Espírita Tribuna
Ano XXXIII - Nº 180 julho/agosto - 2014 Preço: R$ 4,00
Missão país de um
Brasil e seu futuro ANDRÉ MARINHO Rio de Janeiro-RJ
A
intuição de Humberto de Campos estava acertada: O Brasil é um país do futuro. Nosso povo possui a alma experiente de tantas dores, de tantos sofrimentos vividos, no passado espiritual desta nação. Aqui, misturaram-se indígenas, europeus e africanos. O chazinho que tomamos, para melhorar de uma gripe, é receita antiga dos ancestrais indígenas. O medicamento alopático que cura a virose é resultado de uma Europa científica. A mistura de alho, gengibre e limão é ensinamento de cura da África. E, nós soubemos usar dessas três culturas, para o nosso bem. Neste país não há divisões sociais que nos levem a uma guerra: o branco europeu come, diariamente, no Sudeste a comida dos escravos, arroz e feijão. Na cultura negra, os hábitos europeus estão enraizados e, igualmente, na cultura indígena, as heranças de europeus e de africanos fazem parte da realidade. Isto é a construção do Brasil, um país que se foi moldando, dentro das realidades históricas que foram sendo criadas e impostas. Hoje, nosso país tem um grande déficit, em muitas áreas: a nossa educação está longe de ser a ideal; o nosso sistema de saneamento é, ainda, precário; a saúde, ainda, é um grave problema nacional. Contudo, não estamos retrocedendo e, sim, marchando adiante. Os ganhos pequenos que nossa nação alcança são muito importantes e precisam ser observados. Junto com os ganhos, surgem as contradições. Somos o maior produtor de alimentos do mundo e, ainda, temos fome. Somos a sétima economia do planeta e nossa desigualdade social é maior do que a de países africanos. E seguem as contradições... Mas, precisamos olhar para as possibilidades. Foi o que fez Humberto de Campos, quando escreveu Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho.
O livro foi recebido, num momento difícil da história nacional: Em pleno Estado Novo, durante a Segunda Guerra Mundial. As forças espirituais que configuravam o planeta, naquele momento, eram perigosas: poderia vencer o projeto nazista. Contudo, a união de forças distintas – capitalistas e comunistas – por um bem maior – a vitória na guerra – fez com que, tanto EUA, quanto União Soviética, fossem os grandes vencedores, apesar de vinte milhões de mortos russos, em campo, para conseguir a vitória. O mundo se reordenou e superou a tragédia da guerra. E nosso país prosseguiu. Humberto de Campos-Espírito ao analisar a nossa história, interpretando-a, possui uma grande importância para os espíritas: não são as suas análises historiográficas o determinante para nós. Sabemos que interpretações e novos dados, sempre, surgem, o que fazem das análises, sempre, provisórias. Contudo, a grande importância do livro está em ele nos abrir a possibilidade de desenharmos o futuro, em ele nos demonstrar qual é o nosso potencial, como nação, seja territorial, seja populacional, seja cultural, seja estratégico no mundo – tudo isto, gerando um potencial espiritual da nação. Assim, estamos nos aproximando de uma nova eleição. O espírita é chamado a se posicionar. Que Brasil queremos? Que projeto para nosso país? Não podemos esquecer que as forças espirituais distintas estão se posicionando e buscando ganhar legitimidade, através do poder humano. Qual força nós iremos apoiar? Qual força combina com os ideais que temos? Temos que ter atenção, pois a História não é feita, somente, na terra nem, somente, no mundo espiritual: ambos, entrelaçados, criam a realidade. Portanto, lembremo-nos de Humberto, com a sua Esperança sobre o Brasil e vamos Torcer pelo Brasil, sabendo escolher, com consciência, seja terrestre, seja espiritual.
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Jesus e os Amigos I
nconcebível supor que, em razão do seu nível estelante, não tivesse o Divino Mestre a oportunidade de usufruir as bendições que as sinceras e dignas amizades propiciam. Ao longo da estrada entre Jerusalém e Jericó, num dos lados do renomado Monte das Oliveiras, levantava-se o povoado de Betânia, bucólica região de pescadores e gente simples, onde o Nazareno costumava estar, em visita enternecida aos irmãos Marta, Maria e Lázaro. Foram variados os Seus amigos. Não apenas os de Betânia, mas companheiros outros que O amavam e emprestavam-Lhe a consideração da ternura, entre príncipes e pessoas do povo, entre jovens e idosos, entre homens e mulheres. Jesus soube retirá-los de todos os meios sociomorais da sociedade da
Sua época. Teve amigos das estradas de poeira e suores, como os teve egressos do crime e do meretrício. Teve amigos que usufruíam das glórias do mundo material, respeitados e homenageados, como os angariou no meio dos pais de família, lutadores anônimos dos caminhos humanos. Sabia o Luminoso Amigo que quando se leva o coração prenhe de amor e se o amor é vida, e se o amor é Deus, tem-se oportunidade de construir, desde a Terra, por meio da legítima amizade, o reino dos céus no cerne das pessoas, e iluminar os campos onde se acham os a quem amamos, convertendo a amizade em escala para felicidade. (Do Livro Vida e Mensagem de José Raul Teixeira, pelo Espírito Francisco de Paula Vítor)
Sumário
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Brasil e seu futuro Jesus e os amigos Problema e solução A dramática indagação Equilíbrio familiar Liberdade e progresso O pensamento, como ferramenta de libertação O princípio da afetividade na base de direito das famílias: Um avanço em direção à Lei Natural de Justiça Painel Espírita Jesus e tolerância religiosa O Espiritismo e a definição de Kardec Cremação Bem-aventurados os aflitos Missão de um país
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Rogativa A terceira revolução Cuidados Vigiados Recursos didáticos Pensamentos e sentimentos saúde e doença
Expediente Fundada em 01 de janeiro de 1981 Fundador: Azamor Henriques Cirne de Azevedo
TRIBUNA ESPÍRITA
Revista de divulgação do Espiritismo, de propriedade do Centro Espírita Leopoldo Cirne Ano XXXIII - Nº 180 - julho/agosto - 2014 Diretor Administrativo e Financeiro: Severino de Souza Pereira (ssp.21@hotmail.com) Editor: Hélio Nóbrega Zenaide Jornalista Responsável: Lívia Cirne de Azevedo Pereira DRT-PB 2693 Secretaria Geral: Maria do Socorro Moreira Franco Revisão: José Arivaldo Frazão Assessoria: Uyrapoan Velozo Castelo Branco Colaboradores: André Marinho, Azamor Henriques Cirne de Azevedo, Carlos Romero, Denise Lino, Deolindo Amorim Divaldo Pereira Franco, Elmanoel G. Bento Lima, Fátima Araújo, Flávio Mendonça, Frederico Menezes Geraldo Campetti Sobrinho, Guilherme Travassos Sarinho, Germano Romero, Gustavo Machado, Hélio Nóbrega Zenaide, Igor Mateus Leonardo Machado, Mauro Luiz Aldrigue Octávio Caúmo Serrano, Orson Peter Carrara, Raul Teixeira, Sandra Borba, Walkíria Araújo, Zaneles Brito.
O Moribundo
Diagramação: Ceiça Rocha (ceicarocha@gmail.com)
Diminuindo o nosso Narcisismo
Impressão: Gráfica JB (Fone: 83 3015-7200)
O inferno são os outros A quem serves? Verdades que não querem ver Quem é o adversário? Eternas revelações
ASSINATURA BRASIL ANUAL: R$ 25,00 TRIANUAL: R$ 70,00 EXTERIOR: US$ 20,00 CONTRIBUINTE ou DOADOR: R$....? ANUNCIANTE: a combinar TRIBUNA ESPÍRITA Rua Prefeito José de Carvalho, 179 Jardim 13 de Maio – Cep. 58.025-430 João Pessoa – Paraíba – Brasil Fone: (83) 3224-9557 e 96333500 e-mail: jornaltribunaespirita@gmail.com Nota da Redação
Civilização e guerra
Os Artigos publicados são de inteira responsabilidade dos seus autores. julho/agosto • Tribuna Espírita • 2014 3
Problema e solução GERALDO CAMPETTI SOBRINHO Brasília-DF
O
problema surge, em nossa vida, como oportunidade de solução. A solução do problema dependerá de nossa atitude, perante a situação vivenciada. Temos, nesse caso, três alternativas: desesperarmo-nos, entendendo a solução como praticamente impossível; sermos indiferentes, fugindo da situação e evitando qualquer confronto direto ou indireto; ou encarar a questão, esforçando-nos para fazer o melhor ao nosso alcance, recorrendo ao auxílio externo, se necessário. Não há dúvida de que esta última opção é preferível às demais. Melhor enfrentar que fugir ou se desesperar, criando uma “tempestade num copo d’água”. Teoricamente, analisando-se, apenas, pelo raciocínio lógico, esse é o caminho a seguir, a postura a assumir. O difícil, entretanto, é que a questão, também, envolve aspectos emocionais, exigindo equilíbrio do ser humano,
para tratar, serenamente, todas as situações da vida. A emoção dá “sabor” à vida. Mas também, complica, demasiadamente, nossa situação, quando não a utilizamos em favor próprio e do semelhante, com o qual lidamos diariamente.
Equilibrar as emoções é empregar a inteligência, para viver feliz, ou pelo menos, mais harmonizado, consigo mesmo, com Deus e com o próximo. A existência é rica em oportunidades de autoeducação. O processo é gradativo e exige esforço constante. Mas, é passível de se efetivar, exitosamente. Depende de nossa vontade em querer e em perseverar, no campo de batalha, no qual o mais difícil adversário reside dentro de nós mesmos. Procuremos, assim, enfrentar os problemas da vida, com ânimo, a fim de conquistarmos as vitórias parciais, na experiência física que haverão de nos conduzir ao êxito final, sobre nossos defeitos e inseguranças. Não estamos sós! A ajuda de bondosos amigos, visíveis e invisíveis, nos chegam a todo instante. Prossigamos na luta. A vitória é certa, ao final da jornada. O tempo, para isso, só depende de nós.
A Dramática indagação CARLOS ROMERO João Pessoa-PB
A
vida é cheia de interrogações, reticências, dois pontos, interjeições, traços de união; e viva a aritmética da vida. Com a reticência, suspendemos o discurso, finalizamo-lo com o ponto, mas o que mais mexe com a gente é a interrogação. É ela que nos conduz à sabedoria. Foi, interrogando as pessoas, que Sócrates ensinou a sua filosofia. Ninguém aprende com uma pessoa calada. Pobre daquele que não indaga, que não perquire, que não busca o conhecimento. E, aqui, ergo um brinde às crianças por muito perguntarem. As crianças e os filósofos. A interrogação mexe com a gente. Desafia-nos. É ela que, muitas vezes, nos perturba, nos inquieta. Viver é indagar. Diz um estúpido ditado popular que “quem tudo quer saber, mexerico quer fazer”. Discordo da chamada sabedoria popular e acho que, quem tudo quer saber, denota inteligência e perspicácia. E, às vezes, quem indaga não exige resposta. Indaga, só por indagar, instigar à reflexão. Foi o caso de Pilatos, quando perguntou a Jesus o que era a verdade (João 18:38). A indagação exigiria uma grande resposta. E eu fico pensando: Jesus poderia ter dito o que disse, depois, aos discípulos: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Mas, quem sou eu para aconselhar Jesus... Prosseguindo na crônica. Se me perguntassem qual a maior pergunta de todos os tempos? Eu responderia, sem pestanejar: qual a finalidade da vida? Por que estamos, aqui, no mundo? Será que tudo termina, num viver e morrer, e pronto? Suponhamos que você acordasse, altas horas da noite, sem saber que 4 Tribuna Espírita • julho/agosto • 2014
estava dentro de um navio. Qual seria sua primeira pergunta? Ora, ora, cronista... Indagaria: Onde eu estou e para onde vou, depois dessa viagem? O escritor Léon Denis, no livro extraordinário “O problema do ser, do destino e da dor”, conta que um professor universitário perdera uma filha, fato que lembrou o problema da imortalidade. Desesperado, foi ao encontro dos colegas, pedindo-lhes uma palavra de consolação. Frieza total. Os colegas mudaram de assunto. Aí, lamentou ele: “pedi um pão e me deram uma pedra”... Narra, ainda, Léon Denis este dramático monólogo de outro professor universitário: “Estou na Terra. Ignoro, absolutamente, como aqui vim ter e o que será de mim, quando daqui sair”. A verdade é que poucos têm coragem de fazer tal monólogo. E fazem tudo, para esquecer o problema da imortalidade. Vivem, como se fossem eternos, no corpo de carne. E haja diversão, para esquecer a reflexão. Há tantas atrações, tantos divertimentos, para esse alheamento... Mas, no túmulo de Allan Kardec, lá no Père Lachaise, em Paris, há uma inscrição que diz: “Nascer, viver, morrer, renascer, ainda, progredir sempre, tal é a lei”. Haverá mensagem mais consoladora do que esta? Ou tudo fica, no morrer e pronto? Como disse, no começo, necessitamos das interrogações. São elas que nos fazem pensar e o homem é um animal que pensa. Lembro, agora, do escritor francês Anatole France que dizia ter muita pena de seu gato, porque não pensava...
