Tudo solidário 645

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IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO No 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS

Ano XIX - Edição N o 645 - R$ 2,00

Porto Alegre, novembro de 2013 - 1a quinzena

Grigoriy Myasoyedov / A estrada no campo de centeio

Apenas do outro lado do caminho Do pó viemos e ao pó voltaremos. A morte é o maior mistério do mistério da vida. Embora vivamos muitas vezes como se ela não existisse, ela vem para todos. Judeus, muçulmanos e cristãos acreditamos numa vida no além e a ressurreição no fim dos tempos. “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá!”. João 11, 25. Como será? Nem aos anjos do céu foi revelado! Santo Agostinho sintetiza a necessidade da fé na vida do ‘outro lado do caminho’. Páginas 2 (Editorial) e centrais

Fé melhora as pessoas Recente Pesquisa Datafolha revelou que acreditar em Deus torna as pessoas melhores. O levantamento envolveu 2.517 entrevistados em 154 municípios.

Um veículo por habitante na Grande Porto Alegre É a previsão para daqui a 25 anos, segundo estudo estatístico apresentado em recente seminário. Em 2040 a região metropolitana terá 3,87 milhões de habitantes e 2,98 milhões de veículos, o que, excluindo os menores de 18 anos, resultará em um carro por pessoa habilitada para dirigir. Haverá espaço nas ruas e avenidas para circular e lugar para estacionar? E o transporte coletivo, será opção melhor para a mobilidade urbana?

João XXIII e João Paulo II: canonização em 2014

João XXIII

João Paulo II

Dom Jaime assume dia 15 de novembro

A cerimônia será no Vaticano em 27 de abril do ano que vem. Os novos santos foram os papas mais influentes do século XX. O Papa Francisco é claramente simpatizante de ambos. E a decisão de canonização dos dois no mesmo dia, segundo analistas, objetiva unificar a Igreja, pois cada um teria seus próprios críticos e admiradores. Marcos Toledo/Pascom

A morte dói naqueles que ficam

Anônimo

Jornal Solidário na internet:

www.jornalsolidario.com.br solidario@portoweb.com.br http://facebook.com/ jornalsolidario

Posse do novo Arcebispo de Porto Alegre ocorrerá em solenidade na Catedral Metropolitana. Veja anúncio na página 11 Dom Jaime Spengler

Nossos telefones: (51) 3093.3029 e (51) 3211.2314

Traga um amigo para este mutirão. Assine o Jornal Solidário


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RTIGOS

VozDomdo Pastor Dadeus Grings

Editorial

Arcebispo Metropolitano Emérito de P. Alegre

Morte... onde

está a tua vitória?

N

o começo de novembro de cada ano lembramos, na saudade e na esperança, os entes queridos que já partiram. O mistério da morte é o grande mistério da vida. E este mistério jamais será penetrado em toda a sua profundidade e, muito menos, esgotado. Diz uma lei da Física que, na natureza, nada se perde, tudo se transforma. Isso, de alguma forma, se aplica a toda pessoa. Num texto bíblico lemos que, quando morremos, não seremos destruídos, mas transformados. Em que consiste esta transformação? Isso é parte do mistério. Uma coisa é certa: diante da morte, sentimos toda nossa finitude e humildemente temos que reconhecer que as ciências nos podem ajudar, mas jamais nos darão uma resposta que nos satisfaça plenamente. A morte é a verdade e a grande surpresa da vida. E assim como toda surpresa causa em nós um maior ou menor impacto, a morte sempre nos impacta, nos deixa desarmados, nos silencia. Talvez seja instintivo ou cultural: diante da morte de alguém, no velório, na celebração dos funerais, no cemitério, as pessoas ficam, naturalmente, em silêncio, ou, quando falam, falam em voz baixa, sussurrando. É que se sentem diante do grande mistério, da surpresa inescrutável da morte. Familiarizar-se com a ideia da morte talvez seja a melhor maneira de viver de bem com a vida. Certamente, um São Francisco de Assis, que falava em irmã morte, chegou a este estágio e não sofreu nem angústia, nem preocupação, muito menos pavor diante da ideia e da realidade da morte. Neste contexto, um dos papéis da religião é fazer as pazes com morte. Todas as grandes religiões acenam com a esperança de uma vida depois desta vida aqui, na terra, e que é a única forma de almejar um mínimo estado de paz com a morte. Islâmicos, judeus e cristãos acreditamos que após a morte há a ressurreição, há vida, enfim. Nestas religiões, o homem encara a morte como uma passagem ou viagem de um mundo para outro. A alma, que representa o lado espiritual do ser humano, independente da matéria, sobrevive e conserva a individualidade após a morte. Após a morte, continuamos sendo nós mesmos e podemos inferir de textos bíblicos, que continuamos reconhecendo e amando a quem amamos na terra, livres das limitações de tempo e espaço... livres das exigências de nosso corpo. Este nosso corpo, que nos dá muitas alegrias e prazer, nos traz também impotência, frustrações, sofrimentos de toda ordem (centrais desta edição do Solidário). O tema da morte é sempre atual e, como todo mistério, deixa mais perguntas que respostas em todos nós. Contudo, para os que cremos em Jesus e sua Palavra, a morte nos acena com a esperança da vida que continua. Como será este depois? São Paulo nos diz que isto nem aos anjos foi revelado. E os anjos não estão autorizados a revelar como será a vida depois da passagem pela terra, pela existência histórica, por este tempo que nos é dado. O que importa é viver, viver plenamente esta chance... fazer da vida presente uma oportunidade para preparar o nosso depois, o nosso céu. E o preparamos enquanto vivermos o mandamento maior do Senhor Jesus: “Amar a Deus e amar o próximo”. (attilio@livrariareus.com.br)

Fundação Pro Deo de Comunicação CNPJ: 74871807/0001-36

Conselho Deliberativo

Presidente: Agenor Casaril Vice-presidente: Jorge La Rosa Secretário: Marcos Antônio Miola

Novembro de 2013 - 1a quinzena

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Adriano Eli Vice-Diretor: Martha d’Azevedo Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, Elisabeth Orofino e Ir. Erinida Gheller Secretário: Elói Luiz Claro Tesoureiro: Décio Abruzzi Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

Um outro mundo real

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Fórum Social Mundial iniciou sua caminhada sob o lema de um “outro mundo possível”. Apontava, em primeiro lugar, a insatisfação popular frente ao mundo real. Colheu a impressão, mais ou menos universal, que explodiu, no Brasil, nas grandes manifestações juvenis de rua, a partir de junho de 2013. Mas o modelo que este Fórum protagonizou, de completa licenciosidade, para ressaltar uma liberdade sem limites, não entusiasmou as forças mais sadias da humanidade. O modelo proposto não apetece mais que o modelo denunciado. O mesmo aconteceu com as ideologias, que se foram revezando no século XX, do Capitalismo e do Socialismo, tendo como fundo, respectivamente, o Liberalismo e o Marxismo.

Notou-se, neste embate ideológico, que não basta defender a dignidade humana, fechada sobre uma liberdade pessoal, nem promover a igualdade, restrita ao terreno. A realidade mostra uma humanidade de pessoas, com fim em si mesmas, num destino eterno inviolável, mas, ao mesmo tempo, essencialmente sociais. Viver humanamente é ser livre, mas também conviver, na base do amor e não do ódio, abrindo-se para todas as dimensões da vida, incluindo a transcendência e a imanência. A Jornada Mundial da Juventude, realizada em julho de 2013, no Rio de Janeiro, mostrou um outro mundo, não só possível, mas plenamente real. Outro em relação à violência reinante; outro em relação à corrupção endêmica; outro em relação à depravação escandalosa dos costumes e da sexualidade; outro em relação ao horizonte fechado do egoísmo e do isolamento. Este outro mundo baseia-se na fé em Jesus Cristo. Ele existe. Reuniu três milhões e setecentos mil pessoas na celebração final, sem contar os milhões que foram ao encontro do Papa, ao longo das ruas e nos diversos momentos dos seis dias de sua permanência no Brasil, para testemunhar a alegria e o milagre da fé. Eles têm um mestre, que ensina não só boas maneiras no comportamento social, mas também proporciona valores de vida. Por isso, sua característica é a alegria de quem sabe em quem acredita e tem a certeza de que a vida presente tem um peso de eternidade, que se vive no amor com uma multidão de irmãos e irmãs.

