Todo solidario 638

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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Ano XVIII - Edição N o 638 - R$ 2,00

Porto Alegre, julho de 2013 - 2a quinzena

Mag+s: jeito inaciano de esperar a JMJ Imagens: Flickr

Maconha emburrece Afirmou em recente programa de TV o médico Sérgio de Paula Ramos, uma das maiores autoridades em dependência química do Brasil. Para ele, o consumo de drogas começa no primeiro gole e não na primeira tragada, e revelou que o adolescente está começando a beber aos 12 anos e de forma pública. Nos Estados Unidos e Europa, não se vê adolescente bebendo em lugares públicos. Para Ramos, a liberação da droga aumentará o consumo e as consequências dela.

As vozes das ruas Articulistas do Solidário, Juracy Marques e Deonira La Rosa, doutora e mestra em Psicologia, respectivamente, abordam os recados de insatisfação que as vozes da ruas estão dando à classe política a partir dos protestos contra o aumento das passagens dos ônibus, contra a corrupção e o excesso de gastos públicos com a construção de grandes e luxuosos estádios Páginas 3 e 5 Dois mil jovens, entre 18 e 30 anos, procedentes de 60 países, estão no Brasil, desde 12 de julho, para participar do Mag+s, um evento preparatório da Jornada Mundial da Juventude – JMJ. Mag+s ou Magis é uma experiência de fé e espiritualidade inaciana de jovens, com jovens, para jovens. Jovens que querem algo mais, um avanço em relação àquilo que já foi feito ou vivido. Que querem o melhor, o maior, o mais, o magis, palavra latina muito empregada por Santo Inácio de Loyola, fundador da ordem da Companhia de Jesus. Páginas centrais

Alfândega pastoral, não! “Pensai numa mãe solteira que vai à Igreja, à paróquia, e diz ao secretário: – Quero batizar o meu menino. E quem a acolhe, diz-lhe: – Não, tu não podes, porque não estás casada. Vejam esta mãe que teve a coragem de continuar com uma gravidez, o que é que encontra? Uma porta fechada! Isto não é zelo! Isto afasta

as pessoas do Senhor! Não abre as portas! Quando nós seguimos este caminho e esta atitude, não estamos fazendo o bem às pessoas, ao Povo de Deus. Jesus instituiu sete sacramentos e nós com esta atitude instituímos o oitavo: o sacramento da alfândega pastoral. Quem se aproxima da Igreja deve encontrar portas abertas e não fiscais da fé!" - Papa Francisco.

Diante da morte, os acúmulos materiais são inúteis, pois o que fica são as virtudes semeadas pelos caminhos por onde andamos. São as virtudes que criam laços.

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RTIGOS

Voz do Pastor Dom Dadeus Grings

Editorial

Arcebispo Metropolitano de P. Alegre

Jovem quer ser sujeito na sociedade em que vive

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AGIS, uma experiência de fé e espiritualidade inaciana de jovens, com jovens, para jovens, assim poderia ser resumida e definida a sigla MAGIS (mais), referência condutora dos que participam desta experiência. Patrocinados pela Companhia de Jesus (Jesuítas) universal, cerca de dois mil jovens, entre 18 e 30 anos, de 60 países, estarão no Brasil a partir de 12 de julho e, logo, participarão da Jornada Mundial da Juventude/JMJ (23 a 28 de julho), no Rio de Janeiro, com a presença do jesuíta Papa Francisco (páginas centrais do Solidário). Um dos receios que cerca o grande evento do Rio é que ele se transforme numa festa a mais do calendário religioso católico, um tempo para aplaudir o Papa e os bispos, dias de muita emoção e vibração juvenil, uma expressão multitudinária da chamada “igreja do espetáculo”. Obviamente, não é essa a intenção dos organizadores e, conhecendo o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, cabeça visível dos responsáveis pela realização da JMJ, podemos afirmar que podem frustrar-se os que forem ao Rio como se fossem a uma grande festa. A simpatia e o bom-humor do Papa Francisco poderiam induzir e reforçar a sensação de que a Jornada Mundial da Juventude será, repetimos, apenas uma alegre celebração mundial juvenil. A JMJ terá tudo isso: alegria, celebrações festivas, interação jovem, canções e até roda de samba. Mas não poderá ser apenas isso. O jovem da hipermodernidade, das redes sociais e da virtualidade das relações, quer mais. Ele busca o magis, aquele mais que dá sentido à sua vida, que o faça sonhar e colaborar na construção de um mundo melhor para todos, um mais, um plus que faça do espaço da fé um lugar de transformação do seu entorno e das suas relações. O jovem quer ser sujeito na sociedade em que vive e não apenas um consumidor egoísta e alienado, “olhando a banda passar” (Chico Buarque). A experiência do MAGIS inaciano e iniciativas similares de outras congregações e instituições devem ser como o “fermento na massa” para que a Jornada Mundial da Juventude seja um tempo de fé autêntica, transformadora, revolucionária que dê um novo alento de renovada esperança de uma igreja com sentido para a humanidade. Tal como o Senhor Jesus a sonhou... (attilio@livrariareus.com.br)

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

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Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

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Os três grandes desafios

mundo de hoje apresenta três desafios a exigirem empenho de todos: a paz, a pobreza e o meio ambiente. Se não se conseguir equacioná-los, a humanidade corre risco de extinção.

Em primeiro lugar, vem a promoção da paz. Infelizmente, desde os tempos do Império Romano, vem se repetindo: “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”. E como sempre se preparou guerra, também sempre ela foi promovida. Quando, no século XX, se descobriu e se fez explodir a bomba atômica, a situação tornou-se dramática. A humanidade, em meados do século passado, já tinha armazenado armamentos capazes de destruir 25 vezes toda a Terra. A energia atômica, que parecia a grande solução para o problema energético, virou pesadelo tanto bélico quanto no uso pacífico. À primeira vista, se tratava de uma energia a custo baixo. Mas os riscos são fatais. Basta lembrar o Japão, que teve uma despesa de bilhões de dólares com seus reatores atômicos avariados. O desastre de Chernobil vitimou mais de um milhão de pessoas. Isso significa que a energia atômica não apresenta condições de segurança. Os países adiantados já se estão pronunciando contrários ao seu “uso pacífico”. O risco é grande demais. O segundo desafio, o da pobreza, não é menos grave. Não é justo que pequena parcela da humanidade se locuplete enquanto grandes camadas sociais morrem à míngua. Ficamos contentes com o governo brasileiro, empenhado no combate à pobreza, indo ao encontro das famílias mais carentes. Junto com a alimentação deve vir a promoção humana. Cristo veio para que todos tenham vida em abundância. A primeira condição para uma vida plena é a autoestima. Não basta saciar a fome se não se proporcionam os demais valores da vida, principalmente o amor. Uma sociedade que se baseia na judicialização dos conflitos descamba para a barbárie. Onde se incentiva o ódio e

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

se acirram as tensões, só se pode colher frutos amargos de divisão, de violência, de corrupção. Necessitamos de uma conversão de modo a fazer prevalecer os sentimentos de amizade, de carinho e de solidariedade acima das reivindicações de Justiça e de direitos. Gostaríamos de que os brasileiros não se reconhecessem apenas como concidadãos por motivos geográficos, mas se acolhessem como irmãos e irmãs, construindo juntos uma civilização do amor. O terceiro desafio é o meio ambiente. Envolve as exigências da preservação da natureza. Mas de modo sábio. Assim como na Índia, com tanta miséria humana, se cultuam vacas sagradas, no Brasil se estabelecem árvores sagradas, tornadas intocáveis. Há tanto exagero ecológico que inevitavelmente leva à corrupção e ao menosprezo das normas públicas, com uma enorme antipatia por esse setor, tornado ideológico e desumano. Temos, de um lado, os predadores, que destroem nossas matas, poluem nosso ar, água e terra, abatem nossas aves e animais, e, de outro lado, os ecologistas fundamentalistas, que estabelecem exigências tão absurdas que inevitavelmente devem ser burladas para se poder progredir e realizar algo na vida. Talvez, na alta esfera do esforço ecológico, haja bom senso, mas na prática, que todos sentem na pele, só se criam tensões e dificuldades totalmente contrárias ao verdadeiro bem comum. Dá-se mais valor a um animal ou a uma árvore que à vida humana. Necessitamos de um enorme esforço para promover a paz no mundo, superar a pobreza extrema e equilibrar o uso da natureza num esforço por uma ecologia humana para garantir condições dignas para os seres humanos.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

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OCIEDADE

Rua x protestos: Garimpando opiniões Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família. Mestre em Psicologia

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Tanto se diz, e pouco se sabe...

muito bom opinar, ler e ouvir a todos. Melhor ainda é refletir sobre tudo o que está acontecendo e descobrir onde e em que cada um de nós, ou cada grupo do qual fazemos parte, é responsável pelo que está aí e quanto e como podemos contribuir para mudanças positivas. Como já afirmava Freud, a Psicologia Individual é, ao mesmo tempo e desde o começo, Psicologia Social. A realidade não é conformada por uma externalidade, senão que é construída permanentemente a partir de uma relação externalidade/internalidade, sendo o sujeito receptor e ator permanente desta dialética social.