Equilíbrio familiar
FATIMA ARAÚJO João Pessoa-PB
A
atmosfera de amor, no lar terrestre, é a chave para o convívio proveitoso, como para a saúde mental, física e ambiental, para a paz e o desenvolvimento pleno. Sem esquecer que a busca da felicidade se firma, em pilares, como o autoconhecimento, a autoestima, a autoaceitação e o autorrespeito. Isto, porque, se desconhecermos estas virtudes que nos mantêm antenados com a ética, a humildade, a responsabilidade político-social e a consciência da grandeza de Deus, não estaremos completos, como integrantes do Universo e seres que, aqui, viemos com uma pauta de trabalho a cumprir. Mas, como exercer essa missão primeira do lar, voltada para o autoconhecimento e o equilíbrio das criaturas, sem a esperança de que a instituição familiar volte a ser respeitada como antes? Como pretender que diminuam os índices de divórcios, conflitos e desajustes, em meio às terríveis falhas da educação, no plano terrestre? Poderíamos, até, dizer que a solução para a paz mundial está na Família! Porque, tudo de bom começa nessa pequena célula, como a saúde emocional, a coragem, a fé, a segurança, a eliminação dos medos, tensões e sofrimentos. A propósito, os grupos e organizações de hoje têm voltado seu interesse para essa temática tão valorosa e atual, tão pulsante de vida! Isto, porque a família é, ainda, a melhor escola para o aprendizado e evolução dos seres humanos na Terra! Não, apenas, em nosso universo espírita, mas em quase todas as religiões do mundo, a família é enaltecida, como um bem maior, para o equilíbrio da sociedade e a solidez
de valores dos indivíduos. “A família é o centro essencial de nossos reflexos”, ensina Emmanuel, na obra “Pensamento e Vida”, através da psicografia de Chico Xavier. Já, os budistas recomendam: “Uma atmosfera de amor em sua casa é muito importante. Faça tudo o que puder para criar um lar tranquilo e com harmonia”. No entanto, para que essa atmosfera de amor seja permanente, faz-se necessário que o grupo familiar tenha suas bases firmadas no amor e nos ensinamentos do Divino Mestre, sem nenhum interesse que arruíne ou enodoe a união. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Capítulo V, Item 4, (Causas atuais das aflições), Allan Kardec questiona: “(...) Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma! (...) Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração (...)”. Lembramos, ainda, que pertencemos a essa grande família, chamada Humanidade, que caminha para um estágio tal de evolução que, no futuro, não dará mais espaço para o egoísmo – a mais terrível chaga da vida em sociedade! Quando entendermos que o próximo precisa de nós; quando aprendermos a amar os filhos dos nossos vizinhos, como se fossem os nossos. Ou seja, no dia em que captarmos o sinal do amor, o sinal de Deus!
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Liberdade e progresso ORSON PETER CARRARA Matão-SP
A
propósito das manifestações de rua em 2013/14, e, diante do momento difícil do país, permito trazer ao leitor algumas considerações: a) Vivemos um processo de guerra. Não de armas, mas de ideias, de justas discordâncias e questionamentos oportunos. Objetivo final é a liberdade e o progresso, não há dúvidas, em toda expansão que as duas palavras permitem e alcançam; b) Se pensarmos bem, cada um de nós traz consigo uma tarefa comum: instruirmo-nos mutuamente, ajudar, no progresso coletivo, e melhorar nossas variadas instituições; c) A liberdade é o direito de proceder conforme nos pareça adequado, com a ressalva de que esse direito não vá contra o direito alheio; também, é a condição humana necessária para cada um construir seu destino, individual ou coletivamente; d) O progresso, por sua vez, é o desenvolvimento, o movimento progressivo da civilização ou a marcha e movimento para diante, ou, ainda, a caminhada para um estado de coisas, cada vez mais, de acordo com a justiça e a razão. Ele, também, pode ser classificado como a aplicação das leis que realizem a maior soma de ordem, bem-estar, liberdade e fraternidade; podemos, até, defini-lo, ainda, como a extensão da liberdade. e) Para sermos verdadeiramente coerentes, no uso do inevitável progresso, é preciso nos libertarmos da escravidão da ignorância e das baixas paixões ou apetites vulgares, educando-nos, moralmente, com a aquisição de virtudes ou aprimorando-as. Essas considerações nos fazem pensar na justiça e oportunidade dos protestos e insatisfações nacionais em andamento, face à corrupção a abusos morais de toda ordem, num país de extensão continental, com um povo aberto e fraterno, solidário. O nível de amadurecimento da mentalidade humana já não aceita mais – e nem combina – a corrupção, a desonestidade, a omissão ou os desvios morais de toda ordem. Vivemos um novo tempo, de progresso e liberdade. Afinal, desde que haja duas pessoas juntas, ambos têm direitos a respeitar e já não possuem liberdade absoluta. Por outro lado, sempre temos, individual ou coletivamente, o poder da escolha e somos, sempre, senhores da capacidade de ceder ou resistir às tentações de toda ordem e às paixões que desequilibram a individualidade ou a própria sociedade. E há que se considerar que o dever – definido pelo dicionário como aquilo que precisa ser feito – convida-nos ao bem e ao pro-
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gresso e esta atitude, de agir e não permanecer na indiferença ou na omissão, pode evitar o mal decorrente do não comprometimento com as boas causas – único objetivo da vida –, sobretudo, aquele que poderia contribuir para um mal maior, em prejuízos mais abrangentes para a coletividade. O excesso do mal em andamento – em todos os sentidos, desde a corrupção, à violência ou omissão de governos e governados – faz compreender a necessidade do bem e das reformas, nas leis, nos hábitos, nos costumes. Vamos percebendo, com clareza, que os maiores obstáculos ao progresso e, por consequência, da liberdade humana, são o orgulho e o egoísmo. Note-se a definição de ambos, para constatar essa afirmação: a) orgulho: manifestação de alto apreço ou conceito que alguém se tem; b) amor exclusivo a si mesmo e aos interesses próprios, em detrimento aos interesses alheios. Já é tempo de despertar. O direito de questionar, de protestar é legítimo, justo. Mas ele não dá direito à violência, ao vandalismo, à agressividade. Tais comportamentos são, absolutamente, incompatíveis com a democracia e o novo tempo que desejamos construir. Será de muita oportunidade ler, novamente, a letra do Hino Nacional, e cantá-lo, claro. A letra é inspiradíssima, nesse ideal de paz e fraternidade que desejamos construir para o país. Inclusive, destacando o respeito que devemo-nos uns aos outros. Estejamos nós, como governados ou governantes. Não importa. Somos os mesmos seres humanos, necessitados todos da consciência de agir com bondade e justiça. Tais considerações, de precisão cirúrgica, para o atual momento do Brasil, estão baseadas em “O Livro dos Espíritos”, especialmente nos capítulos “Lei de Liberdade” e “Lei do Progresso” e, também, em Léon Denis. Impressionante a precisão, clareza e atualidade das questões desses dois importantes capítulos da obra básica. Fizemos pequena adaptação das respostas dos Espíritos, para compor a presente abordagem; mas, a fonte das ideias lá está, clara e disponível para todos. E, já que estamos às vésperas das eleições, é preciso pensar, como vamos usar o voto, diante das leis que nos dirigem: nos interesses pessoais ou no interesse coletivo da nação? Como eleitos ou eleitores, o dever não tem duas caras. Ele é a obrigação moral, em favor próprio e em favor do próximo, como indica Lázaro em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
O pensamento, como ferramenta de libertação IGOR MATEUS Natal-RN
“Penso, logo existo”. A frase, imortalizada pelo grande filósofo René Descartes, destaca esse grande atributo que nos caracteriza a existência: O Pensamento. A contribuição do eminente pensador é enorme, sobretudo, por quebrar um grande paradigma e colocar o ato de pensar como antecedente ao próprio fato do existir; sendo o pensamento, então, a causa que gera o efeito de nossas existências. É um grande avanço, com relação à teoria materialista, que inverte os valores e considera: “Existo, logo penso”, reduzindo o ato de pensar a um mero resultado do ato de existir; uma simples consequência dos impulsos cerebrais. Descartes caminhou, trouxe uma valiosa contribuição filosófica, ao estabelecer o pensamento como fonte primacial de nossas existências; mas; com todo o respeito ao grande homem, parou por aí... E, onde o homem parou, os Espíritos Imortais continuaram a caminhar, e, dentro do conjunto de princípios da Codificação Espírita, sob a batuta do insigne codificador Allan Kardec, traçaram todo o plano evolutivo do Princípio Inteligente e demonstraram que o pensamento é, então, o grande atributo do Espírito. É, assim que, nos Reinos Inferiores da Natureza, predomina o instinto que, embora represente a solicitude de Deus para com as suas criaturas inferiores, por outro lado, não lhes confere liberdade: o automatismo a que estão submetidos faz com que ajam, sempre, da mesma maneira, evoluindo, como tudo em a Natureza, mas de maneira mecânica, inconsciente, até o instante em que o Princípio Inteligente ou Essência Espiritual Rudimentar dá o grande “salto quântico” e transforma-se em Espírito. Nesse momento, recebe do Criador dois grande presentes: a inteligência, entendida
como a capacidade de pensar, e o livre-arbítrio, que representa a liberdade para direcionar sua inteligência/pensamento pelos caminhos que bem lhe aprouver. Nesse sentido, poderíamos sugerir, humildemente, uma mudança estrutural no pensamento original de Descartes: Penso, logo sou Espírito! Porque, existir é condição de todos os seres criados por Deus, nos mais diversos planos em que a Vida se expressa, e o pensamento, ainda, não pulsa pleno, nos reinos inferiores da Vida. No máximo, se expressa de maneira rudimentar e fragmentária, como ocorre, por exemplo, nos seres do reino animal. Assim, como Seres Espirituais, a faculdade de pensar liberta-nos dos trilhos dos reinos inferiores e nos concede a liberdade, para seguir a nossa jornada evolutiva pelas trilhas que o nosso livre-arbítrio escolher. É um grande presente da Divindade, que mantém Sua centelha dentro de nós; pois, nesse mesmo momento, permite que possamos direcionar o nosso pensamento na Sua direção, como afirmam os Imortais da Codificação, na questão 592 de “O Livro dos Espíritos”: - Reconhecei o homem pela faculdade de pensar em Deus. É, caminhando nesse sentido, na busca constante de uma compreensão mais plena de Deus e de seus desígnios, que teremos a possibilidade de evoluir e realizar outra libertação, ainda, qual seja a libertação das zonas da inferioridade humana, alcançando, primeiro, pelo pensamento e, na sequência, pelas nossas ações, as zonas da superioridade moral que nos conferirá a libertação plena e final, na condição de puros Espíritos. Que Deus, na Sua infinita bondade, nos ilumine a todos na consecução desse sublime objetivo.
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O princípio da afetividade na base do direito das famílias: Um avanço em direção à Lei Natural de Justiça GUSTAVO MACHADO Recife-PE
D
urante muito tempo, perdurou o entendimento de que o sentido jurídico do instituto da família era formada a partir de uma tríade inseparável: casamento, sexo e reprodução. Assim, qualquer relação sem que estivesse presente um desses requisitos não era reconhecida, juridicamente como família pelo Estado. A propósito, pode-se citar o antigo concubinato. Contudo, com o advento da Constituição Federal de 1988, houve uma verdadeira mudança de paradigma. A Carta Magna, ao preconizar a cidadania e dignidade da pessoa humana como fundamentos da República brasileira (1º, incisos II e III), os princípios da solidariedade e do respeito à diferença, como objetivos fundamentais do Estado (art. 3º, incisos I e IV), o princípio da prevalência dos direitos humanos (art. 4º, inciso I), os princípios republicanos da igualdade e da liberdade, ampliou e reforçou o conceito de família, no art. 226, reconhecendo, pois, como entidades familiares não apenas o casamento, mas também a união estável e a família monoparental (formada por qualquer dos pais e seus descendentes). Seguindo essa tendência e considerando o imperativo de se fazer uma (re) leitura do Direito Civil à luz da Constituição Federal, os civilistas elaboraram um novo conceito de família que não se limitasse, pois, àquela tríade (casamento, sexo e reprodução). Assim, constatou-se que o elemento nuclear e fundante da família é 8 Tribuna Espírita • julho/agosto • 2014
o afeto que une seus integrantes, de modo que qualquer conceito jurídico que se estabeleça formar-se-á a partir do princípio da afetividade. Nesse sentido, o jurista Paulo Luiz Netto Lôbo ressalta que a afetividade é “o princípio que fundamenta o direito de família na estabilidade das relações socioafetivas e na comunhão da vida, com primazia sobre as considerações de caráter patrimonial ou biológico” 1 . Daí porque se fala em Direito das
famílias, e não mais em Direito de família, considerando a possibilidade de constituição de diversas famílias. Essa mudança de paradigma, ao reconhecer a afetividade, como substrato mais significativo da família, em nosso sentir, está em consonância com a Doutrina Espírita, especialmente, quando O Espírito de Verdade, na questão 701 de “O Livro dos Espíritos”, ao se referir ao casamento, esclarece que “[...] segundo as vistas de
Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem [...]” 2. Com efeito, ao estudar “O Livro dos Espíritos”, Parte Terceira, Das Leis Morais, mais particularmente A Lei de Sociedade, tem-se que a vida em sociedade é imperiosa, dada a necessidade de o Espírito, através de sucessivas reencarnações, progredir (moralmente e intelectualmente), concorrendo, portanto, todos, por meio da interação social e do auxílio recíproco, para esse progresso (questões 766 e 767). Ora, e é aqui que a família, célula básica da sociedade, atua de forma decisiva, para a construção do progresso individual e coletivo, na medida em que, pelos laços de família a Lei do amor apregoada e exemplificada por Jesus, mais facilmente, é conjugada e vivenciada, fortalecendo, dessa maneira, os laços e as relações sociais (questão 774). Sobre os contornos da família a partir do nexo afetivo, o Espírito Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, nos esclarece que “De todas as associações existentes na Terra – excetuando, naturalmente, a Humanidade – nenhuma talvez mais importante em sua função educadora regenerativa: a constituição da família. De semelhante agremiação, na qual dois seres se conjugam, atendendo aos vínculos do afeto, surge o lar, garantindo os alicerces da civilização” 3. Deste modo, reconhecer, juridicamente, a afetividade, como elemento regente da entidade familiar, representa, a um só tempo: o fortalecimento do sentido valorativo da família, já que, legitimando inúmeros lares constituídos por outra forma que não o casamento (por exemplo, a união estável e a família monoparental), os quais são estruturados no compromisso ético, moral e espiritual de respeito ao próximo e auxílio mútuo; realizando justiça, tal qual a definição expressa na questão 875 de “O Livro dos Espíritos”: “A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais” 4 e promovendo cidadania, assegurando-lhes diversos direitos decorrentes dessa relação familiar. ____________________________________
1) NETTO LÔBO, Paulo Luiz. Direito civil: famílias. 2 ed.. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 47. 2) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 86 ed. Questão 701. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2005. 3) EMMANUEL (Espírito). Vida e sexo; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. 26 ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010, p. 18. 4) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 86 ed. Questão 766 e 768. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2005.