Conselho Editorial

Presidente: Carlos Adamatti Membros: Paulo Vellinho, Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer, Beatriz Adamatti e Ângelo Orofino

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS Editora Adjunta Martha d’Azevedo

“Botar fé” em tudo o que se faz leva ao amor e explode em alegria contagiante. Qualquer outro grupo tão numeroso, sem esta fé, nestas circunstâncias, teria explodido em violência e praticado atos de selvageria. Houve grupos minoritários que tentaram tumultuar, ferindo a sensibilidade da juventude católica, despindo-se e quebrando, em público, crucifixos e imagens de Nossa Senhora, muito caras à fé católica. Diante de qualquer outro público, teriam sofrido as mais duras represálias. Houve quem gritasse palavras de ordem, apelando para crimes de “mulheres que apanham”. Na verdade, não fizeram senão demonstrar a verdadeira razão destes atos. Os jovens católicos, diante destes desafios, juntaram as mãos para rezar, deixando os agressores envergonhados. A metodologia da Jornada Mundial da Juventude brota do Evangelho: não revidar às agressões. Violência gera violência. Jamais se promoverá paz com guerra. Guerra gera guerra e paz só se consegue com paz, o que equivale a buscar sempre o perdão e a reconciliação. A Jornada Mundial da Juventude mostrou que existe um mundo melhor, plasmado pela fé. Está cheio de amor, de alegria. Mostra-se muito real e vigoroso. A Esperança é que plasma toda a nossa sociedade, profundamente religiosa. Integra nosso bem comum. Mesmo que o Estado se proclame laico, não pode ser nem ateu, nem indiferente aos grandes anseios do povo, de paz, de alegria, de justiça e de solidariedade, que brotam da fé.

Redação Jorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RS

Revisão Ronald Forster e Pedro M. Schneider (voluntários) Administração Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco Lopes Impressão Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51) 3093.3029 – E-mail: solidario@portoweb.com.br Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.


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AMÍLIA &

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OCIEDADE

Pais e/ou mães frágeis Deonira L. Viganó La Rosa Terapeuta de Casal e de Família, mestre em Psicologia

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onvivendo com crianças e adolescentes de periferia e lá trabalhando na formação de bons hábitos e valores, ou em qualquer tipo de aprendizagem, no turno inverso ao da Escola, confirmei meu entendimento de quanto a ausência ou a frágil presença de pai/mãe interferem negativamente nos resultados que se deseja. Evidentemente, isto acontece em qualquer classe social.

Escolas ou ONGs sem participação da Família

Divulgação

Em recente reunião com um grupo de famílias desta mesma periferia, ouço de uma participante:“Temos dois problemas aqui, o analfabetismo e a forte resistência ao cumprimento de horário e à disciplina, ambos necessários para frequentar satisfatoriamente uma escola ou para assumir um trabalho. Além disto, falta preparo para exercer qualquer profissão”. Cito um exemplo: Querendo oportunizar a inserção social e pensando que, ao levar uma adolescente inteligente a sair daquela miséria, toda sua família poderia progredir, conseguimos bolsa de estudo para a menina em escola particular, dando-lhe suporte com material escolar, uniforme, e outras necessidades. Após um ano e meio de esforço de nossa parte, com reprovação durante o período e muita tolerância da parte de todo o corpo escolar, concluímos: impossível a adolescente continuar na escola, por ausências, atrasos, perseverança no pedir esmola, não cumprimento das tarefas, inaceitação de regras e de qualquer intervenção dos professores ou direção em seu comportamento. Do meu ponto de vista, estão por trás do fracasso da menina um pai ausente e uma mãe muito displicente, resistente a qualquer trabalho e acostumada a receber bolsa família e cestas básicas de diferentes paróquias, perseverante em mandar os filhos pedir esmolas. Mas a responsabilidade não é somente daquela família, pois a sociedade não lhe ofereceu o mínimo necessário em gerações passadas e, tampouco, oferece no momento presente. Percebo que serão ainda necessárias algumas gerações para alcançar a participação da família na educação e formação ética, moral, social, afetiva e cognitiva das crianças e jovens.

Sem suporte familiar, classes média e rica também não educam

Talvez não de maneira tão exacerbada como no exemplo citado, podemos dizer o mesmo das classes com melhor poder aquisitivo. Há, hoje, evidente enfraquecimento da figura do pai e da mãe na família. Observando certos comportamentos de crianças e adolescentes de quem deveríamos esperar melhor educação, só podemos pensar: aqui falta pai, falta mãe. Sem cair na tentação de responsabilizar os pais por tudo o que um dia um filho venha a ser, não podemos deixar de pensar: por trás deste comportamento tem muito da família, ah! tem. Em processo constante para livrar-nos do autoritarismo histórico, nos confundimos e lesamos a autoridade, quesito fundamental em qualquer família ou sociedade. Todo filho tem de ter muito claro quem, naquela casa, é pai, é mãe.

Ausência ou a frágil presença de pai/mãe interferem negativamente na formação

A educação tem de ser intencional Educar significa, em primeiro lugar, ter objetivos claros, destacando quais valores são indispensáveis aos filhos e quais habilidades eles precisam desenvolver. Estes objetivos, sem dúvida, exigem ir sendo adequados à idade e aos apelos da vida, por isso, pai e mãe necessitam conversar sobre isto. E é preciso explicar aos filhos o que os pais e a sociedade esperam deles, acompanhar seu comportamen-

to e intervir sempre que necessário, reforçando os objetivos alcançados, identificando as metas não atingidas e estabelecendo novas estratégias para atingi-los. Conversar com os filhos sobre fatos do cotidiano, questionando, ouvindo, propondo atividades que necessitem atenção e concentração; exigir-lhes o cumprimento de horário e a disciplina necessária; oferecer-lhes jogos

e contação de histórias; incentivar a leitura, dando-lhes o exemplo sendo bons leitores, são ações educativas que resultam em uma melhor relação com as próprias emoções e em um eficiente resultado pedagógico. Como pôr em prática este conjunto de ações, com pai ausente, mãe frágil, analfabeta e sem hábito disciplinar algum? Se mães e pais de classe média e

alta estão carentes de reflexão e reforço no cumprimento de sua missão, a classe pobre tem urgência de um acompanhamento da bolsa, quer dizer, é absolutamente necessário capacitar e investir em assessores que alfabetizem, promovam a disciplina, a formação profissional, a responsabilidade e outros. A periferia carece da presença e da convivência com pessoas preparadas que promovam a inserção social.


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Novembro de 2013 - 1a quinzena

PINIÃO

Bebida e festas

Que significa “maranatha”?

de igreja

Urbano Zilles

Antônio Mesquita Galvão Escritor

H

oje ganha corpo por aí a restrição de bebidas alcoólicas nas festas de Igreja, aquelas realizadas nos salões paroquiais, onde junto com o churrasco, o galeto, o carreteiro e as massas, corre frouxo o vinho, cerveja e caipirinhas. Tem locais por aí onde consomem vinho até nas “ultreyas”. Com o advento da “tolerância zero” da lei seca, essas restrições se tornam mais fortes e impositivas. É lamentável ver a quantidade de acidentes, com graves danos e mortes, especialmente nos fins-de-semana e feriadões. Famílias são destroçadas, pessoas mutiladas por causa das bebidas alcoólicas. Quando eu me refiro a uma iniciativa que “ganha corpo”, estou me reportando às campanhas que vem sendo encetadas em várias Dioceses do Brasil, e especialmente do Rio Grande do Sul, onde muita gente, líderes comunitários, padres e bispos e o jornal Solidário, acham que não é a euforia da bebida que promove a alegria das festas paroquiais. A alegria está na amizade, no convívio e na partilha de experiências e expectativas fraternas. Há tempos, escutei, em uma palestra, o liturgista Fernando Petry, da Diocese de Montenegro, criticar certas festas de Igreja, onde o sucesso não é medido pelo número de pessoas presentes na procissão, na novena ou na missa dominical, mas na quantidade de ingressos para o churrasco e o número de caixas de cerveja vendidas. Os pentecostais e evangélicos não usam bebidas alcoólicas em quaisquer circunstâncias. Eles repudiam o álcool junto com o fumo como uma exigência de sua doutrina. Ao revés disto, católicos e outras denominações não dão bola àquelas exigências éticas, e o consumo de bebida é liberado. O uso de bebidas de álcool geralmente enseja uma mudança de comportamento. Mudança para pior. Tem gente que não vai às festas para comer, conviver e se divertir, mas para beber, se embebedar, ficar chato e encher o saco dos outros. E é difícil ver numa festa alguém que beba apenas um copo de vinho ou somente uma cerveja. Como tais reuniões ocorrem sábado à noite ou domingo ao meio-dia, tudo enseja, salvo raras exceções, um certo exagero. Se houver uma blitz com bafômetro na porta dessas festas, não escapa ninguém. Há uns dois anos atrás, no interior da Região Metropolitana de Porto Alegre, depois de uma festa dessas, um padre vinha correndo por uma estrada de chão, perdeu o controle do carro, capotou e morreu. Perdemos um amigo e a Igreja, um bom padre. Qual a causa disto? Eu sou a favor de uma uniformização ética de comportamento, onde se aprenda a promover a alegria das festas com refrigerantes, água e sucos. E faço um desafio: retirem o vinho, a cerveja e a caipirinha das festas e vamos ver qual é a verdadeira atração. Em Caxias, na década de 90, havia uma atividade mensal que colocava 800 pessoas na missa das terças-feiras. É que depois da missa era servido o galeto com vinho. Alguém fez o desafio da festa sem galeto e sem vinho para avaliar o motivo de tamanha frequência. Não toparam o desafio...

