toda uma cultura natalina. Que tem o seu valor, mas, repetimos, não é o mais importante. O que mais importa e é essencial à nossa fé cristã é saber que, em Jesus, nosso Deus é um Deus próximo, inculturado e encarnado, que nos assume e se torna cúmplice de nossas alegrias e tristezas, nossas buscas, sonhos e projetos, nossos sucessos e nossos fracassos. E, principalmente, é um Deus que se apresenta com respostas de sentido mais amplo, de sentido último de nosso existir, que assume nossas histórias pessoais, mas não se restringe a elas, abre horizontes que ultrapassam tempo e espaço e penetram na eternidade. Numa palavra: Jesus veio dizer-nos que não somos transitórios, pobres meteoros que passamos pela vida e nos perdemos no nada, mas que somos feitos, como ele, de matéria divina e somos vocacionados para viver sempre, numa eternidade feliz. Quando acolhemos e celebramos o Natal nesta dimensão, todos os simbolismos da produção cultural que envolve esta festa universal ganham outra e nova dimensão: o presépio ganha seu espaço e lugar, as imagens representam um fato de amor e de fé, os presentes significam que, no Natal, o céu se inclina sobre a terra dos humanos e brinda a humanidade com seu presente maior: uma criança. Em Jesus, o Deus do tempo antigo “A compreensão deixa de ser um Deus distante, vingativo e por do Natal só se vezes até cruel, entra em nossa história para dá quando recomudar a história. No Natal de Jesus, todos os nhecemos quem que acolhem esta criança e seu Projeto de uma somos”. outra história e de um outro mundo possível passam a participar da nova e feliz família de Deus. O Solidário, nesta edição, enfoca os não-natais de muita gente, talvez a maioria das pessoas. A exploração comercial está conseguindo mudar até mesmo a cultura natalina. Perdem força, expressão e participação as celebrações do Natal que é, antes de tudo, Jesus, o Cristo do Pai, no meio de nós. Os shoppings centers, importados de uma cultura capitalista e consumista, atraem mais, muito mais do que presépios, manjedouras e pinheiros em nossos templos ou centralizando uma poética festa familiar. Manoel Guimarães nos lembra: “a compreensão do Natal só se dá quando reconhecemos quem somos. Pessoas de dignidade imensa, mas gravemente feridos pelo pecado. Precisamos de uma Salvação, Redenção, que não podemos alcançar por nós mesmos. Só o Senhor Deus nos pode salvar de nosso males. Sem Ele, nada podemos! E essa única e verdadeira Libertação que Jesus nos veio dar, do pecado e da morte eterna, inicia-se com a Sua Encarnação no Natal”. Na contracapa desta edição apresentamos alguns dos novos sacerdotes e perguntamos o que leva um jovem, hoje, a uma opção vocacional tão diferenciada, incompreensível para muitos, uma “contradição” na sociedade estimulada a levar vantagem em tudo. Um dos neo-sacerdotes, Luiz Antônio Larratéia, o Tom, ajuda a compreender, de alguma forma, esta vocação: “O mundo vive épocas novas, avanços muito rápidos. Nem sempre os corações das pessoas acompanham e acabam perdendo o sentido da vida. Quero ser esta ponte entre o céu e a terra. Levar Deus às pessoas e as pessoas a Deus! Para isto, além de muito preparo físico, emocional, psicológico e intelectual o padre deve ter sobretudo um preparo espiritual. Através do testemunho de uma vida sadia, cultivando a formação permanente e uma vida de oração assídua. O padre, para encarar estes novos tempos, deve ser um especialista de Deus”! attilio@livrariareus.com.br

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril

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Uma reconciliação

virou caos, mas nossa percepção se tornou mar não é sinônimo de quecaótica. Não vemos mais a harmonia do rer, nem de conhecer nem universo. É como quem analisasse a genéde sentir. É, ao contrário, a tica e visse apenas uma grande expansão expressão mais profunda da vida. de células, sem perceber a ordem que lhes Viver é amar. Envolve um querer determina o trajeto. bem, um conhecer verdadeiro e um Dom Dadeus Grings Aprofundando a visão cósmica sentir agradável. A ontologia nos Arcebispo Metropolitano notamos, desde o microcosmo do átomo assegura que a verdade, a bondade e de Porto Alegre e da célula viva até o macrocosmo do a unidade se abraçam. Ninguém põe universo, uma sintonia. Examinando mais a fundo, lemos em dúvida que a bondade, para ser autêntica, deva ali, com Kepler, os pensamentos de Deus. Ele nos fala ser verdadeira. Mas vale, com o mesmo título, que através de sua criação. Aguçando ainda mais nossa visão, a verdade, para ser acolhida, deva ser bondosa e percebemos os traços do amor. Afinal, o que faz com que que ambas, para terem sentido, levem à unidade, o átomo se mantenha unido? O que faz o sistema solar que, por isso mesmo, deve classificar-se como ter consistência em um movimento sincronizado? O que verdadeira e bondosa. faz a vida desenvolver-se e transmitir-se? A resposta é Já os antigos gregos definiam o universo como sempre a mesma: o amor. Existe uma ação recíproca “cosmos”. Descobriram a harmonia que nele reina. Falaque, tanto mantém o relacionamento e a harmonia do se, por isso, de “sinfonia do universo”. Nosso ser - com todo, quanto garante a cada astro e elemento sua própria sua inteligência, vontade e com todos os seus sentidos condição, sem absorvê-los em um âmbito maior. Ou - está aberto a esta harmonia. Faz, inclusive, parte dela. seja, não é nem uma explosão, que espalha estilhaços Integra-a em uma posição de destaque, que lhe dá uma por toda a parte a esmo, nem uma absorção, que engole capacidade de introjetar toda esta harmonia. Descobre, os mais fracos. Esta harmonia retrata o amor. Constitui então, a beleza do universo e começa a se extasiar diante o sinal do Criador, que fez tudo com sabedoria e, condela. A vida, em consequência, se lhe afigura como um sequentemente, com amor. êxtase, que a beleza nela produz. Então, exclama quanto A nova época, que os novos sinais dos tempos é belo viver. E logo se conscientiza de que isto é bom preconizam, leva também à descoberta deste amor no e que esta é sua verdade e, por isso, sua vocação. Vive relacionamento humano. Os seres humanos não são apena unidade e para a unidade do universo. nas peças que a vida joga na terra. Integram, por assim Com La Place, as ciências desmantelaram este sonho. dizer, uma vida mais plena, que vai evoluindo através Tiraram da humanidade este êxtase de beleza. Anunciaram dos tempos e se integra em uma esplêndida harmonia. o caos, a que deram o título científico de big-bang, ou o Reconciliando os homens com a natureza, a nova época mundo em expansão. Assim como com Copérnico, não foi os reconcilia entre si e com Deus. O cosmos torna-se o sol que deixou de girar em torno da terra, mas apenas o consciente através deles. S. Paulo via em Cristo o primoconhecimento humano se adequou, após séculos de ilusão gênito de toda a criação. E nele nos via todos integrados. ótica, ao mundo. Agora não é, novamente, o universo que

Voz do

PASTOR

Tolerar, sempre! Vingar, nunca! Dom Anuar Battisti

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Arcebispo de Maringá

cada dia, somos surpreendidos com abertura de processos contra a própria Igreja, por motivos, muitas vezes, simples ou banais. Coisas tão pequenas, como do matrimônio que não foi celebrado exatamente no horário combinado; uma palavra dita sem pensar; uma atitude inibidora; um atraso nos compromissos, alheios à própria vontade. O que não se vê é uma atitude de tolerância. Se sentem no direito a uma indenização pecuniária. No dicionário Aurélio, tolerância significa "qualidade de tolerante, ato ou efeito de tolerar pequenas diferenças para mais ou para menos; respeito ao direito que os indivíduos têm de agir, pensar e sentir de modo diverso do nosso". Tolerante é "que desculpa; indulgente; que admite e respeita opiniões contrárias à sua". Tolerar é "ter capacidade ou resistência para suportar". A sociedade moderna perdeu a capacidade de desculpa, de diálogo, de buscar a raiz dos fatos. Perdeu a capacidade de suportar a limitação humana do outro; perdeu a coragem de ir além dos imprevistos. Tudo deve acontecer como quero, na hora que quero, do jeito que quero, tudo centralizado no benefício pessoal, não se importando, em nada, com os demais. Uma sociedade que caminha no pedestal, tendo ao redor uma multidão de pessoas para servir e agradar aos próprios desejos, mesmo que absurdos, é uma sociedade doente, mal amada, buscando suprir o que falta

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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RTIGOS

por dentro. O coração humano perdeu a sensibilidade de superar-se, descarregando no outro os insaciáveis desejos e sentimentos recalcados. Uma sociedade que não sabe perder, só pode cair na vingança que significa "tirar desforra, castigar, punir, promover reparação de agravo". A vida nos prepara para viver contínuas decepções e imprevistos. As limitações humanas devem fazer parte da convivência cotidiana, sem querer que tudo e todos sejam perfeitos. Não quero dizer que devemos ser complacentes ou indulgentes com o erro e comodismo alheios. Não se trata de fechar os olhos. Mas, em tudo e com todos, nunca deve faltar um alto grau de compreensão e tolerância. Essas atitudes não vêm de uma simples vontade pessoal, mas de uma valorização do próprio eu, do querer bem a si mesmo, para querer bem ao outro. "Quando retribuímos o mal com o mal, provocamos uma cadeia infinita de ferimentos e represálias. Assim, o ato que feriu alguém é retribuído com um novo ferimento. Desse modo, a sociedade humana torna-se cada vez mais ferida, cada vez mais doente, cada vez mais dilacerada. Jesus nos convida a experimentar outros modos de conduta que servem melhor para a nossa convivência neste mundo. Ele não estabelece leis, mas descreve situações nas quais podemos ensaiar outras possibilidades de conduta. Ele nos convoca a usar a nossa criatividade para sairmos do círculo vicioso da desforra"(Anselm Grün). Somente quando assumirmos atitudes verdadeiramente evangélicas, podemos assistir ao nascimento de uma nova realidade. Tolerar, sempre! Vingar, nunca!

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Paulo Oliveira da Rosa (voluntário), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Impressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

O impacto da tecnologia na vida dos casais

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OCIEDADE

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Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia.

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eggy Papp organizou um livro sugestivo, dirigido especialmente às pessoas que trabalham com casais, e foi sua leitura que me motivou a escrever este artigo.