Painel Espírita ELMANOEL G. BENTO LIMA João Pessoa - PB
O Espiritismo como religião Em 1º de novembro de 1868, na sessão anual comemorativa do Dia dos Mortos, realizada na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o Sr. Allan Kardec pronunciou o discurso de abertura, cujo teor procuramos, aqui, fazer uma síntese amoldada ao espaço e compatível com o título acima. “Estamos reunidos, neste dia consagrado aos mortos, para dar aos nossos irmãos que deixaram a Terra nosso testemunho de simpatia, afeição e de fraternidade. Qual a utilidade em se reunir? Jesus no-la indica nas palavras do Evangelho: ‘Onde quer que se encontrem duas ou três pessoas reunidas em meu nome, aí, estarei com eles’. (Mat. 17:20). Esta utilidade está no resultado causado, pela ‘comunhão de pensamentos’, entre pessoas reunidas com o mesmo objetivo. Mas, poucas compreendem, bem, o que seja ‘comunhão de pensamentos’. O Espiritismo nos explica os efeitos e o poder desta ‘situação do Espírito’. ‘Comunhão de pensamento’ quer dizer ‘pensamento comum’, unidade de intenção, de vontade, de desejo, de aspiração. Ninguém pode ignorar que o pensamento seja uma força; não, uma força puramente moral e abstrata; caso contrário, não explicaria certos efeitos do pensamento e, ainda menos, a comunhão do pensamento. Assim, o verdadeiro abjeto das assembleias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos. Com efeito, a palavra religião, em sua acepção nata e verdadeira, significa um laço que ‘religa’ os homens, numa comunidade de sentimentos, de princípios e de crenças. Consequentemente, esse nome (religião) foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fé. É, neste sentido, que se diz ‘religião política’; entretanto, mesmo nesta acepção, a palavra não é sinônimo de opinião; implica uma ideia particular: a ‘fé conscienciosa’. Eis, porque, também, se diz: ‘a fé política’.
O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, será, essencialmente, moral. O efeito desse laço moral é o de estabelecer, entre os que ele une, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. É, nesse sentido, que, também, se diz: a ‘religião da amizade; a religião da família’. Se, assim, é, perguntarão, então: o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores. No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de pensamentos; não sobre uma simples convenção, mas, sobre bases mais sólidas: as mesmas leis da natureza. Por que, então, declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Porque não é uma palavra para exprimir duas ideias diferentes. Na opinião geral, religião se liga a culto; desperta uma ideia da forma que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público veria nele uma nova edição ou variante dos princípios absolutos em matéria de fé: uma casta sacerdotal, hierarquias, cerimoniais e privilégios; não o separaria das ideias e misticismo e dos abusos contra os quais, tantas vezes, se levantou a opinião pública. Portanto, não tendo o Espiritismo nenhum desses caracteres de religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia ornar-se com título sobre cujo valor, inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que, simplesmente, se diz doutrina filosófica e moral. As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, com o recolhimento e respeito exigidos pelo momento dos assuntos de que se ocupa; pode-se, aí, fazer preces ditas em comum, sem que isto as tomem por ‘assembleias religiosas’.” [Fonte: trechos selecionados, condensados e adaptados do livro “Obsessão”, de Allan Kardec.]
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Jesus e tolerância religiosa SANDRA BORBA Natal-RN
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sses, como ontem, são dias de intolerância entre os homens, por motivos religiosos. Explodem as guerras entre nações, aumentam os preconceitos religiosos entre grupos culturais diferentes, ampliam-se os choques no interior das famílias, em virtude das escolhas diferenciadas de religião. Jesus, porém, admoestou os discípulos que se vangloriavam de ter repreendido a um homem que curava e ensina em Seu nome sem O seguir, afirmando: “Não o impeçais, pois quem não é contra nós, é por nós” (Lc 9:50) São as propostas pacifistas e fraternais bem como os princípios de respeito, diálogo e compaixão pelo próximo que caracterizam as religiões de natureza transcendental, voltadas para a educação moral do homem, tornando-o melhor. Extraordinárias lições de respeito e de tolerância religiosa ainda nos daria o Mestre Jesus em inúmeras passagens de seu Evangelho. Ao ser procurado por um centurião de César que intercedia em favor da cura de um servo, afirmando que bastaria uma palavra de ordem Sua para que seu criado ficasse curado, Jesus exclama admirado: “Afirmo-vos que nem mesmo em Israel achei fé como esta.”(Lc 7:9). E o sevo do centurião foi curado. Informa-nos ainda Lucas que este Centurião era amigo do povo judeu e tinha edificado a sinagoga. Em outra oportunidade, na região da Samaria, Jesus dirige-se à mulher no Poço de Jacó, entabulando uma conversação que revela a existência do preconceito por parte dela (“como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?”, em Jo 4:9) e a amorosidade Dele que lhe oferece a “água viva”, que dessedenta para sempre. (Jo 4:10). Culmina a atitude tolerante e respeitosa do Nazareno para com as diferenças culturais e religiosas quando escolhe um samaritano para se converter no símbolo da solidarieda-
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de, por excelência, ao narrar a célebre parábola conhecida como a Parábola do Bom Samaritano (Lc 10: 30 a 37). Profeticamente Jesus se referiu a outras ovelhas que não seriam “daquele” rebanho (Jô 10:16). Radicalmente justo, o Mestre afirmou ao responder uma indagação a respeito da salvação, conforme registrou Lucas, capítulo 13 : “Então, haverá prantos e ranger de dentes, quando virdes que Abraão, Isaac, Jacob e todos os profetas estarão no reino de Deus e que vós outros sois dele expelidos. Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Setentrião e do Meio-Dia, que participarão do festim no reino de Deus.” Não bastam os rótulos religiosos ou os vínculos de pertencimento a tal ou qual cultura: é preciso, ainda conforme o texto em destaque, afastarmo-nos da iniquidade. Jesus é mensagem de respeito, de tolerância, de diálogo, de oferta daquilo que há de melhor em cada um. Intolerância religiosa, por sua vez, é afastamento do verdadeiro sentido de
religiosidade, é estreiteza de vistas, é exclusivismo filho do egoísmo, é fanatismo que fecha as possibilidades do diálogo e da convivência pacífica entre diferentes, não oposta. “Não haverá paz no mundo enquanto não houver paz entre as religiões”, sentencia o teólogo católico alemão Hans Küng, em sua obra Religiões do Mundo. Sem tolerância e respeito, não haverá paz em qualquer lar, comunidade ou nação. QUEM NÃO É CONTRA NÓS É POR NÓS, é mensagem atualíssima a nos conclamar ao espírito fraternal que Jesus ensinou e praticou, amando a todos, respeitando a todos, por saber que cada um e todos têm caminhos diferentes para chegar ao Pai, o Deus único que fez os homens (não o Deus que os homens fizeram) embora todos devam se pautar no cumprimento da Lei Divina de Justiça, de Amor e de Caridade, independente das opções formais religiosas. O mais é a intransigência, a limitação e o egoísmo humano.
O Espiritismo e a definição de Kardec DEOLINDO AMORIM (*)
Para muita gente, Espiritismo é, apenas, fenômeno; mas quem conhece um pouco da doutrina sabe, muito bem, que não é assim.
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entro da definição que lhe deu Allan Kardec, o Espiritismo tem, ao mesmo tempo, um aspecto geral, como filosofia espiritualista, e os aspectos particulares, que são inerentes a seu caráter e sua organização. Quem o diz é o próprio Allan Kardec, na Introdução de “O Livro dos Espíritos”, ao ensinar que “todo espírita é espiritualista, mas nem todo espiritualista é espírita”. Realmente, há muitos espiritualistas que, embora admitam o fenômeno de além-túmulo, não aceitam os postulados do Espiritismo. São espiritualistas, mas, na realidade, não são espíritas. Estas noções iniciais são muito conhecidas dos adeptos do Espiritismo, mas a verdade é que muitas pessoas julgam mal o Espiritismo, exatamente porque não conhecem as noções elementares da doutrina. Daí, portanto, a necessidade, não mais para os espíritas, mas para o elemento leigo, de certos rudimentos indispensáveis a respeito do Espiritismo, sua definição, seu caráter, seus métodos, suas consequências. O fenômeno, somo se sabe, é o ponto de partida, tanto do Espiritismo como de todas as escolas e correntes que se preocupam com o além-túmulo. É de notar-se, porém, que, nem todos os que se dedicam à experimentação mediúnica, entram nas indagações de ordem filosóficas. Sob este ponto de vista, é claro que o Espiritismo ultrapassa a experimentação pura e simples, porque, além de tratar, também, da origem do fenômeno, tira consequências morais da grande influência, tanto da vida particular como na vida social. Justamente por isso, foi que Allan Kardec definiu o Espiritismo como uma ciência que trata da origem e do destino dos espíritos, assim como de
suas relações como mundo terreno. Aí, estão, implicitamente, os três pontos básicos: a origem e o destino dos espíritos são questões transcendentais, de alta filosofia; a relação dos espíritos com o mundo terreno é assunto da ciência experimental, porque são os fenômenos que provam essas relações. O aspecto moral, porém, é fundamental para o Espiritismo. De que serve a experimentação, apenas, como assunto de curiosidade? De que serve entrar em comunicações com os espíritos ou provocar fenômenos, sem tirar desses fenômenos o que é essencial para o refinamento dos costumes, para a reforma interior do homem? Para muita gente, Espiritismo é, apenas, fenômeno; mas quem conhece um pouco da doutrina sabe muito bem que não é assim. Para certas escolas, por exemplo, o fenômeno é o fim, ao passo que, para o Espiritismo, o fenômeno é um meio. Mas, meio de
Cremação A
propósito da incineração de cadáveres humanos, prática já em uso em nosso País, levamos aos nossos leitores o que nos ensina o Irmão X, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro "Escultores de Almas": De um lado, os legisladores, preocupados com a terra dos cemitérios e, de outro, determinadas autoridades eclesiásticas, lançando censura sobre os responsáveis pelo movimento inovador. Entre os atores da peça, vemos os defuntos de amanhã, sorridentes e bem-humorados, apreciando a pugna entre a religião e a edilidade. O problema da cremação do corpo, realmente, deveria merecer estudo mais demorado nos gabinetes legislativos. A cessação dos movimentos do corpo, nem sempre, é o fim do expressivo transe. O túmulo é uma passagem especial, a cujas portas muitos dormem, por tempo indeterminado, criando forças para atravessá-las, com o precioso valor. Morrer não é libertar-se, facilmente. Por trás da máscara mortuária, muitas vezes, esconde-se a alma inquieta e dolorida, sob estranhas indagações, na vi-
que? Meio de aperfeiçoamento, elemento de convicção, para a aceitação da vida futura e, consequentemente, caminho para a crença em Deus. Enquanto certos experimentadores levam anos e anos, observando e provocando fenômenos, sem tirar conclusão alguma acerca dos altos e importantes problemas da vida futura e do destino humano, o experimentador espírita, quando bem orientado pela doutrina, parte do fenômeno, sobe à indagação dos por quês, que é o terreno da filosofia e, depois, faz as necessárias aplicações à vida prática, isto é, ao comportamento do homem, às atitudes privadas e públicas, aos padrões de moralidade que a condição de espírita exige em qualquer situação. A não ser assim , a experimentação, por si só, é assunto, simplesmente, de curiosidade. (*) Extraído da RIE, de 15 de junho de 1954, ano XXX, nº 5).
