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Ordenamento Participativo
PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS E CNPT APLICAM PLANO DE AÇÃO E AUMENTAM SEGURANÇA DE BOTOS E TURISTAS
Coordenação geral: Marcelo Derzi Vidal (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais - CNPT/ICMBio). Coordenação executiva: Priscila Maria da Costa Santos (Parque Nacional de Anavilhanas/ICMBio).
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O turismo interativo com botos vermelhos (Inia geoffrensis), baseado na oferta de alimentos, está entre os principais atrativos do Parque Nacional de Anavilhanas. No entanto, a falta de monitoramento da atividade colocava em risco o bem-estar dos botos e a segurança dos turistas. “As interações entre botos e turistas eram realizadas sem controle. A falta de normas levava a um excesso de pessoas em interação com os botos, provocando um estresse desnecessário aos animais. Os turistas tinham permissão para nadar com os botos, o que frequentemente ocasionava comportamentos inadequados, como subir nos animais e segurar as nadadeiras. Outra situação preocupante era o oferecimento de alimentos que não faziam parte da dieta natural dos botos, como salgadinhos, cerveja, salsichas e pães”, destaca Marcelo Vidal, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais/ICMBio. Dessa forma, implementar melhorias para a manutenção dessa prática de uso público na Unidade de Conservação era uma necessidade. INSPIRAÇÃO
Cursos para instrutores do ICMBio e para facilitação de PANs.
PERFIL
Com cerca de 350 mil hectares, o Parque Nacional de Anavilhanas abrange parte dos municípios de Manaus e Novo Airão, no Estado do Amazonas. A unidade preserva o arquipélago fluvial de Anavilhanas, diversas formações florestais e fauna terrestre e aquática.
OBJETIVOS
Implementar programa-piloto de ordenamento participativo do turismo interativo com botos no Parque Nacional de Anavilhanas.
Foto: Marcelo Vidal
Foto: Marcelo Vidal
RESULTADOS
ࡿ Proposta de ordenamento do turismo com botos para a Amazônia elaborada e encaminhada à Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio, em Brasília. ࡿ Plano de Ação para Ordenamento do Turismo com Botos no Parque Nacional de Anavilhanas colocado em prática garantiu o bem-estar dos botos e a segurança dos turistas. O documento auxilia o gestor da Unidade de Conservação na tomada de decisão.
ࡿ Mais de 100 profissionais do segmento do turismo, entre órgãos públicos e iniciativa privada, participaram de capacitações nas áreas de ecologia amazônica, biologia, conservação de cetáceos e turismo sustentável. A medida visa contribuir com a conservação dos animais e aperfeiçoar os serviços oferecidos aos turistas. ࡿ Mais de 30 matérias sobre o tema veiculadas em jornais impressos e na mídia televisiva nas esferas estadual e nacional.
METODOLOGIA
As estratégias utilizadas no processo de ordenamento do turismo interativo com botos foram realizadas em três etapas e consideraram ferramentas de diagnóstico, de planejamento e de gestão participativa. A primeira etapa foi a criação, em março de 2010, do Grupo de Trabalho sobre Ordenamento do Turismo com Botos (GT Botos), instituído no Conselho Consultivo da Unidade de Conservação. O grupo envolveu pesquisadores, representantes de instituições governamentais (técnicos das Secretarias de Meio Ambiente, Turismo, Educação), a iniciativa privada (proprietários de hotéis, restaurantes e de agências de turismo) e a sociedade civil organizada (membros da colônia de pescadores e das associações de operadores e condutores de turismo). Sob a liderança do ICMBio, o GT Botos realizou ações participativas para formatar programa-piloto de ordenamento do turismo com botos, incluindo os aspectos sociais, econômicos e ambientais. Na segunda etapa, três reuniões e dois seminários buscaram nivelar o conhecimento dos diversos atores integrantes. Após os encontros, os participantes elaboraram um conjunto de normas para o turismo com botos.
