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Pesquisa Acadêmica

MONITORAMENTO APONTA NOVAS ESTRATÉGIAS PARA OS PERÍODOS COM EXCEDENTE DE PESCADO E DE ENTRESSAFRA

Coordenação geral: Ronaldo Borges Barthem (Museu Paraense Emilio Goeldi – MPEG). Coordenação executiva: Luciano Fogaça de Assis Montag (Universidade Federal do Pará – UFPA). Gestão dos recursos e gerenciamento: Cláudia Cristina Lima Marçal (Reserva Extrativista Maracanã/ICMBio).

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A pesca artesanal é a principal fonte de renda e alimento na Reserva Extrativista Maracanã, 35% dos beneficiários praticam a técnica de curral. “Apesar da importância dessa arte de pesca havia uma lacuna de conhecimento acerca da identificação e quantidade de espécies capturadas, além do período de funcionamento dos currais na região. A prática foi construída após a indagação aos comunitários da reserva sobre o quanto era pescado. Em resposta informaram saber apenas individualmente sobre a ictiofauna capturada. Dessa forma, foi considerado pertinente efetuar o monitoramento da pesca de curral no estuário da Baía de Maracanã, na Reserva Extrativista Maracanã, a fim de gerar subsídios para o ordenamento na região”, afirma Cláudia Cristina Lima Marçal, analista ambiental na unidade. PERFIL

A Reserva Extrativista Maracanã protege 30 mil hectares de baía, dunas, praias e manguezal no município de mesmo nome da unidade, no Pará.

OBJETIVOS

Aprofundar o conhecimento da exploração da pesca praticada pela população tradicional da Reserva Extrativista Maracanã, em diferentes épocas do ano, como forma de contribuir no desenvolvimento sustentável da região.

Foto: Claudia Cristina Lima Marçal

RESULTADOS

ࡿ Os dados obtidos permitiram aprimorar instrumentos, como Acordo de Gestão, Perfil dos Beneficiários e serão utilizados como subsídios no Plano de Manejo. ࡿ A identificação do período de excedente de pescado possibilitará à gestão da unidade promover, junto com parceiros, como a Secretaria de Pesca do Estado do Pará, a venda do produto em feiras, beneficiando a comunidade da reserva. ࡿ Com o reconhecimento do período de entressafra, em comunidade onde a pesca é a principal atividade econômica e a base da alimentação, podem ser propostas fontes alternativas durante o período ou até mesmo o beneficiamento do pescado para consumo no período de escassez. ࡿ Formação do Grupo de Trabalho de Currais focado no ordenamento da pesca de arte fixa e na proteção de um direito exclusivo dos beneficiários da reserva.

METODOLOGIA

A equipe gestora da unidade iniciou a prática com cronograma de coleta de dados, onde constatou o melhor período para a pesca com arte fixa, denominado maré de sizígia, caracterizada pelos períodos de lua nova e cheia.

O monitoramento dos currais pré-selecionados incluiu preenchimento de fichas padronizadas de desembarque pesqueiro, durante seis dias/mês no período de um ano, nas estações seca e chuvosa. O comunitário Ivanildo Monteiro, após receber capacitação, ficou responsável por coletar os dados dos 29 currais. Alunos de pós-graduação do Museu Paraense Emílio Goeldi auxiliaram na coleta e identificação de espécies que estão guardadas no acervo ictiológico da instituição. Os peixes foram identificados, mensurados e devolvidos aos comunitários para consumo/venda. O trabalho foi supervisionado pela analista ambiental da reserva.

INSPIRE-SE!

ࡿ Estimule pesquisas acadêmicas entre os servidores e nos centros de ensino e pesquisa da região sobre as demandas da Unidade de Conservação. Desenvolver uma lista dos principais temas torna a compreensão desse cenário mais concreta para os coordenadores da graduação e da pós-graduação. ࡿ Favoreça a participação dos comunitários nas pesquisas da unidade. Novas práticas, técnicas, ferramentas de monitoramento podem contribuir no dia a dia da comunidade e fornecer dados à gestão, mesmo após o estudo.

ࡿ Dados favorecem tanto monitoramento e gestão nas unidades quanto a busca por soluções muitas vezes encontradas do lado de fora das áreas protegidas, em trabalho conjunto com outras esferas de governo. Pesquisas mostram panoramas, quantificam atividades extrativistas, revelam agravantes às espécies ameaçadas de extinção e apontam novos caminhos.

Durante o estudo, de julho de 2015 a junho de 2016, os currais capturaram 153 mil exemplares, representando 34,79 toneladas, distribuídas em 11 ordens, 15 famílias, 52 gêneros e 64 espécies. Do total, 17 espécies foram descartadas e 5% estão ameaçadas, como o Mero (Epinephelus itajara). A necessidade do manejo da pesca de curral na área em questão estava confirmada. O Grupo de Trabalho de Currais, formado por moradores das comunidades, verificou a época de construção dos currais, tornando possível o cadastramento dos usuários, a fim de garantir o uso dos recursos pesqueiros, no território da unidade, pelos beneficiários.

As práticas realizadas no estudo fortaleceram o contato entre a equipe gestora da unidade e comunitários da reserva, principalmente com a comunidade da Vila do Penha, por meio da presença institucional do ICMBio na região.

A parceria com o Laboratório de Ecologia da Universidade Federal do Pará (Labeco/UFPA) possibilitou a coleta de espécies da ictiofauna, incluindo o fornecimento dos materiais necessários e a participação dos estudantes de pós-graduação que auxiliaram na coleta e na identificação taxonômica dos indivíduos capturados. O auxílio dos professores do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Alberto Akama e Alexandre Marceniuk, também foi destaque na identificação e confirmação das espécies capturadas. A prática foi custeada com recursos da analista ambiental que alinhou o desenvolvimento de um trabalho de utilidade prática aos beneficiários da Reserva Extrativista Maracanã com a obtenção dos dados necessários à tese de mestrado.

Foto: Claudia Cristina Lima Marçal

PERÍODO

Julho de 2015 a junho de 2016.

PARCEIROS DO PROJETO

Universidade Federal do Pará (UFPA); Comunidade do Polo Penha da Reserva Extrativista Maracanã.

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