Imagens Elias Kfoury José Israel Abrantes Acervo Café Bom Dia Evandro Fiúza Miguel Aun
Minas é síntese do Brasil, nas paisagens, no convívio humano, no trabalho diário e árduo, na harmonia entre tradição e modernidade, na convicção de que o amanhã será ainda melhor do que o dia de hoje. O adjetivo mineiro é que rima com brasileiro.
o
único,
entre
todos
os
gentílicos
estaduais,
Central, mediterrânea, fiel da balança, Minas é mirante da nacionalidade. É a mais elevada de todas as unidades da federação: 60% de sua área têm mais de 600 metros de altitude. Minas começou com o ouro, interiorizou-se com o gado, povoou-se com o café, expandiuse com a soja, espraiou-se com a cana, e se revela como a nova fronteira da energia verde e da biotecnologia. Hoje, é a terceira economia do país, posição à qual a agropecuária se alinha, destacando-se como o maior produtor nacional de café, de florestas plantadas, de leite, alho, batata, cenoura e morango. É o segundo lugar no feijão, no sorgo e na cana-de-açúcar. No milho, colhe a terceira maior safra nacional. Com um território um pouco maior do que a França, Minas é o quarto estado brasileiro em área, o segundo em população, o primeiro em número de municípios e em extensão de rodovias. Tem 11 universidades federais, uma instituição estadual de ensino superior em seis cidades, dois centros da Embrapa. Dispõe, também, de vigorosa empresa estadual de pesquisa agropecuária, a Epamig, com 28 fazendas experimentais, um instituto de laticínios e uma escola agrotécnica. E, ainda, cinco núcleos tecnológicos regionais, especializados em floricultura, uva e vinho, florestas, batata e morango, azeitona e azeite. 9
Minas é mosaico do Brasil, com oliveiras, araucárias e videiras, com florestas tropicais e cerrado, campos limpos e caatinga, com relevo de planalto (97% do território com altitude superior a 300 metros), grandes extensões de superfícies planas ou levemente onduladas, além de maciços montanhosos. Dos 10 pontos mais altos do Brasil, seis estão no mapa mineiro*.
Minas inventou-se no ouro, reinventou-se no gado, no café, na soja e na cana, reinventa-se agora na bionergia e na ocupação de um novo espaço do agronegócio, com o Pró-Noroeste, que incorpora 2,5 milhões de hectares ao plantio de grãos, notadamente na soja. Com a já efetivada reativação da ferrovia entre Corinto e Pirapora, em uma extensão de 150 quilômetros, essa vasta extensão de terras cultiváveis interligase às malhas da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) e da Estrada de Ferro Vitória a Minas, da Vale, que desemboca no complexo portuário de Tubarão, na capital do Espírito Santo.
Depois das regiões Centro-Oeste e Norte, Minas é o principal berço dos grandes rios brasileiros, como os da bacia do São Francisco (nela destacando-se o Rio das Velhas, o Paracatu e o Urucuia) e do Paraná (que tem entre seus formadores o Rio Grande e o Paranaíba). Soma-se à hidrografia mineira um conjunto de pequenas bacias independentes, como as dos rios Jequitinhonha, Doce, Mucuri, Pardo, Pomba e Muriaé. É no variado relevo de Minas, de escarpas abruptas e inesperados tabuleiros, que sobem os morros o café e o gado, adentram-se nas fendas do terreno a fruticultura, a suinocultura e a avicultura, vicejam nas várzeas o arroz , o feijão e as hortaliças, e se alargam nos altiplanos a soja, o milho, a cana, o trigo. O histórico casarão da fazenda faz vizinhança com o roçado, com a casinha pequenina e a agricultura de larga escala. Minas é plural, polivante, heterogênea, múltipla, democrática, enraizada, contemporânea, pós-moderna. Noel e Vadico compuseram em 1934 a música que dizia: São Paulo dá café, Minas dá leite, e a Vila Isabel dá Samba. Hoje, 50% do café e 28% do leite brasileiros vêm de uma terra mineira que também dá samba, como bem mostraram Ary Barroso, de Ubá, Ataulfo Alves, de Miraí, Clara Nunes, de Paraoepeba, João Bosco, de Ponte Nova. Mais do que samba, Minas dá ao Brasil e ao mundo a dança do Grupo Corpo, o teatro do Grupo Galpão, o som instrumental do Uakti, a arte de Amílcar de Castro e Marcos Coelho Benjamin. E há a música de raiz, de ontem e de hoje, aquela que combina à perfeição com o cair da tarde, a família e os amigos, a cozinha do fogão crepitante, o cavalo que se amarra ao pé da varanda. É quando se convocam as lembranças de astros do passado e do presente: Penna Branca e Xavantinho, Chico Lobo, Célia & Celma, Roberto Corrêa, Paula Fernandes, Victor e Leo, César Menotti & Fabiano. 10
