MARANHAY - Revista Lazeirenta - 63: JULHO 2021

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MARANHAY (REVISTA DO LÉO) EDITADA POR

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Prefixo Editorial 917536

NUMERO 63 – JULHO - 2021 MIGANVILLE – MARANHÃO


A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE MARANHAY REVISTA LAZERENTA Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luis – Maranhão (98) 3236-2076

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 350 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio-correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Premio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; editor da “ALL em Revista”, vol. 1 a 6, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019). Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.


EDITORIAL

A “MARANHAY – REVISTA LAZEIRENTA” é sucessora da “REVISTA DO LÉO”, e continua em seu formato eletrônico, disponibilizada através da plataforma ISSUU – https://issuu.com/home/publisher. Temos sócios-atletas fixos: Ceres Costa Fernandes, Fernando Braga (Brasília), e lá de Portugal, Jorge Bento. Alguns outros sócios-atletas aparecem devezenquandamente: José Neres, Antonio Ailton, Mhario Lincoln... Grato pela confiança... O Laércio, é sócio-proprietário... E assim segue... Neste mês de meu aniversário, farei algumas modificações na MARANHAY, Revista Lazeirenta – a antiga REVISTA DO LÉO. Revista dedicada ao LAZER: direito social de todos os cidadãos brasileiros. Isso é assegurado também, praticamente, em todas as constituições estaduais e leis orgânicas de municípios de nosso país: São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição." (Art. 6:). Ainda: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à alimentação, à educação, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Art. 227, da Constituição da República Federativa do Brasil). Lazer deriva do latim "licere", que significa ser lícito, ser permitido. O Direito ao Lazer era reconhecido mesmo aos escravos romanos, consagrado pelos hábitos e costumes, sob sua forma consuetudinária. Marinho (1979) analisa as origens jurídicas do lazer quando propõe uma codificação do Direito ao Lazer:

Na escravidão primitiva, entre os povos orientais e mesmo entre os gregos, os escravos não tinha horas de folga, trabalhando incessantemente. Os romanos, sobretudo, com a influência do estoicismo grego, ao fim da República, e do Cristianismo, durante o Império, adotaram várias medidas protecionistas, dentre as quais, a mais importante foi a Lei Petôtnica, que proibiu aos senhores destinar seus escravos para as lutas com as feras, nos circos, salvo quando o fizessem como penalidades e com autorização do magistrado. Antônio Pio estabeleceu que o senhor que tirasse a vida do próprio escravo seria considerado homicida; Cláudio retirou ao senhor o direito de propriedade sobre o escravo, que abandonasse velho ou doente; Justiniano conferiu a cidadania ao escravo doente, abandonado por seu senhor. O instituto da manumisco (manumissio) regulamentou o processo de obtenção de liberdade dos escravos. Os romanos racionalizaram o trabalho dos escravos, procurando preservá-los e valorizá-los, facultando-lhes o desenvolvimento das habilidades de que, por ventura, fossem dotados. Para isso, permitiramlhes que, após suas tarefas habituais ou trabalhos específicos, dispusessem de um tempo livre, para cuidarem de si próprios, para zelarem por suas coisas, para cultivarem suas artes e dons. Estas eram as horas de lazer (de licere), isto é, as horas disponíveis para atividades voluntárias,


que nada tinham a ver com a jornada de trabalho a que o escravo estava obrigado ou a atividades que lhe era própria. Este direito ao lazer tornou-se consuetudinário (...)".(p. 17-18). Lazer é um termo impregnado de sentido sociológico, devido ao papel preponderante que o mesmo desempenha na sociedade. Da mesma forma que o homem tem o direito ao trabalho, faz juz ao lazer. Lembremo-nos da origem da palavra escola: "Scholé, traduz o dicionário, significa tempo livre, parada, descanso, ócio, falta de trabalho, pausa, ocupação das horas que se tornam livres do trabalho e dos negócios, estudo, conversação e acaba por significar 'o lugar onde se utiliza o tempo livre' a scholé precisamente, a escola, que hoje se interpreta somente como o lugar na qual o tempo livre é utilizado para ensinar e aprender". (TOTI, 1975). O Lazer tomou a dimensão atual após a Revolução Industrial, quando então a jornada de trabalho começou a diminuir paulatinamente, muito embora os fundamentos históricos do lazer sejam anteriores à sociedade industrial, porque sempre existiu o trabalho e o não-trabalho em qualquer sociedade. A conquista de oito horas de trabalho, oito horas de descanso e oito horas de lazer marcou o início da humanização do trabalho e transformou a recreação e o lazer como um fato social. Para Dumazedier (1979), Lazer: [...] é um conjunto de ocupações as quais os indivíduos podem entregar-se de livre vontade seja para repousar, divertir-se, recrear-se, entreter-se, ou ainda, desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária, ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.

Maheu (apud Jordão Ramos, 1978) afirma que “desde a velha Grécia sente-se afinidade entre a cultura e o desporto, duas fontes do mesmo humanismo, pois ambas procedem da mesma origem, o lazer". Assim, começaremos por “ESPORTE & EDUCAÇÃO FÍSICA”, procurando resgatar a memória dessas atividades, assim como artigos pertinentes à essa área. Antecede o “Pensamento vivo de Jorge Olimpio Bento”: “NAVEGANDO COM JORGE BENTO”. Passamos à(s) História(s) do Maranhão e de sua cidade: ‘SÃO LUÍS É(RA) ASSIM...”, constituído por crônicas e contos retratando a vida de São Luís – e do Maranhão – de antigamente... não tão antigamente... memórias perdidas, ou que se perderam com a modernização da cidade... Em “A NOVA LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE” busca retratar a efervecencia cultural dessa cidade de poetas e escritores – mais poetas... – com artigos e críticas literárias, divulgação de livros e trabalhos publicados em nossa imprensa... Por fim, “MEMÓRIAS & RECORTES” resgata-se a memória de Fran Paxeco, meu patrono na ALL. Aguardamos as contribuições... Boa leitura...


Ah, já ia esquecendo: este também é o mês de minha posse, oficial, na Academia Poética Brasileira, aguardada desde o final do ano passado, e que a pandemia não permitiu a realização ao vivo e à cores, aqui em São Luis, conforme o combinado; portanto, agora, virtual, a posse. Também é o aniversário do CEV, 25 anos, oficialmente... Em tempo: nossa capa retratará o conteúdo, um sumário, pode-se dizer, do que virá. A presidência tem lugar cativo, assim como a Diretoria; a seguir, os sócios-atletas escalados para a jornada literária e memorial...

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ EDITOR Trabalho, Tempo Livre e Lazer. Leopoldo Gil Dulcio Vaz.trabalho, tempo livre e lazer (cev) BIBLIOGRAFIA AMADOU, Mahtar M'Bow. Discurso proferido na abertura do Congresso Internacional de Educação Física, Trés-Riviére, 26 de junho de 1979. Boletim da Federação Internacional e Educação Física, Belo Horizonte, v. 49, n. 3, 1979, p. 51-55. BRASIL, Leis e Decretos. Legislação e normas do ensino do 20 grau. Brasília : MEC/SEPS, 1984, v. 3. BRASIL, Leis e Decretos. Leis básicas do ensino de 1 0 grau. ed. atual. Brasília : MEC/SEPS, 1983. CANTARINO FILHO, Mário Ribeiro & PINHEIRO, Ewerton Negri. Ginástica de pausa, trabalho e produtividade. Revista Brasileira de Educação Física e Desportos, Brasília, n. 20, mar./abr., 1984, p. 20-30. CAVALCANTI, Kátia Brandão. A função cultural do esporte e suas ambigüidades sociais. (in) COSTA, Lamartine Pereira da. (org.) Teoria e prática do esporte comunitário e de massa. Rio de Janeiro : Palestra, 1981, p. 301-316. COSTA FERREIRA, Vera Lúcia. Do pensamento político educacional a uma perspectiva de transformação em educação física. (in) TUBINO, Manoel José Gomes & Outros. HOMO Sportivus. Rio de Janeiro : Palestra, 1985. V. 3, p. 35-50. CUNHA, Newton. a felicidade imaginada: a negação do trabalho e do lazer. São Paulo : Brasiliense, 1987. DIECKERT, Jürgen. A educação física no Brasil.. A educação física brasileira. (in) ESCOBAR, Micheli & TAFFAREL, Celí N.Z. Metodologia esportiva e psicomotricidade. Recife : Gráfica Recife, 1987, p. 2-19. DIEM, Liselott. Esporte para crianças: uma abordagem pedagógica. Rio de Janeiro : Beta, 1977. DRÃGAN, Ioan. Recuperação no trabalho pelo desporto. Lisboa : Horizontes, 1981. DUMAZEDIER, Jofre. Sociologia empírica do lazer. São Paulo : Perspectiva, 1979. FONSECA, Américo J. Cardoso & BARBOSA, Arnaldo Martins. A educação física como meio de prevenção de acidentes de trabalho e de recuperação. Lisboa : Fundação Nacional para a Alegria do Trabalho, 1972. FUNDAÇÃO VAN CLÉ. Carta do lazer. Comunidade Esportiva, Rio de Janeiro, n. 9, 1980, p. 20. GAELZER, Lenea. Ensaio à liberdade: uma introdução ao estudo da educação para o tempo livre. Porto Alegre : UFRGS, 1985. (Tese de livre-docência). GAELZER, Lenea. Lazer, bênção ou maldição ? Porto Alegre : Sulina/UFRGS, 1979. GAELZER, Lenea. Recreação e lazer. (in) Curso de especialização em educação física. Florianópolis : UFSC/Centro de Esportes, 1972. (mimeog.). GELPI, Etore. Lazer e educação permanente: tempos, espaços, políticas e atividades Permanentes e de lazer. São Paulo : SESC, 1983. GOMES, Salvatore. Tiempo libre, tiempo liberado. Madri : Unión, 1970. HAAG, Hebert. Deport y tiempo libre. (in) KOCH, Karl. Hacia una ciência del deporte. Buenos Aires : Kapelusz, 1981, p. 95-115. HAAG, Herbert. Deport y salud. (in) KOCH, Karl. Hacia una ciência del deporte. Buenos Aires : Kapelusz, 1981, p. 116-126. HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo :

Perspectiva, 1971.

JORDÃO RAMOS, Jair. Os exercícios físicos no tempo e no espaço. Boletim da Federação Internacional de Educação Física, Belo Horizonte, v. , n. 2, 1973, p. 1326. KOCH, Karl. Hacia una ciência del deporte. Buenos Aires : Kapelusz, 1981 MANUEL SÉRGIO Vieira e Cunha. A educação física que temos e a educação física que quer o povo brasileiro. CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, Recife, 1987. Palestra inaugural. (mimeog.). OLIVEIRA, Vitor Marinho de. Educação física humanística. Rio de Janeiro : Ao Livro Técnico, 1985. PARKER, Stanley. A sociologia do lazer. Rio de Janeiro : Zahar, 1978. SANTIN, Silvino. Educação física: uma abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: Unijuí, 1987. TOTI, Gianni. Tiempo libre y explotacion capitalista. Méxixo : Cultura Popular, 1975.


“PRESIDENCIA”

“DIRETORIA”

“SÓCIOS-ATLETAS EM CAMPO”


SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO PROFESSOR E PESQUISADOR BRASILEIRO, LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ TOMA POSSE NA ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA

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MHARIO LINCOLN

NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO ESPORTE(S) & EDUCAÇÃO FÍSICA

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ATLÉTICO CLUBE RENNER - IMPERATRIZ MARANHÃO, ANOS 1960. ATLETAS DE VOLEIBOL - PÁTIO DA IGREJA DE SANTA TERESA, INÍCIO DOS ANOS 1960. O DESPORTO E O SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO JOSÉ MANUEL CONSTANTINO CONHEÇA O FILÓSOFO QUE HABITA AS IDEIAS DE FUTEBOL DE JORGE JESUS E JOSÉ MOURINHO MAURÍCIO NORIEGA PARA UMA NOVA PEDAGOGIA DO CORPO MANUEL SÉRGIO A METAMORFOSE MANUEL SÉRGIO PARA UMA ÉTICA PÓS-MODERNA DO FUTEBOL MANUEL SÉRGIO CAROL HERTEL NO CAMPEONATO ITALIANO DE ÁGUAS ABERTAS, NA CIDADE DE PIOMBINO, NA ITÁLIA, NO MAR MEDITERRÂNEO. FUTEBOL PROFISSIONAL NO MARANHÃO EM 1920??? CAMPEONATO DE TENIS – 1920 CAMPEONATO MARANHENSE DE FOOT-BALL 1920 FUTEBOL INFANTIL TIMONENSE É CONVOCADO PARA DISPUTAR OS JOGOS OLÍMPICOS DE TÓKIO 2021 CONHEÇA OS MARANHENSES QUE IRÃO PARA OS JOGOS OLÍMPICOS NERES PINTO DJALMA CAMPOS, UM JOGADOR POLÍTICO NILO DIAS

SÃO LUIS É(RA) ASSIM

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O MARANHÃO É DE DÁ ÁGUA NA BOCA! HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO D. JOÃO E A ESCOLA DE MEDICINA DO MARANHÃO. AYMORÉ ALVIM CARTA AO CONFRADE AYMORÉ – OU A ARTE DE CURAR NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ A RUA DO GIZ EUGES LIMA O SOBRADINHO DA RUA DO EGITO FERNANDO BRAGA DELEITE ROBERTO FRANKLIN MARANHÃO: TERRA DE ACOLHIDA CLAUBER LIMA A TERRA DE SANTA CRUZ RECORDAÇÕES DA PROVÍNCIA NA METRÓPOLE

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CERES COSTA FERNANDES A ESCOLA COMERCIAL DA ACREP AYMORÉ ALVIM

A NOVA LITERATURA LUDOVICENSE/MARANHENSE O PRONTUÁRIO POÉTICO DO DOUTOR RAFAEL JOSÉ NERES GRAÇA ARANHA E A ESTÉTICA MODERNA FERNANDO BRAGA

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CHEIA ROBERTOFRANKLIN LÍNGUAS DO MÉNAGE ANTONIO AÍLTON O RIO ALEGÓRICO DE MARIANA LUZ JOÃO CARLOS PIMENTEL CANTANHEDE LAGUSA POEMAS I: orgasmos em dose dupla de poesia ASSENÇÃO PESSOA A VISTA DO MEU PONTO: ENTREVISTA COM PAULO MELO SOUSA "SÍSIFO DESCE A MONTANHA: OS PRAZERES DA PEDRA" MHARIO LINCOLN / PAULO RODRIGUES O DUQUE DE GIZ: UMA HOMENAGEM A BARRA DO CORDA JORGE ABREU

ACONTECENDO... NA ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA: ROGÉRIO HENRIQUE ROCHA: Discurso de Recepção: Acadêmica Linda Barros DISCURSO DE POSSE DE ROGERIO ROCHA VIDAS LUMINOSAS: DILERCY ARAGAO ADLER RENÉ AGUILERA FERRO

MEMÓRIAS & RECORTES LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ FRAN PAXECO – RECORTES & MEMÓRIAS – PARTE xx

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PROFESSOR E PESQUISADOR BRASILEIRO, LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ TOMA POSSE NA ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA MHARIO LINCOLN Leopoldo Vaz nasceu em Curitiba, mas reside atualmente em São Luís-Maranhão. 21/07/2021 12h28Atualizada há 2 horas Professor e pesquisador brasileiro, Leopoldo Gil Dulcio Vaz toma posse na Academia Poética Brasileira (facetubes.com.br)

capa


POSSE VIRTUAL: Com muita honra, a Academia Poética Brasileira recebe hoje, oficialmente, o professor LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ. Ele nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da UEMA (1977/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 14 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 350 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio-correspondente da UBE-RJ; Premio "Antonio Lopes de Pesquisa Histórica", do Concurso Cidade de São Luis (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Premio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro "Mil Poemas para Gonçalves Dias" (2015); Premio Zora Seljan pelo livro "Sobre Maria Firmina dos Reis" – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: "Nova Atenas, de Educação Tecnológica", do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; editor da "ALL em Revista", vol. 1 a 6, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo/ HOJE maranhay . Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma. O imortal APB, poeta JOÃO BATISTA DO LAGO fez o discurso de recebimento, em vídeo: " Discurso de Posse: LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Cadeira 92 Senhor Presidente, Meu Padrinho João Batista Gomes do Lago, Confrades e Confreiras Agradeço a honra que me foi dada de adentrar neste sodalício. Não sou merecedor, haja vista não ser Poeta, nem Escritor, muito menos Historiador... Sou um Professor, e de Educação Física, com Mestrado em Ciência da Informação... um Cientista da Informação, que trabalha basicamente com documentação esportiva, no resgate da memória do Esporte, Lazer e Educação Física no/do Maranhão; dedico-me também à memória da literatura ludovicense/maranhense... Sou Editor, com registro no IBICT – 9177536 - , responsável, hoje, pela minha própria revista: MARANHAY – Revista Lazeirenta, dedicada ao Lazer: Esportes e Cultura, atualmente já ultrapassados os 60 números; também voltei a editar a ALL EM REVISTA, da Academia Ludovicense de Letras; e já fui editor da Revista do IHGM; e da Revista Nova Atenas, de Educação Tecnológica... todas eletrônicas...


Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil, e organizador/editor do Atlas do Esporte no Maranhão, nesses anos de atuação, tenho participação em cerca de 20 livros e mais de 350 artigos publicados em revistas e jornais, dedicados às áreas de atuação. Quando Mhario Lincoln anunciou que seria recebido como membro desta Casa de Cultura, me foi dito que teria que escolher um Patrono: o fiz, recaindo a escolha sobre Elza Paxeco Machado, ludovicense, filha de Fran Paxeco; escrevi o elogio ao patrono e o enviei à Mhario, aguardando a posse, que seria em São Luís; atropelada pela pandemia, só agora será efetivada... Acompanho Mhario Lincoln desde muitos anos, jornalista em São Luís; depois, nos encontramos em Curitiba, minha terra natal; junto, João Batista Gomes do Lago, hoje, meu Padrinho nesta Casa... de lá para cá – quantos anos? Meados dos anos 2000? – temos mantido conversas proveitosas, culminando com este encontro, proporcionado pelos dois. Gratidão... única palavra que me vem à mente. Espero poder corresponder à confiança depositada... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ OBS. O ELOGIO AO PATRONO ESTÁ NO NUMERO 65 DA MARANHAY, EM PALESTRA NA ALL

"Seja muito bem-vindo, confrade". ML Mhario Lincoln, presidente da Academia Poética Brasileira, sede nacional, CuritibaParaná, em 21 de julho de 2021.


NAVEGANDO COM JORGE OLIMPIO BENTO "As armas e os barões assinalados / Que da ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram".

A consagração do direito a uma vida digna, realizada no caminho de perseguição da felicidade, implica a presença acrescida do desporto, a renovação das suas múltiplas práticas e do seu sentido. Sendo a quantidade e qualidade do tempo dedicado ao cultivo do ócio criativo (do qual o desporto é parte) o padrão aferidor do estado de desenvolvimento da civilização e de uma sociedade, podemos afirmar, com base em dados objetivos, que nos encontramos numa era de acentuada regressão civilizacional. Este caminho, que leva ao abismo, tem que ser invertido urgentemente.


A HORA DO ADEPTO Não é possível ser verdadeiramente humano, sem a assistência da razão. Mas também não se vive a vida, se a razão estiver sempre em máxima sobrecarga e tensão. Para não levar à loucura e opressão, ela precisa de intermitências, de descansar, de vez em quando, e ceder o primeiro plano à emoção, de ser oxigenada por esta. Não fora isso e o quotidiano tornar-se-ia trágico e insuportável. Sim, necessitamos de catarse. Conceder horas de primazia à emoção não significa demitir a razão e abrir as comportas da irracionalidade e bestialidade. Razão e emoção podem e devem ser cúmplices. É para celebrar e exaltar essa cumplicidade que servem a literatura, a música, o teatro e todas as artes performativas, nomeadamente o desporto. Sem elas, a razão seria desidratada da sua função principal: a de supervisionar as paixões rasteiras, de as sublimar e tornar emoções belas, enriquecedoras e regeneradoras de quem somos. A paixão pelo futebol, por um clube ou pela seleção não tem em si nada de ruim. Teria, se nos rebaixássemos à animalidade e grosseria de ofender o competidor e à estupidez de desvalorizar o alvo da nossa filiação, quando ganhamos ou perdemos. A seleção de futebol encerra um valor ‘religioso’; ‘liga’ milhões de portugueses e outros povos por esse mundo afora. Só por ignorância é que se censura, pois, a paixão por ela. Mais, todo o cidadão, seja ele quem for (Presidente da República, Primeiro-Ministro ou um de nós), tem o direito de a afirmar, de vibrar com a vitória e ficar triste com a derrota. Sou adepto da seleção, em qualquer modalidade. Isso não me aliena a razão: aviva a noção da minha pertença, da qual me orgulho; e não me exclui do cultivo da convivialidade universal, do apreço e respeito do Outro.

RELIGIÕES DO FUTEBOL Sim, no futebol há duas religiões e os respetivos bispos: o futebolês e o anti-futebol. A primeira predomina nos canais de televisão e tem muitos crentes; a segunda pratica-se em jornais e congrega alguns seguidores. Os bispos da primeira são ‘gente do futebol’; os da segunda são comentadores de tudo o que vem à rede. Há um traço que une os dois tipos de prelados: o horror ao estudo. Os primeiros não gostam de estudar nada. Os segundos preferem zurzir nos fenómenos humanos, em vez de os estudar; ignoram o antropológico, veneram o economês. Ambos esgrimem com a palavra insultuosa e raivosa. Não adianta metê-los numa sala de aula; o lugar apropriado é o ringue de boxe, e deixá-los lá sem qualquer árbitro. PARA ALÉM DA TAPROBANA1 Foi quente a noite de ontem, em Sevilha. Perdemos o jogo; porém o calor e a amargura da derrota não derreteram a têmpera de quem, durante séculos, se afez aos desafios e à inclemência dos trópicos. Ninguém cruzou tantas vezes a linha do Equador, e cometeu o arrojo de ir tão longe, tateando o desconhecido. Fomos muito para além da ilha da Taprobana. E, se mais mundo houvera, lá teríamos chegado. Brevemente recuperaremos o fôlego e continuaremos a viagem com ânimo redobrado. Até onde iremos? Aguardemos o sopro dos ventos, com a esperança de que enfunarão as velas da embarcação. Eles não vão faltar à nossa chamada! CONSELHO À TRIBO DO FUTEBOL Sejamos altruístas, contidos, elegantes e generosos na hora do triunfo. O competidor faz parte dele. Não esqueçamos que, do outro lado da nossa euforia, está muita gente desiludida e triste, tão humana e carente de festa como nós. E que a vitória pode ser a véspera da derrota.

1 "Os Lusíadas" de Luís Vaz de Camões? "As armas e os barões assinalados / Que da ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram". Sri Lanka: a "Taprobana" de Camões onde há um santo José Vaz e um general Fonseka Sri Lanka: a ″Taprobana″ de Camões onde há um santo José Vaz e um general Fonseka (dn.pt) (nota do Editor)


Não custa nada ter isto em atenção. Creio até que assim cresce a alegria interior; e esta ganha brilho e flores por fora, a partir do chão. DO SUCESSO Quando a maioria atingir a realização máxima possível, poderemos e deveremos falar então de sucesso, celebrar e exultar. O feito merecerá comemoração festiva. Enquanto somente uma ínfima minoria alcançar o topo e os restantes ficarem pelo caminho como destroços abandonados e entregues ao Deus-dará, o insucesso é feio e rotundo. Não há motivo para festejar; sobejam razões para insatisfação e para escolher outro percurso.

InternacionalPortugal

Confrades da Academia Poética Brasileira convidam: Leo Vaz (x) escritor português Jorge Bento APB 02/07/2021 18h16 Por: Mhario LincolnFonte: Divulgação Confrades da Academia Poética Brasileira convidam: Leo Vaz (x) escritor português Jorge Bento (facetubes.com.br)

capa Direto de Portugal

NA PRINCESA DO TUA Convidado: Jorge Bento Trouxe-me a Mirandela o convite do Vítor Ló, antigo estudante e compositor do hino da Faculdade de Desporto, para palestrar numa sessão da sua candidatura a Presidente da Junta de Freguesia. O evento acontece no Museu da Oliveira e do Azeite, um notável emblema da Terra Quente do Nordeste Transmontano. Mirandela, designada ‘Caladunum’ na era romana, recebeu em 25 de maio de 1250 o foral de município, atribuído pelo rei D. Afonso III. O rei D. Dinis transferiu, em 1282, o povoado para o local atual, determinou a construção do castelo no topo da vila, com uma torre destinada a residência no ponto cimeiro do cabeço de S. Miguel (em que foi erguido mais tarde o Palácio dos Távoras, hoje Paços do Concelho), renovou o foral em 1291 e instituiu a feira em 1295. D. Manuel I deu-lhe Foral Novo em 1 de julho de 1521. Devido à perda de importância para a defesa militar do reino, a cintura de muralhas medievais é progressivamente rompida, dando lugar a novas ruas e edificações. Da antiga fortificação, dotada de cerca e barbacã, resta a Porta de Santo António.


Esta breve nota passa ao lado do património gastronómico, sobejamente conhecido e de fino quilate, tal como o azeite. E não toca no valioso acervo, existente nas povoações da região, que testemunha a ocupação humana do território desde tempos remotos. Quer apenas aconselhar ao leitor uma visita que extasia a gustação e a visão. A cidade, assaz alindada e cuidada, disposta nas margens do Rio Tua, configura um rincão idílico e poético; tem na Ponte Velha ou Ponte Medieval, de vinte arcos, um ex-libris de inspiradora beleza. Venha até cá, não se arrependerá!


VANTAGENS DA REDUÇÃO DAS AULAS PRESENCIAIS As vantagens da redução e até supressão das aulas presenciais são óbvias: na poupança orçamental do ministério e das instituições; no abaixamento drástico do nível da formação intelectual, cultural, científica, cívica, ética e social dos estudantes. Tem razão o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (quão extensa e pomposa designação!): “Os estudantes precisam de passar menos tempo a ouvir o professor e mais horas a participar.” Sim, Excelência, é preciso acabar com as aulas. Sim, porque os professores não existem para dar aulas irradiadoras do fulgor do espírito e do intelecto. Estão nas universidades para cumprir tarefas burocráticas e para competir no fabrico de ‘papers’; e os estudantes para ‘participar’ na confeção destes e aprender a ‘achar’. Sim, porque Sua Excelência é um bom ministro: do ensino inferior, evidentemente! É por isso que se mantém no ministério, há tanto tempo, como Secretário de Estado entre 2005 e 2011 e como ministro desde 2015. O PS não tem uma figura melhor, mais adequada ao papel de primeiro ator da tragédia neoliberal, em cena no palco universitário. Pior, muito pior do que "ouvir o professor" é ter que suportar o cheiro das afirmações de Sua Excelência! DA JUSTIÇA A justiça não é obra divina ou da natureza. É uma invenção dos humanos, um dos pilares da civilização. Como toda a criação humana, revela as contradições e defeitos do criador, tem imperfeições e não logra corresponder inteiramente ao teor de utopia que a perfaz. Não anda com a velocidade desejada pelos nossos anseios; mas vai fazendo o caminho, com tropeços e quedas, com paragens e avanços. Por isso, nem tanto ao mar, nem tanto à terra! Ela tarda, porém não falta. Haja, pois, paciência e esperança! A impunidade dos criminosos de vário tipo não dura para sempre; o seu império é precário e transitório. PALAVRAS E ATITUDES SEM GRILHETAS Há vícios que valem a pena. Um deles é o das palavras e atitudes cívicas, sem as grilhetas do calculismo. Tudo começa nelas. Se optares pela indiferença e pelo conformismo perante o mal próximo e distante de ti, se calares a indignação e não tomares posição, se deixares de dizer o que os olhos veem, o intelecto percebe e a consciência reprova e sussurra, ficarás gravemente danificado, cego e insensível. Poderás ser alguma coisa, mas não alguém, porquanto terás a alma perdida, a memória apagada, a identidade desbotada, a honra apodrecida e o coração entupido. Quando muito, serás um amontoado de remorsos ensurdecedores. DA BONITEZA E DA BELEZA Se afirmo que alguém é belo, não digo somente que é bonito, que chama a atenção pela aparência, atrai, exerce fascínio e sedução pelas formas e feições corporais. É mais do que isso. A criatura irradia encanto pela graciosidade e leveza dos gestos, pela doçura e fulgor dos olhos, pela magia e calor da voz, pela luminosidade e suavidade do rosto, pela sensibilidade e gentileza das atitudes e reações, pela delicadeza alada das palavras e das mãos. Configura a minha ficção da beleza: expande por fora a harmonia que possui por dentro. Ao dizê-la ‘bela’, assumo que capta a visão; e não calo o dever da admiração. Há muita gente bonita; é pena que nem toda seja bela, porque a beleza, disse Vinicius de Moraes, é ‘fundamental’, a sua busca funda o Ser Humano. Afinal, proclamou Platão, "o belo é o esplendor da verdade"! DA NECESSIDADE DE CULTURA CIENTÍFICA As eras tenebrosas da Humanidade evidenciam a falta de cultura científica. O plano do Holocausto foi delineado por sujeitos com instrução universitária, a maioria detentora do grau de doutor. Isso prova que a pulsão ideológica cega a razão; e convida as sedes do ensino superior a passar em revista os critérios que presidem aos ciclos de graduação e pós-graduação por elas ministrados. Sim, porque o ‘cientismo’ e


‘produtivismo’, hoje em voga, são expressões e imposições de uma ideologia predatória; não se ligam ao cultivo da ciência, à vontade de conhecer e saber. Nestes dias sombrios, de negacionismo, ‘negocionismo’, ‘terraplanismo’, obscurantismo e fanatismo, de ameaça à Casa Comum da Natureza e da Sociedade, de destruição das pontes entre grupos sociais e povos, de estranheza e medo do Outro, de indiferença face à desdita do semelhante, de aumento do fosso entre os que tudo possuem e os que pouco ou nada têm, é imperativo reafirmar a urgência de atitude científica, de sopesar a noção desta, de medir tudo quanto ela encerra. São muitos os jovens que frequentam o ensino superior. Quais os fins e os resultados? Quantos concluem os cursos com uma cultura transbordante de curiosidade, disponibilidade e sensibilidade para questionar o mundo, os factos e poderes, as novas formas de escuridão e escravidão, para recusar a novilíngua e as loas do senso-comum, para não pactuar com aberrações, fatalismos e retrocessos civilizacionais e existenciais, para se empenhar no remedeio dos males e queixumes? Sim, quantos obtêm um diploma certificador do ânimo científico? DA APARÊNCIA E DA ESSÊNCIA, DA SUPERFÍCIE E DA PROFUNDIDADE Nascemos sem uma essência pré-definida; é a existência que a determina e esculpe. A modalidade de ser e estar, de agir e caminhar na vida configura quem somos. Aquilo que dizemos, as atitudes que tomamos, a conduta que adotamos, as reações e expressões, tudo isso não é levado pelo vento. O investimento por fora modela-nos por dentro. O labor e a forma dos atos, gestos e palavras não se quedam na superfície corporal; são exercícios indutores da arquitetura interior, da criação ‘artística’ da alma e da vontade. Comportamento e pensamento, ação e ideação constituem oração e comunhão. No treino e na competição, o atleta pratica ‘metafísica’: aprimora a corporalidade, e a melhoria desta vai além da epiderme, afeiçoa o ânimo e a profundidade. O corpo torna-se espírito ‘encarnado’ e o segundo ‘soma’ espiritualizado, um e o outro à medida da ânsia de transcendência e sublimidade que os rege. PORQUE SE REALIZAM OS JOGOS DE TÓQUIO? A não realização dos Jogos Olímpicos em 2020 testemunhou, de modo eloquente, a era de ‘infelicidade coletiva’ que estamos a viver. Falta festa e liberdade; falta vida, porque esta, se não for livre e festiva, é um vale-de-lágrimas. Os Jogos realizam-se agora, a mando de interesses económicos. Mas estes não são razão bastante; não frutificariam se mirrasse o apelo universal que o evento contém. Por mais que o mensageiro intente perverter a mensagem, ela resiste e irradia luz fulgurante, entra pelos olhos e abre fontes até nas almas pedregosas. Há uma urgência pendente, como a espada de Dâmocles, sobre o nosso pescoço; é por ela que se realizam os Jogos! Temos de recusar a rendição e reinventar a existência e o mundo, para nós e para todos, em qualquer tempo, particularmente na presente e tão gravosa situação. Sob pena de ninguém se salvar. Talvez isto seja mito. Tentemos viver à altura dele, em vez de insistir na corrida desabalada e desgraçada, sem beleza, graça e imaginário, que nos leva à perdição. DOS MESTRES EDIFICANTES O professor bacteriologicamente ‘perfeito’ e ‘puro’, que deixa à porta da sala de aula as imperfeições e fragilidades pessoais, as dores e problemas existenciais, não existe, a não ser na boca dos hipócritas, idiotas e paranoicos. Se existisse, não teria préstimo. Os Mestres assumem as dúvidas e insuficiências, os seus desconheceres e dilemas. São e estão aonde vão! Apresentam-se diante dos alunos com a roupa da autenticidade e seriedade, como seres humanos de verdade, quebradiços e inacabados, e não postiços e dissimulados. São ‘sinceros’: não usam uma grossa camada de cera para encobrir por fora o que têm por dentro. São ‘performativos’: estão sempre em formação e é assim que estimulam os outros a ‘formar-se’, a buscar uma forma continuamente renovada. O sentido da ‘edificação’ funda e culmina a sua condição e missão.


