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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, 16 a 31 de janeiro de 2010

Ano XV - Edição No 554 - R$ 1,50

Fórum Social volta a Porto Alegre

Jovem tem vez Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe

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iago Martins Lamas Vital, 26 anos, estudante de Direito e funcionário do TRE/RS, residente em Porto Alegre, é o entrevistado desta edição. Na página 9.

Dez anos depois, o Fórum Social Mundial volta a Porto Alegre para “redescobrir” suas origens e sem a presença massiva de participantes que caracterizaram as edições brasileiras do evento. Será na última semana de janeiro, antecedendo o Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe, que acontece entre 3 e 7 de fevereiro. No FSM, os encontros teóricos que buscam recolocar o Fórum “nos trilhos” vão ser realizados na Capital. Mas outras cidades gaúchas receberão programação do evento: Novo Hamburgo terá o Acampamento da Juventude; S. Leopoldo, o Fórum Mundial de Teologia e Libertação; Canoas reunirá prefeitos de várias regiões do mundo para discutir política; S. Maria realiza a 1ª Feira Mundial de Economia Solidária.

Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do Livro da Família/2010. Adquira seu exemplar ou faça 3 a 7seu depedido fevereiro no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. Também o Familienkalendar/2010 de 2010 está disponível.

PARTICIPE

Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do

Livro da Família/2010. Adquira seu exemplar ou faça A redescoberta seu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. Também o Familienkalendar/2010 de Deus

Voz do Pastor/Página 2

O papel da afetividade no cotidiano

Mutirão por praias limpas

está disponível.

O alimento afetivo é tão indispensável ao ser humano quanto o são o oxigênio que respira e a água e os nutrientes orgânicos que ingere. Página 3

Direitos Humanos: controvérsias e polêmicas

Sistema escolar e qualidade de ensino A expansão demográfica requer e vem exigindo aperfeiçoamentos do sistema de ensino, em suas estruturas básicas, para que seu funcionamento possa responder às reais necessidades da população. Página 5

Embora todo o empenho dos poderes públicos, as areias das praias gaúchas não estão livres de lixo, que aumenta principalmente nos fins de semana. A indiferença pelo espaço público e ausência de solidariedade por um bem comum de alguns, vem em prejuízo de outros e deteriora ainda mais o ambiente. Na contracorrente, algumas iniciativas favoráveis merecem visibilidade. Editorial e página 7

Espaços para o reencontro com Deus e consigo mesmo Página 6

Festa de Navegantes movimenta as paróquias Página 11

Batismo: o que é importante saber para ensinar Página 10

Ameaçador, audacioso, “chavista”, expressão da vontade de minoria, parcial e tendencioso, revanchista, revogador da Constituição Federal, supressor da democracia, unilateral, etc. São algumas das adjetivações de inúmeras manifestações em depoimentos na mídia eletrônica e em artigos de jornais da grande mídia para avaliar o decreto presidencial 7037, também conhecido como Programa Nacional de Direitos Humanos, dado a público em de 21 de dezembro último. Já em defesa do Programa - 73 páginas, com 23 mil palavras, contendo 25 diretrizes, desdobradas em numerosos objetivos estratégicos e ações programáticas pouco – para não dizer nada – tem se visto ou ouvido. Haveria um outro pano de fundo por trás de tanta polêmica e contrariedade? O assunto será tema de nossa próxima edição.


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2 EDITORIAL

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As Casas de Retiro

o intuito de colaborar com os seus leitores e estimulálos para que tomem um tempo para si e melhorem sua qualidade de vida, o Solidário traz alguns endereços das chamadas “Casas de Retiro” e indica o caminho para acessar outras (página 6). Numa concepção moderna, uma Casa de Retiro extrapola o seu sentido clássico de ser somente um “lugar para rezar e refletir”. Embora conservem este seu sentido, hoje as casas de retiro querem, na sua concepção e missão, oferecer as melhores condições para que, quem as procura, possa encontrar-se e reconciliar-se consigo mesmo, com a vida, seus acontecimentos e sua história, com o outro, especialmente com aqueles que lhe são mais próximos, com Deus. Para isso, além da ambiência física, os “retirantes” podem contar com um acompanhamento qualificado, especializado na área da espiritualidade. Num tempo em que as pessoas são compulsivamente estimuladas a “não perderem tempo” com o que diz respeito ao seu lado anímico, espiritual, transcendental, as casas de retiro são uma ótima opção para que não se perca a dimensão que nos deixa, ainda, humanos. “Perder tempo” com nossa dimensão espiritual empresta qualidade à nossa vida e não deixa morrer à míngua o que somos de melhor: nossa dimensão espiritual, fonte primeira dos valores maiores de nosso existir. A reportagem do Solidário lançou um olhar agudo sobre o que acontece em nossas praias. E constatou: uma grande parte da população faz do espaço público em geral um lugar de ninguém e, por isso, sem vergonha e sem escrúpulos, faz dos espaços públicos um “Retiros são opção enorme lixão. Várias vezes tocamos neste para que não se ponto e repetimos aqui: cada população perca a dimensão tem o espaço público que merece. Se uma que nos deixa, grande parte da população “não está nem ainda, humanos”. aí” com este espaço e o enporcalha com a maior sem-cerimônia, jogando toda sorte de detritos em lugares públicos, outra parte se acomoda, não protesta, não grita sua inconformidade, inclusive pelas mídias, e não colabora para a criação de uma consciência coletiva responsável por ambientes limpos e despoluídos, onde nos movemos e se movem nossos filhos e netos. Os serviços públicos, obviamente, não dão conta desta limpeza. E não dão conta porque os “suínos humanos”, sem ofender os suínos (!!), continuam sem serem sancionados por seus crimes contra a natureza. Somos todos, mais ou menos, “Sugismundos” (onde anda esta boa publicidade oficial!?) se não nos posicionarmos e colaborarmos com a criação de uma atitude responsável de cuidado com a limpeza e conservação de nossos espaços públicos e não denunciarmos aqueles que sujam estes espaços. O Solidário (página 7) cumpre, como mídia, a sua parte nesta e em tantas outras reportagens similares. E acredita que seus leitores entrem nesta empreitada também. Na contracapa desta edição não deixe de ler pequena parte da linda história de amor de Yokio e Lia Moruguchi, membros da diretoria da Fundação Pro-Deo de Comunicação e amigos “desde sempre” do Solidário. Trazemos, também, a simpatia de Lauro Quadros, conhecido jornalista gaúcho, presidente do Instituto do Câncer Infantil, igualmente amigo do Solidário e que, recentemente foi justamente agraciado com a Medalha do Mérito Farroupilha. Ainda na contracapa, fazemos memória dos cem anos de fundação do Carmelo de São Leopoldo e do protagonismo dos jesuítas na fundação e no acompanhamento espiritual e material das religiosas carmelitas daquele convento. attilio@livrariareus.com.br

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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RTIGOS