Durante o século XVIII, as comunicações de Minas com o Espírito Santo eram proibidas pela Coroa portuguesa. O ouro só podia ser transportado pela Estrada Real, que ia de Diamantina a Ouro Preto, e, de lá, bifurcava-se em duas rotas, uma em direção a Paraty, outra rumo à cidade do Rio de Janeiro. • Pontos mais altos do Brasil (em metros): Pico da Neblina (com 2.993,78, AM), Pico 31 de Março (2.972,66, AM, fronteira com Venezuela), Pico da Bandeira (2.891,98, Serra do Caparaó, MG/ES), Pedra da Mina (2.798,39, Serra da Mantiqueira, MG/SP), Pico das Agulhas Negras (2.791,55, Serra do Itatiaia, MG/ RJ), Pico do Cristal (2.769,76, Serra do Caparaó, MG), Monte Roraima (2.734,06, RR, fronteira com Venezuela e Guiana), Morro do Couto (2.670,0, RJ), Pedra do Sino de Itatiaia (Serra da Mantiqueira, MG), Pico Três Estados (2.665,0, Serra da Mantiqueira, SP/MG/RJ). Fonte: IBGE e Jurandyr Reis/ Almanque Abril 2009
A administração extrativista da colônia colocava essa vigilância como prioridade máxima, tanto assim que, ao se criar a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, em 1709, escolheu-se temporariamente como sua sede a cidade de Mariana, distante a apenas 11 quilômetros de Ouro Preto. Mariana, portanto, foi a capital dos mineiros e paulistas. Mesmo submetida às duras restrições impostas pela Coroa, os brasileiros de Minas aproveitavam as brechas para, de algum modo, abrir picadas em direção ao futuro. A despeito do ambiente asfixiante, floresceu a criatividade dos artistas mulatos, as primeiras manifestações da cultura brasileira, verdadeiramente autóctone, tendo como exemplos mais notáveis o escultor Aleijadinho, o pintor Manoel da Costa Athaíde, e o músico José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita. E o Brasil se fez em Minas, com os movimentos de emancipação, simbolizados por Tiradentes. Multiplicava-se, localmente, o pouco que vinha do exterior, uma vez que os portos brasileiros eram vedados a toda embarcação que não fosse portuguesa. Qualquer atividade de cunho industrial, por mais artesanal que fosse, como um modesto alambique de cachaça, era proibida. Espremendo-se aqui e ali, encontrava-se um meio de intuitivamente se imprimir o “made in Brazil”. 11
Assim, por exemplo, foi criada em Minas a raça mangalarga archador, tendo o deputado Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, promovido em sua fazenda, no atual município de Campo Belo, a miscigenação de um cavalo da raça alemã mortimer com modestos animais locais. Daí resultou o mangalarga, um animal com as características de resistência a longas distâncias, agilidade, marcha macia e cômoda. De forma semelhante, 1870 teria sido o ano do surgimento, em Entre Rios de Minas, na microrregião de Conselheiro Lafaiete, do cavalo campolina, de andamento marchado e equitação suave. Seu ponto de partida genético foi a raça andaluz, proveniente da Andaluzia, na Espanha, ou do Alentejo, em Portugal. Em cada curva e esquina de Minas contam-se histórias – ou estórias – assim. Há sempre alguém para lembrar fatos acontecidos ou para lembrar aqueles que nunca aconteceram. As paisagens mineiras desvendam faces visíveis e imaginárias. Há o lado pragmático e real de Minas, pão-pão, queijo-queijo. Aliás, o estado tornou-se o território das melhores cachaças do planeta e, mais ainda, tornou-se um gigantesco empório de iguarias de honradas procedências, como goiabada, mangada, bananada, doces de leite, doces cristalizados e em calda (de abóbora, mamão, laranja), linguiça, torresmo, chouriço, queijos de diversas denominações, entre elas Minas, Canastra, do Serro, parmesão, frescal. No espectro do mundo rural mineiro, as pousadas, os hotéis-fazenda, as feiras e exposições agropecuárias, os leilões de animais, as trilhas para cavalgadas, o