DOS COB(V)ARDES

É assaz desagradável falar deste tipo de vermes rastejantes. Causam asco e repelência. Por isso, evitamos descrevê-los. Mas não devíamos, porquanto a espécie não corre risco de extinção; em todas as épocas encontra húmus fértil para a multiplicação. São répteis de sangue-frio, oportunistas e venenosos. Não atacam face a face, olhos nos olhos, na presença das pessoas; aguardam que estas saiam de cena, estejam ausentes e não tenham a mínima possibilidade de se defender. É assim que dão vazão à frustração e impotência acumuladas ao longo dos anos. Move-os a inveja, por não ser capazes de edificar obra de vulto, da qual beneficiam sem mover uma palha. São os seres mais inqualificáveis existentes na superfície e nos buracos da terra. Tão inqualificáveis que é indiferente dizêlos com ‘b’ de biforme ou ‘v’ de vilão! EST MODUS IN REBUS! “Há uma medida nas coisas”, assim proclamou o poeta latino Horácio (65-8 a.C.). Sim, há limites além e antes dos quais o bem não pode subsistir. Vem isto a propósito da divulgação do vídeo que mostra uma cena da vida privada de um personagem do cenário político. A divulgação e a intenção subjacente são abjetas, logo absolutamente reprováveis. Atenção: o ambiente de baixaria e ódio adensa-se; é pestilento, irrespirável e mortífero para todos! Há que lhe pôr cobro. A figura visada também pode dar um contributo para o saneamento da pestilência. Como? Deixando de escrever artigos que, em vez de se cingirem à exposição, defesa e discussão de ideias e propostas políticas, contêm ataques ad hominem. LEITOS DE PROCUSTO NA ATUALIDADE Procusto, o dono da estalagem, recebe-te de braços abertos; até oferece dormida grátis! Ficas desvanecido com a generosa hospitalidade, após a longa e extenuante viagem. A linguagem e os modos do anfitrião são tão doces que não suspeitas da barbárie à tua espera. Só demasiado tarde dás conta que a cama é de ferro e obrigatória; não há outra e o tamanho não corresponde ao teu. Se és mais comprido do que o leito, o estalajadeiro vai serrar-te as pernas; se és aquém, serás esticado e ficarás com as articulações e os ossos desfeitos. É isto um mito? Não, não é. É prática atualizadíssima; assume diversas formas e vigora em várias instâncias, notada e paradoxalmente na universidade. Mito, sim, é o de Teseu. Este jamais virá libertar-te e matar o monstruoso ‘esticador’. Tens que ser tu a assumir essa incumbência. Não enterres a cabeça na areia: se aceitas ser albardado, a albarda tem sempre a medida do dono; e esta passa a ser a tua. Querias que fosse diferente? Acorda, oh albardeiro de ti mesmo!


ESPORTE(s) & EDUCAÇÃO FÍSICA


ATLÉTICO CLUBE RENNER - IMPERATRIZ MARANHÃO, ANOS 1960.

O jovem atleta Augusto Moreira, jogador do Renner nos anos 1960.

Carteirinha de atleta do jovem Augusto Moreira, então com 20 anos em 1962.


uma das mais tradicionais formações do Atlético Clube Renner.

Seis jogadores do Renner nesta histórica fotografia, entre eles os jovens Augusto Moreira (in memorian), e Itapoan Martins. Início dos anos 1960.


Augusto Moreira (in memorian) e Itapoan Martins, nesta formação do Renner. Anos 1960.

Uma clássica fotografia do Renner Atlético Clube, ainda no início dos anos 1960. Os irmãos Renato Moreira (in memorian) e Augusto Moreira (in memorian), João do Sesp (in memorian) e Raimundo Bonfim (in memorian), faziam parte desta formação. Algumas raras imagens do Atlético Clube Renner, time de futebol amador fundado pelo jovem Renato Cortez Moreira em 1954, com o nome original de Esporte Clube Formiga. Infelizmente este histórico time de futebol da cidade de Imperatriz não mais existe, o mesmo foi extinto ainda no início dos anos 1970. Imagens: Arquivos fotográficos da família do senhor Augusto Cortez Moreira (in memorian), gentilmente cedidos por seu filho Augusto Cortez Moreira Júnior.


ATLETAS DE VOLEIBOL - PÁTIO DA IGREJA DE SANTA TERESA, INÍCIO DOS ANOS 1960.

Atletas de um time de volei no pátio externo da Igreja Matriz de Santa Teresa, no início dos anos 1960. Nesta fotografia, gentilmente cedida por Augusto Cortez Moreira Junior, vemos alguns jovens que praticavam o voleibol no início dos anos 1960, na quadra de areia que havia no pátio externo da Igreja Matriz de Santa Teresa. Entre os atletas meu pai Fernando Cunha (agachado no centro), professor Benedito Batista (in memorian), Augusto Moreira (in memorian), e outros que não venho a lembrar seus nomes.


O DESPORTO E O SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO JOSÉ MANUEL CONSTANTINO Discutir o serviço público de televisão é mais do que abordar a programação de uma estação de televisão. E avaliar o contributo que este deve dar no domínio da informação à sociedade está muito para além das suas competências técnicas. E se isso é verdade para vários domínios da sociedade, também o é para o desporto. Para alguns trata-se de um assunto que é uma espécie de reserva corporativa, excluindo ou desvalorizando aqueles que, fora do sistema que ao longo de décadas dominou os vários poderes nos quais opera o serviço público de televisão, ousam pronunciar-se. Mas é óbvio que o assunto interessa a todos os portugueses que se preocupam com a comunicação social pública e, no nosso caso particular, com o desporto. Desde logo, começando por lembrar que gerações de portugueses acompanharam as principais vitórias de atletas e equipas portuguesas em competições internacionais e Jogos Olímpicos através do serviço público de rádio e televisão. Durante décadas este serviço público assumiu um papel de incontornável importância para o desenvolvimento desportivo nacional, pois a reconhecida qualidade técnica dos seus profissionais contribuiu para a formação desportiva das audiências, em território nacional e na diáspora. Estas conquistas fazem parte do imaginário de milhões de portugueses. Representam um inestimável património coletivo do país e são momentos incontornáveis na afirmação da nossa identidade. Foram poderosos fatores agregadores das comunidades de língua portuguesa que, espalhadas pelo mundo, acompanharam em direto, a cada momento, o percurso até à glória dos seus desportistas culminada com a bandeira nacional içada no mais elevado mastro e os acordes do hino nacional escutados por milhões. Nesta medida, por mais diversas que sejam as perspetivas em torno do conceito de interesse público, onde se ancora o serviço público de rádio e televisão, este acervo cultural assume um papel incontornável e inalienável, forjado ao longo de décadas na construção social da identidade desportiva nacional. Trata-se, também por isso, de um património que se projeta muito para além do direito consagrado à informação pública, pois este direito afigura-se muito mais contingente do que os traços distintivos da história e da memória. E de um património que não pode ser apenas avaliado à luz de audiometrias de audiência ou de lógicas comerciais. O panorama do mercado audiovisual e a sua relação com o fenómeno desportivo na emergência da sociedade das novas tecnologias de informação e comunicação tem sofrido profundas e rápidas transições que reconfiguram e colocam novos desafios à missão do serviço público de rádio e televisão em relação ao desporto. Na recente discussão pública sobre o serviço público de televisão o Comité Olímpico de Portugal teve oportunidade de reiterar o seu entendimento sobre o que está em causa: a capacidade de o serviço público difundir e promover a dimensão social e cultural na diversidade do desporto, como retorno dos benefícios económicos e sociais que este proporciona à comunidade. Nesse sentido, a estratégia de conteúdos desportivos numa ótica de serviço público não pode ficar refém de critérios comerciais para assegurar a sua sustentabilidade, nem o espaço público televisivo pode ser ocupado apenas por quem detém condições económicas e financeiras para garantir a produção dos seus eventos e publicitar as suas iniciativas, normalmente com custos associados consideravelmente mais elevados do que o mercado concorrencial. Como não é aceitável uma tendência monotemática nos espaços de debate replicando a lógica da concorrência do setor privado num modelo em tudo semelhante e circunscrito ao espetáculo desportivo do futebol profissional, limitando o debate sobre os problemas do desporto a este particular. Por outro lado, o mercado digital e a diversificação de plataformas de distribuição de conteúdos desportivos têm assumido uma dimensão cada vez mais relevante nos consumos desportivos da população e na


comercialização dos direitos de transmissão, os quais representam um pilar fundamental na sustentabilidade do tecido desportivo europeu. É já hoje uma tendência precipitada pela revolução digital os organizadores das competições desportivas que não conseguem espaço no mercado televisivo tradicional assumirem a condição de produtores de transmissões dos seus próprios eventos via plataformas de streaming ou nas redes sociais, substituindo-se aos grandes operadores e criando audiências específicas. Este fenómeno abre uma discussão em torno do papel - e do futuro - que os canais tradicionais devem assumir perante uma audiência que despertou para novos produtos e formas de consumo. O que representa igualmente uma oportunidade para criar um serviço público mais consentâneo com a capacidade de responder às exigências da audiência nacional. É nosso entendimento que sem uma opção mais clara e incisiva por parte do serviço público de televisão, o desporto continuará refém da pouca atenção que lhe é concedida, das dificuldades que a esmagadora maioria das modalidades têm em conseguir um espaço, mesmo custeando as respetivas transmissões, e de uma situação de profundo desequilíbrio na grelha de programação em relação a outros setores, desde logo pelas prioridades assumidas no contrato de concessão agora em discussão. Este é, portanto, o momento decisivo para projetar o futuro ajustando as orientações do serviço público à transição célere e profunda que o panorama audiovisual desportivo tem vivido e aos desafios iminentes que se colocam ao desenvolvimento do desporto português.


CONHEÇA O FILÓSOFO QUE HABITA AS IDEIAS DE FUTEBOL DE JORGE JESUS E JOSÉ MOURINHO MAURÍCIO NORIEGA Blog entrevista Manuel Sérgio Vieira e Cunha Conheça o filósofo que habita as ideias de futebol de Jorge Jesus e José Mourinho | papo cabeça com maurício noriega | ge (globo.com)

Falar sobre Filosofia num clube exclusivo como é o ambiente do futebol pode parecer uma loucura. Menos para o professor e filósofo português Manuel Sérgio Vieira e Cunha, autor de 50 livros e criador, no final dos anos 1960, da Ciência da Motricidade Humana, uma inovadora forma de se estudar a prática esportiva. De acordo com as palavras do próprio Manuel Sérgio, “o objeto de estudo da Ciência da Motricidade Humana é o desenvolvimento humano, através da motricidade (em fisiologia, o conjunto de funções nervosas e musculares que permite os movimentos voluntários ou automáticos do corpo), pelo estudo do corpo em ato, visando a transcendência, a qual é superação de todo o determinismo e criação de possíveis inéditos”. + Mundo do futebol precisa entender que o show nem sempre tem que continuar Apaixonado pelo futebol, que nunca chegou a jogar em alto nível, o professor Manuel Sérgio e suas ideias tiveram forte impacto em uma geração de treinadores e teóricos esportivos de Portugal. Entre eles dois dos mais conhecidos técnicos portugueses de futebol: José Mourinho, e Jorge Jesus. Manuel Sérgio chegou, inclusive, a trabalhar diretamente com Jorge Jesus na equipe técnica do Benfica. O ex-treinador rubro-negro definiu assim a influência do pensamento de Manuel Sérgio em seu trabalho, numa entrevista à agência de notícias Lusa, em 2017: “Nunca fui aluno dele (Manuel Sérgio), mas fui um privilegiado por ser um aluno particular dele. Tinha de me desenvolver noutras áreas do conhecimento que me pudessem ajudar, e ele obrigou-me a pensar e fez com que eu hoje seja muito melhor treinador”. José Mourinho escreveu o prefácio de um livro de Manuel Sérgio intitulado “O Futebol e Eu” (Editora Prime Books) e destacou: “Sou um homem grato a Manuel Sérgio. Ele não me ensinou nem técnica, nem tática. Mas ensinou-me esta coisa simples: o desporto é muito mais do que um atividade física e só como ciência humana deve estudar-se e praticar-se. E isso bastou-me para que o futebol, para mim, passasse a ser uma atividade de meridiana compreensão”. O professor Manuel Sérgio, que morou alguns anos no Brasil, onde lecionou na Unicamp e recebeu a Medalha do Mérito Desportivo, aceitou conversar por e-mail com este Papo Cabeça para falar sobre suas ideias relativas ao futebol e como a Filosofia e as Ciências Humanas podem contribuir para a qualidade do jogo dentro de campo. O português de Portugal foi mantido nas respostas para preservar a autenticidade delas. Papo Cabeça: O futebol parece ser um ambiente muito fechado a inovações. Como foi ter seus conceitos e ideias aceitos e dissimulados, num meio tão diferente do acadêmico intelectual? Manuel Sérgio: Ao contrário do que possa pensar, onde mais hostilizado e rejeitado e isolado me senti foi precisamente nalguns meios universitários. No futebol, ao invés, encontrei pessoas de insaciada necessidade de diálogo e de estudo. Relembro, a este propósito, os treinadores José Maria Pedroto (foi jogador e treinador de futebol. Como jogador, foi atleta do brasileiro Yustrich e do húngaro Bela Gutman, no Porto. Como treinador, foi duas vezes campeão português e cinco vezes da Taça de Portugal. Morreu em 1985, aos 56 anos), José Mourinho e Jorge Jesus e o brasileiro João Paulo Medina. Em seus livros e textos o senhor destaca sempre que o futebol tem que estar atrelado às Ciências Humanas. O fator humano parece ter sido deixado de lado, em detrimento da tecnologia, preparação física e métodos de estudo e avaliação, no futebol dito moderno? Com poucas palavras lhe respondo: nas Ciências Humanas, não estudar o que é especificamente humano equivale a não fazer ciência. Ser especialista em futebol significa ser especialista numa atividade humana e não só física. A expressão Educação Física é uma tradição, nada tem de linguagem científica. O chamado


“professor de Educação Física” tem uma profissão intelectualmente mais rica do que a expressão Educação Física dá a entender.

Livro de Manuel Sérgio — Foto: Reprodução O senhor entende que ainda existe muito preconceito, no universo do futebol, contra a inclusão da Filosofia, da Psicologia e até da sua Motricidade Humana nos cursos superiores de Esportes e nos cursos de treinadores de futebol? Sou dos que entendo que uma ciência nasce de um “corte epistemológico”, ou de um processo que envolve ruptura, em relação ao passado, e projeto como tentativa de construção do futuro. Trata-se como de um protesto contra um passado onde muitos desinformados se encontram instalados. No entanto, para mim, uma ciência, se quer viver, não deve afrouxar a sua divergência com muito do que a cerca. Por isso, Lacan proclamou: “Não há compromisso possível, entre a psicanálise e a psicologia”. E Lévi-Strauss afirmou: “Não sou sociólogo”. O que é a motricidade humana? A motricidade humana é, para mim, “o movimento intencional e solidário da transcendência, ou superação”. Com este paradigma, criei uma nova ciência humana, a Ciência da Motricidade Humana, que tem como especialidades o Desporto, o Jogo Desportivo, a Dança, a Ergonomia, a Reabilitação e a Gestão do Desporto. Portanto, como modalidade desportiva, o futebol deverá estudar-se com a metodologia própria das Ciências Humanas. Não há chutos, há pessoas que chutam; não há fintas, há pessoas que fintam; não há remates, há pessoas que rematam. Se eu não conhecer as pessoas que chutam e fintam e rematam, nunca entenderei, nem os chutos, nem as fintas, nem os remates. O senhor viveu no Brasil e, depois disso, já aqui esteve, inúmeras vezes. Sempre acompanhava com entusiasmo o futebol brasileiro. Percebe uma decadência, em termos de qualidade? Se sim, apontaria os motivos? É preciso saber ser novo, sem sacrificar o que deve haver de permanente. Quando se diz que, geneticamente, o jogador brasileiro é o melhor futebolista do mundo, não deve esquecer-se também que o talento e o génio


são produtos do genético e do adquirido. Do que o homem é e daquilo que deve ser, ou seja, de muito trabalho e conhecimento também. Falta cultura no futebol atual. Principalmente a cultura que é a matriz da cultura do futebol. Reside, aqui, se bem penso, uma certa decadência, em termos de qualidade, no futebol brasileiro e… não só no futebol brasileiro! O futebolista brasileiro precisa de libertar-se de treinadores incompetentes, de empresários sem escrúpulos, de dirigentes sem ética, de uma imprensa não subordinada aos imperativos do “deus-lucro”. Quando esta revolução acontecer, o Brasil voltará a ter, em cada um dos seus “agentes do futebol”, verdadeiros “profissionais do triunfo”. Vivemos hoje uma sociedade aberta, em que as ideias circulam livremente. Mas há valores que se mantêm: a confiança (crítica) no líder; o rigor tecnocientífico de verdadeiros “trabalhadores do conhecimento”, que trabalham numa tarefa comum; o “scouting”, executado por profissionais que saibam descobrir talentos; uma impecável organização, no departamento de futebol e no clube em geral; e a coroar tudo isto: ética, visível nos dirigentes, nos técnicos e nos atletas. Nenhuma revolução triunfa, sem valores que nos singularizam e congregam. O senhor trabalhou diretamente com o Jorge Jesus, no Benfica, tendo acesso aos treinamentos dele. Esperava que ele obtivesse sucesso tão rapidamente, no Brasil? O Jorge Jesus é, como os brasileiros, um “homem cordial”. Por isso, a comunicação, com os jogadores do Flamengo, não é, com toda a certeza, problema para ele. Depois, ele sabe que é especialista numa nova ciência humana e, porque taticamente é um sábio, e trabalha num clube que lhe dá o que ele propõe – aqui está, se bem penso, a resolução deste problema: porque triunfa o Jorge Jesus, no futebol brasileiro. Mas que os brasileiros não tenham dúvidas: o atual treinador do Flamengo tem uma organização do conhecimento do futebol que merece ser estudada, porque é nova. E que começa na sua prática e no modo inteligente como a organiza. E o Jorge Jesus é líder, sabe ser líder. E tem uma qualidade em que é mestre incomparável: uma excepcional leitura de jogo. Diante de um jogo, ele vê o que a maioria das pessoas não vê. Um clube desportivo deve procurar imitar uma orquestra sinfónica: cada um dos 250 músicos é um especialista de elevado nível (a começar no maestro) mas todos subordinam a sua competência a uma tarefa comum. Desde 1977, no meu livro “A Prática e a Educação Física”, que eu digo: a prática é mais importante do que a teoria, e a teoria só tem valor, se for a teoria de uma determinada prática.

Jorge Jesus, ex-técnico do Flamengo — Foto: André Durão Um dos seus mais famosos “discípulos”, o José Mourinho, tornou famoso um exemplo sobre métodos de treinamento, no qual cita uma frase sua, que versa sobre um pianista que, para treinar, não corre em volta do piano, mas toca piano… Em primeiro lugar, quero dizer-lhe que aproveito a oportunidade para saudar e agradecer às pessoas que mais futebol me ensinaram, ao longo da minha vida: os treinadores José Maria Pedroto, José Mourinho e Jorge Jesus e o brasileiro João Paulo Medina. Não esqueço ainda o David Monge da Silva (destacado preparador físico e professor universitário português) que me despertou para os principais problemas referentes ao treino desportivo. Acerca da frase de que me fala, ela nasceu-me quando o treino desportivo quase se resumia à preparação física. Eu então dizia aos alunos e aos amigos: “Mas um pianista, quando prepara um concerto, toca piano, não anda às voltas do piano”. Agora diz-se que se joga como se treina. Com outras palavras, há bem 50 anos, que eu quero dizer o mesmo.


O senhor frequentemente cita as relações humanas e a gestão das pessoas como pontos-chave no desempenho de um bom treinador. Ultimamente, no Brasil, os treinadores mais experientes têm sido muito criticados e são chamados de simples “motivadores”, por usarem esses métodos. Um deles é Luiz Felipe Scolari, cuja passagem por Portugal foi marcante. O senhor chegou a conviver com ele? Que pontos do seu trabalho, em Portugal, destacaria? Nunca tive a honra de dialogar com Luiz Felipe Scolari. Tenho a certeza que muito aprenderia com ele. Mas, na “Sociedade do Conhecimento”, que é a nossa, não interessa tanto o que já se fez (embora mereça franca admiração e aplauso incontido) mas o que se tem para fazer. O conhecimento evolui todos os dias e há quem pense que pode treinar, hoje, com o conhecimento de há vinte ou trinta anos. O que se chama, atualmente, conhecimento é a informação que resulta na prática e uma organização é um grupo de pessoas especializadas, que trabalham numa tarefa comum. Só que as informações de hoje não são as mesmas de ontem. E quem as não tem deixa de ser especialista. O conhecimento é simultaneamente muita prática e teoria atualizada. Se Jorge Jesus teve sucesso retumbante, outro treinador português fracassou, no Brasil, treinando o Cruzeiro: o Paulo Bento. Agora, temos Jesualdo Ferreira enfrentando muitas críticas no Santos. Podemos falar de uma escola de treinadores portugueses, que tenha sido moldada através das suas ideias? De maneira nenhuma. Eu não sei o suficiente de futebol, para dirigir uma escola de futebol. Faço minhas, neste caso, as palavras do grego Sócrates: “Só sei que nada sei”. Sou um idoso que completa 87 anos, no próximo dia 20 de abril e que vejo futebol (se bem me lembro) desde 1939. E fiz amizade com grandes jogadores, com prestigiados treinadores e especialistas no treino desportivo, tanto em Portugal, como no Brasil e em Espanha. Assim eu só penso o que os especialistas fazem. Depois, sou um estudioso e sei o que devo estudar. O que mais me espanta, no futebol, é que a maioria dos treinadores não sabe o que deve estudar, nem sabe com quem dialogar. Acerca do Jesualdo Ferreira, peço aos adeptos do “Santos” que lhe dêem tempo, pois que tenho a certeza que ele organizará o futebol “santista”, a contento de todos. Se os treinadores portugueses se encontram melhor preparados cientificamente que os treinadores doutras nacionalidades? No meu entender, repito-me, estão muito bem preparados humanamente para exercer a sua profissão. E daí os resultados que vêm obtendo, por esse mundo além. O futebol não é técnica tão-só. No futebol, está toda a complexidade humana. Uma lágrima humana, num laboratório, é água e cloreto de sódio. Ora, uma lágrima humanamente não é só isto. É bem mais do que isto. Na Sociedade do Conhecimento, a principal virtude é a humildade. Quem julga que sabe muito, sabe muitíssimo pouco. E, porque julga que sabe muito, não estuda nada. Eu nunca estudo diariamente, com raras exceções, menos de três horas. Sob minha palavra de honra!

Filósofo sugere aos santistas que deem tempo para Jesualdo trabalhar — Foto: Guilherme Dionízio/Estadão Conteúdo Os métodos de treinamento propostos pelo professor Júlio Garganta, da Universidade do Porto, são bastante apreciados pelos jovens treinadores brasileiros, e ele cita a motricidade humana…


O professor Júlio Garganta é um estudioso que merece o meu maior respeito e muito tem a ensinar-me. O futebol já é, reconhecidamente, uma das expressões do génio do povo brasileiro. Mais uma razão para ser estudado como ciência humana. Aliás, no meu modesto entender, não há ciência que não seja ciência humana, pois que todas são produto da “práxis” humana. Mas o campo epistemológico das ciências humanas não se confunde com o das restantes ciências. As ciências humanas estudam a condição humana, cada qual com a sua problemática específica. Portanto, saber futebol não se resume a falar inglês ou a uma licenciatura em desporto. Saber de futebol é saber liderar o humano, nas várias situações de um jogo de futebol. Não nos devemos esquecer que não há jogos, há pessoas que jogam. Quem estuda o futebol, a partir do concreto; quem tem do futebol um conhecimento objetivo – antes da técnica e da tática, encontra pessoas. Para um treinador de futebol, que já estudou a epistemologia das ciências humanas, chegou, certamente, à conclusão que, num campo de futebol, há uma mistura inextrincável de factos da consciência, de sentimentos e de situações objetivas. Portanto, para uma teoria interpretativa do futebol, a técnica e a tática e a preparação física não bastam.


PARA UMA NOVA PEDAGOGIA DO CORPO MANUEL SÉRGIO A BOLA - Para uma nova pedagogia do corpo (artigo de Manuel Sérgio, 336) (Espaço Universidade)

Uma oposição feroz e desgastante a uma ideia de corpo, como raiz, como princípio donde brota o próprio espírito, mostra bem o ostracismo a que se votou uma explicação do ser humano, como uma unidade integral, ou uma totalidade, pois que foi no dualismo de duas substâncias diferentes, corpo(matéria)–alma(espírito), que se descambou, ao longo dos séculos. O dualismo corpo-alma despontou e avançou, na filosofia grega, com Platão (427-347 a.C.), filho de uma das famílias mais ricas e aristocráticas de Atenas. Redigiu, já idoso, os 36 diálogos de que é autor. Neles, a personalidade de Sócrates tem lugar relevante. Basta dizer que o seu nome figura em todos os diálogos platónicos, com exceção das Leis. Entre os escritores de maior valia que, na antiguidade grega, de Sócrates se ocuparam, julgo dever distinguir-se Aristófanes, Xenofonte, Platão e Aristóteles. No Fédon, um dos diálogos, Platão é explícito: “A alma é o que mais semelhança tem com o que é divino, imortal, inteligível, uniforme, indissolúvel”. E, porque a alma e o corpo se fundiram no mesmo ser, “cumpre ao corpo, por natureza sujeitar-se e ser governado e à alma dirigir e dominar”. A ginástica, nos gregos, não significava especial respeito pelo corpo. A saúde mostrava, antes do mais, que o corpo se encontrava em condições ao pleno esplendor da alma. Caso contrário, um corpo débil e anémico tornava-se no empecilho maior à vida superior do espírito. Na Idade Média, o dualismo platónico alma-corpo continuou, através da filosofia de Santo Agostinho (354-430), um dos grandes responsáveis pela elaboração e propagação do cristianismo, desde a Idade Média até aos nossos dias. Demais, o imperador romano Teodósio desferiu o “golpe de misericórdia” na ginástica e no desporto, gregos, quando proibiu a realização das Olimpíadas, em 393. Para ele, o cultivo do corpo podia levar ao esquecimento dos valores da alma. E toda a educação passou a confinar-se a uma tarefa puramente intelectual. No entanto, durante a Idade Média, a Igreja Católica proibiu a dissecação de cadáveres, pois que “o olhar humano não deve fixar-se em regiões que Deus nos ocultou”. Depois dos gregos, nada surgiu de tão interessante, na história da cultura ocidental, ao desenvolvimento das práticas corporais, como o De humani corporis fabrica, de Andreas Vesalius (1514 - 1564) e De Arte Gymnastica, de Jerónimo Mercurialis (1530-1606). Vesálio ousou desafiar os preconceitos e os hábitos estabelecidos (muitos dos quais se baseavam na obra de Galeno) sem ter sofrido qualquer recriminação ou condenação públicas. Sabe-se também que, “às escondidas”, Leomardo da Vinci (1452-1519) conseguia cadáveres, para os estudos de anatomia, que serviam de base científica às suas obras asrtísticas. A Itália deslumbrava, então, todos os espíritos cultos, com especial relevo para Florença, onde viveram Dante e Petrarca. Os Médicis reuniam à sua volta as inteligências mais brilhantes do seu tempo. Mercurialis publicou, em Veneza, em 1569, o seu De Arte Gymnastica. Trata-se de uma cuidadosa, rigorosa e exaustiva sistematização das fontes antigas, então acessíveis, dos exercícios físicos sistemáticos. Mas foi o dualismo antropológico caretesiano, que percorreu, triunfante, toda a modernidade, chegando mesmo com foros de veracidade, designadamente na medicina e na educação física, até meados do século XX. Hoje, qualquer pessoa, medianamente informada, aceita sem surpresas que, “por mais surpreendente que pareça, a mente existe dentro de um organismo integrado (…). A mente teve primeiro de ocupar-se do corpo, ou nunca teria existido” (António Damásio, O erro de Descartes, Europa-América, Lisboa, p. 18). O dualismo corpoalma, onde o “cogito” é a celebração do espírito e da sua superioridade em relação ao corpo, foi rejeitado, principalmente, pelo panteísmo de Bento de Espinosa (1632-1677), por Maine de Biran (1766-1824), que anuncia já o estatuto subjetivo do corpo próprio, a partir da experiência do movimento, e Maurice MerleauPonty (1908-1961) que nos ensina: “perceber é tornar presente qualquer coisa, com a ajuda do corpo”. O dualismo antropológico cartesiano foi continuado indelevelmente pelo médico La Mettrie (1709-1751) que fez do animal-máquina de Descartes a inspiração do seu L’homme-machine. Para Descartes, os animais, porque não tinham alma, não passavam de puras máquinas. La Mettrie, neste seu livro, e no livro seguinte, O homem mais do que máquina, advoga a inexistência da alma humana e que os homens eram também simples máquinas, conjuntos de engrenagens, materiais tão-só, sem o complemento de qualquer substância espiritual. La Mettrie foi o médico mais famoso do Iluminismo. E a sua conceção organicista e mecanicista do homem-


máquina foi conhecida pelos homens cultos do seu tempo. E levou, muitos deles, a transformarem-se em afervorados materialistas que assim diziam; “somos máquinas, mas máquinas programadas pela natureza para o exercício da liberdade”. De facto, somos o nosso corpo-máquina e o nosso corpo-máquina é matéria, nada mais do que matéria: aí está o radical fundante da ciência e da filosofia de La Mettrie. No entanto, a sua tese da continuidade entre o homem e o animal está sendo cabalmente confirmada pela biologia hodierna. O genoma da mosca drosófila tem cerca de 15 000 genes, enquanto o genoma humano só tem aproximadamente 30 000. O genoma dos primatas superiores é semelhante ao humano, em mais de 90%. Não se comprovou ainda a tese de La Mettrie de que os papagaios podem, perfeitamente, dialogar com o ser humano, através de uma conversa racional, mas aceita-se que a comunicação homem-gorila é possível. Num ponto havemos de convir com La Mettrie: a dependência da mente, em relação ao cérebro, parece insofismável. Para mim, todavia, há um excesso infinito de ser, na alma. Por isso, dependendo embora do corpo, somos livres! O corpo e o movimento constituem o primeiro momento da vida humana: o sujeito, antes de conhecer, procura e sente e vive, com o seu corpo. Lembro-me, amiúde, da frase de Teilhard de Chardin: “a matéria destila espírito”. Para Kant, a Ginástica é a educação do que, no homem, é natureza. Só que a natureza e o espírito formam, no homem, um todo indecomponível. E assim a matéria destila espírito e o espírito revela-se como a personalização da matéria… Porque é um “ser de carências”, o ser humano é um “ser práxico”, ou seja, o seu movimento intencional não pode limitar-se unicamente ao desporto e à educação desportiva. Não é difícil acolher a ideia de que o desporto é vida, mas a vida não é desporto tão-só. Não deixando de tecer um comentário de ordem pessoal, mas de incidência pedagógica - sempre que teorizo a ciência da motricidade humana, me indago: se a motricidade é, antes do mais, movimento, quais os tipos de movimento que este paradigma pode albergar? Se bem penso: todos os movimentos humanos, suscetíveis de aprendizagem e que, pela transcendência, obedeçam ao imperativo de Hans Jonas: “Age de tal modo que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida autenticamente humana sobre a terra” (Hans Jonas, Le Principe Responsabilité, Cerf, Paris, 1997, p. 37). Assim, nas disciplinas de um curso de motricidade humana, tem de encontrar-se mais do que anátomofisiologia, biomecânica, bioquímica, matemática e algumas das últimas aquisições da tecnologia, pois que, no corpo, são sempre visíveis fatores de ordem cognitiva, afetiva, social, política e religiosa. O ser humano não se esgota na interrogação: corpo ou espírito? – porque é corpo e espírito e natureza e sociedade e… movimento imparável de transcendência! Porque já trabalhei num departamento de futebol altamente competitivo; porque mereci a confiança e, nalguns casos, até a amizade de alguns treinadores desportivos – posso adiantar, sem receio, que reduzir a motricidade humana (e até a chamada “educação física”) à aprendizagem do desporto significa que nada se entendeu ainda sobre o significado do “corpo em ato”, do movimento humano e do movimento intencional da transcendência. Quais os grandes objetivos da ciência da motricidade humana? Criar um paradigma novo que fundamente o estudo do movimento humano e da intencionalidade e da transcendência que, nesse movimento, se descobrem; que se estude também as aprendizagens motoras, em quatro dimensões: a físico-biológica, a cognitiva, a sentimental e a axiológica. A necessária teoria integradora encontramo-la na ciência da motricidade humana e as aprendizagens,que dela necessariamente decorrem, nas problemáticas educacionais e educativas, presentes no ato de desvelar conhecimentos e não meras informações. Entrámos na Sociedade do Conhecimento. Passámos de um saber fragmentado, em migalhas, pulverizado num mundo de especialidades, a um mundo holístico ou sistémico , mas onde se ignora aquela interioridade donde poderá divisar-se o sentido da vida. Se a “noosfera” (e agora ressoo Teilhard de Chardin) se apronta para ser uma “noogénese”, ou seja, um processo de crescimento espiritual, aliás o que resta da Evolução - o próprio corpo e toda a motricidade humana deverão surgir como um dos aspetos da humanização progressiva da Humanidade. “Muitos autores vêem hoje, com júbilo, chegar o momento abençoado do tempo pós-biológico (Moravec) ou pós-evolucionista (Stelarc), pósorgânico, etc., em suma, do tempo do fim do corpo, este sendo um artefato passível de ser danificado da história humana, que a genética, a robótica ou a informática devem conseguir reformar ou eliminar” (David Le Breton, Adeus ao Corpo, Papirus, Campinas, 1999, p. 16). Mostro-me atónito, quando vejo tanta gente, de formação universitária, ter cedido à moda “de certas correntes da Inteligência Artificial, que negam qualquer importância ao corpo, para tornar o homem um puro espírito-computador, o body builder reafirma, com o mesmo radicalismo (ou ingenuidade), o dualismo entre o corpo e o espírito, apostando no primeiro como uma forma de resistência simbólica, para restaurar ou construir um sentimento de identidade ameaçada. Transforma


o corpo em uma espécie de máquina, versão viva do andróide” (pp. 40/41). Eu sei que a nossa visão de algo, de qualquer fenómeno, não passa de simples opinião, pois que sou um “ser de carências”, um ser de limites. Mas, porque situado entre o finito e o infinito,, sentindo um anseio imparável de transcendência, ou superação. A dialética finito-infinito clarifica-me a desproporção entre o que sou e o que desejo ser.

