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O ‘último resistente’ do alambique em Vila Chá de Sá

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transformar bagaço de uva em aguardente num alambique tradicional é hoje um ritual que, para muitos, passou de moda. Contudo, há ainda quem resista ao tempo, e às modernices, e continue a juntar os amigos, diga-se clientes, - outros que ainda insistem em transformar uvas em vinho nos lagares caseiros, - aos fins de semana e feriados para ‘fazer’ o bagaço nesta altura do ano.

É o caso de António Queiróz em Vila Chá de Sá, às portas de Viseu. Herdou o alambique do sogro, que o instalou em 1967, e, por gosto, mantem-no a funcionar. “Eu é que não tenho tempo para estar aqui toda a semana”, disse à Gazeta Rural, aludindo ao facto de serem ainda muitos os clientes que lhe levam o bagaço para destilar.

O alambique é também ponto de encontro para umas tainadas. “Assa-se umas chouriças, bebe-se um copo e vai-se passando o tempo”, disse António Queiroz, com ar de quem gosta do que faz. Pessoa dedicada e conhecedora da ‘arte’ do alambique, António Queirós é um dos últimos resistentes, de quem insiste em manter viva a tradição de ‘fazer’ o bagaço à moda antiga.

Os alambiques em Vila Chã de Sá

Outrora terra de produção de bons vinhos do Dão, a existência de alambiques em Vila Chã de Sá ter-se-á iniciado na década de 40 do século passado. Os primeiros que foram instalados pertenciam à família Lemos e Sousa, construído na zona da Boiça, onde Armando “Ranheto”, mais tarde, instalou um outro alambique.

Mais tarde, as colunas do alambique da família Lemos e Sousa foram vendidas a Arnaldo Pereira de Figueiredo, que, na década de 80, as instalou noutro local, no lugar do Carril, entretanto encerrado há algum tempo. O alambique pertencente a Armando “Ranheto” foi vendido a Eduardo Cortês, que mais tarde ofereceu as colunas à Junta de Freguesia de Vila Chã de Sá, que as colocou no Ecomuseu da Freguesia em 2011.

O alambique da família Campos Nunes, ainda hoje a funcionar, foi mandado construir por António Campos em 1967, apenas com uma coluna. Hoje com três, é gerido por António Queirós, um apaixonado pela continuação deste típico alambique.

Os agricultores de Vila Chá de Sá, e de outras freguesias vizinhas, são os principais clientes. Geralmente ao final do dia ou aos fins de semana é hábito juntarem-se no alambique e durante a destilação fazem pequenas ceias de degustação, com assados diversos nas brasas da caldeira, regados com o vinho do Dão. E agora, vai um bagacinho?

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