Nos últimos anos, o impacto que a tecnologia vem provocando na vida dos casais vem se tornando cada vez mais evidente e preocupante. Os computadores pessoais, o correio eletrônico, os blogs e twitters, os telefones celulares, as secretárias eletrônicas, o identificador de chamadas, os aparelhos de fax, as televisões com mais de uma centena de canais - todos esses e muitas outras modernidades têm começado a desafiar e a dar novas formas à comunicação entre os casais. Interferem em sua busca de significados, nas formas de eles vivenciarem o tempo, nas escolhas de atividades de lazer, nos rituais diários, nas fronteiras entre o trabalho e a vida em família, nas formas de interação entre pais e filhos e nas importantes definições sobre o que é secreto e a privacidade. E tudo isso acontece em um contexto em que as vivências de outras gerações são de pouca utilidade - os nossos pais podem ter assistido a filmes insinuantes, mas a tela tinha 10 polegadas de largura, e não 36, e a TV era desligada às 10 horas da noite. Nossos avós escreviam cartas, e não e-mails, e tinham que esperar uma hora para que a operadora telefônica completasse uma chamada de longa distância. E, tomando chimarrão (se gaúchos), ficavam horas no bate-papo.

Vozes da "terra da tecnologia" Os avanços mais recentes da tecnologia estão penetrando na vida dos casais a uma velocidade superior à nossa capacidade em medir o impacto que eles causam nos relacionamentos. Algumas descrições instantâneas podem dar-nos uma idéia do problema: "Meu marido chega em casa todos os dias às 20 horas. Antigamente, ele me cumprimentava. Agora ele vai direto para o escritório dele. Primeiro, escuta os recados na secretária eletrônica, depois confere se chegaram e-mails e lê os faxes. Ele engole a janta e desaparece na frente do computador, até que, enfim, vai dormir. Perdi meu marido para a tecnologia e estou cansada disso." "Acordei às três da manhã e descobri que minha mulher não estava em nossa cama. Uma

luz vinha da sala dos fundos: ela estava sentada ao computador, escrevendo mensagens íntimas para um homem desconhecido". "Meu marido e meu filho “A moderpassam o tempo todo diante do nidade está computador. Não há lugar para desafiando a comunicação mim no relacionamento deles entre os casais”. com essas malditas máquinas." "Antes, quando saíamos para jantar, era tão romântico e tínhamos tanto para conversar... Hoje, cada qual fica a um lado da mesa atendendo às chamadas pelo celular". “Conheci minha noiva pela internet e só fui vê-la e conversar pessoalmente com ela três dias antes da festa do nosso casamento”.

de patologias sexuais ou outras, e de quem? E os casos amorosos através da rede? As fugas ao diálogo e à incapacidade de criar intimidade? O impacto da tecnologia na vida das crianças e dos adolescentes merece artigo à parte. Perguntei a uma menina de oito anos se ficava em casa sozinha, à tarde. Ela prontamente me respondeu: “Não. Tenho o celular”. Maria Li / sxc.hu

Quem são os responsáveis: as pessoas ou a tecnologia? Muitos são os casais que falam da tecnologia que entrou nas suas vidas e nos seus lares como se ela fosse responsável por eles, e não o contrário. Casais do século XXI precisam dar início a um processo de reflexão sobre o lugar que a tecnologia ocupa no seu cotidiano (muitos casais nunca pararam para identificar as diversas formas em que Nossos avós esperavam uma hora ou mais até que a a tecnologia afeta o relacionamento entre os dois): operadora telefônica completasse uma ligação, tempo esse que era bem aproveitado em boas conversas entre Quanto tempo é gasto lendo e escrevendo e-mails um chimarrão e outro em casa? Escrevendo/lendo blogs ou twitters? Essa atividade toma muito do tempo que o casal tem para conversas a sós? Quando os celulares são desligados? Quem usa a internet? Quando? Ela é uma fonte Cursos de Especialização de informações importante para a vida familiar ou tornou-se um lugar onde um dos membros se refugia e fica até horas Conhecimento depois que o outro foi dormir? Essa para você chegar tornou-se uma atividade do marido, a qual o deixa ocupado enquanto a mais alto. mulher fica suspirando e sentindo-se abandonada? Quando a tecnologia www.pucrs.br/pos é fonte de estresse para a família e quando é apoio de importância para a manutenção de vínculos interessantes? Quando se torna uma aliada na vivência

PÓS-GRADUAÇÃO PUCRS


4 O Natal dos

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monstrengos

Oprah Winfrey num Natal Antônio Allgayer

Professora universitária e jornalista

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descobre o seu carisma

Carmelita Marroni Abruzzi

ais um Natal se aproxima. Como nos anos anteriores, passa o "Dia de Finados" e as vitrines se tingem de vermelho. E, durante dois meses, decorações e sons natalinos farão parte de nosso cotidiano. Porém, se tudo isso contribuísse para embelezar nossa vida, trazer paz e alegria, seria ótimo. Mas não é sempre o que presenciamos! O que temos visto nos últimos natais: shoppings centers decorados, com imensas e grotescas figuras, inchadas, estranhas, penduradas no teto, representando seres sem significado algum para nossa cultura e, por vezes, sem nenhuma relação “Por que a publicidade não se com a data. Vemos imensas florestas de preocupa mais monstrengos, com trilhas por onde adultos com o significae crianças devem andar, orquestras de gi- do da data?” gantescas mamães-noéis, árvores de natal também imensas, um espetáculo de poluição visual, tal a quantidade e natureza dos enfeites. E o Menino Jesus? E o Presépio? Totalmente ausentes... No ano passado, presenciei uma cena: a mãe queria entrar numa dessas “selvas”, no shopping, com uma criança de quatro ou cinco anos. A criança chorava e se recusava. Então, a mãe perguntou por quê. A resposta veio rápida: – Porque são muito feios! Talvez aqui resida um ponto importante: a relação que se deveria estabelecer entre o Natal e a beleza, a harmonia, a paz. Infelizmente, não é isso o que acontece e nós somos envolvidos por todo o tipo de publicidade, de imagens e ruídos que em nada contribuem para nossa paz interior. O objetivo é vender e vender (Leio que há projeção de um aumento de 20% nas vendas para o próximo Natal). Sabemos que o consumo é necessário para manter a economia saudável, garantir empregos e as famílias precisam se sustentar. Mas, qual o limite para esse consumo? E por que a publicidade em geral não se preocupa um pouco mais com o significado da data para uma humanidade tão ansiosa por paz e tranquilidade? Já vi peças muito belas para promover o Natal. Há alguns anos, um dos shoppings de Porto Alegre apresentou uma lindíssima decoração com as figuras dos Reis Magos. Todos nós vimos artísticos presépios elaborados com os mais diferentes e singelos materiais, trazendo mensagens de simplicidade e amor. Por outro lado, existe muita coisa bonita para ser mostrada em outras culturas e o Natal pode nos aproximar de outros povos, contribuir para o sentimento de fraternidade num mundo que a tecnologia tornou global. Então, por que não aproveitar essa época tão especial para criar momentos de beleza e harmonia? Por que usar tantos recursos modernos apenas para vender? Se houvesse um esforço mais amplo de todos, poderíamos resgatar o verdadeiro sentido do Natal, lembrar o nascimento de Cristo e difundir sua mensagem de amor, de paz e de solidariedade. E seriam essas figuras de “monstrengos” apropriadas para criar esse clima que se deseja? (debruzzi@ig.com.br)

PINIÃO

Advogado

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ntrevistada pela revista Time, Oprah revelou que eram pobres, muito pobres. Na noite em que lares norte-americanos se engalanavam para as celebrações natalinas, foilhe comunicado que não haveria festa para eles. Eis que na última hora aparecem umas freiras trazendo alimentos e presentes. Com apenas 12 anos de idade, tal fato despertou nela veemente desejo de fazer algo semelhante para crianças feridas de abandono ou maus tratos. “Foi para isto que eu nasci”, disse ela. O gesto humanitário daquelas religiosas avivou nela a sensação de que somente merece viver quem sabe amar. Foi o desencadear de potencialidades latentes que dela fariam a comunicadora social de maior prestígio dos Estados Unidos. A propensão natural de pessoas sensíveis a causas humanitárias fez com que comparecessem cúmplices em campanhas por ela empreendidas. Entre eles, cabe mencionar jovens e protagonistas da justiça social do porte de um Nélson Mandela, amigo pessoal de Oprah. Perguntada por que sua especial atenção se voltara para a África do Sul, onde construiu uma escola e visitou hospitais e orfanatos, declarou que amava aquele país, mas que todo e qualquer ato de generosidade é igualmente válido,

aconteça ele no Mississipi, em Montana ou no Moçambique. Assim se manifestando talvez tivesse em mente as suas raízes étnicas e culturais africanas, que remontam a povos trazidos à força para a América em navios negreiros. Não o fez de modo explícito, evitando que a memória de tanta perversidade suscitasse em nós algum sentimento de culpa mal elaborado, herdeiros que somos de um passado escravagista. O que fora apenas um oásis no deserto da indiferença ante a dor alheia, mercê da instigante conjugação de energias positivas, vem se transformando, mundo afora, num extenso panorama de realizações beneficentes. E não se diga que de uma centelha não possa nascer uma labareda. Foi uma singela dádiva de Natal que deu origem a verdadeiro caudal de solidariedade intermediada por Oprah. Boas causas são grávidas de respostas reprodutivas da imagem do Sumo Bem...! Todavia, em que pese todo esse amontoado de iniciativas meritórias, resta uma dívida a resgatar. Sob os alicerces da Casa Branca, atualmente habitada por afrodescendentes, há mistura de material com sangue e o suor de escravos . E, quanto a nós, é justo recordar que sob a escadaria da Igreja das Dores de Porto Alegre se encontra argamassa misturada com suor e sangue de trabalho forçado. Por mais que se resista em admiti-lo, sobrepaira a tudo isto a imagem sinistra de uma culpa não assumida...!