Ao analisar os fatos presentes, o raciocínio linear simples - A é causa e B é efeito - já não cabe. A realidade social é complexa, as variáveis são muitas e intrincadas, as relações são circulares, aquilo que consideramos causa de um fato, ao mesmo tempo pode ser efeito, e vice-versa. Portanto, as questões complexas, melhor deixálas em aberto, possibilitando-nos sempre novas descobertas, novas análises, novas compreensões, novas e eficazes ações. Os donos da verdade são os que gostam da rapidez para fechar as questões complexas, de preferência com suas sentenças que consideram definitivas e corretas. Gostam de explicar, de anatematizar, de condenar.

http://www.educacao.cc/

ZH do dia 29 de junho, 2013

O que transcrevo a seguir encontro no Caderno de Cultura deste jornal. Os artigos merecem leitura em sua íntegra, mas para quem não teve a oportunidade de lê-los, ou já os esqueceu, espero que pequenos trechos possam provocar boa reflexão: Jorge Barcellos, doutor em Educação pela UFRGS: “Da mesma forma que não adianta ao Estado assumir uma postura autoritária, não adianta aos jovens negar as instituições políticas. Ao contrário, cabe aos jovens a tarefa de refazer as instituições que abandonam agora, devem debater o que deve ser feito pelo Estado... No fundo, no fundo, o movimento das ruas quer ser transpolítico numa sociedade política. E quer o desaparecimento da política, este é seu modo de apaixonar a juventude, mas o transpolítico tem tantos defeitos como o político. A crise do político é substituída pela anomalia do transpolítico, lugar de aberração sem consequências. ... Os pais esperam que os jovens sejam capazes de fazer alguma coisa da própria vida, de cuidar de si próprios, de ajudar aos outros e sejam capazes de criar condições para respeito mútuo, artigo em falta nos tempos que passam”. Marcos Rolim, jornalis-

ta, sociólogo e professor de Direito: “Os protestos das ruas são uma janela aberta para renovar a triste e sufocante política brasileira... O problema de fundo é que não há instituição no Brasil que ofereça aos jovens plataforma viável para seus sonhos. É certo que os movimentos precisam se livrar dos sem noção, que acreditam nas pedras e no fogo, e também dos agentes infiltrados, interessados em regimes de pedra e fogo. O caminho para isso passa

pela unificação dos protestos e por uma reforma política profunda. Afinal, é preciso passar o País a limpo e dar ao defunto sistema político seu merecido enterro”.


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PINIÃO

Acolhimento e evangelização

Beleza, Idade e Velhice

Dom Orani João Tempesta

Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista

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s f eias que me perdoem, mas beleza é fundamental...”, dizia o nosso grande poeta. Felizmente, para as supostas feias, o conceito de beleza é muito pessoal e variável e vem se modificando através de séculos. De qualquer maneira, é inegável que em nossa época assistimos à supervalorização de uma beleza, que é buscada através de todos os recursos possíveis. Vivemos numa época em que se quer atingir a juventude eterna, à qual, é claro, se associa a ideia de beleza. Mas, por mais esforços que se faça ou recursos que se utilize, apesar de todas as cirurgias plásticas, aplicações de botox e do consumo de um “monte” de pílulas, a velhice chegará! E então, como ficará a beleza? Temos observado, ao longo dos anos, que algumas pessoas parecem se tornar mais bonitas ao envelhecer, enquanto outras perdem a beleza que as caracterizava. Por que isto acontece? Não sei. Talvez especialistas no assunto poderiam ter explicações mais convincentes. Para mim, a beleza se relaciona com a vida interior da pessoa. Por exemplo, notamos em alguns velhos uma doçura no olhar que se traduz pela compreensão, pela aceitação do outro, enquanto algumas pessoas parecem envelhecer amarguradas, rabugentas, e derramam suas frustrações, suas mágoas sobre os outros, como se até culpados fossem eles de sua infelicidade. Todos esses sentimentos negativos vão se espelhar no rosto e, ao longo dos anos, vão traçando rugas expressões que marcam uma fisionomia. Às vezes, não sei se achamos um velho bonito apenas por sua fisionomia ou por sua alegria, seu sorriso e sua doçura que nos atraem. O olhar do Papa Francisco parece ter uma doçura que o tempo lhe conferiu e que certamente terá resultado de uma vida voltada para o outro, em que muito amor e compreensão sempre se fizeram presentes. Assim, talvez se possa dizer que, em nossas vidas, seja preferível cultivar a tolerância, a bondade e a compreensão a submetermo-nos a cirurgias dolorosas e a caros tratamentos de beleza, cuja eficácia é apenas temporária. Por outro lado, as expressões que suavizam nosso rosto, fruto de uma existência pautada pelo amor, talvez nos acompanhem até o fim de nossos dias. E, se como diz o ditado popular, “quem ama o feio bonito lhe parece”, então essas pessoas, com sua bondade e acolhimento, em se tornando realmente queridas nos seus grupos, vão parecer bonitas para aqueles que as rodeiam. (litamar@ig.com.br)

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Arcebispo do Rio de Janeiro

m dos sinais muito bonitos que a JMJ traz é o acolhimento. Tenho falado a todos que nós estaremos acolhendo irmãos e irmãs nossos para viverem uma vida de família durante uma semana aqui no Rio de Janeiro. Tenho também falado aos que estão chegando que podem vir para viver conosco, que aqui encontrarão irmãos e irmãs que querem conviver na mesma fé e com uma hospitalidade própria do povo brasileiro. Ter a honra de hospedar a Cristo através do irmão que chega é um grande privilégio. Também será uma bela experiência para nós na abertura para o outro. Será um importante sinal para o mundo: em tempos de xenofobia, fechamentos, desconfianças, medo do outro – um belo sinal de acolhimento ajudará esse mundo a pensar diferente. Para isso, estes aspectos precisam ser bem difundidos. A alegria de acolhermos irmãos e irmãs cristãos de outras denominações, membros de outras religiões e proporcionarmos também um encontro entre as religiões monoteístas – judeus, muçulmanos e cristãos – deve contagiar a todos os que desses eventos tomarem conhecimento. Temos certeza de que esses sinais não ficarão sem resposta. Porém, é claro, sabemos que isso vai depender muito do coração de cada um que toma conhecimento do assunto, e de que como abre seu coração. Nesse sentido, pedimos a Deus para que esses sinais sejam aceitos pelos corações das pessoas e esse mundo lucre com o evento da JMJ. Para isso, pedimos orações de todos. A hospitalidade é um gesto de caridade cristã (Rm 12, 13; 1 Tm 3, 2; Tt 1, 8; 1 Pd 4, 9; 3 Jo 5-8). O Ministério da Acolhida encontra seu fundamento em Mt 25, 35ss e Rm 12, 13, quando se convida a hospedar nossos irmãos e irmãs em nossas próprias vidas. São muito ilustrativos certos encontros de comunidades, onde os pobres hospedam os participantes vindos de lugares distantes. As pessoas são hospedadas em casas de famílias das comunidades, mas estamos vendo que por todos os lados dessa grande cidade as casas foram abertas para acolher o "outro" irmão que vem de longe. As escolas, salões, quadras também serão espaços de acolhida e as paróquias darão o testemunho de ser a família grande que acolhe os irmãos na fé. São Francisco de Assis recomenda com muita insistência a hospitalidade, afirmando que ela é uma "graça do Senhor". Também os que estiverem passando pelas ruas ou utilizando algum meio de transporte público poderão exercer o acolhimento com um belo cumprimento e com orientação para as pessoas que estarão com a camiseta da JMJ e levando suas