Mas, tudo isto, sem prescindir do corpo, porque é pelo corpo que eu percebo e me percebo e percebo este anseio de transcendência das minhas carências… rumo a um Absoluto invisível mas evidente. Portanto, é pelo corpo e em movimento porque, pela transcendência somos, em todos os momentos, uma tarefa a cumprir, que eu tomo consciência que não sou objeto da História, mas sujeito criador e construtor da própria História, que não sou reflexo do que me rodeia, mas projeto de um mundo possível – que eu encontro afinal o sentido da vida! “É este homem que se define como um ser de projeto, um ser de possibilidades e explorador de possibilidadses e sentidos e que, como tal, não se encerra na sua individualidade, mas abre-se ao devir e à alteridade, isto é, a outros tempos e a outros homens” (Eunice Nascimento , “A Dimensão FilosóficaAntropológica da Utopia em Paul Ricoeur – repercussões na filosofia da educação”, in AA VV, Da Ética à Utopia em Educação, Edições Afrontamento, Porto, 2004, pp. 204 ss.). José María Cagigal (1928-1983), que foi diretor do INEF de Madrid e é hoje nome cimeiro da história da educação física, tentou, no seu tempo, uma nova teoria da educação física, a qual fez do seguinte princípio o seu principal fundamento: “En contra de la línea educativa tradicional, considera al hombre corporal como la concepción más integral del hombre” (in AA VV, Investigación Epistemológica – el campo disciplinar en Educación Física, Consejo Superior de Deportes, Madrid, 1997, p. 61). A redução do corpo a mera virtualidade, ou a máquina tão-só, deixa a educação física, deixa a motricidade humana, sem uma perspetiva de fundamentação. Quando a ciência, ou a filosofia, perguntam pela motricidade humana e as especialidades que a compõem, perguntam inevitavelmente pelo corpo. Não conheço outro fator de individuação. A exploração do possível, pela transcendência, nega toda e qualquer espécie de determinismo. É o próprio corpo a dizê-lo…


A METAMORFOSE MANUEL SÉRGIO A BOLA - A Metamorfose (artigo de Manuel Sérgio, 361) (Espaço Universidade)

A poesia pretende, à força de palavras conhecidas, dar ao leitor esse ser humano desconhecido que as ciências tidas por exatas não conseguem vislumbrar. Por isso, porque considero genial este poema de Herberto Helder, começo precisamente com um poema: “Era uma vez um pintor que tinha um aquário e, dentro do aquário, um peixe encarnado. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor encarnada, quando a certa altura começou a tornar-se negro. A partir – digamos – de dentro. Era um nó negro, por detrás da cor vermelha e que, insidioso, se desenvolvia para fora. Alastrando-se e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário, o pintor assistia surpreendido à chegada do novo peixe. O problema do artista era este: obrigado a interromper o quadro que pintava e onde estava a aparecer o vermelho do seu peixe, não sabia agora o que fazer da cor preta que o peixe lhe ensinava. Assim, os elementos do problema constituíam-se na própria observação dos factos e punham-se por uma ordem, a saber: 1º - peixe, cor vermelha, pintor, em que a cor vermelha era o nexo estabelecido entre o peixe e o quadro, através do pintor; 2º - peixe, cor preta, pintor, em que a cor preta formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor. Ao meditar acerca das razões porque o peixe mudara de cor precisamente na hora em que o pintor assentava na sua fidelidade, ele pensou que, lá de dentro do aquário, o peixe, realizando o seu número de prestidigitação, pretendia fazer notar que existia apenas uma lei que abrange tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Essa lei seria a metamorfose. Compreendida a nova espécie de fidelidade, o artista pintou na sua tela um peixe amarelo” (Do Mundo, Livraria Aleph, De Google). A crise que atravessa a racionalidade galilaico-cartesiana e os novos paradigmas emergentes são prova evidente de que o real está em permanente metamorfose. Demais, com a hermenêutica, “o ser que pode ser compreendido é linguagem” (H.G. Gadamer, Verdad y Metodo, Ediciones Sígueme, Salamanca, 1988). De facto, se “a linguagem é a casa do ser”, como Heidegger o repetia, é a linguagem a dizer-nos o que pensava o saber aristotélico-tomista da Idade Média e o que a modernidade, com Galileu, Descartes, Newton e Kant, julgava eterno e o que a pós-modernidade entende como Verdade. Ora, a pós-modernidade desvela-se, revelase, como “idade hermenêutica da razão” e portanto onde se “labora na pressuposição de que, rigorosamente, não há conhecimento (perfeitamente) objetivo. Apenas há interpretação de linguagens e compreensão do mundo” (Jorge Coutinho, Filosofia do Conhecimento, Universidade Católica Editora, 2003, pp. 169-170). Uma mulher, até à década de 50 do século XX, quase nada podia esperar da vida, depois de ter cumprido o seu destino “inalienável”(?) de parir e educar os filhos e ser um modelo obediente aos apetites do seu marido (nada mais!) que, entretanto, cevava os dentes todos na maçã pecadora. A própria religião cristã, com uma hierarquia masculina e uma fé institucionalizada em sociedades patriarcais, chegava às mulheres idealizada na Virgem Maria que, por ser Virgem, impossibilitava um modelo feminino de acesso generalizado às restantes mulheres. Acompanho pela televisão o mundial de voleibol das equipas brasileiras (feminina e masculina) e delicio-me com as suas exibições, designadamente as da equipa feminina. As qualidades físicas e intelectuais daquelas moças é sinal certo e seguro de uma igualdade radical de género, que já se pratica no Brasil e afinal em toda a América Latina. E, no Brasil que eu conheço, o facto de a própria teologia não deixar de pôr a nu o que de reacionário e fascizante se infiltrou na mensagem dalgumas igrejas. A Literatura Ocidental cunhou, muito justamente, o provérbio: “Vérité au deçà, mensonge ai dela des Pyrénnées”. Quando comecei a trabalhar na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-Brasil), pude dialogar, inúmeras vezes, com o Rubem Alves, uma das figuras maiores da “teologia da libertação” e um escritor e pedagogo brasileiro de indiscutível mérito. Relembro o que, um dia, me disse; “Junto à cruz de Jesus Cristo, nos momentos derradeiros da sua crucifixão e morte, só mulheres se encontravam junto d’Ele. Terá sido por acaso?”.


Maria Luísa Ribeiro Ferreira, professora catedrática aposentada da Faculdade de Letras de Lisboa, apresenta, por contraste, a morte de Sócrates, onde as mulheres foram compulsivamente expulsas de assistir à agonia do mestre (cfr. Maria Luísa Ribeiro Ferreira. “A subversão de uma mundividência”, in Manuela Silva e Fernanda Henriques, Teologia e Género, ariadne editora, Coimbra, 2006, pp. 193 ss.). Enfim, Jesus Cristo, a grande “Boa Nova”, na história da humanidade! Mas, na sociedade e portanto no desporto, que todos porfiamos em construir, o economicismo da alta competição deve ser diagnosticado e o hegemonismo e o dirigismo e as tentações elitistas devem ser desmascarados. Vivemos um momento propício de relembrar o pensamento de Maurice Druon, no livro, de que é autor, La parole et le pouvoir: “A grandeza reconhecida da Democracia está em deixar em liberdade os seus eventuais assassinos. A estupidez começa quando ela, ainda por cima, lhes paga o punhal” (p. 369). O futuro do desporto nacional menos se decreta do que se merece e se constrói solidariamente. Prepara-se, com muita pedagogia e persuasão na Família, na Escola, na Comunicação Social, nos Clubes, no Comité Olímpico, na Universidade, nas Associações e Federações. As grandes prioridades são conhecidas. Mas uma guerrilha verbal alienante, onde as palavras são verdadeiras armas de arremesso e ao serviço do radicalismo saloio de certas pessoas, pode escondê-las ou mudar-lhes a cor, como acontece com o peixe do poema de Herberto Helder. Efetivamente, a opinião pública portuguesa, tendo sido contemplada com uma “explosão de informação”, depois da Revolução dos Cravos, no que ao desporto diz respeito são poucos os que o pensam e dele sabem fazer um problema nacional que se põe hoje ao nosso país”. O Desporto é um caso de Cultura e de Educação e de Saúde (e mais itens poderia acrescentar). Mas por problemas técnico e táticos? Acima do mais, porque não é possível falar-se em Desporto, sem recorrer a uma axiologia dos valores. Não há ciência humana que não comporte uma relação iniludível com a ética e a moral. Mesmo ao nível do conhecimento…


PARA UMA ÉTICA PÓS-MODERNA DO FUTEBOL MANUEL SÉRGIO A BOLA - Para uma ética pós-moderna do futebol (artigo de Manuel Sérgio, 297) (Ética no Desporto)

Correndo embora uma aragem de inquietação nesta (quase) Repóblica dos Corvos (lembram-se d’A República dos Corvos do José Cardoso Pires?), desde a Educação e a Saúde até às Forças Armadas e à Segurança Social, no futebol corre dinheiro aos milhões, o que me deixa tenso e retenso de inquietação e surpresa. Talvez só a mim e a muitos poucos mais, pois que não oiço um tropel de vozes guturais, trazidas pelo espanto, ou até pela indignação, a questionar por que, nesta Europa cristã, há tanto dinheiro para umas coisas e falta para outras. Se aqui estivesse um dos corvos de São Vicente, remataria sempre do mesmo modo: “Deixe lá, isto já não tem conserto e, mais dia menos dia, todos os males da gente têm o mesmo fim”. Mas eu, como o Santo António (não quero comparar-me, em capacidade retórica, a este santo que, excetuando o padre António Vieira, é incomparável na história da oratória nacional) – mas, como ia dizendo, eu, como o Santo António, não sou pessoa, para deixar azedar, dentro de mim, o que tenho para dizer. Procuro ser educado, polido, cortês, mas não escondo o acordo ou o desacordo, diante dos “vencedores” que fazem a História. Até no tempo do “Dinossauro Excelentíssimo” o fiz, mas com um cuidado tal que chego a ter vergonha das minhas infidelidades à ideologia “estadonovista”. No entanto, é da minha autoria o primeiro livro, editado pela Direcão-Geral dos Desportos, em Junho de 1974, depois da Revolução dos Cravos portanto, intitulado Para uma nova dimensão do desporto onde reuni textos escritos por mim, entre 1964 e 1974. O livro jazia escondido, numa gaveta da secretária do diretor-geral e esclarecia, no prefácio, que “o título Para uma nova dimensão do desporto quer dar o tom a uma iniludível maneira de ver o desporto (…) como prática medial ao serviço do Homem. Visão, por isso, tributária de uma tomada de posição do autor que, em primeiro lugar, significa ruptura com o complexo ideológico que informa o desporto português”… Max Weber incitava os seus alunos e os seus inúmeros leitores, em Le Savant et le Politique, a “estarmos à altura do quotidiano”. Ora, o que para mim me parece mais evidente, no mundo de hoje, é a relativização dos valores. E porquê? Faço minhas as palavras de Miguel Real, na sua obra Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa (Quidnovi, Maio de 2008), porque “1. Nada de exterior e transcendente (Deus, Sociedade, Humanidade, Razão, História, Inconsciente, Classe Social…) é superior e determinante, face à consciência singular do sujeito. 2. Nenhum valor em si e nenhuma escala axiológica encontram legitimação universal, fora da sua instauração epocal, social e histórica, ou seja, civilizacional e, por isso, uma consciência individual pode ou não segui-los, sendo sempre legítima, seja seguindo-os, seja não os seguindo. 3. Nenhum código linguístico e nenhuma substância de linguagem podem dar conta da realidade em si, da sua essência, senão fragmentaria e incompletamente; apenas uma fortíssima linguagem emotiva, exterior à razão, como a poesia, subvertendo as conexões semânticas da língua, nos pode aproximar e revelar a essência do homem e do mundo. 4. Nenhum corpo doutrinal (Filosofia, Teologia, Religião, Ciência, Ideologia…) é intrinsecamente capaz de espelhar com realidade o movimento e a substância do Ser. 5. Finalmente, nenhuma acção colectiva ou individual, nenhuma palavra colectiva ou individual são capazes de preencher, senão ilusória e efemeramente, o vazio de absoluto que se instaurou no coração do homem, nestes momentos terminais de uma civilização que, tendo conhecido o paraíso da crença inocente, se oferece hoje a si próprio o inferno de uma aceleração histórica, tão feita de presente fugaz quanto de um futuro sem sentido” (pp, 377/8). O relativismo axiológico não significa relativismo epistemológico, mas implantação de um fundo agnosticismo na mais funda raiz do nosso ser. Um relativismo onde o “espírito de geometria” prevalece sobre o “espírito de finura”. Onde a quantidade reina e a demagogia se perfila como um dos fatores essenciais do sucesso do relativismo axiológico. Aprende-se, na fenomenologia: “Toda a consciência é consciência de alguma coisa”. Ou seja, a consciência procura algo ou alguém que não é ela e, portanto lhe é transcendente (no sentido de exterior). Assim, a consciência define-se como intencionalidade. Por outras palavras: qualquer coisa, qualquer pessoa são “fenómenos” para a consciência. O lema do existencialismo: “a existência precede a essência” é assim explicado, precisado por Sartre: ”significa que o homem primeiro existe, descobre-se, surge no mundo e só


depois se define. O homem (…) primeiro não é nada. Será apenas depois e será exatamente o que tiver feito de si próprio”. O sujeito sartriano não possui essência, não possui natureza, todo o seu ser radica na ação, na práxis, na criação. Se bem penso, o espaço onde se situa o pensamento de Sartre é o ético ou moral. Vejamos o que ele nos diz, no L’Existentialisme est un Humanisme: “O homem será, antes do mais, aquilo que projetou ser”. E recorrendo ainda ao mesmo livro: portanto, “o homem está condenado a ser livre”. O ser humano é livre e, se é livre, é responsável. Para mim, em Sartre, o ser humano é um sujeito eminentemente ético, por esta razão óbvia: porque se faz, fazendo. Na motricidade humana, que eu defino como “o movimento intencional e solidário da transcendência”, também o atleta, o bailarino, etc. se fazem, fazendo. E, pela transcendência, são projetos que assumem uma situação, para superá-la, ininterruptamente, até ao Absoluto… sempre desejado e sempre inalcançável! Toda a prática desportiva, designadamente a altamente competitiva, vive em êxtase do possível. Conheci um treinador de futebol que me dizia, com as pupilas a destilarem gotas de malícia: “Um jogador profissional de futebol tem de tê-los no sítio. Caso contrário, tem de mudar de profissão”. E sublinhava: “A coragem é das primeiras qualidades, na alta competição. Vê o Maradona? Faz coisas lindas com a bola. Mas leva porrada e não desiste e não se atemoriza. Sem coragem, ele não faria a maioria dos golos que faz”. Já aqui lembrei a teoria dos três infinitos de Teilhard de Chardin: existe o infinitamente grande dos espaços siderais. Diante deles, cada um de nós nem um grão de areia parece. Mas também existe o infinitamente pequeno dos micro-organismos, que só máquinas potentíssimas podem descortinar. Mas, além de tudo isto, uma outra grandeza se descobre: o infinitamente complexo da consciência humana, com uma nobreza e uma beleza e uma grandeza moral inimagináveis. “Um único ato de amor, notava, com argúcia, Blaise Pascal, vale mais que o universo físico inteiro”. E eu, na sequência de Pascal e de Teilhard de Chardin, costumo dizer: “vale mais uma lágrima humana do que todas as taças e todos os campeonatos do mundo”. Oxalá João Félix aprenda a ser mais homem, no seu novo clube, o Atlético de Madrid, que dele mais não quer do que fazer dele um grande jogador de futebol. Diego Pablo Simeone, o treinador dos colchoneros, afirmou em entrevista à Imprensa: “Historicamente, o Atlético é uma equipa que compra jogadores jovens, para evoluírem. Como aconteceu com o Oblak que, quando chegou, não era o jogador que é hoje. Do João Félix esperamos que seja um rapaz com talento e que possa absorver as nossas ideias. Estamos a trabalhar, no seio do corpo técnico, para criar, para ele, as situações necessárias à sua evolução como jogador de futebol”. No entanto, também de sólida e solidária afetividade é demasiado importante, na evolução de um jogador profissional de futebol, para ser esquecida. Concordo que o futebol seja, para algumas pessoas, cada vez mais, um jogo de números, centrados que estão na análise estatística. Mas nem o futebol (nem o desporto) é matemática tão-só. O Messi é um exemplo a ponderar. “Parece incrível que, 132 jogos depois, Messi continue sem encontrar lugar na seleção” (Valdano, in A Bola, de 2019/6/22). Por falta de tecnologia, ou de ciência físico-matemática, ou de números?... O ser humano distingue-se, pela sua qualidade. Quantitativamente, é um “bicho fraquinho”. Manuel Sérgio é professor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana e Provedor para a Ética no Desporto


CAROL HERTEL NO CAMPEONATO ITALIANO DE ÁGUAS ABERTAS, NA CIDADE DE PIOMBINO, NA ITÁLIA, NO MAR MEDITERRÂNEO.

Nossa representante, a atleta Carol Hertel2, da equipe ATLEF/NINA foi 3º lugar absoluto na competição, nadando 25km em 6 horas e 20 minutos de prova. Aos 20 anos, foi a primeira vez que Carol nadou essa distância em competições. O Campeonato Italiano de Águas Abertas em disputa desde o dia 14 de junho teve as provas de 2,5, 5, 10 e 25 quilômetros. Patrocinada da Equatorial Maranhão, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, Carol e outros três atletas fazem parte do Projeto Nado Olímpico, sob o comando do treinador Alexandre Nina. Nos últimos 2 anos a atleta apresentou uma enorme evolução, se configurando na líder do ranking nacional, e consequentemente, o maior destaque do Estado.

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CBDA - Perfil de Atleta - CAROL DE SOUZA RODRIGUES HERTEL


FUTEBOL PROFISSIONAL NO MARANHÃO EM 1920???


CAMPEONATO DE TENIS – 1920 O JORNAL, 16 DE NOVEMBRO DE 1920


CAMPEONATO MARANHENSE DE FOOT-BALL 1920


FUTEBOL INFANTIL


TIMONENSE É CONVOCADO PARA DISPUTAR OS JOGOS OLÍMPICOS DE TÓKIO 2021

João Henrique fundeado pelo técnico Nilson Sousa, no Centro de Treinamento de Chula Vista, na Califórnia O esporte maranhense, notadamente o atletismo timonense está em festa com a convocação de mais uma revelação de nosso atletismo convocado para as Olímpiadas de Tókio 2021, trata-se do atleta Joao Henrique Falcão Cabral (MA) que disputará a prova 4x400 misto. Técnico que revela atletas olímpicos Vale ressaltar que Timon é a única cidade do Maranhão que o mesmo treinador, o Professor Nilson, revelou 4 atletas olímpicos da mesma cidade e modalidade.

João Henrique comemorando o resultado na Polônia


Veja quais: Joelma das Neves Sousa - 6 mundiais; 2 olimpíadas 2012 e 2016; 2 pan americanos vice campeã pan americana JOELMA SOUSA

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Joelma das Neves Sousa (Timon, 13 de julho de 1984) é uma atleta brasileira. Integrou a delegação que disputou os Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara, no México, onde conquistou a medalha de prata com o revezamento 4x400 metros ao lado de Geisa Coutinho, Bárbara de Oliveira e Jailma de Lima. Cristiane da Silva Santos - 4 mundiais ; 1 olimpíada 2016 – é natural de Teresina Leticia Maria Nonato Lima - 3 sulamericanos; 3 mundiais, 1 olimpíada da juventude onde foi medalha de bronze, sendo a primeira atleta feminina a ganhar uma medalha no atletismo. Também piauiense João Henrique Falcão Cabral – (Tókio 2021); 3 competições nos USA; 1 Vice campeão mundial como reserva; 1 sul americano(Campeão sulamericano) e dia 16 embarca para sua 1ª olimpíada


Estudantes do IFMA se destacam em jogos nacionais Estudantes do IFMA se destacam em jogos nacionais : IFMA

Atletas maranhenses conquistaram medalhas na modalidade masculina das provas de atletismo nos Jogos dos Institutos Federais (JIFs) FacebookTwitterWhatsAppEmail

A delegação de atletas do IFMA, formada por estudantes de cinco campi, foi destaque nas competições de atletismo da etapa nacional dos Jogos dos Institutos Federais (JIFs), competição realizada em Brasília (DF), entre os dias 4 e 9 de outubro (terça-feira a domingo). [2016] O evento foi organizado pelo Instituto Federal de Brasília (IFB).

No quadro de premiações do IFMA, o aluno Gabriel Pires Amorim Azevedo, do curso técnico de Eletrotécnica no Campus Codó, conquistou medalha de ouro na corrida de 200 metros. Do curso de Eletromecânica, João Henrique Falcão Cabral (Campus Timon), foi duplamente vitorioso, obtendo medalhas de prata e bronze, nas competições de 100 e 400 metros, respectivamente. Os dois atletas integraram ainda a equipe do Instituto vencedora da medalha de prata no revezamento 4 x 100m, ao lado dos alunos do Campus Monte Castelo João Renato Costa de Jesus (Eletrotécnica) e Joeberth Ribeiro Santos (Design de Móveis). Segundo a organização do evento, delegações de 35 institutos federais, das cinco regiões do país, competiram nas 11 modalidades esportivas dos JIFs 2016, em disputas individuais (atletismo, natação, judô e tênis de mesa) e coletivas (basquete, handebol, futsal, voleibol, futebol, vôlei de areia e xadrez). Os professores de Educação Física Reinaldo Conceição da Cruz (Campus Monte Castelo) e Alessandra Teresinha da Rosa Borba (Zé Doca), formaram a comissão técnica do atletismo do IFMA.


“Representou uma conquista para o IFMA, no momento político e econômico que passamos”, disse a professora Mayara Karla da Anunciação Silva, da Diretoria de Difusão Artístico-Cultural, Desporto e Lazer (DDACDL), sobre a vitória dos estudantes do Instituto nos JIFs 2016. Ela destacou que o evento contribui com o fortalecimento da área do desporto no país, por servir como estímulo aos participantes para atuar como multiplicadores das práticas esportivas nas instituições de ensino técnico e nas comunidades.


CONHEÇA OS MARANHENSES QUE IRÃO PARA OS JOGOS OLÍMPICOS O Maranhão estará presente, representado pelo atletismo, hipismo, skate street, rugby e handebol. NERES PINTO Conheça os maranhenses que irão para os Jogos Olímpicos | Página: 5 | O Imparcial

Contagem regressiva para a abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no dia 23 deste mês. As atenções do mundo vão estar voltadas para os grandes nomes do esporte mundial. Os melhores passarão a fazer parte da história da maior competição esportiva da história da humanidade. A esperança de conquista de medalhas é imensa. O Maranhão estará presente, representado pelo atletismo, hipismo, skate street, rugby e handebol. Todos estão esperançosos por um dia de glória, no pódio, onde só pisam os monstros sagrados.Uma das maiores esperanças de medalha está no grupo que representa o estado do Maranhão, composta por sete integrantes da delegação brasileira, que foram convocados pela CBAt no último fim de semana. São eles: Rodrigo Nascimento ( 100 m – 4×100 m), Thiago do Rosário André (800 m – 1.500 m), Eduardo de Deus (110 m com barreiras), Alexsandro Melo (distância e triplo), Ana Carolina Azevedo (200 m – 4×100 m) e Geisa Muniz Coutinho e Bruna Jéssica Farias (4 x 100m) 4×400 Misto) todos do CT-MA, segundo clube com a maior quantidade de atletas convocados pela Confederação Brasileira de Atletismo. Um dos grandes favoritos à conquista de medalha na equipe selecionada por nosso estado é Alexsandro do Nascimento, campeão Sul-Americano em 2021, do salto triplo, e bronze no salto em distância. Ao tomar conhecimento da convocação, ele vibrou: “Estou confiante. Quero levar o Maranhão à final dessas Olimpíadas”. O CT-MA, que tem como coordenador o medalhista maranhense José Carlos Codó, foi o responsável pela indicação do seleto grupo. Ele também desenvolve atividades na formação de base ao atletismo profissional pois “ter nossos atletas nas Olimpíadas é muito inspirador para as crianças do CTMA. É uma prova de que é possível chegar no topo, que são as Olimpíadas. E é pra isso que a gente trabalha, para levar o esporte do Maranhão ao topo”, comentou. A participação do atletismo brasileiro no Japão só será menor do que a registrada nos Jogos do Rio-2016, quando foram chamados 67 atletas. A Olimpíada de Tóquio, inicialmente marcada para 2020, teve de ser adiada em um ano por causa da pandemia global da Covid-19. “Quero parabenizar a todos os atletas convocados, treinadores, clubes e federações e aos que fizeram grande esforço e não conseguiram qualificação por índices ou por cotas. Tenho certeza de que o Brasil estará bem representado no Japão”, disse o presidente do Conselho de Administração da CBAt. Hipismo Um dos principais nomes do hipismo brasileiro é maranhense da cidade de Imperatriz. Marlon Modolo Zanotelli, 32 anos, deixou aquela cidade da região tocantina quando tinha oito anos, em companhia dos pais. Ele começou a se apaixonar pelo hipismo ainda em nosso estado, em seguida mudou-se para Fortaleza e, desde então, nunca mais parou. O resultado desse desafio foi a conquista de importantes títulos em competições disputadas em todo o mundo. Mudou-se para a Europa quando tinha 19 anos. Antes, esteve na Guatemala onde foi orientado por Hélio Pessoa, tio de Rodrigo Pessoa. Mais tarde foi para a Bélgica. Brilhou em competições na Alemanha, Holanda, Itália e Áustria.


Na semana passada, em mais um dia de torneios internacionais de saltos, Marlon Zanotelli obteve o melhor resultado do Brasil. Na última quinta-feira (1º), o brasileiro, que é o único do país entre os 10 melhores do mundo, terminou com o quarto lugar no torneio de cinco estrelas em Mônaco. Além dele, Felipe Nagata ficou dentro do top 5 em duas provas na mesma competição.

Na disputa da prova cinco estrelas em Mônaco, Marlon Zanotelli fez conjunto com Diarca PS e terminou dentro do top 4. Na prova com obstáculos com até 1.45m em duas fases, o brasileiro passou pelos 12 saltos, sendo dois deles em duas partes, com a marca de 25s34, na fase decisiva. Skate street Com apenas 13 anos, Rayssa Leal, maranhense da cidade de Imperatriz, é a caçula da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio, na modalidade skate street. A vaga foi garantida durante a disputa do Mundial em Roma (Itália). Na oportunidade, a Fadinha, como também é chamada, subiu no pódio e conquistou a medalha de bronze. Rayssa terá ainda como companheiras de equipe Pâmela Rosa, Leticia Bufoni, Kelvin Hoefler, Felipe Gustavo e Giovanni Vianna. O skate estreia em Tóquio no dia 25 de julho, com a disputa do street masculino. Tida como uma séria candidata à conquista de uma medalha, Rayssa, que tem mais de 600 mil seguidores no Instagram, mandou um recado aos imperatrizenses: “Estamos nas Olimpíadas provando que o esporte não é só para eles. As meninas arrasam também”, disse em entrevista ao Tarde Nacional -Amazônia.


Para a menina atingir seu objetivo teve de enfrentar barreiras, porque os moradores de sua cidade olhavam esse esporte de forma negativa. Agora, a cidade inteira vai ficar de olho na telinha torcendo pelo sucesso da Fadinha. Antes de Rayssa Leal, tivemos nas Olimpíadas de 1948, em Londres (Inglaterra), a nadadora Talita Rodrigues, de 13 anos e 11 meses na prova dos 4x100m livre. Em Tóquio, Rayssa terá 13 anos e seis meses no dia da final do skate street. O skate de rua é praticado durante manobras em corrimões, rampas, muretas, degraus, guias de calçadas e outros obstáculos. As notas são dadas pelos juízes, que analisam o desempenho individual, observando principalmente a dificuldade das manobras. Handebol O Maranhão também vai marcar presença na modalidade handebol feminino, e a nossa representante é Ana Paula Rodrigues, um dos principais destaques da equipe. Hoje, ela atua pelo Chambray Touraine, da França. Aos 33 anos, três títulos em Jogos Pan-Americanos e um Mundial, ela é uma das jogadoras mais experientes da seleção brasileira. Sua trajetória é longa. Moradora do bairro Liberdade, em São Luís, Ana Paula começou a jogar handebol quando tinha 13 anos. Esteve no período de 2002 a 2007, em Guarulhos-SP, onde evoluiu bastante e acabou se transferindo para a Europa, sendo destaque no BM Elche Mustang, da Espanha.


Sua excelente temporada lhe garantiu a convocação para a disputa dos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 com a seleção feminina. Em 2009, Ana Paula se transferiu para o Elda Prestígio, principal rival do BM Elche Mustang. Dois anos depois foi para o Hypo Niederösterreich, da Áustria, sagrando-se tricampeã do campeonato austríaco e da Copa OHB da Áustria. No mesmo ano, conquistou sua primeira medalha de ouro em Jogos Pan-Americanos, em Guadalajara, no México. Viveu o maior momento de sua carreira em 2013, no Mundial da Sérvia, ao lado das colegas de Hypo, sagrando-se campeã do mundo. Em 2014, Ana Paula se transferiu então para o CSM Bucaresti, da Romênia, onde foi bicampeã do Campeonato Romeno, levou a Copa da Romênia e venceu a Champions League. Em 2016 foi jogar no Rostov, da Rússia, onde conquistou a Copa da Europa e o Campeonato Russo. Em seguida, Ana Paula Rodrigues Belo foi um dos destaques do Chambray no Campeonato francês de handebol feminino, com 62 gols na temporada em 97 arremessos tentados, sendo a décima maior goleadora do torneio. A Seleção Brasileira de handebol feminino se classificou para a Olimpíada de Tóquio com a conquista do hexacampeonato dos Jogos Pan-Americanos. A medalha de ouro veio com autoridade com uma vitória das brasileiras por 30 a 21 sobre a Argentina. Rugby Um esporte com pouca divulgação vai mostrar ao mundo duas gêmeas maranhenses: Thalia e Thalita, de 24 anos, oriundas do bairro Coroadinho, em São Luís. Para atingir o grande objetivo elas tiveram que deixar a família e passar a integrar a equipe do Delta-PI desde 2017. Foi com destacadas atuações na equipe mafrense que a dupla ganhou a confiança e admiração do técnico da Seleção Brasileira Will Broderick. Na semana passada as duas foram convocadas pela confederação para integrar o grupo que se prepara em São Bernardo do Campo-SP e vai a Tóquio disputar os Jogos Olímpicos.


A convocação foi comemorada intensamente, mas o foco agora é competir e trazer uma medalha. A seleção brasileira já conhece seus adversários na competição e no meio do caminho estão Canadá, Fiji e França, integrantes do Grupo B. Thalia reconhece que os confrontos serão difíceis, mas vai dar para encarar: “Acho que o Brasil tem grandes chances, ainda mais com o trabalho que nosso treinador tem feito e os resultados que temos adquirido nos amistosos com os Estados Unidos, recentemente, no torneio contra Dubai, é nitidamente visível como o time tem evoluído. Entre os fortes estão Nova Zelândia, Austrália e Canadá, sem dúvida”, disse a O Imparcial. Thalia participou do Pan-Americano, dos classificatórios para o Circuito Mundial e para Tóquio, daí o otimismo pelo fato de estar atravessando boa forma: “Ganhamos Hong-kong e o Sul-Americano e meu desempenho, acredito que só tem crescido. É notável tanto quanto na preparação física como na parte técnica em campo, mas acredito que ainda tenha muito que evoluir e melhorar daqui a alguns anos”, completa. Eles já disputaram Olimpíadas Maranhense nascido na cidade de Guimarães, Ary Façanha foi o primeiro atleta nascido em nosso estado a disputar uma edição dos Jogos Olímpicos, em 1952, em Helsinque, na Finlândia. Ficou em quarto lugar na prova de salto, embora tenha se tornado recordista brasileiro em salto em distância. Na Austrália, em 1956, Façanha voltou a competir. Correu os 110m e 400m com barreiras, no entanto não subiu ao pódio. Outros atletas maranhenses já disputaram olimpíadas como Ana Paula Rodrigues (2008) em Pequim e Londres (2012); Winglitton Rocha Barros (handebol), Atlanta em 1996; Iziane Castro, basquete (Atenas 2004); Joelma Neves,atletismo (Londres 2012), Sílvia Helena, handebol (Londres 2012); Tânia Maranhão, que conquistou o bicampeonato Pan-Americano, duas medalhas de prata nas Olimpíadas de Atenas (2004) e de Pequim (2008); e José Carlos Moreira, o Codó, medalhista de bronze nos 4x100m, em Pequim (2008).