gília torturada ou no socorro repleto de angústia. Para semelhantes viajantes da grande jornada, a cremação imediata do comboio fisiológico será pesadelo terrível e doloroso. Eis, por que pediríamos tempo para os mortos. Se a Lei Divina fornece um prazo de nove meses, para que a alma possa renascer no mundo, com a dignidade necessária (...), seria justo conferir, pelo menos, três dias de preparação e refazimento ao peregrino das sombras, para a desistência voluntária dos enigmas que o afligem. Não necessitamos copiar, apressadamente, costumes, em pleno desacordo com a nossa feição espiritual. Quão longe vai o tempo em que os mortos eram embalados com a frase latina: “Requiescat in pace” (= descanse em paz). Não basta, agora, o enterro pacífico! É imprescindível a apressada desintegração dos despojos! E, se a lei não for suavizada, com as setenta e duas horas de repouso e compaixão para os desencarnados, restará aos mortos a esperança de que os saltitantes conselheiros da cremação de hoje sejam, amanhã igualmente, torrados. (Fonte: Revista “Reformador” n° 2084, artigo "O Problema da Cremação", condensado e adaptado por Elmanoel G. Bento Lima, de João Pessoa-PB)
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Bem-aventurados os aflitos MAURO LUIZ ALDRIGUE João Pessoa-PB
Bem aventurados os que choram, porque serão consolados. (Mateus, V:4)
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m 2014, quando o Movimento Espírita Brasileiro se volta para enfatizar as comemorações de 150 anos da publicação de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, (abril de 1864), faz-nos um chamamento, para continuarmos a buscar a profundidade dos ensinos morais de Jesus e, com isso, o compromisso inadiável, de cada um, em consolidar a sua real transformação interior. O “Sermão da Montanha ou do Monte” se estabelece, como um marco irretocável dos ensinos morais do Mestre oferecidos à Humanidade, para estabelecer esse elo para com as Leis Divinas ou Naturais. Daí, a compreensão de Allan Kardec em retomar os ensinamentos de Jesus, para esclarecer a conduta na vida, com o propósito de conquistar a evolução espiritual. A essa compreensão, Kardec estabelece, no Capítulo 5 de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, a clareza de que, não somente os que choram ou que têm sede e fome de justiça ou padecem a perseguição por amor da justiça, serão os consolados ou poderão sê-los. O seu alcance atinge a profundidade do apelo de Jesus à nossa compreensão, quando propõe o título desse capítulo, como “Bem-aventurados os Aflitos”. Porque, não só os que choram que passam por grandes dificuldades na vida, mas todos os que apresentam, sentem, vivenciam uma angústia, um sofrimento, uma aflição, também, são os que precisam de consolação, afago, aconchego e libertação, para viver a felicidade relativa do nosso mundo. Primeiro, se torna necessário que tenhamos a razão dessas aflições, desses sofrimentos, dessas angústias. Ao enfrentar a razão, face a face, é fundamental que esses padecimentos que atingem a todos, sejam justos e que tenham algo a mais do que, somente os superar na vida. Preciso é, que
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se entendam as suas causas. Busquemos, portanto, compreender os desígnios divinos da vida, a sua misericórdia e a sua justiça. Se esta diretriz aponta para uma realidade inquestionável, demonstrando o caminho da evolução individual e coletiva, portanto, as aflições se constituem em mecanismos desse processo. E, agora, com os postulados básicos da Doutrina Espírita, tem-se a clara certeza que são situações que nos oferecem condições de aprendizado, de compreensão e de superação de velhos comportamentos. Sendo assim, pela convicção, se opera a construção de um novo paradigma, conforme Jesus propõe, como sendo a consolação. Certos da justiça desse processo de evolução, necessário se faz, procurarmos entender de que maneira essas aflições nos alcançam na vida imortal. Ora, se não se consegue estabelecer uma relação, com a conduta durante a nossa reencarnação, essa nossa experiência de aprendizado, com certeza, iremos encontrar a sua causa ou causas, em vidas anteriores, porque passamos por várias experiências de reencarnação, sem sair da vida. Desta forma, quando, ainda, ecoam em nossa consciência as palavras ditadas por Jesus, no monte, ressoando para toda a Humanidade, a sua compreensão, a sua convicção, e o seu aprendizado que se consolidam com as nossas ações, que passam a ter, no aprendizado das aflições, o mecanismo da justiça divina e a conquista da sua consolação, mesmo que, ainda, necessitemos, aqui e acolá, sermos carregados pelo Mestre, quando, ainda, não compreendíamos, apenas, as duas pegadas na areia, no caminhar da vida. Cento e cinquenta anos de convite ao consolo e à vida feliz e harmonizada para a Humanidade; eis a contribuição da Doutrina Espírita, eis a missão de Kardec.
Missão país de um
FREDERICO MENEZES Recife-PE
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ssim como os Espíritos, as nações trazem seus compromissos, possuem suas missões junto aos planos superiores da vida. As almas produzem dentro da Lei de Causa e Efeito; os países, compostos por estas almas, efetuam sua missão ou comprometem-na. O Espírito Humberto de Campos, através do lápis mediúnico de alta credibilidade de Chico Xavier, nos trouxe a informação a respeito da tarefa que caberia ao Brasil no concerto das nações. Fez um breve histórico sobre a definição do trabalho da sociedade brasileira perante outros povos do planeta, quanto à evangelização da Humanidade e, não só, especificamente, envolvendo o Espiritismo. Conforme se lê na obra, a missão se desdobra na sustentação dos valores superiores da vida, especificamente, sua estruturação com base na Boa Nova e, mais ainda, sendo responsável pela divulgação desses valores para o mundo. Aí, o Espiritismo passa a ter uma importância fundamental, pois, dentre a difusão dos valores do Evangelho, se destacariam as mais altas verdades da imortalidade, com os princípios cósmicos, trazidos no bojo da revelação espírita, resplandecendo na grande noite das provações terrestres. Nesses tempos preditos e aguardados, fundamental o conhecimento da intervenção dos Espíritos na vida dos
homens, da Lei de Causa e Efeito, da reencarnação, da pluralidade dos mundos habitados, explicando esses princípios, inúmeras passagens da Boa Nova de Jesus. Na verdade, tudo isso resgatando o Cristianismo dos primeiros tempos, em seu conteúdo altamente espiritualizante. Verificamos, pela pujança do Movimento Espírita Brasileiro e pela contribuição deste a outros países, em todos os continentes; seja, através da tradução dos livros espíritas em diversas línguas; seja, através de expositores brasileiros que, abnegadamente, visitam inúmeros países, fundando núcleos de estudos espiritistas, que o Brasil vem procurando consolidar a sua missão perante o orbe. Bom, já podemos dizer que a missão está garantida? Penso que não. Temos muito o que realizar, para a sua concretização. Assim, como Espíritos podem falir em suas tarefas, os países, também. É, só, verificar que a árvore do Evangelho já esteve fincada em outras nações e tivera de ser transplantada para o Novo Mundo. Sintomas de graves enfermidades assolam a sociedade brasileira. Perigosas concessões morais podem obscurecer o trabalho efetuado. Vicejam movimentos que alimentam a violência, já bastante alta, na comunidade nacional. De quando em quando, percebemos o avanço de idéias negativas, que nós, os espíritas, conhecemos, muito bem, seus resultados nefastos, como
a liberação do aborto, das drogas, etc. Não devemos transferir, para os céus, aquilo que cabe aos homens realizar. Defender os ideais de enobrecimento da Humanidade é tarefa impostergável que nos cabe. Exercer nosso compromisso, como cidadãos equilibrados e responsáveis, é o mínimo que precisamos efetuar, com o fito de ajudar o Mundo Maior, em manter o rumo do Brasil dentro do planejado pelos Espíritos nobres. Desafios enormes temos à frente. O país já é o campeão mundial, no uso do "crack" e o segundo lugar, em cocaína. Mais de cinquenta mil brasileiros são assassinados, por ano, mais do que países em guerra civil. A corrupção atenta contra os altos princípios da verdadeira política, criando atmosfera pestilenta e opressiva sobre a nação. São desafios que podem ser vencidos. Devem ser vencidos. Os cidadãos da bela Pátria do Cruzeiro, sobretudo os que primam pelo conhecimento elevado do Espiritismo, são chamados a contribuir, pelo exemplo e pela voz, pela própria reforma moral e pelas setas luminosas que podem atirar ao caminho, apontando rumo à consolidação da tarefa da pátria brasileira, junto ao coração do Cristo. Nem a acomodação do falso otimismo alienante, nem qualquer laivo de pessimismo, pois somos "filhos da luz" e sabemos que muito podemos, sobretudo, unidos. julho/agosto • Tribuna Espírita • 2014 13
Civilização e Guerra AZAMOR CIRNE João Pessoa-PB
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paz no Oriente, como bem demonstram os fatos, não vai ser conseguida, tão facilmente como bem se vê, diariamente, através dos comunicados jornalísticos dos enviados das grandes agências internacionais. Além da grande incompreensão reinante entre os povos envolvidos em uma guerra regional, pela ampliação de fronteira; desrespeito aos acordos das faixas territoriais que permeia as discussões de paz, a anexação de territórios vizinhos, o poder econômico, etc. A luta intestina, travada para a derrubada das ditaduras e das soberanas monarquias que infelicitam as nações, fazendo sofrer o seu povo, ante o anseio de progresso da população oprimida, constitui outro importante fator. Muito tem a ver, ainda, o papel que a religião desempenha, no âmago daquele povo irmão, chegando ao exagero da paixão que, por vezes, pode dar lugar ao esfriamento das relações entre os vizinhos que abraçam outros princípios religiosos. Como bem sabemos, entre os irmãos do Oriente, prevalecem o Judaís-
mo, o Cristianismo e o Islamismo. A luta pela restauração dos direitos de justiça é uma causa justa e natural a que o ser humano está destinado. Com a conquista da democracia, por certo, saberão eles escolher os novos dirigentes, que conduzirão a paz e o progresso. Reservamos para o final destes nossos dizeres, uma magistral e oportuna mensagem do Espírito Leopoldo Cirne, que muito tem a ver com o drama da guerra ora vivido pelos irmãos orientais, oferecendo, assim, um perfeito discernimento da tragédia da guerra, com todo o funesto saldo de destruição e sacrifício de vidas humanas. Essa mensagem, recebida através de Chico Xavier, pelo seu teor, representa uma homenagem que prestamos ao 73º Aniversário do Centro Espírita Leopoldo Cirne, cuja efeméride será comemorada, às 20:00 horas, nas quintas-feiras e sábados, do próximo mês de setembro, nesta Capital.Ver programação em destaque.
DISCERNIMENTO (*)
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Nem sempre, a Civilização se manterá no apoio das armas.
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Nem sempre, a Civilização se manterá no apoio das armas. Raiará, sobre a terra, adubada de sangue e orvalhada de lagrimas, a luz do discernimento perfeito que derribará, para sempre, a lei de Caim. Tribunais de matança que escarnecem da justiça, invocando princípios de hegemonia para a consagração da força bruta, silenciarão na coragem das sombras; armas de insolência e decapitação, fuzilamento e felonia jazerão sepultados no pó dos museus; máquinas de extermínio serão destroçadas, não por engenhos, tão ominosos quanto elas, mas sim pelo pensamento livre e esclarecido da era nova em que as criaturas humanas se abraçarão umas às outras, no clima da fraternidade autêntica; pelotões que erigem homicídio por defesa e bestialidade por ornamento patriótico desaparecerão, amparados pelas clínicas salvadoras, onde os expoentes dos impulsos animais da guerra serão tratados em seus acessos de criminalidade e loucura, quais doentes mentais carecedores de compaixão, e bombas que transformam cidades em ventres de vulcões e países em cemitérios gigantescos serão equiparados às monstruosidades da pré-história. Dia virá em que não se fará ouvir o remorder da metralha, nem funcionará o cepo da degola, nem soprarão os vendavais da tirania política. Ruirão todos os
muros da crueldade e da violência, porque a Humanidade sentirá raciocinando, para raciocinar sentindo... A Terra, depois de multimilenário torpor, desperta, atualmente, para o concerto dos mundos. Os primeiros ecos desse levantamento reboam pelo Infinito. O homem começa, coletivamente, a meditar no esplendor dos astros e encontra, na Astronomia, a apologia científica da humildade.
A ideia de Deus nunca será despopularizada. O correio mediúnico prosseguirá desfazendo os crepes que entretecem o luto. Nos acontecimentos em marcha, urge estejamos cientes de nossas responsabilidades maiores. Produzamos pão e façamos luz. Aprendamos e eduquemos. Atendamos aos anseios anônimos do povo que tem fome da fraternidade: toda beneficência constitui socorro em cadeia. Ponderação – eis uma inspiração luminosa para qualquer palavra! Pressa – eis um horário para qualquer erro! Ergamos a Verdade. Exemplifiquemos o Bem. Ate hoje, o homem combateu a guerra, o mal com o mal, ou seja, ignorância com ignorância, delinquência com delinquência. O Espiritismo, no entanto, nos descortina a vida do Universo e nos constrange ao raciocínio, a fim de que venhamos a edificar o mundo novo, sem fronteiras e sem morte. Nesse sentido, para que a paz nos comande os destinos, é preciso detonas a cultura e implantar, dia a dia, a semente do amor. (*) Livro “Seareiros de Volta” − pag. 141 – 5ª edição – Copyright 1964 by Federação Espírita Brasileira – Brasília-DF.
Rogativa No Golfo Pérsico é noite... Revejo a nuvem da guerra, Pairando, acima da Terra, A espalhar-se na amplidão...
Invoco então Jesus Cristo, Amado Mestre e Senhor: Jesus, ante o teu Natal, Livra-nos sempre do mal E o Mestre disse em voz alta: Para o Bem nada nos falta Amparai-vos uns aos outros, Amai-vos qual vos amei!...
No bojo dos grandes barcos, Em mesas enfileiradas, Ouço frases cochichadas Exprimindo inquietação.
Morre a paz sem esperança, Gerando embates fatais... A batalha continua!... Volto a Jesus e pergunto: Como agir? Dize Senhor, Perante o desequilíbrio De nossos irmãos do mundo, Rogamos que nos definas Com Tuas lições Divinas: Que fazer perante a Lei? Fala, entretanto, o Senhor, Quando a vida se desmanda Precisamos cultivar mais trabalho, Mais perdão e mais amor!...
Sei que o conflito iminente Pode surgir de repente!...
Nos guerreiros veteranos, Há silêncio, não há voz... E vendo luz ao meu lado Entro na bênção da prece, Pedindo a Deus, Fortaleça a todos nós. Fitando o Alto, eis que imploro: −"Ah! meu Pai, por que meu Deus Por que deste tanto ódio, Aos teus filhos e irmãos meus?" Sem que ninguém saiba de onde, A voz dos Céus nos responde: − "A todos damos amor!..."
De espírito transformado Operando mentalmente Volto ao meu próprio passado... Vejo a Guerra das Cruzadas, Homens munidos de espadas Montam soberbos corcéis; Crianças abandonadas Procuram mães desoladas Sofrendo golpes cruéis!... Eis-me também nas Cruzadas... A guerra é longa e sangrenta, O Homem não se contenta, Crê no ódio, mais e mais; Nada suprime a matança,
A guerra prossegue intensa!... Os homens nos lembram feras No caminho de outras eras Sem Luz, sem Paz e sem Crença... E em vilarejo distante, Embora vitorioso O Rei Luis cai exangüe E morre em poeira e sangue Ferindo o mundo cristão!... Tantas lembranças amargas!... Afasto-me do terror. Sempre o ódio em tantas cenas!... Para ilações mais serenas Em torno do hórrido evento Coração em sofrimento Mergulhado em grande dor!...