A redescoberta de Deus

verso. Falam, então, em evolus sinais dos novos tempos ção. Mas como surgiu a primeira nos apontam, com certa vida? Se se apela para a geração veemência, para Deus. E espontânea, confessa-se apenas o fazem de dois modos: primeiro, ignorância da origem, quando não pela explosão do sentimento relise queira negá-la sistematicamente. gioso, por muito tempo abafado Dom Dadeus Grings Arcebispo Metropolitano Apela-se para o acaso. Quem, ao pela civilização urbana; e, segunde Porto Alegre invés, aprofunda um pouco mais a do, por novos parâmetros que as questão, necessariamente chegará a pesquisas proporcionam. Em seu uma inteligência e a uma técnica mais aprimorada. tempo, Kepler, ardoroso adepto do heliocenHá algo extremamente complexo, que surge e se trismo, que lhe valeu a exclusão dos quadros propaga. Indica uma origem extremamente sábia, da Igreja Protestante, afiançava que contemplar que a decodificação do código genético finalmente o universo equivalia a ler os pensamentos de nos desvenda. A ciência pasma diante do mistério! Deus. Ou seja, criando, Deus revelou-se, maCom a implosão da União Soviética e a connifestando-nos seus pensamentos. Quando, no sequente derrocada do marxismo, caiu o ateísmo início do século XXI, se chegou a decodificar o militante e explodiram, por toda parte, manifescódigo genético, em contraposição àqueles que tações massivas de religiosidade. A apoteose da julgavam agora poderem prescindir da divinmorte do Papa João Paulo II representou o sinal dade, como Laaplace fizera no início do século mais vistoso. A biologia descobriu os segredos da XX, Collin, no século XXI, o autor desta última vida, conseguindo decodificar o genoma humano. façanha, emitiu sua profissão de fé em Deus. Seu pesquisador Francis Collin fala de um “livro Confessou que finalmente se chegara à escrito na linguagem do DNA, pelo qual Deus percepção da extraordinária sabedoria divise expressa para criar a vida. Experimentei uma na, expressa pela vida. Decodificar o código sensação arrebatadora de admiração na pesquisa genético, na verdade, significa sair do analfadesse que é o mais importante de todos os textos betismo frente à vida. Que lemos agora nela? biológicos. Sim, está escrito em uma linguagem Os pensamentos de Deus, bem superiores aos que mal compreendemos, e levará décadas, se não pensamentos humanos. Entendendo, finalmenséculos, para entendermos suas instruções” (Collin, te, o código genético, estamos habilitados a F., A Linguagem de Deus, 129s). servirmo-nos mais criteriosamente da própria A antinomia fé e razão, que contrapunha tevida e entender seu funcionamento e até a corologia e ciência, começou a ser superada desde rigir certos desvios. o momento em que os teólogos se dedicaram Voltamos, portanto, à fonte. Ninguém, com também ao estudo da física quântica e da biologia um mínimo de bom senso, duvida de que, na molecular e os físicos e biólogos se iniciaram no série das gerações humanas, haja um primeiro. estudo da teologia. Assim, ambos conseguiram A Bíblia fala de um casal. Põe-no direentender algo a mais dos começos, tanto da vida tamente na relação com Deus. Mas, outros como do universo, e descobrir seu verdadeiro preferem continuar a regressão para chegar sentido. eventualmente à primeira célula viva do uni-

Voz do

PASTOR

Um homem imune à maledicência Antônio Estevão Allgayer Advogado

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onheço esse homem. Nele, a nobreza de caráter supera mazelas próprias e o tem tornado compreensivo frente à miséria moral de pessoas de suas relações. Ao que tudo indica, ele está de bem com a vida, embora a vida lhe tenha deparado frustrações e lhe sobrem percalços e transtornos. Tem sofrido com doenças de familiares seus e foi vítima de atropelamento de trânsito que lhe reduziu a capacidade motora no caminhar. Nada disto lhe afetou o espírito alegre, nem o bem-humorado relacionamento com gente que lhe é próxima. Bancário aposentado, vem prestando trabalho voluntário, vale dizer não-remunerado, a uma instituição de apoio a pessoas golpeadas de infortúnio. Para tanto dedica, há alguns anos, todas as tardes dos dias úteis da semana a tarefas de interesse da entidade, atuando junto aos bancos, às repartições públicas, empresas privadas e demais setores de colaboração.

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer e Beatriz Adamatti

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Mas o que me levou a redigir o presente comentário é algo que me tem causado profunda admiração pela prática altruísta por ele demonstrada: Nunca, nunca e nunca se viu sair dele qualquer palavra ou gesto desabonatório do bom nome de alguém, nem mesmo como revide a críticas ou insultos verbais por ele mesmo suportados. Se de imediato manifesta inconformidade ante procedimentos agressivos e injustos, não guarda rancor aos que as causam. Dito em palavras simples, jamais fala mal da vida alheia. Por tal modo de proceder, estou inclinado a admitir que ele acredita nas reservas de bondade que todo homem alberga no âmago do seu ser e o mantém em misterioso contato com o Ser dos Seres. Diz a Bíblia, através da Carta de São Tiago, que a língua é instrumento adequado a dar glória a Deus, mas pode também ser flagelo portador de veneno mortífero (Tg 3, 8 e 9). O anônimo herói desta história sente alegria em servir à humanidade e o faz com absoluta discrição, sem pretensões a méritos reconhecidos. Seu nome? Não me sinto autorizado a revelálo. E não pretendo pôr agravos à sua modéstia...! Feliz o mundo por existirem pessoas como ele.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Paulo Oliveira da Rosa (voluntário), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

O papel da afetividade no cotidiano

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OCIEDADE

3 Divulgação

Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia.

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alimento afetivo é tão indispensável ao ser humano quanto o são o oxigênio que respira e a água e os nutrientes orgânicos que ingere. A primeira e fundamental função psíquica da família é dar o alimento afetivo necessário à sobrevivência emocional dos recém-nascidos. Esse alimento é também indispensável aos outros membros da família que vão buscá-lo na interação. O alimento afetivo se compõe de cuidado, toque, abraço, ternura, carícia, boas palavras, apoio... Entretanto, a violência em que estamos mergulhados parece sinalizar que não estamos cumprindo esta função. Ainda exibimos grande entorpecimento em nossas relações com os outros. Padecemos de um analfabetismo afetivo que nos impede de encontrar chaves para melhorar nossa vida cotidiana. Basta lançar um olhar à família para dar-nos conta do sofrimento que carrega e constatar que aquela que deveria ser um ninho de amor se converte frequentemente em um foco de violência, às vezes parecendo sem importância. Ricos e pobres, iletrados e pós-graduados, todos acabam igualmente enredados em suas relações afetivas.

Dissociação entre cognição e afetividade

lugar garantido dentro dos esquemas pedagógicos: “Fique quieto, escute, olhe, mas não toque”. Ao excluir o tato do processo pedagógico, nega-se a possibilidade de fomentar uma intimidade e uma aproximação afetiva com os outros. Mas é bom saber que nem sempre foi assim na história dos povos e que, cada vez mais, esse modelo está sendo assaltado por propostas de saber integrado ao afetivo. E o tato torna-se cada vez mais importante.

Usuários de drogas e o medo da aproximação afetiva Em relação aos usuários de drogas, pesquisadores afirmam que eles escondem um grande temor à vivência da ternura e demonstram medo do contato íntimo, o que os leva a buscar na exaltação sensorial das drogas a intensidade que não conseguem tirar do seu contato cotidiano com os outros. Em sua experiência, como diretor de um centro de tratamento para fármaco-dependentes, Luís Carlos Restrepo constatou que o momento mais perigoso para a “recaída” era justamente aquele em que aparecia uma aproximação afetiva. A aproximação íntima disparava a ansiedade de consumo do adicto, comportamento que acabava por destruir a relação afetiva que havia iniciado. Segundo o investigador, não é apressado afirmar que a dependência química é um fenômeno inversamente proporcional à capacidade de dar e receber ternura, de

Nosso mundo parece uma máquina produtiva para a qual é pecado grave dar valor à sensibilidade e à ternura. Para ser bem sucedido, é importante tornar-se insensível e assumir uma máscara que esconda as próprias emoções e dúvidas. E se for um homem aquele que se atreve a falar e expressar afetividade aparece de imediato o fantasma da efeminação. Frente a uma percepção Cursos de Especialização intermediada pelos sentidos do tato, gosto ou olfato, Conhecimento prefere-se a vista e o ouvido, reforçando assim a sepapara você chegar ração entre a cognição e a mais alto. afetividade. A intromissão do gosto, do olfato e do tato é vista como ameaçadora pewww.pucrs.br/pos los pais e educadores. O tato, o mais humano dos sentidos, o único que se estende por todo o nosso corpo, não tem

PÓS-GRADUAÇÃO PUCRS

viver na intimidade e de construir laços amorosos e afetivos com os outros. Interessante perguntar: Que vínculos afetivos não se fortaleceram, ou se romperam, na infância, adolescência e mesmo na idade adulta dessas pessoas?

