Na aldeia histórica de Idanha-a-Velha
Oliveiras milenares dão origem a projeto de oleoturismo Na aldeia histórica de Idanha-a-Velha, dois produtores de azeite estão a desenvolver um projeto de oleoturismo que tem na sua génese oliveiras milenares, duas delas com 1.620 e 1.030 anos.
Este projeto no distrito de Castelo Branco, pelas mãos de Tiago Lourenço e Ricardo Araújo, pretende dar uma nova dinâmica a esta aldeia histórica. “A ideia surgiu quando andava a podar as árvores da nossa quinta. Temos algumas árvores que estão aqui ao longo de séculos e milénios, a alimentar todas estas gerações e civilizações, desde os romanos, as invasões bárbaras, muçulmanos e período da reconquista. A árvore mais antiga que foi encontrada até agora tem 1.620 anos”, referiu Tiago Lourenço. Tiago Lourenço e Ricardo Araújo nasceram em Lisboa e não têm qualquer ligação familiar à Beira Baixa e a Idanha-a-Nova, onde se instalaram, o primeiro há cerca de cinco anos e meio, e o segundo há 14 anos. Decidiram abandonar Lisboa e dar um novo rumo às suas vidas. O foco era mesmo largar a vida da cidade e a olivicultura foi uma consequência desta vontade de mudar. Tiago Lourenço tinha estado uma única vez em Idanha-a-Nova, aos 19 anos. Ficou apaixonado pela região e há cinco anos e meio decidiu, juntamente com a sua mulher e os dois filhos, rumar para este concelho raiano. Atualmente, Tiago vive em Penha Garcia e Ricardo em Ladoeiro. Trabalham numa quinta com 180 hectares, em Idanha-a-Velha, onde criaram uma empresa ligada à olivicultura, a Real Idanha, que comercializa a marca de azeite biológico premium ‘Egitânia’. A datação das oliveiras foi feita recentemente: “Datámos, para já, seis árvores, a mais velha com 1.620 anos e a mais recente com 350 anos. Vamos desenvolver o oleoturismo, mas sempre com uma visão da quinta”. Segundo Tiago Lourenço, após a datação das seis oliveiras que estão dentro de Idanha-a-Velha, a ideia passa por criar um percurso dentro da própria localidade, que possa contar a sua história. “Cremos que com estas seis árvores já conseguimos cobrir um período bastante interessante da história 26
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de Idanha-a-Velha. A ideia é a de que quem vem ao nosso território possa conhecer a indústria do azeite. Além dos dois núcleos museológicos que temos, o lagar de varas de Idanha-a-Velha e o núcleo museológico de Proença-a-Velha, já têm, pelo menos, uma quinta para visitar onde se produz azeite de alta qualidade e temos uma aldeia histórica”, frisou. A ideia que está na génese deste projeto de oleoturismo passa por contar a história de Idanha-a-Velha através das oliveiras milenárias e centenárias que estão plantadas na própria aldeia. “Queremos também mostrar a importância da preservação do olival tradicional porque está ali a evidência de que tem sido uma base de toda a economia e sustentabilidade dos povos que aqui passaram”, sublinha. O sistema de datação das oliveiras foi desenvolvido pela Universidade de Trás-os-Montes (UTAD) e é dinamizado por uma empresa particular, a Oliveiras Milenares, parceira no projeto dos dois empresários. “Isto é um processo científico. Conseguimos datar [as oliveiras] com uma margem de erro de um a dois por cento”, explicou. Tiago Lourenço disse que este projeto de oleoturismo e a criação deste percurso dentro da aldeia histórica é mais uma forma de cativar as pessoas. “Acima de tudo, estamos centrados no desenvolvimento da região e com uma visão mais territorial. Em termos regionais, queremos dar relevo ao azeite da Beira Baixa e contribuir para o desenvolvimento da única biorregião do país”. O empresário realçou que, da mesma forma que existe toda uma indústria turística ligada ao vinho, “há um grande potencial em replicar essa estrutura ligada à produção do azeite, ou seja, as quintas de azeite de alta qualidade podem perfeitamente ter o mesmo fascínio do que uma quinta vinícola”. A criação deste primeiro percurso na aldeia histórica de Idanha-a-Velha é a primeira fase daquilo que Tiago Lourenço e Ricardo Araújo têm como visão para o desenvolvimento do oleoturismo na região. O projeto final engloba não só o percurso na aldeia, como também a visita a quintas, estadas ligadas ao oleoturismo e, por último, a interligação de Portugal com Espanha.