TRIBUNA ESPÍRITA • EDIÇÃO 182

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Espírita Tribuna

Ano XXXIII - Nº 182 novembro/dezembro - 2014 Preço: R$ 5,00


2015 - Um ano de preparação rumo ao Centenário da Federação Espírita Paraibana

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stamos nos preparando para as comemorações do Centenário da Federação Espírita Paraibana, fundada no dia 17 de janeiro de 1916. É importante ressaltar que a FEPB foi a primeira sociedade espírita fundada na Paraíba e, por conseguinte, representa a chegada do Consolador Prometido por Jesus, nas terras paraibanas. São cem anos de história do Movimento Espírita na Paraíba. Neste longo espaço de tempo, a Entidade Unificadora estabeleceu suas bases na imorredoura mensagem emanada do Mestre Inolvidável, o Guia e Modelo, e tem desfraldado o lema: “Fora da Caridade não há Salvação”, proposto pelo insigne codificador Allan Kardec. Em função da importância da data, estão sendo programadas várias ações,

no âmbito Estadual, para celebrarmos, com júbilo, as conquistas e avanços do Movimento Espírita. Entre muitas ações estão previstas as seguintes: Realização do VI Congresso Espírita Paraibano, nos dias 15 a 17 de janeiro de 2016, com as presenças confirmadas de ilustres conferencistas de renome internacional e companheiros que fizeram parte da nossa história, tais como: Divaldo Franco, Raul Teixeira, Alberto Almeida, Sandra Borba, Frederico Menezes, Haroldo Dutra Dias, Nando Cordel, Severino Celestino, Giselda Carneiro Arnaud, Rossandro Klinjey, entre outros; Lançamento do Livro sobre a História do Espiritismo na Paraíba, de autoria do atual vice-presidente, José Raimundo de Lima e colaboradores;

Grande Show Musical na Beira da Praia, com diversos artistas espíritas da Paraíba e do Nordeste; Sessões solenes nas Casas Legislativas da Paraíba; Encontros Regionais das Áreas Federativas: Estudo, Mediunidade, Infância e Juventude, Comunicação, Assistência Social, Família, Atendimento Espiritual. Temos muitos desafios pela frente a serem superados para que a Doutrina Consoladora atenda as demandas humanas, nesses tempos de transição. Como o Mestre ressaltou, “(...) A seara é grande e poucos os ceifeiros” (Mateus, 9:37); no entanto, estamos motivados para continuar, com esforço produtivo, na semeadura do Bem. O dinâmico Movimento Espírita Paraibano, conta, atu-


almente, com 150 Instituições ligadas aos órgãos de unificação, espalhados em mais de 70 Municípios do Estado, abrangendo as principais regiões: Litoral, Agreste, Sertão, Alto-Sertão, Cariri, Curimataú, Brejo, Borborema, Vales: do Piancó, Paraíba e Mamanguape e, em processo de implantação, a Região do Seridó. A Federação Espírita Paraibana e o Planejamento Estratégico. Parceria com os Centros Espíritas do Estado, visando a Unificação do Movimento Espírita. A FEPB vem consolidando o seu Planejamento Estratégico, para o triênio 2012-2015, para melhor atender as demandas do Movimento Espírita Paraibano, adequando-se às novas exigências da sociedade contemporânea, formulando diversas parcerias com as Entidades Especializadas e Órgãos Públicos, tendo em vista ampliar esforços para construção de uma sociedade mais humana, solidária e com justiça social.

reconhecimento, como órgão unificador, em parceria com as instituições espíritas do Estado.

Nossa Visão Até 2015, a FEPB deverá ampliar o

Marco Antônio G. Lima − Presidente da FEPB

Nossos Valores CARIDADE - AMOR - MORAL DISCIPLINA - ÉTICA - CONFIANÇA Nossa Missão Promover a Unificação do Movimento Espírita Paraibano, por meio do estudo, difusão e prática dos ensinos de Jesus à luz do Espiritismo. Nossos Propósitos PRÁTICA - UNIFICAÇÃO - DIFUSÃO - ESTUDO Aproveitamos, para agradecer a todos os companheiros de Ideal que, de forma voluntária e responsável, vêm contribuindo, decisivamente, para a realização das tarefas da Doutrina e do Movimento Espírita. Que Deus nos abençoe e ilumine, sempre. Um Natal de Bênçãos e um Feliz 2015.

Sumário

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2015 - Um ano de preparação rumo ao Centenário da Federação Espírita Paraibana A força do amor Companheiros Amar-se, para amar o outro Painel Espírita Natal Concerto de “Vozes” no “O Evangelho Segundo o Espiritismo” Uma época singular Estudar nunca é demais! Reflexões sobre a literatura espírita Jesus do consumismo Humberto de Campos A dor não tira férias! Divaldo Franco abre o 42º Miep, em Campina Grande A origem foi só o começo

17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Nosso anjo guardião Evangelho: o Padre Zé, a obra e os pobres Para um intendimento mais didático O princípio da Proporcionalidade e Espiritismo Reflexões de um médico espírita - I A justiça das aflições Não brinquemos como os sentimentos Simplicidade e pureza de coração Se o senhor estivesse comigo Trabalho: Castigo ou Benção?

Expediente Fundada em 01 de janeiro de 1981 Fundador: Azamor Henriques Cirne de Azevedo

TRIBUNA ESPÍRITA

Revista de divulgação do Espiritismo, de propriedade do Centro Espírita Leopoldo Cirne Ano XXXIII - Nº 182 - novembro/dezembro - 2014 Diretor Administrativo e Financeiro: Severino de Souza Pereira (ssp.21@hotmail.com) Editor: Hélio Nóbrega Zenaide Jornalista Responsável: Lívia Cirne de Azevedo Pereira DRT-PB 2693 Secretaria Geral: Maria do Socorro Moreira Franco Revisão: José Arivaldo Frazão Assessoria: Uyrapoan Velozo Castelo Branco Colaboradores: Azamor Henriques Cirne de Azevedo, Carlos Romero, Denize Lino, Divaldo Pereira Franco, Elmanoel G. Bento Lima, Fátima Araújo, Flávio Mendonça, Frederico Menezes, Geraldo Campetti Sobrinho, Guilherme Travassos Sarinho, Gustavo Machado, Hélio Nóbrega Zenaide, Igor Mateus, Leonardo Machado, Marco Lima, Marcos Panterra, Mauro Luiz Aldrigue, Pedro Camilo, Octávio Caúmo Serrano, Orson Peter Carrara, Walkíria Araújo. Diagramação: Ceiça Rocha (ceicarocha@gmail.com) Impressão: Gráfica JB (Fone: 83 3015-7200) ASSINATURA BRASIL ANUAL: R$ 25,00 TRIANUAL: R$ 70,00 EXTERIOR: US$ 20,00 CONTRIBUINTE ou DOADOR: R$....? ANUNCIANTE: a combinar TRIBUNA ESPÍRITA Rua Prefeito José de Carvalho, 179 Jardim 13 de Maio – Cep. 58.025-430 João Pessoa – Paraíba – Brasil Fone: (83) 3224-9557 e 96333500 e-mail: jornaltribunaespirita@gmail.com Nota da Redação Os Artigos publicados são de inteira responsabilidade dos seus autores. novembro/dezembro • Tribuna Espírita • 2014 3


Amor

A Força do P

ermite que o amor de Deus te inunde, aquecendo a frialdade dos teus sentimentos e diluindo as dores que têm procurado permanecer dominadoras no teu íntimo. Renasceste para amar, a fim de tomar-te uma fonte generosa de ricas energias que deverás esparzir onde e com quem te encontres. Se a aflição busca pouso nas tuas emoções e retira o colorido da alegria que te impulsiona em direção da luta redentora, entrega-te ao amor, e dá-te mais ao irmão sofredor, assim, revitalizando os teus ideais de melhor servir. Se a morte arrebatou o ser querido, que te constituía emulação ao trabalho e ao júbilo existencial, não te consideres desamparado, porque ele vive e, logo se recupere, retornará à liça ao teu lado, a fim de prosseguir na ajuda de que necessitas para superar a solidão. Se a ingratidão te feriu o cerne da alma e tudo se encontra sob sombra densa, acende a luz do amor em forma de perdão e não te facultes o desânimo ou a melancolia. Se a enfermidade alojou-se no teu organismo e, lentamente, mina as tuas forças com ameaças graves, recupera a vitalidade, mediante as bênçãos do autoamor, e gera equilíbrio e renovação íntima. Se te sentes cercado por desafios que parecem impedir-te o avanço na direção do Senhor, ama sem preconceito, e compreende que toda ascensão produz cansaço e exige esforço maior do que se imagina. Se os teus projetos bem delineados sofrem dificuldades em realizar-se, ama com abnegação, faze a parte que te cabe e deixa o restante Àquele que é Vida em abundância e Ele fará o que não podes realizar. Se a ingratidão de amigos afetuosos 4 Tribuna Espírita • novembro/dezembro • 2014

Ama, sempre, e nunca deixes que o amor se esfrie no teu coração. *

apunhala-te a alma, ama-os mais, sem nada exigir-lhes, porque o amor é bênção que se doa e não interesse que se negocia. Se caminhas, em a noite escura da alma, transforma o teu sentimento de amor em lâmpada de ardente chama, e verás a senda iluminada que aguarda os teus passos seguros. Se a existência, subitamente, perdeu o encantamento e te sentes esmagado pelo fardo de desconhecida melancolia, ama, com mais vigor, e perceberás que o seu magnetismo fortalecer-te-á, auxiliando-te na reconquista dos bens imperecíveis de que descuidavas. Se os teus passos perderam a força e cambaleias pelo caminho que antes vencias com vigor, ama e descobrirás a sublime energia do amor, portadora de recursos que resolvem todos os problemas e trabalha sem cessar em favor da ordem e do êxito.

Mesmo que tudo se te apresente sombrio e não percebas as nobres companhias espirituais que te ajudam na jornada libertadora, mantém a certeza de que não te encontras a sós. Jesus prometeu que estaria ao lado de todos aqueles que o amassem, mesmo que, aparentemente, se encontrassem em solidão. A externa solidão, nem sempre, é negativa, porquanto é portadora de sutis mensagens para levar-te à reflexão, à calma, à viagem interior. Um pouco de silêncio te auxiliará a encontrar o roteiro, momentaneamente, perdido. Na multidão, ante a algaravia das paixões, existem alegrias e ilusões que parecem felicitar as criaturas, perturbando-as, mais, do que as dignificando. É, na solidão que o ser humano se encontra, que descobre o sentido e o significado existenciais, quando adquire coragem para prosseguir, para vencer, etapa a etapa, o caminho da evolução. Quando as criaturas descobrirem o poder do amor, jamais, experimentarão desânimo ou sofrimento, porque identificarão, em cada acontecimento, uma necessidade inerente ao processo iluminativo, retirando a melhor parte da experiência com que se enriquecerá de paz. O mundo tem muita carência de amor. Fala-se, muito, sobre esse dom divino, mas, apenas, se fala. Ironicamente, todos desejam ser amados e poucos se dispõem a amar, a modificar a estrutura racional do interesse pessoal.


Acredita-se, de maneira equivocada, que o amor é um instrumento que pode ser utilizado, com habilidade, para se conseguir objetivos, nem sempre, superiores e, em consequência, tomba-se em desencantos e frustrações. A ética do amor exige sacrifício e impõe coragem de fé. A história dos mártires é, antes de tudo, um poema de amor, em forma de extrema dedicação à causa do Bem na Terra. Alguns são anônimos e o mundo não os conhece; outros chamaram a atenção pela maneira como conduziram a existência e são admirados, comentados, mas, raramente, seguidos. Inúmeros têm sido objeto de crítica, de ironia e são considerados psicopatas, por haverem elegido o ministério da dedicação a Deus e ao seu próximo. Isso, porém, não é importante, porque eles elegeram a melhor parte, a melhor conduta, aquela que lhe não será tirada, conforme as anotações evangélicas. Desse modo, não te permitas a situação morna, cômoda, sofrida e distante do dever de amar, e aproveita cada momento da existência, para permaneceres fiel ao objetivo da existência de que desfrutas. Quem ama é, imensamente, feliz, enquanto que todo aquele que deseja e busca, somente, ser amado, não alcançou, ainda, a maturidade psicológica; demora-se em lamentável estado infantil. * Quem o visse pregado numa cruz de vergonha, abandonado por quase todos os afetos, criticado e em infinito sofrimento, na tarde ardente e ameaçadora, não se daria conta de que Deus estava com ele, e que aquele testemunho ele próprio o elegera, a fim de ensinar a todos que o amassem a permanecerem fiéis, até o fim. A tua cruz invisível é por ele conhecida e, portanto, nunca estarás abandonado, se souberes transformá-la em asas de amor e de perdão que te alçarão à plenitude. Desse modo, nunca te canses de amar e amar, com entrega total. Joanna de Ângelis (Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no entardecer de 8 de dezembro de 2013, em Calpe, Espanha, no dia da conclusão do XX Congresso Nacional de Espiritismo.)

