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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Porto Alegre, 1o a 15 de fevereiro de 2010

Ano XV - Edição No 555 - R$ 1,50

Direitos Humanos: reação precipitada Mutirão de Tão logo dado a público o teor do III PrograComunicação ma Nacional de Direitos América Latina Humanos, muitas vozes e Caribe se levantaram dePadre formaReus está oferecendo Livraria a edição do intempestiva risco de Livro sob da Família/2010. Adquira seu exemplar ou faça imparcialidade. 3 a 7 de seu pedidoOnomoendereço abaixo, quefevereiro teremos a maior mentoalegria exigeem lucidez e Também o de atendê-lo. Familienkalendar/2010 2010 serenidade para permitir está disponível. separar joio e trigo. Até porque o documento é apenas um plano que não é auto-aplicável. Página 6

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E T R A

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Mutirão de Comunicação mobiliza interesse continental

Dezenas de caravanas de várias partes do Brasil e de outros países latino-americanos se deslocam para participar do evento que constitui parte de processo para a construção de uma cultura de paz e solidariedade. Detalhes do evento no encarte.

Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do

da Família/2010. Adquira seu exemplar ou faça O Livro mundo seu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. Também o Familienkalendar/2010 simbólico

Voz do Pastor/Página 2

está disponível.

Um novo jeito de ser família

Divulgação

Soube encorajar o voluntariado como ninguém. Ela partiu para a eternidade. Mas sua Pastoral da Criança continuará a estender seu braço solidário até os últimos confins do Brasil e outras dezenas de países pobres através de uma rede de 300 mil novos líderes e defensores da causa. Páginas 2, 4, 7 e 11.

Houve um tempo em que ninguém se questionava sobre os papéis que cada membro de uma família devia exercer: o pai era o provedor e o “cabeça do casal”. A mãe paria filhos, cuidava-os e executava tarefas domésticas. Os filhos obedeciam. Mas hoje já não é esta a realidade. Leia na página 3.

O sentimento de culpa O sentimento de culpa parece estar presente em todas as culturas, desde a grega que o manifesta na sua dramaturgia, como nos romances dos mais variados idiomas, e, também, nos povos de cultura mais primitiva com seus rituais de purificação e punição. As religiões também tratam do sentimento de culpa e oferecem rituais de purificação e perdão. Na página 5

O amor ao próximo é o objetivo máximo de sua catequese? Página 10

Jovem tem vez Sara Treméa Bof, 17 anos, estudante de Psicologia na Universidade de Caxias do Sul, fala de si e de seus projetos. Leia na página 9


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2 EDITORIAL

A importância do PNDH

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alvez alguns de nossos leitores pensem e digam que o III Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) não é assunto a ser abordado neste jornal. Alguns, radicalizando, talvez afirmem que este é um assunto político e, como o Solidário tem como referência o projeto cristão, “não deve meter-se em política”. São aqueles que ainda separam a fé da vida das pessoas. A vida transcorre no espaço da “polis”/cidade, quer dizer, em sociedade. E a fé, para ser cristã, deve preocupar-se com tudo o que diz respeito à sociedade e permear todas as relações sociais. No nosso caso, a partir do referencial da solidariedade. Se entendermos por política aquilo que, por definição, ela é, ou deveria ser, “a arte do bem comum”, e se somos capazes de tomar distância e livrar-nos de preconceitos relacionados com uma interpretação tacanha e parcial do III PNDH, vamos descobrir que este projeto já há muito deveria ter entrado em vigor. É importante que se diga e repita que este não é um projeto do governo atual, mas de governos anteriores. O atual governo apenas o matizou em alguns aspectos e teve a ousadia de apresentá-lo nas instâncias devidas para que possa ganhar força de lei. O que muitos desconhecem e algumas mídias fazem questão de maquiar ou, simplesmente, ignorar, é que o III PNDH é resultado de 63 conferências nacionais, de saúde, educação e direitos humanos, com efetiva participação de entidades e organizações representativas de toda a sociedade brasileira. O Projeto precisa ser melhorado e melhor definido em alguns aspectos? Precisa. Especialmente no campo da ética, das relações entre as pessoas, da garantia de liberdade de expressão “Oxalá nossos horeligiosa pública. Mas reafirmamos: mens públicos não sinal de uma sociedade sadia e com se acovardem por qualidade de vida é quando sua popu- interesses escusos e lação tem memória histórica e os erros o aprovem”. e os acertos do passado se tornam de domínio público. Outro aspecto e que explica a, por vezes, furibunda reação e sistemática oposição de muitas das grandes mídias ao projeto é a questão da participação da sociedade civil nas relações e produção de comunicação. Nós reafirmamos que, num país democrático e para que a democracia seja real e não letra morta, a população tem o direito de exercer seu protagonismo na produção e veiculação dos conteúdos midiáticos. É importante lembrar: rádio e televisão são concessões do Estado para exploração particular; neste sentido, os “donos” de emissoras ou redes de rádio e televisão, por lei, não são donos, mas administradores deste bem público. Por isso, com as necessárias precisões e devidas correções, bem-vindo seja o III Plano Nacional de Direitos Humanos. E oxalá nossos homens públicos não se acovardem por interesses escusos e o aprovem (página 6). Tudo o que se disser de Zilda Arns ainda será pobre para expressar a grandeza desta mulher que honra o Brasil e dignifica a humanidade. Certamente, a dra. Zilda é, e no seu Projeto da Pastoral da Criança continuará sendo, um Evangelho vivo, uma Boa Nova para milhares de crianças e pessoas da terceira idade, especialmente. Que, de junto de Deus, abençoe a sua obra com a melhor, mais alegre e abundante bênção para que muitas vidas continuem sendo salvas (página 7). Finalmente: VAMOS TODOS AO MUTIRÃO, encontro latino-americano, festa da comunicação (3 a 7 de fevereiro, PUCRS- www.muticom.org). attilio@livrariareus.com.br

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: José Ernesto Flesch Chaves Vice-presidente: Agenor Casaril

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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RTIGOS

O mundo simbólico

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ser humano, diversaderavam o fundamento para toda a mente dos demais seres evolução, se volatilizava na energia vivos, não só é capaz de atômica e na labilidade dos elemenconhecer o universo, abrindotos. Quando, por fim, os biólogos se ao “infinitamente grande, decodificaram o código genético, ao infinitamente pequeno e ao novamente se sentiu um frêmito de Dom Dadeus Grings infinitamente complexo”, ou pavor. Os que acreditavam na vida, Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre seja, adentrando os limites da dicomo uma consistência indevassámensão cósmica, da composição vel, começaram a temer o vazio de atômica e do código genético, mas também se uma genética sem consistência. habilita a construir um mundo próprio, que é Com as ciências, o homem criou, na sua culconhecido como simbólico. Já não se trata do tura, primeiramente, um mundo astrofísico, que mundo real ou físico. Prescinde totalmente da denominou de “universo em expansão”; depois, matéria. Este novo mundo é invisível, porque um mundo microfísico, que se tornou conhecido totalmente imaterial. É o mundo das ciências, como nuclear, a partir do momento em que verium tanto parecido com o mundo das ideias de ficou que o átomo não constitui a menor parcela Platão. da matéria; e, por fim, criou o mundo da genética, Mesmo que trate da matéria e tente explicar com a proposta de sua decodificação. suas propriedades, o mundo das ciências é feito Mudou algo do mundo criado por Deus? Abde conceitos. Prescinde da matéria. Representa solutamente nada. É que nós não o conhecíamos. o universo através de símbolos e de fórmulas. Mudou apenas o mundo que nós criamos, com nosAvançando cada vez mais neste campo, chega sa cultura. Então se pergunta: teme-se o mundo de ao momento de reduzir a matéria à energia. Deus ou o mundo dos homens? O mundo de Deus é Desaparece a propriedade por assim dizer real, o que equivale a dizer que atinge a existência. material, para dar lugar aos elementos que a Opõe-se ao nada. Por isso é algo. Este “ser” tem compõem, feitos de quase nada. sua razão. Falamos, por isso, de criação. Ali entra Quando Copérnico tirou a firmeza da Terra Deus. Dá a razão de sua existência e, consequentede debaixo dos pés, mostrando que ela gira mente, afirma seu sentido. A criação retrata o poder em torno do sol e não poderia ser considerada divino de criar do nada. Não se limita apenas às como ponto estável e central do universo, transformações ou aos aperfeiçoamentos. parecia que a própria segurança se esgotara. O mundo do homem é simbólico. Apresenta É que, até então, os homens, por assim dizer, conceitualmente a realidade. Mas não é a realidade. acreditavam mais na Terra, como elemento Por isso a filosofia insiste na diferença entre o que material consistente, que na energia e nas leis se conhece – e aí todos os cientistas como também que a regem. Quando, alguns séculos depois, os os filósofos realistas professam que suas teorias físicos penetraram no átomo e se desenvolveu a retratam a realidade – e o modo de conhecer. Este física quântica, os materialistas sentiram abriré exclusivamente nosso. Não pode ser atribuido se um fosso debaixo de seus pés. A matéria, na à realidade. De fato, conhecemos por abstração. qual pia e cegamente acreditavam, e que consiHoje se fala de perspectividade, de ponto de vista.