Convém lembrar... ... O que nos resta, depois de muitos anos de formação na escola ou na universidade, de convivência na rua ou na família, não são tanto os conselhos, argumentos e informações, mas a lembrança do clima afetivo e interpessoal que pudemos respirar. O que permanece gravado na nossa memória é o manejo autoritário e frio ou o calor da ternura e da carícia que as pessoas e instituições do entorno puseram em prática a nosso respeito. ... O que nunca esqueceremos dos outros é sua disposição corporal, o clima inter-humano que criaram ao nosso redor. As grandes decisões de nossa vida se alimentam do calor ou da amargura que conseguimos perceber nos climas afetivos que nos cercam desde a infância. ... Para os que estiveram próximos do Jesus histórico, um dos mais impressionantes sinais de sua grandeza estava na capacidade de aproximarse dos enfermos, crianças e miseráveis, tocandoos, impondo-lhes as mãos e sentindo-os com suas vísceras. (deonira@terra.com.br)


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4 “Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade “. Rui Barbosa - Coletânea Literária, 211

A manifestação de Deus Antônio Mesquita Galvão Escritor

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e certa forma diluído nas narrativas do Natal, o episódio da visita dos magos à Sagrada Família, em Belém, não tem, pelo menos no ocidente, o aprofundamento que esse mistério oriundo do projeto divino requer. Desde criança nos acostumamos a ver na “visita dos reis magos” um evento natural do presépio, onde escondidas ou distantes, as imagens de gesso dos três enigmáticos visitantes, no dia 6 de janeiro são aproxi- “Epifania, mais que a visita dos madas da manjedoura onde José e Maria, magos, é Jesus na companhia dos animais característicos se mostrando ao e dos pastores, cuidam do Menino-Deus. O mundo”. nome da festa é epifania. Desde os escritos de Homero, epifáneia quer dizer uma aparição repentina, porém benévola, de uma divindade salvadora (hô sotér). Na festa litúrgica da epifania, a Igreja comemora o momento em que o Menino-Jesus se mostra ao mundo, ao ser visitado pelos magos do oriente. Esse aparecimento glorioso é ressaltado nas narrativas de caráter hagádico: “Vocês saberão que eu sou Javé, que os tirei da escravidão do Egito...” (cf. Ex 29, 46). A grande glória de Deus se revela no aparecimento - a epifania - de Jesus aos magos (alguns dizem equivocadamente “reis”) representantes de várias nações e etnias, simbolizando a universalidade do Evangelho. A epifania no ocidente não é condignamente festejada. Ela é vista como um acontecimento acessório, de certa forma curioso, mal explicado, sem que se busque haurir dele toda a riqueza intrínseca de uma autêntica revelação. A pertença à Igreja de Jesus impõe aos fiéis uma atenção constante àquilo que os padres conciliares chamaram de “sinais dos tempos”, ou seja, acontecimentos comuns, históricos e meta-históricos, capazes de interpelar os cristãos e fazê-los descobrir o desígnio divino, projetado individualmente para a vida de cada um. Nas Igrejas Ortodoxas do oriente e eslavas, a epifania é a segunda festa da liturgia; primeiro a Páscoa, depois a epifania e, por último, o Natal, tanto assim que, em algumas regiões da Europa, Oriente-Médio e Ásia, o costume de dar presentes ocorre na epifania e não no Natal. Perguntei a diversas pessoas: “O que é epifania?”. Poucos souberam responder. Epifania, mais que a visita dos magos, é Jesus se mostrando ao mundo. Essa é a essência da festa. Na verdade, há pouca exegese do evento. O povo vai às igrejas e escuta todos os anos a mesma narrativa, como um fato acontecido, sem um aprofundamento, sem uma hermenêutica eficaz.

PINIÃO

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O velho, o menino e o burro

Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista

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uitos de vocês talvez conheçam essa história, pois minha mãe já a contava: “Pelas ruas de uma vila, passava um menino montado num burro, puxado por um velho. Algumas pessoas, observando a cena, comentaram: - Que absurdo! O menino montado no burro e o velho a pé! Então o velho trocou de lugar com o menino e, mais adiante, novos comentários: - Que cena! O homem montado no burro e o pobre menino a pé! Ai o velho disse: - Sobe também tu meu filho! Passando por outro grupo, alguém se manifestou: - Que barbaridade! Pobre burro com esses dois marmanjos! Então os dois desceram e seguiram seu caminho, carregando o burro nas costas”. Esta história pode acontecer a qualquer um de nós, pois, preocupados com a opinião alheia, e querendo acertar, por vezes, “carregamos o burro nas costas”. Também pode acontecer nas atividades de grupo, quando se torna difícil chegar a um consenso para resolver determinadas questões. Em nosso trabalho com o Solidário, estamos sujeitos a essa divergência de opinião: recebemos críticas e elogios a textos ou autores publicados. Sugestões e críticas são bem vindas, quando se trata de aperfeiçoar o jornal e torná-lo mais atrativo aos olhos de nossos leitores. Nem sempre, porém, se pode colocar em prática excelentes idéias, porque elas demandam recursos financeiros superiores às nossas possibilidades. Em relação às críticas, vivemos num mundo pluralista. Para cristãos, por exemplo, é difícil

posicionar-se radicalmente quando se fala em esquerda e direita e quando se considera a origem histórica dos termos, que remonta à Assembléia Constituinte francesa. A esquerda se referia à parte da assembléia que se sentava à esquerda da mesa e que defendia idéias avançadas, de mudanças, em oposição aos conservadores, que seriam hostis às inovações e se localizavam à direita. Entretanto, se aplicados esses conceitos a nós, cristãos, fica difícil a gente posicionar-se hoje. Se pretendemos seguir Cristo e sua doutrina, deveríamos ser de direita ou de esquerda? E Cristo, como o classificaríamos hoje? Poderia Ele ser encaixado nesse esquema? Por um lado, sabemos que há muito para reformar, a fim de tornar nossa sociedade mais humana, justa e acolhedora. A doutrina de Cristo nos levará ao encontro do outro e isto requer mudanças, pois a gente precisa se desacomodar, abandonar confortáveis posições. Por outro lado, há, também, muito para conservar: as verdades e os valores eternos que Cristo pregou são sempre atuais e supõem ações dos cristãos para defender o que merece ser conservado. Por tudo isso, rótulos se tornam estéreis, transformam-se em meros chavões ou posições congeladas, o que não convém aos cristãos do Século XXI que precisam conviver com velozes mudanças e dela retirar o que de melhor existe para evangelizar o mundo. Posições diferentes, questionamentos sobre a Igreja, sua missão e tarefa de evangelizar têm surgido ao longo dos tempos e, certamente, levantarão discussões por vezes acirradas durante o “Mutirão da Comunicação”. Então, será o momento de a gente pensar na sabedoria da afirmação de Santo Agostinho: “No essencial, a unidade; na dúvida, a liberdade, e em tudo, caridade”. (debruzzi@ ig.com.br)

