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REVISTA DO GRUPO FIAT DO BRASIL Número 105 - EDIÇÃO ESPECIAL SUSTENTABILIDADE - 2010
Os caminhos da
sustentabilidade Entrevista: Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos • Grupo Fiat cumpre plano de investimentos de R$ 6 bilhões • Novo Código de Conduta amplia modelo sustentável de negócios para cadeia de fornecedores • Projeto de Competitividade Integrado (PCI) reduz custos e incentiva desenvolvimento de novas tecnologias • Inovações no processo produtivo garantem a conservação dos recursos naturais • Veículos cada vez mais ecológicos • Recursos humanos: estratégias de reconhecimento e valorização dos profissionais • Empresas disseminam educação e cultura nas comunidades em que atuam
CARTA AO LEITOR
Avanço no rumo certo por Cledorvino Belini*
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s números, as imagens e as palavras usadas nas páginas a seguir para ilustrar o que o Grupo Fiat está realizando e como está construindo um modelo equilibrado de negócios demonstram apenas em parte o que o Grupo entende por sustentabilidade. Por trás de cada número e de cada palavra há um empenho sério, há toda uma cultura empresarial em consolidação, há um método de gestão responsável, há a convicção de que esse é o único caminho para assegurar mérito e dignidade a qualquer resultado empresarial. A construção de um modelo sustentável de negócios não é um discurso de momento ou um relatório formal, mas um elemento mobilizador e engajador dos dirigentes e lideranças do Grupo Fiat em escala global. É uma diretriz que se propaga ao longo de toda a extensão dos negócios. Para evidenciar a adesão clara e convicta à cultura da responsabilidade, não só econômica, mas também social e ambiental, em alinhamento com as melhores práticas sustentáveis internacionais, o Grupo adotou um novo Código de Conduta global, que dá ênfase à harmonização dos três pilares da sustentabilidade no cotidiano da prática empresarial. Como consequência da evolução consistente dos conceitos e políticas e da disseminação das boas práticas, a Fiat S.p.A., holding mundial do Grupo Fiat, foi reconhecida pelo segundo ano consecutivo como líder em sustentabilidade, sendo confirmada nos índices Dow Jones Sustainability Index (DJSI) World e Dow Jones Sustainability Europa, com uma pontuação de 93/100. O Grupo avançou em relação ao ano anterior, quando pontuara 90/100, demonstrando que a sustentabilidade é um processo inesgotável de autoavaliação, de aprimoramento e de superação. Em outro importante marco de reconhecimento internacional, a Fiat manteve pelo terceiro ano consecutivo a condição de marca mais ecológica da Europa, devido ao baixo nível de emissões de CO2 de seus automóveis. A alta eficiência ambiental dos modelos da marca decorre de um conjunto de fatores, articulados antes mesmo do projeto dos veículos. Está diretamente relacionada aos investimentos globais do Grupo Fiat em inovação tecnológica na área de motores e seus componentes, que mobilizam milhares de técnicos em todo o mundo e cujos resultados positivos estão disponíveis em todas as unidades de produção do Grupo. O Brasil tem papel destacado nesse processo, na medida que os oito centros de pesquisa e desenvolvimento do Grupo no país são geradores de inovações e de ganhos de eficiência, operando em linha com as áreas de excelência de todo o mundo. Para articular as ações e iniciativas em todos os aspectos da responsabilidade social empresarial, foi constituído em 2010 o Comitê de Sustentabilidade do Grupo Fiat, cujo trabalho de compartilhar conceitos e boas práticas entre as diversas empresas no Brasil evolui agora para a capacitação de lideranças e para o avanço do modelo sustentável de negócios em todo o Grupo. Isso significa projetar a visão das empresas para além da técnica, o seu campo natural de atuação, valorizando cada vez mais os planos da ética e da estética das relações em cada ato de planejamento ou decisão. Assim, engajados em um relacionamento transparente com nossos stakeholders, cumpriremos plenamente nossa missão de cultivar a excelência e perpetuar o negócio em uma sociedade cada vez mais justa e harmoniosa, em um planeta equilibrado e respeitado. * Presidente do Grupo Fiat para a América Latina MUNDOFIAT
sumário
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EXPEDIENTE
Mundo Fiat é uma publicação da Fiat do Brasil S/A, destinada aos stakeholders das empresas do grupo no Brasil.
06 06 Entrevista O PAPEL DAS EMPRESAS O fundador do Instituto Ethos, Oded Grajew, fala da atuação das empresas na construção de uma sociedade justa e sustentável
12 Referências em Sustentabilidade cases Banco do Brasil e Natura fazem um balanço dos resultados alcançados com a adoção de práticas sustentáveis nos negócios
22 Perfil PILAR ECONÔMICO Grupo Fiat cumpre plano de investimentos de R$ 6 bilhões e mantém liderança no mercado
28 Estratégia PROCESSO CONTÍNUO Comitê de Sustentabilidade do Grupo Fiat impulsiona mudanças na perspectiva de assegurar que a atuação no presente não comprometa o futuro
38 Gestão I CÓDIGO DE CONDUTA Documento inova ao incluir futuras gerações entre os stakeholders do Grupo
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44 Gestão II
92 Meio Ambiente IV
SINERGIA NOS NEGÓCIOS Projeto de Competitividade Integrado (PCI) une empresas em programas de redução de custos
54 Meio Ambiente I AÇÕES PROATIVAS Sistemas de Gestão Ambiental estão cada vez mais eficientes, com tecnologias inovadoras para a conservação dos recursos naturais. Os exemplos estão em todos os lugares, como na Fiat Automóveis, que já recircula 99% da água para uso industrial
NOVAS ESTRATÉGIAS Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) dos materiais, inventário de emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEE), além das “construções verdes”, são novas práticas para ampliar a ecoeficiência dos produtos e processos
84 Meio Ambiente III SUSTENTABILIDADE EM QUATRO RODAS Novas gerações de motores e sistemas automotivos reduzem o consumo de combustível e a emissão de gases. Um dos destaques é a telemetria, que aponta para o motorista as melhores condições de dirigibilidade
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98 Recursos Humanos VALORIZAÇÃO DAS PESSOAS Vilmar Fistarol destaca os fundamentos da política de recursos humanos do Grupo Fiat, com ênfase no desenvolvimento de lideranças e melhoria da infraestrutura de trabalho
112 Responsabilidade Social
68 Meio Ambiente II
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UM POUCO DE HISTÓRIA Pesquisadores e técnicos contam as dificuldades e descobertas que fizeram do Fiat 147 um marco mundial no uso do biocombustível
PARCERIAS COM A COMUNIDADE Empresas desenvolvem projetos que estimulam o desenvolvimento das regiões em que atuam. As iniciativas, voltadas para a formação de jovens e geração de trabalho e renda, têm um ponto em comum: a educação como fator de transformação social
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Os caminhos da sustentabilidade Por Marco Antônio Lage*
www.grupofiat.com.br www.eticagrupofiat.com.br FIAT DO BRASIL S/A Presidente: Cledorvino Belini MONTADORAS FIAT AUTOMÓVEIS Presidente: Cledorvino Belini CASE NEW HOLLAND Presidente: Valentino Rizzioli IVECO LATIN AMERICA Presidente: Marco Mazzu COMPONENTES FPT – POWERTRAIN TECHNOLOGIES Superintendente: Franco Ciranni MAGNETI MARELLI Presidente: Virgilio Cerutti TEKSID DO BRASIL CEO Nafta e Mercosul: Rogério Silva Jr. SISTEMAS DE PRODUÇÃO COMAU Superintendente: Alejandro Solis SERVIÇOS FINANCEIROS BANCO FIDIS Superintendente: Gunnar Murillo BANCO CNH CAPITAL Superintendente: Derci Alcântara FIAT FINANÇAS Superintendente: Gilson de Oliveira Carvalho SERVIÇOS FIAT SERVICES Superintendente: José Paulo Palumbo da Silva FIAT REVI Superintendente: Davide Nicastro FIDES CORRETAGENS DE SEGUROS Superintendente: Marcio Jannuzzi FAST BUYER Superintendente: Valmir Elias ISVOR Superintendente: Márcia Naves ASSISTÊNCIA SOCIAL FUNDAÇÃO FIAT Diretor-Presidente: Adauto Duarte CULTURA CASA FIAT DE CULTURA Presidente: José Eduardo de Lima Pereira EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO TORINO Presidente: Raffaele Peano Comitê de comunicação Alexandre Campolina Santos (Fiat Services ), Ana Vilela (Casa Fiat de Cultura), Pollyane Bastos (Teksid), Cristielle Pádua (Fundação Torino), Cláudio Rawicz (FPT – Powertrain Technologies), Elena Moreira (Fundação Fiat), Fabíola Sanchez (Magneti Marelli), Fernanda Palhares (Isvor), Guilherme Pena (Fiat Automóveis), Jorge Görgen (CNH), Marco Antônio Lage (Fiat Automóveis), Marco Piquini (Iveco), Milton Rego (CNH), Othon Maia (Fiat Automóveis), Renata Ramos (Comau) e Roberto Baraldi (Fiat do Brasil). Jornalista Responsável: Marco Antônio Lage (Diretor de Comunicação da Fiat). MTb: 4.247/MG Gestão Editorial: Margem 3 Comunicação Estratégica. Editora-Executiva: Ellen Dias. Chefe de Reportagem: Juliana Garcia. Colaboraram nesta edição: Adriana Borges, Ana Veloso, Bianca Alves, Fabiana Nogueira, Frederico Alberti, Frederico Machado, Júlia Costa, Leonardo Werner, Lilian Lobato, Lívia Gabriela, Maurício Angelo, Patrícia Cunegundes, Raquel Santos, Regina Trombelli, Roberto Baraldi e Téo Seixas. Projeto Gráfico e Diagramação: Sandra Fujii. Produção Gráfica: Ilma Costa. Impressão: EGL - Editores Gráficos Ltda. Tiragem: 19.500 exemplares. Redação: Rua dos Inconfidentes, 1.075, sl. 801 – CEP 30.140-120 – Funcionários – Belo Horizonte – MG – Tel.: (31) 3261-7517. Fale conosco: mundofiat@fiatbrasil.com.br Para anunciar: José Maria Neves (31) 3297-8194 – (31) 9993-0066 – mundofiat@uol.com.br
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elo segundo ano consecutivo, Mundo Fiat traz uma edição especial totalmente dedicada ao tema sustentabilidade. É um relato sobre as ações concretas que as empresas do Grupo Fiat desenvolvem no sentido da consolidação de um modelo sustentável de negócios, uma análise das decisões, fatos e iniciativas que buscam o ponto de equilíbrio entre os aspectos econômico, social e ambiental na atuação das empresas, tendo em vista as necessidades dos vários stakeholders. Trata-se de um longo caminho, no qual se aprende a cada passo. Como no jardim zen que ilustra a capa desta edição, o essencial é buscar a harmonia entre pensamento e ação e jamais temer ou ocultar os obstáculos que surgem pela frente. As decisões e passos dados deixam marcas que permitem avaliar o rumo traçado, quanto avançamos e o quanto ainda há por fazer. O caminho do desenvolvimento sustentável exige diálogo e transparência, pois o equilíbrio pretendido se obtém através do exercício dinâmico do relacionamento, como expressão de compromissos individuais e coletivos. Assim, cada empresa do Grupo Fiat apresenta suas mais relevantes iniciativas, comunicando-as para seu próprio interior, para as demais empresas do Grupo e para seus públicos de relacionamento, formando um amplo painel informativo, mobilizador e engajador. No caso de um grupo essencialmente voltado para a concepção e produção de automóveis, caminhões, máquinas agrícolas e de construção e seus componentes, um modelo sustentável de negócios deve cobrir um amplo arco de ações, desde o projeto e desenvolvimento de produtos, sua fabricação e utilização, até seu descarte. Trata-se de satisfazer à necessidade crescente de mobilidade, reduzindo ao mesmo tempo o impacto ambiental e social do veículo em todo seu ciclo de vida. Isso significa desenvolver múltiplas soluções inovadoras para tornar os veículos mais eficientes e para reduzir seu consumo e emissões. Da mesma forma, requer a possibilidade de reciclar os componentes e materiais do veículo ao final de sua vida útil, para que o ciclo de produção demande menos recursos naturais. Ao abordar esses temas, esta edição se insere no diálogo permanente do Grupo Fiat com seus públicos constituintes, na perspectiva de difundir conceitos e boas práticas e, sobretudo, dar continuidade ao processo de aprendizado em direção à sustentabilidade. Boa leitura! * Diretor de Comunicação Corporativa do Grupo Fiat
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Guilherme Norberto
Entrevista
Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos, destaca a importância do papel cidadão das empresas
O modelo sustentável avança entre as empresas por Ana Veloso e Roberto Baraldi
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m sintonia com a necessidade urgente de mudança do modelo de desenvolvimento, foi criado em 1998, por iniciativa de empresários e executivos da iniciativa privada, o Instituto Ethos. Sua missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável. Nessa trajetória, foram criados os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial, uma ferramenta de aprendizado e avaliação da gestão, para medir o impacto social e ambiental das empresas, com foco na adoção de novas práticas e condutas. Nesta entrevista, o empresário Oded Grajew, fundador e presidente do Instituto Ethos e coordenador do movimento Nossa São Paulo, uma rede com mais de 600 organizações, mostra como a responsabilidade social empresarial cresce em importância e como esse caminho pode ser seguido por um número cada vez maior de pessoas.
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Mundo Fiat: Temos observado uma mudança importante no relacionamento entre empresas e sociedade. Como o senhor avalia esse processo? Oded Grajew: Ao longo do tempo, o setor empresarial vem adquirindo importância, papel e responsabilidades crescentes na sociedade. Há no mundo um grande número de empresas cujo faturamento é maior do que o Produto Interno Bruto de muitos países. As empresas também têm recursos financeiros, econômicos, de comunicação e políticos que repercutem na formação da cultura, nos hábitos e no comportamento dos cidadãos. É natural que as maiores influências e visibilidade da empresa sobre a sociedade resultem em maior demanda da sociedade sobre a empresa em termos de responsabilidades. Por isso, muitas empresas têm mudado a qualidade de seu relacionamento com a sociedade. O investimento social está evoluindo de práticas filantrópicas para ações mais abrangentes. A mudança da qualidade da relação com a sociedade envolve, além da própria empresa, sua cadeia produtiva. Quando se contrata uma empresa que usa trabalho infantil, isso tem impacto na sociedade. Mas, se você proíbe o trabalho infantil na cadeia produtiva, isso tem impacto positivo em toda a sociedade. Isso vale também para a forma como a empresa lida com seus funcionários, como se relaciona com a comunidade, seu impacto ambiental e seu grau de engajamento no desenvolvimento local. As empresas percebem que agir com responsabilidade empresarial acrescenta valor ao seu negócio, aumenta sua receptividade junto à sociedade e consumidores e atrai pessoas de talento. Mundo Fiat: Em sua avaliação, as empresas brasileiras estão conseguindo incorporar autenticamente esses conceitos?
Oded Grajew: Em 1998, quando o Instituto Ethos foi criado, a expressão responsabilidade social sequer existia. A primeira coisa que fizemos foi explicar o conceito. Visitamos os principais meios de comunicação para dizer do que se tratava. Reunimos as empresas para explicar porque era importante dar atenção ao tema. Hoje, esse conceito está disseminado no meio empresarial e na sociedade. É muito difícil haver um evento empresarial em que esse assunto não seja tratado, como é raro encontrar empresas, principalmente de maior porte, que não tratem isso de uma forma central. É um assunto que já foi incorporado pela sociedade. Muitas empresas avançaram bastante na implementação de práticas e políticas, criando estruturas para gerir a responsabilidade social e fazendo, regularmente, o diagnóstico de seu comportamento
“Muitas empresas têm mudado a qualidade de seu relacionamento com a sociedade. O investimento social está evoluindo de práticas filantrópicas para ações mais abrangentes”
para avaliar práticas e condutas. Para apoiar esse processo, criamos os Indicadores Ethos, uma ferramenta de diagnóstico, um check up da responsabilidade social da empresa, que dá a noção exata de como está e para onde se deve caminhar para aprimorar as práticas. Mundo Fiat: As boas práticas estão se propagando? Oded Grajew: Das 1,4 mil associadas ao Instituto Ethos, cerca de 800 empresas fazem a autoavaliação anualmente e recebem um relatório de diagnóstico. É como ir ao médico para um check up: os exames mostram o que você deve tratar para melhorar.
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Entrevista
“Ainda há muito para avançar. O desafio é fazer com que micro, pequenas e médias empresas adotem uma gestão socialmente responsável. Por isso, é importante atuar nas cadeias produtivas” Como expressão da importância que a sociedade e os investidores conferem à empresa socialmente responsável, foi criado, na Bolsa de Valores de São Paulo, o ISE, que é o Índice de Sustentabilidade Empresarial, composto pelas empresas que atendam a determinados níveis de práticas e condutas. Índices semelhantes existem nas bolsas de Nova Iorque e de Londres. Da mesma forma, um número crescente de empresas adota a GRI, Global Reporting Initiative, que é um modelo, uma metodologia para relatar e publicar o balanço social. A GRI é uma referência mundial e um marco em termos de transparência, na qual as empresas brasileiras já se destacam. Isso mostra que estamos avançando e que as boas práticas se propagam. Ainda há muito para avançar. O desafio é fazer com que micro, pequenas e médias empresas adotem uma gestão socialmente responsável. Por isso, é importante atuar nas cadeias produtivas. Existem, porém, empresas que adotam o discurso, mas não a prática. Felizmente, isso acontece cada vez menos, porque tais empresas percebem que essa postura lhes causa problemas internos e externos, pois as pessoas passam a olhá-las com desconfiança e não acreditam em sua autenticidade. O mercado é cada vez mais crítico e, como hoje nós temos muitos instrumentos de difusão da informação, é mais difícil você manter um discurso sem adotá-lo na prática. Há, portanto, um processo em marcha. Todos gostaríamos que fosse mais rápido, mas está avançando bem. O Brasil já é uma referência mundial em termos de responsabilidade social empresarial.
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Mundo Fiat: Sua visão parece otimista. O senhor reconhece que há um caminho a ser percorrido ainda, mas que o Brasil já é uma referência nessa área? Oded Grajew: É, de fato, uma referência e, na medida em que os conceitos e práticas se propagam entre as empresas, começam a influenciar políticas públicas na direção de um mercado e de uma sociedade socialmente responsáveis. Mundo Fiat: Isso se liga aos movimentos de cidade sustentável em uma nova perspectiva de atuação? Oded Grajew: Sim, sem dúvida. A missão do Instituto Ethos é sensibilizar, mobilizar as empresas para que adotem uma gestão socialmente responsável, tornando-as parceiras, unindo-as na construção de uma sociedade justa e sustentável. Nessa perspectiva, foram lançadas, em 2007, duas iniciativas importantes: o fórum Amazônia Sustentável, que reúne empresas, sociedade civil e governos, e, na área urbana, a Nossa São Paulo, movimento que reúne hoje, aproximadamente, 600 organizações, mobilizadas para colocar na agenda, tanto da sociedade como dos respectivos governos, o desenvolvimento sustentável e justo da cidade de São Paulo. Foi um impulso exemplar e já temos mais de 30 iniciativas parecidas em outras cidades. Formou-se uma rede social brasileira por cidades justas e sustentáveis, que também ajudou na formação de uma rede latino-americana para movimentos semelhantes em vários países. São exemplos de como as empresas evoluem e, além da adoção
Avança a consciência das empresas para redução das emissões de CO2
da gestão socialmente responsável, passam também a influenciar as políticas públicas. Da mesma forma, há o Grupo de Empresas pelo Clima, que assumiu compromissos empresariais para minimizar os impactos ambientais. A ação desse grupo está diretamente ligada à adoção, pelo governo brasileiro, da redução de 36% a 39% das emissões de CO2. Mundo Fiat: Por que uma empresa deve investir para ser sustentável? Oded Grajew: Por muitas razões. Em primeiro lugar, deve investir para ser atrativa para as pessoas, para ser uma empresa que as pessoas queiram apoiar, seja a comunidade ou seus funcionários. Isso atrai talentos
para a equipe e confiança e apoio dos consumidores e da sociedade. Uma empresa depende disso, pois vive na sociedade e do que a sociedade possa oferecer-lhe como condições de desenvolvimento. A deterioração da sociedade em um modelo de desenvolvimento insustentável dificulta o desenvolvimento da empresa, que passa a ter que lidar com problemas sociais que representam custos, a administrar questões éticas e a confrontar-se com problemas ambientais que podem ameaçar, inclusive, a sua própria sobrevivência. A empresa vive de recursos que o meio ambiente oferece. Na medida em que esses recursos se deterioram, tornam-se mais raros, mais caros e, a partir de um certo
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Entrevista
momento, inexistentes. O desenvolvimento sustentável é a melhor via de crescimento para as empresas. Mundo Fiat: Mais do que uma despesa, é um investimento com retorno? Oded Grajew: É um investimento com retorno e um seguro para a sua própria existência. É uma forma de viabilizar a sua continuidade porque a empresa aspira, na verdade, à perpetuidade de seu negócio.
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A visão de sustentabilidade do setor automotivo avança para a dimensão do uso dos veículos
Mundo Fiat: A empresa, hoje, não é apenas um ente econômico que gera produtos e serviços para tornar-se um ente social que se relaciona com o planeta e com a sociedade. Explique melhor qual é esse novo papel das empresas? Oded Grajew: A empresa assumiu um papel cidadão. Ela desenvolve um papel econômico, com certeza, mas também um papel social pelo impacto
que tem sobre as pessoas e um papel cultural pela influência que tem sobre valores, comportamentos e hábitos na sociedade. Da mesma forma, a empresa tem importância política por sua influência sobre governos e um papel fundamental na sua relação com o meio ambiente, na sua influência sobre o desenvolvimento da sociedade. É um papel cidadão muito maior do que o meramente econômico que tinha há alguns anos. Mundo Fiat: Também as lideranças devem estar preparadas para essa mudança de paradigma, para tornarem-se inspiração para pessoas, processos e novas atitudes? Oded Grajew: As lideranças precisam ter, em primeiro lugar, credibilidade. Esse é o fator-chave. A credibilidade faz com que as pessoas possam ouvir, inspirar-se e confiar em outras pessoas e nas instituições. A credibilidade é valorizada e também testada o tempo
todo pela maior exposição nos meios de comunicação, em um processo que torna as organizações mais transparentes. Em segundo lugar, as lideranças precisam ter capacidade de relacionamento com diversos segmentos da sociedade, de juntar, de estabelecer pontes, de formar coletivos e alianças. Hoje, não se consegue fazer as coisas sozinho, principalmente as coisas de impacto. Os processos sustentáveis são baseados na credibilidade e na junção de forças, pois é o processo que determina o fim. Se você tem um processo sustentável, com credibilidade, você pode atingir fins socialmente responsáveis e éticos. Mas é preciso ter coragem: qualquer mudança ou transformação mexe com interesses e isso envolve problemas e riscos. Por isso, é importante ter a confiança e a força motivadora dos seus objetivos, da sua missão, da credibilidade naquilo que se faz, para enfrentar os desafios, para orientar a ação. Não sei se todos têm essa noção, mas nós estamos vivendo tempos absolutamente extraordinários na história da espécie humana. Nós fomos sorteados para viver tempos nos quais, pela primeira vez em toda a história da humanidade, existe um risco real, concreto, da extinção da espécie. Quem faz o alerta são os cientistas e é muito importante levarmos isso a sério. São tempos muito diferentes, totalmente novos, que demandam grandes mudanças, muita força e muita coragem para enfrentar esses desafios. Mundo Fiat: Especificamente com relação à indústria automobilística, podemos afirmar que o desafio é ser sustentável no processo de produção, na concepção do produto e na dimensão de seu uso, que é a própria mobilidade? Oded Grajew: Toda empresa tem fornecedores, clientes e funcionários e atua numa comunidade. Independentemente de seu produto, tem a respon-
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sabilidade de levar adiante práticas e políticas que beneficiem todas essas comunidades. Felizmente, hoje há instrumentos de gestão sofisticadíssimos que apoiam a implementação de práticas e políticas para maximizar os impactos positivos da atuação da empresa sobre a sociedade e tentar minimizar os impactos negativos. Na questão específica do setor automotivo, é evidente que seus produtos beneficiam muito a mobilidade, ajudam a transportar e conectar pessoas, a transportar mercadorias. Toda atividade econômica beneficia-se dos produtos dessa indústria. Ao mesmo tempo, porém, nós temos problemas de excesso de carros e de caminhões que afetam a mobilidade nas cidades. Temos as vítimas dos acidentes
“Toda empresa tem fornecedores, clientes e funcionários e atua numa comunidade. Independentemente de seu produto, tem a responsabilidade de levar adiante práticas e políticas que beneficiem todas essas comunidades” de trânsito, que são cerca de 40 mil mortos por ano no Brasil. Temos a poluição nos grandes centros urbanos. É muito importante que a própria indústria se engaje, seja uma liderança e mobilize outros setores para minimizar esses problemas, buscando soluções para a mobilidade nas cidades e o aperfeiçoamento das tecnologias de seus produtos, influenciando outros elos da cadeia, como os fornecedores de combustíveis, para que haja menos poluição. Da mesma forma, é fundamental o engajamento em campanhas, em ações educativas e na influência de políticas e ações governamentais para reduzir os acidentes de trânsito nas estradas. Esse seria um eixo fundamental de ação de todo o setor automotivo.
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Referências em Sustentabilidade
Os valores do Banco do Brasil Rodrigo Nogueira: “Responsabilidade socioambiental é ter a ética como compromisso e o respeito como atitude”
por PATRÍCIA CUNEGUNDES
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Banco do Brasil (BB) foi vencedor de três das seis categorias da Global Reporting Initiative (GRI) Reader’s Choice Awards 2010, com seu Relatório de Sustentabilidade 2008. O anúncio do prêmio foi feito durante a Conferência Mundial de Amsterdã sobre Sustentabilidade e Transparência, que contou com mais de mil participantes, provenientes de 50 países. A premiação, que ocorre a cada dois anos, é um reconhecimento internacional concedido a empresas que são transparentes na divulgação de seus resultados e práticas, utilizando a metodologia da GRI para produzir seus relatórios. Esse foi uma importante conquista do Banco do Brasil, que baseia suas práticas socioambientais na Agenda 21 Empresarial, que contempla um plano de ação atualizado periodicamente desde 2005. “Com metas mais ousadas definidas nessa agenda, novas realizações estão garantindo um avanço relevante da gestão socioambiental do BB. Todas as práticas de sustentabilidade do banco estão sob o ‘guarda-chuva’ dessa agenda”, afirma Rodrigo Santos Nogueira, gerente geral de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil. Ele destaca a Estratégia DRS (Desenvolvimento Regional Sustentável), as ações da Fundação Banco do Brasil e o programa Água Brasil como as
Divulgação Banco do Brasil
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O Banco do Brasil e a Natura são duas empresas brasileiras que se destacam internacionalmente por suas práticas sustentáveis. Ambas conquistaram recentemente importantes prêmios por seus relatórios de sustentabilidade, concedidos pela Global Reporting Initiative (GRI).
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principais práticas dos pilares econômico, social e ambiental, respectivamente. No entanto, elas não estão isoladas umas das outras e buscam integrar práticas economicamente viáveis, ambientalmente corretas e socialmente justas. Com a Estratégia DRS, o banco busca estimular economias locais, gerar trabalho e garantir renda de forma sustentável, inclusiva e participativa. “Com essa estratégia, o Banco do Brasil não se limita ao papel de agente tradicional de crédito, mas atua como catalisador de ações, fomentando, articulando e mobilizando agentes econômicos, políticos e sociais, bem como procura fortalecer o associativismo e o cooperativismo, a agricultura familiar e os mini e pequenos empreendedores”, explica Nogueira. O caráter inovador em finanças sustentáveis e o alcance socioambiental da iniciativa foram atestados pela Universidade das Nações Unidas. A Fundação Banco do Brasil, parceira do BB no que se refere a investimento social privado, desenvolveu, nos últimos anos, a estratégia de integrar ações de educação e de geração de trabalho e renda. “Essas ações estão traduzidas em programas estruturados que transformam a vida de milhares de brasileiros, com prioridade para comunidades de agricultores familiares, agroextrativistas, quilombolas, indígenas e catadores de materiais recicláveis de grandes centros urbanos”, conta Nogueira. De acordo com ele, em 2009, a Fundação investiu mais de R$ 93 milhões em projetos de investimento social privado. O programa Água Brasil, lançado em 22 de março, Dia Mundial da Água, foi concebido a partir da decisão do banco de adotar o tema como o principal eixo de atuação em suas ações voltadas para a sustentabilidade. A ação é fruto de parceira com a Agência Nacional de Águas (ANA), WWF Brasil e Fundação Banco do
Brasil e está estruturada em eixos, com projetos socioambientais (nos meios rural e urbano) de conscientização e mudança de atitude do público em relação à conservação dos recursos hídricos. Compromissos “Se tivéssemos que resumir todo esse processo de construção de uma plataforma de sustentabilidade no BB em uma palavra seria engajamento, seja interno ou externo. Quando os públicos de relacionamento da empresa não estão na mesma sintonia, as coisas não acontecem”, afirma Nogueira. Segundo ele, o engajamento do Banco do Brasil com os princípios de responsabilidade socioambiental faz parte de sua tradição bicentenária. “Como um dos principais agentes do desenvolvimento econômico e social do país, o banco impulsiona a economia e o desenvolvimento dos municípios em que atua ao financiar o agronegócio, o comércio exterior, as micro e pequenas empresas, entre outros”. De acordo com o gerente, a definição de um conceito e da Carta de Princípios de Responsabilidade Socioambiental foi importante para fundamentar e direcionar as ações e movimentos que internalizassem a cultura no conglomerado. “Responsabilidade socioambiental é ter a ética como compromisso e o respeito como atitude nas relações com funcionários, colaboradores, fornecedores, parceiros, clientes, credores, acionistas, concorrentes, comunidade, governo e meio ambiente”. Com a definição desse conceito e da Carta de Princípios, conforme explica o gerente geral de Desenvolvimento Sustentável, evidenciou-se a intenção estratégica do Banco do Brasil de conciliar o atendimento aos interesses dos seus acionistas e ao desenvolvimento de negócios social e ambientalmente sustentáveis, mediante a incorporação daqueles
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Referências em Sustentabilidade
princípios a seus produtos, serviços, negócios e rotinas administrativas. “Dessa maneira, o BB explicita o interesse em contribuir para o desenvolvimento de um novo sistema de valores para a sociedade, que tem como referencial maior o respeito à vida humana e ao meio ambiente, condição indispensável à sustentabilidade da própria humanidade”. Níveis Estratégicos O Banco do Brasil estabeleceu como desafio contínuo fazer com que a responsabilidade socioambiental permeie todos os processos da empresa. O assunto passou a ser definitivamente pauta das decisões estratégicas e operacionais do Banco do Brasil em 2003, quando o Conselho Diretor aprovou a criação da Unidade Relações com Funcionários e Responsabilidade Socioambiental (RSA) e instituiu uma equipe interdisciplinar, denominada Grupo RSA. O objetivo era fazer com que as definições sobre o tema pudessem ser debatidas e disseminadas por toda a organização. “Como resultado desses esforços, o Conselho Diretor do banco desenvolveu e aprovou o conceito e a Carta de Princípios de Responsabilidade Socioambiental”, conta o gerente. Em 2004, a unidade foi transformada em Diretoria de Relações com Funcionários e Responsabilidade Socioambiental (DIRES) e, em 2009, foi criada a Unidade de Desenvolvimento Sustentável (UDS), que unificou a gestão da RSA e da DRS do Banco do Brasil. No nível estratégico, a Unidade de Desenvolvimento Sustentável é subordinada à Vice-Presidência de Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Sustentável. Nos níveis táticos e operacionais, o BB conta com a atuação dos segmentos de Mercado de Desenvolvimento Sustentável das Superintendências Estaduais e com o Eixo RSA, nas Gerências Regionais de Pessoas de todos os estados.
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“Por meio de treinamentos e da implantação das ações definidas no nível estratégico, os funcionários das agências e demais dependências vivenciam a sustentabilidade na prática, seja na oferta de produtos e serviços com preocupações socioambientais, seja no relacionamento com os diversos públicos, pautado pela ética e pelo respeito”, salienta Nogueira. No ano passado, o BB criou internamente o Fórum de Sustentabilidade, que reúne executivos de diversas unidades estratégicas do banco e da Fundação Banco do Brasil, para apoiar o processo de disseminação dos preceitos e práticas de responsabilidade socioambiental, avaliar o desempenho do Banco do Brasil na implantação das ações da Agenda 21, identificar oportunidades e riscos com relação ao tema, entre outras finalidades. As proposições do Fórum são encaminhadas para deliberação dos comitês, subcomitês e do Conselho Diretor. Para o gerente geral de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, a principal lição é que sustentabilidade não se faz sozinho. “Para uma empresa ser realmente sustentável, ela precisa que o tema seja permanentemente debatido com representantes de todas as áreas. E assim está sendo feito no BB. Seja por meio do Grupo RSA ou do Fórum de Sustentabilidade, esses espaços de discussão e proposição incorporam e complementam a estrutura de gestão do tema no banco”. Nogueira pondera que não adianta uma empresa ter um setor para trabalhar com o tema sustentabilidade se a alta administração da empresa e os demais executivos não comprarem essa ideia. “No BB, esse caminho vem sendo constantemente trilhado e os resultados já aparecem. Seja nos números apresentados, seja em reconhecimentos nacionais e internacionais conquistados”, atesta.
Referências em Sustentabilidade
Natura, pioneira na sustentabilidade no Brasil
Fotos Wilson Spinardi Junior
Sede da Natura em Cajamar (SP)
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Maior fabricante brasileira de cosméticos, a Natura tornou-se referência internacional em sustentabilidade e foi, recentemente, premiada na Conferência Global de Sustentabilidade e Transparência pela qualidade de seu Relatório Anual 2008, na categoria Cadeia de Valor (The Value Chain Award), promovida pela Global Reporting Initiative (GRI). A premiação reconhece as práticas e transparência da empresa que está construindo um modelo sustentável de negócios e de relacionamento com acionistas, parceiros, sociedade e ambiente. A Natura foi a primeira organização brasileira a adotar integralmente o modelo proposto pelas diretrizes GRI, no ano 2000, e é classificada como A+, a melhor classificação possível desde a criação dessa pontuação, em 2008. “A adoção do modelo GRI pela empresa permitiu lançar um novo olhar sobre as atividades econômicas, sociais e ambientais realizadas e sobre o rumo a tomar nessas questões. Internamente, tal prática veio colaborar para a revisão de processos e para o planejamento de estratégia”,
explica Rodolfo Witzig Guttilla, diretor de Assuntos Corporativos da Natura. Os relatórios anuais da Natura buscam atingir um universo amplo de stakeholders, promovendo o engajamento por meio de relatos diferenciados por tipo de público e fluxo contínuo de informação. Essa prática levou a formatos mais participativos de compartilhamento de informações, com o envolvimento dos stakeholders na construção do futuro desejado. “Essa ideia motivou o Wiki Relatório, um conteúdo desenvolvido de forma colaborativa por nossos públicos. É o início de uma jornada de transformação do Relatório Anual para um documento vivo, a serviço da comunicação e do diálogo permanente com os públicos”, afirma Guttilla. Fóruns virtuais com palestras e mesas redondas, transmitidas em vídeo pela internet, e wikishops (debates virtuais com chats abertos), formando uma rede social virtual, permitiram que representantes dos diversos públicos pudessem opinar, de maneira colaborativa, sobre o papel da empresa e os caminhos fu-
turos relacionados a temas estratégicos de sustentabilidade. As reflexões foram incorporadas ao Relatório Anual e parte delas considerada na elaboração do planejamento estratégico da companhia. Os seis temas em debate foram: Amazônia, biodiversidade, educação, Gases de Efeito Estufa (GEE), impacto dos produtos e qualidade das relações. Participaram dos debates colaboradores, consultoras e consultores, consumidores e fornecedores. O resultado é um alinhamento entre os rumos da Natura e os anseios dos públicos, com destaque particular para uma busca mais complexa de soluções, focadas na criação de uma cultura de inovação. A empresa A Natura tem sede em Cajamar (SP) e presença em 11 países. Emprega 6,2 mil colaboradores e contabiliza uma receita líquida da ordem de R$ 4,2 bilhões. Foi fundada em 1969 com a proposta diferenciada de utilização de ingredientes naturais em suas formulações. Em 1983, aderiu ao uso de refil, reduzindo o descarte de embalagens e, em 1997, converteu sua frota de distribuição na capital de São Paulo para Gás Natural Veicular (GNV). Em 2000, lançou a linha Natura Ekos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade brasileira ao mesmo tempo em que inaugurou, em sua sede, a Es-
tação de Tratamento de Efluentes (ETE) com sistema aeróbico. No ano seguinte, incorporou ao processo de desenvolvimento de produtos a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) para embalagens e, em 2005, substituiu a gordura animal por óleos vegetais na linha de sabonetes. Em 2006, entrou em operação a Unidade Industrial Benevides, no Pará, para a fabricação de óleos vegetais, e a energia solar passou a ser adotada na sede para aquecimento de água e iluminação do estacionamento. No mesmo ano, decretou o fim dos testes em animais e formou uma rede interna de colaboradores, encarregada de planejar a redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Em 2007, foi estabelecida a meta de redução de 33% de suas emissões, entre 2007 e 2011. Até 2009, a empresa conseguiu reduzir 16,1%. As inovações avançam com a utilização de embalagem de polietileno verde, material também chamado de “plástico verde”, produzido a partir da cana de açúcar, matéria-prima vegetal e renovável, ao contrário do plástico comum, derivado do petróleo. A nova embalagem é fruto de parceria entre a Natura e a petroquímica Braskem e será utilizada gradualmente nas embalagens de refil. Outra novidade é a extensão das metas socioambientais da Natura para as unidades terceirizadas de produção na América Latina.
O diferencial é o uso de ingredientes naturais nas formulações
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perfil
Fatos & Números da Sustentabilidade FPT lança motores E.torQ, mais
Grupo Fiat cria
Comitê de Sustentabilidade
eficientes e ecológicos
Fiat S.p.A. é confirmada nos índices Dow
Jones de Sustentabilidade
18 postes com placas de energia solar estão em teste
Fiat confirma-se como a marca com
futuras gerações entre os stakeholders do Grupo Fiat
menores emissões da Europa
Ilha Ecológica
da Iveco é ampliada e modernizada
plástico reciclado
Holland, é o primeiro do mundo movido a
Magneti Marelli conclui inventário de
emissão de gases de efeito estufa
Automóveis atinge
da unidade de Amparo (SP)
99%
(construções verdes)
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ônibus movido a diesel e eletricidade
hidrogênio
recirculação de água na Fiat
certificação LEED
FPT e Iveco iniciam criação de motor para
Trator NH2TM, da New
Índice de
Edificações da Magneti Marelli são as primeiras a conquistarem a
30% menos CO2
na Fiat Automóveis
Novo Código de Conduta inclui
CNH testa pallets feitos de
Motor Twin-Air, da FPT, consome 15% menos combustível e emite
Casa Fiat de Cultura supera 250 mil
visitantes
Cerca de 30 mil pessoas são beneficiadas com o programa Árvore da Vida, desde 2004
Fundação Fiat é primeira colocada na categoria
“Qualidade de Vida” no ranking do GPTW
Cursos do Isvor somam, em 2010,
199 mil participações
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Perfil
A força do Grupo Fiat No Brasil, o Grupo Fiat é formado por 19 empresas, divisões, associações e fundações, localizadas nos estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo. Os planos de desenvolvimento de novos produtos e de ampliação da capacidade de produção instalada, que somam investimentos de R$ 6 bilhões no período 2008-2010, já resultam em novas fábricas e tecnologias, em sintonia com as projeções de expansão da demanda de vários setores.