turismo da natureza “perpetuamente em festa”, como escreveu Olavo Bilac no Soneto à Pátria. Há a Minas da pequena, da média e da grande escala, que vai do solitário apicultor, da lanchonete ou restaurante de beira de estrada, que explora a atmosfera “ao pé da vaca”. E há a que se estende à portentosa fronteira Noroeste, com seus 2,5 milhões de hectares cultiváveis. Há no ambiente mineiro a sensação de harmonia e acolhimento, de um estar-se em casa por vontade: o bolo recém-assado, a roupa de cama cheirando a limpeza, o chapéu dependurado atrás da porta, o prolongado “oi” do caminhante que nos saúda ao longe. Como definir, como dizê-la, doce mistério, terra de Marília e de Dirceu? Carlos Drummond de Andrade sussurra, explicando, sem explicar. “Só os mineiros sabem. E não dizem nem a si mesmo o irrevelável segredo chamado Minas”. 12
História Economia Cultura Aspectos Naturais
A história de Minas Gerais remonta há mais de quatro séculos, quando bandeirantes paulistas desbravaram a região em busca de reservas de ouro e constituíram uma pequena aglomeração, que viria a se tornar Mariana, a primeira cidade do estado. Ao longo do tempo, o pequeno povoado cresceu, se tornou a antiga Capitania de Minas Gerais e, mais tarde, o estado de Minas Gerais, segunda unidade federativa mais populosa do Brasil, com cerca de 20 milhões de habitantes; quarta em extensão territorial, somando quase 590 mil km², a com maior número de municípios – 853 – e a terceira mais rica, com PIB acima de R$ 240 bilhões. Tal trajetória foi permeada pela descoberta de inúmeras reservas minerais, marcadas principalmente pelos ciclos do ouro, no século XVII e do minério de ferro, no século XX e neste início do XXI. A história mineira também é marcada pelo ideal de liberdade. Das lutas pelo controle das jazidas nasceu a Capitania de Minas, até então parte do território de São Paulo. Em 1789, Minas liderou o movimento emancipatório contra a dominação do império português e que tornou célebre um de seus líderes, o alferes Joaquim José da Silva Xavier. Nos séculos que se seguiram, o estado passou por profundas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais. A mais representativa foi o rápido processo de industrialização, que culminou na mudança da capital para Belo Horizonte, em 1897. Neste início de século XXI, Minas Gerais segue em ritmo de desenvolvimento acelerado, frequentemente acima da média do país, com o agronegócio assumindo papel de destaque no vigoroso ciclo de expansão que se anuncia. Casa histórica de fazenda em Gonçalves, no Sul do estado 14
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Eucalipto A área total de florestas plantadas em Minas Gerais é a maior do Brasil, com quase 1,5 milhão de hectares (23% do total nacional). A produção anual de carvão vegetal supera três milhões de toneladas, e a de lenha e madeira em tora passa dos 14 milhões de metros cúbicos. As áreas destinadas ao eucalipto – matéria prima para óleos e celulose - são as mais difundidas. Cerca de 2% do território do estado é destinado à silvicultura. Um dos municípios com maior representatividade é Itamarandiba, no Vale do Jequitinhonha, onde a produção supera 30 milhões de mudas anuais.
Rosa Minas Gerais é um dos principais produtores de rosa do Brasil, com cerca de 36% do cultivo nacional. Nesse cenário, destacamse as regiões de Barbacena, Sul do estado, Munhoz e Araxá. A Zona da Mata, por sua vez, mostra sua força na plantação de flores tropicais, como as helicônias, alpinías, estrelícia e zingiber. A floricultura brasileira movimenta, no mercado interno, em torno de R$ 1,3 bilhão ao ano. Embora não seja um exportador tradicional, o país vem intensificando a comercialização de flores e plantas ornamentais para a Europa, Ásia e América do Norte.
Girassol Embora figure entre as cinco maiores culturas oleaginosas de óleo vegetal comestível do mundo, a produção de girassol ainda é inexpressiva no Brasil. Mais resistente à seca, ao frio e ao calor do que a maioria das espécies normalmente cultivadas no país, a planta é uma excelente alternativa para o Norte, Nordeste, Sudoeste e Triângulo Mineiro.