Voz do

PASTOR

Zilda Arns: Nobel póstumo Ivar Hartmann Promotor púbico aposentado

Z

ilda Arns, idealizadora e administradora da Pastoral da Criança, foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz em 2001, 2002 e 2003. Não ganhou. É improvável que o leitor se lembre dos ganhadores deste prêmio naqueles anos, afora o último, dado a um falcão da guerra: Barak Obama. Zilda morreu agora no Haiti e foi a pior perda do cataclisma entre tantas dezenas de mortos, ilustres ou não, conhecidos ou anônimos, sorvidos pela tragédia de poucos dias atrás. Perda não do Brasil, mas da humanidade. Fazendo uma análise dos números da Pastoral da Criança, a catarinense Zilda foi a maior mulher brasileira do Século XX, e, por sua trajetória, uma daquelas que ombreia com as mais importantes e conhecidas mulheres líderes mundiais. Os números que vem a lume nestes dias impressionam pelo gigantismo. No dizer da própria Zilda, medidas simples e baratas, como ferver a água a ser dada para as crianças, lavar as mãos, usar soro doméstico, alfabetizar as mães e ensinar-lhes um ofício, transformou os números da mortalidade infantil. E levou a Pastoral da Criança do Brasil a cruzar

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer e Beatriz Adamatti

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

fronteiras para outros 27 paises latinos e africanos. O teste inicial destas propostas de Zilda, há cerca de 30 anos, fez cair a mortalidade infantil no município-cobaia de 127 óbitos por mil, para 20 por mil. Não havia dúvida: eram medidas inovadoras no trato da mortalidade infantil entre as populações mais carentes e que davam resultados para lá das melhores expectativas. E os números cresceram depressa. Hoje, são 1,8 milhões de crianças atendidas do zero aos seis anos de idade. Por 260 mil voluntárias em 42 mil comunidades pobres de mais de 4 mil municípios brasileiros. Afora as quase cem mil gestantes que buscam informações e auxílio. Os números da mortalidade infantil desabaram no Brasil graças a Zilda e seus ensinamentos. Mais, em um país de corruptos, nunca se ouviu uma informação desabonatória a este trabalho gigantesco. Pelo simples fato de as 260 mil voluntárias, moradoras das regiões que a Pastoral atende, trabalharem de graça. Questionadas sobre nada ganharem afirmam: realizamos-nos com o reconhecimento das pessoas. Obra e resultado deste porte levam a vida e a morte para outra dimensão. E é obrigação do Governo brasileiro e da própria Pastoral propor e defender o nome de Zilda para um Nobel de reconhecimento póstumo. (ivarhartmann@ terra.com.br)

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Paulo Oliveira da Rosa (voluntário), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3221.5041 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


1o a 15 de fevereiro de 2010

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AMÍLIA &

Um novo jeito de ser família

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OCIEDADE

3 Jayanta Behera/sxc.hu

Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

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ouve um tempo em que ninguém se questionava sobre os papéis que cada membro de uma família devia exercer: o pai era o provedor e o “cabeça do casal”. A mãe paria filhos, cuidava deles e executava tarefas domésticas. Os filhos obedeciam. Mas, hoje, já não é esta a realidade. Dia a dia a mulher vem conquistando um lugar no mundo público e, ao abandonar a vida privada e sair para trabalhar e estudar, carrega consigo a desestabilização do homem e daquela família de papéis certinhos e pré-determinados. Surgem, então, as mais diversas desacomodações dentro da família. A “vida em família” vai ficando cada vez mais escassa e relegada a um segundo plano, praticamente sem investimentos. Aumenta o número de famílias que têm no pai e na mãe “dois profissionais”, cada qual envolvido com seus objetivos e tarefas. Cresce a “terceirização” do cuidado e da educação dos filhos. Já não há tempo para que todos sentem à mesa da refeição na mesma hora e, quando o fazem, os adolescentes e crianças mal acabam de comer e saem às pressas, pois em seu quarto os esperam programas de TV ou a internet com seus blogs e twitters. A convivência marido-mulher-filhos, muitas vezes, agoniza.

A reação Insatisfeitos com sua vida familiar enfraquecida e mal administrada, homens e mulheres, cada vez em maior número, decidem empenhar-se no desenvolvimento de uma nova família: uma família capaz de agregar à “vida profissional dele” e à “vida profissional dela” um terceiro elemento chamado “vida familiar” que seja tão importante quanto os dois primeiros. Observamos, então, que o sistema familiar, como qualquer ser vivo, não se acomoda: reage e parte em busca de seu equilíbrio. Não está à procura de uma família que volte a ser o único continente da mulher, como no passado, mas tampouco aceita que a família se transforme no somatório de dois profissionais sem filhos, para quem o trabalho é o fator mais importante, ou profissionais com filhos entregues aos cuidados de terceiros.

A “nova família” exige um “novo diálogo” A passagem de uma família formada por dois profissionais para um novo conceito de família, onde se privilegie “a vida profissional dele”, “a vida profissional dela” e “a vida em família”, envolve importantes mudanças. Exige um diálogo no qual se confira importância ao trabalho e à família, tanto na vida dos homens como na das mulheres, tanto no setor privado como no público. A entrada das mulheres na economia não tem sido acompanhada de um entendimento cultural do casamento que torne essa transição mais suave. A dinâmica verdadeira dos relacionamentos homemmulher parece ter mudado pouco nos últimos anos.

Os casais ficam presos à crença de que “ele” resiste à intimidade e não tem suficiente capacidade emocional para se responsabilizar pelo relacionamento, enquanto “ela” não apenas tem a capacidade, mas também a responsabilidade de administrar o relacionamento, além de encorajar os vínculos afetivos na família, educar os filhos e administrar as lides domésticas.

As mudanças precisam atingir o sistema de crenças

existe pressão junto ao poder público para que sejam criadas leis e estruturação social neste sentido. Homens e mulheres já fazem importantes negociações com as empresas a fim de que lhes sejam concedidos arranjos em seus horários, permitindo-lhes um maior tempo para a vida em família, pela qual o marido e a mulher já se sentem co-responsáveis. Não terá chegado o momento de fazermos esta pressão no Brasil, apesar do fantasma do desemprego? As mudanças sempre virão da pressão dos interessados. Participar das lutas por melhores condições para o fortalecimento da família é tarefa cidadã-cristã. E não tenha dúvidas: As mudanças do sistema de crenças e uma facilitadora organização laboral e social, em prol da família, sempre acontecerão concomitantemente.

O sistema de crenças do qual acabamos de falar faz os homens se sentirem incompetentes e as mulheres enlouquecidas por estarem constantemente à procura daquilo que ambos acreditam estar faltando. Urge desafiar estas crenças, o que não é fácil, já que homens e mulheres respondem melhor a conceitos vigentes na sociedade. O reaparelhamento da sociedade exige Cursos de Especialização uma mudança total de mentalidade sobre os papéis do homem e da mulher. Quanto mais avançado um país, mais Conhecimento semelhantes na sociedade os papéis para você chegar atribuidos ao homem e à mulher.

PÓS-GRADUAÇÃO PUCRS

Medidas públicas Faltam medidas públicas que protejam a convivência familiar e falta aparelhamento da sociedade para acolher as crianças enquanto seus pais trabalham. Em paises como a Suécia, Israel, Inglaterra, Canadá e outros, já

mais alto.