mochilas às costas. Eles ficarão marcados também pelo gesto carioca-fluminense-brasileiro! O salmo 23 (22) tem essa característica e exprime a experiência pessoal de segurança e acolhimento na relação com Deus. A imagem do Pastor solícito pelo sustento e pela proteção do rebanho e a do anfitrião generoso no acolhimento do hóspede encontram sua explicação no relacionamento de Deus com os seres humanos, e tem sua realização na liturgia, que celebra a solicitude do Bom Pastor para com os fiéis e a participação do Banquete Sagrado. Não há como querer ser cristão de braços cruzados e inativos. Há necessidade de se agir de forma a não desprezar ninguém. Exemplo dessa atitude é o encontro de Jesus com Zaqueu (Lc 19, 1-10). A acolhida que Zaqueu proporciona a Jesus não é apenas formal: envolve toda a sua pessoa. Converter-se não significa só chegar a uma confissão oral dos primeiros erros, mas requer uma retratação efetiva dos mesmos. Zaqueu faz a sua confissão a Jesus, que agora se torna o seu "Senhor" no lugar de todos os "senhores" aos quais tinha servido. Acolher, encontrar o outro fará também de nós uma comunidade ainda mais acolhedora daqueles que estão ao nosso redor ou que nos procuram em nossas comunidades paroquiais. Sem dúvida que esse momento que ora vivemos nos enriquecerá e fará uma diferença muito grande em nossas casas e igrejas. Marcará nossas vidas para sempre. Importante é passar aos outras essas nossas experiências. Eis que uma bela e importante missão de acolher se transforma também em evangelização para aqueles que acolhem. Que esses trabalhos de organização que os jovens protagonizam continuem dando seus frutos sempre em nossa arquidiocese. Ao acolher em nossa casa, somos convidados a acolher também nas ruas, ônibus, trens, metrôs, barcas. Pode ser um novo estilo de viver se soubermos aproveitar desse momento. Que o Senhor nos inspire tantas e belas ações e gestos de acolhida! Eis que chegam os dias em que poderemos exercer bem essa missão e esses gestos: falta pouco para a JMJ!

a problemática do menor infrator Tania Afonso Professora de Direito Civil e Estatuto da Criança e do Adolescente

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maioridade penal virou tema recorrente na mídia brasileira. Pelo menos nos últimos dois meses, temos visto repetidos casos de menores infratores envolvidos em crimes graves e que chocam a sociedade. Assim, muito se discute sobre a redução da maioridade penal. Ora, não basta reduzir a idade legal de quem comete um crime, é preciso repensar o sistema como um todo. Criar uma lei que rebaixe o marco de idade é fácil. Basta papel e caneta. O papel tudo aceita. Mas a realidade que temos hoje vai muito além deste debate. Trata-se de avaliar um cenário macro que está acerca desta questão. Reduzir a maioridade impacta em rever também a situação dos centros de detenção provisória, e, até mesmo, a finalidade da pena no sistema carcerário brasileiro. O País tem por política regenerar e reintegrar o preso ao contexto social, e até por isso, não temos pena de morte no Brasil. Embora na teoria a proposta seja de ressocialização, na prática, sabemos que os presídios formam marginais de alta periculosidade, que se não estão envolvidos, se aliam ao comando do crime organizado. Por isso, a redução da idade penal formaria, cada vez mais, criminosos e, certamente não teríamos condições de absorver a população carcerária, que aumentaria em torno de 1/3. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) tem a responsabilidade, junto à família deste menor e também da sociedade, de criar condições psíquicas, sociais e econômicas para permitir um desenvolvimento saudável e próspero. Se este esforço não acontecer, veremos casos se repetirem e a população cobrar uma posição mais enérgica das autoridades. A questão é que diminuir a maioridade sem pensar no foco

real destas ações acarretará em novos problemas. O perfil do menor de idade, que engrossa a questão da violência e, consequentemente, da impunidade, é conhecido por todos. Em geral, ele vem de família desestruturada, mora em zona de tráfico e não dispõe de nenhuma infraestrutura. Geralmente, o menor não tem acesso à educação e não recebe estímulo para integrar-se à sociedade de forma digna e respeitosa. Mudar este cenário exige tempo. Exige também que o governo invista em políticas sociais e econômicas efetivas. Desta forma, é possível, em longo prazo, contribuir para construção de um caráter íntegro deste jovem e oferecer uma perspectiva positiva para o menor. Modificar a legislação do menor será paliativo. Em curto e médio prazo, teremos a coibição e redução de crimes praticados por menores. Porém, formaremos, em longo prazo, marginais mais violentos e perversos na sociedade. Reduzir a maioridade penal não reestabelece a liberdade perdida. Continuaremos colocando grades em nossas casas e nos prevenindo da ação dos bandidos, como se isto bastasse para nos colocar em outra realidade. A formação de pessoas e famílias com mais estrutura e acesso à educação é o caminho. E este sim, deveria ser sem volta. (A autora é professora da Faculdade Cantareira - SP)


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DUCAÇÃO &

SICOLOGIA

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Protestos, manifestações, violência e vandalismo Juracy C. Marques

Professora universitária, doutora em Psicologia

“Quando estou plugado na internet, sou só eu, comigo mesmo, nem estou aí para o que podem dizer ou pensar” (Comentário de um adolescente). “Acorda Brasil”- “A submissão é pior do que a opressão”. “O dia vai raiar sem pedir licença”. “Desculpe o transtorno. Estamos mudando o Brasil”. (Cartazes nas manifestações. Copa das Confederações de Futebol da FIFA - Junho de 2013). O movimento “Ocupar Wall Street”, em meados de setembro/2011, atingiu vários países, principalmente do Oriente Médio, como movimentos de massa contra a desigualdade econômica e governos ditatoriais. Um dos primeiros foi na praça Thair, Cairo, Egito, contra a ditadura de Hosni Mubarak. Alguns meses depois, emergiram manifestações em Atenas, Espanha, Portugal e Itália, reclamando do baixo nível de emprego. Os árabes (Tunísia, Líbia, Síria e outros), bem como os demais iniciaram seus movimentos através da Internet - redes sociais como Twitter, Orkut e Facebook - para conectar os participantes, incitando-os à luta por Estado de Direito, liberdade de expressão e justiça social, visando seu desenvolvimento econômico e social.

br.notícias.yahoo.com

O entusiasmo da Juventude

A chamada geração “Y”(do Inglês YOUNG), em geral estudantes do Ensino Médio, é a principal fonte das manifestações de multidões nas capitais dos Estados e cidades de grande porte, no Brasil, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. No início têm um toque comovente de solidariedade e sintonia de propósitos, principalmente contra a corrupção e o excesso de gastos com dinheiro público para a construção de grandes e luxuosos estádios. Mas, como quase sempre acontece em fenômenos de multidão, surgem baderneiros e vândalos que provocam confrontos com a Polícia que, desafortunadamente, resultam em depredação do patrimônio público e privado, violência e destruição. Até incêndios e tentativas de invasão de prédios públicos, saques em supermercados e lojas, que são prontamente atenuados ou superados pelos Bombeiros e pela Polícia, através do uso de balas de borracha e gás lacrimogêneo. O entusiasmo arrefece, a decepção e o medo se instalam, em meio à correria na busca de segurança.

Democracia interativa

Manuel Castells, 71 anos, sociólogo espanhol, no Fronteiras do Pensamento (junho de 2013) explicou que os novos movimentos sociais são descentralizados, democráticos, horizontais e não dispostos a ter um programa delimitado, visam à mudança do todo – reforma política – do próprio status quo. Propõem um novo modo de organização social, com descentralização de lideranças, ausência de uma pauta única de reivindicações e uso da Internet para conectar-se a uma democracia

interativa. Sugerem outros modos de organização, novas estruturas e novos papéis para os partidos políticos, bem como para os parlamentos, Congresso, governos estaduais, prefeituras e Assembleias Legislativas. Os locais de encontro, como na antiga Ágora grega, são na rua, em locais públicos que comportem grandes aglomerações. Castells anunciou, também, na mesma oportunidade, o lançamento de seu livro Redes de Indignação e Esperança, a ser divulgado no próximo mês de setembro.

Novas aprendizagens

Um cartaz da manifestação em Porto Alegre dizia “A aula hoje é aqui”, a fim de instigar conscientização e uma atitude amorosa com a participação, sem culpas, nem ressentimentos. Não às drogas, à promiscuidade e ao vandalismo. Sim às surpreendentes inspirações que nos vêm do permanente contato com a natureza, sim à convivência amorosa que aceita as diferenças e delas se nutre, abrindo espaço para novas aprendizagens, tendo presente que “O amor é

paciente e bondoso, não aceita injúrias, não busca seus próprios interesses, não se regozija pelos erros e maus procedimentos, mas se regozija com a verdade. Carrega e suporta tudo, mantém a esperança e nunca falha” (Carta de São Paulo aos Coríntios,13: 4-8).