NOTA DO EDITOR Está faltando maranhense nessa relação:

Phillip Cameron Morrison nasceu em São Luís (MA), em 29 de dezembro de 1984. Filho de pai norteamericano e mãe brasileira, Phillip tem dupla cidadania. Começou a nadar no Maranhão, onde conquistou dois títulos estaduais. Em 2001, foi estudar na Luisiânia, nos EUA, onde também nadava e venceu as principais competições de high school. Esses resultados lhe renderam uma bolsa para estudar n Universidade Stanford. Foi aos Jogos Olimpicos de Pequim, em 2008, como reserva, no revezamento 4 x 200 metros nado livre. È formado em Earth Systems e, atualmente, trabalha em uma empresa de tecnologia em San Francisco, Califórnia. (RUBIO, 205, p. 231) .

Roberto Lopes - Roberto Lopes da Costa nasceu em Bacabal (MA), em 6 de outubro de 1966. Depois de se mudar para Fortaleza (CE), começou a freqüentar a AABB, em 1979, onde fez a escolinha de voleibol, modalidade que praticou até 1986. Migrou para o vôlei de praia, em 1988, formando dupla com Franco Neto. Foi bicampeão do Circuito Mundial em 1995 e, no ano seguinte, participou dos Jogos Olímpicos de Atlanta, onde obteve o 9º lugar. Em seu regresso, foi morar e jogar nos Estados Unidos. Nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg , em 1999, conquistou a medalha de bronze. Encerrou carreira de atleta em 2008. Fez Faculdade de Educação Física, especializou-se em treinamento esportivo e fez mestrado. É professor universitário e trabalhou na Secretaria de Estado. Montou, em Fortaleza, um centro de treinamento de vôlei de praia. Foi manager da FIFA, em Fortaleza,mpara a Copa do Mundo do Brasil, em 2014. (RUBIO, 205, p. 348) .


OUTROS ATLETAS “MARANHENSES” EM TÓQUIO Temos outros atletas convocados, pertencentes ao Clube Maranhense CT Maranhão (São Luis), por onde têm registro junto à CBAt – e competiram este ano no Troféu Brasil: PROJETO ATLETISMO MARANHÃO É LANÇADO EM CODÓ CBAt - Confederação Brasileira de Atletismo

CBAt participa de lançamento do Atletismo Maranhão (Foto: Divulgação/CBAt) Criada oficialmente no ano passado, a iniciativa ganhou força em 2021, contratando novas atletas como Ana Carolina Azevedo e Letícia Lima. O alvo é a descoberta e a formação de novos valores em São Luís, Codó e Timon O Projeto Atletismo Maranhão, que tem uma das principais equipes do Nordeste e do País, foi lançado oficialmente nesta sexta-feira (26/2) na cidade de Codó, que fica a cerca de 300 quilômetros de São Luís. As atividades começaram em 2020, mas só agora, por causa da pandemia, a iniciativa foi apresentada de fato. E com novidades. O projeto tem como patrono o maranhense José Carlos Moreira, o Codó, ganhador da medalha olímpica de bronze no revezamento 4x100 m nos Jogos de Pequim-2008. Na cerimônia de lançamento, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) foi representada pelo presidente do Conselho de Administração Warlindo Carneiro da Silva Filho. “Foi uma grande alegria participar de um evento tão importante para o atletismo e o esporte brasileiro”, comentou. A apresentação do Projeto Atletismo Maranhão contou com a participação do secretário estadual de Esportes do Maranhão, Rogério Cafeteira, responsável pela criação da iniciativa por meio de incentivo fiscal, do prefeito de Codó, José Francisco Lima Neres, do medalhista olímpico Claudio Roberto Sousa, entre muitos outros, como Alexsandro Melo, que está qualificado para a Olimpíada de Tóquio-2021 no salto triplo. Além de Alexsandro, conhecido como Bolt no atletismo, a equipe CT Maranhão tem vários destaques do esporte, como Rodrigo Nascimento, Eduardo de Deus, Vitor Hugo dos Santos, Bruno Lins, Flávio Gustavo da Silva Barbosa, Joelma Sousa e Adely Oliveira Santos. E ganhou reforços expressivos para a temporada 2021. Um deles é a paulista Ana Carolina Azevedo, uma das melhores velocistas do País, que foi eleita o destaque feminino do Campeonato Brasileiro Caixa Sub-23, disputado em dezembro, em Bragança Paulista. Ela ganhou medalha de ouro nos 200 m e de prata nos 100 m no Troféu Brasil, também em dezembro, em São Paulo. Outra velocista de destaque que reforça o time é Letícia Lima, bronze nos 200 m nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires-2018. Ela foi eleita o grande destaque do Troféu Norte-Nordeste Caixa, realizado em 2020 no Recife, ganhando os 100, 200 e 400 m.


“Foi a realização de um sonho, depois de quase um ano de atividades”, disse Márcia Cristiane Araújo, coordenadora do Projeto. Além de São Luís e de Codó, foi anunciado também o início do núcleo de Timon, quer também fará a detecção e treinamento de atletas em iniciação no atletismo. OS CONVOCADOS: EDUARDO RODRIGUES DOS SANTOS DE DEUS JÚNIOR

Nascimento: Campinas/SP / Idade: 25 anos (08/08/1995) / Altura: 1,75m / Peso: 66kg / Clube: CT Maranhão (São Luis) / Olimpíada: 0 / Pan: 1 (Lima-2019)

Nascido em Campinas no dia 8 de outubro de 1995, Eduardo iniciou ao esporte aos 14 anos na Escola Municipal Humberto de Sousa Mello, em Campinas, graças a sua professora. O atleta não sabia o que era atletismo, mas foi levado pela maestrina para fazer os testes. Eduardo obteve destaque, vencendo as corridas de 50 m e de 600 m e o salto parado. Na sequência, foi chamado para treinar pelo IVCL Orcampi, Eduardo Rodrigues dos Santos de Deus Júnior, mais conhecido como Eduardo de Deus, é um especialista do atletismo brasileiro nos 110 metros com barreiras masculino. Ao lado de Gabriel Constantino, representará o Brasil na prova dos 110m com barreiras nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. THIAGO DO ROSÁRIO ANDRÉ

Nascimento:. Berlford Roxo/RJ / Idade: 25 anos (04/08/1995) / Altura: 1,79m / Clube: CT Maranhão (São Luis) Olimpíada: 1 (Rio-2016) / Pan: 1 (Toronto-2015) Thiago do Rosário André – atletismo – 800m masculino – Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 Thiago André é uma das grandes promessas do atletismo do Brasil. Aos 25 anos, o carioca tem se destacados nos últimos anos e será o único representante do país na prova de 800m masculino nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.


RODRIGO PEREIRA DO NASCIMENTO

é um velocista brasileiro. Ele ganhou uma medalha de ouro no revezamento 4 × 100 metros no IAAF World Relays de 2019. Além disso, ele ganhou várias medalhas no nível continental. Wikipedia (inglês) Ver descrição original Nascimento: 26 de setembro de 1994 (idade 26 anos), Itajaí, Santa Catarina Colegas de time: Paulo André de Oliveira, Derick Silva, Jorge Vides Eventos: 100 metros rasos, 200 metros rasos ALEXSANDRO DO NASCIMENTO DE MELO

Nascimento:.Londrina/PR / Idade: 25 anos (25/09/1995) / Altura: 1,79m / Peso: 58kg / Clube: CT Maranhão (São Luis) / Olimpíada: 0 / Pan: 2 (Toronto-2015, Lima-2019)

Alexsandro Melo, mais conhecido no atletismo como Bolt, será um dos representantes brasileiros na prova do salto triplo dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. GEISA APARECIDA MUNIZ COUTINHO


(Araruama, 1 de junho de 1980) é uma atleta brasileira. Campeã brasileira e recordista sul-americana do 4x400 m com 3:26.68, foi finalista no 4x400 m no Mundial de Helsinque 2005. Foi ainda medalhista de ouro nos Jogos Mundiais Militares nos 400 m e no 4x400 m no Rio 2011. A atleta obteve a melhor marca em 22 de julho de 2011, no Rio de Janeiro, quando foi campeã mundial na prova dos 400m rasos e recordista com o tempo de 51,08 (marca até hoje não superada na competição) nos Jogos Mundiais Militares. Integrou a delegação que disputou os Jogos Pan-Americanos de 2011, em Guadalajara, no México,[1] onde conquistou a medalha de bronze nos 400 metros e a prata no revezamento 4x400 m. Nos Santo Domingo 2003 já havia obtido o bronze no 4x400 metros.[2] Em 2019, obteve a classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 no Japão, ao conquistar o oitavo lugar na final do revezamento 4x400m misto no Mundial de Atletismo em Doha no Catar, além de quebrar o recorde sul-americano na competição. A equipe brasileira do revezamento foi composta pelos seguintes atletas: Geisa Coutinho, Beatriz Tiffany, Lucas Carvalho e Anderson Henriques. A atleta brasileira tenta disputar em Tóquio 2020 sua quarta olimpíada, sendo uma das principais velocistas dos 400m rasos feminino e do revezamento 4x400m misto. A veterana é uma grande referência na modalidade para os demais atletas e para o país.

BRUNA JÉSSICA OLIVEIRA FARIAS

(Maceió, 19 de maio de 1993) é uma velocista olímpica brasileira. Representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Verão de 2016 como parte do revezamento 4x100 m feminino do atletismo.[1] Em 2015 participou dos Jogos Pan-Americanos[2] e do seu primeiro mundial adulto de atletismo, sempre como parte do revezamento 4x100.[3] Em 2016 foi convocada pela Confederação Brasileira de Atletismo para compor o revezamento 4x100 metros feminino nos Jogos Olímpicos de Verão de 2016.[4] A equipe brasileira viria a ser desclassificada nas eliminatórias da prova, devido à interferência brasileira sobre o revezamento americano. ANA CAROLINA AZEVEDO


Nascimento:. Maceió/AL / Idade: 29 anos (19/05/1992) / Clube: CT Maranhão (São Luis) / Pan: 1 (Toronto 2015) / Olimpíada: 1 (Rio de Janeiro 2016) Ana Carolina Azevedo posa com a medalha de ouro dos 200 m rasos do Troféu Brasil de Atletismo (Wagner Carmo/CBAt). Ana Carolina Azevedo é uma jovem velocista do atletismo brasileiro que representará o Brasil na prova dos 200m rasos e do revezamento 4x100m rasos feminino nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. No revezamento 4x100m da Olimpíada, terá a companhia de Rosângela Santos, Vitória Rosa e Ana Claudia Lemos. Bruna Farias será a reserva.


DJALMA CAMPOS, UM JOGADOR POLÍTICO NILO DIAS

Djalma Campos foi um dos maiores jogadores surgidos no futebol maranhense, em todas as épocas. Nasceu na cidade de Viana e ainda pequeno mudou-se com a família para o bairro do Desterro, no centro histórico de São Luiz. Com apenas 12 anos de idade já mostrava muita intimidade com a bola. Deu seus primeiros chutes no campo frente à igreja do Desterro, junto de outros garotos que se destacaram no futebol do Maranhão, como Santana, João Bala, Jovenilo e Fifi. Jogou depois no São Cristóvão, no Santos e Botafogo do Anil, do “seu Chuva” e no segundo quadro do Esporte Clube Desterro, que era dirigido por seu pai, Djalma Gomes Campos. A habilidade que mostrou nos campos de futebol foi adquirida nas quadras de futebol de salão. Desde garoto, com 16 anos já se sobressaia no Atenas, time do bairro do Desterro. Quando o Sampaio montou sua equipe juvenil, ele foi convidado a fazer parte dela. Era a época de times como Vitex, Elmo, Flamengo (Monte Castelo), Real Madri e ainda o Drible. Em 1968, quando já era jogador profissional foi convidado a jogar a Copa do Brasil de Futsal pelo Drible, tendo sido inscrito com o nome do seu irmão Delmar. Como o time não se preparou adequadamente não venceu nenhum jogo, mas ainda assim Djalma foi considerado o melhor jogador da competição. Ele era incomparável com a bola nos pés, não dava chutes à toa e costumava desmoralizar os goleiros com colocadas geniais. Apesar de ter marcado inúmeros gols, sua maior preocupação era armar as jogadas para outros artilheiros. A primeira oportunidade que Djalma teve para jogar em um dos “grandes” do futebol maranhense foi através do goleiro Campos, que o levou para o Maranhão Atlético Clube (MAC), junto com os amigos João Bala, Santana, Fifi e Jovenilo. Mas não deram sorte, o técnico Calazans nem se dignou a assisti-los jogando. E o quinteto foi parar no Graça Aranha F.C., e por lá permaneceu por um bom tempo. Anos depois, Calazans teve a humildade de reconhecer que errou ao barrar Djalma no início de sua carreira como jogador. Mas depois conviveu com ele no Sampaio, por isso dizia que o jogador nasceu numa época e no lugar errado: “Se Djalma Campos tivesse jogado num grande centro, com certeza teria sido o dono da camisa 7 da seleção brasileira”. Em 1968 Djalma já era já era o destaque do time do Graça Aranha, chamando a atenção do desportista Guido Bettega que comprou seu passe e o deu de presente ao Moto Clube. Por jogar no adversário do Sampaio Corrêa, a família inteira de Djalma virou-lhe as costas. Naquele mesmo ano o Moto foi campeão estadual e campeão do Norte. O time formava com Vila Nova – Paulo - Alzimar - Alvindaguia e Corrêa - Ronaldo Santana - Djalma e Amauri - Pelezinho e Ribamar. Em 1969 o Moto perdeu o título para o Maranhão Atlético Clube. O Sampaio, que não fazia boa campanha no “Nordestão”, resolveu lançar o “Sampaio Setentão”, um projeto para montar um grande time. O primeiro contratado foi Djalma que ganhara passe livre no Moto Clube.


Finalmente, aos 23 anos de idade o jogador vestiu a camisa do time da sua família. E não deixou por menos, encantou a todos, dirigentes, torcedores e imprensa. Era a época dos dirigentes José Carlos Macieira, Humberto Trovão, Ari e Zé Barbosa. O presidente era Rupert Macieira, que substituiu Walter Zaidan. O técnico era o paraibano Edésio Leitão. Uma curiosidade, é que Djalma, mesmo tendo jogado profissionalmente pelo Moto Clube, não se adaptava ao uso de chuteiras. Para resolver o problema, passou a andar em casa de chuteiras. No gramado, após os treinos ficava sozinho cobrando faltas e aperfeiçoando seus chutes. Mas o Maranhão conquistou o bicampeonato. Em 1970, já consagrado como um verdadeiro craque foi convidado a concorrer a Câmara Municipal de João Pessoa. E foi eleito com mais de 2.500 votos. Passou então, a dividir suas atenções entre a política e o futebol. O Sampaio tinha um timaço, onde se destacavam Edimilson Leite, Gojoba e Pelezinho, mas ainda assim o campeão foi o Ferroviário. Em 1972 o Sampaio Corrêa foi campeão do “Brasileirinho” (2ª Divisão), derrotando o Campinense da Paraíba, no jogo final. Naquela época, o Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão não era oficial e não dava acesso à primeira divisão, já que os times disputavam o Brasileirão por convites da antiga CBD, hoje CBF. Djalma teve oportunidade de se consolidar como o grande ídolo da torcida. Sob o comando do técnico Marçal Tolentino Serra, o time campeão formou com Jurandir - Célio Rodrigues - Neguinho - Nivaldo e Valdecir Lima - Gojoba e Edmilson Leite – Lima – Djalma Campo - Pelezinho e Jaldemir. Destes, Valdecir também já é falecido. Aproveitando o sucesso, Djalma se candidatou a reeleição na Câmara Municipal. E ai aconteceu um verdadeiro clássico nas urnas. O jogador Faísca, do Moto também concorreu. Todos queriam saber quem venceria esse duelo político. Deu Djalma, que conquistou mais de 4.500 votos, contra 3.100 de Faísca, que também se elegeu. Depois da conquista do “Brasileirinho” a meta do Sampaio Corrêa era o título estadual. No jogo decisivo contra o Moto aconteceu o inesperado: o goleiro Jurandir pediu dispensa e o reserva Campos estava doente. O atacante Zezé teve que ser improvisado no gol. O resto do time tinha Ferreira – Neguinho - Nivaldo e Eraldo (Valdecy - Gojoba e Edmilson Leite – Lima – Djalma - Pelezinho e Jaldeny (Vamberto). O empate em 1 x 1 deu o título de campeão maranhense de 1972 ao Sampaio Corrêa. Em 1973 Djalma deu um passo maior na política, concorrendo a deputado estadual. E se elegeu com facilidade, foi o terceiro mais votado, com quase 14 mil votos. No futebol, o Sampaio montou um grande time para disputar o Campeonato Nacional: Orlando (Portuguesa) - Marinho (Paraná) - Moraes (bi-campeão pelo Cruzeiro) - Raimundo e Santos (Portuguesa) - Lourival (Sudeste) - Sérgio Lopes (Curitiba) - Buião (Atlético MG) - Dionísio (Flamengo) - Ailton (São Paulo) e Djalma. Técnico: Alfredo Gonzalez. Preparador Físico: Gualter Aguirre. Os resultados positivos apareceram de imediato. Jogando em São Luiz o Sampaio Corrêa derrotou todos os times cariocas que enfrentou: Vasco da Gama, 2 X 0, Botafogo , também 2 X 0, Fluminense 3 X 1 e América, 1 x 0. Nesse jogo, já em fim de carreira, Djalma foi autor de uma jogada inesquecível: aplicou uma “barata” (enfiou a bola entre as pernas) do jogador Ivo, que recentemente havia sido convocado para a seleção brasileira. Ivo, até que tentou evitar o vexame, mas não conseguiu. O inesperado sempre fez parte dos desconcertantes dribles de Djalma. O Sampaio, não alcançou classificação porque fora de casa perdeu todos os jogos. Djalma parou de jogar em 1974. No ano seguinte, quando já era presidente do Sampaio, foi obrigado a voltar aos gramados, porque às vésperas da decisão estadual o meia Joel adoeceu e não havia substituto para ele. Atendendo pedido do técnico Rinaldi Maya, Djalma passou a presidência do clube ao vice-presidente Chafi Braide e voltou a jogar, ajudando o time a vencer o campeonato estadual. Na decisão contra o Moto o Sampaio venceu por 1 x 0, gol de Acy, quebrando um tabu de dois anos e 11 meses sem vitória sobre o time rubro-negro. Em 1976 Djalma deixou definitivamente os gramados e reassumiu a condição de presidente. O Sampaio sagrou-sei bi-campeão maranhense. No Campeonato Brasileiro, o Sampaio contratou para técnico o famoso Djalma Santos. Quando de um jogo no Rio, o treinador deu entrevistas a imprensa falando mal do trabalho desenvolvido pelo clube. Foi demitido


na hora. E nem assim os bons resultados apareceram. Pelo contrário, o vexame de duas goleadas seguidas: 5 x 0 para o Volta Redonda e 7 x 1 para o Flamengo. Sobrou para o presidente Djalma Campos que assumiu a culpa pelo fracasso e renunciou ao cargo. Em 1978 concorreu a reeleição de deputado estadual, mas não venceu. Por volta de 1965, quando Antônio Bento Farias, já falecido vendeu quase todo o time profissional do Sampaio, Djalma foi convidado a ficar no banco de reservas. No segundo tempo entrou em campo e apesar da idade, mostrou toda a técnica que o consagrou como o melhor jogador do futebol maranhense em todos os tempos. Levantou o público, dando um verdadeiro show com a incrível habilidade que Deus lhe deu, herança dos seus tempos de futsal. Naquela época a televisão não dava a cobertura esperada aos jogos de futebol. Por isso seu talento ficou reservado apenas aos que o viram jogar. Djalma foi um atleta completo. Além de se dedicar inteiramente à prática desportiva, não fumava e não ingeria nenhuma bebida alcoólica. Em 1988 concorreu às eleições para prefeito de sua terra natal, Viana e venceu. Ao longo de sua vida pública foi ainda diretor executivo e vice-presidente do Instituto de Previdência do Estado do Maranhão (Ipem). Em 2005, como assessor da presidência da Assembléia Legislativa, por gratidão ao deputado Manoel Ribeiro, resolveu assumir ao lado de Humberto Trovão, o departamento de futebol do Sampaio Corrêa. Por desentendimentos dentro do clube, Djalma se afastou do Sampaio e junto com Isaias Pereirinha e Humberto Trovão ajudou a fundar o Iape, o clube caçula do futebol maranhense, hoje na primeira divisão. Djalma faleceu no dia 7 de agosto do ano passado. Eram 5 horas da manhã quando ele se sentiu mal e foi levado pela esposa para o hospital UDI. Lá ele teve um infarto e faleceu. Na noite anterior, o ex-jogador esteve no estádio municipal Nhozinho Santos, junto com o presidente do Iape, Isaías Pereirinha assistindo o jogo em que seu clube derrotou o Sampaio Corrêa por 2 X 1. Djalma, que era diretor de futebol teria dito ao final do jogo: “velho, missão cumprida". Como se soubesse o que iria ocorrer, ao sair do estádio passou pela casa onde seus pais haviam morado, na Rua das Palmas no bairro do Desterro, para visitar alguns parentes. O ex-craque foi velado na rua da Palma, 652, no bairro do Desterro, próximo à igreja. O sepultamento aconteceu no cemitério Parque da Saudade, no Vinhais, onde seus pais estão enterrados. Djalma deixou três filhos adultos do primeiro casamento: Djalma Neto, Soraya e Solange. Do segundo casamento com a vereadora vianense Maria José, teve Fábio.


SÃO LUIS É(RA) ASSIM


O MARANHÃO É DE DÁ ÁGUA NA BOCA! HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO Tem gente que faz de conta que não gosta, alguns não gostam, são uns chatos, outros comem escondidos e muitos se lambuzam e não negam as raízes, riquezas e benquerenças do Maranhão. Imagine uma pescada frita? Se for cozida tem que ter ovo cozido e uma “nesga” de pimenta malagueta, se passou do ponto, ficar ardida, tira o sabor da pescada. Uritinga, gurijuba, tainha e bandeirada se estiverem gordos, ficam ainda melhor. Um detalhe, bandeirada tem quer assado no fogareiro. Tainha só pode ser moqueada na folha de bananeira. Peixe serra frito é a companhia imprescindível e preferida para o arroz com cuxá. O peixe pedra é um caso à parte, o melhor de todos, come-se de todo jeito, inventaram até uma versão sem espinha. Tudo é de encher os olhos, o coração de orgulho e o estomago de gostosura. Camarão frito, cozido, seco, de qualquer forma ou de qualquer jeito, como a imaginação determina, e se for de Tutóia, Santo Amaro, Primeira Cruz ou Humberto de Campos leva selo e grife de qualidade, o melhor do mundo! Caranguejo, sururu no leite de coco e sarnambi come-se em qualquer lugar, em casa ou na praia, o que vale é o prazer de tê-los e de comê-los sempre temperado com pimenta de cheiro. Assino e comprovo que é o melhor antídoto para ressaca. Piaba, traíra, mandi, mandubé, muçum e bagrinho são delícias da água doce, dos campos da baixada ou dos perenes Mearim e Pindaré. A ceia de bagrinho é patrimônio cultural, gastronômico e histórico da cidade de Pinheiro. Não esqueça que a farinha d’água é o acompanhamento principal do maranhense e tanto faz ser de Carema, Biriba ou de qualquer região do estado, com coco ou sem coco, come-se com tudo e a toda hora, come-se até com café, misturada com açúcar, com banana ou ovo frito. O maranhense adora ter indigestão e refluxo por farinha d’água. Galinha de parida com pirão escaldado, bode no leite de coco, capão recheado, arroz de Maria Isabel com banana e paçoca feita no pilão, sarapatel, buchada de bode e linguiça, tem que ter a grife do sertão, Caxias, Buriti Bravo, Mirador ou qualquer cidade da região, são delícias da culinária e refeições para os fortes de estômago e de espírito, os fracos que me perdoe, devem limitar-se aos peixes e camarões. Pato ao molho pardo, se possível o de Anajatuba, o famoso pato Paissandu, grande e gordo, do tamanho da fome e do desejo. Invejado pelos paraenses e na nossa culinária não acrescentamos o tucupi, ficamos na sua forma mais original, o pato ao molho pardo. Maranhense não faz dieta, dificilmente será um vegetariano ou vegano. As verduras, nos limitamos ao jongome, vinagreira, quiabo e maxixe. As frutas fazem parte da riquíssima gastronomia maranhense e delas, saboreia-se o canapu, pitomba, cajazinho, caju, seriguela, bacuri, juçara, abricó, abacaxi só se for o de Turiaçu, melancia de Arari, jaca de bago duro ou mole, murici, sapoti e manga em todas as suas versões, manga de fiapo, rosa, espada, constantina e manguita. Queijo tem que ser o legítimo queijo de São Bento, e não existe outro igual, nem a França com sua tradição em queijos conseguiu fazer algo parecido. Combina com qualquer sobremesa maranhense. Escolha uma e não se preocupe com a harmonia e com a balança, tudo lhe é permitido: doce de leite, goiaba em caldas, cajui e caju em caldas, doce de buriti, mamão verde, casca de laranja da terra ou línguas de bacuri. Se você quiser um café não se esqueça do beiju, bolo frito, cuscuz ou manuê. Até um quebra-queixo é recomendado. Para beber escolha cachaça de Santo Antônio dos Lopes, Ibipira de Mirador, Jatobá de Penalva ou a Buriti de Buriti Bravo. Se quiser uma tiquira tome cuidado, em não se banhar ou molhar os pés. E para adocicar mais ainda a vida do maranhense, temos o Guaraná Jesus, o sorvete de coco na casquinha e não se arrenda em ser maranhense, sinta-se maranhense e viva a maranhensidade!


D. JOÃO E A ESCOLA DE MEDICINA DO MARANHÃO AYMORÉ ALVIM A chegada da família real portuguesa ao Brasil, em janeiro de 1808, dentre as muitas expectativas que criou, na população local, a melhoria das condições sanitárias deve ter sido uma delas. A situação que vigia, no Maranhão, a partir do seu processo de colonização iniciado, em 1615, como assim considerou Carlos de Lima, até meado do século seguinte, era de extrema miséria conforme relatou, em 1751, o governador recém chegado, Mendonça Furtado, ao seu irmão, o Marquês de Pombal, à época, o primeiro ministro do governo de D.José I. Além da falta do que comer e do que vestir, segundo o padre Antônio Vieira, o ambiente insalubre que dominava o Estado e, em especial, a cidade de São Luís, com suas ruas estreitas, sujas e mal cheirosas, com seus mangues e os muitos charcos e pântanos, criava as condições ecológicas favoráveis à proliferação de diferentes tipos de patógenos. Para citar apenas as enfermidades mais freqüentes, conforme relata César Marques no seu Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, as febres paludosas (malária) se destacavam pelo número de vítimas que faziam. Registram-se, ainda, a sarna, a sífilis, a câmara de sangue (disenteria hemorrágica), as dermatites causadas por piolhos, as hepatites crônicas, o maculo, a tísica (tuberculose), a morféia (hanseníase) dentre muitas outras que compunham o quadro nosológico do Maranhão colônia. Além dessas patologias, foram registradas freqüentes epidemias que causavam grande mortandade. A primeira de que se tem notícia foi a de varíola, em 1621. Logo, a seguir, ocorreu a de sarampão também com muitas vítimas, principalmente, entre os índios civilizados. A partir de então, essas epidemias e mais a de bexiga se sucederam ao longo do tempo. Tantos males e a falta de profissionais qualificados abriram espaços para um grande número de curiosos e oportunistas que além dos físicos e cirurgiões de formação duvidosa se adestravam nos mistérios e na magia da arte de curar. Segundo Bela Herson, a esses agentes de saúde, oriundos de famílias humildes e dotados de conhecimentos precários, juntavam-se os cristãos novos “proibidos de ser o que eram por não conseguirem ser o que a Igreja queria que fossem”. Para escapar do alcance do Santo Ofício, fugiam para a Colônia onde se dedicavam ao exercício dessas profissões buscando assegurar a sua sobrevivência e da família. O estado de necessidade permanente, o fascínio pelo sobrenatural e a superstição forçavam a população a recorrer a esses tipos de curandeiros ou à medicina indígena onde o pajé, misto de feiticeiro e sacerdote, tentava resolver os problemas de quem o procurava com benzimentos, sangrias, beberagens, massagens, fricções e infusões. Outra opção era a medicina negra trazida pelos africanos. A sua terapêutica constava de uma mistura de magia e feitiçaria exercida por curadores ou feiticeiros. Mas o tipo de medicina que mais prosperou, àquela época, não só no Estado como em toda a Colônia, foi a jesuítica, praticada pelos padres e irmãos leigos que possuíam alguns conhecimentos da arte de curar trazidos da Europa ou aprendidos, no exercício diário a que se dedicavam. Conheceram com os índios o valor terapêutico de muitos espécimes da nossa flora e com eles organizaram sua imensa e rica farmacopéia que se espalhou por toda Colônia. Foram físicos, parteiros, barbeiros e cirurgiões além de implantarem, em seus colégios e hospitais, as famosas boticas com medicamentos da terra e trazidos da Europa. A presença de médicos ou cirurgiões com formação em cursos regulares, na Europa, era ocorrência rara. É, ainda, César Marques quem faz referências aos poucos que aqui exerceram a profissão, ao longo dos séculos 17 e 18. No início do século 17, chegou na expedição de La Ravardière o Dr. Thomas de Lastre. Sua


permanência foi curta pois teve que se retirar daqui após a expulsão dos franceses. Por volta de 1693, aportou em São Luís o Cirurgião-Mór Manuel Diniz. Este, possivelmente, foi o primeiro que por aqui esteve enviado pela Coroa, mas o período da sua permanência é incerto. A grave situação de saúde porque passava o povo justificou as inúmeras e insistentes solicitações da Câmara de São Luís à Corte para que enviasse médicos, cirurgiões e boticários com remédios. Nenhum documento pesquisado confirma se tais pedidos foram atendidos. Mas, há referências sobre o trabalho aqui exercido, em 1752, pelo doutor em medicina João Domingos Alberty. No ano de 1788, o governador Fernando Pereira Leite de Foios informou à Câmara a chegada do Dr. José Gomes dos Santos. No entanto, os maus tratos e desrespeitos dispensados a este médico desestimularam outros profissionais de fixar residência, no Maranhão. Por essa e outras razões, possivelmente, é bastante reduzido o número de profissionais que aqui exerceram a medicina até 1808, ano da chegada ao Brasil do príncipe-regente D. João e sua corte. Ainda, nessa época, a situação sanitária e a instrução, no Brasil, segundo Oliveira Lima, eram muito precárias. No Maranhão, não podia ser diferente, principalmente, após a expulsão dos jesuítas que, praticamente, detinham o monopólio da educação. A melhoria desse binômio talvez fosse a grande oportunidade para alavancar o desenvolvimento por todos esperado. Os resultados aguardados após a vinda da família real para o Brasil não se fizeram esperar. Durante o curto período que passou, na Bahia, D. João, em 18 de fevereiro de 1808, autorizou a fundação de uma escola de cirurgia, em Salvador, para formar cirurgiões práticos que atendessem não somente as necessidades das cidades do litoral como as do interior. Com igual propósito, criou por decreto, em 2 de abril desse mesmo ano, uma cadeira de anatomia, no Hospital Real Militar da Corte, embrião da futura Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro. O plano organizado, por ordem do Príncipe Regente, pelo médico Manuel Luiz Álvares de Carvalho, Diretor dos Estudos de Medicina e Cirurgia da Corte, propôs a criação das Academias de Salvador e do Rio de Janeiro, como ainda, de uma terceira Academia, no Maranhão. Conforme os relatos de Lycurgo Santos Filho e Oliveira Lima, uma Carta Régia de 29 de dezembro de 1815 reafirmava essa intenção. A longa distância da sede do poder e a falta de profissionais qualificados para tal mister talvez foram as causas que inviabilizaram tal propósito. Mas o Maranhão continuou alimentando a esperança de possuir também a sua Academia Médico-Cirúrgica. Nos primeiros anos do Império, em 1827, o Dr. Lino Coutinho, deputado e professor da Academia MédicoCirúrgica da Bahia, apresentou à Câmara um projeto de reforma do Ensino Médico e nele incluiu a instalação da terceira Academia de Medicina, em São Luís do Maranhão. Eram representantes da Província os deputados João Bráulio Muniz, Manoel Odorico Mendes, Francisco Gonçalves Martins e Manoel Teles da Silva Lôbo. O projeto recebeu parecer favorável, foi aprovado e enviado para o Senado. A bancada do Maranhão estava constituída pelos senadores João Inácio da Cunha, Visconde de Alcântara, e Patrício José de Almeida e Silva Seixas. Por lá o projeto parou e ficou. E, assim, feneceram as esperanças do Maranhão possuir a sua Escola de Medicina. Foi preciso aguardar por mais de um século para que a promessa de D. João VI se tornasse uma realidade sob a égide da Igreja de São Luís


CARTA AO CONFRADE AYMORÉ – OU A ARTE DE CURAR NO MARANHÃO LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ3

Caro Confrade sei de seu interesse em relatar uma história da arte de curar no Maranhão; ou uma História da Medicina no Maranhão. Sei que temos o cirurgião de Daniel de La Touche como o primeiro ‘médico’ a atuar por aqui. Mas me pergunto se em Miganville não havia um físico-mor também. Afinal, a feitoria de Jacques Riffault contava com cerca de 400 homens brancos ali vivendo, onde é hoje a nossa Vila Velha de Vinhais, desde 1594. Ainda não temos registros, mas já li que havia um padre jesuíta (?) entre eles... Vamos ao que interessa; não sei se o Confrade já localizou o P. ANTONIO PEREIRA4, natural de São Luis do Maranhão, onde nasceu em 1638. Entrou para a Companhia de Jesus nesta mesma cidade pelo ano de 1655. Estudou parte em Portugal, parte na Bahia e entre os seus estudos se incluem algumas noções de Medicina. Voltou ao Maranhão, onde ficou Mestre de Noviços: E como quer que pelo Brasil, onde tinha estudado curso de Teologia, havia também concorrido com os enfermos, e dando-se por entendido em matéria de curá-los, era buscado dos doentes aos quais acudia assim para a saúde do corpo como a da alma com muita caridade. (BETTENDORF, 1990) 5.