www.pucrs.br/pos


4 Férias com Deus

O

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erá que o Senhor aprovaria os locais que escolhemos para descansar? Mesmo não querendo desenvolver uma teologia de férias ou de descanso, propomos fazer algumas indagações e reflexões. É mais do que evidente que em nossos dias realmente precisamos de férias e descanso. Muitas vezes, somos exigidos de forma tão vigorosa fisicamente que o corpo fica arrasado. Isso tem consequências sobre a mente e certamente também sobre a parte espiritual. No entanto, estaria o Senhor contente com o repouso que praticamos? Mesmo que teoricamente o ser humano funcione em áreas distintas (a física, a mental e a espiritual), nós formamos um todo, e este todo sofre quando existe desequilíbrio entre as partes. Por isso, em nossas férias, as coisas podem parecer tão perfeitas e gostosas que não precisamos do Senhor, mas não devemos nos enganar, o desequilíbrio persistirá e por isso não devemos prescindir de nosso lado espiritual. Nas primeiras páginas da Bíblia, vemos um fato que não pode passar despercebido para quem pensa nesse assunto. “No sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara, e nesse dia descansou”. (Gn 2, 2.3). O primeiro ensinamento a respeito de descanso e de férias é dado pelo exemplo de Deus, logo após a “Venham cocriação. Mas logo em seguida, nas próximas migo para um páginas da Bíblia, encontramos uma palavra de lugar deserto Deus a esse respeito, em forma de ordenação. e descansem um pouco”. “Lembra-te do dia de sábado, para santificálo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor, o teu Deus.” (Ex 20, 8-10). Certamente, Deus não faz nada sem propósito. Se Ele ordena que descansemos no sétimo dia, então, além de usarmos este dia para a glória do Criador, o Senhor está consciente do fato de precisarmos regularmente do descanso. Virando várias páginas da Sagrada Escritura, chegamos ao Novo Testamento. Ali, deparamos com um fato bem interessante com relação ao descanso e, por que não dizer, com relação às férias. Quando os apóstolos acabam de retornar de um esforço missionário evangelístico “Jesus lhes disse: “Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco” (Mc 6, 30.31). Cristo afirma que devem procurar um lugar deserto, isto é, um lugar em que não haja tantas pessoas e que proporcione tempo e oportunidade de estarem a sós com Ele. Assim, Nosso Senhor transfere a questão para outro âmbito, não devemos nos perguntar se o descanso é algo devido, e sim se o local em que ele é feito é adequado para nos manter em sintonia com Ele. Será que Deus aprovaria os locais que escolhemos para descansar? Os lugares mais badalados e também procurados são as praias e balneários. Será que esses lugares nos proporcionam descanso e restauração física, mental e espiritual? Uma vez que ali há um aglomerado tão grande de pessoas, sempre há alguma coisa nos convidando para envolvimento. E se não bastasse, toda a mídia se esforça em desenvolver um modelo de repouso extremamente agitado, geralmente marcado pela sensualidade e consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Se formos honestos e atenciosos não descobriremos que, em vez de descanso, alcançamos algo bem mais forte em adrenalina? Nosso Senhor Jesus Cristo convidou os discípulos para uma viagem de férias para estarem com Ele e terem tempo para estar em sintonia com o Filho de Deus. Nós também deveríamos planejar nossas férias para alcançar esse propósito.

1o a 15 de fevereiro de 2010

Símbolos em discussão Moacyr Scliar

Pe. Anderson Marçal Moreira Mestrando de Teologia Pastoral Litúrgica

PINIÃO

Escritor

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omo era de esperar, o Programa Nacional de Direitos Humanos está provocando controvérsias. As questões envolvidas são delicadas, para dizer o mínimo; às vezes, mobilizam antigos ressentimentos e têm inegável conotação emocional. Por outro lado, controvérsia é uma coisa boa, e faz parte do debate democrático. Pior ocorre quando a controvérsia é suspensa, sobretudo pela força. Uma experiência pela qual o país passou e que quer, com toda a razão, evitar. Tomem um dos itens do programa, a proibição de símbolos religiosos em lugares públicos. Tem fundamento? Tem. O Brasil não é uma teocracia, como o Irã dos aiatolás. Aqui, a religião está separada do Estado. Aqui, a liberdade de crença existe. Mas a discussão surge quando se trata de caracterizar o que é um símbolo religioso, o que é um lugar público. Não tem sentido, por exemplo, obrigar repartições públicas a ostentar imagens religiosas. O retrato do presidente está lá, mas, quando muda o presidente, saudavelmente muda o retrato. Em matéria de símbolos religiosos, porém, é preciso cuidado para não cair no fundamentalismo demonstrado pelo Talibã no Afeganistão ao dinamitar duas grandes e históricas estátuas de Buda. Mesmo porque essas coisas acabam sendo contraproducentes. Vejam essa polêmica do véu usado pelas muçulmanas, proibido nas escolas públicas francesas. Imaginem o conflito que isso representa para as garotas, divididas entre a determinação dos pais e a ordem do governo. Se o véu fosse simplesmente uma moda, tudo bem, não é mesmo? Ou a França faria como os alunos da Uniban (SP) que maltrataram uma colega porque ela estava de vestido curto? Igualmente condicionada pela intolerância foi a votação na

Suíça contra os minaretes das mesquitas. Que problema causam esses minaretes? E se em vez de mesquita fosse um prédio com formato de minarete? Reprimir véus e minaretes acaba reforçando o fundamentalismo. Obrigar as repartições públicas a ostentar símbolos religiosos seria inadequado. Mas, se um funcionário quiser ter, sobre sua mesa de trabalho, e junto com fotos de familiares, uma imagem de Cristo, ou uma menorá (aquele candelabro judaico), ou um Buda, ou um orixá – qual o problema? A repressão aí só trará dor de cabeça. Foi certamente pensando nisso que o bispo Dimas Lara Resende, secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil observou: “Daqui a pouco, vamos ter de demolir o Cristo Redentor”. O Cristo Redentor, aliás, é um bom exemplo de tolerância. Listado entre as maravilhas do mundo moderno, resultou de um movimento popular; nos anos 1920, milhares de pessoas subscreveram o abaixo-assinado pedindo ao presidente a construção do monumento, aderiram à campanha para arrecadar dinheiro para a obra. A quantia estabelecida era ninharia, 200 réis, menos que o preço de uma caixa de fósforos, mas assim foram levantados os fundos necessários. Por que o Cristo Redentor é um símbolo brasileiro? Porque a maioria da população é cristã, claro, mas também pela estátua em si, pelos “braços abertos sobre a Guanabara”, como diz a canção de Tom Jobim. Braços abertos: uma atitude de acolhimento, de fraternidade, a atitude que representa o que de melhor tem o nosso povo. O Cristo do Corcovado demolido? Só no filme 2012 (Hollywood faz qualquer coisa para obter bilheteria). Se o Programa Nacional de Direitos Humanos privilegiar a justiça e se evitar a intolerância, poderá ser uma grande contribuição para o país. (Com autorização expressa do autor)

Zilda Arns, a Mãe do Brasil Frei Betto

Escritor e assessor de movimentos sociais

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ode-se repetir que ninguém é insubstituível, mas a dra. Zilda Arns, vítima do terremoto que arruinou o Haiti, era, sim, uma pessoa imprescindível. Nela mostrava-se imperceptível a distância entre intenções e ações. Formada em medicina e movida por profundo espírito evangélico – era irmã do cardeal Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo – fundou a Pastoral da Criança, alarmada com o alto índice de mortalidade infantil no Brasil. Em iniciativas de voluntariado se podem mapear dois tipos de pessoas: as que, primeiro, agem, põem o bloco na rua e depois buscam os recursos; e as que se enredam no cipoal das fontes financiadoras e jamais passam da utopia à topia. Zilda Arns arregaçou as mangas e, inspirada na pedagogia de Paulo Freire, encontrou, primeiro, os recursos humanos capazes de mobilizar milhares de pessoas em prol da drástica redução da mortalidade infantil: mães e pais das crianças, de zero a 6 anos, atendidas pela Pastoral, transformados em agentes multiplicadores. Ela, sim, fez o milagre da multiplicação dos pães, ou seja, da vida. Aonde chega a Pastoral da Criança, o índice de mortalidade infantil cai, no primeiro ano, no mínimo 20%. Seu método de atenção às gestantes pobres e às crianças desnutridas tornou-se paradigma mundial, adotado hoje em vários países da América Latina e da África. Por essa razão ela se encontrava no Haiti, onde pagou com a morte sua dedicação em salvar vidas. Trabalhamos juntos no Fome Zero. No lançamento do programa, em 2003, ela discordou de se

exigir dos beneficiários comprovantes de gastos em alimentos, de modo a garantir que o dinheiro não se destinasse a outras compras. Haveria que confiar na palavra dos beneficiários. Em março de 2004, no momento em que o governo trocava o Fome Zero pelo Bolsa Família, debatemos as mudanças na área social do governo. Expus as tensões internas na área social, sobretudo a decisão de se acabar com os Comitês Gestores, pelos quais a sociedade civil atuava junto à gestão pública. Zilda Arns temia que o Bolsa Família priorizasse a mera transferência de renda, submetendo-se à orientação que propõe tratar a pobreza com políticas compensatórias, sem tocar nas estruturas que promovem e asseguram a desigualdade social. O apelo da mãe da Pastoral da Criança não foi ouvido. Os Comitês Gestores foram erradicados e, assim, a participação da sociedade civil nas políticas sociais do governo. Apesar de tudo, o ministro Patrus Ananias logrou aprimorar o Bolsa Família e o índice de redução da miséria absoluta no país, conforme dados recentes do Ipea. Falta encontrar a porta de saída aos beneficiários, de modo a produzirem a própria renda. Zilda Arns nos deixa, de herança, o exemplo de que é possível mudar o perfil de uma sociedade com ações comunitárias, voluntárias, da sociedade civil, ainda que o poder público e a iniciativa privada permaneçam indiferentes ou adotem simulacros de responsabilidade social. Se milhares de jovens e adultos brasileiros sobrevivem, hoje, às condições de pobreza em que nasceram, devem isso em especial à dra. Zilda Arns, que merece, sem exagero, o titulo perene de Mãe da Pátria.


E P O sentimento de culpa 1o a 15 de fevereiro de 2010

DUCAÇÃO &

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SICOLOGIA

Divulgação

Jorge La Rosa Professor universitário. Doutor em Psicologia

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sentimento de culpa parece estar presente em todas as culturas, desde a grega que o manifesta na sua dramaturgia, como nos romances dos mais variados idiomas, e, também, nos povos de cultura mais primitiva com seus rituais de purificação e punição. As religiões também tratam do sentimento de culpa e oferecem rituais de purificação e perdão.