M Divulgação Iveco
esmo diante da crise financeira global, o Grupo Fiat manteve firme o plano de investimentos anunciado no fim de 2007, trabalhando na perspectiva de recuperar o mercado e de reforçar a capacidade de inovar, para transformar crise em oportunidade. O programa de R$ 6 bilhões, previsto para o
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triênio 2008-2010, foi integralmente cumprido, tornando possível o desenvolvimento de novos produtos, a ampliação da capacidade produtiva e o acesso aos melhores processos e às mais avançadas tecnologias, com foco na conquista de novos mercados. Localizada em Betim (MG), a Fiat Automóveis ampliou a capacidade de
Iveco amplia capacidade de produção e diversifica gama de produtos
produção instalada de 700 mil para 800 mil veículos por ano. Para alcançar essa marca, o investimento foi direcionado para a atualização tecnológica de todas as etapas de produção e dos processos de desenvolvimento, do design aos protótipos. “A Fiat mantém sua aposta no Brasil e em toda a América Latina como uma região estratégica para o futuro da indústria automobilística. Estamos investindo com o objetivo de assegurar a nossa posição de liderança em todos os mercados em que atuamos”, afirma Cledorvino Belini, presidente da Fiat na América Latina. A obra de expansão da fábrica da Fiat Automóveis foi um desafio de engenharia superado com êxito. Enquanto a linha de montagem trabalhava ao ritmo de um veículo novo a cada 20 segundos, toneladas de estruturas metálicas e de concreto transformavam-se em novos galpões. Hoje, o complexo de Betim confirmase como uma das maiores fábricas de automóveis do mundo, tanto em capacidade quanto em produção. Além de edifícios e estruturas, a fábrica recebeu novos processos e equipamentos. Na área de Pintura, por exemplo, 33 robôs de última geração entraram em operação, dando mais agilidade e qualidade ao fluxo produtivo, eliminando pontos de gargalo. Ainda dentro do plano de investimentos realizado no triênio, a chegada do Novo Uno ao mercado foi um dos principais projetos desenvolvidos no período. A FPT – Powertrain Technologies investiu em três importantes projetos para se tornar a maior produtora de motores da América Latina. Em novembro de 2009, a empresa iniciou a produção na nova fábrica de motores Fire 2, em Betim. E a unidade de Sete Lagoas (MG) foi ampliada, passando de 60 mil para 120 mil unidades de propulsores por ano. A planta de Campo Largo (PR), inaugurada neste
ano com capacidade inicial de 330 mil motores E.torQ por ano, tem previsão de chegar a 400 mil em 2014. “Estamos prontos para atender não só aos mercados brasileiro e sulamericano quanto clientes dos cinco continentes, pertencentes ou não ao Grupo Fiat, o que é um grande passo na estratégia da FPT”, destaca Franco Ciranni, superintendente da FPT para o Mercosul. Os novos investimentos já possibilitaram crescimento e a empresa deve fechar 2010 com a produção de 1,7 milhão de motores e transmissões. No próximo ano, a projeção de aumento gira em torno de 10%, o que faria a FPT se aproximar da marca de 2 milhões de sistemas de propulsão, incluindo a produção da unidade de Córdoba, na Argentina. Líder na América Latina na fabricação de máquinas agrícolas e de construção, a Case New Holland (CNH) possui quatro marcas: a Case Construction e a New Holland Construction, no segmento de equipamentos de construção, e a New Holland Agriculture e a Case IH, que produzem máquinas agrícolas. Com recursos da ordem de R$ 1 bilhão, a companhia abriu, no primeiro semestre de 2010, as portas do novo Complexo Industrial de Sorocaba (SP), que reúne, na mesma área, a fábrica da Case e o Centro de Logística e Distribuição de Peças – CD Integrado CNH/Iveco, gerando na região, até 2012, dois mil empregos diretos, além de quatro mil indiretos. A primeira linha de produção que operou em Sorocaba foi a de colheitadeiras de rotor, das marcas Case IH e New Holland Agriculture. A fábrica, com capacidade de produção de oito mil unidades por ano, também abastecerá a unidade de Piracicaba (SP) com componentes para máquinas colhedoras de cana e de café, pulverizadores e plantadeiras, além de peças e componentes para a fábrica de Conta-
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Desde 2007, a Iveco coloca em prática um programa de investimentos no Brasil denominado “Aceleração Iveco”, que já apresenta resultados, como a construção, em Sete Lagoas, do Centro de Desenvolvimento de Produto (CDP), o primeiro centro de engenharia e desenvolvimento da Iveco fora da Itália, capacitado para realizar todas as etapas e projetos de caminhões destinados ao Brasil e à América Latina. Do CDP já saiu o Daily 70C16 HD Massimo, lançado neste ano e considerado uma inédita opção no segmento de sete toneladas de Peso Bruto Total (PBT). Na linha produção, o ritmo também está acelerado com a duplicação da capacidade instalada, hoje na marca dos 70 mil veículos por ano, além dos lançamentos. “Lançamos duas famílias de caminhões por ano nos últimos três anos, ou seja, um total de seis novas famílias, o que representa uma velocidade de ampliação e renovação de gama sem paralelo no mercado brasileiro”, afirma Marco Mazzu, presidente da
Teksid diversifica produção com fábrica de cabeçotes de alumínio Ignácio Costa
Divulgação CNH
Perfil
Fábrica da Case e CD Integrado CNH/Iveco, em Sorocaba (SP)
gem (MG). No futuro, a nova planta também deverá produzir máquinas de construção. “O Grupo Fiat e a Case New Holland acreditam que a mecanização agrícola e as obras de infraestrutura continuarão a avançar em toda a América Latina, um mercado cada vez mais atraente. Já temos uma posição privilegiada na região, mas precisávamos aumentar nossa capacidade produtiva, para responder a tendência de contínua expansão do mercado. Vamos produzir em Sorocaba as máquinas mais modernas em linha no mundo, para atender ao mercado sul-americano e mundial, e para sermos uma alternativa de produção às outras fábricas da CNH espalhadas em outros países”, ressalta Valentino Rizzioli, presidente da CNH. Além das fábricas de Sorocaba, Piracicaba e Contagem, a companhia possui, ainda, planta em Curitiba (PR), responsável, em 2010, pela produção de mais de 20 mil unidades de máquinas agrícolas.
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Divulgação Comau
Perfil Comau desenvolve projetos que garantem melhor qualidade e eficiência dos processos produtivos
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Iveco Latin America. O Iveco Vertis chega agora ao mercado. É um caminhão médio, de 9 a 13 toneladas de PBT, e com ele, pela primeira vez na história da Iveco no Brasil, a montadora estará presente em todos os segmentos de mercado. Maior produtora nacional de blocos de motores para automóveis e comerciais leves, respondendo por cerca de 70% de participação no mercado brasileiro, a Teksid, sediada em Betim, acaba de investir na construção de nova fábrica de cabeçotes de alumínio, que atende à FPT. A unidade tem capacidade produtiva inicial de 600 mil cabeçotes pré-usinados de motores para automóveis por ano, podendo chegar a um milhão de peças. “A produção pode ser facilmente ampliada, pois se trata de uma fábrica modular”, destaca Rogério Silva Jr., diretor-superintendente da Teksid, operações Nafta e Mercosul. A empresa também prevê investimentos na fundição de ferro que, assim como a unidade de alumínio, integra o plano de investimentos do Grupo Fiat no Brasil anunciado em 2007. Atualmente, a capacidade é de 300 mil toneladas de fundidos por ano. Os investimentos elevarão esse número para 350 mil toneladas.
Presente no Brasil desde 1978, a Magneti Marelli é uma das maiores fabricantes de sistemas do mercado automotivo nacional, atuando em 10 diferentes linhas de negócios: amortecedores, powertrain, escapamentos, automotive lighting, sistemas eletrônicos, suspensão, módulos e componentes plásticos, aftermarket (responsável pela comercialização dos produtos Magneti Marelli e Cofap no mercado de reposição no Mercosul), motorsport e sistemas de comandos mecânicos. Com cinco centros de pesquisa e desenvolvimento, 13 unidades fabris localizadas na região Sudeste do país e cerca de oito mil colaboradores, produz soluções como telemática e tecnologias de ponta que possibilitam interação entre o automóvel e o condutor, sistemas que visam ao aumento da performance do veículo, à segurança dos motoristas e pedestres e à redução dos impactos ambientais. Para os próximos anos, a Magneti Marelli já anunciou investimentos no desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. Um dos objetivos é o aumento da capacidade produtiva da divisão Powertrain, em Hortolândia (SP), onde é fabricado o câmbio automatizado Free
Choice, alcançando 200 mil câmbios já em 2012. A decisão estratégica reflete a ótima aceitação do sistema no mercado automotivo, uma vez que auxilia na dirigibilidade, reduz o consumo de combustível e a emissão de poluentes. O Free Choice começou a ser desenvolvido no Brasil em 2003 e, até 2009, recebeu um aporte de aproximadamente R$ 28 milhões de investimentos em diversas aplicações. Em 2009, o volume de produção do sistema no Brasil apresentou incremento de 140% na comparação com o ano de 2008 e a expectativa de crescimento em 2010 é de 150% em relação ao ano anterior, o que representa 90% do mercado brasileiro de câmbios automatizados. A Magneti Marelli também está trabalhando para chegar, em curto prazo, a 80% de nacionalização dos componentes do Free Choice. “Por se tratar de um produto com alto valor agregado, essa operação tem recebido máxima atenção da matriz da Magneti Marelli, na Itália, com investimentos significativos na produção e na área de pesquisa e desenvolvimento”, explica Virgilio Cerutti, presidente do Grupo Magneti Marelli para o Mercosul. “Acreditamos que o Brasil tem um grande potencial de crescimento, com uma demanda bastante significativa. Por isso, trabalhamos para oferecer produtos com alta tecnologia para um mercado cada vez mais maduro e competitivo”, completa.
Com atuação em 15 países, a Comau é referência mundial em gestão de ativos e automação industrial. Como autêntica construtora de sistemas de produção, fornece projetos, dispositivos, máquinas, ferramentas, protótipos e linhas robotizadas. Além disso, oferece aos clientes serviços que integram atividades como planejamento, engenharia de manutenção, análise de confiabilidade e estudos para a melhoria da eficiência global dos equipamentos. Está presente em aproximadamente 65% dos sistemas de produção de veículos, motores e transmissões no Brasil e tem 16% de participação no mercado de Manutenção Industrial. A empresa tem sede em Betim e, na América Latina, possui mais de oito mil colaboradores que atendem às demandas de mais de 60 Centros de Negócios e de novos projetos, tendo como clientes diversos segmentos industriais, como siderurgia, papel e celulose, petroquímica, mineração, manufatura e automobilístico. “Estamos crescendo no Brasil e nosso objetivo é ampliar cada vez mais nossa atuação na Argentina e no México. Estamos nos preparando para assumir novos desafios e ampliar nossa carteira de clientes, através dos segmentos tradicionais da Comau e também do investimento na nossa nova área de projetos especiais”, destaca o superintendente da Comau para a América Latina, Alejandro Solis.
EMPRESAS, DIVISÕES, ASSOCIAÇÕES E FUNDAÇÕES LIGADAS OU MANTIDAS PELO GRUPO FIAT NO BRASIL Case New Holland (CNH), Comau, Iveco, Fiat Automóveis, FPT – Powertrain Technologies, Magneti Marelli, Teksid, Banco Fidis, Banco CNH Capital, Casa Fiat de Cultura, Fiat do Brasil, Fiat Finanças, Fiat Revi, Fiat Services, Fiat Group Purchasing/Fast Buyer, Fidis Corretagens de Seguros, Fundação Fiat, Fundação Torino e Isvor (Instituto de Desenvolvimento Organizacional do Grupo Fiat).
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O Grupo Fiat constituiu seu Comitê de Sustentabilidade a fim de disseminar em todas as empresas os conceitos e as melhores práticas de sustentabilidade. Windson Vieira Paz, coordenador do comitê, destaca que o desenvolvimento de um modelo sustentável de negócios é um processo contínuo, que exige permanente autoavaliação.
Por ELLEN DIAS e ROBERTO BARALDI
A Studio Cerri
o se planejar as estratégias de negócios das empresas, é fundamental ter sempre em mente quais são as tendências de transformação do mercado e da sociedade, buscando antecipar o futuro, além de avaliar como as decisões terão impacto sobre seus vários stakeholders. Assim também é a sustentabilidade, que se traduz em práticas que ponderam crescimento econômico, inclusão social,
Sustentabilidade é produzir com respeito aos funcionários
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respeito à diversidade cultural, uso racional dos recursos naturais e redução dos impactos ao meio ambiente. “Não podemos pensar apenas no presente. Devemos pensar qual mundo entregaremos para as próximas gerações”, destaca o diretor de Qualidade e Sustentabilidade da Fiat Automóveis e coordenador do Comitê de Sustentabilidade do Grupo Fiat, Windson Vieira Paz.
Divulgação Fiat Automóveis
estratégia
A construção de um modelo sustentável de negócios
Traduzindo essa proposta para o dia a dia, o Grupo Fiat está incorporando gradativamente ao seu planejamento estratégico as bases do modelo sustentável de negócios, considerando em suas decisões os impactos socioambientais ao longo de toda a cadeia produtiva – da extração da matériaprima até a fabricação dos produtos, comercialização, uso e descarte. Internamente, a construção da sustentabilidade é a soma de várias ações desenvolvidas simultaneamente. “É fabricar veículos e motores cujo uso cause menor impacto ambiental devido à maior economia de combustível e redução das emissões”, destaca Paz. “É produzir sem desperdícios e com menos impacto ao meio ambiente, reduzindo a geração de resíduos e reciclando-os; é valorizar e tratar com justiça e respeito todos os funcionários, contribuindo para seu aperfeiçoamento profissional e pessoal; é relacionar-se com a comunidade de modo construtivo, desenvolvendo programas de inserção social; é valorizar e relacionar-se de modo transparente com fornecedores, distribuidores, consumidores e sociedade”, completa. Como uma bússola que aponta para o futuro, no Grupo Fiat, a sustentabilidade carrega em si outro importante valor: o de ser um processo contínuo. Cada estágio de aprimoramento atingido é a base para um novo processo de adoção de práticas ainda melhores. E para manter os passos firmes nessa caminhada, é preciso construir parcerias com o setor público e a sociedade civil, unidos em um diálogo na busca de soluções criativas e duradouras. De acordo com Paz, quando uma empresa adota um modelo sustentável de negócios, as consequências de suas decisões e atos se propagam em ondas: “A comunidade do entorno torna-se um lugar melhor; os fornecedores e distribuidores se fortalecem com a relação de parceria; a sociedade reconhece
os atributos positivos como valor de marca e as pessoas são mais valorizadas em uma relação sustentável”. Um indicador de que o Grupo Fiat está, de fato, convergindo seus negócios para uma gestão cada vez mais sustentável foi a realização, no fim de 2009, do I Seminário de Sustentabilidade, que reuniu dirigentes do Grupo e integrantes dos comitês de sustentabilidade e de responsabilidade socioambiental. O encontro foi decisivo para a constituição do Comitê de Sustentabilidade do Grupo Fiat, com representantes das 19 empresas.
Windson Paz: “Devemos pensar qual mundo entregaremos para as próximas gerações”
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estratégia
As reuniões são espaços para a troca de experiências e, principalmente, de capacitação de líderes para a disseminação de conceitos e de práticas sustentáveis no interior das empresas e de suas cadeias produtivas.
Motores da FTP: mais eficientes e econômicos
Ignácio Costa
até o descarte, para o estabelecimento de metas de redução dos gases de efeito estufa. No caso de um veículo, é um estudo complexo, que envolve diversos atores, inclusive o consumidor final”, explica Paz. Segundo o executivo, a Fiat Automóveis também iniciará, em 2011, a avaliação de sua pegada hídrica, contabilizando o volume de água que demanda em seus processos. Assim como a pegada de carbono, trata-se de um conceito que também deverá ser incorporado pelo consumidor. “O volume de água que uma pessoa utiliza para lavar seu veículo ao longo do ciclo de vida do produto é, muitas vezes, superior à quantidade utilizada para a sua fabricação. O desafio será educar o consumidor final para utilizar corretamente esse recurso, que é finito”, informa. De acordo com o executivo, o mundo não vai resolver os problemas sociais e ambientais apenas com ações isoladas da indústria. “É certo que as empresas têm um papel cada vez mais importante na educação e na disseminação de bons conceitos e boas práticas”, diz. “A sustentabilidade é resultado da ação integrada e sistemática de educação, envolvendo empresas, poder público e cidadãos, consolidando novas políticas públicas”, acrescenta. O primeiro passo nesse sentido, de acordo com Paz, é a sociedade passar a fazer as perguntas certas para obter as respostas certas. “As pessoas estão vendo a sustentabilidade de uma maneira míope. As discussões estão muito concentradas no efeito estufa e a sustentabilidade é muito mais do isso”, ressalta. Como exemplo, ele cita as discussões em torno do excesso de veículos nas ruas: “O foco deve ser a melhoria do transporte público e nós, da indústria automotiva, estamos prontos para participar desse debate, que deve ser conduzido pelo poder público”, conclui.
Ignácio Costa
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Fazer as perguntas certas Em todos esses aspectos, um ponto comum é essencial: a autoavaliação: “É muito importante perguntar a nós mesmos, todos os dias, em quais processos podemos avançar ainda mais?”, observa Paz. Para alcançar parte das respostas, algumas empresas do Grupo já adotam os Indicadores Ethos como instrumento de autoavaliação, em uma abordagem abrangen-
te que extrapola o processo produtivo em si, alcançando fornecedores e parceiros. Outras importantes iniciativas em curso são a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) do produto, com foco no uso de matérias-primas renováveis e recicláveis, e a elaboração do inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), para avaliar e estabelecer metas de redução da pegada de carbono. Em 2010, a Fiat Automóveis, a Teksid e a Magneti Marelli já adeririam à iniciativa de mensurar a própria pegada de carbono. “É importante sabermos a quantidade de CO2 que é emitida em cada etapa do ciclo de vida do produto, desde a fabricação
MUNDOFIAT
Seminário de Sustentabilidade reuniu dirigentes das 19 empresas do Grupo
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estratégia
Desmatamento lidera emissões Ao contrário do que muitos pensam, os veículos não são os principais responsáveis pela emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEE). De acordo com o relatório publicado em 2009 pela consultoria McKinsey & Company, juntamente com mais 10 empresas de influência mundial e organizações sem fins lucrativos, o desmatamento representa, hoje, 55% das emissões de GEE no Brasil e será responsável por 43% em 2030. Por sua vez, a frota de veículos responde por 6% das emissões no Brasil – um desempenho que, na comparação com outros países, é bastante positivo devido ao uso em larga escala do etanol, que é um combustível limpo e renovável. Ainda segundo o relatório, a tecnologia flexfuel já é responsável por mais de 85% das vendas de veículos leves no país. “Está no mercado uma série de inovações voltadas para a melhoria da mobilidade e para a redução da emissão dos GEE. E como sustentabilidade é um processo contínuo, novas tecnologias serão continuamente colocadas em prática”, afirma o diretor de Qualidade e Sustentabilidade da Fiat Automóveis e coordenador do Comitê de Sustentabilidade do Grupo Fiat, Windson Vieira Paz. O estudo da McKinsey & Company mostra, ainda, que o mundo tem capacidade para reduzir em 70% a emissão dos gases causadores do efeito estufa até 2030. Das 70 bilhões de toneladas (gigatoneladas, Gt) de gases que poderão ser lançadas na atmosfera, temos capacidade para evitar a emissão de 47 Gt, o que limitaria o aumento da temperatura global em 2º C.
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Por uma Betim justa e sustentável Sustentabilidade é relacionar-se com a comunidade de modo construtivo, contribuindo para que o município cresça e se desenvolva, elevando continuamente os indicadores de qualidade de vida dos moradores. Com os olhares voltados para a cidade, a Fiat Automóveis apoia o Movimento por uma Betim Justa e Sustentável, com lançamento oficial previsto para dezembro de 2010. Para construir uma visão compartilhada de futuro, o movimento promoverá o diálogo entre empresas, universidades, poder público, instituições do terceiro setor, meios de comunicação, conselhos, associações de classe e cidadãos de Betim. A partir de um diagnóstico detalhado da qualidade de
Fiat S.p.A. é confirmada nos índices Dow Jones de Sustentabilidade vida, construído a partir de indicadores técnicos definidos pelos Grupos de Trabalho e de pesquisas realizadas junto à população, será desenvolvido um programa de metas, articulando iniciativas e o poder de mobilização das redes sociais já existentes na cidade para incidir na elaboração de políticas públicas, projetos e ações. O Movimento por uma Betim Justa e Sustentável irá mobilizar a população por meio de campanhas educativas e de comunicação, divulgando permanentemente a situação dos indicadores de qualidade de vida do município e promovendo a reflexão sobre a responsabilidade de cada cidadão em prol das mudanças e transformações necessárias.
Área central do município de Betim (MG) Pedro Vilela
Pelo segundo ano consecutivo, a Fiat S.p.A., holding mundial do Grupo Fiat, foi reconhecida como líder em sustentabilidade e confirmada no Dow Jones Sustainability Index (DJSI) World e Dow Jones Sustainability Europa, com uma pontuação de 93/100, frente a uma média de 70/100 entre as empresas do setor automotivo, analisadas pela Sustainable Asset Management (SAM), companhia independente de avaliação de ativos de empresas destacadas em sustentabilidade, com sede na Suíça. O DJSI World e o DJSI Europa são os índices de ações de maior prestígio, conferidos apenas a empresas que se destacam na gestão de seus negócios, de acordo com critérios de sustentabilidade. São admitidas nesses índices apenas as empresas líderes, tanto do ponto econômico-financeiro quanto social e ambiental. Para o período 2010/2011, apenas três empresas do setor automotivo compõem o DJSI World. O CEO da Fiat, Sergio Marchionne, destaca: “Na Fiat nos esforçamos todos os dias para encontrar um justo equilíbrio entre a lógica econômica e a atenção ao social e ao meio ambiente, a fim de construir algo grande, melhor, duradouro e sustentável para todos os stakeholders. A confirmação da Fiat nos índices Dow Jones de Sustentabilidade é um importante reconhecimento que nos incentiva a trabalhar para fazer ainda melhor e manter os nossos elevados padrões”.
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estratégia
Empresas aprimoram gestão com Indicadores Ethos por JÚLIA COSTA
Ignácio Costa
Ivan Alves: “Temos condições de avaliar qual o melhor caminho a seguir”
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A autoavaliação das práticas empresariais é um instrumento eficaz para garantir o controle da qualidade em todos os estágios de produção, além de destacar-se como ferramenta de gestão e planejamento. No mundo corporativo, novas direções estão sendo tomadas com base nos Indicadores de Responsabilidade Social Empresarial, do Instituto Ethos. Criados há 10 anos, eles estão divididos em sete temas: valores, transparência e governança; público interno; meio ambiente; fornecedores; consumidores e clientes; comunidade; governo e sociedade. No Grupo Fiat, a Fiat Automóveis e a Teksid já adotam essa metodologia. A Magneti Marelli também fez uma avaliação de todas as suas unidades em 2007 com base nesses indicadores. O resultado foi o primeiro passo para a consolidação dos Comitês de Responsabilidade Social da empresa no Brasil.
Anualmente, o Instituto Ethos disponibiliza os indicadores no site e os comitês formados internamente pelas empresas têm a missão de responder um questionário online e confidencial. As perguntas abordam temas diversos, incluindo o relacionamento com a concorrência. O relatório abrange os pilares da sustentabilidade – social, ambiental e econômico – de forma sistêmica em toda a cadeia produtiva, com o objetivo de dar um panorama de como esse tema está sendo tratado. Ao término da avaliação, o Instituto Ethos disponibiliza um relatório com a pontuação de zero a 10 para cada tema, comparando com outros cenários empresariais, favorecendo o acompanhamento, evolução e ações de melhoria em cada área. O team leader do Comitê de Sustentabilidade da Fiat Automóveis, Ivan Alves, explica a dinâmica: “Procuramos ser
muito criteriosos, pois não é um concurso de quem é o melhor. É um indicador de autoavaliação e, se desrespeitássemos esses critérios, não estaríamos protegendo a empresa, mas dando uma falsa impressão de que estamos bem em algo que deveríamos melhorar”. Recebido o resultado do Instituto Ethos, é hora de trabalhar, avaliar os pontos de melhoria e planejar novas ações. “Com os Indicadores Ethos, temos condições de avaliar qual o melhor caminho a seguir, a partir da percepção de onde precisamos atuar”, ressalta o team leader. Ele destaca o salto de notas em vários quesitos no último relatório, mostrando que algumas ações foram decisivas para o reposicionamento. Trabalho infantil O supervisor de Compras e Serviços Logísticos da Fiat Automóveis, Ricardo Ramos, ressalta que, num universo no qual estão presentes cerca de 340 fornecedores e mais de 16 mil colaboradores ao redor do mundo, o maior desafio foi analisar e mapear as potenciais melhorias no relacionamento sustentável com a cadeia de fornecimento. “O principal objetivo foi a promoção da mudança na abordagem e pensamento de nossos fornecedores para questões como seleção/avaliação, trabalho infantil e forçado e, principalmente, a necessidade de inovar a sistemática de desenvolvimento mútuo de nossas relações, focando a maximização da sustentabilidade de nossos negócios”, conta. No caso do combate ao trabalho infantil e forçado, o analista de compras Alexandre Rodrigues, do Comitê de Sustentabilidade da Fiat Automóveis e do Grupo Fiat, explica que a equipe de Engenharia de Qualidade Fornecedores estruturou métodos e avaliações envolvendo os top managers das empresas parceiras. O objetivo é barrar qualquer mão de obra indevida ao longo de toda a cadeia de produção, incluindo os subfornecedores. As ações são implementadas por meio de visitas programadas ao corpo de gerentes para avaliar, com notas de um a cinco, o quanto estão
dentro desses parâmetros. “Colocamos isso como um requisito no momento da avaliação de potencial de futuros fornecedores, para averiguar se atendem ou não às exigências, não correndo, assim, risco de associar nossa imagem à de uma empresa que não cumpre esses aspectos”, afirma. Exemplos de como os Indicadores Ethos influenciaram mudanças de rotina vêm também da Magneti Marelli no Brasil. Em 2007, foi feita uma avaliação interna, tendo como referência essa metodologia. Segundo a coordenadora corporativa de Responsabilidade Social da empresa, Gisele Scalo, alguns pontos estavam bem estruturados – como meio ambiente, governança e transparência –, mas havia um gargalo no quesito comunidade. A partir de então, foram estruturados comitês nas divisões e aprofundados os conceitos de responsabilidade social. Foram definidas ainda a missão, a visão e o público-alvo dessa área de atuação. “Escrevemos os procedimentos de como aprovar projetos sociais e, hoje, todo pedido de patrocínio passa pelo crivo dos comitês”, afirma. F otografia da sustentabilidade Os Indicadores Ethos também resultaram em acompanhamentos sistemáticos na Teksid. Como a avaliação do Instituto Ethos ocorre uma vez ao ano, foi criada uma planilha paralela, uma espécie de indicador interno para o monitoramento. A cada trimestre, o Grupo de Sustentabilidade e o Comitê Diretivo da empresa reúnem-se para verificar a evolução dos índices. “Inicialmente, fizemos uma fotografia do que a Teksid tinha e não tinha, para analisamos os gaps em relação à sustentabilidade. Depois, vimos que atendíamos à demanda do Ethos e que, com apenas um pouco mais, poderíamos potencializar avanços”, explica o responsável pelo Comitê de Sustentabilidade da Teksid, Moacyr Jacinto Júnior. “Percebemos limites e os indicadores nos deram uma visão clara de que o assunto é mais do que meio ambiente ou social, isoladamente, trazendo para um contexto único ferramentas para
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Gustavo Lovalho
. O Ã Ç A I T L CASE MU ORÇAS,
estratégia
F O D N A M SO
S. A D I V O D N A TRANSFORM
A SOLIDÁRIA. LTURAL PINTUR ASSOCIAÇÃO CU
LA DA VEZ. ASSOCIAÇÃO BO
Comunidades do Vale do Jequitinhonha (MG) receberão caixas de armazenamento de água
corrigir lacunas, ver onde estamos e onde vamos chegar”, completa. Houve revisão de vários programas na empresa, principalmente daqueles relativos às questões sociais e ao público interno. Uma das atividades repensadas foi a Campanha Natal Solidário, baseada na doação de cestas básicas a famílias do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Assim, foi deixado para trás o assistencialismo para aplicar, de fato, os conceitos de sustentabilidade e priorizar o desenvolvimento da comunidade. A ação continua, mas uma parceria com a ONG Visão Mundial incrementou as atividades. Na região, foram construídas caixas de armazenamento e distribuição de água, que poderão ajudar a população durante a estiagem. “Estamos pensando na forma de transformar a comunidade para que seja sustentável e não dependa tanto da Teksid”, relata Moacyr Jacinto Júnior. Serão avaliadas ainda, junto com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), maneiras de investir na agricultura familiar. As primeiras caixas de armazenamento de água serão entregues aos moradores no fim do ano, quando os voluntários da Teksid farão a distribuição de cestas básicas. Outra mudança ocorreu no Bem Nascer. Antes, o programa se limitava a entregar às funcionarias e dependentes que acabavam de dar à luz um kit para o bebê. Agora, conta com acompanhamento pósparto de uma profissional da saúde e de
uma assistente social. Elas ficam a postos para orientar sobre cuidados básicos e dar apoio à família. A mamãe Giane da Silva Morais Oliveira, de 29 anos, gostou da novidade. Poucas semanas depois de a pequena Manoela vir ao mundo, ela recebeu a visita de uma enfermeira. Giane e o marido, o técnico de Desenvolvimento Industrial da Teksid Andreyde Martins de Oliveira, papais de primeira viagem, aproveitaram bem. “Naquele momento, a visita foi de suma importância, pois eu havia acabado de ganhar neném e não tinha certeza se minha cicatrização estava correta e se estava tudo bem com o umbigo dela”, relata Giane. Avanços Os bons resultados na medição dos indicadores levaram o maior grupo de fundição de autopeças do mundo a querer sair na frente mais uma vez. Depois de ser a primeira da América Latina a obter os certificados ISO 14001 (meio ambiente) e OHSAS (saúde e segurança do trabalhador), a Teksid está de olho agora na ISO 26000 (focada na responsabilidade social). “As exigências dessa certificação estão muito perto do que abrange os Indicadores Ethos, como as questões de meio ambiente, direitos humanos, relação com a comunidade e engajamento de fornecedores. Ressalta a importância de não estarmos preocupado com as quatro paredes, mas com toda a cadeia”, destaca Moacyr Jacinto Júnior.
LA. PROJETO PÉRO
NOVA. EDUCAÇÃO LUA FORMAÇÃO E RE ASSOCIAÇÃO DE
PASTORAL DO
MENOR.
S AÇÃO DE ATLETA CENTRO DE FORM
A Case sabe que uma das melhores formas de participar da vida das pessoas é contribuir para o seu crescimento social. Através do Programa Case Multiação, a empresa apoia projetos que ajudam a transformar a vida de diversas crianças. São ações focadas em cidadania, resgate social, sustentabilidade, qualidade de vida e no respeito ao próximo. Iniciativas que deixam a empresa orgulhosa, mas consciente
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de que é sempre possível fazer mais.
www.casemultiacao.com.br
. VÂNIA E VANIRA
Ignácio Costa
Gestão
Transparência O Código está sendo difundido entre os colaboradores do Grupo Fiat por meio de vários canais. Está disponível na intranet de cada empresa e no portal Ética Grupo Fiat para a América Latina: www.eticagrupofiat.com.br. O portal Ética Grupo Fiat foi criado para dar maior e permanente difusão ao Código de Conduta e aos instrumentos que o complementam e lhe dão dimensão concreta: a Declaração de Conflito de Interesses e o Procedimento de Denúncias. Há também o canal aberto para consultas e esclarecimentos por meio do e-mail etica.grupofiat@fiatbrasil.com.br.
Funcionários consultam o novo Código de Conduta pela internet
Novo Código de Conduta destaca futuras gerações O Grupo Fiat atualizou e adotou globalmente uma nova versão do Código de Conduta, que regula as relações econômicas, sociais e ambientais das empresas que compõem o Grupo e de seus dirigentes e funcionários com todos os stakeholders e com o entorno em que atuam.
O
novo Código de Conduta é uma evolução do Código de Ética adotado pelo Grupo em 1993, a fim de explicitar de maneira organizada o sistema de valores e regras de comportamento nos negócios. Em 2003, as normas ganharam a forma de um Código de Conduta, que passava a expressar a visão mais interna-
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cional dos negócios do Grupo e a preocupação global com a transparência e boa governança das empresas. A nova versão do Código atualiza a anterior e estabelece que “todas as relações de negócios deverão ser fundadas na integridade e lealdade”. Evidentemente influenciada pela crescente importância do conceito da sus-
tentabilidade, torna-se mais abrangente e incisiva em relação a temas como o respeito à diversidade social e ao ambiente e a reputação das empresas. Também é inovadora ao incluir as futuras gerações entre os stakeholders do Grupo. O novo Código de Conduta também estende os requisitos de um modelo mais sustentável de negócios a toda a cadeia de fornecedores, que passa a ser selecionada conforme critérios de qualidade, inovação, custos
e também de performance social. A medida multiplica para além dos limites do Grupo as boas práticas ambientais e sociais. O documento está dividido em capítulos temáticos, que abrangem as políticas de conduta nos negócios, política de pessoal, de saúde, segurança e meio ambiente, de relações externas, contabilidade e controle interno, atuação e garantias. Seu conteúdo adota os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), as principais convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT da ONU), as diretrizes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para as empresas multinacionais e para o combate à corrupção.
Como atua o compliance officer É o executivo que, nas corporações modernas, tem a visão completa da gestão dos negócios e avalia se os procedimentos estão em conformidade com a legislação, princípios de transparência e valores culturais e éticos adotados.
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Gestão
O Código define que “a imagem institucional do Grupo Fiat, bem como sua reputação e a sustentabilidade dos seus produtos, constituem condições necessárias à sua existência no presente e no futuro”. No tocante às questões ambientais que ganham ênfase na nova versão do Código, estimula-se o engajamento de funcionários e dirigentes na melhoria contínua do desempenho ambiental dos processos produtivos, a fim de reduzir o impacto ambiental a níveis mínimos e a otimizar o uso de recursos.
Outra inovação é o complemento periódico das normas de conduta por meio da publicação de diretrizes sobre temas específicos. Para o compliance officer do Grupo Fiat para a América Latina, Francesco Pastore, o novo Código de Conduta reflete a crescente importância global da transparência e da sustentabilidade na gestão das empresas e de seus negócios. “É também mais dinâmico ao incorporar novas diretrizes específicas que ampliarão o alcance das normas”, observa Pastore.
DIRETRIZES DO NOVO CÓDIGO DE CONDUTA O Código de Conduta se complementa com 10 diretrizes sobre os seguintes temas: Sustentabilidade para fornecedores Gestão do capital humano Direitos humanos Investimentos comunitários Ética empresarial e diretrizes anticorrupção Diretrizes ambientais Segurança e saúde Conflito de interesses
Cadeia de suprimentos mais sustentável
Sigilo de dados pessoais Uso de ativos e serviços de Tecnologia da Informação e Comunicações
por ROBERTO BARALDI ambiental, sendo complementado por diretrizes que disciplinam áreas específicas de atuação. A Diretriz de Sustentabilidade para Fornecedores explicita que “os fornecedores são selecionados com base não apenas na qualidade e na competitividade de seus produtos e serviços, mas tam-
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Os requisitos de adoção de um modelo sustentável de produção abrangem não apenas as empresas do Grupo Fiat, mas se estendem à cadeia de fornecedores. O novo Código de Conduta do Grupo dá ênfase maior ao tema da sustentabilidade e da responsabilidade socio-
Práticas ambientais e sociais devem ultrapassar os limites do Grupo Fiat
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bém em seu comprometimento com princípios sociais, éticos e ambientais, que constituem pré-requisito para tornar-se um fornecedor do Grupo e para desenvolver uma relação comercial duradoura com as empresas do Grupo”. Antonio Damião, diretor adjunto de Desenvolvimento do Produto da Fiat, explica que a cadeia produtiva é avaliada em toda sua complexidade, considerando os vários elos de fornecedores até a ponta da matéria-prima. O fornecedor precisa cumprir requisitos de responsabilidade social empresarial e tem que buscar fornecedores de insumos e matérias-primas com os mesmos critérios. “Quando vamos fazer a auditoria do fornecedor, temos duas categorias: o que fornece atualmente e o que poderá ser um fornecedor no futuro. Criamos uma auditoria, que chamamos de human skill, que avalia as empresas com base em sua estratégia, recursos humanos e estruturação, capacitação, atitude e engajamento, sustentabilidade e aspectos gerais da human skill”, ressalta Damião. A propagação dos mesmos critérios de responsabilidade social empresarial ao longo da cadeia de suprimentos foi uma decorrência do processo de autoavaliação. “Constatamos que não tínhamos como responder a perguntas essenciais sobre nossa cadeia de suprimentos. Por isso, começamos a desenhar essa auditoria e a exigir que os fornecedores com algum problema apresentem um plano de correção e de aprimoramento de suas práticas. Estamos pegando
pesado mesmo nesse aspecto”, relata Damião. As exigências abrangem os três aspectos da sustentabilidade: econômico, social e ambiental. Na prática, os fornecedores são convidados a compartilhar um modelo sustentável de negócios, autoavaliando-se com base em parâmetros que são usados por alguns órgãos de referência sobre o tema, como o Instituto Ethos, Institute For Supply Management (ISM) e European Foundation Quality Management (EFQM). “O fornecedor precisa enxergar, com clareza, em que ponto pode e deve melhorar. E nós o apoiamos com conhecimento, pois o objetivo da auditoria não é puni-lo, mas elevá-lo a outro patamar em termos de produção sustentável”, afirma Damião. “Queremos que perceba que a licença ambiental é importante não porque é exigida por lei, mas porque é a forma correta de fazer as coisas. Esperamos atitude e compromisso e isso pesa na avaliação dele”, acrescenta. Se o fornecedor tem um programa de ações concretas de sustentabilidade, passa a ser classificado em uma faixa superior, o que lhe traz novas oportunidades de negócios. A avaliação compreende também visitas de técnicos e analistas, sempre na perspectiva de apoiar o processo de aprimoramento da produção. Mais de 81% dos fornecedores auditados já estão atendendo totalmente aos requisitos da Fiat. “Estamos melhorando nossos sistemas de avaliação, alinhados às melhores práticas tanto dos Estados Unidos quanto da União Europeia”, constata Damião.
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Gestão Studio Cerri
Ciclo de palestras é oportunidade de aprendizado
Fiat cria Grupo de Trabalho para apoiar fornecedores por RAQUEL SANTOS Empresa responsável escolhe parceiros responsáveis. Por trás dessa
OS 10 DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE * 1 – Encarar com firmeza os grandes temas da Sustentabilidade 2 – Concentrar-se nos principais impactos do negócio (core business) da organização 3 – Entregar valor ao cliente: em processo e produto 4 – Inserir a sustentabilidade na estratégia e não na superfície 5 – Sensibilizar, mobilizar e formar lideranças 6 – Pensar o todo e não as partes 7 – Sustentar o discurso com práticas claras e relevantes 8 – Compreender o que pensam e educar os stakeholders 9 – Fazer primeiro a lição de casa com os funcionários 10 – Romper com a inércia para inovar * Ricardo Voltolini
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afirmação, há muitos procedimentos que precisam ser consolidados, diálogos construídos e, principalmente, desafios a serem superados. Uma caminhada que na Fiat Automóveis vem sendo percorrida com união e compartilhamento, a passos firmes, marcados pelo Grupo de Trabalho (GT) de Responsabilidade Social, criado em 2009 como resultado do Fórum de Fornecedores da empresa. O GT, que conta com a participação de representantes da Bosch, Continental e TRW, tem reuniões mensais com o objetivo de discutir, em conjunto, grandes temas da indústria automobilística que possam orientar uma interação holística do Triple Bottom Line: pessoas, planeta e lucro em constante harmonia nos negócios. “O grupo tem
o papel de contribuir para o processo de conscientização e informação sobre responsabilidade social, não só no sentido de orientar os negócios das empresas, mas de focar no olhar para a sociedade como um todo”, define Carlos Abdalla, gerente de Relações Corporativas da Robert Bosch América Latina. Uma das primeiras ações do GT foi a realização de pesquisa online com as empresas fornecedoras e parceiras da Fiat Automóveis. Das 77 empresas participantes, 72% ampliaram o investimento em responsabilidade social nos últimos anos. “A maioria tem interesse em aprofundar as discussões sobre o tema. Essa constatação foi um dos pontos mais relevantes da pesquisa”, destaca Ana Luiza Veloso, coordenadora de Relacionamento com a Comunidade da Fiat Automóveis. Com os dados da pesquisa em mãos, o próximo passo do GT foi organizar um ciclo de palestras. O primeiro encontro foi realizado em 27 de maio deste ano, pelo jornalista Ricardo Voltolini, sobre o tema “Sustentabilidade: conceitos e importância para o negócio”. A segunda palestra aconteceu em 19 de agosto e foi ministrada pelo advogado Eduardo Szazi e pelo delegado da Receita Federal de Contagem, Mário Hermes Doares de Campos, sobre “Incentivos Fiscais para Projetos Sociais, Culturais e Esportivos”. Um dos pontos apresentados foi que, no Brasil, apenas um terço do valor que poderia ser destinado a esses projetos é efetivamente usado. Muitas empresas não utilizam os mecanismos de incentivo fiscal por desconhecimento. A gerente de Desenvolvimento Organizacional da ZF do Brasil, Luciana Albuquerque de Almeida, participou dos dois encontros. “Foram oportunidades de aprimorar o conhecimento e saber o que um grande parceiro vem fazendo de melhor. Aprender com quem está na frente é saudável e inspirador, pois me ajudou a contextualizar de forma mais concreta algumas ações e necessidades que temos na ZF. Saí dos encontros com a crença real de que é possível fazer melhor”, conclui.
Parceria comercial reforçada por TÉO SEIXAS A sustentabilidade entra na pauta da terceira edição da Convenção de Compras da Magneti Marelli. Previsto para ser realizado no primeiro trimestre do ano que vem, o evento terá como foco a discussão do tema, abordando também as novas diretrizes do Código de Conduta do Grupo Fiat. A convenção deve reunir, em São Paulo, representantes dos 500 maiores fornecedores do Grupo Magneti Marelli. O objetivo, segundo o diretor de Compras Mercosul da empresa, Alfio Ferrari Filho, é transmitir aos parceiros as expectativas em relação ao mercado. “Buscamos alavancar negócios de interesse mútuo e manter o nosso parque de fornecedores informado sobre o que esperamos deles em termos de atendimento, qualidade e relacionamento comercial”, explica. Na próxima edição do evento, além da inclusão de tópicos relacionados à sustentabilidade, também devem ser discutidas questões ligadas à ética. “São elementos fundamentais para uma sólida e perene parceria comercial”, analisa o diretor. O Código de Conduta é tido como parte fundamental de todos os contratos de fornecimento e pedidos de compra emitidos para os fornecedores, incluindo suas atualizações. “No momento da homologação de uma empresa como potencial fornecedor, o tema sustentabilidade é item de avaliação, considerado nos seus aspectos de tutela e impacto ambiental e segurança dos produtos fornecidos”, afirma Alfio Ferrari.
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Gestão
Implantado no Grupo Fiat em 2008 e com dois anos de experiências bem sucedidas, o Projeto de Competitividade Integrada (PCI) já é um processo consolidado e incorporado às dinâmicas de trabalho de todas as empresas. Os resultados são a redução de custos e a sustentabilidade dos negócios.
por ADRIANA BORGES
“C
ada dia, estamos mais integrados, operando em sinergia, dividindo experiências e melhorando os processos. Estamos colhendo grandes resultados em vários setores”. A frase do supervisor da área de Otimização de Valor do Produto da Fiat Automóveis, Flávio Cardoso, refere-se ao Projeto de Competitividade Integrado (PCI), criado em 2008 com os objetivos principais de melhorar a sustentabilidade dos negócios de todas as empresas do Grupo Fiat e desenvolver ações que criem valor para os clientes.