Companheiros MARCOS PATERRA João Pessoa-PB

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urante nossas vidas, cruzamos com pessoas que fazem parte direta e indiretamente de nossa aprendizagem, ou conforme conclusões do pesquisador VygotskyI: “com a modelação de conhecimento e a interação do meio social, os indivíduos podem adquirir conhecimentos que antes não podiam” II Muitas dessas pessoas, meras companheiras de trabalho ou estudos, tornam-se bons e sinceros amigos, onde podemos dar e receber ensinamentos e formar e participar de novas ideias. Infelizmente, muitos companheiros que adquirimos, no decorrer de nossas vidas, se afastam por diversos motivos; uns, mudam-se de cidade ou Estado, outros se afastam envoltos com suas famílias; e existem aqueles que, por obra do destino, deixam essa vida, abrindo um vácuo em nossas aprendizagens e em nossas relações. Independente da religião ou cultura, percebemos que a morte é necessária, e que, muito embora nos entristeça com a falta do companheiro(a), sempre, desejamos que ele esteja bem... Seja lá onde for... E, sobre esse ponto de vista o Espiritismo diz que o Espírito, quando encarnado, acha-se sujeito a uma série de limitações impostas pelo seu corpo físico. Há as dificuldades de comunicação, transporte e a falta de uma série de instrumentos que o corpo não possui. “(...) No físico, o homem é como os animais e menos bem provido que muitos dentre eles; a natureza lhes deu tudo aquilo que o homem é obrigado a inventar com a sua inteligência, para prover às suas necessidades e à sua conservação”.III Muitos podem alegar que, quando o companheiro morre, cumpriu suas expiações; mas, para o Espiritismo, expiação, não tem significado de penitência, condenação ou punição. Seu significado, como os Espíritos estabeleceram, é o de desafio à inteligência e à condição moral do Espírito. Um desafio constante que visa promover o progresso individual e

coletivo e, quando uma pessoa morre com idade ainda considerada nova, é porque já cumpriu suas provas. A lei dos renascimentos sucessivos, segundo a visão espírita, abre perspectivas nunca antes contempladas. A imortalidade, exercitada pelo Espírito ao longo de suas existências num processo contínuo de evolução infinita, vem elucidar uma série de questões que vão, desde o plano biológico, psicológico ao plano social, até então, inexplicáveis, tanto pelos espiritualistas, como pelos estudiosos das leis que regem o mundo material. Conforme Allan Kardec, “(...) a encarnação não é uma punição como pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do Espírito e um meio de ele progredir” [...] “A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito; ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das boas e más qualidades”.IV Segundo o Espiritismo, o Homem foi criado por Deus já 'predestinado' à felicidade eterna, que ele vai alcançando, através do seu desenvolvimento espiritual, realizado nas sucessivas encarnações na Terra, ou em outros mundos do espaço universal. Como o Homem tem 'livre arbítrio', ele pode seguir a sua evolução de maneira natural, ou interrompê-la, ficando estacionado no caminho. Nesse momento, pode-se dizer que ele está 'perdido' necessitando ser 'salvo'. Dessa maneira, vários Espíritos reencarnaram na Terra, para mostrar o caminho da 'salvação', sendo que o maior deles foi Jesus de Nazaré. Jesus ensinou-nos o 'caminho da salvação', não só, através de palavras, mas, principalmente, pelo seu exemplo de vida. Os companheiros que adquirimos em vida são nossos exemplos; e, quando se vão, deixam a saudade e a esperança de nos reencontramos... Mesmo que seja como Espíritos.

I- Lev Semenovich Vygotsky pesquisador e autor de dois livros básicos: Pensamento e Linguagem e A Formação Social da Mente se tornaram um marco nos estudos do desenvolvimento humano. II- “Teoria da Zona de desenvolvimento proximal” (Vygotsky). III- “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec – pergunta 592, FEB. IV- “A Gênese” – Allan Kardec - cap. XI - item 26, FEB. e “O Céu e o Inferno” – Allan Kardec – cap. III, item 8, FEB

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Amar-se, para amar o outro LEONARDO MACHADO Recife-PE

“O amor, qualquer que seja o mundo em que se esteja, é a força, o eixo das esferas que gravitam em suas órbitas. (...) No homem, na sociedade inteira, é o amor que forma as simpatias, que torna possíveis as relações dos humanos entre si”. Léon Denis1

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aquela noite, na sala de uma emergência médica, o jovem estudante aprendia a arte da medicina. Depois de atender alguns pacientes com quadros psiquiátricos descompensados, havia chegado a vez de uma senhora que muito lhe chamou a atenção. Vestida com roupas extravagantes e transparecendo uma sexualidade exacerbada, ela adentrou o consultório, cantando de modo bem estridente e caricatural, ao mesmo tempo em que era acompanhada por uma irmã e a filha mais velha. O atendimento transcorria dentro do habitual, até que, a certa altura, estafada, a irmã falou enfaticamente com a sobrinha, referindo-se à transtornada mulher: – Eu não aguento mais, não! Agora que você completou dezoito anos, vai passar a cuidar dela. Foram tomadas todas as condutas diagnósticas e terapêuticas adequadas ao caso e, depois disso, o futuro esculápio, procurando entender melhor o enquadramento familiar, indagou à jovem moça: – Há quanto tempo tua mãe tem esta doença? Fez-se um silêncio breve e, parecendo ter passado por uma retrospectiva de vida, a menina respondeu: – Faz tanto tempo que eu nem me lembro... Desde que eu me entendo por gente ela é assim. Não houve, contudo, tempo para ela terminar a frase. Automaticamente, as lágrimas rolaram em seu rosto, de modo 6 Tribuna Espírita • novembro/dezembro • 2014

convulsivo. Um silêncio dominou o ambiente e, até mesmo a paciente, diminuindo o estado de agitação em que se encontrava, deixou-se emocionar. *** A fala de Jesus2, indicando que o maior dos mandamentos seria o de amar ao próximo como a si mesmo3, bem como a Deus acima de tudo4, é de uma veracidade singular. Para se amar o Criador, que é, ainda, um grande desconhecido, é necessário amar a sua criação, sobretudo, a mais encantadora, que é o ser humano; o próximo, portanto. Entretanto, para se amar o outro, imprescindível é se amar. Sem o autoamor, não se dispõe de matéria-prima para amar o semelhante, muito menos o desigual. Somente se consegue doar, abundantemente, aquilo que se possui em abundância. É, por isso, que pessoas muito rígidas consigo tendem a ser inflexíveis nas relações diárias; aqueles que não conseguem

se perdoar passam a ser rancorosos, em demasia, com os outros; e muitos que se culpam e se torturam, mentalmente vez que outra, acabam sendo implacáveis com o próximo. Nesta perspectiva, o espírito Lázaro escreveu, dentro do Espiritismo, uma das mais belas páginas sobre este sentimento divino, ensinando que: “O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais.” (Kardec, 1864, p.205)5


Nesta perspectiva, observa-se que, até mesmo o amor de mãe, considerado, quase sempre, como o que há de mais divino, não consegue ser adequadamente demonstrado em situações de intensa dor, insatisfação e vazio pessoais. Isto, porque, nestas ocasiões, este foco ardente interior, chamado amor, não encontra caminho adequado, para ser direcionado para o exterior do comportamento e das relações. Em reiteradas ocasiões, os filhos são convidados pela vida, desde tenra idade, a inverterem os papéis e, ao invés de receberem mimos, passarem a ser cuidadores dos pais. Em tais circunstâncias, pode-se optar pela vitimização, revolta ou mágoa; ou, então, tentar se preencher de um saudável autoamor, espalhando luzes pela existência. Certamente, esta segunda via é mais difícil, porque faz um convite à transcendência, ou seja, ao indivíduo ir além do que se acha capaz; no entanto, seguramente, é o que conduz à paz e à saúde duradouras. Para tanto, não há uma receita única infalível; antes, cada um deve encontrar seu próprio caminho, agregando ajudas nos saudáveis ramos da sabedoria humana. Desta maneira, tens conseguido amar a ti mesmo? Pergunta: "A Lei de Deus se acha contida toda no preceito do amor ao próximo, ensinado por Jesus?” Resposta: "Certamente esse preceito encerra todos os deveres dos homens uns para com os outros (...).". Allan Kardec6 1- Em O além e a sobrevivência do ser, página 49. 2- Marcos 12:28 a 33. 3- Levítico 19:18. 4- Deuteronômio 6:4 e 5. 5- Em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XI, ponto 8. 6- Em O livro dos Espíritos, questão 647.

Natal “Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens.” (Lucas, 2:14) As legiões angélicas, junto à Manjedoura, anunciando o Grande Renovador, não apresentaram qualquer palavra de violência. Glória a Deus no Universo Divino. Paz na Terra. Boa vontade para com os Homens. O Pai Supremo legando a nova era de segurança e tranquilidade ao mundo, não declarava o Embaixador Celeste investido de poderes para ferir ou destruir.

Painel Espírita

ELMANOEL G. BENTO LIMA João Pessoa - PB

Amor Fraternal Lendo as palavras de Paulo, o Apóstolo do Cristo: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.” (Coríntios, 13:1 e 2). Vemos que elas são atualíssimas. O amor representa a síntese de tudo que desejamos na vida; sem ele, tudo será em vão. Vejamos a importância prática disso em nossa vida. Normalmente, quando se fala em amor, é de forma jocosa, impondo-lhe um sentido, hoje, de caráter mais erótico, reduzindo o seu verdadeiro significado. Outros atribuem ao amor a conotação romântica, que é uma variante. Mas, neste momento, vamos nos deter ao amor fraterno, isto é, aquele praticado entre irmãos. O amor de irmãos é nobre, mas de difícil aceitação, porque amor fraterno é amor desinteressado, para todos os homens, indistintamente. É o amor sem precedentes, sem limitações, sem subterfúgios, sem contra-argumentos. O amor fraterno abrange a todos, independentemente da cor, da classe social, da localidade geográfica e, digo mais, sem as limitações temporais e dimensionais. É o amor abrangente e inclusivo. O amor é assunto atualíssimo, porque resume um conjunto de expressões de virtudes sem o qual o homem não terá algum futuro. O desajuste atual da humanidade ocorre, exatamente, pela ausência de

amor. Permitam-me dizer, se, quando estava entre os “vivos” acreditava na excelsitude do amor; do lado de cá constato − e com cores bem vivas − que é o amor, de fato, que move o Universo. Quando me refiro ao amor fraterno, imagino que seja aquele em que todos se predisponham a aceitar uns aos outros como eles são, sem qualquer intenção de mudá-los, de querer subverte-los às nossas exigências de comportamento. Muitos de nós queremos amar, desde que o outro se converta às nossas expectativas de bom relacionamento. Mas, não é assim. Amor, se é amor, necessita ser incondicional. Amor fraterno é a aceitação do outro, como ele é, mas não significa a conivência com a postura do outro. Amor fraternal é, antes de tudo, um amor solidário, de compartilhamento. Amor parceiro. Amor amigo. Como á maravilhoso ter amigos! Amigo de verdade... para se contar a todo o momento e em qualquer circunstância... para o que der e vier... e que se fazem presentes, ainda que ausentes estejam.(*) Amai-vos, cordialmente, uns aos outros, com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. (Romanos 12:10) A questão 647 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, nos ensina que o preceito do amor ao próximo encerra todos os deveres dos homens uns com os outros, conforme foi pregado por Jesus.

Nem castigo ao rico avarento. Nem punição ao pobre desesperado. Nem desprezo aos fracos. Nem condenação aos pecadores. Nem hostilidade para com o fariseu orgulhoso. Nem anátema contra o gentio inconsciente. Derramava-se o Tesouro Divino, pelas mãos de Jesus, para o serviço da Boa Vontade. A justiça do “olho por olho” e do “dente por dente” encontrara, enfim, o Amor disposto à sublime renúncia até à cruz. Homens e animais, assombrados ante a luz nascente na estrebaria, assinalaram júbilo inexprimível... Daquele inolvidável momento em diante a Terra se renovaria. O algoz seria digno de piedade. O inimigo converter-se-ia em irmão transviado. O criminoso passaria à condição de doente.

Em Roma, o povo gradativamente extinguiria a matança nos circos. Em Sídon, os escravos deixariam de ter os olhos vazados pela crueldade dos senhores. Em Jerusalém, os enfermos não mais seriam relegados ao abandono nos vales de imundície. Jesus trazia consigo a mensagem da verdadeira fraternidade e, revelando-a, transitou vitorioso, do berço de palha ao madeiro sanguinolento. Irmão, que ouves no Natal os ecos suaves do cântico milagroso dos anjos, recorda que o Mestre veio até nós para que nos amemos uns aos outros. Natal! Boa Nova! Boa Vontade!... Estendamos a simpatia para com todos e comecemos a viver realmente com Jesus, sob os esplendores de um novo dia. Emmanuel

Fonte: (*) simplificação do Cap. 38 do livro “Novas Utopias”, do Espírito D. Helder Câmara, pela psicografia do médium Carlos Pereira, monge beneditino, Edit. Luminus - Belo Horizonte-MG.)