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EMA EM FOCO

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MAG+S: uma aventur

Dois mil jovens entre 18 e 30 anos, seguidores ou admiradores da Brasil a partir de 12 de julho corrente para uma

O jovem quer mais

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agis, palavra latina que significa o mais, o maior, o melhor, foi muito empregada por Santo Inácio de Loyola, fundador da ordem da Companhia de Jesus - jesuítas - para exprimir que sempre se pode experimentar um avanço em relação àquilo que já foi feito ou vivido. A própria vida de Inácio foi um peregrinar em direção ao magis, para a sempre maior glória de Deus - Ad Majorem Dei Gloriam - ao serviço sempre mais fiel aos pobres, ao bem mais universal e aos meios apostólicos mais eficazes. Alguém que vive e se deixa impelir pelo magis é alguém que nunca está satisfeito com a realidade existente. Para atingir o magis há que arriscarse na superação do já conhecido, do definido e do esperado, em vista sempre do bem maior, do amor maior, do mais justo. E não por acaso, o termo foi adotado por jovens que cultivam a espiritualidade inaciana aprendida em casa ou ensinada em colégios, escolas, obras ou paróquias de jesuítas, para vivenciarem as préjornadas das Jornadas Mundiais da Juventude. O termo se ajusta à natural inconformidade do jovem com o pouco, com a rotina, com o status quo do seu entorno e do mundo como bem demonstram as massivas manifestações nas ruas brasileiras nos últimos dias.

Somando com a JMJ O encontro Magis jesuíta - ainda sem a atual denominação - foi criado em 1997 na Oitava Jornada Mundial da Juventude, que reuniu um milhão e duzentos mil participantes na missa de encerramento no Longchamp Racecourse, arredores de Paris, em 19 de agosto de 1997, 11 anos após a primeira JMJ, no Vaticano em abril de 1984. E desde então - 1997 - se fez presente nas Jornadas subsequentes: Roma/Itália, em 2000, sob a denominação Horizon 2000; Toronto/Canadá , 2002; Colônia/Alemanha 2005, quando, com processo já amadurecido, recebeu a atual denominação de Magis; Sydney/Austrália, 2008; e Loyola/Madrid (Espanha), 2011, com participação de três mil jovens peregrinos, de 50 países, dos cinco continentes e atividades no Santuário de Loyola, terra de Santo Inácio, e envio de jovens a mais de 100 experiências. Nessa edição da JMJ, o Magis deu um passo definitivo como um dos mais importantes encontros da juventude inaciana no mundo e definiu o modelo que está sendo adotado para o Brasil, quando os jovens peregrinos serão enviados a diferentes fronteiras geográficas, culturais, sociais.

Mag+s Brasil 2013

Aqui no Brasil, os jovens peregrinos experimentarão um pouco da vida e da realidade local: questões social, ambiental, cultural, espiritual, educacional, étnica, urbana, rural e muitas outras. A participação do Mag+is na JMJ do Brasil é tida como a maior de todos os tempos com expectativa de três milhões de participantes. O evento Mag+s Brasil 2013 se desdobrará em três momentos: O primeiro, entre 12 e 15 de julho/13, na cidade de Salvador, capital da Bahia, pois foi lá que em 1549 os jesuítas chegam às Américas. Ficarão alojados no Colégio Antônio Vieira (da Rede Jesuíta de Educação). Divididos em grupos de 100, participarão de uma programação intensa que inclui demonstração de expressões culturais - dança, música, etc. - de seu país de origem. Inclui também um giro por Salvador, refazendo a rota dos jesuítas, com passagem pelo Pelourinho e igrejas centenárias. Na programação, também um encontro com Adolfo Nicolas, Padre Superior Geral da Companhia de Jesus, com cada província jesuíta representada por dois jovens. Adolfo Nicolas presidirá a missa de envio para o início do segundo momento.

Andar por muitos lugares

Ad multa loca peragrare, dizia Loyola. Andar por muitos lugares. E é isso que os jovens do Mag+is 2013 farão no Brasil nessa segunda etapa, antes de voltarem ao Rio para o início da JMJ. Essa segunda etapa consistirá em pôr a mão na massa, vivenciando experiências sociais, espirituais, ecológicas e outras em dezenas de localidades brasileiras. Cada grupo de 20 a 30 jovens irá para uma região diferente do Brasil, desde capitais - São Paulo/SP, Belo Horizonte/ MG, Manaus/AM e Fortaleza/CE - e outras 40 localidades brasileiras, conhecidas ou remotas, como Baturité e Vazantes/CE; Laranja da Terra e Iconha/ES, Xerém/RJ e Betânia/PE, etc. O retorno ao Rio de Janeiro se dará em 22 de julho, onde todos os participantes do Mag+is se encontrarão no Colégio Santo Inácio (jesuíta) para partilha das experiências vividas com o povo brasileiro, seguido de missa, festa junina e rodas de samba. No dia seguinte se juntam à JMJ, enriquecidos de experiência transformadora para o resto da vida.

Serv

Página oficial www.magis2013.co Twitter http://twitter.com/m Flickr h t t p : / / w w w. f l i tos/78660293@N0 YouTube http://www.you magis2013?feature


Julho de 2013 - 2a quinzena

A S S

ÇÃO OLIDÁRIA OLIDARIEDADE

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ra espiritual inaciana

a espiritualidade inaciana e procedentes de 60 países, estarão no a experiência espiritual única chamada ‘MAGIS’ Magi+s 2013 - Rio Grande do Sul Um grupo de 20 jovens desembarcará em Porto Alegre no dia 15 de julho de onde seguirá, no dia seguinte, para a Região das Missões (NB: a província Meridional do Jesuítas - Mato Grosso, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - ainda terá grupos em Cuiabá, Cascavel, Curitiba e Florianópolis). “De Porto Alegre, vamos de ônibus diretamente para o interior de São Nicolau, numa comunidade chamada Passo do Padre”, informa o jesuíta Pe. Nereu Fank, responsável pelo grupo no RS. “Lá, os jovens serão situados no contexto da história da evangelização dos missionários jesuítas junto aos índios guaranis, no século XVII. Saindo de Passo do Padre, os peregrinos visitarão o sitio arqueológico de São Nicolau, depois a cidade de São Luiz Gonzaga (17), o sitio arqueológico de São Lourenço, o Santuário de Caaró (18) e o sitio arqueológico de São Miguel das Missões” (19).

Reviver a história

Pe. Nereu explica a escolha das Missões para ao Mag+s - RS: “Começamos por S. Nicolau. Lá, bem no interior, já na divisa com a Argentina, nessa localidade, Passo do Padre, foi onde, em 1626, Roque Gonzales e seus companheiros cruzaram o rio Uruguai e entraram no território agora gaúcho para iniciar o primeiro período das Reduções Jesuíticas. Cada cidade ou local que visitarmos está no roteiro dos primeiros missionários jesuítas junto aos nativos que habitavam aquelas regiões. Também passaremos uma noite junto ao Santuário de Caaró, onde aconteceu o martírio de Roque. Todo dia haverá uma espiritualidade própria, textos para rezar para cada dia, uma sequência”, explica o jesuíta. Além do apoio ímpar das comunidades contempladas, através de suas lideranças locais - logística, hospedagem, alimentação - o grupo contará com o acompanhamento permanente do professor Sérgio Venturini. “Assim, teremos especiais momentos de história. Ele - Venturini - é historiador e escritor. É ele que também idealiza as ‘trilhas dos santos mártires’ feita no mês de novembro. Nosso último local a ser visitado será o Sítio Arqueológico de S. Miguel, onde no final da tarde de 19 de julho, celebraremos missa de encerramento do Mag+is - RS 2013”, informa o Pe. Nereu.

Três nacionalidades

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magisbrasil

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Pe. Nereu Fank

Solidário - De onde procedem esses jovens que vêm ao Sul? Pe. Nereu - Dez são brasileiros, sendo oito do nordeste, um do Paraná e um aqui de P. Alegre. E os demais são norte-americanos e espanhóis, cinco de cada país. S - Como será a rotina nesse roteiro? Nereu - Nesta peregrinação pela Região das Missões queremos viver dias de oração, dias de partilha de vida, e nos inspirar no ardor apostólico vivido pelos missionários. Esta experiência também proporciona conhecer mais de perto a história da evangelização junto aos guaranis. Além disso, favorece um conhecimento da cultura, da tradição e da religiosidade vividos na Região das Missões. S - Enriquecimento espiritual? Nereu - Sim. Trata-se de um programa de atividades de cunho espiritual, cultural, pastoral, social e missionário. É um convite feito aos jovens para que peregrinem. Peregrinem pelo mundo, às nações, deixando-se questionar pela realidade e pelo Senhor, do mesmo modo que fez o peregrino Santo Inácio. Convite a peregrinar de dentro de si mesmo para o encontro com o próximo. É um desafio para que façamos mais, vivendo o magis, indo ao encontro dos pobres e deslocados, dos solitários e oprimidos, em todas as nações, “para lá de definições geográficas”. O lema do magis é também uma resposta que a juventude inaciana dá à Igreja, quando ela nos interpela, através do lema da JMJ, com o chamado de Cristo: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19).


