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As leis naturais da mudança Carlos Monteiro

CARLOS MONTEIRO

Nascido em Beja, Carlos Monteiro, licenciou-se em Engenharia do Ambiente, fez mestrado em Engenharia Sanitária e desde o ano de 2010 que se dedica também à “Engenharia de pessoas e de equipas”. Empresário, Sócio – Gerente do BLIVE Health & Fitness e do BLIVE Pilates STUDIO, Mentor da área Mental Health – BINYOU, Formador e Coach Profissional nas áreas da liderança, comunicação e comportamento humano. Procura diariamente viver de acordo com o lema de vida “Seja a mudança que quer ver no mundo.”

As leis naturais da mudança

Nesta “nova era”, a mudança comportamental parece ser fascinante, plena de luz e se possível algo que se possa partilhar com as centenas de “amigos” que nas redes sociais se conectam connosco.

Se mudar fosse fácil, e existissem de facto receitas repletas de “ciência” com passos e etapas que não podemos deixar de cumprir, estávamos numa sociedade mais empática, próspera, com um forte cariz colaborativo, vivendo alinhada com valores universais.

No entanto, assistimos diariamente a um esforço desmesurado que apela a mudanças rápidas, na perspetiva de levar-nos a acreditar que somos os únicos responsáveis pela nossa qualidade de vida e pelo sucesso que alcançamos, não raras vezes mensurado através da acumulação de coisas que obtemos através do que fazemos.

Sobre este assunto, sugiro a leitura do livro “A Sociedade do Cansaço” do Autor germano-coreano Byung-Chul Han, o qual nos remete para uma reflexão interessante sobre a condição humana num mundo ocidental repleto de estímulos e de vida em “alta performance”.

A viragem para um novo ano, é sempre uma boa altura para renovarmos energias, colocarmos novas intenções nos projetos que queremos alavancar e no caminho de crescimento que pretendemos percorrer nos meses que teremos pela frente.

Ora sabendo nós que a motivação humana é um processo emocional, acreditar à partida que esta energia que se renova no dia 1 de janeiro de cada ano vai ser o combustível suficiente para responder aos desafios e às solicitações que iremos enfrentar ao longo dos próximos tempos é no mínimo ingénuo. Não irá chegar!

Nesta minha estreia na “Justiça com A”, quero partilhar 2 leis (naturais) da mudança comportamental que me têm ajudado a operar mudanças e que podem ser utilizadas em diferentes contextos de vida.

A primeira lei refere-se ao que os físicos designam por “ação, reação e resultante”. Se mobilizarmos este processo para a nossa mudança comportamental, entendemos que quando pretendemos operar uma mudança na nossa vida, seja resolver um problema, perder peso, melhorar um relacionamento ou mesmo iniciar um novo hábito, há uma força que resiste a esta mudança e procura retirarlhe força para que possamos prosseguir

“QUERO PARTILHAR 2 LEIS (NATURAIS) DA MUDANÇA COMPORTAMENTAL QUE ME TÊM AJUDADO A OPERAR MUDANÇAS”

em frente de forma congruente e consistente. Em termos práticos, este comportamento reflete a forma automática como estamos habituados a lidar com o comportamento a mudar. O resultado é que em pouco tempo, os “velhos comportamentos” que por breves instantes foram agitados, tendem a cristalizar-se de novo. Conhece este processo?

Ao encontrarmos uma terceira força e a mobilizarmos para este sistema, esta pode ser capaz de integrar e harmonizar as forças de “ação” e “reação”. Esta componente pode funcionar como a “cola” que unifica e transforma esta aparente divisão – aquilo que ouvimos repetidamente e a que chamamos de “propósito”! É uma força capaz de criar algo novo.

Se esta primeira lei nos permite iniciar novos caminhos rumo à mudança que pretendemos implementar em diferentes áreas da nossa vida, a segunda lei lembra-nos que estes processos precisam de ser alimentados ao longo do tempo. O que significa que a energia que originou inicialmente a mudança vai encontrando novas formas ao longo do caminho, transformando necessariamente o propósito inicial. Esta “lei de ordem”, remete-nos para que possamos ao longo processo de transformação seguir de forma comprometida e consistente, rompendo com os automatismos que pretendemos alterar, encontrando assim em cada etapa novos propósitos de transformação. Na prática, esta lei quer lembrar-nos que o motivo que nos fez começar um novo hábito, vai-se alterando ao longo do tempo, tornando-se mais claro e mais alinhado com aquilo que queremos ser. E o que tipicamente a nossa condição humana nos faz como entramos no ciclo de transformação? Deixamos gradualmente os velhos hábitos ganharem terreno, não encontrando novas motivações para seguir determinados rumo à mudança desejada.

Como o nosso percurso de vida tem uma perspetiva finalista, que nos coloca (sempre) em ação para um caminho natural de transformação, é bom lembrar que “ninguém se banha duas vezes no mesmo rio”. Por isso, a cada “banho”, fica o convite para que o possamos fazer em maior consciência, abertura e aprendizagem.

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