(extraído do Livro “Fonte Viva”, psicografado por Francisco Cândido Xavier, FEB, 2005, 1ª edição especial) novembro/dezembro • Tribuna Espírita • 2014 7


Concerto de “Vozes” no “O Evangelho Segundo o Espiritismo” DENISE LINO

Campina Grande-PB

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conceito de “voz discursiva” advém do campo dos estudos linguísticos; é atribuído ao filósofo da Linguagem Mikhail Bakhtin e significa “pontos de vista” diferentes sobre um dado assunto presente no texto. Assim, a presença na tessitura do texto da voz do autor, bem com as de outros autores, claramente ou insinuadas, faz com que uma obra seja diálogo inacabado. Analisando “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, identificamos um concerto de vozes, não necessariamente dissonantes, mas, em alguns pontos, divergentes. Isto não traz à obra nenhum demérito; ao contrário, revela a pujança do Espiritismo, o espírito aberto do Codificador que, coletando as publicações de diferentes médiuns, em diferentes cidades e grupos mediúnicos, reconheceu a multiplicidade de pontos de vista e os acolheu, uma vez que não feriam o critério organizador da obra que é o da universalidade do ensino dos Espíritos, ao analisar o ensino moral do Cristo. Numa recente leitura, fomos surpreendidos com a demonstração desse concerto de vozes. No capítulo XI, Amor ao Próximo, os dois últimos itens, 14 e 15, discorrem sobre o tema Caridade para com os Criminosos. O item 14 traz a mensagem de Elizabeth de França, dada em Havre, 1862, e o item 15 traz a mensagem de Lamennais, ditada em Paris, em 1862. É este último item que nos interessa neste texto. Essa mensagem responde a uma interessante pergunta que é: “Um homem está em perigo de morte; para salvá-lo, é preciso expor-se a própria vida. Mas é sabido que esse homem é um malfeitor, e que, se escapar, poderá cometer novos crimes. Deve-se, apesar disso, expor-se para salvá-lo?” Essa nos parece uma questão de grande atualidade, posto que nos defrontamos, cotidianamente, com eventos similares ao indicado. Podemos exemplificar, com eventos em que policiais e, até mesmo, pessoas comuns enfrentam bandidos e expõem a própria vida. Podemos exemplificar com eventos em que forças de paz enfrentam conflitos no mundo inteiro, tentando apaziguar tribos, etnias, grupos políticos, etc. De modo geral, a negativa seria a resposta. Ou seja, o raciocínio comum seria o de que não se deve 8 Tribuna Espírita • novembro/dezembro • 2014

expor a vida por um malfeitor. Um raciocínio como esse leva à reafirmação da pena de morte, cujos estudos já demonstraram, sobejamente, que sua existência não coíbe a violência. Um raciocínio como esse leva, por exemplo, à invasão de presídios e favelas, construindo fatos de péssima memória para nosso país. Confrontado com essa questão, Lamennais a reconhece como muito grave e apresenta uma resposta especialíssima, cujo primeiro destaque daremos para o fato que ele assume que responderá segundo o seu progresso moral. Para ele, o devotamento é cego, ou seja, se se ajuda [ama-se] ao próximo e, por consequência, ajuda-se a qualquer um; prosseguindo, ele informa que [em sendo cego o devotamento], socorre-se a um inimigo, deve-se, pois, socorrer a um inimigo da sociedade. De acordo, com o seu raciocínio, ao procedermos assim, não apenas da morte o [o malfeitor] arrancaríamos, mas de toda a vida passada. Em sua argumentação, o Espírito, autor da resposta, construindo um discurso em favor da misericórdia, exorta, textualmente, aqueles que se esclareceram pelo Espiritismo para arrancar o condenado da condenação, pois em sua visão aquele que morreria insultando-nos, irá atirar-se em nossos braços. Para ele, esse não é um tema para reflexão, é um tema para ação e que obedece a um impulso do coração: podes salvá-lo, salva-o! Temos, aqui, um discurso em favor do outro. São concepções como esta que inspiraram, entre outras, as ações de Madre Tereza de Calcutá, que recolheu em seus hospitais não, apenas, doentes, mas muitos malfeitores, dando-lhes morte digna, quando não conseguia fazê-los recuperar a saúde. Ações como a do educador Anton Macakenco, na Ucrânia, que, pela educação, libertou malfeitores, da ignorância, integram esse mesmo rol. Portanto, temos no texto comentado uma voz que defende a vida, mesmo que essa seja a de um malfeitor. É, ao mesmo tempo, uma voz que defende o amor ao próximo, em toda a extensão do termo. Prosseguindo na contemplação desse concerto de vozes, encontramos, no capítulo XII, “Amai os vossos inimi-


gos”, o item 8, escrito pelo próprio Codificador, a respeito do tema: “Se alguém vos bate a face direita, oferecei-lhe a outra”. Nesse item, Allan Kardec analisa as razões pelas quais essa sentença evangélica não nos é de fácil assimilação; explica o sentido da expressão não resistais ao mal e dá uma colaboração decisiva a esse concerto de vozes, bem como ao entendimento da própria sentença de Jesus, quando diz que tal proposta não pode ser levada ao pé da letra, dado que levada às últimas consequências, seria condenar toda repressão, mesmo a legal e deixar campo livre aos maus, dissipando todo o medo. Prossegue, ainda, dizendo que se não se puser um freio às suas agressões [dos inimigos], logo, todos os homens seriam suas vítimas. Por fim, atinge o ponto que nos interessa, na contraposição de vozes, quando ele afirma: o próprio instinto de conservação, que é uma lei da Natureza, diz que não é preciso estender, benevolentemente, o pescoço ao assassino. E, para tornar sua argumentação ainda mais convincente, lembra que Jesus não proibiu a defesa, mas condenou a vingança. Colocando, em evidência, o ponto de vista kardequiano, vemos sua posição como uma voz que não endossa uma ação impetuosa, imprevidente, de amor incomensurável ao próximo, quando este é um malfeitor (inimigo). Racionalizando a questão, Kardec defende, como qualquer espírito lúcido, a necessidade da repressão do mal. Ou seja, ele não vê os malfeitores com uma visão romântica, mas os vê sem as ilusões de que mudanças se dão, de uma hora para outra. Ademais, invoca a lei de conservação que dita a preservação da vida. Colocando tudo isso à luz da mensagem de Jesus, lembra que o Mestre não nos proibiu a defensa de nossa vida. Nesse sentido, é como se nos desse uma grande

advertência, dizendo, sub-repticiamente, que colocando a nossa vida em perigo, diante da ação de um malfeitor, se não fizéssemos isso, por extremo amor ao próximo, ainda que meritória seja essa ação aos olhos de Deus, ela, também, seria uma ação em desfavor da nossa vida física, que nos cabe preservar e conservar. Portanto, seria algo, mais ou menos, como se uma ação positiva fosse anulada por uma ação negativa. No concerto de vozes, vemos Kardec apresentar uma voz que defende, sobretudo, a nossa própria vida. Temos, aqui, uma voz que não endossa o herói ingênuo, cujo heroísmo, sem real amor pela Humanidade, não passa de temeridade. Nesse sentido, o amor à Humanidade, próprio dos Espíritos evoluídos, começa com o amor incondicional à própria vida. A resposta de Kardec, nesse concerto, é profundamente pedagógica e importante, pois, se ela não estivesse no livro, a comunidade espírita, hoje, poderia tomar a instrução de Lamennais ao pé da letra e entrar num grande conflito, quando não conseguisse, por instinto de defesa, expor a própria vida. Essa resposta nos ensina sobre o grande valor da vida, da sua defesa, sem que, para isso, precisemos matar quem quer que seja. Cabe dizer, por fim, que esse concerto de vozes dissonantes, mas não divergentes, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, antes de apontar fragilidades na obra ou na Codificação, aponta, exatamente, em sentido contrário, ou seja, reafirma seu caráter plural em torno do ensino moral do Cristo, respeitando o progresso moral dos Espíritos que o comentaram e de nós outros que o procuramos vivenciar, nos dias de hoje.

Uma Época Singular FREDERICO MENEZES Recife-PE

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ovamente, final de ano. A humanidade, quase toda, se volta para aspectos da solidariedade. Isso promove, até certo ponto, alterações na atmosfera psíquica do planeta. Percebe-se uma maior leveza, no ar, fruto das mentes que se tornam mais sensíveis à fraternidade. Há quem se irrite, com o fato disto ocorrer, apenas, neste período. É verdade que a fome não existe, somente, nesta época. É fato que a dor não campeia, apenas, durante o mês de dezembro. Aprendi, no entanto, com os queridos benfeitores espirituais, que devemos aproveitar cada espaço aberto no coração dos seres humanos, para valorizar o bem. E, nesta etapa singular, que a humanidade está passando, com conquistas monumentais das ciências e avanços interessantes, no que toca aos valores da alma, aproveitemos a aproximação da data natalina, para ampliar os espaços para reflexões em torno da grande mensagem transformadora do Evangelho. As próprias dores e angústias das pessoas representam campo propício, para que as setas luminosas da Boa Nova resplandeçam na intimidade dos seres. Sabe-se, ainda, que um número elevado de corações, ante a proximidade de um novo ano, na etapa do mundo, se deprime, caindo em profunda melancolia e tristeza. De alguma maneira, muitos sentem, nos escaninhos da alma, que o tempo necessita ser mais bem aproveitado. Não entendem o que seja isso, mas o

inconsciente emite mensagem, aproveitando-se da introspecção que caracteriza o encerramento de mais um ano, no calendário da Terra. Este é, também, um terreno adequado, para levarmos o pensamento renovador da grande mensagem. E que usemos em nós mesmos, sobretudo, a fim de estabelecermos metas e ajustarmos os passos, tanto quanto possamos. Quanto mais aproveitamos, todos os dias de um ano, na reforma estrutural de nosso mundo interior e na produção do bem ao derredor de nós, mais serenos nos aproximamos do encerramento de cada período. É a aprovação da consciência, local onde se encontra inscrita a Lei de Deus, conforme os Espíritos Superiores nos informaram, na obra magistral, “O Livro dos Espíritos”. A diretriz a ser seguida é, exatamente, essa: averiguar, como estamos, o que cumprimos, os avanços efetuados por dentro de nós mesmos, o bem que espalhamos, para que a harmonia interior possa gerar um ser humano, cada vez mais saudável, calmo, equilibrado e tomado pela leveza própria de quem começa a divisar o que é a felicidade. Esta é a época singular, diferente, em que os homens se voltam, mais enternecidos, para a presença de Jesus, na face do mundo. E que pode se tornar o marco, para um melhor aproveitamento desta valiosíssima oportunidade de estar na Terra, nestes dias que apontam grandes transformações, para os Espíritos aqui reencarnados.

novembro/dezembro • Tribuna Espírita • 2014 9


Estudar nunca é demais!

Reflexões sobre a Literatura Espírita GERALDO CAMPETTI SOBRINHO Brasília-DF

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cada dia que passa, mais aumenta nossa admiração, diante da expressiva quantidade de títulos espíritas expostos nas livrarias que comercializam livros especializados, nessa área e nas diversas áreas do conhecimento humano. Já não são, apenas, as livrarias espíritas que divulgam obras doutrinárias; as livrarias, de um modo geral, têm feito isso também. É impressionante que, a cada semana que visitamos editoras e distribuidoras, bancas e livrarias, defrontamo-nos com lançamentos, sejam novos títulos ou reedições aprimoradas, sobretudo, no aspecto da forma de apresentação. Os livros ganham “embalagens” renovadas que modernizam a aparência e agradam aos leitores. São mais de sete mil títulos correntes de livros espíritas, disponíveis no mercado editorial, comercializados em diversos pontos de venda, nos grandes centros e no interior do País. Romances Espíritas A maior parte desses títulos é composta por romances mediúnicos. O romance, quando bem escrito, apresenta características literárias que possibilitam transmitir um conteúdo moral, evangélico, educacional, instrutivo e/ ou de entretenimento, por meio de um enredo que envolve o leitor, prendendo-o à trama dos personagens e das circunstâncias criadas pelo autor. A literatura mediúnica foi enriquecida por obras-primas emanadas da sabedoria de Emmanuel e psicografadas por Francisco Cândido Xavier. Romances espíritas, como Há dois mil anos, 50 anos depois, Renúncia, Ave, Cristo!, Paulo e Estêvão, são referenciais de excelência doutrinária, cultural, histórica e estilística a autores espirituais ou encarnados, dedicados à preparação de originais que se transformarão em livros para acesso 10 Tribuna Espírita • novembro/dezembro • 2014

público. Os referidos romances, editados pela Federação Espírita Brasileira, um dia, ainda, serão apresentados pela magia do cinema, para mais ampla difusão da mensagem que registram. Facilidade e Conforto ao Leitor As editoras estão aprimorando o trabalho, quanto aos cuidados na forma de apresentação de seus livros. Vemos capas bonitas, atraentes, que despertam o interesse do leitor, convidando-o a uma “leitura sensorial”; isto é, a manusear o livro. A utilização dos recursos de editoração eletrônica proporciona aos arte-finalistas exporem seu talento na apresentação de trabalhos belíssimos. Um livro, também, é vendido ou comprado, por sua capa. Ela é a embalagem do produto, cuja arte não se deve limitar à primeira capa. Há, também, a chamada “quarta-capa” que, em trabalhos bem concebidos e concretizados, é aproveitada para informar, sucintamente, sobre o conteúdo da

obra. Esse cuidado é indispensável, pois agiliza o leitor a localizar dados básicos do livro que tem em mão, dispensando-o de folhear várias páginas. O registro das informações, em sentido ascendente (de baixo para cima) na lombada do livro, é um erro comum, ainda cometido por várias editoras. O correto, conforme orientação técnica, é que o título e o nome do autor sejam anotados, de cima para baixo, em sentido vertical descendente. Isso parece irrelevante, todavia, facilita a identificação da obra, quando esta é colocada sobre algum objeto.