Teólogo

N

o m ov i m e n t o d e E m a ú s u s a - s e o t e r m o “ m a ra n at h a ” p a ra d e s i g n a r e n c o n t ro s f e s t ivo s e, c o m o c a n t o d e a c l a m a ç ã o n a s a n t a m i s sa, logo após a consagração. Perguntamos: que significa “maranatha”?

Trata-se de uma antiga fórmula litúrgica sírioaramaica, provavelmente originária da Igreja da Palestina. Encontramo-la no Novo Testamento em 1Cor 16,22, na Didaqué (ca. 90 d.C.) 10,6 e na Constituição Apostólica (ca. 215 d.C.), 7,26. Quando Paulo, escrevendo em grego para cristãos de língua grega, usou a fórmula aramaica, certamente manteve tal fórmula porque usada na comunidade como hoje ainda se usa o “Amém”. A expressão “maranatha”, do ponto de vista linguístico, pode significar duas coisas, dependendo da leitura que se faz: a) sentido declaratório: “O Senhor veio!” (Maran-atha); b) imperativo: “Vem, Senhor!” (Marana-tha). No primeiro caso, os antigos padres interpretavam como passado (perfeito), ou seja, como confirmação do querigma da ressurreição e afirmação da fé na presença de Nosso Senhor entre nós. No segundo caso, seria uma prece de caráter escatológico como se supõe traduzida para o grego em Ap 22,20: “Amém, vem Senhor Jesus!” Nesse caso, seria um pedido para que o Senhor volte. Para os cristãos, a fórmula tornou-se uma

profissão de fé em Jesus, como o Senhor, pois somente Ele é o Senhor (1Cor 12,5). A fórmula aramaica era usada nas reuniões litúrgicas dos primeiros cristãos, em íntima conexão com a ressurreição de Jesus, que se celebra em todos os domingos. Sua presença espiritual na eucaristia é a garantia de seu retorno glorioso no fim dos tempos. A aclamação aparece, pois, como evocação do ressuscitado e, ao mesmo tempo, como apelo para que sua vinda se renove no momento da ceia eucarística ou, no segundo caso, como anúncio de sua presença na ceia messiânica no fim dos tempos. Enfim, parece que na origem “maranatha” é uma afirmação de fé na vinda de Jesus, o Cristo, contra os judeus que afirmavam que o Messias ainda não veio. Nos encontros festivos do Emaús é, pois, uma afirmação solene de fé no Cristo (Messias) que já veio, está presente entre nós (em sua comunidade) no caminho e um dia voltará glorioso para o juízo final. Sua presença entre nós é motivo de alegria, de festa e nos encoraja a voltarmos a Jerusalém para proclamar ao mundo que Ele vive, pois ressuscitou dos mortos.

Limites e “caretice” Carmelita Marroni Abruzzi Professora universitária e jornalista

S

ob o título, “Tutela on-line”, Rosely Sayão, colunista da Folha de São Paulo, aborda uma das grandes questões implícitas na educação e um dos assuntos mais discutidos: impor ou não limites.

Muito já se escreveu sobre isso, inclusive em relação ao uso da internet por crianças e jovens. E a internet não é, mais, uma novidade. Entretanto, ainda há muito para se analisar, porque os pais, embora bem informados sobre como os jovens podem fazer bom uso da rede, se sentem, por vezes, inseguros em estabelecer limites. Não querem ser considerados “caretas”, nem desejam que seus filhos fiquem à margem de seu grupo. Mas, segundo Sayão, embora “no séc. 21, agir como careta soa ofensivo e humilhante, ultrapassado... é prerrogativa do adulto que tem filho, ser careta”! E segundo ela, é melhor usar a caretice, intrínseca a seu papel, para transmitir aos filhos os valores que você preza. Quem educa não pode abdicar de sua autoridade (augere = fazer crescer), pois segundo Sayão, o jovem vai conquistar sua autonomia, passando pela heteronomia, ou seja, pela experiência de ser governado por outro. Então, o jovem precisa adquirir a capacidade de governar a própria vida. E os pais não podem se omitir: precisam usar sua autoridade para fazer os filhos crescerem. Autoridade não significa, entretanto, repressão. “Alguém com autoridade é alguém capaz de criar um espaço de

crescimento”, diz o cardeal Bergoglio (Em: “O Papa Francisco”, de Rubin e Ambrozetti.) A autoridade deve emanar da segurança nos valores que acreditamos; quando pais e educadores em geral precisam usar expressões como: “aqui quem manda sou eu” ou “faça como lhe digo, porque eu quero”, já perderam sua autoridade: usam o poder e a força da função que ocupam e, aí, perderam a oportunidade de “fazer crescer”. Na vida em geral, e em especial na internet, que ocupa importante lugar na vida dos jovens, é preciso distinguir entre o exercício do poder ou da autoridade. Nessa área e entre outras, os jovens precisam da “tutela dos adultos”, como diz Sayão. Mas nós precisamos, também, acreditar neles, dando-lhes um crédito de confiança, considerando os princípios segundo os quais procuramos educá-los. Então, ao impor restrições ou dar ordens, o que deve predominar é o bom senso. Não há regras seguras para isso. É preciso considerar que cada filho é único, cada situação é uma situação. Portanto, somente a tranquilidade, a segurança, o bom senso e o amor de quem educa poderão dizer o que é melhor em cada circunstância. (litamar@ig.com.br)


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DUCAÇÃO &

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SICOLOGIA

O horizonte da vida e da morte Jorge La Rosa Professor universitário, doutor em Psicologia

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ia 2 de novembro é dia de finados, o que enseja uma reflexão sobre a matéria. Pensar a vida é também pensar a morte, esta faz parte do ciclo daquela, ou é o seu término. Francisco de Assis chamou-a de irmã morte, com familiaridade e de maneira afetuosa, sem horror e ressentimento, nessa irmanação com o cosmo, enviando-nos a mensagem de que quando a vida vale a pena, morrer também. Consciência tranquila, missão cumprida.

Na atitude de Francisco podemos distinguir alguns vislumbres: aceitação da finitude. Não somos Deus nem estamos em seu lugar, embora seja a grande e perene tentação, desde o Gênesis até o final dos tempos. Queremos ser Deus quando o retiramos de nosso coração e aí erigimos altar para cultuarmos o eu, num antropomorfismo exacerbado e cego, já que o ser humano não é o autor de si mesmo, é criatura, nem constitui o seu objetivo precípuo: “Se vivemos, é para Deus que vivemos; se morremos, é para Deus que morremos; quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor” (São Paulo aos Romanos 14, 7-9). Entender e ser coerente com o enunciado paulino significa aceitação humilde e grandiosa da condição humana que encontra no Criador o significado último do peregrinar terrestre. Isto é salvação, o encontro do sentido originário da existência, o que lhe dá suporte, e, ao mesmo tempo, a plenifica porque ontologicamente somos destinados ao Absoluto, e somente Ele sacia a fome de felicidade. Não há outra fonte, nem substituto, nem paliativo. Ou Deus ou a danação; neste sentido Sartre tem razão, no horizonte sem Deus “O homem é uma paixão inútil”, e “A vida não tem sentido”, ele vive de teimoso, como Sísifo, num trabalho insano que jamais conclui sua tarefa nem frui o resultado de seus esforços: ele é estruturalmente frustrado e sua vida não tem arrumação; resta-lhe danação. Sartre é coerente na sua filosofia sem Deus. Os que vivem no horizonte de Deus e lhe abrem o coração, experimentam um profundo sentido em tudo o que fazem e dizem, e ainda que não estejam infensos ao sofrimento, cada um tem sua quota, saboreiam o gosto do viver; em uma jornada que se sabe finita, mas que culmina no encontro com o Infinito.

