TRIBUNA ESPÍRITA • EDIÇÃO 183

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Espírita Tribuna

Ano XXXIV - Nº 183 janeiro/fevereiro - 2015 Preço: R$ 5,00

Nessa edição:

Charlie Hebdo, nós e o outro

Intolerância e Preconceito Reflexões à luz do Evangelho e da Doutrina Espírita


TRIBUNA ESPÍRITA - 34 ANOS Espírita

TRIBUNA ESPÍRITA ESPÍRITA TRIBUNA

Tribuna

Especial de FEPB Aniversário da

Ano XXXII - Nº 170 - novembro/dezembro - 2012 - Preço: R$ 3,00

Ano XXXII

Seminário

- Nº 172 -

março/ab

ril - 2013

- Preço: 3,00

Espírita Tribuna

Palestrantes:

LAÇOS DE FAMÍLIA

SAUDAMOS A NOSSA AUGUSTA CASA DE AMOR, TRABALHO E P. 10 UNIFICAÇÃO

AMOR, A LEI BÁSICA DO UNIVERSO

DEPARTAMENTOS FEPB

SÁBIO FRANCÊS CONFIRMA: “EM TRANSE, ELA FALA A LÍNGUA DOS FARAóS”. P. 4

EM BOA LóGICA PAINEL ESPÍRITA

A MISSÃO DO ESPIRITISMO

A VEZ DO ESPÍRITO! O HÁBITO DE ROTULAR PESSOAS

SAÚDE E BELEZA

Leonardo

A/Paraíba

LOCAL P. 13 Auditório Lins de Vasconce Federaçã los o Espírita Paraibana DATA 04/05/201 P. 14 3 HORÁRIO (sábado) às 18:00h

O CÉU E O INFERNO

P. 5

P. 15

CONFÚCIO E A ÉTICA

RECIFE P. 16 /Pernam

buco

LOCAL

de AS AÇÕES DOS ESPÍRITOS x DATA AS REAÇÕES DOS HUMANOS P. 18

Informaçõ

Ano XXXII nov./dez. Preço: R$

Espírita Tribuna

- Nº 176

- 2013 4,00

es Convençõ

05/05/201

HORÁRIO A GRANDE CRISE QUEM QUER SER FELIZ?8:30hP. às19

es de Olinda

Um novo mun

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ão Artística:

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LEOPOLDO

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Federação

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ão Artística:

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Realizaçã

oresdaluz

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Espírita Paraibana

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Apoio:

m

B) de abril de

Chico Xavier

A reencar nação

O maior brasileiro é indestrutível

Pág. 4

começa quando Células-Tronco : uma terapia espiritu

do

e onde? 4º Congre sso Espírita Brasilei ro

- Nº 178 il - 2014

4,00

Espírita

A copa do mundo e o

Preço: R$ 4,00

Página 22

Tribuna

Preço: R$ 4,00

Tribuna

Ano XXXIII - Nº 177 jan./fev. - 2014

Espírita. Fev/1867)

150 an

“O Evange os de lho Seg o Espiritism undo o” ALLAN KARDEC * 03/10/1804

Um presente do Céu O pedido de

Espírita

Ano XXXIII - Nº 179 maio/junho - 2014

2014

eleva a " O livre-pensamento dele dignidade do homem, inteligente, fazendo um ser ativo, de crer" em vez de uma máquina

Samuel Magalhães

es: (83) 3224-955

Participaç

Informaçõ

es: (81) 3341-776

Teatro ELUCIDAÇÕES KARDECISTAS P. 17 Guararap Centro

P. 8

Da caverna às estrelas

COMBO (ingresso + R$ 15,00 livro do Raul Teixeira) (ingresso simples)

Alberto Almeida

Grupo Acorde (Acústico)

VAMOS CUIDAR DA TERRA

OLÁ, COMO VAI?

Tribuna Juventude e sexualidade Ante a cruz e a espada

Machado

EMOÇÕES E SENTIMENTOS8:30h

P. 7

EXISTÊNCIA DE DEUS BRASIL SEM ABORTO - HOMENAGEM NO CONGRESSO NACIONAL E MARCHA EM BRASÍLIA.

De 11 a 13

Preço: R$ 4,00

Veja nesta edição:

Maio/Junho - 2013 Preço: R$ 3,00

Espírita Tribuna

Ano XXXIII março/abr Preço: R$

SSO

BRASILEIRO

(João Pessoa/P

(Allan Kardec, na Revista

JOÃO PESSO

P. 11 e 12

MORTES PREMATURAS

P. 6

PORTINHOLA DE LUZ TANNHAUSER JUNG E A FENOMENOLOGIA MEDIÚNICA AONDE CAMINHAMOS? LIVRO ESPÍRITA

Ano XXXII - Nº 173

ESPÍRITA

Ano XXXII - Nº 175 setembro/outubro - 2013

P. 9

O PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL E ESPIRITISMO P. 2 P. 3

- Nº 174 to - 2013 Preço: R$ 4,00

Julho/Agos

Tribuna

VALOR R$ 35,00

Veja, na página 20, a programação do V CONGRESSO ESPÍRITA PARAIBANO. NESTA EDIÇÃO:

Espírita Tribuna

Ano XXXII

Espírita

4º CONGRE

Realização :

Realização Simultanea : João Pessoa • Manaus Vitória • Campo Grande

Espiritismo Missão país

Espírita Tribuna

Ano XXXIII

- Nº 180 to - 2014

julho/agos Preço: R$

4,00

Espírita Tribuna

Ano XXXIII

- Nº 182

novembro/ Preço: R$

dezembro

5,00

- 2014

Ano XXXIII - Nº 181 setembro/outubro - 2014

Preço: R$ 5,00

Charlie Hebdo, nós e o outro

Preço: R$ 4,00

Deixai Vir a Mim as Criancinhas

Intolerância e Preconceito Reflexões à luz do Evangelho e da Doutrina Espírita

de um

Jesus

Ano XXXIV - Nº 183 janeiro/fevereiro - 2015

Nessa edição:

A vitrine e a luz dos bastidores 18:00h

Silvério Pessoa

Caravana

da Luz

Federação

Espírita Pernambucana

Reflexões sobre a violência

Mundo de regeneração espírita dentro do movimento

al

Pág. 12

Pág. 24

Reflexões de um médico espírita

as criancinhas “(...) Deixai que venham a mim o reino dos céus e não as impeçais, porquanto é para os que se lhes assemelham.” (Marcos, 10:14)

de 2014 De 01 a 04 de março Campina Grande - PB 24 Páginas 12, 13, 14 e

FÁTIMA FARIAS João Pessoa-PB

D

ifundir a mensagem consoladora, libertadora e esclarecedora da Doutrina Espírita, amplamente. Dos 34 anos do jornal Tribuna Espírita, há cerca de vinte anos sou testemunha de que este foi o objetivo maior que regeu os dias do casal Azamor e Gizélia. Sempre nos bastidores e “escondendo-se” dos holofotes, tal qual um diretor de teatro, que da coxia, ou fora de cena, assiste sua cria encantar o público, mas transborda felicidade com o resultado final. É assim que Azamor se comporta quando sente o “cheirinho” da tinta, logo que uma edição sai da gráfica. Tudo começou da forma mais artesanal possível na época e, ao longo do tempo, o produto evoluiu e acompanhou a tecnologia, ao ponto de transformar-se numa revista, com designer moderno e variedade de informações, para compor a obra final. Mal chega às mãos dos leitores, aí recomeça todo o processo de produção para a edição seguinte, como uma geração permanente e incansável do seu diretor.

Pelo que soube, tudo já começou assim: superando todas as dificuldades e limitações, inclusive financeiras, com criatividade, para atender o objetivo de levar a mensagem espírita, quer de forma escrita, falada ou materializada. Foi assim nas precárias instalações carentes, em que o Centro Espírita Leopoldo Cirne nasceu, no bairro do Róger, contando ainda com a colaboração do saudoso Domingos Soares, mas ali, cumprindo sua missão, evangelizando, consolando e amenizando a carência material. E este item, de atendimento material específico, sem ignorar o bálsamo espiritual, é uma tarefa incansável de Gizélia que, empenha-se ao máximo, para fazer chegar às famílias carentes do bairro, um lenitivo para minimizar suas dificuldades de sobrevivência. Um trabalho dedicado, tudo feito com muito amor e empenho da equipe que dirige. E assim, neste conjunto do que foi exposto, a Tribuna Espírita é vitrine, mas nos bastidores brilha a luz exemplar de Azamor e Gizélia, divulgadores da Doutrina nas letras e ações.

Caros(as) amigos(as) da Tribuna Espírita,

Meus caros amigos,

Todo esforço sincero de divulgar mensagens de esperança em um mundo tão cicatrizado de angústias é louvável. Deste modo, admiro o trabalho que vocês vêm desempenhando ao longo destes 34 largos anos. Ao mesmo tempo, sinto-me honrado por contribuir de alguma forma com essa empreitada. Assim, desejo que os anos vindouros possam ser coroados de êxitos espirituais nas bases do Cristianismo Espírita.

Nesses instantes em que a Tribuna Espírita celebra 34 anos, envio o meu cordial abraço a todos que fazem esse belíssimo instrumento de divulgação da Doutrina Espírita, do qual tenho muita alegria de mais recentemente tornar-me humilde colaborador. Emmanuel nos diz que uma das maiores caridades que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação, e há 34 anos a Tribuna Espírita vem realizando esse importante trabalho. Meus parabéns e que Jesus nos permita um 2015 de muito trabalho em sua Seara de Luz.

Abraço sincero,

Leonardo Machado

“A permuta de experiências equilibra o progresso geral.” Conduta espírita. André Luiz, por Waldo Vieira. O consagrado periódico espírita de João Pessoa chega aos seus trinta e quatro anos de fecunda existência. Allan Kardec, como editor da Revista Espírita, deixou logo seu exemplo, orientando-nos para a boa comunicação. À nossa parte, coube pôr mãos à obra! Que a Tribuna Espírita tenha vida longa e continue espargindo esclarecimento e luz em torno da doutrina dos espíritos. Que o prazer de sua leitura continue a marcar a sua caminhada. Abraços fraternos para aos dirigentes e colaboradores da Tribuna Espírita.

Raymundo Rodrigues Espelho

2 Tribuna Espírita • janeiro/fevereiro • 2015

Abraço carinhoso,

Igor Mateus

Prezados amigos da Paraíba, desejo a toda à equipe da revista Tribuna Espírita um 2015 repleto de realizações no bem. Parabéns pelos 34 anos de trabalho na divulgação do Espiritismo, que consola nossos corações e esclarece nossas mentes nesse importante período da jornada evolutiva espiritual em que nos encontramos. Prossigamos unidos e determinados na divulgação do Consolador Prometido por Jesus que haverá de promover a regeneração social da humanidade pela renovação íntima de cada um de nós. Abraço e gratidão pela oportunidade do serviço na Seara de amor e luz, conduzido pelo guia e modelo que Deus ofertou para a nossa redenção e plenitude.

Geraldo Campetti Sobrinho


Expediente Caros amigos e colaboradores da Tribuna Espírita,

Companheiros do Ideal Espírita, Muita Paz!

Como recente colaborador, e antigo leitor, quero parabenizar a todos pelos 34 anos da Tribuna Espírita. Sinto-me honrado em participar desse coro de vozes a distribuir luz e amparo. Manancial de pensamentos iluminativos divulgados com critério, zelo e muito esforço. Que as mensagens continuem esclarecendo e enxugando as lágrimas dos diversos corações que a Tribuna Espírita pulveriza mundo a fora. Veículo de inspiração do alto, que ela viva por sua imensa utilidade. Avante Tribuna Espírita, avante trabalhadores do bem!

Por divulgar a Doutrina Espírita há trinta e quatro anos, a Tribuna Espírita merece, além do reconhecimento do seus leitores e colaboradores, os auspícios da espiritualidade maior. Parabenizamos todos que fazem a Revista, rogando a Deus que inspire, conceda longevidade e sabedoria na condução da indispensável tarefa de divulgação da Doutrina, consolando e esclarecendo consciências à luz do amor do Cristo!

Abraços Fraternais,

Gustavo Machado

Felicidades, Tribuna Espírita!!!

Flávio Mendonça

Meu reconhecimento a este que é, ao meu ver, um dos mais ricos meios de divulgação do espiritismo no Brasil. Aprendi, desde muitos anos, a ler com fome de luz as páginas da nossa “Tribuna”. Seu conteúdo, sempre bem escrito e com consistência doutrinária, me auxiliou, inclusive, em diversas palestras que proferi ao longo do tempo. Tenho uma admiração que já expressei inúmeras vezes não só em João Pessoa como também em outros estados brasileiros, bem como nutro imensa gratidão aos que fazem esta joia da imprensa espírita. Deus os abençoe nesse apostolado luminoso.

Frederico Menezes

Sumário A vitrine e a luz dos bastidores Acontecimentos imprevistos Improbidade administrativa e egoísmo: uma superação para o progresso A ação social espírita Charlie Hebdo, nós e o outro O carnaval na concepção espírita Não saiba a vossa mão esquerda Reflexões de um médico espírita II Tecla - A primeira mulher mártir do Cristo Jesus e a humildade Aclamação e poder Intolerância e preconceito

TRIBUNA ESPÍRITA

Revista de divulgação do Espiritismo, de propriedade do Centro Espírita Leopoldo Cirne Ano XXXIII - Nº 183 - janeiro/fevereiro - 2015 Diretor Administrativo e Financeiro: Severino de Souza Pereira (ssp.21@hotmail.com) Editor: Hélio Nóbrega Zenaide Jornalista Responsável: Lívia Cirne de Azevedo Pereira DRT-PB 2693 Secretaria Geral: Maria do Socorro Moreira Franco Revisão: José Arivaldo Frazão Assessoria: Uyrapoan Velozo Castelo Branco

Caros amigos da Tribuna Espírita.

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Fundada em 01 de janeiro de 1981 Fundador: Azamor Henriques Cirne de Azevedo

16 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

Colaboradores: Azamor Henriques Cirne de Azevedo, Denize Lino, Elmanoel G. Bento Lim)a, Fátima Farias Fátima Araújo, Flávio Mendonça, Frederico Menezes, Guilherme Travassos Sarinho, Gustavo Machado, Hélio Nóbrega Zenaide, Igor Mateus, Leonardo Machado, Marcelo H. Pereira Marcos Panterra, Mauro Luiz Aldrigue, Octávio Caúmo Serrano, Pedro Camilo, Raul Teixeira, Severino Celestino, Walkíria Araújo, Wladisney Lopes da Costa.

Filhos e Pais: Rompendo nós e formando laços

Diagramação: Ceiça Rocha (ceicarocha@gmail.com)

Envelhecimento - Quando a idade chega

Impressão: Gráfica JB (Fone: 83 3015-7200)

Jesus e o mundo

ASSINATURA BRASIL ANUAL: R$ 25,00 TRIANUAL: R$ 70,00 EXTERIOR: US$ 20,00 CONTRIBUINTE ou DOADOR: R$....? ANUNCIANTE: a combinar

Parcerias O casamento não deu certo Pedi e recebereis Painel espírita Arrependimento Quem sou eu?