Pequi A produção de pequi vem crescendo em Minas Gerais. O fruto, cuja espécie tem maior ocorrência no Cerrado, proporciona uma importante fonte de renda no Norte do estado, podendo representar até 50% do ganho anual dos trabalhadores locais. A iguaria é reconhecida pelo seu valor nutritivo, pratos típicos, bebidas e conservas. É usada também para fins cosméticos e uso farmacêutico, além de apresentar alta produtividade de óleo para o biodiesel.
Alho A produção de alho também é representativa no agronegócio mineiro. O total passa das 22 mil toneladas, o que corresponde a um quarto da safra brasileira. A região do Alto Paranaíba se destaca no plantio, principalmente os municípios de Rio Paranaíba, Campos Altos e Santa Juliana, que, juntos, detém 75% da produção.
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Cana-de-açúcar A cana-de-açúcar é responsável por 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio mineiro. É utilizada principalmente na elaboração de etanol e açúcar. No estado, são produzidos dois bilhões de litros de etanol e quase três milhões de toneladas de açúcar anualmente. Além disso, a cana é usada como matériaprima para a elaboração da cachaça. Minas é líder nacional na produção da bebida na forma artesanal. Há, no estado, mais de 8,5 mil alambiques formais e informais que, juntos, produzem cerca de 250 milhões de litros da bebida a cada ano.
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Casa de fazenda em Ipoema, distrito de Itabira, na regi達o Central
Floresta de eucalipto em Monte Carmelo, no Triângulo Mineiro/Alto ParanaĂba
Plantação de girassol à beira da estrada entre Varginha e Boa Esperança
Produção de alho em São Gotardo, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
Cultivo de rosas em Barbacena, no Campo das Vertentes
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Ă rvore de pequi, no Parque Nacional Grande SertĂŁo Veredas, no Norte do estado
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Colheita de cana-de-açúcar em Curvelo, na região Central
Plantação de cana-de-açúcar margeada por ferrovia em Uberaba, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
Com um Produto Interno Bruto (PIB) estimado em mais de R$ 240 bilhões, Minas Gerais mantém-se na terceira posição do ranking dos estados mais ricos do Brasil, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Participa com 9,1% do PIB nacional. Deste volume, 8% vem do agronegócio e o restante é dividido entre indústria e serviços. A agropecuária está presente em todas as regiões, consagrando o estado como maior produtor nacional de café, batata, cenoura, alho, hortaliças e leite; o segundo na produção de feijão e cana-de-açúcar, o terceiro produtor de milho. Também possui o maior rebanho de equinos e o segundo rebanho de bovinos do país. A área plantada em toda sua extensão chega a 7,5 milhões de hectares e o número estimado de produtores rurais é de 500 mil. Minas Gerais também concentra a mais significativa reserva mineral do país, sendo responsável por 53% da produção brasileira de minerais metálicos e por 29% de minérios em geral. Essa riqueza mineral confere ao estado o título de maior produtor nacional de ferro, ouro, nióbio, zinco, fosfato, grafita, lítio e calcário A balança comercial mineira registra mais de US$ 26 bilhões em exportações e importações, o equivalente a quase 10% do total brasileiro. Dos dez produtos líderes na pauta de exportação mineira, metade tem origem no agronegócio: café e derivados, carnes, soja, produtos florestais e subprodutos da cana. Fazenda produtora de queijo e gado de leite no Serro, Vale do Jequitinhonha 32
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Batata Minas Gerais lidera a produção nacional de batata inglesa, com cerca de um milhão de toneladas anuais, o equivalente a 30% de toda a safra brasileira. Em todo o Estado são 40 mil hectares de área destinada ao cultivo do tubérculo. O Sul desponta como principal produtor, com 48% do total, seguido do Alto Paranaíba, que responde por 40%.
Tomate A safra mineira de tomate corresponde a 11,5% da produção nacional. Somente a região Central responde por 26% do que é cultivado no Estado, ou quase 110 mil toneladas. O município de São José da Varginha é o que mais se destaca, com a produção de 14 mil toneladas. O Triângulo Mineiro, com 20%, ocupa o segundo lugar no ranking estadual do produto. Já a região Sul representa 17% da produção mineira. O tomate de mesa ainda é cultivado em grande escala nas regiões do Rio Doce, Centro-Oeste, Alto Paranaíba, Norte de Minas e Zona da Mata.
