MUDANÇA. Inicio o meu texto com uma confissão, que poderia fazer parte de algum manual de uma qualquer religião. Confesso que as últimas semanas sem poder sair de casa apenas me têm sido difícieis pela ausência de liberdade. Gosto do ninho, mas também gosto de sair,de jantar fora, de tomar um copo – de tinto preferencialmente, de estar com amigos e apesar de sentir falta de tudo isso, o que me tem feito mais falta é a liberdade. Aliás, a LIBERDADE, toda ela em maiúsculas como a estava habituada a viver. Dou comigo a pensar em mudança, adaptação, novidade, curiosidade, medo ... um misto de emoções e sentimentos que me varrem os dias enquanto me tento concentrar no trabalho. Ainda assim, nada que seja novidade. Cerca de um mês antes desta obrigação de permanencia na habitação – segundo a terminologia apropriada - estive
perante uma audiência onde fui falar sobre alguns destes temas que agora dançam na minha mente, e mal podia eu adivinhar o que se passaria a seguir... É estranho, no mínimo. Comecei a apresentação com a frase “I’m scared to death of crossing bridges” – o que é um pouco verdade. Perante uma ponte suspensa não sei onde iria arranjar coragam para a atravessar. Teria de a ir buscar ao meu âmago, até porque sei que ela lá está. A ponte não é mais que uma metáfora para o que tem sido o meu atravessar de diversos abismos. Sem rede de protecção. Depois de uma licenciatura terminada, vi-me obrigada a mudar o rumo do meu sonho de menina – o de ser professora. Havia excesso de professores, na altura. Imagine-se...como as coisas mudam. Foi-me tirado um emprego – onde já “só” faltava assinar o contrato, porque apareceu alguém que vinha