TRIBUNA ESPÍRITA Rua Prefeito José de Carvalho, 179 Jardim 13 de Maio – Cep. 58.025-430 João Pessoa – Paraíba – Brasil Fone: (83) 3224-9557 e 9633-3500 e-mail: jornaltribunaespirita@gmail.com

Desigualdade das Riquezas

Nota da Redação

A maioridade penal e a Doutrina Espírita

Os Artigos publicados são de inteira responsabilidade dos seus autores. janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 3


Acontecimentos Imprevistos E

nquanto a barca da reencarnação navegava nas águas tranquilas do prazer, todos os acontecimentos eram enriquecidos pelos sorrisos, pela imensa alegria de viver. Tinhas a impressão de que te encontravas no verdadeiro paraíso, sem maiores preocupações com o processo da evolução. Inesperadamente, porém, foste surpreendido por ocorrências imprevistas e te encontras tomado de surpresa e desencanto, acreditando-te desamparado e sem o socorro da Divina Providência. Sucede que a Terra é escola abençoada que faculta o progresso intelecto-moral dos Espíritos que nela se reencarnam. Invariavelmente, são devedores das Leis Soberanas da Vida que desfrutam da oportunidade feliz de reparação dos desvios que se permitiram em existências anteriores. Tais sucessos imprevistos objetivam convoca-los para a reflexão e libertação dos encantos do prazer, ensinando-os a transitoriedade do corpo, ante a realidade de seres imortais que são. Nesse sentido, o sofrimento se apresenta como benfeitor, por despertar a consciência adormecida e propor-lhes a visão correta, para o comportamento durante a existência. Não poucas vezes, tudo parece transcorrer normalmente, estão programadas pelos cuidados pessoais as metas para o futuro, e desencarna um ser querido, deixando soledade e amargura. Noutras ocasiões, os negócios que funcionavam em ordem sofrem alterações e a empresa, muito bem estruturada, decompõe-se e cerra as suas portas. Certos dias se apresentam assinalados por desencantos e a afetividade, que parecia preencher os espaços emocionais, experimenta choques variados, com resultados de desalento e de dor. Em momentos outros, enfermidades degenerativas, ou simplesmente vigorosas, apresentam-se, com volúpia, e produzem debilitação das forças, numa conspiração aparente contra o bem-estar e a harmonia do organismo. Repentinamente, surgem conflitos que se ignorava e transtornos emocionais sacodem o indivíduo, ferem a alegria e perturbam a emoção. Sempre, surgem, em todas vidas, esses fenômenos inesperados, porque fazem parte do programa de iluminação da Humanidade. Ninguém que se encontre indene à sua ocorrência. Eles se apresentam e esperam ser bem recebidos, mesmo marchetando a alma e retirando a aparente tranquilidade. O físico é o mundo das ilusões e das fantasias. O espiritual é aquele de onde se procede e para onde se retorna. *** A vida, na Terra, se expressa, conforme o nível de consciência e de evolução de cada criatura. Resultado das ações anteriores às ocorrências tem lugar conforme a origem, sempre, proporcionando recursos de transformação moral. Dessa forma, exercita o desapego de tudo quanto te retém na retaguarda. Começa a libertar-te das coisas e questões que não podes

4 Tribuna Espírita • janeiro/fevereiro • 2015

conduzir para sempre. Treina a simplicidade de coração e a fraternidade legitima, repartindo, com o teu próximo, tudo quanto representa excesso e que o egoísmo retém, em mecanismo de precaução para o futuro. A sede de prazeres e a ânsia de poder constituem grandes adversários do processo autoiluminativo, mantendo o indivíduo nas paixões imediatistas, o que o impede de viver as saudáveis experiências da renúncia e da abnegação. Qualquer forma de apego é prejudicial ao Espírito, que se deve descondicionar das falsas necessidades que a modernidade impõe. O essencial é, sempre, menos volumoso e significativo do que o secundário, que se apresenta como de grande importância. O seu valor, porém, é atribuído por aquele que se lhe agarra, destituindo, no entanto, das qualidades que lhe são concedidas. Espera da existência todos os tipos de acontecimentos, especialmente esses que mortificam, pelo despreparo para o seu enfrentamento. Quando se pensa na própria fragilidade, no fenômeno da morte, que exige, apenas, uma condição, que é estar no corpo físico, robustece-se a coragem e a fé amplia-se, na direção do futuro, tornando-se uma couraça protetora, que nada consegue penetrar de forma prejudicial. Comportamento de tal natureza pode ser considerado como a busca da Verdade, a que se referiu Jesus, quando informou: Busca primeiro o Reino de Deus e sua justiça e tudo mais vos será acrescentado. Pilatos lhe havia interrogado o que era a Verdade. Teria, porém, condições para a atender, atropelado pelos interesses doentios do poder temporal, das paixões de raça e dos caprichos da governança? Jamais, lhe ocorreu que estava sobre areia movediça que o tragou, depois da morte do imperador Tibério, quando, então, foi mandado para o exílio, no qual se suicidou. Assim, sucede com os enganos que o ego engendra e o ser se aferra, preservando ilusões, por falta de coragem e estrutura moral, para enfrentar a realidade na qual se encontra e procura não se dar conta. Assim sendo, não consideres, como infortúnios, os acontecimentos imprevistos que te convoquem a mudanças radicais de conduta para melhor. *** O Reino dos Céus está entre vós – enunciou Jesus. É necessário terem-se olhos de ver e ouvidos de ouvir, para deixar-se penetrar pela sua realidade e incorpora-la ao cotidiano. Supera as fantasias da mente, disciplinando o pensamento, de modo que o conduzas, de forma edificante e prazenteira, para toda a existência, assim como para depois da desencarnação, quando despertarás, conforme és e não com o que reuniste e fixaste como de tua posse. Joanna de Ângelis (Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na residência de Amandine e Dominique Chéron, na tarde de 5 de junho de 2014, em Vitry-sur-Seine, França.)


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E EGOÍSMO:

uma superação para o progresso GUSTAVO MACHADO Recife-PE

N

o dia 03 de junho de 1992, em cumprimento às disposições constitucionais, foi publicada a Lei 8.429, conhecida como a “Lei de Improbidade Administrativa”, dispondo, dentre outras providências, as penalidades aos agentes públicos. Passados vinte anos de sua vigência, sem sombras de dúvidas, é inegável os avanços alcançados, no sentido da efetivação dos princípios da legalidade, da impessoalidade, da publicidade, da moralidade e da eficiência, no trato da coisa pública (art. 37 da CF). Contudo, para além desse reconhecimento, em tempos de notícias gravíssimas de corrupção, de descalabros administrativos, de malversação de dinheiro público, de obras superfaturadas, de licitações direcionadas, etc., cabe indagar o que fazer, para dar cabo a este lamentável momento da arte e, efetivamente, implantar as promessas constitucionais de um Estado republicano e democrático, tal como o fizera o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Carlos Ayres Britto: “como principiar a reduzir o tamanho desse enorme fosso entre o discurso tão altruísta e uma prática tão egocêntrica?”.1 O Ministro, com precisão, responde que, “por uma radical mudança de mentalidade. Uma decidida disposição para retrabalhar a noção de humanismo, que já não deve ser visto, apenas, como o caminho que vai da humanidade para o homem, porém, simultaneamente, do homem para a humanidade”. “Não é, só, amando a humanidade, que se ama o homem, porém, reciprocamente, é amando o homem que se ama a humanidade. Até, porque é muito fácil, muito cômodo, muito conveniente, dizer que se ama o sujeito universal que é a humanidade inteira. Difícil, ou melhor, desafiador é amar o sujeito individual, que é cada um de nós, encarnado e insculpido2. Refletindo sobre as citadas lições, é imperioso dar-se cabo a uma mudança de mentalidade, a qual decorrerá, em certa

medida, da efetivação do direito à educação formal, prodigalizada pelos institutos de ensino e os diversos meios de acesso à cultura, de modo a promover o acesso a noções de cidadania. Contudo, tal empreendimento não é suficiente, posto que, se assim o fosse, as práticas de corrupção seriam patrimônio exclusivo das pessoas que não tiveram acesso à educação. É preciso mais. Em nosso sentir, a grande questão posta é, como desalgemar-se dos pensamentos e das ações egoístas? Porque espiritistas, é inexorável buscar, como referencial, o marco teórico e prático dos ensinamentos de Jesus Cristo. Em diversas passagens do pentateuco espírita, denota-se que a grande chaga da Humanidade é o egoísmo, o qual leva o ser humano a adotar ações individualistas. Daí, porque, em “O Livro dos Espíritos”, na questão 913, esclarece o Espírito

de Verdade que, dentre os vícios, o que mais se pode considerar radical é o egoísmo. “Daí, deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há o egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não houverdes destruído a sua causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade (...)”.3 Para travar o bom combate, frente ao egoísmo, e adotar o amor na plenitude ao ser humano, próximo, individualizado e, por via de consequência, à Humanidade, tal como expressada pelo Ministro, é essencial a educação moral cristã, de respeito ao próximo, de prática da caridade, de tolerância à diferença, de perdão das ofensas, etc., vivenciando o mandamento de “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Desse modo, seguindo essa perspectiva espírita-cristã, o ser humano, quando na posse de cargo público ou mandato eletivo, exercerá as suas atribuições, em consonância com sublimes valores republicanos, o que, para findar, vale a pena refletir sobre palavras de Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier:

A responsabilidade de um cargo público, pelas suas características morais, é, sempre, mais importante que a concedida por Deus sobre um patrimônio material. Daí, a verdade que, na vida espiritual, o depositário do bem público responderá, sempre, pelas ordens expedidas pela sua autoridade, nas tarefas da Terra”4. ____________________ 1. BRITTO, Carlos Ayres. O humanismo como categoria constitucional. Belo Horizonte: Fórum, 2010, p. 51. 2. BRITTO, Carlos Ayres. O humanismo como categoria constitucional. Belo Horizonte: Fórum, 2010, p. 51/53. 3. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 86 ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2005. 4. Emmanuel (Espírito) [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. O Consolador;. 28 ed.. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2011, p. 57.

janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 5


A ação social espírita FREDERICO MENEZES Recife-PE

É

fato que, em geral, as instituições espíritas participam da vida da comunidade onde estão inseridas, através de ações sociais as mais diversas. Reconhece a sociedade o valor dessa participação, face às inúmeras vidas que são amparadas, orientadas, assistidas pelo devotamento do movimento espírita. Identificamos, no entanto, que boa parcela das Casas Espíritas, sobretudo na região nordeste, perpetuam a cultura da cesta básica, experiência esta que teve seu início há várias décadas, num contexto em que essa prática era premente, ante as necessidades de diversas famílias. Conquanto tenha socorrido, convenientemente, a fome de muitos corações, havemos de convir que o contexto social se modificou, nos últimos trinta anos no país. Os diversos programas sociais de governos federal, estaduais e municipais, modificaram, sobejamente, a condição de vida dos assistidos. Hoje, quase todos eles recebem bolsa-família e outros anteparos governamentais, efetuados pelos vários níveis de governo. Será oportuno continuemos com a mesma prática, ou seja, distribuição de cestas básicas, ainda que saibamos que as famílias beneficiadas terminam por receber, em muitos casos, até três a quatro cestas por mês ou até mais? Estaríamos, realmente, auxiliando essas famílias ou alimentando sua dependência e, muitas vezes, a acomodação mental, emocional e social, fazendo-as seguras de ter o mínimo, favorecendo que não almejem, mais do que isso, para suas jornadas? Há poucos dias, uma das assistidas do NACCA - Núcleo de Apoio Cristão Casa do Caminho, instituição da qual faço parte, no município de Goiana, me fez entender que já passa da hora de revermos essa ação. Conversando com uma jovem mãe de dois filhos e que recebe benefícios, como as bolsas governamentais, além de cestas básicas de mais de uma instituição, externamos que, neste ano, iríamos favorecê-las com cursos profissionalizantes, a fim de que ela e as outras famílias pudessem melhorar de vida, gerando sua renda e tornando-se independentes. Teria uma profissão. A resposta dela nos impactou: “para que vou trabalhar? do jeito que está, está muito bom”. Sei que não devemos generalizar; mas, 6 Tribuna Espírita • janeiro/fevereiro • 2015

quantos não podem estar pensando dessa forma e não sabemos? Além do mais, a melhor maneira de contribuir para essas vidas é instalando projetos que as emancipe. Não podemos, por exemplo, criticar governos que acreditamos se aproveitarem dessa dependência, para angariar votos, quando, nós mesmos, enquanto instituição espírita, mantemos tal atitude. Na década de noventa do século passado, a própria FEB − Federação Espírita Brasileira − desencadeou campanha, falando na promoção social espírita, indo, portanto, além da simples assistência social. Promover o assistido, emancipando-o. A assistência pura e simples, muitas vezes, não o tira do lugar. Se desejarmos efetuar um trabalho consistente, de elevação do grupo familiar assistido, fundamental aprofundar as ações da Casa Espírita na direção: 1) iluminação da consciência − os amparados pela instituição necessitam, como todos nós, de desenvolver-se ética e moralmente, criando novas perspectivas sobre sua encarnação, estruturando sua fé, em bases sólidas, a lhes permitir confiar e compreender melhor a presença de Deus em sua vida, entendendo que estamos, aqui, para evoluir. 2) Se desejarmos atuar, diretamente, na circunstância social do assistido, criar projetos que o favoreça na melhoria de condições de vida, ajudando, se possível, em sua mobilidade social, tais como cur-

sos de qualificação profissional, apoio a melhoria das relações familiares, etc. 3) Penso que não deveríamos perder de vista que a tarefa primordial do Centro Espírita é a difusão do pensamento espírita, melhor ferramenta para projetar os Espíritos na direção de uma existência mais produtiva, nobre e realizadora. Não nos parece conveniente que a instituição se preocupe, primeiramente, em substituir o vazio que os órgãos públicos deixam na esfera social. Neste âmbito, somos complementares, auxiliares, sem perder o objetivo central da instituição: divulgar e viver o tesouro do conhecimento espírita. Por fim, podemos manter a entrega da cesta básica, como recurso emergencial, atendendo situações que, infelizmente, ainda persistem para muitas famílias, atormentadas, por um tempo, pela ausência da segurança alimentar. E, ao mesmo tempo, em que as assistimos, emergencialmente, colaboremos, tanto quanto possível, para cadastrá-las nos diversos programas governamentais existentes, não, sem dar-lhes, também, a oportunidade de se conscientizarem que podem sonhar com dias melhores, emancipando-se dos programas, mantendo a própria dignidade e crescendo na vida. Libertar consciências é o primeiro grande objetivo do conhecimento espírita, favorecendo o desenvolvimento de uma ética superior e dos valores que aformoseiam o caráter.