Centro Espírita Leopoldo Cirne Fundado em: 14 / 09 / 1941
Programação: DIA 04 / 09 Quinta 06 / 09 Sábado 11 / 09 Quinta 13 / 09 Sábado 18 / 09 Quinta 20 / 09 Sábado 25 / 09 Quinta 27 / 09 Sábado
EXPOSITOR RAQUEL MAIA (João Pessoa/PB) IGOR MATEUS (Natal/RN) ROSSANDRO KLINJEY (Campina Grande/PB) SAMUEL MAGALHÃES (Brasília/DF) DENISE LINO (Campina Grande/PB) FREDERICO MENEZES (Recife/PE) SEVERINO CELESTINO (João Pessoa/PB) LEONARDO MACHADO (Recife/PE)
TEMA
MÚSICA
A pedagogia utilizada por Jesus.
Renato Dantas
Jesus Cristo: Exemplo de humildade para a humanidade. Jesus um objeto de culto ou modelo de comportamento. Segue-me! E ele O seguiu...
Grupo Ânima Grupo Escolha de Luz Grupo Acorde Acústico
Ao compasso do amor: aprendendo a amar com Jesus. Jesus - A mensagem para todos os tempos.
Grupo Caravana
Nos passos do Mestre Jesus.
Fábio Moreira
Bem-aventurados os que choram: além da dor, o crescimento.
Participação especial
LOCAL: Auditório do CELC
Wallace & Neifa
Sibélius
HORA: 19hs30m
Rua Prefeito José de Carvalho, 179 - Jardim 13 de maio - João Pessoa - PARAÍBA E-mail.: celc.pb@gmail.com # www.celcpb.com.br
ARTE: ssp.21@hotmail.com
Jesus Nos passos do Mestre
mês de 73ºaniversário
Quero pensar livremente, Não suporto a grande luta; Retiro-me quando escuto Alguém a dizer-me, claro: − "Em Deus não há desamparo!..." O mensageiro da Luz Pedia-me paz e fé, Na bênção do Herói da Cruz!... Consciente, ansioso e aflito Procuro guardar-me em prece, Na paz de que necessito!... Vejo em tomo a Natureza, Tudo é Esperança e Beleza!... O vento brinca na areia... Noto onde o solo se alteia, Terra verde e céu de anil!... A dor quase me enlouquece, Mas em paz reflito em prece: − Deus nos preserve o Brasil. Castro Alves (Poema recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública e comemorativa do Centro Espírita União, na noite de 17 de outubro de 1990, em São Paulo-SP.)
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A Terceira Revelação WALKÍRIA LÚCIA João Pessoa-PB
Nos últimos tempos, disse o Senhor, derramarei de meu espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos terão sonhos. — (Atos, cap. II:17)
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or que a Doutrina Espírita se apresenta como fonte alentadora de nossas vidas? Ela é remédio salutar que nos é oferecido a todos, indistintamente. Ricos ou pobres, não importando a cor da pele ou nível intelectual. Nem, tampouco, a idade ou o gênero. Todos têm acesso a ela. A Doutrina provém dos Espíritos; não, dos homens. Por isso, mesmo que, matando os homens, não iremos matar o conhecimento espírita. Kardec foi o codificador da Doutrina, não o seu criador. Os fenômenos mediúnicos perdem-se, na noite dos tempos, sendo que o insigne Codificador começou por observar os fenômenos das mesas girantes e das pancadas no interior das paredes e partiu para o raciocínio básico, que mesa não tem inteligência, nem, tampouco, parede pode responder as nossas perguntas, através de estalados.
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Por não ter partido de um único homem a informação, temos a universalidade do conhecimento espírita, como atributo principal. Espíritos de todas as partes manifestavam-se através dos médiuns, trazendo algo de novo àquele agrupamento da época. Melhor, ainda, quando as comunicações eram feitas, de forma espontânea. “Não é essa, porém, a única vantagem que lhe decorre da sua excepcional posição. Ela lhe faculta inatacável garantia contra todos os cismas que pudessem provir, seja da ambição de alguns, seja das contradições de certos Espíritos. Tais contradições, não há negar, são um escolho; mas que traz consigo o remédio, ao lado do mal.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, II-Autoridade da Doutrina Espírita – quinto parágrafo). “O Livro dos Médiuns”, em seu capítulo XXVII - Das Contradições e Das Mistificações, aborda-nos a questão das
dissenções criadas sobre o conhecimento espírita. Tais contradições têm origem nos homens e nos Espíritos. As que são de origem dos homens provêm mais do orgulho que de qualquer outra coisa. No normal, não gostamos de sermos corrigidos. Alguns dirigentes de instituições espíritas ou grupos de estudos preferem, a exemplo de Moisés, colocarem, como divino, orientações que são puramente de cunho material, dada por eles próprios e às quais não querem contestação. Dão o seu toque pessoal, nas mensagens contidas nas obras básicas ou nas trazidas pelos Espíritos. Existem, também, as contradições de origem espiritual. Os Espíritos pseudo-sábios e os sistemáticos, desejosos de impor o seu entendimento dos fatos, induzem os homens a crenças descabidas. As mentes desavisadas permitem-se levar, em virtude de não quererem aprofundar
o conhecimento espírita, e deixam a cargo dos Espíritos a resposta de tudo. Há, também, as situações em que os Espíritos, mesmo tendo conhecimento, não possuem permissão para divulgarem o que sabem. Os pontos que geram mais contradições são sobre a origem das coisas e a vida futura. “O primeiro exame comprobativo é, pois, sem contradita, o da razão, ao qual cumpre se submeta, sem exceção, tudo o que venha dos Espíritos.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, II-Autoridade da Doutrina Espírita − sétimo parágrafo). No capítulo XXXI de “O Livro dos Médiuns”, encontramos as Comunicações Apócrifas; destas, destacamos as atribuídas a Jesus. Não é, porque um Espírito começa uma mensagem dizendo: “Em verdade, em verdade, vos digo...” que seja, realmente, Jesus que a irá subscrever ou o Espírito de Verdade. Precisamos usar o crivo da razão, verificando a multiplicidade das mensagens e a universalidade delas, para podermos acreditar. Da mesma maneira que analisamos as opiniões que nos são dadas pelos encarnados, assim também, deveremos proceder, com relação aos Espíritos. Não é, porque desencarnou, que
a criatura passa a falar a verdade absoluta. As verdades trazidas pelos Espíritos, à época, e os complementos que, porventura, devam acontecer, deverão, sempre, ser com relação aos princípios da Doutrina; não, com relação às partes secundárias e acessórias. Quando falamos em princípios, estamos elencando a reencarnação, a justiça das aflições, por exemplo. As acessórias estão mais vinculadas, por exemplo, à dinâmica da instituição. Mais uma pergunta pode surgir: Se o meu crivo não for o suficiente? ou “Suponhamos praza a alguns Espíritos ditar, sob qualquer título, um livro em sentido contrário; suponhamos mesmo que, com intenção hostil, objetivando desacreditar a doutrina, a malevolência suscitasse comunicações apócrifas; que influência poderiam exercer tais escritos, desde que de todos os lados os desmentissem os Espíritos?” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, II-Autoridade da Doutrina Espírita – décimo quinto parágrafo) A universalidade do conhecimento espírita é o que o fundamenta como verdade. A opinião universal: eis, aí, o juiz supremo. Alguns se arvoram, em querer reformular a Doutrina Espírita, e não se detêm em ler a Introdução do
Evangelho. Determinados autores, ditos espíritas, têm suas obras publicadas, para serem, logo, esquecidos. Diferente de uma obra, como “Paulo e Estevão” (de autoria de Emmanuel, psicografada por Chico Xavier), que teve sua primeira publicação, em 1941 (há 73 anos), e com conteúdo atualíssimo. Autores espíritas, deveremos tomar cuidado com o que publicamos e com o que dizemos. Nossa opinião não deve prevalecer, em detrimento da Doutrina. O todo se sobrepõe ao indivíduo. Temos, nas primeiras páginas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e reproduzido, também, no Capítulo XIX − A fé religiosa. Condição da fé inabalável – Item 7, penúltimo parágrafo,‘in fine’: “Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.” Nós, espíritas, podemos dizer que possuímos a fé inabalável, pois ela repousa no edifício da verdade, verdade esta trazida pelos Espíritos e que perdura até os dias atuais. 150 anos de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Uma mentira não poderia durar tanto tempo, consolando e orientando a tantos.
Cuidados Vigiados HÉLIO NÓBREGA ZENAIDE João Pessoa-PB
A
nossa boa fé faz diferença, neste mundo. O que não dá, é para vivermos desconfiados de tudo e de todos. Revestidos de boa fé, nós acreditamos nas pessoas; até, que elas nos provem o contrário. Só que, assim, assumimos muitos riscos. Por isso mesmo, é importante conciliar a nossa boa fé com a prudência e com a simplicidade, de forma que a nossa atitude cristã seja preservada e fortalecida. Um alerta de Jesus: “Eis que eu vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”. Mateus, 10:16 As serpentes são prudentes e se protegem. As pombas são simples e se protegem. E, cada qual, do seu modo, se protege. Como ovelhas em meio de lobos, saibamos nos proteger. Ser simples e prudentes, nunca é demais. Na “Parábola das Dez Virgens” (Mateus 25:1-13), vamos conferir que cinco delas foram prudentes e, insensatas, as demais. Foram ao encontro do noivo e ele demorou a chegar.
As insensatas pegarem as suas lâmpadas, mas não levaram mais azeite consigo. As lâmpadas se apagaram. Já as prudentes levaram mais azeite e mantinham as suas lâmpadas acesas. Quando o noivo chegou foram elas que entraram com ele para as bodas. Acerca dessa parábola, ainda foi dito: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir”. Logo, boa fé, prudência, simplicidade... Devemos estar preparados, para receber o Filho do Homem que há de vir. Jesus conheceu os doutos e os prudentes e disse assim: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos”. (Mateus 11:25) Daí, a importância de ser simples e prudente. Isso, sim, é sabedoria. O que não adianta, é ser sábio e prudente, trazendo consigo a arrogância e a insensatez, o orgulho e a vaidade. Cada momento da nossa vida deve se revestir de cuidados vigiados. Deus, nosso Pai, nos abençoe.
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Recursos didáticos DENISE LINO
Campina Grande-PB
E ele disse-lhes: Quantos pães tendes? Ide ver. E, sabendo-o eles, disseram: Cinco pães e dois peixes. (Marcos 6:38)
O
s recursos didáticos são imprescindíveis, na dinâmica das aulas de evangelização infanto-juvenil. Muitas vezes, são eles que geram interesse pela aula, que levam à fixação do conteúdo e são responsáveis pela permanência do evangelizando na atividade. Daí, decorre a sua importância. Sabemos que a palavra recursos está definida, como o meio, como o expediente usado para se obter determinado produto, resultado. Fazendo, aqui, o exercício de anexarmos à palavra “recursos” o adjetivo “didáticos”, circunscrevemos o seu campo de ação e passamos a nos referir a todos os instrumentos, aparelhos, objetos e utensílios que são empregados com uma finalidade pedagógica. Assim sendo, é importante esclarecer que não existem recursos didáticos a “priori” definidos. Os inúmeros utensílios, que existem à nossa disposição, podem se transformar em recursos didáticos; para isso, deverá haver uma correlação entre esses utensílios/instrumentos e o assunto a ser abordado, levando-se em conta as características da turma, a idade, os interesses, o grau de escolarização, as experiências prévias, vivenciadas nas aulas de evangelização. É importante lembrar que vivemos num mundo visual. Cada vez mais, nos diferentes setores da vida em sociedade, os apelos visuais ocupam mais espaço, na transmissão de informações. Já, se vai longe, o tempo em que bastava, apenas, falar para convencer. Hoje, se junta a isso todo o tipo de imagens e sons, de modo que se constrói uma mensagem plural, cujo conteúdo, muitas vezes, é repassado, tanto pela linguagem verbal propriamen18 Tribuna Espírita • julho/agosto • 2014
te dita, quanto pelas linguagens não verbais. Outras vezes, essas linguagens estão em situação de coocorrência, apoiando-se mutuamente, e detalhes de uma são capazes de dar imenso significado a outra. Considerando a existência dessas mídias, no nosso cotidiano, e dos recursos dos quais elas se utilizam, vale a pena pensar que recursos, midiáticos ou não, usar nas aulas de evangelização e como utilizá-los. O que propomos, aqui, não é que evangelizador lance mão de todos os recursos, para concorrer diretamente com a TV ou a Internet, mas que passe a pensar na diferença de interesses que ele pode gerar ao: a) narrar uma história, simplesmente, sem fazer nenhuma inflexão diferente na voz; b) narrar esta história, mudando o tom de voz, de acordo com os personagens e com as situações vividas; c) narrá-la, com o auxílio de outro evangelizador, com quem possa alternar as vozes, ou produzir sons que se adequem à história, e, ainda; d) apoiar essa narração, com figuras que sejam coladas num quadro, com fantoches, com “slides”, com figuras que se movam num quadro coberto de imãs, com auxílio de uma trilha sonora etc. As três últimas opções, certamente, poderão, com facilidade, prender a atenção dessa geração já acostumada a ver e ouvir ao mesmo tempo. Vejamos que, no exemplo acima, alguns recursos já foram apresentados. De um lado, estão os recursos sono-plásticos.