Trigo Minas Gerais produz 85 mil toneladas de trigo por safra. A maior concentração de produtores está no Alto Paranaíba, responsável por 12 mil hectares de toda a área de cultivo do grão no estado. O trigo também é produzido nas regiões Noroeste (3,2 mil hectares) e Triângulo (2,5 mil hectares).
Morango Mais de cinquenta anos depois do plantio das primeiras mudas de morango em Minas Gerais, a cultura se expandiu e ultrapassou as fronteiras da região Sul e outras áreas com temperatura menos elevada. Hoje, alcança também a região Central e está crescendo no Norte de Minas, Jequitinhonha, Triângulo, Alto Paranaíba e Zona da Mata. São mais de 30 municípios mineiros com produtividade por hectare que pode chegar a 120 mil quilos. Da produção nacional, Minas responde por cerca de 55%, em uma área em torno de 1,7 mil hectare.
Café Do solo mineiro brota metade de todo o café plantado no Brasil, o maior produtor mundial do grão. As vistosas plantações se concentram principalmente na região Sul, que responde por 40% da produção do estado, atualmente em torno de 1,2 milhão de toneladas anuais. O tipo arábica é o mais comum, uma vez que se adapta bem às condições geográficas do estado, com solo úmido e altitudes entre 850 e 1.250 metros. O café é um dos principais responsáveis pelo bom desempenho da balança comercial do agronegócio mineiro, representando quase 50% dos negócios internacionais.
Algodão O algodoeiro é um dos mais antigos cultivos da humanidade. Produzido há mais de quatro mil anos, o algodão responde hoje por 60% da matéria-prima utilizada na indústria têxtil do Brasil. A região noroeste de Minas é responsável por mais da metade da produção estadual, estimada em quase 80 mil toneladas anuais. O total de área destinada ao plantio chega a 27 mil hectares, a maior parte em Unaí, Presidente Olegário e Coromandel. O cultivo em Minas Gerais representa menos de 5% do total nacional, que gira em torno de 1,7 milhão de toneladas de pluma.
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Produção de batata em Uberaba, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
Produção de trigo em Ibiá, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
Fazenda de café em Ouro Fino, no Sul do estado
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Fazenda de café em Boa Esperança, no Sul do estado. Ao fundo, a represa de Furnas
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Fazenda de cafÊ plantado em montanhas em Manhuaçu, na Zona da Mata
Fazenda do CafĂŠ Bom Dia, em Varginha, no Sul do estado
Fazenda de caf茅 em Santo Ant么nio do Amparo, no Oeste do estado
Cultivo de café e floresta de eucalipto em Patos de Minas, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
Produção de café em Patrocínio, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
Produção de tomate em Onça do Pitangui, na região Central
Transporte de tomate do Projeto JaĂba pelo Rio SĂŁo Francisco, em Mocambinho, no Norte do estado
Cultivo de morango em Alfredo Vasconcelos, no Campo das Vertentes
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Fazenda de morango em Bom Repouso, no Sul do estado
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Cultivo de algodĂŁo em Presidente OlegĂĄrio, Noroeste do estado
A herança histórica e cultural adquirida nos últimos três séculos faz de Minas Gerais um dos mais ricos e atrativos estados brasileiros. A região mantém uma tradição artística peculiar, com costumes e hábitos próprios, decorrente do legado da mistura de povos indígenas, africanos e europeus. O estado guarda um dos mais importantes acervos artísticos e arquitetônicos do Brasil colonial, em estilo Barroco e Rococó, tendo abrigado artistas como o escultor Antônio Franscisco Lisboa, o Aleijadinho e o pintor Manuel da Costa Ataíde. Minas Gerais preserva também suas tradições folclóricas, como o congado e a cavalhada. No campo da literatura, a lista de talentos da poesia e da prosa perpassa todas as épocas e estilos. Boa parte desses mestres da palavra tratou os campos de Minas em suas consagradas obras. De Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa, grandes nomes da poesia árcade, a Carlos Drummond de Andrade, João Guimarães Rosa, Fernando Sabino, Adélia Prado, Murilo Rubião e Rubem Fonseca, ainda hoje no centro gravitacional das letras brasileiras. Minas também esbanja tradição musical. Desde a obra barroca de Lobo de Mesquita às bandas de rock contemporâneas como Skank, Pato Fu e Sepultura e ao som eletrônico de Anderson Noise, passando por Ary Barroso, Clara Nunes e pelos inovadores do Clube da Esquina. Nas artes cênicas, destacam-se companhias consagradas nacional e internacionalmente, como o Grupo Corpo, Galpão, Giramundo e 1° Ato. Minas é berço também de cineastas famosos, como Helvécio Ratton e Cao Guimarães, diretor de curtas premiados no mundo inteiro. Fazenda histórica em Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte 60
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Milho Minas ocupa o terceiro lugar da produção nacional de milho, com mais de seis milhões de toneladas anuais, o que representa quase 13% do que é cultivado no país. Com mais de 230 mil hectares de área plantada e 1,3 mil toneladas colhidas a cada safra, o Sul do estado se firma como a principal região produtora no Estado. Em segundo lugar aparece o Alto Paranaíba, que possui quase 190 mil hectares e 1,2 mil toneladas anuais. Já em terceiro, se sobressai o Triângulo Mineiro, especialmente as cidades de Uberaba e Uberlândia, que produzem 330 mil e 135 mil toneladas/ano, respectivamente.
