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Oliveiras milenares dão origem de projeto de oleoturismo
from Gazeta Rural nº 396
by Gazeta Rural
Na aldeia histórica de Idanha-a-Velha
Oliveiras milenares dão origem a projeto de oleoturismo
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na aldeia histórica de idanha-a-Velha, dois produtores de azeite estão a desenvolver um projeto de oleoturismo que tem na sua génese oliveiras milenares, duas delas com 1.620 e 1.030 anos.
Este projeto no distrito de Castelo Branco, pelas mãos de Tiago Lourenço e Ricardo Araújo, pretende dar uma nova dinâmica a esta aldeia histórica. “A ideia surgiu quando andava a podar as árvores da nossa quinta. Temos algumas árvores que estão aqui ao longo de séculos e milénios, a alimentar todas estas gerações e civilizações, desde os romanos, as invasões bárbaras, muçulmanos e período da reconquista. A árvore mais antiga que foi encontrada até agora tem 1.620 anos”, referiu Tiago Lourenço.
Tiago Lourenço e Ricardo Araújo nasceram em Lisboa e não têm qualquer ligação familiar à Beira Baixa e a Idanha-a-Nova, onde se instalaram, o primeiro há cerca de cinco anos e meio, e o segundo há 14 anos. Decidiram abandonar Lisboa e dar um novo rumo às suas vidas. O foco era mesmo largar a vida da cidade e a olivicultura foi uma consequência desta vontade de mudar.
Tiago Lourenço tinha estado uma única vez em Idanha-a-Nova, aos 19 anos. Ficou apaixonado pela região e há cinco anos e meio decidiu, juntamente com a sua mulher e os dois filhos, rumar para este concelho raiano. Atualmente, Tiago vive em Penha Garcia e Ricardo em Ladoeiro. Trabalham numa quinta com 180 hectares, em Idanha-a-Velha, onde criaram uma empresa ligada à olivicultura, a Real Idanha, que comercializa a marca de azeite biológico premium ‘Egitânia’.
A datação das oliveiras foi feita recentemente: “Datámos, para já, seis árvores, a mais velha com 1.620 anos e a mais recente com 350 anos. Vamos desenvolver o oleoturismo, mas sempre com uma visão da quinta”. Segundo Tiago Lourenço, após a datação das seis oliveiras que estão dentro de Idanha-a-Velha, a ideia passa por criar um percurso dentro da própria localidade, que possa contar a sua história. “Cremos que com estas seis árvores já conseguimos cobrir um período bastante interessante da história de Idanha-a-Velha. A ideia é a de que quem vem ao nosso território possa conhecer a indústria do azeite. Além dos dois núcleos museológicos que temos, o lagar de varas de Idanha-a-Velha e o núcleo museológico de Proença-a-Velha, já têm, pelo menos, uma quinta para visitar onde se produz azeite de alta qualidade e temos uma aldeia histórica”, frisou.
A ideia que está na génese deste projeto de oleoturismo passa por contar a história de Idanha-a-Velha através das oliveiras milenárias e centenárias que estão plantadas na própria aldeia. “Queremos também mostrar a importância da preservação do olival tradicional porque está ali a evidência de que tem sido uma base de toda a economia e sustentabilidade dos povos que aqui passaram”, sublinha.
O sistema de datação das oliveiras foi desenvolvido pela Universidade de Trás-os-Montes (UTAD) e é dinamizado por uma empresa particular, a Oliveiras Milenares, parceira no projeto dos dois empresários. “Isto é um processo científico. Conseguimos datar [as oliveiras] com uma margem de erro de um a dois por cento”, explicou.
Tiago Lourenço disse que este projeto de oleoturismo e a criação deste percurso dentro da aldeia histórica é mais uma forma de cativar as pessoas. “Acima de tudo, estamos centrados no desenvolvimento da região e com uma visão mais territorial. Em termos regionais, queremos dar relevo ao azeite da Beira Baixa e contribuir para o desenvolvimento da única biorregião do país”.
O empresário realçou que, da mesma forma que existe toda uma indústria turística ligada ao vinho, “há um grande potencial em replicar essa estrutura ligada à produção do azeite, ou seja, as quintas de azeite de alta qualidade podem perfeitamente ter o mesmo fascínio do que uma quinta vinícola”. A criação deste primeiro percurso na aldeia histórica de Idanha-a-Velha é a primeira fase daquilo que Tiago Lourenço e Ricardo Araújo têm como visão para o desenvolvimento do oleoturismo na região. O projeto final engloba não só o percurso na aldeia, como também a visita a quintas, estadas ligadas ao oleoturismo e, por último, a interligação de Portugal com Espanha.
Setor da suinicultura atravessa uma “crise gravíssima”
Os suinicultores pediram apoios para colmatar a “crise gravíssima” que o setor atravessa, alertando que estão milhares de postos de trabalho em perigo e que os animais estão sem alimentos.
“O setor da suinicultura nacional está a atravessar uma crise gravíssima com milhares de postos de trabalho em perigo, animais sem alimento e famílias em risco de perder o seu único meio de subsistência”, apontou, em comunicado, a Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS).