Até onde consigo entender, este seria nosso primeiro médico! Pois nascido em São Luis e aqui exercido a Medicina... Salvo melhor juízo... A chegada dos Jesuítas e a Fundação do Colégio - 1618 6 A presença de ordens religiosas na colônia prendia-se, teoricamente, aos interesses pela conversão e educação dos nativos, instrumento de dominação da política colonial europeia (CAVALCANTI FILHO, 1990, p. 30) 7. Em 1618, os jesuítas instalam-se em Maranhão, na antiga Aldeia da Doutrina (hoje, Vila do Vinhais Velho). Além dessa primeira, duas outras missões situavam-se na Ilha: a aldeia de São Gonçalo ou Tuaiaçu Coarati – que se destacou pela produção de sal; e a de São José, onde os padres da Companhia mais exercitaram suas funções, e foi aldeia de serviço de El-Rei. (CAVALCANTI FILHO, 1990, p. 31) 8.

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Publicado no Blog do Leopoldo Vaz, em 20/03/2015, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/03/22/carta-ao-confrade-aymore-ou-a-arte-de-curar-no-maranhao/ Publicado no Blog do Leopoldo Vaz, em 31 de agosto de 2015, disponível em http://www.blogsoestado.com/leopoldovaz/2015/08/31/11487/ 4 LEITE, Serafim. ARTES E OFÍCIOS DOS JESUÍTAS NO BRASIL – 1549-1760. Natal/RN: Sebo Vermelho, 2008. Edição fac-similar da de 1953: Lisboa – Rio de Janeiro, Edições Brotéria e Livros de Portugal, p. 234 5 BETTENDORF, João Felipe. CRONICA DOS PADRES DA COMPANHIA DE JESUS NO ESTADO DO MARANHÃO. 2ª Ed. Belém: FCPTN/SECULT, 1990, p. 304 6 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; VAZ, Delzuite Dants Brito; VAZ, Loreta Brito. INDÍCIOS DE ENSINO TECNICO/PROFISSIONAL EM MARANHÃO: 1612 – 1916. São Luís: CEFET-MA, Novembro de 2003 7 CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís: SIOGE, 1990. 8 CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís: SIOGE, 1990.


Em 1622, fundam o Colégio 9 e a Igreja Nossa Senhora da Luz (atual Igreja da Sé). O “Colégio de Nossa Senhora da Luz” era a "cabeça" da missão jesuítica no Maranhão (CAVALCANTI FILHO, 1990 10; VAZ e VAZ, 199411; PELLEGRINI, 2000)12. De acordo com o Pe. José Coelho de Souza, em “Os jesuítas no Maranhão” 13, os jesuítas fundaram diversas estabelecimentos de ensino em São Luís, Alcântara, Parnaíba, Guanaré e Aldeias Altas, Vigia e Belém: colégios, seminários, escolas: Nesses estabelecimentos existiram escolas rudimentares de aprendizagem mecânica, o que hoje chamaríamos Escolas de Artes e Ofícios. Houve aí também as primeiras oficinas de pinturas e escultura, sendo essas oficinas postulado e conseqüência da construção dos colégios. No Colégio Nossa Senhora da Luz notava-se a Pinturia, vocábulo que não anda nos dicionários, mas é admiravelmente bem formado: era uma sala grande no corredor de cima, quase junto à portaria. Nela se ataviavam e pintavam as imagens que se esculpiam noutra oficina, a de escultor e entalhador, anexa à carpintaria. Era frequente o pedido a Portugal de se mandarem irmãos peritos em diversas artes, entre as quais a de pintor, para serem mestres. (p. 27). São Luís foi a primeira cidade do Estado onde os jesuítas exerceram o ensino. O Colégio de Nossa Senhora da Luz, em curto espaço de tempo, tornou-se excepcional centro de estudos filosóficos e teológicos da ordem no Estado (universitate de artes liberais). Era o que melhores condições de estudos oferecia. Já em 1709, o Colégio do Maranhão era Colégio Máximo, nomenclatura usada pelos discípulos de Loyola para seus estabelecimentos normais de estudos superiores. Nesse colégio funcionavam as faculdades próprias dos antigos colégios da Companhia: Humanidades, Filosofia e Teologia, e, mais tarde, com graus acadêmicos, no chamado curso de Artes. Os estudos filosóficos compreendiam: no 1º ano, Lógica; no 2º, Física; no 3º, Matemática. O Colégio Máximo do Maranhão14 outorgava graus de Bacharel, Licenciado, Mestre e Doutor, como se praticava em Portugal e na Sicília, segundo os privilégios de Pio IV e Gregório XIII. Dentre os estabelecimentos de ensino dos jesuítas, as Escolas Gerais ocuparam um lugar de destaque, pelo fato de terem tornado o ensino popular ao alcance de todos. (CAVALCANTI FILHO, 1990, p. 36) 15. Ao se estudar a origem das Corporações de Ofícios 16 – Guilda, Grêmio – verifica-se que antes do século XII, tem-se notícia de uma “scholae” de pescadores e açougueiros em Ravena. O uso do termo “scholae” (associação de ofício) indica, provavelmente, que já não havia somente a preocupação coletiva com a formação de seus continuadores, mas ostentavam também um patrimônio cultural e pedagógico dotado de técnicas particulares de transmissão. Artesãos de vários gêneros formavam-se nas oficinas dos mosteiros que faziam às vezes de escolas de Arte no sentido lato, e cuidavam especialmente do treinamento de jovens, em laboratórios artesanais destinados a instruir a mão-de-obra necessária. Essas “oficinas” deram origem às “universitates”. As universitates (associações) de artesãos são progressivamente institucionalizadas e conquistam proteção dos poderes públicos. Tal ascensão se iniciou no século XII e culminou no século XIV. É acompanhada da difusão das “universitates magistrorum” ou “universitates scholorum”, isto é, aquelas que hoje chamamos universidades, associações particulares dedicadas à produção de bens intelectuais típicos das Artes Liberais (trívio e quadrívio e depois também Teologia e Direito, e mais tarde ainda, Medicina), não ainda, porém, no 9

Os primeiros conventos, fundados pelas ordens religiosas, que abriram escolas para meninos, foram denominados de colégio; os outros conservaram o nome de conventos In ALMEIDA, José Ricardo Pires de. HISTÓRIA DA INSTRUÇÃO PÚBLICA NO BRASIL (1500 - 1889). São Paulo: EDUC; Brasília: INEP/MEC, 1989, p. 25 - nota de pé-de-página. 10 CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís: SIOGE, 1990. 11 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; e VAZ, Delzuite Dantas Brito. Vila do Vinhais: terceira ou Segunda povoação do Maranhão ?. in jornal "O ESTADO DO MARANHÃO", São Luís, 31 de julho de 1994, Domingo, Caderno Alternativo, p. 28. 12 PELLEGRINI, Paulo. A descoberta da Arte Sacra. IN O IMPARCIAL, São Luís, Domingo, 23 de julho de 2000, Caderno Impar, p. 45. 13 SOUSA, José Coelho de. OS JESUÍTAS NO MARANHÃO. São Luís: Fundação Cultural do Maranhão, 1977. 14 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. O COLÉGIO MÁXIMO DO MARANHÃO. IHGM, palestra. 15 CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís: SIOGE, 1990. 16 RUGIU, Antonio Santoni. NOSTALGIA DO MESTRE ARTESÃO. Campinas: Autores Associados, 1998


vértice do prestígio cultural e social. Inicialmente, de fato, a distinção entre universitates de Artes “mecânicas” e universitates de Artes liberais eram pouco marcadas. As Artes Mecânicas compreendiam todas as atividades artesanais, inclusive aquelas dos médicos, desvalorizados pelo próprio nome de “mecânica” – derivado de mecor, aris (mechor, aris, no latim clássico = rebaixar, adulterar, depreciar). As Artes Liberais correspondiam a todas as atividades aplicadas no Trívio (gramática, retórica, lógica) e no Quadrívio (matemática, geometria, astronomia, música). (RUGIU, 1998, p. 25-26; 30). Nos aldeamentos, o comércio e o ensino de artes mecânicas deviam ser introduzidos entre os indígenas (ALENCASTRO, 2000, p. 87) 17. A "Aldeia da Doutrina" foi o primeiro aldeamento de índios implantado pelos jesuítas e estava localizada onde é, hoje, a Vila Velha do Vinhais (VAZ e VAZ, 1994) 18. Os aldeamentos distinguiam-se das tabas, por serem sítios de moradia de indivíduos de uma ou de várias tribos, compulsoriamente deslocados, misturados, assentados e enquadrados por autoridades do governo metropolitano. Forros, os índios dos aldeamentos só podiam ser utilizados mediante salário, nos termos da lei (ALENCASTRO, 2000, p. 120) 19. Os jesuítas Manoel Gomes e Diogo Nunes, que vieram junto com a armada de Alexandre de Moura (1615), principiaram a estabelecer residências - ou missões de índios -, sendo a primeira que fundaram foi a que deram o nome de Uçaguaba, onde com os da ilha da capital aldearam os índios, que tinham trazido de Pernambuco (VAZ e VAZ, 199420; MARQUES, 197021; CAVALCANTI FILHO, 1990) 22: "E como esta se houvesse de ser a norma das mais aldeias, nela estabelecessem todos os costumes, que pudessem servir de exemplo aos vizinhos e de edificações aos estranhos". Em 1664, ao lado da Igreja de Nossa Senhora das Mercês, é levantado o Convento de Nossa Senhora da Assunção - que o povo chamou sempre de Convento das Mercês -, e nesse convento funcionavam, primeiro uma escola de primeiras letras e de música e, depois, uma aula de latim, de gramática, de filosofia e de cantochão, para rapazes. Era servida de uma boa biblioteca (MEIRELES, 1995, p. 34-35) 23. Serafim Leite24 não traz somente esse ‘médico’ como praticante da arte de curar. Seu livro trata das artes e ofícios praticados pelos padres da Companhia de Jesus, localizando-os e, sempre que possível, trazendo suas origens. Utilizou-se dos arquivos gerais e outras obras. Esclarece que da ação dos jesuítas é conhecida a obra pedagógica, o esforço na liberação dos naturais da terra e a defesa contra seu extermínio, a catequese religiosa, a moralidade cristã dos costumes, a cultura literária, linguística, e científica, como elementos políticos a serviço da expansão e unidade territorial da nova nação que se criava. Explicita seu processo e método, as fontes de que se valeu, a bibliografia impressa, e passa a tratar dos Ofícios e dos Irmãos, dos ofícios domésticos, dos que não são comuns, propriamente os ofícios mecânicos, ai localizando os barbeiros, enfermeiros, cirurgiões, farmacêuticos... Os que nos interessam, responsáveis pela Arte de Cura. Na segunda parte, em ordem alfabética, identifica-os: ALBERTI, Domingos (1711 – 1751/ 1752...). Natural de Saluzzo, onde nasceu em 11 de abril de 1711. Entrou na Companhia em Roma a 9 de julho de 1736. Farmacêutico (pharmacopola). Chegou ao Maranhão em 1751, deixando de pertencer à Companhia no ano seguinte. 17

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O TRATO DOS VIVENTES: formação do Brasil no Atlântico sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000 18 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; e VAZ, Delzuite Dantas Brito. Vila do Vinhais: terceira ou Segunda povoação do Maranhão ?. in jornal "O ESTADO DO MARANHÃO", São Luís, 31 de julho de 1994, Domingo, Caderno Alternativo, p. 28. 19 ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O TRATO DOS VIVENTES: formação do Brasil no Atlântico sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000 20 VAZ, Leopoldo Gil Dulcio; e VAZ, Delzuite Dantas Brito. Vila do Vinhais: terceira ou Segunda povoação do Maranhão ?. in jornal "O ESTADO DO MARANHÃO", São Luís, 31 de julho de 1994, Domingo, Caderno Alternativo, p. 28. 21 MARQUES, César Augusto. DICIONÁRIO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO DA PROVÍNCIA DO MARANHÃO. Maranhão: Tip. do Fria, 1870. (reedição de 1970). 22 CAVALCANTI FILHO, Sebastião Barbosa. A QUESTÃO JESUÍTICA NO MARANHÃO COLONIAL – 1622 – 1759. São Luís: SIOGE, 1990. 23 MEIRELES, Mário Martins. DEZ ESTUDOS HISTÓRICOS. São Luís: Alumar, 1995. 24 LEITE, Serafim. ARTES E OFÍCIOS DOS JESUÍTAS NO BRASIL – 1549-1760. Natal/RN: Sebo Vermelho, 2008. Edição fac-similar da de 1953: Lisboa – Rio de Janeiro, Edições Brotéria e Livros de Portugal, p. 234


COELHO, Domingos (1645 – 1678 – 1716). Natural de Castelo Rodrigo (Beira Baixa), onde nasceu em 1645. Entrou para a Companhia em Lisboa, a 1 de fevereiro de 1675. Chegou ao Maranhão em 1678. Conhecia bem a arte cirúrgica e farmacêutica. Faleceu no Colégio de São Paulo em 4 de maio de 1716. FERREIRA, Clemente (1713 – 1734 – 1741). Natural da Diocese de Coimbra (os Catálogos têm Vila Boa; a Lembrança, S. Pedro de Espinho); Nasceu em 1713. Entrou na Companhia a 25 de abril de 1734, chegado esse mesmo ano ao Maranhão. Farmacêutico e enfermeiro (pharmacopola et infirmarius). Faleceu em 8 de janeiro de 1741, no Maranhão. FONSECA, P. Manuel da (1734 – 1753 – 1782...). Natural de Vilar (Diocese de Braga), onde nasceu a 5 de abril de 1734. Entrou para a Companhia em 24 de março de 1753. Esteve no Maranhão e no Colégio do Pará. Conhecido como “Boticário do Maranhão ou Tapuitapera”. GAIA, Francisco da (1675 – 1700 – 1747). Natural de Santa Marta (Braga), onde nasceu por 1676. Entrou na Companhia a 15 de março de 1700. Residia no Colégio do Pará como enfermeiro e farmacêutico (pharmacopola). Faleceu no Pará em 20 de janeiro de 1747. JOSÉ, Romão (... – 1746 – 1750...). Entrou na Companhia no Maranhão em 1746. Farmacêutico do Colégio do Pará em, 1750. ORLANDINI, P. João Carlos (1646 – 1679 – 1717). Natural de Sena (Toscana), onde nasceu em 1646. Entrou na Companhia em Genova em 1662. Chegou a Lisboa em 1678 e embarcou para as Missões do Maranhão e Pará no ano seguinte de 1679. Foi missionário de grandes recursos. Era entendido em coisas de medicina e sabia como se deve acudir aos doentes e achacosos com tudo o que lhe parecesse necessário e útil. Faleceu em Itacuruçá (Xingu) a 29 de agosto de 1717. PEREIRA, João (1696 – 1718 – 1758). Natural de Açores (Diocese de Miranda do Douro) em Trás-osMontes, onde nasceu a 15 de agosto de 1696. Entrou na Companhia pelo Pará a 30 de setembro de 1696. Irmão de grande virtude e capacidade, que mostrou em vários ofícios incluindo o de enfermeiro no Colégio do Maranhão, em 1735. Faleceu com 62 anos de idade, no Maranhão a 13 de dezembro de 1758. PEREIRA, José (1717 – 1732 – 1793). Natural de S. Eulália de Ferreira (Figueira da Foz), onde nasceu a 5 de setembro de 1732. Foi enfermeiro do Colégio do Maranhão. Faleceu em 19 de dezembro de 1795 em Pesaro. PEREIRA, Manuel (1714 – 1732 – 1753). Natural de Poiares (uma das varias povoações deste nome, da Diocese de Braga). Nasceu em 10 de maio de 1714. Entrou na Companhia no Maranhão a 5 de julho de 1732. De ofício barbeiro (barbitonsor) e enfermeiro. Passou depois ao Pará, onde veio a falecer em 1 de setembro de 1753. PINHEIRO, P. Luis (1698 – 1720 – 1733...). Natural de Celas (Coimbra), onde nasceu a 3 de março de 1698. Entrou na Companhia a 17 de fevereiro de 1720, seguindo neste mesmo ano para o Maranhão. Farmacêutico (pharmacopolas). Em 1730 chama-se-lhe “Padre Boticário”. RODRIGUES, Manuel (1630 – 1661 – 1724...). Natural de Ponta Delgada (Açores), onde nasceu em 1630. Entrou na Companhia em 1656 e embarcou de Lisboa para o Maranhão em 24 de novembro de 1660. Ocupou


variados cargos dentre os quais enfermeiro e farmacêutico. Trabalhou com os Índios Guajajaras do Rio Pinaré. VIEIRA, Antonio (1681 – 1723 – 1750). Natural da freguesia de Nossa Senhora da Graça (Diocese de Funchal), onde nasceu em 1681. Chegou ao Pará com 17 anos. Entrou para a Companhia de Jesus a 6 de outubro de 1723. Foi enfermeiro do Colégio do Maranhão algum tempo. Faleceu a 22 de junho de 1750.


A RUA DO GIZ EUGES LIMA Outro dia, andei pela Rua do Giz, localizada no bairro da Praia Grande. Desci sua escadaria, passei em frente à antiga sede do jornal “O Globo”, prédio construindo em 1800, canto com a antiga ladeira do Vira-Mundo (Rua Humberto de Campos), hoje, uma escadaria. Foi em frente esse prédio, que se deram os episódios do dia 17 de novembro de 1889, onde uma grande massa de libertos protestaram contra o jornalista republicano Paula Duarte e a Proclamação da República. Favoráveis à monarquia, terminaram sendo fuzilados pelas forças do 5.º Batalhão de Infantaria. Atualmente, lá funciona um Museu de História Natural e Arqueologia. Segui em frente e avistei um conjunto de sobradões, uns dos mais altos dessa área, de três e quatro andares. Em um deles, junto da atual sede do IPHAN (antigo Banco do Maranhão), no século XIX, foi a casa do Comendador Meireles, rico comerciante e político português, um dos maiores adversários de Ana Jansen, a poderosa matrona maranhense. Pois bem, em abril, a Revista “Casa Vogue”, especializada em decoração e arquitetura, elegeu a Rua do Giz a sexta rua mais bonita do Brasil, isso atraiu as atenções para esse histórico logradouro. De fato, essa rua é um dos mais impressionantes cartões postais do Centro Histórico e precisa ser preservada e cuidada. Segundo o historiador Mário Meireles, a visão dessa rua a partir da Praça Benedito Leite, próximo a Associação Comercial, tendo a Rua de Nazaré passando em baixo “é uma das mais saborosas perspectivas do estilo colonial que caracteriza a cidade”. A colonial Rua do Giz é um dos arruamentos mais antigos da Praia Grande, tem sua primitiva origem na então “ladeira do Giz”, parte do trecho hoje, onde existe sua escadaria, que foi uma solução urbanística topográfica adotada em São Luís a partir da segunda metade do século XIX para suavizar o trânsito das várias ladeiras íngremes dessa região. Originalmente, a Rua do Giz, se iniciava no antigo Largo de Palácio (AV. Pedro II) e seguia até o antigo Largo das Mercês (Rua Jacinto Maia), bairro do Desterro, onde está situado o Convento das Mercês. Na atualidade, ela tem início na Rua de Nazaré, pois o trecho que começava no então Largo de Palácio até a Rua de Nazaré foi aterrado, se ligando com o espaço da Praça Benedito Leite. Em 1865, o vereador e escritor Henriques Leal para homenagear a data histórica do “28 de julho de 1823”, aprovou a mudança do nome de Rua do Giz para Rua “28 de julho,” data que representa o momento em que a colônia portuguesa que comandava a província do Maranhão, reconhece oficialmente a sua integração ao Império do Brasil, episódio conhecido pela historiografia tradicional como “Adesão do Maranhão à Independência do Brasil”. Na segunda metade do século XX, o trecho final dessa rua, no bairro do Desterro, ficou famoso, por abrigar a zona do “baixo meretrício” com suas luxuosas e luxuriosas moradas, muito frequentada pela boemia ludovincense. Eram os tempos da “28 de julho.” Por fim, a pergunta que não poderia faltar: por que essa rua ficou conhecida por “Rua do Giz”? Nem Ruben Almeida, autor de um dos maiores estudos sobre os antigos arruamentos de São Luís, nem Domingos Vieira Filho, autor da “Breve História das Ruas e Praças de São Luís”, não escreveram a respeito, porém, o historiador Carlos de Lima, em “Caminhos de São Luís”, acreditava ser devido “provavelmente, à íngreme e escorregadia ladeira de argila”, que existia primitivamente no seu início e que possivelmente lembrava esse formato de giz; estreita, embranquecida e longa.


O SOBRADINHO DA RUA DO EGITO FERNANDO BRAGA ‘Conversas Vadias’, antologia de textos do autor, a ser brevemente publicado. Ilustração: Foto do sobradinho branco da Rua do Egito, marcado por uma seta, solar de Dr. Fernando Viana e sua família

Numa bela noite, no sobradinho de azulejos brancos, [o de mirante e à esquerda da foto, marcado por uma seta], residência do Doutor Fernando Viana, à Rua do Egito, quase defronte do Colégio Santa Teresa, em São Luis, ele, o poeta e médico dono da casa ditava para que sua filha Maria Zélia anotasse, aliás, com uma letra muita bonita, num simples papel pautado de carta, que tinha às mãos naquele momento, esta beleza de texto que à primeira vista nos dá a impressão de ser apenas uma bela prosa musical, mas que na verdade é um belíssimo soneto, fácil de ser achado nas suas quatorze linhas clássicas. Dentre os presentes naquele sarau, como de costume, estavam, o anfitrião, sua mulher, dona Lourdes, escritora der fina estirpe, o médico e sacerdote, João Mohana, o jornalista e ensaísta José Erasmo Dias, o jornalista e poeta Emilio Azevedo, sobrinho dos irmãos Artur e Aluísio Azevedo e pai dos brilhantes filhos Maria Thereza Azevedo Neves e Américo Azevedo Neto; e mais o jornalista e poeta Amaral Raposo, considerado ‘prata de casa’, vez que acompanhou Fernando Viana, à Bahia, quando este foi estudar medicina; foram seis anos de intenso labor; enquanto Fernando Viana se debruçava sobre os grossos volumes da ciência de Hipócrates, Amaral para ajudá-lo a superar a saudade da província distante, logo arranjou um lugar na redação do jornal ‘A Tarde’, como meio de sobrevivência e, nos momentos de folga, o Zeca, [era este o abrandamento de afeto do afiado jornalista], se abraçava ao velho violão, e a uma garrafa de pinga ‘da boa’... Ao invés de a saudade ser tangida, era reacendida.... Ainda, dentre os presentes, os filhos de Dr. Fernando Viana, Alfredo Luís, o belo poeta de ‘A Rosa’ e do ‘Canto a Inês’, funcionário do Banco do Brasil e estudante de medicina, que viria ser mais tarde um renomado psiquiatra e professor da Universidade Federal do Maranhão e seu irmão Waldemiro Viana, o “Nena”, como era carinhosamente chamado pelos íntimos, que nesse tempo já estudava Direito, mas que ainda não construíra sua linda e querida família, ao lado de sua amada Yara, mulher e companheira pela vida toda, como também, aos poucos, iria construir sua obra composta de ‘Graúna em roça de arroz’; ‘A questionável amoralidade de Apolônio Proeza; O Mau Samaritano’; ‘Passarela do Centenário, sonetos/perfis e ‘A tara e a toga’, romances estes do mesmo naipe dos de Josué Montello, José Sarney e Odylo Costa, filho, segundo o senso crítico do nosso Manoel Lopes, textos a caminhar ‘pari passu’ com o naturalismo de Aluísio Azevedo, e ainda, segundo Câmara Cascudo, “um grande e soberbo romancista [ ‘pedes in terra, ad sidera visus’] , com os pés na Terra e os olhos nas Estrelas!.”


Os que estavam ali naquela noite, os mesmos que se reuniam semanalmente no sobradinho, já estão com Deus... Até o nosso benjamim, Waldemiro Antônio Bacelar Viana, Deus o chamou há pouco... Maria Zélia, Maria Thereza, Américo e o autor destas linhas, todos na época, na casa dos vinte anos, naturalmente, como simples espartanos, mesmo nascidos em Atenas, no convívio intelectual de tantos Péricles, envelhecemos...Mas a produção intelectiva de todos, não, porque essa gama espiritual a juntar-se com a saudade, enquanto esta se aconchegar em um peito, não morrerá nunca, pela meiguice do enternecimento e pela magia do encanto, essências que ficam... Depois que Maria Zelia concluiu a redação ditada pelo seu pai, foi lida por ele aos presentes, em voz alta, mas embargada por aquela natural emoção que a nossa ‘Ilha do Amor’ é costumeira e viseira a nos deixar na alma... É este o texto de Fernando Viana que, depois de lido, me foi presentado: “São Luís velha catita, minha cidade bonita, que imita as irmãs de Portugal, foste a cidade marcada para ser um dia a sonhada capital ambicionada da França Equinocial. / Cidade que amo tanto, São Luís do meu encanto, eu derramo em cada canto minha ternura por ti, tu és meu filão sem ganga, minha cidade miçanga, que o rio Anil e o Bacanga te cingem como uma tanga de caboclinha tupi. / “São Luís de mil ladeiras, de lindas moças brejeiras e viridentes palmeiras, onde canta o sabiá, da procissão do bendito, meu “sinhô” São Bendito, do gostoso peixe frito e do arroz de cuxá. / São Luís das marés baixas que expõem cr’oas que são faixas onde habita o camarão, das belas e extensas praias, rendadas como cambraias em perene exposição, na graciosa cadeia que abrange Ponta da Areia, Olho d’Água e Araçagi, e, do outro lado, a da Guia, que é por onde principia a do porto do Itaqui. / Os teus ocasos grandiosos, portentosos, majestosos, têm tanto fulgor de luz que a gente fica pensando que o sol rubro, agonizando, parece mesmo ir tombando na baía de São Marcos, cheia de velas de barcos, brancas, vermelhas, azuis, de velas triangulares, elegantes, singulares, garbosas cortando os mares ao vento bom que as conduz! / São Luís velha catita, minha cidade bonita, debruçada sobre o Anil, podem julgar-te mendiga, desairosa rapariga, mas para mim, minha amiga não há ninguém que consiga conter-me ou impedir que eu diga que és a melhor do Brasil!” Este texto de Fernando Viana, o nosso queridíssimo ‘Feliciano Ventura’, exprime o nosso sentimento a São Luis ... Por que, segundo Jacques Prévert, “há momentos na vida em que se deveria calar e deixar que o silêncio falasse ao coração’, pois há emoções que as palavras não sabem traduzir’, o que vai de encontro ao velho axioma quando ratifica que “a vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre. ____________________ .


DELEITE ROBERTO FRANKLIN ALL, ALTO, AVLA, AMCL, SCLMA Exatamente às 18 horas de uma quinta-feira, estava retornando para casa, estacionei o carro na garagem, ao entrar pela cozinha senti um aroma que me levou à recordação de uma época inesquecível, e tenho a certeza que será por mim guardado para sempre. Existem coisas que não sei explicar, aromas, sabores, lugares, sempre me levam a recordações que gostaria muito de manter vivas. Ao entrar presenciei minha esposa, descascando várias tanjas, o aroma desprendido das cascas era inconfundível. Fui transportado para São José de Ribamar, numa época cuja data realmente não me recordo, sei que eu ainda era um pré-adolescente ou quem sabe até criança, nossa família, sempre no mês de Julho ia passar as férias naquele lugar, que na época era uma cidade muito pequena, sem asfalto, sem luz. Lembro-me de que as luzes da cidade eram ligadas somente à tardinha, e acho que às vinte e duas eram desligadas, e para isso a empresa na época piscava três vezes as luzes, avisando que iria desligar, na época pela tarde fazíamos verdadeira procissão até um comércio, a fim de colocarmos querosene nos lampiões, petromax, candieiro, para acendermos na hora marcada pelo aviso de desligamento da luz. Era uma verdadeira festa, era tudo maravilhoso irmos passar nossas férias em São José, íamos, imaginem, de caminhão com direito a mudança, levávamos móveis, só não nossa geladeira, pois devido ao horário da energia, se tornava inviável. A casa onde íamos passar as férias era sempre alugada pelo meu pai, tenho vaga lembrança que na casa tinha uma geladeira a querosene. Lembro que era imprescindível a compra para nós, os filhos, dos famosos tamancos de madeira de cor amarela com uma tira de couro (o famoso Chamató). Lembro-me de que aos domingos quando meu pai não voltava para São Luís para trabalhar, descíamos a rua principal em direção à igreja, lá sempre aos domingos uma senhora na calçada de sua casa a vender um mingau de milho, numa panela de alumínio muito bem areada, que maravilha era o mingau, um sabor inesquecível! Depois, íamos em direção à praia do Vieira (porto) onde os barcos e lanchas procedente do município de Primeira Cruz e outros, chegavam em direção a São José com várias mercadorias, principalmente as nossas deliciosas tanjas. Esperávamos o descarregamento e comprávamos sempre os cofos com cem tanjas, era um momento memorável. São José de Ribamar traz, assim, para mim, várias recordações. Penso nos sabores, que ali se misturavam, quem de nós nunca provou um delicioso peixe-pedra, cozido ou frito, era quase sempre nosso almoço, e o famoso rolete de cana, que encontrávamos sempre à tarde na porta da igreja, quando às cinco horas descíamos para passear. Quem tinha idade para paquerar, quem se lembra nas tardes de domingo, o céu se transformava, eram empinados vários e vários papagaios que coloriam o céu de São José. Pela manhã, era imprescindível o banho de mar. Se a maré estivesse cheia, banhávamos perto da areia; se não, tínhamos que andar até o canal, lá uma “croa” (Banco de areia) nos esperava, na volta uma festa, encontrávamos uns toneis encravado na areia que, na vazante da maré, expulsava a água salgada que era substituída por água doce, imaginem água doce que saía da areia do mar, onde várias lavadeiras se encontravam lavando suas roupas, pedíamos permissão e lá mesmo tomávamos um belo e refrescante banho, a fim de retirar a água salgada do mar. O mês de julho me traz belas recordações, é um mês onde o céu fica mais azul, sem as nuvens da manhã, a brisa mais refrescante, e nós naquela cidade de São José de Ribamar, uma cidade cantada por vários escritores, o meu patrono o saudoso José Ribamar Sousa dos Reis escreveu o livro “São José de Ribamar: a cidade, o santo e sua gente”, um livro o qual todos que um dia conhecerem devem ler, O nome da cidade é em homenagem ao padroeiro do Maranhão. Na cidade de Ribamar encontra-se um dos santuários mais importantes do Norte - Nordeste. A cidade primitivamente era uma aldeia indígena. Seu nome atual decorre da seguinte lenda: um navio que vinha de Lisboa para São Luís desviou-se de sua rota e, na que hoje é conhecida como Baía de São José, esteve ameaçado de naufrágio por grandes tempestades e vagalhões. Os tripulantes invocaram a proteção de São José, prometendo erguer-lhe uma capela na povoação ao longe avistada. Tal foi a contrição das súplicas, que, imediatamente, o mar acalmou-se. E todos chegaram a terra são e salvos. Para cumprir a promessa, trouxeram de Lisboa uma imagem de São José, entronizando-a na modesta


igrejinha então erguida, de frente para o mar. Mas devotos residentes na antiga Anindiba dos indígenas, atual Paço do Lumiar, entenderam que a imagem deveria ser levada para a ermida daquela povoação. Sem que ninguém percebesse, realizaram seu intento. No dia seguinte, porém, viram que a imagem ali não mais se encontrava, pois voltara, misteriosamente, à capela de origem. Repetiram a transferência e colocaram pessoas a vigiar o santo, para que ele não voltasse a Ribamar, mas ele acabou voltando. Esta é a minha São José de Ribamar, vou me despedindo destas lembranças, porém antes devo, mesmo em minha mente, reviver e escutar o Bumba-meu-boi de São José, que aos domingos subia a rua principal com o seu batalhão a tocar suas maravilhosas matracas. Depois, juntamente com os familiares, sentarei à mesa para tomarmos nosso café com direito ao pão meia-lua, acompanhado de manteiga real ou até do saudoso queijo cuia (queijo do reino), que meu saudoso pai trazia de uma padaria que ficava no bairro do Anil.