O Natal da esperança Jurema Josefa Jornalista*

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propaganda trouxe o Papai Noel e a neve para um país onde o final do mês de dezembro ostenta temperatura que raramente é menor do que 27 graus e que chega aos 34°C com facilidade. Nesse cenário, Papai Noel domina no ambiente de festas natalinas, sendo a figura mais falada, esperada, respeitada. Não importa que esteja usando roupa adequada para o frio, que esteja todo suado com uma touca na cabeça, afinal, precisa se proteger de muita neve de algodão ou, agora de plástico, que imita com perfeição os flocos. Ele se empenha para não matar as esperanças nele depositadas. Mas, num Natal em que a neve se mostra inclemente nas terras de onde veio Papai Noel para o Brasil, e num Natal antecedido de tantos desastres ambientais tais como vendavais, enchentes e até mesmo tornados - como ocorreu no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina - a palavra mais ouvida ou mencionada nas mensagens natalinas de 2009 é, justamente, a esperança. Parece que as pessoas estão despertando lembranças de um pacto que teria havido há exatos 2009 anos, com o nascimento do Menino Jesus, criancinha vinda ao mundo com o destino traçado para

dar esperanças à humanidade. Nesse momento, quando são tantos os desastres naturais ou fenômenos climáticos, aliados a tantos desentendimentos ou incompreensões - como os havidos na 15a Conferência das Nações Unidas sobre o clima, em Copenhague, na Dinamarca - aliados às desavenças no âmbito dos relacionamentos, sejam familiares ou em sociedade, a esperança figura como um apelo. A palavra é usada com devoção pelos pequenos, quando dizem “tenho esperança que Papai Noel me traga um presente”, muitos ignorando a falta de condições dos pais. Como crianças que são, apenas dizem ter rezado para o Menino Jesus, fazendo o pedido. E, mais surpreendente ainda, é que em muitas mensagens, em especial entre amigos, ou distribuídas por empresas ou personalidades, esperança vem associada à paz: “votos de esperança de paz para a humanidade”. Sem dúvida alguma, unidas são duas palavras emblemáticas que dizem tudo: estamos numa encruzilhada e precisamos ter esperança. E nada como as comemorações de Natal, do nascimento de Jesus Cristo, para renovarmos os votos de sermos melhores com tudo o que nos cerca. Estaremos nos engajando aos tantos que, como nós, temos esperança em relação a toda a humanidade. *Chefe de Reportagem do jornal Correio do Povo


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DUCAÇÃO &

SICOLOGIA

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O sistema escolar, as mudanças e a qualidade do ensino Juracy C. Marques Professora universitária, doutora em Psicologia

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m 1970, quando da Copa do Mundo no México, o Brasil inteiro cantava: “Noventa milhões em ação, todos juntos... prá frente Brasil... Salve a seleção...” (mais uma vez, o Brasil trouxe a Taça da vitória). Hoje, somos, segundo as últimas estimativas censitárias, 180 milhões, portanto, a população dobrou. Tal expansão demográfica requer e vem exigindo aperfeiçoamentos do sistema de ensino, em suas estruturas básicas, para que seu funcionamento possa responder às reais necessidades da população. Como a tendência tem sido de deslocamento demográfico do meio rural para as periferias das grandes cidades, o número de pequenos municípios vem formando as grandes metrópoles, a fim de manter os serviços básicos, como educação, saúde e segurança, a fim de proporcionar um mínimo de atendimento de qualidade à população.

Nova configuração do Ensino Básico Numa entrevista com a professora Sofia (supervisora da Secretaria de Educação de um pequeno município), ela esclareceu como funciona a atual organização do Ensino, quanto aos seus níveis e suas correspondências por faixas de idade cronológica: 1) Educação Infantil: Creche - bebês, Pré-Escola (Maternal – um e dois anos, Jardim de Infância – três a cinco anos de idade); 2) Ensino Fundamental: 1ª Série – seis anos, 2ª Série – sete anos e assim por diante, quando a criança, já adolescente - nos seus bons 14 anos, deverá estar cursando a 9a série e concluindo o Ensino Fundamental. “Mas, o Ensino Básico inclui, também, o Ensino Médio, com duração mínima de três anos, embora possa apresentar propostas curriculares diversificadas”. E acrescentou, “assim, o Ensino Básico (antigo 2º. Grau de Ensino) pode levar seus concluintes, aos 17 anos, ao ingresso no mercado de trabalho ou na universidade, em suas diferentes modalidades, com maior ou menor ênfase em certas áreas do conhecimento, de conformidade com as potencialidades e as dinâmicas sócio-econômicas de cada região

ou do país”. Agradeci as valiosas informações e perguntei sobre que dificuldades o Ensino Fundamental estava enfrentando para implantar a 1ª. Série aos seis anos de idade, como era o tradicional – o ensino de 1º. Grau se iniciava aos sete anos de idade e isto foi norma por muitos anos. Ela se desculpou, disse que ainda não tinha dados suficientes para comentar este assunto, além do que o impacto na vida das famílias se reveste de outras complexidades.

Aprender a ler aos seis anos Esther Pillar Grossi, conhecida educadora, coordenadora do Geempa (Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação), em artigo de jornal (Zero Hora,19 de dezembro de 2009) traz algumas perspectivas de compreensão que ela chama de “preciosa contribuição para definir a matriz de aprendizagem com alunos de seis anos”. A proposta pedagógica que ela defende está em implantação na rede pública estadual e em redes municipais do Rio Grande do Sul. E argumenta que esta é uma possibilidade, não só para as crianças de classe média que desfrutam de um ambiente alfabetizador, desde muito cedo, mas, também, “pode ser uma realidade para infinidade de filhos de 50 milhões de analfabetos em nosso país que frequentam escolas públicas, desde que os professores tenham acesso (...) às ciências do aprender”, pois elas apontam caminhos distintos dos convencionais quanto às metodologias de alfabetização. Fazem-se, portanto, grupos de estudo de professores que, com a assessoria de especialistas, estudam em profundidade as novas teorias. São, ao mesmo tempo, por eles acompanhados para pensar e discutir os problemas de aprendizagem, na busca de soluções plausíveis e satisfatórias para os professores, para os pais e, principalmente, para os alunos. Esther Grossi conclui seu artigo: “Todos temos que estar aprendendo sempre e em grupo,

uma vez que aprender é um fenômeno social e é uma exigência para quem se pretende vivo, sobretudo profissionalmente”.

Os desafios das novas estruturas de ensino São muitos os desafios a serem enfrentados, alguns deles até imprevisíveis, na incessante luta por um ensino de qualidade, para destacar apenas dois: a) a explosão demográfica, num país de dimensões continentais, com suas imensas diferenças regionais, não só do ponto de vista econômico, mas em suas características culturais específicas; b) a re-educação de professores para re-alimentar uma mentalidade de que, também eles, têm de estar abertos a um mundo em constante mutação, não só pelas novas tecnologias, mas também pela instantaneidade que, num mundo globalizado, estão constantemente nos bombardeando com novas e complexas inovações.


