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SE LIGA AÍ

JORNAL SANTUÁRIO DE APARECIDA • 8 DE ABRIL DE 2012

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COMUNICAÇÃO | TELEFONE MÓVEL FAZ PARTE DO COTIDIANO. RECEITA IDEAL É USAR COM EQUILÍBRIO

Celular e juventude: saiba mais sobre essa relação

O telefone celular não é acessório, tampouco um item raro no bolso dos brasileiros. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o país teve mais de 240 milhões de acessos na telefonia móvel em 2011. Os dados mais recentes indicam que há cerca de 250 milhões de telefones celulares ativos, ou seja, mais aparelhos do que habitantes. Uma boa fatia desses números deve-se à comunicação entre os jovens. Apesar de o aparelho ter sido inventado para atender à demanda dos executivos nos anos 1980, caiu nas graças da geração digital dos anos 2000 e se tornou uma verdadeira coqueluche. Tudo isso fez com que surgissem novos hábitos culturais, potencializados nos últimos anos com a rapidíssima evolução das plataformas móveis, como os smartphones e tablets. Esses avanços foram possíveis graças a uma geração que foi socializada com a presença constante de computadores, games e internet, além dos próprios celulares. O fato é que estamos encravados no limiar entre a sociedade analógica e a digital. “As mídias móveis e as tecnologias digitais popularizam-se,

integram-se à vida cotidiana. É uma realidade social ampla. Nenhum jovem nasce sabendo utilizar essas tecnologias, mas são apresentados a elas desde muito cedo e, assim, tornam-se protagonistas desse cenário”, ressalta o mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), analista de mídias sociais e consultor, João Francisco de Lemos. E o celular serve para muito mais coisas do que fazer ligações: acesso à web, redes sociais, games e aplicativos são algumas das opções. O carro-chefe da grande maioria das interações feitas pelos jovens por meio do aparelho é a comunicação com os amigos e o grupo de afinidades. Como a interação via celular é normal para essa faixa etária, a questão da identidade digital levanta opiniões favoráveis e contrárias ao uso do aparelho pelos jovens. A questão central é se os jovens se dão conta da extensão de sua exposição na vida digital, onde os celulares ocupam um papel central. Opiniões diversas A lista dos “riscos e perigos” da imersão dos jovens no universo digital é ampla, assim como o elenco dos benefícios de estar plenamente integrado com as novas formas de se comunicar.

vida. “O uso da tecnologia não deve ser ignorado, mas sim equilibrado com as circunstâncias e demandas de cada jovem”, acredita João. É claro que a importância de praticar esportes, se exercitar, conhecer a natureza e o mundo fora da tela devem ser incentivados, mas isso não significa que a tecnologia deva ser eliminada. “Não é mais possível estar desconectado, tampouco ter uma visão tradicional e reproduzir medos do passado. O celular com internet abre mais portas ainda. A questão-chave é não encarar essas portas como negativas, mas incentivar seus usos positivos e participar do mundo do jovem”, acrescenta o consultor. Apesar de ser outra plataforma, também aqui são os pais e outros agentes responsáveis pelo jovem que devem ajudá-lo a entender os limites, e não apenas proibir o uso. A estrada é irreversível, e é bom que seja assim. O uso positivo ou negativo do celular não procede da tecnologia, mas de toda a escala de valores e relações tecidas na família, na escola e nos outros grupos frequentados pelo jovem. Arquivo Pessoal

Leonardo Meira leonardo.jornal@editorasantuario.com.br

Uma pesquisa feita em Flandres, na Bélgica, com 1.656 estudantes, de 13 a 17 anos, revelou que o uso do celular à noite é prática recorrente entre os adolescentes, e isso está diretamente relacionado ao aumento do nível de cansaço desses jovens após algum tempo. Isso porque muitos passam a noite toda conversando via mensagens de texto ou conectados à internet. Há também quem não consiga se separar do celular nem por um segundo. Viagens para locais em que não há cobertura de sinal, então, tornam-se uma verdadeira tortura. “Quando isso acontece, essa abstinência, os sinais são perceptíveis: impaciência, desespero, ansiedade, falta de atenção no presente. Ou seja, o jovem conecta-se com a falta, e não com a presença”, avalia o psicólogo clínico Odair Comin. “A privação do sono é o que pode causar mais estragos”, alerta o médico hebiatra Maurício de Souza Lima. Ele relata que, além de distração nas aulas e mau desempenho nas provas, as noites mal dormidas comprometem a produção do hormônio do crescimento (GH), responsável pelo estirão puberal, a esticada típica da adolescência. No entanto, é preciso também olhar para a faceta positiva da questão. Se tanto se fala sobre uso excessivo dessa tecnologia, é preciso analisar o problema sob o ponto de vista do conteúdo que é consumido, e não tanto do tempo gasto, conforme orienta o consultor João Francisco. “Em dez minutos, um jovem pode acessar um conteúdo que o influencie negativamente. Mas, por outro lado, pode passar duas horas lendo artigos de jornais em seu tablet. Não é só o tempo, mas a qualidade desse tempo que importa.” O desafio talvez seja entender que essas tecnologias derrubam as fronteiras entre o off e o on-line, de tal forma que a dimensão digital deve ser observada como algo que pode e deve, sim, estar integrada às outras situações da

João Francisco acredita que as tecnologias devem estar integradas às outras situações da vida, e não serem eliminadas

Confira as entrevistas na íntegra. Acesse http://bit.ly/celularejuventude


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