Gado Os grandes pastos mineiros abrigam o segundo principal rebanho bovino do Brasil: as mais de 22 milhões de cabeças de gado correspondem a 11% do total nacional. No estado, são adotados dois modelos de criação. A forma intensiva, que envolve áreas limitadas, rebanhos pequenos e alto rendimento, e a extensiva, que se caracteriza pelas grandes áreas, gado criado à solta e em pastagens naturais. O comércio internacional de carne bovina mineira alcança uma média de US$ 300 milhões ao ano e ocupa a nona posição na pauta exportadora do estado.
Feijão Componente essencial na dieta do povo brasileiro, o feijão ocupa um importante papel na diversificada agricultura do estado. Apenas o Paraná produz mais que Minas, cuja safra ultrapassa 600 mil toneladas anuais (17% do total nacional). Com cerca de 1,5 mil quilo por hectare, a produtividade mineira é bem superior à média das lavouras de feijão no Brasil, estimada em 858 quilos por hectare. O Noroeste encabeça a produção estadual, com 44% do total, graças principalmente aos municípios de Unaí, Paracatu e Buritis. O Sul de Minas também desponta como forte produtor, a partir do cultivo não-irrigado.
Gado nelore A raça nelore, de origem indiana, é mais conhecida em Minas Gerais como gado zebu. Ela se sobressai no rebanho brasileiro com 85% do total de cabeças existentes atualmente. Além de ser base para o cruzamento de gado de corte, também é bastante usada para a produção de carne in natura e, nos últimos anos, para o aprimoramento genético. A prática, inclusive, tem sido um dos principais propulsores comerciais na agropecuária brasileira.
Leite Maior produtor de leite do Brasil, o estado de Minas Gerais beira oito milhões de litros anuais, quase 30% de toda a produção nacional. Embora a região Central também produza leite, as extensões mais significativas estão no Alto Paranaíba e no Triângulo Mineiro. Juntos, eles respondem por 25% da produção. Sul e Sudoeste (16,5%) e Zona da Mata (10%) também têm força na produção leiteira.