Três outros aspectos que consideramos relevantes, quanto à forma de apresentação do livro, são o tipo e tamanho de letra, além do espaçamento entrelinhas. Há textos cujo tamanho de letra é tão pequeno que, quase, exigem o uso de uma lupa para sua leitura, e outros que apresentam fontes exageradas. Preferível é que a tipologia e tamanho da fonte permitam uma leitura fácil e confortável ao leitor. Essa facilidade e conforto são proporcionados, também, pelo espaçamento de uma linha para outra. Na maioria dos livros, ainda, é utilizado o espaçamento simples entre as linhas, o que dificulta a leitura. O formato do livro, a dimensão da mancha gráfica, o tamanho da letra e o espaçamento entrelinhas são características fundamentais, para possibilitar que o texto seja lido, fluentemente, com facilidade e conforto. A leitura ideal é aquela realizada sem esforço, que flui naturalmente, pois, além de um texto bem escrito, a boa apresentação torna-o agradável. Não nos esqueçamos, ainda, de respeitar a faixa etária para a qual o livro é destinado, pois a forma de apresentação será diferenciada, de acordo com o seu público, seja ele infantil, juvenil, adulto ou formado de pessoas que já estão na terceira idade ou próximas dela. E as Revisões? Até parece que algumas editoras estão se esquecendo desse “detalhe”, ou não estão se preocupando com ele: a revisão ortográfica, semântica e gramatical dos textos. Os preparadores de uma edição sabem o quanto a revisão é trabalhosa. São aspectos variados que não podem ser executados apressadamente. Quanto mais se revisar um texto, mais aprimorado ele fica. O leitor merece esse respeito e agradece, quando lê um texto fluente e correto. O primeiro passo, para todo e qualquer “candidato a autor” é aprender a


escrever. Não há outro jeito. E, nesta condição, incluem-se, igualmente, os médiuns. Portanto, a pressa em se publicar um texto, seja mediúnico ou resultado do esforço intelectual de um encarnado, há que ser substituída, pela preparação adequada dos autores, revisão detalhada e exaustiva do conteúdo, além de minucioso estudo, quanto à apresentação do texto ao público. Tudo isso, antes da publicação. Conteúdo dos Livros Toda obra doutrinária, incluindo-se nessa categoria o romance espírita, deve ser elaborada e editorada com zelo, carinho e atenção. Autores espirituais e encarnados, médiuns, editores e demais envolvidos na publicação de um livro são responsáveis, direta ou indiretamente, pelo conteúdo registrado em tais veículos de comunicação. Não se pode admitir que qualquer obra, dita espírita, contrarie, em uma linha sequer, os princípios básicos do Espiritismo. Se isso acontecer, o livro não será espírita. Os cuidados, diante de idéias personalistas, sistemas exclusivistas, “novidades”, devem ser redobrados. Há diversos autores espirituais e encarnados querendo atualizar Allan Kardec, fundamentados na falsa premissa de que o Codificador está superado!

Estudar Allan Kardec Quanto mais nos debruçamos no estudo das obras básicas e na leitura atenta da Revue Spirite, constatamos que o trabalho de Allan Kardec não se limitou à sua época. Na seleção e compilação cuidadosas das mensagens oriundas de diversas localidades, bem como nas anotações judiciosas do Codificador, sempre, estiveram presentes o bom senso e a seriedade que resultaram na organização de uma Doutrina que veio ao mundo, com a missão de promover a renovação social da humanidade. Estudar não significa meramente ler. É analisar, entender, refletir, ponderar... É, principalmente, apreender o conteúdo lido, para aplicação diária, em oportunidades de ação no bem que a vida nos oferece. O Primeiro Livro Pergunta frequente dos iniciantes, no estudo do Espiritismo e dúvida comum, também, aos que já conhecem a Doutrina: qual o primeiro livro espírita a ser lido? Esta questão pode ser respondida, com outra pergunta: qual foi o primeiro livro espírita publicado? Não resta a menor dúvida de que a obra basilar, principal do Espiritismo, é e continuará sendo O Livro dos Espíritos. Allan Kardec, para facilitar o entendimento do leitor, recomenda que o primeiro livro a ser lido seja O que é o Espiritismo. Entretanto, tanto um quanto outro, raramente, são os

primeiros a serem lidos. O neófito “adquire conhecimentos” ou desperta seu interesse, para o estudo espírita, pela leitura, geralmente, de um romance. Na leitura sucessiva de romances, seu conhecimento poderá limitar-se aos assuntos de tais livros ou ficar direcionado, para os aspectos abordados nas obras que leu. É importante que os romances espíritas destaquem os princípios básicos do Espiritismo, fazendo, inclusive, sempre que possível, referências diretas às obras principais da Doutrina. Assim, o leitor iniciante será incentivado à leitura das obras de Allan Kardec. Ideal, mesmo, é que o estudo da Doutrina Espírita seja iniciado pelas obras básicas: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese, que constituem o pentateuco kardequiano. Estes livros não podem ser esquecidos pelos principiantes no estudo doutrinário, nem por aqueles que já apresentam níveis mais aprofundados de conhecimento do Espiritismo. Aliás, quando desejamos estudar, minuciosamente, uma questão sob a visão espírita, iniciamos com a consulta às obras de Kardec e encerramos, igualmente, fundamentados nas assertivas do Codificador, permeando a pesquisa com bibliografia complementar, constituída de obras subsidiárias que enriquecem o estudo. Ou você faz diferente?

Jesus do Consumismo CARLOS ROMERO João Pessoa-PB

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xistem o Jesus do Cristianismo e o Jesus do Consumismo. Será que você já sacou? Evidente que sim. O Jesus do Cristianismo não veio ao mundo para dar presentes, nem recebê-los. As crianças, que adoram presentes, adoram o velho do consumismo, que é alegre, continua vivo, enquanto o outro, o Jesus do Cristianismo, foi maltratado, surrado, insultado e terminou pregado numa cruz, entre dois ladrões, e a quem negaram um copo d’água para matar a sede. Lembrar, ainda, de que o Jesus do Cristianismo nasceu numa humilde manjedoura, entre animais domésticos e, se não fosse uma estrela, teria nascido no escuro. Faça-se um plebiscito e perguntem às crianças, qual o Jesus que elas prefeririam, e, não tenham dúvida: Papai Noel, com aquela barba branca e sua roupa vermelha.

Jesus não tem nada material para dar. Ele é pobre. Tanto é assim que, uma vez, se queixou: “As raposas têm os seus covis, os pássaros os seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem uma pedra para repousar a cabeça”. Lembrar que há Cristianismo, doutrina de Jesus, e Consumismo, doutrina de Papai Noel. E, aqui para nós, Papai Noel agrada, muito mais, do que o menino da manjedoura. Jesus, nunca, deu presente a ninguém. Nem, mesmo, às criancinhas que, certa vez, ele abraçou e disse que o Reino dos Céus é delas. Hoje, elas correriam, para serem abraçadas pelo velho de barba branca.

Vão aos luxuosos apartamentos e vejam se Papai Noel não é, ali, muito bem vindo. As crianças de hoje correriam, para serem abraçadas pelo ridículo personagem criado pelo consumismo exagerado, que está se tornando uma verdadeira religião. Aliás, por falar em consumismo exagerado, acaba de sair um livro que aborda esse tema, de autoria de Ana Beatriz Barbosa Silva, e que tem, como título: “Mentes Consumistas”. O livro é de um realismo admirável. Diz que consumir, exageradamente, é um vício. Vejamos estas indagações da inteligente autora: “Você se considera consumista?” “A maior parte dos objetos que adquire acaba encostada, sem uso?” “Seus gastos exagerados já lhe causaram problemas financeiros?” Eu vinha dizendo que o consumismo é uma religião, e que seu Jesus era Papai Noel. Concluo, dizendo que os seus templos são os shoppings e supermercados.

novembro/dezembro • Tribuna Espírita • 2014 11


Humberto de Campos ORSON PETER CARRARA Matão-SP

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notável escritor, jornalista e político Humberto de Campos nasceu em 25 de outubro de 1886, em Miritiba-MA. De origem humilde, com a morte do pai, quando tinha apenas seis anos de idade, mudou-se para a capital São Luiz, onde começou a trabalhar no comércio local e, aos dezessete anos, muda-se para o Pará, onde começa sua atividade jornalística na “Folha do Norte”. Em 1910, com apenas 24 anos, publica seu primeiro livro e, dois anos depois, muda-se para o Rio de Janeiro, onde passa a ganhar destaque no meio literário, angariando amizade com os escritores Coelho Neto e Olavo Bilac. Começa a trabalhar no jornal “ O Imparcial”, ao lado de figuras ilustres como Rui Barbosa, José Veríssimo, entre outros, tornando-se, gradativamente, cada vez mais, conhecido em âmbito nacional por suas crônicas, publicadas em diversos jornais das principais capitais brasileiras. Membro da Academia Brasileira de Letras, ingressa, também, na política, como Deputado Federal, sendo cassado, na Revolução de 30. Faleceu, no Rio de Janeiro, em 05 de dezembro de 1934, com apenas 48 anos. Mas, o grande escritor não interrompeu seus escritos. O conhecido médium Chico Xavier publicou vários livros, por meio da psicografia trazida pelo referido Espírito, gerando rumoroso caso na Justiça, movido pela família do escritor, com alegação do pagamento dos direitos autorais. A demanda judicial, de grande repercussão e polêmica, à época, foi julgada improcedente e todo o material dessa disputa jurídica está disponível no livro “A Psicografia ante os Tribunais”, do Dr. Miguel Timponi, e editado pela editora FEB. E traz o significativo sub12 Tribuna Espírita • novembro/dezembro • 2014

título: “O caso Humberto de Campos no seu tríplice aspecto: Jurídico, Científico e Literário”. É obra que merece ser conhecida. A partir daí, o autor e consagrado escritor passou a usar o pseudônimo Irmão X, também, com vários livros publicados. Entrevistei Isabela Pereira Esperança, de Barra Mansa-RJ, admiradora, estudiosa e pesquisadora da obra de Humberto. A entrevista, ainda, está inédita na íntegra, mas reproduzo, aqui, uma das perguntas e sua respectiva resposta, para apreciação do leitor: O que pensa entre Humberto encarnado e o espírito Humberto? - No primeiro livro psicografado de Humberto de Campos, publicado em 1937, com o título “Crônicas de AlémTúmulo”, três anos depois de sua desencarnação ocorrida em 1934, já no prefácio, o autor assume seu passado materialista, em que ideias transcen-

dentais de perpetuidade do Espírito seriam idealistas e distantes da realidade prática da vida. Enquanto encarnado, sua índole de revolta e amargura, diante dos sofrimentos e dores nas experiências da vida, como ele mesmo se autobiografa, impediu que a fé florescesse em seu coração conturbado (...) saturado, que estava, de fórmulas religiosas e filosóficas de seu tempo, como ele mesmo diz: “o pior enfermo é, sempre, aquele que já experimentou todos os específicos (medicamentos) conhecidos”. Desencarnado, se surpreende, com a nova situação além-túmulo. Em seus últimos anos de vida, julgava o túmulo o fim, e, diante continuidade da vida, fica perplexo ao se deparar com a realidade espiritual que, em nada, corresponde com as ideias religiosas impregnadas de símbolos, de anjos, inferno e céu. Esta nova experiência abre, enfim, seu coração para o medicamento evangélico, reconhecendo-se, como estudante novo, diante da eternidade, como relata no conto “De um Casarão de outro Mundo”: “Ah! meu Deus, estou aprendendo agora os luminosos alfabetos que os teus dedos imensos escreveram com giz de ouro resplandecente nos livros da natureza. Faze-me novamente menino, para compreender a lição que me ensinas!” A obra de Humberto de Campos desencarnado é ao trabalho de um Espírito intelectualizado e, agora, desperto, que procura, avidamente, regenerar seu coração como escreve no prefácio do livro “Boa Nova”: “É que existem Espíritos Esclarecidos e Espíritos Evangelizados, e eu, agora, peço a Deus que abençoe a minha esperança de pertencer ao número desses últimos.”


A dor não tira férias! PEDRO CAMILO Paulo Afonso-BA

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emos aprendido a compreender e respeitar os nossos confrades do Movimento Espírita, em suas opções de condução de suas tarefas, sobretudo pela compreensão de que, por sermos pessoas diferentes, tendemos a expressar essa diversidade, também, no modo como conduzimos nossa compreensão e vivência espírita, dentro e fora das Instituições. Contudo, apesar disso, não podemos nos furtar, vez ou outra, de externar nossa despretensiosa opinião sobre aspectos da realidade que, talvez, precisem ser revistos e reavaliados, aqui e acolá. Um desses pontos, que consideramos de reflexão urgente, é o hábito encontrado em certos agrupamentos de estabelecer “férias coletivas” das tarefas espíritas, especialmente, em fins de dezembro e no mês de janeiro de cada ano, por conta das férias de verão. Compreendemos, sem dúvida, que todos temos necessidade de lazer e descanso; que é importante estar com a família, principalmente com os filhos adolescentes ou crianças, em cujo entretenimento a participação dos pais é de suma importância; que, por vezes, em atenção a tais necessidades, são precisas viagens mais longas ou estadias em cidades praianas, ainda que próximas do lugar onde moramos; que, enfim, há compromissos sociais a que se deve dar a devida importância, como reflexo natural da nossa condição circunstancial de encarnados. O ponto da questão é que, em função disso, há Casas Espíritas que, verdadeiramente, fecham suas portas, suspendendo todas as atividades, por um mês ou mais. Tal prática, a nosso ver, não só prejudica o bom funcionamento das tarefas espirituais a que nos vinculamos, como também ignora que “a dor não tira férias”!