Halloween: participação obrigatória? Rosângela Fernandes da Silveira John Procuradora federal

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o Brasil, até há pouco tempo, 31 de outubro era uma data qualquer, já que não encontra qualquer referência com nossa cultura. Mas isso mudou. Hoje em dia é comemorado o Halloween ou o Dia das Bruxas. Algumas escolas comemoram inserindo o tema nas próprias atividades didáticas. Alunos devem desenhar/criar seres imaginários do mal de toda espécie: bruxas, diabos, fantasmas, vampiros, monstros. Até mesmo o Jason Voorhees – Sexta-Feira 13 – pode ser lembrado e homenageado. São realizados até desfiles com concurso de fantasias. Todos têm que gostar. É um atropelo, mães correndo atrás de fantasias (e quem não pode comprar?) em busca do mais horrendo. O mais horrendo ganha o concurso. Dá para parar e pensar se gostamos de Halloween? Temos o direito de não gostar? O simbolismo da data, além de bruxas, envolve demônios, fantasmas, morte, trevas, esqueletos, medo e terror. Festejar isso na escola é certo? Agrega? Como funciona na cabeça das crianças? Fala-se muito em ser “do bem”. Entretanto, aparece na festa da escola até o Jason Voorhees, brutal assassino da série Sexta-Feira 13, que elimina jovens com requintes de crueldade (sim, é permitido participar das festividades fantasiado de Jason). E o Jason pode ganhar o concurso de melhor fantasia com sua faca machete, suja de sangue! Não se trata aqui de questionar preferências ou gosto por filme de terror. Trata-se de refletir sobre a capacidade infantil de discernir o que é do bem do que é do mal. Como esta ficção contribui para a formação da personalidade do cidadão que queremos para o futuro? Pode-se pensar em algo mais concreto: e a criança que nitidamente expressa pavor, tem pesadelos, chora de medo ou simplesmente se permite não gostar de

tais seres e símbolos? Ela tem esse direito? Ou ela é obrigada a gostar e a participar das atividades? Na hipótese de não participar, como ela vai resolver o constrangimento de explicar a cada professor e a cada colega por que não gosta de Halloween??!! Ao decidir onde matricular seu filho, os pais levam em conta vários fatores, entre eles a linha religiosa adotada pela escola. Porém, a partir da última quinzena do mês de outubro, sem escolha, os pais podem ser surpreendidos pela obrigatória comemoração do Halloween, na qual a participação do filho é, inclusive, avaliada. Estamos diante da imposição de costumes “importados”, com objetivos principalmente comerciais, que são “engolidos” sem qualquer reflexão. É comum ouvir: “É só uma brincadeira, é um trabalho lúdico. As crianças adoram. Não tem conotação religiosa”. Ao contrário dessa afirmação, em síntese podemos afirmar que as comemorações do Halloween remontam crenças e rituais celtas, professados pelos druidas, membros de um culto sacerdotal pagão na antiga França, Inglaterra e Irlanda. Ainda hoje, em todo o mundo existem adeptos e seguidores dessas crenças e rituais como religião. Assim, o Halloween tem cunho religioso, e o fato de as escolas adotarem como data comemorativa atenta contra um dos mais elementares princípios constitucionais: o direito fundamental de liberdade de crença, assegurado pelo artigo 5º, incisos VI e VIII, da Constituição Federal. A Constituição assegurou o direito dos pais de liberdade de crença que lhes permite festejar ou não o Dia das Bruxas. E a criança pode ter e expressar seu medo sem ser obrigada a gostar de bruxas, demônios, fantasmas, esqueletos. Pode, ainda, simplesmente não gostar sem explicar por que, tampouco pode ser constrangida por isso. É livre para gostar ou não gostar. O Halloween, enfim, não faz e não pode fazer parte do currículo escolar. É de todo recomendável, pois, que escolas e educadores repensem o assunto hoje.


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DUCAÇÃO &

SICOLOGIA

O olhar amoroso de quem cuida aumenta a qualidade de vida

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Juracy C. Marques Professora universitária, doutora em Psicologia

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cuidador pode ser filha, mãe, pai, tio, avós, amigos, profissionais de áreas que, por dever de ofício, se ocupam de cuidar seus pacientes, clientes, alunos e treinandos, em estágios nas empresas ou em abrigos, ou mesmo em casas de repouso para idosos. Há uma ampla gama de possibilidades para o exercício de um olhar amoroso que instrui, conforta, e anima, mostrando outros ângulos de compreensão da realidade e das circunstâncias de cada um. Isto, frequentemente, implica em re-educação de comportamentos, hábitos e atitudes.

Nossas tradições culturais apontam para o “mente sã em corpo sadio”, desde os primórdios da civilização. Mas, só nos últimos tempos, passouse a ter consciência clara sobre a importância dos cuidados com o corpo e com o bem-estar emocional, social e espiritual – qualidade de vida - na preservação da saúde e na conquista de maior longevidade. Os avanços da medicina e a melhoria dos serviços públicos de atendimento a populações carentes têm contribuído para incrementar essa nova mentalidade. Assim, hoje, as pessoas em sua maioria preocupam-se em cuidar de sua saúde, física, emocional, social e espiritual para poderem viver mais e melhor.

O senhor Estêvão Estêvão, um senhor idoso de 83 anos foi fazer uma consulta com sua médica geriátrica e, depois de várias queixas menores, vagas e generalizadas, solicitou uma receita para melhorar sua qualidade de vida. Ela respondeu: “Um acrônimo para MEDO pode ser um antídoto para diminuir a ansiedade, se for assim pensado: Mais paciência; experimentar momentos alegres; dividir preocupações; orar, reconhecendo a mão de Deus em momentos difíceis”. Ele recebeu sua mensagem, impregnada em seu olhar amoroso, relembrando uma passagem de suas leituras da Bíblia:“Tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos, 8:28). E sentiu-se grato pela presença de Deus em sua vida, reconhecendo que a dedicação de sua médica tem, simbolicamente, o significado daquelas mãos estendidas na cruz que tocaram seu coração, através de sua infinita bondade e ternura, inúmeras vezes, sem

que disso tivesse consciência, fortalecendo sua motivação para dar atenção a si mesmo. Afinal, pensou ele, não é só “amar a Deus sobre todas as coisas”, mas também “amar ao próximo como a si mesmo”.

Dona Margaret Margaret, uma senhora de 76 anos, fazendo uma consulta de rotina com seu médico clínico, de muitos anos, portanto com profundos laços de afetividade, desta vez queixou-se de dores articulares, por ela denominada de “reumatismo”, que estavam entortando os dedos de suas mãos. O médico, depois de examinar seus exames laboratoriais, não prescreveu nenhuma medicação, mas fez algumas recomendações básicas: a) faça exercício físico (caminhe, por exemplo); b) alimente-se adequadamente (nutrientes básicos: frutas, legumes, verduras, além das proteínas e carboidratos); c) busque o apoio daquelas pessoas com as quais convive, através de diálogos, nos quais ressaltam o sorriso, o rir junto e o olhar reciprocamente acolhido, como manifestação de sintonia e bem-querer. “E, se precisar, volte aqui que estarei sempre esperando por Você, no mínimo pela alegria de lhe rever”, acrescentou.

Um caso de mastectomia Luiza, 45 anos, fez mastectomia há cinco anos e pensava que estava completamente curada, mas recentemente começou a sentirse cansada, com dores nas juntas e sem força, sequer para abrir uma garrafa. Procurou sua ginecologista e esta, depois de vários exames, lhe prescreveu que participasse de um serviço hospitalar que incluía fisioterapia, um grupo de apoio “Para viver melhor”, coordenado por uma psicóloga e destinado especificamente às sobreviventes de câncer de mama. Com isso, depois de seis meses passou a sentir-se melhor, com mais força muscular, maior flexibilidade e acentuada diminuição de ansiedade e medo. Muitas vezes o “olhar amoroso” só é encontrado com o suporte de profissionais especializados. Então, a pessoa sente-se mais protegida e readquire seu bem estar, através do conhecimento especializado que é proporcionado pela pesquisa e pela prática clínica, Mas o cuidado, o exercício físico, a psicoterapia e a boa nutrição continuam a ser elementos chaves, mesmo nos casos mais severos, proporcionando um aumento dos anos de vida e da alegria de viver.


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Natal

EMA EM FOCO

Emanuel – o Deus conosco – referencial essencial para a nossa fé, ou o natal do consumo? Comprar porque todos compram?

Da manjedoura ou do shopping? Qual é o seu? H

Os símbolos do natal cristão

Em todas as religiões cristãs, é consensual que o Presépio é o único símbolo do Natal de Jesus verdadeiramente inspirado nos Evangelhos. Surgiu em 1223, quando São Francisco de Assis quis celebrar o Natal de um modo o mais realista possível e montou um presépio de palha, com uma imagem do Menino Jesus, da Virgem Maria e de José, juntamente com um boi e um jumento vivos e vários outros animais. Também são tradicionais símbolos à luz do Cristianismo: o pinheiro (Deus afirma que Ele é como o "cipreste" que mantém suas folhas sempre verdes (Os 14.8); as estrelas de Natal, por seu papel determinante na história, indicando o caminho para os magos (Mt 2.2) e simbolicamente apontar para a plenitude de vida que representa esta vinda de Deus ao mundo em Cristo; as velas, simbolizando a luz que veio ao mundo com o nascimento de Cristo, (Isaías 9.1); a troca de presentes, relacionando os magos que trouxeram presentes para o menino Jesus (Mt 2.11). (A troca de presentes entre as pessoas também é uma forma de lembrar que a oferta generosa de Deus em Cristo é para todos); e coroa do advento, com suas quatro velas, preparando a chegada. Cada domingo de advento acende-se uma vela na coroa. A 1ª vela: lembrando os profetas do AT que falaram da vinda e profetizaram o Seu nascimento; a 2ª vela, lembrando João Batista, o último dos profetas, que preparou o caminho para Jesus; 3ª vela, significando Jesus que virá para julgar os vivos e os mortos e edificar o seu reino; e a 4ª vela, lembrando que Deus está em nosso meio sempre que ouvimos a Sua palavra. A coroa lembra que Jesus é Rei e os ramos verdes lembram a eternidade de Deus.

“Natal é momento da reunião da família. É a parte do ano para o reencontro e fraternidade familiar”. – Ana Lúcia, Cachoeira do Sul.

“Para mim é muito comércio e pouca devoção. Infelizmente a data e seu real significado de solidariedade e confraternização sadia foram esquecidos”. – Marieli, Porto Alegre.

“Natal é a data do recebimento do maior presente da humanidade: o nascimento de Jesus. Mas quem ainda se lembra disso?” – Carla da Rosa, Porto Alegre.

“Natal, tempo de reflexão, de renovação, de vida nova. Mas aqui na Andradas (a rua central de Porto Alegre) não consigo perceber isso. Esse sentido ficou no passado. Infelizmente”. – Patrícia Santana Seixas, P. Alegre.

Para o capitalismo neoliberal, a data é fundamental para alavancar a produção e o consumo, nessa ordem – compro, logo existo – estimulado pela publicidade específica em datas especiais. E a figura emblemática do papai noel moderno é o símbolo dessa associação entre Natal e con-

O Natal Cristão Manoel Guimarães Comunidade Paz & Mel

sumo. Foi transformado no final do século XIX pela Coca-Cola no maior representante do natal e é muito mais popular que o próprio Jesus. É ele a figura do presenteador, o ícone do consumo no mundo todo, relegando ao passado qualquer natureza cristã que o Natal possa ter. Mesmo assim, por sua origem, não é um símbolo anticristão por natureza. Ele faz parte dos contos de fadas tão comuns em nossa infância e foi copiado de uma tradição da Europa central (S. Klaus). Mas causa exclusão social e constrói uma imagem de Natal sem presépio, onde o ter substitui o ser, na busca frenética do preenchimento dos vazios existenciais pelo consumo de mercadorias.