S

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ABER VIVER

Caminhar. Por que não? Falta de estrutura, comportamento de risco e insegurança tornam a caminhada cada dia mais difícil. Em alguns casos, campanhas de incentivo a grupos de pedestres têm se mostrado uma boa solução É notório que usar o automóvel para percursos curtos tornouse algo muito mais comum do que há alguns anos. Os tempos mudaram, as cidades cresceram e segundo levantamento da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), entre os anos de 2003 e 2011 também cresceu em 21% a quantidade de pessoas que utilizam veículos individuais para locomoção. Não faltam campanhas voltadas à saúde que estimulam as caminhadas, não somente como esporte, mas como meio de locomoção, com uma vantagem a mais: a redução da quantidade de carros nas ruas. Mas se requer ainda melhores condições de segurança e infraestrutura nos trajetos a pé. Em maio deste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a II Semana de Segurança no Trânsito, que alertou sobre a necessidade de promover a proteção ao pedestre com ações educativas sobre deveres e direitos tanto deles quanto

dos motoristas de automóveis e outros veículos. Só no Brasil, de acordo com dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, foram 10 mil mortes de pedestres em acidentes de trânsito em levantamento feito em 2010.

Falta de educação urbana

O arquiteto e urbanista, Francisco Cunha, considera que no país permanece a falta de cultura e educação urbana, o que aumenta a insegurança nas ruas: “Na década de 1960, a jornalista e ativista norte-americana Jane Jacobs, autora do clássico de urbanismo “Morte e Vida das Grandes Cidades”, provou que a segurança de uma rua está diretamente relacionada com a quantidade de olhos sobre ela. A maior segurança da rua é a quantidade de gente que circula nela. A autora diz haver poucos casos de assaltos em cinemas, mesmo no escuro, pois estão sempre cheias de gente”, explica Cunha. E para que as ruas das cidades não fiquem cada vez mais vazias e transformem-se em locais com maior percepção de segurança, alguns bons exemplos chamam atenção ao redor do mundo, como é o caso de grupos de caminhadas que acontecem na cidade de

Psicosul Clínica

Albano L. Werlang - CRP/07-00660 Marlene Waschburger - CRP/07-15.235 Jôsy Werlang Zanette - CRP/07-15.236 Alcoolismo, depressão, ADI/TIP Psicoterapia de apoio, relax com aparelhos Preparação para concursos, luto/separação, terapia de crianças, avaliação psicológica Vig. José Inácio, 263/113, Centro, P. Alegre 3224-5441 // 9800-1313 // 9748-3003

Denver (EUA). O diretor de Marketing da Perkons, Luiz Gustavo Campos, conta que estes grupos acabam pressionando a administração local a tornar as condições dos pedestres mais receptivas e preenchem as calçadas com grande quantidade de pessoas. “Isso implica construir calçadas com pavimentação adequada e abrigos para sol e chuva, plantar árvores para fazer sombra em dias mais quentes e oferecer atividades nas ruas para que as pessoas se sintam atraídas a andar a pé”, explica. O especialista em gestão de trânsito e mobilidade urbana lembra que o pedestre não é somente aquele que faz o trajeto todo a pé, mas também aqueles que integram a caminhada com outro meio de transporte, como pessoas que caminham de suas casas até paradas de ônibus ou estações de trem, descem do transporte coletivo e seguem andando até o destino. “A tendência é que cada vez mais pessoas sejam estimuladas a usar outros meios de transporte; é preciso gerir de forma inteligente todas as opções – a pé, de bicicleta, ônibus, trem e até mesmo o carro particular”, recomenda Campos. Por isso, a estrutura das calçadas e vias utilizadas pelos pedestres tornam-se fatores motivacionais para que mais pessoas possam aderir às caminhadas, como complementa o arquiteto e urbanista Cunha: “Um dos principais problemas é a falta de lugares com boas calçadas e espaços para circulação segura dos pedestres; na zona sul do Rio de Janeiro e em algumas ruas da cidade de São Paulo como a Oscar Freire, o índice de “andabilidade” – tradução do inglês walkability – é alto, já em outras como o Recife, com péssimas calçadas é muito baixa”. Para o engenheiro Luiz Gustavo, melhoria do pavimento e largura das calçadas, semáforos para pedestres, travessias elevadas e iluminadas, passarelas e faixas para cruzar a via em segurança são medidas de incentivo à caminhada. “O pedestre tem que ser estimulado a ser pedestre e o motorista precisa aprender a dar preferência a ele, reduzindo a velocidade, dando passagem e esperando que conclua a travessia”, conclui. (www.transitoideal.com)

Julho de 2013 - 2a quinzena

Especialista propõe redefinir conceito de idoso Condições de vida e de saúde mudaram desde a criação do Estatuto do Idoso, que completa 10 anos em outubro. “A definição de população idosa ficou velha?” Quem levanta a questão é a demógrafa Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ela propõe redefinir o conceito na Lei no 10.741/2003, o Estatuto do Idoso, que há uma década, estipulou como população idosa, para diversos fins, quem tem 60 anos de idade ou mais. A proposta de Ana Amélia é aumentar a linha definidora para 65 anos. “Referendando o que já fora estabelecido pela Política Nacional do Idoso de 1994, o Estatuto define como idosa a população de 60 anos ou mais, o que ratifica o patamar estabelecido pelas Nações Unidas em 1982. Em 1994, a esperança de vida ao nascer da população brasileira foi estimada em 68,1 anos. Entre 1994 e 2011, este indicador aumentou 6,0 anos e, entre 2003 e 2011, 2,8 anos, alcançando 74,1. Isso tem sido acompanhado por uma melhoria das condições de saúde física, cognitiva e mental da população idosa, bem como de sua participação social. Em 2011, 57,2% dos homens de 60 a 64 anos participava das atividades econômicas”, destaca a pesquisadora. No “Texto para Discussão n° 1840, Estatuto do Idoso: avanços com contradições”, Ana Amélia sugere mudanças na norma, algumas já em debate no Legislativo. O estudo ressalta que o maior avanço do Estatuto do Idoso está no estabelecimento de crimes e sanções administrativas para o não cumprimento dos ditames legais, atribuindo ao Ministério Público a responsabilidade de agir para garanti-los. A principal lacuna, por outro lado, é a indefinição de prioridades para sua implementação e de fontes para o seu financiamento, implicando uma divisão mal planejada dos custos entre a sociedade, o que, segundo a pesquisadora, pode ameaçar a solidariedade intergeracional.

Meia-entrada

O Estatuto assegura desconto de 50% em atividades culturais e de lazer, gratuidade em transportes coletivos e vaga especial em transportes e estacionamentos públicos. “O mérito destes dispositivos para promover a integração e participação social da população idosa é indiscutível. No entanto, há que se reconhecer os grandes avanços da Constituição Federal de 1988 na ampliação da cobertura dos benefícios da seguridade social, o que resultou em uma dissociação entre envelhecimento e pobreza. Com isto, não se pode mais dizer que a população idosa é mais pobre do que a dos demais grupos etários”, avalia Ana Amélia. A pesquisadora sugere que estes benefícios sejam concedidos por necessidade em vez de idade, e apoia a proposta em tramitação na Câmara dos Deputados para fixar uma cota de 40% para meiasentradas, para que os produtores possam dimensionar melhor as receitas a serem obtidas e estabelecer o valor da entrada.

Transportes públicos e estacionamentos

Quanto às vagas reservadas, considera as medidas importantes para os indivíduos com dificuldades de locomoção, mas pondera que, para os demais idosos, esses direitos podem constituir-se em “privilégios”.

Planos de saúde

Com a proibição de preços diferenciados para idosos nos planos de saúde, os aumentos dos custos decorrentes do envelhecimento dos segurados passaram a ser compartilhados com os demais participantes. As mensalidades aumentam em torno de 20% por ano de idade até os 58 anos. Como não podem ser aumentadas a partir dos 60 anos, saltam 70% para quem completa 59 anos. Além disso, a Agência Nacional de Saúde (ANS) impede que o valor fixado para a última faixa etária supere em mais de seis vezes o valor da primeira, o que força a distribuição dos custos entre todas, dificultando a cobertura nas faixas iniciais.