Charlie Hebdo, nós e o outro PEDRO CAMILO Salvador-BA

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s eventos ocorridos, em janeiro deste ano, em Paris, mais especificamente com os integrantes do jornal Charlie Hebdo, trazem-nos a reflexão sobre o conflito entre dois direitos humanos: a liberdade de expressão e a liberdade de crença e culto. Toda comoção gerada pelas mortes, causadas por extremistas islâmicos, mobilizou a mídia e as redes sociais em defesa da liberdade de expressão. Cartazes, nas ruas e postagens, no ambiente virtual, estampavam “Je suis Charlie”, ou seja, “Eu sou Charlie”, com uma quase completa adesão à defesa da livre expressão, ofendida com a violência dos dois irmãos. Entretanto, é preciso refletir sobre o tipo de atividade desenvolvida pelo jornal em foco. Trata-se de um mensário de extrema esquerda, marcado por charges que ironizam e satirizam a tudo e a todos e que, em especial, tece duras críticas ao Islamismo, ao profeta Maomé e à cultura e costumes mulçumanos, quase sempre, de forma desrespeitosa à maneira de culto e aos princípios daquela fé. Como lembra Leonardo Boff, os atos praticados pelo Charlie Hebdo estão, para os mulçumanos, como o chute às imagens de Nossa Senhora, por um pastor protestante, anos atrás em uma rede de televisão, estão para os católicos. Trazendo para a nossa realidade: seria, como queimar, em praça pública e anatematizar, também publicamente, “O Livro dos Espíritos” e “O Evangelho segundo o Espiritismo”, para nós, os espíritas. São, pois, casos de uso exacerbado e desmedido da liberdade de expressão, em detrimento da liberdade de culto e crença. Esse ataque público, feito através do jornal, à cultura e à crença mulçumana, revelam, também, como lembra o sociólogo português Boaventura Santos, toda a carga de ódio e preconceito que a cultura ocidental nutre, em relação ao outro, ao que é diferente. É, assim, com imigrantes latinos e africanos, com aqueles que acreditam em Deus e com tudo que remonta aos povos e costumes orientais. Expressa, portanto, a prepotência de grupos que se crêem superiores a outros grupos; o mesmo sentimento que justificou as invasões da América, a partir do século XV, a colonização da África do século XIX e,

mesmo, a campanha nazi-fascista, de meados do século XX. Um capítulo do estudo dos Direitos Fundamentais, na esfera jurídica, trata da ocorrência de Conflito entre Princípios. De forma bem sintética, quando dois princípios entram em conflito, num caso concreto, deve-se realizar um juízo de ponderação, aplicando-se aquele que deva prevalecer, conforme as circunstâncias. Humberto Ávila, no seu livro “Teoria dos Princípios”, propõe que, além destes, existem os chamados “metaprincípios”, espécies de “princípios dos princípios”, que deveriam servir de orientação ao intérprete da lei, no momento de avaliar, na prática, que princípio deve prevalecer, caso ocorra um conflito entre princípios. Transpondo essas duas ideias para o nosso contexto, identificamos a colisão de duas expressões do Princípio da Liberdade: a de expressão e a de culto e crença. E, considerando que nossa análise é espírita, não podemos desconsiderar aquele metaprincípio que nos orienta, em nosso esforço ético-cristão: o “amar ao próximo como assim mesmo”, materializado na fórmula de Confúcio, como “fazermos ao outro o que gostaríamos que o outro nos fizesse”. No caso Charlie Hebdo, o exercício da liberdade de expressão representava um atentado frontal, um desrespeito à liber-

dade de culto e crença dos mulçumanos. Naturalmente que, ao dizer isso, não estamos defendendo nem justificando a violência praticada e as mortes ocorridas; mas, tão somente, pontuando, como também o faz Leonardo Boff, no endereço eletrônico que, logo abaixo, indicamos, que os atos são compreensíveis, sobretudo, se consideramos que nos movimentamos, na esfera do humano, ainda preso às paixões e imperfeições que movem nossa existência física. Se lembrarmos, também, que a violência física é, apenas, uma forma de violência, também existindo outras de natureza verbal, sexual e, mesmo, patrimonial, por exemplo, compreenderemos que as atividades do jornal “Charlie Hebdo” materializavam atos de violência moral contra os mulçumanos e a fé islâmica. E, sendo válida a sabedoria popular, ao vaticinar que “violência só gera violência”, bem compreenderemos que os atos, ocorridos em Paris, são expressão da mais esdrúxula aplicação da Lei de Causa e Efeito, embora por meios tortuosos e não consentâneos com as Leis Divinas. Voltamos a dizer: não concordamos com os atos praticados pelos dois irmãos mulçumanos, mas, também, não nos alinhamos aos frontais e reiterados atos de desrespeito praticados pelo jornal francês. Por isso, afirmamos, com Boff: “Je ne suis pas Charlie”; isto é, “Eu não sou Charlie”. Sou partidário da paz, do amor e da renovação, mas, sobretudo, do respeito ao outro e do reconhecimento do outro, de ser ele mesmo, mesmo que bem diverso de mim. Como propõe Emanuel Levinas, em seu “A Ética da Alteridade”, devemos amar o outro, não por nos projetarmos nele, ou por querer que seja igual a nós, mas, exatamente, por ser “outro”, diferente, diverso. Devemos respeitar o outro, exatamente por ser o outro – nada mais. REFERÊNCIAS BOFF, Leonardo. “Eu não sou Charlie, je ne suis pas Charlie”. Disponível em: https://leonardoboff.wordpress.com/2015/01/10/eu-nao-sou-charlie-je-ne-suis-pas-charlie/. Acesso em: 26 jan. 15. SANTOS, Boaventura. “Charlie Hebdo: uma reflexão difícil”. Disponível em: http://cartamaior.com.br/?/ Coluna/Charlie-Hebdo-Uma-reflexao-dificil/32618. Acesso em: 26 jan. 15.

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na concepção espírita FÁTIMA ARAÚJO João Pessoa-PB

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período carnavalesco já traz, em si, a alegoria dos excessos, da gula e da irreverência, por conta das alusões ao Rei Momo − versão hodierna de Dionísio, o deus grego do vinho (Baco, para os romanos), que, na Antiguidade, vaticinava a fartura, durante a colheita, e simbolizava as orgias gastronômicas e sexuais, os bacanais. Momus, por sua vez, era o nome do deus romano do sarcasmo e da sátira, uma entidade burlesca, refletida até na Literatura, que comparecia, sempre, de máscara e empunhando um boneco grotesco, como símbolo da insanidade. O Carnaval é, também, chamado de folia (do francês folie), que significa loucura ou extravagância, sem prejuízo da razão. Encerra brincadeira e ilusão, fantasia, descontração ou alegria em excesso, como seja, algo aparentado com a inconsequência. Pode significar, ainda, “carne que nada vale”, no dizer do orador espírita Divaldo Franco, em recente palestra proferida na Federação Espírita Paraibana. Uma definição que alude ao que de mais primitivo o ser humano possui e projeta, em momentos de apologia às miragens terrenas, sem nenhuma menção à expressão tão desgastada:“a carne é fraca”, pois o corpo, jamais, será senhor da situação; porém, seguidor da circunstância do Espírito imortal. Para entendermos a inquietação que se opera, na Terra, durante festas populares como o Carnaval, precisamos lembrar que se trata de um planeta de provas e expiações, onde encarnam Espíritos, relativamente, atrasados, iniciando sua carreira evolutiva; alguns, ainda, com o ranço da barbárie. São Espíritos movidos por sensações e pulsões ainda grosseiras, que urgem ser extravasadas, posto que, ainda, não alcançaram a mensagem cristã referente a ”O Homem de Bem”, aquele que procura combater suas más inclinações; ou seja, “Estuda suas próprias imperfeições e trabalha, incessantemente, em combatê-las. Todos os esforços emprega, para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz, em si, de melhor, do que na véspera”. (in “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Capítulo XVII, item 3, Sede Perfeitos). Essas festas carnavalescas deveriam ser momentos para o Espírito expor, não necessariamente, um conteúdo nefasto, mas suas emoções mais profundas, de forma equilibrada. Mas, o fato é que, como são promovidas por seres tão imperfeitos, a maioria das festas excede seu objetivo de divertimento sadio e estampa as mais primárias emoções dos seus participantes. Isto, desde os tempos da Grécia antiga, de Roma e, igualmente, nos dias atuais, pois o homem é o 8 Tribuna Espírita • janeiro/fevereiro • 2015

mesmo, em qualquer tempo ou espaço, até que a era da Regeneração se instale e aprimore a espécie. Notadamente, aqui, reencarnamos, para ascender na escala evolutiva, resgatar os débitos e granjear subsídios espirituais benfazejos, como o amor, a solidariedade, o apoio ao próximo e o respeito diante das heterogeneidades. Por isso, nossa obrigação é desenvolver as faculdades superiores do Espírito, e não envergar uma moral “insanity” que possa atrasar o crescimento. Nosso dever é usar o livre-arbítrio, visando o cumprimento das responsabilidades; jamais, para atender a satisfações passageiras, em detrimento da felicidade perene, porquanto somos Espíritos eternos. Daí, o perigo de as pessoas se deixarem fascinar pela publicidade nefasta e optarem pelo abuso das ilusões e emoções desenfreadas, que as levam ao afastamento de Deus. Com efeito, todos aqueles que conhecem a Doutrina Espírita e sabem que os seres desencarnados exercem forte influência em nossas vidas (Questão 459, de “O Livro dos Espíritos”), são conscientes de que tudo é uma questão de sintonia. Por isso, durante o período carnavalesco, em que muitos foliões abusam do álcool, das drogas e de outras formas de viciações, é natural que os Espíritos inferiores pululem entre os encarnados, em busca das sensações mais libertinas! E a Terra ferve, nesse período, dando margem aos desastres físicos e emocionais que infelicitam as criaturas, destruindo casamentos, aniquilando jovens, arruinando famílias, entre outros males. Por isso, o verdadeiro espírita abraça a máxima: “Viver no mundo sem ser do mundo”; ou seja, viver em sociedade, conviver com o próximo, porquanto os semelhantes são oficinas de interação e aprendizado, rumo à verdadeira evolução. Mas, sem se abastardar, em meio às ilusões e sensualidades torpes! No mesmo fio de raciocínio, o apóstolo Paulo deixa claro, na Primeira Epístola aos Coríntios, 6:12: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”. Como a liberdade é essencial, a fim de que a responsabilidade possa desabrochar, podemos, como espíritas, conviver, sem temor, num mundo que, ainda, necessita de festas ilusórias. Apenas, não devemos desperdiçar nosso exíguo e precioso tempo, com futilidades; pois, enquanto Espíritos eternos, atualmente encarnados, urge que nos aprimoremos moral e intelectualmente!!!


Não Saiba a Vossa Mão Esquerda FLÁVIO MENDONÇA Recife-PE

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ssa máxima, ensinada pelo Cristo, não é novidade para nenhum de nós. Mas, a questão que devemos refletir é, se a compreendemos o suficiente, para praticá-la. No geral, ela está associada a nossa vaidade, a essa necessidade de ser reconhecido pelos atos que realizamos. Aliás, atos bons, que nos fazem destacados, positivamente no meio social, pois os negativos, geralmente, não os assumimos e, até, os escondemos, raras algumas poucas exceções. A sugestão do Cristo é que deixemos esse personalismo devorador que nos faz mais vaidosos, orgulhos e egoístas. O exercício de realizar a tarefa no bem, sem que os holofotes nos destaquem, é favorável às nossas necessidades espirituais, às novas conquistas do Espírito, se não, vejamos: quem dá sem interesse, ou seja, quem já conquistou a condição de não

se destacar, já tem, no ato em si, a recompensa da paz interior; ou seja, é feliz pela condição espiritual, e não, por parecer virtuoso, para o meio em que vive. Complementando essa máxima, Jesus diz: “o galardão já foi dado àquele que se fez destacado”. Ou seja, a recompensa foi o elogio, a aparência de virtuoso, o reconhecimento público que permitirá novas ascensões sociais, etc. Já, ao que faz por condição natural (não mostrando o ato para se destacar), esse já o faz, por ter atingido um nível de consciência que o deixa feliz, por estar cumprindo sua responsabilidade. Portanto, esse sábio ensinamento não se limita, apenas, a nos fazer “bonzinhos”, perante Deus, mas, sim, conquistar uma etapa superior na escala de valores. Não tocar a trombeta, quando fazemos o bem, significa ter

elevado nossa consciência, nossa condição espiritual. Pessoas espiritualizadas realizam tarefas, por terem consciência de suas responsabilidades. São pessoas que doam, porque têm em excesso. Já, aqueles que fazem, para chamar a atenção, são pobres de valores espirituais, pois, mostram que, ainda, precisam receber, ao invés de dar. A ideia é relativamente simples: Sendo Deus provedor de tudo, Ele só doa. Aquele que doa sem pensar em recompensas, está muito mais perto de Deus, e portanto, numa condição espiritual e moral superior. Como o objetivo é o progresso e a plenitude, essa máxima sugere um constante exercício de melhoramento espiritual. Logo, é uma orientação, um roteiro para a felicidade de quem a prática. Sejamos gratos a Deus e a Jesus por nos permitir acessar esse roteiro de luz! janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 9


Reflexões de um Médico Espírita - II GUILHERME TRAVASSOS SARINHO João Pessoa-PB

“Ninguém cruza o nosso caminho por acaso e nós não entramos na vida de alguém sem nenhuma razão”. Chico Xavier

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s correntes de pensamentos constituem uma poderosa força, construtiva ou destrutiva, para quem as emite. Delas, brotam saúde ou doenças. E, se transformadas em palavras, tornam-se uma força construtora ou destruidora, para os outros. Podem se transformar na força do amor que equilibra, que une, que eleva, ou no ódio, no rancor, na raiva, na ira, que desequilibra, que desune, que leva à violência e à destruição. Filtre, bem, os seus pensamentos e passe as suas palavras, nas “Peneiras de Hiram”. Cultive a bondade. É bom, ser bom. A bondade é irmã da caridade. A benevolência é inerente aos homens. Faz parte da genética espiritual. Está contida, nos ácidos nucleicos dos genes do espírito humano. Em milhões de seres humanos, esse gene se encontra, ainda adormecido, não despertou. Em muitos outros, que já se elevaram dentro da Espiritualidade Maior, ao longo dos séculos, encontra-se desperto, atuante. O homem bondoso é um Espírito de luz. Em todos os momentos e ambientes, há espaço para a bondade. Mesmo, nos horrores da guerra, no fragor da batalha, há homens que, num ato de bondade, arriscam a própria vida, para ajudar o inimigo. A história está cheia de casos de bondade. O ser humano traz a bondade intrínseca, pois nasceu para ser bom. Esteja, sempre, pronto a realizar o bem. Nunca se negue. A realização do bem é crescimento interior, crescimento espiritual. Você pode realiza-lo, em todos os momentos, em todos os lugares e das formas mais variadas: uma informação correta; uma orientação; um esclarecimento; uma palavra amiga; um gesto de amor e de carinho; uma ajuda material, por menor que seja; uma caridade; o dever cumprido, no

trabalho honesto; o respeito à Natureza e à vida de qualquer ser; a solidariedade, sempre. Não jogue fora a oportunidade de progresso espiritual que lhe bater à porta. Não perca, nunca, a chance de realizar o bem. A sua realização é a prática desinteressada do amor, em suas diferentes formas. É o ideal de humanidade, ensinado, durante séculos, por grandes homens, Espíritos iluminados que aqui encarnaram. Entre nesse time, há sempre vagas. O mau humor, a truculência, o pessimismo, o azedume, o sarcasmo são maus companheiros, para o dia-a-dia. São acompanhados de co-morbidades e intoxicam a alma, destroem a sua saúde e o tornam uma pessoa antipática e indesejada, que todos procuram, dentro do possível, evitar. Fuja do vazio existencial. Ele é produtor de enfermidades, como a depressão, e uma das causas da insanidade e do suicídio. Você veio ao mundo, com uma missão a cumprir. O vazio existencial resulta da perda de tempo e da inutilidade da pessoa, neste plano, e se pode evita-lo, sendo útil, no cumprimento dessa missão. O vazio existencial é preenchido com a solidariedade, com o trabalho, qualquer que seja ele, em prol das pessoas, sobretudo, das mais carentes. Quem ajuda aos outros, ajuda-se a si próprio. Você é o “próximo” beneficiado, ao dedicar-se aos outros, tendo uma vida de utilidade. A terapia que recomendo, como médico, para o vazio existencial, é a ajuda aos carentes, o trabalho em prol dos necessitados, é o amor ao próximo. É ser útil à sociedade. Não existe o acaso e nada por ele acontece. Você não é filho do acaso e nem está, aqui, por sua decorrência. Na excelência do Universo, não há lugar para o acaso. Tudo o que, assim, se denomina, tem, por traz, uma Lei que, ainda, não é conhecida pelos homens. Todo o Universo se estrutura em leis perfeitas. Cada coisa tem uma finalidade de existir, tudo tem um desígnio de acontecer. O filósofo neoplatônico Jâmblico, nascido na Assíria, em meados do século III, afirmava que não existe nem acaso e nem fatalidade. O que existe dizia: é uma justiça divina inflexível, inalterável. A Doutrina Espírita e as filosofias

antigas ensinam que não existe acaso e que toda causa tem um efeito. O Mestre de Lyon, Allan Kardec, Codificador da Doutrina Espírita, nos diz: “Todo efeito tem uma causa. Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito”.(“Revue Esprit”, Paris, jan/1858). Logo, todos nós temos um motivo para estarmos aqui. A Natureza, em sua perfeição, não iria perder tempo criando algo, por acaso, ou que fosse inútil. Não se martirize e não se atormente, pelos entes queridos que já se foram deste Plano. Eles não morreram, seguiram na frente, para a verdadeira pátria do Espírito. A Doutrina Espírita ensina e prova que ninguém morre. A morte não existe, é só um ritual de passagem, uma mudança de dimensão espaço-temporal. Filósofos e sábios de todas as eras sabiam disso. Zhang Zai (1020-1077), filósofo chinês ensinava: “uma pessoa, quando morre, torna-se espírito novamente, assim como o gelo derretido se torna água”. Ele chamava de “Qi”, o que nós, espíritas, chamamos de Fluido Cósmico Universal. E dizia: “Todo nascimento é uma condensação do Qi e toda morte é uma dispersão. O nascimento não é um ganho, a morte não é uma perda”... Os mortos estão bem vivos, à nossa espera. Os reencontros e separações acontecem lá e cá, do mesmo modo que acontece, no nosso dia-a-dia nesta vida. Pense neles com amor e carinho, com paz e tranquilidade. Nota da Redação: O autor é Médico, Mestre Maçom e Membro do Centro Espírita “Leopoldo Cirne” – João Pessoa-PB.