Decoração natalina

Já é Natal para o comércio. Passado o Dia de Finados, os shoppings se vestiram de Natal. Mas, em vez de presépios, luzes e apelos para consumir para ‘ser uma família feliz’. A ‘decoração natalina’ inclui corais de pinguins comandados por um homem de barbas brancas. Muitas árvores artificiais de muitos metros de altura decoradas com milhares de microlâmpadas, galhos nevados, trenós, renas, ursos polares, dezenas de bonecos animatrônicos espalhados pelos shopping reproduzem os ‘elementos lúdicos que lembram o natal’, anunciam os comerciantes. Lembram o quê? Na verdade, apenas que devemos comprar, comprar, comprar. Será a forma de ‘demonstrar seu amor’, anuncia a mensagem publicitária. Pergunta: o amor se mede pelo preço do presente comprado? Onde fica a fraternidade, a solidariedade? O amor é demonstrado pelos nossos atos de carinho, da palavra de consolo na hora certa. E não por presentes. E esse natal pode acontecer no dia-a-dia. Mas a culpa não é dos pais preocupados em ser ‘um bom pai uma boa mãe, dando presentes aos filhos neste Natal’. Devem, contudo, saber estabelecer uma postura crítica diante do massacre diário de apelos para o consumo desenfreado e inconsequente.

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Significados

á natais e natais. Para uns – poucos ainda – é o presépio da simplicidade de vida para a contemplação interior. Para os demais, apenas deslumbramento e sedução diante de monstrengos inflados suspensos em cordas invisíveis em alguns centros de compra urbanos, ou diante de vitrines enfeitadas e espaços iluminados com milhões de lâmpadas preenchidos com alegados ‘motivos natalinos’ que nada lembram seu real sentido. Para o cristão, o Natal é a magia do renascer para valores perenes. Significa a coragem e disposição de voltar a ser criança em seu coração, aberto à solidariedade e ao amor sinceros. Para outros, apenas superficialidades e indiferença com seu semelhante.

Os símbolos do natal consumo

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“D

esperta, ó homem: por tua causa Deus se fez homem. Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti, Cristo, resplandecerá (Ef 5,14). Por tua causa, repito, Deus se fez homem. (...) Estarias morto para sempre, se ele não tivesse nascido no tempo. Jamais te libertarias da carne do pecado, se Ele não tivesse assumido uma carne semelhante à do pecado. Estarias condenado a uma miséria eterna, se não fosse a Sua misericórdia. Não voltarias à vida, se Ele não tivesse vindo ao encontro da tua morte. Terias perecido, se Ele não te socorresse. Estarias perdido, se Ele não viesse salvar-te. Celebremos com alegria a vinda da nossa salvação e redenção” (Santo Agostinho, Sermo 185: PL 38, 997-999, Of. Leit. de 24/12). Com essas palavras, o grande Santo Agostinho nos introduz no verdadeiro sentido do Natal, o grande Mistério da Encarnação. Infelizmente, a secularização das solenidades religiosas tem afastando tanto o povo do seu real sentido que, na tentativa de o retomar, gastamos nossa saliva com o consumismo, materialismo, falta de sentido religioso... todos problemas reais, mas cuja denúncia não basta à retomada do sentido pleno do Natal. Superados aqueles, é preciso ir além. Mesmo nós, cristãos, não celebramos o Natal da mesma forma que celebramos o nascimento

de algum santo. Não se trata do nascimento de um grande profeta, de uma grande pessoa, santo, pensador... Trata-se do Mistério da Encarnação! É Deus Onipotente, Criador do Céu e da Terra que se encarna, que assume a nossa carne pecadora “carne semelhante à do pecado, e por causa do pecado. Assim, Deus condenou o pecado na carne” (Rm 8,3). A compreensão do Natal só se dá quando reconhecemos quem somos. Pessoas de dignidade imensa, mas gravemente feridos pelo pecado, a começar pelo de nossos primeiros pais. Precisamos de uma Salvação, Redenção, que não podemos alcançar por nós mesmos. Só o Senhor Deus nos pode salvar de nossa ignomínia, de nosso mal. Sem Ele, nada podemos! E essa única e verdadeira Libertação que Jesus nos veio dar, do pecado e da morte eterna, inicia-se com a Sua Encarnação no Natal. Diante do que é o Natal, a nossa preparação para ele se aclara. Revisamos nossas vidas, reconhecemos nosso pecado e por ele pedimos perdão. Confessamo-nos. Oramos, jejuamos, pedimos ao Senhor que nos faça dignos dessa Sua Salvação, tornando-nos santos e virtuosos. E, acima de tudo, louvamo-lO e O agradecemos por tanto amor, de vir Deus Onipotente e Amoroso ao encontro da nossa pequenez, para, com ternura, nos encaminhar à vida plena e feliz no Seu amor. Para isso nasceu Jesus, “o Verbo se fez carne”. Obrigado, Senhor, pelo Santo Natal!


S

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ABER VIVER

Crianças sob risco de doenças cardiovasculares Doenças cardiovasculares são as que mais matam no mundo, atualmente. Engana-se, entretanto, quem pensa que apenas adultos estão sujeitos a esses males. Um estudo realizado pela professora Ana Maria Verçoza, da Faculdade de Medicina, mostra os fatores de risco para aterosclerose subclínica em crianças do Sul do Brasil que não apresentam sintomas. A aterosclerose é uma doença que se caracteriza pela obstrução de vasos sanguíneos, causada pela formação de placas compostas principalmente por lipídeos (mais conhecidos como gorduras), que se acumulam na parede dos vasos e causam a diminuição do seu diâmetro. Essa obstrução pode impedir a circulação de sangue a várias partes do organismo, aumentando o risco de causar problemas como acidente vascular cerebral (AVC), enfarte e gangrena. Foram avaliadas as espessuras das artérias carótidas por ultrassonografia em 93 crianças e pré-adolescentes (de quatro a 14 anos), que não apresentavam sintomas, atendidos no Hospital São Lucas. O objetivo era prever as que poderiam desenvolver problemas cardíacos no futuro. Quarenta e um participantes do estudo apresentavam sobrepeso (19%) ou obesidade (25%).

As taxas de triglicerídeos estavam mais altas nessas crianças e se mostraram associadas diretamente ao estreitamento das carótidas, um sinal de problemas cardiovasculares futuros, principalmente se somados ao tabagismo e sedentarismo. Jana Kollárová As complicações normalmente acontecem na fase adulta, e o risco de sofrer um enfarte ou um derrame cerebral é maior em meninos do que em meninas, acredita-se que por fatores hormonais. A professora conta que até em recém-nascidos é possível diagnosticar aterosclerose. "Os fatores podem ser hereditários e ambientais, mas diagnosticamos em crianças de cinco a dez anos sem histórico familiar", revela. Quando detectado cedo, esse tipo de problema pode ser revertido, por isso a importância da mudança do enfoque dos pediatras para prevenir doenças. "O pediatra tem de pesar a criança, medir a pressão arterial rotineiramente e ver o perfil lipídico. O principal alerta é para os pais: Vemos que estão alimentando mal os filhos com alimentos industrializados e com muito sal. A criança não pode ter sobrepeso ou ser obesa, tem que ter o peso ideal desde pequena", destaca. O trabalho foi orientado pelo professor Domingos d´Avila

A grande e proveitosa lição Uma mulher chega apavorada no consultório do seu ginecologista e diz: – Doutor, o senhor terá que me ajudar num problema muito sério. Este meu bebê ainda não completou um ano e já estou grávida novamente. Não quero filhos em tão curto espaço de tempo, mas num espaço grande entre um e outro... O médico então perguntou: – Muito bem. O que a senhora quer que eu faça? A mulher respondeu: – Desejo interromper esta gravidez e conto com a sua ajuda. O médico, então, pensou um pouco e depois de algum tempo em silêncio disse para a mulher: – Acho que tenho um método melhor para solucionar o problema. E é menos perigoso para a senhora. A mulher sorriu, acreditando que o médico aceitaria seu pedido. Ele então completou: – Veja bem minha senhora, para não ter que

ficar com dois bebês de uma vez, em tão curto espaço de tempo, vamos matar este que está em seus braços. Assim, a senhora poderá descansar para ter o outro, terá um período de descanso até o outro nascer. Se vamos matar, não há diferença entre um e outro. Até porque sacrificar este que a senhora tem nos braços é mais fácil, pois a senhora não correrá nenhum risco... A mulher apavorou-se e disse: – Não doutor! Que horror! Matar uma criança? Um crime! O médico concordando: – Também acho, minha senhora, mas me pareceu tão convencida disso, que por um momento pensei em ajudá-la. O médico sorriu e, depois de algumas considerações, viu que a sua lição surtira efeito. Convenceu a mãe que não há menor diferença entre matar a criança que nasceu e matar uma ainda por nascer, mas já viva no seio materno. O crime é exatamente o mesmo. (Fonte: internet)

JOSY M. WERLANG ZANETTE Técnicas variadas Atendemos convênios

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Deficiência de ferro Atendendo a pedidos formulados por ocasião de nossas palestras, passaremos a abordar diversos tópicos sobre a carência nutricional. De acordo com inúmeras pesquisas, a principal carência é a anemia ferropriva, ou seja, a deficiência de ferro. Inicialmente, vamos fornecer alguns dados sobre a maneira mais prática de avaliar se uma pessoa está anêmica. As principais vítimas desta importante deficiência são as crianças, as gestantes e os idosos. O exame mais simples é verificar a coloração das mucosas visíveis. Abaixando a pálpebra Dr. Varo Duarte inferior, podemos constaMédico nutrólogo e endocrinologista tar a coloração vermelha normal da mucosa sub ocular. A descoloração intensa é o mais preciso indicador desta correlação. Outra maneira é a compressão da extremidade do dedo indicador pelo polegar. Deve ficar vermelha a ponta do dedo. Se estiver esbranquiçada, é um provável sintoma de anemia. O exame de sangue obtido pela punção venosa com a dosagem de hemoglobina representa um indicador mais preciso. Os valores considerados normais variam com a idade e o estado nutricional. O exame mais simples e barato, principalmente utilizado para o diagnóstico de grandes grupos populacionais, é a determinação do hematócrito, representando a sedimentação dos glóbulos vermelhos do sangue, após centrifugação. O hemograma, geralmente solicitado pelo médico assistente, vai permitir a contagem de glóbulos vermelhos e a determinação destes valores. Na gestante, há uma menor concentração de hemoglobina pelo aumento da quantidade de sangue circulante. Exames mais elaborados são a dosagem de ferritina e a determinação do ferro sanguíneos. Feito o diagnóstico, chegamos ao tratamento com alimentos ricos em ferro: melado, morcela, charque, feijão preto, gema de ovo, fígado, espinafre. carne de vaca. verduras verde-escuro. Muito comum, até na orientação médica, pelo fato de serem ricos em colesterol, os alimentos ricos em ferro são, em geral, desaconselhados aos idosos. Os alimentos mais ricos em ferro são o fígado, a gema de ovo, a carne vermelha. Aqui, mais uma vez, chamamos a atenção para nosso livro COMA DE TUDO SEM COMER TUDO. Prejudicial não é o fato de serem ricos em colesterol, e sim, o consumo em quantidades exageradas. Permitimo-nos reproduzir o que escrevemos em nosso livro Alimentos Funcionais, pág. 100, e carne vermelha, pág. 97. Ricos em gorduras poliinsaturadas, hoje denominadas de ômega 3, que estimulam a formação do bom colesterol (HDL) e ajudam na prevenção do câncer e das doenças cárdio vasculares. São ricos em proteínas de alto valor biológico, em ferro, vitamina E têm importante papel no combate à desnutrição. Desaconselhamos o ovo frito e o nosso churrasco em quantidades exageradas. 500 gramas por pessoa, NÃO! Entre 100 e 200 gramas, SIM! Coma também ovo cozido, pochê, ou preparado em frigideiras, sem gorduras.