Visa e Mastercard


INFAMES -Doutor, como eu faço para emagrecer? -Basta a senhora mover a cabeça da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. -Quantas vezes, doutor? -Todas as vezes que lhe oferecerem comida. xxx -Mamãe, mamãe... na escola me chamaram de mentiroso. -Cale-se que você nem vai à escola ainda... xxx Um eletricista vai até a UTI de um hospital, olha para os pacientes ligados a diversos tipos de aparelhos e diz-lhes: -Respirem fundo: vou trocar o fusível. xxx Se você está se sentindo sozinho, abandonado, achando que ninguém liga para você... “Atrase um pagamento” xxx O garoto apanhou da vizinha, e a mãe, furiosa, foi tomar satisfação: -Por que a senhora bateu no meu filho? -Ele foi mal-educado, e me chamou de gorda. -E a senhora acha que vai emagrecer batendo nele? xxx P: O que é um pontinho preto no microscópio? R: Uma blacktéria. xxx

O medo em nossa vida J.Peirano Maciel

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Médico

ejamos o que diz A.S. Neill sobre este tema, ”A vida do ser humano é a história de seus medos”. Se concordamos, entendamos logo que somente uma pequena abordagem poderemos fazer nesta breve conversa. Lembremos, de início, que já por ocasião de nosso nascimento, experimentamos essa emoção, pela primeira vez. A criança, no seio materno, tranquila, temperatura ideal, percebe algo diferente no exterior, às vezes agitado, hostil, e sofre o medo primordial: passagem para o desconhecido! Este prolonga-se por muito tempo e serve como origem de outros tantos, que serão ou não superados. Mas, chegam a infância, a juventude e a adolescência, num passe de mágica, e eis o medo, nas relações (professor me persegue!), nos estudos (serei reprovado?) e em tantas outras ocasiões. Um estudante confiante necessita vida doméstica saudável. Conta um autor que, um dia, caminhando numa floresta cerrada, de repente surge uma serpente em pose de ataque, sentiu um frio na garganta e viu um pássaro num galho, hirto, anestesiado,e mal teve tempo de agitar a árvore,despertando o bichinho,que voou .Depois, espantou a serpente. Assim procedem os pássaros diante de perigo iminente. Eles também temem e podem perder a vida. Medo de doenças, meu amigo, como é comum este medo de doenças! Parece que o próprio medo já atrai dolência. Atinge crianças, adultos, homens e mulheres. Pode ser preocupante! A coragem deve ser parceira dos enfermos. Inocência e culpa :”Sem a dura realidade do pecado, não se pode explicar a vida nem a história humana (C.Valles)”. Contudo, existe algo chamado escrúpulo, que deve ser evitado, como prejudicial e nocivo. E São Paulo dizia: ”não faço o bem que quero,mas o mal que não quero”. Poderíamos prosseguir, buscando medos e inseguranças existenciais,mas lembremos que fazem parte da natureza humana, com papéis negativos ou positivos, que a nós cabe discernir.Todos temem, pouco ou muito, são momentos de vitória ou advertência. Percamos a timidez,que gera medo e solidão. Para concluir,o medo da velhice e da morte.Para alguns velhos, tempo do lucro; derradeira e triste etapa para outros; para outros ainda,melhor fase da vida e condição mortal. Todos tememos a morte como portal do desconhecido. A fé, a memória dos que amamos e já partiram, a esperança de encontrá-los transformam nosso temor. Fala o poeta: ”O mensageiro de Deus apresentou-se em luz”. Por fim, disse Jesus:”Não temam, eu venci o mundo”.

RESERVE O SEU EXEMPLAR

Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo

Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on

Humor

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SPAÇO LIVRE

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Julho de 2013 - 2a quinzena

Cultura digital

“A

cultura é a ponta de lança da luta pela liber tação”. Com esta definição, Ariano Suassuna marcou a importância da cultura para o futuro da humanidade. Infelizmente, em nossos tempos parece que a cultura ficou resumida ao lado digital, e ficou esquecido seu conteúdo, sua complementação cerebral. A cultura digital, extremamente valorizada pela nova geração, é substituída rapidamente pelas novas descobertas, que não deixam muito espaço, ou quase nenhum estímulo para a cultura cerebral. Celulares tornaram-se uma complementação do tato e da audição, e seu número cresce diariamente a ponto de as pessoas não se sentirem satisfeitas com apenas um e passarem a possuir dois ou três, com números diferenciados. O Brasil ocupa o segundo lugar, depois dos Estados Unidos, dos usuários dos mesmos. IPhones são lançados anualmente com pequenas inovações, obrigando seus possuidores a desejarem substituí-los para terem acesso às novidades anunciadas. Cada exemplar anunciado tem um número seriado, iniciando com o número 1, e quando um novo exemplar vai ser lançado, a fábrica recolhe os exemplares do número anterior que já se tornaram obsoletos. Tablets começam a serem considerados a salvação da educação, cada vez mais deficiente, não por falta dos novos aparelhos, mas por falta de conteúdo do ensino ministrado. Noticia divulgada pela imprensa local informa que a Secretaria Estadual de Educação declara que a utilização de parte dos 22 mil tablets destinados a professores da rede pública do Ensino Médio está sendo limitada pela falta de conexão adequada à internet em escolas de todo o Estado. “Como resultado, a fragilidade do sinal isola as salas de aula e impede que os equipamentos adquiridos a um custo superior a R$10 milhões funcionem com todo o seu potencial.” Será que é apenas a fragilidade do sinal que isola a sala de aula e faz com que o ensino esteja cada vez mais deficiente? Será que os modernos aparelhos são mesmo os culpados? Há dias, um dos diretores da Google, a rede que cobre o mundo, declarou que em poucos anos estes aparelhos eletrônicos estarão todos superados e será lançado um novo, que abarcará todos os anteriores em um só. Parece que Ariano Suassuna tem razão. Quando não há cultura ficamos cada vez mais reféns das novas tecnologias e a nossa liberdade mais cerceada e condicionada pelo “Big Brother”, o “Grande Irmão”, de George Orwel, que previa para 1984 tal tragédia. Será que é isto que almejamos? (geralda. alves@ufrgs.br).

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Adalberto A. Bortoluzzi - 18/07 Alberto Ferdinando Chaves Schlottgen -18/07 Laury Garcia Job - 18/07


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GREJA &

COMUNIDADE

Solidário Litúrgico

Catequese Evangelizar as

14 de julho - 15o Domingo do Tempo Comum Cor: verde

1a leitura: Livro do Deuteronômio (Dt) 30,10-14 Salmo: 68(69), 14 e 17.30-31.33-34.36ab e 37 (R./ cf 38) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Colossenses (Cl) 1,15-20 Evangelho: Lucas (Lc) 10, 25-37 Comentário: Para anunciar a presença do Reino na história da humanidade, Jesus contava histórias, falava em parábolas, criava metáforas. Ele não era um teórico, mas alguém que apontava sempre para a prática. Na parábola narrada por Lucas na liturgia deste domingo, Jesus, para responder pela prática a uma pergunta teórica de um doutor da lei, conta a conhecida história do Bom Samaritano. Parábola cheia de ensinamentos que aponta para a prática da caridade, acima de normas e leis. Só lembrando: o sacerdote e o levita, servidores do Templo, conhecedores, portanto, das leis que proibiam tocar em alguém ferido, sangrando, pois ficariam “impuros”, viram o homem à beira do estrada, assaltado e agonizante, mas não lhe prestaram socorro, deram as costas, seguiram, tranqui-

los, seu caminho. Para eles, a observância da lei era mais importante que salvar uma vida. O samaritano, pelo contrário, vê o homem, deixa falar o coração e, movido de compaixão, cuida de suas feridas e mais: o coloca sobre o seu jumento e o leva a um lugar onde iriam cuidar melhor dele. Para o samaritano, a caridade compassiva, o amor que ama o próximo a partir da realidade e da necessidade do próximo, estava acima de normas e leis. O samaritano colocou em prática uma palavra de Jesus: o sábado/lei é feito para o homem e não contrário. Ao contar esta história para o doutor da lei, refugiado e orgulhoso no seu conhecimento das leis, na sua “teologia”, Jesus ensinou a ele e a nós que nada, nenhuma lei, nenhum culto, nenhuma norma da sua Igreja, da sua comunidade, pode sobrepor-se à lei fundamental da caridade, da misericórdia. Para Jesus, e seus verdadeiros discípulos, a lei maior é amar a Deus e amar, na prática, ao próximo como a si mesmo. Quem pratica este mandamento torna presente, no tempo que se chama hoje, o Reino que Jesus, um dia, sonhou.