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EMA EM FOCO

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Retiro Sagrada Família

Espaços para o reencontro com Deus e consigo mesmo

Centro Cristo Rei

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s casas de retiro constituem os melhores locais para o balanço de fim de ano e estabelecimento de metas para uma etapa da vida, além de oferecerem todo o conforto para ‘recarregar as baterias’ após um ano de trabalho. São dezenas, espalhadas pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A maioria delas é gerida por congregações ou ordens religiosas. Na área da Arquidiocese de Porto Alegre existem, pelo menos, três dezenas de instituições e algumas delas estão relacionadas no Guia Pastoral e também em http://www.arquidiocesepoa.org.br . Funcionam o ano todo para os mais diversos tipos de encontro. Fora da Arquidiocese, destacamos as seguintes:

Casa de Retiro Sagrada Família

Sua idealização, construção e administração são do casal Antônio e Teresa Wainer. Fica numa área de 8000m², adquirida em 2001 com o objetivo de “aos poucos transformar em um local dedicado a serviços para Deus especialmente para os menos favorecidos que não conseguiam participar de retiros por causa dos altos custos”. O estabelecimento conta com capela, camas para 100 pessoas distribuídas em 16 quatros com banheiros privativos, salão de palestras para 1.500 pessoas. Conta ainda com cozinha equipada com fogões, geladeiras, freezers, louça e talheres. Aceita locações para, no mínimo, 50 pessoas válidos para dois dias (sábado-domingo). A Casa fica na RS 20 – estrada para Taquara – parada 76, entrando à esquerda, 800 metros da faixa. Contato com Antônio/Tereza (51) 3344.2792 ou 8182.8222

Em Vila Fátima a natureza é o grande destaque

Centro de Espiritualidade Cristo Rei

O CECREI está localizado em São Leopoldo. Seu atual diretor é o jesuíta Pe. Dorvalino Alievi. Destina-se, preferencialmente a retiros, cursos, encontros e seminários. Dispõe de 110 apartamentos e 15 quartos. Alguns deles podem ser ocupados por duas ou mais pessoas; 10 capelas, sendo uma para mais de 200 pessoas e outras nove para 15 a 50 pessoas; 10 salas menores para grupos de 15 a 50 pessoas e equipadas com tv, vídeo e conexão para multimídia; outras cinco salas com acesso à internet (banda larga ou wireless); 10 apartamentos equipados para acessos à internet e 11 salas de atendimento pessoal; dois auditórios, com capacidade de 80 a 150 pessoas, aparelhados com equipamentos de som e acesso à internet; três refeitórios, sendo um para até 100 pessoas, outro para 40 e um menor para 20 pessoas. Tudo isso cercado por vastas áreas de lazer, jardins e passeios. O CECREI fica na Rua Regina Mundi, 333 – São Leopoldo – RS, fones (51) 3592 1266 (51) 3592 1266 e 3592 1266 - http://www.cecrei.org.br .

Casa de Retiro Vila Fátima

Local propício para hospedagem com o objetivo de descanso e encontro com Deus e consigo mesmo. Fica numa colina altaneira com mar alto a leste e uma verde lagoa a oeste, ao sul de Florianópolis. É também conhecido como Morro das Pedras. Dispõe de duas capelas para reflexão e oração; 52 apartamentos (individuais, duplos e triplos), banheiro privativo; dois auditórios com capacidade para 120 e 40 pessoas, com recursos de som, multimídia, TV, vídeo e DVD; refeitório para 100 pessoas em sistema de bifê; sala de informática com acesso à internet, telefone, fax e xerox; quiosque com churrasqueira (vista para o mar, Ilha do Campeche e Lagoa do Peri); praça, trilhas, belvederes e jardins, salas e espaço de apoio para trabalhos em grupo; estacionamento Informações: Rodovia SC 406, nº 2210, Morro das Pedras – Florianópolis – SC Fones: (48) 3237 9245, (48) 3237 9245, (48) 3237 9245 e (48) 3237 9245 - http://www.casaderetiros. com.br


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A S ÇÃO

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OLIDÁRIA

Mutirão por praias limpas P

ovo educado igual a praia limpa. A fórmula não corresponde exatamente à realidade na maioria das areias do litoral gaúcho. E se repete nas demais praias do litoral brasileiro. (O prefeito do Rio de Janeiro comparou os veranistas das praias cariocas a um certo animal que vive em currais). “Mas isso é ofender este animal. O único ser que polui as areias e destrói o planeta todo é o homem”. A indignação é de um gari com consciência ambiental e que prefere ficar incógnito. De ancinho em punho, esgrimia a areia, no início da manhã de 1º de janeiro último, tentando ajuntar enorme quantidade de lixo entre os postos 75 e 79 de Capão da Canoa que foi largado pelos banhistas na tarde e noite anterior. E não era para menos: o chão estava coberto de garrafas de vidro e de plástico, rolhas de garrafas de champanhe, papel de picolé, copos descartáveis, maços de cigarro e até fraldas descartáveis. “Quando tudo isso vai para a água, mata os peixes que pensam que é alimento”, diz o gari com toda a segurança. A lamentável realidade se repete a cada dia e, com mais intensidade, nos fins de semana durante todo o verão.

Fauna ameaçada Quem percorre os 270 quilômetros de areia entre Torres e a Barra da Lagoa do Peixe, em Tavares facilmente encontra muitos animais mortos – aves, tartarugas e mamíferos migratórios. E muito, muito lixo! Não é possível contabilizar os peixes que morrem. Quando um bicho come plástico, por exemplo, sente-se permanentemente saciado e não se alimenta. Morre de inanição quando não sufocado.

Kiko e Elisandra recolhem cocos deixados pelos veranistas para fazer suas ‘jóias’. Em casa, retiram a polpa do coco verde que serve de adubo para a horta. Deixam o material secar e depois vai para a oficina.

Do lixo ao luxo Uma, entre as dezenas de bancas que expõem e vendem artesanato na praça Agostineli no centro de Capão da Canoa, chama a atenção pela originalidade e excelente qualidade dos artigos expostos - brincos, colares com símbolos japoneses, signos chineses, signos do zodíaco, tornozeleiras e enfeites com os mais diversos motivos para uso pessoal. Matéria-prima: lixo. Isso mesmo! Luiz Henrique Souza da Rosa, o Kiko, e sua companheira Elisandra, recolhem cocos deixados pelos veranistas para fazer suas ‘jóias’. Em casa, retiram a Luiz Henrique da Rosa, o Kiko polpa do coco verde que serve de adubo para a horta. Deixam o material secar e depois vai para a oficina. Kiko é filho de Capão da Canoa e também lamenta a cultura da indiferença e o abandono do lixo na beira da praia e em terrenos baldios. O casal e seu filho moram na praia Jardim Beira Mar. E por conta própria mandaram limpar vários terrenos onde até sofás velhos são abandonados. Eles expõem Elisandra sua arte aos domingos também no Brique da Redenção em Porto Alegre. Informações: http:// www.artenacasca.com.br

Patrulheiros ambientais mirins Os serviços municipais de limpeza do litoral fazem sua parte. Mas é impossível deixar a areia limpa nessa época do a n o . Ta m b é m h á iniciativas individuais de voluntários que, de saco de lixo nas mãos, vão juntando o que conseguem. A Brigada Militar gaúcha

tenta fazer a sua parte para conscientizar o veranista, treinando crianças de seis a 12 anos para atuarem como ‘fiscais’. Na abertura da Operação Golfinho deste ano, o 1º Batalhão Ambiental da Brigada Militar, com sede em Xangri-lá, anunciou a ‘formatura’ de 82 Patrulheiros

Ambientais Mirins no Litoral Norte e 47 Patrulheiros Ambientais Mirins no Litoral Sul. Os pequenos entregam volantes e saquinhos para as pessoas que descansam na beira da praia. O objetivo também é sensibilizar adultos para a fiscalização voluntária.


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Quedas de idosos podem ter consequências muito graves As quedas e suas consequências para as pessoas idosas no Brasil têm assumido dimensão de epidemia. Os custos para a pessoa idosa que cai e faz uma fratura são incalculáveis. E o pior, atinge toda a família na medida em que a pessoa idosa que fratura um osso acaba hospitalizada e frequentemente é submetida a tratamento cirúrgico. Os custos para o sistema de saúde também são altos. A cada ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem gastos crescentes com tratamentos de fraturas em pessoas idosas. Em 2006 foram R$ 49.884.326 com internações de idosos por fratura de fêmur e R$ 20 milhões com medicamentos para tratamento da osteoporose. Para promover a saúde do grupo populacional, o Ministério da Saúde chamou as secretarias estaduais e municipais de saúde a realizarem esforços conjuntos para redução das taxas de internação por fratura do fêmur na população idosa. As capitais Rio de Janeiro e São Paulo são as que mais tiveram internações de idosos por fratura de fêmur em 2006. Em São Paulo foram 2.388 e

no Rio de Janeiro, 1.178. A terceira cidade é Porto Alegre com 479.