Os que apresentamos, aqui, são bastante simples, mas precisam ser treinados, a fim de que, na hora da aula, o evangelizador saiba exatamente o que tem a fazer. Outros recursos, mais sofisticados, podem ser usados: uma música que sirva de fundo musical; uma música que possa caracterizar a entrada de cada um dos personagens, etc. Além dos recursos sonoros, há os visuais, que englobam, desde o cartaz até pinturas, passando pelos mais diversos tipos de ilustração, figuras, quadros, desenhos, fotografias, vídeos, “slides”. Esses recursos devem ser usados na aula de evangelização infanto-juvenil, seja para auxiliar a narração de história, seja para auxiliar a exposição dialogada. Para isso, como os recursos sonoros, os visuais devem estar em sintonia com a atividade em curso. Se há narração de história, o uso do vídeo, por exemplo, é redundante. Se gravuras, apresentadas em “flip chart”, certamente, os fantoches podem ser suprimidos. É, até, possível combinar o uso de diferentes tipos de recursos; porém, o evangelizador deverá atentar para a sobreposição de deles, pois o excesso gera efeito contrário: dispersão dos evangelizandos. Os recursos devem ser usados, na medida em que subsidiem a fala do evangelizador e favoreçam a retenção do conteúdo, por parte dos evangelizandos. Se forem usados, para substituir a necessária e natural interação entre ambos, perdem a
sua função primeira, que é a de auxiliar. Uma recomendação importante diz respeito à qualidade do material. Este deve ser bem cuidado, o que implica dizer que deve ser um material bem elaborado, com equilíbrio de tamanho e de cores, em relação ao espaço e ao tempo onde será apresentado. Nada de exagero de cores ou figuras em excesso. O contrário, também, é verdade e isto vale, igualmente, para o som. Além disso, não é o número de recursos ou a sua sofisticação que farão a aula se tornar interessante, mas a sua adequação ao tema e à idade dos evangelizandos. É importante lembrar, que o tipo de recurso usado para ilustrar as narrativas nas turmas de infância, quase sempre, não se adequará às turmas de juventude. Outro lembrete importante é o fato de o evangelizador levar o “notebook/datashow” para a sala, acreditando que bastará isto, para que a aula seja boa. Dependendo da turma, poderá, até, ser desastroso. Além dos recursos visuais e sonoros, o evangelizador deve usar, também, recursos que explorem as possibilidades olfativas e táteis dos evangelizandos. Esses são, em geral, mais difíceis de serem explorados sozinhos; geralmente, estão associados a aspectos do campo visual ou sonoro. Recentes trabalhos, no campo das inteligências múltiplas, têm demonstrado que há um número crescente de pessoas cujas habilidades estão relacionadas à percepção sinestésica, i.e, relacionadas à conexão subjetiva que se estabelece, espontaneamente, entre uma percepção e outra que pertençam ao domínio de sentidos diferentes. Por exemplo: um perfume que evoca uma cor, um som que evoca uma imagem. Por isso, os recursos devem ser variados e relacionados aos diferentes sentidos do corpo. Os recursos podem e devem ser usados, nos diferentes momentos da aula. Pensando no roteiro clássico de uma aula, três são suas fases: a motivação, a apresentação do conteúdo e a avaliação. E, nesses três momentos, há espaço para que recursos sejam usados, sobretudo no segundo. Pode-se e deve-se usar um recurso motivador, para despertar a atenção dos evangelizandos, para a apresentação do tema. Nesse momento, os recursos, muitas vezes, estão associados a técnicas. Quando se aplica a técnica ‘Tempestade Mental’, os evangelizandos são convocados a dizer o que sabem sobre determinado assunto. As notas tomadas pelo evangelizador, fixadas em um cartaz ou no quadro, ao
longo da aula, podem ser retomadas. O cartaz, nesse caso, é o recurso. Quando se utiliza um “slide”, com textos, desenhos e ilustrações que motivem a discussão inicial, tem-se, neste caso, outro recurso. Deve-se, sempre, usar recursos que favoreçam a apresentação do conteúdo, sobretudo, se tratar de aulas com crianças pequenas, pois esses favorecem a retenção do conteúdo. Variam, desde simples cartazes, até a utilização de imagens holográficas, digitalizadas, e devem ser escolhidos, em função de alguns critérios, tais como, adequação ao nível de interesse da turma, correlação com o conteúdo, facilidade de manuseio e disponibilização no momento da aula. Dependendo da aula, do assunto, da turma, das circunstâncias de trabalho, um recurso pode ajudar o evangelizador a avaliar, se os evangelizandos assimilaram, bem, as informações apresentadas. Por exemplo, há situações em que a reprodução oral de uma informação é
mais importante do que a apresentação escrita, tal como, quando se trata de uma reflexão a ser construída, ou conhecimentos que precisam ser memorizados (datas, eventos, sequência de acontecimentos, etc.), ou, quando se trata de situação em que as crianças não sabem escrever. Nesses casos, usar figuras, fantoches ou as mesmas ilustrações, usadas na aula, a fim de que, se apoiando nelas, os evangelizados repitam as informações, é uma indicação do uso de recursos, como apoio ao instrumento de avaliação. Um recurso pode ser muito bom, mas não ter a menor relação com nível de interesse dos evangelizandos; exemplo disso é utilização de fantoches, para crianças que já perceberam que pessoas simulam a fala dos bonecos. O fantoche, ainda, poderia ser usado para elas, mas não, com frequência, pois não despertaria o interesse. A tendência é que as crianças se sintam subestimadas e se
recusem a participar. A regra de que gostam de ser desafiadas é muito válida, mas, também nesse caso, prevalece o bom senso, pois, apresentar um cartaz a uma turma de crianças que, sequer, começaram a ser alfabetizadas e pedir que elas leiam, no sentido de que decodifiquem o texto, será inócuo. O recurso escolhido deve, sempre, ter relação com o conteúdo, pois, do contrário, acaba não destacando os pontos mais relevantes. Um recurso, do tipo teatro de sombras, pode ser muito útil, para conteúdos mais narrativos, que envolvam cronologias, biografias, etc. A apresentação de temas polêmicos pode ser feita, também, com narrativas; mas, em geral, é bom que seja auxiliada, por cartazes, com os principais conceitos devidamente enunciados. Nesse caso, as narrativas se constituem, apenas, em ilustrações. Os recursos devem, ainda, ser familiares ao evangelizador e de fácil operacionalização. De nada adianta ter recursos maravilhosos, inovadores, de última geração, se o evangelizador não souber manuseá-los. Isto provocará tumultos na aula. Neste caso, deve treinar, antes, e checar, se tudo está OK, antes do início da aula. A disponibilização é outro aspecto importante. De nada adianta o evangelizador pensar, em usar um ótimo recurso, seja um simples fantoche ou uma câmera digital, se, no momento da aula, este recurso não estiver na sala. Antes de se decidir pelo que vai usar, deve confirmar, se poderá, mesmo, contar com o recurso, no momento propício, a fim de evitar improviso. Nada mais sem sentido, do que dizer para os evangelizandos imaginarem, como seria a aula, se o tal recurso estivesse presente. E os que não conhecem o recurso vão imaginar o quê? Sugerimos ao evangelizador, que escolha, atentamente, o recurso a ser usados a cada aula e que não os repita, com muita frequência, pois isto, também, pode gerar o desinteresse dos evangelizandos. Em suma, vale frisar que, embora importantes, os recursos são um adereço na aula. A sua presença não deve sufocar a presença do evangelizador, nem deve inibir os evangelizandos. Por fim, cabe dizer que os recursos podem ser poucos ou escassos, mas, se usados com bom senso, podem ter o poder multiplicador do entusiasmo, assim, como os poucos peixes que alimentaram uma multidão, quando abençoados por Jesus. julho/agosto • Tribuna Espírita • 2014 19
Pensamentos e sentimentos saúde e doença GUILHERME TRAVASSOS SARINHO João Pessoa/PB
“A vida corpórea é a síntese das irradiações da alma. Não há órgãos em harmonia, sem pensamentos equilibrados”. André Luiz, psicografia de Chico Xavier, in “Nos Domínios da Mediunidade”.
“Senhora, tire o relógio e os metais, pois dão interferência no ECG (eletrocardiograma)”, diz a técnica de enfermagem à paciente que acabara de entrar no consultório do hospital e deitar-se sobre a mesa de exame, após me dar boa tarde e perguntar se poderia fazer o EGC, comigo, ali. Quando elas entraram (a paciente, a filha dela e a técnica de enfermagem), eu me encontrava sentado ao birô, dentro do consultório, escrevendo este artigo. O que ela disse, embora correto, me deixou espantado, pois coincidia com o que eu estava escrevendo. Ela, sem o saber em detalhes, acabara de dizer que os objetos de metal, usados pela paciente, iriam produzir “padrões de interferência”; ou seja, iriam alterar a superposição do modelo do conjunto de ondas de energias que percorrem as células e os órgãos do corpo humano. No caso, os padrões de interferência externa, produzidos pelos metais, alteraria o traçado eletrocardiográfico, interferindo no resultado. O que estamos dizendo, tem por base as leis da Física. Ocorre interferência construtiva de ondas (sonoras, elétricas, magnéticas, mentais, entre muitas), quando duas ou mais ondas que têm a mesma frequência, o mesmo comprimento e a mesma amplitude, se superpõem. Essa superposição cria um padrão positivo, porque as ondas se somam. Porém, se elas não se apresentam iguais em tudo, ocorre interferência destrutiva, uma vez que elas se sobrepõem e se anulam, pois formam um padrão de ondas negativo. Isto vale para a Física, por exemplo, mas se aplica ao nosso corpo e a todo tipo de ondas, que nos atingem ou que emitimos, principalmente, as emanadas pelos nossos pensa20 Tribuna Espírita • julho/agosto • 2014
mentos e sentimentos, por serem formadas por ondas de energias eletromagnéticas mais sutis, mais “puras”. Os elétrons e demais componentes de nossos átomos, dependendo da energia de aceleração recebida, podem vibrar, em frequências altíssimas, algo em torno da potência de dez elevado a quinze hertz, por segundo. Uma velocidade impressionante. Pensamentos e sentimentos vêm do Espírito, da alma, formam-se na mente e percorrem todo o corpo humano, através do sistema nervoso central e periférico, atuando “sensu latu”, sobre todos os órgãos de nosso organismo, harmonizando-os ou fazendo o contrário. Se a vibração dos elétrons, emitidos nos feixes de ondas cerebrais, através dos pensamentos ou emoções, tem uma frequência dita natural, a pessoa está vibrando, sempre, numa auto frequência e isto é bom para a saúde. Neste caso, o corpo humano forma um sistema ressonante. E o que é isso? A Física explica. É um corpo cujos átomos vibram, na mesma frequência, sempre, em constante equilíbrio. Se isso não ocorre ou ocorre um padrão de interferência destrutivo, não há um sistema ressonante no corpo. No corpo humano, podemos dar, como exemplo, o conjunto coração e aorta (maior e mais grossa artéria do nosso corpo) que, juntos, formam um sistema ressonante. Se há alterações frequentes dos batimentos cardíacos, o sistema deixa de ser ressonante e surgem alterações, como palpitações e arritmias cardíacas, além de hipertensão arterial e suas consequências, uma vez que o coração passa a bater (e bombear sangue)
fora de compasso. Os órgãos, aparelhos e sistemas do nosso organismo, para serem saudáveis, devem funcionar (vibrar) harmonicamente, no que a Física chama de “encadeamento rítmico”. O homem que vive, em constante estresse, em desequilíbrio emocional e de personalidade, irado, raivoso, maldoso, amoral, em crimes ou, mesmo, destemperado, agressivo, sem autocontrole, em choque frequente com as Leis da Natureza, emite salvas de ondas, com padrões de interferência destrutivos, o que modificará, com constância, o equilíbrio dos elétrons, dos átomos que formam as células, alterando a fisiologia dos órgãos e, dependendo da área do corpo, (a mais frágil) surgirão doenças as mais variadas. A quebra constante do encadeamento rítmico é fonte produtora de doenças. Quando os nossos sentimentos ou pensamentos são de excelentes padrões de qualidade (sentimentos bons, elevados, amorosos e conduta calma, pacífica, bondosa), eles formam um comportamento ondulatório, em que todos os feixes de ondas emitidos estão, no que a Física chama de “fase”; isto é, em sintonia, num certo tipo de ordem, conhecido como “coerência”. Num organismo coerente, tudo funcionam ou “oscila” de maneira periódica, repetitiva, equilibrada e, portanto, saudável. Se algum órgão
tudo funciona bem, no cérebro; ou seja, os pensamentos são de padrões de ondas de alta qualidade, todo o restante da fisiologia do corpo (respiração, linfa, sangue, digestão, sono, produção de hormônios, etc.) se processará, de acordo com as leis da Natureza, para a biologia corporal. A base para a saúde ou a doença física e mental, provêm do Espírito. Quanto mais manso, mais puro, mais evoluído, for o Espírito, menor o risco dele enviar à parte somática, ao corpo físico, ondas de energias deletérias, destruidoras. O filósofo romano Marco Túlio Cícero (106-43 a.C), prudentemente, dizia: “As doenças do espírito são mais funestas do que as do corpo”. O nosso comportamento, sentimentos e pensamentos são de vital importância, para o binômio saúde-doença. Não é a toa que os Iluminados de todos os tempos tanto batem nesta tecla dos bons sentimentos e pensamentos. “A bondade, em pensamento, cria profundidade; a bondade, em dádiva, cria amor”, ensinava o alquimista e filósofo místico chinês Lao-Tzé (século VII ou VI a. C.).