Conceituando Mas, afinal, em que consiste o sentimento de culpa? As várias tradições psicológicas têm diferentes interpretações: a Psicanalítica vislumbra o sentimento de culpa como resultante de um conflito entre o supereu e o eu, enquanto a Humanista o relaciona com o desejo de realização ou atualização pessoal inerente ao ser humano. O enfoque deste texto tende para o fenomenológico e eclético. O sentimento de culpa pode resultar da distância entre o eu ideal e o eu real, ou entre o projeto de ser que cada um tem para si mesmo e a realização parcial desse projeto, permanecendo sempre uma fissura. É, ainda, o mal-estar, uma condição emocional desagradável oriunda de uma transgressão, independente de ser observado por alguém. É nesse sentido, algo íntimo. Podemos ainda dizer que ele procede da violação de valores pessoais: Pedro, segundo a narrativa evangélica, ao negar que conhecia Jesus, sentiuse profundamente culpado e debulhou-se em lágrimas (de arrependimento). É interessante observar que o sentimento de culpa vem acompanhado do desejo de reparação, de fazer algo que diminua as consequências negativas do ato que o ensejou; e, também, de aspiração ao perdão.

Patologias Um autor distingue entre sentimento de culpa injustificado e justificado. O primeiro procede de engano ou doença: a pessoa que sofre de um Transtorno Depressivo Maior pode ter diversos sentimentos de culpa irracionais devidos ao Transtorno. Alguém pode, também, prejudicar

Pedro, ao negar que conhecia Jesus, sentiu-se depois profundamente culpado

involuntariamente a outrem e sentir-se culpado, o que seria igualmente injustificado. Já o sentimento de culpa justificado se origina quando a pessoa tem consciência do mal/ transgressão que está praticando e de suas danosas consequências, e assim mesmo o realiza. O sentimento de culpa pode também se originar de um desordenado perfeccionismo, ou seja, a pessoa que deseja agir de modo perfeito e não aceita suas limitações pessoais: quando erra ou transgride fica irritada, com raiva e se envolve numa autocondenação sem fim. No fundo, a pessoa quer ser Deus, ou dito de outro modo: não aceita a condição humana finita e limitada. Esse desejo, na raiz, é uma distorção da aspiração à evolução pessoal e ao aprimoramento espiritual que todo ser humano anela.

Culpa, perdão e reparação O sentimento de culpa se conecta com propósitos de reparação e busca de perdão. O cristão quando viola seus valores e se sente culpado, e quando arrependido, procura reparar o mal praticado: acredita, assim, que Deus misericordioso lhe perdoa. Da mesma forma deve proceder: perdoar-se para poder perdoar os outros. (Uma mão lava a outra.) Quem não se perdoa, aos outros não perdoa. Quem é rígido consigo mesmo, com os outros também o será. Com o perdão se desvanece o sentimento de culpa e toda a carga emocional nele presente. É dádiva de Deus misericordioso para seus filhos, para que sejam saudáveis e felizes. Sem remorsos e sem traumas. Para os católicos existe, ainda, o sacramento do perdão ou reconciliação, como meio de encontrar a paz e purificar o espírito. Aproveitemos!


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EMA EM FOCO

1o a 15 de fevereiro de 2010 Imagem (modificada): Konrad Mostert/sxc.hu

Plano de Direitos Humanos: reação precoce

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recoce, parcial e passional. É o tom das reações e discussões atuais em torno do Plano Nacional de Direitos Humanos, divulgado no final de dezembro último pelo Governo Brasileiro. E mais: boa parte da grande mídia não concede espaços aos defensores e autores do PNDH para que se estabeleça o necessário contraditório e assim melhor se esclareçam os brasileiros. É bem mais fácil encontrar opiniões que tentam minimizar a abrangência III PNDH, com conotações de interesses corporativos contrariados, de ensaio de discurso de oposição política, de necessidade de manutenção do status quo por interesse econômico, ou de simples condenação a priori por que vem do Planalto e de semear pânico. Ex.: ‘caça às bruxas’, ‘o PNDH quer aumentar a popularidade do presidente’, ‘risco de manobras populistas’, subjugação da nação aos instrumentos do estado’, ‘legitimação dos atos dos movimentos sociais’, ‘cavalo de tróia de supressão da democracia’ , ‘implantação do chavisimo’, ‘revogação da Constituição Federal’, ‘golpe em andamento’, ‘coisa de louco’, ‘supressão da liberdade de imprensa’, ‘tudo – ensino, imprensa, produção editorial, artes cênicas, propriedade - passa a depender deles, de maneira incondicional, à revelia dos limites da lei’. E por aí vai.

O que mais se precisa nesse momento é de muita calma, lucidez e equilíbrio para identificar prós e contras, separar o joio do trigo. Afinal, está bem claro que é apenas um plano que depende de regulamentação específica. E também não se deve esquecer que o III PNDH não constitui tirada mágica de cartola de algum ocupante do Governo. Versão revisada de dois anteriores produzidos ao tempo de outro chefe da Nação, é resultado de 63 conferências nacionais, de saúde, educação e direitos humanos com efetiva participação de entidades e organizações representativas de toda a sociedade brasileira. E inclui propostas que fazem de discussões de nações do primeiro mundo.

cial. Isto supõe respeito à dignidade indistinta. Mas algumas ‘redes’ de comunicação usam as concessões como instrumentos particulares de poder. E, embora sejam limitadas por decreto a deterem até 10 canais no País e no máximo dois por Estado, isto não é respeitado. Mudar a lei? Será difícil tarefa porque, segundo estudos, quase 40 por cento das concessões de rádio e TV no país pertencem a políticos. Nos Estados Unidos, França e diversos outros paises, há controle da qualidade de programação. E, se não prevalecer o interesse público nas políticas de comunicação ou se configurar monopólio, as concessões de canais não são renovadas. Legítima defesa da vida.

Medo da verdade?

Já a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – se manifestou de forma equilibrada, embora também contrária a alguns pontos do III PNDH por se oporem a princípios de origem e razão de ser da Igreja, especialmente no que se refere à defesa da vida. Em declaração de duas páginas, divulgada em 15 de janeiro último, a entidade reafirma que a “a promoção e a defesa dos Direitos Humanos tem sido um dos eixos fundamentais da atuação e missão evangelizadora da CNBB em nosso país”. E cita como ações as Campanhas da Fraternidade; a busca pela concretização da Lei 9840 - contra a corrupção eleitoral; a recente Campanha “Ficha Limpa”; a defesa dos povos indígenas e afro-descendentes; o empenho pela Reforma Agrária, a justa distribuição da terra, a ecologia e a preservação do meio ambiente; o apoio na elaboração dos Estatutos da Criança e do Adolescente, do Idoso e da Igualdade Racial, entre outros. Para a Igreja Católica – no que é acompanhada pela maioria das Igrejas do Brasil, a “pessoa humana é, assim, sagrada, desde o mo-

Um dos temas é a abertura de arquivos do período de repressão de estado (1964-1985). Os brasileiros têm direito à memória. (Jamais se falou em anular a anistia, como alguns alarmam). E que se abram os arquivos de ambos os lados. Ainda há mais de 140 desaparecidos. Por que esse falso silêncio para negar a verdade? Onde estão enterrados e sob que nomes? Diante do mal-estar provocado em certos setores das Forças Armadas, o presidente assinou decreto criando um grupo de trabalho para tratar da criação da Comissão da Verdade e retirou do texto o termo "repressão política", que desagradava os militares.

Canais de rádio e televisão Por constituir patrimônio público, cabe ao governo, por poder constitucional, conceder a autorização de exploração do espectro sonoro: canais de rádio, televisão, telefonia móvel, etc. E, enquanto tal, estão sujeitos ao controle so-

mento de sua concepção até o seu fim natural”. E conclui: “A CNBB reafirma sua posição, muitas vezes manifestada, em defesa da vida e da família, e contrária à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de adoção de crianças por casais homoafetivos. Rejeita, também, a criação de “mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União”, pois considera que tal medida intolerante pretende ignorar nossas raízes históricas”.