Outras formas

Queremos ser Deus quando destruímos a vida humana pelas guerras, como se dela senhor fôssemos, ou a destruímos pelo modo perverso como se organiza a sociedade e a economia que lhe dá sustentação: novecentos milhões de pessoas passam fome no mundo e dormimos tranquilos, como se não nos dissesse respeito. Não somos o Senhor da vida, mas os guardiões que precisam velar pela sua conservação e desenvolvimento, onde quer que se encontre. Se não nos sentimos responsáveis pela fome no mundo, alguma conversão precisa ocorrer em nosso ser, humano e cristão. Se formos profundamente humanos, seremos radicalmente cristãos. Aceitação da finitude é aceitar que a vida tem um começo e tem um fim. Não temos existência imortal, e por mais que prolonguemos a vida, o que é bom, ela terá o seu termo. Não podemos prorrogar indefinidamente a realização de certas tarefas e a busca de certos objetivos, como nossa permanente conversão e o crescimento no amor a Deus e ao próximo, e o que isso implica. Aceitar a finitude significa, ainda, que

http://www.franciscanos.org.br/

Francisco de Assis e a Irmã Morte

precisamos nos organizar em termos de prioridades, o mais importante deve vir primeiro e ocupar o espaço mais nobre do viver, e ser também a busca constante do existir. Ser é mais importante do que ter, mas não se pode ser sem se ter o necessário e suficiente para uma vida satisfatória e digna. Sociedade com uma melhor distribuição dos bens será meta constante do cristão que não restringe sua fé a práticas piedosas, mas a insere no cotidiano, nas relações com outras pessoas, instituições e Estado. O Senhor já advertira: “Daí a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”. Sociedade calcada na busca desordenada do ter propicia o acúmulo de bens nas mãos de minoria, não é feliz nem cristã, porque contraria o projeto do Criador que destinou os bens da terra a todos os seres humanos e não apenas a um grupo (Paulo VI, Populorum Progressio, nº 22). Sempre que o ser humano contraria o projeto divino, constrói sociedade com patologias variadas e infelicidades multiplicadas. Lição a aprender.

Prioridades

A questão das prioridades é fundamental. Não podemos gastar muito tempo com o secundário e acidental e descuidarmo-nos do essencial; não podemos nos perder nos meios e esquecer os fins; o dinheiro é meio para viver, não é o fim da existência; jamais se ouviu dizer que o acumulado em uma vida acompanhe o esquife do falecido na sua viagem para a eternidade, como passaporte para o céu; a busca do dinheiro não pode comprometer o convívio educativo com os filhos e a família, o convívio fraternal com os amigos, a visita e o conforto aos que sofrem e desamparados. Não podemos gastar todo o tempo disponível para ganhar dinheiro; algo estaria errado; muita gente ao derredor e nós mesmos seríamos infelizes. Os meios não são os fins. A morte não é fim; é meio para encontrarmos o Senhor da Vida e saciar a sede de felicidade que albergamos no fundo do ser. (larosa1134@gmail.com)

É um livro de poesias e estará à venda, com descontos especiais, no estande da Editora AGE da 59ª Feira do Livro de Porto Alegre


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EMA EM FOCO

Novembro de 2013 - 1a quinzena

Morte: a maior trag À

s 19h19min de 14 de outubro de 2013, segundo o site www.worldometers.info/pt, éramos 7.185.782.509 seres 45.081.462 que haviam ‘partido para sempre’. A cada dia, 200 mil pessoas partem para a eternidade, oito mil p no pó dos tempos, com as suas glórias reduzidas a um punhado de cinzas. Avós e netos vão se sucedendo des chamado, agora? Que lugar ocupamos nessa fila? E o que estaremos fazendo daqui a 40

Mistério da morte Na natureza nada se perde, tudo se transforma, diz um princípio básico da física. Os humanos, a partir do instante em que se reconheceram transitórios e que tiveram consciência de sua impermanência e finitude material neste mundo, foram tomados de pavor. Morrer e não saber o que acontece quando se morre é tragédia para quem não tem fé! Mesmo para quem tem alguma crença, deve ser muito angustiante perceber o coração parando, sentir o ar faltando, as forças se esvaindo, a mente parando de processar pensamentos coerentes, as vistas turvando não mais reconhecendo o local. A humanidade pouco sabe lidar com a perda de seus entes queridos. E muito mais não encontra, muitas vezes, sentido para sua própria morte, preferindo imaginar-se intemporal.

Ciência e fé

O homem de nosso tempo, orgulhoso de suas conquistas cientificas, facilmente esquece os valores da solidariedade e da fé. Deus, causa primeira, anterior a tudo e única do universo e de sua harmonia, é relativizado, produzindo deserto espiritual. Possivelmente a Terra não seja o único lugar do universo com vida. Mas, ela é um planeta especial e que, talvez, tenha a única forma de vida inteligente no universo. As condições que levaram ao desenvolvimento da vida complexa na Terra são extremamente particulares. Talvez, sob o ponto de vista prático, estejamos sozinhos no cosmos, mesmo sendo apenas um planetinha – não mais que um microscópico grão de areia. E isto nos torna privilegiados. Mesmo que a ciência consiga explicar como surgiu a vida – talvez o caminho seja a descoberta do bóson de Higgs, a chamada partícula de Deus, proposta em 1964 e confirmada em 2012 – nada e ninguém jamais conseguirá explicar o que veio e existe antes da matéria e fora do espaço. Mesmo que a ciência pura afirme sermos um 'acidente cósmico relevante', a religião e a fé dão a resposta que a ciência não encontrou e não encontrará: um Criador, origem de todo o universo. O conhecimento humano tem limites, Deus não tem limites.

Fazer as pazes com a morte, o papel das religiões

Indistintamente, todas as tradições religiosas acenam com a esperança de uma vida depois desta e que é única forma de almejar um mínimo estado de paz com a morte. Islâmicos, judeus e cristãos acreditamos que após a morte há a ressurreição. Para o islamismo, Deus - Alá - criou o mundo e trará de volta à vida todos os mortos no último dia. As pessoas serão julgadas e uma nova vida começará depois da avaliação divina. Ao morrer, a alma fica aguardando o dia da ressurreição - juízo final - para ser julgado pelo Criador. Para o paraíso, vão as almas que obedeceram e seguiram a mensagem de Alá e as tradições dos profetas entre eles, os cinco principais, Noé, Abrão, Moisés, Jesus filho de Maria, e Maomé. Creem na eternidade da alma e na existência de Deus, mas não como criador de pessoas boas ou más: quem constrói o céu e o inferno é o próprio homem. O judaísmo crê na sobrevivência da alma, mas não oferece um retrato claro da vida após a morte, e nem mesmo se existe de fato. O judaísmo é uma religião que permite múltiplas interpretações. Em algumas religiões orientais, o conceito de reencarnação ganha outro sentido: é a continuação de um processo de purificação. Nas diversas religiões, o homem encara a morte como uma passagem ou viagem de um mundo para outro. A sobrevivência do espírito humano à morte do corpo físico e a crença na vida e no julgamento após a morte já era encontrada na filosofia grega, em especial em Pitágoras, Platão e Plotino. A doutrina niilista e panteísta já se definem por si: nada após a morte. Para os crentes, a alma, independente da matéria, sobrevive e conserva a individualidade após a morte. A doutrina budista prega o renascimento e ensina a evitar o mal, praticar o bem e purificar o pensamento. A visão hinduísta e suas dezenas de derivações é centrada na ideia de reencarnação.


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A S S

ÇÃO OLIDÁRIA OLIDARIEDADE

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gédia da existência?

s humanos a habitar a Terra. No ano, a população planetária aumentou em 64.177.265 , já descontados os por hora, 135 por minuto. As gerações se sucedem desde todos os tempos. Todas as Babilônias do passado jazem sde o alvorecer dos tempos. A “fila anda continuamente’! Será que algum de nós, em sã consciência, quisesse ser anos? E daqui a 80 anos? Quantos de nós ainda estarão aqui para ‘contar a história’?

“A morte não é nada: eu apenas passei para o outro lado do Caminho. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre falaram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu vivo agora no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Cantem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que o meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem nenhum traço de tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou. O fio não foi cortado. Por que eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas!? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho. Vocês ficaram aí: sigam em frente, a vida continua linda e bela como sempre foi. Vocês verão: tudo ficará bem. Redescubram o meu coração e nele vocês vão encontrar a ternura mais pura. Sequem as lágrimas e, se vocês me amam, não chorem mais.” S. Agostinho.

Início da eternidade

A morte não é o fim: é o início da eternidade. No cristianismo está o melhor aceno de esperança. Todas as derivações do cristianismo original - igrejas cristãs históricas, igrejas pentecostais e neo-pentecostais - acreditam no julgamento, na condenação - céu ou inferno - e na eternidade da alma. Para nós, católicos, a alma é eterna e única. Não retorna em outros corpos e muito menos em animais. Cremos na imortalidade e na ressurreição e não na reencarnação da alma. A Bíblia ensina que morreremos só uma vez. E, ao morrer, somos julgados pelos atos em vida. Se obtivermos o perdão, alcançaremos o céu. Quem for para o céu ressuscitará para viver eternamente. Depois do Juízo Final, justos e pecadores serão separados para a eternidade.