Tecla

A primeira mulher mártir do Cristianismo

MAURO LUIZ ALDRIGUE João Pessoa-PB

Não julgueis que vim trazer paz à Terra; não vim trazer-lhe paz, mas espada; porque vim separar o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e os inimigos do homem serão os seus mesmos domésticos. (Mateus, X: 34-36).

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s palavras do mestre Jesus, apresentadas pelo evangelista Mateus, parecem de uma agressividade e incoerência, frente ao seu ministério de ensinamentos, que aguçam a nossa compreensão. Dentre os muitos exemplos dos convertidos ao Cristianismo de antes e de hoje, convergem em essência, dentro deste alerta que Jesus apresentou. O Espírito Irmão José, através do médium Carlos A. Bacelli (2014), publica uma obra sobre a trajetória de vida de Tecla, uma jovem de família rica, vivendo na cidade de Icônio (hoje, Konia na Turquia), criada sem qualquer dificuldade material, cercada de servos, com um professor particular que fora contratado para orientar em sua formação. Seu pai Mésimo procurou adquirir pergaminhos e escritos, constituindo uma verdadeira biblioteca em sua residência, na qual Tecla passava boa parte de seu tempo, tendo contato com o pensamento dos grandes filósofos gregos, tais como Sócrates e Platão. Vivia uma vida de paz e harmonia. Sua índole caritativa e independente, não se afinava com o destino de uma dona de casa, como via em sua mãe, Teóclia. Mesmo pretendida em casamento e com o apoio dos pais, não se enquadra neste caminhar da vida. Por ocasião da visita de Paulo e Barnabé à cidade de Icônio, vai ouvi-los na divulgação dos ensinos de Jesus. Estabelece o seu processo de conversão ao Cristianismo, que a leva para a vida espiritual em idade longeva, após passar por diferentes testemunhos e martírios. Seu pai não aceita sua afronta contra o casamento e nem sua conversão ao Cristianismo. Levada diante do procônsul romano, pelo pai e pelo noivo, Tecla não aceita abjurar o Cristo, dando, assim, o primeiro testemunho de sua fé cristã. É condenada à morte, pela fogueira. Os bens de sua família são confiscados pelo Estado; sua mãe adoece e, em poucos meses, deixa a vida física. Tudo, pelo testemunho de sua fé a Jesus. Eis, aí, um exemplo de como uma família humana se desestruturou, pela convicção da conversão aos ensinos de Jesus. Ao reencontrar o pai, como um mendigo, ele lhe pede perdão, por não ter entendido a mensagem do Mestre e o alcance da fé de sua filha. Quanto ao suplício a que fora condenada, as labaredas da fogueira de Icônio não a alcançaram. Levada a Antioquia, por ordem do prefeito, para servir de espetáculo na arena, as feras que lá se encontravam não a molestaram. Sob a proteção de Abigail, a ex-noiva de Saulo de Tarso, deu seu testemunho de fé inquebrantável ao Nazareno e que tocou inúmeros corações. Finalmente, foi libertada.

Tecla chega a Jerusalém, para conhecer a Casa do Caminho e aprender mais sobre o Mestre Jesus. Encontra Simão Pedro, João e Tiago e, posteriormente, Paulo e Barnabé. Tem as primeiras oportunidades de pregar o Evangelho, pela compreensão e permissão do apóstolo Pedro, vencendo as resistências machistas de que à mulher não se permitia a pregação. Viajou, com Paulo e Barnabé, dividindo a pregação da Boa Nova, principalmente entre os corações femininos, indo estabelecer-se na região de Selêucida, às margens do Rio Tigre, e finalizou sua experiência reencarnatória, na gruta de Isáuria, no sul da Ásia Menor, trazendo no peito a marca do ferimento que sofrera às portas da Casa do Caminho, na incansável divulgação dos princípios cristãos, pelos quais ela a tudo renunciara na Terra. No plano espiritual, eis que Tecla vai encontrar o pai e a mãe, para auxiliá-los na caminhada evolutiva a que ela já havia alcançado. Assim, Jesus afirmou àqueles que o seguirem, que suas marcas serão para a eternidade e não para a vida material; eis porque falou da divisão dos valores materiais, para se ganhar o reino dos Céus. janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 11


Jesus e a Humildade IGOR MATEUS Natal-RN

“A humildade é virtude muito esquecida entre vós. Bem pouco seguidos são os exemplos que dela se vos têm dado. Entretanto, sem humildade, podeis ser caridosos com o vosso próximo? Oh! não, pois que este sentimento nivela os homens, dizendo-lhes que todos são irmãos, que se devem auxiliar mutuamente, e os induz ao bem. Sem a humildade, apenas vos adornais de virtudes que não possuís como se trouxésseis um vestuário para ocultar as deformidades do vosso corpo. Lembrai-vos daquele que nos salvou; lembrai-vos da sua humildade, que tão grande o fez, colocando-o acima de todos os profetas.” LACORDAIRE. (Constantina, 1863).

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á mais de 150 anos, o Espírito Lacordaire escreveu esta mensagem que integra o capítulo VII de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, e ela permanece extremamente atual, convidando-nos a refletir sobre o grande desafio de instituir essa virtude em nossas vidas. E, para isso, o autor espiritual nos relembra o exemplo do Mestre Jesus Cristo, Espírito de maior pureza que habitou o orbe terrestre, assim como o maior símbolo de humildade. Miremo-nos, no exemplo de Jesus. O Mestre dos Mestres, sempre, nos pregou a humildade, como a grande qualidade que todo servo de Deus deve buscar e, ele mesmo, exemplificou essa virtude, desde o seu nascimento, até os momentos mais difíceis do calvário. O Cristo poderia ter nascido como rei, repleto de pompas e circunstâncias; no entanto, sua chegada ao nosso planeta deu-se, em condições de miséria, e o seu primeiro leito foi uma manjedoura. Durante sua infância e mocidade, pastoreava, ajudava seu pai, José, na tarefa de marceneiro, mostrando-nos a importância 12 Tribuna Espírita • janeiro/fevereiro • 2015

do trabalho santificante, desde o início, e nos dando o exemplo, como sempre, para depois, ser o grande pastor de almas, e o grande artífice dos nossos destinos, aparando as nossas arestas e corrigindo as nossas imperfeições. No início de seu messianato terrestre, discutia, de igual para igual, com os doutores da lei, sobre os temas do mais alto conhecimento da época, transcendendo os limites de sua civilização, como grande antecessor das verdades universais. Poderia ter sido o maior dos maiores, na sociedade judaica, e ter tido os mais notáveis discípulos. No entanto, foi buscar, junto a homens simples, de trato rude, alguns deles simples pescadores, os seus alunos mais fieis que, no futuro muito próximo, converter-se-iam em verdadeiros pescadores de almas para Deus. Jesus Cristo, meus amigos, poderia ter, “do bom e do melhor”, numa sociedade bajuladora, cheia de pessoas que o honravam com palavras, mas que não o santificavam com atitudes. Orgulhosos, para aceitarem seus próprios erros, fingiam-se de santos, pensando enganar o Mestre. No entanto, seu repouso e suas refeições eram tomadas junto às pessoas simples e verdadeiras, na maioria das vezes, pobres, mas, sem que isso fosse uma regra, pois é preciso relembrar o exemplo de Zaqueu. Poderia ser, como os grandes de nossa sociedade, que só atendem as pessoas com horas marcadas e, muitas vezes, à distân-

cia, acreditando-se tão superiores, neste mundo. No entanto, o maior dos maiores, quando os seus discípulos espantavam as criancinhas que o buscavam, disse: “(...) deixai vir a mim as criancinhas” (Mateus, 19:14), simbolizando, com isso, que nos quer a todos, crianças espirituais que, ainda, somos, em busca de atingir as culminâncias da maturidade do Espírito. Sentia-nos a todos, sondava o secreto de nossos corações, e, mesmo os que não conseguiam chegar perto do Messias, recebiam-lhe a atenção fraternal. “(...) alguém me tocou” (Lucas, 8:46) – disse Jesus a seus discípulos, referindo-se à mulher que tocara suas vestes, procurando o seu refazimento íntimo. Alguns compreendiam que estavam diante de um Rei, mesmo que este Rei usasse os trajes mais simples, e fosse ele, a simplicidade em pessoa: “– Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e meu servo será curado.” (Mateus, 8:8) Sendo a personificação dos seus ensinamentos, certificou aos “pobres de espírito” as bem-aventuranças; sendo ele o grande exemplo de como é possível ser grande, fazendo-se pequeno. Sem alardes, e do profundo de sua humildade, espalhou-se pelo mundo, como nenhum outro homem foi capaz de fazer. É vivido e sentido, há mais de dois mil anos, e, sobre ele, pessoas do mundo inteiro falam, a cada segundo.


Entendendo e pressentindo essa realidade, quiseram apagar o divino Rabi da Galiléia, da história, pensando que, matando o homem, matariam o Espírito. Perseguido, Jesus Cristo não fugiu ao sacrifício. Humilhado, não se exaltou, em nenhum momento. Açoitado, foi firme no testemunho de sua fé, para mostrar aos homens do mundo inteiro, que sofrer, com o amparo de Deus, é padecer no paraíso. Poderia ter chamado os anjos do céu, para o salvarem; mas ele, o Divino Anjo, mostrou que a auréola da santidade, também, pode existir, na Terra, disfarçada,

sob a forma de uma coroa de espinhos. Foi esse o símbolo de realeza que preferiu usar, ele, que podia ter tido as maiores e mais belas coroas que o mundo ousasse imaginar. No limite das forças físicas, ensinou-nos a ir mais além; carregou a própria cruz, para nos mostrar que o verdadeiro cristão não pode abrir mão da tarefa que lhe é confiada, na Terra; e, no meio da multidão enfurecida, foi o exemplo do bem sofrer e do perdão maior: “– Pai, perdoa-lhes; eles não sabem o que fazem”. (Lucas, 23:34)

Este foi o exemplo do Cristo Jesus, para cada um de nós que vive neste plano. Sozinho e desamparado no mundo, abandonado pelos seus beneficiados, não olvidou a misericórdia do seu Pai; e, depois da sua trajetória de simplicidade e de amor, foi recebido pelos santos anjos do céu, ressurgindo, em Espírito e Verdade. Até hoje, e para sempre, Jesus nos mostra o caminho a ser seguido. Sem Jesus, uma flor tem mil espinhos! Com Jesus, um espinho, tem mil flores! E uma delas, definitivamente, se chama HUMILDADE.

Aclamação e Poder HÉLIO NÓBREGA ZENAIDE João Pessoa-PB

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oma dominava o mundo e os povos se curvavam diante da força do Império Romano. O Imperador detinha o poder e, para chegar lá, certamente, saíra vitorioso em alguma missão importante com relação a Roma. Além do reconhecimento do Senado, ser aclamado pelo povo, muito contava para ser Imperador de Roma. Mas, isso não significava dizer que viesse a representar, de fato, os interesses do povo, até, porque a História registra a prática de uma representação legítima pela manutenção do Império Romano e de si próprio, no poder, sobre qualquer outro interesse. Acontece que a concorrência para assumir o governo de Roma era muito acirrada e, enquanto crescia essa concorrência, declinava o Império. Manter esse Império significava muitas lutas. Mais batalhas vencidas significavam, também, maior número de concorrentes ao poder, dentre os militares vitoriosos e aclamados. Era o poder a preço de conquistas territoriais e de vidas humanas, ceifadas em batalhas que se sucediam umas às outras.

Roma conquistara muitas terras e muitos povos. Para governar Roma, em toda a sua extensão, o Imperador dominava essas terras e povos, garantindo, assim, as suas conquistas. Isso, pelo bem do Império e de si próprio, no poder. E, quando a Judeia estava sob o domínio do Império e governada por Herodes, nasceu Jesus. Jesus nasceu em Belém de Judá, fora da suntuosidade que dominava o Império Romano, numa noite clara, resplandecente de estrelas. Na simplicidade de um estábulo, foi posto numa manjedoura. Além de José e Maria, teve por companhia os pastores e os animais do campo. Jesus não foi Imperador Romano. Sequer, esteve em Roma. Não travou nenhuma batalha armada, nem se levantou, contra quem quer que fosse, pelo poder. Não se proclamou Rei. Nem era Rei, como insinuou Pilatos. Disse que o seu reino não seria deste mundo e assegurou que veio para dar cumprimento à Lei e o testemunho da Verdade. Declarou ser Caminho, Verdade e Vida, para o povo de Deus. Na sua presença, reinava o mais puro e legítimo amor cristão. Quando falava, era ouvido. Se aclamado, era por razões convincentes. Se seguido, era por uma relação verdadeira. Não fez vítimas. Ele é que foi crucificado. Deus, Nosso, Pai, nos abençoe.

janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 13


Intolerância e Preconceito DENISE LINO

Campina Grande-PB

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atentado terrorista à sede do jornal satírico “Charlie Hebdo”, no último 07 de janeiro, exige de nós, os espíritas, sérias reflexões à luz do Evangelho e da Doutrina Espírita. Creio que precisamos analisar, com isenção, o que significa o lema – “Je suis Charlie” – repetido, por multidões mundo afora, antes de sair repetindo-o, ingenuamente. Informados pela impressa ocidental, portanto uma imprensa, de modo geral, comprometida com grandes conglomerados econômicos e políticos, com interesses bem claros em exaltar que nós, os ocidentais, somos melhores e evoluídos, o que a maioria de nós sabe é que os mulçumanos são beligerantes, radicais e impiedosos. Há uma imagem comum, que homens de turbante e vestindo túnicas são, potencialmente, terroristas e que mulheres que usam a hijab são submissas. Todavia, o mundo islâmico é um mosaico, tal como o mundo cristão. Entre nós, há os católicos romanos, ortodoxos; os protestantes, das várias ramificações; nós, os espíritas, entre outros. Entre eles, também, diversas ramificações, inclusive os terroristas. Também, do nosso lado, há os que, em nome da fé, cometem e cometeram crimes hediondos. Mal comparado é, como se, de nossa parte, todos os de lá fossem terroristas e eles achassem que, do lado de cá, todos fossem pedófilos, dada à divulgação de crimes dessa natureza cometidos por clérigos. Posto esse mosaico, vemos que nele há uma peça mal encaixada: o terrorismo praticado por radicais extremistas, ligados ao Estado Islâmico − um califado autoproclamado governo de toda a fé islâmica, sem limites geográficos e que age, na base da força bruta e de métodos espúrios, como a degolação de infiéis, leia-se de estrangeiros ou dissidentes. Por enquanto, esse governo se espalha, por uma faixa 14 Tribuna Espírita • janeiro/fevereiro • 2015

de terra que vai do Iraque à Síria, com ramificações em todo o mundo, através da presença de mulçumanos dispostos ao combate, porque os radicais desconhecem as leis dos países onde cresceram ou se refugiaram e querem que suas leis religiosas prevaleçam, sobre as leis civis desses países. Em caso contrário, estão dispostos a matar e morrer, em nome do Profeta Maomé, numa interpretação que não encontra sustentação teológica nem diplomática. O terrorismo é ação sórdida que conspira contra todas as conquistas de paz, diplomacia e de civilidade já assimiladas pela humanidade. Não há como dizer, que não é grave ou não lhe dar atenção, através de mecanismos de inteligência policial que o coíbam. Joanna de Ângelis, no livro “Triunfo Pessoal”, define-o como “distúrbio coletivo” que só estrutura porque conta com a cooperação de indivíduos que “mantém-se agarrados a instintos primários, desprovidos de sentimentos nobres, portadores de estruturas esquizofrênicas que os fazem liberar forças hediondas do primitivismo que se impõe pela tirania, abraçando o fanatismo que o caracteriza como um indivíduo primário, que em função da sua estrutura psicológica mórbida, possui graves desvios da libi-

do, invariavelmente atormentado nas suas manifestações, com severos distúrbios das funções sexuais, ocultando o vazio existencial na exorbitância dos instintos agressivos1 nos quais se compraz.” E prossegue: “Frio emocionalmente, perverso, porque insano, não possuindo qualquer amor à vida, faz-se odiar, porque se sente incapaz de despertar qualquer sentimento de amor, desencadeando a erupção da selvageria interna, que o promove a uma situação de destaque, na qual tramita rapidamente, porque detesta a vida e todas as suas conquistas.... Incapaz de amar, porque se sente ancestralmente odiado, desenvolve perturbação do discernimento, por meio de cuja ótica as demais pessoas são todas adversários que devem desaparecer, quando ele também sucumbirá.” Lendo a descrição acima é fácil entender a intrínseca e conflituosa relação entre desejo de poder e intolerância propagada pelo terrorismo e pelos terroristas, para os quais, evidentemente, a mensagem de Jesus se mostra como único caminho de soerguimento, o que sabemos, dar-se-á depois. Todavia, o caso em pauta não tem, apenas, um lado. Há vários. Há, por exemplo, o lado da provocação promovida, sob o


manto da liberdade de expressão, pelo jornal francês. Para entender a questão, cabe informar que se trata de um jornal satírico; ou seja, uma publicação cuja pauta se caracteriza(va) pela perspectiva mordaz, picante, ridicularizando a tudo a todos e, não raro, dando a toda e qualquer notícia uma conotação sexual desviante. Para efeito de comparação, era, para a França, mais ou menos que o Pasquim foi, para o Brasil, na época da ditadura; porém, com muito mais escracho. Uma publicação que se tornou conhecida, depois que republicou charges ofensivas ao profeta Maomé, originalmente publicadas num jornal dinamarquês. Daí para frente, a temática mulçumana passou ser rotina na pauta, porque foi aquela que deu “ibope”. Ou seja, qualquer coincidência, entre viabilizar financeiramente o jornal e usá-lo, como meio de propaganda ideológica a favor de preconceitos, não foi mera coincidência. E viabilizou-se, porque tinha leitores. Assim, como o terrorismo se viabiliza, porque há gente disposta a levá-lo adiante. Esse parece ter sido o estopim que levou ao fato: preconceitos, constantemente, alimentados e reforçados, através de ações sociais. Sabemos, através da imprensa, do cinema e da literatura engajada, a dificuldade que estrangeiros têm de se inserirem no tecido social francês e no europeu, de modo geral. É histórico o preconceito contra estrangeiros, notadamente, negros, latinos americanos e muçulmanos pobres. Os jornalistas franceses do Charlie sabiam, sim, que suas charges eram ofensivas. Tanto que a publicação se autointitula(va) “jornal irresponsável2” e muitos jornais, do mundo inteiro, que têm mulçumanos entre seus leitores, não as republicavam, em respeito a eles. Durante a cobertura do atentado, vários informaram isso, em seus editoriais. Feita uma análise do caso, à luz da Lei de Liberdade3, verifiquei que a ação dos jornalistas franceses não encontra amparo, em nenhuma das questões. A título de exemplificação, transcrevo, aqui, a questão 826 de “O Livro dos Espíritos”. Kardec perguntou aos mentores: − “Em que condições poderia o homem gozar de absoluta liberdade? −Nas do eremita no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta.” Ou seja, é preciso lembrar que

a sociedade se organiza, em função de direitos recíprocos. Além dessa, também, a questão 839, na qual o questionamento é: “Será repreensível aquele que escandalize com a sua crença um outro que não pensa como ele?” E a resposta: “Isso é faltar com a caridade e atentar contra a liberdade de pensamento”. Logo, vemos que, no caso em pauta, escasseia a caridade e há, senão vários, pelo menos um escândalo, qual seja o de representar, em desenhos, o profeta Maomé, ato considerado inadmissível entre os mulçumanos. Trazendo, então, o lamentável episódio, para um exame à luz da mensagem de Jesus, vemos muitos outros aspectos complicadores que não isentam nenhum dos lados, pelos excessos cometidos. Lembramo-nos, particularmente, da sentença: Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas, a quem

não tem, até o que tem lhe será tirado (Mateus 25:29), quando trazemos à mente os jornalistas mortos. Todos eles famosos e bem instalados, no conforto do tecido social que os acolheu, todavia, levaram, às últimas consequências, a sua condição de representantes da liberdade de expressão. Lembramo-nos, também, da sentença:“Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas, ai daquele homem por quem o escândalo vem! (Mateus 18:7), quando nos lembramos dos terroristas que têm uma causa política a defender que é a da opressão internacional a que seu povo, sua história e sua religião são submetidos; mas, nada disso legitima tamanho escândalo, cujas consequências pessoais e sociais serão por eles assumidas, porque a “Lei de Evolução” não tem cotas. Profundamente consternada com o episódio, verifico nele uma raiz perniciosa que, também, tem suas sementes na nossa sociedade e que, somente, as almas lúcidas não a plantam ou a exterminam:

o preconceito e a intolerância. Em ambos os lados da questão em apreço há a presença demasiada desses filhos do orgulho e do egoísmo. Sobre o preconceito, Joanna de Ângelis afirma, no livro “Fonte de Luz”, que este é “chaga moral que ainda se demora no organismo social e deve ser combatido tenazmente. Gerador de conflitos, nos quais predomina a impiedade, responde pelas guerras destruidoras, nas quais povos e nações se atiram uns contra os outros, devorados pela volúpia da alucinação. Dividindo as pessoas e classificando-as sob padrões que as chancelam, a umas engrandecendo e a outras estigmatizando indevidamente, o preconceito racial, político, social, religioso, tem levado gerações volumosas à miséria, ao degredo e à morte infamante. Qualquer tipo de preconceito traduz atraso ético e espiritual.” Aplicando essa definição ao caso, saltam aos olhos preconceitos dos vários lados, alimentados pela intolerância e pelo desrespeito ao outro e à sua forma de expressão. Os atentados ao jornal e ao mercado judeu traduzem compreensões fanáticas de mundo e de vida. Mas, as charges também. Ambos devem ser rejeitados, veementemente, porém, pacificamente. O fanatismo, seja ele religioso ou de qualquer natureza, revela incapacidade de perceber, dialogar e de conviver com o diferente. Jesus foi alvo de inúmeras expressões de preconceito, a começar pelo fato de que as pessoas se perguntavam o que bom poderia vir de Nazaré (João, 1:46). Como Governador da Terra, venceu todas elas e legou à Humanidade o paradigma do Amor ao Próximo e, até, aos Inimigos; portanto, um paradigma de Amor e de inclusão. Nesta hora de dor da Humanidade, não consigo dizer, como a multidão, que sou Charlie, pois, esta palavra, ainda, está carregada de forte conteúdo ideológico; mas, consigo dizer aos vários lados envolvidos na questão, que Jesus é o caminho, e a verdade e a vida (João 14:6). E, também, a Liberdade! Sem Ele nenhuma causa se legitima. _____________ 1. Grifos da Mentora 2. Confira imagens na internet 3. Recomendamos a análise de toda a Lei, pois várias questões trazem importantes esclarecimentos sobre o tema. janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 15


Filhos e pais: rompendo nós e formando laços LEONARDO MACHADO Recife/PE

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eche os olhos, não sinta medo. Os monstros se foram, estão lá fora e seu pai está aqui, menino bonito. Belo menino, antes de ir dormir, faça uma pequena prece. Todos os dias e todos os caminhos vão ficando melhores, menino bonito. Pelo oceano navegando, mal posso esperar para ver você crescer, mas acho que precisamos ser pacientes porque ainda temos um longo caminho à frente; muito o que remar. O caminho é longo, mas por

enquanto... Para atravessar a rua segure a minha mão, a vida é assim, acontece enquanto você faz planos, menino bonito. Belo menino, antes de ir dormir, faça uma pequena prece. Todos os dias e todos os caminhos vão ficando melhores, menino bonito. Menino bonito, querido Sean...1 *** Estas palavras sensíveis certamente

expressam o que muitos de nós gostariam de ter escutado de seus pais, ou de ter falado para seus filhos. Curioso é notar que elas saíram justamente de um coração cicatrizado pela ausência paterna. E pior, massacrado pela presença inesperada do genitor reivindicando direitos de amor e de gratidão filial, justamente quando o pequenino, então crescido, ganhava fama internacional naquela que seria a maior banda de todos os tempos - The Beatles.

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John Lennon é daquelas figuras lendárias e polêmicas no cenário musical. Sem adentrarmos, porém, no mérito de seus posicionamentos, percebemos nele uma alma sensível que encontrou na arte a forma de sobreviver emocionalmente, sublimando algumas de suas encrencas internas. Assim, ele compõe a bela canção acima - Beautiful Boy (Darling boy). A segurança paterna que ele nunca teve e o afago que ele nunca ganhou são traduzidos em uma canção de ninar para acalentar o pequenino filho – Jan – e o pequenino dentro do homem John – inside the man, como ele canta em outra música de sua autoria. Óbvio que o passado de sua infância não foi apagado com estes versos. Nem mesmo o ressentimento foi silenciado facilmente com esta melodia. Entretanto, ao menos em uns minutos ele conseguiu quebrar o ciclo vicioso de repetição do erro paterno e inspirar outras pessoas do mundo todo a fazer o mesmo. *** Era uma vez um jovem estudioso – também John, mas brasileiro. De origem modesta, aprendeu desde cedo que através dos estudos conseguiria vencer na vida. Por isto mesmo, entregava-se horas a fio aos livros e aos cálculos, que tanto adorava. Seu pai, analfabeto, possuía aquele tipo de sabedoria que se adquire na vida. Por isto, mesmo sem saber escrever, desempenhava com maestria a função de garçom – sem nunca conseguir anotar um pedido ou usar o papel para fazer contas, nunca errou um pedido ou um troco. Alcoolista, porém, em várias ocasiões era extremamente grosseiro e injusto com os filhos. Com sua inteligência, John aproveitava também para ganhar uns trocados ensinando os colegas. Para tanto, muitas vezes, saia carregando a antiga louza de giz por quarteirões inteiros e só chegava tarde da noite, cansado e com os olhos vermelhos de sono. Nestas situações, seu pai alcoolizado e violento lhe dizia – “passou o dia todo na farra,

não é vagabundo?!”. Quando sóbrio, no entanto, o velho garçom era trabalhador, alegre e brincalhão. E, assim, provavelmente pela afinidade que John e seu pai tinham, o pequenino cresceu e registrou no seu psiquismo estas características virtuosas. E o que sempre chamou a atenção de todos que o cercavam era o fato de John nunca falar mal de seu velho e não guardar rancores. Por outro lado, o menino guardou as carências defeituosas do antigo garçom. Não conseguia afagar, conversar ou brincar com os próprios filhos quando estes eram crianças, e em muitas ocasiões era injusto com grosserias contra os mesmos. Somente muito tempo depois, quando estes começaram a se encaminhar na vida deixo o antigo lar, o pai John se abriu para a afetividade. John virou professor. Um excelente

professor. Escolhido como paraninfo de suas turmas por inúmeras ocasiões. Parte disto se dava pelo fato de, para além da exatidão dos cálculos, ele preencher a necessidade afetiva dos alunos com carinho, preocupação e mensagens de incentivo no final de suas provas. Sendo assim, mesmo sem saber, seus filhos sempre o buscaram. E o encontraram como professor – simbólica e literalmente falando. Deste modo, o silêncio das conversas foram preenchidos pelas falas do professor; a carência afetiva foram parcialmente acalentadas pelo carinho do professor. Desta maneira, embora menos poeticamente do que o John inglês, este Johan brasileiro igualmente conseguiu quebrar, ao menos em parte, o ciclo vicioso de repetir totalmente o erro paterno.

*** A relação entre pais e filhos, sem sombra de dúvida, é das mais complexas, imbricadas e encantadoras que se estabelece entre as pessoas. Entre a mãe e seus filhos nós a desatar e laços a apertar. Entre o pai e seus rebentos encrencas e sublimações a se desenrolar. A princípio, nós, enquanto filhos, tendemos a vislumbrar nossos pais como super-herois, totalmente aptos a nos proteger e fazer crescer. Esta visão é importante para a nossa formação psíquica. Até certa medida e até certo momento, porém. É preciso ir entendendo que eles são seres humanos. E, portanto, como nós, possuem as mesmas fragilidades. Portanto, é natural que eles não consigam preencher totalmente as nossas pendências internas e, em algumas ocasiões, até contribuam para a formação de outras. Sem sombra de dúvidas, há situações extremas. Em que pese isto, em muitas ocasiões, somos nós mesmos que escolhemos continuar fixados somente no defeito sem perceber as qualidades. Fazer esta movimentação, entretanto, é fundamental para que nós, filhos, enquanto pais/mães não entremos no cenário da paternidade/maternidade repetindo os mesmos papeis e padrões que decoramos quando criança, nem mesmo adotando outros radicalmente opostos de modo atrapalhado. Este movimento não anulará por completo as ausências internas. Mas é fundamental para a nossa saúde mental. Esta movimentação não mudará o passado. Mas será fundamental para a construção de uma perspectiva humana mais saudável. *** A propósito, João e Maria, amo vocês...