Dicas de

NUTRIÇÃO

Ofereça o Solidário para os enfermos da Santa Casa. Patrocine 500 exemplares por R$ 250,00.


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CASAL JOVEMez

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SPAÇO LIVRE

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Martha Alves D´Azevedo Comissão Comunicação Sem Fronteiras

“Casar é maravilhoso, permite que sejamos pessoas melhores!”

Definição de fronteiras

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osiane Ventura Alves Moreira, professora, e Ricardo Soares Rabello Moreira, industriário, casaram-se na Igreja Sagrado Coração de Jesus, em Porto Alegre, no dia 25 de fevereiro de 2005. Eles partilham conosco suas opiniões sobre casamento e outros assuntos.

*Por que vocês decidiram se casar? Decidimos casar porque descobrimos que nos amávamos e nos admirávamos nas semelhanças e diferenças, também tínhamos um sonho em comum de construirmos uma nova família, alicerçada na fé, no companheirismo, na amizade e, principalmente, na confiança.

*Por que, segundo o ponto de vista de vocês, tantos casais se separam?

A ausência de fé em Deus, o individualismo, a infidelidade, a intolerância, a falta de diálogo, de cumplicidade, lealdade e a falta de um amor verdadeiro. Muitos casais que se separam não conseguem perceber o real significado do casamento.

*Que ingredientes ou condições devem existir para que um casal permaneça unido?

Respeitar as diferenças, ter amor, tolerância, compreensão, fidelidade, fé em Deus, respeito mútuo, humildade, cumplicidade, saber ouvir o outro e surpreendê-lo.

*Por que vocês se casaram pela Igreja?

Porque somos católicos e acreditamos em Deus.

*Onde fizeram o encontro de preparação ao casamento? Comentários.

Realizamos no MFC e gostamos muito do encontro, visto que a dinâmica e a linguagem foram contextualizadas de forma clara e objetiva. Os casais puderam participar e expressar seus sentimentos, com situações do cotidiano. Destacamos a alegria dos casais organizadores e a espontaneidade, sensibilidade em ouvir e dar seus testemunhos.

*Qual é a religião de vocês? Comentários. Católicos. Apreciamos a força interior inexplicável que encontramos na fé em Deus, através das orações e das escrituras. Gostaríamos que os ritos fossem menos formais, que a Bíblia tivesse uma linguagem mais acessível e que os padres pudessem se casar e testemunhar o matrimônio.

*O que Deus representa na vida de vocês?

s discussões sobre os limites das fronteiras entre o Brasil e o Uruguai periodicamente voltavam ao centro de discussão da diplomacia dos dois países. Em 12 de outubro de 1851, foi assinado pelos representantes do Brasil e do Uruguai o Tratado de Limites entre o Brasil e a Republica Oriental do Uruguay. Pedro II ratificou o Tratado em 13 de outubro, e o presidente Joaquin Suarez, do Uruguai, em 4 de novembro de 1851. Entre os acertos e os desacertos decorrentes do Tratado de Limites, os problemas entre as fronteiras dos dois países foram se sucedendo. O direito exclusivo do Brasil de navegar as águas da Lagoa Mirim foi sempre uma dificuldade para os vizinhos do Prata. Finalmente, a 3 de maio de 1909, o presidente do Brasil, Affonso Augusto Moreira Penna, em sua mensagem ao Congresso Nacional, comunicava “a nova política latino-americana do Brasil”. “Desde 1801, como sabido, ficamos senhores da navegação privativa da Lagoa Mirim e do Rio Jaguarão e, mantivemos ininterruptamente essa posse. Tratados solenes, que celebramos com a Republica Oriental do Uruguay em 1851 e posteriormente, baseados no “uti possidetis”, estabeleceram como limites entre os dois países a margem direita do Jaguarão e a ocidental da Lagoa Mirim, da confluência do Jaguarão para o sul. Dentro do movimento de aliança com Desde 1801 seus vizinhos, e autorizado pelo presidente ficamos senhores Penna, o Barão de Rio Branco e Rufino T. da nevegação da Dominguez, do Uruguay, assinaram no Rio Lagoa Mirim e de Janeiro, em 30 de outubro de 1909, o do Rio Jaguarão Tratado entre os Estados Unidos do Brasil e a Republica Oriental do Uruguai, modificando as suas fronteiras na Lagoa Mirim e no Rio Jaguarão, e estabelecendo princípios gerais para comércio e navegação nessas paragens. Metade do Rio Jaguarão e parte da Lagoa Mirim passaram ao Uruguai. Com o tempo, os demarcadores orientais foram questionando frações de terrenos até desembocar em contestações diplomáticas. Agora, na véspera do centenário do Tratado da Lagoa Mirim, uma delegação com representantes dos dois países encontraram-se em Jaguarão preparando-se para aperfeiçoar a caracterização da fronteira. A delegação programa revitalizar 67 marcos. No caso da Mirim, os marcos ficam em ilhas ou na beira das águas.

Visa e Mastercard

Deus é a essência e a razão do nosso viver. Como ele mesmo disse: “Sou o caminho, a verdade e a vida”.

*Qual a mensagem que dariam àqueles que pretendem se casar? Casar é maravilhoso, permite que sejamos pessoas melhores! Aprendemos a ceder, a sermos mais tolerantes, mais maduros e responsáveis, aprendemos a dividir nosso espaço e tempo, trocamos carinhos, palavras e crescemos nas dificuldades e nas diferenças. E-mail do casal para troca de idéias com leitores: rosianev@hotmail.com

Odila Terezza Luzzi de Campos - 02/12 Irmãs Salvatorianas - 08/12 Egon R. Fröhlich - 11/12


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GREJA &

CATEQUESE ria

COMUNIDADE

Solidário

LITÚRGICO

Solidá

Como selecionar os textos bíblicos para a catequese Maria Helena Pastoral Catequética de Novo Hamburgo

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Bíblia é o principal livro da catequese, a mais importante fonte do processo de evangelização. Se na catequese o que se pretende é ajudar o catequizando a realizar o seu encontro com Deus, fica clara a importância da Palavra de Deus, por meio da qual se realiza esse encontro. Apesar de a Bíblia ser um livro básico na catequese, o processo catequético não consiste num mero estudo dela. Do ponto de vista pedagógico, seria inconcebível na catequese, e ninguém pensa nisso, estudar a Bíblia do começo ao fim, seguindo seus esquemas históricos e canônicos. A seleção de textos para cada encontro levará em consideração o conteúdo que se quer transmitir. A catequese é organizada a partir de certos conteúdos fundamentais no processo de evangelização. Primeiro, decidimos os conteúdos. Depois, procuramos a fundamentação bíblica. Os textos bíblicos servirão de base e suporte para a transmissão dos conteúdos.

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Com isso, entendemos duas coisas: 1. Não se pode, na catequese, ler os livros bíblicos do começo ao fim, sem organizar os textos a partir dos conteúdos programados. Dizemos isso porque o catequista poderia ter a tentação de ir comentando textos bíblicos aleatoriamente, sem um programa de conteúdos. Não daria certo. 2. Não se pode também realizar aquele tipo de leitura bíblica em que se abre a Bíblia a esmo e se lê o primeiro texto que os olhos encontram, como se essa fosse a vontade de Deus para aquele momento. Isso é inconcebível na catequese. Fica parecendo uma tentativa de tirar sorte com a Bíblia, forçando Deus a revelar sua vontade na hora em que a gente quiser. É manipulação, como uma cartomante joga as cartas para descobrir a vontade dos astros. Não é esse o caminho. Os roteiros de catequese devem apresentar uma sugestão de texto bíblico que se encaixe dentro do assunto de cada encontro. A palavra de Deus vai iluminar e fundamentar os conteúdos que estão sendo trabalhados. (Catequisar.com.br)

6 de dezembro – 2o Domingo do Advento (

roxa)

1a leitura: Livro do Profeta Baruc (Br) 5,1-9 Salmo 125 (126), 1-2ab.2cd-3.4-5.6 (R/.3) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Filipenses (Fl) 1,4-6.8-11 Evangelho: Lucas (Lc) 3,1-6 NB.: Para uma melhor compreensão destes comentários litúrgicos é fundamental que se leia, antes, o respectivo texto bíblico. Comentário: Lucas, no Evangelho deste domingo, situa Jesus num momento histórico bem definido: 15o ano do império de Tibério Cesar, Pôncio Pilatos é governador na Judéia, Herodes administra a Galiléia, Anás e Caifás são sumo-sacerdotes (cf 3,1-2). As “cabeças visíveis” dos vários poderes da época estão identificadas. Estaria Lucas intuindo a dificuldade de muita gente aceitar a historicidade da figura de Jesus? Ao longo destes dois mil anos de cristianismo, a pergunta é repetida, volta e meia, e intriga a muitas pessoas: Jesus de Nazaré, o filho de Maria e José, existiu de fato ou é uma criação lendária, um mito transformado em deus, fruto do imaginário ou da cultura religiosa da época, que esperava ansiosamente um messias que libertasse o povo judeu e devolvesse a Israel todo o seu poder e glória?! Jamais teremos uma resposta plenamente satisfatória e exaustiva sobre a historicidade de Jesus, uma espécie de filme-documentário biográfico, com detalhes e episódios da sua vida. Os que escreveram sobre Jesus, escreveram muitos anos após a sua morte e escreveram, também, a partir da sua fé. Não fizeram um relato em cima dos fatos. Jesus, como homem e como Messias, será sempre uma busca e um ato de fé, jamais certeza absoluta e inquestionável. Mas a fé “Jesus é presença também tem razões e oferece certezas que fogem do sempre atual campo da experimentação científica. No episódio de onde há salva- Lucas, João fala de Jesus e se intitula a voz que clama no ção que vem de deserto (3,4). E dá a chave para que as futuras gerações Deus”. possam identificar a presença de Jesus na história humana: todas as pessoas verão a salvação que vem de Deus (3,6). Assim, Jesus é presença sempre atual onde há salvação que vem de Deus. E a salvação que vem Deus pode ser sintetizada numa única frase: que todas as pessoas tenham vida e vida em sempre maior abundância.