A TERRA DE SANTA CRUZ "Interior de uma casa do baixo povo" desenho do militar português Joaquim Cândido Guillobel em seu livro "Usos e costumes dos abitantes da cidade de S. Luiz do Maranhão" de 1820. o Desenho de Cândido Guillobel da validade ao relato de Luis dos Santos Vilhena escrito em 1787 sobre a moradia das familias mais pobres: "choupanas de paus toscos e palhas de pindoba, mobiliadas com duas ou três esteiras, mesa e três pedras servindo de fogão às vezes alguns potes de barro e andrajos, eis toda a mobília do lar de um casal negro”

Joaquim Cândido Guillobel - Data de nascimento de Joaquim Cândido Guillobel:1787 Local de nascimento:(Portugal / Distrito de Lisboa / Lisboa) | Data de morte13-02-1859 Local de morte:(Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro) Joaquim Cândido Guillobel | Enciclopédia Itaú Cultural (itaucultural.org.br) Biografia Joaquim Cândido Guillobel (Lisboa, Portugal 1787 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1859). Desenhista, aquarelista, arquiteto, topógrafo e cartógrafo. Muda-se com seu pai, Francisco Agostinho Guillobel, para o Rio de Janeiro em 1808. Em 1811 ocupa o posto de primeiro tenente do Imperial Corpo de Engenheiros e passa a exercer a função de desenhista do recém-fundado Arquivo Militar. No ano seguinte inicia a produção de uma série de desenhos representando tipos e cenas urbanas do Rio de Janeiro. Em 1819 é enviado à província do Maranhão, onde realiza alguns mapas, publicados no ano seguinte com o título de Usos e Costumes dos Abitantes (sic) da Cidade do Maranhão. Retorna ao Rio de Janeiro e realiza a carta topográfica da província, em 1825. Matricula-se, em 1827, no curso de arquitetura civil, ministrado por Grandjean de Montigny (1776-1850) na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba). Em 1829, assume novamente o posto de desenhista do Arquivo Militar e projeta novo chafariz para o largo da Carioca. Três anos depois, desenha a planta topográfica do terreno onde seria construído o novo edifício da Casa de Correção. Em 1834, trabalha como professor assistente do curso de desenho da Academia Militar. Promovido a titular dessa cadeira em 1836, ocupa o posto até 1852. Entre 1845 e 1855, dedica-se às obras de construção do Palácio de Petrópolis,


realiza trabalhos para a Santa Casa de Misericórdia e responsabiliza-se, com José Maria Jacinto Rebelo e Domingos Monteiro, pela construção do Hospício D. Pedro II (Hospício dos Alienados). Em 1855 é nomeado professor honorário de ciências acessórias na cadeira de matemáticas aplicadas da Aiba. Comentário crítico Joaquim Cândido Guillobel vem para o Brasil em 1808. No Rio de Janeiro, ingressa na carreira militar por volta de 1811 e ocupa todos os postos até ser reformado como coronel de primeira linha do Imperial Corpo de Engenheiros. Ainda em 1811 é promovido a segundo-tenente para exercer a função de desenhista do Arquivo Militar. Começa a pintar, em 1812, pequenas figuras humanas, aquareladas, representando tipos e cenas de rua do Rio de Janeiro, como escravos trabalhando, vendedores ambulantes, damas portuguesas, cavaleiros, soldados, crianças tocando instrumentos musicais africanos, uma família saindo a passeio, um canto de mercado ou uma tropa. O estudioso Gilberto Ferrez compara os trabalhos do artista, que medem de oito a doze centímetros de altura, aos irresistíveis cartões-postais de então, que poderiam ser vendidos em álbuns ou separadamente. Para Ferrez, o artista revela nessas obras grande senso de observação. As figurinhas de Guillobel dão continuidade à tradição de ilustração de usos e costumes, já realizada no país, no século XVIII, por Carlos Julião (17401811). Sua produção serve de modelo para vários artistas viajantes que vêm ao Brasil nesse período, como Thomas Ender (1793-1875) e Henry Chamberlain (1796-1844). As aquarelas do artista têm grande importância também, como aponta o historiador da arte Rodrigo Naves, para a elaboração das aquarelas e litografias de Debret (1768-1848). Guillobel integra, a partir de 1819, uma comissão ativa na província do Maranhão, para a qual desenha mapas e cartas topográficas. Ao regressar, trabalha no comitê de levantamento da carta topográfica da província do Rio de Janeiro. Em 1827, matricula-se na Aiba, como aluno de arquitetura civil. Em 1834, passa a atuar como professor da cadeira de desenho descritivo e arquitetura militar, na Academia Militar. Trabalha como arquiteto em diversas obras públicas na cidade do Rio de Janeiro. Projeta o novo chafariz do Largo da Carioca e colabora em obras como a da Câmara dos Senadores, do Hospício dos Alienados e Santa Casa de Misericórdia. Seu maior projeto arquitetônico, do Palácio Imperial de Petropólis, inicia-se por volta do começo da década de 1850, quando passa a residir na cidade. Projeta também o Colégio de Petropólis. Em 1855, é nomeado professor honorário da seção de ciências acessórias na parte relativa às matemáticas aplicadas da Aiba. Guillobel, além da carreira militar e atividades de desenhista, topógrafo e arquiteto, é autor dos primeiros desenhos de cartas de brasão feitas no Brasil.


MARANHÃO: TERRA DE ACOLHIDA CLAUBER LIMA

Stay with us, Mr Ataíde do Rosário

Conto – Short story

Enquanto escrevia esta crônica, tocava o sino da Sé - 2 da manhã Sr Ataíde do Rosário, o avô do Pecuapá veio para o Maranhão como imigrante nos idos de 1940 mas seu coração sempre permaneceu no vale Benfeito em Portugal, no lugarejo de Vinhas, município de Macedo de Cavaleiros. Tendo sempre vivido dos seus rendimentos e, portanto não precisando buscar emprego para sobreviver no Brasil, ele se comportou de forma arrogante com todos os que encontrou pelo seu caminho. A húbris grega o acompanhou sempre. Vive de renda, apesar do seu neto Pecuapá ter morado debaixo da ponte de Pedreiras por muitos anos. Definir o que o Sr Ataíde do Rosário pensa e sente e como se dá sua relação com a cidade e o povo de Pedreiras e de São Luís do Maranhão não é tarefa fácil. Convém ponderar cada detalhe, cada expressão, cada afinidade, buscar o belo naquilo que cria harmonia e coloca a sociedade no seu bom funcionamento. Vemos que em poucos momentos ele se identifica com a terra e, na maior parte do tempo vive com o pensamento longe deste lugar. Que esforço fez o Sr Ataíde para ter e manter amizades com o povo e com a sociedade em geral? Que trabalho executou Sr Ataíde para melhorar a economia e o bem-estar do Estado do Maranhão entre os idos de 1979-1990? Será que Sr Ataíde leu a teoria mimética de René Girard que fala da violência e do sagrado e se deixou por ela atrair? Terá vendido algum patrimônio do Maranhão nestes anos? O que ficará como pensamento produzido por ele, que fará com que os historiadores e pensadores se debrucem ao longo dos anos em busca de material de pesquisa? Onde estão os livros que ele nos deixou em sua biblioteca como foi o caso de Manuel J. Firmo que deixou uma Biblioteca imensa e que infelizmente foi vilipendiada por alguém sem coração e, por isso, até na cidade de Rosário voaram e voam ainda hoje papéis desta biblioteca clássica e contemporânea que poucos conseguiram formar ao longo da vida? A biblioteca de Manuel J. Firmo foi totalmente abandonada e solapada e até hoje os peixes do rio Itapecurú-mirim se alimentam de uma cultura milenar. Alguns dizem sem provas que foi o Sr Ataíde quem abandonou a biblioteca de Manuel J. Firmo, que continua a brilhar, apesar disso... e o que ficará do legado do Sr Ataíde, além das façanhas do seu neto Pecuapá na cidade de Pedreiras? Muitas destas perguntas ficarão sem respostas, mas é preciso que aqueles que não dispõem de uma grande intuição, se debrucem sobre a literatura para traçar um perfil de quem trabalhou e fez caridade entre nós, apesar de uma aversão à vida em sociedade. Numa tentativa de compreender o homem como produto do seu meio como tão bem o fez Visconde de Taunay, iremos fazer uma análise filosófico-literária do Sr Ataíde do Rosário. Tendo nascido no lugar chamado Vinhas, na cidade de Macedo de Cavaleiros este aventureiro português veio para o Maranhão mas, o seu coração, pensamento e alma permaneceram em Trás-os-Montes, norte de Portugal. Veio para o norte do Brasil mas é no norte de Portugal que seu coração encontra alívio para as tensões da vida. Prova disso é que ele passou o tempo todo de sua vida a meditar no poema do poeta italiano Petrarca que depois Fernando Pessoa assimilou de forma tão lusitana: “Navegar é preciso, viver não é preciso” e, sendo assim, deixou um pouco de lado o visível da vida, a crueza dos fatos que a todos assolam sem meiostermos e passou a viver com o foco neste navegar constante entre o velho mundo e o novo. Penso que ele deve ter sido formado ainda nos moldes dos latinistas antigos e, por isso viveu apenas entre o quarto de dormir e a biblioteca do seu pai, passando algum tempo na sala de refeições e na porta de casa com alguns amigos de infância. Se tivesse ficado dentro dessa estrutura político-social portuguesa poderia ter uma grande produção literária mas não haveria uma grande repercussão da sua fala, dos seus gestos e atitudes. Como ele resolveu


sair para outros ares, águas e lugares25, tudo o que ele fala causa alvoroço e, por isso deveria ter-se preparado física e espiritualmente para poder entender o meio em que iria viver, porque não é a mesma coisa viver nas montanhas de Portugal e viver à beira-mar de uma cidade brasileira. Os males e os prazeres do corpo e da alma são diferentes para quem está nas montanhas e para quem está no semiárido, e as muitas chuvas do nosso inverno deixam o homem e a mulher tristes e com muita vontade de celebrar as Festas de São João e Santo Antônio e outras tradições populares. O fato de evitar estar com o povo, como o fez o Sr Ataíde nos momentos mais sublimes das nossas celebrações populares, faz aumentar o banzo, sendo que esta foi a forma de resistência de Padre José Bráulio Sousa Ayres e de muitos grupos de quilombolas nas dificuldades da vida. Chegado que foi a esta Ilha de São Luís o seu meio foi totalmente modificado. Mudou o meio, mudou o homem. Aqui no Maranhão estamos na fronteira entre a Amazônia e o semiárido nordestino, entre florestas e rios, índios, quilombolas, imigrantes portugueses e europeus em geral; com exceção do índio nativo, somos todos migrantes como bem escreveu e detalhou Gregory Feldman 26. Sim, somos todos migrantes mas existe muito mais coisas no Maranhão do que poderia antever Emanuel Kant com os seus conhecimentos de geografia, história e filosofia. Sr Ataíde poderia ser comparado com um Kant (não com aquele de Königsberg) mas com um Kant luso-brasileiro e um pouco hermético e destituído da sua geografia natural de Macedo de Cavaleiros. Saído das montanhas frias do norte ele se viu lançado na desembocadura do rio Anil com a Baía de São Marcos, cercado por este emaranhado de rios, morros e florestas nativas. Some-se a isso a presença marcante nesta terra de escritores e filósofos que não se deixam dominar e que não se deixam calar e aí teremos o Maranhão com sua geografia e seu povo. O Sr Ataíde quando fala do Maranhão diz que o que restou da Amazônia brasileira foi totalmente destruído e que aqui não há mais mata como havia no passado; isto é o que ele diz em público sem refletir no que leu e viu. Diga-se de passagem, que ele, não sendo um homem de intuições profundas é tão somente uma pessoa de leitura; porém não de uma leitura que passa por uma revisão e aprimoramento depois da terceira ou quarta leitura de um texto ruminado e dissecado, mas de uma leitura rápida e de uma vez só. Tudo nele é muito rápido e inesperado. Sua leitura não é em vistas de aprimoramento do conhecimento mas para ser reconhecido na sociedade, por pura vaidade. Sobre a vaidade, diria Matias Aires em 1752: “A vaidade de adquirir nome é inseparável de todos os que seguem ocupação das letras; e quanto maior é a vaidade de cada um, tanto maior a sua aplicação: não estudam para saberem, mas para que se saiba que eles sabem; buscam a ciência para a mostrarem; o seu objeto principal é a ostentação, e assim não é a ciência que buscam, mas a reputação; esta é como as outras, em que o adquirir é mais fácil que o conservar; e verdadeiramente o conseguir-se um nome pode ser obra de um dia, ou de uma hora; o conservá-lo é empresa de toda a vida”27. Ele não é como uma pedra de entulho que precisa ser transportada calmamente de um lugar para o outro e se juntar a outras pedras para formar um lago artificial a fim de saciar a sede do galo, das galinhas e dos jabutis. O homem sendo produto do meio e o Sr Ataíde nunca tendo sobrevoado a Ilha de São Luís com o propósito de focar na beleza das florestas, no contorno geográfico das ilhas ao redor da Ilha grande, na imensidão desproporcional de rios e na beleza deste povo, não pode ter uma visão mais ampla deste espaço geográfico e histórico. Sr Ataíde se fechou na sua mente, coração e alma e passou a sua estadia em nossa linda terra a atacar aqueles que queriam assessorá-lo, orientá-lo, dizer a ele que não faça isso ou aquilo, que não venda as propriedades restantes da sua família como o fez alguns de seus contemporâneos; que faça amizade com a sociedade civil ou que pelo menos crie um ambiente de diálogo, não de diminuição e desapreço pelo outro; que leia João Mohana de coração aberto e descubra no seu livro “O outro caminho” as angústias de um padre dilacerado que não é bem acolhido na sua comunidade paroquial e que se sente num desconforto espiritual e psicológico que o consome por dentro. Isso pode ajudar qualquer pensador a entender melhor tudo o que se passa e dar o melhor de sí mesmo para acertar mais vezes na realização do sentido da vida, como bem reiterou Viktor Frankl. Se o líder de comunidade Ramos P. Silva mandou cortar a árvore onde se escondeu o herói maranhense Manuel Beckman, se vendeu terrenos e propriedades adquiridos com suor e lágrimas e muito sofrimento dos seus parentes e passou muitos anos adoentado na alma e no corpo, o Sr Ataíde abandonou o histórico sobrado da praça João Lisboa por muitos anos para finalmente restaurá-lo por um preço exorbitante. Este foi um dos 25

RIBEIRO JR., W.A. Hipócrates/ De ares, águas e lugares. Portal Grecia Antiqua, São Carlos. URL: greciaantiga.org/arquivo.asp?num=0753. Consulta: 09/06/2021. 26 GREGORY FELDMAN. We are all migrants: Political action and the ubiquitous condition of migrant-hood (English edition). 1a edição. Palo Alto: Stanford. 2015. 27 MATIAS AIRES RAMOS DA SILVA DE EÇA. 1ª edição em 2020. Jandira-São Paulo. Editora Principis, p. 95.


legados do Sr Ataíde: a restauração do sobrado onde viveu algum tempo ilustres figuras da terra e além-mar, mas com o prejuízo de paredes de adobe centenárias terem sido remodeladas. No resto ele não compreendeu o Maranhão, viveu entre nós sem nos compreender, e sem por nós ser entendido. Que fim triste e amargo! Só muito açúcar no tacho para fazer alfenim. O que ele quis dizer ao não escutar o outro, seja ele do meio intelectual ou da sociedade em geral? Nós não sabemos e não podemos imaginar como poderia ter sido diferente. Mas pelo menos ele foi melhor do que alguns funcionários portugueses que foram nomeados para cargos no Brasil colônia e que permaneceram nos palácios do Rei de Portugal, junto da bela Lisboa, a Roma do Tejo, na Lisboa do século 18 com todo o seu brilho e esplendor anterior ao terremoto de 1755. Sr Ataíde talvez nunca tenha caminhado pelas ruas, becos, ladeiras e sobrados de São Luís do Maranhão; nunca teve o amor que tem pela cidade o advogado Francisco Moura, que tem apreço em tirar fotos belíssimas que são apreciadas pelo mundo afora. João Mohana teria dito ao amigo: “Calma Ataíde... As ruas de Macedo de Cavaleiros estão todas abertas, tú poderás retornar para lá a qualquer momento; ainda há tempo para contemplares o pôr do sol no Calhau ou na Ponta da Areia; chama alguém da sociedade civil para passear contigo; ainda dá tempo para seres reconhecido pelos intelectuais, pelo povo e a sociedade maranhense. Para ser conhecido e amado por todos. Amicum populi, amigo do povo e da família, poderia ter sido este o teu legado. Tira tempo para estar com os amigos pois: Est autem amicus socius mensae et non permanebit in die necessitatis. Depois irás retornar para tua bela e destacada casa em Macedo de Cavaleiros; aqui no Brasil deixarás amigos que são mais preciosos que o ouro mais puro”. Sr Ataíde não lê Antonio Vieira ou se lê, não o entende; Antonio Vieira, quando falou que o Maranhão mente, que até o céu mente, estava sendo irônico e fazendo uma crítica aos que só retiravam os produtos da terra, sem nada deixar para a posteridade, sem ao menos replantar o caule da vinagreira, como sempre o faz Raimundo Meireles quando visita a horta dos amigos. Existe um grande amor em Vieira pela terra do Brasil e o seu povo, um grande cuidado por seus rios, lagoas e lagos, matas e florestas, pássaros e cutias, onças e tatús, o famoso peixe quatro olhos e um profundo conhecimento da história, geografia e filosofia destas paragens do Maranhão. Tivesse os superiores de Vieira permitido que ele expressasse o que havia em seu coração, ele teria ficado por aqui, não teria corrido para Lisboa porque Lisboa, porque Bruxelas, porque Calgary e Louvain é lá onde está o teu coração, a tua mente, a tua alma e o teu fôlego. Sr Ataíde tem pressa de chegar em casa porque detesta o convívio social; está muito próximo do misantropo Schopenhauer e só reconhece o que há de bom em Portugal; não vê o que há de melhor na beiramar, no Palácio dos Leões, na fonte do Ribeirão, na fonte das Pedras, na praça da Matriz em Pedreiras. Ainda há tempo Sr Ataíde para ser grato por tudo o que o Maranhão fez por ti e tudo o que tú ainda poderás fazer por ele corrigindo e revisando os artigos cheios de sentimento hostil por esta terra, generalizando o que é experiência particular ruim e particularizando e diminuindo o que é grandioso e sublime. Certa vez ele disse que o Maranhão é muito quente e que o mesmo não valoriza os filhos da terra com oportunidades para trabalho, casa e comida, obrigando-os a buscar outros meios de vida em outras terras. É que o Maranhão viu-se obrigado a deixar ir embora alguns de seus cérebros mais brilhantes, alguns de seus filhos e filhas por falta de trabalho, tudo isso é correto mas existe um esforço para manter o homem na terra e desenvolver uma agricultura familiar, fazendo da busca da verdade algo muito mais complexo pois, como bem disse Aristóteles: “Com efeito, toda afirmação parece ser verdadeira ou falsa...”28. Nem tudo é ruim no Maranhão; o Maranhão parece que é floresta e é mar, parece que é mar e é terra firme. Na verdade, o Maranhão sempre foi terra de acolhida, mesmo daquele professor de passagem que dizia querer sair deste emaranhado, sendo que foi muito bem acolhido enquanto aqui esteve; Joaquim Silvério dos Reis, vulgo o traidor, circulava livremente pelo largo de São João Batista sem ninguém apontá-lo: “Lá vai o traidor da Pátria e da Igreja”. O que nunca se fez nem nunca se fará será obrigar alguém contra sua própria vontade e honra continuar vivendo por estas terras de Gonçalves Dias, pois os pássaros que só pensam em gorjear por lá, para lá devem ir. Não temos a vaidade daqueles homens que oferecem os melhores salários para que os melhores da terra 28

ARISTÓTELES. Categorias. Tradução de José Veríssimo Teixeira da Mata. Prefácio de Francis Wolff. Edição bilíngue. São Paulo. Editora Unesp. 2018, p. 113.


fiquem onde estão ou mudem de lugar. Ainda bem que os pequenos pássaros chamados de maçaricos, deixam o Canadá na época do frio e vêm se alimentar no nosso litoral cheio de mariscos e peixes. Mas, por fim, faço-lhe um apelo: Fica entre nós Sr Ataíde e passe esses tempos de idade avançada lendo Antonio Vieira, Sarney, Mário Meireles, João Mohana, Arthur e Aluísio Azevedo... e assim poderás apreciar o que há de mais belo na nossa literatura e história, irás descobrir Filosofia até mesmo na poesia, poderás assim meditar e compreender a obra poético-filosófica de cunho kantiano de Nauro Machado. Irás ler calmamente e sem aquela pressa do sul, da Paulicéia Desvairada, a obra de Emilio Brito, daquele que, lendo Hegel e Tomás de Aquino em sua cela de jesuíta em Louvain chegou a afirmar: “l’Un absolu s’unifie circulairement comme Verum et Bonum, comme connaissance et vouloir de soi”29. Nós te agradecemos Sr Ataíde por terdes vindo para o nosso meio e, como um bom maranhense peço-te desculpas por não termos conseguido em nosso pouco tempo de contato pessoal formular categorias de pensamento que te fizessem compreender o nosso meio ambiente e os desejos filosófico-espirituais do Verum e do Bonum do povo do Maranhão. Com o povo do Maranhão continuaremos a viver contentes, acolhendo aos que por cá fizerem morada. O sino tocou 5 da manhã! Sr Ataíde dorme, dormem todos, só não dorme o pensador! This is a short-story about Mr Ataide, a person who decided to live Portugal to Brazil after the Second World War but stays in his mind, heart and soul all the experiences that he had in his native homeland. He does not appreciate the beauty of Brazil and its culture. Clauber Lima – Sócio correspondente do IHGM. BIBLIOGRAFIA RIBEIRO JR., W.A. Hipócrates/ De ares, águas e lugares. Portal Grecia Antiqua, São Carlos. URL: greciaantiga.org/arquivo.asp?num=0753. Consulta: 09/06/2021. FELDMAN, Gregory. We are all migrants: Political action and the ubiquitous condition of migranthood (English edition). 1a edição. Palo Alto: Stanford. 2015. AIRES RAMOS DA SILVA DE EÇA, Matias. 1ª edição em 2020. Jandira-São Paulo. Editora Principis. ARISTÓTELES. Categorias. Tradução de José Veríssimo Teixeira da Mata. Prefácio de Francis Wolff. Edição bilíngue. São Paulo. Editora Unesp. 2018. BRITO, E. Dieu et l’être d’après Thomas d’Aquin et Hegel. Ière edition. Paris. PUF. 1991.

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BRITO, E. Dieu et l’être d’après Thomas d’Aquin et Hegel. Ière edition. Paris. PUF. 1991, p. 200.


RECORDAÇÕES DA PROVÍNCIA NA METRÓPOLE CERES COSTA FERNANDES Um colégio no Alto da Boa Vista. Interna, aprendi uma canção sobre um menino que tendo perdido seu canário, apregoava, num canto muito triste, a venda da gaiola agora vazia de seu inquilino. “Mon Canari s’est Envolé”, acho que era o nome. Cantávamos essa e outras canções, fazendo roda em torno da fogueira, nas noites muito frias, antes de subirmos ao dormitório. Nestes dias, em que estive fora, com a missão de começar a esvaziar o apartamento da minha mãe de seus objetos pessoais, antes de tentar vendê-lo, esta canção se fez muito presente em minha memória. A mulher personalíssima, que ali habitara por mais de 40 anos, havia alçado voo para outras paragens, mas seu modo alegre e colorido de ver o mundo, estava impresso em todos os cômodos, nos móveis, nas faianças, nos quadros. Devo acrescentar que não fui feliz em minha missão. Além de falar da minha mãe, esse imóvel guarda parte da minha história. Quando meu pai o comprou, financiado pela Caixa Econômica, em longas e suaves prestações, a diminuírem o valor com o passar do tempo, o bairro chique do Rio era Copacabana. Não se falava em Leblon. Apaixonei-me pelo bairro, sua praia, seu moderno cinema e, certa do meu poder, finquei o pé: Quero o Leblon. Meu pai cedeu e minha mãe, depois, agradeceu a escolha. Não fui garota de Ipanema, nem menina do Leblon. Provinciana de São Luís, meu único interesse era o mar, onde me lançava sem medo. Durante anos, foi minha segunda casa, com vantagem de um café na cama, da despreocupação de qualquer responsabilidade doméstica e do carinho de mamãe. . O quadrilátero ou a figura geométrica que o valha, onde está incluído o apartamento ainda é um dos lugares que permanecem gostosos no Rio, que têm essa coisa do provinciano dentro da metrópole: uma banca de jornal com um jornaleiro amigo, um bar defronte, para a cerveja do fim de tarde, a Livraria Argumento, a dois passos, onde a gente pode ler livros, longamente, ao lado de um escritor famoso ou de uma celebridade, um supermercado sofisticado e sortido, 24 horas, restaurantes e botecos para todas as tribos. Nesse cantinho, ainda se pode andar a pé, portando celular. Não há favela próxima. Mas, na banca, não está mais seu Carlinhos, pergunto ao substituto e ele me diz, Numa cidade praiana, aposentado. E a Farmácia Edith? Farmácia familiar, bem ao lado, descia-se de chinelo, pertencente a mais de três gerações da mesma família, fechou. Não resistiu às cadeias das grandes farmácias. Ao lado, também fechou o Armarinho, joia preciosa, não mais encontrável nas grandes cidades. Onde comprar botões, elásticos, fitilhos, linhas, colchetes, zíperes, agulhas? Alguém ainda compra? Eu compro. Comprava. Sinto falta do remendão, na pracinha, que consertava sapatos, bolsas e o que mais se levasse. Um gato enorme, amarelo, parecia ser o dono do lugar, esparramava-se no balcão e os clientes que se apertassem. Serviço de qualidade. O Boteco Belmonte se mantém há alguns anos. Comida boa, ambiente bom. Só incomoda dia de jogo do Flamengo. Os torcedores correm para lá, buzinas em punho. Onde estão os ônibus chamados frescões, primeiros refrigerados do Rio, linha direta à rodoviária e ao aeroporto? O metrô tornou-os obsoletos. Grandes passeios à região serrana, fazíamos eu e Antonio Carlos, quando da pós-graduação. Comer carneiro com tabule e beber cerveja Boêmia, em Petrópolis, era um dos nossos modestos passeios. O Leblon continua aconchegante. Em que pese ter perdido grande parte das minhas referências. E a maior delas: a mulher, pomba-rola que voou. Hélas, elle est partie. Maison à vendre, como diria a canção.


A ESCOLA COMERCIAL DA ACREP AYMORÉ ALVIM APLAC, ALL, AMM. A Escola Comercial da ACREP é sempre uma doce lembrança. De vez em quando, povoa os meus pensamentos, envolvendo-me de grande emoção, dobrando-me ao convencimento de que a semente que lançamos deu os frutos que esperávamos. Recordo-me, então, daquela tarde ensolarada de outubro de 1961, quando, juntamente com outros tantos estudantes pinheirenses, fizemos de um sonho a causa maior da nossa luta. Ali estávamos com José Reinaldo, Abraão, Bernardino, Moema, Santos Alves, Fuad, José Carlos e Luís Domingues, Jurandy, Beckman, Socorro e Maria Helena, João Damasceno, Policarpo, José Roberto, Francisco Castro, José Roberto, Policarpo, Alaor Mota e tantos outros companheiros acrepianos. O auditório da Biblioteca Pública do Estado estava cheio. A alegria contagiava a todos. Era a primeira reunião plenária que fazíamos, fora dos limites de Pinheiro, após a fundação da ACREP. Naquele momento, já com o aval do Secretário de Educação do Estado, Dr. Eloy Coelho e com o apoio, desde a primeira hora, do Prof. Luís Rego, Inspetor Federal, demos por fundada a Escola Comercial da ACREP. Uma grande euforia permeou aquele plenário. Muitos não acreditavam no que presenciavam. Como era possível, àquela altura, um grupo de estudantes interioranos granjear a confiança dos governos estadual e federal para uma empreitada de tal responsabilidade? Como foi possível a um grupo de jovens estudantes conseguir um aval para instalação de um curso ginasial em tão curto espaço de tempo? Dez anos antes, após várias gestões, o bispo D. Afonso instalou o ginásio da Prelazia e, desde então, se iniciativa semelhante houve não foi concretizada. Fora, portanto, um voto de grade confiança. Mas o entusiasmo que marcou os momentos daquela inesquecível tarde começou a esmaecer sob o impacto dos percalços que forças contrárias passaram, sorrateiramente, a minar na família pinheirense e nos entendimentos da ACREP com os órgãos governamentais. “Os cabeças desse movimento comunista são todos da cidade, não vivem aqui, diziam uns”. “O que eles querem é acabar com o Ginásio Pinheirense e deixarem nossos filhos desamparados”, diziam outros. “Eles vão ensinar os empregados de vocês a tomarem conta dos seus negócios”, comentavam, à boca pequena, no comércio local. A pressão foi muito forte. Ninguém queria nos ajudar. O prefeito da época nos disse que esse negócio não iria dar certo e que não estava disposto a criar problemas para o seu pessoal. Pedia-nos que o entendêssemos. O nosso objetivo, contudo, era muito claro: criar um ginásio comercial noturno e gratuito para atender aqueles pinheirenses que trabalhavam durante o dia e que não dispunham de tempo nem de recursos para frequentar o Ginásio da Prelazia. Pretendíamos qualificar técnicos, na área comercial, que viessem, progressivamente, preparar o comércio de Pinheiro para a nova realidade da economia regional e do Estado. Queríamos construir e não destruir. Mas isto se revelou de difícil entendimento. Foi a nossa pertinácia e a impulsividade da nossa juventude que nos fizeram prosseguir com os nossos propósitos. Em fevereiro de 1962, o Prof. Luís Rego presidiu a realização do primeiro exame de admissão ao novo ginásio. A 11 de março seguinte, a Escola Comercial da ACREP foi instalada, no Grupo Escolar Odorico Mendes, por


determinação expressa do Sr. Secretário, Dr. Eloy Coelho, de vez que era o único espaço físico que nos restou, em nossa cidade. Por tudo isto, não posso esquecer, os bravos e valorosos pinheirenses e companheiros de todos os momentos que materializaram esse sonho acrepiano. Sem eles a ECA jamais seria uma realidade: Francisco Gomes, representante do Inspetor Federal, Francisco Reis Castro, que assumiu a Direção Técnica da Escola em face da defecção de outros pinheirenses convidados que sucumbiram no enfrentamento com a ordem vigente, Marieta Franco de Sá, Secretária, e os professores Maria Regina e Terezinha Durãns, Lenir Dias, Elizabeto e José Anastácio Soares e Roberval Melo que não se atemorizaram nem frente às veladas pressões exercidas nem, tampouco, com a escuridão que povoava, à época, as ruas de Pinheiro. Enfrentaram com destemor as fortes chuvas do inverno da Baixada e o desconforto de reger uma turma de alunos à luz de petromax. Mas, apesar de tudo, eles venceram e fizeram da sua vitória a nossa vitória. Conseguiram nos convencer com o seu desprendimento, elevado espírito de cidadania e grande coragem de que sempre vale a pena lutarmos por tudo em que acreditamos. Permitiram-nos exorcizar a máxima de que o jovem nada constrói, impulsionando-nos a outros empreendimentos. Cumpre-nos, pois, reiterar-lhes, com grande admiração e profundo respeito, o nosso preito de eterna gratidão, na certeza de que Pinheiro muito lhes deve pelo abnegado trabalho que muito contribuiu para o seu desenvolvimento e pela geração de oportunidades a muitos dos seus filhos.


A NOVA LITERATURA LUDOVICENSE /MARANHENSE


O PRONTUÁRIO POÉTICO DO DOUTOR RAFAEL JOSÉ NERES (Membro da Academia Maranhense de Letras e da Sobrames) Convidado: escritor e poeta José Neres, "O prontuário poético do doutor Rafael" (facetubes.com.br)

Ser poeta nem sempre está diretamente relacionado com o fato de alguém haver escrito e/ou publicado algum livro de poemas. Ser poeta vai além desse detalhe técnico. Ser poeta possivelmente é ter tatuados na alma, nas palavras e no silêncio a essência da poesia, a capacidade de enxergar além das aparências e o dom de renovar o tantas vezes já-dito com as vestes do não-dito. Às vezes a poesia abandona seu mundo de abstrações e se materializa em forma de poemas que acabam ganhando o mundo a partir da memória, dos recitais, dos endereços virtuais ou das páginas de um livro. Mas, por algum motivo, as pessoas acabam exigindo que o poeta se “solidifique em poeta”, conforme vaticinou Nauro Machado em um de seus mais difundidos versos. Cria-se uma expectativa envolta em múltiplas cobranças: “Quando vai publicar um livro?”, “Estamos esperando seu livro.”, “E o livro, quando vem?”, etc. Não são raros os casos em que essas cobranças reiteradas acabam mutilando o poeta, que, no afã de agradar aos outros, acaba traindo as próprias convicções e acelerando a maturação de poemas que, infelizmente, às vezes, começam a nascer mortos ou talvez sem possibilidade de vicejar nos campos da vida. Contudo, há também aquelas pessoas que sabem esperar um momento propício (se é que isso exista) para a publicação de sua prole poética em forma de livro. E, quando esse momento chega, vem acompanhado de uma explosão de exclamações de júbilo, dada a qualidade do trabalho que é apresentado ao ansioso público. Foi isso o que aconteceu com o poeta e médico Rafael Oliveira, que, depois de muita insistência e de muitos recuos, acaba de trazer à luz seu primeiro livro intitulado O avesso abstrato das coisas (Pelanux, 2021, 128 páginas), uma obra que traz para os leitores e amantes da poesia uma mescla de leveza poética com a densidade de uma temática central que remete às enfermidades do corpo e da alma e faz cada pessoa refletir sobre a brevidade e a fragilidade de nossa condição humana. Cada um dos poemas parece ter sido limado muitas vezes até atingir o ponto em que o contraste entre a economia de palavras e abundância de imagens transformasse palavras que poderiam ilustrar um prontuário médico em uma bem acabada peça de ourivesaria poética na qual cada vocábulo está engastado com perfeição milimétrica transformando as dores das enfermidades em pequenas joias de poeticidade. No prefácio ao livro, o poeta Bioque Mesito já adverte que “o que parece quando lemos Rafael Oliveira é que tudo perpassa pela retórica do mundo imaginado como os conceitos duros das ciências exatas, mas o que significa, na verdade, é a sensibilidade da poesia, a ternura dos poemas paradoxais ou ainda o que recolhemos do espanto de viver.” E essas constatações podem ser vistas do primeiro ao último poema do livro. Logo no início, os leitores se deparam com o impactante poema Alzheimer e podem perceberem tristemente que tal doença tem como um dos efeitos: esquecer a vírgula depois da manhã a tarde perde o sentido o pôr do sol não cabe na memória (pág. 23) Ao longo das páginas, o médico nascido em Goiás, mas que adotou o Maranhão como segunda terra natal, segue em sua saga de tirar o máximo de poeticidade de algo que geralmente é visto como antessala de um fim inefável. Sinestesicamente, é possível trazer à margem de cada leitor as incômodas sensações pelas quais passam as vítimas de enfermidades que não trazem em sua essência vestígios claros de poeticidade. Assim o AVC, que faz parte do drama de muitas famílias, é pintado metaforicamente como o momento em que:


o corpo perde lembranças no máximo se lembra pela metade a mão esquerda não colhe flores (pág. 45) E assim, nesse sintético prontuário poético, o doutor/poeta Rafael Oliveira consegue transmutar dores físicas e psicológicas em pílulas de poesia. Lúpus, dermatite, anorexia, infarto, Parkinson, impotência, insônia, traumas, bipolarismo e muitas outros problemas do dia a dia dos consultórios saltam das folhas soltas de recitas, diagnósticos e exames e passam a fazer parte de um mundo no qual dores e perdas podem dar origem a outras formas de se ver os vazios que alimentam nossa certeza de diária partida. Mesmo respeitando as rotinas e protocolos médicos, o poeta acaba lembrando o leitor de que há remédios que podem ira além da farmacologia química. Para tentar controlar a pressão alta, por exemplo, será também importante tirar um tempo para: ver o pôr do sol numa tarde qualquer evitar nuvens insubordinadas dentro dos olhos tomar uma cápsula de lua ao dormir (pág. 61) No prontuário poético do doutor Rafael, cada leitor é mais que um paciente, é um amigo que entre consultas, exames e anamneses pode levar para o resto da vida, impressa na retina e na memória, a certeza de que a poesia está em todos os lugares, até na dor... na nossa e na alheia.