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Uva No último ano, a área plantada de uvas no Brasil somou 82,5 mil hectares. Minas Gerais é o sétimo principal produtor nacional, atrás dos estados da região Sul, São Paulo, Pernambuco e Bahia. São 760 hectares e dez mil toneladas colhidas, em média, por ano. Embora o Sul do estado seja a região mais tradicional no cultivo da fruta, o Norte desponta na produção, com 240 hectares e seis mil toneladas colhidas. Pirapora, Lassance e Nova Porteirinha são os principais produtores
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Produção de milho, com eucalipto ao fundo, em Patos de Minas, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
Cultivo de feijão em Ibiá, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
Cultivo de feijão em São Gotardo, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
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Produção de feijão em Ibiá, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
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Fazenda de gado em Uberaba, no Triângulo Mineiro / Alto ParanaĂba
Fazenda de gado em Tapira, no Triângulo Mineiro / Alto ParanaĂba
Fazenda de gado de leite em Tapira, no Triângulo Mineiro / Alto ParanaĂba
Haras em InhaĂşma, na regiĂŁo Central do estado
Pasto para gado em Curvelo, na regi達o Central. Ao fundo, floresta de eucalipto
Fazenda de gado em Uberlândia, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba 80
Fazenda de gado em Uberlândia, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba 81
Fazenda de gado em Uberlândia, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
Grande pastagem de gado Ă beira da estrada, na Zona da Mata
Veredas em Uberlândia, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
Transporte de gado nelore em Montes Claros, Norte do estado
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Fazenda de gado nelore em Montes Claros, Norte do estado
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Pasto de gado nelore em Montes Claros, Norte do estado
Fazenda de gado em Uberaba, no Triângulo Mineiro / Alto ParanaĂba
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Cultivo de uva em Pirapora, no Norte do estado
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O clima ameno, o rico solo e as grandes reservas de água são as bases do agronegócio diversificado de Minas Gerais. O estado ocupa uma região predominantemente de planalto, a maior parte entre 300 e 1.500 metros de altitude. A vegetação mais comum é o cerrado, encontrado em metade do território. Há também incidência de florestas tropicais, caatinga e mata atlântica. Minas Gerais também abriga importantes bacias hidrográficas brasileiras. É o caso dos rios São Francisco e Paraná. O Velho Chico é o principal rio do território mineiro, com nascente na Serra da Canastra, possibilitando drenagem de uma área aproximada de 640 mil km², em uma extensão de mais de 2,8 mil km. Já o Paraná é responsável pela maior parte da energia elétrica gerada no estado, parte dela oriunda da Usina Hidrelétrica de Itaipu. O clima predominante é o tropical de altitude, mas há incidência também do tropical. O primeiro é típico das áreas de relevo mais elevadas, cujas temperaturas variam entre 17 e 20°C. O índice pluviométrico supera os 1.300 mm anuais. Já o tropical é encontrado nas regiões mais baixas, proporcionando temperaturas que oscilam entre 22° e 23°C, com verões chuvosos e invernos secos. Neste caso, as chuvas ficam, geralmente, entre 700 e 900 mm anuais. No geral, a média anual de Minas Gerais é de 21°C. Casa de Fazenda à beira da estrada na Zona da Mata 94
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Sempre-vivas Minas Gerais contabiliza cerca de 200 produtores de flores de corte. Atrás apenas da rosa, a sempre-viva é a segunda espécie mais produzida no Brasil. A flor, que integra com destaque a pauta de exportação brasileira, é produzida da região Central de Minas Gerais, especificamente do município de Diamantina. De origem australiana, a sempre-viva ganhou o nome por manter as cores e o aspecto vivaz mesmo depois de seca. É utilizada comumente em arranjos, como essência floral, na prática da cestaria, e pode durar até 50 anos.
Araucária Com pinheiros de até 25 metros de altura e tronco de até dois metros diâmetro, a mata araucária, ou dos pinheiros do paraná, é de formação aberta e homogênea, o que permite facilmente a extração de madeira. Justamente por isso, a única floresta subtropical do Brasil é também uma das mais desmatadas. Antigamente, estendia-se do sul do estado de Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, num total de cem mil km². Hoje, restam apenas 300 mil hectares em todo o país. Em Minas, os pinheiros estão na Serra da Mantiqueira, numa altitude que chega a 1,8 mil metros.
Suínos Minas Gerais é um grande polo produtor e consumidor da carne suína do Brasil. O estado responde por 11,7% da suinocultura brasileira, que vem se recuperando com louvor da crise mundial que trouxe prejuízos para o segmento tanto nacional quanto internacionalmente. O cenário agora é favorável. No último ano, 6% da exportação nacional da carne foi proveniente de Minas Gerais, num total de US$ 60 milhões.
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Frango Minas Gerais é a vice-líder no ranking brasileiro de aves de postura e frangos, com mais de 23 milhões de unidades e 11,5% do total nacional. O estado mantém ainda o terceiro lugar na criação de codornas. São cerca de 640 mil cabeças, o equivalente a 7% do total do Brasil. No segmento frango de corte, ocupa a sexta posição na lista das principais regiões produtoras.
Conservação de águas O município de Extrema, no sul do estado, desenvolve um projeto inovador de conservação de bacias hidrográficas. O entorno é uma importante área de manancial, responsável por mais da metade da água que abastece a região metropolitana de São Paulo. O trabalho encabeçado pela prefeitura consiste em recuperação do solo, recomposição das matas ciliares e saneamento ambiental (destinação adequada dos resíduos das propriedades rurais), além de um serviço de controle de nascentes pioneiro no país. Essas ações são baseadas na remuneração aos proprietários rurais, que garantem a efetiva conservação da água que passa por suas terras.