O que fará aquele frequentador que possui seu drama individual, sem que possa ser atendido em seu momento de desequilíbrio e necessidade espiritual? Terá condição de pedir “férias” aos conflitos? Negociará, gentilmente, com os obsessores, pedindo que lhe dêem uma trégua? Claro que, com isso, não pretendemos que abdiquemos de nosso lazer e da convivência sadia com os familiares, nos momentos em que as férias favorecem a distração, o refazimento e o estreitamento de laços afetivos. Entretanto, considerando a necessidade da constância da própria tarefa e as demandas daqueles que são nosso “público-alvo” (os sofredores de ambos os planos), precisamos garantir um funcionamento mínimo da Casa Espírita, de modo a que os misteres espirituais não sofram solução de continuidade. Nesse passo, ainda que grande parte da equipe de trabalhadores da Instituição esteja comprometida com os festejos de verão, certamente, haverá aqueles que, por conta de compromissos profissionais ou outros, poderão manter as portas do Centro abertas, ainda que não funcione em toda a sua plenitude. Palestras doutrinárias, passes e atendimento fraterno, por exemplo, podem ser articulados e mantidos, embora seja preciso suspender outras atividades por falta de “quem faça”. O importante, em todo caso, é lembrar que Deus e os Amigos Espirituais não tiram férias de nós, nem a dor e o sofrimento tiram férias daqueles que vivem sob o seu jugo. Será mais fraterno, de nossa parte, garantir um funcionamento mínimo da Casa Espírita, permitindo a encarnados e desencarnados a continuidade do refrigério que buscam e encontram em nossos modestos recursos e, com cuja colaboração, contam para encontrar a própria paz.


Movimento de Integração Espírita na Paraíba

De 13 a 17 de fevereiro de 2015 Campina Grande - PB Palestrantes:

ALBERTO ALMEIDA (PA) ANDRÉ LUIZ PEIXINHO (BA) DENISE LINO DE ARAÚJO (PB) DIVALDO PEREIRA FRANCO (BA) GERALDO CAMPETTI (DF) JUSELMA COELHO (MG) LEONARDO MACHADO (PE) LUIZ CLÁUDIO COSTA (MG) MARCEL MARIANO (BA) MARLON REIKDAL (PR) PEDRO CAMILO (BA) SANDRA BORBA (RN)

Divaldo Franco abre o 42º Miep, em Campina Grande Seminário de Abertura

com Divaldo Pereira Franco 13 de fevereiro 2015 - 19h

Realização:

AME-CG

Associação Municipal de Espiritismo de Campina Grande - Coordenadoria Espírita da Borborema /FEPB Rua Ascendino Moura 115, Catolé Campina Grande - PB .

Espaço Adolescente 21º MIEPINHO

O Apoio:

11 Seminários 11 Palestras 4 Filmes

mais antigo evento religioso do período de Carnaval, na Paraíba, o MIEP, Movimento de Integração do Espírita, em seus quarenta e dois anos ininterruptos de existência, será aberto, na noite do dia 13 de fevereiro, com seminário ministrado pelo médium e tribuno espírita Divaldo Pereira Franco. Sob o tema “Vida: Desafios e Soluções”, Divaldo abordará os grandes problemas existenciais, numa perspectiva psicológica, filosófica e doutrinária, das 19:00 às 22:00 horas, da sexta-feira, dia 13, no ginásio do Colégio Estadual da Prata, em Campina Grande-PB, com capacidade de acolher mais de 3.000 pessoas. O MIEP prossegue, nos três turnos, sua programação, com palestras, seminários, debates, oficinas e apresentações artísticas, até à tarde da terça-feira, dia 17, e espera receber um público circulante, por dia, entre 3.000 a 4.000 pessoas, e espera que o número de inscritos ultrapasse a marca dos 1.000 participantes. O evento conta com a participação de doze palestrantes de vários Estados do Brasil e da Paraíba. Além de Divaldo Franco (BA), também falam, no MIEP, Alberto Almeida (PA), Juselma Coelho (MG), André Luiz Peixinho (BA), Marlon Reikdal (PR), Sandra Borba (RN), Geraldo Campetti (DF), Luiz Cláudio Costa (MG), Marcel Mariano (BA), Leonardo Machado (PE), Pedro Camilo (BA) e Denise Lino (PB). Segundo o coordenador geral do evento, prof. Ivanildo Fernandes, presi14 Tribuna Espírita • novembro/dezembro • 2014

13 a 17 de fevereiro de 2015 Local do evento:

Colégio Estadual da Prata

Informações e inscrições:

www.ame.miep.com.br

Rua Duque de Caxias, 235 - Prata, Campina Grande, PB

Kéops Vasconcelos, presidente da ABRAME-PB, Marco Lima, presidente da FEPB, Ivanildo Fernandes, presidente da AMECG e coordenador do MIEP, Carlos Roberto, presidente da AMEC e Haroldo Dutra Dias, palestrante.

Azamor Cirne, fundador da Tribuna Espírita, Geraldo Campetti Sobrinho, vicepresidente da FEB e Severino Pereira, diretor da Tribuna Espírita


Palestra de Leonardo Machado

Alberto Almeida e Ivanildo Fernandes no auditório

dente da Associação Municipal de Espiritismo de Campina Grande, “O MIEP, além do espaço para o público adulto, dispõe de dois outros: o Miepinho, há 21 anos voltado ao público infantil, e o Espaço Adolescente, acolhendo, assim, toda a família”. Ivanildo destaca, ainda, que, neste ano de 2015, por força dos 150 anos de lançamento da obra de

Allan Kardec “O Céu e o Inferno”, quase toda a programação dos três eventos girará em torno dos temas tratados por esse texto do Codificador da Doutrina Espírita. O coordenador do MIEP alerta que, neste ano, em caráter experimental, o MIEP será realizado em um prédio público no bairro da Prata, “pois o espaço do “Centro de Convenções Divaldo

Franco”, o habitual ambiente em que o evento vinha acontecendo nos últimos anos, no bairro do Catolé, não comporta mais o volume crescente de inscritos” A programação completa, informações e inscrições do MIEP podem ser acessadas pelo site ame.miep.com. br ou pelos telefones (83) 99724283 / 88474446.

PROGRAMAÇÃO DO MIEP 2015 Sexta, 13.02.2015 14h00 - Credenciamento e Recepção aos Internos 18h00 – Apresentação Artística 18h30 – Abertura solene 19h00 – Seminário de abertura - Modulo I - Vida: desafios e soluções - Divaldo Pereira Franco 20h30 Intervalo 21h00 Modulo II - Vida: desafios e soluções Sábado, 14.02.2015 09h 00 SEMINÁRIOS PARALELOS Módulo I Seminário 1 - O Mundo Espiritual na obra de Yvonne A. Pereira PEDRO CAMILO DE FIGUEIREDO NETO Seminário 2 – O Céu e O Inferno: Análise da obra de Kardec - GERALDO CAMPETTI Seminário 3 - Comunicações dos Espíritos em O Céu e o Inferno - JUSELMA COELHO 10h30 - Intervalo 11h00 Palestra 1- Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça - JUSELMA COELHO 12h00 – Intervalo para almoço 13h30 - CINE MIEP - Nosso Lar 15h30 SEMINÁRIOS PARALELOS - Módulo II Seminário 1 - O Mundo Espiritual na obra de Yvonne A. Pereira - PEDRO CAMILO DE FIGUEIREDO NETO Seminário 2 – O Céu e O Inferno: Análise da obra de Kardec - GERALDO CAMPETTI Seminário 3 - Comunicações dos Espíritos em O Céu e o Inferno - JUSELMA COELHO 16h30 – Intervalo 17h00 - Palestra 2- A vida no Mundo Espiritual na obra de André Luiz e Chico Xavier - GERALDO CAMPETTI

18h00 – Intervalo para jantar 20h00 – Apresentação Artística 20h30 Palestra 3- Justiça divina: amor e Misericórdia - LUIZ CLÁUDIO COSTA (Entrada Franca) Domingo, 15.02.2015 09h00- SEMINÁRIOS PARALELOS- Módulo I Seminário 4 - A Lei de Deus - ANDRÉ LUIZ PEIXINHO Seminário 5 - Os Anjos Guardiães e Espíritos Protetores - LUIZ CLÁUDIO COSTA Seminário 6 - Código Penal da Vida Futura - MARCEL MARIANO 10h30 Intervalo 11h00 - Palestra 4 - Por que se teme a morte? - PEDRO CAMILO 12h00 - Intervalo para almoço 13h30 - CINE MIEP - Causa e efeito 15h30 - SEMINÁRIOS PARALELOS - Módulo II Seminário 4 - A Lei de Deus ANDRÉ LUIZ PEIXINHO Seminário 5 - Os Anjos Guardiães e Espíritos Protetores - LUIZ CLAUDIO COSTA Seminário 6 - Código Penal da Vida Futura - MARCEL MARIANO 16h30 - Intervalo 17h00 - Palestra 5 – Tema a definir - MARLON REIKDAL 18h00 – Intervalo para jantar 20h00 - Apresentação Artística 20h30 Palestra 6 – Reencontros e desencontros após a morte - SANDRA BORBA (Entrada Franca) Segunda, 16.02.2015 09h00 - SEMINÁRIOS PARALELOS Módulo I Seminário 7 - Superando o inferno da depressão - LEONARDO MACHADO Seminário 8 - Autodescobrimento e emoções: o inferno são os outros - MARLON

REIKDAL Seminário 9 – Justiça e consciência SANDRA BORBA 10h30 - Intervalo 11h00 - Palestra 7 - Sabedoria do Arrependimento - LEONARDO MACHADO 12h00 – Intervalo para almoço 13h30 - CINE MIEP - E A Vida continua... 15h30 - SEMINÁRIOS PARALELOS Módulo II Seminário 7 - Superando o inferno da depressão - LEONARDO MACHADO Seminário 8 - Autodescobrimento e emoções: o inferno são os outros - MARLON REIKDAL Seminário 9 – Justiça e consciência SANDRA BORBA 16h30 - Intervalo 17h00 - Palestra 8 - Culpa e culpados MARCEL MARIANO 18h00 – Intervalo para jantar 20h30 - Palestra 9 - A lei do Amor nas relações pais x filhos - ALBERTO ALMEIDA Terça, 17.02.2015 08h30 SEMINÁRIO - Módulo I Seminário 10 - O amor pede passagem ALBERTO ALMEIDA 10h00 - Intervalo 10h30 - SEMINÁRIO - Módulo II Seminário 10 - O amor pede passagem ALBERTO ALMEIDA 11h30 - Apresentação MIEPINHO 12h00 - Intervalo para almoço 13h30 - CINE MIEP - Amor além da vida 15h30 - Palestra 10 - A silenciosa justiça do Perdão - DENISE LINO DE ARAÚJO 16h30 – Intervalo 17h00 - Palestra de Encerramento - Jesus e a felicidade perfeita do Reino dos Céus ANDRÉ LUIZ PEIXINHO Lançamento do 43º. MIEP 18h00 - Encerramento do 42º. MIEP

Veja a programação completa no site: ame.miep.com.br


A origem foi só o começo HÉLIO NÓBREGA ZENAIDE João Pessoa-PB

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omos todos, igualmente, filhos de Deus. Deus, Nosso Pai Criador, sabe da origem de todos nós. Na Criação, pela origem comum, não somos nenhuma exceção, nem nos distinguimos uns dos outros, por isso ou por aquilo. Logo, seria muita pretensão, qualquer um de nós querer tirar proveito, pela origem. As condições em que nascemos é que são diferentes. A condição de cada um oferece os meios de que necessitamos, para mais uma etapa de crescimento, como filhos de Deus. Nessas circunstâncias, se tivermos que tirar proveito é desses recursos que estão

ao nosso dispor. Deles nos valemos, para crescer para Deus. Pouco ou muito, são suficientes. Deus sabe o que é melhor, para o nosso Espírito. Devemos fazer bom uso desses recursos, pois, do contrário, retardamos o nosso crescimento. A riqueza material é recurso ao nosso dispor, mas a pobreza, também, é um recurso que eleva o Espírito para Deus. A riqueza material pode, até, fazer diferença, para um e para outro que queira levar vantagem, por isso ou por aquilo, mas, na verdade, se não for bem aplicada, não se chega a lugar nenhum. Se não se reverter, em valores para o Espírito, foi tudo em vão.

Já, a pobreza, bem experimentada, se não dá para levar vantagem, pelo pouco significado material, gera riqueza para o Espírito e isso faz diferença. Na pobreza, dentre outros caminhos, podemos transitar da escassez material, para saciar o Espírito que tem fome e sede de justiça. Dá, para perceber, como é bem limitada essa fixação, na origem, para justificar o que somos, pelo que temos hoje? Mas, há quem se sustente nos recursos ao seu dispor, como se tudo tivesse início e fim na atual existência. Ora, nós não nos encontramos, no marco zero dessa trajetória, em que o foco é a nossa destinação para Deus. A origem foi só o começo e o presente consciente é uma promessa de crescimento para Deus. Promessa, porque depende de nós, esse crescimento para Deus. Crescimento que se dá, com a nossa evolução espiritual, até porque é o Espírito que transita no Universo, para chegar mais perto de Deus. Temos, como abraçar essa responsabilidade, na nossa caminhada terrena, e nos projetar para o futuro, que a Deus pertence. Deus, nosso Pai, nos abençoe.