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A atuação do PCI é transversal, ocorrendo em cada empresa do Grupo: Case New Holland (CNH), Comau, Fiat Automóveis, FPT – Powertrain Technologies, Iveco, Magneti Marelli e Teksid, com o suporte da Fiat Services, Fiat Finanças e Isvor (universidade corporativa do Grupo). Segundo Cardoso, o estágio atual do projeto é diferente em cada companhia, mas todas estão apostando nas novas estratégias. “O formato do PCI leva em consideração as estruturas e os processos de produção, além dos fatores externos e riscos de cada negócio. Por causa da compe-
Fiat está em um estágio de troca de modelos inovadores, agregando novos processos e trazendo resultados para as empresas. Isso inclui a redução de custos e o desenvolvimento de novas tecnologias”, afirma o supervisor. Diferencial Competitivo O PCI nasceu em um cenário de crise internacional, com o desafio de manter os custos do Grupo Fiat de 2009 nos mesmos níveis de 2008. Após dois anos de sucesso com a manutenção do crescimento e a redução de custos, a experiência está consolidada nas empresas. Os funcionários reconhecem a importância do PCI e se mobilizam, cada vez mais, para buscar diferenciais competitivos. “A cultura foi implantada definitivamente. A parceria do Isvor e da Fundação Dom Cabral, que é uma das mais importantes escolas de negócios do mundo, foi fundamental nesse processo”, destaca o supervisor. De acordo com Cardoso, o PCI é dinâmico e exige muita atenção dos times. “Em um ambiente de competitividade, acontecem muitas mudanças no mercado, novos processos são
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Divulgação FPT
PCI, integração que dá resultado
titividade do mercado, um mesmo cenário não retrata todos os setores”, explica. Mesmo com as diferenças, as empresas do Grupo estão construindo o caminho da integração. “O PCI é mais do que uma metodologia”, analisa Cardoso. De acordo com ele, significa a mudança de cultura organizacional, baseada na formação e na mobilização de times, que buscam identificar novas oportunidades de melhoria em vários vetores, como revisão de processos, otimização de compras e de contratos, processos logísticos, teardown, programas de sugestões, resale (compra de insumos para posterior revenda a fornecedores, a fim de alcançar ganhos de escala), dentre outros. Dentre as grandes virtudes do projeto, destacam-se as ações sinérgicas do Grupo, sendo que, em 2010, seis temas foram trabalhados de forma transversal. Os grupos de Política de Viagens, Logística, Information Technology (IT), Materiais Indiretos, Energia e Oportunidades Financeiras realizaram reuniões e atividades frequentes para a implantação de projetos sempre com suporte de um sponsor da Direção do Grupo. “O Grupo
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Pci na prática Case New Holland (CNH) O PCI possibilitou a identificação de oportunidades de substituição de financiamentos antigos, contratados a altas taxas de juros junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por outras modalidades disponíveis pela instituição a um custo mais atrativo, de 4,5% ao ano. A CNH foi pioneira ao conseguir autorização especial junto ao BNDES para realizar a antecipação do pagamento da dívida antiga e contratar novos empréstimos, gerando um ganho significativo para a empresa. Outro importante projeto em desenvolvimento é a busca de fontes energéticas limpas e contratadas, com o intuito de reduzir o impacto ambiental do consumo de energia elétrica. Em 2011, o Centro de Distribuição da CNH em Sorocaba (SP) receberá sistemas de captação de energia solar. Ignácio Costa
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criados e implementados, novas pessoas e novos produtos surgem, aumentando a concorrência. Para enfrentar isso, o PCI demanda valores como persistência, inconformismo, inquietude e criatividade, para trazer novos aprendizados para a rotina de trabalho. Esses aprendizados se transformam em oportunidades”, observa. Nesse ambiente de alta competitividade, as iniciativas de redução de custo conduzidas pelas empresas demandam planejamento e organização dos fluxos de trabalho. Para alinhar as práticas, o PCI incorpora uma série de conceitos, dentre eles a inovação exploratória, que é a busca de conhecimento e de pesquisas, e a inovação radical, que é a busca de novas ideias baseadas em experiências e insights. “O aprendizado novo é a base para o desenvolvimento de ideias”, explica Cardoso, que também destaca que o PCI veio para ficar: “Deixar para trabalhar os conceitos do PCI somente em momentos de crise é arriscado. Independente do cenário do mercado, precisamos ter uma visão aberta, enxergar mais e saber quais são as tendências atuais e futuras. O mercado exige que estejamos sempre inquietos e atentos”.
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A Comau está reduzindo o consumo de energia elétrica. Em 2008, eram consumidos 626 W por hora trabalhada. Em 2009, esse número caiu para 559 W por hora e, em 2010, para 400 W, superando a meta de 475 W por hora trabalhada. “As ações de sensibilização e conscientização dos colaboradores, além de gerar redução do consumo de energia na empresa, têm sido aplicadas em suas casas junto às famílias, gerando economia e novos comportamentos”, afirma Silvio Ferreira, responsável de Qualidade e Meio Ambiente da Comau.
Fiat Automóveis Antes do PCI, a média mensal de impressões na fábrica era de 270 mil. Hoje, esse número é de 100 mil páginas por mês, resultado alcançado por meio de campanhas de conscientização dos funcionários. Já na área de Pós-Vendas, o trabalho envolveu a análise das ocorrências mais frequentes na manutenção dos automóveis, racionalizando processos e inovando em soluções.
FPT – Powertrain Technologies
Sustentabilidade E se ainda pairam dúvidas sobre a relação entre o PCI e a sustentabilidade, os resultados alcançados na área ambiental jogam todas por terra. “O conceito de sustentabilidade que trabalhamos no PCI implica em uma visão ampla do nosso trabalho, com a criação de novas tecnologias que possam diminuir impactos, trazer novos parceiros e reduzir custos. Devemos sempre trabalhar pela perenidade do Grupo e isso significa sermos competitivos e não perdermos as oportunidades de crescimento financeiro e ambiental”, conclui Cardoso.
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Comau
Número de impressões na Fiat Automóveis caiu 63%
O projeto de aquecimento natural da área de Montagem (dress-up) da unidade de Campo Largo (PR) está em fase de implantação. A solução simples, de baixo investimento e “limpa” foi usar o calor do líquido de resfriamento das máquinas do processo produtivo. Depois de passar pelas máquinas de usinagem, essa água, que sai aquecida a mais de 30º C, passa por um tipo de ventilador, mantendo a temperatura do local mais alta, no período do inverno, quando a temperatura ambiente chega perto de 0º C. O aquecimento natural evitará o consumo de 185 mil kWh/ano. Na planta de Betim (MG), o PCI também mobilizou equipes para a reorganização de uma das linhas de montagem. “Tínhamos o problema de não saturação da linha e os resultados eram operadores ociosos e sequências desordenadas”, explica Victor Daldegan de Sousa, líder responsável de UTE e engenheiro mecânico da FPT. A solu-
ção foi unificar operações e estações de trabalho, além de simplificar processos. “Pudemos transferir operadores para novas linhas, como a do motor Fire 2”, afirma.
Iveco O PCI estimulou a empresa a alterar o processo de fabricação dos protótipos. Antes, os veículos saiam da linha de produção completos e seguiam para a oficina da Engenharia, para as adaptações necessárias. Durante os processos de desmontagem e montagem, algumas peças chegavam a ser descartadas. Hoje, os veículos saem da linha de produção sem os componentes que seriam descartados. Ou seja, o tempo de montagem dos protótipos reduziu e nenhuma peça é eliminada. O novo processo já está em curso na fabricação dos protótipos para o atendimento da norma Euro V, de redução da emissão de gases e que entrará em vigor no Brasil em 2012.
Magneti Marelli Na unidade Sistemas Eletrônicos Hortolândia (SP), a etapa de tratamento térmico de uma peça foi substituída pelo processo de relaminação. “Foi uma operação simples com ganho na qualidade da peça e, sobretudo, ambiental, pois não usamos mais os fornos e estufas de aquecimento”, explica o responsável pela Engenharia de Desenvolvimento da Marelli em Hortolândia, Rosenir Toledo.
Teksid Após a identificação dos equipamentos industriais abastecidos com água da rede pública, foi elaborado projeto para ampliar a recirculação da água proveniente da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) da empresa. Como resultado, foi possível aumentar significativamente a média mensal de água recirculada de 14.362 metros cúbicos, em 2009, para 22.695 metros cúbicos em 2010 – um aumento de 58%. A iniciativa, além da queda nos custos, trouxe como benefício a redução do impacto ambiental devido à otimização da utilização dos recursos hídricos.
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Gestão Na planta da CNH de Contagem (MG), Sinésio Rodrigues (à esquerda) criou, com o apoio da equipe, robô para operação de solda
WCM, competência para melhorar sempre Identificar um problema, buscar soluções, transformar dificuldades em vantagens competitivas. Assim é a rotina dos colaboradores do Grupo Fiat, que vestiram a camisa do World Class Manufacturing (WCM) e estão atentos a todos os detalhes, na busca contínua do aprimoramento dos processos produtivos.
Fotos Ignácio Costa
por LILIAN LOBATO
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omo diria um ditado popular: “a união faz a força”. Nas empresas do Grupo Fiat, a expressão não só faz sentido como se aplica à metodologia World Class Manufacturing (WCM). Isso porque o programa foi capaz de mobilizar os colaboradores na busca de práticas de gestão mais sustentáveis e alinhadas à rotina de trabalho. Com a mudança de postura e maior envolvimento das pessoas, está sendo possível incrementar resultados, elevar a produtividade e reduzir as perdas e desperdícios. Na planta da Case New Holland (CNH) de Contagem (MG), a diferença já é notória. De acordo com o líder de WCM da unidade, André Souza, a ferramenta entusiasmou os funcionários e atualmente 100% participam do processo, com sugestões para tornar a empresa ainda mais competitiva. “Os colaboradores passaram a valorizar o trabalho e a perceber o que pode ser modificado para torná-lo mais eficiente e ambientalmente correto”, explica. Segundo ele, em maio deste ano, foi realizada uma auditoria que apontou a planta de Contagem como a melhor da CNH na América Latina. De acordo com Souza, o resultado é fruto do empenho da equipe que está transformando a unidade em um ambiente eficaz e, ao mesmo tempo, sustentável. “Dentre os principais pontos destacados no WCM está o fato de que foi possível atingir três milhões de horas sem acidentes com afastamento, além de chegarmos a uma produção recorde de 700 máquinas em um único mês”, afirma. O Programa de Sugestões (Simples) também impulsionou o resultado positivo. Criado em 2004 com o intuito de estimular o envolvimento dos funcionários para a melhoria contínua dos processos, o programa foi adaptado em 2007 para atender aos objetivos do WCM. Dados da CNH apontam que, em 2009, foram implementadas 12.672 mil ideias sugeridas, número 21% superior ao registrado em 2008. Já nos sete primeiros meses deste ano, as sugestões implantadas alcançaram o patamar de 12.862 mil.
O soldador Sinésio Rodrigues atua na CNH há 15 anos e sempre participou do Simples. Dentre as ideias sugeridas por ele, com o apoio da equipe, está a criação de um robô para operação de solda do chassi inferior da escavadeira hidráulica, maior equipamento produzido na planta de Contagem. Segundo Rodrigues, com a execução do projeto foi possível garantir maior produtividade e conforto durante a atividade. “Antes, o processo de soldagem dessa máquina era desgastante e de exposição do funcionário a altas temperaturas”, explica. Hoje, precisa-se apenas preparar o robô. “É gratificante ver uma ideia sair do papel. O colaborador se sente importante para a empresa”, avalia. Fapinho Na Fiat Automóveis, o processo de implantação do WCM teve início em 2007 e já conta com a mobilização de praticamente 100% dos mais de nove mil funcionários. O responsável pela estrutura de gerenciamento e implantação do WCM na Fiat, Jasson Dias de Azevedo, recorda que as primeiras ações envolveram 36 áreas ou máquinas mais críticas (denominadas áreas modelo) em segurança, manutenção, produtividade e qualidade nas unidades de Prensas, Funilaria, Pintura e Montagem. “Por meio de melhorias sistêmicas e focadas, essas áreas/máquinas tornaram-se referência nos principais indicadores. Hoje, são mais de 500 áreas/máquinas espalhadas em todos os processos. E o resultado não poderia ser diferente: a taxa de frequência dos acidentes reduziu mais de 50% e atingimos o índice zero de quebra nas máquinas modelo”, destaca. Para estimular o conhecimento e a participação de cada um dos colaboradores, a Fiat Automóveis criou o mascote “Fapinho” que, periodicamente, realiza blitz na fábrica. E tem funcionado. O envolvimento dos funcionários pode ser diagnosticado nos resultados do programa “Dia a Dia de Ideias”. Se em 2007 foram registradas nove sugestões
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Divulgação Iveco
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por pessoa, 2010 deverá fechar com 35 sugestões por pessoa, sendo que mais de 80% já foram implementadas. O condutor de processo integrado da área de Funilaria, Ricardo de Avelar Cabral, é um exemplo. Ele uniu o conhecimento às práticas sustentáveis e desenvolveu um projeto para reaproveitar o óleo absorvido em malhas. Em um container de plástico, com capacidade para armazenar mil litros de óleo, as malhas ficam presas em uma rede e o líquido escorre para o fundo. “O resultado é o reaproveitamento de 30% do óleo, reduzindo custos e preservando o meio ambiente”, conta Cabral. Os projetos kaizen por time de trabalho também cresceram, es-
Ricardo Oliveira, da FPT, buscou maior eficiência do equipamento ao reduzir microparadas
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timulados por convenções, workshops, fóruns, palestras e diversos treinamentos, passando de sete projetos por time para 25, em 2010. Treinamentos As práticas do WCM ganharam, neste ano, novo ritmo na Iveco L.A., que tem unidade em Sete Lagoas (MG). Segundo o responsável pela metodologia na empresa, Esteban Rafael Oliva Ferraris, as áreas com as maiores perdas já foram identificadas e o trabalho com os pilares de Segurança, Meio Ambiente e Qualidade iniciado. “Desenvolvemos um plano de treinamentos e workshops para aumentar as competências dos co-
laboradores. Além disso, iniciamos uma parceria para troca de experiências com a Fiat Automóveis e a FPT – Powertrain Technologies, consideradas as mais avançadas no WCM na América Latina”, explica. Segundo ele, cerca de 60% dos funcionários da fábrica participam ativamente do WCM, número que tende a aumentar até o fim de 2010. Entre os resultados já conquistados estão a redução de 80% do número de acidentes e medicações, com a correta identificação dos atos e condições inseguras, e o índice zero de quebra nas máquinas. “Toda a equipe contribui para a inspeção dos equipamentos no sentido de fazer um trabalho tanto de manutenção profissional como autônoma com excelência”, afirma. A rotina dos colaboradores da Comau também se modificou com o WCM. De acordo com o responsável de Desenvolvimento de Negócios da empresa, Anderson Abreu, a metodologia busca a excelência das melhores práticas mundiais na produção. “É uma ferramenta que contribui para o maior comprometimento dos funcionários, aprofundamento das análises diárias, atacando as causas e não os efeitos, com melhorias da relação custo-benefício das atividades e projetos”, explica. Redução de Custos As práticas do WCM foram iniciadas na FPT – Powertrain Technologies Mercosul há três anos e, de lá pra cá, os índices de quebra de equipamentos só caem. “Aprendemos a enxergar e a lidar melhor com as manutenções. Os colaboradores estão mais atentos ao que acontece nas unidades”, explica o líder do WCM na FPT, Luís Felipe Duarte. Em 2010, a empresa avançou ainda mais no processo de melhoria contínua ao criar o “Competitividade Integrada”, iniciativa que unifica os programas de ideias, inovação e, claro, o WCM. Juntos, eles contribuem para o desenvolvimento de uma cultura focada na excelência produtiva.
Nessa caminhada, os colaboradores se mobilizam para o desenvolvimento de novos processos, engajados na metodologia kaizen. Como resultado desse envolvimento, o número de projetos implementados na unidade de Betim (MG), somente em 2010, deve chegar a 7,5 mil. O tecnólogo da Unidade de Trabalho Específico (UTE), Ricardo Oliveira, faz parte desse time. Ele resolveu o problema das microparadas na montagem da trava semi-cônica do cabeçote na Planta Motores, que ocorriam a cada 23 minutos. Por meio da metodologia Minor Stoppages, foi possível detectar o problema e, hoje, as paradas acontecem a cada 630 minutos. Na planta de Campo Largo (PR), uma ideia oriunda do WCM melhorou a dinâmica de abastecimento de materiais na linha de produção. Como o operador e as peças ficam em lados opostos da esteira por onde passa o motor em montagem, a equipe da unidade criou o chamado “sistema garçom”. “Por meio de sensores, o equipamento ‘percebe’ a aproximação do propulsor e, antes que ele chegue, atravessa a esteira, entrega as peças ao operador e retorna à posição original, poupando o empregado de se deslocar para executar a tarefa”, explica o líder do WCM na planta, Clalter Bruza. Na Magneti Marelli, 6,1% dos custos de transformação foram eliminados em 2009 por meio do WCM. A metodologia já faz parte da rotina dos colaboradores, que estão atentos a cada detalhe. Na unidade Iluminação Contagem, em Minas Gerais, o tempo de estoque reduziu de 1,5 para 0,5 dia na área modelo por meio do trabalho conjunto dos pilares Organização do Posto de Trabalho e Logística. Antes, o próprio pessoal realizava o abastecimento das peças em seus postos de trabalho. Agora, as peças ficam à disposição por sistemas de esteiras e caixas, gerando uma economia anual de R$ 83 mil. Em Hortolândia (SP), Robson Fernandes de Souza, líder da área modelo do pilar Organização de Postos de Trabalho, também comemora os resultados. A
unidade já conseguiu eliminar 21% das atividades que não agregavam valor ao processo. Neste ano, as últimas unidades a iniciarem o WCM foram Módulos e Componentes Plásticos Itaúna e Suspensão Contagem. “Com certeza, os resultados em 2010 serão ainda maiores”, comenta o coordenador do WCM Brasil para Magneti Marelli, Wilson Pizzol.
Iveco já alcançou índice zero na quebra de máquinas
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Gestão
Fiat Services reduz desperdício com wca por LILIAN LOBATO
Fotos Ignácio Costa
Aproveitar melhor o tempo, reduzir o retrabalho e evitar o desperdício são práticas fundamentais para se alcançar também a excelência dos processos administrativos. Entretanto, chegar a esse patamar não é tarefa fácil. Na Fiat Services, com unidades em todo o Brasil, muitas melhorias vêm sendo conquistadas com a metodologia World Class Administration (WCA), baseada nos princípios do World Class Manufacturing (WCM). Segundo o gerente de Relacionamento com o Cliente da Fiat Services e integrante do Comitê de Sustentabilidade do Grupo Fiat, Jair Rezini, a empresa é a única do Grupo a adotar o WCA, na busca de uma rotina de trabalho mais organizada e da melhoria da qualidade de vida do colaborador. “Desde o ano passado, identificamos uma oportunidade de redução de mais de duas mil horas de desperdício por trabalho manual e processos repetiti-
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vos, diminuindo o estresse dos funcionários”, explica. Para exemplificar os benefícios da metodologia, destaca-se a economia de aproximadamente R$ 800 mil como resultado dos mais de 80 projetos já concluídos na Fiat Services, além de uma significativa melhora do ambiente de trabalho, principalmente em Nova Lima (MG), onde o programa encontra-se mais avançado. Rezini ressalta que, atualmente, os colaboradores podem se dedicar às atividades mais analíticas ao invés de manterem o foco no retrabalho. “A ferramenta é eficiente, mas, como todo processo de mudança de cultura, leva tempo para que os paradigmas sejam quebrados e o conhecimento disseminado”, afirma. Desde 2008, quando teve início a implantação da metodologia na Fiat Services, várias mudanças já foram concretizadas, com reflexos diretos
Daniela Correa: as ações de sensibilização foram intensificadas para aumentar a eficiência da coleta seletiva
na segurança da informação. “Todas as modificações fazem parte de um pacote evolutivo que torna o processo administrativo mais ágil e claro”, avalia. A expedição das mercadorias, por exemplo, passou a ser feita por e-mail, bem como a confirmação dos recebimentos. Com isso, o processo que antes era realizado pelos Correios ou motoboys em um prazo de 22 dias, hoje é feito em 48 horas. Na simplificação dos procedimentos, a Fiat Services já alcançou a redução de 90% no prazo de recebimento dos processos, a eliminação do extravio de documentos e o compartilhamento das informações com os colaboradores que trabalham na operação. “O WCA contribui e muito para as práticas de sustentabilidade, já que muitos processos fiscais deixaram de ser impressos em papel, além da economia de água e energia. O próximo passo será a implantação da coleta seletiva nos escritórios da Fiat Services em Betim”, revela Rezini. Na unidade de Nova Lima, a reciclagem já faz parte da rotina dos funcionários, que hoje estão mais atentos à separação correta dos resíduos. “A coleta seletiva já existia há alguns anos, mas as pessoas ainda tinham dúvidas sobre a destinação, o que gerava uma série de misturas”, afirma a analista financeira Daniela Correa Costa. Para alcançar a eficiência do processo e intensificar as ações de sensibilização dos colaboradores, foram escolhidas duas áreas modelo que passaram, em 2010, por auditorias. Segundo Daniela, o resultado foi extremamente satisfatório, já que os colaboradores começaram a avaliar o impacto de seus atos diários no meio ambiente.
Um bom exemplo dessa sensibilização é o reaproveitamento de papel utilizado na empresa, onde o volume é grande e constante. A menor aprendiz Lays Machado Guimarães já se conscientizou e hoje dá novas aplicações ao papéis usados e reaproveita, de maneira mais eficiente, os envelopes que recebe diariamente. Diversos projetos para reduzir o consumo de energia elétrica e fortalecer a segurança da informação também já foram colocados em prática na unidade de Nova Lima, como, por exemplo, a substituição de monitores antigos por equipamentos novos que consomem menos energia e a distribuição de senhas para impressão de documentos.
Envelopes são reutilizados, reduzindo custos
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Meio Ambiente
Sistemas de Gestão Ambiental, em busca da produção mais limpa A largada já foi dada. Como em um grande campeonato, as vitórias são alcançadas por etapas. No Grupo Fiat, as empresas são guiadas em um percurso de melhoramento contínuo, com investimentos em tecnologias de ponta, treinamento das equipes e, principalmente, proatividade para prevenir os impactos ao meio ambiente, assegurando que a atuação no presente não comprometa o futuro.
por FREDERICO MACHADO
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Fotos Ignácio Costa
Victor Ambrosi: “O SGA está centrado em ações proativas para a conservação dos recursos naturais”
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e olho nos melhores resultados, os atletas submetem-se a uma rotina exigente e programada de treinamentos. Não adianta praticar apenas uma vez por semana. É necessário disciplina para preparar o corpo e vencer os desafios, sem contusões. Dentro de uma empresa, o trabalho na área ambiental também é assim. Não bastam ações pontuais e isoladas para melhorar processos e evitar acidentes. É necessário muito empenho e fôlego para transformar os procedimentos do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em práticas diárias, com projetos contínuos e simultâneos. Nessa maratona, o Grupo Fiat busca, a cada ano, alcançar novos recordes, num ritmo de superação.
Para garantir que o SGA funcione de acordo com parâmetros eficazes e reconhecidos do mercado, o primeiro passo é obter a certificação ISO 14001, que traz uma série de normas desenvolvidas pela International Organization for Standardization (ISO) relacionadas à gestão ambiental. Dentro do Grupo Fiat, várias empresas já possuem a certificação, com resultados concretos de melhoria dos índices de redução da geração de resíduos, de consumo de água e de emissões atmosféricas, sincronizados com ações para aumentar a eficiência energética e a reciclagem. A próxima empresa que cruzará a linha de chegada para a conquista da ISO 14001 é a Iveco, ainda em 2010. “Receber essa certificação significa muito. Significa mostrar que nosso trabalho na área de meio ambiente está de acordo com os parâmetros mais importantes do mercado”, afirma o supervisor de Infraestrutura e Meio Ambiente da Iveco, Rodrigo Corrêa. Na unidade em Sete Lagoas (MG), as mudanças são diárias na busca da redução do desperdício e do uso racional dos recursos naturais. Entre as ações, destacam-se a eliminação de vazamentos na rede de ar comprimido, a readequação dos cir-
cuitos elétricos, a instalação de reguladores de vazão de água e a implantação de sistema de timer para desligamento dos equipamentos. As unidades da Case New Holland da América Latina têm como meta a conquista da norma ISO 14001 em 2011. “Neste ano, concentramos nossos esforços na obtenção da OHSAS 18001, voltada para os sistemas de gestão de saúde ocupacional e segurança”, explica Giuliano Marchiani, coordenador de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho da CNH América Latina. De acordo com ele, a primeira unidade que receberá a certificação ISO 14001 será Piracicaba (SP), ainda neste ano. “A certificação pode ser vista de duas formas: um quadro que é colocado na parede ou um instrumento que gera valor agregado aos negócios. Na CNH, optamos pela segunda opção. Isso quer dizer que a certificação não é o fim, mas o meio para se alcançar um sistema eficiente e sólido, reduzindo os riscos ambientais e melhorando o bem-estar dos funcionários”, ressalta. Novos processos A Teksid, localizada em Betim (MG), foi a primeira fundição da América Latina com SGA certificado pela norma ISO 14001, no ano 2000. A empresa, que passou por nova recertificação em março deste ano, também comemora os avanços das pesquisas voltadas para a reciclagem da Areia Descartada de Fundição (ADF), considerada o principal resíduo gerado no processo de montagem dos moldes para a fabricação de peças. “Há inúmeros trabalhos para o uso da ADF como subproduto na indústria de pavimentação asfáltica, cerâmica, entre outros, reduzindo a extração de areia virgem das jazidas”, afirma o responsável pela área de Engenharia de Segurança e Controle Ambiental da Teksid, Ezequiel de Oliveira Filho. Hoje, a Teksid possui equipamentos que permitem a recuperação de, aproximadamente, 30% da Areia Descartada
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Meio Ambiente
de Fundição. A expectativa é chegar a 70% até o final de 2011. Na busca da eficiência energética, diversas ações têm sido adotadas ao longo dos anos, com destaque para o recebimento de ferro-gusa em estado líquido diretamente para complementação do processo de fusão. “A empresa procura, de forma proativa, buscar melhorias contínuas em seus processos, que permitam o uso racional dos recursos naturais e energéticos utilizados, cumprindo sua política ambiental”, ressalta Ezequiel. No pódio A Fiat Automóveis foi a primeira fabricante de automóveis e de veículos comerciais leves do país a conquistar a ISO 14001 há 13 anos. Em 2010, a empresa passou por nova recertificação. “Procuramos sempre fazer auditorias com distintos órgãos certificadores para garantir diferentes pontos de vista e melhorar ainda mais nosso SGA”, explica o diretor adjunto de Tecnologia Industrial da Fiat Automóveis na América Latina, Victor Ambrosi. E os primeiros lugares continuam na trajetória da Fiat Automóveis. Em 2009, a empresa recebeu o Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental, concedido pelo Governo de Minas e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). A premiação reconhece as melhores práticas de sustentabilidade do Estado. “Esse prêmio reforçou a robustez do nosso SGA, que está centrado no princípio de ações proativas para conservação dos recursos naturais”, ressalta Ambrosi. Desde 1990, a Fiat já investiu mais de US$ 120 milhões em projetos para preservação e redução do impacto ambiental.
Sistema SAD Há mais de seis anos, todas as unidades da Magneti Marelli possuem a certificação ISO 14001. A fábrica de amortecedores em Lavras (MG) foi a primeira a obter a certificação em 1999. Aliás, foi a primeira fábrica de amortecedores do Brasil. E para fazer ainda melhor o que já faz bem, a estratégia tem sido a troca contínua de informações e práticas. Desde o ano passado, a Marelli adota o sistema Standard Aggregation Data (SAD), já utilizado por outras empresas do Grupo Fiat. A tecnologia permite que todos os dados quantitativos e qualitativos de desempenho energético, ambiental, de saúde e segurança sejam inseridos, de forma integrada, em uma única plataforma. As informações são atualizadas mensalmente e garantem o gerenciamento de dados de forma clara e objetiva, evitando diferentes parâmetros para as mesmas referências como, por exemplo, o indicador de geração de resíduos em uma unidade ser mensurado em toneladas, em outra, em quilos e numa terceira, em metros cúbicos. “O SAD nos possibilita tirar bons exemplos de gestão ambiental. O Grupo é muito grande, então, temos a possibilidade do benchmark interno”, afirma o responsável corporativo da área de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente da Magneti Marelli, Heber Braida. Sempre atenta aos resultados, a Magneti Marelli trabalha para evitar qualquer desperdício, o que pode significar muita economia. Foi o que aconteceu na unidade de Amparo (SP). Para detectar possíveis pontos de vazamento de ar comprimido, foram instalados medidores capazes de emitir sinais sonoros ou visuais, comunicando as falhas. Esses medidores identificaram 200 pontos de vazamento de ar
FIAT AUTOMÓVEIS: AVANÇOS AMBIENTAIS ASPECTO
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ANTES DA ISO 14001
2010
Reciclagem e reutilização dos resíduos
60%
98,5%
Recirculação de água
60%
99%
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comprimido, responsáveis pela geração de um desperdício de 380 mil kWh por ano, ou seja, o equivalente a 38 mil lâmpadas de 100W por cem horas seguidas. A economida superou R$115 mil. Evolução A ISO 14001 faz parte da rotina da FPT – Powertrain Technologies desde 1998, quando a planta de Córdoba, na Argentina, recebeu a certificação. Na sequência vieram Betim (2001), Sete Lagoas (2009) e a recém-inaugurada unidade de Campo Largo, no Paraná (2010). Nas quatro fábricas, as metas são audaciosas e vêm sendo cumpridas à risca como resultado do empenho das equipes e a vontade de ir sempre além. A geração de resíduos por item produzido, por exemplo, caiu 60% em Córdoba nos últimos seis anos e 30% em Sete Lagoas, de 2008 para 2009. “O SGA é de extrema importância para o desenvolvimento da empresa, uma vez que permite o gerenciamento de todo o processo, desde a entrada de matéria-prima e embalagens até o descarte dos resíduos. Por meio dele, monitoramos o consumo dos vetores, eliminando desperdícios e contribuindo para que os produtos ofertados no mercado sejam ecologicamente corretos, utilizando o mínimo de recursos naturais”, avalia Adir Adriano de Amorim, responsável pela área de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente na unidade de Sete Lagoas da FPT. Da empresa para a família Quem pensa que a responsabilidade ambiental dos funcionários do Grupo Fiat fica restrita aos processos produtivos está enganado. Em fevereiro de 2009, logo depois de obter a certificação ISO 14001, a Comau lançou o programa Ecomau, para disseminar práticas e incentivar comportamentos adequados para a qualidade e meio ambiente entre os colaboradores. O foco é a redução do consumo de materiais, energia e água, além da melhoria da coleta seletiva, e os resultados podem ser vistos até fora da fábrica. “Os colaboradores estão mais envolvidos com as
questões ambientais, orgulham-se disso e tornaram-se mais proativos Esse programa tem sido usado pelos colaboradores em suas residências para redução do consumo de água e energia nos banhos”, conta o responsável pela área de Qualidade e Meio Ambiente da Comau, Silvio Ferreira. “Desde que fui convidado para ser auditor do Programa 5S, percebi que poderia economizar também em minha casa. As contas de água e de luz diminuíram 30%”, conta o auxiliar técnico da Comau, Junio Thadeu Brandão Damasceno, que elaborou uma pequena lista com as regras da casa, com medidas como apagar a luz quando sair do cômodo ou fechar as torneiras enquanto se escova os dentes. “Isso é importante, pois vou educando minha filha desde pequena”, completa Damasceno, fazendo referência à pequena Júlia Vitória, de apenas dois anos. Victor Ambrosi, da Fiat Automóveis, concorda: “Empresas são feitas de pessoas. Cada um tem que entender que evitar o desperdício não é tarefa para ser feita somente na fábrica. Conscientizando o funcionário, conseguimos atingir também a família e, assim, por diante”.
Junio Thadeu mobilizou a família e conseguiu reduzir o consumo de energia em 30%
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Meio Ambiente
Eficiência na gestão dos resíduos e dos efluentes
Empresas do Grupo Fiat adotam novos procedimentos e tecnologias para reduzir a geração de resíduos e ampliar a recirculação de água, com foco na maior eficiência e eficácia do tratamento dos efluentes. O desafio é usar, de forma racional, os recursos naturais.
Ilha Ecológica da Iveco, em Sete Lagoas (MG)
POR FREDERICO MACHADO
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Meio Ambiente
om foco central na redução da geração interna de resíduos, as ações do Grupo Fiat incluem a separação dos diferentes materiais até a implantação de novas tecnologias de reprocessamento, que permitem a utilização dos rejeitos como insumos em outras cadeias produtivas. Na planta da Iveco, em Sete Lagoas (MG), os resíduos têm destino certo na Ilha Ecológica, que acabou de passar por obras de ampliação e modernização, com recursos que chegaram a quase R$ 1 milhão. A reinauguração ocorrerá ainda em 2010. O resultado desse investimento é o aprimoramento da gestão. De 16 baias para armazenamento de resíduos, agora são 21, para recebimento de papel, papelão plástico, sucata metálica, entre outros – grande parte com potencial de reutilização e reciclagem. Muitas vezes, um único resíduo possui diferentes tipos de materiais em sua composição, o que demanda o trabalho de desmonte e separação
em um processo chamado de descaracterização. “Levamos em média oito horas para descaracterizar uma tonelada de resíduo veicular. Com a reinauguração da Ilha Ecológica, realizaremos essa mesma atividade em quatro horas”, ressalta o supervisor de Infraestrutura e Meio Ambiente da Iveco, Rodrigo Corrêa. Dentro da diretriz do Grupo Fiat de utilizar cada vez menos o aterro sanitário, a Iveco pretende, em 2011, criar um minhocário para acelerar o processo de decomposição dos resíduos orgânicos, como restos de alimentos gerados no restaurante. No processo de vermicompostagem, é produzido o húmus, um adubo natural que será utilizado nos jardins da própria unidade. “Mais importante do que dar a destinação adequada é reduzir a geração de resíduos durante o processo produtivo”, explica Corrêa. A ILHa ecológica d para o próximo passo O uso de menos embalagens é uma iniciativa já colocada em prática, juntamente com os fornecedores, para diminuir o volume dos materiais enviados para a Ilha Ecológica. E quando chegam nas baias, é colocar a cabeça para funcionar na busca de soluções para a reutilização e para a reciclagem. Os pallets de madeira, por exemplo, são matéria-prima para a fabricação de carteiras, que serão usadas na sala de treinamento do programa Próximo Passo, da Iveco. No Grupo Fiat, tudo que entra
nas fábricas é avaliado sob o ponto de vista da destinação final: é possível reutilizar? Existe tecnologia para a reciclagem? E se a resposta é negativa, o jeito é criar. Foi assim com o isopor. Na Ilha Ecológica da Fiat Automóveis, que existe desde 1998, engenheiros se uniram para desenvolver, em parceria com empresa do setor, um equipamento que reduz o volume do isopor 50 vezes, permitindo o armazenamento, transporte e venda para diferentes indústrias. Antes considerado rejeito, agora o isopor é insumo para a fabricação de salto de sapatos, réguas, canetas, entre outros produtos. “É uma tecnologia pioneira que foi criada de acordo com as nossas necessidades”, ressalta o diretor adjunto de Tecnologia Industrial da Fiat Automóveis na América Latina, Victor Ambrosi. Com a ajuda dessa máquina, seis toneladas de isopor são processadas por mês. superando metas Na Magneti Marelli, a meta também é reduzir ao máximo os resíduos encaminhados para os aterros sanitário e industrial. Na unidade de Lavras (MG), esse índice está na casa dos 2%. Em Amparo (SP) e na divisão de Suspensão de Contagem (MG), 96% dos resíduos são reutilizados e reciclados. Na Comau, o índice de reciclagem cresceu 34% no período de 2008 e 2009. Em agosto deste ano, o valor chegou a 95%, superando a meta prevista para 2010, que é de reciclar 89,84% dos resíduos gerados.
RAIO-X DA ILHA ECOLÓGICA DA IVECO Área: 22.947 m² Fotos Ignácio Costa
Rodrigo Corrêa: pallets são reutilizados na fabricação de carteiras
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Capacidade: 1.600 ton/mês Principais resíduos que recebe: madeira (75%), papelão (8%) e plástico (5%) Capacidade do sistema de tratamento de efluentes: 60.000 l/h
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Studio Cerri
Meio Ambiente
Cooperárvore, resíduos se transformam em cidadania Muitas vezes, a solução para a reutilização e a reciclagem dos resíduos está mais próxima do que imaginamos. Na Fiat Automóveis, o destino de alguns materiais é a Cooperárvore, cooperativa do programa Árvore da Vida que reúne moradores do bairro Jardim Teresópolis, vizinho à fábrica de Betim (MG). Lá, os resíduos são transformados em trabalho e cidadania. O trabalho na Cooperárvore começou em 2004 e, desde então, a lista de produtos só cresce. Calotas viram relógios de parede. Cintos de segurança são reutilizados em alças para bolsas e mochilas. Chaveiros, jogos de tabuleiro e almofadas também estão à venda e os clientes têm um desafio no ato da compra: descobrir de qual resíduo é feito o produto. O designer da Cooperárvore, Igor Vilas Boas, é um verdadeiro “detetive” na missão
de descobrir resíduos que incrementam o trabalho da cooperativa. “Faço visitas constantes à Ilha Ecológica da Fiat Automóveis. É uma caixinha de surpresas. Um material pode não dar certo em um produto, mas encaixa-se perfeitamente em outro”, conta. A gerente Luciana Freitas explica como é feito o trabalho de capacitação dos cooperados: “A maioria é mulheres. Elas receberam cursos de corte e costura, artesanato e silk”. No projeto desde a criação, Iracema Pereira é casada, tem três filhos e a renda que consegue na Cooperárvore é essencial para o sustento da família. “Meu marido sofreu um AVC e o dinheiro que ganho aqui melhorou muito a nossa condição de vida”, revela Iracema, que trabalha no setor de costura e já sonha alto. “Desejo abrir meu próprio negócio”. Igor Vilas com o time de costureiras da Cooperárvore
Pallets de plástico reciclado estão em teste no Centro de Distribuição da CNH
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Duradouro e reciclado Para transportar peças, equipamentos e produtos nas empilhadeiras, as empresas adquirem pallets, muitas vezes feitos de madeira e que têm, em média, 30 ciclos de carga e descarga. No Centro de Distribuição da Case New Holland (CNH), em Sorocaba (SP), os pallets carregam também a mensagem da sustentabilidade. Estão em testes pallets feitos de plástico reciclado, muito mais resistentes e com ciclos que ultrapassam 1,5 mil cargas e descargas.
“Em uma única iniciativa, obtemos ganhos ambientais com a retirada do plástico do lixo urbano, sociais por meio do incentivo à reciclagem e financeiros, pois o pallet de plástico é muito mais durável e não necessita determinados procedimentos sanitários para importação e exportação, como a fumigação”, explica Giuliano Marchiani, coordenador de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho da Case New Holland América Latina.
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Meio Ambiente Com a instalação de novos equipamentos de alta tecnologia, o índice de recirculação de água passou de 92% para 99%
Fiat inaugura complexo inovador de tratamento de água Na língua portuguesa, o prefixo “re” quer dizer repetição. Na área ambiental, anuncia ações que sinalizam a preservação dos recursos naturais, como reutilizar, recircular e reaproveitar. São verbos colocados diariamente em prática pelas
RAIO-X DO COMPLEXO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS DA FIAT AUTMÓVEIS Número de instalações de tratamento: 9 Área: 1,3 mil metros quadrados Funcionários: 26 Novas instalações implantadas: ETB2 – recebe os efluentes pré-tratados do processo industrial e do consumo humano. É uma das maiores estações do mundo dentro de sua modalidade. A quantidade de água tratada ampliou de 160 m3/hora para 260 m3/hora EP-1 – utiliza membranas de osmose reversa, elevando o padrão de qualidade da água para uso em qualquer atividade industrial
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empresas do Grupo Fiat, em iniciativas para reduzir o consumo de água no processo produtivo. Prova disso é a Fiat Automóveis que, em 2010, alcançou o índice de 99% de recirculação de água, resultado da implantação do novo Complexo de Tratamento de Efluentes Líquidos da fábrica de Betim (MG), em operação desde outubro. Com a instalação de novos equipamentos de alta tecnologia na unidade de tratamento implantada em 1998, o índice de recirculação passou de 92% para 99%. Na prática, significa a eliminação da captação de água potável da rede pública para o uso industrial. As novidades são os sistemas de Membranas (MBR) e de Osmose Reversa (OR), que ampliam a eficiência e eficácia do tratamento do efluente. “Esse avanço é mais uma demonstração dos esforços que temos realizado para alcançar um resultado que traduza o necessário equilíbrio entre as lógicas
industriais e a responsabilidade social, na justa ponderação entre os ganhos econômicos, sociais e ambientais. Esse é o nosso entendimento da sustentabilidade, como conceito estratégico que permeia todas as diretrizes do nosso crescimento, ao buscar atender às necessidades do presente sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras”, afirma o presidente da Fiat, Cledorvino Belini. O Complexo de Tratamento da Fiat Automóveis também recebe os efluentes da Comau do Brasil e da planta de Betim da FPT – Powertrain Technologies que, em sete anos, reduziu o consumo de água por item produzido de 551 litros para 98 litros, uma queda de 82%. “Foram várias alterações no processo, como a implantação de equipamentos que já possuem sistemas próprios de recirculação”, afirma a engenheira ambiental da FPT Betim, Cristiana Carneiro de Souza. Na Comau, o consumo de água por hora caiu de 8,33 litros em 2008 para 7,21 litros em 2009. Neste ano, a meta de 6,78 litros de água consumida por hora já foi superada. Em agosto, esse índice foi 22% inferior.