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de dezembro

– 3o domingo do Advento (

roxa)

1a leitura: Profecia de Sofonias (Sf) 3,14-18a Responsório: Is 12, 2-3.4bcd.5-6 (R/. 6) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Filipenses (Fl) 4,4-7 Evangelho: Lucas 3,10-18 Comentário: Somente pode haver diálogo, crescimento, novas atitudes e vida nova quando e onde existe esta atitude fundamental que pergunta: O que posso... o que devo fazer? Ou, no sentindo comunitário e social, repetir a pergunta das multidões que acorriam a João, no deserto, há dois mil anos: o que devemos fazer (3.10)?! Diz o texto de Lucas deste domingo que o povo estava na expectativa da vinda do Messias salvador (cf 3,15). Quando alguém está na expectativa de algo ou de alguém que espera com muita ansiedade, na certeza interior de que aquilo - se for acontecimento - ou aquele - se for alguém, vai contribuir para que a sua vida e a vida da comunidade familiar ou social seja melhor, mais feliz, então existe a predisposição para acolher o acontecimento ou a pessoa aguardada. Este foi o papel de João: recolher esta expectativa positiva, presente no povo judeu com relação à vinda do Messias e sua missão libertadora, e não permitir que a chama desta expectativa se extinga e se instale a decepção, a desesperança. Hoje, milhões continuam repetindo a mesma pergunta, na expectativa de um mundo melhor, de relações mais justas e fraternas, de um tempo novo de paz e harmonia: o que devemos fazer? João tem respostas muito concretas para as pessoas que lhe fizeram esta pergunta, sentindo nelas disposição para o diálogo e a acolhida. E a resposta é diferente para cada pessoa ou grupo familiar e social. Cabe a cada um de nós a atitude interior da acolhida da Palavra, o exame honesto sobre o que deve mudar e a disposição corajosa de realizar o que percebe e sente que deve mudar. Esta é a preparação melhor e mais coerente para o Natal do Senhor, que veio, vem e virá. attiliohartmann@hotmail.com


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Franciscanas de Aparecida têm nova superiora

Nomeações e transferências do clero da Arquidiocese São as seguintes as nomeações e transferências de padres do clero da Arquidiocese para o ano de 2010, informadas por Dom Dadeus Grings, arcebispo metropolitano de Porto Alegre: Seminário de Gravataí - Reitor: Darley Kummer; Mestre do Propedêutico: José Flach; Diretor Espiritual: Ângelo Bohn.

Novos párocos

S. Paulo/Canoas: Jorge Lermen; S. Hilário/Gravataí: Amadeu Canellas; S. Coração de Jesus/Alvorada: Paulo Labres; N. Sa de Belém/P. Alegre: Luiz Xavier; Cor.de Jesus/P. Alegre: Laênio Custódio; S. Família/P. Alegre: Egon Binsfeld; N. Sa da Piedade/P. Alegre: João da Silva; S. Cecília/P. Alegre: Leonardo Reichert (Coadjutor); S.Flora/P.Alegre: Armando Furlin; Catedral M.de Deus: Jacques Rodrigues (1º Semestre) e Carlos Haas (2º Semestre); N. As do Carmo/Tapes: Jeverson de Oliveira; N. Sa do Rosário/Barão do Triunfo: Fábio Christ: S. Bárbara/Arroio dos Ratos: Lizandro Goularte.

Novos Vigários Paroquiais

S.João Batista/Camaquã: Adilar da Silva e Alexandre Chaves; N. Sa do Livramento/Guaíba: Mário Werner; S. Rita/P. Alegre: Alexandre de Freitas; S. João/P. Alegre: Luís Antônio Larratéa; S. Jorge/P. Alegre: Jorlei Santos; S. Sebastião/P. Alegre: João Weiler; N. Sa da Conceição/Viamão: Egon Mohr; Administrador Paroquial da Paróquia Santa Maria Goretti: Delfim Kleber.

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OMUNIDADE

É a seguinte a composição da Coordenação Geral da Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, eleita durante o 23º Capítulo Geral, realizado em outubro último: Superiora Geral, Ir. Idelsa Reginatti; 1ª Conselheira Geral, Ir. Nadir Bavaresco; 2ª Conselheira Geral, Ir. Elsa Menegat; 3ª Conselheira Geral, Ir. Ignes Piasson; 4ª Conselheira Geral, Ir. Sheila Maia Teixeira; Secretária Geral, Ir. Liliane Kraemer; Ecônoma Geral, Ir. Nivia Siviero. Durante a Assembleia Capitular também foi estudado e aprovado o Documento da Missão, reafirmando o lugar social entre as classes mais abandonadas. Frei João Inácio Müller OFM, assessor do 23º Capítulo Geral, lembrou que “o sonho congregacional continua sendo acalentado pelo Espírito, mantendo a firmeza profética diante dos diferentes conflitos”.

Perda de colaborador de primeira hora “Com a morte de Renato de Souza Cardoso, o nosso jornal perdeu um dos colaboradores da primeira hora. Profissional da comunicação, com competência e com idealismo, ele colocou seu talento a serviço da evangelização. Renato era um homem eclético: na imprensa, na arte, nos esportes, na política e no idealismo. Foi um dos pioneiros no período heróico da televisão, quando era necessário usar a criatividade e a determinação. Cristão convicto e atuante, esteve engajado em diversas frentes. Deu sua colaboração consciente e esclarecida à Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas e a muitos outros movimentos eclesiais.

PUCRS

Lembramos sua atuação valiosa na vida do nosso jornal, principalmente na difícil fase inicial. Pela sua voz clara, pela sua argumentação convincente, por seu entusiasmo contagiante e, principalmente, pelo seu espírito de fé, o nome de Renato Cardoso está inscrito entre os grandes artífices deste órgão de imprensa católico, merecendo o nosso respeito e o nosso reconhecimento”. (Hugo Hammes)

Liberações

O arcebispo liberou três sacerdotes para outras atividades: Carlos M. Steffen: Especialização em Direito Canônico; Jacques S. Rodrigues: Especialização em Filosofia; João Poletto: Ano

A Bíblia e suas interpretações dogmáticas É o que propõe o livro A Bíblia e o desafio da Interpretação Sociológica, de Valter Luiz Lara, editado pelo Paulus. Segundo o autor, “Nosso objetivo é tentar desfazer preconceitos que a interpretação dogmática produziu ao ler os textos sem considerar as intenções originais de seus autores. Quando o assunto é a leitura do Livro Sagrado, não faltam palavras para expressar as diferentes opiniões, perspectivas e sentimentos acerca de seu conteúdo. Algumas pessoas simpatizam, veneram e se inspiram nos textos bíblicos para viver. Outras, ao contrário, os definem como complexos, manipulados e objetos de poder da Igreja."

Marta e Maria promove feira beneficente

A Comunidade Terapêutica Marta e Maria – Casa Marta e Maria – promoverá dias 5 e 6 de dezembro, a partir das 10 horas, a Feira de Artesanato Beneficente, tendo como local o salão da Paróquia São Miguel (Rua Dona Teodora, 1409). O evento acontece em prol das obras assistenciais realizadas pela Casa. Informações fone 33428012.

Chegou

LIVRO DA FAMÍLIA 2010 Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do Livro da Família/2010. Adquira seu exemplar ou faça seu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. Também o Familienkalendar/2010 está disponível. Lembrando: a Livraria Padre Reus é representante das Edições Loyola para o sul do Brasil.

Livraria Editora Padre Reus

Caixa Postal, 285 - Duque de Caxias, 805 - Cep 90001-970 Porto Alegre/RS - Fone: (51)3224.0250 - Fax: (51)3228.1880 E-mail: livrariareus@livrariareus.com.br Site: http://www.livrariareus.com.br


Porto Alegre, 1o a 15 de dezembro de 2009

Novos operários para a Messe do Senhor

Quatro são os novos sacerdotes que estarão a serviço da missão pastoral da Arquidiocese de Porto Alegre a partir de 2010.

As ordenações dos diáconos têm as seguintes datas: Luís Antonio Coelho Larratéa, mais conhecido por Tom, receberá a ordenação às 20 horas de 4 de dezembro na paróquia Coração de Jesus, bairro Higienópolis, P. Alegre, com primeira missa às 10 horas de 6 de dezembro no mesmo local. Será o novo vigário paroquial da paróquia S. João Batista de Porto Alegre e animador vocacional auxiliar do Vicariato de

Alexandre Longhi de Freitas

Porto Alegre; Jorlei Erivaldo dos Santos será ordenado às 10 horas de 11 de dezembro, na paróquia N. Sa. da Saúde de P. Alegre, com primeira missa às 10 horas de 13 de dezembro na mesma paróquia. Será vigário paroquial da paróquia S. Jorge de Porto Alegre; Alexandre Longhi de Freitas será ordenado às 20 horas de 18 de dezembro, na paróquia N. Sa. das Graças, de Portão, com primeira missa às

Jorlei Erivaldo dos Santos

Alexandre Silveira Chaves

9h30min de 20 de dezembro no mesmo local. Será vigário paroquial do Santuário Santa Rita em Porto Alegre; Alexandre Silveira Chaves será ordenado em 16 de janeiro de 2010, na paróquia S. Vicente Pai dos Pobres, em Gravataí, onde também oficiará a sua primeira missa às 10 horas de 17 de janeiro. Foi nomeado vigário paroquial da paróquia S. João Batista de Camaquã.