A terceira etapa consistiu em desenvolver o Plano de Ação com metas de curto, médio e longo prazo (respectivamente, quatro, oito e doze meses) para o alcance das normas estabelecidas na etapa anterior. O monitoramento e a fiscalização do alcance destas metas ficaram a cargo dos analistas ambientais do ICMBio.
Em paralelo às etapas descritas, Marcelo Vidal, coordenador da prática de gestão vinculado ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais (CNPT/ICMBio), em quatro visitas ao Flutuante dos Botos, coletou mais informações sobre: ࡿ Atendimento ao público: quantidade de funcionários, informações divulgadas aos visitantes.
ࡿ Interações turísticas com os botos: número de visitantes por grupo, conduta em relação aos animais.
ࡿ Impactos negativos de outras atividades realizadas no entorno do empreendimento: descarte de poluentes na água, fluxo de embarcações de pequeno e de grande porte. A proposta de ordenamento do turismo com botos para a Amazônia elaborada pelo Grupo de Trabalho e encaminhada à Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio, em Brasília apresentou três partes distintas, mas complementares, de normas a serem seguidas: estrutura mínima e localização do empreendimento onde as interações com os cetáceos serão realizadas; modo como essa interação acontecerá; critérios relacionados ao turismo embarcado para observação dos botos.
Já o Plano de Ação desenvolvido colocou em prática os seguintes itens: palestra antecede a interação com os botos; número limitado de visitantes no mirante e nas plataformas do Flutuante dos Botos; o visitante entra na água somente em plataforma submersa e com uso obrigatório de colete salva-vidas. A alimentação dos botos é restrita aos funcionários do Flutuante dos Botos, que devem oferecer nas oito sessões diárias, com duração máxima de 30 minutos cada, apenas peixe resfriado no limite de 2 kg por dia/boto. O Flutuante dos Botos também teve a localização alterada e a delimitação de uma área de 20 m ao redor do empreendimento, onde é proibida a circulação de embarcações. A capacitação dos profissionais que atuam no segmento do turismo foi outra frente da iniciativa. Os participantes foram selecionados a partir de critérios de representatividade de gênero, capacidade de aplicação e de multiplicação dos conhecimentos adquiridos e o reconhecimento da atuação como liderança dentro de seu grupo. Ações de marketing social também integraram a estratégia para difundir informações educativas sobre o ordenamento do turismo com os botos e os principais impactos antrópicos à espécie. Mais de 200 exemplares de um cartaz, em português e inglês foram produzidos e distribuídos em hotéis, pousadas, restaurantes, aeroportos e operadoras de turismo. No Flutuante dos Botos, onde acontecem as interações, um banner sintetiza informações sobre a biologia e a anatomia dos botos como forma de qualificar a visitação e estimular atitudes compatíveis com as Unidades de Conservação.
O projeto contou com recursos orçamentários do ICMBio e do Programa Áreas Protegidas da Amazônia.
PERÍODO
Março de 2010 – em andamento.
INSPIRE-SE!
ࡿ Interação entre animais e turistas deve prever regras claras ao visitante. A qualidade da experiência para o público também está relacionada à organização e às informações compartilhadas no local. ࡿ Turistas precisam conhecer as regras quando estão escolhendo os passeios, isso evita desgaste desnecessário aos profissionais envolvidos na atividade. Divulgue as normas no site da unidade, nas redes sociais e distribua material para fixação em lugares-chave como hotéis, pousadas, centro de informações turísticas e aeroportos. ࡿ A capacitação de profissionais-chave do setor relacionados ao projeto valoriza quem trabalha no segmento, estimula o compartilhamento da informação e favorece parcerias.
PARCEIROS DO PROJETO
Conselho Gestor do Parque Nacional de Anavilhanas; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); Instituto de Pesquisa Ecológicas (IPÊ); Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Amazônica (Cepam); Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema/AM); Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur); Secretarias Municipais de Meio Ambiente, Turismo e Educação de Novo Airão; hotéis, pousadas e restaurantes; agências de turismo; associações de operadores e transportadores de turismo; colônia e associação de pescadores; sindicato de trabalhadores rurais.