Lições de consumo consciente Na matemática da sustentabilidade, menos é mais. Menor consumo de água, maior eficiência dos processos, mais desenvolvimento sustentável. Resultados que a Teksid já contabiliza ao concluir, este ano, o projeto de otimização do sistema de tratamento de efluentes. De acordo com o responsável de Manutenção da empresa, Marcos Antonio Calado, novos equipamentos e processos foram incorporados à ETE e, na comparação com o ano passado, o índice de reúso de água já ampliou 60%. “Estamos reavaliando a distribuição no interior da fábrica, reduzindo a captação da rede pública e otimizando a utilização interna”, completa Calado. Na Magneti Marelli, as unidades de Hortolândia e São Bernardo do Campo (SP) também são referências no reúso de efluentes. “Em São Bernardo, 100% dos efluentes orgânicos são reutilizados no resfriamento e centrifugação dos fornos de fundição”, afirma o responsável corporativo da área de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente, Heber Braida.
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Cuidar do futuro do planeta está nas suas mãos. Agora é só dar a partida. NOVOS MOTORES FPT E.torQ. BOM MESMO É QUANDO TUDO NA VIDA DA GENTE COMBINA. Afinal, assim fica tudo muito mais divertido. E, para pensar em nossos produtos, a FPT – Powertrain Technologies pensa primeiro na forma como você vive. Foi por isso que nós reunimos Ecologia, Energia, Emoção e Engenharia para fazer o novo motor FPT E.torQ. Porque, para a FPT, o importante é unir diversão e inovação com a sua vida.
RESPEITE A SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITO.
Divulgação CNH
Meio Ambiente
Fábricas mais verdes Grupo Fiat inova com projetos de arquitetura ambientalmente sustentáveis e investe em construções que seguem os critérios da ecoeficiência.
por FREDERICO MACHADO
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s novas construções do Grupo Fiat já nascem com o DNA da sustentabilidade. Ainda na fase do projeto, os conceitos da arquitetura ambientalmente responsável ganham contornos que unem as soluções de engenharia à ecoeficiência para o uso racional dos recursos naturais. O Complexo Tecnológico da Magneti Marelli, em Hortolândia (SP), as unidades da FPT – Powertrain Technologies, em Campo Largo (PR) e em Betim (MG), e o Centro de Logística e Distribuição de Peças – CD Integrado CNH/Iveco, em Sorocaba (SP), encabeçam a lista das construções verdes. As primeiras construções verdes do setor automotivo brasileiro têm a marca Magneti Marelli. No Complexo Tecnológico de Hortolândia, o Tech Center e o Galpão 5, que são as duas edificações mais recentes da unidade, foram projetadas de acordo com os padrões internacionais da arquitetura sustentável. No local, que compreende um auditório com capacidade para até 150 pessoas e área de eventos, a água é reutilizada e as lâmpadas e o sistema de ar condicionado são de baixo consumo.
CD Integrado CNH/Iveco, em Sorocaba (SP) 68
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Especialmente construído para produzir o bico injetor Pico Eco, o Galpão 5 conta com um sistema de iluminação natural com claraboias. O efeito de isolamento térmico e acústico é resultado da instalação de telhas metálicas e duplas em formato sanduíche. Nos chuveiros, o aquecimento solar permite a redução de aproximadamente 95% do consumo de energia elétrica nos banhos. A água para irrigar os jardins e para as descargas dos vasos sanitários vem do sistema de reúso. “Pensamos numa fábrica capaz de reaproveitar, ao máximo, os recursos naturais”, afirma o diretor industrial de Hortolândia, Luis Melloni. Inaugurado em março deste ano, o Centro de Logística e Distribuição de Peças – CD Integrado CNH/Iveco, em Sorocaba, está em fase de obtenção da certificação LEED. Com área total de 125 mil metros quadrados e área construída de 56 mil metros quadrados, a estrutura foi toda planejada para alcançar maior rapidez operacional em toda a cadeia logística,
Racionalização assegura menor consumo de energia e maior eficácia
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No CD Integrado, a Iveco construiu seu Centro de Operações de Peças – COPI sem utilizar nenhuma quantidade de asfalto. “O asfalto gera ilhas de calor. Os blocos de concreto evitam esse aquecimento e ainda permitem absorção da água da chuva pelo solo. Outro detalhe é o teto do estoque, onde utilizamos material translúcido, que permite a entrada natural da luz solar. Mantemos a operação funcionando durante o dia com reduzida quantidade de lâmpadas acesas, diminuindo o consumo de energia elétrica”, explica o coordenador de Processos Logísticos da Iveco, Cezar Barreto. Na nova unidade da FPT de Campo Largo, inaugurada em 30 de junho, a diretriz ambiental foi seguida à risca. O telhado da fábrica tem isolamento térmico, dis-
pensando a necessidade de refrigeração. A unidade é absesto free, ou seja, não utiliza amianto. Um total de 68 skyligths possibilita a iluminação natural no galpão. Todos os resíduos da fábrica são gerenciados, com um índice de reciclabilidade superior a 95%. Além disso, os dinamômetros de teste geram energia limpa, que retorna à rede elétrica. “É meta do Grupo Fiat, não só da FPT, avaliar criteriosamente os quesitos ligados à ecologia na compra ou na construção de novas unidades”, ressalta o plant manager da unidade de Campo Largo, Marcelo Reis. A fábrica de motores Fire 2, da FPT, em Betim, foi inaugurada em 2009 com uma estrutura 100% lean, moderna e completa em processos de usinagem, bloco motor, virabrequim e cabeçote, além de três linhas de montagem, com capacidade para produzir 150 mil motores por ano. Um dos diferenciais da unidade é a iluminação “dimerizada” do galpão, cujo teto foi pintado de branco, permitindo a reflexão da luz natural e a redução do consumo de energia elétrica. Ainda em 2010, será concluído um sistema de climatização na fábrica por meio de exaustão natural, que possibilita a saída de ar quente, sem a necessidade de auxílios mecânicos – ou seja, sem uso de eletricidade. Até o fim do ano, também serão instaladas lentes prismáticas na unidade, permitindo a passagem de luz solar difusa, sem incidência de calor. Certificação Para uma unidade ser considerada uma construção verde, devem ser levados em conta aspectos como projeto, localização, construção, operação e manutenção, remoção de resíduos e renovação da vida útil da edificação. Quem criou a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) foi o United States Green Building Council, ONG norte-americana reconhecida internacionalmente. No sistema LEED, as edificações são classificadas em quatro níveis: simplesmente certificadas, platina, prata e ouro, de acordo com uma pontuação alcançada durante as auditorias.
Ignácio Costa
Ignácio Costa Divulgação Iveco
Meio Ambiente
desde o fornecedor até o cliente final, seguindo os pré-requisitos da sustentabilidade. De acordo com o diretor de Operações de Peças da CNH, Frederic Wendling, para diminuir o calor interno do prédio, foram utilizados, durante a construção, materiais com alto índice de refletância solar, como os blocos de concreto claro. O centro também possui aquecedores de água à luz solar e sistemas de armazenamento de água da chuva, que é utilizada em vasos sanitários, irrigação dos jardins e abastecimento da caixa d’água destinada à proteção contra incêndio.
Cristiano Felix: 18 postes com placas de energia solar já estão em teste na fábrica da Fiat, em Betim (MG)
Lá vem o sol A Fiat Automóveis está estudando o aproveitamento da energia solar para a iluminação das ruas de sua fábrica de Betim (MG). Em março deste ano, foram instaladas placas fotovoltaicas em 18 postes, capazes de armazenar energia durante o dia e consumi-la quando necessário. As lâmpadas são a LED, consideradas mais econômicas e com vida útil de cerca de 50 mil horas. “Ainda estamos estudando a eficiência e a durabilidade desse sistema”, explica o responsável pela área de Engenharia Ambiental da Fiat Automóveis, Cristiano Felix. Além dos postes para iluminação de ruas internas da fábrica, placas fotovoltaicas foram instaladas nos telhados das unidades, totalizando uma área total 270 metros quadrados de painéis solares para aquecimento de água nos vestiários. Iluminação Natural Com o intuito de racionalizar o uso da energia e apontar medidas de
utilização mais responsáveis, não só no presente, mas considerando seu impacto global no futuro, a empresa passou a preocupar-se em modificar e substituir o uso de energia elétrica convencional por fontes renováveis de energia. A empresa já instalou sistema de iluminação natural através de uma lente prismática, que proporciona uma iluminação de até 1,5 mil lumens nos novos galpões. O sistema filtra as radiações de onda UV e IV (ultravioleta e infravermelho), propriedade que o diferencia das atuais tecnologias disponíveis no mercado. Pelo sistema exclusivo de lentes prismáticas, a luz é distribuída de maneira uniforme no ambiente, diferentemente das telhas translúcidas ou de policarbonato, que proporcionam uma iluminação pontual e transmissora de calor. O sistema conquistou o Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza, na categoria Melhor Exemplo em Energia. O prêmio é uma realização da revista Ecológico, de Minas Gerais.
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meio ambiente
Reserva ambiental da FPT: vizinhança repleta de vida A unidade da FPT – Powertrain Technologies de Campo Largo (PR) levou dois anos para ficar pronta e se transformar em uma das mais modernas fábricas de motores midsize da atualidade. Mas, em apenas três minutos, quem vai ao local consegue rapidamente esquecer que está dentro de uma unidade industrial. É o tempo suficiente para chegar à reserva natural mantida pela empresa em seus arredores.
por LEONARDO WERNER 50 mil deles de área construída. Do total, mais da metade foi transformada em reserva ambiental permanente. Ou seja, sobra espaço para árvores e animais de diversas espé-
Fotos Studio Cerri
Flor de maracujá
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ocalizada na região metropolitana de Curitiba, a unidade da FPT – Powertrain Technologies está instalada em uma área de 1,3 milhão de metros quadrados, sendo
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Xaxim, espécie em risco de extinção
meio ambiente Exemplares de araucária, espécie vegetal que mais se destaca no local
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cies, como tucanos e corujas. “É comum a gente se assustar com lebres atravessando o estacionamento à noite”, diz a técnica ambiental Alice Woicik, que acompanhou a reportagem da Mundo Fiat. O trajeto realizado revela o zelo da empresa por um dos traços mais característicos da região: as araucárias. São mais de 200 no total, fora as árvores que, por serem muito novas, ainda não foram identificadas e contabilizadas. “A FPT não permite a coleta do pinhão, a semente da araucária, que fica sempre em contato com o solo. Por isso, o número de árvores tende a se tornar ainda maior ao longo do tempo”, afirma Dino Silva, responsável pela área. O solo da reserva está protegido por duas comportas, que, por controlarem o fluxo de água da FPT Campo Largo, impedem riscos de contaminação e erosão. É algo fundamental para uma área que abriga duas importan-
tes nascentes: a do córrego Salgadinho, que integra a bacia do Rio Verde, de grande relevância para a região de Campo Largo, e a do rio Cambuí. A preservação das nascentes, segundo Alice Woicik, é a única determinação imposta pela lei. As demais ações de proteção à natureza fazem parte do compromisso da empresa, com foco na sustentabilidade. Fim de caminhada e sou surpreendido por duas informações: após duas horas percorrendo a mata, não andamos, segundo Dino Silva, nem 3% da área total – a despeito do cansaço do repórter. O outro ponto que chama a atenção é que toda a reserva, hoje mantida pela FPT, já foi, em um passado não muito distante, uma área inteiramente dedicada à monocultura do milho. O contraste com a riqueza da fauna e da flora atuais é nítido. É o que acontece quando o local é gerido por uma empresa que pensa e vive no futuro.
Mata tropical na reserva da FPT
Meio Ambiente
A importância da Ecologia do Produto Como verdadeiros detetives, pesquisadores do grupo Ecologia do Produto da Fiat avaliam o ciclo de vida dos materiais presentes nos veículos, com o objetivo de aprimorar o desempenho ambiental dos produtos e processos.
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Cresce o uso de matériaprima reciclável e renovável na produção dos veículos
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busca de um modelo sustentável de negócios para o setor automotivo abrange um arco extenso de ações para tornar os ve-
ículos mais eficientes no consumo de energia, reduzindo as emissões ao longo de sua vida útil e utilizando materiais que causem um menor
impacto ambiental. Recentemente, cresce a preocupação de se obter o menor impacto ambiental no ciclo de vida dos materiais e componentes por meio da reciclagem do maior número possível de partes e componentes do veículo no fim de sua vida útil, além de assegurar que o descarte não libere elementos nocivos ao ambiente e aos seres vivos. Esse é o campo da Ecologia do Produto, que avalia o impacto do produto desde a extração das matérias-primas até o processo produtivo, seu uso e descarte. O marco regulatório da Ecologia do Produto tem cerca de uma década, conforme relata Júlio Souza, analista de Engenharia do Produto da Fiat Automóveis. O Parlamento Europeu promulgou, no ano 2000, a Diretiva 2000/53/CE, cuja decorrência foi o desenvolvimento de veículos potencialmente recicláveis, a partir, principalmente, da restrição ao uso de metais pesados, como chumbo, mercúrio, cádmio e cromo hexavalente. A Fiat atentou imediatamente para essas diretrizes e, no Brasil, designou a área de Engenharia de Materiais como referência para as questões relacionadas à Ecologia do Produto, a fim de garantir que os veículos produzidos no país e na Argentina atendam às legislações, estejam em conformidade com as especificações e sejam homologados na União Europeia. Em 2006, foi constituído o grupo Ecologia do Produto, com o objetivo de integrar todas as ações relacionadas à nova área. Júlio Souza explica que o grupo desenvolve um conjunto de atividades para aprimorar o desempenho ambiental dos veículos, desde a concepção e a fabricação até o uso e o fim da vida útil. Entre as ações, destacam-se a difusão das normas europeias, a gestão do banco de dados de materiais da indústria automobilística, o controle de substâncias de uso restrito, como os metais
pesados, a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) de produtos e processos, o desenvolvimento de materiais e revestimentos ecológicos, de combustíveis alternativos e do odor interno do habitáculo. Também compartilha esforços com as demais áreas da Engenharia do Produto para a diminuição do peso e redução do consumo de combustível do veículo. Evolução das normas A legislação relativa ao fim da vida útil dos veículos não para de evoluir na União Europeia. A Diretiva 2000/53/CE restringe o uso de metais pesados, salvo em algumas aplicações em que não é possível eliminá-lo, como, por exemplo, o chumbo em baterias. Essas aplicações serão eliminadas à medida que novas soluções técnicas e economicamente viáveis sejam desenvolvidas. “A diretiva induz à inovação, concepção e fabricação de veículos que facilitem a desmontagem no fim da vida útil, buscando-se a reutilização, reciclagem e recuperação energética dos seus componentes e a utilização de materiais reciclados em sua fabricação”, diz Souza. Na União Europeia, foram desenvolvidos sistemas de incentivo para promover o recolhimento dos veículos em fim de vida, sem qualquer custo para o proprietário, conforme o princípio da retomada gratuita. Empresas especializadas recolhem os veículos e os desmontam em etapas, viabilizando a reciclagem de componentes, de materiais metálicos ferrosos e não ferrosos e, ao fim do ciclo, reaproveitando a energia gerada a partir da combustão de compósitos de plástico e borracha. A legislação evoluiu por meio da Diretiva 2005/64/CE, que complementa e detalha os procedimentos necessários à implantação das normas anteriores, estabelecendo que somente podem ser comercializados
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na União Europeia veículos que sejam, no mínimo, 85% reutilizáveis e/ou recicláveis e 95% reutilizáveis e/ou recuperáveis. Júlio Souza explica que a Fiat adotou no desenvolvimento de projetos padrões que ultrapassam a legislação. “A preocupação com o meio ambiente começa ainda no projeto do veículo, empregando ferramentas de projeto que visam a facilitar a desmontagem dos componentes e a reciclagem dos materiais”, afirma. Todas as peças confeccionadas em plástico ou borracha do veículo com peso maior do que 50 gramas são identificadas com a marca da reciclagem, que indica a sua composição e permite a separação dos diferentes mate-
ENTENDA AS DIFERENÇAS
riais. Os veículos Fiat são isentos de metais pesados como cádmio, chumbo e cromo hexavalente, enquanto cresce a aplicação de fibras vegetais em várias peças do veículo, como o porta-pacotes e os painéis de porta. Plásticos reciclados podem ser vistos nos revestimentos internos dos vãos de roda e nos reparos aerodinâmicos da carroceria. “Pensando no fim de vida do veículo, quando deverá ser sucateado, concentramos-nos em garantir que a maior parte do veículo possa ser recuperada para reutilização, reciclagem ou produção de energia, gerando a menor quantidade possível de resíduos. Assim, podemos dizer que os nossos veículos atendem aos limites mínimos de reciclabilidade, recuperabilidade e recuperação impostos pelas normas europeias”, acrescenta Souza.
Reutilização: é o emprego de um componente para a mesma finalidade para a qual foi concebido. Reciclagem: é o reprocessamento de materiais, transformandoos em componentes automotivos ou em outros objetos para fins diversos. Recuperação: também designado como valorização energética, é a utilização de materiais para geração de energia por meio da incineração.
GRUPO ECOLOGIA DO PRODUTO – FRENTES DE ATUAÇÃO •G arantir que os veículos e componentes atendam às legislações ligadas à Ecologia do Produto • Incentivar a busca pela inovação, por novas soluções e tecnologias relativas a materiais, produtos e processos •G erenciar os dados inseridos e declarados no International Material Data System (IMDS)
Linha Iveco Daily: 92% das peças são recicláveis
Espuma feita de óleo de fritura Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é um processo abrangente, que trata da interação entre o produto e o ambiente, desde sua fabricação até o descarte, com base em um levantamento das matérias-primas utilizadas e das emissões ao longo da vida útil. O resultado desse inventário é dado em quantidade de energia e matérias-primas. A partir dessas informações, os impactos ambientais de todo o ciclo de vida do produto podem ser calculados. Entre as ações da Fiat que já envolveram o uso dessa ferramenta, destacam-se o estudo comparativo das diferentes tecnologias de produção de espuma para bancos a partir do óleo de soja cru ou do óleo de fritura, que demonstrou a viabilidade ambiental de utilização desse material, e a avaliação das tecnologias alternativas empregadas na construção do Uno Ecology, que, além de auxiliar na escolha dos materiais utilizados no veículo, permitiu calcular a economia nas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Além disso, destaca-se o estudo comparativo de diferentes materiais utilizados com o objetivo de reduzir o peso e o consumo de combustível do veículo, dentre eles o alumínio e os materiais compósitos (plástico+fibra natural).
Iveco investe na reciclabilidade por BIANCA ALVES A Iveco está alinhada às normativas europeias de reciclabilidade e atenta para avançar ainda mais, preparando-se para os padrões mais rigorosos de exigência. Um exemplo é a linha Iveco Daily, com índice de reciclabilidade que chega a 92%. Esse valor é superior ao limite previsto na legislação europeia (Diretiva 2000/53/CE). Divulgação Iveco
• Odor interno do habitáculo • Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) Áreas de Interface: Compras, Projeto, Plataforma, Produto e Qualidade Membros do Grupo: Filipe Dias, Kelley Fernandes, Júlio Cordeiro, Sara Nascimento e Júlio Souza
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Balanço de CO2 A Fiat tem pesquisado novos materiais e soluções para reduzir o impacto ambiental de seus produtos. Um dos parâmetros utilizados na avaliação dos resultados é o balanço de CO2, isto é, a quantidade de dióxido de carbono e o consumo de energia não renovável, além da reciclabilidade e da recuperabilidade. Eis alguns exemplos de ganhos ambientais decorrentes de novos materiais em desenvolvimento: Polipropileno com bagaço de cana de açúcar: para produção de 1 kg de material que utiliza a tecnologia convencional de adição de talco, são liberados para o ambiente 1,6621 kg CO2(eq.). Se for adicionada fibra vegetal ao invés do talco, considerando-se um composto de 80% de polipropileno e 20% de fibra, conforme a tecnologia apontada pela Fiat, o balanço geral de emissões será de 1,4687 kg CO2(eq.) por quilograma de material produzido. Ou seja, 0,1934 kg CO2(eq.) de saldo positivo. Isso significa que, para cada quilograma do material produzido, pode-se evitar que cerca de 200 gramas de dióxido de carbono sejam liberados na atmosfera.
Empresas elaboram inventário para reduzir pegada de carbono
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A Iveco desmontou e catalogou todas as peças de um Daily Combi, para oito passageiros, e avaliou item a item. O teste revelou que 92% das peças são feitas com material reciclável. Como os demais modelos Daily, chassicabina e furgão, têm os mesmos materiais da versão Combi, porém em menor quantidade, considerase que a proporção se mantém, estendendo-se a esses modelos o mesmo índice de 92% de reciclabilidade. “Já estão em avaliação os modelos médios e pesados que, apesar de não precisarem seguir a legislação, têm uma quantidade significativa de materiais recicláveis”, informa o responsável pelo setor de Homologação e Regulamentação do Produto na Iveco, Alessandro Depetris. As peças recicláveis são várias, como vidros, componentes de chassi, de suspensão, borrachas em geral, peças metálicas ferrosas e não ferrosas. “A legislação europeia prevê que, em 2015, o índice deverá chegar a 95%. E a Iveco já está trabalhando para atender plenamente à nova exigência”, ressalta Depetris. De acordo com ele, o Brasil ainda não possui normas específicas sobre o tema, mas a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) criou um grupo para debater o assunto e apoiar na elaboração de uma proposta de regulamentação brasileira para a reciclagem de veículos. “É um tema que ainda evoluirá muito no país. Os processos de recuperação e de reutilização são ações de responsabilidade conjunta dos fornecedores, fabricantes de veículos e mercado de autopeças, criando uma cultura sustentável de relacionamento com o produto ao longo de todo seu ciclo de vida útil até o descarte”, completa Depetris.
A mudança do clima é um dos desafios globais da atualidade. De olho na economia de baixo carbono, as empresas do Grupo Fiat se antecipam à legislação e passam a incorporar em suas estratégias de negócios a cultura de mensuração e gestão voluntária de emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE). por FREDERICO MACHADO
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ual legado nós vamos deixar para as futuras gerações? No Grupo Fiat, essa reflexão é a mola propulsora de inúmeras ações que orientam a prática da responsabilidade socioambiental. Dentre elas, destaca-se a elaboração voluntária do inventário de emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE), que já mobiliza equipes da Fiat Automóveis, Teksid e Magneti Marelli. São estudos que apontam a quantida-
de de dióxido de carbono (CO2) gerada durante o processo produtivo. Mais do que conhecer esses números, o objetivo é buscar referências para o estabelecimento de metas e ações de controle das emissões. De acordo com o responsável pela área de Meio Ambiente na Fiat Automóveis, Cristiano Felix, as iniciativas do Grupo para reduzir os gases de efeito estufa não são recentes. “Pro-
Consumidores devem ser sensibilizados para o uso sustentável dos veículos
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Banco produzido com fibras de coco + látex: foi considerado um material com composição de 56% de coco e 44% de látex. A produção de 1 kg de poliuretano, a matéria-prima petroquímica da espuma convencional, libera 4,7165 kg CO2(eq.), enquanto que na produção de 1 kg do compósito coco + látex são liberados 1,2172 kg CO2(eq.). Isso significa que a nova tecnologia é supereficiente, pois reduz em 3,4993 kg as emissões de CO2(eq.) por cada quilograma de material produzido. Tecido monomaterial em PET reciclado: utilizando garrafas PET, deixa-se de consumir combustível fóssil para a produção do PET virgem e retira-se do ambiente garrafas usadas. Isso representa um saldo de carbono igual a 5,3261 kg CO2(eq.) por quilograma de material, dos quais 2,9738 kg CO2(eq.) deixam de ser emitidos pela fabricação do polímero e outros 2,3523 kg CO2(eq.) pela decomposição das garrafas usadas.
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Meio Ambiente Motores das empilhadeiras são movidos a energia elétrica
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Planta da Marelli, em Amparo (SP), foi a primeira do Grupo a concluir o levantamento de CO2
va disso é o contínuo avanço dos motores para diminuir o consumo de combustíveis e, consequentemente, a emissão de CO2. No entanto, precisamos compreender melhor cada fase do ciclo de nossos produtos, inclusive dos fornecedores, para tomarmos as decisões certas e que realmente farão a diferença”, ressalta Felix. O levantamento das emissões deve obedecer a padrões técnicos do Programa Brasileiro GHG Protocol e regulamentações já consolidadas no mercado internacional. Depois de concluídos, as empresas podem requerer a
certificação Carbon Footprint (Pegada de Carbono em português), considerada o primeiro passo para a entrada no mercado de créditos de carbono. Na Magneti Marelli, a unidade de Amparo (SP) foi a primeira a concluir o mapeamento das emissões, em um trabalho que se estenderá para outras plantas industriais. Com os dados em mãos, as mudanças já começaram como a adoção de cláusulas contratuais que estipulam limite de idade e manutenção periódica de frota para os transportadores e fornecedores de matérias-primas, produtos e peças. Outras ações em curso são o incentivo do uso de energia de fontes renováveis (como etanol e biodiesel) na frota de transporte e a substituição dos motores das empilhadeiras, que passarão a ser movidos a energia elétrica. Como em uma calculadora verde, cada uma dessas ações possibilitará a diminuição do lançamento na atmosfera de CO2 equivalente. “A Magneti
Marelli está se antecipando às exigências de legislações futuras. É uma iniciativa que nos permite traçar novas estratégias de negócios alinhadas à política de redução dos GEE”, afirma o técnico de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente da Magneti Marelli de Amparo, Daniel Ferreira. O inventário da Fiat Automóveis será concluído em dezembro deste ano. “Em 2011, iniciaremos nosso plano de ações com o envolvimento dos fornecedores e até dos consumidores, que devem ser sensibilizados para o uso sustentável dos veículos. Será um trabalho de longo prazo e a Fiat atuará como um centro irradiador de boas práticas ambientais com foco contínuo na redução da emissão dos gases de efeito estufa”, completa Felix. Na Teksid, o levantamento também está em fase final de elaboração. Já a Case New Holland (CNH) prepara-se para iniciar o inventário em todas as unidades da América Latina em feve-
reiro de 2011. “É uma iniciativa importante sob vários aspectos: garante a redução do impacto ambiental de nossas atividades e gera benefícios financeiros com a entrada no mercado de crédito de carbono”, afirma o coordenador de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho da Case New Holland América Latina, Giuliano Marchiani. Padronização O GHG Protocol é a ferramenta mais utilizada mundialmente por empresas e governos para entender, quantificar e gerenciar as emissões. Para adaptar sua aplicação no país, foi criado o Programa Brasileiro GHG Protocol, coordenado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV-CES). De acordo com o Programa Brasileiro GHG Protocol, o inventário é dividido em três escopos. O primeiro é voltado para as emissões de atividades internas da fábrica. O segundo quantifica as emissões indiretas oriundas do consumo de energia. Já o terceiro escopo é o mais trabalhoso e está ligado às emissões indiretas associadas às atividades que não são core business, como o transporte de funcionários e de produtos, e incluem os fornecedores e a captação da matéria-prima.
Contabilidade do co2 Kg CO2(eq.) significa a soma das contribuições efetivas de diferentes substâncias para a formação do efeito estufa, dado como unidade de dióxido de carbono. Por exemplo, 1 Kg de CO2 emitidos na atmosfera apresenta um determinado efeito, 1 kg de CH4 (metano) apresenta um efeito 300 vezes maior, então dizemos que 1 kg de CH4 equivale a 300 kg de CO2 ou, simplesmente, 300 kg CO2 (eq.).
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Divulgação Iveco
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História que aponta para o futuro “As florestas precedem os povos; os desertos seguem-nos.” A frase, que já tem seus duzentos anos, é de François-René de Chateaubriand, político, diplomata, escritor francês (1768 – 1848) e expõe uma verdade inquestionável: o homem ergue civilizações consumindo recursos naturais. É como se fosse instintivo ser predatório. Ainda bem que o homem não é só instinto, mas além: consciência e raciocínio, pensamento e prática. Se, durante séculos, destruiu para construir, está aprendendo que chegou o tempo de simplesmente edificar.
por LAUDEIR BORGES
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a época em que o Grupo Fiat chegava ao Brasil, as discussões sobre crescimento econômico e degradação ambiental começavam a fervilhar no mundo: Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre meio ambiente, em Estocolmo (1972); estudo sobre os limites do crescimento, que alertava para a exaustão dos recursos naturais (1972); criação do conceito
de ecodesenvolvimento (1973); e a Declaração de Cocoyok, das Nações Unidas, sobre explosão demográfica e consumo exagerado (1974). Na linha do tempo, o Grupo Fiat é protagonista de importantes momentos da história automotiva nacional e da América Latina. Mais do que lançar novos modelos, são novas tendências e tecnologias capazes de unir segurança à sustentabilidade. O ponto de Divulgação Fiat
Siena: pioneirismo no uso de quatro combustíveis
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partida é 1976, ano em que a fábrica da Fiat Automóveis, em Betim (MG), ligou os motores. Gerou empregos e crescimento econômico. Trouxe processos disponíveis apenas em outros países, começando com o menor carro montado no Brasil, o Fiat 147, com motor dianteiro transversal. O pequeno notável virou a primeira picape derivada de um automóvel, em 1978, e, no ano seguinte, o primeiro carro a álcool produzido em série. Logo vieram o design, a aerodinâmica e o baixo consumo do Fiat Uno (1984), seguido do primeiro carro brasileiro com computador de bordo, o Fiat Prêmio (1985). As inovações continuaram. Em 2003, a Magneti Marelli revolucionou o mercado com a versão eletrônica da tecnologia SFS (Software Flexfuel Sensor). Com ela, na hora de abastecer o carro, o motorista podia escolher entre gasolina e álcool ou, se preferir, os dois, ao mesmo tempo, em qualquer proporção, sistema que rapidamente foi incorporado à família Palio. Dois anos depois, nascia a tecnologia tetrafuel. O Siena (2006) foi o primeiro carro do mundo movido a quatro combustíveis: gaso-
lina brasileira (com 25% de álcool), gasolina pura (utilizada em outros países da América Latina e Europa), álcool hidratado e gás natural veicular, geridos por uma central única de injeção eletrônica.
Caminhão da Iveco movido a gás natural
tecnologias alternativas A Iveco também está com os olhos voltados para o futuro, totalmente preparada para atender às novas regras de emissões de poluentes, que entrarão em vigor a partir de 2012, com o Euro V. A empresa destacou-se na última Feira Nacional do Transporte (Fenatran), realizada em 2009, ao apresentar o maior número de tecnologias alternativas para o setor de transportes de cargas do Brasil e da América do Sul. São fontes já testadas e aprovadas por grandes grupos empresariais na Europa e que podem guiar novas estratégias sustentáveis de transporte, servindo de exemplo para clientes e potenciais clientes no continente latinoamericano. Entre as novidades, a Iveco demonstrou tecnologias movidas a gás natural e híbrido-diesel-elétricos, além de ter sido pioneira nos testes com caminhões movidos a etanol.
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Tecnologias para a mobilidade sustentável Karl Marx (1818 – 1883) escreveu que “a humanidade só se propõe as tarefas que pode resolver.” O Grupo Fiat concorda e tem empresas criadas para isso: solucionar questões que ainda nem foram levantadas. São elas: a FPT – Powertrain Technologies e a Marelli. Magneti Marelli é o nome completo. São cinco centros de pesquisa e 13 unidades produtivas que desenvolvem sistemas de injeção eletrônica, amortecedores, faróis, painéis de instrumentos, segmentos de telemática, navegadores GPS, entre outros componentes. Em 2010, um dos destaques foi o LED (diodo emissor de luz), que pode substituir as tradicionais lâmpadas por todo o carro, dentro e fora. A novidade está presente nas lanternas traseiras do Novo Idea, as primeiras a circularem produzidas na América Latina. Elas duram mais, consomem menos energia, diminuem a quantidade de cabos elétricos no carro e, versáteis, permitem ousadias de design. “Foi um trabalho minucioso, que exigiu análises quanto ao desempenho e a viabilidade de todo o processo”, avalia Salvatore Blanco, gerente de P&D da divisão de Iluminação Automotiva da Marelli. Parece que foi ontem, mas o sistema de alimentação de combustível já está na terceira geração. A renovação está nos bicos injetores Pico Eco, que promove maior atomização do combustível, reduzindo o consumo. Avanço também nas novas centrais eletrônicas, que contribuem para o melhor gerenciamento do motor nas futuras exigências do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Os motores Fire Evo, do Novo Uno, tiveram a honra de chegar com esses avanços, conta Eduardo Campos, gerente comercial da Magneti Marelli. “Ano que vem entra em produção o ECS (Ethanol Cold System),
sistema de partida a frio para motores flex”, antecipa. E quando o assunto é telemática, a lista de lançamentos só tende a crescer. São tecnologias que aceleram os veículos rumo à mobilidade sustentável por meio da combinação da eletrônica, informática e telecomunicação dos computadores de bordo, possibilitando serviços e recursos de entretenimento, navegação, diagnóstico de problemas, mensagens de alerta, entre outros. Contribui, ainda, para aumentar a segurança do condutor e diminuir os índices de emissões de gás carbônico. Um dos destaques é a telemetria, que oferece uma completa avaliação da dirigibilidade – aceleração utilizada, força de frenagem em curvas e gasto de combustível. Outra novidade é o Eco Driving ou Eco Navegação, um software com duas vertentes: o EcoRota, que calcula o melhor caminho a ser percorrido em termos ambientais, e o EcoDireção, que aponta as melhores condições de dirigibilidade. Com o uso desse sistema, os veículos alcançam até 20% da redução de CO2. Além das funções do Eco Driving, o AGD (Active Green Drive) também corrige automaticamente a melhor forma de condução, considerando economia de combustível, controle de emissões, entre outros fatores. “Para ser sustentável e socialmente responsável, é preciso fornecer informação”, sintetiza Ricardo Takahira, gerente de Novos Negócios da Magneti Marelli Sistemas Eletrônicos Mercosul.
Downsizing, quando menos é mais
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Dois anos de investimentos, cem profissionais envolvidos no Brasil e na Itália, nove mil horas de cálculos, cinco milhões de quilômetros rodados em testes. Empenho que resultou na linha de motores E.TorQ, produzida na fábrica de Campo Largo (PR) pela FPT – Powertrain Technologies, maior fabricante de sistemas de propulsão da América Latina. A produção começou em fevereiro de 2010. Os motores E.TorQ estrearam no Fiat Punto, já equipam o Doblò e o Novo Divulgação FPT Idea, estão em todos os modelos da família Palio e, agora, no Linea. É um projeto de alta tecnologia. O E.TorQ emite 40% menos poluentes do que o limite previsto em lei. E os números comprovam o alto rendimento mecânico. Está tudo nas especificações técnicas: cavalos de potência máxima, giros, torque e rotações, dependendo do combustível, gasolina ou etanol. Outro importante dado é que o E.TorQ é 95% reciclável. “O mercado deseja um equilíbrio entre potência, consumo de combustível e emissão de poluentes, ou seja, o que chamamos de fun-to-drive. É nessa linha que caminham os sistemas de propulsão desenvolvidos pela FPT. É preciso evoluir conjuntamente em cada um desses aspectos, uma vez que soluções que contemplem apenas um dos pontos acima serão incompletas”, explica João Irineu Medeiros, diretor de Engenharia do Produto da FPT. Evolução colocada em prática, por exemplo, no conceito downsizing, cujo lema é diminuir o tamanho sem prejudicar a performance. São motores que privilegiam o torque elevado e a força do veículo, mesmo em baixas rotações. A matemática dos técnicos e engenheiros da FPT segue a seguinte fórmula: menos é mais. Quanto maior o propulsor, mais combustível é queimado e mais gases são liberados no ar. Um motor menor, logi-
camente, consome menos combustível e emite menos CO2. Lógica que estreou no Brasil em 2008 no motor Fire 1.4L 16V da versão T-Jet do Fiat Linea. Está também no Punto T-Jet. São 152 cavalos de potência e 21,1 kgf de torque. Ele atinge o desempenho de motores grandes graças à sobrealimentação com turbo compressor e quatro válvulas por cilindro. E uma novíssima geração de downsizing está a caminho. São os motores Twin-Air que, na Europa, começaram a equipar o Fiat 500. O TwinAir leva adiante o revolucionário e premiado sistema MultiAir, desenvolvido pela FPT e lançado no ano passado. No MultiAir, uma combinação de sistemas hidráulico e eletrônico controla o fluxo de ar e combustível e o tempo de abertura das válvulas no motor. Isso é feito cilindro por cilindro, ciclo por ciclo. O melhor controle da combustão reduz as emissões de poluentes e otimiza o rendimento. O Twin-Air aprimorou o sistema, radicalizando o conceito downsizing. O novo motor turbo de dois cilindros gera 85cv, consome 15% menos combustível e tem um rendimento 25% maior que o 1.2 8v. Na comparação com um 1.4 16v, o consumo de combustível é 30% menor. A nova família de motores emite 30% menos C02 na comparação com um motor de igual desempenho, além de ser menor (-23%) e mais leve (-10%).
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Produzir o combustível que abastecerá o trator na propriedade. Pode parecer coisa de filme, mas já é realidade. A ideia ainda não está no mercado, mas uma das peças-chave desse conceito foi desenvolvida pela New Holland por meio do trator NH2TM. Movido a hidrogênio, a novidade faz parte do Sistema Autônomo de Energia da New Holland. O conceito do Sistema Autônomo de Energia prevê a produção, a partir da água, de hidrogênio que poderá ser armazenado em um
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Combustível feito em casa
O NH2TM é o primeiro trator do mundo movido a hidrogênio
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tanque na fazenda como um gás comprimido, permitindo seu uso direto no maquinário da propriedade ou em geradores para fornecimento de energia elétrica e calor para edificações e numerosas aplicações. Por meio de eletrólise, a eletricidade produzida por usinas eólicas, painéis solares ou processos de biomassa e biogás instalados na propriedade poderia decompor a água em hidrogênio e oxigênio. “Os produtores estão em uma posição privilegiada para se beneficiar da tecnologia de hidrogênio. Ao contrário de muitas pessoas, eles têm espaço disponível para instalar sistemas alternativos de geração de eletricidade, tais como energia solar, eólica, biomassa ou resíduos, e então armazenar essa energia como hidrogênio. Além dos benefícios ambientais, tal sistema permitiria que os clientes se tornassem autossuficientes em energia e melhorassem sua estabilidade financeira”, comentou Pierre Lahutte, diretor Mundial de Marketing de Produtos – Tratores. O trator NH2™ é o primeiro trator no mundo a ser movido a hidrogênio. Baseado no modelo popular T6000, produzido na Europa, o trator experimental substitui o motor de combustão tradicional por células de hidrogênio para gerar eletricidade. O hidrogênio comprimido retirado de um tanque no trator reage na célula de combustível (Fuel Cells) com oxigênio, retirado do ar, para produzir água e elétrons. A corrente elétrica criada pelos elétrons aciona motores elétricos que alimentam o sistema de transmissão do trator e sistemas auxiliares. Com 106hp de potência, o NH2™ é capaz de realizar todas as funções de qualquer outro trator, ao mesmo tempo em que opera de maneira silenciosa e emitindo somente calor, vapor e água. As células de combustível geram menos calor do que um motor de combustão interna, proporcionando um rendimento constante e não produzindo óxidos de nitrogênio poluentes, partículas de fuligem ou dióxido de carbono. Apresentado no Salão Internacional de Máquinas Agrícolas (FIMA) de 2009, o modelo conquistou o Palma de Ouro, uma das maiores premiações no mundo para máquinas agrícolas.
Fiat é a marca mais ecológica da Europa A Fiat Group Automobiles confirma-se, mais uma vez, como a marca automobilística com menores emissões médias em sua gama de veículos comercializados no primeiro semestre de 2010. De acordo com o último relatório da consultoria britânica Jato Dynamics, líder mundial em assessoria e pesquisa do setor automotivo, a Fiat registrou valores médios de 123,5 g/km. O relatório mostra a Fiat à frente de marcas como Toyota (128 g/km), Peugeot (132 g/km), Citroën (133,4 g/km), Renault (134,6 g/km), Ford (137 g/km), Opel/Vauxhall (141 g/km), Volkswagen (142 g/km), Audi (154 g/km) e Mercedes (154,5 g/km). A este resultado é acrescentado, por sua vez, o ranking “verde” dos modelos mais vendidos. Todas as marcas fizeram esforços para reduzir as emissões de seus modelos mais vendidos, mas o resultado da Fiat se sobressai, com seus modelos mais populares também no ranking dos mais ecocompatíveis. Assim, o Fiat 500 é o modelo que menos polui (116 g/km) entre os 20 mais vendidos na Europa. Em segundo lugar está o Fiat Panda (118,9 g/km), enquanto o Punto (123,5 g/km) fica com a quarta colocação. Por grupos automotivos, o Grupo Fiat também leva a primeira posição (126,2 /km), aumentando a distância com relação aos outros grupos. Além disso, o Grupo Fiat é o único que consegue ficar abaixo do objetivo de 130 g/km, previsto para 2015. Os resultados dessa análise demonstram o compromisso da Fiat para encontrar soluções inovadoras e acessíveis que reduzam as emissões poluidoras. Um exemplo é o novo motor Twin-Air de dois cilindros, disponível no modelo Fiat 500. É um motor bicilíndrico Turbo de 85 CV (900 cc) que oferece o melhor nível de CO2 para um propulsor a gasolina (a partir de 92 g/km com câmbio robotizado Dualogic e 95 g/km com câmbio mecânico), sem prejudicar o rendimento nem o prazer de dirigir. Além disso, os motores MultiAir (gasolina) e Multijet II (diesel), os câmbios robotizados e o sistema Start&Stop são alguns exemplos de tecnologias já aplicadas a automóveis em sua aposta por uma mobilidade sustentável. Um impulso fundamental para atingir esses resultados foi dado pelo extraordinário crescimento do metano
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no setor. Uma visão que a Fiat Group Automobiles iniciou há mais de 10 anos e que transformou o Grupo no líder europeu absoluto, com mais de 400 mil unidades vendidas e uma ampla gama de modelos. Mudança de hábitos Em conjunto com as inovações tecnológicas, a estratégia ambiental da Fiat também contempla uma mudança nos hábitos de condução. Nesse sentido, a marca pretende aumentar a sensibilização dos motoristas para promover, cada vez mais, o uso ecocompatível de seus veículos. Tudo isso graças ao sistema eco:Drive, um aplicativo computadorizado, baseado no sistema Blue&Me da Microsoft, que permite aos motoristas saber, em tempo real, em que medida seus hábitos de condução afetam o consumo e a emissão de poluentes. Além disso, o sistema pontua o estilo de dirigir, oferece um plano de melhoria e conselhos práticos sobre como ser mais ecológico na forma de usar o carro. Ao seguir as orientações do eco:Drive, é possível economizar até 15% de combustível, com a consequente redução das emissões. Desde seu lançamento, o aplicativo foi baixado gratuitamente no site www.fiat.com/ecodrive por mais de 140 mil usuários. Recentemente, o sistema foi complementado com a introdução do eco:Drive para Frotas, proporcionando benefícios tanto para o ecossistema quanto para as empresas.