O mistério do chamado de Deus É assim que diácono Tom (Luiz Antônio Larratéia) define seu chamado. “O chamado de Deus é antes de tudo um mistério. Desde cedo, impulsionado pelo testemunho da minha avó, participava da comunidade onde aos poucos fui conhecendo e encantando-me pelas coisas de Deus. O testemunho alegre de um padre jovem e dos seminaristas que trabalhavam em minha paróquia cativaram-me. E me questionava: como um mundo onde tantas coisas são oferecidas pode ter tantos corações feridos, sem sentido? E qual era a minha

parcela na contribuição na construção do mundo que Deus sonhou para nós? Fui discernindo o chamado através da participação na minha comunidade e nos encontros vocacionais Kairós. Com 18 anos, arregacei as mangas e decidi optar por esta entrega radical a Deus! Quero ser testemunho de que entregar a vida a Deus a serviço do reino de Deus vale a pena, é vida feliz! Solidário - Que desafios espera encontrar e como encará-los? Tom - O mundo vive épocas novas, avanços muito rápidos. Nem sempre

os corações das pessoas acompanham e acabam perdendo sentido de vida. Quero ser esta ponte entre o céu e a terra. Levar Deus às pessoas e as pessoas a Deus! Para isto, além de muito preparo físico, emocional, psicológico, intelectual, o padre deve ter, sobretudo, um preparo espiritual. Através do testemunho de uma vida sadia, cultivando a formação permanente e uma vida de oração assídua. O padre, para encarar estes novos tempos, deve ser um especialista de Deus!

Diácono Luiz Antônio Larratéia

Diocese de Montenegro

Os novos padres da Diocese de Montenegro: Eduardo Schuster, Rafael Groth e Neimar Schuster

CianMagentaAmareloPreto

A Diocese de Montenegro contará com os seguintes novos padres: Neimar Schuster, ordenação dia 12 dezembro, às 18 horas, na paróquia Cristo Redentor de Tupandi, com primeira missa dia 13 de dezembro às 9h30min na comunidade S. Antonio de São Benedito. Nomeado Promotor Vocacional e assistente dos seminaristas menores do Seminário de Bom Principio; Eduardo André Schuster, ordenação dia 19 de dezembro, às 18 horas,

na paróquia Três Santos Mártires, de Salvador do Sul, com primeira missa em 20 de dezembro às 10 horas na Capela S. Antônio, na localidade de Linha Bonita Alta. Nomeado vigário paroquial da paróquia S. Cristóvão, de Estrela; e Rafael Luis Groth, ordenação dia 9 de janeiro de 2010, às 18horas, na paróquia S. Pedro de S. Pedro da Serra, com primeira missa às 10 horas do dia seguinte ,na mesma paróquia. Será vigário paroquial da paróquia S. João Batista de Montenegro.


JORNAL DO MUTIRÃO INFORMATIVO DO MUTIRÃO DE COMUNICAÇÃO AMÉRICA LATINA E CARIBE - PORTO ALEGRE - RS - BRASIL

Nº 09 - Novembro/2009

Evento é divulgado em encontro em Salvador (Página 02)

Palestrantes do Mutirão falam sobre comunicação na Confecom/RS (Página 03)

Em depoimentos, participantes falam por que vir ao Mutirão (Página 04)

Conferência Estadual de Comunicação

Antecipando o debate

Foto: Guerreiro/Ag ALRS

Leia ainda...

Salão de Arte

Ampliação da data para inscrição dos trabalhos no Salão de Arte Contemporânea possibilitará que artistas de todo o continente participem do Salão. O período agora vai de 1º de novembro a 23 de dezembro. PÁGINA 02

Solidariedade: utopia ou urgente necessidade?

Com este questionamento, o Coordenador de Comunicação do Mutirão, padre Attilio Hartmann, convida a uma reflexão sobre para onde caminha a humanidade e que valores sociais estamos construindo. PÁGINA 02

Programação se consolida

Encontro da Juventude integra o Mutirão de Comunicação e propõe diálogo sobre a cultura solidária. Construída de forma plural e participativa, a programação começa a tomar contornos definitivo com a confirmação de atividades e palestrantes. PÁGINA 04


03

02 EDITORIAL

GERAL

Solidariedade... utopia ou urgente necessidade?

Estudantes da PUC Rio conhecem o Muticom

Já se disse, mas eu repito, mesmo que possa parecer um tanto apocalíptico: ou a humanidade caminha para uma cultura solidária, ou este nosso mundo e nossa terra não têm futuro! Simples e preocupante assim. A solidariedade não é uma utopia distante, conversa de intelectuais mais ou menos (des)ocupados, ou, ainda, apenas tema de congressos e mutirões de comunicação. A solidariedade é uma urgente necessidade. Ser solidário deve, primeiro, transformar-se numa atitude de vida e, logo, numa cultura. Neste ano, a Semana da Solidariedade se realizou sob a luz de um grande profeta brasileiro, que fez da solidariedade com os mais pequenos, os invisíveis da sociedade, seu lema pessoal e transformou toda a sua vida numa constante doação a eles e às suas causas: Dom Helder Câmara, cujo centenário de nascimento estamos celebrando neste ano de 2009. De Dom Helder, esta afirmação: “Quando dou aos pobres um pedaço de pão, me chamam de santo; quando pergunto pelas causas da fome no mundo, me chamam de comunista!” A solidariedade com as causas da humanidade, especialmente com as causas de quem não tem nem meios nem vitrine midiática para torná-las visíveis ou defendê-las deve ser, mais e mais, como o sangue que corre nas veias, e se torna sinal de força e de vida. João Paulo II, numa intuição muito aguda, insistiu várias vezes nesta dimensão da solidariedade. Na onda da globalização, ele dizia que era preciso globalizar a solidariedade. Ele percebeu que a globalização que está acontecendo, volta-se, quase que exclusivamente, para o setor do mercado e da tecnologia. E que é preciso impregnar de solidariedade esta globalização para que ela não seja mais um golpe contra a própria humanidade. Uma globalização apenas mercadológica e tecnológica não é humana... mata a alma do corpo social e o deixa sem alma, sem vida humana. Em outras palavras, transforma as pessoas, e isso a curto prazo, em robôs. E o que já estamos sentindo muito agudamente: os transforma em robôs consumidores. Aliás, o papa atual, Bento XVI, na sua encíclica Caridade na Verdade, diz que, em si, a globalização não é boa nem má, que depende como esta globalização acontece. Poderíamos dizer: é boa, se estiver impregnada de solidariedade; é má e inumana, quando estiver apenas a serviço da economia do mercado e da tecnologia. Por isso: solidariedade, mais que distante utopia é uma urgente necessidade. Para que o mundo viva, para que a gente viva... Attilio Hartmann, Coordenador de Comunicação do Mutirão

O Coordenador Geral do Mutirão participou de encontro na PUC do Rio, onde divulgou o Mutirão de Comunicação. No encontro com estudantes, agentes de pastorias e professores dentre outros, o padre Marcelino Sivinski apresentou a proposta do evento e destacou a temática a ser debatida. “Serão muitos convidados, entre pesquisadores, profissionais da comunicação, agentes de pastoral e todos os interessados na reflexão sobre o assunto”, destacou ele. Sivinski frisou que o Muticom pretende promover um diálogo sobre o presente e o futuro das relações entre a mídia e a sociedade. “Nesse contexto, a comunicação ganha papel decisivo. A partir da influência social que o comunicador exerce, o Mutirão pretende mostrar aos profissionais sua importância na busca por uma sociedade mais justa e uma cultura solidária”, acrescentou. Para ele, esta é uma oportunidade muito interessante para os alunos de Comunicação. “É a chance de estudantes estarem em contato direto com grandes nomes da comunicação da América Latina. Além deles, todos estão convi-dados a participar desse evento, que não é apenas um encontro ecumênico ou acadêmico. O que vamos debater interessa a todos”, afirmou. No final de sua apresentação, o Coordenador Geral do Muticom convidou a todos a estarem em Porto Alegre de 3 a 7 de fevereiro e ajudar a construir a Carta de Porto Alege. “Será um documento escrito a muitas mãos, com objetivo de ser uma referência para orientar a elaboração de políticas e propostas de ação comunicativa na busca por uma sociedade livre, participativa e democrática.

Conferência Estadual e Mutirão Dois importantes momentos de reflexão sobre que comunicação temos e que comunicação queremos

Grupo da PUC Rio se organiza para o Mutirão

Salão de Arte Contemporânea tem novo cronograma

O Salão de Arte Contemporânea que acontecerá durante o Mutirão está com um novo calendário. Agora, quem quiser se inscrever poderá fazê-lo até o dia 23 de dezembro. A seleção dos portfólios será dias 4 e 5 de janeiro/2010 e os resultados saem até 8/1/10. A entrega das obras de Porto Alegre será entre 27 e 29 de janeiro e de outras localidades será até 29 de janeiro. A abertura da exposição será no dia 4 de fevereiro de 2010 e o encerramento em 7 de fevereiro. Maiores informações no edital disponível no site do do Mutirão (www.muticom.org).

COMUNICANDO

Mutirão é divulgado em encontro em Salvador Cerca de 500 pessoas que participaram, nos dias 7 e 8 de novembro, do VIII Encontro Arquidiocesano de Comunicação puderam co-nhecer a proposta do Mutirão. O Coordenador Geral do Muticom, padre Marcelino Sivinski, apresentou o evento e convidou todos a virem Marcelino Sivinski para Porto Alegre, de 3 a 7 de fevereiro para participarem do Muticom. O tema do VIII EAC foi “Igreja em Missão, Igreja em Comunicação”, abordado por Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro e Presidente da Comissão de Cultura, Educação e Comunicação da CNBB. Além da palestra principal aconteceram três mesasredondas temáticas sobre as relações da juventude, da família e da cidade com a missão e a comunicação. Cada mesa contou com a

ESPECIAL

presença de um teólogo, de um agente de Pastoral e de um professor universitário que pesquisa o tema. A tarde do dia 8 foi ocupada com 13 oficinas que ajudaram os agentes a debaterem e aprenderem sobre temas como “Como falar em público” e “Produção de vídeos para máquinas digitais e telefone celular” passando por “Música na Liturgia” e “Vivências interpessoais e visitas domiciliares”. O VIII Encontro foi promovido pela Arquidiocese de Salvador e contou com a participação das 120 paróquias dessa Arquidiocese e, ainda, da Arquidiocese de Feira de Santana e da Diocese de Alagoinhas. Os presentes, além dos agentes da PASCOM, eram de outras várias pastorais movimentos eclesiais e populares.