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Nosso anjo guardião C

omo o próprio nome diz, é o mentor que nos acompanha, por toda existência, protegendo-nos, guardandonos do mal, com todas as forças de que dispõe. A função precípua do nosso mentor espiritual não é afastar os obstáculos, mas encorajar-nos, para melhor superá-los. Não é interferir no livre -arbítrio, mas deixar-nos a cavaleiro, para exercermos plena liberdade de pensar e agir. Não é responder a todos os nossos questionamentos, mesmo, porque, em essência, o que desejamos, mesmo, é não ter problemas. Não é gritar às nossas ouças, nem colocar o pé para tropeçarmos, forçando o despertar de nossas responsabilidades. Não é a de um confessor que condena e estipula penitências. Não é a de um enfermeiro, ou de uma mãe extremosa que fica presa ao nosso leito, por 24 horas; por dias, meses ou anos. Não é a de interromper a sequência de reflexões negativas que geramos ou alimentamos. Não é, também, a de apartar os companheiros que elencamos, como amigos – sejam do plano físico ou espiritual − de caráter notoriamente inferior. Não é a de nos convencer ou converter, transformando-nos em marionetes de sua vontade. É ponto pacífico, essencialmente no meio cristão, a crença no anjo protetor designado por Deus, para nos acompanhar por toda a existência física, quiçá, também, no Outro Lado da Vida. O que tem se tornado um verdadeiro martírio, para os religiosos de todos os tempos, é a extrema dificuldade de se especificar um modo claro de se manter contato com esses dedicados

servos do Senhor. Porque, se eles existem, estão predestinados a dialogar conosco. Mas, a grande dificuldade − inexpugnável para muitos − é a de saber como falar, compreender ou, mesmo, sentir a presença deles ao nosso lado. Uma coisa não se pode esquecer: eles estão em plano vibratório diferente do nosso. Outra coisa, muito interessante é a de que, frequente e facilmente, entramos em comunhão com Espíritos outros. Ficando, muito claro, que o fator primordial para o estabelecimento desses contatos, chama-se sintonia, afinidade. Parece, até, que se justifica a imagem de que caminhamos ladeados por duas entidades extrafísicas: uma, do bem, e outra, da ignorância. Entre elas, estamos nós, sempre prontos a dar mais atenção àquela que mais se aproxime de nossos quereres e paixões. O mentor espiritual se utiliza de inúmeros artifícios, objetivando o despertar de nossas emoções superiores:

faz uso da voz da consciência, dos pressentimentos, das sensações físicas de angústia, ansiedade, insegurança; ou, ainda, do comparecimento de euforia íntima de paz e felicidade... Não podemos esquecer de que ,quanto menor for sua interferência em nossa vida, maior será o nosso mérito. Portanto, é, por essa razão, que ele escalona suas visitas à nossa intimidade, conforme se faça imprescindível uma advertência ou um conselho, em favor de nós ou de terceiros. De modo geral, alegamos que queremos falar com o nosso anjo da guarda; todavia, não temos propiciado silêncio íntimo, adequado, para escutá-lo. Enquanto não aprendermos a silenciar nossos pensamentos e emoções, estaremos impossibilitados de auscultar, no íntimo do coração, sua voz amiga. Acender velas, recitar rezas, fazer simpatias ou realizar qualquer outra formalidade material, em nada contribui, para estabelecermos um diálogo fraterno, com o nosso anjo protetor. Ele nos fala, quase sempre, quando menos esperamos; surpreende-nos com sua linguagem cristalina, lógica e amiga, sem nos dar tempo de raciocinar. Mas, para que isso ocorra, se faz indispensável mudarmos de sintonia, saindo da posição “a” compatível aos Atrasados, para a posição “b”, própria dos Espíritos Benevolentes. Na estrada da vida, estamos, sempre, ladeados pelas figuras “a” e “b”, competindo, a cada um de nós, a opção de referendar um e negligenciar o outro; porquanto já afirmava Jesus, que ninguém pode servir, ao mesmo tempo, a Deus e a Mamon. Lindemberg (Mensagem mediúnica recebida por Zaneles Lima de Brito, em 10.06.2014, na Associação Espírita Leopoldo Machado, em Campina Grande-PB)

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Evangelho: o Padre Zé, a obra e os pobres AZAMOR CIRNE João Pessoa-PB

“LEMBRANDO-SE DE MIM, NÃO ESQUEÇAM OS MEUS POBRES”

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Religião objetiva tornar o homem melhor, ligando-o a Deus, pelo sentimento, compreensão e discernimento que lhe configuram a fé e consubstancia as razões que lhe impulsionam as ações do bem, nas lides cotidianas. O conhecimento de novos pensamentos lhe enseja o bom ânimo, e o desejo de construir o seu progresso intelecto-moral, pautado no entendimento das leis de amor e justiça oferecidas por Jesus, objetivando, assim, a evolução a que estamos sujeitos, nos decurso das reencarnações. Vamos colher o que de bom ou de mal houvermos semeado, no tempo e no espaço, como sejam, os desastrosos plantios do mal, com a respectiva colheita da dor e do sofrimento. De outro modo, a experiência demonstra a vantajosa semeadura do bem, mesmo que a sombra do obscurantismo tente sufocá-la, fazendo-nos lembrar da parábola evangélica que fala do “Joio e do Trigo”. (Mateus, 13: 24 a 30). Para isso, o Evangelho nos deixou abundantes fontes de luz, onde podemos aclarar o pensamento empedernido no mal do egoísmo, da prepotência e do orgulho, apontando-nos o bom caminho do amor e da fraternidade entre os homens. Vejamos, então, uma das muitas fontes de luz, em que Jesus faz jorrar a luminosidade do seu amor, com esta lição do Mandamento Maior: “Os fariseus reuniram-se em torno dele, e um que era doutor da lei, para o tentar, propôs-lhe esta questão: Mestre, qual o maior mandamento da lei? – Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a lei e

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os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” (Mateus, 22:34 a 40). Assim, o Mestre deixa explícito “que não se pode, verdadeiramente, amar a Deus, sem amar o próximo; nem amar o próximo, sem amar a Deus.” PADRE JOSÉ COUTINHO Ao rememorar os ensinos do Mestre, veio-nos à lembrança o nome desse querido vulto da Igreja Católica, em nosso Estado, entre os religiosos que se distinguiram como grandes benfeitores dos desvalidos, esquecidos pela indiferença dos homens! Assim, temos a grata satisfação de lembrar − embora um pouco − do muito que o Padre José Coutinho, ou “Padre Zé Coutinho” ou, ainda, “Padre Zé”, como era carinhosamente chamado por pobres e ricos, velhos e jovens, e que exemplificou, com prática do “amor a Deus e ao próximo”, na Paraíba. Foi um dos grandes fatos que testemunhei e guardo, desde a juventude. Nasceu na cidade de Esperança-PB,

em l8/11/1897 e desencarnou, em João Pessoa, em 05/11/1973. Recebeu as ordens sacerdotais, em 21 de março de 1920, e seguiu sua carreira religiosa, na capital do Estado, sendo capelão da Ordem Terceira do Carmo; vigário da Catedral Metropolitana; capelão do Abrigo Jesus de Nazaré; oficiando, também, na Igreja de Nossa Senhora das Mercês. Em 1937, deixa a vigairaria, para se dedicar, integralmente, às obras sociais. Em sua opção pelos pobres, Padre Zé, fundou, no ano de 1935, um abrigo, que viria a ser o “Instituto São José”, onde acolhia os mais necessitados. Ao observar que grande parte dos abrigados carecia de tratamento médico, criou a “Casa de Apoio”, que evoluiria para, o que é hoje, o “Hospital Padre Zé”. Seu trabalho social e o drama de percorrer as ruas, para angariar fundos, para o amparo aos “seus pobres”, foi registrado no documentário cinematográfico “Padre Zé estende a mão”, produzido e dirigido por Jurandir Moura, entre os anos de 1969 e l970.


O Instituto São José – I.S.J. prestava educação básica, em seu contexto mais amplo, para aqueles que não tiveram a chance de passar pela escola tradicional, bem assim, lhes ensinava ofícios manuais, para que tivessem maiores oportunidades de trabalho. Muitos dos atendidos chegavam de cidades do interior, em busca de tratamento médico, carentes de condições financeiras para recuperação da saúde física e mental. Certo dia, o acadêmico de Medicina Genival Montenegro Guerra, indo à “Casa de Apoio” visitar uma conterrânea, de Alagoa Grande (interior), deparou-se com um chocante quadro. Cerca de 250 pessoas, acomodadas com as mais diversas moléstias, em um mesmo recinto, tão pobre quanto os que ali estavam.

HOSPITAL PADRE ZÉ Ante a situação, procurou o Padre Zé e lhe propôs mudar aquele quadro. Com a ajuda de seus colegas de faculdade, foi fundada a COPEAL que, posteriormente, veio a se tornar o “Hospital Padre Zé”, fundado em 1965, dando prosseguimento ao trabalho de caráter filantrópico e social. Os serviços especializados daquele nosocômio são totalmente gratuitos, estendendo-se ao fornecimento de refeições aos pacientes e seus acompanhantes. E, por ocasião da alta hospitalar, constatadas as necessidades, lhes são doados roupas, calçados e cestas básicas. Atualmente, conta com 60 leitos; mas, não raro, ultrapassa essa ocupação. Dispõe de laboratório de Análises Clínicas; unidades, em diversas modalidades; serviços de Ultrassonografia, Radiografia, Assistência Social e Psicologia; além de consultas médicas nas especialidades: Ginecologia, Otorrinolaringologia, Cardiologia, Urologia, Geriatria, Nutrição e Fonoaudiologia. O “Hospital Padre Zé” busca ajuda da sociedade, para financiar suas atividades, através de campanhas de solidariedade, usando o ‘slogan’ que o Padre Zé, mesmo cunhou: “NÃO ESQUEÇAM OS MEUS POBRES”

Para um entendimento mais didático FLÁVIO MENDONÇA Recife-PE

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omo atua a Lei de Causa e Efeito? Muitos falam que o efeito pode ser de uma existência anterior. Observemos: Ao desejar o mal do próximo, o sujeito já não está contaminado pelo sentimento negativo? Ao colocar perfume numa outra pessoa, quem isso faz, já, não se perfumou antes? Ora, está aí a questão. O efeito pode ser percebido, posteriormente, todavia, iniciase, exatamente, no instante da transgressão ou da atitude adequada. Imaginemos um balde vazio. Na medida em que vamos colocando algo dentro, ele vai se enchendo; todavia, ainda, não se mostra totalmente cheio. Assim, acontece com os malefícios ou benefícios resultantes de nossas atitudes e escolhas. Vamos agindo e, na medida em que efetivamos nossos atos, o nosso balde, também, se enche. Ao percebermos o trasbordamento, dizemos: estou doente, ou fulano adoeceu de repente. Podemos dizer, também, que fulano adoece muito pouco, ou, quase nunca, se vê doente. E que nos limitamos a olhar, apenas, o transbordamento e não os instantes onde enchíamos o balde. A Lei não atua, a posteriori, mas sim, instantaneamente, sempre no presente. Por imprevidência, imaginamos que a doença e algo magico, que nos acomete, de súbito. E, o pior, quase sempre, sentimos seus sinais, mas procrastinamos as mudanças que deveriam ser prioritárias. Estágios de imaturidade espiritual nos conduzem a esses retardamentos, apelando, quase sempre, aos caminhos fáceis, da porta larga, ou dos milagres. Porém, a Natureza é sábia e nos oferece grandes lições para a eternidade. Diz um ditado popular que “gato escaldado tem medo de água fria”. Está, aí, uma grande sabedoria popular que reflete a lei. Essa é a pedagogia divina, nos proporcionando constante aprendizado e consequente evolução. A dor é o primeiro alerta de que o balde está ficando cheio, e que deve transbordar a qualquer instante. Inicialmente, a dor pode se apresentar mo-

ralmente. Aquele sentimento de estar fazendo algo errado, que reflete nosso padrão moral. Outra, sempre, com mais profundidade, se apresenta como dor física. Daí, pela nossa insistência em não nos modificarmos, vamos arrastando, para junto de nós, os drenos da alma: as doenças físicas e/ou psíquicas. A medicina humana, hoje mais avançada, chama de doenças psicossomáticas, ou seja, aquelas derivadas do comportamento emocional: Estresse, ansiedade, ira, revolta, etc. Sejamos, pois, previdentes. Sejamos nossos próprios e reais curadores. Tomemos consciência e modifiquemos nossos hábitos, em desalinho com as leis de Deus. Imaginemos, ao contrario de um acesso de ira ou ansiedade, que destrói nossa imunidade e células, o quanto um momento de paz, prece, reflexão ou boa leitura pode nos beneficiar, enchendo nosso balde de energias salutares, permitindo que nosso sistema imunológico se mantenha fortalecido, restabelecendo todo o funcionamento psíquico-somático! Ah, mas o que uma simples gripe tem a ver com isso, indagariam alguns? Vejamos o desequilíbrio que causa ao nosso sistema imunológico, uma grande descarga de energia, quando nutrimos sentimentos ou hábitos negativos e destruidores? Coloquemos isso, na dimensão de repetirmos esses atos diariamente, digamos, apenas, três vezes ao dia! Qual sistema resiste a isso, como vivem nossas células, sob efeito dessa violenta descarga? Do contrario, ao nos permitirmos viver com mais leveza, mantemos o sistema em equilíbrio e, consequentemente, saudável. Portanto, reflitamos nisso, e coloquemos em nossa mente o ensinamento do mestre Jesus, o médico das almas: “Mt. 6:22 e 23 - São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!”