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Moderno, sustentável e com a cara dos brasileiros
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O Uno Ecology é um verdadeiro laboratório na busca de soluções ambientalmente corretas para o setor automotivo. “Pesquisamos o que há de mais moderno nos outros países e adaptamos para os brasileiros no Uno Ecology”, destaca o coordenador de Inovação da Engenharia de Produto da Fiat Automóveis, Toshizaemom Noce. Além de matériasprimas de fontes renováveis, diversas tecnologias se reúnem no protótipo, que já é sinônimo de sustentabilidade.
Plástico feito de cana de açúcar As peças feitas de plástico biodegradável são renováveis e recicláveis. Estão presentes no para-choque e na parte inferior das portas, possibilitando a redução de peso do veículo em torno de 8% em relação à peça convencional, que é feita a partir de petróleo.
Motor 100% etanol (E100) Visando obter o máximo de desempenho do ponto de vista de eficiência energética do etanol, a FPT – Powertrain Technologies desenvolveu um motor protótipo 100% etanol. Além de ser um combustível renovável, é uma alternativa técnica e economicamente viável, que traz a vantagem de proporcionar menos emissões de CO2 ao ser comparado com um motor que utiliza gasolina.
Tratores com fibra de coco A Case New Holland (CNH) também estuda a utilização da fibra de coco nos bancos de suas máquinas agrícolas. “Já enviamos um banco de trator para preenchimento com a fibra de coco em substituição ao poliuretano. Em breve, iniciaremos os testes”, afirma o coordenador de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho da Case New Holland América Latina, Giuliano Marchiani.
Banco com fibra de coco e látex Em substituição ao poliuretano, espuma derivada do petróleo, são utilizadas matérias-primas renováveis, permeáveis ao ar, recicláveis, biodegradáveis e de forte cunho social por utilizar o trabalho de cooperativas. Tecido de PET reciclado Os bancos e tapetes são revestidos com tecido feito de PET reciclado. Por veículo, são recicladas cerca de 30 garrafas PET.
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Película anti-infravermelho Como a radiação infravermelha transmite calor, a utilização da película permite que o ar condicionado seja acionado em menor intensidade. O resultado é uma economia estimada de até 1% em consumo de combustível em relação à utilização do ar condicionado em máxima potência, para manter a mesma temperatura.
Teto solar fotovoltaico Células fotovoltaicas no painel posterior auxiliam na carga da bateria, reduzindo a necessidade de geração de energia por parte do motor e, consequentemente, economizando combustível. O teto foi projetado para gerar uma potência elétrica de 35W, considerando exposição de oito horas diárias ao sol durante 30 dias.
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Sistema Start&Stop Desliga o motor em qualquer parada e religa automaticamente quando o pedal da embreagem é acionado, gerando uma economia de combustível em torno de 5% em trânsito urbano.
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TPMS (Tyre Pressure Monitoring System) Informa ao motorista, por meio de um sinal luminoso no painel, se há algum pneu com pressão abaixo do especificado. Pneus mal calibrados podem resultar no aumento de até 5% do consumo de combustível.
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Tecnologia verde e amarela Contar a história do etanol é relembrar momentos importantes do Grupo Fiat que, desde o início, apostou na potencialidade desse combustível e colocou o Brasil na liderança mundial do biocombustível. Cursor 8: motor diesel para caminhões movido 100% a etanol
Cursor 9 para colheitadeiras: movido a diesel e etanol, simultaneamente
por BIANCA ALVES
E Ronaldo Ávila destaca o pioneirismo da Fiat ao testar biocombustíveis
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ra década de 1970 e Cloves Mendes testava os primeiros motores a etanol para a Fiat. Estava na rua com um colega, quando o combustível acabou. Entrou no primeiro bar que achou e pediu álcool. Era véspera de eleições, período de lei seca e o dono do estabelecimento não quis
vender de jeito nenhum. Quando Cloves disse que o líquido seria utilizado como combustível, o comerciante ficou assustado e pediu explicações. Mesmo depois de tudo esclarecido e a venda feita, ainda ficou observando até que o último litro fosse abastecido no veículo.
Casos como esse ilustram a saga de estreia da versão do Fiat 147, o primeiro carro a álcool produzido em série no mundo. “Era empolgante para nós participar daquele momento em que desenvolvíamos um combustível nosso. Só pensávamos que não íamos mais depender do petróleo”, lembra Mendes. Não era para menos: o mundo vivia os reflexos da crise do petróleo de 1973, quando os países produtores reunidos na Opep aumentaram os preços do combustível em mais de 300% em apenas três meses. Além de razões políticas – o protesto contra o apoio dos Estados Unidos a Israel durante a Guerra do Yom Kippur –, os países produtores já tinham na época a consciência de que detinham as reservas de um bem cuja velocidade de consumo era bem maior que a de produção. O desenvolvimento de um combustível alternativo, renovável e, hoje sabemos, ecológico, não foi um processo fácil. Problemas como corrosão e a dificuldade de partida a frio deixavam os motoristas furiosos e receosos em relação à nova tecnologia. “Tivemos muitas dificuldades, faltavam fornecedores”, observa Mendes, que hoje está na FPT – Powertrain Technologies, mais especificamente
no setor de Implementação de Novas Tecnologias (NTI), sempre pesquisando combustíveis alternativos e novos propulsores. Pioneirismo Na década de 1980, as pesquisas na área dos biocombustíveis se disseminaram. Em 1981, a Fiat já fazia testes com óleos vegetais. Na época, foi pioneira na realização de pesquisas com óleo de amendoim e soja puro. Em 1985, uniu-se à Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec) para estudar a utilização de óleo de mamona transesterificado, hoje conhecido como biodiesel. Os testes mostraram boa qualidade carburante, sendo considerado na época como uma interessante opção para a substituição do óleo diesel. Ronaldo Ávila, supervisor da Divisão Química da Engenharia de Materiais da Fiat, relata que a era dos motores a diesel teve início em agosto de 1893, quando Rudolf Diesel apresentou sua invenção na Alemanha. Alguns anos depois, em 1898, o motor foi apresentado oficialmente na Feira Mundial de Paris, usando como combustível o óleo de amendoim. Rudolf Diesel já antecipava que o motor a diesel poderia ser alimentado por
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Das fórmulas mágicas ao veículo flex A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Environmental Protection Agency, EPA) anunciou em fevereiro de 2010 a conclusão de estudos que comprovam que o uso de etanol produzido a partir de cana de açúcar reduz a emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEE) em 61% em relação ao uso de gasolina. Se não houver queimada para a colheita de cana, ou seja, se for totalmente mecanizada, a vantagem do etanol é ainda maior: 82% na comparação com a gasolina. Tal reconhecimento valoriza décadas de trabalho e pesquisas. “Essa foi uma grande vitória para o Brasil, pioneiro no uso do etanol e na produção de veículos flexfuel, que podem usar simultaneamente gasolina e etanol em qualquer proporção”, destaca o supervisor da Divisão Química da Engenharia de Materiais da Fiat, Ronaldo Ávila, que relata que os primeiros testes com a utilização de etanol remontam aos anos 1920, quando várias fórmulas mágicas surgiram para substituir a gasolina, sempre tendo como base o etanol. Os combustíveis produzidos eram batizados de Azulina, Motorina, Nog, Nacionalina, Nortina, Vigelina e Usga, mas alcançaram resultados pouco satisfatórios. Em 1930, experimentos com etanol chegaram ao transporte ferroviário com ótimo desempenho, mas com redução da durabilidade dos equipamentos. Em 1941, Chico Landi, o primeiro piloto brasileiro de fama mundial, participou e venceu com seu Alfa Romeo o VII Prêmio da Cidade do Rio de Janeiro, utilizando um combustível fornecido pelo Instituto de Açúcar e Álcool (IAA), uma mistura de etanol, aceto-
na, éter, óleo de mamona e gasolina. A partir de 1950, o engenheiro Urbano Ernesto Stumpf e o físico José Walter Bautista Vidal, idealizadores do motor a álcool, deram início a uma metodologia científica para utilização do etanol puro, utilizando um combustível com excelente padrão de qualidade. Foi uma pesquisa acadêmica que resultou em várias patentes. Urbano Stumpf estabeleceu, em 1974, um plano de ação constituído de três etapas, implantadas por uma ação conjunta do Governo Federal e do Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA). A primeira etapa foi a utilização de etanol anidro como aditivo da gasolina, com vantagens na redução de emissões, aumento do número de octanos e eliminação do chumbo tetraetila. As outras etapas foram relacionadas à conversão de motores a gasolina para etanol e ao desenvolvimento de motores específicos a álcool. Em novembro de 1975, surgia o Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool) e, quatro anos depois, o Governo Federal e a associação que reúne os fabricantes de veículos, a Anfavea, assinaram um protocolo a partir do
qual os fabricantes deveriam iniciar a produção em série de veículos movidos a álcool hidratado. Quatro meses após, saia na linha de montagem o Fiat 147, o primeiro carro movido a álcool do Brasil. A participação dos carros a álcool no mercado evoluiu de 0,46% em 1979 para um teto de 95% da produção de automóveis em 1986. A presença declinou no mercado à medida que os preços internacionais do petróleo caiam, mas o conhecimento tecnológico e a estrutura para produção de etanol foram preservados. Em 2003, foi dado um novo salto: a criação dos modelos flexfuel, abastecidos com etanol ou gasolina em qualquer proporção. A Magneti Marelli, empresa do Grupo Fiat, teve papel decisivo no desenvolvimento da tecnologia que viabilizou os veículos flex. “O Brasil apresenta hoje uma frota privilegiada em termos mundiais, pois tem veículos de menor impacto ambiental devido à utilização do etanol”, afirma Ávila. “Isso é algo muito importante quando o mundo todo está preocupado com os efeitos do aquecimento global”, acrescenta. Jornal do Brasil/Site dos Nobres do Grid
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óleos vegetais, em substituição ao derivado do petróleo. No Brasil, o biodiesel ganhou importância estratégica com a implantação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, em 2005. Inicialmente, a proposta era a adição de 2% de biodiesel ao diesel mineral. Atualmente, esse percentual já é de 5%, antecipando uma meta que era para 2013. “Hoje, podemos garantir que a utilização de 5% da mistura de biodiesel com óleo diesel, conforme especificação da Agência Nacional do Petróleo, não traz problemas aos veículos, os quais continuam cobertos pela garantia original”, diz Ávila. Maior fabricante de motores e transmissões da América Latina, a FPT – Powertrain Technologies é pioneira no desenvolvimento de tecnologias inovadoras no continente, como os motores a álcool, flex e tetrafuel. A capacidade de se antecipar às necessidades do mercado se reflete nas pesquisas em torno de combustíveis obtidos a partir de fontes renováveis. É o caso do Cursor 8, motor diesel para caminhões, que está prestes a ganhar uma versão ciclo Otto, que utiliza 100% etanol. O Cursor 9, destinado a equipar colheitadeiras, está sendo projetado para trabalhar simultaneamente com diesel e etanol. O motor terá uma tecnologia capaz de dosar, automaticamente, a quantidade de cada combustível mais adequada e econômica em cada situação. Já no cursor 13, está em pesquisa a viabilidade do biodiesel B30 e B100 (30% e 100% de mistura de biodiesel no combustível, respectivamente). Com a Iveco, a FPT está iniciando a criação de um motor híbrido para ônibus, que funcionará com diesel e eletricidade. Atualmente, todos os motores da empresa satisfazem os rigorosos padrões de controle de emissões de poluentes Euro e Tier e estão preparados para rodar com biodiesel B5, que reduz em 3% a emissão de CO².
O piloto Chico Landi venceu, no Rio de Janeiro, corrida com Alfa Romeo movido a mistura com etanol, em 1941
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Com a IVeCo, a SuStentabILIdade SaI do PaPeL e VaI Para o mundo.
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HistĂłrias que fizeram do carro a ĂĄlcool um sucesso nacional
Fiat 147: primeiro carro a ĂĄlcool produzido em sĂŠrie no mundo
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atravÊs do Programa Próximo Passo, a Iveco investe continuamente em açþes que buscam promover o desenvolvimento sustentåvel para os clientes, funcionårios, fornecedores e comunidade de Sete Lagoas. Veja algumas açþes:
Ao abrir o capĂ´, viu que tinha gelo no coletor de admissĂŁo prĂłximo Ă base do carburador. Alguns minutos mais, o calor do coletor de descarga foi aquecendo a admissĂŁo, nova partida e, maravilha, o motor funcionou. “SaĂ com o afogador pela metade, carro engasgando e, uns dois quilĂ´metros depois, o motor voltou a falhar. Mesmo com o motor aquecido, olha lĂĄ o gelo novamente. Como o carro jĂĄ aquecido pode formar gelo?â€?, relembra Hauck. Enquanto matutava sobre o que poderia estar acontecendo, aproximou-se dele um senhor com uma cuia de chimarrĂŁo em uma das mĂŁos e uma garrafa tĂŠrmica debaixo do braço. Quando soube o que estava acontecendo, ele sem pestanejar estendeu-lhe a garrafa tĂŠrmica e disse: â€œĂ‰ fĂĄcil, esquenta eleâ€?. Problema resolvido. “Foi sĂł dar um banho quente no coletor que o carro pegou na hora. SĂł depois demos conta de que a presença do gelo era proveniente do ar Ăşmido e frio direto sobre o coletor e da queda brusca de temperatura do ĂĄlcool, quando pulverizado pelo carburadorâ€?, diz Hauck, que hoje atua na ĂĄrea de exportação como responsĂĄvel por peças de reposição para os mercados da AmĂŠrica Latina. Divulgação Fiat
Ligar os primeiros carros a ĂĄlcool no inverno era um tormento que qualquer brasileiro com mais de 50 anos tem na memĂłria. O que era um transtorno para o consumidor, para o tĂŠcnico da Fiat era um desafio a ser vencido. E as dificuldades que acompanharam os primeiros modelos transformaram-se em oportunidades para a Fiat que, na ĂŠpoca, patenteou o sistema de partida a frio para motores a combustĂŁo interna a ĂĄlcool e comando afogador. HistĂłrias que Rodolfo Hauck conhece muito bem. No fim dos anos 1970, ele era representante tĂŠcnico mecânico e corria a rede de concessionĂĄrias, orientando os mecânicos para sanar as falhas. Trabalhando no Sul de Minas, aprendeu muito sobre partida a frio e, por isso, foi convocado para trabalhar em Caxias do Sul (RS). A bordo de um 147 furgĂŁo a ĂĄlcool, enfrentou um frio daqueles, com direito a paisagem coberta de geada. “Em uma manhĂŁ, iniciei o ritual da partida. Afogador puxado, pressionei quatro ou cinco vezes a bombinha manual de injeção de gasolina, que era a mesma utilizada para o lavador do para-brisaâ€?, conta Hauck. Ao girar a chave, o motor pegou e, apĂłs alguns minutos, apagou.
Sustentabilidade não Ê discurso. É pråtica. Por isso,
s #URSOS DE CAPACITA ÎO PROlSSIONAL E EDUCA ÎO AMBIENTAL s -APEAMENTO CULTURAL DO BAIRRO #IDADE DE $EUS 3ETE ,AGOASn-' E DIVERSAS OlCINAS CULTURAIS s *ORNAL 0RĂ˜XIMO 0ASSO DIVULGA AÂ ĂœES DA )VECO CURSOS DICAS E EVENTOS PARA A COMUNIDADE s 0ROJETO 3EMPRE UM 0APO DEBATES COM PERSONALIDADES SOBRE TEMAS IMPORTANTES s 'INCANAS %COLĂ˜GICAS CONSCIENTIZA ÎO DE FORMA LĂžDICA DOS MORADORES DAS COMUNIDADES s )LHA %COLĂ˜GICA RECICLAGEM DE DO RESĂ“DUO SĂ˜LIDO GERADO E REAPROVEITAMENTO DE DA ÉGUA UTILIZADA s ,ITERATA DISCUTE O PAPEL DA LITERATURA E SUA ABRANGĂ?NCIA
Recursos Humanos
Reconhecer o valor das pessoas A sustentabilidade é a soma de ações feitas por várias mãos, guiadas por valores como comprometimento e inovação. No Grupo Fiat, importantes passos já foram dados nessa direção como resultado do fortalecimento da política de recursos humanos, na perspectiva de reconhecer e promover o valor das pessoas.
por MAURÍCIO ANGELO E TÉO SEIXAS
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Vilmar Fistarol: “As pessoas são o principal ativo de uma empresa”
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s pessoas são o principal ativo de uma empresa”. Vilmar Fistarol, que assumiu neste ano a diretoria de Recursos Humanos do Grupo Fiat, fez dessa frase quase que um lema que orienta sua estratégia para dar forma à sua missão de harmonizar a lógica dos negócios com o aspecto humano nas empresas do Grupo. “Uma empresa pode construir prédios, comprar máquinas e tecnologia, mas nada disso garantirá a inovação e a competitividade. São as pessoas que fazem a diferença”, explica. Essa constatação orienta a evolução da política de recursos
humanos do Grupo Fiat, na perspectiva de reconhecer e promover o valor das pessoas, para atrair, reter e valorizar talentos. Os fundamentos da política de recursos humanos do Grupo vêm sendo constituídos há anos, mas agora passam a ganhar crescente ênfase três linhas de atuação: o desenvolvimento de lideranças, a remuneração e benefícios e a melhoria da infraestrutura de trabalho. Outro aspecto que está sendo enfatizado na estratégia é o foco na sinergia de programas entre as várias empresas que compõem o Grupo, a fim de disseminar as boas práticas e o sentimento de pertencimento ao Grupo. Não se trata de padronizar programas, já que é necessário considerar as peculiaridades e autonomia de cada empresa, em suas estratégias, necessidades específicas, localização geográfica e perfil. A sinergia está, sobretudo, no alinhamento de conceitos, que podem ganhar contornos próprios a partir de pesquisas de clima que contribuem para orientar a execução dos planos de ação e evidenciam os pontos fortes e fracos do ambiente de trabalho na visão dos colaboradores. Entretanto, programas mais amplos, como o de desenvolvimento de líderes, podem ser compartilhados, já que são baseados nos princípios de liderança Fiat, que interessam a todo o âmbito do Grupo. Para ser sustentável, é preciso ter as pessoas certas nos lugares certos. “A garantia da inovação e da sustentabilidade
é resultado do investimento em recursos humanos. É preciso ter gente com capacidade de visualizar o amanhã. Nossos produtos e modelo de negócios serão totalmente diferentes no futuro, mas para dar os passos hoje em direção ao novo, precisamos de pessoas que enxergam além”, acrescenta Fistarol. Ele enfatiza que o Grupo, quando faz da sua missão, visão e valores algo que realmente contribui para a valorização dos colaboradores, acaba por atrair as melhores pessoas. “Se o que você diz é percebido como algo real, se a imagem da empresa corresponde ao que ela prega e faz na prática, as melhores pessoas querem estar ao seu lado. E isso é algo fantástico”, diz Fistarol. Compartilhamento O novo Código de Conduta do Grupo Fiat enfatiza a promoção dos recursos humanos e estende para a comunidade e fornecedores o compartilhamento dos mesmos valores. “Nossas ações de responsabilidade social na comunidade enfatizam a inclusão por meio da educação e do trabalho. Esses são nossos valores e estamos trabalhando para que transformem as comunidades do entorno das unidades do Grupo”, acrescenta Fistarol. “O Grupo já trabalhou, no passado, na construção dos pilares para o desenvolvimento das organizações, baseados nos 16 princípios de leadership. O caminho já está trilhado. O que temos que fazer agora é aprofundar as iniciativas e aperfeiçoar ferramentas para desenvolver toda a cadeia”, conclui. Bem-Estar Um dos exemplos de investimento no bem-estar dos funcionários é o programa Vivere, lançado em abril deste ano pela Fiat Automóveis, voltado para a disseminação da cultura da prevenção e promoção da saúde. As ações contemplam as dimensões biológica, psicológica, social e organizacional (o chamado modelo BPSO para qualidade de vida no trabalho), a partir do planejamento de ações em cinco pilares: atividade física, alimentação
saudável, saúde, relacionamento e convivência, ambiente e ergonomia. Para colocar o programa em prática, o primeiro passo foi a elaboração do “Diagnóstico de Saúde e Estilo de Vida”, em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi), que desenvolveu uma metodologia específica para o inventário. Na Fiat, o levantamento envolveu, no período de julho e outubro de 2009, 11 mil funcionários, o equivalente a 93% do total. Além do questionário sobre o estilo de vida, foram feitas medidas da pressão arterial, Índice de Massa Corporal (IMC), circunferência abdominal e dosagem pontual da glicose no sangue. De acordo com o médico que coordena o programa, Alexandre Veloso, com os resultados em mãos, foram definidas três ações mais relevantes, já colocadas em prática: caminhada e corrida, nutrição e saúde e combate ao tabagismo.
LIDERAR A MUDANÇA LIDERAR AS PESSOAS O modelo de leadership do Grupo Fiat foi criado em 2005 para valorizar a mudança organizacional e o espírito competitivo. Tem 16 princípios: Buscar e apreciar a competição Ajudar as pessoas a superarem os próprios limites, garantindo a elas a liberdade de ação Trabalhar pela descontinuidade Comunicar com transparência Ser um apaixonado no alcance dos objetivos Assumir as próprias responsabilidades e fazer com que os outros façam o mesmo Exprimir a energia necessária para alcançar os resultados Buscar, reconhecer e celebrar o sucesso Cumprir o que promete Gerar otimismo através de uma visão focada no cliente Simplificar as coisas Fazer as melhores escolhas, não necessariamente as mais fáceis Agir de forma rápida e decisiva Construir o melhor time e desenvolver líderes Agir com integridade Tratar a todos com dignidade e equidade
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CNH entre as melhores
Os desafios atuais, como a necessidade de novas respostas, transversalidade dos conceitos, inovação, sustentabilidade e formação de um time de alta performance, têm sido os dilemas e, ao mesmo tempo, responsabilidades do líder atual. Nesse contexto, o Grupo Fiat acredita que o líder precisa ter a capacidade de gerir mudanças e pessoas, desenvolvendo as competências do negócio de forma a consolidar uma cultura de alta performance e leadership. Seguindo essa estratégia, a Fiat Automóveis, em formato consórcio com o Banco Fidis, Fiat Finanças, Fiat do Brasil, Revi, Fides Corretagem, Isvor e Fiat Services, desenvolveu o Programa de Desenvolvimento de Líderes, implantado em parceria com o Isvor, Fundação Dom Cabral, MindQuest e Alba Consultoria. De acordo com a gerente de Desenvolvimento e Competências da Fiat Automóveis, Glizia Prado, o processo de desenvolvimento identificou oportunidades para o autoconhecimento e reciclagem dos gestores, considerando o contexto organizacional e as competências necessárias para a sustentabilidade do negócio. “Não temos a pretensão de ensinar ninguém a ser líder. Nosso objetivo é renovar a prática gerencial da Fiasa e empresas participantes, promovendo espaços educativos que permitam a troca de experiência entre os participantes, bem como a discussão dos novos questionamentos e novas formas de gerenciar pessoas. O mercado tem mudado rapidamente e, para manter a liderança de mercado é preciso também revisitar as práticas de atrair, desenvolver e reter pessoas”, afirma Glizia. Na maioria das vezes, o programa transcende a Fiat, fazendo com que o colaborador possa aproveitar os aprendizados no meio familiar e na comunidade. A Fiat Automóveis também possui outras iniciativas de desenvolvimento de pessoas, como é o caso das Trilhas de Desenvolvimento. Realizado em parceria com o Isvor e instituições de ensino renomadas, esse percurso educativo, que visa ao desenvolvimento das competências essenciais do negócio, teve início em 2009 na Diretoria Administrativa Financeira (DAF). Em
Preparar a organização para o futuro significa investir na valorização dos funcionários com foco em um ambiente de trabalho favorável ao crescimento. A fórmula para se alcançar esse resultado a Case New Holland (CNH) já sabe e não é de hoje. Pelo 5º ano consecutivo, a CNH está presente no ranking das revistas Exame e Você S.A., que aponta as 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. A pesquisa interna de clima organizacional, realizada no final de 2009, apontou índice geral de satisfação entre os colaboradores da CNH na média de 80%. “Não é por causa desses resultados que a empresa se acomoda”, afirma Tânia Bertolucci, gerente de Desenvolvimento de Recursos Humanos da CNH. E os diferenciais são a transparência e o diálogo aberto com os colaboradores. É o que conta a coordenadora de Planejamento de Vendas da New Holland Agrícola, Vanessa Marconi, que há 19 anos trabalha na empresa: “Temos condições de avaliar se estamos no caminho certo e se as expectativas da empresa estão sendo atendidas. Temos, inclusive, oportunidades para mudar de área e buscar novos desafios. Me sinto valorizada”, destaca Vanessa. Realizado desde 1997, o levantamento das revistas Exame e Você S.A. avalia as organizações a partir de quatro categorias: estratégia e gestão, liderança, cidadania empresarial e políticas e práticas (dividida em carreira, remuneração e benefícios, desenvolvimento e saúde). Na CNH, o questionário foi aplicado pela internet para 600 funcionários de todas as unidades da empresa no Brasil, escolhidos aleatoriamente pela coordenação da pesquisa. A revista também avalia o material de apresentação da empresa, que contém o relato sobre as práticas de gestão adotadas, além de uma visita às instalações da empresa, onde entrevista pessoalmente alguns funcionários.
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2010, atingiu as diretorias Comercial, Produto/ Exportação, Recursos Humanos, IT, Engenharia e Compras. Por meio de inventários de autoconhecimento, treinamentos e palestras, os participantes estão tendo a oportunidade de ampliar o seu repertório profissional. “É um processo ganha-ganha-ganha, pois todos os envolvidos ganham: a empresa, a diretoria, o gestor e os colaboradores”, destaca Glizia. O especialista de controles internos da Diretoria Administrativa Financeira (DAF), Leandro Godinho, foi um dos participantes da Trilha DAF: “Foi um momento descontraído de aprendizado, em que tivemos a oportunidade de aprimorar os conceitos financeiros e compartilhar experiências, fortalecendo os relacionamentos”. Mais de 500 profissionais já passaram pela capacitação. Em 2011, a proposta da empresa é intensificar as ações educativas e ampliar para as demais diretorias.
reinamento e aprimoramento T constantes Os números relativos aos treinamentos nas empresas do Grupo Fiat são muito eloquentes. Em 2009, a Fiat Automóveis envolveu 11,9 mil participantes em 955 mil horas de treinamento, em um total de 140 mil participações. Neste ano, até setembro, já somava 126 mil participações, 9,5 mil participantes e 855 mil horas de treinamento. Acrescente-se a esses números o balanço do Centro de Competências, localizado dentro da fábrica, em Betim (MG), e dedicado ao autodesenvolvimento dos funcionários, parceiros e fornecedores. De janeiro a outubro de 2010, o Centro somou mais de 189 mil horas de cursos ministrados e outras ações educativas. Atualmente, mantém convênio com 12 universidades no exterior e 36 instituições acadêmicas brasileiras. Até outubro deste ano, a Teksid contabiliza 102 mil horas de treinamento para 3,4 mil participantes e a Fundação Fiat, 7,4 mil horas dedicadas a 187 participantes. Na FPT – Powertrain Technologies, as ações educativas envolveram um total de 1,5 mil participantes em toda a região do Mercosul, totalizando 68,3 mil horas de treinamento até setembro deste ano.
Pesquisa apontou satisfação dos colaboradores de todas as unidades da empresa no Brasil
Fotos Divulgação CNH
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Desenvolvimento de pessoas
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Isvor é referência nacional
Aliada à sustentabilidade, outra importante prática é a inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais no mercado de trabalho. Essa é uma diretriz seguida à risca pelas empresas do Grupo Fiat, entre elas a Teksid que, desde 2009, é uma das participantes do programa Inclusão Eficiente. Os primeiros passos foram identificar os postos de trabalhos mais adequados e promover um curso de formação básica profissionalizante de Operador Industrial, em parceria com a Prefeitura Municipal de Betim e o Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Igarapé e São Joaquim de Bicas. Para facilitar a comunicação, 150 colaboradores tiveram a oportunidade de aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras). “A ideia
Transformar aprendizado em resultado. O desafio está lançado no mundo empresarial, mas é preciso solidez no ensino e na oferta de conhecimento para que os funcionários possam, de fato, contribuir para a sustentabilidade dos negócios. No Grupo Fiat, um dos principais espaços de disseminação do conhecimento é o Instituto para o Desenvolvimento Organizacional, o Isvor, localizado em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Criado na Itália em 1972, o Isvor chegou ao Brasil há 15 anos e, hoje, é referência nacional em treinamentos para o setor automotivo com atuação em cinco áreas: desenvolvimento humano e organizacional; sistema integrado de gestão; tecnologia automotiva; comercial (marketing, vendas, pós-vendas, padrões de atendimento) e e-learning. No período de 20 meses, entre janeiro de 2009 e agosto de 2010, o instituto recebeu 347 mil alunos nos mais de 400 treinamentos e consultorias desenvolvidos somente para o Grupo Fiat, incluindo a rede de concessionárias. Segundo a superintendente do Isvor, Márcia Naves, um ambiente desafiador e de constante aprendizado motiva as pessoas a se desenvolverem sempre mais. “Os profissionais estão em busca de empresas que os expõem a desafios capazes de transformar aprendizado em resultados. E eles querem ser parte desses resultados”, afirma. A metodologia do Isvor é aplicar na prática a teoria dos livros. Para isso, os cursos abordam situações reais para que os alunos possam aprender como proceder em determinadas situações, mas, claro, respeitando o poder de criação individual. “O conhecimento gerado deve ser instalado na empresa, de forma que o indivíduo seja capaz de atuar em novas situações utilizando esse aprendizado. O foco passa a ser o conhecimento como fonte de inovação e vantagem competitiva”, ressalta Márcia. Há 17 anos no Grupo Fiat, o client manager da Fiat Services, Jair Rezini, participou mais de 10 vezes de cursos promovidos
Você em ação na Iveco A sustentabilidade também é traduzida em políticas organizacionais de desenvolvimento de um bom ambiente de trabalho e do bem-estar dos funcionários. Melhor ainda se a família é convidada para participar. Em julho deste ano, a Iveco criou o programa “Você em Ação”, que reúne práticas de esporte e de lazer em momentos de descontração e integração. Inicialmente, o programa surgiu como um evento com prazo definido. Nas unidades de Sete Lagoas e Nova Lima (MG), Sorocaba e São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Brasília (DF) foram realizados encontros que valorizaram o bem-estar e a saúde dos colaboradores. Aos domingos, entraram na programação campeonatos de futebol society, truco e sinuca, além de oficinas de saúde e bemestar para adultos e crianças, em Sete Lagoas. Diante dos resultados, a iniciativa cresceu e ganhou “novos braços”, com os grupos de corrida e de caminhada. “O ‘Você em Ação’ é o ponto de partida para uma série de ações que a empresa se compromete a realizar pensando na
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de valorizar os potenciais e não as deficiências foi plenamente atingida por meio de um envolvimento completo, conscientização e treinamento, gerando diversas iniciativas de participação voluntária dentro da empresa”, destaca Silvana Souza, especialista em Benefícios da Teksid. Michel Franklin Magalhães superou o desemprego com a participação no programa. Ele foi um dos um dos 66 contratados do Inclusão Eficiente. Segundo ele, a boa comunicação com a chefia e com os colegas de área facilitou a integração com o grupo. “O respeito entre os colaboradores é pleno. Me sinto totalmente integrado ao espírito, valores e à equipe da Teksid”, destaca Magalhães, que trabalha como auxiliar industrial.
Arquivo Comunicação Interna Iveco
Recursos Humanos
Inclusão eficiente na Teksid
Eventos contam com a participação dos familiares
saúde. Com saúde, o bom desempenho é geral, seja em casa, no trabalho e na relação com as pessoas mais próximas”, diz a coordenadora de Comunicação Interna da Iveco, Gabriela Lobo Serranegra de Paiva. Segundo o chefe da Unidade de Trabalho Elementar da Iveco, Rodrigo Geraldo Alves Moura, a possibilidade de um dia de lazer em conjunto com os colegas do trabalho é retorno garantido na produtividade da empresa. Por cinco domingos, ele, a esposa e a filha puderam aproveitar os passatempos no clube, juntos num ambiente descontraído. “Passamos mais tempo na empresa do que em casa. Um dia livre possibilita maior aproximação entre os funcionários, junto com os nossos familiares”, diz.
pelo Isvor. “Os participantes têm perfis heterogêneos e a troca de experiências permite múltiplas visões sobre um mesmo tema”, diz. O curso mais recente que participou teve como foco o planejamento estratégico da empresa e os três dias em que ficou “afastado do escritório” renderam importantes aprendizados. “Muitas vezes, estamos tão envolvidos no dia a dia que não buscamos revisitar pontos que podem nos revelar força e fraqueza”, conta. E se a missão do Isvor é ofertar conhecimento, o desafio dos colaboradores é aplicar os novos aprendizados nas tarefas rotineiras. “A sustentabilidade passa pelo conceito de compartilhar e disseminar o conhecimento, que, nesse processo, passa do indivíduo para a empresa e da empresa para o indivíduo, em um ciclo virtuoso, favorecendo o crescimento de todos”, afirma Márcia. Ciente desse compromisso, a analista sênior de Recursos Humanos da Fiat Automóveis, Rafaella Ribeiro, está fazendo a sua parte. Ela participou do curso de briefing e, no dia seguinte à aula, já aplicou o que aprendeu – situação que se tornou possível graças à aliança de três fatores: boa estrutura do Isvor; capacidade e experiência dos educadores e a praticidade do conteúdo. RAIO-X DO ISVOR Cursos ofertados 2009: 255 2010 (até agosto): 207 Número de participações 2009: 148 mil 2010: 199 mil Total de horas de docência Treinamento 2009: 76,6 mil horas/aula 2010 (até agosto): 89,9 mil horas/aula Consultoria 2009: 42,4 mil horas/aulas 2010 (até agosto): 36,2 mil horas/aula
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De bem-estar com a vida A Fundação Fiat consolidou, em 2010, um novo modelo de atenção à saúde, que resultou na criação do Núcleo de Saúde e Bem-Estar de Belo Horizonte. Mas o atendimento aos colaboradores de 14 empresas do Grupo Fiat e seus familiares vai muito além, abrangendo educação, lazer, desenvolvimento social e entretenimento. Assim, a Fundação Fiat cumpre sua missão de promover e proporcionar bem-estar aos seus beneficiários. por JÚLIA COSTA
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magine só ter disponível atendimento médico em oito especialidades, atendimento odontológico, pequenos procedimentos cirúrgicos, raio-x, programas de promoção da saúde, fisioterapia, nutricionista, serviço social, vacinação e farmácia, tudo isso em um só local. Se para muitos isso é apenas um sonho, para os colaboradores de 14 empresas do Grupo Fiat esse cenário é realidade. A novidade tem nome e sobrenome: Núcleo de Saúde e Bem-Estar de Belo Horizonte, que é
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a unidade precursora do novo modelo de promoção da saúde, desenvolvido pela Fundação Fiat. O modelo baseiase em quatro pilares: autocuidado com adoção de hábitos saudáveis e atitudes de prevenção de doenças; controle dos fatores de risco; tratamento e acompanhamento das doenças; e acompanhamento diferenciado para os casos mais complexos. Como porta de entrada desse novo modelo, que busca também a conveniência, segurança e comodidade, o Núcleo de Saúde e Bem-Estar de
BH atende exclusivamente a empregados do Grupo Fiat e seus familiares. Além da comodidade física, o beneficiário conta com atendimento personalizado, humanizado, agradável e eficiente. Como o Núcleo recebe somente os colaboradores do Grupo Fiat e seus familiares, o vínculo entre os profissionais de saúde e os pacientes é mais estreito e os tratamentos tornam-se mais eficazes, conforme ressalta a gerente do Sistema de Saúde da Fundação Fiat, Maria Helena Brandão. Segundo ela, o novo espaço traz uma série de diferenciais com foco na prevenção, no bem-estar, na qualidade de vida e na promoção da saúde. As orientações para o autocuidado, como alimentação, prática de exercícios físicos e adoção de hábitos saudáveis, também são priorizadas. Para isso, a equipe médica tem qualificação diversificada e atua de forma integrada aos diagnósticos e tratamentos dos pacientes. O supervisor de Manutenção da Comau, Rubens Nunes, já conferiu de perto as melhorias do Núcleo de Saúde e Bem-Estar de Belo Horizonte. Em outubro, ele acompanhou a esposa, Lourdes Inez Galvão, em uma consul-
ta médica. “Ficamos impressionados com o espaço. Está mais moderno e com equipamentos de ponta”, descreve. O que mais chamou a atenção de Lourdes foi a rapidez e qualidade do atendimento. “Foi uma grande surpresa. O atendimento é de cinco estrelas com profissionais excelentes”, ressalta a dona de casa. Os resultados são vistos no dia a dia das pessoas atendidas, com a melhoria da qualidade de vida e a redução dos fatores de risco, como sobrepeso, sedentarismo, tabagismo e
O Núcleo de Saúde e Bem-Estar de Belo Horizonte é a primeira unidade dentro de um novo modelo, com foco na qualidade de vida e prevenção
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Fundação Fiat em números – 2009 55 mil vidas assistidas (colaboradores do Grupo Fiat e seus familiares) SAÚDE 300 mil atendimentos médicos e odontológicos 650 partos 350 mil exames complementares 4 mil internações 370 mil medicamentos adquiridos com 50% de desconto 40 mil sessões de Fisioterapia EDUCAÇÃO 4.200 inscritos na Maratona Cultural 10.500 beneficiados com o Kit Escolar LAZER A cada final de semana, cerca de 4 mil pessoas desfrutam de 230 mil metros quadrados de área no Fiat Clube ENTRETENIMENTO 110 eventos produzidos
O Baile de Debutantes é uma comemoração especial para as filhas dos colaboradores do Grupo Fiat
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estresse, além de doenças. “O novo Núcleo de Saúde e Bem-Estar marca a implantação do novo modelo do sistema de saúde oferecido pela Fundação Fiat, ou seja, possui um papel fundamental na estratégia da nova gestão da saúde. O que antes era denominado Centro de Saúde é, agora, Núcleo de Saúde e Bem-Estar. E essa mudança não é somente no nome, mas na essência que engloba a nova gestão”, destaca Maria Helena. A fórmula já proporcionou a redução do tempo de espera para consultas programadas para sete dias – a média dos outros planos de saúde é de 14 dias. Novos equipamentos, tecnologia e infraestrutura moderna
completam o modelo, que também será implantado, em 2011, em Contagem e Betim (MG). A empresa investe ainda em vários programas de promoção da saúde. Entre eles, está o Vida Nova, por meio do qual são promovidos encontros para as gestantes e para o casal. Os futuros pais são devidamente orientados e tiram dúvidas sobre o pré-natal e os primeiros meses de vida da criança. Eles também são presenteados com o Kit Vida Nova, que inclui produtos básicos para o bebê. No Programa de Saúde do Adolescente (Prosa), os jovens recebem orientações e discutem temas de interesse como sexualidade, crescimento,
drogas, projetos de vida e cidadania. O objetivo, além de educativo, é de transformá-los em agentes multiplicadores da informação nas comunidades em que vivem. O Nutrição e Saúde é outro braço dos programas de promoção da saúde, que prioriza a reeducação alimentar, representando uma das iniciativas de combate ao sobrepeso e à obesidade. São oferecidas palestras, acompanhamentos médicos e nutricionais e exames clínicos e laboratoriais, que resultam numa dieta personalizada e hábitos saudáveis para melhorar a qualidade de vida. Todas essas melhorias entraram de vez na rotina do mecânico de Manutenção da Comau Rosimar Alves de
Souza, de 32 anos. Ele enfrenta um estágio de sobrepeso e, por isso, participa de vários programas de saúde, incluindo apoio de nutricionista, psicólogo e psiquiatra. “Há uma equipe médica fantástica que me acompanha e resolvo tudo que preciso no mesmo lugar. O atendimento é nota dez”, afirma. Pausa para o Lazer Se na saúde tudo vai bem, outras áreas que também são importantes para uma vida saudável caminham no mesmo ritmo. Os programas da Fundação Fiat voltados para a convivência e entretenimento (esporte, lazer e recreação) beneficiam, por
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ano, mais de 50 mil pessoas, entre elas muitas crianças e adolescentes, e têm reflexo direto na melhoria da qualidade de vida dos colaboradores e de toda a família. Os números dão a dimensão dessa integração. Com uma megaestrutura, o Fiat Clube recebe, a cada fim de semana, cerca de quatro mil pessoas. O evento do Dia das Crianças, um dos mais esperados da garotada, conta com mais de 12 mil pessoas por ano. A Colônia de Férias, promovida no mês de julho, reúne aproximadamente 3,5 mil crianças e adolescentes de até 11 anos, para uma temporada de muitas brincadeiras, lazer e cultura. O clube atrai também quem busca um espaço para reunir os amigos. É o caso de Marcelo Cremonezi, coordenador de Produção da FPT – Powertrain Technologies, que fez do espaço o centro de sua vida social. Ele e um grupo de 10 colegas de trabalho reúnem-se com frequência no clube depois do trabalho, para conversar, relaxar e bater uma bola. “É um ambiente muito bom e agradável, com muitas opções de esportes, convívio e lazer”, diz Cremonezi. Segundo a supervisora do Fiat Clube, Liaden Maruch, com esses investimentos a empresa contribui para reduzir o estresse e o sedentarismo, garantindo o acesso dos colaboradores do Grupo Fiat a novas oportunidades de convivência e integração com a família. “No dia a dia, as pessoas trabalham e enfrentam o corre-corre da vida moderna, não encontrando, muitas vezes, tempo para parar e planejar um fim de semana diferente com a família. É aí que entram nossas iniciativas, oferecendo facilidade, comodidade, gratuidade e ampla oferta de propostas para que eles possam desfrutar”. Anualmente, também são realizados pela Fundação Fiat grandes eventos, que visam à valorização, entretenimento e integração dos colabo-
radores do Grupo Fiat. A tradicional Festa do Trabalho movimenta cerca de 50 mil pessoas para uma confraternização contagiante. Já o Baile de Debutantes realiza os sonhos de centenas de jovens, filhas de colaboradores, com todo o encantamento de uma legítima festa de 15 anos. A Festa de Natal, por sua vez, fecha o ano com a magia do Papai Noel e dos presentes. Também são realizados a Festa Junina, Estação do Amor, Dia dos Namorados, entre outros. INCENTIVO AO CONHECIMENTO No campo da educação, o principal objetivo das ações realizadas pela Fundação Fiat é mostrar aos pais o quanto vale a pena investir e acompanhar o desenvolvimento escolar dos filhos. Três programas contribuem para a construção desses valores. Um deles é a Maratona Cultural, que tem novidades neste ano. A iniciativa foi aberta também aos estudantes do nível médio e a abordagem sai um pouco da sala de aula para testar a capacidade de os jovens melhorarem o mundo. Mais do que promover uma ampla reflexão, a Maratona Cultural abre as portas para o aprendizado, a prática e a formação integral do estudante como cidadão e agente transformador da sociedade. O desafio é lançado no fim de cada ano letivo. Aqueles que obtêm os melhores resultados faturam diversos prêmios. Na casa do verificador de Qualidade da Fiat Automóveis, Bernardo dos Santos, a lição está na ponta da língua. Já é tradição: as duas filhas, Pâmela, de 11 anos, e Priscila, de 15, não perdem uma edição da Maratona Cultural. No ano passado, as conversas com o pai ajudaram Pâmela a produzir uma história em quadrinhos, relatando o drama de quem depende de atendimento médico do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela já está empolgada com o tema deste ano: Os Oito Jeitos de
Mudar o Mundo, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). “É preciso acabar com a miséria e a pobreza. Vejo os noticiários e percebo que muitas coisas ainda devem ser mudadas”, relata Pâmela, aluna do ensino fundamental. Priscila, aluna do 1° ano do ensino médio, participou de outras edições e, em 2010, vai entrar na disputa novamente. Segundo a estudante, o trabalho mais marcante, até agora, foi o do ano passado sobre drogas e violência. “É uma iniciativa que nos ajuda muito na escola, pois pesquisamos sobre vários assuntos”, garante. O pai é categórico: “Isso é muito bom, pois leva os meninos para frente e os prepara para enfrentar outros desafios. Falo com minhas filhas que não precisam ganhar nada, mas estarem preparadas é fundamental”. De acordo com Elena Moreira, a intenção da Maratona Cultural 2010 é fazer com que as reflexões sobre os Objetivos do Milênio – entre eles, educação básica de qualidade para todos, redução da mortalidade infantil, qualidade de vida e respeito
ao meio ambiente – abram o ciclo de aprendizado. “Educar é isso, é abrir as janelas, ensinando a pensar diferente e a conviver com novas realidades. Acredito que as empresas têm um papel importante nesse processo de transformação e construção da sociedade”, completa. Todos os anos, a Fundação Fiat também oferece o Kit Escolar aos filhos dos colaboradores. Todas as crianças e adolescentes, devidamente matriculados no ensino fundamental, recebem uma mochila com materiais escolares básicos, como cadernos, lápis, borracha, canetas, hidrocor, régua, dicionário e lápis de cor. “A partir da potencialização dos recursos da Fundação Fiat, com preparação dos nossos profissionais por meio de treinamentos, investimento na estrutura física, ampliação da nossa capacidade de atendimento, e, sobretudo, atenção especial aos clientes, a instituição está preparada para superar os desafios que virão nos próximos anos”, conclui Adauto Duarte, diretor-presidente da Fundação Fiat.