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A S ÇÃO

OLIDÁRIA

Zilda Arns: protetora dos indefesos E

Crianças, idosos e nascituros. São as três bandeiras de sua vida e que se entrelaçam.

que, com sua morte trágica em missão estrangeira no Haiti, se tornaram mais visíveis. Até aqui, teve poucos holofotes. Talvez porque, diferentemente da maioria das iniciativas do poder público, com poucos recursos conseguiu muito em resultados, reduzindo a alta mortalidade infantil brasileira para níveis de primeiro mundo apenas com ações de atendimento básico de saúde, nutrição, educação e cidadania ao custo de menos de um dólar criança/mês. Talvez porque tivesse adotado métodos e remédios que, na maioria das vezes, dispensam a cara química alopática dos laboratórios multinacionais. Talvez porque teve coragem de adentrar em espaços de vida humana paupérrima e quase surrealista e onde ninguém

7 Antônio Marques/Divulgação

Pastoral do Idoso Foi oficialmente fundada em 2004 em Curitiba a partir da Campanha da Fraternidade de 2004. Na prática, os trabalhos vinham sendo realizados desde 1996 como um dos programas da Pastoral da Criança, chamado “3ª Idade na Pastoral da Criança”. Atualmente, acompanha 139 mil idosos através de 15 mil líderes comunitários voluntários devidamente treinados que visitam, todos os meses, a casa dos idosos encaminhando-os para os serviços de saúde e orientando-os sobre vacinação, prevenindo-os sobre quedas, atividades físicas e ingestão de líquidos, além de alertarem sobre o cumprimento do Estatuto do idoso. Essa pastoral também já está presente em todos os estados do Brasil.

ousou. Talvez porque jamais se conformou com o simples assistencialismo que permeia a maioria das ações sociais públicas e outras tantas particulares que não passam de alívio de consciência. Talvez por tudo isso! Mas com certeza, porque sua obra – que beneficiou e continua beneficiando milhares de indefesos – frutificou por ter sido semeada no silêncio e anonimato do voluntariado de milhares de almas generosas dispostas a se doarem aos seus semelhantes mais necessitados. A perda de Zilda Arns ainda vai doer muito tempo. Defesa do Nascituro E sempre nos fará lembrar que as verdadeiras Uma terceira bandeira de Zilda foi a defesa do que tragédias da fome, da doença e da violência que está para nascer. “Falo em nome daqueles que não tem diariamente batem à porta podem ser mitigadas quando nós também damos chance à solidariedade. voz. Falo em nome do feto, de quem vão arrancando as pernas, os braços, as orelhas, a cabeça. É de crueldade nefasta. Se isso fosse feito a olhos vistos e abertamente, ao vivo, o aborteiro seria linchado imediatamente, pela multidão, tenho certeza, pela revolta dos que vissem isso sendo feito. Fazer aborto é dar morte cruel a uma A Pastoral da Criança está presente hoje em vida indefesa. Viajo há 24 anos. Conheço o Brasil como 272 diocese e prelazias, de quatro mil municípios talvez nenhum outro homem público do País em todos os brasileiros, onde acompanha 1,7 milhões de tempos. Converso com muitas mulheres pobres. Nunca crianças e gestantes através de 260 mil voluntários, elas me pediram a legalização do aborto. Elas pedem que a maioria mulheres e moradoras das próprias o posto de saúde atenda melhor, que haja remédios, que comunidades. E se estende para outros 20 países: as crianças possam ter escola, possam aprender, ter futuro Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Uruguai, melhor, querem um posto de trabalho, pois o desemprego Peru, Venezuela, Guatemala, Panamá, República é também um de seus flagelos. É mentira que tentam Dominicana, Haiti, Honduras, Costa Rica e transformar em verdade de que descriminar o aborto México; na África: Angola, Guiné-Bissau, Guiné diminuirá a mortalidade materna. Ao contrário, não Conakry e Moçambique e na Ásia: Filipinas e descriminar é questão de saúde pública. Estatísticas nos Timor Leste. Seu último discurso que faria para países onde o aborto foi legalizado provam o contrário. religiosos na Igreja de Porto Príncipe e que acabou Por isso, se querem que as mulheres não morram então soterrada pode ser conferido em http://www.cnbb. não permitam que façam aborto” disse Zilda Arns org.br/site/images/stories/discurso_haiti.pdf Neumann em entrevista exclusiva ao Solidário em sua passagem por Porto Alegre em junho de 2008 por ocasião do debate e iminente aprovação do Projeto de “Em maio de 1982, ao voltar de uma reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), em Lei 1.135/1991, que previa descriminalização do aborto Genebra, Dom Paulo (Evaristo Arns) me chamou pelo telefone à noite...”. D. Zilda recorda que seu no Brasil, suprimindo o artigo 124 do Código Penal. “Os defensores usam números mentirosos”, dizia irmão a convenceu que o soro oral era capaz de salvar da morte milhões de crianças que poderiam morrer por desidratação devido à diarréia, uma das principais causas da mortalidade infantil no Brasil Zilda. “Superavaliam números. Dizem que são milhares e no mundo. E que a Igreja Católica deveria fazer algo. Ela já era viúva e com cinco filhos entre nove de vítimas. Tenho informações seguras que não. As de 19 anos para criar, “Eu me senti feliz diante deste novo desafio. Era o que mais desejava: educar mulheres que morrem em consequência de abortos as mães e famílias para que soubessem cuidar melhor de seus filhos!”, recorda Zilda. E em 1983, na clandestinos não passam de 150 por ano. O que diminui pequena e pobre Florestópolis, Arquidiocese de Londrina, norte do Paraná, onde morriam 127 crianças realmente a mortalidade da mulher gestante é ter um para cada mil nascidas vivas, foi feita a primeira experiência: em pouco tempo as mortes foram reduzida bom serviço de pré-natal e de parto. Melhores serviços de atendimento à infância e adolescência”. para 28 por mil.

Pastoral da Criança

A semente que germinou


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ABER VIVER

Implantodontia firma-se cada vez mais pela rapidez do tratamento Até três décadas atrás, a Odontologia não conseguia apresentar soluções efetivas para os pacientes quando o assunto envolvia um implante dentário. O melhor tratamento para o edentado total eram as dentaduras convencionais, para o edentado parcial eram oferecidas próteses parciais removíveis, pontes fixas ou próteses adesivas. Procedimentos mais seguros, mais rápidos e menos invasivos, resultados mais previsíveis e altamente estéticos são algumas das principais e mais recentes mudanças pelas quais tem passado a Implantodontia, possibilitadas por avanços em protocolos, técnicas

e biomateriais. A evolução científica consolidou a Implantodontia como a mais eficaz, segura e preventiva alternativa para reabilitar um paciente que sofreu qualquer tipo de perda dental. O Brasil é um dos poucos países que reconhece a Implantodontia como uma especialidade odontológica. Segundo dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO), contamos com mais de quatro mil profissionais especializados, atuando em todas as regiões do País, formados por 53 cursos de especialização credenciados junto ao CFO. Os números apontam o lugar de destaque que o implantodontista brasileiro ocupa em relação aos

O sol é o amigo do verão, mas pode se tornar o inimigo da saúde Sol e praia. A combinação parece perfeita, mas há nela um fator de risco para a saúde que precisa ser lembrado. O sol é a principal causa de uma doença que, se ignorada, pode levar à morte: o câncer de pele. E este é o câncer de maior incidência no Brasil. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que, em 2008, ocorreram 120.970 casos novos no país. Como sempre, na medicina, a prevenção continua a ser o melhor remédio. E, se para prevenir é preciso antes compreender, segue uma breve e simples síntese a respeito. Existem, como lembra o médico oncologista Amândio Soares Fernandes Júnior, três tipos principais de câncer de pele: o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular, e o melanoma. Embora menos frequente, o melanoma é o mais agressivo. Apresenta uma tendência a se espalhar pelo corpo, afetando assim outros órgãos. É fundamental que se conheçam os fatores que predispõem o organismo ao desenvolvimento desta patologia, para que ela possa ser evitada. É consenso que os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele são a exposição excessiva ao sol e a cor da pele - o que explica sua grande incidência nas áreas do corpo que ficam em constante contato com o sol e em pessoas de pele clara, que se queimam com facilidade. Cerca de 90% dos cânceres de pele ocorrem na face, pescoço, mãos e braços. Embora o câncer de pele seja mais comum em adultos, aproximadamente 75% da radiação solar (raios ultravioleta) recebidas durante a vida ocorrem nos primeiros 20 anos. Os estudos científicos mostram que a exposição excessiva ao sol, durante a infância e a adolescência, aumenta em muito o risco de contração da doença e as consequências dessa exposição, frequente e prolongada, só se manifestam com o passar do tempo, com o surgimento de manchas na pele e do câncer, na maioria das vezes, após os 40 anos de idade. Os danos à pele causados pelo sol ocorrem a cada exposição, tendo efeitos maléficos acumulativos. Os raios solares são mais intensos durante o período das 10h às 15h (das 11h às 16h no verão). Período, portanto, em que a exposição solar é contra-indicada. Felizmente, a grande maioria dos casos de câncer de pele com diagnóstico precoce e tratamento imediato pode ser curada. O índice de sucesso chega a alcançar 98% desses casos. Porém, 25% dos casos não detectados precocemente são fatais. O tratamento é, na maioria das vezes, cirúrgico ou radioterapêutico - destruindo as lesões. A escolha dependerá do tipo de câncer e do estágio do diagnóstico. Quanto antes a lesão for retirada, maior a chance de se curar a doença e de se combater a disseminação de células cancerosas para outros órgãos (metástases), muito rara nos casos de carcinoma basocelular, mas muito frequente nos casos de melanoma não tratados. Quando há metástase, o melanoma é incurável na maioria dos casos. A estratégia de tratamento para a doença avançada passa a ter, então, como objetivo, aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

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Relembrando (1)

stava vasculhando minha biblioteca e dei de cara com uma obra prima que recebi autografada do autor. Dr. Eugênio de Carvalho Junior, “misto de médico, poeta e educador”, data, 1967, título, EDUCAÇÃO ALIMENTAR. Procurarei divulgá-la paulatinamente em minhas futuras DICAS. Como escrevi há pouco sobre a anemia, vou reproduzir em suas quadras singelas Dr. Varo Duarte a grandeza de seus Médico nutrólogo e endocrinologista ensinamentos.