Informativo do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe

De 3 a 7 de fevereiro de 2010 - PUCRS - PORTO ALEGRE - RS - BRASIL - www.muticom.org Secretaria: Av. Cristovão Colombo, 149 - CEP 90.560-003 - Porto Alegre (RS) - Fone + 55 51 3391.2434 mutirao@portoweb.com.br Presidente: Dom Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre - Coordenador Geral: Pe. Marcelino Sivinski Coordenador de Comunicação: Pe. Attilio Hartmann - Promoção: CNBB, OCLACC, CELAM - Apoio: OCIC, RCR , UCBC, ALER, FELAFACS, PCCS, PUCRS, RIIAL, SIGNIS, UCIP, UNISINOS e WACC/AL. Jornalistas Responsáveis: Nara Soter Roxo (MTb 4.436), Daiane Bristot e Cynara Baum (DRT 14.336) Diagramação: Nara Soter Roxo - Revisão: Regina Reis - Tiragem: 20 mil exemplares - Impressão: Jornal Gazeta do Sul S/A

A completa e absoluta ausência da cobertura da mídia num evento que se propõe, pela primeira vez na história do país, a debater a comunicação de uma forma aberta, plural e participativa, que contou com a presença de mais de 350 representantes de entidades da sociedade civil, uma centena de empresários e segmentos do setor público, por si só demonstra a necessidade de construir espaços de debates. Este debate aconteceu na I Conferência Estadual de Comunicação, realizada na Assembléia Legislativa do RS, nos dias 17 e 18 de novembro. Além dos debates, a etapa estadual teve como objetivo apresentar e referendar proposta e escolher delegados que participarão da I Conferência Nacional de Comunicação, que acontecerá em Brasília, de 14 a 17 de dezembro de 2009 e vai reunir cerca de 1,6 mil delegados de todos os Estados.

Invisibilidade

Não por acaso, o palestrante da PedNãoi

primeira mesa, professor Pedrinho Guareschi, proposta para debater o tema “”Comunicação: Meios para a Construção de Direitos e Cida-dania na Era Digital”, falou sobre a invisibilidade imposta pela mídia. “O que não está na mídia, não existe”, afirmou ele. O professor, que é membro da equipe acadêmica do Mutirão de Comunicação, também saudou a realização da Conferência. Apesar de não ser deliberativa, acrescentou, é importante que se estabe-

leça o debate, a exemplo do que aconteceu com os temas da saúde e segurança. “É importante e fundamental que as pessoas percebam a comunicação como um direito. Percebam que ela é um bem, não uma mercadoria”, disse ele. Pedrinho destacou que mais de 2 milhões de pessoas já participaram de algum tipo de conferência para debater temas de interesse da sociedade. “Então, elas são significativas. É o momento em que o povo é chamado a dizer sua palavra”. Ele lembrou que a realização da Conferência de Comunicação é uma demandas de mais de 10 anos e atribui a demora na sua ralização por se tratar de um tema central na construção da democracia. “A tarefa fundamental da mídia é ser a nova ágora, a praça pública virtual onde são discutidos os grandes problemas da Nação”, definiu.

Controle público

Outro ponto debatido no encontro foi em relação ao controle público dos meios de comunicação. Esta questão passa, segundo o professor, pelo marco regulatório, agentes reguladores e controle social. Para o jornalista, membro do Fórum Nacional Pela Democratização da Mídia (FNDC) e um dos articuladores da Conferência Estadual, Celso Schröder, esta é uma etapa inicial que deverá ter continuidade. “Políticas públicas são muito complexas para serem construídas em apenas um ano”, justificou.

Longa caminhada

A professora Christa Berger, também da equipe do Muticom, lembrou o percurso de lutas para que se chegasse até a Conferênia “Os militantes podem se considerar vitoriosos”, destacou ela, lamentando que dois

importantes setores não haviam se sensibilizado com o movimento: as universidades e as empresas. Ainda assim, comemora a realização do encontro. “Qualquer conquista com a Conferência será mais do que tivemos nos últimos 20 anos”. Para Christa, a proposta da Conferência está acertada. “É preciso pensar a comunicação

para o segmento sociedade civil, 38 empresários e 10 para o poder público. Foram ainda aprovadas três moções de apoio e feita uma homenagem ao jornalista, professor e um importante lutador na luta pela democratização da comunicação no Brasil, jornalista Daniel Herz. Ele foi autor do livro A História Secreta da Rede Globo, e diretor do Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom), que manteve o site Acessocom, até 2003. No seu mais conhecido livro, o jornalista publicou o resultado de suas pesquisas sobre a origem da Rede Globo e suas ligações com o grupo norteamericano Time-Life, durante a ditadura militar no Brasil.

levando em conta respostas para questionamentos como quem produz, o que produz e para quem produz”. Além destes dois palestrantes, a Conferência Estadual contou, na abertura, com palestra do subchefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Ottoni Fernandes Junior, do advogado Eduardo Krause, que falou sobre os “Meios de Distribuição”, do jornalista e representante da Fenaj, João Carlos Torves, do presidente do Conselho Deliberativo da Fun-dação Piratini, Pedro Osório e do advogado Marco Antônio Campos. Debateram o tema “Cidadania: direitos e deveres”, a representante do Conselho Federal de Psicologia e integrante do FNDC, a psicóloga, Roseli Goffmann; o advogado Ricardo Giuliani Neto; e o supe-rintendente de Comunicação Social da AL/RS, Celso Schröder.

Participação do Mutirão

Eleição

No final do encontro, foram escolhidos os delegados que representarão o RS na Conferência Nacional, na proporção de 38

A equipe de comunicação do Mutirão se fez presente na I Conferência Estadual. Além dos palestrantes comuns aos dois eventos, os professores Pedrinho Guareschi e Christa Berger, também foi entregue uma carta aberta aos participantes da Conferência, apresentando o Mutirão, as propostas, os eixos temáticos e alguns dos painelistas brasileiros e latino-americanos que estarão no Muticom. A idéia é que o Mutirão também se faça presente na etapa Nacional, em Brasília. Segundo o coordenador de comunicação do evento, Padre Attilio Hartmann, a coincidência dos temas e de propostas de reflexão, transformam a Conferência e o Mutirão em e-ventos parceiros. “Ambos propõem um debate que não se encerra em si mesmo, mas terão continuidade. Por isso, os debates levantados durante a Conferência e o Fórum Social Mundial, deverão ter continuidade no Mutirão”, disse ele. Fotos: Marco Couto/Ag ALRS


04 ENCONTRO DE JOVENS

No Mutirão, jovens constróem comunicação e cultura solidária O E n c o ntro de Jovens no Mutirão de Comunicação, espaço que se propõe a dialogar sobre cultura solidária, está com a programação oficial praticamente definida. Restando apenas a confirmação de alguns detalhes que visam a garantia de momentos de formação, trocas de experiências e a construção de redes de articulação com um toque juvenil, a coordenação deste encontro vem desenvolvendo um trabalho que busca

promover a participação democrática e ecumênica da juventude envolvida. Além da participação de diversas instituições juvenis brasileiras, jovens de outros países da América Latina estão se articulando e contribuindo na elaboração do Encontro de Jovens. De acordo com Priscila Medina, membro da Rede de Jovens da Organização Católica Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (OCLACC), muitos jovens estudantes de Comunicação Social das cidades de Loja, Cuenca e Quito, no Equador, estão se preparando para participar do encontro.

Jovens colombianos de Bogotá, Medellín, El Valle del Cauca, Barranquilla e Pasto e paraguaios que participaram da organização do Refresher (outro encontro de jovens para debater o tema da educomunicação) em 2005, também estão entusiasmados na con-vocação para a partilha de suas expe-riências na produção de comunicação solidária. Há alguns meses, Priscila Medina vem visitando instituições de ensino, sobretudo Universidades de Comunica-ção de diversos países da América Latina, com o intuito de promover a participação da juventude.

Programação confirmada 2 de fevereiro de 2010

14h – Credenciamento 15h – Painel de Abertura/Tema: Dialogando e transmitindo cultura solidária Facilitador: Elson Faxina – Comunicador Social com Habilitação Polivalente, Mestre em Ciências da Comunicação na área de Cinema, Rádio e Televisão. Atualmente doutorando em comunicação pela Unisinos/RS. Tem experiência em rádio, televisão, assessoria de comunicação e mobilização social, atuando principalmente no temas: comunicação – jornalismo, TV pública, telejornais, programas de debates e entrevistas, radiojornalismo, vídeo-documentário, planejamento em comunicação, cidadania e movimentos sociais. 20h – Sarau “Cores, sons e sabores latino-americanos”

3 de fevereiro de 2010

8h – Visitas a realidades promotoras de Cultura Solidária 14h – Partilha das experiências vivenciadas a partir das visitas 18h30min – Abertura oficial do Mutirão de Comunicação

4 de fevereiro de 2010

Plenária/Tema: Ver a realidade da juventude na América Latina Facilitadora: Carmem Lúcia Teixeira – Pesquisadora da Juventude na Casa da Juventude Pe. Burnier de Goiânia (GO), do Instituto de Formação Assessoria e Pesquisa. Tem experiência na área de educação e teologia, com ênfase em Pastoral da Juventude Latino-Americana, atuando, sobretudo nos tema: juventude, igreja, grupo e metodologia.

5 de fevereiro de 2010

Plenária/Tema: Julgar a partir dos princípios éticos de uma cultura solidária Facilitador: Pe. Hilário Dick, SJ – Coordenador de curso de pós-graduação em Juventude, Pesquisador da Juventude na Rede Latino-Americana de Pesquisadores em Juventude e do Instituto Humanitas da Unisinos.

6 de fevereiro de 2010

Plenária/Tema: Desafios para a continuidade: construindo e articulando redes e potencialidades Facilitador: Jorge Atílio Iulianeli – Pesquisador em Juventude com trabalhos publicados sobre drogadição e violência. Assessor do Programa Trabalhadores Rurais e Direitos de Koinonia, Consultor Técnico do Unicef sobre violência contra criança e adolescência no campo.

O POVO FALA... “El Mutirao de Comunicación es el mejor espacio para opinar, debatir y compartir experiencias con otros profesionales de América Latina y El Caribe, quienes estamos interesados en promover desde nuestros países una comunicación solidaria al servicio de la sociedad a través de valores humanos y cristianos. Considero que este evento ayudará a construir y consolidar en la región, una red de comunicadores solidarios preocupados por trabajar en base a las necesidades de nuestro proximo, una red que reflexione sobre lo que acontece y perjudica en el mundo, simplemente una red que haga prevalecer ante cualquier situación los derechos de los más necesitados. Varios integrantes de la red de jóvenes de OCLACC, nos sumamos al Mutirao de Comunicación y Cultura Solidaria, para construir en conjunto propuestas fraternales que beneficien a nu-estra comunidad. Saludos desde el Ecuador ¡¡ Nos vemos en febrero ¡¡” (Priscila Medina Proaño – Comunicadora Social – Quito – Ecuador).

CURTAS Presidente do Mutirão lança obra na 55ª Feira do Livro

O arcebispo de Porto Alegre e presidente do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe, Dom Dadeus Grings, lançou, na 55ª Feira do Livro, a obra “A Promoção Humana”. No livro, Dom Dadeus fala sobre as mudanças de época e tempo e, principalmente, sobre a relação do ser humano que vem se transformando com os anos.


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