Causas

A queda em pessoas idosas está associada à dificuldade de visão, auditiva, uso inadequado de medicamentos, dificuldade de equilíbrio, perda progressiva de força nos membros inferiores, osteoporose, dentre outras situações clínicas que culminam para maior probabilidade de uma pessoa idosa cair. Por questões de segurança, todo idoso deve avisar ao seu médico se caiu nos últimos seis meses. Isto porque é comum a pessoa cair uma primeira vez e não ter maiores consequências além do susto. Mas, na próxima vez, pode ser que o susto se transforme em pesadelo. A queda pode ser notificada através da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa e, assim, a equipe de saúde da família, por exemplo, assume as medidas necessárias para que outra queda não ocorra. No Brasil, estima-se que exista uma população de 17,6 milhões de idosos. (Leia à direita recomendações para evitar a osteoporose)

Vida saudável Além de todos os cuidados que uma idade avançada requer, é bom também atentar para o lado saudável da vida. - Faça pelos menos três refeições e dois lanches por dia. Não pule as refeições. - Inclua diariamente seis porções de cereais (arroz, milho, trigo, tubérculos – batata, raízes, mandioca, aipim - e massas) nas refeições. Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma natural. - Coma pelo menos três porções de legumes, verduras e três porções ou mais de frutas. - Coma feijão com arroz todos os dias ou pelo menos cinco vezes por semana. - Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes (boi, aves, peixes ou ovos). Retirar a gordura aparente das carnes e pele das aves na preparação dos alimentos. - Consuma no máximo uma porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina. - Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e guloseimas, coma-os no máximo duas vezes por semana.

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ABER VIVER

PMPA

- Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa - Beba pelo menos dois litros de água por dia (6 a 8 copos). Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições. - Torne sua vida mais saudável. Pratique pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias e evite as bebidas alcoólicas e o fumo.

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Osteoporose 3

om a finalidade de encerrar este assunto, apresento recomendações finais para evitar a enfermidade e suas conseqüências. Recomendações Na pagina 108 de nosso livro Alimentos Funcionais, da Editora Artes e Ofícios, registramos os alimentos que possuem uma concentração acima de 100 mg de cálcio por 100 gramas de Dr. Varo Duarte alimento, em ordem Médico nutrólogo e endocrinologista decrescente , da maior para a menor: LEITE DESNATADO EM PÓ. QUEIJO TIPO PRATO. LEITE INTEGRAL EM PÓ. SARDINHAS EM LATA COM AZEITE. LEITE CONDENSADO, GEMA DE OVO. Cuidados no ambiente Chamamos atenção para as seguintes orientações para evitar as quedas e possíveis fraturas: Cuidar da postura. Caminhar, pelo menos 30 minutos ao dia, no mínimo três vezes por semana. Procurar sentar em ângulo reto. Evitar assentos muito moles e profundos. Recomendamos assentos rígidos e, de preferência, com braços. Evitar a utilização de tapetes e pisos muito lisos. Ter proteção adequada nos banheiros para apoio ao levantar e sentar nos vasos sanitários e pontos de apoio nos boxes do chuveiro. Não levantar pesos. Quando necessário, flexionar os joelhos e não as costas. Usar cama plana com colchão rígido. Levantar-se da cama com movimentos leves e não bruscos. Como nossas recomendações visam sempre uma alimentação correta, balanceada, rica em nutrientes essenciais, água e fibras alimentares, lembramos nossas três regras básicas: COMA DE TUDO SEM COMER TUDO. COMA BASTANTE FRUTAS E VERDURAS. MEXA-SE.

Dicas de

NUTRIÇÃO

Ofereça o Solidário para os enfermos da Santa Casa. Patrocine 500 exemplares por R$ 250,00.


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SPAÇO LIVRE

O Paradoxo do

JOVEMez

nosso tempo

tem v

George Carlin (1937–2008)

N

“A convivência em família é uma grande fonte de aprendizado”.

Tiago e namorada

T

iago Martins Lamas Vital, 26 anos, estudante de Direito e funcionário do TRE/RS, residente em Porto Alegre, é o entrevistado desta edição.

*Quem és tu?

Um guri comum, apaixonado por jogos, principalmente pelo futebol. Sou muito sonhador. Realizo-me ao fazer outras pessoas felizes e isto me impulsiona a desejos cada vez maiores. Deus está muito presente no meu dia, o que me deixa sempre alegre e tranqüilo.

*O que pensas fazer no futuro?

Minha intenção é ser útil aos demais, transformar realidades, melhorar vidas como for possível. A este plano, pretendo conciliar uma família amorosa, um trabalho que promova o bem e cultivar as amizades.

*Fala de tua família.

A convivência em família é uma grande fonte de carinho e de aprendizado. No meio dos meus pais e irmãos, sinto-me seguro, acolhido. É uma constante lição do que devo valorizar na vida e eles me dão condições para empenhar-me neste ideal. Temos toda liberdade para dialogar e nos divertimos muito.

*Por que ter amigos?

Vejo nos amigos a presença de Deus, como um jeito de manifestar-se a nós. Por meio deles, nos apresenta diversas situações, algumas tão agradáveis, outras difíceis de enfrentar. A amizade é expressão de amor, algo empolgante, que desejo sempre mais! Ter amigos é conviver com amor.

*O que é positivo em tua vida?

Muitas coisas são maravilhosas, tais como a família, as amizades, a vida em comunidade. Por ser fruto de tudo isso, destaco o namoro, um relacionamento no qual concentramos o que temos de melhor, amadurecemos juntos e somos felizes na simplicidade.

*Um livro que te marcou.

“A volta do filho pródigo”. Li há pouco tempo e tocou-me profundamente, pois falou muito de mim. Na primeira tentativa de leitura, fiz um mau juízo do livro e abandonei-o. Após algum tempo, dei nova chance a ele e fui surpreendido com uma mensagem direta e profunda.

*Um filme inesquecível.

Padre Pio. Recomendo este filme sempre! Poderia citar qualquer outro que não fosse católico, mas este é realmente muito atual, impressionante, resume bem o que é o santo: um homem que acreditou em Deus, viveu sua mensagem de amor e Deus revelou-se poderoso por meio dele.

*Uma música.

Primeiros Passos (banda Vida Reluz). Traduz minha razão de viver.

*Um medo.

Prejudicar ou comprometer seriamente a vida de alguém, como num acidente de trânsito.

*Um defeito do qual gostarias de

te livrar?

Vaidade. Algo tão presente e promovido em nossas vidas e que não leva a lugar algum. Uma busca nunca satisfeita. Sempre queremos mais, pois o status é vazio, não preenche nosso ser. Distancia-nos do que realmente importa e deve ser valorizado nas pessoas. Alguns só descobrem no final da vida.

*O maior problema dos jovens, hoje?

Todo jovem busca sua felicidade. Falta instrução e exemplo do que realmente satisfaz o homem. São facilmente enganados pela propaganda do consumismo, do sexo imaturo, das drogas e acabam frustrados. Tendo oportunidade de conhecer o bem e trabalharem por ele, encontrarão sentido de vida.

*O maior problema no Brasil hoje?

O individualismo. Enquanto for do próprio interesse, vale qualquer esforço. É necessário perceber que o bem feito aos outros reverte-se a nós, da mesma forma o contrário. No entanto, há esperança naqueles que agem sem egoísmo!

*O que pensas da política?