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No Universo nada está parado, tudo se move, tudo vibra
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do corpo funciona (oscila) descompassadamente, é preciso, logo, mudar o modo de pensar, de agir, o modo de vida, para que esse órgão “se engate”, por meio de um “encadeamento rítmico” e entre, em “fase”, e o sistema oscilador de nosso corpo, se torne “ressonante”, funcione em harmonia, em equilíbrio, antes que surjam as patologias diversas, as doenças de qualquer etiologia. Procuremos viver em ressonância, que o nosso corpo agradece. Devemos nos lembrar de que o Universo e tudo que nele existe, é dinâmico, nada está parado, estático, tudo vibra e tudo oscila, e tudo é perfeito, porque estão em constante ressonância. Essa Lei Universal é a terceira das sete Leis Herméticas que compõem a Filosofia Hermética do Egito e Grécia antigos, contida no livro “O Caibalion”, a Lei da Vibração: “No Universo nada está parado, tudo se move, tudo vibra”. Desse modo, para termos saúde, a senda a ser seguida é a do amor, da paz, da generosidade, da harmonia, da alegria, da esperança, da bondade, da gratidão com a Natureza e com Deus. Os sábios, filósofos e magos de todas as eras já ensinavam a importância de sermos saudáveis, espiritualmente, de termos uma vida mansa, pensamentos salutares, puros, bons. “Mens sana in corpore sano” (uma mente sadia em um corpo sadio), já dizia Juvenal (Décimo Júnio Juvenal – 60 – 127 d.C), poeta e filósofo romano. Para que se possa ter corpo e mente equilibrados, sadios, é necessário que sejamos pessoas calmas, donas de um autocontrole em quaisquer momentos, espiritualmente elevadas, além das vilanias do dia-a-dia, de temperamento afável, dócil. O grande filósofo e médico grego Hipócrates (460370 a.C.) relacionando o comportamento humano com as doenças, ensinava que as pessoas se enquadravam, em quatro tipos de temperamentos: sanguíneo, bilioso ou colérico, melancólico e fleumático. Competia às pessoas controla-los, para terem saúde. Hoje, a ciência moderna, reconhece a importância dos pensamentos e atitudes; do equilíbrio comportamental; da paz interna, para se ter saúde. Um corpo humano que se encontre em ressonância, tem o movimento interno (vibração) regular, repetitivo, padronizado, tanto dos órgãos, como dos aparelhos e sistemas. Tudo funciona, em concordância, em sequência, e ninguém atropela ninguém, dentro do corpo. Toda fisiologia está interagindo, harmoniosamente, em comum acordo. Evita-se, assim, abrirmos portas, para a entrada das doenças de qualquer etiologia. E, num corpo em ressonância, há redução do metabolismo orgânico, há menos consumo de calorias, de oxigênio, de energia e de alimentos. Há, também, menor produção de metabólitos, menos radicais livres, retardo do envelhecimento corporal e vida com qualidade. Se
Em relação aos pensamentos, a Doutrina Espírita é rica em ensinamentos: “O pensamento nasce na mente, percorre todo o organismo, antes de se irradiar”. André Luiz, psicografia de Chico Xavier, livro “Nos Domínios da Mediunidade”. “Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrompem o ar respirável”. Allan Kardec in “A Gênese”, cap. XIV, item 16. “Os maus pensamentos intoxicam a alma. Atraem o pessimismo e as presenças doentias dos Espíritos per-
turbados e maus. Os fatos se corporificam, de início, no campo mental, para, depois, se tornarem realidade, no corpo físico”, leio, de Joanna de Ângelis (espírito), pela psicografia de Divaldo Franco, no meu pequeno-grande livro de cabeceira “Vida Feliz”. Não devemos esquecer que somos seres de energia, pois, todo organismo vivo, é um complexo gerador de energias as mais variadas: térmica, química, sonora, luminosa, elétrica, magnética e quântica. E todo esse imenso complexo de energias que fazem funcionar o nosso corpo e a nossa mente, estão interligados, conectados. O doutor Dráuzio Varella, médico e palestrante, diz que: “O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doenças”. A medicina atual, como ciência, começa a acordar para a importância dos sentimentos e pensamentos, como geradores de saúde ou doença. A Biopsicologia é uma ramo da Neurociência que vem se dedicando ao estudo do tema, como ensina a doutora Candace Pert (1946-2013), neurocientista e farmacologista norte-americana: “A mente seria o fluxo de informações que se move entre as células, órgãos e sistemas do corpo..” Espiritualmente, somos o que pensamos; assim como, fisicamente, somos o que comemos. Para uma boa saúde psíquico-física, é importante que o alimento do espírito seja tão bom ou melhor do que o do corpo. Nota da Redação: O autor é Médico, Mestre Maçom e Membro do Centro Espírita “Leopoldo Cirne” – João Pessoa-PB.
O Moribundo Dentro de humilde cabana, solitário, E consumido pela lepra impiedosa, Um preto velho agoniza em seu calvário... Só tem ao seu lado um cão – alma bondosa.
Sendo apenas o luar, o seu sudário. Mas na soleira da porta de repente, Surge um moço com um aspecto imponente, Circunvalado por uma intensa luz.
Ao longe, um sino toca no campanário E brilha no céu a lua majestosa. Na solidão, estertora alma ditosa,
Murmura o moribundo: moço, não entre... Mas, sorrindo o moço diz, suavemente, Eu só vim buscar você... Eu sou Jesus Guilherme T. Sarinho
julho/agosto • Tribuna Espírita • 2014 21
Diminuindo o nosso Narcisismo LEONARDO MACHADO Recife-PE
C
erta feita, um palestrante espírita havia sido convidado a dar entrevista em determinado programa, quando o levaram muito entusiasmados a conhecer alguém. Desejavam-lhe apresentar “nova ferramenta da espiritualidade” que o grupo espírita deles estava desenvolvendo nos mecanismos de assistência aos Espíritos sofredores e obsessores. − Estamos, no momento – diziam-lhe mais ou menos nestes termos – indo um passo à frente na nossa abordagem. Agora, mediunicamente, realizamos cirurgias no perispírito dos seres. Temos conseguido modificar o DNA e os genes espirituais. Com isto, mudamos a destinação, bem como a arquitetura das obsessões. Enquanto os companheiros versavam empolgados, só restava ao trabalhador balançar a cabeça como um calango, pensando: – Meus Deus, abençoe! Agora estão mudando o destino das pessoas dentro do movimento espírita! E, porque insistissem para que ele participasse pessoalmente de uma das reuniões e verificasse a veracidade das narrações feitas, só lhe coube responder reticente: − Vamos ver a nossa possibilidade... – enquanto, intimamente, o palestrante pensava: como argumentar, diante de um delírio coletivo? Mesmo sem desejar, entretanto, em outras oportunidades, em outras instituições espiritistas a que era convidado a falar, teve ele chance de ver – porque eram feitas em público, depois das palestras – tratamentos de cirurgias espirituais que, embora não fossem exatamente como a descrita acima, guardavam uma desajeitada semelhança. Em muitas oportunidades, nada mais eram do que preces com passes coletivos habituais. Entretanto, o desejo de atrair pessoas e de se fazer poderoso levava os companheiros espíritas a mudar os nomes, colocando algo mais atraente, do tipo: momento de cura; prece de cirurgia espiritual. *** Dois amigos e palestrantes espíritas conversavam ao telefone, altas horas da noite. O mais novo falava dos medos e das incertezas. Enquanto o mais experiente, pacientemente, escutava e, aqui e acolá, aconselhava. 22 Tribuna Espírita • julho/agosto • 2014
A certa altura, porque o assunto ia versando sobre como se precaver das tramas do orgulho, o amigo mais velho falou: − Neste trabalho do bem a que nos entregamos, somos semelhantes a um carteiro que, peregrinando, vai distribuindo as cartas de Jesus às pessoas. Nós não somos a mensagem. Somos, apenas, o instrumento. Por isto, qualquer entusiasmo, com relação a nossa chegada, e qualquer resultado positivo, não devemos atribuir valores a nós outros, mas ao Mestre. Encantado com a proposta, o mais jovem, jocosamente, completou: − Mas, neste serviço de correio, nós não temos compromisso com a confidencialidade não né? Porque temos que ler o conteúdo das cartas e ver se fica um pouco em nós, não é mesmo? Porque o mais experiente concordasse, ambos sorriram, fraternalmente. *** Jesus não se cansou de combater o orgulho. A humildade, por isto mesmo, foi posta como a primeira bem-aventurança (1). A verdade, porém, é que este orgulho em nós pode ser evidente, mas, muitas vezes, ele é sutil. Curiosamente, quanto mais evidente ele se apresenta, culminando nas vias da arrogância, maior parece ser a cota de insegurança que o ser carrega dentro de si. E esta movimentação imita o pêndulo que vai de um polo ao outro; neste caso,
como uma reação de esconderijo. Talvez, seja, nas sutilezas de suas apresentações, um dos entraves mais perigosos para o nosso bem-estar mental. Até porque, nestas ocasiões, o orgulho mórbido passa despercebido. Ao escolhermos o supracitado exemplo do palestrante espírita, ambicionamos, justamente, tocar neste ponto, pois é precioso diminuir o nosso narcisismo curador. Do contrário, entraremos em um caminho doloroso de aprendizado expiatório futuro. Não nos esqueçamos de que o Cristo, o nosso modelo maior, prometia o alívio para todos que estivessem aflitos e sobrecarregados (2). Mas, recordemos que os resultados positivos de cura eram atribuídos por ele à fé da própria pessoa. (3) Deste modo, ficam as questões: Se ele dizia isto, quem somos nós, frágeis trabalhadores de sua vinha, para dizermos ou ambicionarmos outra coisa? Além do mais, por que não se lembrar daquele jumentinho que carregou Jesus, na chegada triunfante em Jerusalém?(4) E perceber, com isto que, não somente tarefas garbosas nos tornam uteis e saudáveis, mas, também, a simplicidade. (1) Mateus 5:3 (2) Mateus 11:28-30 (3) Lucas 8:48 (4) Lucas 19:28-36
O inferno são os outros R
enomado filósofo fez essa assertiva, convicto de que cabe à leitura que fazemos dos outros a responsabilidade dos nossos prejuízos. Em se tratando de Doutrina Espírita − especialmente de mediunidade – habituamo-nos a culpar os Espíritos pelos nossos insucessos. Em especial, quando nos referimos a médiuns que admitimos em processo de fascinação. A causa de seus males não se encontra neles, mas nos Espíritos que os assediam, sem atentarem para o fato de que não existe obsessão sem que o medianeiro não permita, ainda que inconscientemente. O facultativo que esteja atravessando uma fase de domínio mental, mais ou menos acentuado − de Espíritos encarnados ou desencarnados −, pode, caso deseje sinceramente, se libertar das influenciações, se fizer uma rigorosa autoanálise, com o fito de identificar o ponto fraco que favoreceu a presença e a interferência das entidades invisíveis. Dificilmente, admitimos que a culpa maior do processo obsessivo que estamos atravessando, deve-se, exclusivamente, às nossas fragilidades íntimas; que são evocadas pelas entidades espirituais, beneficiadas pela invisibilidade e pelo poder magnético da hipnose; fazendo emergir ao nosso consciente, sem dó nem piedade, as nossas chagas. Graças ao livre acesso às nossas fraquezas morais, esses Espíritos sádicos e impiedosos estimulam a mente dos médiuns invigilantes, colocando, ao seu alcance, uma gama de cenas lúgubres ou prazerosas, excitantes ou deprimentes, os incentivando a buscarem, a todo custo, saciar os desejos que imaginam lhes pertencer, sem se aperceberem, também, de que estão sendo, ardilosamente, convencidos de que não devem dar ouvidos aos que, eventualmente, os advirtam.
Seja, no Espiritismo ou em qualquer outra crença religiosa, habitua-se a pessoa submetida às influências negativas a procurar, junto aos seus companheiros de fé ou diligentes doutrinadores, recursos excepcionais, com a finalidade de exorcizar ou afastar, de algum modo, aquelas almas endurecidas, que lhes acompanham e perturbam. Em vão, porém. Não obtém sucesso, porque os Espíritos são, apenas, coadjuvantes; os atores principais estão mergulhados na carne, embebidos no néctar das paixões escravizantes. * * * Se esse é o teu caso, recorre ao passe magnético, para que te libertes, ainda que provisoriamente, da túnica vibratória negativa que auxiliaste a construir para ti mesmo. Socorre-te, também, do recurso incomparável da prece, porque, se nenhum de nós está liberto, ainda, da atração que a matéria exerce, podemos, auxiliados pelo Alto, conquistar força extra, capaz de nos tornar suficientemente fortes. Retirar, simplesmente, o Espírito que nos assedia, poderá constituir-se em caminho aberto para uma obsessão mais grave, principalmente, quando não há renovação íntima da pessoa assediada, transformando-se em convidativo hotel, onde sete outros Espíritos poderão se hospedar... Antes de argumentarmos que o inferno são os outros, reflitamos, em silêncio, sobre as nossas fraquezas morais, trabalhando, sem descanso, todos os dias, para que nenhum de nossos defeitos possa se transformar em substancioso mel a convidar ardilosas abelhas que não se cansam de zoar nos nossos ouvidos... Lindemberg (Mensagem mediúnica recebida, por Zaneles Lima de Brito, em 27.05.2014, na Associação Espírita Leopoldo Machado, em Campina Grande-PB).