Reverência aos mortos

Se não acreditássemos em algo que continua, por que então voltar ao lugar em que estão enterrados nossos afetos e lembranças mais caras? Por que reverenciar os mortos, especialmente os que foram testemunho e exemplo de santidade em vida, como acontece no túmulo do Padre Reus, pelo qual, em Finados, passam mais de 60 mil peregrinos? Talvez seja este um dos impulsos inconscientes que nos leva a visitar cemitérios, especialmente no Dia de Finados. Sabemos que no túmulo, após alguns anos, nada resta! Apenas pó e cinzas! Mas são sinais externos de que algo continua. Talvez todos consigamos imaginar-nos mortos, dentro de um caixão, sendo velados. Até dentro de uma tumba! Mas não conseguimos imaginar-nos nada, não sendo! A morte é uma passagem, uma páscoa para uma outra dimensão da mesma vida. Cultuamos os que partiram e não aos mortos porque não estão mortos. Para quem crê, a morte não existe. Os que partem continuam sendo reais.

Do outro lado do caminho

Um dia será nosso dia! O que é a vida, o que é o tempo, o que é o mundo? A vida, uma brisa, um sopro, uma breve manhã. Nada mais! As escrituras equipararam o corpo físico a uma gaiola e a alma a uma ave que nela habita. Estamos aqui como peregrinos passageiros. Nossa frágil e fugaz experiência terrena tem data limite e prazo de validade. Importa, pois, aproveitá-la para o crescimento espiritual, acolhê-la como um presente de Deus e vivê-la para além do que nos é útil e vantajoso, não reduzindo-a à produção ou à capacitação profissional. S. Francisco chama a morte de irmã. Os grandes santos morrem ‘adormecendo’ no Senhor. É bom fazer a paz com a morte. Contrariamente ao pavor que impede de levar uma vida serena, vive melhor aquele que não se importa com a morte, vivendo intensamente aqui e agora. Cabe perguntar-nos a que dedicamos a melhor energia da nossa vida? Certamente, se tivéssemos plena noção de quão preciosos são os dias com que fomos contemplados talvez os vivêssemos de outra maneira. Amor, bondade, caridade, compaixão, gratidão, perdão não são palavras bonitas, mas a própria razão de estarmos aqui. Desta existência terrena apenas levaremos as boas ações que tivermos realizado. As virtudes cultivadas, os frutos da árvore da existência. “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte.” I João, 3-14

A Ressurreição de Jesus: o melhor aceno de esperança

Bilhões de humanos já passaram seu breve tempo de existência terrena. Um dia será o nosso dia. Não tem como fugir, ninguém escapa. Ainda bem que a morte e ressurreição de Jesus nos acena para uma grande esperança de que a vida continua em outra dimensão. De que jeito? Como será o depois? Talvez, energia, luz no face a face com Deus? O debate sempre será inócuo porque não se pode ter provas. Ninguém voltou para dizer ou detalhar. Nem aos anjos do céu foi revelado, diz S. Paulo. É esse o mistério para o qual o ser humano busca respostas desde sempre. Cabe ter fé, muita fé, o que com a cultura materialista e consumista atual talvez não encontre espaço.

Apenas do outro lado do caminho

Apenas do outro lado do caminho

“Eu vivo agora no mundo do Criador”


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ABER VIVER

Pare de fumar para a saúde do coração O médico Roberto Rocha e Silva, cirurgião cardiovascular do INCOR e autor do livro Querido Coração, alerta que o tabagismo potencializa o diabetes, colesterol alto e outros fatores familiares que são responsáveis pela obstrução de artérias, causando danos ao coração. O médico explica que os cuidados devem começar aos 20 anos ou antes, então quem entra para o mercado de trabalho e quem está em cargos de alta responsabilidade precisa ter consciência de como prevenir doenças cardiovasculares, começando por evitar o tabaco. Todo mundo sabe hoje que o tabagismo é prejudicial à saúde Só para ter uma ideia, diz o médico Roberto Rocha e Silva, o tabagista mediano fuma um maço por dia. Aos 40 anos, terá fumado mais ou menos 150.000 cigarros! Tudo isso sem adentrar na discussão de outro risco

associado ao tabagismo, que é o desencadeamento de muitos tipos de câncer. Portanto, nunca se esqueça: o tabagismo é uma transgressão suicida. O vício, em geral, começa na adolescência. Os pais, educadores e médicos devem insistir para que os adolescentes evitem o fumo ou larguem o vício. Em 2012, o Ministério da Saúde gastou R$ 12 milhões no tratamento a fumantes. Conscientização pode evitar que o jovem comece a fumar. O tabagismo é um problema complicado. O adolescente tende à rebeldia e o tabagismo é uma evidente transgressão à lógica da saúde. Um ambiente familiar acolhedor pode ajudar a evitar o início. Orientação nas escolas também é muito importante. O cigarro ainda é o maior vilão das doenças cardíacas? É um fato conhecido que

Visa e Mastercard

Psicosul Clínica

Albano L. Werlang - CRP/07-00660 Marlene Waschburger - CRP/07-15.235 Jôsy Werlang Zanette - CRP/07-15.236 Alcoolismo, depressão, ADI/TIP Psicoterapia de apoio, relax com aparelhos Preparação para concursos, luto/separação, terapia de crianças, avaliação psicológica Vig. José Inácio, 263/113, Centro, P. Alegre 3224-5441 // 9800-1313 // 9748-3003

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é uma quadrilha composta de sete bandidos: cigarro, obesidade, sedentarismo, colesterol, diabetes, pressão alta e fatores familiares. O que varia, para cada um de nós, é número de comparsas e quem se torna o chefe da quadrilha. Olhe bem para os três primeiros elementos: eles estão super relacionados com a vontade (ou falta de vontade) da pessoa. Os outros quatro são mais independentes desta vontade. A intensidade do fator de risco é que vai determinar a chefia da quadrilha para cada pessoa. É evidente que se alguém fuma dois maços por dia por 20 anos, será uma surpresa se ela não apresentar um infarto: nesse caso, o chefe da quadrilha é reconhecido imediatamente. Falta informação sobre a prevenção de doenças cardiovasculares ou falta empenho da pessoa no cuidado da qualidade de vida? Pergunta complicada, várias respostas: 1- As informações existem, mas primeiro o profissional tem que disponibilizar tempo para obtê-las. 2- O profissional precisa tempo para transmitir este conhecimento e esclarecer as dúvidas dos pacientes. Isto tudo envolve custo e tempo que nem sempre está disponível no relacionamento entre o médico e pessoa assistida. 3- A pessoa assistida tem que valorizar estas informações e se conscientizar que a opção pela saúde envolve esforço permanente.

Dicas de Nutrição Dr. Varo Duarte

Médico nutrólogo e endocrinologista

DIMINUIÇÃO DO CONSUMO DO SAL

(Por ter saído truncado na edição anterior, repetimos o início deste tópico) Comecemos do principio. Comecemos pela alimentação infantil. A criança levada ao seio materno tem contato com o alimento adocicado. Quando atinge os seis meses, passam os familiares a desejar que a criança inicie a alimentação fornecida ao adulto. Esta rejeita o alimento salgado. E aqui começa o uso do sal. Em todos meus escritos anteriores sempre me posicionei a favor da alimentação infantil, nos primeiros seis meses, EXCLUSIVAMENTE pelo aleitamento materno. Sempre escrevi: desde o nascer, já na sala de parto, após os cuidados necessários na preparação do bebê, ao colocá-lo nos braços da mãe, podemos aproximá-lo ao seio materno, cabendo a ele iniciar a sucção. Exagero? Lembro do meu tempo de obstetra, quando após o parto a criança era colocada no berçário (então a criação máxima inglesa) por 24 horas, sem alimentação: ah!, velhos tempos dos anos 60. Aqui começaram meus pronunciamentos, contrários ao estabelecido nesta nossa Porto Alegre, repetitiva de orientações importadas, obtidas em cursos no exterior. Tendo trabalhado por cinco anos no interior do Estado do Rio Grande do Sul, aprendi que as mães, como tinham o parto em casa, colocavam as crianças ao peito sem nenhuma contestação, até no dia do nascimento, iniciando então o verdadeiro e mais perfeito sistema de alimentação infantil, que é o ALEITAMENTO MATERNO. Garanto aos leitores que foi muito difícil convencer os colegas, na ocasião, que esta minha orientação às parturientes, contrariando a defendida pelos defensores do recolhimento do recém nascido ao berçário, devia ser a conduta correta. CRIANÇA AO PEITO DESDE O PRIMEIRO CONTATO COM A MÃE. Exclusivamente, nos primeiros seis meses: AMAMENTAÇÃO. Ah!, o assunto era sal. Fica para a próxima DICA.