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O princípio da Proporcionalidade e Espiritismo GUSTAVO MACHADO Recife-PE

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o longo do tempo, perdurou o entendimento de que apenas as regras tinham força normativa, densidade suficiente para impor obrigações legais aos indivíduos. Nesse contexto, os princípios, tão somente, poderiam influenciar e orientar o operador do direito. Contudo, com o passar dos anos e, consequentemente, com o aprimoramento do sistema jurídico, tal quadro alterou-se profundamente. A doutrina constitucional tem afirmado que os princípios não são destituídos, como outrora imaginado, de força normativa. Vale dizer, não são meras orientações. Integram, portanto, o conceito do gênero norma jurídica, da qual são espécies as citadas normas-princípios e normas-regras. Assim, tanto quanto as regras, os princípios, sendo normas de conduta, têm, pois, normatividade suficiente para impor obrigações às pessoas. Daí porque, hodiernamente, avultam relevância os princípios da dignidade da pessoa humana, da moralidade, da impessoalidade, da proporcionalidade, dentre tantos outros. Por ora, considerando o objetivo deste trabalho, é mister a analisar o princípio da proporcionalidade. A proporcionalidade ressalta Ricardo Galvão “traduz a ideia de conformação, de harmonia. Diz-se, ainda, que algo é ‘proporcional’ quando estabelece uma simetria, equiparação uma justa medida, fundamentalmente, dos meios que se utilizam para o alcance da finalidade” 1. Visto como princípio, em meados do século XVIII, com Cesare Beccaria, na clássica obra “Dos Delitos e das Penas”, a proporcionalidade, considerando os seus elementos (adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito), em termos jurídicos, “deve ser analisado como a necessidade de que, em Direito, sejam apropriados e indispensáveis os meios destinados à realização de fins determinados”2. Pois bem, feitas essas considerações, importa examinar o princípio da proporcionalidade com a Doutrina Espírita. “O Livro dos Espíritos”, especialmente nos capítulos re20 Tribuna Espírita • novembro/dezembro • 2014

ferentes à “Lei do Progresso”, à “Lei de Igualdade”, à “Lei de Justiça, Amor e Caridade”, ensina que todos são iguais em natureza, de modo que a base da verdadeira justiça é consagrada na Máxima Cristã “Queira cada um, para os outros, o que quereria para si mesmo”. Ora, se todos são iguais, considerando a criação, substancialmente simples e ignorantes, mais concreto torna-se a possibilidade de seguir a essência da ética de Jesus Cristo de “Amai-vos uns aos outros como irmãos”, na medida em que nos enxergando iguais, sem quaisquer distinções e/ou privilégios, podendo, tanto quanto possível, colocar-se na posição do outro. Nesse diapasão, é que se sobreleva importante o princípio da proporcionalidade como instrumento efetivo de aplicação da justiça. Com efeito, situando-se no lugar do outro, para fins de analisar se tal ou qual medida é proporcional ao ato praticado, seguindo aqueles ensinamentos, de conformidade, de harmonia, de equidade, o legislador (quando da elaboração das leis), o julgador (quando aplicação da norma ao caso concreto), o advogado (quando da postulação em juízo), o promotor de justiça (quando das respectivas peças processuais), o doutrinador (quando da construção da crítica); enfim, qualquer intérprete do Direito, mais humano e espiritualizado serão os alicerces do sistema jurídico terrestre. E assim, caminhando nessa trilha, segundo as tintas das palavras de Joanna de Ângelis, pela psicografia de Divaldo Franco: “Dia virá em que o homem, amando ao seu irmão, elaborará códigos mais generosos e leis mais justas, em cujas malhas evoluirá, até o momento de plenitude espiritual”3. _______________ 1- MELO, Ricardo José Borges Galvão de. O Princípio da proporcionalidade penal – limitação à atividade punitiva do Estado. Recife: Editora Nossa Livraria, 2011, p. 51. 2- MELO, Ricardo José Borges Galvão de. O Princípio da proporcionalidade penal – limitação à atividade punitiva do Estado. Recife: Editora Nossa Livraria, 2011, p. 223. 3- ÂNGELIS, Joanna (espírito) [psicografado por] Divaldo Pereira Franco. Estudos espíritas; 9 ed.. Rio Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2011, p. 81.


Reflexões de um Médico Espírita - I GUILHERME TRAVASSOS SARINHO João Pessoa-PB

“Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova, no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta.” – Chico Xavier

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finalidade da vida, neste plano, vai além dos deveres do lar. Os compromissos do lar são sagrados, não restam dúvidas. Cumpri-los é um dever moral, uma obrigação assumida, maior do que se pensa. Mas, não basta apenas cumpri-los, para se achar que tudo está justo e perfeito. O dever do ser humano, na Terra, vai além do lar. Fora do lar, há sofrimentos, dores, desditas, infelicidades, misérias. Cada um de nós veio com a missão de ajudar aos semelhantes, de melhorar o mundo, para as próximas gerações. Você é missionário da Luz, mensageiro da Paz, trabalhador da seara do Bem. Não há moralidade, em se viver bem, fechando-se os olhos à miséria alheia. Faça a sua parte, por menores que sejam as suas posses. O Grande Arquiteto do Universo agradece. Seu lar é toda a Humanidade. O pessimista é um bom indutor e condutor de doenças. Se esses males não estão, ainda, presentes no corpo ou na mente, com certeza, já estão na incubadora. É uma questão de tempo. O pessimismo constante baixa o estímulo do organismo, minando, lentamente, o sistema de defesa, o sistema imunológico, e alterando o sistema endócrino: portas são abertas, para a entrada de doenças. O otimismo, ao contrário: promove e harmoniza a fisiologia celular de todos os órgãos do corpo e mantém a mente sadia e estimulada. A gratidão é um dos mais nobres sentimentos do ser humano, assim, como a ingratidão está entre os piores. Você tem muito a agradecer. Agradeça a Deus, todos os segundos de sua vida. Agradeça, por ter nascido, por ter reencarnado, mais uma vez. Agradeça, pela família que tem, quer seja natural ou adotiva; pelo em-

prego, por mais humilde e simples que seja; pelos amigos e parceiros de luta, de trabalho e de estudo; agradeça, pelo pão de cada dia e por todas as oportunidades da vida. Agradeça, pela saúde física e mental e pelo corpo físico uno, completo, equilibrado, harmônico. Agradeça a Deus, pelas posses econômicas, mesmo que sejam poucas e parcas. Agradeça, por ser livre e poder, falar, andar, bailar. Agradeça, pelo ar que respira, pelo sol que o aquece. Agradeça, pelo repouso, pelo sono, pelos sonhos. Agradeça, pela paz. Enfim, agradeça a beleza que os seus olhos veem no altar da Natureza. Eleve o pensamento a Deus e agradeça. A gratidão ilumina. Se você pensa e pondera, que a sua vida tem sido ingrata com você, que tudo o que você faz dá errado; se você acha que é um infeliz na vida; se você vive revoltado, magoado, deprimido; se você acha que a sua vida não tem sentido e que não vale a pena uma vida como a sua, olhe em volta e veja o sofrimento alheio. Esses são pensamentos infelizes, desalinhados, desarmoniosos que podem levar aos caminhos da perdição. Pensar, assim, é um erro que pode levar a outros maiores. Está na hora de parar e fazer uma autoanálise. Aprenda que, no Universo inteiro, nada acontece por acaso, porque o acaso não existe. Tudo é regido por Leis Universais perfeitas, de todos os tipos. Mude de pensamentos, de conduta, de vida. As dificuldades e sofrimentos são fontes de aprendizado. Ninguém colhe o que não plantou. Mude o plantio e mudará a colheita. É Lei de Causa e Efeito. Lei Universal. Os seus filhos, sejam eles do sexo masculino ou feminino, são dádivas divinas. Agradeça a Deus por lhes ter dado. Cuide bem deles, em qualquer momento durante toda a sua vida e, se preciso for, até a hora de sua morte. Eles são presentes do Céu. Ame-os, em quaisquer circunstâncias, sejam elas boas ou ruins. Conviva com eles, converse com eles, escute-os, com atenção e carinho. Mas, aprenda, desde cedo, a lhes dizer não, quando for necessário. Seja mais que pai ou mãe. Seja seu/sua melhor e maior amigo/ amiga. Seja, sobretudo, seu exemplo, seu ídolo. Lembre-se que o aprendiz tende a seguir os passos do mestre. A raiva, a ira e o ódio contumazes,

alteram a neurofisiologia endócrina do organismo humano, sobrecarregando glândulas importantes na produção hormonal, como as adrenais ou suprarrenais, produtoras de hormônios, como a adrenalina, a noradrenalina e o cortisol que, lançados na corrente sanguínea, com maior frequência e em maior quantidade, alteram a respiração, a pressão arterial, a frequência cardíaca, o ritmo do sono (ritmo circadiano) e comprometem órgãos e sistemas. Como médico, costumo dizer aos meus pacientes que a raiva mata, quando um deles diz que teve raiva. Aprenda a administrar a raiva e os sentimentos negativos, até dilui-los, se, ainda, não consegue evita-los. Não se deixe dominar pela raiva ou qualquer sentimento agressivo, perturbador. São todos eles fontes de doenças físicas e mentais. Não é à toa, que os filósofos romanos já diziam, há dois mil anos: “A ira invade os homens que não são sadios”. A tristeza frequente é filha do sofrimento e parente da depressão. Ambas são fontes de doenças. Sentir tristeza, vez ou outra, é normal. Não é normal viver triste. Viver triste é patológico, é doentio. A tristeza e a alegria contaminam o ambiente e as pessoas: a tristeza torna o ambiente soturno, pesado, ruim; a alegria, ao contrário, torna-o luminoso, saudável, feliz. A primeira é mensageira das doenças físicas e dos distúrbios mentais. A segunda é agente da saúde e do bem estar psicofísico. Uma desarmoniza o espírito, a outra o mantém em perfeito equilíbrio. Saia das sombras da tristeza espiritual e venha viver na luz da Espiritualidade Maior. Aprenda a crescer, espiritualmente, enquanto pode, enquanto está, aqui neste plano, nesta escola terrena de evolução. Tudo, na vida, passa: poder político, econômico ou religioso, juventude, saúde, beleza, vaidade, posição social. Tudo, neste plano temporal, é material, tudo é transitório, tudo é mutável, tem início e fim. A própria vida física finda, o corpo fenece e morre. Valorize, mais, as coisas espirituais, pois, só, elas são eternas. Nota da Redação: O autor é Médico, Mestre Maçom e Membro do Centro Espírita “Leopoldo Cirne” – João Pessoa-PB.

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A Justiça das Aflições FÁTIMA ARAÚJO João Pessoa-PB

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uitos indagam porque uns sofrem mais que outros, porque há tantas pessoas de bom coração que passam por sofrimentos terríveis, enquanto muitos homens maus têm direito ao conforto e parecem felizes. Certamente, esquecidos da razão de ser dos acontecimentos e da fragilidade das aparências ou, ainda, alheios à profundidade das Bem-Aventuranças, in Sermão da Montanha, que nos chamam à razão: Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. Bem-aventurados os famintos e sequiosos de justiça, pois que serão saciados. Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela da justiça, pois que é deles o reino dos céus. (Mateus, 5:4, 6 e 10). Essas foram as palavras do Mestre Jesus, clarificadas pelo Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, nos itens 3 e 4, Capítulo V, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. As compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra só podem realizar-se na vida futura. Sem a certeza do porvir, essas máximas seriam um contrassenso ou, mais ainda, um engodo. Mesmo com essa certeza, compreende-se, dificilmente, a utilidade de sofrer, para ser feliz. Diz-se que é, para haver mais mérito. Mas, então, se pergunta: por que uns sofrem mais do que outros; por que uns nascem na miséria e outros na opulência, sem nada terem feito para justificar essa posição; por que, para uns, nada dá certo, enquanto, para outros, tudo parece sorrir? Mas, o que, ainda menos, se compreende é ver (...) homens virtuosos sofrerem ao lado de malvados que prosperam. Ele afirma que as aflições podem ter tido sua origem nesta vida ou advir de vidas passadas: “De duas espécies são as vicissitudes da vida: umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida”. (ESE, Allan Kardec). CAUSAS ATUAIS Reportando-se à origem dos males terrestres, o Codificador reconhece que muitos são consequência natu-

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ral do caráter e do proceder dos que os suportam. E questiona: “Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantos se arruínam, por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma! Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero! Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram, desde o princípio, as más tendências! Por fraqueza ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles”.

CAUSAS ANTERIORES Sobre as causas alheias à vontade do homem, mas que parecem atingi-lo, por fatalidade, Kardec enumera a perda de entes queridos, acidentes, reveses da fortuna, flagelos naturais, enfermidades de nascença, sobretudo as deformidades, a idiotia, o cretinismo, etc. O mestre de Lion vê os que nascem nessas condições, logicamente, sem nenhuma culpa na existência atual. E indaga: “Por que, pois, seres tão desgraçados, enquanto, ao lado deles, sob o mesmo teto, na mesma família, outros são favorecidos de todos os modos?”. Isto, para concluir que, “ como todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa”. Oferece-nos, pois, o Evangelho a diretriz perfeita para o entendimento desta e de futuras reencarnações. Como, também, um alerta para que respeitemos as leis divinas, sempre, nos esforçando, na prática do Bem, no exercício do Amor e da Caridade.