_________________ 1. Letra adaptada e traduzida da canção “Beautiful Boy (Darling Boy)” de John Lennon. janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 17


Envelhecimento – Quando a idade chega. MARCOS PATERRA João Pessoa-PB

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ara entender esse artigo devemos, a priori, entender o que é ser “idoso”, quando chegamos à chamada “terceira idade”? A meia idade é considerada, para alguns pesquisadores, em termos cronológicos, a vida adulta intermediária como sendo dos 45 aos 65 anos; assim, a partir daí, é considerado “idoso” ou “terceira idade”. Sabemos que envelhecer é um processo que, de fato, começa quando se é gerado e move-se, inexoravelmente, através de toda a vida. No entanto, depois dos cinquenta anos de idade, ordinariamente, o processo é acelerado. Várias mudanças ocorrem, na vida do homem, nessa idade. Essas mudanças se dão, na vida física, emocional, intelectual e social. Do ponto de vista fisiológico, o homem experimenta mudanças nos sistemas cardiovascular, digestivo, respiratório e nervoso; todas elas, com profunda repercussão no seu comportamento em geral. A isolação social e a solidão a que a pessoa idosa está sujeita, em muitos casos, são, grandemente, responsáveis, pelo senso de inutilidade comum às pessoas idosas. Deparamos, assim, com diversos fatores conceituais, entre eles destacamos: A idade, para o estabelecimento desta situação, não coincide, nem em todos os países, nem em todas as culturas; O envelhecimento é um fenômeno natural, inerente à finitude biológica do organismo humano; mas é um processo

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diferencial, em cada um de nós; Envelhecimento é: Cronológico – idade objetiva; Biológico – molecular, celular, orgânico, estrutural e funcional. À medida que as pessoas envelhecem, aumenta, de forma gradual, o risco de adoecerem e de ter dificuldades funcionais motoras e sensoriais (entre outras); os indivíduos sentem-se mais fatigados e tornam-se mais lentos. Segundo Mataix1 (2002), sob o ponto de vista funcional, velhice é quando se produz, pelo menos, 60% das funções fisiológicas atribuíveis à idade ou capacidade reduzida de manter a homeostase. O envelhecimento é uma preocupação que, sempre, esteve presente na história da civilização. Encontramos, podemos exemplificar, através dos textos do Antigo Egito, referências de 2.890 aC, de autoria do médico e arquiteto Imhotep. O símbolo da Medicina, originário da Mesopotâmia, o “Caduceu”, é representado por serpentes, que significam, também, a preocupação com o rejuvenescimento. Embora o envelhecimento tenha sido estudado, por muitos, no decorrer de nossa História, somente, como o livro “Gerontocomia”, de autoria do médico Gabriel Zerbi (1468-1505), que começaram a ser produzidos artigos e livros específicos sobre envelhecimento. Não há duvidas, quanto ao crescimento da população de idosos, em todo o

mundo, em termos de percentuais; hoje, já passa de 9%, o que dá 15 milhões de idosos, acima de 60 anos. Em 2020, a população mundial de idosos é estimada em 1,2 bilhões. No Brasil, a estimativa é de 30 milhões, e esse aumento na longevidade tem, como principais causas, os avanços tecnológicos, como vacina, remédios e equipamentos. Também, está havendo uma melhor condição de vida. A grande maioria dos idosos, hoje, mantém um estilo de vida ativo, aderindo à prática regular do exercício físico. “O aumento da expectativa de vida e do contingente de idosos é um fenômeno mundial. Os avanços médicos e tecnológicos vêm propiciando o aumento considerável, tanto na expectativa de vida da população, quanto na queda da taxa de natalidade” 2. Porém, ao se falar em envelhecimento, seria hipocrisia não ter consciência de que a morte é inevitável; e, nesse sentido, a religião pode ser um dos fatores mais importantes na vida de uma pessoa idosa, no sentido de ajustá-la ao processo do envelhecer e prepará-la para continuidade persistente do “eu”, significando que o “eu” deve desenvolver-se, rumo à maturidade, autopercepção, experiência que capacita a mente a projetar-se no mundo exterior e que resulta numa vida de atividade criativa; habilidade de mudar e modificar-se; capacidade de adaptação: habilidade de ter visão global da vida, que implica na aqui-


sição de uma compreensão, tanto da temporalidade, quanto da eternidade da vida. À luz dessa visão, a existência humana tende a ser vista, como um continuo, mais ou menos, independente do corpo “Material” e que faz, da realidade da morte, matéria secundária. A fé de um homem pode ajudá-lo, na formulação de uma filosofia de vida que determinará sua atitude, para com o seu próprio envelhecer e para com sua própria morte. Victor Hugo, brilhantemente, nos brinda com a frase: “Quando eu descer à sepultura, afirmarei, como muitos outros: ‘Terminei meu dia de trabalho’. Mas não posso afirmar: ‘Terminei minha vida. Meu trabalho começará, de novo, na manhã seguinte. A tumba não é uma viela; é uma passagem livre. Fecha-se, ao lusco-fusco; abre-se, ao romper da alva.” Para a Doutrina Espírita, o ciclo da vida se altera, consideravelmente: nascer, crescer, amadurecer, envelhecer, morrer e “renascer”. Eis o que nos diz o Espiritismo. A morte é, apenas, um momento no infinito de nossas existências. Essa afirmativa dá um golpe sério no conceito tradicional de morte. “Quando o Júri de Atenas condenou Sócrates à morte, ao invés de lhe dar um prêmio, sua mulher correu, aflita, para a prisão, gritando-lhe: “Sócrates, os juízes te condenaram à morte”. O filósofo respondeu calmamente: “Eles, também, já estão condenados”. A mulher insistiu no seu desespero: ‘Mas é uma sentença injusta!’ E ele perguntou: ‘Preferias que fosse justa?’ A serenidade de Sócrates era o produto de um processo educacional: a Educação para a Morte.”3

Na concepção espírita da vida, a morte não é morte; é, apenas, a passagem de um plano da vida para outro. “Kardec lembrou que, se somos seres humanos, de natureza espiritual, temos, também, o ser do corpo que, mesmo na metamorfose da morte, é vida e movimento. A concepção estática das coisas é uma ilusão sensorial. A Física atual abandonou a concepção material do Universo. Vivemos, em espírito e pelo espírito, desde a pedra até o anjo.”4 Sob esse prisma, lembramos a famosa frase no túmulo de Kardec: “Nascer, morrer, renascer ainda e pro-

gredir sempre, tal é a lei”. ______________ 1. Lawrence, N., Wooderson, S., Mataix-Cols, D., David, R., Speckens, A., Phillips, M., (2002). Decision aking and set shifting impairments are associated with distinct symptom dimensions in obsessive-compulsive disorder. Neuropsychology, 20(4), 409-419. 2. Freitas, E. V. (2004) Demografia e epidemiologia do envelhecimento. In: L. Py, J. L.Pacheco & S. N Goldman. Tempo de envelhecer: percursos e dimensões psicossociais. pp. 19-38. Rio de Janeiro: Nova Editora. 3. PIRES. J. Herculano. Educação para a Morte. São Paulo, Correio Fraterno do ABC, 1984. 4. PIRES. J. Herculano. Ciência Espírita e suas Implicações Terapêuticas. Paideia, São Paulo, 1981.

Jesus e o Mundo A

inda que sob as condições mais excruciantes, é no mundo que encontramos a Escola abençoada das almas, a oferecer-lhes possibilidades de avançar para o Grande Senhor. É nas veredas do mundo que cada qual de nós, através das múltiplas existências, vai construindo a sua bagagem de aprimoramento, de progresso, que nos capacitará para o alcandoramento no rumo das estrelas. É no mundo, onde temos ensejo de chorar e de sofrer, que encontramos a estação que nos permite o jubilo e o sorriso, quando se fazem conquistas reais de nossas almas, a caminho da ventura sem fim. Todos os tormentos são atribuídos ao mundo. Entretanto, não pensamos que o mundo é essa querida Escola, e que os alunos néscios ou inconsequentes são aqueles que tornam a vida no planeta

amarga ou desafortunada. Se é no mundo que achamos motivos para o pranto e defrontamos carências de todos os tipos, e impedimentos, também é aqui onde deparamos a “escala de Jacó”, capacitando-nos a subir e a amadurecer, em espírito, logrando o sentido da felicidade. Convenhamos que não foi sem motivo profundo e grave que o Amigo da Cruz se dirigiu ao Pai Celeste, dizendo, ao referir-se aos Seus, que ficariam internados nos limites terrenos: - “Pai, não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal”, consoante as anotações atribuídas ao Apóstolo João, no versículo 15 do seu capítulo 17, oferecendo-nos razão para aturadas meditações acerca da nossa relação com o mundo. Do Livro “Vida e Mensagem”, Editora Frater, psicografado por Raul Teixeira, pelo Espírito Francisco de Paula Vitor janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 19


Parcerias MARCELO H. PEREIRA Florianópolis-SC

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alavra muito em voga nos dias hodiernos, parceria significa “reunião de indivíduos para a exploração de interesses em comum”. Em nosso cenário social, as parcerias têm se mostrado como medidas eficazes, no sentido da resolução efetiva de inúmeros problemas existentes em nosso modelo associativo. Assim sendo, sempre que uma pessoa, instituição, ou até mesmos segmentos organizados da sociedade entendem que a soma de esforços – com a consideração positiva dos componentes e valores individuais do outro – é necessária, investe-se na conjugação de esforços, na formação de consórcios ou parcerias. Em termos políticos, mormente em períodos de crise, buscam-se alternativas em nível de colegiado, mediante a distribuição de poder, deixando de lado posturas arrogantes e prepotentes em busca da solução viável, num menor espaço de tempo e com a menor sangria possíveis. Os últimos resultados dos pleitos eleitorais representam tal ressignificação, numa aliança imprescindível, para o equacionamento das grandes questões sociais do nosso presente. Outros exemplos podem ser resgatados. O mais evidente, nesta seara, pode ser materializado na situação dos mutirões. Pavimentar uma rua, edificar um centro social ou uma praça de esportes, ambos públicos, ou construir moradias populares, têm sido os casos mais evidentes de parcerias entre pessoas e órgãos públicos e/ou privados, que conduzem, a médios e longos prazos, à melhoria das condições de vida de inúmeras pessoas. Nas instituições espíritas, também, podemos relembrar situações onde era necessário ampliar ou reformar os prédios e, como escassos eram os recursos, o grupo participante resolveu por reunir-se,

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nos horários de folga, principalmente nos finais de semana, para realizar tais intentos. E o resultado? Uma beleza! Fruto da colaboração de muitos interessados... Todavia, o alcance de nosso ensaio não é o da construção física, na materialidade de nossas ações individuais ou coletivas. Exorbita tal aspecto, permitindo-nos a digressão acerca da construção intelectual e moral que, em muitos casos, irá gerar ações materiais, é claro! Falamos, por oportuno, nas parcerias entre os espíritas, os quais, muitas vezes, envolvidos nas questões locais, no dia-a-dia de sua instituição, absortos em problemas de variados matizes, deixam de promover ações conjuntas com membros de outros grupos ou instituições, na realização de tarefas que resultem no crescimento real do movimento espírita. É o que pretendem, amiúde, a ABRADE e a CEPA. Tanto a Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo como a Confederação Espírita Pan-Americana acreditam, firmemente, na noção de que a soma de esforços é o melhor caminho para a apresentação de um projeto espírita de promoção da felicidade humana e da garantia da preservação do nosso meio-ambiente. Por isso, entendem e insistem na abertura de um diálogo constante, investindo nas semelhanças conceituais e ideais entre tais organismos, deixando de lado as possíveis (e necessárias) diferenças teóricas, estruturais ou organizacionais que caracterizam cada modelo. Num projeto mais amplo, pretendem dialogar entre si (e com os outros segmentos do movimento espírita), dentro da noção de alteridade, onde a convivência com total respeito ao outro, estabelecendo a possibilidade de ouvi-lo, entendê-lo e amá-lo, conhecendo as diferenças, é a tônica. Tal projeto, em nível estrutural, possibili-

ta a aproximação com todas as correntes ou vertentes do Espiritismo, estejam elas oficialmente ou não nominadas e estabelecidas. É, por isso, que a ABRADE, por exemplo, mantém canais de comunicação abertos com todas as instituições oficiais e não-oficiais da Doutrina Espírita em nosso país, citando-se, por exemplo, a Federação Espírita Brasileira (FEB), a Associação Médico-Espírita do Brasil (AME-Brasil), a Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas (ABRAME), o Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB), a Cruzada dos Militares Espíritas, a Associação Brasileira dos Psicólogos Espíritas (ABRAPE), entre outras. Além destas, está aberta à comunicação com todas as adjetivações espíritas conhecidas, compreendendo os roustanguistas, os armondistas, os livres-pensadores, os ubaldistas, bem como os apômetras, os laicos e os religiosos, para citar os principais. Não há, pois, nenhum dono ou senhor do Espiritismo e, tampouco, nenhuma relação de dependência ou subordinação entre aqueles que se reúnem sob os aspectos e fundamentos básicos da Doutrina Espírita. Diferenças conceituais ou de interpretação de alguns tópicos não podem ser levadas a efeito, para menosprezar, diminuir ou impor barreiras ao projeto de melhoria social que o Espiritismo enquadra. E, bem mais que isso, é fundamental e imprescindível investir na formação de parcerias fora do âmbito espírita, na sociedade, com grupos ou instituições que tenham como meta a valorização do homem e/ou a resolutividade dos problemas existenciais e sociais. Tal é o compromisso maior do Espiritismo, concordante com a proposta de aperfeiçoamento da sociedade, epigrafada no item 768 de “O Livro dos Espíritos”. Em suma, dialogar com (e na) sociedade, ensinando e aprendendo, numa via de mão dupla.


O casamento não deu certo OCTÁVIO CAÚMO João Pessoa-PB

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ia destes, fomos convidados para uma festividade de fim de ano em uma clínica de nossa cidade. Entre as muitas brincadeiras, havia uma em que as pessoas depositavam numa urna um papel onde estava escrito, sem identificar-se, o que mais as faziam sofrer. Logo depois, cada um dos presentes retirava um desses papéis e poderia opinar sobre o problema daquele anônimo, comentando ou dando conselhos. No papel que tiramos da urna, alguém havia escrito: “o casamento do meu filho não deu certo.” Para descontrair e amenizar o tom de seriedade do problema, perguntamos: - Alguém aqui conhece algum casamento que deu certo? Depois de risos, embora estivéssemos falando sério, prosseguimos. O casamento é um contrato social entre duas partes com o mesmo objetivo, ou seja, ser feliz. Ninguém vai para esse tipo de união, com a séria intenção de proporcionar ao outro toda felicidade na relação. Ora, se um vai para ser feliz ele mesmo, por que o outro não tem o mesmo direito? É a aplicação prática do egoísmo humano que pode ser medido até nas frases mais corriqueiras: “Diz que me ama”. “Eu preciso tanto de você.” No desencarne, o clássico comentário: “Não podia ter feito isso comigo.” “O que vai ser de mim, agora, sem ele?” Não cogitam de saber o que vai ser dele, ou dela, após a morte, mas a parte está preocupada, apenas, porque agora terá de carregar o fardo sozinha. O casamento, com todo respeito, é um mal necessário. Assim como um dia nossos pais nos trouxeram ao mundo, temos de fazer o mesmo com outros Espíritos, até como reconhecimento e retribuição à vida

pela oportunidade que tivemos. Nunca dá certo, mas sempre dá certo! Não dá certo, como imaginamos, ou seja, um mar de rosas, sem percalços, sem desentendimentos e sem infelicidade. Mas, isso não existe no mundo, em nenhuma circunstância, quando se reúnem duas ou mais pessoas neste mundo de provas e expiações. “Onde há homens, há desentendimentos”, ensina um velho adágio. Não podemos negar, todavia, que, com o casamento, fazemos grandes exercícios para a aquisição de virtudes. Se pensarmos, um pouco, no bem do outro, exercitaremos o amor ao próximo; se relevarmos alguns defeitos do parceiro, aprenderemos de paciência; se já compreendemos que somos reencarnantes contumazes, teremos resignação, diante da difícil relação, porque desconhecemos as implicações do passado. O que fazemos, recebemos; e se tivermos capacidade para suportar as dificuldades, sairemos da empreitada com galardão. Durante o casamento, o Espírito faz muitos aprendizados intensivos. Como mães, serão a nutricionista, a professora, a psicóloga, a empregada, a motorista, a enfermeira, além de atributos esporádicos a que são chamadas a exercer. Como pais, seremos o economista, o conselheiro, o mantenedor, etc., sempre correndo o risco, mães e filhos, de fracasso. O que der certo é lucro, porque, na maioria das vezes, a novela termina com a mesma indagação: “Onde foi que eu errei?” Nos dias atuais, neste conflito de gerações, quando cada década corresponde a séculos dos períodos medievais, pais e filhos vivem muito distantes uns dos outros e, por mais que os velhos tentem acom-

