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APRESENTAÇÃO
Quando comecei a pensar o que poderia ser esse trabalho de conclusão, procurei investigar dois temas que mais me chamaram atenção ao longo desses 5 anos de curso: o corpo e o espaço. Ansioso como sou, os primeiros esboços que desenvolviam o assunto eram atropelamentos sobre tudo que eu sabia/entendia sobre esses temas: o espaço como supostamente sem limites e sem saída, indestrutível e impalpável, absoluto e incriado, e o corpo como uma natureza material onde ocorre a externalização do eu essência. Eu queria falar sobre o caráter de exercício do corpo no espaço e as coexistências que ele possibilita. Confuso, mas eu não fazia ideia de já estar falando sobre o que viria a seguir.
Comecei então a andar em círculos. Falar sobre esses conceitos puramente sem um contexto maior e sem ter propriedade no assunto não me tirou do lugar, até que em uma determinada conversa me deparei com os seguintes questionamentos: “que corpo é esse que você quer falar?”, “que espaço é esse?” e “qual é a questão dessa relação?”. Bom, se tem um corpo o qual tenho propriedade para falar é o meu, e uma parte da identidade do meu corpo presente em outros, é a de ser um homem gay. Decidi então seguir pelo caminho da sexualidade a partir do meu local de fala e, assistindo à uma palestra da Judith Butler tive um clique ao ouvir um comentário da filósofa sobre o uso de banheiros. Esse comentário me deu o espaço a ser discutido e o primeiro objeto de estudo do trabalho: as práticas sexuais entre homens em banheiros públicos, os banheirões.
Nesse momento o trabalho assumiu o caráter sexual, abordando as relações entre os corpos, as questões espaciais que os envolvem, a relação entre espaço e uso, o papel da internet e, desde então, a pesquisa incorporou e se afastou de alguns temas, criou e descartou possibilidades e mudou de título 4 vezes. O texto apresentado aqui é apenas um recorte de uma investigação contínua, fruto de uma mente confusa, curiosa e com tesão.