GRAÇA ARANHA E A ESTÉTICA MODERNA

FERNANDO BRAGA in ‘Conversas Vadias’, antologia de textos do autor, brevemente publicado em livro; este artigo, foi publicado, originalmente, in Jornal ‘O Alto Madeira’, Porto Velho, RO, 24.9.84 e republicado no sesquicentenário do humanista maranhense. Ilustração: Gravura de Graça Aranha com referências.,

José Pereira da Graça Aranha foi um dos escritores brasileiros mais importantes da ficção pré-modernista. E é ele quem diz no livro ‘O meu próprio romance’, onde narra genialmente sua vida, tendo este trabalho, infelizmente, ficado inacabado, mas mesmo assim editado em 1931, extraído de manuscritos do autor: “O meu difícil nascimento parece marcar o signo da força que me prendia ao inconsciente. Foi pela ciência de um médico inglês, que vivi na tarde do domingo de 21 de junho de 1868, na cidade de São Luís do Maranhão, quando eu estava condenado à morte para salvar minha mãe. A ciência arrancou-me do inconsciente. Realizoume em mim a fórmula do meu pensamento psicológico. Aboli em mim o terror inicial. Desde então a minha vida foi uma aspiração de conhecimento e por este conhecimento tomei posse do universo. Liberto-me do preconceito político e, o que é mais difícil, do preconceito estético”. Aos treze anos ele concluía o curso de humanidades e aos dezoito, o de Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife, onde se fez o aluno mais querido de Tobias Barreto que, ao longo da vida, viria a influenciá-lo. Foi advogado e professor de Direito, exercendo no Espírito Santo o cargo de juiz. Viveu muitos anos na Europa no desempenho de funções diplomáticas. Voltando ao Brasil, tornou-se figura de vanguarda no movimento modernista, pronunciando na Academia Brasileira de Letras, de onde foi sócio fundador em que “concitava a renovar-se, pela aceitação das novas tendências estéticas “Se a Academia não se renova – gritou – “então morra a Academia”. O grito ali não fora ouvido naquele momento, e Graça Aranha rompeu com a instituição de Machado de Assis, onde ocupava a cadeira de Tobias Barreto. Seu nome, ao lado de Gonçalves Dias, dos irmãos Azevedo [Artur e Aluízio] e de Coelho Netto, constitui o quarteto de maranhenses que maior influência exerceu na história da literatura brasileira. Da velha Europa, trouxe consigo o modelo que o fez um arauto do espírito moderno, consagrando-o assim, até o fim da vida, a teorização de uma estética que codificasse padrões novos na estrutura literária àquela época já em crise. Nas mesmas condições, a Graça Aranha se juntava, também chegados da Europa, Oswald de Andrade que tivera convivido com o poeta Paul Fort, coroado príncipe dos poetas franceses; Manuel Bandeira que voltava da Suíça, onde estivera internado por causa da tuberculose, mantendo uma grande amizade com o poeta Paul


Eluard, enquanto o Brasil era povoado de notícias que chegavam da revista portuguesa ‘Orfeu’, centro irradiador das poesias de Fernando Pessoa e Mário Sá-Carneiro, as quais se corporificavam aos métodos pretendidos por Graça Aranha. E a ‘Semana de Arte Moderna’ explodiu com a exposição, em São Paulo, da pintora Anitta Malfatti que trazia novidades e novos elementos nas artes plásticas pós-impressionistas (cubistas e expressionistas), revelados em seus estudos, principalmente na Alemanha, sendo criticada por uns e defendida por outros, entre estes, Mário de Andrade, já imortalizado com ‘Paulicéia Desvairada’ e ‘Macunaíma’. Continuemos ouvindo o espírito de negação de Graça Aranha, escritos para ‘O meu próprio romance’: “Nada poderia contribuir para o meu incessante progresso intelectual, como o espírito de negação. Aos doze anos neguei Deus, aos quatorze neguei o Direito Natural, aos quinze neguei o princípio monárquico e o direito à escravidão”. Sobre o livro ‘Canaã’, José Veríssimo, crítico dos mais afiados ao tempo, disse: “Estreia, como não me lembra outra em a nossa literatura, é a revelação nela de um grande escritor. Novo pelo tema, novo pela inspiração e pela concepção, novo pelo estilo”. E por falar em Veríssimo, este era contra a entrada de Graça na Academia, apesar de nunca ter sabido o porquê, o que só veio a se tornar possível com a quase imposição de Joaquim Nabuco. Graça Aranha publicou estes trabalhos: Canaã, 1902; Estética da Vida, 1920; Malazarte, 1922; Correspondência de Machado de Assis e Joaquim Nabuco, 1923; O Espírito Moderno, 1925; A Viagem Maravilhosa, 1930. As obras completas de Graça Aranha (1939-1941) estão distribuídas em 8 volumes: Vol. I Canaã; vol. II: Malazarte; vol. III: Estética da vida; vol. IV: Correspondência de Machado de Assis e Joaquim Nabuco; vol. V: O espírito moderno; vol. VI: A viagem maravilhosa; vol. VII: O meu próprio romance; vol. VIII: Diversos. ‘O meu próprio romance’ é um dos livros mais perfeitos que conheço. Li-o ainda menino e sua leitura me invadiu para sempre os sentidos. Parece que brinquei com Graça Aranha pela velha rampa do cais de São Luís. Já homem e tão distante daqueles, meu e dele, cenários da velha cidade, uma saudade de doer a alma me ensombrou de emoção, quando reli, como se alguma coisa indizível me dissesse que a única coisa sublime que temos é a memória, tanto que ela nos é apagada para que nossa consciência, em outros planos, não sofra tanto e tenha sossego. E é o velho Graça quem diz: “Dos quadros da minha infância, nenhum exerceu no meu espírito magnetismo igual ao da casa em que vivi, quatorze anos, no Largo do Palácio. Nasci na Rua da Estrela, número 2, na primeira casa à direita, na grande ladeira que desce para a Praia Grande, centro do comércio que as águas da baia não banham [...] quando a deixamos, eu não tinha dois anos. Mais tarde, eu a contemplava e imaginava o seu silêncio interior naqueles três andares elevados, e esse silêncio imaginativo tinha a força de me entristecer.” Talvez havendo, como informa Alfredo Bosi, professor de Literatura da Universidade de São Paulo, “duas faces a considerar no caso Graça Aranha: o romancista de ‘Canaã’ e de ‘A Viagem Maravilhosa’ e o doutrinador de ‘A Estética da Vida’ e de ‘Espírito Moderno’, faz-se às vezes distante no tempo, mas ligadas por mais de um caráter comum, exteriorizar em ‘A Estética da Vida’ este sentido de forma e liberdade espiritual ou ainda de terror cósmico: aquele que compreende o universo com uma dualidade de alma e corpo, de espírito e matéria, de criador e criatura, vive na perpétua dor. Aquele que pelas sensações vagas da forma, da cor e do som, se transporta ao sentimento universal e se funde no todo infinito, vive na perpétua alegria”. Falar-se de Arte Moderna, caberia num livro de ensaios como muitos já foram escritos. Os acontecimentos e os personagens foram muitos para poucos dias, e Graça Aranha, o qual faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1931, tornou-se, no Movimento, um acontecimento imorredouro, porque trouxe à luz da publicidade o seu ‘Canaã’ e foi personagem, porque, acima de tudo, e pela vida inteira, foi sempre um reformador de métodos e um esteta intemporal. ------------------------------------


CHEIA RobertoFranklin ALL, ALTO, AVLA, AMCL, SCLMA Distante o horizonte engole o mar Lá me encontro cheia, minha luz Desperta desejos prazeres Beijo teu corpo, desperto tentações Espumas cristalizadas em ondas de maré cheia Envolve desejos levando minha luz até a beira mar Transforma meus reflexos Num pedido de amor que, na praia Mistura-se ao verdadeiro Desejo de coito sob minha luz Desfaleces em areia fazendo Que ondas de desejo te banhe Longe sou testemunha Teu prazer ganha ar de desejo Eu como num teatro com minha luz Foco o amor que em minhas noites Envolve teus pensamentos.


LÍNGUAS DO MÉNAGE

*ANTONIO AÍLTON Não tenho dúvidas de que o livro MÉNAGE – Antologia Trilíngue de Poesia é um dos projetos mais importantes para divulgação da minha poesia conjuntamente com a do poeta Sebastião Ribeiro, que foi parceiro nesse trabalho. Mas não é só isso, trata-se de um livro importante também para os vínculos coletivos da atualidade. Isto porque, queiramos ou não, acaba ressoando uma representatividade do que vem se realizado em vários espaços do Brasil. O Ménage é um livro cuja potência e beleza tem sido reconhecida, e isso é o mais gratificante, porque não foi um livro fácil. Nenhum livro é exatamente fácil, mas, no caso deste, tivemos as enormes dificuldades que a tradução da poesia pode suscitar, da proposta de se poder dizer na língua do outro aquilo que é da intimidade da alma do poeta e do país, sua linguagem e seus modos de gerar sentido, de uma possível comunicabilidade sensível e afetiva. Esse foi o nosso empreendimento na obra, como resultado de uma ousadia: Sebastião passando a nossa poesia para o inglês e eu, para o francês. Mas, fora isso, reconhecemos o trabalho da diagramação, das escolhas de caminho e cuidado da editora, em sua contribuição para que o resultado fosse o melhor. A Editora Helvetia/Helvetia Éditions, foi escolhida justamente por ter uma proposta de primar qualidade, além de que possui relações de operação e divulgação mais diretas entre Brasil, Portugal e Suíça, com festivais e distribuição nesses países, possibilitando assim essa abertura de portas para uma divulgação maior do nosso trabalho. O livro, em formato grande, também foi publicado em dispositivo kindle, para ser lido em aparelhos e suportes eletrônicos. O Ménage recebe este título justamente pelo entrelaçamento das três línguas que promove. Não se trata, portanto, de algum teor ou cunho erótico que se possa buscar no livro – senão aquele que se faz presente no erotismo da própria linguagem –, mas desse conjunto de alma e forças poéticas, corpos, delicadezas, línguas e mãos que entram em sua feitura, provocação, voz e resultados. É neste sentido que este livro se oferece como um convite para a conexão maior que se faz neste jogo de línguas, linguagens e relações humanas.

Antonio Aílton

Título: MÉNAGE – Antologia Trilíngue de Poesia Autores: Antonio Aílton e Sebastião Ribeiro Onde encontrar: Helvetia Éditions Amazon (formato kindle, e-book – buscar por autor/título) Livraria AMEI, no São Luís Shopping – São Luís/MA


POESIA PARA OS CANTOS POSSÍVEIS *SEBASTIÃO RIBEIRO O processo de construção de Ménage ampliou percepções que eu tinha sobre tradução (considere-se que não sou e, por enquanto, não almejo a tradução profissional) e o próprio fazer poético, considerando o jogo de limitações e liberdades que as línguas nos oferecem e impõem ao mesmo tempo. Interessante também a impressão que tive, em vários momentos do trabalho de passar a poesia de Aílton para o inglês, foi a de ‘confundir as mãos’ de quem fez o poema, como se estivesse trabalhando com um poema de minha autoria. A obra é resultado não apenas de intenções em disponibilizar parte (mínima, por assim dizer) da poesia sendo feito no estado e na Amazônia / Nordeste para o mundo de leitores usuários do inglês e francês, mas também uma jornada, uma experiência de (re) conhecimento da poesia dos dois autores e de enriquecimento criativo. A seleção que fiz da minha poesia considerou os 10 anos de criação poética publicada. Existem poemas de Acorde (Scortecci, 2011), & (Scortecci, 2015), Glitch (Scortecci, 2017), e de meu último livro solo, Memento (Penalux, 2020); por isso penso e falo da experiência Ménage como uma jornada, considerando especialmente sua intenção antológica e de futura referência, pelo menos de um recorte da produção maranhense nos autores Antonio Aílton e Sebastião Ribeiro – duas vozes distintas, em momentos diferentes de suas caminhadas literárias, vindos de gerações que necessitaram se adaptar a mais uma velocidade que foi adicionada aos motores do mundo. Ménage também é representativo de um momento de evolução, por considerar os diversos momentos da minha produção: não evolução no sentido de algo primitivo, primário, se aperfeiçoar com o tempo (até porque isso é um conceito, uma percepção variável, dependente de análises e opiniões), mas em duas situações – 1º, entender como a poesia se adapta ao entendimento e às possibilidades que o homem e poeta descobre para lidar com a vida; e 2º, o momento de reconhecimento que minha poesia ganha ao se alinhar em um projeto como esse, ao lado de um grande poeta e intelectual como o Antonio Aílton. Concluo compartilhando a satisfação de dever cumprido, um trabalho de cerca de dois anos e que exigiu um foco renovado, além dos maquinismos e necessidades da vida e, infelizmente, através de uma pandemia. Ainda que o projeto possa não usufruir da aclamação dos best-sellers, ainda que demore a chegar às mãos dos leitores francófonos e anglófonos (e lusófonos, claro), nutro a alegria de poder ter alcançado esse marco e ajudar a remeter a voz de nossa poesia a todos os cantos que me são possíveis.

ESPECTRO DE PÉTALAS passo em frente à velha grade que murmura no muro de minha casa chamo por meus filhos lá dentro da penumbra: "Clarinha!" "Benjamin!" "Alegria!" eles não respondem o portão range no vazio estão dormindo, estão de cama, não ouviram ainda não nasceram, são precoces partiram há muito tempo então me cubro com as folhas das árvores crescidas que plantei e fico esgalhado debaixo do espectro de pétalas


esperando-os chegar para enchermos de pleno o presente que ficou amarrado em cima da mesa ouço o vento de uma voz em volutas em sua existência repetível, ou em sua crença do círculo quando os que amamos parecem sempre tão mais plenos do momento e a razão definitiva de amá-los é o risco de perdê-los sob as folhas de uma vez por todas todas as vezes Antonio Aílton

MOTE

& foi-se o tempo dos épicos & foi-se em seu inverso-interior aluminado o meu tempo hoje é a luz receitando meus olhos hoje é todos os espaços contornáveis preenchidos por dúvida é os móveis arborescidos no quarto ocultando o fruto em cuja casca de vidro me enxergo apalpando o rosto descobrindo-lhe os restos hoje é estuar-me no silêncio doutros cômodos que guardam garantias de distração

THE METAL AGE

At dawn through the streets the sun tripped on two corpses Scraps from the stainless night the waste picker girl has better things to do Antonio Aílton


[Idade dos metais – Ao amanhecer por entre as ruas/ o sol tropeçou em dois cadáveres/ sobras da noite inoxidável/ a catadora de latinhas/ tem mais coisas a fazer]

[sans titre]

sans aucun quai, je me suis assis ici quand tu t’es arrivé. tu es ce que tu es, pour que j' puisse discerner maintenant l'océan s'en refroidissant sous les cargos l'eau n'était plus en elle-même comme moi, réduit au silence par la chanson d'autrui j'ai seulement demandé à la mer d'attendre la vie : un jour, je serai à deux miles à l'intérieur

[(sem título) sem cais sentei aqui/ quando chegaste./ és o que és para que’u agora discirna/ o oceano esfriando sob os cargueiros// a água não estava mais nela mesma/ quanto eu calado pela canção alheia.//só pedi que o mar esperasse a vida: /um dia o serei duas milhas adentro]


O RIO ALEGÓRICO DE MARIANA LUZ JOÃO CARLOS PIMENTEL CANTANHEDE Blog da Jucey Santana: O RIO ALEGÓRICO DE MARIANA LUZ

Para tentar discorrer sobre a recente produção literária a respeito de Mariana Luz, especificamente as obras de Jucey e Gabriela Santana, construí mentalmente uma imagem do rio Itapecuru, a partir da ponte, em uma estrutura de três planos horizontais: a margem direita, o leito e a margem esquerda. Em cada uma das margens imaginei uma mulher/escritora segurando um livro. Na margem direita, Jucey Santana segurava o seu livro “Marianna Luz: vida e obra (2014); e na margem esquerda, Gabriela tinha em suas mãos a obra “Mariana Luz: Murmúrios e outros poemas (2021). Ambas olhavam fixamente para o leito pardacento do rio, como se buscassem descobrir ou revelar o que escondiam aquelas águas turvas. De fato, o que simbolizava o leito do rio na imagem? Seria a própria Mariana Luz representada sob a forma da água? Não seria a ilustre poeta, dramaturga e educadora itapecuruense, igualmente fonte de vida como o rio? Para responder a essa questão, precisamos analisar os pontos recorrentes da imagem: a ponte, as margens e o leito do rio. A ponte, como ponto de observação representa o leitor ou leitores olhando para o rio. E o que o rio teria a revelar para os leitores? Bom, observando o livro da margem direita, ele nos revela, por meio de uma pesquisa vasta e consistente, uma Mariana Luz histórica. A própria autora, Jucey Santana, nos alerta que a sua obra não tem pretensão de análise estético/literária. Mas a fonte principal da sua obra é o leito do rio, ou seja, a própria Mariana Luz representada por uma água parda, ela era uma mulher negra; mas a cor da água simboliza também o que precisa ser visto e revisto, cabendo a cada leitor ou pesquisador observar com atenção essa água, da qual Jucey edificou o seu livro. Ao olharmos para a margem esquerda temos: “Mariana Luz: Murmúrios e outros poemas (2021), Gabriela constrói a sua obra, olhando para o leito, para a outra margem e também para as teorias do campo literário. Enquanto Jucey é oriunda da AICLA, Gabriela Santana é proveniente da outra academia, a Universidade (Ufma) e de um mestrado que a desafiou a construir um outro olhar sobre Mariana Luz. Quando Jucey comentou que não faria análise literária, de certo modo, é como se ela previsse que a outra margem do rio seria edificada por outra autora/pesquisadora. Assim sendo, Gabriela Santana nos apresenta uma obra rica em termos quantitativos e qualitativos, nos aponta caminhos teóricos para uma compreensão da literatura de Mariana Luz e aprofunda alguns outros elementos históricos. Em resumo, a imagem alegórica construída no início apresenta o leitor na ponte, acima das duas margens, ambas com produções literárias consistentes que nos permitem compreender e perceber com maior profundidade o leito do rio, ou seja, a nossa magnifica Mariana Luz.


João Carlos Pimentel Cantanhede é Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Especialista em História do Maranhão pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). É autor dos livros: REVIVESCÊNCIA (2014), CIDADE E A MEMÓRIA (2013), em parceria com a professora da UEMA, Raimunda Fortes; CANTANHEDE (2010); VEREDAS ESTÉTICAS (2008); e um dos organizadores das antologias PÚCARO LITERÁRIO I e II (2017 e 2018, respectivamente). Como artista visual realizou diversas exposições individuais e coletivas, das quais destacamos: Olhares sobre o cotidiano” - TCE/MA, 2019; “Sem perspectiva” - SESC/MA, 2012; “Palmae” SESC/MA, 2007; “Itapecuru – imagens recorrentes” - SESC/Ler Itapecuru-Mirim, 2006; “Ritos do Corpo” SESC/MA, 2005; Hibridações” - SESC/MA, 2004; “Relevos Sensoriais- SESC/MA, 2016; 5º Salão de artes São Luís, SECULT, 2014; 4º Salão de artes São Luís, SECULT, 2013; 3º Salão de artes São Luís, SECULT, 2012; 2º Salão de artes São Luís, SECULT, 2011; “Iconografia Urbana de São Luís” IV- SESC/MA, 2013; “Iconografia Urbana de São Luís” III- SESC/MA, 2008; “Iconografia Urbana de São Luís” IIGaleria Nagy Lajos/Museu de Artes Visuais, 2007; “Arte e Meio Ambiente” - SESC/MA, 2005; “Iconografia Urbana de São Luís” - SESC/MA, 2003; 1ª Mostra SESC de Humor – SESC/MA – 2000; XXIV, XXV, XXVI, XXVII e XXIX Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, FUNC, 1998 a 2002 e 2005;  I, II, III Mostra Maranhense de Humor – DAC/PREXAE-UFMA, 1998, 1999 e 2000; 1º Concurso de História em Quadrinhos do Maranhão – SESC/MA, 1998; 1º e 2º Salão Nacional de Humor Sobre o Controle dos Gastos Públicos - União Nacional dos Analistas e Técnicos de Financias e Controle – UNACON, 1997/98. Foi premiado em 1º Lugar em Pintura no XXVI Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, 2001; Melhor Cartum Maranhense na 2ª e 3ª Mostra Maranhense de Humor, 1999 e 2000; e Menção Honrosa em Pintura no XXVII Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, 2002.


LAGUSA POEMAS I: orgasmos em dose dupla de poesia Último lançamento de Assenção Pessoa

ASSENÇÃO PESSOA Blog da Jucey Santana: LAGUSA POEMAS I: orgasmos em dose dupla de poesi

A obra de Assenção Pessoa que seduz o leitor por meio do prazer poético atraindo experiência de diversas sensações para aproximar leitor e leitura de forma frenética, ao mesmo tempo em que se permita transitar por mundos reflexivos, indagativos sobre a vida, as interfaces da mulher e da natureza, bem como, os relacionamentos vividos. A obra apresenta questionamentos sociais e culturais nas entrelinhas de seus versos. Nos convida a refletir sobre a condição humana e a natureza feminina intrínseca na natureza ambiental e cósmica. A obra está dividida em três partes: Momento Mulher, em que retrata a vida das mulheres ao longo das suas existências femininas cercadas de nuances de sedução e efervescência entre paixões, desejos, realidades e enigmas. Em Deslizes Enigmáticos destacam-se versos de dor, perdas e incertezas, no entanto, traz a mulher protagonista de sua própria história. Em Poemas Imensuráveis revela uma realidade profunda e contraditória onde a indiferença se confunde com o progresso social e pessoal, ao mesmo tempo em que incita à contemplação e ao deslumbramento dos amores e das paixões. Prefaciado pela professora, socióloga, psicóloga, escritora Dilercy Adler, que faz uma reflexão da força mulher no calendário cristão percorrendo por entre a história da mulher submissa até os dias atuais onde ela se revela sexual e feminina. Capa e imagens feitas especialmente para esta edição pelo artista plástico, o itapecuruense Alex Muniz é um convite para adentrar ao mundo enigmático de LAGUSA POEMAS I: orgasmos em dose dupla.


Com um título bem sugestivo seus versos lhe reporta ao orgasmo que no sentido figurado trata da excitação poética e provocações que te permitem desvendar o universo da poesia escrita por Assenção Pessoa sem censura, sem preconceito, sem tabus. O título LAGUSA vem do seu Blogger, em homenagem aos seus netos. Se permita, ouse… Se desvende pelos desconhecidos e inexplicáveis versos de LAGUSA POEMAS I: orgasmos em dose dupla. (Assenção Pessoa)

Maria da Assenção Lopes Pessoa. Nasceu em Itapecuru Mirim, MA Brasil. Professora com Licenciatura em Ciências (Universidade Estadual do Maranhão – UEMA). Possui especialização em Biologia (Universidade Estadual do Maranhão – UEMA), Gestão, Supervisão e Planejamento Educacional (Instituto Educacional Superior Franciscano – IESF). Funcionária pública estadual, Assenção trabalhou na cidade de Pirapemas, MA, na unidade integrada Pirapemas, foi professora e gestora. Trabalhou na sua terra Itapecuru Mirim na Unidade Wady Fiquene, CAIC, Newton Neves e Ayrton Senna, exercendo sua função de professora e gestora, contribuindo com a educação estadual no município. Também construiu com escolas municipais como a Gomes de Souza, Goncalves Dias e João da Silva Rodrigues. Atualmente é Superintendente de Cultura na Secretaria Municipal da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer. Escritora, poeta, pesquisadora, Assenção é membro fundadora da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes – AICLA, membro efetivo da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão - SCLMA. Membro Correspondente da Academia Vargem-grandense de Letras e Artes. Trabalhos publicados: Recordações (poesia) (Editora NELPA, São Paulo, 2011); Infanto-juvenis: José e as Três Mosqueteiras, A Princesa Sarah e o Sapo, Mirela a princesa que vivia sonhando, Os Sonhos Dourados de Amália, Sapatilhas de Pontas (Editora Gregory, São Paulo, 2015); Itapecuru Mirim, sua gente, sua história (Editora NELPA, São Paulo, 2015); Educação Sexual e Saúde Escolar; Alana, um ser de luz outros contos e poesias (Gráfica Valle – São Luís, MA, 2018). Participante em várias antologias, dentre algumas temos: Mil Poemas para Gonçalves Dias (2014); Cento e Noventa poemas para Maria Firmina dos Reis (2015); Púcaro Literário I, II (2017/2018). Coautora do Livro Inspirações Poéticas (2016), juntamente com Jucey Santana. É Membro coordenador e participante da FESTA LITERÁRIA DE ITAPECURU MIIRIM (FLIM).


A VISTA DO MEU PONTO: ENTREVISTA COM PAULO MELO SOUSA

Paulo Melo Sousa é o nome artístico de Paulo Roberto Melo Sousa, nascido em São Luís do Maranhão a 6 de maio de 1960. Filho de José de Ribamar Bezerra de Sousa e de Élia Melo Sousa, tem duas irmãs e um irmão. Frequentou inicialmente o Jardim de Infância Pituchinha, indo estudar a partir dos 8 anos de idade no Colégio Maristas, onde permaneceu durante 10 anos e concluiu o chamado Científico em 1978. Formado em Design e em Comunicação Social pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA, possui especialização em Jornalismo Cultural, Jornalismo Científico, Jornalismo Ambiental, e em Linguística Aplicada ao Ensino das Línguas Materna e Estrangeira. Possui Mestrado em Ciências Sociais pela UFMA, em 2013. Poeta, jornalista, professor, ambientalista, pesquisador de cultura popular, fundou a Sociedade de Astronomia do Maranhão SAMA, aos 16 anos. Foi um dos idealizadores do primeiro jornal ecológico do Maranhão, o “Folha de Gaia” (1991 / 1992). O poeta integra ainda a “Antologia da Poesia Maranhense do Século XX”, organizada por Assis Brasil. Foi um dos fundadores do Grupo Poeme-se, de poesia (1985 / 1994), e criador do Grupo Graal (1997), de performance poética. Atua na área de cinema e vídeo, como ator e co-diretor. Escreve no Jornal Pequeno (JP Turismo), abordando temas de jornalismo científico, turístico, cultural e de patrimônio cultural. Também incursiono na área de cinema e vídeo, trabalhando como ator e co-diretor (integrei o elenco de “Carlota Joaquina, Princesa do Brasil”, filme de Carla Camurati (1995), e foi co-diretor do filme “Em Busca da Imagem Perdida” (IPHAN, 2008), dentre outros trabalhos. Mantive no suplemento JP Turismo – Jornal Pequeno, desde 2006, a coluna “Alça de Mira”, na qual publiquei poemas de autores maranhenses, semanalmente, atuando ainda na área cultural como conferencista. Fui Diretor da Galeria de Arte Trapiche Santo Ângelo (Fundação Municipal de Cultura – FUNC / Prefeitura de São Luís, de 2013 a 2015), Diretor do Convento das Mercês, de 2015 a 2020 e, atualmente, sou o Diretor do Museu Histórico de Alcântara, desde março de 2020. Paulo Melo Sousa é membro fundador da Academia Ludovicense de Letras – ALL, tendo recebido a Medalha do Mérito Timbira, Grau de Comendador do Quarto Centenário, a maior comenda do Estado do Maranhão, em 2012, devido aos serviços prestados à cultura do Maranhão.

Bibliografia “Rua Grande: Um Passeio no Tempo” - História (1992); “Oráculo de Lúcifer” (Poesia) - 1994 (1º lugar: Prêmio Literário do Plano Editorial Secma / Sioge); “Vi (s) agem” (Poesia) - 1º lugar: Prêmio Concurso Cultural e Artístico Cidade de São Luís (2001); “Arte das Mãos: Mestres Artesãos Maranhenses” - Texto (SEBRAE - 2007); “Nagon Abioton: Um estudo fotográfico e histórico sobre a Casa de Nagô” - Texto (Petrobras Cultural - 2009); “Banzeiro” (Poesia - 2010); Prêmio Concurso Cultural e Artístico Cidade de São Luís; “Vespeiro” (Poesia - 2010). Comecei a escrever na adolescência, mas sistematicamente a partir dos 18 anos de idade, quando escrevi meus primeiros poemas e publiquei meus primeiros artigos em jornais. Integrei a Fundação Bandeira Tribuzi, a partir de 1980, que era coordenada pelo animador cultural Bernardo Fontenele, que organizava semanas literárias e mantinha viva a memória do poeta Bandeira Tribuzi. Em seguida comecei a publicar no Suplemento Cultural Guarnicê (Coordenada pelos escritores Celso Borges, Joaquim Haickel e outros), que depois se tornou Revista, no início dos anos 80 do século passado. Participei, a partir de 1985, do Grupo da Akademia dos Párias, publicando poemas, traduções na Revista “Uns & Outros”, do referido grupo. Nesse mesmo ano, no dia 2 de agosto de 1985, criei, ao lado de Ribamar Filho, o Grupo


Poeme-se, que durou até 1994. Em seguida, criei o Grupo Graal, de performance poética, em 1997. A partir de dezembro de 2010, criei o Projeto Papoético, que continua em atividade até hoje. Em Alcântara, articulamos, ao lado de Sérgio Oliveira e de Léa Mamede, o Projeto “Conecta Cultura: São Luís / Alcântara”, no início de 2019. Em se falando de geração, pertenço à geração 80. Meus parceiros de poesia e de cultura, ao longo desses anos todos, são muitos: Nauro Machado, José Chagas, Arlete Nogueira da Cruz, Raimundo Fontenele, Alberico Carneiro Filho, Laura Amélia Damous, Valdelino Cécio, Lúcia Brandão, Lenita de Sá, Ribamar Filho, Cláudio Terças, Rezende, Guaracy Brito Júnior, Antônio João Nunes, Wagner Alhadef, Jorge Campos, Rosa Ewerton, Luiz Henrique Rezende, Wilson Martins, Célia Seguins, Fernando Abreu, Ronaldão, Antônio Carlos Alvim, Lúcia Santos, Celso Borges, Dyl Pires, Hellen Esse, Elício Pacífico, Rafael Oliveira, César Maranhão, Paulinho di Maré, Rosemary Rêgo, Dilercy Adler, Antônio Aílton, Ricardo Leão, Hagamenon de Jesus, Jorgeana Braga, Bioque Mesito, Raimunda Frazão, Wybson Carvalho, Renato Menezes, Silvana Menezes, Carvalho Júnior, Ronaldo Costa Fernandes, dentre tantos outros. a. Geração de 45 Incluído às vezes nessa geração, o poeta Nauro Machado muito me incentivou por acreditar na força da minha poesia. Ao logo de 38 anos mantivemos uma duradoura e profícua amizade, e aprendi muito sobre poesia em longas conversas sobre arte e cultura com o nobre poeta. d. Akademia dos Párias Fui integrante do grupo da Akademia dos Párias, publicando poemas na Revista Uns & Outros, que o grupo publicava. e. Os Cadernos Alternativos / Vagalume Publiquei textos e poemas, bem como fui entrevistado no Suplemento Vagalume. f. Poeme-se/Papoético Fui um dos fundadores do Grupo Poeme-se e, sozinho, em 2010, criei o Projeto Cultural Papoético. O Grupo Poeme-se foi crido por Ribamar Filho e por mim no dia 2 de agosto de 1985, quando foi lançado o primeiro cartaz de poesia do grupo, intitulado Poeme-se nº 1. O grupo se reunia semanalmente para realização de leituras de poesias, construção de recitais e de performnces poéticas, dentre as quais “Erótyka” e “O Inferno de Wall Street”, chegando a realizar ainda festivais de poesia, dentre outras produções culturais. O grupo Poeme-se durou até 1994. O Projeto Papoético foi idealizado pelo poeta, jornalista e pesquisador de cultura popular Paulo Melo Sousa, em dezembro de 2010. O evento acontece num espaço cultural ou num bar / restaurante / cafeteria. O Papoético acontece normalmente de acordo com a programação previamente estabelecida. Recitais de poesia, lançamentos de livros, canjas musicais, exibição de filmes, discussões filosóficas e exposição de ideias são algumas das muitas atividades que fazem desse projeto algo singular. Nos encontros, o público pode entrar em contato com o que é produzido na arte maranhense e brasileira e ainda poderá encontrar algumas pessoas que têm participação ativa na construção da cultura contemporânea. Visando ampliar a ação cultural do projeto, foi idealizada a realização do I Festival de Poesia do Papoético, sendo o primeiro realizado no dia 31 de maio de 2012. Nos últimos anos, em São Luís, os órgãos públicos ligados à cultura privilegiaram as manifestações culturais de cunho popular, que se destacam tanto no carnaval quanto no São João. Em decorrência disso, as artes em geral perderam apoio oficial, dentre elas a Literatura. Concursos literários foram extintos, e até o Festival de Poesia da Universidade Federal do Maranhão, anteriormente realizado pelo Departamento de Assuntos Culturais – DAC, foi desativado. h. Circuito de Poesia Maranhense/Latinidade


Participei do Circuito de Poesia Maranhense e fui um dos fundadores da Sociedade de Cultura Latina do Maranhão, ocupando inicialmente o cargo de Diretor Cultural. I. Safra 90 Participei, ao lado do escritor Wilson Martins, da seleção dos poetas que participaram da “Antologia Poética Safra 90”, em 1996 (Edições Secma), escrevendo o prefácio da referida antologia, com o texto “Risco na Trilha ou Novas Aparições”. j. Guesa Errante Publiquei vários textos e poemas no Suplemento Literário Guesa Errante.