Não Brinquemos com Sentimentos OCTÁVIO CAÚMO SERRANO João Pessoa-PB

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s almas embrutecidas não conhecem valores morais. Nos dias atuais, com a banalização do sexo, as pessoas imaginam que somos apenas libido. Que não temos sentimentos e não precisamos amar. Mas esta não é a realidade. Apesar da liberação das uniões libertinas, ninguém tem domínio pleno do seu coração a ponto de garantir que não criará vínculos emocionais depois de uma aventura, por mais irresponsável que pareça. Duas pessoas são duas emoções diferentes, dois feixes com histórias particulares e que reagem ao seu modo nas diferentes circunstâncias da vida. Por isso é que há honestos e desonestos, sentimentais e embrutecidos, alegres e tristes, corajosos e covardes; cada um carregando sua própria história. No campo do relacionamento, isso não é diferente. Quando duas pessoas têm uma aventura, ainda que descompromissada − aparentemente apenas biológica − em cada uma ficará um traço pessoal. Para um, é possível que o ato do sexo seja como tossir, espirrar ou executar um movimento corporal. Mas, para o outro, ou outra, aquele relacionamento furtivo ou fortuito, pode ser o coroamento de um projeto de longa espera, com a alimentação de que, a partir dali, a relação cresça e se fortifique. Um momento ansiosamente esperado; quem sabe? Imprevisível imaginar o que pode acontecer a partir do rompimento, porque, para aquele que não teve nenhum interesse extra, o sentimento do outro nem mesmo pode ser compreendido e por ele não se sente responsável. Como, para um não passou de brincadeira ocasional, nem lhe passa pela cabeça que, para o outro, teve importância diferente. Imagina por seus interesses o que o outro sente. Esta é a razão de muitas tragédias amorosas em que o julgamento da sociedade, nem sempre, pode compreender as razões do desequilíbrio do infrator. É muito fácil dizermos: “se não dá mais, vai cada um para o seu lado e ponto final.” Só que, na prática, não é assim que funciona, porque, nem sempre, conseguimos dominar o sentimento, como controlamos um

cavalo ou um veículo por meio do freio apropriado. Quem não tem interesse em levar adiante um relacionamento, pense bem, antes de comprometer-se, para não causar lesões irreversíveis ou incuráveis na outra parte. Jamais, se prevaleça da fraqueza do outro porque uma alma ferida pode se transformar numa arma incontrolável, viva ou morta, já que o instinto passa a dominar a razão, quando a lógica e o bom senso desapare-

cem por completo. As manchetes da mídia testemunham isso todos os dias. Nos jornais, nas rádios e nas TVs. Sem considerarmos as perturbações espirituais nascidas das obsessões, pouco compreendidas pela maioria das pessoas que, muitas vezes, levamos para encarnações futuras. É certo que, nem todas as relações estão fadadas ao sucesso, mas que, pelo menos ao iniciar um relacionamento, haja respeito e bons propósitos. Se for impossível prosseguir por falta de afinidade, o que é normal ocorrer, que tudo seja desfeito com respeito e clareza. Ainda que a outra parte não compreenda ou aceite, é o mínimo que nos cabe fazer. Mas, nunca alimentemos no outro, conscientemente, falsas esperanças. Amar também é isso. Como ensinou Jesus, fazer ao outro apenas o que queremos para nós mesmos. Uma receita infalível. Depois, não adianta chorar! Quando se aproxima o Natal, um tempo próprio para a autoanálise e esquematização dos objetivos para um novo ano, não crê o leitor que seja um bom tema para meditação? Feliz 2015!

LANÇAMENTO "Está é a obra que Sandra Borba Pereira, com sua experiência de esposa, mãe, educadora, espírita, nos oferece, permitindo-nos um passeio pelas alamedas do bem, do compromisso, da contribuição preciosa para um mundo melhor"

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Simplicidade e Pureza de Coração WALKÍRIA LÚCIA DE ARAÚJO CAVALCANTI João Pessoa-PB

“Bem-aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus.” (Mateus, cap. V:8)

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iante da compreensão da Humanidade, a pureza de coração abarca, não só, a condição humana dos verdadeiros seguidores do Cristo, através de demonstrações e práticas exteriores, mas, de uma vivência que nasce, de dentro para fora, sobre as Leis Divinas. Só conseguimos vivenciar algo, se entendemos bem o que seja. Tanto “O Livro dos Espíritos” (itens 101, 107 e 113), quanto o livro “A Gênese”, cap. I, item 9, trazem a mesma reflexão a cerca do assunto. Vejamos: 101 – Os Espíritos Imperfeitos: “Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.”; 107 – Os Bons Espíritos: “Compreendem Deus e o infinito...”; 113 - Os Espíritos Puros: “Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção da harmonia universal.” Já, no livro “A Gênese”, em seu Cap. I, item 9, sobre as revelações diretas de Deus para os homens, temos: “(...) os Espíritos mais próximos de Deus, pela perfeição, se imbuem de seu pensamento e podem transmiti-lo.” Então a questão de ver a Deus é mais complexa do que pode parecer e usando as palavras de Kardec no mesmo item 9: “(...) Isso não é radicalmente impossível, mas nada nos dá a sua prova certa.” Da mesma maneira, com relação à passagem de Marcos, Cap. X:13 a 16, reproduzida no Cap. VIII, item 2 de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que fala sobre a necessidade de se assemelhar às crianças, para se obter o Reino dos Céus. Entendemos que não é a semelhança física que Marcos aborda naquele momento, mas os desavisados podem pensar que sim. Mais uma passagem que foi mal interpretada, no passar dos tempos: “Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, 24 Tribuna Espírita • novembro/dezembro • 2014

porquanto o reino dos céus é para os que se lhes assemelham.” A evolução da criatura humana é uma marcha ascencisional e ninguém tente impedir porque não irá conseguir. O máximo que conseguirá é retardar os passos, mas não impedir. O que Jesus faz é nos comparar as crianças: A pureza e a ingenuidade que elas representam, da mesma forma, o ser humano que não concebe a ideia da Divindade e, por isso, não é capaz de compreender a necessidade de cuidados e de orientação que uma criança possui; da mesma forma, que precisamos de cuidados e de orientação; pois, nem sempre, a nossa própria experiência será a melhor conselheira; a fragilidade física da criança provoca compaixão, a nossa inocência e ignorância, também, provocam a compaixão e a orientação dos mais experientes. “(...) aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará”. Receber o Reino de Deus é receber o Reino de Justiça, de Amor e de Caridade. Então, enquanto não estivermos impregnados destas três verdades, não podemos fazer parte dele. E, impregnados, de que forma? Fazendo, agindo, executando e amando. A criatura humana, aos poucos, vai se desvencilhando de séculos de roupagem inadequada para o banquete celestial. Até o ponto em que sejamos dignos de vestirmos as vestes nupciais, para o festim de bodas. Quem pensa bem, age bem. Mas, quantos de nós queremos empurrar, para baixo do tapete, quem somos, para não ter que corrigir atos errados? Ainda, estando na consciência de sono, agimos como crianças, fingindo sermos personagens que não somos, detentores de poderes que não possuímos, para enfrentarmos situações que não queremos. Às vezes, a criatura não se sente forte, o suficiente, para olhar-se no espelho e ver quem, realmente, é. Não é que a pessoa esconda dos outros, ela esconde, de si mesma, quem é, para não ter

que mudar. Em alguns desses casos, são verdades duras, trazidas de outras encarnações com desdobramentos nesta; outras decorrem de situações vividas nesta, mas que causam traumas tão profundos que a criatura prefere assumir outra personalidade, mentindo para si própria, a remexer e resolver tal problemática. Precisamos ser honestos, conosco mesmo, em primeiro lugar. O pensamento, por exemplo. Precisamos domar este corcel arredio e selvagem, em alguns momentos, para que ele não seja instrumento de nossa desdita. Se não conseguirmos refrear determinados pensamentos, que, pelo menos, não o coloquemos em prática. Já há, aí, uma diferença de comportamento. Se pensarmos e não executarmos, porque outros não deixaram, precisamos nos esforçar, mais, por mudar. Se determinados pensamentos já não fazem parte de nossas vidas, podemos dizer que, já, progredimos, no rumo da mudança moral. Aqueles que já avançaram, em idade e em tempo de espiritismo, não podem, jamais, se acomodar, acreditando que sabem tudo. Uma palavra nova, uma maneira diferente de analisarmos uma questão de “O Livro dos Espíritos”, uma experiência pela qual passamos e que nos permite enxergar, de forma diferente, determinadas passagens de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. São todas formas de nos enriquecermos, espiritualmente, trabalhando o “homem velho” e permitindo que o “homem novo” apareça. É, como a larva que chega a ser borboleta. Precisamos fazer o mesmo trabalho de introspecção, nos voltando, para nós mesmos, trabalhando, silenciosa e arduamente, voltados para nós mesmos, para que, quando retirarmos a casca exterior, possamos rumar para cima, usando das nossas próprias asas, felizes pelo progresso alcançado. Asas libertadoras; estas que são o conhecimento e a moralidade.


Se o Senhor estivesse comigo IGOR MATEUS Natal-RN

Se o Senhor estivesse comigo Toda hora, todo dia.

Ah Jesus, Mestre querido Como eu gostaria Que nesse ano novo Que agora se inicia O Senhor estivesse comigo Toda hora, todo dia.

Eu fico a me perguntar Se o Senhor me aceitaria E entre tantos trabalhadores O Senhor me convocaria? Se eu escutasse o Teu chamado Correndo pra Ti eu iria Só para estar contigo Toda hora, todo dia

A Tua presença constante Seria a maior alegria Que esse teu servidor humilde Com fervor desejaria E assim um novo homem Esse ano surgiria Se o Senhor estivesse comigo Toda hora, todo dia. As minhas deficiências O Senhor superaria E em nome da caridade Que com amor praticaria Do fundo do meu coração Muita gente eu ajudaria Se o Senhor estivesse comigo Toda hora, todo dia. Mergulhado em Teu exemplo A todos eu perdoaria E eu penso que essa tarefa Difícil ela nem seria Pois contigo do meu lado Eu nem me magoaria Se o Senhor estivesse comigo Toda hora, todo dia Das belezas do Teu Reino De Amor eu falaria E os poemas da Tua Vida Com vigor declamaria Seria uma maravilha Que muito me emocionaria Se o Senhor estivesse comigo Toda hora, todo dia Um pequeno ponto de luz Nesse mundo eu seria Trazendo a paz e a esperança E suavizando a agonia Pregando o Teu Evangelho

Se essa dádiva conquistasse Eu muito agradeceria E para retribuir essa benção Pelos quatro cantos iria Divulgando teus ensinamentos E sozinho eu não estaria Pois Tu estarias comigo Toda hora, todo dia Almas eu consolaria Se o Senhor estivesse comigo Toda hora, todo dia Pois que a Tua presença é dotada Dessa sublime magia De aliviar os aflitos E pra dor ser uma anestesia Divulgando a Tua Mensagem Corações eu confortaria

Eu sei que depende de mim Concretizar essa poesia E fazer com que nesse ano Sejas minhas Estrela-Guia E por toda a eternidade Que eu alcance a imensa alegria De poder estar contigo Meu Pastor, meu Senhor, meu Amigo Toda hora, todo dia.

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Trabalho:

Castigo ou Bênção? MAURO LUIZ ALDRIGUE João Pessoa-PB

“(...) tu tirarás dela (a terra) o teu sustento à força de trabalho...(...) tu comerás o teu pão no suor de teu rosto, até que te tornes na terra de que foste formado.” (Gênesis, 3: 17 e 19)

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eve-se compreender, com essas afirmativas do Velho Testamento, que o trabalho é um castigo determinado pela Divindade ao ser humano? A Doutrina Espírita vem elucidar que a questão do trabalho é uma lei da Natureza e, portanto, uma lei Divina. Dessa forma, o trabalho é uma necessidade do ser humano, que serve como uma expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Compreendese que o seu alimento, a sua segurança e o seu bem-estar dependem do seu trabalho e de sua atividade. O trabalho se apresenta, com dupla finalidade: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, que é uma necessidade e o eleva acima de si mesmo. À medida que o ser humano vai se 26 Tribuna Espírita • novembro/dezembro • 2014

aperfeiçoando, tornando-se, cada vez mais, civilizado, obriga-se a trabalhar mais, porque se lhes aumentam as necessidades e gozos. Assim, se verifica nas atividades de locomoção individual e coletiva; nas comunicações mais eficientes e instantâneas; na otimização de uso e aplicação de matérias disponíveis na natureza; na produção e produtividade de matérias -primas alimentícias; melhor utilização dos instrumentos de bem-estar individual e coletivo. Tudo isso traz benefícios e novas necessidades para o ser humano; a construção de aparelhos de lazer, de cultura e convívio social, desafiando-o a utilizar a sua capacidade intelectual, desenvolvendo-a e fazendo com que vá se superando a cada dia. Ainda, que se espante, como fora possível a construção das pirâmides, no deserto, a milhares de anos atrás, veem-se, atualmente, edifícios de mais de 300 metros de altura, estações espaciais, aviões supersônicos e microchips que têm capacidade de milhares de operações, em frações de segundo. Tudo isso vem trazendo novos desafios e novas necessidades que remetem ao progresso intelectual. Por outro lado, há, ainda, um trabalho tão necessário e, talvez, mais eficiente que é o aperfeiçoamento moral do ser humano. O trabalho da elevação, da autoiluminação do ser humano, que requer uma ação firme, constante e perspicaz, na

sua conduta quotidiana e em relação ao seu semelhante. Se, por um lado, há o progresso da civilização, por outro, também, há o progresso das relações humanas, que vão se intensificando na diversidade, com a clareza da compreensão da natureza grandiosa do ser humano, para fixar, nele, a oportunidade de praticar o bem, a buscar a perfeição e a exercitar o sentimento de amar. Assim, quando chega a alvorada das segundas-feiras, em nossas vidas, agradeçamos ao Pai da Vida, que nos permite a oportunidade de nos aperfeiçoarmos pelo trabalho que nos oferece, nessa oportunidade e, deixemos de lastimar ou de lamentar, por ser o início de mais uma semana de aprendizado para a vida eterna, porque a ociosidade é um suplício, em vez de ser um benefício. O Espírito de Verdade nos traz, em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, (Cap. XX, item 5 - Trabalhadores do Senhor): “Felizes serão os que tiverem trabalhado no campo do Senhor com desinteresse e movidos, apenas, pela caridade!” Portanto, o trabalho é uma bênção para o ser humano, por fazê-lo progredir intelectual e moralmente. E, voltando às afirmativas do Livro Gênesis, foi a anunciação do caminho do progresso, para o ser humano interagir com o seu meio e com seus semelhantes para alcançar a autoiluminação.




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