Dicas de

NUTRIÇÃO

Se você está anêmico, Faça um exame de fezes: profissionais de outros países, pois no mundo todo, a maior parte dos implantes é feita por clínicos gerais, formados nos mais variados tipos de curso.

Um mercado em expansão

Nos últimos anos, a Implantodontia também ampliou seu espectro de indicação, com tratamentos conduzidos de forma mais ágil e simples, e, consequentemente, levando mais pacientes aos consultórios. “A literatura odontológica já registra a aceitação destes avanços por parte do maior beneficiado: o próprio paciente, demonstrando um alto nível de satisfação com a melhora do desempenho mastigatório e estético”, diz o coordenador do Curso de Implantodontia. Diversos estudiosos defendem que um dos critérios principais utilizados para se identificar um idoso saudável é pela manutenção de sua dentição natural, o que lhe traz muitos benefícios biológicos e sociais. No Brasil, à semelhança de diversos países no mundo, a população está envelhecendo rapidamente. A população idosa é hoje o segmento populacional que mais cresce em termos proporcionais.

Mas procure comer fígado, E você, em pouco tempo,

Sentindo o corpo cansado, Deve estar parasitado. Gema de ovo e feijão Entra em recuperação.

Também já escrevemos sobre a osteoporose, aqui vão seus ensinamentos: O leite é bom alimento Em toda fase da vida: Da infância tão turbulenta à velhice enfraquecida. Contém proteínas nobres E é rico em sais minerais; Quem usá-lo diariamente, Por certo há de viver mais. Lembra também a validade da alimentação, em vez dos remédios: Mas não pense que remédios Resolvem sempre a questão: Não há nada que supere A boa alimentação. Para utilizar melhor Um pedacinho de carne Juntando um pouco de leite Fica o milho mais gostoso,

As proteínas que tem, Associado, faz bem. Às suas preparações, Mais fortes as refeições.

Eu não sei se você sabe: A rapadura e o melado São muito mais nutritivos, Que o açúcar refinado. Contém cálcio, contém ferro, Que o refinado não tem; A beleza, muitas vezes, Não é o que mais convém. E assim passaremos a enriquecer nossas DICAS com as quadrinhas do prof. Eugênio Carvalho Júnior.

Ofereça o Solidário para os enfermos da Santa Casa. Patrocine 500 exemplares por R$ 250,00.


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SPAÇO LIVRE

Quando a fé é uma

JOVEMez

obra de arte

tem v

Timothi Verdon Professor de Arte Sacra na Faculdade Teológica de Florença, Itália

“Minha família é parte de mim, assim como eu sou parte dela”.

S

A Sara na companhia de amigas

ara Treméa Bof, 17 anos, estudante de Psicologia na Universidade de Caxias do Sul, fala de si e de seus projetos ao Solidário – O Jornal da Família.

*Fala um pouco de ti.

Tenho uma ligação muito forte com minha família e gosto muito de estar e conversar com os amigos. Em agosto, fui fazer intercâmbio nos EUA. Tive dificuldades e senti falta de quem ficou aqui, mas a experiência valeu.

*O que pensas fazer no futuro? Não penso muito em futuro distante. Em um futuro próximo, pretendo continuar a faculdade, trabalhar e viajar sempre que possível.

*Fala de tua família.

Minha família é parte de mim, assim como eu sou parte dela. Estamos em primeiro lugar um para o outro e nossas decisões são sempre visando ao bemestar de todos. Assim como eu influencio as escolhas deles, preciso da aprovação de meus pais e minha irmã para fazer as minhas.

*Sobre os amigos.

Meus amigos fazem meus dias valerem a pena. Com eles, nada é tão ruim que não tenha solução e o que é bom fica melhor ainda.

*O que consideras positivo em tua vida?

Tenho o amor e o apoio da minha família, o que já seria por si só a coisa mais positiva que poderia ter. Para completar, tenho amigos do meu lado e oportunidades de uma vida saudável e feliz.

*Um livro que te marcou.

Depois daquela viagem – Valéria Polizzi

*Um filme que inesquecível. Lado a lado

*Uma música.

Cruisin’ – Gwyneth Paltrow e Huew Lewis

*Um medo.

Perder a companhia das pessoas que amo.

*Um defeito do qual gostarias de te livrar? Indecisão.

*Qual o maior problema dos jovens, hoje?

Atualmente, os jovens possuem muitas

fontes de informações, afastando-se cada vez mais da família, que deveria ser a principal influência. É necessário que os pais se reaproximem dos filhos e promovam o diálogo, compartilhando valores e criando elos com eles.

Qual o maior problema no Brasil de hoje?

O descomprometimento dos governantes com o povo. Falta interesse e investimentos na educação, saúde e bem-estar da população.

*O que pensas da política?

A política no Brasil não é séria. Fica difícil interessar-se por algo que não é verdadeiro. Os jovens, assim como eu, são imediatistas, e por não sentirem concretamente as consequências do que está acontecendo no Brasil, acabam por alienar-se da política.

*O que pensas sobre a felicidade?

É ilusão acreditar que podemos ser felizes 100% do tempo. O importante é saber que dificuldades existem para todos e não significam a ausência da felicidade, a qual para mim está em momentos simples do dia-a-dia.

*Já fizeste algum trabalho voluntário?

Já estive no Lar da Velhice (Caxias do Sul) por uma tarde, mas nunca fiz trabalho voluntário.

*O que pensas de Deus?

A história do mundo é a maior prova de existência Dele. Para mim, Ele representa as coisas que dão certo, as tristezas que curam e o propósito de tudo que acontece.

arte sacra é útil ao sacerdote, quer na sua vida de homem e cristão, quer no seu ministério presbiteral. Com efeito, na exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis de 2007, sobre os dois contextos de uso, Bento XVI indicou a beleza artística como a “modalidade com que a verdade do amor de Deus em Cristo nos alcança” (n°35) e realçou a “ligação profunda entre a beleza e a liturgia”. A propósito dessa ligação, o Papa diz: “é indispensável que na formação dos seminaristas e dos sacerdotes, se inclua entre as disciplinas importantes a História da Arte com especial referência aos edifícios de culto à luz das normas litúrgicas” (n°41). Estas palavras fazem parte da milenar tradição católica, que sempre promoveu, explicou e defendeu, quando foi preciso, a função da arte no crescimento espiritual dos fiéis e na missão pastoral da Igreja. O Papa Paulo VI sugeriu a estreita afinidade entre o trabalho do sacerdote e o do artista: “Nós honramos grandemente o artista”, disse numa audiência de 7 de maio de 1964, “porque ele realiza um ministério paralelo ao do sacerdote. O nosso ministério é o dos ministérios de Deus, o seu é o da colaboração humana que tornam presentes e acessíveis esse mistério”. A Carta aos Artistas de João Paulo II de 1999, o mesmo tema é confirmado com a afirmação de que “para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte. De fato, deve tornara perceptível e até o mais fascinante possível o mundo do espírito, do invisível, de Deus” (n°12). O sacerdote, cuja espiritualidade pessoal e profissional está ligada aos sinais sacramentais que ele administra, colhe facilmente o nexo entre a arte visual e fé cristã. Sabe que em Jesus Cristo o Verbo de Deus se fez visível, tornando-se “O artista rea- ele mesmo “imagem do Deus invisível” (Cl, liza um minis- 1,15) e, por conseguinte, entende que o papel tério paralelo ao das imagens humanas na vida dos cristãos, de modo, é análogo ao do Verbo encardo sacerdote” . qualquer nado na história. (João Paulo II) Disto resulta que o sacerdote deve procurar os artistas, conhecê-los e aprender com eles. À sua maneira, são sempre homens e mulheres “de fé” – inclusive quando se proclamam não crentes – porque “fazem” coisas. A fé criativa gera obras, e “se ela não tiver obras, é morta em si mesma” (Tg 2,17) como uma idéia genial que o artista não traduz num quadro ou numa estátua. Depois a fé é um terreno familiar aos artistas, os quais todos os dias devem enfrentar a fadiga de traduzir intuições e idéias, impressões e observações, concretizando-as em “obras”. Bem sabem que o único modo de se aperfeiçoar é esforçar-se, lançar-se, arriscando a falência, o desperdício de tempo, de material, de energia; arriscando até o ridículo. Melhor do que os outros compreendem como Abraão que “a fé cooperou com as suas obras” e “pelas obras, a sua fé se tornou perfeita” ( Tg2, 21-22). Não existe artista que não se identifique com o Criador que arriscou tudo a ponto de tornar a própria “vida ...visível” aos homens ( cf. I Jo I, I-2). Dos artistas o sacerdote pode aprender que a fé em si é arte. Em primeiro lugar, é dom certamente, mas um dom que, como o talento humano, quem o receber deve desenvolver. O sacerdote deve saber todas estas coisas quando reza, quando celebra missa e reconcilia os pecadores com Deus. E pode aprendê-las, se Deus quiser, também da arte e dos artistas.