"SÍSIFO DESCE A MONTANHA: OS PRAZERES DA PEDRA" MHARIO LINCOLN / PAULO RODRIGUES

Paulo Rodrigues “subir foi demorado, descer é outra arte”. (Affonso Romano) Sísifo teimou com a autoridade. Queria sonhar uma nova vida. Enganou os deuses do fundo da terra, por isso foi condenado a carregar uma pedra até o topo da montanha. Toda vez que chegava lá. A pedra rola e volta. Então, é preciso reiniciar a tortura. O mito parece com a vida? Sim. As repetições da vida são castigos, aprendizagens, momento para catarse. Affonso Romano de Sant’Anna é professor, ensaísta, jornalista, poeta (um dos grandes nomes da literatura brasileira, na atualidade). Sabe cortar a linguagem com a lâmina das virtudes. Nos encanta com a capacidade de revelar o irrevelável. Acabei de ler Sísifo desce a montanha. Em muitos poemas fui tomado pelo mistério profundo, do diálogo. Eu não busquei respostas, nem ele nos oferece. No entanto, oferta mais. Sai deixando pitadas de sensações das muitas mortes do poeta. É o tema geral do livro (a morte). Ele vai além? Claro. Apresenta suas filosofias da linguagem, as angústias do esquecimento coetâneo, as imagens marginais do cotidiano. Destaco, de início, a primeira parte do poema NUM RESTAURANTE, que está na página cento e dois. É uma aula de prazer. Com uma didática emocional, acima do lirismo vazio da literatura contemporânea: Alguém preparou para mim a comida ali no fundo deste restaurante e não vejo seu rosto. Ouço ruídos. A boa, má e anônima comida chega à minha mesa como se navios avançassem sem que suarentos braços alimentassem suas caldeiras. Roland Barthes - no livro O Prazer do Texto - que eu tenho a quarta edição, de mil novecentos e noventa e seis (Editora Perspectiva) diz: “o texto que o senhor escreve tem de me dar prova de que ele me deseja. Essa prova existe: é a escritura. A escritura é isto: a ciência das fruições da linguagem, seu kama-sutra”. O crítico literário francês nos mostra a necessidade do texto conquistar o leitor. Não posso negar os desejos nos meus olhos. Leio a cena muitas vezes. É instigante. Desdobra-se como um tsunami dentro de mim. Parece uma crônica em versos, tão sutil, como um beijo sentido antes de tocar os lábios. Nas estrofes acima, temos a preparação da ruptura do ato de comer. Vamos avançar mais um pouquinho e entender:


Tudo que chega a mim teve um drama pregresso o grão, o tecido, o plástico o industrial aparelho tão belo e limpo tudo tem suor, tem sangue, tudo veio da aflição, da ânsia a produzir em mim, um incerto prazer. Dois homens mastigam na minha frente riem, conversam seus negócios, telefonam como em qualquer restaurante do mundo. A cena primária é retomada pelo poeta, num ato quase de análise freudiana. De repente, a vista é clareada. As aflições dos que fazem a comida recuperam os traumas de Affonso Romano. Criam uma armadilha. Preocupam a superfície da mesa. Os homens proprietários apenas mastigam. Só o artista é um neurótico diria Barthes. A estrofe final do poema promove o mesmo prazer no leitor e no escritor como veremos: [...] Longe, nos subúrbios onde prospera a fome meu prato está sendo preparado por toscas criaturas e nunca saberei seus nomes. A insatisfação com a comida é nítida. Há sinais de prazer na reflexão poética dissonante. Só nas palavras mora a propriedade, que sustenta o discurso. Parece que sentimos a fome de quem prepara e não se alimenta. Affonso Romano é um transgressor, buscando o prazer. -----------------------Paulo Rodrigues (Caxias, 1978), é graduado em Letras e Filosofia. Especialista em Língua Portuguesa, professor de literatura, poeta, jornalista. É autor de vários livros, dentre eles, O Abrigo de Orfeu (Editora Penalux, 2017); Escombros de Ninguém (Editora Penalux, 2018). Ganhou o prêmio Álvares de Azevedo da UBE/RJ em 2019, com o livro Uma Interpretação para São Gregório. Venceu o prêmio Literatura e Fechadura de São Paulo em 2020, com o livro Cinelândia. É membro da Academia Poética Brasileira.


O DUQUE DE GIZ: UMA HOMENAGEM A BARRA DO CORDA JORGE ABREU Um livro em homenagem a Barra do Corda, a começar pelo título, que remete a uma das mais marcantes figuras da história da cidade. Assim, o jornalista e escritor Antonio Carlos Lima define a sua mais recente obra literária, O Duque de Giz, publicada pela Academia Maranhense de Letras. José Nogueira Arruda, o lendário Duque de Giz, é lembrado também num episódio narrado em outro texto do livro: a passagem, por São Luís, em 1955, do presidente deposto da Argentina, Juan Domingos Perón, testemunhada pelo Duque como repórter do jornal O Imparcial. Outros personagens ilustres da Barra estão presentes no livro: Oton Mororó Milhomem, perfilado em função das lendas que circulavam a seu respeito, quando em vida; e Verônica, a mãe que perdeu os três filhos no mesmo dia, foi abandonada pelo marido e vagava, sem juízo, pelas ruas da cidade. Mas, o autor vai muito além de Barra do Corda nas crônicas, reportagens e artigos que compõem a obra. Ele aborda episódios vivenciados em lugares tão diferentes como São Raimundo das Mangabeiras, onde nasceu; São Luís do Maranhão, onde morou muito tempo; Santiago do Chile, onde trabalhou como adido cultural; e Brasília, onde vive há 15 anos. Tradição Eu li o livro - com muita admiração - e recomendo a sua leitura, principalmente pra quem é de Barra do Corda, e cultiva a história e tradição de cultura do município, onde o autor viveu entre o final dos anos 1960 e metade dos anos 1970. Na Barra, ele estudou nos colégios Pio XI e Nossa Senhora de Fátima, e foi um dos fundadores do icônico jornal O Pássaro. Por mim considerado um dos melhores cronistas do Brasil contemporâneo, Antonio Carlos Lima foi diretor, em São Luís, do jornal O Estado do Maranhão, e secretário de Comunicação do Governo do Estado. Membro da Academia Maranhense de Letras e da Academia Barra-Cordense de Letras, é autor de Além da Ilha, Sob o Sol do Equador, São Luís: azulejos e poesia. Faço questão de ressaltar que tenho orgulho de nossa amizade e dele ter sido o responsável pelo início da minha carreira como jornalista, nos longínquos anos 1980. Serviço Em São Luís, o Duque de Giz está disponível na Livraria e Espaço Cultural AMEI (São Luís Shopping). Fones: (98) 3251 3744 e (98) 9 8283 2560 (WhatsApp). Email: ameilivraria@gmail.com; e na Livraria Saci Pererê, Av.Virgílio Domingues, 304, São Francisco. Fones: (98) 3014 2524 e (98) 8407 7979. Em Barra do Corda, o livro pode ser adquirido comigo; na Fename (Praça Melo Uchôa, Centro) e na Livraria Retrôvisor (Rua Gerôncio Falcão, S/N, centro, em frente à Adias Móveis).


ACONTECENDO...


Academia Poética Brasileira elege e empossa novo imortal para a Cadeira de número 94 Por: Mhario LincolnFonte: Divulgação

Rogerio Rocha


Posse do acadêmico eleito ROGÉRIO HENRIQUE ROCHA Discurso de Recepção: Acadêmica Linda Barros Senhor Presidente Mhario Lincoln Senhor Vice-Presidente Edomir de Oliveira Demais Confrades Hoje esta egrégia Academia tem a honra de receber mais um ilustre membro para compor seu quadro de intelectuais: o filósofo, poeta, professor e produtor cultura Rogério Rocha. Exímio conhecedor da palavra, Rogério é Bacharelando em Letras, dai seu encantamento pelo mundo da poesia. Caminhou também pelas vertentes filosóficas, onde é licenciado em Filosofia e professor dessa área e subsequentemente fez pós-graduação em Ética. O jovem escritor não se contentou tão somente em uma carreira linear específica, ou em um único eixo do conhecimento, resolveu aprimorar suas nuances intelectuais, elevando-as a outros patamares. A área jurídica já corria em suas veias, foi então que se graduou em Direito e dando continuidade a esse caminho, fez pós-graduação em Direito Constitucional. Hoje ele também é técnico judiciário e ex-assessor jurídico. Rogério Rocha é também Mestre em Criminologia pela Universidade Fernando Pessoa (Porto/Portugal).

Acadêmica Linda Barros. Desde muito cedo sempre teve interesse pela poesia, apoiado em leituras de grandes intelectuais da Literatura Brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, entre outros, seu destino não poderia ser outro senão estar inserido no também mundo dos intelectuais. Rogério Rocha é autor de “Pedra dos Olhos”, obra que reúne uma produção poética correspondente a trabalho de pesquisa de longos 30 anos. O escritor é membro-fundador e organizador dos projetos Iniciativa Eidos e Duo Litera. Participou da antologia “Os Melhores Poemas de 2016”, onde foi lançado durante o 3º Salão do Livro de Lisboa. Participou também da Antologia de Novos Poetas Maranhenses, promovido pela Amei. Nem precisa dizer nem mensurar o tamanho da importância desse intelectual nos anais da Academia Poética Brasileira, pois por si só, Rogério Rocha traz consigo um arcabouço de conhecimento e riqueza literária para nossa Academia. Rogério Rocha é maranhense da cidade de São Luís. É filósofo, poeta, produtor cultural, pós-graduado em Direito Constitucional (Universidade AnhangueraUniderp), pós-graduado em Ética pelo IESMA, Graduado em Filosofia (UFMA) e Bacharel em Direito (UFMA). É mestre em Criminologia pela Universidade Fernando Pessoa (Porto/Portugal) e bacharelando em Letras pela Estácio. Exerceu a advocacia e foi assessor jurídico. É membro-fundador e organizador dos projetos INICIATIVA EIDOS e DUO LITERA, que trabalham com a realização de eventos com temas nas áreas de filosofia e literatura.


Participou da antologia "Os melhores poemas de 2016", lançada durante o 3º Salão do Livro de Lisboa, que reuniu autores de vários países de língua portuguesa, e da Antologia de Novos Poetas Maranhenses (AMEI). Foi segundo colocado no Concurso Gonçalves Dias, no ano de 2019. É autor do livro de poemas Pedra dos Olhos (lançado em janeiro de 2020). Obras no prelo: "Cânticos noturnos para ilhas devastadas" (poema); "Caderno de grifos" (poema). Rogério Rocha é proprietário do canal Roger Filósofo, no YouTube, onde produz e apresenta conteúdos sobre filosofia, direito e literatura. Atualmente é servidor do Poder Judiciário Estadual maranhense. DISCURSO DE POSSE DE ROGERIO ROCHA Para quem não me conhece - e até pouco tempo eu era, para muita gente, com certeza, um total desconhecido - tenho uma relação especial com a filosofia, com o direito e a literatura. Nas duas primeiras áreas pela formação universitária em cursos superiores, tendo em conta a licenciatura em Filosofia pela UFMA e o título de especialista (paradigmas da pesquisa em ética), concluído junto ao IESMA, bem como pelo bacharelado em Direito pela UFMA e um Mestrado em Criminologia pela Universidade Fernando Pessoa. Ademais, advoguei durante seis anos, inclusive desenvolvendo trabalhos em prol de causas sociais, tendo assumido, logo em seguida, o cargo de técnico judiciário na justiça de 1º grau do estado do Maranhão, por meio de aprovação em concurso público. Tive ainda a experiência do magistério junto ao ensino médio e técnico, com passagem pelo Instituto Federal Tecnológico do Maranhão, onde lecionei as disciplinas de sociologia, metodologia do trabalho científico e filosofia. Filosofia, aliás, que ocupa um lugar especial na minha jornada. Ao pensamento filosófico atribuo parte essencial da transformação que decidi viver, ao permitir, com a percepção mais acentuada das circunstâncias, estabelecer em mim um profundo humanismo, um otimismo realista e um caráter moldado em torno da necessidade de abertura para um ecletismo que tem-se consolidado diuturnamente em meu espírito. Sempre interessei-me pelos meandros da alma humana, pelo mundo social, pela história das ideias, pela arte e pela cultura. O que me levou a confrontar as angústias com a curiosidade permanente, o anseio pelo conhecimento, no intuito de perseguir, senão respostas, ao menos pistas que me levassem à compreensão mínima dos fenômenos que impregnam o cotidiano de beleza e horror.

Rogerio Rocha, Cadeira de número 94/APB. Minha história com a literatura começou quando descobri a leitura. Afinal, é sempre na condição de leitor que começa todo aquele que decide caminhar pelas veredas da escrita. É uma pré-condição, portanto, visto que não há queima de etapa, nesse caso. Há, em verdade, a formação de um imaginário que floresce com a medida do aprofundamento das leituras, com a expansão do olhar para as nuances mais sutis do processo de criação literária e pela absorção de elementos da estrutura dos gêneros da escrita. A admiração pelo espírito criativo de cada grande escritor, pelas técnicas de narração de contistas e romancistas, pela capacidade de transfiguração do real, de construção de novos mundos dentro do nosso, a abertura para um pensamento que também deita seu olhar crítico sobre os êxitos e fracassos da humanidade, dos indivíduos, da sociedade e suas instituições, levou-me a procurar absorver traços marcantes de suas produções e a tentar aprender com alguns autores e autoras que me antecederam.


Ao tempo das primeiras incursões livrescas, na adolescência, enquanto aluno do Colégio Dom Bosco do Maranhão, passando pela época de estudante universitário dos cursos de Filosofia e Direito, quando achavame diante de conteúdos das ciências humanas e sociais, a participar de grupos de estudos e tendo contato com jovens poetas de São Luís, até o ingresso efetivo no mundo adulto e na vida laboral, tive a possibilidade de intuir que ali havia um caminho diferente a ser percorrido. E que aquele que durante anos fora um leitor apaixonado poderia dar um passo adiante, a começar pelos primeiros textos dissertativos, artigos científicos e para jornais da cidade, até ser tocado em definitivo pela poesia. Daí em diante, confesso, dividido entre o trabalho e a necessidade de estruturar minha vida - com a advocacia primeiramente, depois com o magistério e, por último, com a aprovação em concurso público, que me levou ao serviço público na justiça estadual do estado do Maranhão, como já disse - trouxe o universo da cultura e as coisas do espírito, ou, como queiram, a vida intelectual, como uma segunda instância das minhas ocupações diárias. Sem deixar esfriar a empolgação com o mundo da escrita, ocultei meus primeiros escritos, na medida em que os criava, enquanto, concomitantemente, dava sequência às leituras que formaram minha personalidade e influenciaram minha forma de ver e perceber a arte do pensamento através dos livros. Tornei-me um viajante, mesmo na solidão do quarto, e alimentei uma existência de longos anos de pouca vida social com a riqueza das narrativas presentes nos clássicos e contemporâneos. Um período em que avancei muito no plano da interioridade, do estabelecimento de algumas certezas em relação a meu futuro, da expansão do olhar e da sensibilidade, mirando desenvolver o senso prático que levasse também ao mundo da vida o equilíbrio entre razão e emoção. Até começar a participar de coletâneas nacionais e internacionais, disputar os primeiros concursos literários e escrever o livro “Pedra dos Olhos”, a seleta de poemas que representa minha estreia no cenário da literatura maranhense, estive em contínua relação com a cultura. Foi justamente nesse solo fértil que pude plantar a semente daquilo que hoje, começo a realizar com mais apuro. Num processo de amadurecimento natural, sem pressa (e talvez tardiamente), buscava em mim a voz, o gesto, o dito, o reflexo de um desejo, uma palavra, “a palavra”. Buscava tornar-me íntimo da nossa língua e nela erguer um lugar, meu próprio universo, para assim, então, habitar amorosamente a linguagem, essa casa do ser. Ao performar a minha trajetória, na esperança de tornar viável a relação de proximidade com os espectros que compõem a existência literária, encontrei amigos de alma, coração e espírito. Comunguei com pessoas cuja força motivacional surgia do mesmo ambiente que a minha, com a mesma origem e os mesmos objetivos. A muitas delas sou grato pela dúplice colaboração: a da amizade e a dos ensinamentos. Tendo chegado a este ponto, enquanto escrevo o presente texto, tenho dois novos livros de poemas a serem lançados, um de filosofia e outros dois estudos sobre filosofia do direito e direito constitucional em fase de atualização. Começo a produzir em áreas como a crônica e o conto, searas em que continuo a estudar e aprender com a humildade necessária, exercitando a arte da escrita dentro dos meios à mão, sem descuidar nunca da consciência de que, no ofício de escrever, estamos sempre a interpretar o grande livro do mundo, reescrevendo nossas obras dia após dia. Dito isso, é imperativo enfatizar que sou grato pela indicação do meu nome, pelo poeta, jornalista e dramaturgo João Batista Gomes do Lago, para integrar a Academia Poética Brasileira. Também agradeço aos demais membros pela sua escolha e confirmação, bem como pelo trabalho magistral do seu presidente, o jornalista, escritor e poeta Mhario Lincoln. Nascida contemporânea, a Academia Poética Brasileira redefine o modelo das tradicionais congregações literárias, propondo o ciberespaço como novo âmbito da reunião de artistas e produtores de cultura, no interior de uma grande comunidade virtual, a equilibrar tradição e a vanguarda no cerne do movimento de um único organismo. Fato que não impede, por outro lado, a existência de eventos e atividades presenciais, sempre que possível. Por fim, impende frisar que minha chegada a essa instituição tem por marca a serenidade com que costumo dirigir os rumos da minha vida e dos meus projetos, envidando esforços para dar seguimento à missão de disseminar a cultura do livro e da criação do hábito da leitura, aliado ao esforço para exercer, com liberdade, equilíbrio e senso crítico, o papel reservado ao intelectual nesses novos tempos. Meu muito obrigado!


VIDAS LUMINOSAS:

DILERCY ARAGAO ADLER POR RENÉ AGUILERA FERRO Dilercy Aragáo Adler nasceu em São Vicente Ferrer-Mato Grosso-Brasil em 07 de julho de 1950, escritora e de profissão psicóloga. Realizou seu doutorado em pedagogia em Cuba, tem seu mestrado em Educação, também várias especializações em sociologia e metodologia da pesquisa. Atualmente está aposentada da Universidade Federal de Maranháo. No entanto, trabalha de professora de graus e pós-graduação da Universidade de Maranháo e do Instituto de Diversidade e Ciência. Tem uma dúzia de livros publicados e figura em várias antologias nacionais e internacionais, também escreveu livros de caráter acadêmico dedicados ao ensino universitário. É membro de diversas instituições culturais, científicas do Brasil e do exterior. Escreva para revistas e jornais do Brasil e do exterior. Pertence a várias instituições científicas e culturais, como a Sociedade Brasileira dos Médicos; é Correspondente Internacional da Sociedade Argentina de Letras, Artes e Ciências. Representante no Brasil do jornal ′′ Portal ′′ da Itália. Foi nomeada sócia e membro da União dos Escritores e Artistas de Tarija-Bolívia. Dilercy Aragão Adler, atualmente reside na sua cidade natal São Vicente Ferrer. ------------------------------------Extraído do livro ′′ Vidas luminosas ′′ de Rene Aguilera Fierro





DISCURSO DE POSSE LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Cadeira 92 Senhor Presidente, Meu Padrinho João Batista, Confrades e Confreiras Agradeço a honra que me foi dada de adentrar neste sodalício. Não sou merecedor, haja vista não ser Poeta, nem Escritor, muito menos Historiador... Sou um Professor, e de Educação Física, com Mestrado em Ciência da Informação... um Cientista da Informação, que trabalha basicamente com documentação esportiva, no resgate da memória do Esporte, Lazer e Educação Física no/do Maranhão; dedico-me também à memória da literatura ludovicense/maranhense... Sou Editor, com registro no IBICT – 9177536 - , responsável, hoje, pela minha própria revista: MARANHAY – Revista Lazeirenta, dedicada ao Lazer: Esportes e Cultura, atualmente já ultrapassados os 60 números; também voltei a editar a ALL EM REVISTA, da Academia Ludovicense de Letras; e já fui editor da Revista do IHGM; e da Revista Nova Atenas, de Educação Tecnológica... todas eletrônicas... Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil, e organizador/editor do Atlas do Esporte no Maranhão, nesses anos de atuação, tenho participação em cerca de 20 livros e mais de 350 artigos publicados em revistas e jornais, dedicados às áreas de atuação. Quando Mhario anunciou que seria recebido como membro dessa Casa de Cultura, me foi dito que teria que escolher um Patrono: o fiz, recaindo a escolha sobre Elza Paxeco Machado, ludovicense, filha de Fran Paxeco; escrevi o elogio ao patrono e o enviei à Mhario, aguardando a posse, que seria em São Luis; atropelada pela pandemia, só agora será efetivada... Acompanho Mhario desde muitos anos, jornalista em São Luis; depois, nos encontramos em Curitiba, minha terra natal; junto, João Batista Gomes do Lago, hoje, meu Padrinho nesta Casa... de lá para cá – quantos anos? Meados dos anos 2000? – temos mantido conversas proveitosas, culminando com este encontro, proporcionado pelos dois. Gratidão... única palavra que me vem à mente. Espero poder corresponder à confiança depositada... LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ


LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

FRAN PAXECO:

recortes & memórias

SÃO LUÍS – MARANHÃO – 2021


Porque se tem falado muito do Brasil nas últimas semanas, aproveitemos para recordar aqui um ilustre setubalense que, em terras de Vera Cruz, viveu grande parte da sua vida. Fran Paxeco, que se viu obrigado a emigrar para o Brasil, percorreu grande parte daquele imenso país tendo vivido no Rio de Janeiro, Belém, Manáus, São Luís do Maranhão, Juruá... Distinguiu-se como Jornalista (fundou e dirigiu periódicos em todos, se não todo os locais por onde passou), Diplomata, Economista, Historiador, Professor, Comerciante etc. Abordemos talvez um dos períodos da sua vida menos conhecido entre nós, quando foi para os confins da Amazónia como Chefe de Gabinete do Marechal Thaumaturgo de Azevedo que fora encarregado de chefiar a Comissão de delimitação de fronteiras, de que resultou a integração da região do Acre no território brasileiro. O Acre é, hoje, o extremo ocidental do Brasil, confrontando com a Bolívia e o Perú, mas só na primeira década do século XX, após compra àqueles países de um vasto território com uma área que quase duplica a de Portugal continental, se resolveu uma longa disputa resultante da ocupação efectuada por seringueiros brasileiros. Fran Paxeco lá se encontrava quando foi celebrado o primeiro dos tratados – Petrópolis – e assistiu à fundação da que é hoje a segunda cidade daquele estado – Cruzeiro do Sul – e sabê-mo-lo, sem sombra de dúvidas, porque é um dos subscritores da acta de fundação contida na “primeira pedra” daquela cidade e que, para além de documentos e moedas, contém o livro “Os interesses maranhenses” de que é autor. Longa seria a história, mas fiquemos por aqui, não sem antes referir que o nosso ilustre conterrâneo é o autor da letra do hino do Município de Cruzeiro do Sul e o seu nome figura na toponímia das cidades de Cruzeiro do Sul, São Luís do Maranhão e São Paulo, para além de Setúbal. António BentoLASA 7 de julho de 2014 ·


O ANO ERA 1920 PACOTILHA, 02 DE JANEIRO

O Jornal, 09 de janeiro

O JORNAL, 14 DE JANEIRO


PACOTILHA, 20 DE JANEIRO


PACOTILHA, 22 DE JANEIRO


PACOTILHA, 27 DE JANEIRO


PACOTILHA, 30 DE JANEIRO

O Jornal, 31 de janeiro


PACOTILHA


PACOTILHA, 20 DE FEVEREIRO


PACOTILHA, 23 DE FEVEREIRO


PACOTILHA, 24 DE FEVEREIRO


PACOTILHA, 25 DE FEVEREIRO


PACOTILHA, 26 DE FEVEREIRO


O JORNAL, 27 DE FEVEREIRO

PACOTILHA, 27 DE FEVEREIRO



O JORNAL, 28 DE FEVEREIRO

PACOTILHA, 28 DE FEVEREIRO



O JORNAL 1º DE MARÇO

PACOTILHA



O JORNAL, 2 DE MARÇO

PACOTILHA, 02 DE MARÇO




O JORNAL, 03 DE MARÇO

O JORNAL, 08 DE MARÇO


PACOTILHA, 09 DE MARÇO


O JORNAL, 12 DE MARÇO


PACOTILHA, 12 DE MARÇO


PACOTILHA, 13 DE MARÇO



O JORNAL, 22 DE MARÇO

PACOTILHA, 27 DE MARÇO




PACOTILHA, 15 DE ABRIL


O JORNAL, 08 DE MAIO

PACOTILHA


O JORNAL, 26 DE MAIO

PACOTILHA


O JORNAL, 03 DE JUNHO

O JORNAL, 15 DE JUNHO

PACOTILHA


O JORNAL, 17 DE JUNHO

O JORNAL, 18 DE JUNHO


PACOTILHA, 18 DE JUNHO




PACOTILHA, 19 DE JUNHO




O JORNAL, 21 DE JUNHO


PACOTILHA, 21 DE JUNHO






PACOTILHA 23 DE JUNHO

O JORNAL, 28 DE JUNHO


PACOTILHA, 02 DE JULHO


Pacotilha Ano 1920\Edição 00164 (1) 14 de julho

PACOTILHA, 21 DE JULHO


PACOTILHA, 28 DE JULHO

O JORNAL, 29 DE JULHO


PACOTILHA, 02 DE AGOSTO


O JORNAL, 05 DE AGOSTO

PACOTILHA, 07 DE AGOSTO


PACOTILHA, 09 DE AGOSTO

PACOTILHA, 23 DE AGOSTO


O JORNAL, 09 DE SETEMBRO


PACOTILHA, 14 DE SETEMBRO


PACOTILHA, Ano 1920\Edição 00230 (1) - 29 DE SETEMBRO


O JORNAL, 1º DE OUTUBRO


PACOTILHA. 06 DE OUTUBRO


PACOTILHA, 09 DE OUTUBRO


PACOTILHA, 12 DE OUTUBRO


PACOTILHA, 14 DE OUTUBROI


PACOTILHA, 16 DE OUTUBRO

PACOTILHA, 03 DE NOVEMBRO



PACOTILHA, 05 DE NOVEMBRO


O JORNAL, 16 DE NOVEMBRO

DIÁRIO DE SÃO LUIS, 15 DE NOVEMBRO

DIÁRIO DE SÃO LUIS, 26 DE NOVEMBRO


DIÁRIO DE SÃO LUIS, 06 DE DEZEMBRO



NÚMEROS PUBLICADOS: VOLUME 63 – JULHO DE 2021 VOLUME 62 – JUNHO DE 2021

MARANHAY - Revista Lazeirenta - 62 - JUNHO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 61 – MAIO DE 2021

MARANHAY - Revista Lazeirenta 61 - MAIO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 60 – ABRIL DE 2021

MARANHAY - Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 60 - ABRIL 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 59 – ABRIL DE 2021

MARANHAY : Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, abril 2021 - Especial: ANTOLOGIA - ALHURES by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 58 – MARÇO DE 2021

MARANHAY 58 - ANTOLOGIA: OS ATENIENSES, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 57 – MARÇO DE 2021

MARANHAY 57 - MARÇO 2021: EDIÇÃO ESPECIAL - OS ATENIENSES, VOL. III by Leopoldo Gil Dulcio Vaz issuu VOLUME 56 – MARÇO DE 2021

MARANHAY - (Revista do Léo ) - 56 - março 2021 - EDUÇÃO ESPECIAL: ANTOLOGIA - MULHERES DE ATENAS by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 55 – MARÇO DE 2021

MARANHAY - Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 54 – FEVEREIRO DE 2021

MARANHAY (Revista do Léo) 54 - FEVEREIRO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu VOLUME 53 – JANEIRO 2021 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_53_-_janeiro_2021 VOLUME 52 –DEZEMBRO – 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maaranhay_-_revista_lazerenta_52__2020b VOLUME 51 –NOVEMBRO – 2020 https://issuu.com/home/published/maaranhay_-_revista_lazerenta_51__2020b/file VOLUME 50 – OUTUBRO – 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_50_-_2020b VOLUME 49– SETEMBRO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_49_-__2020_VOLUME 48– AGOSTO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_48_-__2020_bVOLUME 47– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_47_-__2020_VOLUME 46– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_46_-__2020_VOLUME 45– JULHO - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_45_-__2020_-_julhob VOLUME 44 – JULHO - 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_44_-_julho__2020 VOLUME 43 – JUNHO /SEGUNDA QUINZENA - 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_43_-segunda_quinzen VOLUME 42 – JUNHO 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_42_-junho__2020/file VOLUME 41-B – MAIO 2020


https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41-b_-_maio___2020 VOLUME 41-B – MAIO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41-b_-_maio___2020 VOLUME 41 – MAIO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/maranhay_-_revista_lazerenta_-_41_-_maio__2020 VOLUME 40 – ABRIL 2020 https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_40_-_abril___2020.d VOLUME 39 – MARÇO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_mar_o___2020 VOLUME 38 – FEVEREIRO DE 2020 – EDIÇÃO ESPECIAL – PRESENÇA AÇOREANA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__39-_fevereiro___2020 A PARTIR DESTE NÚMERO, CORRIGIDA A NUMERAÇÃO, COM SEQUENCIAL, DOS SUPLEMENTOS E EDIÇÕES ESPECIAIS: VOLUME 28 – JANEIRO 2020 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__28_-_janeiro____2020b VOLUME 29 – FEVEREIRO 2020 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo_-_maranhay__29-_fevereiro___2020b

REVISTA DO LÉO - NÚMEROS PUBLICADOS VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017 VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_2_-_novembro_2017 VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_3_-_dezembro_2017 VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_4_-_janeiro_2018 VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_5_-_fevereiro_2018h VOLUME 6 – MARÇO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_6_-_mar__o_2018 VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – MARÇO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 7 – ABRIL DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_7_-_abril_2018 VOLUME 8 – MAIO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8_-_maio__2018 VOLUME 8.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 9 – JUNHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_9_-_junho_2018__2_ VOLUME 10 – JULHO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_10_-_julho_2018 VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_11_-_agosto_2018 VOLUME 12 – SETEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_12_-_setembro_2018


VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_13_-_outubro_2018 VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_l_o_-_numero_14_-_novemb VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revisdta_do_l_o_15_-_dezembro_de_20? VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/185ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201 VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019 https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__16_-_janeiro_2019 VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_17_-_fevereiro__2019 VOLUME 18 – MARÇO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__18_-_mar_o_2019 VOLUME 19 – ABRIL DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__19-_abril_2019 VOLUME 20 – MAIO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__20-_maio_2019 VOLUME 20.1 - MAIO 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 21 – JUNHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__21-_junho_2019 VOLUME 22 – JULHO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__22-_julho_2019 VOLUME 22.1 – JULHO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 23 – AGOSTO DE 2019 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__23-_agosto_2019 VOLUME 23.1 – AGOSTO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 24.1 – SETEMBRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec VOLUME 25 –OUTUBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019 VOLUME 26 –NOVEMBRO DE 2019 – https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__26_-_novembro__2019 VOLUME 27 – DEZEMBRO DE 2019 – https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27_-_dezembro___2019 VOLUME 27.1 – DEZEMBRO DE 2019 – suplemento – OS OCUPANTES DA CADEIRA 40 DO IHGM https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27.1_-_dezembro___2019 VOLUME 30 – edição 6.1, de março de 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_ VOLUME 31 – edição 8.1, de maio de 2018 EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018 https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra VOLUME 32 – edição 15.1, de dezembro de 2018 ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018 https://issuu.com/…/docs/185ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201


VOLUME 33 – edição 16.1, de janeiro de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20 VOLUME 34 - edição 20.1, de maio de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-_ VOLUME 35 – edição 22.1, de julho de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed VOLUME 36 – edição 23.1, de agoto de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_VOLUME 37 – edição 24.1, de setembrp de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: I. XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec


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