Bernardo dos Santos e sua esposa estudam com as filhas, que não perdem uma edição da Maratona Cultural
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Garantia de encantamento POR LÍVIA GABRIELA
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Gestores da Fundação Fiat recebem troféu de reconhecimento do Great Place to Work® Institute
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Por trás de bons resultados de mercado, há um conjunto de fatores imprescindíveis para o sucesso de uma empresa. Nessa receita, competência, bem-estar e satisfação dos colaboradores devem andar bem alinhados. Seguindo essa linha, a Fundação Fiat foi referência no país na prática “Desenvolver”, Melhor Empresa para Trabalhar no estado de Minas Gerais e a primeira colocada na categoria “Qualidade de Vida” entre as empresas do setor de saúde do Brasil. Todo esse reconhecimento é resultado da pesquisa 100 Melhores Empresas para Trabalhar em 2010, promovida pelo Great Place to Work® Institute (GPTW), empresa global especialista em ambiente de trabalho, e pela revista Época (Editora Globo), uma das maiores publicações semanais do país. O modelo de avaliação baseia-se em cinco dimensões: credibilidade, respeito, imparcialidade, orgulho e camaradagem, com foco na formação e manutenção de um ambiente de trabalho saudável e de cooperação mútua. Mas o que torna a Fundação Fiat uma empresa especial? A instituição investe em gestão de pessoas, por meio da criação de um ambiente capaz de atrair, desenvolver, reter e motivar talentos; no bom re-
lacionamento interpessoal; e na comunicação face a face. “Para ser uma empresa inovadora, é necessário conceder autonomia e abertura à participação efetiva dos colaboradores nas ações institucionais, admitir o erro como processo de criação, incentivar o empreendedorismo interno e a liderança situacional, valorizar ideias e criar espaço para o ócio criativo. Enfim, visamos a proporcionar às pessoas a possibilidade de serem criativas, apaixonadas e comprometidas com o trabalho e com o seu próximo”, conta Adauto Duarte, diretor-presidente da Fundação Fiat. Nada melhor para um ambiente de trabalho satisfatório e produtivo do que reunir-se com os colegas para trocar ideias. Assim é o Café com Prosa que, a cada semestre, estimula o diálogo entre o diretorpresidente e 100% dos colaboradores da Fundação Fiat. Além disso, as reuniões semanais com as lideranças e o Encontro Integrado semestral, evento que apresenta o cenário da Fundação Fiat, além de outros assuntos relacionados à economia global, representam o valor da comunicação aberta na empresa. Por trás de cada vida responsável pelo trabalho da Fundação Fiat, existem várias outras que também são apreciadas
com respeito e cuidado pela instituição. É por esse motivo que a empresa preza pela participação e integração dos familiares no Family Day, com direito à visita ao ambiente de trabalho e almoço de confraternização. Uma marca de destaque da Fundação Fiat é o treinamento. O Programa de Excelência no Atendimento ao Cliente, criado em 2008, entrou em ação para difundir valores como entusiasmo, bom senso, lealdade, cuidado, resultados e compromisso em busca de um único propósito: o encantamento do cliente. Com várias frentes de atuação e ações transversais e integradas, o programa prepara os colaboradores para fazer a diferença no atendimento. Foram diversos treinamentos já oferecidos como curso de Libras (Língua Brasileira de Sinais), “A Magia Disney e os Segredos da Excelência em Serviços”, “Humanização no Atendimento ao Cliente” (Médicos do Barulho), “Capacitação para Resultados e Gestão de Projetos”, “Cliente Oculto”, entre outros. Com apenas um ano de empresa, a ginecologista Regina Rodrigues, médica do Centro de Saúde de Contagem, relata sua satisfação, que ficou marcada durante o treinamento da Disney: “Uma das ideologias do treinamento é bem simples: o entusiasmo. Tudo no ambiente de trabalho, independentemente do que for, deve ter entusiasmo. E todas as pessoas podem contribuir com isso, não importa a função que exerçam”. Ranking geral No âmbito nacional, a Fundação Fiat sobressaiu-se na pesquisa do GPTW ao alcançar o 8º lugar geral como Melhor Empresa para Trabalhar em 2010. “Mais do que capacitar, a empresa se preocupa em promover a troca de experiências e incentivar o autodesenvolvimento de seus profissionais. Se o colaborador encontra um lugar harmônico e inovador para trabalhar, onde o respeito, a admiração, o compromisso com os ideais de cada um e a ajuda mútua são alguns dos valores compartilhados, a possibilidade de cres-
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cimento pessoal e de envolvimento com a empresa é cada vez mais promissora. Esse é o ambiente de trabalho que a Fundação Fiat busca construir por meio de suas ações e iniciativas. Um lugar especial para pessoas mais do que especiais”, revela Roberta Bannwart, responsável de Recursos Humanos da Fundação Fiat. Segundo Sandra Ribeiro, que foi admitida como estagiária na Fundação Fiat em 1988 e hoje é supervisora, trabalhar na Fundação Fiat é uma grande satisfação e motivo de orgulho. “Não apenas visto a camisa da empresa, mas também abotoo todos os botões. São muitas oportunidades de crescimento, desenvolvimento e aprendizado e isso me faz querer fazer parte da empresa”. As oportunidades internas de desenvolvimento oferecidas pela Fundação Fiat também foram bem aproveitadas por Vanuza Vieira, que foi admitida na empresa como Menor Aprendiz e hoje possui o cargo de analista no Fiat Clube. “Integrar o time da Fundação Fiat é motivo de orgulho para mim. Aqui me sinto parte de uma grande família”, conta. Diante do reconhecimento dos próprios colaboradores, Adauto Duarte conclui: “Gostar de trabalhar em uma empresa significa identificar-se com suas políticas internas e práticas de recursos humanos, admirar e sentir orgulho da instituição em que atua, ser feliz no ambiente de trabalho, gostar do que faz e perceber que a empresa pode agregar valor em sua carreira e sua vida pessoal. Tudo isso não é algo que deve ser imposto, mas sim conquistado”.
Regina Rodrigues: “Tudo no ambiente de trabalho, independentemente do que for, deve ter entusiasmo”
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responsabilidade social
Árvore da Vida: realidade transformada Nada exprime melhor o significado da palavra crescimento do que uma árvore. Quando regada e bem cuidada, os galhos crescem e ficam fortes, nascem flores e surgem frutos. É a vida em transformação. Assim é o programa Árvore da Vida, da Fiat Automóveis, que já soma seis anos de evolução, com raízes firmes para reunir comunidade, parceiros, funcionários, clientes e colaboradores em torno de um desafio: cultivar a cidadania.
por RAQUEL SANTOS
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a manhã de sábado, cerca de 20 jovens chegam à Escola Municipal Bento Machado Ribeiro, no bairro Jardim Teresópolis, em Betim (MG). Com latas de spray nas mãos e inspirados nos ecossistemas brasileiros, eles começam a pintar o muro. Os olhares estão fixos na grande tela a céu aberto que receberá as cores. Muito trabalho? “Desde pequeno, eu desenho. Adoro fazer isso. É a minha expressão com o mundo”, responde Cleverson Gonçalves, de 22 anos. “Eu descobri através do grafite o que eu quero ser. Vou fazer artes plásticas”, acrescenta Érika Cristina Ribeiro dos Santos de Sá, de 19 anos. Ambos são alunos do projeto Muros do Jardim Teresópolis, uma iniciati-
va apoiada pelo programa Árvore da Vida – Parcerias, da Fiat Automóveis. O projeto consiste na realização de aulas de grafitagem, focadas na formação cultural e social de jovens com idades entre 13 e 24 anos. Durante o curso, os participantes aprendem história da arte, desenho e sensibilização artística. “É um projeto que dialoga com a arte pública, trazendo um novo moralismo urbano, capaz de proporcionar galerias de arte a céu aberto, além do resgate da autoestima da comunidade”, ressalta o jornalista Mateus Santana, coordenador do projeto. Além da grafitagem, o Árvore da Vida – Parcerias apoia outras iniciativas para a promoção da educação, da cultura e do esporte, por
Muro de escola se transforma em galeria de arte a céu aberto
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responsabilidade social
meio de leis de incentivo fiscal, como a Lei Rouanet, Lei do Esporte, Fundo para a Infância e Adolescência (FIA) e ICMS. Em 2010, 33 ações estão sendo apoiadas, beneficiando mais de 16 mil pessoas em diversas cidades do país. O Árvore da Vida – Parcerias é um dos quatro braços do programa Árvore da Vida, que reúne as iniciativas de responsabilidade social da Fiat Automóveis, voltadas para a comunidade. As outras linhas de ação são: Jardim Teresópolis, Capacitação Profissional e Voluntariado. Só
para se ter uma ideia do número de beneficiados, somente o Árvore da Vida – Jardim Teresópolis, criado em 2004, já atendeu mais de 13 mil moradores do bairro do entorno da fábrica, em Betim. “Nossa principal conquista é a melhoria gradual dos índices de vulnerabilidade na região, como a escolaridade, a empregabilidade e os relacionamentos na família. Além disso, é muito forte nossa contribuição para a articulação entre as instituições, associações e lideranças locais, proporcionando uma nova forma de promover ações
comuns em prol do benefício de toda a comunidade”, destaca a coordenadora de Relacionamento com a Comunidade da Fiat Automóveis, Ana Luiza Veloso.
Cleverson Gonçalves e Érika Cristina são alunos do projeto Muros do Jardim Teresópolis
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Novos frutos O fortalecimento da comunidade do Jardim Teresópolis é um importante pilar, norteador de diversas ações que convergem para o “despertar” da consciência da cidadania. “Desenvolvemos um intenso trabalho voltado para a formação autônoma e responsável da comunidade. Como resultado, já foram criados dois grupos de trabalho: o de gestores e o de empreendedores”, explica Ana Luiza. “O curso de Empreendedorismo foi a base para uma importante mudança em minha vida. Sem ele, não conseguiria levar para frente a minha loja. Meu sonho é ser uma das maiores comerciantes do bairro e poder empregar muitas pessoas”, diz Euzilene Ferreira dos Santos, de 29 anos. Faxineira durante 11 anos, recebeu o convite para trabalhar como vendedora, em 2008, em uma loja de roupas. Com o curso de Empreendedorismo do Árvore da Vida – Jardim Teresópolis, aprendeu como funciona o negócio e, hoje, é a dona do estabelecimento. “Nunca tinha trabalhado com isso. Vendi muito fiado, passei dificuldades e acabei me enrolando em muitas dívidas. Hoje, meu índice de inadimplência é de 2%. Aprendi a dizer não para os clientes. O curso me ensinou que dizer não é saber gerenciar o negócio”, detalha. Somente no primeiro semestre deste ano, cerca de 30 comerciantes do Jardim Teresópolis participaram das aulas e palestras. Além de consultoria individual, o conteúdo abrange práticas de marketing, finanças e gestão em recursos humanos. Outra atividade que contribui para o desenvolvimento sustentável do bairro é o curso de Gestores Comunitários, que acontece desde 2005 e culminou com a criação da Rede de Desenvolvi-
Ser cada vez mais Mirela dos Santos Holanda é uma jovem de 19 anos que mora em São Paulo e sonha “ser cada vez mais”. Conheceu o programa Árvore da Vida – Capacitação Profissional e não pensou duas vezes para ingressar no curso de Eletromecânica e aprofundar os conhecimentos de direção, suspensão, alinhamento, balanceamento e injeção eletrônica. Nas aulas, também aprendeu cidadania. “Precisamos ser mais do que profissionais, precisamos ser humanos”, afirma Mirela, que sempre quer dar um passo à frente. Logo que conquistou o diploma em julho deste ano, já começou a trabalhar na Concessionária Paulitália Leste e está mostrando que mulher entende e muito de carro. Neste segundo semestre, outros 135 jovens estão sendo capacitados nas cidades de Betim, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. Grande parte sonha em trabalhar nas concessionárias da Rede Fiat. “O programa Árvore da Vida – Capacitação Profissional dá capilaridade para nossas ações, gerando inclusão social e empregabilidade, além de reforçar nosso core business por meio da contratação de jovens capacitados”, explica a coordenadora de Relacionamento com a Comunidade da Fiat Automóveis, Ana Luiza Veloso. Além de Eletromecânica, são ofertados cursos de Eletroeletrônica, Funilaria e Pintura, todos formatados pela universidade corporativa do Grupo Fiat (Isvor). Para assistir às aulas em período integral, os alunos recebem uniformes, alimentação, material didático, transporte e todos os recursos para obter a carteira de habilitação. Com a carteira na mão, Mirela quer agora ter seu próprio carro. “Cada dia é um aprendizado novo”, diz.
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Árvore da Vida em Números Árvore da Vida – Jardim Teresópolis 13.019 pessoas beneficiadas entre 2004 e o primeiro semestre de 2010 1.611 pessoas beneficiadas em 2010 Árvore da Vida – Capacitação Profissional 295 jovens capacitados entre 2006 e o primeiro semestre de 2010 em Betim, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo Árvore da Vida – Parcerias 33 projetos apoiados em 2010 que beneficiarão cerca de 16 mil pessoas Árvore da Vida – Voluntariado Funcionários da Fiat ministram, em 2010, dois cursos para 52 pessoas do bairro Jardim Teresópolis, em Betim
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Voluntariado: um ano depois, o que mudou na vida das pessoas? por ROBERTO BARALDI
Jusceline Cardoso aprendeu a controlar custos e o estoque da loja de lingerie
Um ano depois da conclusão do curso Miniempresa, que capacitou 30 moradores do bairro Jardim Teresópolis, em Betim (MG), para estimulá-los a se tornarem donos e gestores do próprio negócio, o que mudou na vida dessas pessoas? Antes da resposta, abre parêntese. O curso foi a primeira iniciativa do programa Árvore da Vida – Voluntariado, que tem como objetivo estimular o envolvimento dos colaboradores da Fiat Automóveis na
comunidade do Jardim Teresópolis, promovendo a troca de conhecimentos. Após terem sido treinados pela Junior Achievement, organização parceira da Fiat nesse projeto, 10 voluntários compartilharam seus conhecimentos com a comunidade, ao ministrar o curso que englobou as cinco áreas fundamentais para a criação de uma empresa: marketing, finanças, recursos humanos, produção e liderança. O curso desenvolveu-se ao longo de 16 sábados, com
Fotos Ignácio Costa
responsabilidade social
Euzilene Ferreira participou do curso de Empreendedorismo e hoje é dona do próprio negócio
mento Social do Teresópolis, em junho de 2009, composta por 35 representantes de instituições locais, moradores e parceiros. “Existiam muitas instituições no bairro que não se conheciam. Não havia diálogo entre elas”, destaca Karen Priscila Herthel, coordenadora do asilo Antônio Pereira Gonçalves, que integra a Rede. No início, o principal desafio foi superar a ausência de valores ligados à coletividade. Para desenvolver o projeto de melhoria do trânsito na avenida Belo Horizonte, principal via do Jardim Teresópolis, foram necessárias muitas negociações. “Alguns comerciantes não queriam abrir mão do estacionamento em frente aos estabelecimentos. É difícil, às vezes, enxergar o bem comum ao invés do bem para si”, afirma Karen. As reuniões da Rede acontecem semanalmente, nas sedes de diferentes instituições parceiras, para que todos do grupo conheçam melhor “as casas uns dos outros”. Antes de mudar, conhecer “Não adianta crescer sem conhecer o passado do bairro e de nossa comunidade”, destaca a estudante Débora Goulart, de 13 anos, que participa, desde agosto, das oficinas de Memória e História, do Árvore da Vida – Jardim Teresópolis. “Estou aprendendo práticas de convivência em sociedade, a me expressar em defesa dos meus direitos e a ter respeito pelo espaço do outro”, descreve Débora, que participa das aulas com outros 51 jovens. Direcionar os jovens para o mercado de trabalho também faz parte do escopo de atividades do programa no Jardim Teresópolis. Em 2010, 386 pessoas participaram das aulas de Eletricista Industrial, Serigrafia, Usinagem, Produção, Artesanato, entre outros cursos, que são ofertados após pesquisa de mercado para identificação das áreas que mais demandam profissionais qualificados. Mais de 80% dos participantes já conquistaram emprego.
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responsabilidade social Regina Barbosa aposta nas promoções e no marketing para aumentar as vendas
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carga horária total de 56 horas. O Jardim Teresópolis está situado nas proximidades da fábrica da Fiat e tem uma população superior a 30 mil habitantes. Ali, a Fiat desenvolve inúmeros programas de inclusão social, de formação e de geração de trabalho e renda. Fecha parêntese. As respostas às perguntas são convergentes: o curso contribuiu para melhorar a vida das pessoas. Quando decidiu participar do programa, Jusceline Cardoso Souza já era dona da Sensuality Lingerie, uma loja cujo slogan é “A Moda da Intimidade”. Ela avalia que o curso foi muito interessante e proveitoso. Quem colocou na prática os conhecimentos, passou a fazer melhor o que já sabia fazer. “Aprendi a controlar a qualidade, custos e estoques. Ajudou muito na loja e hoje, se fosse abrir um novo negócio, faria as coisas com mais facilidade, pois já
sei o caminho”, relata. “Foi um alicerce. Antes, não tinha anotação de gastos, mas hoje sei todos os meus custos, não perco mais o controle”, conta Jusceline. As vendas aumentaram e ela sentiu-se segura para continuar a diversificar o negócio, passando também a vender cosméticos. E ela tem uma sugestão: que o curso continue, pois um empreendedor tem que estudar sempre para estar atualizado. Regina Barbosa, 38 anos, estudou até concluir o ensino fundamental. Para ela, o curso foi bom demais. “Agora, eu procuro fazer certo. Aprendi a valorizar o trabalho em equipe, ser mais organizada, estudar e ter mais controle do processo. Tenho procurado melhorar o meu negócio, tenho feito promoções e usado o marketing com resultados”, afirma Regina com convicção, enquanto a Caroline Modas vai crescendo.
Amarildo Aguiar Corrêa avalia que o curso “deu uma estruturada na vida, melhorou até a administração das finanças da casa”. Amarildo pensou em abrir uma distribuidora de autopeças, mas viu que as exigências dos fornecedores eram grandes e complexas demais para sua capacidade financeira e a estrutura do negócio que planejava. Mas como o importante é não desistir jamais, ele já planeja capitalizar-se e abrir um novo negócio. Da mesma forma, Gilton dos Santos está analisando oportunidades para abrir as portas. Ele é professor de Geografia e, ao fazer o curso, aprendeu que o segredo do sucesso é harmonizar as diversas áreas de uma empresa, para que ela funcione bem e como um todo equilibrado. Jéssica Alves Cunha, 18 anos, aproveitou o curso de maneira diferente. “Foi um passo à frente. Me deu conhecimento da prática de uma empresa e da linguagem técnica dos vários setores”, explica. Ela fez um curso de Aprendiz de Qualidade no Senai e foi selecionada para estagiar em uma fábrica de autopeças. “Sinto no trabalho que o Árvore da Vida foi um
diferencial para mim, me tornou uma pessoa mais responsável e mais segura, pois sentia que ali acreditavam em mim. Antes, eu tinha medo de falar, por ter medo de ser criticada. Mas ali, eu não tinha medo, pois sabia que podia falar porque as pessoas estavam prontas para me ouvir”. Jéssica foi a oradora da turma. Marcante para Todos Uma ação de voluntariado é importante não apenas para quem a recebe, mas é marcante também para quem a pratica. Adilson Fernandes, gestor modelo da Família Palio FLP, foi o orador da turma de voluntários e sintetiza a experiência em uma palavra-chave: capacidade. “Capacidade de gerir o tempo a favor das coisas importantes; capacidade de compartilhar conhecimentos; capacidade de fazer amigos; capacidade de respeitar limites e, até mesmo, ir além dos que eu conhecia; capacidade de encarar o novo como desafio e não como obstáculo e, ainda, renovar com ele; capacidade de ver o real valor das coisas e mais um tanto de capacidades. Às vezes não pensamos nisso, ou
Mais voluntários No dia 28 de agosto, Dia Nacional do Voluntariado, a Fiat Automóveis deu início à segunda edição do programa Árvore da Vida – Voluntariado, também com o objetivo de estimular o envolvimento dos colaboradores da Fiat na comunidade do Jardim Teresópolis. A coordenadora do programa, Luana Ferreira, explica que, neste ano, 10 colaboradores da montadora irão ministrar os cursos de Economia Pessoal e de Liderança Comunitária. O curso de Economia Pessoal é voltado para os moradores do bairro que já participam de outras atividades de capacitação profissional e de geração de trabalho e renda do programa Árvore da Vida – Jardim Teresópolis. Participam desse curso 26 pessoas, com aulas ministradas por dois funcionários da Fiat, durante seis sábados. Já o curso de Liderança Comunitária é voltado para os jovens que participam do Grupo de Referência Mirim do Árvore da Vida – Jardim Teresópolis, o ComunicAção. As aulas são ministradas por oito funcionários da Fiat, durante 13 sábados.
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Sustentabilidade: é assim que a Comau faz a manutenção do planeta.
O curso MiniEmpresa foi um importante diferencial na formação de Jéssica Alves
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não temos oportunidades, mas somos muito capazes”, explica. Pode ser também capacidade de ir direto ao ponto, como prefere Max Aidano de Souza, responsável de produção das linhas 1 e 4 da Fiat: “Vejo o quanto foi gratificante participar da construção desse sonho. Tem um ditado que diz que o saber não ocupa espaço. Acrescento que compartilhar conhecimento também não ocupa espaço. Afinal, compartilhamos aprendendo e a vida continua em velocidade de Fórmula 1”. Maurício Heloísio dos Santos Jr., controller da área de Finanças, destaca a responsabilidade de ter sido voluntário da Fiat para transmitir, por meio do conhecimento, a esperança de um futuro melhor aos moradores do Jardim Teresópolis. “A gratidão dos alunos ao fim do curso foi uma das experiências mais significantes da minha vida. Tomei tanto amor pelo Jardim Teresópolis que, hoje, ainda continuo trabalhando na comunidade por meio do programa Amigo do Idoso, no asilo Antônio Pereira Gonçalves”, conta Maurício. Fabiano Marques, analista sênior
de Controle de Gestão, acrescenta: “Foi muito gratificante poder ensinar e aprender com as pessoas da comunidade, poder olhar no rosto de cada um e ver a gratidão, a satisfação. Foi marcante saber que eles têm dificuldades maiores que as nossas e que, mesmo assim, apesar de todos os obstáculos, eles não desistem, querem vencer na vida. Essa garra, essa vontade nos faz refletir sobre nossas atitudes do dia a dia e acreditar que podemos sim ter um mundo mais justo, de paz e feliz. Esse mundo melhor depende apenas de nós”. Quando participou do programa de voluntariado, Elisa Leite trabalhava na área de Comunicação Corporativa da Fiat. Hoje, ela está no Isvor, a universidade corporativa do Grupo Fiat, mas ainda mantém viva a emoção que sentiu ao participar do programa. ”Foi extremamente gratificante. Aprendi com todos que participaram a acreditar, a buscar alternativas, a romper limites por menores que sejam e a realizar sonhos. Fazendo tudo juntos, com crescimento e respeito mútuo. Fui muito feliz nesse programa”, diz Elisa.
A Comau acredita que ser sustentável é o caminho para garantir o futuro do planeta, por isso investe no aprimoramento constante de suas relações com toda a sociedade, promovendo desenvolvimento tecnológico e social e zelando pela preservação ambiental.
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Próximo passo é empreender Moradores do bairro Cidade de Deus, em Sete Lagoas (MG), são protagonistas de ações para impulsionar o desenvolvimento local com sustentabilidade. No curso de Gestão e Empreendedorismo, promovido pela Iveco, eles aprendem como abrir o próprio negócio, fazendo toda a comunidade crescer.
Fotos Ignácio Costa
por RAQUEL SANTOS
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“A
prender não ocupa espaço”. Quem ensina isso é Adilson Rodrigues da Silva, aposentado de 54 anos, morador do bairro Cidade de Deus, em Sete Lagoas (MG), e um dos 25 participantes da primeira etapa do curso de Gestão e Empreendedorismo, realizado pelo programa Próximo Passo, da Iveco. Nas aulas, ele teve a oportunidade de conhecer as etapas para criar e gerenciar seu próprio negócio. “Estou
aprendendo a planejar e já até comprei um carrinho de cachorro-quente. Hoje, arrecado cerca de R$ 60 por dia na porta de casa”, destaca Adilson, que ainda tem muitos sonhos para realizar, como comprar o tão desejado carro de passeio. Elisabete Fátima da Silva, de 56 anos, que trabalha com a irmã em um buffet de festas, multiplica os ensinamentos do curso dentro de casa. “Oriento meu marido a economizar e empregar melhor o dinheiro”, conta. Além da economia doméstica, ser um gestor responsável e empreendedor implica em cuidar do meio ambiente. “Jogamos muita coisa fora que poderíamos reaproveitar”, completa Elisabete, que colocou em prática a coleta seletiva após assistir a uma aula do curso. Já o aprendizado da jovem cabeleireira Eva Aparecida de Oliveira, de 27 anos, foi a valorização do trabalho. “Eu não sabia qual preço cobrar pelos serviços”, conta. O projeto de Gestão e Empreendedorismo teve início em novembro de 2009 com o objetivo de promover a capacitação profissional e educação ambiental de jovens e adultos, moradores do bairro vizinho à unidade da Iveco. “Acreditamos que a gestão participativa e empreendedora é o principal conteúdo a ser trabalhado junto à comunidade de Cidade de Deus”, ressalta Júnea Sá Fortes, analista de Comunicação e coordenadora do Próximo Passo, o programa de sustentabilidade da Iveco. Para potencializar as competências pessoais e coletivas dos alunos com foco na geração de renda, ocupação e desenvolvimento socioeconômico, o curso de Gestão e Empreendedorismo adota a metodologia Cefe (Competência Econômica para Facilitação de Empreendedores), que consiste em um conjunto de instrumentos de aprendizagem experimentais para a formação do comportamento empreendedor. Até setembro deste
Adilson Rodrigues comprou um carrinho de cachorro-quente e ampliou a renda familiar
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Fotos Ignácio Costa
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Pequenas atitudes podem contribuir para grandes transformações. Levar um pouco de esperança e motivação à vida de crianças e jovens, colaborar para a formação de cidadãos conscientes e oferecer oportunidades que desenvolvam talentos são metas alcançadas, continuamente, pelos projetos de responsabilidade social da Comau Brasil.
Seguindo o exemplo Para ensinar, é preciso buscar referências e exemplos a serem seguidos. Dentro dessa lógica, o programa Próximo Passo está colocando em prática os conceitos da sustentabilidade em cada metro quadrado de sua nova sede, que está em fase de construção no bairro Cidade de Deus, em Sete Lagoas (MG). O novo espaço será uma prova de que é possível construir reduzindo ao máximo os impactos ambientais. No canteiro de obras, diferentes resíduos da Ilha Ecológica da Iveco transformam-se em matéria-prima, como, por exemplo, madeira dos pallets e estruturas metálicas. “Na comparação com uma construção convencional, o custo deverá ser 30% superior. No entanto, cobriremos esse investimento em 12 a 24 meses, com a economia de energia e água”, detalha Júnea Sá Fortes, analista de Comunicação e coordenadora do Próximo Passo. De acordo com um dos arquitetos responsáveis pelo projeto da nova sede, Cláudio Casaccia, a bioconstrução é muito mais do que um estilo. “É uma mudança de paradigmas dos pilares socioeconômico, cultural e ambiental, capaz de revelar à comunidade outras formas de se viver com qualidade”.
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Colhendo frutos
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Moradores do bairro Cidade de Deus, em Sete Lagoas (MG), participam das aulas
ano, já foram realizados 16 encontros de quatro horas semanais, com conteúdos diversificados, que incluem questões sobre autoconhecimento, trabalho em equipe, funcionamento de uma empresa, o que é empreendedorismo, como fazer plano de negócios e, claro, gestão ambiental.
por LILIAN LOBATO
BIOCONSTRUÇÃO A segunda etapa do curso de Gestão e Empreendedorismo, com início nos próximos meses, terá como ênfase a bioconstrução, uma técnica de construção que utiliza os conceitos da reutilização e da reciclagem, reduzindo o uso de recursos naturais. “Os alunos aprenderão a construir móveis ecológicos, sanitário seco, tijolo solo-cimento, além de sistemas de aproveitamento de água de chuva, de aquecimento solar e de compostagem dos resíduos orgânicos”, explica Júnea Sá Fortes. Outro importante foco será a gestão do viveiro de mudas, com a participação direta dos moradores, que serão orientados pelos alunos do curso. “O lucro da venda das mudas será revertido para todos os envolvidos no trabalho, de maneira a fomentar o desenvolvimento sustentável local”, afirma Júnea. O viveiro será construído na nova sede do programa Próximo Passo, no bairro Cidade de Deus.
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Maria Izabel frequenta aulas de música e circo na ONG Pró-Viver
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estudante Maria Izabel Lourdes da Silva, de 14 anos, é um exemplo de como a solidariedade pode transformar vidas. Há dois anos, ela descobriu a vocação para a música, aprendeu a tocar violão, cantar e, ainda, dançar. Hoje, a garota, que também participa de aulas de circo e de um coral, já faz planos para o futuro, que espera ser marcado por grandes apresentações musicais. Novas amizades também surgiram durante o período e a Maria Izabel que, em 2008, andava sozinha pelos cantos, já não existe mais. Tudo isso, graças ao seu irmão mais novo, que apresentou à estudante a ONG Pró-Viver, localizada na região do PTB, em Betim (MG), e participante do projeto Semear. O Semear tornou-se realidade a partir da mobilização dos colaboradores da Comau Brasil para a prática da solidariedade. Através das doações, a Comau destina recursos para instituições beneficentes por meio do Fundo para a Infância e Adolescência (FIA). A Pró-Viver transformou a vida de Maria Izabel que, hoje, pode dedicar-se ao crescimento pessoal e profissional.
“A ONG mudou meu comportamento e minha forma de ver e respeitar as diferenças”, afirma. O presidente da ONG Pró-Viver, Geraldo Magela Lara, informa que cerca de 300 crianças e jovens e cem mulheres participam das diversas oficinas de música (violão, flauta, percussão e coral), dança, esportes (judô, capoeira, futebol, vôlei e circo) e cursos profissionalizantes (informática, edição de vídeo, teatro e jornalismo). O próximo investimento da entidade, com os recursos repassados pela Comau, será a aquisição de um ônibus. Além da PróViver, a Associação Musical Professor Francisco Pedrosa, em Coqueiro (AL), e o Lar Mira Bem, em Maceió, também foram beneficiadas em 2010. No próximo ano, uma nova ONG de Pernambuco entrará na lista. Retorno à escola A relação de projetos da Comau do Brasil não termina com o Semar. O Projovem, do Governo Federal, voltado para a formação de pessoas de 18 a 28 anos que não concluíram o ensino fundamental, também recebe apoio da empresa desde 2009. A
ideia não só deu certo como evoluiu. Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Minas Gerais (Senai-MG), foram abertas, neste ano, 60 vagas para o curso de Instalações Elétricas. A gravidez não planejada fez com que Monielle Rodrigues Miranda, de 23 anos, interrompesse o ensino fundamental na antiga oitava série. Hoje, após o filho Gabriel completar quatro anos, decidiu retornar para a sala de aula e matriculou-se no Projovem. “Planejar entrar em uma faculdade já é uma realidade em minha vida. Estudo muito e me dedico inteiramente ao projeto, pois sei da importância da educação no meu futuro”, avalia. Monielle também participou da seleção de vagas para o curso de Instalações Elétricas e foi aprovada. “Preciso aproveitar a oportunidade para me formar e entrar no mercado de trabalho”. Troca de experiências No curso de Instalações Elétricas, os colaboradores da Comau Brasil também participam com a realização de palestras sobre diversos assuntos ligados ao mercado de trabalho. O responsável pelo Centro de Negócios da empresa, Charles Souza Mendes, é um dos voluntários do projeto. “Tive a oportunidade de me aperfeiçoar no Senai aos 14 anos e, após muita dedicação e empenho, consegui me tornar um gestor e entrar em uma grande empresa. Transmitir minha experiência é extremamente gratificante. Posso contribuir para que esses jovens se tornem bons profissionais no futuro”, avalia. Também em parceria com o Senai-MG, o programa Linhas do Saber, que conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Betim, é direcionado aos jovens com idades entre 17 e 24 anos, que concluíram ou ainda estão cursando o segundo ou o terceiro ano do nível médio. Após a seleção, que termina em novembro deste ano, 40
jovens poderão iniciar o curso técnico em Eletrotécnica do Senai-MG e, ainda, terão a oportunidade de fazer estágio remunerado na Comau Brasil.
Para a especialista em Responsabilidade Social da empresa, Tarcísia Ramalho, o Semear, Projovem e Linhas do Saber são projetos que preparam as pessoas para atuar e enfrentar as dificuldades existentes no mercado de trabalho. “A educação é a mola propulsora para o desenvolvimento de todo o país e nós podemos fazer a nossa parte com o apoio dos colaboradores, hoje mais conscientes do papel que exercem na sociedade”, conclui.
Cerca de 300 jovens participam de diversas oficinas, como jornalismo e informática
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Teksid investe na formação de jovens O dilema é antigo: como conseguir o primeiro emprego sem ter experiência? E como ter experiência sem a oportunidade de um emprego? A solução pode estar dentro das próprias empresas. A Teksid já tem a resposta: apoiar cursos de profissionalização de jovens.
por BIANCA ALVES
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á faz algum tempo que as salas de aula deixaram de ser exclusividade de instituições educacionais. Em empresas, cresce a infraestrutura voltada para a educação. São espaços erguidos para atender não somente aos funcionários, mas à comunidade, que tem a oportunidade de aprender que
teoria e prática caminham lado a lado. Na Teksid, em Betim (MG), 20 jovens, de 16 e 17 anos, frequentam o curso de Assistente em Gestão e Produção Industrial. A iniciativa faz parte do projeto Formare, que também incentiva a participação de funcionários da empresa como educadores voluntários. Ignácio Costa
Alunos frequentam o curso de Assistente em Gestão e Produção Industrial, uma iniciativa do projeto Formare
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“O grande diferencial é fornecer uma formação vinculada ao negócio da empresa”, aponta Daniela Lucena, do setor de Desenvolvimento da Teksid. Além de receber certificados reconhecidos pelo Ministério da Educação, os jovens desenvolvem habilidades como trabalho em equipe, solução de problemas, visão de futuro e cidadania. Jason Henrique Santiago da Cunha é um dos alunos do Formare. Aos 17 anos, cursa o terceiro ano do ensino médio e está animado com as aulas, que começaram em maio. “Estou aprendendo muitas coisas novas como, por exemplo, comportar-me dentro de uma empresa”, diz. Sua colega Camila Passos Silva, também de 17 anos, já está de olho no mercado de trabalho. “A vida é muito mais do que a escola. Em uma empresa, tudo é muito diferente”, avalia a jovem, que já definiu seus próximos passos profissionais: fazer um curso técnico de Segurança do Trabalho. O entusiasmo também tomou conta dos funcionários. De acordo com Daniela Lucena, 58 pessoas já se inscreveram para participar do projeto como educadores voluntários. A tecnóloga de Gestão de Materiais, Elisiane de Cássia Silva, está realizando o antigo sonho de voltar a lecionar: “É uma experiência muito gratificante. Levamos para esses jovens não apenas o conhecimento, mas a vivência profissional. Mesmo que não venham trabalhar na Teksid, vão sair preparados e, com certeza, muitas portas se abrirão”. Laércio Vladimir Amorim também virou educador. Ele, que está concluindo o curso de graduação de Engenharia de Produção, dá aulas de Tecnologia de Materiais e Processos. “Como educador, estou aprendendo a ser aluno, pois estou vendo o outro lado. Passei a ser mais assíduo e interessado com o meu próprio curso”, diz. Para o diretor de Recursos Humanos da Teksid, Mauricio Neves, o Formare é uma iniciativa que estimula o voluntariado interno,
melhora o clima organizacional e aproxima a empresa da comunidade. “A educação pode transformar a vida de muitos jovens que, por vários motivos, não tiveram oportunidade de investir na profissionalização”, destaca. Sobre o Formare Criado em 1988, o Formare foi idealizado pela empresa Iochpe-Maxion S.A., com o objetivo de oferecer formação profissional aos jovens de baixa renda. Atualmente, o programa conta com a parceria de 51 empresas que, juntas, formam uma rede de 85 Escolas Formare em 12 estados brasileiros e na Argentina. Cerca de oito mil jovens já foram capacitados e 80%, aproximadamente, estão empregados.