Uma professora de creche observava as crianças de sua turma a desenhar. Ia passeando pela sala para ver os trabalhos de cada criança. Quando chegou ao pé de uma menina que trabalhava intensamente, perguntou-lhe o que estava a desenhar. A menina respondeu: - 'Estou a desenhar Deus.' A professora parou e disse: - 'Mas ninguém sabe como é Deus.' Sem piscar e sem levantar os olhos do seu desenho, a menina respondeu: - 'Saberão, dentro de um minuto'. xxx Todas as crianças tinham ficado na fotografia e a professora tentava convencê-las a comprar uma cópia da foto do grupo. - 'Imaginem que bonito será quando vocês forem grandes e todos digam: “ali está a Catarina, é advogada”, ou também “este é o Miguel. Agora é médico”. Ouviu-se uma vozinha vinda do fundo da sala: - 'E ali está a professora. Já morreu!'. xxx Dois colegas de gole percebem que já beberam ao extremo e resolvem ir embora: -È cumpade,tá na hora de nóis ir. -Cê tá certo vambora. Chegando à frente de uma certa residência um deles se despede: -Cumpade, cê vai indo com Deus que aqui é minha casa. E o outro resmunga: -Cê tá doido, quem mora aqui sou eu. Depois de muito brigarem e se espancarem, uma vizinha percebe a bagunça e resolve acordar o marido dizendo: -Olha o Zé pai e filho brigando de novo!!!

Victor José Faccioni*

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data de 5 de outubro deste ano assinala os 25 anos da Constituição de 1988. Constituinte que fui, lembro a visita de dois importantes líderes europeus, Mário Soares, de Portugal, e Felipe Gonzales, da Espanha, que falaram aos brasileiros. Mário Soares disse que era tão grande a tensão e as expectativas do povo português em busca da democracia que todos os problemas e expectativas foram jogados dentro da Nova Constituição, gerando um documento detalhista e completo. Mas, destacou ele, “felizmente haviam previsto não só uma, mas duas revisões Constitucionais – aos cinco e dez anos – após sua promulgação”. Na primeira, “ainda eram fortes as tensões que não conseguiram praticamente nada revisar”. Mas, dez anos depois, baixadas as tensões e enxergando melhor a realidade, realizaram importante revisão para um melhor ordenamento constitucional. Felipe Gonzales, igualmente, transmitiu a experiência que seu País vivera, dizendo que “eram tão fortes as tensões geradas pelo Governo de Franco, que os constituintes espanhóis, prevendo um antagonismo que inviabilizasse uma Constituição duradoura, fizeram um acordo prévio, de que nada seria aprovado para a Nova Constituição que a minoria constituinte contestasse”. Acertaram “a necessidade via consenso para cada novo mandamento constitucional, com poder de veto para a minoria”. E aí acrescentou: “se não fizemos a Constituição ideal, fizemos uma Constituição possível para todos”. Os brasileiros ouviram, aplaudiram, mas não seguiram seus ensinamentos. Aqui, foi prevista uma só revisão e nela, praticamente, nada se revisou. Não tivemos a segunda como os portugueses tiveram e nem o consenso dos espanhóis. Mas, creio, urge algo rever. No mínimo, no Sistema de Governo, adotar o Presidencialismo com Poder Moderador, a exemplo da França e Portugal. E no Sistema Eleitoral, o Distrital Misto, Modelo Milton Campos, que seria o Misto Alemão, mas com os candidatos a deputado concorrendo no Distrito Eleitoral, simultaneamente nos dois tipos de candidatura: se mais votado no Distrito, elegendo-se Representante Distrital e se não mais votado, qualificando-se para as vagas proporcionais do partido no Estado, como agora. Eis, no meu entender, o mínimo e fundamental que urge se decidir, se quisermos perspectivas politicas melhores para o nosso Brasil. (*Foi Deputado Federal Constituinte/88)

Jorge La Rosa - 10/11 Jaqueline Poersch Moreira - 12/11

RESERVE O SEU EXEMPLAR O Livro da Família 2014 e o Familienkalender 2014 estão disponíveis na Livraria Padre Reus, em Porto Alegre, e na filial, no Santuário Sagrado Coração de Jesus, junto ao túmulo do Padre Reus, em São Leopoldo. Matriz: fone 51-3224.0250

Filial: fone 51-3566.5086

livrariareus@livrariareus.com.br

Sem Fronteiras Martha Alves D´Azevedo

Comissão Comunicação Sem Fronteiras ard on

DESAFIO CONSTITUCIONAL NO JUBILEU DE PRATA

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SPAÇO LIVRE

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Colapso da comunicação

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rtigo publicado em jornal nacional em outubro de 2004, informa no titulo: “Umberto Eco teme o colapso da comunicação”. Em entrevista dada ao jornal alemão “Die Welt”, e transmitida de Berlim pela agência EFE, o escritor e semiólogo italiano considera que “a internet pode gerar uma falta de comunicação em nível global, já que cada um pode construir sua própria enciclopédia do saber, impossibilitando as referências culturais comuns”. Segundo Eco, em 2004 já existia o perigo de que seis bilhões de pessoas tivessem seis bilhões de enciclopédias diferentes e que já não conseguissem se entender entre elas. “Antes da internet”, dizia Eco, “a cultura tinha uma função de filtro. Com a internet, essa valoração se anula. A hierarquização do conhecimento passa a seguir critérios puramente individuais e não mais é orientada por valores culturais defendidos consensualmente”. Eco se manifesta contra a tendência de alguns intelectuais de assumir um papel de “oráculo”, para dar resposta a todos os problemas locais e globais, e aspiram uma oportunidade de aparecer na televisão para falar de múltiplos temas. E acrescenta: “Mas como não sabem de tudo, dizem besteiras, que acabam tendo influência”. Esta cultura superficial se espalha pelos meios de comunicação e cada vez menos se pode encontrar programas culturais sérios, porque também a sua audiência é restrita, o que desaconselha a sua veiculação. A internet, que ocasionou uma revolução na comunicação, pode estar sendo a precursora do colapso da comunicação e de problemas sérios na vida das pessoas. Uma piada recente reflete o problema. Uma pessoa vai ao médico para uma consulta. Declara: - Doutor! Não levanto a cabeça, rio sozinho, não converso com as pessoas, falam comigo e não dou atenção...O que eu tenho, doutor? E, o médico responde: Um iPhone... Carlos Castilla Del Pino, em seu livro “Incomunicación”, nos diz: “A compreensão do fenômeno da comunicação – e seu reverso, a incomunicação, não podem separar-se das condições objetivas nas quais o homem está em cada momento”. Se os meios de comunicação eletrônicos invadiram as casas, as escolas, os restaurantes, as festas e as reuniões familiares, necessitamos organizá-los de forma adequada a cada espaço para que não sejam incentivadores de desinformação, de desentendimento e não provoquem um colapso da comunicação. (geralda.alves@ufrgs.br)

Acompanhamento fantástico Vendelino Estasnislau inguém pense que, por estar no mundo moderno, é-lhe lícito olhar por todos os lados, ver cartazes e publicações duvidosas. Não se pense que, por estar no mundo das luzes, é-lhe permitido assumir comportamento estranho e perdulário. Somos cristãos de hoje, sim. Estamos num mundo moderno, livre e diversificado; somos cristãos vivendo num mundo livre. Nem por isto podemos assumir atitudes estranhas e perdulárias. “Vivemos no mundo mas não somos do mundo”, recomenda São João Evangelista. Deus nos deu a sua Palavra, mas o mundo não a aceita. Há um enorme gigantismo serpenteando entre os homens de hoje. Gigantismo que, por vezes, enche a taça e a faz transbordar. Só a bondade divina e a poderosa interseção de Maria conseguem suspender o curso da ira divina. Sem esta cooperação, nossas ações nada alcançam. Entretanto, há um segundo acontecimento no centro da história humana que nos conforta e estimula, a saber: o mistério da encarnação; vida e morte e ressurreição do Senhor. Obra desejada por Deus. Obra que tende a limitar e circunscrever a ação devastadora do inimigo de Deus. Obra inventada pela vontade divina para resgatar a humanidade das garras de Belzebu. Obra tão sublime só podia proceder de um coração “cheio de bondade e de amor”, como rezamos na Ladainha do Coração de Jesus. Através deste gesto prodigioso fica comprovado o amor infinito de Deus a nosso favor. Nenhum homem poderia dar um testemunho igual ou superior ao do mistério de Cristo na Cruz. Se alguém quiser acompanhar-me, deve esquecer seus planos particulares. O assunto beira algum radicalismo, mas a felicidade segue este caminho. E não pensemos que no mundo moderno seja lícito ler qualquer publicação do mercado livresco. Não pensemos que, por estarmos num mundo diversificado, podemos assumir comportamento estranho, bem ao gosto da hora presente e do tempo em que estamos. Somos cristãos de hoje, é verdade. Deus nos deu sua Palavra mas o mundo não a aceita. Há um gigantismo enorme serpenteando pelos lares cristãos que supõe que só os bons e bem intencionados conseguem responder aos mistérios da encarnação, vida e morte do Senhor. Sigamos esses mistérios e os coloquemos na pasta das nossas crenças em Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

