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Comunicação

DIÁLOGO E INTERAÇÃO SOCIAL APOIAM A IMPLEMENTAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DO JALAPÃO

Coordenação geral: Angélica Beatriz Corrêa Gonçalves (Parque Estadual do Jalapão/Naturantins); Rejane Ferreira Nunes (Área de Proteção Ambiental Jalapão/Naturantins). Coordenação executiva: Maurício José Alexandre de Araújo (Coordenação de Manejo e Proteção Parque Estadual do Jalapão/Naturantins); Cassiana Moreira (Coordenação de Atividades de Educação Ambiental Parque Estadual do Jalapão/Naturantins). Gestão dos recursos e gerenciamento: Emivaldo Campos de Farias e José Santana (Naturantins).

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Novas Unidades de Conservação representam uma conquista da sociedade, geralmente acompanhada de inúmeros desafios. Com o Parque Estadual do Jalapão não foi diferente. “Tínhamos um cenário de uma unidade recém-criada, com pouco ou quase nenhum conhecimento acerca de sua realidade por parte do próprio órgão gestor (que não participou do processo de criação da mesma) e com uma problemática social que envolvia pequenos produtores e extrativistas que sobreviviam da exploração direta dos recursos naturais na região, em especial nas áreas do parque”, lembra Angélica Beatriz Corrêa Gonçalves, inspetora de Recursos Naturais, do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), responsável pela gestão da unidade, no período de 2003 a 2007. O tamanho da equipe inicial era restrito a dois servidores na unidade. “Além disso, havia relatos de muita visitação desordenada aos atrativos turísticos do lugar. Concluímos que seria necessário iniciar um processo de intensa comunicação para compreender a dimensão do que deveríamos planejar com o objetivo de implementar as atividades do parque”, completa Angélica. INSPIRAÇÃO

A experiência de gestão do Parque Estadual do Cantão entre 2000 e 2002 e dos aprendizados no Curso de Administração e Manejo de Unidades de Conservação, do Instituto Estadual de Florestas, de Minas Gerais, em 2001 (mesmo ano de criação do parque).

PERFIL

Localizado na porção leste do Tocantins, na divisa com Maranhão, Piauí e Bahia, o Parque Estadual do Jalapão (com mais de 158 mil hectares) está na área nuclear da macrorregião do Jalapão. É envolvido pela Área de Proteção Ambiental Jalapão (de 467 mil hectares), e próximo a outras Unidades de Conservação, como a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins ao sul, com 716 mil hectares e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba à nordeste, com quase 730 mil hectares.

OBJETIVOS

Compreender a realidade do parque e encontrar o melhor caminho para a implementação com base em cinco metas: conhecimento regional; orientação para o controle de visitação para os proprietários; orientação aos visitantes; orientação junto à comunidade urbana e rural dos municípios no entorno; otimização na administração de recursos.

RESULTADOS

ࡿ Mais do que visibilidade institucional, o grande marco foi a construção do relacionamento com a comunidade urbana e rural, a princípio, dos municípios de Mateiros e São Félix e na sequência dos municípios de Novo Acordo, Lizarda e Ponte Alta do Tocantins. ࡿ A experiência do Parque Estadual do Jalapão influenciou a adoção da Boa Prática, com as devidas adaptações, na Área de Proteção Ambiental Jalapão e no Parque Estadual do Lajeado. ࡿ Elaboração do Plano de Manejo do parque e da área de proteção ambiental com ativa participação das comunidades. Elaboração de norma de controle do manejo e coleta para uso do capim dourado, além da criação e instalação do Conselho Gestor da unidade. ࡿ Apoio ao desenvolvimento de pesquisas autorizadas. Uma com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Pesquisa e Conservação do Cerrado (Pequi) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre o capim dourado e o buriti. Outra com a Birdlife Internacional/Biota, relativa ao inventário de avefauna na área do parque. A terceira é uma iniciativa da Universidade Federal do Tocantins em parceria com a Fundação Boticário sobre os impactos provenientes da visitação turística nos atrativos do parque. ࡿ Instituição da Rede Jalapão de Produtos Artesanais é sinônimo de progresso. Os produtos são comercializados no Centro de Visitantes do Parque Estadual do Jalapão, em pousadas, hotéis e feiras nos municípios de Mateiros, São Félix do Tocantins e Novo Acordo e no comércio da capital do Estado, Palmas. Os produtos também são fornecidos para o programa de merenda escolar dos municípios do entorno. ࡿ A parceria com o Corpo de Bombeiros de Palmas/ TO relativa ao treinamento e apoio à formação dos brigadistas do parque representou o início de uma série de ações no combate ao fogo.