21 de julho- 16o Domingo do Tempo Comum Cor: verde

1a leitura: Livro do Gênesis (Gn) 18, 1-10a Salmo: 14(15), 2-3ab.3cd-4ab.5 (R./1a) 2a leitura: Carta de S. Paulo aos Colossenses (Cl) 1,24-28 Evangelho: Lucas (Lc) 10, 38-42 Comentário: A experiência da morte é sempre uma experiência traumática. E quando nos toca perto viver a experiência da morte... quando um familiar, o pai, a mãe, um filho/a, uma pessoa amiga e querida partem desta vida... uma sensação de impotência, de dor, de revolta, talvez, pelas circunstancias desta partida, invade nosso ser e nosso coração. A realidade da ausência de alguém que amamos e que já não encontramos ali onde sempre o encontrávamos, nos faz chorar lágrimas amargas na irreparável e definitiva perda que sentimos. No episódio da morte de seu amigo Lázaro, o coração humano de Jesus sofreu a mesma dor que todos sofremos quando perdemos alguém querido. Lucas, na narrativa deste domingo, nos ajuda a compreender o chorar de Jesus quando soube da morte de seu amigo. E nos leva a Betânia. Betânia era um pouco como a casa de Jesus quando seus caminhos o levavam para Jerusalém. Ali, ele recebia o que todo coração humano necessita: compreensão, carinho, aconchego. Ali, ele

Julho de 2013 - 2a quinzena

refazia suas forças das cansativas jornadas de anúncio da Boa Nova, da cura de doentes, das discussões com fariseus e mestres da lei, da perseguição de sacerdotes e dos poderosos de então, da incompreensão de muitos. Ali, seu coração humano “matava saudades” da sua pequena e querida Nazaré, dos lagos e montanhas da sua Galileia natal. Em Betânia viviam três amigos íntimos de Jesus. João, o discípulo amado, nos diz isso, claramente: Jesus amava Marta, sua irmã, Maria, e Lázaro (Jo 11,5). Lucas, na sua narrativa deste domingo, nos fala das duas irmãs e sua diferente maneira de ser e acolher o amigo: Marta, mais preocupada com os afazeres domésticos, como em toda família normal; Maria, mais ocupada em “fazer sala” ao amigo querido. Esta passagem não fala de Lázaro, que Jesus chamaria de volta à vida, depois de chorar a sua morte. Mas nos fala do “lado humano” de Jesus, que encontra numa família amiga o seu refúgio, o seu lar. O coração humano de Jesus chora a dor amarga da perda ao receber a notícia da morte do amigo Lázaro. E, mesmo ameaçado de morte, ele vai a Betânia para reintegrar Lázaro à família, à sua querida família dos arredores de Jerusalém... (attilio@livrariareus.com.br)

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pessoas de hoje

oltamos a destacar o documento “Evangelii Nuntiandi”, pois julgamos que sempre deve estar à mão de um catequista para ser meditado e colocado em prática. Destacamos neste texto os comentários que o documento faz sobre como será o testemunho do catequista e de todo cristão: Um amor fiel a Deus e ao homem. O evangelizador vive a tensão entre duas fidelidades: fidelidade a Deus e fidelidade ao homem. A “evangelização perderia algo da sua força e da sua eficácia, se porventura não tomasse em consideração o povo concreto”. (EN 63) Um amor comprometido. Papa, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos, família, jovens — todos devem sentir o empenho do testemunho evangelizador. A Igreja reconhece que “evangelizar um homem é dizer-lhe: Tu também és amado de Deus. E não somente dizê-lo, mas pensá-lo realmente. E não somente pensálo, mas lidarmos com esse homem de tal maneira que ele sinta e descubra que há nele qualquer coisa de grande...” Uma Evangelização de novo estilo Num mundo de tirania cultural, marcado por opressão econômica, violência e guerra, há necessidade de encontrar um novo estilo de evangelização e de evangelizadores. A Palavra de Deus é a mesma; porém, são profundamente diferentes a cultura e sensibilidade dos destinatários. Muito antes de aparecer a idéia da “Nova Evangelização”, já Paulo VI indicava a necessidade de um estilo novo, de novos meios e nova linguagem para o anúncio da Boa-Nova. Paulo VI mostrase ousado nas propostas para tornar mais viva e entendível para o homem de hoje a Boa-Nova de Jesus Cristo. Eis algumas das propostas que a Evangelii Nuntiandi valoriza: Meios aptos. Se é importante a atenção e fidelidade aos conteúdos da Evangelização, não deixa de ser igualmente relevante renovar os meios e métodos da mesma, entre os quais importa realçar o testemunho de vida e uma pregação viva e entusiasta. Faz falta, igualmente, recorrer “aos meios modernos criados por esta civilização” para a transmissão da Mensagem evangélica (EN 33). A Liturgia e a Catequese. A preocupação evangelizadora deve manifestar-se na Liturgia, prestando atenção à homilia na Missa e noutras ocasiões; e na Catequese, não só das crianças, mas ainda lançando o Catecumenado onde numerosos jovens e adultos “possam descobrir, pouco a pouco, o rosto de Cristo e experimentar a necessidade de a Ele se entregarem” (EN 43-44). O contato pessoal. Se a Boa-Nova precisa ser anunciada às multidões, não se pode esquecer a importância do contato pessoal, tanto no dia-a-dia, como por ocasião da preparação e celebração dos mistérios sacramentais (EN 46 e 47). As comunidades de base. Paulo VI manifestou grande coragem ao “assumir” as “comunidades de base” numa altura em que estas sofriam contestação alargada. O Papa valoriza-as, como espaço novo de evangelização, e como “destinatárias privilegiadas da evangelização” (EN 58). Resumido por Deonira La Rosa de um texto de Frei Arantes da Silva


Julho de 2013 - 2a quinzena

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SPAÇO DA

Zona Sul de P. Alegre mobilizada para receber jovens peregrinos As comunidades da Área Restinga estão aguardando com muita expectativa a chegada dos peregrinos estrangeiros para a Semana Missionária, que prepara a Jornada Mundial da Juventude. No sábado, dia 29 de junho, padres, coordenadores de pastorais das paróquias e lideranças jovens das sete paróquias da Área Restinga, estiveram reunidos na Paróquia Nossa Senhora Aparecida para encaminhar a programação e as atividades da Pré-Jornada. A acolhida de todos os peregrinos e a primeira atividade conjunta será no dia 17 de julho, às 9 horas, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Após o café da manhã, será realizada uma reflexão sobre o trabalho

pastoral desenvolvido nesta região da Capital. No mesmo dia, os peregrinos irão visitar a Paróquia Nossa Senhora da Misericórdia, fechando o dia com uma celebração com a comunidade na Paróquia Nossa Senhora Aparecida. No dia 18, as atividades iniciam na Paróquia Santa Rita de Cássia, com um momento de Adoração ao Santíssimo Sacramento; à tarde haverá visitas guiadas às comunidades e instituições culturais. A atividade será concluída com um jantar e apresentações de danças gaúchas na Paróquia São José da Vila Nova. No último dia de atividades na área pastoral haverá uma grande celebração penitencial na Paróquia Menino Jesus de Praga.

Seminaristas estiveram reunidos

Conselho Missionário do Seminário da Província de Porto Alegre realiza encontro de formação O Conselho Missionário do Seminário (COMISE), da Província de Porto Alegre, realizou no dia 17 de junho o primeiro encontro de formação missionária para seminaristas. O evento aconteceu no ginásio do Seminário Maior de Viamão e contou com a participação de aproximadamente 70 seminaristas da Província de Porto Alegre, que é composta pelas dioceses de Caxias do Sul, Osório, Montenegro, Novo Hamburgo e pela Arquidiocese de Porto Alegre. O assessor do encontro foi o Pe. João Panazzolo, da Diocese de Caxias do Sul. A partir do tema “Missão para todos à luz do Concílio Vaticano II e da Carta Encíclica Redemptoris Missio”, o assessor salientou a dimensão missionária de toda a Igreja: “A missão é para todos, para que todos tenham vida”. O padre

assinalou ainda que toda a missão nasce de Deus Pai. “O Pai enviou o seu Filho em missão. Este, por sua vez, enviou os Apóstolos. Hoje, nós somos os enviados para dar seguimento ao anúncio do Evangelho a todos os povos”, destacou. Outro momento importante do encontro foi o depoimento de dois seminaristas que realizaram trabalhos missionários no final do ano passado, nas dioceses de Santarém no Pará e em Porto Velho, no Estado de Rondônia. No final das atividades foi celebrada missa presidida pelo arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, que reiterou o valor do trabalho missionário realizado na Igreja no Brasil e no mundo. Seminarista e jornalista Elton Marcelo Aristides

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RQUIDIOCESE Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre Imagens: Pascom