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GREJA &

COMUNIDADE

Solidário Litúrgico

Catequese

3 de novembro - 31o Domingo do Tempo Comum

Catequese é mais

Cor: branco

FESTA DE TODOS OS SANTOS 1 leitura: Livro do Apocalipse (Ap) 7,2-4.9-14 Salmo: 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R/.cf 6) 2a leitura: 1ª Carta de São João (1Jo) 3,1-3 Evangelho: Mateus 5,1-12a Comentário: Ser santo é ser feliz. E ser feliz na caminhada desta vida... ser feliz, no depois, na Casa do Pai. Então, por que quero e devo ser santo? Porque quero e devo ser feliz. Devo ser feliz porque ninguém faz feliz a um outro se não for, ele mesmo, feliz. A felicidade é o grande objetivo da vida: amar a Deus para ser feliz; amar o próximo para ser feliz. A consequência de um verdadeiro amor é sempre a felicidade. Assim se poderia definir e sintetizar o chamado “Sermão do Monte”, evangelho de Mateus deste domingo, festa de Todos os Santos e Santas. É bom desconfiar de um santo triste, que destila amargura, que em tudo vê pecado, que não sente prazer em viver. A este tipo de santo se pode aplicar: um santo triste é um triste; santo é que não é! No Sermão do Monte, Jesus fala dos vários caminhos para a felicidade. Ele fala a

em “Bem-aventurado” ou, em outra versão, fala em “Felizes”, o que, em última análise, vem a ser o mesmo estado de plenitude, de gozo, de realização, de felicidade, enfim. Então, falemos dos vários caminhos ou atitudes que levam à felicidade. Em síntese, estes caminhos são: o espirito de pobreza, que leva à confiança em Deus; a fome e sede de justiça, que leva a posicionar-se diante das muitas injustiças que sofrem as pessoas, especialmente “estes mais pequeninos”; a pureza do coração, que é honestidade, transparência, simplicidade no trato com o próximo; ser perseguido por causa da justiça, sofrendo humilhações, desprezo, sem desistir jamais de ser justo e denunciar a injustiça. O homem, de ontem e de hoje, procura, geralmente, a riqueza, o gozo, a estima, o poder, e considera tudo isso como a fonte de toda a felicidade. Jesus traça um caminho diferente. Exalta e abençoa a pobreza, a doçura, a misericórdia, a pureza, a humildade. Com o Sermão do Monte, Jesus quer inculcar nos seus ouvintes e em todos nós uma verdade fundamental: só o amar e servir a Deus e ao próximo torna o homem feliz.

10 de novembro - 32o Domingo do Tempo Comum Cor: verde

1 a leitura: 2 o Livro dos Macabeus (2Mac) 7,1-2.9-14 Salmo: 16(17), 1.5-6.8b e 15 (R./ 15b) 2a leitura: 2a Carta de S. Paulo aos Tessalonisenses (Ts) 2.16-3,5 Evangelho: Lucas (Lc) 20,27-38 Comentário: Somente quem faz as pazes com a morte, acreditando que a morte é passagem para uma vida definitivamente feliz, vive mais e melhor sua passagem pela terra. Vive mais intensamente suas alegrias e acolhe melhor seus sofrimentos. Inquilinos que somos, e apenas inquilinos, neste planeta, não temos aqui morada permanente. Sabendo-nos “de passagem”, não absolutizamos as coisas da Terra: no horizonte do dia de nossa vida, vislumbramos, não um triste final, mas uma alegre esperança de vida e vida feliz. O texto do evangelho deste domingo, abre, de alguma forma, as cortinas desta vida após a morte. A pergunta dos saduceus, que não acreditavam na vida após a morte, revela uma equivocada ideia sobre a ressurreição, como se a vida no além fosse uma espécie de repetição da vida na terra. Jesus deixa claro que a ressurreição traz uma novidade e no Reino definitivo, os santos não serão mais regidos pelas leis físicas

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ou biológicas, pelas leis de tempo, espaço e lugar, mas viverão no amor e do amor, quando “Deus será tudo em todos”. Isso não quer dizer que, na novidade da ressurreição, as pessoas perdem sua identidade. Pelo contrário: todos continuaremos sendo nós mesmos, conhecendo e sendo conhecidos. O teólogo espanhol Queiruga, refletindo sobre a afirmação de Jesus de que na ressurreição os homens e as mulheres "não se casarão mais, porque não podem mais morrer, pois serão como os anjos", afirma que, com estas palavras, Jesus não anuncia uma vida abstrata ou despersonalizada, mas anuncia a plenitude do novo modo de existência, em que o amor tornará as pessoas livres do egoísmo e não haverá mais rivalidade e exclusão. Os vínculos e o amor se conservarão, mas já não se limitarão à vida e às relações, mas se expandirão para alegria e felicidade de todos. Crer na ressurreição de Jesus nos leva a crer na nossa própria ressurreição, a celebrar a vida nova de nossos mortos, e a esperar ativamente nos encontrar todos e todas no banquete eterno onde todos, sem exceção, nos sentaremos na mesma mesa dos filhos e filhas de Deus. (attilio@livrariareus. com.br)

que doutrina Marina T. Zamberlan Professora e catequista

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or vezes reduzimos a catequese ao aspecto doutrinal. Preocupamo-nos em passar o conhecimento do projeto de Jesus e dos dogmas da Igreja. Fazemos decorar orações e o catecismo. No entanto, Catequese é muito mais que isto. Trata-se de experimentar a alegria do encontro com Cristo e de aprender a amar como Jesus amou, pela força do Espírito Santo. Eis o cerne da catequese. Fruto da catequese é a vivência da palavra e da partilha sacramental, é a alegria do seguimento pleno de Jesus que, pela força do Espírito, leva-nos a confiar no Pai e a viver o mandamento do amor fraterno. A alegria está sempre presente na pessoa que se engaja na evangelização. Jesus, pregando à multidão, exultou no Espírito, alegrou-se em seu coração e rendeu graças ao Pai porque o povo simples ia se abrindo à compreensão do anúncio do Reino: “Pai, eu te rendo graças” (Mt 11,25).

Catequese evangelizadora

Da catequese, assim assumida, nasce a ação evangelizadora mais ampla: o serviço aos necessitados, o diálogo com o mundo, a denúncia e ação profética e o zelo em anunciar os valores do Evangelho. Reencontramos, assim, as exigências da vida cristã: o testemunho de vida santa, a prática da partilha e do perdão, o diálogo aberto e fraterno com todos, o serviço solidário na promoção da justiça e da paz. Cada vez que vamos ao encontro catequético, precisamos lembrar e lembrar: não seremos julgados sobre a doutrina, mas, sobre a caridade, isto é, sobre nossa AÇÃO solidária, nosso amor e entrega ao próximo, sobretudo aos mais pobres e humildes. “Tive fome e me deste de comer, ... estava na cadeia e me visitaste ... pois tudo o que fizeste ao menor dos meus foi a mim que o fizeste” (Mt 25). Esta será a matéria do julgamento. Se nos convencermos de que no amor concreto ao próximo está a essência da vida cristã, quem sabe possamos mudar e melhorar nossa ação catequética. Quem sabe consigamos inventar dramatizações, poesias, textos, visitas, histórias, tudo para provocar ações concretas de amor ao próximo entre os catequizandos e entre eles e todas as pessoas.