Não adianta esperar que tudo melhore instantaneamente. É pela atuação comprometida de cada um que chegaremos ao amadurecimento gradativo da sociedade. O testemunho e o esforço de bons políticos podem mudar o rumo atual.

*O que é ser feliz?

É viver em paz, mas sem comodismo. Começar o dia com objetivos, visando o bem alheio, e sentir que valeu o esforço. É aproveitar bem o tempo, estar com a consciência tranquila, ser grato pelo que tem. É saber enxergar a parte boa de cada situação vivida. É renovar-se a cada dia.

*Já fizeste algum trabalho voluntário? Qual?

Participo de missões em cidades do interior do Estado. São vários jovens que, ao visitar famílias e conversar sobre suas realidades, procuram mostrar que Deus existe, nos quer felizes e pode transformar nossas vidas. Retornamos engrandecidos espiritualmente.

ós bebemos demais, gastamos sem critérios. Dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e raramente estamos com Deus. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos frequentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio. Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos. Aprendemos a nos apressar e não, a esperar. Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos cada vez menos. Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias. Essa é a era de dois empregos, “Nós falamos vários divórcios, casas chiques e lares demais, ama- despedaçados. mos raramente, Essa é a era das viagens rápidas, fralodiamos fre- das e moral descartáveis, das rapidinhas, quentemente”. dos cérebros ocos e das pílulas 'mágicas'. Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa. Uma era que leva essa carta a você, e uma era que lhe permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar 'delete'. Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre. Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer. Lembre-se de dizer 'eu te amo' às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, se ame...se ame muito. Um beijo e um abraço curam a dor, quando vêm de lá de dentro. Por isso, valorize as pessoas que estão ao seu lado, sempre!!!!!

Visa e Mastercard

*O que pensas de Deus?

É o criador de tudo. Impossível compreendê-lo totalmente. Concentro-me em Jesus, que revelou o caminho, a verdade e a vida. Esta é uma certeza, possível de compreender e de seguir. Não deixou dúvidas de que é Deus e qual Sua vontade para nós.

*Envia uma mensagem aos jovens

Tente compreender o que é a Igreja Católica, qual a razão de sua existência, o que ela busca... Se nunca foram a um grupo de jovens, vão apenas um dia e irão se surpreender!!! Se já viveram esta grande emoção, não dá mais para voltar, o barco está em alto mar... e nada superará o amor de Deus! (e-mail: tiagovital@ yahoo.com.br)

Guido Moesch - 22/01 Edite Quoos Conte - 25/01


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GREJA &

CATEQUESE ria

COMUNIDADE

Solidá

Batismo: o que é importante saber para ensinar? Marina T. Zamberlam Professora e Catequista

1) A fé é elemento vital no Batismo: Mc 16, 16 : “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem se negar a crer, será condenado”. Então, para trabalhar o batismo é preciso entender o que significa “fé”:  Fé é a resposta do homem à proposta de Deus. Qual a proposta que Deus me faz e como respondo?  Fé coincide com conversão: A fé não significa acomodação. Antes é uma caminhada, nos põe em movimento, levando-nos a contestar o que está em desacordo com a justiça e o bem.  A opção fundamental da fé coincide com a prática: “A fé sem as obras é morta” (Tg 2, 14).  Quem tem fé sempre está ameaçado de dúvidas: Será que não estou enganado? A dúvida ajuda a purificar a fé.  A fé tem uma dimensão comunitária. A fé chega a nós através dos outros, ela vem da

pregação (Rom 10, 17). Que exemplo vivo de fé eu sou? Como faço a pregação da fé? 2) A pessoa batizada é “discípulo”, isto é, tem um Mestre e o segue: Mc 16, 15; Mt 28, 19 e Lc 24, 44 “Ide e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Discípulo é aquele que rompe com o mundo e muda sua escala de valores:  Tem por lei o amor fraterno, expresso em obras (Mt 7,12; Jo 13, 34-35; Mt, 25).  Tem por motivação não adquirir méritos senão o agradecimento e a alegria da graça recebida.  É fiel ao Mestre, superando os preceitos da lei.  Renuncia aos bens: Não vive para si e seu serviço a todos antepõe-se ao vínculos de família. 3) Não há batismo sem fé, nem fé sem batismo. Os dois andam juntos e se alimentam mutuamente.

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Solidário

LITÚRGICO 24 de janeiro – 3o Domingo do Tempo Comum (

verde)

1a leitura: Livro do Livro de Neemias (Ne) 8,2-4a.5-6.8-10 Responsório: Sl 18(19),8.9.10.15 (R/. Jo 6,63c) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 12,12-14.27 Evangelho: Lucas (Lc) 1,1-4;4,14-21 NB.: Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos é fundamental que se leia, antes, o respectivo texto bíblico. Comentário: O reencontro com as raízes familiares, culturais e religiosas é uma necessidade intrinsecamente humana e que, neste tempo, em que a vida de tantos se resume em trabalho e consumo, se torna particularmente importante e necessário. “Perder” tempo nestes reencontros é um ganho de imenso significado para o próprio sentido da vida. Sem raízes nem história somos semelhantes a robôs, humanóides programados para trabalhar e consumir. O texto de Lucas nos fala, exatamente, deste reencontro com as raízes. Jesus veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado – dimensão familiar e cultural - , entrou na sinagoga, como era seu costume (4,16) – dimensão religiosa – e falou da sua missão: anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos, devolver a visão aos cegos, libertar os oprimidos e anunciar o ano da graça do Senhor (cf 4,18-19). É uma síntese da missão de Jesus em sua vida pública e que deu a ele, e dá a toda pessoa, o verdadeiro sentido da vida. Se pararmos um pouco em nosso corre-corre diário – os meses de fim/começo do ano são tempos por excelência para “Sem raízes, so- esta parada - e se fizermos um honesto exame de como mos como robôs, levamos o dia-a-dia de nossa vida, vamos descobrir programados para trabalhar e que ninguém de nós está isento da tentação deste consumir”. binômio estressante: trabalho-consumo. A publicidade insiste em nos impingir uma falsa verdade: você vale quanto consome. Então, para que nossa vida ganhe em qualidade e sentido, é tempo de reencontrar nossas raízes familiares, culturais e religiosas para que vivamos, em 2010, um ano da graça do Senhor. E que todos os anos sejam anos da graça de nosso Deus para que nossa vida tenha sentido.

31 de janeiro – 4o Domingo do Tempo Comum (

verde)

1a leitura: Livro do Profeta Jeremias (Jr) 1,4-5.17-19 Responsório: Sl 70 (71), 1-2.3-4a.5-6ab e 17 (R/. cf 15ab) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 12,31-13,13 Evangelho: Lucas (Lc) 4,21-30 Comentário: Uma das coisas que mais detestamos é ouvir alguém dizernos uma verdade que nos machuca porque expõe alguma limitação nossa. No fundo, no fundo, todos gostamos de ouvir “aplausos”; poucos são grandes o suficiente para agradecer uma crítica ou ouvir uma verdade. No texto de Lucas deste domingo, Lucas narra como Jesus voltou para sua Nazaré natal para reencontrar-se com sua gente, seus familiares, rever amigos, rezar e ler na sinagoga. Até aí, tudo ia muito bem: muitos abraços, conversas em grupos, sorrisos, tapinhas nas costas, um que outro comentário: “Eta, conterrâneo; estás ficando famoso...!” Mas quando Jesus, na sinagoga, num espaço público, interpreta o texto de Isaias e diz, embora indiretamente, que nele se cumpre a Escritura, os aplausos terminaram e deram lugar às primeiras críticas. E quando ele tem a ousadia de afirmar que seu Deus e Pai tem preferência por pobres, por marginalizados, por mulheres e por estrangeiros, porque creram nele, os aplausos de transformam em ódio e em ameaças à sua vida: expulsaramno da cidade e o levaram para um monte para lançá-lo a um precipício, para matá-lo (cf 4,28-29). É fácil ser digno quando nos aplaudem; é preciso ser muito grande para acolher uma crítica. E mais: agradecer, sinceramente, a quem nos faz uma crítica em nossos equívocos e nos diz a verdade, quando erramos. attiliohartmann@hotmail.com