Os suinicultores pedem assim “medidas indispensáveis e prementes” para responder à escassez dos cereais, que, por sua vez, compromete a alimentação animal, face à oferta do mercado internacional e à baixa autossuficiência nacional.
Por outro lado, reclamam que a “escalada dos custos de produção” seja parada, uma vez que tem levado à perda de competitividade das empresas portuguesas, “podendo mesmo pôr em causa a sustentabilidade de muitos suinicultores, com risco de falência e desemprego”.
De acordo com a federação, os custos com a alimentação animal aumentaram 30% neste ano, enquanto o preço pago ao produtor desceu perto de 40%.
A contribuir para a escalada dos custos de produção está ainda o preço da energia que, em alguns casos, é 50% mais elevado do que no ano passado, bem como o dos combustíveis, que é 28% mais elevado do que no período homólogo de 2020.
Acresce ainda o facto de a procura externa por parte dos países terceiros ter abrandado no segundo semestre deste ano e as “sistemáticas campanhas de promoção” dos operadores do retalho, com incidência na carne de porco, “esmagando ainda mais as margens de toda a fileira”.
Segundo dados avançados pela FPAS, em Portugal, estima-se que existam cerca de 20.000 pequenos negócios famílias de suinicultura, que são os que correm “maior risco de falir”.
Contudo, conforme notou, os preços dos porcos continuam a baixar.
“A somar a tudo isto, não nos podemos esquecer que existe uma perda de competitividade do setor suinícola nacional face aos parceiros comunitários, agravada pela falta de convergência fiscal com a média da União Europeia em matéria de serviços energéticos e de uma eficaz regulação de práticas comerciais nas relações da cadeia de valor”, sublinhou.
Naqueles que não fizeram tratamento das árvores
Fungo provocou perdas de 80% na produção de castanha nalguns produtores da região da Padrela
O fungo septoriose está a afetar a produção da castanha, especialmente na região da Padrela, podendo provocar perdas de cerca de 80% “nos produtores que não fizeram tratamento” nas árvores, disse o presidente da Associação Portuguesa da Castanha (reFCASt).
A septoriose, apontada pelos especialistas como uma dos responsáveis pelas quebras verificadas na produção, provoca a secagem e queda antecipada da folha do castanheiro que fica de cor acastanhada e rebordo amarelo.
Os valores de precipitação registados durante o mês de Setembro, 66.8 mm, o quarto valor mais elevado desde 2000, segundo o Boletim Climático de Setembro de 2021 do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), aliados à elevada humidade atmosférica, criaram as condições favoráveis à proliferação deste fungo, explica José Laranjo, presidente da REFCAST.
Para combatê-lo foi recomendado, por várias associações como a REFCAST e a Associação Regional dos Agricultores das Terras de Montenegro (ARATM), o tratamento dos castanheiros com um pesticida antifúngico à base de cobre, mas “alguns associados optaram por tratar e outros não”, disse Filipe Pereira, da ARATM.
Com as alterações climáticas que provocam o aumento da temperatura e redução das chuvas, espera-se mais calor e mais seca, sobretudo no Verão, período de grande importância no desenvolvimento do ciclo vegetativo da produção da castanha.
O ano de 2021 demonstra ser atípico em relação à tendência para o aumento da temperatura “considerando que foi menos quente e mais húmido que 2020”, afirma José Laranjo. No panorama nacional, prevê-se “um ano de excelente produção em termos de quantidade e qualidade, esperando-se uma produção na ordem das 45.000 a 50.000 toneladas de castanha”, acrescentou.
Estes números refletem um aumento na produção de castanhas comparativamente ao ano de 2020, que foi na ordem das 42.000 toneladas. No entanto, nas regiões mais altas, a elevada humidade atmosférica que favoreceu o desenvolvimento do fungo originou quebras na produção. “Há uma quebra de produção devido às amplitudes térmicas e ao gelo que foi registado nas estações meteorológicas mais próximas, no mês de Setembro”, alertou Filipe Pereira.
Dinis Pereira, proprietário da empresa produtora de castanhas Agromontenegro, admitiu que o Verão mais chuvoso do que o normal afetou a produção da castanha, provocando uma produção “muito mais diminuta”. Apesar da qualidade da castanha se manter, a produção nas regiões mais altas foi afetada, devido a “um ataque de septoriose” que destruiu parte das culturas, descreveu.
Já Ricardo Reia, produtor de castanhas na região de Portalegre, apontou a instabilidade climática como a principal razão para 2021 ser um ano pouco rentável, resultando na quebra de 50% comparativamente a um ano normal. “No início houve geadas e agora no fim do ciclo de crescimento do fruto temperaturas a rondar os 30ºC, excessivamente altas sem chuva, desfavoráveis para a castanha”, disse.
A 6 de Novembro, a RefCast admitiu que, a nível nacional, a produção de castanha, na atual campanha, deverá aumentar até 20% para cerca de 50.000 toneladas, esperando-se frutos com melhor qualidade do que no ano passado, destinados, sobretudo, à exportação.
A RefCast tem cerca de 110 associados, incluindo produtores individuais, associações e cooperativas, que abrangem os setores da produção, transformação e prestação de serviços, bem como municípios e entidades de I&D (Investigação e Desenvolvimento).