Encontro da Família Schardong Integrantes da Família Schardong programam para o dia 16 de novembro, em Missal, Paraná, a realização de seu VIII Encontro que se estenderá das 9h30min às 17 horas, integrando a programação a celebração de uma missa, apresentação das delegações e histórico da família, almoço de confraternização, hora cultural e reunião dançante. A comissão organizadora solicita confirmação até o dia 9 de novembro e pede que as pessoas levem, para apresentação na hora cultural, fotos das famílias, cantos, peças teatrais etc. Informações fones (45)3244.1101, 3244.1389 e 3244.1222 - https://www. facebook.com/messages/lucia staubraffler


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SPAÇO DA

Dom Dadeus recebe homenagens pela Ação Social na Arquidiocese A Paróquia Nossa Senhora de Aparecida, da Restinga, acolheu o primeiro ato de despedida do arcebispo emérito e administrador apostólico, Dom Dadeus Grings. Realizado na quinta-feira, dia 17 de outubro, a Santa Missa reuniu bispos e padres da arquidiocese, e traduziu o agradecimento pelas ações realizadas pelo arcebispo para a área da ação social. Antes do início da Missa, foi descerrada uma placa em homenagem aos 12 anos de fundação da Paróquia Nossa Senhora Aparecida e de gratidão a Dom Dadeus, fundador da Paróquia. Em sua homilia, Dom Dadeus ressaltou que o Evangelho se prega fazendo a caridade e que isso não se pode abolir: “Entre os cristãos não havia necessitados. Eles sabiam muito bem que fazia parte do Evangelho o ‘olhar para os mais carentes’ para que todos tivessem o necessário para viver. A Igreja, ao longo do tempo, foi organizando obras sociais para fazer a caridade junto com o anuncio da fé. Nós nos encontramos com Deus e também queremos nos encontrar com o próximo, de modo particular com os que mais necessitam”, disse. Em seguida, Dom Dadeus recordou a presença das Diaconias na Arquidiocese e, de modo especial, da Obra Social Padre Leonardi, mantida pela Paróquia da Restinga. O arcebispo emérito recordou a criação da paróquia e a chegada do Pe. Ceron: “Ele fez maravilhas. Nessas maravilhas surgiram muitos problemas, mas a graça de Deus está conosco. Essa obra é a fé que se torna prática, onde nós acolhemos as pessoas e Nosso Senhor dizia: ‘o que fizestes ao menor dos meus irmãos é a mim que o fazeis’. Se queremos servir a Cristo, servimos aos irmãos dele”, disse Dom Dadeus, classificando-se como avô das crianças atendidas pela paróquia. Dom Dadeus foi presenteado pela comunidade com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Grupo musical composto pelas crianças atendidas pelo projeto social fez uma apresentação. Em seguida, o arcebispo emérito foi mais uma vez homenageado com a música “Amigo”, de Roberto Carlos.

Porto Alegre: Moto Romaria de Nossa Senhora Aparecida reuniu mais de 30 mil pessoas Em mais uma edição, a Moto Romaria de Nossa Senhora Aparecida, em Porto Alegre, se confirmou como a maior manifestação de fé sobre duas rodas do Estado do Rio Grande do Sul. No feriado da padroeira do Brasil, mais de 25 mil motos e 30 mil pessoas percorreram as ruas da capital gaúcha prestando homenagem à Mãe Aparecida, celebrada como protetora dos motociclistas. Concentrados na Rua Antônio de Carvalho, os motociclistas iniciaram a procissão após a bênção do arcebispo emérito e administrador apostólico Dom Dadeus Grings. À frente da procissão estava o carro da EPTC com a imagem de Nossa Senhora e o Pe. Vanderlei Mengue Bock. Do centro, os participantes seguiram até o Porto Seco, na zona Norte de Porto Alegre, onde receberam a bênção coletiva e, depois, individual. Atual organizador da Moto Romaria, Pe. Vanderlei destaca que o evento se consolida como o maior do gênero no estado.

RQUIDIOCESE Coordenação: Pe. César Leandro Padilha

Jornalista responsável: Magnus Régis - (magnusregis@hotmail.com) Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das paróquias. Contatos pelo fone (51)32286199 e pascom@arquidiocesepoa.org.br Acompanhe o noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa Facebook: Arquidiocese de Porto Alegre Imagens: Pascom

Dom Dadeus dará nome a escola infantil na Restinga O arcebispo emérito, Dom DadeusGrings, recebeu uma homenagem especial no primeiro ato de despedida, realizado no dia 17 de outubro, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, da Restinga. A Instituição de Educação Infantil do bairro Lajeado, assumida pela Igreja Católica no último dia 1º de outubro, será chamada “Escola de Educação Infantil Dom Dadeus Grings”. O arcebispo emérito foi surpreendido com o anúncio. Crianças atendidas pela paróquia desenrolaram um banner com a nova identificação da escola. Uma placa simbolizando a nomeação da instituição foi entregue como lembrança a Dom DadeusGrings pela secretária

de Educação de Porto Alegre, Cleci Jurach. “Que o Senhor, mesmo na aposentadoria, continue a nos auxiliar nesta caminhada porque nós temos muito a fazer. Precisaríamos de mais Dom Dadeus nesta cidade, de mais padres Ceron. Que Dom Jaime venha com essa fé e esse princípio de levarmos a educação, principalmente aos mais necessitados”, disse a secretaria. A escola já está em funcionamento. Atende a 114 crianças de até cinco anos de idade e está localizada no Beco da Vitória, bairro Lajeado. A Igreja assumiu a gestão do local e contará com o apoio da Prefeitura de Porto Alegre.

DESPEDIDA DE DOM DADEUS No próximo dia 10 de novembro, toda a comunidade arquidiocesana é novamente convidada a manifestar gratidão a Dom Dadeus pelo seu trabalho pastoral na Arquidiocese de Porto Alegre. Junto com a festa de 75 anos do Seminário São José, será realizado o último ato de despedida do arcebispo emérito com missa às 10 horas, seguida de almoço de confraternização.

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Dom Dadeus segura a placa que atribui seu nome à instituição de ensino


Porto Alegre, novembro de 2013 - 1a quinzena

“O livro é o melhor que a humanidade já produziu”

Luís Augusto Fischer, eleito patrono da 59a Feira do Livro de Porto Alegre – 1o /17 de novembro – pretende exercer o papel de embaixador do livro no evento. Para ele, a Feira é muito mais que interesse financeiro de livreiro: é ponto de encontro de pessoas que buscam mais saber. Luiz Augusto é filho de Bruno Fischer, atual presidente do Movimento Familiar Cristão, núcleo de P. Alegre. Nasceu em N. Hamburgo em 1958, é professor de literatura da UFRGS e autor do Dicionário de Porto-Alegrês (1999), além de outros. Muito solícito, concedeu entrevista especial ao Jornal Solidário. Solidário - O livro é (pode ser) o mestre disponível 24 horas. Em tempos de sempre estar com pressa e de ter que conviver com a turbulência urbana, o que sugere para alguém se tornar leitor? Fischer - Tem que ter paciência. Não há outro jeito. Creio que não precisa muito: se qualquer pessoa fizer o propósito de conceder-se 15 minutos por dia para, neste tempo, dedicar sua atenção ao livro, qualquer livro, me parece certíssimo que em poucos dias ele estará fisgado pela beleza da experiência. Mesmo que seja uma leitura exigente: 15 minutos hoje, ainda que possam resultar em uma percepção confusa, sem muita nitidez, serão retomados nos 15 minutos de amanhã, quando então a primeira impressão ganhará outro sentido, mais profundo. Esse adensamento, esse alargamento da experiência de leitura me parece que fatalmente será correspondido por um aprofundamento da percepção, quer dizer, da vida interna do leitor. Proponho esse desafio, e pode me cobrar depois. E aceito o desafio mesmo que se trate de leitura complicada. Da mesma forma, a gente produz um leitor em crianças: simplesmente lendo para elas, lendo com elas, todos os dias. Não precisa nem se preocupar que o livro seja recomendado por especialistas – basta ser um livro legal, com boa historia, ilustrações instigantes. Ler não é um dom: é

Editora UFG

Livrarias católicas na Feira

Luís Augusto Fischer

Livraria Paulinas - banca 7, Livrarias Paulus - banca 11, Livraria Padre Reus - banca 21, Edipucrs - banca 22, Livraria Vozes - banca 54, e Editora Unisinos - banca 83. São as seis livrarias católicas novamente presentes à 59ª Feira do Livro de Porto Alegre. O evento vai de 1º e 17 de novembro. Câmara Riograndense do Livro

uma capacidade, que a gente desenvolve assim como desenvolve a capacidade de acompanhar uma telenovela, de entender a fala dos outros, de cozinhar uma sopa ou assar um churrasco. Todo mundo pode aprender – e o melhor de tudo é que todo mundo se beneficia da leitura, que nos torna sempre mais inteligentes, mais sensíveis, mais atentos, mais focados. Solidário - Considerado o mais acessível e perene suporte de expressão do pensamento e saber humano, como o livro pode contribuir para uma vida plena da existência? Fischer - Creio que o livro contribui para uma vida cheia de sentido simplesmente porque ele é capaz de acolher, em seu formato tão singelo (uma pilha de folhas impressas, grudadas por um dos lados externos), o que de melhor a humanidade já produziu, inventou, sonhou, desejou, etc. Isso se acrescenta de outra marca forte do livro: depois que aprendemos a ler, cada um é individualmente solicitado pelo livro, quer dizer, cada indivíduo se relaciona diretamente com cada livro, o Ao receber o doc, renove a assinatura: é presente para sua que aumenta muifamília. No Banrisul, a renovação pode ser feita mesmo após o to as chances de que cada um se torne uma vencimento. E se não receber o jornal, reclame, trata-se de serviço pessoa mais interessanterceirizado. Fones: (51) 3211.2314 e (51) 30.93.3029. te, mais inteligente, etc.

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