Oportunidade de inclusão social Para os jovens que não tiveram condições de concluir o ensino fundamental e desejam retornar para a sala de aula, um dos caminhos é o Projovem, do Governo Federal. Em Betim (MG), o Projovem se uniu ao Aprendiz Social, uma iniciativa da Teksid em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Minas Gerais (Senai-MG) e com a Prefeitura do município. Ao mesmo tempo que recuperam o tempo perdido, os alunos têm a chance de conquistar o diploma de um curso técnico. Durante o dia, frequentam o curso de Aprendizagem em Manutenção Mecânica Industrial e, à noite, o Projovem. Em 2010, foram abertas 20 vagas no Aprendiz Social. Cada estudante recebe uma bolsa de meio salário mínimo, vale-transporte, alimentação e uniforme. No fim do curso técnico, poderão participar dos processos de seleção para vagas existentes na empresa. De acordo com a coordenadora do Projovem em Betim, Virginia Kaechele, a participação da Teksid e do Senai são fundamentais para garantir, de fato, a inclusão social do jovem. “É uma parceria que amplia as oportunidades, aproximando o aluno do mercado de trabalho”, diz.
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Studio Cerri
responsabilidade social Atividades do Núcleo de Convivência Menino Jesus, em São Caetano do Sul (SP), incentivam a cooperação, solidariedade e afetividade entre os jovens
Parceria que faz a diferença Magneti Marelli apoia projetos sociais nas comunidades onde possui unidades industriais, fortalecendo parcerias que resultam na valorização da cidadania e beneficiam diretamente centenas de famílias.
clagem. No galpão da entidade, o desafio é transformar resíduos em novos produtos. Nas mãos dos associados, a madeira da Marelli é matéria-prima para a fabricação de diversos móveis, como mesas, cadeiras, camas, guarda-roupas e casas de cachorro. Para o presidente da Acamar, Renato Naves, a principal conquista do projeto foi o resgate da cidadania por meio da estruturação do grupo em uma ação coletiva. “Hoje, consigo dar uma vida melhor para a minha família. Mas o melhor de tudo é que todos aqui são donos do próprio trabalho”, conta. Na divisão Amortecedores, o projeto é acompanhado de perto pelo Comitê de Responsabilidade Social, que, segundo a coordenadora corporativa de Responsabilidade Social da empresa, Gisele Scalo, “avalia a utilização adequada dos recursos, a sustentabilidade econômica do projeto e se os objetivos esperados estão sendo alcançados.” A avaliação periódica é feita por meio de visitas e análise de resultados. Reconhecimento da família A família é o ponto central das ações do Núcleo de Convivência Menino Jesus, em São Caetano do Sul (SP), que conta com o apoio da Marelli há mais de um ano. Com a parceria, o número de benefi-
ciados ampliou. Hoje, cerca de 80 adolescentes e jovens, com idades entre 12 e 24 anos, participam de oficinas de formação artística como dança, música e artes cênicas, e de empreendedorismo, realizadas pelo projeto Persona Brazilis. “Os valores humanos universais norteiam todas as atividades, que têm o objetivo principal de mostrar aos jovens novas perspectivas de cooperação, responsabilidade, ética, solidariedade e afetividade dentro do núcleo familiar. Queremos que se tornem mais ativos na sociedade e mais autônomos em suas decisões”, ressalta o coordenador do Persona Brazilis, Ronaldo Monteforte. Em 2008, Lucas do Carmo, de 18 anos, conheceu o Núcleo de Convivência enquanto passava pela rua. Na placa colocada em frente à instituição, enxergou a chance de mudar de vida. “As atividades me ajudaram a escolher o que eu queria de fato. Sem dúvida, mais da metade desse caminho pude trilhar por conta da experiência adquirida do Núcleo”, conta Lucas, que participa das oficinas de arte circense, dança, reeducação do movimento, clown (representação de palhaços), encenação e técnicas de lazer e recreação. “O modo como todas essas atividades se entrelaçam é um dos pontos que mais admiro no Núcleo”, destaca.
POR FABIANA NOGUEIRA
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ara vencer os desafios da sustentabilidade, não adianta agir sozinho. É preciso inspirar e mobilizar outras pessoas a seguirem essa caminhada, com práticas voltadas para a promoção do desenvolvimento social local. Na Magneti Marelli, esses passos já se multiplicaram pelos diversos projetos sociais que apoia. São iniciativas que têm um objetivo comum: gerar trabalho e renda com inclusão social. Uma das instituições beneficiadas em Minas Gerais é a Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Lavras (Acamar), que recebe os resídu-
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os gerados na divisão Amortecedores, uma parceria que já soma mais de 10 anos. O material doado pela Marelli representa mais da metade das 40 toneladas de papéis, papelões e plásticos e praticamente 100% da madeira que recebe. “O valor arrecadado é dividido integralmente pelas 22 famílias que separam o plástico, o papelão e os papéis e por outras sete, que são responsáveis pelo processamento da madeira”, destaca o coordenador geral da Acamar, Luiz Tadeo Damaschi. Na Acamar, a coleta seletiva é apenas o primeiro passo da cadeia de reci-
Educação para a vida As ações realizadas pela Magneti Marelli com foco em responsabilidade social vão ainda mais longe. Há seis anos, a empresa participa do projeto Formare, criado pela Fundação Iochpe, e oferece cursos profissionalizantes a jovens em situação de vulnerabilidade social. Os responsáveis pelas aulas são os próprios colaboradores da Marelli, que já somam 300 voluntários envolvidos na iniciativa. Nas cinco escolas instaladas nas fábricas de Amparo, Hortolândia, Mauá, São Bernardo do Campo (SP) e Lavras (MG), já passaram mais de 480 jovens e, a cada ano, 100 novos aprendizes recebem o diploma. “O projeto integra quatro atores importantes: a empresa por meio do voluntariado, os jovens da comunidade onde a empresa está inserida, a universidade que valida tecnicamente o projeto e a Fundação Iochpe que fornece suporte pedagógico. O Formare permite a qualificação de jovens, além do aprendizado contínuo dos colaboradores da empresa que atuam como voluntários”, destaca a coordenadora corporativa de Responsabilidade Social da Magneti Marelli, Gisele Scalo.
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Raquel Barros fundou a ONG Lua Nova há 10 anos
Solidariedade tamanho família Mulheres participam de projetos de geração de renda, como a oficina de costura
Referência em projetos de geração de renda e combate ao crack, a ONG Lua Nova comemora 10 anos com um saldo de mais de três mil pessoas atendidas. A associação recebe o apoio do programa Case Multiação desde 2008. POR REGINA TROMBELLI
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psicóloga Raquel Barros transformou o sonho da maternidade em um dos mais bem sucedidos projetos sociais do Brasil, com reconhecimento internacional. A ONG Lua Nova, com núcleos em Sorocaba e Araçoiaba da Serra (SP), foi fundada em 2000 para assistir jovens mães e seus filhos em situação de risco social. Nesses 10 anos, atendeu mais de mil mães e duas mil crianças. São mulheres sem condições financeira e emocional para criarem os filhos, sem apoio familiar e, em muitos casos, envolvidas com drogas, como o crack. “Eu queria fazer com que a maternidade fosse fator de transformação na vida dessas mulheres”, conta Raquel, que encontrou no desejo de ser mãe, na dificuldade de engravidar e na vontade de ajudar as motivações para fundar a ONG. Além do acolhimento, moradia, comida, atenção e tratamento psicológico, desde 2006, o trabalho inclui projetos de geração de renda, o que dá às assistidas a real oportunidade de transformação de vida. “É fundamental que as mulheres desenvolvam suas habilidades e competências, para que sejam indepen-
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dentes e cuidem bem de seus filhos. É um projeto de sustentabilidade”, afirma Roque Reis, diretor Comercial da Case Construction Equipment, que apoia a ONG desde 2008, por meio do programa de responsabilidade social da marca, o Case Multiação. Para gerar trabalho e renda, um dos projetos em desenvolvimento pela ONG é o “Criando Arte”, uma oficina de costura, voltada principalmente para a produção de bonecas, sacolas e brindes corporativos. A coordenadora da confecção é Ana Paula da Fonseca Braga, de 27 anos, primeira mãe atendida pela Lua Nova, em 2000. “Hoje, sou uma nova pessoa. Cuido dos meus filhos, trabalho e estou longe das drogas”, revela Ana Paula, que teve o primeiro filho aos 13 anos. O segundo nasceu na Lua Nova, em Araçoiaba da Serra, quando ainda tinha 18 anos. Na ONG, aprendeu a profissão de costureira e conseguiu um emprego na confecção “Criando Arte”. Quando tudo parecia bem, Ana Paula começou a se envolver com drogas. Já com o terceiro filho nos braços, acabou abandonando a Lua Nova. “O Conselho Tutelar me procurou e percebi que poderia perder a
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responsabilidade social Ana Paula com o filho: “Aqui, aprendi a ser mãe”
guarda dos meus três filhos. Decidi mudar e voltei”, relata Ana Paula, que está, mais uma vez, construindo a vida. “Aqui, eu aprendi a ser mãe, ter uma profissão, gostar das pessoas e me respeitar”. Disseminação do trabalho Os projetos de geração de renda são mantidos em coparticipação com as mulheres atendidas. Além da confecção “Criando Arte”, a Lua Nova já abriu as portas da padaria “Lua Crescente” e do projeto “Empreiteira
Escola”, que fabrica tijolos e constrói casas do “condomínio social”, que são vendidas à prestação para as próprias jovens. O mais recente empreendimento é a “Escola de Negócios”, para a capacitação de homens e mulheres da comunidade. Atualmente, cerca de 150 mães participam dos projetos de geração de renda e recebem salários a partir de R$ 600. A metodologia do programa tem chamado a atenção de entidades do Brasil e do exterior, que querem disseminar o trabalho. A Cáritas Internationales, rede da Igreja Católica de atuação social, já levou o modelo para outros países da América Latina. Além do Case Multiação, a Lua Nova mantém parceria com o Governo do Estado de São Paulo para atendimento das assistidas, e com o Governo Federal, para o combate às drogas. Recentemente, foi reconhecida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como programa de referência no combate ao uso de crack. Com o projeto “Empreiteira Escola”, a ONG foi uma das vencedoras do desafio global “Mulheres, Ferramentas, Tecnologia: Construindo Oportunidades e Valor Econômico”, uma iniciativa do Changemakers da Ashoka, da ExxonMobil e do ICRW.
Case Multiação reúne ações de incentivo ao esporte, cultura e cidadania Em dois anos, a Case, fabricante de equipamentos agrícolas e de construção do Grupo Fiat, investiu mais de R$ 2 milhões nas comunidades de Sorocaba e Piracicaba (SP) como resultado da atuação do programa Case Multiação. O montante engloba patrocínios esportivos, doações a ONGs por meio das leis federais de incentivo à cultura e ao esporte, empréstimo e doação de máquinas de construção à Prefeitura de Sorocaba para a realização de obras sociais. Em Sorocaba, além da Lua Nova, também são beneficiadas as ONGs Pastoral do Menor, Bola da Vez, Pintura Solidária, Projeto Pérola e, pela primeira vez, o Centro de Formação de Atletas Vânia e Vanira. Em Piracicaba, o Case Multiação apoia duas entidades por meio do Fundo para Infância e Adolescência (FIA). A Case também é patrocinadora da Liga Sorocabana de Basquete e do piloto sorocabano Fábio Fogaça, que disputa a Top Race V6, categoria argentina de turismo.
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responsabilidade social
Pequenas atitudes, grandes mudanças Com o projeto Econscienza, alunos da Fundação Torino multiplicam o aprendizado em casa e na comunidade. A disseminação de práticas sustentáveis tornou-se o “dever de casa” dessa juventude, que tem o desafio de entregar um mundo melhor para as futuras gerações.
por LILIAN LOBATO
Fotos Ignácio Costa
Coleta seletiva é o primeiro passo para a reflexão do consumo consciente
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apel, lata de alumínio, pilha e óleo de cozinha. Depois de utilizados, todos esses materiais têm destino certo nas mãos dos alunos da Escola Internacional Fundação Torino, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo
Horizonte. Há dois anos, como resultado do projeto Econscienza, a reciclagem passou a fazer parte da vida dos estudantes do ensino médio. São pequenas atitudes que trazem grandes mudanças na caminhada rumo à sustentabilidade – conceito que extrapolou os muros da escola e já alcançou os familiares. Na casa da estudante do 2º ano do Istituto Tecnico Commerciale – ITC (Instituto Técnico Comercial), Larissa Santiago, a coleta seletiva transformou-se em um hábito que exige atenção e empenho. Junto com a mãe, ela faz questão de organizar os materiais recicláveis antes de depositá-los nos coletores da escola. “É fundamental que essa conscientização também esteja presente dentro de casa. Hoje, já sabemos, por exemplo, que não se pode amassar o papel antes de encaminhá-lo para a reciclagem”, explica Larissa. “Os problemas ambientais são de responsabilidade de toda a sociedade, que ainda ignora as consequências de se jogar lixo no chão ou não colaborar com a reciclagem”, completa. O Econscienza, que começou dentro da sala de aula, hoje colhe bons frutos. Coordenado pelos professores de Ciências Biológicas, o projeto de educação ambiental vem impulsionando a mudança de comportamento dos alunos, funcionários e familiares para o consumo consciente. “Desenvolvemos uma série de iniciativas, como palestras e distribuição de sacolas no Mercado Central de Belo Hori-
zonte”, conta Umberto Casarotti, diretor didático, que destaca a importância da continuidade das ações: “A escola deve atuar como um centro irradiador de boas práticas ambientais, consolidando atitudes sustentáveis”. Ainda de acordo com o diretor, o projeto – que começou com a coleta de papel e latas de alumínio – avançou e as dificuldades da destinação adequada de pilhas, baterias e óleo de cozinha já foram superadas. “Muitas mães chegam à escola orgulhosas por deixarem de lançar o óleo na pia da cozinha. O efeito multiplicador contribui para o meio ambiente”, afirma. Para o estudante do 2º ano do ITC, Juan Dutra, o Econscienza tem um desafio maior: contribuir para a formação de cidadãos sustentáveis. Para ele, a conscientização tem início na infância e, o momento atual, é de aprimorar o conhecimento e contribuir para que os recursos naturais sejam preservados. Em casa, Juan acompanha de perto a coleta seletiva, supervisionando os pais e a irmã na tarefa da separar os resíduos recicláveis. Outro ensinamento já colocado em prática é a redução do desperdício. “Se vivermos de forma sustentável, equilibrando os fatores econômicos, sociais e ambientais, conseguiremos tornar o mundo melhor para as próximas gerações”, afirma. De acordo com o presidente da Fundação Torino, Raffaele Peano, mais do que uma campanha em prol da sustentabilidade, o Econscienza é voltado para estimular a reflexão dos nossos atos e seus impactos no meio ambiente. “Pequenas atitudes fazem a diferença. Quando uso o mesmo copo descartável durante todo o dia, estou reduzindo a geração de resíduos. Devemos guiar nossas ações para o uso racional dos recursos naturais”, conclui. A Fundação Torino colabora, ainda, com projeto para uso e reaproveitamento do “lixo digital”, desenvolvido em várias escolas e comunidades de Belo Horizonte. Sob a orientação do Centro de Estudos em Robótica, os alunos da escola apre-
sentaram na Feira da Cultura o resultado de um trabalho sobre reaproveitamento de materiais utilizando impressoras danificadas, antigos monitores e computadores sem uso. Todo o “lixo digital” da Fundação Torino é doado para esse projeto (www.liber.com.br).
Juan Dutra ensinou toda a família a separar os recicláveis
Engenho D’Água Após muita pesquisa e planejamento, em março de 2011, os alunos dos institutos técnicos Comercial (ITC) e de Turismo (ITT) colocarão em prática o projeto Engenho D’Água. Dentre as ações previstas, destaca-se a visita a uma unidade de conservação ambiental, em Ouro Preto (MG), que possui um viveiro de mudas de espécies nativas da região. A educação ambiental será vivenciada de perto e os estudantes terão a oportunidade de conhecer o dia a dia dos gestores ambientais. “É importante tirar o aluno da sala de aula e mostrar como é a natureza sem a influência direta do homem”, ressalta o diretor didático, Umberto Casarotti.
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Fotos Studio Cerri
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Arte ao alcance de todos A Casa Fiat de Cultura trilha um caminho inovador no circuito cultural do país. Mais do que reunir artistas consagrados e exposições inéditas, a instituição é referência em práticas de acessibilidade.
por JÚLIA COSTA
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Exposição de Rodin teve atendimento diferenciado para portadores de necessidades especiais
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lgumas palavras são tão fortes em si mesmas que nenhum dicionário é capaz de traduzir seu significado. Para compreendêlas, o melhor é senti-las. A arte é um desses exemplos. Por ser totalmente subjetiva, não há regras para explorar caminhos. Um olhar ou um toque podem definir o encantamento ou a repulsa. Para as pessoas portadoras de necessidades especiais, a arte traz ainda um importante conceito: a acessibilidade. Para ampliar ao máximo a acessibilidade, a Casa Fiat de Cultura, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, aliou às exposições um elemento fundamental: a real interação entre o público especial e o conteúdo. Para isso, é desenvolvido um atendimento diferenciado para portadores de necessidades especiais, com o apoio de uma equipe especializada. O presidente da instituição, José Eduardo de Lima Pereira, ressalta que não bastam apenas adequações físicas: “Um projeto arquitetônico acolhedor não resolve totalmente. Levar uma pessoa a um espaço e não lhe oferecer condições de apreciar o trabalho é uma contradição”. O ponto de partida se deu em 2008, com a visita de deficientes visuais às exposições “Amilcar de Castro” e “A Arte nos Mapas na Casa Fiat de Cultura: Uma Viagem pelos Quatro Cantos do Mundo”. A experiência foi repetida nas mostras “O Mundo Mágico de Marc Chagall – O Sonho e a
Vida” e “Rodin, do Ateliê ao Museu – Fotografias e Esculturas”. O técnico em Enfermagem Márcio Gonçalves, de 64 anos, perdeu a visão há nove, num acidente automobilístico. Aproveitando os 5% de visão e o tato aguçado, ele se deixou levar em uma viagem ao mundo de Rodin, ao lado dos colegas do Instituto São Rafael.
Embora já tivesse frequentado outros museus, foi a primeira vez que Márcio pôde tocar em uma obra e, a seu modo, realmente enxergá-la. Aquele momento não foi apenas um encontro com o artista, mas consigo mesmo, revivendo boas lembranças. “Quando estava em atividade, trabalhava com o corpo humano e, depois que fiquei cego, nunca mais tive esse contato. Para mim, foi um reencontro muito especial. Eu tocava e falava o
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Histórias como as de Márcio e Jorge podem se repetir em muitos museus do país como resultado do aprimoramento da relação das instituições culturais com seus públicos especiais. O movimento para que esse desafio se torne realidade já está rendendo bons frutos. Um deles surgiu durante o 4º Fórum Nacional de Museus. No evento ocorrido em junho, em Brasília, mais de 1,3 mil participantes receberam o “Caderno de Acessibilidade”, elaborado com o patrocínio da Fiat Automóveis e apoio da Casa Fiat de Cultura, com recursos da Lei Rouanet. O material apresenta as melhores práticas de instituições brasileiras e conta ainda com textos de especialistas no assunto. “É uma publicação didática, cientificamente balizada e contempla todas as formas de acesso especial, ilustradas com ações realizadas em nossas exposições”, ressalta o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira. O espaço cultural passa, atualmente, por reformas e promete abrir as portas no início de 2011 com a fórmula que já é exemplo: exposições grandiosas e relevantes, acesso gratuito (incluindo o transporte), programa educativo abrangente e atendimento diferenciado ao público especial.
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Ações Econômicas
Deficientes visuais interagem com as peças em exposição
nome de cada membro, de cada osso. Pude reconhecer o fêmur, a clavícula, a tíbia e tantos outros”, conta emocionado. “Foi uma experiência sensacional e empolgante”, relata. O ajudante de padeiro Jorge Bolina Júnior, de 26 anos, sofre de esquizofrenia e garante que sua vida mudou depois de ver as obras de Rodin. A influência do artista foi tanta que ele se tornou também um escultor. Com direito a exposição e tudo – 15 peças foram apresentadas numa universidade da capital, resultado de uma parceria entre o Departamento de Psicologia da instituição de ensino e o Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam) da Prefeitura de Belo Horizonte. “Era a primeira vez que via algo como Rodin e que ia a um espaço cultural. Eu me encantei na hora e, desde então, comecei a fazer minha própria arte, no auge da minha depressão”, diz. Especialista em rostos, ele conta que apenas espera a criatividade chegar, mas, normalmente trabalha em momentos de crise, quando aproveita para gastar na arte toda a sua energia. “Quando saí da Casa Fiat de Cultura, pensei: ‘Vou tentar’. Em novembro, fiz o primeiro rosto bem mais ou menos e depois fui aprimorando”, conta. A mãe dele, a dona de casa Lázara de Jesus Silva Bolina, comemora os resultados: “Ele melhorou bastante, pois a arte acabou com a ansiedade de ficar parado o dia todo. É uma terapia”.
Ações Sociais
Atividade: produção de veículos de passeio e comerciais leves. Mercado: representa cerca de 31,4% do total de vendas de automóveis do Fiat Group Automobiles no mundo. O Brasil é o principal mercado da empresa e o maior polo de produção e desenvolvimento de veículos da marca, fora da Itália. A Fiat obteve, pelo oitavo ano, a liderança no mercado brasileiro de automóveis e veículos comerciais leves, com 736.973 veículos emplacados, atingindo a produção recorde de 736.620 veículos. A empresa fechou 2009 com market share de 24,5%.
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Raio X da Sustentabilidade
Casa Fiat de Cultura apoia publicação inédita sobre acessibilidade
Árvore da Vida – Jardim Teresópolis: programa realizado na região do Jardim Teresópolis, em Betim (MG), em parceria com demais empresas, governo e terceiro setor. Visa à inclusão de crianças, adolescentes e seus núcleos de relacionamento (família, escola e comunidade) a partir de três eixos: atividades socioeducativas, geração de trabalho e renda e fortalecimento da comunidade. Árvore da Vida – Capacitação Profissional: cursos profissionalizantes com foco no setor automobilístico, realizados em parceria com o Isvor e a Rede de Concessionárias Fiat em Betim (MG), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Recife (PE), Brasília (DF), Salvador (BA) e Porto Alegre (RS), com o objetivo de gerar inclusão social e, ao mesmo tempo, capacitar mão de obra especializada para a rede de concessionárias. Árvore da Vida – Parcerias: reúne todos os projetos patrocinados e apoiados pela Fiat, com a gestão direta de outras instituições ou ONGs. Em 2010, foram realizados os seguintes projetos: • Biblioteca Comunitária: projeto do Instituto Educacional Tia Dulce para implantação de biblioteca no Jardim Teresópolis, em Betim (MG), além de oficinas de literatura e produção literária, recitais e reforço escolar. • Prevenção: Um Ato de Vida: projeto da creche Maria Estella Barcelos Gonçalves, no Jardim Teresópolis, em Betim (MG), que promove atividades de orientação e discussão sobre temas ligados à afetividade e sexualidade, com participação de 200 pessoas ao longo do ano. • Cidadania para o Presente: projeto de inclusão social, com atendimento a 120 crianças e adolescentes da região do Citrolândia, em Betim (MG), por meio de atividades de música (canto coral), construção de instrumentos, fotografia, alfabetização, reforço escolar, entre outras. • Artes de Minas: projeto para fomentar a cadeia da atividade artesanal em Minas Gerais, a partir da experiência bem sucedida do Salão do Encontro, em Betim (MG). Oferece aos artesãos 13 diferentes oficinas voltadas para o desenvolvimento sustentável do segmento das artes populares e tradicionais. • Cumplicidade: edição de livro e realização de exposição com fotografias publicadas em reportagens assinadas pelo jornalista Bernardino Furtado, ao longo de seus 20 anos de carreira. A mostra foi realizada em Belo Horizonte e São Paulo. • Esportista Cidadão: projeto criado em 1998 pela Fiat e demais parceiros com o objetivo de, por meio do esporte, transformar a vida de jovens do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. • Formação de Atletas: projeto do Minas Tênis Clube que visa a promover treinamento, aprimoramento e desenvolvimento técnico e humano de atletas. Recebem apoio da Fiat, por meio da Lei de Incentivo Fiscal, as modalidades de basquete e vôlei masculino, totalizando 189 atletas. • Manutenção da Programação da Rede Minas 2009: em contrapartida, a emissora produz e veicula vídeos de projetos de responsabilidade social da Fiat, como o Árvore da Vida.
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Ações Sociais
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Ações Sociais
• Valores de Minas: o projeto do Servas oferece experiência e conhecimento de diferentes expressões artísticas a 400 estudantes da rede estadual de ensino, com idade entre 14 e 18 anos. • Aprendiz – Trilhas Urbanas: projeto de formação que atende a 60 jovens de 15 a 21 anos, na Vila Madalena, em São Paulo, com atividades em artes visuais e expressão corporal. • Aprendiz – Escola na Praça: atende a 90 crianças e adolescentes de escolas públicas, de 4 a 14 anos, na Vila Madalena, em São Paulo, com atividades e vivências complementares ao currículo da escola formal. Busca, ainda, a aproximação dos pais com a educação dos filhos. • Encontros com o Professor: encontros quinzenais gratuitos com intelectuais gaúchos e expoentes da cultura nacional, em Porto Alegre e outras cidades do interior do Rio Grande do Sul. • Muros do Jardim Teresópolis: capacitação de jovens na arte de grafitagem, com a realização de viagens para algumas localidades do Brasil com o intuito de conhecer a história e visualizar formas. Ao final do curso, os jovens grafitam muros do Jardim Teresópolis, em Betim (MG), proporcionando o resgate da autoestima e a melhoria do aspecto visual do bairro. • Dançando na Escola: tem como objetivo despertar nos alunos o interesse pela dança, por meio da consciência do movimento e do estímulo à criatividade. Atende a jovens da Barragem Santa Lúcia, em Belo Horizonte, e do Jardim Teresópolis, em Betim (MG). • Capacitação em Panificação: desenvolvido em Jaíba (MG), proporciona a adolescentes que se encontram em risco social e a seus familiares conhecimentos técnicos e práticos em panificação e confeitaria. Nesse processo de formação, também serão trabalhadas a inclusão social e a inserção no mercado de trabalho. • Diagnóstico da Oferta e da Demanda de Serviços Alternativos para as Crianças e Adolescentes no Município de Betim: como proposta do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Betim (CMDCA Betim), será realizada no município uma pesquisa sobre a oferta e a demanda dos serviços existentes para atendimento dessa parcela da população. A pesquisa servirá também para contribuir com as políticas públicas voltadas para a garantia dos direitos da criança e do adolescente. • Manutenção do Inhotim – Descentralizando o Acesso: alunos da rede pública de ensino de Betim (MG) conhecem o acervo do Instituto Inhotim, após seus professores passarem por capacitação para conduzir a visita e desenvolver trabalhos em sala de aula. • Tecendo Sonhos, Construindo Vidas: promove atividades de formação artística e de aquisição de conhecimentos para crianças e adolescentes do bairro Laranjeiras, em Betim (MG). O projeto estimula a permanência na escola e promove o desenvolvimento de princípios como autonomia e cooperação. • Apoio à Inovação e Humanização no Atendimento Hospitalar para Crianças e Adolescentes: desenvolvido pelo Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, o projeto visa a garantir a qualidade dos atendimentos a crianças e adolescentes, com assistência e presença da família, cuidado humanizado, educação e recreação, aprimorando a infraestrutura do hospital e os indicadores. • Educação Infantil Inclusiva: promove a formação e capacitação de educadores e pais de crianças com deficiência, sensibilizado-os quanto à importância da educação inclusiva. O objetivo é contribuir para que as crianças com deficiência de Betim (MG) tenham respeitado seu direito à educação básica. • Jogos da Juventude: projeto esportivo que reúne mais de 400 adolescentes de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná para disputar as modalidades de atletismo feminino e masculino, natação feminino e masculino e futebol masculino. • Lendas do Sertão – Cultura e Arte no Rio São Francisco: exposição itinerante em cidades cortadas pelo rio São Francisco, que tem como tema central as várias manifestações artísticas da população ribeirinha, culminando numa exposição na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte. Os curadores são o estilista Ronaldo Fraga e o artista plástico Bené Fonteles.
• 25 Anos do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais: edição do livro sobre os 25 anos do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais. • V Seminário de Imigração Italiana em Minas Gerais: promove debates e a reflexão sobre o fenômeno das migrações na contemporaneidade, traçando paralelo entre passado e presente e abordando tema da imigração de retorno de brasileiros para Itália. • Palco Itália Itinerante: propõe levar apresentações gratuitas de Ópera a 20 cidades mineiras da Zona da Mata, Campo das Vertentes, Sul e Médio Vale do Rio Doce. • Mostra Jovens Designers: exposição de projetos do último ano das Escolas de Design, onde os alunos apresentam o seu talento ao mercado e ao público em geral. • Teatro Municipal 100 Anos – Palco e Plateia da Sociedade Paulistana: dentro da programação comemorativa dos 100 anos do Theatro Municipal de São Paulo, haverá uma série de ações culturais como edição de livros de arte, exposições, espetáculos, entre outras. • Bienal Brasileira de Design 2010: apoio ao evento que, em 2010, ocorreu em Curitiba e teve como tema principal o design e a sustentabilidade. • Xingu: produção cinematográfica que conta a saga vivida pelos irmãos Cláudio e Orlando Villas Bôas e que culminou na criação do Parque Nacional do Xingu. Árvore da Vida – Voluntariado: programa de atuação voluntária dos empregados da Fiat. Na segunda edição do programa, são oferecidos dois cursos à comunidade do Jardim Teresópolis, em Betim (MG): de Economia Pessoal e de Liderança Comunitária, em parceria com a ONG Junior Achievement. Rede Fiat de Cidadania: conjunto de parcerias formadas com fornecedores da empresa, concessionários, governo e terceiro setor na busca do fortalecimento das ações desenvolvidas pelo programa Árvore da Vida.
Ações Ambientais
Implantação da coleta seletiva e gestão de resíduos na Ilha Ecológica: área de aproximadamente 20.000 m² onde se concentra toda a atividade de segregação e destinação ambientalmente correta dos resíduos. Reaproveitamento de 98,5% dos resíduos gerados no processo produtivo. Reaproveitamento de refugos na Cooperárvore. Gestão de recursos hídricos: estação de tratamento com tecnologia de MBR e osmose reversa, alcançando o recírculo de 99% dos efluentes e eliminando a necessidade de aquisição de água potável para o consumo industrial. Utilização de canos mais econômicos (menor peso, melhor aerodinâmica, motores eficientes etc.) no desenvolvimento do produto e na Engenharia. Arquitetura industrial: novos galpões projetados conforme conceitos bioclimáticos ecológicos, que favorece a iluminação e ventilação natural, além de possuir sistemas inteligentes de descarga sanitária, sistema de iluminação com placas fotovotáicas, sistema de iluminação com lentes prismáticas, sistema de iluminação com tubulações prismáticas e sistema de placas solares para aquecimento de água de vestiários. Biocombustível.
Ações Premiadas
2010 e 2009: “Melhor Empresa na Gestão da Responsabilidade Social, Recursos Humanos e Sustentabilidade Financeira” no setor de Veículos e Indústria de Transporte, reconhecida pela publicação “As Melhores da Dinheiro”, da revista IstoÉ Dinheiro. Aberje: pelo quarto ano consecutivo, o projeto Árvore da Vida é premiado nas seguintes categorias: • 2009: A Comunicação como Catalisadora da Transformação Social – Comunicação e Relacionamento com a Comunidade. • 2008: TV Árvore da Vida (parceria com a Puc TV) – Comunicação e Relacionamento com a Comunidade.
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Ações Premiadas
• 2007: Rede Fiat de Cidadania – Comunicação e Relacionamento com Fornecedores. • 2006: Projeto Árvore da Vida – Comunicação e Relacionamento com a Comunidade. 3º Lugar – Prêmio Ouro Azul 2008: projeto Gestão de Recursos Hídricos na Fiat. Prêmio do Estado de Minas Gerais em Gestão Ambiental: vitória em 2009. Finalista em 2008 e 2007.
Ações Sociais e Culturais
CASE NEW HOLLAND (CNH)
Ações Sociais e Culturais
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New Holland Agriculture • Prêmio New Holland de Fotojornalismo: além de Brasil e Argentina, o prêmio abrange Uruguai e Paraguai em 2010. • Projeto Cara do Brasil: oficinas culturais em escolas públicas e realização de espetáculos teatrais e musicais com o artista Rolando Boldrin, em 25 cidades brasileiras, com o objetivo de resgatar a cultura local e regional. • Programa Bem Nascer, em Curitiba: tem o objetivo de acolher, informar e cuidar das futuras mães. Programa voltado para colaboradoras diretas e terceiras, dependentes de colaboradores e moradoras da comunidade próxima à fábrica. • Programa Atleta do Futuro: iniciado em 2002 na unidade de Curitiba, atende a crianças e adolescentes da comunidade e filhos de funcionários, proporcionando atividades esportivas e socioeducativas. • Feira Social: com o objetivo de alavancar a promoção social das instituições, a CNH Curitiba lançou a Feira Social como oportunidade de comercialização de produtos artesanais junto aos seus colaboradores. • Programa Bom Vizinho: canal de comunicação entre as empresas situadas na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Por meio de reuniões e fóruns, as empresas formulam projetos em comum para atender às comunidades do entorno do CIC. • Oficina Profissionalizante: em parceria com a Bosch e a Fundação Bradesco, realiza o Curso de Inclusão Digital com o objetivo de qualificar jovens de comunidades carentes para o mercado de trabalho. Case Construction • Multiação Máquinas: empréstimo de máquinas para obras sociais e ambientais no Brasil. • Patrocínio da Liga Sorocabana de Basquete (LSB): time de basquete profissional de Sorocaba. New Holland Construction • Diálogos com Márcia Tiburi: ciclo de palestras sobre filosofia e autoconhecimento realizado em parceria com a Casa Fiat de Cultura e Sempre Um Papo. • Incentivo à Casa de Apoio à Criança Carente de Contagem (MG) : atende a crianças e adolescentes que vivem em risco de vulnerabilidade social no bairro Eldorado.
Certificação ISO 14001 nas Unidades CNH LAR em 2011: implementação de programas corporativo padrão de coleta seletiva e gestão de consumo de energia, além do incentivo à atuação dos colaboradores em ações de Educação Ambiental voluntária nas comunidades circunvizinhas às unidades CNH LAR.
case new holland (CNH)
Ações Econômicas
Atividade: produção de máquinas agrícolas e equipamentos para construção, incluindo as marcas New Holland Agriculture, Case IH, New Holland Construction e Case Construction. Receita Líquida 2009: US$ 1,9 bilhão Market Share 2009: 43,7% do mercado nacional de colheitadeiras, 25,7% do mercado de tratores agrícolas e 50% do mercado de colheitadeiras de cana. Na área de máquinas de construção, a Case New Holland detém 38,5% de participação.
• Doação de máquinas para obras sociais e ambientais no Brasil. Case Multiação (Case Construction e Case IH) • Projeto Pérola (Sorocaba) • Projeto Pintura Solidária (Sorocaba) • Projeto Lua Nova (Sorocaba) • Pastoral do Menor (Sorocaba) • Projeto Bola da Vez (Sorocaba) • Projeto Centro de Formação de Atletas de Basquetebol Vânia eanira V (Sorocaba) • 15 entidades do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Piracicaba CNH • Prêmio de Jornalismo Econômico: criado em 1993, o prêmio é a principal premiação do gênero no Brasil. Desde a 1ª edição, cerca de seis mil trabalhos já foram inscritos.
Unidade de Piracicaba (SP): a água tratada na Estação de Tratamento de Efluentes é utilizada para alimentar um lago com peixes, antes de ser despejada na rede pública. Na Ilha Ecológica, o índice de reciclagem é de aproximadamente 95% do resíduo gerado. A maior parte se transforma em combustível em usinas fabricantes de cimento. Unidade de Contagem (MG): reciclagem de 90% dos resíduos sólidos gerados. Redução do consumo de energia com a Campanha de Redução de Perdas de Ar Comprimido.
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Unidade de Curitiba (PR): 100% dos efluentes recebem tratamento, cumprindo todos os requisitos legais vigentes. Aproximadamente 18% do espaço total da unidade está em uma Área de Preservação Permanente (APP), onde foram plantadas cerca de 4,7 mil mudas de árvores nativas. Com melhorias e treinamentos, a unidade opera abaixo dos limites legais de lançamento de poluentes atmosféricos. Desde 2006, é realizada a coleta seletiva. Complexo Industrial de Sorocaba (SP) – Fábrica e Centro de Distribuição de Peças: Coleta Seletiva – os resíduos Classe 1 são enviados para coprocessamento, evitando a destinação em aterros industriais; já os resíduos orgânicos são enviados para compostagem em empresa especializada. Tratamento de borra de tinta – ciclo de reciclagem da tinta evita o descarte para o meio ambiente. Água – monitoramento semestral por meio de 22 poços profundos. Tratamento de água – 100% de reaproveitamento da água utilizada no processo industrial; resíduo biológico 100% tratado antes de ser lançado na rede pública de esgoto. Arquitetura sustentável – instalação de telhas translúcidas, permitindo a passagem de luz e filtro do calor (economia de energia elétrica); áreas verdes amplas nos terrenos da fábrica permitem maior absorção da água, menor desgaste do solo e retenção de calor; 20.000 m² de área de proteção dos mananciais do rio Pirajibu; plantio de mudas de árvores nativas, em data a ser definida pelos órgãos ambientais. Centro de Distribuição – instalação de telhas brancas que absorvem menos calor e dão maior conforto térmico ao CD, dispensando exautores e/ou ventiladores; certificação de Green Building para 2011.
Ações Premiadas
Ranking das revistas Exame e Você S/A: pelo quinto ano consecutivo, a CNH está entre as 150 melhores empresas.
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Ações Econômicas
Ações Sociais
Ações Ambientais
Atividade: produção de caminhões leves, médios e pesados, ônibus, veículos comerciais para aplicações militares, fora de estrada, bombeiros, defesa civil, entre outros. A linha de produtos é composta pelos modelos Iveco Daily, Iveco Stralis, Iveco EuroCargo, Iveco Cavallino, Iveco Tector, Iveco Cursor, Iveco Trakker e Iveco Vertis. Projeto Top Driver: treinamento e capacitação de motoristas para torná-los melhores condutores, além de garantir redução de custos com transporte e manutenção da frota de caminhões. Programa Próximo Passo: desenvolvido desde 2007 com o objetivo de promover ações de curto e longo prazo em benefício da comunidade, clientes, funcionários e fornecedores, o Próximo Passo é baseado em três pilares: o econômico, o social e o ambiental. Suas ações envolvem o uso racional de recursos, a reciclagem, a ética, a cidadania, a capacitação e o desenvolvimento. Em parceria com a ONG Favela É Isso Aí, promove ações como oficinas culturais de produção de fotos, jornais, desenhos animados e documentários, produzidos pelos próprios moradores do bairro Cidade de Deus, em Sete Lagoas (MG), comunidade do entorno da fábrica. Projeto Patrulha da Alegria: desenvolvido por um grupo de palhaços voluntários que leva alegria e atenção a pacientes de hospitais de Sete Lagoas e região. Com apoio da Iveco durante o ano de 2009, o projeto ampliou sua ação para mais 14 cidades. Projeto Sempre Um Papo na Comunidade: série de palestras realizadas na comunidade de Sete Lagoas, sede da empresa no Brasil, que discute temas voltados para a responsabilidade social, empreendedorismo, saúde e família. Oficinas de Gestão e Empreendedorismo: promoção de oficinas de empreendedorismo social, educação ambiental e desenvolvimento profissional dos moradores da comunidade Cidade de Deus, realizadas pela Lenum Ambiental, empresa voltada para gestão de projetos socioambientais, parceira do Próximo Passo. Ilha Ecológica: reciclagem de 91% do resíduo sólido gerado, que é vendido ou doado para várias instituições. A meta, até 2010, é ampliar esse índice para 93%. Emissões atmosféricas: opera abaixo dos limites legais de lançamento de poluentes atmosféricos. Já foram implantados sistemas de pós-combustores de pintura, aspiração de sola de carroceria e escapamento de veículos, exaustão de CO2 no interior do galpão de montagem e sistema de insuflamento de ar. Desenvolvimento de produtos: investimento no desenvolvimento de produtos com baixo consumo de combustível e pioneirismo nos combustíveis alternativos.
Unidade Amparo (SP) • Formação Técnico Profissional de Adolescentes: apoio ao programa da Associação Guarda Mirim, que promove capacitação profissional e desenvolvimento de habilidades psicossociais, para inserir e manter adolescentes no mercado de trabalho. • Projeto Socioeducativo: apoio ao projeto do Educandário Nossa Senhora do Amparo, voltado para o acompanhamento de crianças e adolescentes, com aulas de reforço escolar, atividades de lazer e habilidades sociais, artísticas e manuais. • Educação e Qualificação para o Trabalho: visa a cooperar com a inserção de portadores de necessidades especiais no mercado de trabalho, de forma a capacitar 30 alunos no período de 11 meses. • A Família e o Lar, Construindo o Amanhã: desenvolvido pelo Lar Escola Divina Providência de Amparo, o projeto tem como objetivo disseminar conhecimento e informação para que a população busque novas expectativas de trabalho e qualidade de vida. • Iniciação e Formação Profissional: realizado em parceria com a Ação Social de Amparo (ASA), visa a estimular potenciais e promover o desenvolvimento de indivíduos por meio da informação e da capacitação, como o curso de corte e costura.
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raio x da sustentabilidade
Formare: proporciona aos alunos formação profissional. Com duração de um ano, os jovens recebem benefícios como bolsa-auxílio, transporte, alimentação, convênio médico e odontológico. As Escolas Formare estão instaladas nas unidades de Lavras (MG), Mauá e Santo André, Amparo, Hortolândia e São Bernardo (SP).