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A quem serves? A
mulher e o homem contemporâneos que vivem no mundo ataviam-se em exagero, a fim de fruírem, até a exaustão, as concessões enganosas e agradáveis do trânsito carnal. Fixados às sensações buscam, em contínuos esforços, às vezes, sacrificiais, os favores prazenteiros do momento, sem outros quaisquer compromissos, exceto, os para conseguirem recursos que lhes facultem a continuidade do gozo. Desgastam-se, com facilidade e, por mais que se utilizem dos meios e técnicas, de rejuvenescimento, dos recursos valiosos das cirurgias plásticas, sofrem os transtornos que se derivam da opção de comportamento a que se entregam, na incessante correria para ganhar o tempo. No passado, as religiões preconizavam a fuga do mundo e das suas maquiavélicas manipulações, para o isolamento monacal ou as cavernas desérticas, para refúgio em rude ascetismo. Nada obstante, embora a boa intenção, levavam-se a si próprios as suas necessidades e conflitos que os alucinavam na solidão e, não raro, os vinculavam mais fortemente aos inimigos desencarnados com os quais mantinham conúbios muito perturbadores. A visão de Jesus sobre a existência terrena e, no entanto, otimista e rica de sabedoria, adornada pela beleza, ao propor viver-se no mundo, embora não dependendo das suas constrições ou excessivas liberações. É compreensível a ocorrência, porque todos somos servidores a soldo dos nossos amos. Existem aqueles que, dependentes dos instintos primários, servem aos senhores perversos, que são os desejos infrenes neles dominantes. Por essa razão, a Mitologia oferece um panteão de deuses, tantos quantos os níveis de consciências e de evolu-
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ção dos seus adoradores, que se lhes vinculam, através da similitude de hábitos e aspirações. Outros são servidores da ira e do ódio, do ressentimento e da inveja, vivendo encarcerados em tormentos inimagináveis. Igualmente, missionários da luz e da imortalidade renasceram no mundo, para oferecer as inestimáveis contribuições que proporcionam a harmonia íntima, a superação das paixões primárias neles em primazia. Superando, porém, a todos os construtores da fé religiosa e das filosofias idealistas, encontra-se Jesus que alterou a ética do comportamento, demonstrando a transitoriedade da organização física e a perenidade da vida. Depois dele, a cultura e a civilização encontraram a diretriz, para dar sentido psicológico profundo à existência terrena. Não padece dúvida que a sua é a doutrina da mansidão, da paz, da pura alegria. Servi-lo, passou a ser o objetivo fundamental da jornada humana. As atrações e divertimentos, no entanto, necessários para proporcionar bem-estar, trabalhadas pelas mentes viciadas passaram a constituírem-se essenciais, superando os deveres e a dedicação ao fundamental, à vida espiritual! *** Face ao tumulto que toma conta irrefreada de quase toda a sociedade, é indispensável que faças uma reflexão cuidadosa e, durante a mesma, uma interrogação: a quem sirvo ? Se abraças a doutrina da compaixão e da caridade, não te permitas os desvios de rota, buscando os prazeres e as futilidades que distraem, mas não preenchem o imenso vazio interior. Todo aquele que procura a embriaguez dos senti-
dos consome-se no fogo das ansiosas mudanças de jogos, tentando renovação e preservação das satisfações sensoriais, vivendo sedentos de contínuos gozos. Observa os ases e campeões do mundo, no seu envelhecimento precoce, no desgaste imposto pelos hábitos doentios, como o álcool, o tabaco, as drogas aditivas, o sexo irresponsável... E, de quando em quando, os suicídios espetaculares pelos excessos das substâncias destrutivas ou, mesmo, pela falta de motivação para viver, após alcançarem o topo da fama, na carreira a que se dedicaram, a admiração e a paixão das massas, que os não preencheram de alegria real, mantendo-os em tremenda solidão... O serviço com Jesus, porém, não te impedirá o sofrimento, as vicissitudes que fazem parte do processo iluminativo, mas que contribuem, com o conforto moral e o conhecimento da sua causalidade e da sua significação, para o alcance da plenitude. Como a existência na Terra tem, por finalidade, a depuração moral e a conquista da harmonia plena, ninguém transita sem dor, nem permanece, indefinidamente, sem a vivência da reflexão em torno do próprio sofrimento. O servidor do mundo, por desconhecer esse mecanismo superior da evolução, quando chamado ao processo inevitável, desanima e reage com violência, desespera-se ou recalcitra, tomba ou enlouquece... O servidor de Jesus, porém, comporta-se de forma tranquila, porque sabe que, também, a aflição é transitória. *** A quem serves? Se elegeste Jesus, não te envergonhem a cruz dos testemunhos, nem as problemáticas que te auxiliam no crescimento espiritual. Cristão sem cruz é, apenas, simpatizante do ideal que ele ensinou e viveu. Conduz, desse modo, a problemática afligente que te crucifica interiormente; mantém a alegria e torna-a fácil de superar, porque o seu fardo é leve e o seu jugo é suave. A quem serves?
Verdades que não querem ver GERMANO ROMERO João Pessoa-PB Novamente a hostilidade de judeus ao Cristianismo emergiu por conta da última visita do Papa Francisco a Israel. Mas, como pode um povo rejeitar ideias de amor e perdão?... Gandhi chegou a anunciar do alto de sua pacífica sabedoria que “se toda a literatura da humanidade perecesse, e só se salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido”. Embora tenha complementado “mas, negativamente, posso dizer-vos que muita coisa que se passa como sendo cristianismo é a negação do sermão da Montanha”. O abade Leçanu, encarregado pelo Santo Ofício que vigia na França, em 1857, de analisar as obras literárias a serem publicadas, escreveu sobre “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec: “Esta obra possui o indispensável para conduzir qualquer alma ao Reino de Deus. Publique-se!”. Mesmo assim, 4 anos após seu lançamento, o livro básico da Doutrina Espírita codificada pelo educador francês foi queimado em praça pública no evento conhecido como “O Auto de Fé de Barcelona”, fielmente retratado pelo autor no artigo subtitulado como “O resto da Idade Média”, publicado no mesmo ano na “Revue Spirite”.
Mas Kardec, tido como “O bom senso encarnado”, expressão usada pelo astrônomo francês Camile Flammarion no discurso ao pé do túmulo, por ocasião de seu sepultamento, não se intimidou com a queima de “O Livro dos Espíritos”. A propósito, exclamou: “Graças a esse zelo imprudente, todo o mundo, em Espanha, vai ouvir falar do Espiritismo e quererá saber o que é; é tudo o que desejamos. Podem-se queimar os livros, mas não se queimam as ideias; as chamas das fogueiras as superexcitam em lugar de abafá-las. E quando uma ideia é grande e generosa, encontra milhares de peitos prontos para aspirá-la”. Essa força da verdade também se percebe na obra do meigo Chico Xavier, eleito “O maior brasileiro de todos os tempos” por votação nacional, em 2012. Obra que é um compêndio de amor cristão escrito em quase 500 livros, de cuja renda Chico não recebeu sequer um tostão, e mesmo assim é criticado. Então reflitamos, por que será que verdades tão evidentes como os princípios do Cristianismo, assim como os do Espiritismo, ainda são tão incompreendidos pelos Judeus e tantos outros povos que não os aceitam? Ora, é que Gandhi tinha razão...
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Joanna De Ângelis
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(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão da noite de 31 de março de 2014, no centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador-BA)
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Quem é o adversário? FLÁVIO MENDONÇA Recife-PE
“Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu adversário e, depois, vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”. Analisemos, juntos, esta passagem do Evangelho, em Mateus 5: 24 a 26. E procuremos entender o sentido mais profundo do ensinamento de Jesus. Diz a máxima: “Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu adversário e, depois, vem e apresenta a tua oferta...” Quando elevamos nossos pensamentos, nos posicionando em direção ao alto, a Deus, devemos, antes, nos desnudar dos interesses materiais e egoicos, pois, Deus é Todo pureza e elevação. Ora, como podemos nos elevar, se, ainda, estamos presos aos mais primários sentimentos de vingança, ódio ou rancor? Portanto, elevar-se, efetivamente, é largar os apegos do personalismo devorador e ir em direção do Pai. Mas, continua a instrução do alto: “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz....” Observemos, com zelo, a qual adversário Jesus se refere. Construímos, na jornada de progresso pessoal, uma ferramenta de identificação e de sustentação, mas que, porém, também, serve de travamento ao nosso processo evolutivo. O EGO. Este, se mantendo no comando, por estarmos num estágio inferior, ilude-nos e nos faz refém. Faz-nos personalistas e vaidosos. É fundamental o amadurecimento espiritual, para que tenhamos domínio sobre as escolhas a se realizarem. Precisamos ter lucidez disso, para comandar e não 26 Tribuna Espírita • julho/agosto • 2014
ser comandados. Portanto, fiquemos atentos ao adversário, nós mesmos, com nosso personalismo que, só, nos conduz a atraso espiritual. Quando nos conciliamos conosco, estabelecemos o equilíbrio emocional, a fim de acertarmos mais, nas escolhas que nos desafiam. Mas, sigamos com a reflexão: “e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão...”. Vamos procurar compreender isso. O que faz um juiz? Julga, naturalmente, sim? Pois bem, lembram-se da oração dominical, o Pai Nosso? O que diz ela? “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Ora, somos nós os juízes de nós mesmos, pois, como consta, no “Livro dos Espíritos”, questão 621: “Onde está escrita a lei de Deus? R- Na Consciência”. Sendo assim, quando estamos em débito com as leis divinas, ou como gosto de dizer, desligados da cosmo-ética, nossa Consciência acusa e julga o equívoco. Assim, somos nós que sentenciamos a nós mesmos ao reparo necessário. E quem seria esse oficial e essa prisão? “e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão”. Entendamos! A função do oficial é o cumprimento da ordem sentenciada pelo juiz, pois sim? Ora, se julgamos nossos atos e o condenamos, determinamos que seja cumprida a nossa própria sentença. Neste caso, a “Lei de Causa e Efeito” se cumpre, por automa-
tismo, pois, se as Leis de Deus estão gravadas na Consciência, a lei se estabelece, por si só, ou seja, um autocomando define, como será a reparação. Todo o organismo psíquico age em favor do cumprimento da “Lei de Causa e Efeito”. E a prisão? É, justamente, a consciência em culpa, presa através de um remorso, da sensação de dever não cumprido, do arrependimento, etc. Aliás, vale, aqui, perguntarmos a nós mesmos: Um impulso pode durar frações de segundos; mas, o remorso quanto tempo dura? Portanto, necessário nos ajustarmos com as leis divinas, a fim de voltarmos ao estado de plenitude interior. Daí, o complemento do pensamento do Cristo: “Em verdade te digo que, de maneira nenhuma, sairás dali, enquanto não pagares o último ceitil”. Pois é, a sentença está em nós, assim, como também, a reparação. É isso que Jesus nos diz, com seus conselhos iluminativos. Somos os responsáveis pelas escolhas e, também, pelas consequências. Em suma, somos livres, para decidir o que fazer da vida; todavia, por questão de justiça, somos, na mesma proporção, presos aos resultados dessas mesmas escolhas, onde, como disse o Mestre, só sairemos, quando pagarmos o último ceitil. E, que bom que temos essa oportunidade de reparação. Nisso, consiste a misericórdia de Deus. Permite que sejamos, nós mesmos, os responsáveis pelo “pagamento”, pela reparação dos equívocos, dando-nos a oportunidade de refazer o caminho, dessa vez, com a escolha mais adequada. Fiquemos atentos a isso. Quando formos escolher um caminho ou tomar uma decisão, pensemos que somos, inteiramente, livres, mas responsáveis, por outro lado, por todas as consequências. Não adianta lamentar, é reparar o engano, o quanto antes, pois, até onde sabemos, a Lei, jamais, se inclinou!
Eternas revelações OCTÁVIO CAÚMO SERRANO João Pessoa-PB
N
ada é novidade sobre a Terra. Só nos resta percebê-las. Por mais que ignoremos ou fiquemos de olhos e ouvidos cerrados, o mundo caminha em velocidade vertiginosa. Queiramos ou não, percebamos ou não, a cada minuto, há uma nova descoberta nas mais diversas áreas da vida planetária. Para termos esta certeza, basta observar as compras que fazemos num mercado. Enchemos o nosso carrinho sem dar-nos conta de quem descobriu o primeiro feijão, o primeiro arroz e a primeira batata. Quem chegou à conclusão que isso se come e serve para sustentar a vida das pessoas? E quem foi o primeiro que descobriu que precisava cozê-los? Não era possível comer cru, porque depois que ia ao fogo tinha um sabor melhor. Quem fez o primeiro pão, quem descobriu o guaraná, espremeu a primeira uva para extrair o vinho? Trivialidades dos nossos dias, mas que não foram assim desde sempre. Por isso,
nascem novos perfumes, novos remédios, novas vacinas, novas tecnologias em todos os setores industriais. Se fizermos um paralelo com as novidades espirituais, veremos que à medida que o tempo passa, descobrimos em nós defeitos e qualidades a serem combatidos ou aprimorados. O homem de amanhã está muito distante do de ontem, mesmo que ele seja o mesmo binômio carne e alma, já existente há algum tempo. Estamos condenados à evolução, queiramos ou não, porque é impossível viver um só dia sem aprender coisas novas, cabendo a nós selecioná-las se são úteis ou nocivas. Quando vemos alguém criar algo novo, dizendo-se inventor, sabemos que ali está uma descoberta que a natureza já havia posto à disposição do mundo, mas só agora alguém desvendou seu mistério. Só nesse momento, alguém juntou as partes para fazer um todo novo. Por exemplo: A água existe, desde que o planeta se formou e é
conhecida em química como H²O. Serve para matar a sede, hidratar o corpo, higienizar tudo o que demanda limpeza. Mas um dia, o homem descobriu que se lhe adicionasse mais uma molécula de O (oxigênio), criaria o H²O² (peróxido de hidrogênio) que pode ser diluído com água para fazer solução de diferentes porcentagens, conhecidas como água oxigenada. Já não mais é potável, porque é ácida e corrosiva, mas serve também como desinfetante, clareador, esterilizante, além de inúmeras outras utilidades. O homem não inventou nem a água nem o oxigênio, mas descobriu que juntos criavam um novo produto. Assim, é tudo na vida. Deus já pôs à disposição do homem tudo o que ele precisa e que vai descobrindo à medida que lhe seja útil. O que é preciso fazer para mudar e evoluir em moral e conhecimentos? Ter fé e saber que somos um Espírito eterno em permanente processo de crescimento espiritual. Sem a confiança na vida futura, ninguém empreenderá essa tarefa com convicção. Tudo fica um permanente agora, sem qualquer perspectiva futura. Só a reencarnação pode dar-nos sentido à vida e isso o Espiritismo explica muito bem. Quem tem bom senso há de ver que Deus é mais sábio do que os homens supõem e destina a cada um de seus filhos um futuro brilhante. Resta-nos apenas conquistá-lo pelos próprios méritos.
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