*Envia uma mensagem aos jovens.

Desejo paciência e cautela. Como uma jovem, busco isso para mim também, pois acho importante lembrarmos que por mais que o agora pareça tão comprido, tem muito mais ainda por vir. A vida não é só hoje, foi ontem e será amanhã também.

João Carlos Nedel - 07/02 Rodolfo Pfitscher - 09/02 Martha G. A. D’Azevedo - 10/02 Odete Gonçalves - 13/02 Paulo R. K. Souza - 14/02


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GREJA &

COMUNIDADE

O amor ao próximo é o objetivo máximo de sua catequese? CATEQUESE ria Marina T. Zamberlan Professora e catequista

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novo mandamento: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Por este amor que tiverdes uns aos outros todos reconhecerão que sois meus discípulos” e “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. A partir de Jesus, ficamos todos cientes de que quem ama o próximo, ama a Deus, já que Ele se identifica com o próximo, principalmente com os desamparados e os mais pobres. Inútil seria cansar você com o que já sabe: Este mandamento único é o do amor ao irmão, amor que consiste em ser como Deus, que “é amor” (1 João 4,8) - na medida em que isso é possível ao homem . Este mandamento de Jesus não menciona Deus. Embora o amor venha de Deus, Jesus não menciona um amor que volte diretamente a Deus como resposta. A pessoa que segue Jesus demonstra este amor a Deus ao dar a vida pelos irmãos, como Jesus. A ética cristã somente será realista em sua relação com Deus invisível, se é criadora de amor para com o irmão visível. Se ameniza a dor dos que sofrem, e a elimina, quando possível. Graças ao amor infinito que une Deus a nossos irmãos, Ele se sente afetado por tudo o que fazemos ao próximo. Tem sentido, então, alguma catequese que não vise, em tudo o que propõe, este mandamento? Amar é uma aprendizagem. Aprende-se a amar quando se é amado, quando se observam exemplos de amor, quando, quem nos ensina, toma iniciativas concretas para levar-nos a entender e praticar o amor.

Solidá

lhe ao seu redor. Observe sua rede familiar, sua empresa, sua comunidade civil e eclesial. Observe o mundo. Certamente você verá o mesmo que eu: A cada dia aumentam as novidades na área técnica e científica e, a cada dia, diminuem as relações fraternas, respeitosas, éticas e amorosas entre as pessoas. O progresso técnico e as relações humanas andam descompassadas. Dizia Martin Luther King: “Aprendemos a voar como os pássaros e a nadar como os peixes, mas não aprendemos a arte de viver como irmãos”. Tenhamos em mente o mandamento de Jesus: “Isto vos mando: Amai-vos uns aos outros” (Jo 15,17). E memorizemos Paulo, em sua carta aos Romanos (13, 8 e 10): “... quem ama o outro cumpriu a Lei. ... a caridade é a plenitude da Lei”. Não há a possibilidade de viver o amor fora das relações. O amor se vive na relação consigo mesmo, com Deus, com o próximo e com a natureza. Dia após dia. Noite e dia.

Rituais, liturgias, doutrinas, mandamentos, leis ... têm sentido se realmente ajudam a amar mais o próximo.

Observe que o evangelista João (13,34-35;15,12) diz que Jesus propõe o “seu” mandamento, acrescentando que é “novo” e quem o cumprir será reconhecido como seu verdadeiro discípulo: “Dou-vos um

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Solidário

LITÚRGICO 7 de fevereiro – 5o Domingo do Tempo Comum (

verde)

1a leitura: Livro do Profeta Isaias (Is) 6,1-2a.3-8 Responsório: Sl 137 (138), 1-2a.2bc.-3.4-5.7c-8 (R/.1c.2a.) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 15,3-8.11 Evangelho: Lucas (Lc) 5,1-11 NB.: Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos é fundamental que se leia, antes, o respectivo texto bíblico. Comentário: É uma constatação estatística: a Igreja católico-romana está perdendo fiéis em quase todo o mundo. Especialmente na Europa, nas Américas e, particularmente, no Brasil. Em nosso país, nos últimos 20 anos, a diminuição dos que se dizem católicos ficou na ordem de 25%. A migração se dá para outras igrejas cristãs, especialmente para as de corte fundamentalista, para movimentos ou religiosidades de linha oriental ou, ainda, para uma postura atéia, de não-crença em nenhuma religião. Qual a causa desta migração ou deserção? Há várias causas, sem dúvida, entre elas a vontade de “experimentar algo novo, algo diferente”, a decepção com pessoas que “representam” a Igreja, bispos, padres, religiosos/as, a acomodação numa religiosidade individualista ou de consumo midiático (“tenho meus santos, assisto missa pela TV, escuto pelo rádio”). A causa mais profunda, possivelmente, seja a de que muitas pessoas não sentem, na Igreja e nos seus membros, a presença viva e atuante do Espírito do Senhor Jesus. No Evangelho de Lucas deste domingo, encontramos Jesus entrando numa barca para poder falar a mais gente, a toda gente. E a Igreja tem dificuldades, na linguagem e no conteúdo, para dizer uma palavra e ser uma presença com sentido para toda a gente, para a humanidade. E parece ter medo de buscar águas mais profundas e lançar as redes (5,4). A vocação da Igreja, como corpo apostólico – e todos os “O texto de Lucas batizados fazemos parte deste corpo - , é a de sempre deste domingo de- estar na vanguarda de tudo o que afeta a humanidade veria ser meditado inteira e cada pessoa, em particular. Nada do que é na visão do texto humano lhe pode ser estranho. A Igreja será tanto mais de Mateus”. divina, quanto mais estiver identificada com as alegrias e as tristezas de toda a gente. As águas mais profundas estão sempre menos nos templos, espaço e lugar dos iniciados e batizados e sempre mais no vasto mundo universo, todo ele lugar de evangelização, esperando a Boa-Nova da salvação.

14 de fevereiro – 6o Domingo do Tempo Comum (

verde)

1a leitura: Livro do Profeta Jeremias (Jr) 17,5-8 Responsório: Sl 1,1-2.3.4 e 6 (R/. Sl 39, 5a) 2a leitura: 1a Carta de S. Paulo aos Coríntios (1Cor) 15,12.16-20 Evangelho: Lucas (Lc) 6,17.20-26 Comentário: O chamado “Sermão do Monte” ou o “Sermão das Bemaventuranças” é uma espécie de Carta Magna do projeto de Jesus, um roteiro referencial para todo cristão que quer, em espírito e verdade, ser discípulo missionário do seu Evangelho, da sua Boa-Nova. Poderíamos dizer que as bem-aventuranças são um programa de vida para o cristão e que, no dia do julgamento final, servirá como referencial para avaliar a honestidade e a coerência do compromisso batismal de cada cristão de cada cristã ao longo de toda a sua vida. Assim, o texto de Lucas deste domingo (6,20-26) deveria ser lido, meditado e vivido na visão do texto de Mateus (25,31-46), que começa dizendo: Vinde, bem-ditos de meu Pai. E logo fala das pessoas com as quais Jesus se identifica: os que têm fome, sede, estão nus, doentes, presos, são migrantes. E poderíamos multiplicar por tantos outros empobrecidos, marginalizados da sociedade, “sobrantes” do sistema que exclui os que não produzem e não consomem. Os dois textos são paralelos na estrutura e complementares como referenciais: um, como referencial para a vida, outro, como referencial para o justo julgamento de cada história pessoal, de cada vida. Viver a prática do batismo, no espírito das bem-aventuranças, é a garantia de estar entre aqueles que o Senhor “naquele dia” convoca para a felicidade definitiva na Casa do Pai: vinde, bem-ditos, bem-aventurados... A correspondência dos dois textos aparece, igualmente, na sua complementação. No texto de Lucas, os “ais” dirigidos aos ricos, aos que têm fartura de tudo, aos que riem, aos que são elogiados (cf 6, 24-26) encontram sua correspondência em Mateus, que coloca na boca de Jesus a palavra dirigida a todos os que não o acolherem nos empobrecidos e marginalizados, com os quais ele se identifica: afastai-vos de mim! Em dias da alienação carnavalesca, o Senhor nos convida a parar e examinar a coerência de nosso ser-cristão a partir destes dois textos referenciais. Para que possamos servir a Deus e aos irmãos, e não ao dinheiro (cf lema da CF/2010). attiliohartmann@hotmail.com