panhar a velocidade do desenvolvimento mental e tecnológico, não conseguem. Perdemos, hoje, para os “celulares”, os “tablets”, os “notes” e todos os “games” com seus mais variados apelidos. Quer falar com filho? Manda convite para o “face”! Você será mais um entre os milhares de amigos virtuais e, talvez, eles deixem você compartilhar as ideias deles e, talvez até, acabem aceitando as suas. Pelo menos, você terá mais possibilidade de ser ouvido, quando conversa por meio da tecnologia. Na mesa do almoço ou jantar, o diálogo é quase impossível. O “WhatsApp” toca, a cada segundo, e espera resposta imediata; quando não é por mensagem de voz. Nem tente interromper, porque você será odiado. Neste item, nasce mais uma fonte de desentendimento, entre o casal, porque a mãe dirá, com o coração especial que ela tem: “Deixa a menina!...” “Ela está na idade de conviver com as coleguinhas...” E o pai defenderá o filho varão que precisa estar inserido no contexto social junto dos amigos... Na mesma reunião mencionada no início, uma senhora falou, depois, e fez uma declaração de amor ao esposo, com quem está casada há cinquenta anos. Surpreendeu-se, quando eu disse que casamento nunca é partida ganha. E, mais ainda, quando eu disse que era viúvo há dois anos, depois de ficar casado por cinquenta e quatro anos; e com a mesma mulher, um detalhe importante. Deu certo o meu casamento? Tivemos um filho, crescemos, financeira e espiritualmente, pelas tarefas que realizamos em favor de terceiros, fizemos amigos e tivemos desentendimentos, envolvendo familiares, sogro, sogra, cunhado, etc., como acontece em qualquer família. Penso que o saldo foi positivo, porque cada um, individualmente, teve seu crescimento. Mas, poderia ter sido melhor e mais agradável, se pensássemos um no outro mais do que fizemos. Em antiga entrevista na TV, uma repórter perguntou a uma senhora casada há sessenta anos, qual era o segredo para uma união tão duradoura. Ela, serenamente, respondeu: “É porque nenhum dos dois teve coragem de pedir o divórcio!...” Alguém duvida que haja milhões de casos como esse? Quem pensar que somos contra o casamento, engana-se. A família, com todas as suas falhas, ainda, é a célula mais importante da sociedade. Mas, quem quiser que seu casamento dê certo, faça sua parte, sem exigir o mesmo do outro. Prepare-se para dificuldades, porque esse mar de rosas que une almas gêmeas, ainda, não é deste mundo. Somos todos imperfeitos, orgulhosos, egoístas, insatisfeitos e melindrosos. O resultado da união de dois seres, nessas condições, não pode ser efetivamente glorioso. Mas, se houver respeito, está bom! Boa sorte aos novos candidatos; e que Deus proteja os atuais! A todos um Feliz 2015! janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 21


Pedi e Recebereis SEVERINO CELESTINO João Pessoa-PB

Pedi e recebereis, buscai e achareis, batei e se vos abrirá. (Mt 7:7)

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uitos cristãos pensam que, basta pedir, para receber. A maioria procede desta forma, tomando por base o sentido literal desse versículo de Mateus. No entanto, necessitamos refletir sobre o que Jesus fala, em Mateus 6:6, que devemos orar a Deus, em silêncio, porque, em silêncio, Deus nos recompensará e que, antes de pedirmos qualquer coisa, Ele já sabe do que precisamos. Assim, com base no princípio de que Deus já sabe do que precisamos, não é necessário pedir nada, relacionado com as nossas necessidades pessoais, para Ele. Sendo assim, o que devemos, então, pedir a Deus? O que temos pedido a Ele? Por quem temos feito as nossas orações? Ouvimos algumas pessoas comentar que fazem seus pedidos a Deus e, às vezes, não são atendidas. Outros, ao contrário, falam de uma maneira muito particular, pessoal e possessiva e se expressam assim: “tudo o que peço a meu Deus, ele me atende”. É uma forma muito egoísta de entender ou se referir a Deus. Deus não pode ser propriedade particular de nenhum de nós. Ele é universal, absoluto e inominável; nunca, de caráter pessoal. O Espírito André Luiz, na obra “Os Mensageiros”, através da psicografia do nosso querido Chico Xavier, afirma que “quem não sabe agradecer, não sabe receber e, muito menos, pedir”. Isto representa um importante alerta, para todos nós. Jesus nos orienta, sobre a forma de orar. Ele esclarece que devemos ter humildade, na oração, e nos brinda com a bela parábola do fariseu e do publicano que foram ao Templo de Jerusalém, para orar. Concluindo, com o sublime ensinamento que se tornou o conhecido proverbio: “quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado”. (Lucas 18:9-14). No hebraico, existe o verbo que se denomina “HITPALEL”, com o significado de ORAR, e o radical “PALEL” significa, na verdade, JULGAR A SI MESMO. Assim, a nossa oração ou prece deve ser um autojulgamento ou uma análise do nosso interior. Os orientais não oram, meditam. É um estilo de introspecção que, sempre, foi utilizado pelos grandes vultos espirituais da humanidade. 22 Tribuna Espírita • janeiro/fevereiro • 2015

A prece judaica é classificada, no Sidur (livro de orações judaicas), em quatro tipos básicos: PEDIDO, AGRADECIMENTO, LOUVOR A DEUS E INTROSPECÇÃO. Todos os tipos, aqui citados, se equivalem em importância. Não existe um tipo considerado superior ao outro. Cada um tem sua importância, pela sintonia que ele nos remete a Deus. No entanto, a maioria das pessoas só reconhece a existência do primeiro tipo de prece, aqui citado, o de PEDIDO. E, com certeza, é o mais utilizado, pela maioria das pessoas. Somos, sempre, seguidores do sistema ocidental de oração, cujo costume é PEDIR, sempre. E, naturalmente, a maioria só pede, por si mesmo e pelos seus. Lembremos que Jesus fala que, se pedirmos, receberemos; mas, o pedido deve ser pelo OUTRO, porque, quanto a nós, Deus já sabe do que precisamos e do que merecemos. (acréscimo nosso). Existe um lugar especial, para se orar? Claro que não. Você pode entrar em contato ou sintonia, com Deus, em qualquer local, desde que você se concentre, buscando o bem e esteja sintonizado com Ele. Lembre-se: a maior oração de todos os tempos, “O Pai Nosso”, foi recitada por Jesus aos seus discípulos, em uma gruta existente no Monte das Oliveiras. Um local humilde, sem nenhum conforto ou suntuosidade. Não foi, em catedrais ou templos luxuosos. Como consequência daquele acontecimento, existe, naquele local, atualmente,

o “Pai Nosso”, em 106 idiomas, registrados em placas de mármore. Vamos utilizar a oração do “Pai Nosso”, que retiramos do hebraico, idioma litúrgico dos judeus e traduzimos. Faremos uma aplicação do texto, traduzido direto para o português e faremos uma comparação com os tipos de preces existentes no livro judaico. Lembrando que Jesus, como judeu, conhecia e utilizava as bases do judaísmo em seus ensinamentos. Depois de apresentar a nossa tradução, faremos os comentários, à luz dos conhecimentos judaicos. O Pai Nosso: Pai nosso dos céus, Santo é o Teu Nome. Venha o Teu Reino Tua Vontade se fará, na Terra, como também nos Céus. Dá-nos, hoje, parte do pão. Perdoa os nossos erros, quando tivermos perdoado os erros dos que nos ofenderam. Não nos deixe entregues à provação. Porque, assim, nos resgatas do mal. Amém. Analisemos esta prece, dentro dos quatro tipos citados acima, comparando com os ensinamentos de Jesus: Pai nosso: A prece inicia com um reconhecimento da proteção paterna de Deus. Observe que Jesus não nos ensinou a dizer MEU PAI, o que seria um egoísmo; mas, Pai Nosso. Significa pai de todos NÓS; portanto, igualdade, humildade e justiça. Perante Deus, somos todos iguais. Dos Céus: Céus é uma palavra que, na língua hebraica, não existe no singular. Assim, Jesus nos ensina a compreender que Deus é senhor de todo o Universo. Onde quer que exista um planeta, haverá um céu e Deus está em todos, pois é Senhor absoluto, criador e possuidor de tudo. Santo é o Teu Nome: Aqui, temos um LOUVOR a Deus. Reconhecimento de que o seu nome é e será, sempre, SANTO, sublime, divino, supremo e inominável. Venha o Teu Reino: Surge, aqui, o primeiro PEDIDO da prece; no entanto, é um pedido pelos outros, nada particular ou pessoal. Venha o Teu Reino, indistintamente, para toda a tua criação; não só, para nós os seres humanos; mas; também; para os animais, as plantas, as aves, os rios, os peixes e os seres unicelulares. Podemos afirmar que se trata de um PEDIDO universal; pois, se o reino de Deus desce sobre toda sua criação, não faltará mais nada, para aqueles que são frutos de sua obra. Tua Vontade se fará na terra como tam-


bém nos céus: Temos uma INTROSPECÇÃO, seguida de uma submissão. É uma reflexão interior, onde se chega ao reconhecimento e à humildade, diante da grandeza da vontade de Deus, que é plena de amor e misericórdia. Quando nos colocamos em sintonia com Deus, humildemente, nos submetemos a sua Divina Vontade. Dá-nos, hoje, parte do pão: mais um PEDIDO geral e não pessoal, para que todos tenham o alimento do corpo. O pão é sagrado, no Judaísmo. O próprio Jesus se intitula o “Pão da Vida”. O pedido é, só para hoje, parte do pão, para que aqueles que não tenham esse pão, possam receber, do que nos sobra. Ele nos fala, para não nos preocuparmos com o dia de amanhã. “Olhai as aves dos céus e os lírios do campo”. (Mt. 6:26-31). Assim, o pão de hoje é suficiente; o dia de amanhã Deus proverá. O importante é que todos tenham o pão, a cada dia. Perdoa os nossos erros, ou culpas, ou ofensas: Mais um PEDIDO que é dirigido, em nome de todos. Pedido, para que Deus perdoe as nossas transgressões. Uma vez que, nem Deus nem Jesus se ofendem conosco, seus filhos, Eles não têm motivos nem necessidade de nos perdoar. O melhor significado desse enunciado é que Jesus está nos ensinando a pedir desculpas e perdão aos que nos cercam. Na sequência, aparece a condição, para que sejamos perdoados.

Quando tivermos perdoado o erro ou a culpa dos que nos têm ofendido: Esta é a condição, para obtermos o perdão. Já havermos, antes, concedido o perdão a todos; assim, obteremos o nosso. Só entraremos, no Reino das Bem Aventuranças ou mundo Espiritual, quando ninguém dever nada a ninguém. Todos estiverem, em paz entre si. Lembre-se da recomendação de Jesus: “Apressa-te em reconciliar-te com o teu irmão, enquanto estás a caminho com ele”. (Mateus 5:25). Este é o Pedido mais importante do “Pai Nosso”, e Jesus nos convoca a nossa concessão, antes de necessitarmos dele. Se você perdoa, naturalmente, receberá o perdão. Nem precisa pedir, porque Deus nos

Painel Espírita

E

concederá, naturalmente, aquilo que já oferecemos aos nossos irmãos. E não nos deixe entregues à provação: o último PEDIDO da oração feito a Deus, por todos nós que passamos por provações, para que, durante elas, não estejamos sós. Porque, assim, nos regatas do mal: Aqui, temos uma INTROSPECÇÃO. Com a realização de todos os tipos de preces existentes, Jesus nos ensina a refletir, sobre suas sacras palavras de enlevos, para uma boa sintonia com Deus. Amém: submissão, humildade e concordância, com a vontade de Deus. Como podemos observar, Jesus nos ensinou a orar pelos outros, com humildade e total predisposição ao perdão. “(...) e orai pelos que vos perseguem e vos maltratam” (Mt.5:44). É necessário estar bem sintonizado com o Bem e com o Amor, para praticar tudo isto. Francisco de Assis, o grande mestre do bem, nos exemplifica como orar, pedindo a Deus que o fizesse um instrumento da PAZ. E sua inconfundível prece tornou-se universal e reconhecida, no mundo inteiro, como um exemplo de alguém que se tornou, humildemente, desejoso de ser um instrumento de Deus. Procuremos imitar suas luminosas palavras. Pronunciemos, também, o nosso AMÉM, para ele. E que, assim, seja!

ELMANOEL G. BENTO LIMA João Pessoa - PB

Influência do Meio nas Manifestações

quivoca-se quem pensa ser necessário ter mediunidade, para atrair os seres do mundo invisível. Incessantemente, nós os temos ao nosso redor, vendo-nos, observando-nos, participando de nossas reuniões ou fugindo de nós, conforme os atraiamos ou os repilamos. A mediunidade não é para isto. Ela é, apenas, um meio de comunicação. Segundo o que temos visto, quanto às causas de antipatia ou de simpatia dos Espíritos, facilmente, se compreende que devemos estar rodeados pelos que têm afinidade por nosso próprio Espírito, conforme seja ele elevado ou degradado. Consideremos, agora, o estado moral do nosso planeta e compreenderemos qual gênero de Espíritos que devem dominar entre os Espíritos errantes. Se considerarmos cada povo em particular, poderemos julgar, pelo caráter dominante dos habitantes, por suas preocupações, por seus sentimentos, mais ou menos, morais e humanitários, das ordens de Espíritos que, aí, se encontram de preferência. Os Espíritos não passam de almas desprendidas dos corpos e que levam consigo o reflexo de suas qualidades e de suas imperfeições. Serão bons ou maus, conforme o tenham sido, exceção feita daqueles que, tendo deixado no fundo do alambique terreno as suas impurezas, elevaram-se acima da turba de Espíritos imperfeitos. O mundo espírita não é, na realidade, senão, um extrato

quintessenciado do mundo corpóreo e que deste contém os bons e os maus odores. Partindo desse princípio, imaginemos uma reunião de criaturas levianas, inconsequentes, absorvidas em seus prazeres. Quais serão os Espíritos que, aí, se encontram, preferencialmente? Com certeza, não serão Espíritos Superiores; da mesma forma, não serão os nossos cientistas, nem os nossos filósofos que, aí, iriam por passatempo. Assim, toda vez que algumas pessoas se reúnem, têm consigo uma assembleia invisível que se afina com suas qualidades ou com os seus defeitos, abstração feita de qualquer ideia de evocação. Adiantamos, agora, que eles tenham a possibilidade de entreter-se com os seres do mundo invisível, através de um intérprete, Istoé, de um médium. Quais os que responderão ao apelo? Evidentemente, aqueles que lá estão, prontinhos, e que, apenas, buscam uma ocasião para comunicar-se. Se, numa reunião fútil, for chamado um Espírito Superior, ele poderá, até, vir e, até, dizer algumas palavras sensatas, como um bom pastor irá ao meio de suas ovelhas desgarradas. Mas, desde que veja não ser compreendido nem escutado, vaise embora, como o faríeis em seu lugar. Então, os outros têm o campo livre, para suas “traquinices”. (Fonte: Trecho simplificado e adaptado do Cap. VII do livro “Instruções Práticas”, de Allan Kardec, tradução de João Abreu Filho, Editora Pensamento.)


o princípio da fraternidade faz é podermos, através da piedade, nos solidarizarmos, com o sofrimento do outro, e ajuda-lo a enxergar novas perspectivas, para solucionar o problema.

“665. Que se deve pensar da opinião dos que rejeitam a prece em favor dos mortos, por não se achar prescrita no Evangelho?”