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Unidade de Hortolândia (SP)
Ações Sociais
• Elas Entrelaçando Elos: apoio ao programa da Casa Betânia da Paz, que promove trabalhos educacionais e sociais, além de prestar serviços de assistência social e saúde para crianças, adolescentes e suas famílias. • Derrubando Barreiras: apoio ao projeto do Centro de Convivência, Aprendizagem, Reabilitação e Trabalho (CCART), que busca despertar potencialidades das crianças como agentes transformadores da própria realidade. • Educação Cidadã: apoio ao projeto da Escola Evangelho Esperança, que promove cursos e atividades para diminuir a evasão escolar, repetência, exploração sexual e envolvimento com a criminalidade. • Costurando a Vida: qualifica adolescentes e jovens utilizando metodologia socioconstrutiva, capacitando-os para o mercado da moda, criando o espírito empreendedor e uma consciência do exercício da cidadania. • Profissionalização de Jovens: oferece atendimento gratuito para crianças e adolescentes por meio de cursos, oficinas e atividades que contribuam para a diminuição da evasão escolar, repetência, trabalho infantil, exploração sexual e uso de drogas. • Musicalização: gera oportunidades às crianças de acesso à cultura e desenvolvimento de potencialidades musicais e humanas. Unidades Santo André, Mauá e São Bernardo do Campo (SP)
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Ações Econômicas
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Atividade: produz componentes automotivos nas áreas de powertrain, sistemas eletrônicos, iluminação, amortecedores, escapamentos, suspensão, camisas de cilindro, pedais e plásticos. Market Share 2009: sistemas de injeção 45% (powertrain), painéis 39% (sistemas eletrônicos), faróis 36% (iluminação), amortecedores 71%, sistemas de exaustão 41% (escapamentos), travessa 14% (suspensão), camisas de cilindro 35%, Filler Neck 9% (módulos e componentes plásticos).
• Persona Brazilis: apoio ao projeto do Núcleo de Convivência Menino Jesus, que oferece oficinas artísticas pré-profissionalizantes, como artes circenses, lazer e recreação, expressão vocal e corporal. • Bom de Bola, Bom na Escola: apoio ao programa da Associação Beneficente Recreativa e Educacional Magneti Marelli Cofap (ABR), dirigido a crianças e adolescentes. São oferecidas aulas de futebol com obrigatoriedade da apresentação de notas. • Caminhos: apoio ao projeto da Casa de Lucas Núcleo Beneficente Educacional, que visa a atender às necessidades emocionais, morais e éticas dos pré-adolescentes, afastá-los do envolvimento com drogas e prepará-los para o mercado de trabalho.
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raio x da sustentabilidade
Unidade de Lavras (MG)
fpt – powertrain technologies
• Bom de Bola, Bom na Escola: projeto da Associação Beneficente Recreativa que visa a atender jovens com a prática esportiva. O aluno recebe assistência odontológica, acompanhamento social e psicológico, suporte médico e avaliação nutricional. Público beneficiado: 80 alunos/ano.
Ações Sociais
• Dançando e Transformando: desenvolvido pela Associação Conquista, visa à inclusão social de pessoas com deficiência e conscientização de crianças, adolescentes e comunidade no respeito às diferenças na sociedade. Beneficiários diretos: 3,6 mil alunos e professores. • Cozinha Escola: coordenado pela Fundação Padre Dehon, objetiva a capacitação profissional e formação de pessoas, com temas voltados para os cuidados, processamento e reaproveitamento de alimentos. Público beneficiado: 150 pessoas/ano.
Ações Econômicas
Ações Sociais
É parceira dos projetos realizados pela Fiat Automóveis.
Ações Ambientais
Unidade de Betim (MG) • ISO 14001: certificada desde 2001. • Consumo de energia: por item produzido, o consumo reduziu de 74 kWh para 59 kWh – uma diminuição de 20% em sete anos. • Consumo de água: por item produzido, o consumo reduziu de 551 litros para 98 litros – uma diminuição de 82% em sete anos. • Gestão de resíduos: reciclagem de 91% dos resíduos que gera nas linhas de produção, principalmente cavacos de aço, ferro fundido e alumínio. Por item produzido, a geração de resíduos reduziu de 15,5 Kg para 14 Kg – uma diminuição de 10% em seis anos. Unidade de Sete Lagoas (MG) • ISO 14001: certificada desde 2009. • Consumo de água: por item produzido, o consumo reduziu de 280 litros para 240 litros – uma diminuição de 15% entre 2008 e 2009. • Gestão de resíduos: por item produzido, a geração de resíduos reduziu de 60 Kg para 40,7 Kg – uma diminuição de 30% de 2008 para 2009. Unidade de Campo Largo (PR) • ISO 14001: certificada desde outubro de 2010. Unidade de Córdoba (Argentina) • ISO 14001: certificada desde 1998. • Consumo de água: por item produzido, o consumo reduziu de 487 litros para 472 litros – uma diminuição de 3% de 2008 para 2009. • Gestão de resíduos: por item produzido, a geração de resíduos reduziu de 60 Kg para 22 Kg – uma diminuição de 60% em seis anos.
• Escola de Arte Musical: coordenado pela Corporação Musical e Euterpe Operária de Lavras, visa a desenvolver atividades de capacitação relacionadas ao ensino musical, com instrumentos de sopro e percussão. Público beneficiado: 100 alunos/ano. Resíduos sólidos: reciclagem e reaproveitamento de mais de 80% dos resíduos, com destaque para as sucatas (sucata de amortecedores é utilizada como matéria-prima na fundição de São Bernardo do Campo). Implantação da coleta seletiva em todas as plantas.
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Redução do consumo de água: a unidade de São Bernardo do Campo (SP) reutiliza 100% dos efluentes orgânicos gerados. Outras plantas, como Hortolândia (SP) e Itaúna (MG), estão em fase final de implantação do projeto. Outras ações: substituição gradativa das torneiras convencionais por torneiras com controle de fluxo, substituição de tubulações e controle de vazamentos.
Ações Ambientais
Atividade: desenvolve, produz e comercializa sistemas de propulsão para automóveis; caminhões leves, médios e pesados; máquinas de construção e agrícolas; geradores de energia; aplicações industriais e marítimas. Em Betim (MG), produz os motores Fire Economy 1.0L 8V Flex, Fire 1.0L 8V Flex, 1.3L 8V Flex, 1.4L 8V Flex e Tetrafuel, 1.0l 8V e 1.4l 8V EVO, além das transmissões C510, C510 Dualogic, C510 Locker e C513. Em Sete Lagoas (MG), produz os motores 8140, F1A 2.3L, F1C 3.0L, NEF (4 a 6L), Cursor 8, Cursor 13 e S 8000. Em Campo Largo (PR), produz os motores E.torQ nas versões 1.6l 16V e 1.8l 16V, flex e a gasolina. E em Córdoba (Argentina), motores 1.9L 16V, além das transmissões C513 e PSA.
Redução do consumo de energia: utilização de máquinas e equipamentos com dispositivo de economia de energia, uso de telhas translúcidas para redução da utilização de iluminação ambiente, substituição de lâmpadas convencionais por do tipo LED, energia solar para aquecimento de vestiários (concluído em Suspensão Contagem e em projeto para Amortecedores Mauá), identificação de perdas de ar comprimido, entre outras ações. Substituição de produtos químicos: por outros de menor toxicidade, em linha com as diretrizes do REACH – Comunidade Europeia. Green Building em Hortolândia (SP): construção de galpão conforme os requisitos do US Green Bulding, visando à eficiência do uso de energia e materiais sustentáveis. Investimentos em meio ambiente nos últimos cinco anos: R$ 46 milhões. Inventário GEE – Gases de Efeito Estufa: concluído na planta de Amparo (SP). Continuidade nas demais plantas em 2011. Desenvolvimento de produtos: investimentos contínuos em produtos ecológicos (flex, tetra, Free Choice, farol a full-LED).
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Prêmio Pace Award Environmental: pelo sistema multicombustível tetrafuel. Prêmio Ford de Conservação Ambiental: pelo desenvolvimento de tecnoAções Premiadas
logias ecologicamente corretas e ações em prol do meio ambiente adotadas em suas plantas produtivas. Prêmio da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva de Meio Ambiente: categoria tecnologia, pelo sistema eletrônico de câmbio para
Ações Econômicas
Atividade: fornecimento de peças fundidas de ferro, como blocos de motores, cabeçotes, coletores, girabrequis, eixo comando de válvulas, pontas de eixo, tambores de freios, carcaças, volantes e discos de freios destinados à indústria automotiva mundial. Market Share 2009: líder na produção de blocos de motores automotivos, detendo 70% do mercado nacional.
veículos – Free Choice.
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ISO 14001: primeira fundição do Brasil a obter a certificação. Gusa líquido: primeira fundição no mundo a receber o ferro-gusa em estado líquido de fonte externa diretamente em sua linha de moldagem, o que possibilitou uma economia de 32% no consumo de energia elétrica. Acompanhamento de fornecedores: visa a garantir práticas sustentáveis em toda a sua cadeia produtiva. Emissões atmosféricas: são inferiores aos limites estipulados pela Lei, controladas por sistemas de exaustão com membranas filtrantes, hodroventuris e hidrofiltros que retêm as partículas. Novo processo de pintura de machos: mudanças no transporte, estocagem e manuseio da tinta utilizada na pintura de machos garantiram redução do consumo de água, eliminação do uso de até 2,7 mil tambores por mês entre transporte e movimentações internas, além da otimização do processo com redução da geração de resíduos. Resíduos sólidos: implantação da coleta seletiva com destinação dos materiais para Ilha Ecológica. A madeira dos pallets é encaminhada para a realização de oficina de marcenaria. Destinação de materiais: são adotadas as metodologias TPM (Manutenção Produtiva Total) e Seis Sigma para o uso racional de recursos, otimização de processos e eliminação de desperdícios.
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raio x da sustentabilidade
Ações Sociais
Filhote do Salão do Encontro: oferece oficinas de marcenaria, cestaria e tapeçaria de sisal, flores, tear chileno, informática, literatura, sala de jogos pedagógicos e circo para crianças e adolescentes de Betim (MG). Recentemente, inaugurou uma padaria. Campanha Natal Solidário: campanha interna (anual) de arrecadação de alimentos não perecíveis, roupas e brinquedos para doação a entidades e famílias carentes do Vale do Jequitinhonha e região metropolitana de Belo Horizonte. Mais de 800 toneladas já foram doadas desde o início da campanha, em 2001. Projeto Creches: apoio a 16 creches da região metropolitana de Belo Horizonte, totalizando duas mil crianças beneficiadas. Teksid Solidária: programa de estímulo ao voluntariado. Escola Teksid de Fundição: voltada para jovens que têm a oportunidade de participar de aulas práticas e teóricas de Fundição, Manutenção Mecânica, Elétrica e Projetos. Menores Trabalhadores: parceria com o Centro Salesiano do Menor (Cesam) para dar oportunidade de experiência profissional a jovens de baixa renda. Formare: oferece cursos de capacitação, com foco no negócio da empresa, a jovens que cursam o ensino médio. Aprendiz Social: oferece o curso de Manutenção Mecânica Industrial a jovens de 18 a 23 anos. Inclusão Eficiente: promove a inclusão produtiva de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. 26 pessoas já participaram e uma nova turma está sendo aberta neste segundo semestre de 2010. Telecurso: oferta do ensino fundamental aos colaboradores que não possuem essa escolaridade. Desde 2006, 55 colaboradores já foram formados. Bem Nascer: promove palestras para colaboradores e esposas/companheiras grávidas sobre os seguintes temas: métodos contraceptivos; alterações no organismo da gestante; cuidados com a gestante; tipos de parto; cuidados com o bebê; amamentação; pré-natal e parto; nutrição e orientação postural para gestantes. Papo Família: promove palestras para colaboradores e familiares sobre planejamento financeiro, planejamento familiar, sexualidade na adolescência, direção defensiva e uso de drogas. Colônia de Férias: oferece cultura, esportes e lazer para filhos de colaboradores de 6 a 12 anos. Prêmio Fiat de Educação: premia os filhos de colaboradores que se formaram no ensino médio ou graduação no ano anterior.
Ações Ambientais
HPI (High Performance Iron): nova liga de ferro fundido para motores de nova geração, que possibilita menor emissão de poluentes e menor consumo de combustível. PSIU (Programa de Sugestões e Ideias Úteis): estimula colaboradores a sugerirem ideias que visem, dentre outras coisas, à sustentabilidade. Campanha “Comece a cuidar do mundo por aqui”: visa ao consumo consciente e eliminação do desperdício dentro e fora da empresa. Semana do Meio Ambiente: evento anual com palestras, apresentações teatrais e intervenções sobre a importância da preservação dos recursos naturais e conservação do planeta.
Ações Premiadas
Qualitas Awards – Responsabilidade Social, oferecido pelo Fiat Group Purchasing.
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Ações Econômicas
Atividades: projeto, construção e montagem de equipamentos e linhas automatizadas para o setor automotivo e de manufatura; automação robotizada para linhas de prensas; linhas de montagem final para o segmento automotivo; centros de usinagem de grande porte, bem como o fornecimento de linhas de montagem para motores e câmbio, engenharia de produto para a indústria automotiva; fornecimento de células robotizadas; gestão de ativos industriais em diversos segmentos da indústria, incluindo serviços, planejamento e engenharia de manutenção de linhas de produção, operação e manutenção de utilidades e gestão predial, com contratos de preço fechado e/ou por desempenho; manutenção corretiva, preventiva e preditiva em equipamentos; engenharia de processos para a indústria automotiva, aeroespacial e militar.
Ações Sociais
Culturarte: apoio aos projetos artísticos e culturais, como as palestras do programa Sempre Um Papo e o projeto cultural Cinema Brasil, por meio das leis de incentivo. Programa Inclusão Eficiente: visa à qualificação e inclusão profissional de pessoas portadoras de necessidades especiais no mercado de trabalho. A empresa promove a convivência saudável e produtiva de pessoas com deficiência no ambiente organizacional. Programa Semear: incentivo aos colaboradores para doação de parte do Imposto de Renda ou doações voluntárias ao Fundo para a Infância e Adolescência (FIA), capitalizando recursos para ajudar instituições de caridade. Linha do Saber: em parceria com o Senai e a Prefeitura de Betim, promove cursos de Mecânica Industrial para 40 jovens em situação de vulnerabilidade social. Projovem: realiza ações em parceria com o Projovem, programa do Governo Federal que busca a reinserção dos jovens no processo de escolarização. As ações da empresa incluem palestras para profissionais e jovens e qualificação profissional com cursos de aprendizagem. Voluntariado: incentivo aos colaboradores para participação em ações voluntárias em todo o país. Em determinadas datas do ano, são realizadas campanhas em prol da arrecadação de donativos, que são encaminhados para instituições indicadas pelos próprios colaboradores.
Ações Ambientais
Ecomau: programa de gestão ambiental, que tem como lema “Uma atitude de todos” e visa a sensibilizar os colaboradores para a preservação do meio ambiente, em cumprimento às normas da ISO 14001. Inclui as seguintes ações: programa 5S, 3R (reduzir, reutilizar e reciclar) e coleta seletiva. Não ao Desperdício: campanha que incentiva os colaboradores a evitarem o desperdício no dia a dia de trabalho. Essa iniciativa possui valor universal, já que pode ser adotada tanto na empresa quanto na vida doméstica.
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ISO 14001: a sede da Comau do Brasil, em Betim (MG), conquistou a certificação ambiental em 2008.
Ações Premiadas
2008 • Prêmio Segurança e Qualidade da Petrobras/Regap. • Qualitas Awards – Compras de Materiais Indiretos e Serviços, oferecido pelo Fiat Group Purchasing. • Reconhecimento nacional em Responsabilidade Social – Prêmio Talentos em RH, promovido pela revista Gestão & RH. 2009 • Prêmio Segurança e Qualidade da Petrobras/Regap. •Q ualitas Awards – Compras de Materiais Indiretos e Serviços, oferecido pelo Fiat Group Purchasing. • Melhores marcas da Manutenção – www.manutencao.net.
banco cnh
comau
raio x da sustentabilidade
Ações Ambientais
Ações Sociais
Ações Ambientais
•A mpliação do Hospital Pequeno Príncipe em Curitiba: desde 2006, destina recursos para aumentar em 26% a capacidade de atendimento clínico da instituição, que é referência nacional no tratamento médico infantil pelo SUS. A construção da Sala de Recreação e Lazer foi concluída em 2008. • Implantação do Banco de Pele do Hospital Evangélico de Curitiba: voltado para o tratamento de crianças e adolescentes, vítimas de injúrias térmicas. • Piá Bom de Bola: doação de recursos para manutenção do Centro de Esportes Janguitão, que promove o projeto Futebol Cidadão. Campanhas internas de conscientização para o público interno: visa ao uso racional de recursos como luz, água e redução de impressões.
fiat services fiat finanças
Ações Econômicas
Atividade: atua na área de investimento, financiamento e cobertura de riscos, gestão das operações de financiamentos subsidiados, trade finance, project finance, administração de fundos de pensão dos funcionários do Grupo Fiat, governança, análise e estabelecimento de parâmetros macroeconômicos e distribuição de títulos (CDB) das empresas financeiras do Grupo. É representante oficial dos interesses das sociedades junto ao Banco Central do Brasil, órgãos do governo em geral e agências de rating. Volume negociado 2009: R$ 276 bilhões.
Ações Sociais
Patrocínio de projetos da Casa Fiat de Cultura (Instituto Tomie Ohtake) por meio de leis de incentivo. Projeto Copa sem Frio: doação de agasalhos destinados a creches e asilos na região de Nova Lima (MG). Projeto Mesa Limpa: visa à organização do ambiente de trabalho, favorável à concentração, criatividade e produtividade. Disseminação de práticas sustentáveis: eventos dirigidos aos colaboradores e familiares.
Ações Ambientais
Campanhas educativas: foco no público interno para redução do consumo de papel e de energia elétrica e para incentivar o consumo de etanol em substituição à gasolina. Utilização de papel certificado FSC (Forest Stewardship Council).
Ações Econômicas
Ações Sociais
Eventos sociais do Grupo Fiat: apoio e patrocínio. Fundação Fiat: incentivo e apoio em ações sociais.
Ações Ambientais
Campanha interna de utilização consciente de energia: colocação de adesivos em pontos estratégicos da empresa para reforçar essa atitude. Implantação do Housekeeping: programa de 5S que incentiva e viabiliza o uso eficiente e moderado de vários recursos, como papel, água e energia.
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Ações Econômicas
BANCO CNH
Ações Econômicas
Ações Sociais
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Atividade: financiamento de máquinas agrícolas e de construção das marcas New Holland e Case. Oferece seguros para máquinas e implementos da Case New Holland. Em 2009, foram 32.796 contratos ativos, concessão de 0,4 bi (R$ 412.542.359,61) em financiamentos, totalizando 3.248 máquinas. A carteira do banco é de R$ 3.468.094.794,74 (agosto de 2010). Participa de todas as iniciativas da CNH Indústria com destaque para as seguintes ações: •A poio ao Lar o Bom Caminho: desde 2005, destina recursos à entidade, que atende a crianças de até dois anos, negligenciadas ou abandonadas pelos pais e que aguardam na fila de adoção.
Atividade: realiza contabilidade, controle fiscal, contas a pagar e tesouraria, controle ativo fixo, contas a receber, registro fiscal, faturamento, gestão tributária e societária, arquivo e gestão de atividades de pessoal. Atua na área de Comércio Exterior (consultoria, desembaraço alfandegário, gestão logística e transporte). Implantação do WCA: programa que visa à sustentabilidade do negócio e eficiência dos serviços.
Ações Sociais
Atividade: suporte financeiro para a rede de concessionários Fiat, Iveco e Chrysler por meio de linhas de crédito para capital de giro e financiamento de estoques de veículos novos e usados. Financiamento ao consumidor final de caminhões e ônibus da marca Iveco, oferecendo uma linha completa de produtos financeiros, tais como CDC, leasing e Finame. Financiamento ao consumidor final de veículos de passeio da marca Chrysler nos produtos CDC e leasing. Apoio ao Ministério Criança Feliz por meio do Fundo para a Infância e Adolescência (FIA): localizada em Belo Horizonte (MG), a instituição atende a crianças e adolescentes com trajetória de vida nas ruas e em situação de risco, promovendo sua reintegração familiar e comunitária por meio de uma pedagogia voltada para o desenvolvimento cognitivo psicológico, intelectual e visão empreendedora. Apoio ao Projeto Minas Olímpica/Saúde na Praça: elaborado pela Secretaria de Estado de Esportes e da Juventude, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde e apoio da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas, estimula a prática esportiva e de lazer, a preservação do meio ambiente e o prazer da convivência. Assegura o acompanhamento e orientação de profissionais em praças públicas. Patrocínio de projetos realizados pela Casa Fiat de Cultura.
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Ações Econômicas
Atividade: corretagem de seguros e risk management do Grupo Fiat no Brasil.
Ações Sociais
Casa Fiat de Cultura: patrocínio de projetos. Asilo Nossa Senhora da Piedade – Lar da Vovó: apoio às atividades.
Ações Ambientais
Consumo consciente de água, energia, copos descartáveis e papel, além da coleta seletiva dos resíduos: realização de campanhas internas.
isvor Ações Econômicas
Atividade: universidade corporativa do Grupo Fiat, que atua em um modelo sustentável de soluções eficientes e eficazes, baseado no Design Thinking, com consultoria e treinamentos nas formas presencial e virtual, com foco em cinco áreas de conhecimento: desenvolvimento humano e organizacional; sistema integrado de gestão; tecnologia automotiva; comercial (marketing, vendas, pós-vendas, padrões de atendimento) e e-learning.
Ações Sociais
Sustentabilidade do conhecimento: desenvolve soluções educacionais e de consultoria, visando a resultados que sejam positivos para a empresa e para o indivíduo. O desafio do Isvor é que o conhecimento gerado seja instalado na empresa e que o indivíduo seja capaz, autonomamente, de atuar em novos desafios utilizando esse aprendizado. Árvore da Vida: parceiro do programa no processo de desenvolvimento dos cursos e no treinamento dos jovens, capacitando-os para trabalharem nas concessionárias Fiat. Gestão da Diversidade: o Isvor reconhece o valor da diversidade em seu modelo de gestão pautado no respeito às diferenças. Criar pontes entre os diversos mundos é uma grande oportunidade para vivermos as capacidades humanas em toda sua dimensão, sem barreiras.
Ações Ambientais
Capacitação do World Class Manufacturing (WCM): orientação na implantação dos processos do programa, que tem como foco a sustentabilidade ambiental e econômica. Carro elétrico: responsável pelas atividades de montagem e desenvolvimento do veículo elétrico.
fundação fiat
Ações Econômicas
Ações Sociais
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Ações Sociais
fundação fiat
raio x da sustentabilidade
fides – corretagem de seguros
Ações Ambientais
Eventos: promovidos com forte atenção à sustentabilidade e ao compromisso com os recursos financeiros por meio da utilização de materiais possíveis de serem reaproveitados e também da destinação das sobras para projetos sociais. Em alguns eventos, são abordados temas relacionados à preservação do meio ambiente (exemplos: Colônia de Férias 2009, Maratona Cultural 2010 etc.). Destinação adequada de resíduos: além de realizar devidamente a coleta seletiva em todas as suas unidades, a Fundação Fiat também divulga e pratica a coleta seletiva em todos os eventos realizados. Doação de lonas utilizadas em eventos para o programa Árvore da Vida: reaproveitamento das lonas para criação de acessórios e peças artesanais.
CASA FIAT DE CULTURA
Ações Econômicas
Atividade: responsabilidade social interna para empregados e familiares das empresas do Grupo Fiat, tendo como principal oferta de produtos e serviços: plano de saúde (assistência médica, hospitalar, odontológica e farmacêutica via rede própria e rede credenciada), entretenimento (eventos e clube corporativo) e desenvolvimento social (educação, cultura, esporte, assistência social e previdenciária e convivência). Programas de Promoção da Saúde: • Respirar: prevenção de doenças respiratórias para o público infantil. • Imunização: vacinas para público adulto e crianças. • Vida Nova: acompanhamento médico e educativo para casais e gestantes.
• Nutrição e Saúde: combate à obesidade e reeducação alimentar. • Prosa: grupo de discussão com temas como sexualidade e drogas, voltados para a saúde dos adolescentes. • Programa de Planejamento Familiar: controle de natalidade e orientações sobre o uso de métodos contraceptivos. Incentivo à Educação: • Maratona Cultural: valorização e incentivo aos estudos, com envolvimento direto dos pais. • Kit Escolar: material escolar. • Portas Abertas: ciclo de palestras educativas sobre diversos temas relacionados à família. Promoção da Cultura: teatro, cinema, dança, mágica e variada oferta de shows musicais por meio dos eventos e programação no Fiat Clube. Estímulo ao Esporte: competições desportivas de diversas modalidades, como futebol, peteca, natação e kart e um clube corporativo (Fiat Clube), que dispõe de uma ampla estrutura para a prática esportiva (piscinas, quadras poliesportivas, campos de futebol, pista de atletismo, ginásio etc.). Assistência Social: importante suporte de uma equipe de assistentes sociais, que é extensivo aos familiares. Assistência Jurídica: advogados à disposição gratuitamente, em parceria com a Puc Minas. Assistência Previdenciária: orienta e auxilia os empregados do Grupo Fiat com relação aos benefícios oferecidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Ações Sociais
Atividade: realização de projetos culturais e educativos, com programação nas áreas de artes plásticas, música, cinema, educação, seminários e palestras, além de edição de publicações. Em quatro anos de atuação, apresentou 1,3 mil obras de arte entre pinturas, esculturas, gravuras, objetos e fotografias. Público: mais de 250 mil visitantes, sendo 72 mil estudantes e grupos atendidos no programa educativo com a participação de 1,8 mil escolas e instituições. A cada exposição, são envolvidos cerca de 200 profissionais, estimulando a geração de trabalho e renda no mercado cultural. Ampliação do acesso à cultura: gratuidade da programação, com serviço de transporte gratuito para escolas e visitantes. Acessibilidade universal: infraestrutura e equipamentos necessários para as visitas de públicos especiais. Programa educativo para escolas e visitantes: inclui material didático, palestras, oficinas, programação de cinema, visitas orientadas, além de assessoria ao professor.
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casa fiat de cultura
raio x da sustentabilidade
Ações Sociais
Caderno de Acessibilidade – reflexões e experiências em exposições e museus: lançamento em parceria com a Expomus e com o patrocínio da Fiat Automóveis.
Ações Ambientais
Reciclagem e apoio a projetos sociais: doação do material utilizado na cenografia das mostras, como madeira, tecidos, acrílicos, placas de sinalização, banners e outros, para instituições públicas e do terceiro setor.
Ações Premiadas
Prêmio Minas Desempenho 2008 da Revista Mercado Comum: categoria Excelência Institucional de Minas – Iniciativas Culturais de Destaque. Prêmio Amide 2009: homenagem especial recebida da Associação Mineira de Decoradores pela notória contribuição cultural e artística a Minas Gerais e ao país. Ano da França no Brasil 2009: homenagem especial recebida do Governo de Minas Gerais e do Comissariado Franco-Brasileiro pela realização das exposições “O Mundo Mágico de Marc Chagall – o Sonho e a Vida” e “Rodin, do Ateliê ao Museu – Fotografias e Esculturas”.
fundação torino Ações Econômicas
Atividade: Escola Internacional, da educação infantil ao ensino médio, reconhecida pelos governos brasileiro e italiano. Adota o padrão europeu de ensino, alfabetização bilíngue e formação global, com ensino de inglês a partir da educação infantil, espanhol no ensino médio e opção de latim. Também agrega o Centro de Língua e Cultura Italiana, que oferece cursos do idioma, culinária italiana, arte, entre outros, que possibilitam a difusão da cultura italiana.
Ações Sociais
Projeto Atentado Poético: realizado desde 2003, o projeto visa ao incentivo à leitura. A cada ano, um formato diferente é proposto para tratar do tema, como o Atentado Ecopoético, que focou a valorização ambiental; a inspiração no Bookcrossing, que estimulou a distribuição de livros em pontos estratégicos da cidade; entre outros. Projeto Via Turismo: após levantamento das potencialidades turísticas do local, alunos do Instituto Técnico de Turismo elaboram um guia eletrônico e impresso da região estudada, valorizando suas atividades culturais e econômicas. Projeto Via Empresa: desenvolvido desde 1998, tem como objetivo proporcionar a prática aos alunos do Instituto Técnico Comercial, que visitam empresas e estudam seu funcionamento, rotina e procedimentos. Em 2009, os alunos estiveram na cidade de Itajubá (MG). Doação a creches e asilos: duas vezes por ano, alunos se envolvem em campanhas de arrecadação de alimentos, agasalhos e brinquedos, doados a entidades filantrópicas. As crianças da Scuola Materna recebem alunos de uma creche para o lanche coletivo.
Ações Ambientais
Projeto Econscienza: alunos do ensino médio promovem palestras, elaboram materiais de divulgação e sacolas recicláveis como forma de disseminar ideias e ações ecologicamente corretas. Um dos grandes destaques do projeto, em 2008, foi a implementação da coleta seletiva de papel e metal. Em 2009, o projeto foi ampliado com a coleta de pilha e óleo de cozinha. Hoje, a escola já possui ventiladores eólicos em algumas salas e placas de energia solar. Adoção da Praça da Criança Ney Werneck: localizada no bairro Belvedere, recebe cuidados e limpeza semanal da Fundação Torino.
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Sustentabilidade – Conceitos Fundamentais AMBIENTALMENTE AMIGÁVEL (Ecofriendly) O termo aplica-se às atitudes ecologicamente corretas tomadas por empresas, instituições ou pessoas. Atesta a concordância com o que há de mais sustentável naquele segmento.
BIODIESEL Combustível alternativo produzido a partir de vários tipos de matérias-primas, como soja, canola, girassol, pinhão-manso, mamona, dendê e gordura animal. Pode ser utilizado em seu estado puro ou misturado ao óleo diesel.
AQUECIMENTO GLOBAL Termo utilizado para a elevação da temperatura do planeta. Especialistas afirmam que, nos últimos anos, o aquecimento tem sido causado principalmente pela alta concentração de poluentes na atmosfera. De acordo com o IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), o aumento da temperatura pode interferir nas diferenças entre as estações do ano, prejudicando a atividade agropecuária devido ao excesso de calor e à irregular distribuição das chuvas.
BIODIVERSIDADE Conjunto de todas as espécies de seres vivos do planeta. É a célula mãe do desenvolvimento sustentável, pois afeta a qualidade da vida humana.
Avaliação DO CICLO DE VIDA (ACV) Método científico que faz o inventário dos fluxos de matéria e energia que entram e saem nos processos de transformação e avalia os impactos potenciais de um produto ou serviço sobre o meio ambiente, durante todo o seu ciclo de vida. BIODEGRADÁVEL Material que pode ser decomposto por agentes biológicos. Plásticos, como o PET, podem levar mais de 200 anos para desaparecer. A estimativa de decomposição da folha de papel é de três a seis meses. O vidro demora mais de quatro mil anos para ser eliminado. Já a latinha de alumínio, muito utilizada para armazenar bebidas, não é biodegradável.
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BIOGÁS Gás combustível constituído principalmente de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), produzido a partir de biomassa e/ou da fração biodegradável de resíduos, que pode ser purificado até a qualidade do gás natural, para utilização como biocombustível ou gás de madeira. BIOMASSA Matéria de origem orgânica (vegetal, animal e micro-organismos) usada como combustível. A utilização como combustível pode ser feita a partir de sua forma bruta, como madeira na forma de briquetes, carvão e licor negro. Ao contrário das fontes fósseis de energia, como petróleo e carvão mineral, a biomassa é renovável em curto intervalo de tempo. CADEIA DE VALOR Conceito criado pelo professor norte-americano Michael Porter, para identificar as atividades dentro de uma empresa que agregam valor aos produtos e/ou serviços e que, como consequência, geram recursos, podendo ser fontes de diferenciação competitiva. O
conceito também se aplica ao conjunto de empresas de uma mesma cadeia de abastecimento. “(…) De nada adiantam esforços no sentido de inovar processos que nada podem acrescentar à competitividade da organização, à melhoria no relacionamento com os clientes/usuários, à entrada de novos nichos de mercado etc.” – Michael Porter
das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
CONSUMO CONSCIENTE É consumir de forma consciente, buscando o equilíbrio entre a satisfação pessoal e a sustentabilidade, maximizando as consequências positivas desse ato não só para si mesmo, mas também para as relações sociais, a economia e a natureza. O consumidor consciente busca disseminar o conceito e a prática do consumo consciente, fazendo com que pequenos gestos realizados por um número muito grande de pessoas promovam grandes transformações.
DIÓXIDO DE CARBONO (CO2) É um dos Gases de Efeito Estufa (GEE), incolor e inodoro, produzido pela respiração, fermentação e combustão. É um dos compostos essenciais para a realização da fotossíntese. A produção de CO2 é um processo natural e fundamental para a vida.
CRÉDITO DE CARBONO A Organização das Nações Unidas (ONU) convencionou que uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivale a um crédito de carbono, com valor monetário determinado pelo mercado. Os créditos de carbono são oficialmente chamados de Redução Certificada de Emissões (RCE). Para cumprir as regras referentes às emissões de carbono determinadas no Protocolo de Quioto, uma empresa deve comprar créditos de carbono de outras companhias localizadas em países em desenvolvimento, visando à compensação. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades
DOW JONES SUSTAINABILITY INDEX WORLD Criado em 1999 pela Bolsa de Valores de Nova Iorque, é o primeiro índice global para avaliar o desempenho financeiro das principais empresas do mundo que atuam com práticas de governança corporativa e de responsabilidade socioambiental orientadas pela sustentabilidade. ECOEFICIÊNCIA É alcançada mediante o fornecimento de bens e serviços, a preços competitivos, que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida ao mesmo tempo em que se reduz progressivamente o impacto ambiental e o consumo de recursos, ao longo do ciclo de vida, a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada da Terra. ECOLOGIA URBANA Campo da Ecologia que estuda o ambiente e sistemas naturais dentro das áreas urbanas,
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de maneira a avaliar as interações entre plantas, animais e seres humanos, tratando as cidades como parte de um ecossistema vivo.
ao movimentar turbinas) e biomassa (que tem como fonte resíduos da agricultura e das florestas e tudo que é biodegradável).
ECOSSISTEMA Complexo dinâmico de plantas, animais, micro-organismos e características físicas ambientais que interagem umas com as outras.
GASES DE EFEITO ESTUFA (GEE) Gases listados no Protocolo de Quioto, responsáveis pelo efeito estufa. São eles: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), gases do grupo hidrofluorcarbonos (HFC), gases do grupo perfluorocarbos (PFC) e o hexafluoreto de enxofre (SF6).
EDUCAÇÃO AMBIENTAL No capítulo 36 da Agenda 21, é definida como processo que busca “desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio e com os problemas que lhes são associados. Uma população que tenha conhecimento, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos”. EFEITO ESTUFA Fenômeno decorrente do acúmulo de gases na atmosfera, que provocam a retenção de calor e o aumento de temperatura na Terra. Sem o efeito estufa, a temperatura média do planeta seria 33° C mais baixa. O aumento dos GEE na atmosfera tem potencializado esse fenômeno natural, provocando o aumento da temperatura global (aquecimento global). ENERGIA NÃO RENOVÁVEL Fontes de energia que se encontram na natureza em quantidades limitadas. Exemplos: carvão mineral, petróleo bruto, gás natural e urânio (matéria-prima necessária para obter a energia resultante dos processos de fissão ou fusão nuclear). ENERGIA RENOVÁVEL Fontes de energia que não se esgotam na natureza. Exemplos: energia solar, energia eólica (do vento), energia hídrica (da água
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GLOBAL REPORTING INITIATIVE (GRI) Organização não governamental internacional, com sede em Amsterdã, na Holanda, cuja missão é desenvolver e disseminar globalmente diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizados voluntariamente por empresas do mundo todo. GOVERNANÇA CORPORATIVA Expressão utilizada para designar assuntos relativos ao poder de controle e direção de uma empresa. A governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo o relacionamento entre acionistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa visam ao aumento do valor da sociedade, acesso facilitado ao capital e contribuição para a sua perenidade. IMPACTO AMBIENTAL Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que, direta ou indiretamente, afetem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.
LAVAGEM VERDE (Greenwashing) Ato de enganar os consumidores sobre as práticas ambientais de uma empresa ou os benefícios ambientais de um produto ou serviço. O termo greenwashing, da língua inglesa, surgiu na década de 1990, da junção de duas palavras: green (verde) e wash (lavar), em referência à prática de whitewash, nome dado a um tipo de tinta branca barata (tipo a pintura a cal, no Brasil), usada para pintar fachadas de casas com o objetivo de disfarçar a sujeira. METANO (CH4) Um dos Gases de Efeito Estufa (GEE), gerado pela decomposição de resíduos orgânicos, digestão animal, extração de combustível mineral, dentre outros processos. MONÓXIDO DE CARBONO (CO) Gás incolor e inodoro que resulta da queima incompleta de combustíveis. Os efeitos da exposição de seres humanos ao monóxido de carbono estão associados à capacidade de transporte de oxigênio no sangue. O monóxido de carbono compete com o oxigênio na combinação com a hemoglobina no sangue, uma vez que sua afinidade com esse gás poluente é 210 vezes maior do que com o oxigênio. MUDANÇAS CLIMÁTICAS Alterações no sistema climático geradas pelo aquecimento global, provocado pela emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) em atividades de responsabilidade dos seres humanos. O aumento da temperatura média do planeta acarreta mudanças na intensidade e frequência de chuvas, evaporação, temperatura dos oceanos, entre outros fenômenos. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO (ODM) Compromisso aprovado por 191 países, no
ano de 2000, que prevê um conjunto de oito objetivos para melhorar a qualidade de vida, saúde, educação e meio ambiente do planeta. POLUIÇÃO É qualquer interferência danosa nos processos de transmissão de energia em um ecossistema. Pode ser também definida como um conjunto de fatores limitantes de interesse especial para o homem, constituídos de substâncias nocivas (poluentes) que, uma vez introduzidas no ambiente, podem ser efetiva ou potencialmente prejudiciais às plantas e aos animais, inclusive ao homem ou ao uso que ele faz de seu habitat. PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L) Aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada a processos, produtos e serviços, para aumentar a eficiência global e reduzir riscos para a saúde humana e o meio ambiente. Pode ser aplicada a processos usados em qualquer indústria, a produtos e a vários serviços providos à sociedade. PROTOCOLO DE QUIOTO Negociado em 1997 e ratificado dois anos depois, no âmbito da Convenção sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), é um acordo pelo qual os países signatários se comprometem a reduzir, até 2012, os níveis de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) em 5,2%, tendo como base o ano de 1990. RELATÓRIO BRUNDTLAND Documento intitulado Nosso Futuro Comum, publicado em 1987, no qual desenvolvimento sustentável é concebido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. O relatório foi
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A ideia é simples: diminuir o impacto dos automóveis sobre o planeta por meio da tecnologia. Esse tem sido o nosso desafio. elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU), então presidida por Gro Harlem Brundtland. RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA (RSE) Forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. STAKEHOLDER São as partes interessadas, ou seja, qualquer indivíduo ou grupo que possa afetar o negócio, por meio de suas opiniões ou ações, ou ser por ele afetado. Entre os stakeholders estão o público interno, fornecedores, consumidores, comunidade, governo, acionistas etc.. SUSTENTABILIDADE Quando se fala em sustentabilidade, sempre surgem muitos conceitos e definições, e é normal que seja assim, já que se trata de um assunto abrangente. Em síntese, sustentabilidade é harmonizar os interesses econômicos, sociais e ambientais na gestão de uma empresa. Sua prática está cada vez mais presente no universo corporativo e tem repercussão na reputação das companhias, desempenho dos negó-
cios, valor das ações, forma da marca, custo do dinheiro que toma no mercado, simpatia ou antipatia de consumidores e sociedade. Outras definições de sustentabilidade são: • “ Aquela sociedade capaz de satisfazer suas necessidades sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras” – Lester Brown, fundador do Earth Policy Institute, que utilizou pela primeira vez o termo sustentabilidade com o sentido que a palavra tem hoje. • “É o equilíbrio dos resultados econômico-financeiros, com resultados ambientais e sociais” – John Elkington, fundador da SustainAbility. TECNOLOGIA LIMPA Desenvolvimento de técnicas e alternativas viáveis de minimização do impacto ambiental. Definem-se como tecnologias limpas aquelas que reúnem as seguintes características: utilizam compostos não agressivos e de baixo custo, exigem menor consumo de reagentes, produzem pouco ou nenhum resíduo e permitem controle mais simples e eficiente de sua eliminação. TRIPLE BOTTOM LINE São os três pilares da sustentabilidade. O inglês John Elkington criou, em 1994, o conceito de Triple Bottom Line, que considera que a sustentabilidade, na perspectiva empresarial, deve estar baseada de forma equilibrada em três dimensões: econômica, humana e ambiental.
Fontes: w ww.ecodesenvolvimento.org.br; www.wwf.org.br; www.iflorestal.sp.gov.br; www.cebds.org.br; www.mitsloan.mit.edu; www.ibgc.org.br; www.globalreporting.org; www.mma.gov.br; www.stopgreenwash.org; www.objetivosdomilenio.org.br; www.pactoglobal.org.br; www.ethos.org.br; United Nations Environmental Programme; Ronaldo Ávila (Fiat Automóveis)
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O desafio diário da Magneti Marelli é desenvolver sistemas e soluções inteligentes que contribuam com a evolução da mobilidade, de acordo com critérios da sustentabilidade, segurança e qualidade de vida a bordo dos veículos. Nos últimos anos, nosso compromisso no campo das tecnologias eco-friendly cresceu significativamente. Focamos nossos esforços nas áreas de powertrain, transmissões e sistemas de exaustão para reduzir o consumo de combustível e as emissões, e também no desenvolvimento de instrumentos infotelemáticos e ferramentas de navegação inteligente para enfrentar a complexa questão do gerenciamento de tráfego nas grandes metrópoles. Este é o desafio, este é o caminho.
Faz parte do seu ambiente.