1o a 15 de fevereiro de 2010

I

Zilda Arns, A Grande Nilton Kasctin dos Santos Promotor de Justiça de Catuípe

H

C

GREJA &

á tempo estou convicto que Zilda foi a maior líder humanitária da história. Mandela, Luther King, Gandhi e madre Teresa foram grandes e brilhantes porque pregaram e praticaram o amor ao próximo; mas apenas Zilda, com a Pastoral da Criança, conseguiu criar uma gigantesca e bem organizada rede que realmente fez a diferença na proteção da infância. Todos os projetos tendem a diminuir de intensidade ou cessar quando morrem seus idealizadores; mas a pastoral continuará crescendo e existirá enquanto existirem problemas com a infância, pois só Zilda Arns, dentre todos os grandes líderes, conseguiu formar cerca de 300 mil novos líderes para a nobre causa, o que garante a expansão do projeto mesmo após sua morte. Observando a trajetória de vida dessa fantástica mulher, detectam-se logo várias características pessoais marcantes que a tornam diferente da maioria dos outros líderes. Eis algumas: a) ela pertencia à Igreja Católica, que sabiamente lhe deu espaço e todo o apoio para trabalhar, mas nunca foi religiosa sectária. Uma grande líder é mesmo assim, sua missão ultrapassa as fronteiras dos dogmas, credos, classes sociais, filosofias e raças; b) sabia servir exatamente da maneira como Cristo ensinou, humilde, simples, discreta e obedecendo com rigor aos dois principais mandamentos sagrados: amar a Deus e ao próximo; c) nunca lamentou a falta de dinheiro e o absoluto desinteresse político em relação à causa da infância – sempre otimista, ensinou nesses 27 anos de Pastoral que o esforço pela multiplicação do saber e da solidariedade gera mais fraternidade, amor e voluntariado. O projeto que iniciou na década de 1980 em Florestópolis, Paraná, e se estendeu reduzindo a mortalidade infantil pelo mundo afora, contou apenas com esses ingredientes. Um “bom” político não faria 10 por cento do que fez Zilda, mas teria gasto vários milhões de dólares por mês em cargos, prédios, carros, aviões, barcos (para a região amazônica) diárias, mídia, terceirização e propinas. Mas ela, para salvar a vida de um milhão e quinhentas mil crianças, não precisou de dinheiro, nem para si nem para a Pastoral. Que mulher divina e sábia! Enquanto juristas modernos e arrogantes, ONGs, políticos aproveitadores e organizações espalhafatosas usam a mídia para pregar a liberação de das drogas e o ócio absoluto das crianças e adolescentes, ela segue de casa em casa, ensinando as famílias que as crianças devem estudar e trabalhar desde cedo em pequenas tarefas domésticas para que se sintam úteis, aprendam os ofícios dos pais e tenham disciplina. Enquanto realizam eventos dispendiosos, tentam fazer leis em defesa do aborto, Zilda segue silenciosa com o seleto grupo da Pastoral, entregando para as grávidas a famosa cartinha escrita pelo feto à futura mamãe. Segue pregando que os adolescentes devem viver repletos de ocupações lícitas como forma de prevenção à gravidez precoce. Enquanto protegidos pelo Governo fazem novelas que banalizam a violência e o sexo com o objetivo de destruir a família, Zilda continua sorridente e amorosa a ensinar os pais a ouvirem as crianças, mesmo aquelas que ainda não sabem falar, para que se desenvolvam desde cedo laços afetivos que tornarão sólida a família. Enquanto a perversa indústria moderna da alimentação infantil bombardeia os lares com propaganda de comida venenosa (com corantes, acidulantes, conservantes, estabilizantes e outro ‘antes’), Zilda implantou uma imbatível rede de aleitamento materno acompanhada de consistente educação alimentar, criando inclusive, a maravilhosa idéia da multimistura regionalizada. Nossa líder de todos os tempos partiu, mas com ela não partiram seus sonhos e projetos. A Pastoral da Criança continua grande como Zilda Arns. (Transcrição de artigo publicado em O Sul, edição de 24.01.2010)

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OMUNIDADE

Casal realizará Missão na África em 2010 Qual é o sentido da vida? Como será a Missão? O que é ser missionário? Qual é nossa missão? Esses são questionamentos que nos fizemos frequentemente. Fomos convidados a participar de um projeto que para uns parece loucura, para outros, uma oportunidade de ajudar pessoas que talvez precisem mais do que nós”. São perguntas que se fez o casal Edenilson e Camila. Edenilson, mais conhecido como Edê, é morador de Santo Antônio da Patrulha e funcionário da prefeitura municipal local e frequentador da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem. Camila é catequista de crisma na mesma Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem e diretora, em Osório, da Escola Municipal de Educação Infantil Laranjinha. Camila e Edê se conheceram há onze anos durante um retiro de grupo de jovens vicentinos. NOTA DA REDAÇÃO: Em nossa edição anterior deixamos de atribuir crédito às fotos do Carmelo de São Leopoldo, publicadas na contracapa. A autoria é de Nilson Winter.

Edê e Camila

Casaram em janeiro último e aceitaram o convite para a missão na África durante os encontros da Escola Missionária da Diocese. Vão trabalhar em Moma, próximo à Nampula, província de Moçambique. “Vamos ou não? E a casa? E nossas famílias? E nossos planos? Terá sido um chamado de Deus? Naqueles primeiros dias, conversamos muito e resolvemos enfrentar o desafio de servir”, adianta o jovem

casal que partirá em fevereiro, junto com Padre Maurício Jardim, também missionário em Moçambique, e que está de férias no Brasil. “Nos afastaremos fisicamente de nossas famílias, amigos, trabalhos e casa. Sentiremos saudades, rezaremos, conheceremos novas culturas, novas pessoas, nos colocaremos a serviço de nossos irmãos tão distantes”, assegura o casal (Fonte: Informativo Diocesano número 13) .

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Chegou

LIVRO DA FAMÍLIA 2010 Livraria Padre Reus está oferecendo a edição do Livro da Família/2010. Adquira seu exemplar ou faça seu pedido no endereço abaixo, que teremos a maior alegria em atendê-lo. Também o Familienkalendar/2010 está disponível. Lembrando: a Livraria Padre Reus é representante das Edições Loyola para o sul do Brasil.

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Porto Alegre, 1o a 15 de fevereiro de 2010

Pela primeira vez na história dos mutirões brasileiros de comunicação, um Regional da Conferência dos Bispos do Brasil assume e dá suporte para a realização de um mutirão de comunicação social quando este, em sua sexta edição nacional, também abrange toda a América Latina e o Caribe. Os cinco mutirões anteriores tiveram o apoio da diocese em que era promovido. “Para o Regional Sul 3 da CNBB acolher o Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe é uma missão de extrema responsabilidade.Temos consciência disso, sobretudo por compreender o significado da promoção desse espaço de reflexão, diálogo e apontamentos sobre os atuais processos de comunicação em prol de uma cultura solidária. Comprometerse com a realização desse evento, que não se encerra em si mesmo, significa para o Regional a possibilidade de uma efetiva Pastoral da Comunicação em cada uma das 18 Dioceses do estado do RS e a possibilidade de articulação das Dioceses com suas mídias e das diferentes mídias das Congregações, buscando espaços nas mídias comerciais e/ou comunitárias. Tudo isso para que as diferentes mídias sejam uma verdadeira pastoral, ou seja, um serviço de evangelização do povo”, assegura Pe. Tarcísio Rech, secretário do Regional Sul 3. CRUZ ALTA D. Friedrich Heimler 34 mun. 35 paróquias

FREDERICO WESTPHALEN D. Antônio C. R. Keller 56 mun, 37 paróquias

EREXIM D. Girônimo Zanandréa 31 mun. 30 paróquias PASSO FUNDO D. Ercílio Simon 47 mun. 54 paróquias

SANTO ÂNGELO D. José Clemente Weber 47 mun. 40 paróquias

VACARIA D. Frei Irineu Gassen 25 mun. – 28 paróquias SANTA MARIA D. Hélio Adelar Rubert 23 mun. 36 paróquias

CAXIAS DO SUL D. Paulo Moreto 26 municípios 70 paróquias, NOVO HAMBURGO D. Zeno Hastenteufel 23 mun. 45 paróquias OSÓRIO D. Jaime Kohl 21 mun. 23 paróquias PORTO ALEGRE D. Dadeus Grings, Vicariato de Porto Alegre D. Remídio Bohn – 83 paróquias Vicariato de Canoas Con. Bonifácio Schmidt 4 mun. 24 paróquias Vicariato de Gravataí D. Alessandro Rufinoni 5 mun. 28 paróquias Vicariato de Guaíba D.Jacinto Flach 19 mun. 21 paróquias

URUGUAIANA D. Frei Aloísio Alberto Dilli 13 mun. 16 paróquias

BAGÉ D. Gílio Felício 16 paróquias

CACHOEIRA DO SUL D. Frei Irineu Wilges 14 mun. 15 paróquias

PELOTAS Dom Jacinto Bergmann 13 mun. 27 paróquias

“Assine Solidário - O Jornal da Família, quinzenal. Assinatura anual: R$ 37,80. E-mail: solidario@portoweb.com.br ou telefone para (51) 3221.5041.”

RIO GRANDE D. José Mário Stroher 16 paróquias

S. CRUZ DO SUL D. Aloísio Sinésio Bohn 47mun. 51 paróquias

MONTENEGRO D. Paulo A. de Conto 32 municípios 29 paróquias


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