METODOLOGIA

No primeiro ano, os dois técnicos alocados na unidade trabalharam na elaboração do planejamento como caminho capaz de levá-los aos objetivos. A ampliação da equipe, no ano seguinte, foi comemorada, já que o trabalho ficou mais dinâmico e permitiu avanços na implementação das atividades. O planejamento contou com cinco frentes: Por exemplo, para ampliação do Conhecimento Regional, foi essencial visitar proprietários rurais e povoados do entorno do parque, assim como realizar o georreferenciamento dos atrativos turísticos na região. Conversas informais, entrevistas semiestruturadas e a técnica da Travessia, também conhecida como Caminhada Transversal, permitiram obter informações sobre as características locais espaciais. Desenvolver a Orientação para o controle de visitação pelo proprietário presumiu reuniões de trabalho com os proprietários das áreas onde estão os atrativos turísticos com o intuito de planejar ações preventivas. Entre as ferramentas utilizadas destaque para a elaboração do mapa temático. A divulgação da normativa estadual sobre a Orientação aos visitantes auxiliou no ordenamento da visitação nos atrativos da Área de Proteção Ambiental do Jalapão. A diversidade de plataformas escolhidas garantiu a entrega da mensagem, começando pela imprensa regional, veiculação institucional, instalação de placas de identificação nos atrativos turísticos nas duas Unidades de Conservação. Já a Orientação junto à comunidade urbana e rural dos municípios do entorno do parque trouxe como atividades-chave a organização de reuniões anuais com as comunidades dos municípios de Mateiros e São Félix do Tocantins. Em um primeiro momento esse encontro teve como objetivo a apresentação do Plano de Trabalho semestral do parque e da legislação referente às Unidades de Conservação (UCs). Com o tempo e o amadurecimento da equipe essa oportunidade se transformou em um evento estratégico para a elaboração do Plano de Manejo

Foto: Acervo GESTO

do Parque do Jalapão e da Área de Proteção Ambiental Jalapão, além de ter sido palco de discussões produtivas sobre o manejo do fogo. A Otimização na administração de recursos consistiu em buscar celeridade com a Coordenação de Unidades de Conservação diante de encaminhamentos de pedidos de compra de combustível e na manutenção do veículo, por exemplo, garantindo a realização das atividades sem interrupção dos compromissos com a comunidade. A gestão da unidade anualmente discutiu e avaliou o planejamento de ações, tendo em vista compor o Plano Operativo Anual do Parque Estadual do Jalapão. As reuniões foram divididas em três momentos, a primeira interna e preparatória entre os membros da equipe técnica; a segunda externa, com a participação do Conselho Gestor, parceiros e voluntários; e a terceira interna institucional, com a consolidação e compartilhamento do Plano Operativo Anual na sede do Naturatins, com as equipes das demais UCs estaduais.

A estruturação da equipe do parque e o estabelecimento de parcerias para diversas ações da gestão (proteção e fiscalização, projetos de apoio às comunidades extrativistas e pesquisa) contribuíram para os resultados alcançados. Os produtos como farinha de jatobá, doces, óleos (pequi e buriti), castanhas e utilitários ornamentais ganharam logomarca e mercado. As parcerias com o Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN) e a Associação Onça D´água de Apoio à Gestão das UCs do Tocantins também foram decisivas para a implantação da Rede Jalapão. As parcerias com o Corpo de Bombeiros de Palmas/TO garantiu ainda treinamento e apoio à formação da primeira Brigada Civil de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do município de Mateiros, também conhecida como Associação Fogo Apagou. Posteriormente, por meio de parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Parque Estadual do Lajeado foi obtido apoio para implementação da Brigada Civil do município de São Félix do Tocantins. A articulação também permitiu complementar a orientação e o treinamento dos proprietários do entorno do Parque Estadual do Jalapão e elaborar o Calendário Anual de Queima Controlada.

O Naturatins e a ONG Conservation International (CI

do Brasil) também estabeleceram Termo de Cooperação Técnica. A medida resultou na aquisição de provisões para os três postos de fiscalização do Parque Estadual do Jalapão e suporte à telefonia/rede de comunicação da sede e de veículos da unidade.

PERÍODO

Fevereiro de 2003 a junho de 2007.

PARCEIROS DO PROJETO

Fátima Costa e Patrícia Oliveira (Associação Onça D’água, apoio à Gestão das UCs do Tocantins); Adriana Valentim, Luciano Moulin Pelição, Adriano Feltrin (Rede Jalapão de Produtos Artesanais); Cristiano Nogueira (Conservação Internacional do Brasil/CI do Brasil); Rejane Ferreira Nunes (Escola Estadual Estefânio Telles das Chagas); Paulo César (Estação Ecológica Serra Geraldo Tocantins); Corpo de Bombeiros de Palmas/TO; Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN); Prefeituras de Mateiros e São Félix do Tocantins; Brigada Civil de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Município de Mateiros (Associação Fogo Apagou); Conselho Gestor do Parque Estadual do Jalapão; Pesquisa e Conservação do Cerrado (Pequi); Flávia Rodrigues (psicóloga/voluntários).

Foto: Acervo GESTO

INSPIRE-SE!

ࡿ No momento de comunicar os significados e desafios das Unidades de Conservação aos moradores locais, desenvolva um planejamento a respeito e dose as informações. Sobrecarregar na quantidade de dados, nas primeiras reuniões, pode ter o efeito contrário e afastar quem estava interessado. Respeite o tempo deles, às vezes isso significa ir com mais calma e em outros momentos é possível, sim, acelerar. ࡿ Da teoria à prática, na elaboração da meta Conhecimento Regional, os servidores do parque utilizaram, entre outras referências, o livro Participação Comunitária no Manejo de Unidades de Conservação: Manual de Técnicas e Ferramentas, Instituto Terra Brasilis. Belo Horizonte (2002). ࡿ Visitar os atores envolvidos no espaço deles, no sítio, na comunidade, costuma ser mais produtivo. Em especial, quando o motivo é compreender a realidade dos moradores, ao invés de convidá-los à Unidade de Conservação. ࡿ Conversas informais com os moradores das comunidades sempre contam pontos no sentido de aproximá-los da gestão da unidade. Valorize esses momentos e esteja atento às oportunidades.

Foto: Acervo GESTO

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