16 a 31 de janeiro de 2010

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Em preparação mais uma procissão de Navergantes

Festa de Navegantes movimenta paróquias A 135ª edição da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes iniciou no dia 2 de janeiro com a visita diária da imagem peregrina de Nossa Senhora a diversas paróquias da cidade. Essa peregrinação tem objetivo de levar á Imagem da Padroeira às mais diversas comunidades, deixando-a mais perto de seus fiéis. Transportada por veiculo e batedores da EPTC, e acompanhada em carreata, a peregrinação tem sido um belo espetáculo de fé, em preparação à tradicional romaria de translado para o Santuário de Nossa Senhora do Rosário, ocorrida no domingo, 17 de janeiro. Nessa ocasião, iniciam-se oficialmente os festejos. Às 17 horas ocorre Missa Campal no Largo dos Navegantes e a procissão para o Rosário pelas Av. Sertório, Presidente Roosevelt, Farrapos, Rua da Conceição e Vigário José Inácio. Milhares de devotos sempre acompanham o translado, que tem seu ponto máximo no dia 2 de fevereiro - Dia de Nossa Senhora dos Navegantes.

ASSINANTE Ao receber o DOC renove a assinatura. Dê este presente para a sua família.

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GREJA &

OMUNIDADE

Alunos de Odonto da PUCRS atendem carentes Neste mês de janeiro, alunos da Faculdade de Odontologia da PUCRS estão realizando atendimento em seis postos de saúde e uma unidade móvel na cidade de São Gabriel e em dois postos em Osório. Os 14 estudantes atendem a comunidade na área de prevenção, saúde coletiva e saúde bucal, com a assistência de equipes da Secretaria Municipal de Saúde. O "Projeto Litoral" é uma iniciativa da Universidade, coordenada pelo professor Edgar Eduardo Erdmann, e ocorre a cada semestre. O objetivo é proporcionar atendimentos qualificados em saúde bucal para a população de baixa renda, além de oferecer oportunidade para os estudantes conhecerem a realidade do sistema único de saúde e praticar a teoria aprendida em sala de aula. Em 2009 o projeto visitou Osório, Rosário, Santo Antônio da Patrulha, e atendeu mais de 5 mil pessoas. Outras informações pelo telefone (51) 3353-4065.

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A morte de Pe. João Claudio Weiler Provável vítima de mal súbito, Pe. João Cláudio Weiler morreu dia 4 de janeiro último, enquanto pescava num açude em São Lourenço do Sul. Era natural de Santa Clara do Sul, diocese de Santa Cruz do Sul, onde nasceu no dia 12 de outubro de 1955. Estava trabalhando em Porto Alegre, com nomeação para a Paróquia São Sebastião, onde trabalharia a partir de fevereiro. Era Irmão de Irmã Lúcia Weiler, professora de Teologia em Porto Alegre. Padre João também era conhecido como "padre das piadas" e havia se especializado em parapsicologia. Seu enterro foi dia 5 de janeiro, em Santa Clara do Sul, com missa presidida por Dom Sinésio e concelebrada por Dom Dadeus Grings, Dom Gentil Delazeri e Dom Canísio Klaus e mais de 50 padres.

Seção “Humor do Padre João” fazia parte das edições do Livro da Família, da Ed. Padre Reus

Chegou

LIVRO DA FAMÍLIA 2010 Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do Livro da Família/2010. Adquira seu exemplar ou faça seu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. Também o Familienkalendar/2010 está disponível. Lembrando: a Livraria Padre Reus é representante das Edições Loyola para o sul do Brasil.

Livraria Editora Padre Reus

Caixa Postal, 285 - Duque de Caxias, 805 - Cep 90001-970 Porto Alegre/RS - Fone: (51)3224.0250 - Fax: (51)3228.1880 E-mail: livrariareus@livrariareus.com.br Site: http://www.livrariareus.com.br


Porto Alegre, 16 a 31 de janeiro de 2010

Matrimônio feliz e duradouro

Yokio e Lia Moriguchi são casados desde 1957. A cerimônia foi no Japão, porque Yokio é japonês, mas mora há muitos anos em Porto Alegre. Lia é paulista. Do enlace, nasceram quatro filhos, dois dos quais também moram em Porto Alegre e os outros dois e suas respectivas famílias moram fora do Rio Grande do Sul. A família (foto) se reúne uma vez por ano, no mês de julho, por ocasião das férias prolongadas nos EUA, onde mora um dos seus filhos. O Natal é outro momento de comemoração familiar. Com nove netos na faixa etária de 11 a 23 anos, as reuniões familiares se tornam momentos de alegria e união. Apesar de cada família ter sua personalidade, são unidos na mesma fé cristã transmitida pelo casal Lia e Moriguchi.

Mérito Farroupilha para Lauro Quadros A formalidade de entrega da Medalha ocorreu em 18 de dezembro último no Gabinete do Presidente da Assembléia Legislativa Gaúcha, acolhendo proposta da deputada Stela Farias. Lauro Quadros é amigo do Solidário e membro do Conselho da Fundação Pro-Deo de Comunicação. É ele, junto com o jornalista argentino Washington Uranga, que vão coordenar o programa de abertura do Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe, na noite de 3 de fevereiro próximo, na PUCRS. Lauro, há 18 anos, preside o Conselho do Instituto do Câncer Infantil. Nascido em Porto Alegre em 1939, iniciou sua carreira profissional na Rádio Gaúcha em 1959. Também atuou nas Rádios Guaíba, Difusora e Pampa. Em 1985, retornou para a Gaúcha e há 24 anos participa do programa Sala de Redação. Nos últimos anos, comanda o programa Polêmica, ambos da Rádio Gaúcha.

Doação do Solidário para a Santa Casa A senhora Vera Vieira acolheu o convite e está patrocinando 500 exemplares desta edição do Solidário para serem distribuídos aos enfermos internados na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Que seu gesto possa frutificar e se multiplicar. A Direção

Ofereça você também o Solidário para os enfermos da Santa Casa. Patrocine 500 exemplares por R$ 250,00.

Cem anos do Carmelo em S. Leopoldo

Ao lado: vista parcial do prédio do Carmelo; acima: concelebração eucarística presidida pelo Pe. Roque Schneider

O centenário de presença do Carmelo de Nosso Senhor dos Passos, em S. Leopoldo, teve concelebração festiva, presidida por Dom Zeno Hastenteufel, bispo de Novo Hamburgo, em 6 de janeiro último. As cinco primeiras religiosas que vieram em 4 de janeiro 1910 se estabeleceram na Rua Lindolfo Collor. Em 1940, o endereço do convento mudou para a rua 1º de Março. O Carmelo atual, no bairro Cristo Rei, teve a decisiva contribuição dos padres jesuítas que doaram o terreno e benfeitores locais assumiram a ampla construção de um pequeno mas precioso ‘parque ecológico’. Também foram os jesuítas que ao longo desses 100 anos prestaram permanente capelania e orientação espiritual às religiosas. Dentro das festividades do centenário, cabe destacar o jubileu de ouro de Ir. Maria Inês de Jesus, natural de Cerro Largo, cujo ponto alto foi a concelebração eucarística presidida por seu irmão, Pe. Roque Schneider, com a capela da comunidade completamente lotada por familiares, parentes e amigos da feliz e radiante jubilanda.


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