Gazeta Rural nº 373

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Até 22 de Novembro, em 21 restaurantes

Ílhavo promove festival gastronómico que homenageia “A Faina Maior” Até 22 de Novembro vai decorrer em 21 restaurantes do concelho de Ílhavo o Festival Gastronomia de Bordo, com experiências gastronómicas, relacionadas com o bacalhau e seus derivados. Este evento está inserido na trilogia de festivais com o mesmo nome e que ocorrem também em Peniche e na Murtosa, municípios que se uniram no projeto cultural em rede “Territórios com História: o Mar, as Pescas e as Comunidades”.

E

ste ano, o festival tem novidades face às duas primeiras edições, nomeadamente o aumento do número de restaurantes aderentes; o alargamento do período de realização do festival para um mês; experiências gastronómicas individuas ou para duas pessoas e a apresentação do livro de receitas ‘Gastronomia de Bordo’, editado pela Câmara Municipal com curadoria gastronómica da chef Patrícia Borges, assinalando o Dia Nacional do Mar, a 16 de Novembro. Cada “Experiência Gastronómica de Bordo” é composta por, no mínimo, três pratos de bacalhau e/ou seus derivados, sendo esta uma combinação de entradas e/ou pratos principais elaborados por cada um dos 21 restaurantes participantes que, desta forma, honram cozinheiros, pescadores e tradições de pesca do município de Ílhavo, através da confeção ou da reinterpretação dos sabores da culinária praticada, ao longo dos tempos, a bordo dos grandes navios da pesca do Bacalhau. “Rumem até Ílhavo e deliciem-se com as experiências gastronómicas” Em entrevista à Gazeta Rural, a vereadora da Câmara de Ílhavo com o Pelouro do Turismo e Eventos realça a influência da gastronomia de bordo no concelho, nomeadamente a utilização das “partes menos nobres do bacalhau (assim consideradas na altura) como um elemento diferenciador da gastronomia do concelho de Ílhavo”. Fátima Teles lança um desafio: “rumem até Ílhavo e deliciem-se com as experiências gastronómicas” e, ao mesmo tempo, “conheçam os recursos naturais e patrimoniais que o concelho de Ílhavo oferece”. 4

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Gazeta Rural (GR): O Festival é o recuperar da tradição dos marítimos. Em que medida isso se reflete na gastronomia do concelho? Fátima Teles (FT): O Município de Ílhavo tem uma longa história associada à pesca do bacalhau, que é “A Faina Maior”. Pescadores e marinheiros, ao longo dos tempos, viajaram em navios até aos mares do norte para capturar aquele que é considerado o verdadeiro bacalhau. Nestas campanhas de pesca, que chegavam a demorar seis meses, os cozinheiros tentavam atenuar o cansaço e as saudades da família com comida reconfortante, como a chora, uma sopa preparada à base de cabeças de bacalhau. Também faziam parte do cardápio as feijoadas, o feijão assado, os “queques de domingo”, entre outros pratos que incluíam as partes então consideradas menos nobres do bacalhau (caras, línguas, samos, espinhas). Estes tipos de receitas perduram no tempo e continuam a fazer parte das ementas dos ilhavenses, mantendo-se os sabores e os cheiros que juntam memórias e histórias, mantendo vivas as recordações de muitas famílias.

GR: O bacalhau é um elemento comum. De que forma as partes “menos nobres” são hoje um chamariz? FT: As partes na altura consideradas menos nobres são o elemento diferenciador da gastronomia do concelho de Ílhavo. Se por todo o Portugal é possível confecionar o bacalhau das mais diversas formas, a verdade é que os derivados constituem o ex-


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