Arrependimento WALKÍRIA LÚCIA João Pessoa-PB

“664 – É útil orar pelos mortos e pelos Espíritos sofredores e, nesse caso, como nossas preces podem proporcionar-lhes alívio e abreviar seus sofrimentos? Têm elas o poder de dobrar a justiça de Deus?” A prece não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus, mas a alma pela qual se ora experimenta alívio, (...), pela prece, provoca-se o arrependimento e o desejo de fazer o que for preciso para ser feliz. (...) Esse desejo de melhorar-se, excitado pela prece, atrai, antes de Espíritos sofredores, Espíritos melhores que vêm esclarecê-lo, consolá-lo e dar-lhe a esperança. (...)” — O Livro dos Espíritos. O que é a prece? É um ato de ligação com o Pai, procurando estar de acordo com as Leis Divinas. Momento no qual poderemos agradecer, glorificar ou pedir algo. No normal, utilizamos mais o último: pedir. A prece representa um momento de introspecção, em que nos desnudamos, perante a Divindade, e nos mostramos tal qual somos. O conhecimento de quem somos facilita este momento. Assim, poderemos entrar em contato com o “eu divino” que habita em nós e, por consequência, entrar em contato com a própria Divindade. O primeiro ponto a destacar é que a prece faz com que sintonizemos com Deus, fortalecendo-nos contra as tentações do mal. Deus, reconhecendo a nossa sinceridade, envia os bons Espíritos, em nosso auxílio. Mas, Ele envia os bons Espíritos, para quê? Para nos ajudar. Para nos fortalecer. Normalmente, vemos, nestes filmes que mostram situações de superação, pessoas que já se consideravam vencidas, criarem forças, do “nada”, em virtude de uma palavra ou exemplo de alguém. O raciocínio é o mesmo, com relação às preces dirigidas a nós mesmos ou aos desencarnados. Quando estamos sofrendo e alguém procura interceder por nós, mesmo não resolvendo nosso problema, provoca-nos pro24 Tribuna Espírita • janeiro/fevereiro • 2015

fundo alívio, por percebermos que alguém se importa conosco. Isto gera um verdadeiro refrigério n’alma, trazendo-nos o alívio, para a sensação de sufocamento que estamos sentindo. O mesmo ocorre, com relação ao desencarnado que se vê objeto de preces intercessórias. Vislumbra que não está sozinho, pois alguém “se ocupou” com ele. A princípio, causa alento; depois, alegria e, posteriormente, força e esperança, para mudar a situação vigente. É todo um encadeamento de situações desenroladas, em virtude da prece feita, com amor, pelo outro que sofre. Um ponto interessante que percebemos, nas reuniões mediúnicas das quais participamos, é que existem entidades que, lá, vão, acreditando que os outros é que irão resolver seus problemas, que irão fazer com que o sofrimento cesse; mas, nós sabemos que não é assim. Da mesma maneira que existem pessoas que acreditam que as suas preces de nada servirão, para ajudar aos desencarnados, existem desencarnados que se acreditam livres de esforçar-se, por terem alguém que orem por eles. Pensamentos estes equivocados. Não podemos transferir, para o outro, a resolução de nossos problemas. Eles foram criados e cultivados por nós; então, nos cabe a solução. O que

Aos homens disse o Cristo: Amai-vos uns aos outros. Esta recomendação contém a de empregar o homem todos os meios possíveis para testemunhar aos outros homens afeição, sem haver entrado em minúcias quanto à maneira de atingir ele esse fim. (...)”— O Livro dos Espíritos. Sempre, poderemos produzir alívio nos outros, inclusive desencarnados. A prece é um ato de amor e, como tal, envolve e ajuda aquele a quem é dirigida. Isto, não significa uma derrogação das leis, como alguns afirmam. Antes, é um gesto de piedade que lhes abranda os sofrimentos. Deus leva em conta os nossos gestos de caridade para com o outro. Não nos cabe a determinação do período de sofrimento dos outros, nem de nós mesmos. Então, tudo o que pudermos fazer, para abrandar o sofrimento alheio, façamos! Não sabemos, se está nos Desígnios Divinos a cessão do mal naquele momento; cabendo-nos ser instrumento, para tal consecução. É todo um processo de causa e efeito do qual não podemos nos isentar ou fugir. A Psicologia nos fala do consciente e inconsciente. Este último, sede da memória, permite o ressurgimento de situações passadas, para que possam ser diluídos no momento presente. Possuímos a nossa consciência a nos cobrar o que devemos fazer. Ela, por vezes, é mais severa do que as próprias Leis Divinas; pois vem acrescida dos nossos preconceitos e arquétipos imersos na consciência do sono em que alguns de nós, ainda, estamos mergulhados, turvando-nos a visão e impedindo o entendimento justo dos fatos. Para encerrarmos, trazemos um trecho do livro “O Céu e o Inferno”, 2ª parte, cap. IV, Auguste Michel, Prece sobre a tumba. Interessante o destaque por demonstrar o alcance da prece, não importando o local onde ela é feita, mas, sim, a intenção. “Nota - A insistência do Espírito, para que se orasse sobre o seu túmulo, é uma particularidade notável, mas que tinha sua razão de ser se levarmos em conta a tenacidade dos laços que ao corpo o prendiam, à dificuldade do desprendimento, em consequência da materialidade da sua existência. Compreende-se que, mais próxima, a prece pudesse exercer uma espécie de ação magnética mais poderosa no sentido de auxiliar o desprendimento. O costume quase geral de orar junto aos cadáveres não provirá da intuição inconsciente de um tal efeito? Nesse caso, a eficácia da prece alcançaria um resultado simultaneamente moral e material.”


Quem Sou Eu? T

alvez fique restrito aos filósofos o perceber que não nos conhecemos, efetivamente. A grande massa humana imagina ser o que parece ser. Quando apresenta personalidade controversa, alega que é assim mesmo, não reconhecendo, nas constantes alternâncias de personalidade, os fortes indícios de afloramento à consciência de frações ocultas “pescadas”, na maioria das vezes, por entidades perversas que querem nos ver em apuros, colocando-nos, frequentemente, em situações ridículas. Como cada ser humano detém, em si mesmo, um manancial incalculável de “personas”, não fica difícil localizar, na face lodosa do nosso inconsciente, os comportamentos mais esdrúxulos e repugnantes... Aqueles que não admitem o fenômeno mediúnico, deparam-se com o que denomina de fragmentação da personalidade, o que não deixa de ser, também, verdade. O que estamos chamando a atenção é, para o fato de que, em cada experiência nova de vida carnal, compilamos, para nós mesmos, um roteiro ao qual nos vinculamos, como proposta de vida, formando, a partir daí, nova personalidade. A construção de nossa persona assemelha-se à formação dos corais; ou seja, com o passar do tempo, a sedimentação de nossas atitudes vai se acumulando em processo vivo e permanente de crescimento. Embora nos pareça obvio, a identificação de quem, verdadeiramente, somos, demanda muita humildade e permanente senso crítico de observação, para que a nossa consciência possa dizer: Estou longe de ser o que desejo, mas reconheço possuir certa facilidade, em lidar com tais e tais situações morais e emocionais. O médium espírita é o garimpeiro do Além que, pacientemente, acolhe, identifica e separa, no fundo da bateia, as pedras sem grande valor dos diamantes brutos, prontos para serem lapidados... Como então reconhecer, na imensidão do oceano mental, as

pepitas que são nossas, das que não nos pertencem? O intermediário lúcido será, sempre, aquele que consegue separar o que é seu daquele que não é. Carregados pelas ondas mentais, os pensamentos viajam, associam-se, confundem-se com outras fontes geradoras, retornando, de alguma sorte, alterados. Daí, a dificuldade de se identificar os pensamentos, genuinamente nossos, daqueles que são fruto de enxertia. O intermediário honesto e responsável deve investir, permanentemente, na identificação de suas fragilidades morais e na consolidação de virtudes, ainda, insatisfatórias. É aquele que, humildemente, reconhece que determinado texto aflorou à sua mente, sem exigir maior esforço intelectivo, empenhando-se em se manter atento à fonte das ideias que borbulham, qual fiel discípulo que permanece mudo, para melhor escutar o seu mestre. Por tudo isso, fica muito difícil ao ser humano comum, que desconhece as associações mentais, entre vivos e entre vivos e “mortos”, admitir que, consciente ou inconscientemente, age, com mais frequência do que imagina, de conformidade com

que os Espíritos desejam. Quem eu sou? Indiscutivelmente, sou fruto da Criação Divina, um ser que vive mergulhado no fluido cósmico universal, em simbiose permanente com todos os seres inteligentes do universo aos quais me afino. Se desejas ser um médium que apresente certa regularidade, quanto ao conteúdo espiritual das manifestações, obedece à mesma diretriz que pautou a existência física, na Grécia, do portentoso Sócrates: Conhece-te a ti mesmo! Lindemberg (Mensagem mediúnica recebida por Zaneles, em 09.09.2014, na Associação Espírita Leopoldo Machado, em Campina Grande-PB)

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janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 25


Desigualdade das Riquezas AZAMOR CIRNE João Pessoa-PB

“O Livro dos Espíritos”, marchando, passo a passo com o progresso, desde o seu lançamento, em Paris (18/4/1857), oferece entendimento racional às seculares questões que dormitam na incompreensão e nas imperfeições do ser humano. Oportuna lição, por certo, iremos encontrar nas questões 808 a 813, no título “Desigualdade das Riquezas”. Assim, iniciaremos com a pergunta que Allan Kardec dirigiu aos Espíritos integrantes da falange do Consolador: Kardec: A desigualdade das riquezas não tem a sua origem nas desigualdades das faculdades, que faculta a uns mais meios de adquirir bens do a que outros? (808) Resposta: Sim e não. Que dizeis da astúcia e do roubo? Logicamente, a explicação correta seria a primeira, fundamentada na aptidão e na moral daqueles que souberam construir o seu patrimônio de riqueza, de cabeça erguida; não, por vaidade, mas, pela consciência tranquila. Por isso, os Mentores disseram “sim”. Disseram “não”, para as transações ilícitas, que levam consigo as marcas do ódio, do sangue ou da desdita de suas vítimas. Kardec: Entretanto, a riqueza herdada não é fruto das más paixões. (808-a) Como bem vemos, Kardec é o pesquisador meticuloso que busca as razões a fundo, assim como os Espíritos que o atendiam tinham a resposta pronta e certa. A riqueza, em nosso plano terráqueo, é transitória. No caso em referência, passou para as mãos do herdeiro, independente de qualquer esforço que haja ele empregado, para construí-la. Não constitui, portanto, nenhuma fraude. Resposta: Que sabes disso? Busca a fonte de tal riqueza e verás que, nem sempre, ela é pura. Sabes, por ventura, se não resultou de uma espoliação ou de uma injustiça? Mesmo sem falar da origem, que pode ser má, acreditas que a cobiça de bens, ainda quando adquiridos corretamente, os desejos secretos de possuí-los, o mais depressa possível, sejam sentimentos louváveis? É isso que Deus julga e eu te asseguro que o seu juízo é mais severo que os dos homens. A origem de muitas riquezas é desconhecida, passando por lícitas, perante a justiça humana. Porém, em relação à Justiça Divina, nada passa despercebido, inclusive as nossas boas ou más ações praticadas, recebendo cada uma o merecido julgamento. 26 Tribuna Espírita • janeiro/fevereiro • 2015

Assim, vemos Jesus quando diz: Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. (Mateus 6:19 a 21) Prossegue o Codificador: A igualdade das riquezas é possível? Já terá havido alguma vez? (811). Resposta: Não; não é possível. A diversidade das faculdades e dos caracteres a isso se opõe. Portanto, seria de bom alvitre a implantação da reforma social através do plano de “melhor distribuição de renda”. Como vemos o título soa melhor do que, “igualdade das riquezas”, mesmo, porque assenta, muito bem na cabeça dos jovens, como na dos velhos, e agradaria, por certo, a ricos e pobres. Governos anteriores, muito ou pouco fizeram, nesse sentido, de um plano de “melhor distribuição de renda”; todavia, a partir de certo tempo, se tornou impraticável deter a sua marcha. Atualmente, estão sendo implantados vários conjuntos populares, com milhares de casas mobiliadas, com instalações sanitárias e elétricas. São fatores importantes que possam, também, justificar essa “distribuição”: a assistência médica completa à família, inclusive o amparo a gestante, aos filhos, o trabalho, a educação, etc. Essa revolução pacífica, da “melhor distribuição de renda” caminhará mais rápida, com o apoio de toda a sociedade, da participação e do entendimento dos partidos políticos. Estaríamos, sem dúvida, eliminando a miséria a fome e a violência. Voltando a Kardec, atentamos para a sua indagação: Será possível que todos se entendam? (812-a). Resposta: Os homens se entenderão, quando praticarem a lei de justiça. Nesta oportunidade cabe relembrar Jesus, agora e sempre: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas”. (Mateus 7:12) Nota: As transcrições de “O Livro dos Espíritos” são da ed. ano 2006, FEB - Evandro Noleto Bezerra (tradutor).


A maioridade penal e a doutrina espírita WLADISNEY LOPES DA COSTA São Paulo/SP

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os momentos em que se discutem temas onde, muitas vezes, somos chamados a dar nossa opinião, não podemos esquecer dos subsídios que a Doutrina Espírita nos fornece, afinal somos Espíritas e, como Espíritas, devemos pensar. A sociedade chocada com a brutalidade dos crimes que temos visto, e visto é a palavra correta, pois estamos vivendo em um mundo onde existem câmaras filmando tudo o que ocorre ao redor, ela discute a diminuição da idade penal. Nossa primeira reação para combater o efeito, é considerar que necessitamos de leis mais severas. Busquemos subsídios na Doutrina Espírita para pautar melhor nosso posicionamento: Na questão 795 de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta o porque da instabilidade das leis humanas. A resposta vem clara: "Nas épocas de barbaria, são os fortes que fazem as leis e eles a fizeram para si." E mais a frente acrescentam: "Quanto mais (as leis) se aproximam da verdadeira justiça, tanto menos instáveis se vão tornando, tendendo a se identificar com a lei natural". Na questão seguinte, Kardec pergunta

se no estado atual da sociedade, a severidade das leis penais não constitui uma necessidade, ao que os Espíritos respondem: "Uma sociedade depravada certamente precisa de leis severas. Infelizmente mais se destinam a punir o mal depois de feito, do que a lhe secar a fonte. Só a educação poderá reformar os homens, que, então, não precisarão mais de leis rigorosas.". O Espiritismo prevê uma política social essencialmente preventiva. Nos comentários da questão 685, feitos por Kardec, temos a opinião do pedagogo, que fala não apenas de uma educação intelectual, mas, acima de tudo, de uma educação moral. Não pelos livros, e sim, a que incuta hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Considerando-se o aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freios e entregues a seus próprios instintos, é de se espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando esta arte (a educação) for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá, no mundo, hábitos de ordem e providência para consigo mesmo e para os seus, de respeito a tudo

que é respeitável, hábitos que permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só a educação bem entendida pode curar. Esse é o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos. Nós, Espíritas, afirmamos que estamos nos aproximando de um Mundo de Regeneração, portanto, as épocas de barbaria devem ser coisas do passado, em seu estágio final. Como nos ensina na questão 796, devemos nos perguntar: estamos buscando leis para punir, pois somos uma sociedade depravada, ou, estamos no estágio de buscar as causas, como propõe Kardec e a Doutrina Espírita, e secar as fontes através de uma melhor educação que reforme o homem para que, não precisando mais de leis tão rigorosas, se aproxime mais da verdadeira Justiça. Neste artigo não pretendo fechar questão sobre o assunto, pelo contrário, queremos trazer subsídios que nós auxiliem e auxiliem a sociedade a buscar solução para seus problemas.

janeiro/fevereiro • Tribuna Espírita • 2015 28


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JoĂŁo Pessoa - ParaĂ­ba


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