Preservação ambiental A parte mineira do Parque Nacional do Caparaó, que se estende até o Espírito Santo, ocupa áreas dos municípios de Caparaó, Alto Caparaó, Manhumirim, Espera Feliz e Alto Jequitibá. O local, que abriga o pico da Bandeira, o terceiro mais alto do país, é uma importante área de preservação ambiental, por seu representativo ecossistema de mata atlântica, um dos mais ameaçados do planeta.
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Cultivo de sempre-vivas em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha
Haras na estrada para Gonรงalves, Sul do estado
Construção histórica em Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte
Cultivo de sempre-vivas em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha
Vista da estrada em Patos de Minas, no Triângulo Mineiro / Alto ParanaĂba
Araucárias na área de preservação ambiental em Gonçalves, no Sul do estado
Granja de frango e suinocultura em ParĂĄ de Minas, na regiĂŁo Central do estado
Projeto Conservador das Ă guas em Extrema, no Sul do estado 112
Projeto Conservador das Ă guas em Extrema, no Sul do estado 113
Transporte de cavalos em São Gotardo, no Triângulo Mineiro / Alto Paranaíba
Criação de gado em Matozinhos, na região Central do estado
Cultivo de café e área de preservação ambiental em Caparaó, na Zona da Mata
Área de preservação ambiental em Caparaó, na Zona da Mata 120
Área de preservação ambiental em Caparaó, na Zona da Mata 121
Manancial em preservação ambiental na Zona da Mata
Fazenda em Itamonte, na Serra da Mantiqueira, Sul do estado
História
Páginas 14, 22, 26 e 28: Elias Kfoury Páginas 18, 20, 24, 27 e 30: José Israel Abrantes
Economia
Cutura
Páginas 32, 36, 38, 48, 50, 54 e 58: José Israel Abrantes Páginas 40, 41, 42, 46, 52, 56 e 57: Elias Kfoury Página 44: Acervo de imagens Café Bom Dia
Páginas 60, 78 e 84: Elias Kfoury Páginas 64, 66, 68, 69, 70, 72, 74, 80, 81, 82, 86, 88, 89, 90, 92 e 93: José Israel Abrantes Página 76: Evandro Fiúza
Aspectos Naturais
Páginas 94, 100, 102, 108, 110, 112, 113, 118, 120 121 e 122: Elias Kfoury Páginas 98, 104, 106, 114, 124: José Israel Abrantes Página 116: Miguel Aun 127
Minas Gerais • campos e paisagens 2010 Sebrae-MG Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc., nem apropriado ou estocado em sistema de banco de dados, sem prévia autorização, por escrito, do Sebrae-MG. Sebrae-MG (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais) Presidente do Conselho Deliberativo: Roberto Simões Diretor-superintendente: Afonso Maria Rocha Diretor de Operações: Matheus Cotta de Carvalho Diretor-técnico: Luiz Márcio Haddad P. Santos Unidade de Agronegócios Gerente: Priscilla Magalhães Gomes Lins Equipe Técnica: Franklin Ireno Aquino Ricardo Augusto Boscaro Rogério Nunes Fernandes Assessoria de Comunicação Assessor: Lauro Diniz Coordenação Editorial: Aline de Freitas Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais) Presidente: Roberto Simões Diretor-secretário: Marcos de Abreu e Silva Diretor-tesoureiro: João Roberto Puliti Superintendente-técnico: Affonso Damasio Soares Superintendente-administrativo: Silas Canedo Assessoria Técnica Coordenador: Pierre Santos Vilela Equipe técnica: Aline de Freitas Veloso Caetano de Carvalho Berlatto Rodrigo França Padovani Assessoria de Comunicação Carla Medeiros Lucila Alves Guimarães Maria do Carmo Araújo Silvana Matos Gestão Editorial Margem 3 Comunicação Estratégica Editor executivo: Frederico Alberti Editor de fotografia: Elias Kfoury Texto: Frederico Alberti Projeto Gráfico e Diagramação: Jumbo • Carla Marin Fotografia: Elias Kfoury Evandro Fiúza José Israel Abrantes Miguel Aun Revisão de Texto: Juliana Garcia Impressão: Gráfica e Editora Mafali Ltda. Tiragem: 500 unidades 129