Missa foi concelebrada diante do túmulo de Dom Cláudio Colling

Missa celebrou os 100 anos de nascimento de Dom João Cláudio Colling O ano de 2013 marca a comemoração dos 100 anos do nascimento de Dom João Cláudio Colling, 4º arcebispo metropolitano de Porto Alegre, que governou a Igreja local por 10 anos (1981-1991). Para celebrar esta marca, o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, presidiu missa na Catedral Metropolitana no domingo, dia 23 de junho. A missa foi iniciada junto ao túmulo de Dom João Cláudio, que está sepultado em um das paredes laterais da Catedral. A própria Catedral Metropolitana é o resultado do empenho de Dom João Cláudio Colling. À frente da arquidiocese, ele foi o responsável pela conclusão das obras do templo, além de construir também o Santuário Mãe de Deus, no morro da Glória, em Porto Alegre e o Lar Sacerdotal, em Gravataí. Dom Dadeus Grings destacou que a recordar a memória de Dom Cláudio é fazer memória de quem tanto bem fizeram a Arquidiocese; de um bispo que visitou a todas as paróquias e que, através da sucessão dos apóstolos, trouxe Jesus e a presença da Igreja para mais perto dos fiéis. Dom Dadeus dividiu sua homilia

com o monsenhor Ermilo Weizenmann, vigário paroquial da Catedral, que conviveu por muito tempo com Dom Cláudio. O acompanhou até o último dia de vida ressaltando sua tranqüilidade e seu fino trato com os padres e comunidades. Monsenhor Ermilo destacou ainda o desapego de Dom João, que faleceu sem deixar dinheiro ou possuir bens em seu nome. Mesmo nas viagens pela Europa, nas missas em que celebrava, as coletas eram destinada a construção da Catedral de Porto Alegre. Dom Cláudio Colling nasceu no dia 24 de junho de 1913, na localidade de Harmonia, na época, terceiro distrito do município de Montenegro/RS. Ordenado sacerdote em 10/081937 e ordenado bispo auxiliar de Santa Maria em 29/01/1950 e nomeado 1º Bispo Diocesano da Diocese de Passo Fundo (março de 1951). Foi arcebispo metropolitano de Porto Alegre de 6 de junho de 1981 a 1991. Seu lema episcopal: “Illum operet crescere” (é preciso que Ele cresça). Dom Cláudio faleceu em 3 de setembro de 1992, em Passo Fundo. Seu corpo foi sepultado em túmulo especial, situado numa das paredes laterais da Catedral Metropolitana de Porto Alegre.

Dom Altamiro Rossato celebrou 88 anos de vida com Missa na Catedral Os 88 anos de vida do arcebispo emérito de Porto Alegre, Dom Altamiro Rossato, foram comemorados no dia 22 de junho, durante Celebração Eucarística presidida por ele mesmo na Catedral Metropolitana Madre de Deus. O arcebispo metropolitano, Dom Dadeus Grings e o bispo auxiliar, Dom Jaime Spengler, além de outros padres, concelebraram a Santa Missa. A celebração antecipou em um dia o aniversário do arcebispo emérito. Na homilia, o arcebispo emérito ressaltou: “Rezo para Deus me conceder a graça de vislumbrar também os leigos cumprindo sua missão de evangelizadores”, ressaltou Dom Altamiro em sua homilia. E completou: “Que os pais ensinem no seio de seu lar a seus filhos e família a importância do Evangelho!” A comunidade prestigiou a Missa e, também participou de um jantar ofe-

recido como homenagem a vida Dom Altamiro. O aniversariante pediu reiteradamente aos que o saudaram : “Reze por mim”.


Porto Alegre, julho de 2013 - 2a quinzena

Amigos do SOLIDÁRIO Adalberto Antônio Bortoluzzi Adelhardt Nelson Muller Agenor Casaril Alberto Ferdinando Chaves Schlottgen Alberto Hoffmann Aloísio Jorge Holzmeier André Lauro Birck Angelo Aladino Orofino Antoninho Muza Naime Antônio Cândido Silveira Pires Antônio Estevão Algayer Antonio Parissi Arminda Rodrigues Pereira Carmen Cauduro de Oliveira Cláudio Carlos Frohlich Cristina Maria Moriguchi Jeckel Dalci Carlos Matiello Dom Dadeus Grings Edite Quoos Conte Edith de Lima Xavier Edy Adegas Egon Roque Fröhlich Emílio Hideyuki Moriguchi Ernani N. Muniz Tavares Flávio José Zanini Gerolimo Carlos Adamatti Guido Moesch Hermenegildo Fração Hiran Cunha Telles de Carvalho Homero Ferrugem Martins Hugo Hammes Ilse Pretto Moesch Irmandade Arcanjo Sao Miguel Irmã Erinida Gheller Jacqueline Poersch Moreira Jerônimo Braga João Carlos Nedel João Dornelles Júnior João Manoel de Carvalho Pompeu Jorge La Rosa José Ernesto Flesch Chaves José Izidoro Peirano Maciel José Mariano Bersch Juracy C. Marques Kaoru Moriguchi Lauro Quadros Laury Garcia Job Luiz Carlos Tovo Marciana Maria Bernal Maria da Glória Martins Costa Beck Maria de Fátima Sobral Rangel Maria Isabel Hammes Rodrigues Maria Regina Freitas Ferreira Marília Hoffmeister Caldas Martha Geralda Alves D´Azevedo Mercedes Adelina Bolognesi Mirian do Espírito Santos Vieira Herter Monsenhor Urbano Zilles Nadi Maria Dotto Nelsa Maria Miola Nereu D’Avila Odila Tereza Luzzi de Campos Olinda Tondo Costa Ophélia T. Vieira da Cunha Paulo D´Arrigo Vellinho Paulo Roberto Girardello Franco Pe. Attílio Inácio Hartmann Pe. Pedro Alberto Kunrath Romeu Garrafiel Rosemarie Stein Santuário N. Sra. do Rosário Solange Medina Ketzer Suzana Valle de Curtis Therezinha C. de Azevedo Valdacyr Santo Scomazzon Vanir Perin Vergílio Perius Walter A. Hommerding Yara Pires de Miranda Yukio Moriguchi

Cem dias do Papa Francisco

Confirmação de mudanças à vista Não é apenas um estilo pessoal, originalidade, como desejariam os que preferem – sempre preferiram – o stutus quo, isto é, uma Igreja autoritária, que enquadre fiéis obedientes e se limite a fazer assistência social. Não! Os gestos e as palavras nascem de sua profunda convicção pessoal da inadiável necessidade de reestruturar a Cúria Romana para o que nomeou uma comissão especial, logo que assumiu, e que apresentará os resultados em outubro próximo. Essa reforma está ao seu alcance, apesar das resistências conhecidas. O Papa Francisco também conseguirá limpar o IOR - Instituto para as Obras Religiosas, organismo da Igreja Católica conhecido como Banco do Vaticano, embora o atual momento de perplexidade ao se descobrir nova tentativa de lavagem de dinheiro – vários bilhões de euros – e que fez com que altos executivos pedissem demissão. O Banco do Vaticano administra 19.000 contas no valor de cerca de sete bilhões de euros, pertencentes, em sua maioria, ao clero católico e congregações religiosas. O Papa Francisco ordenou, no dia 26 de junho, a criação de uma comissão especial para informá-lo diretamente sobre as atividades do polêmico banco.

Reforma da Igreja

Esse, sim, é o grande desafio de Francisco. Habituar os bispos a serem missionários sóbrios no estilo de vida e não potentados locais como há exemplos, reprogramar o pessoal Vaticano e o clero a um trabalho essencialmente pastoral e não de funcionários mais ou menos sistematizados, erradicar tráficos, tirar da Cúria o papel milenar de centro burocrático e de poder incontestável, fazendo dela – da Cúria – um instrumento de unidade em espírito de colaboração com os episcopados do mundo. Essa é uma meta gigantesca para a qual terá que correr contra o tempo, pois a novidade de seu pontificado será lentamente reabsorvida: a mídia já está deixando de repercutir, numa espécie de sutil censura, as insistentes denúncias de Francisco contra as novas escravidões econômicas e o poder excessivo financeiro sobre massas de cidadãos em crise.

Divulgação

Papa Francisco

Mensagens por parábolas

Escrituras judaicas e cristãs estão cheias de metáforas e de parábolas. Essa bagagem literária e bíblica acumulada ao longo dos anos é desenvolvida, intencionalmente, por Bergoglio. Há 54 anos ele também se "exercita" segundo o método ditado por Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus – pois jesuíta é – e que objetiva sempre fazer uma "composição de lugar” na leitura e exposição de temas bíblicos e teológicos. Esse método ajuda a compreender suas comparações bem-humoradas, suas metáforas, suas histórias. Falar por parábolas parecer constituir um programa, habilidade que lhe vem dos estudos e prática bíblica. Mas não só: Francisco foi professor de literatura, admirador e amigo do poeta Jorge Luís Borges, que ele convidou uma vez para o colégio onde lecionava.

Soco no estômago

Suas comparações têm direção certa e, para alguns ou para muitos, soam como um soco na boca do estômago ou uma bofetada. Os valores avariados, Francisco os compara com uma refeição que saiu mal. Diz que não quer uma “igreja babá”, um “deus spray”, ou um confessionário “lavanderia”. Quer religiosas “mães e não solteironas”. Não quer “cristão de salão”, “engomados”, “de museu”. Ou uma “oração de cortesia”ou imposição de uma "alfândega pastoral".

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