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Disciplina Práticas em Tecnologias Construtivas - ARQ 142
A disciplina Práticas em Tecnologias Construtivas é ministrada pelo professor Daniel Marostegan, e começa como Tópicos Especiais. Depois de dois semestres com 34 horas, a disciplina continua como Tópicos, mas passa a ser ofertada com 68 horas. Em seguida, recebe o nome que ela hoje carrega com uma ementa de 2004 escrita pela professora Luciana Calixto, pois era uma disciplina desenvolvida por ela alguns anos antes. No Sistema acadêmico encontramos a ementa:
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ARQ-142: Estudos sobre as tecnologias construtivas do concreto, da madeira e metálicas, enfocando particularmente os seguintes aspectos: possibilidades e linguagem do material, especificidades da tecnologia, recomendações para projeto, recomendações para execução, especificação de materiais, detalhes construtivos. Disciplina de cunho teórico e prático, com ênfase em seu caráter experimental, com o desenvolvimento de protótipos. Promoção de experimentações práticas em canteiro e discussão dos diversos aspectos relacionados à escolha e aplicação das tecnologias construtivas. Pretende-se que estes conhecimentos subsidiem diretamente as atividades projetuais desenvolvidas nos ateliês. Palestras e visitas técnicas a obras, canteiros de obras, fabricantes de materiais e fornecedores de materiais de construção.
A disciplina é oferecida como optativa, sendo ofertadas, em média, 15 vagas por semestre para noturno e diurno, objetivando conectar mais os cursos. As 68 horas semestrais da disciplina representam aproximadamente 0,69% da carga horária total de formação em arquitetura da FAUFBA. É uma carga horária baixa, e o horário pouco flexível, se considerarmos a importância da atividade prática. O caráter optativo e o número ainda pequeno de vagas diante da quantidade de estudantes que a escola recebe e forma anualmente são também fatores dignos de nota. Ainda assim, a oferta da disciplina é relevante num cenário que carece desse tipo de atividade.
A disciplina teve como objetivo enriquecer as experiências práticas na formação das arquitetas e arquitetos dentro da FAUFBA, tendo como horizonte a aproximação destes e o canteiro de obras e, consequentemente, com quem constrói contribuindo, assim, para a formação de um Canteiro Experimental na escola, o qual apelidamos de Canteiro Multi_rão, que terá seu processo de desenvolvimento melhor descrito nos parágrafos seguintes.
Uma das discussões estimuladas na disciplina é sobre a produção da Arquitetura e como ela se dá de maneira coletiva. Apesar de ser uma disciplina prática, existem os momentos de discussão teórica, geralmente nos primeiros encontros. Iniciamos os semestres com o texto “Entre o projeto e a execução: o papel do arquiteto na diminuição [ou aumento] da violência no canteiro de obras” de Sabrina Duran. O texto ilustra posicionamentos que buscamos discutir na disciplina:
O arquiteto como artista inspirado e o desenho arquitetônico como expressão exclusiva da sua genialidade são duas abstrações que têm efeito prático na construção civil. Ao apresentarem a arquitetura como campo de trabalho individual, e não coletivo, essas duas abstrações criam uma cisão no canteiro de obras: de um lado e acima, está quem pensa, quem imagina o desenho, o projeto; do outro lado e abaixo, aqueles que o executam, os que fazem o trabalho braçal, descerebrado.
O reforço dessas abstrações vai desde a fragmentação e a precarização contemporânea do trabalho no canteiro aos currículos das faculdades de arquitetura, que nem sempre abordam o trabalho coletivo na construção civil, passando pelo elogio acrítico dos starchitects – “arquitetos-estrela” reconhecidos mundialmente por seus projetos autorais grandiosos, independentemente do grau de sofrimento físico que a materialização de tais projetos tenha causado aos operários no canteiro. (DURAN, 2017, p. 49)
Durante os três semestres em que participei na disciplina, pude perceber o caráter orgânico que se dava na sua organização: a cada semestre a disciplina era aprimorada de acordo com as reflexões do semestre anterior. É uma característica interessante, principalmente se considerarmos que nós estamos em constante transformação da mesma forma que as relações entre as pessoas. Uma disciplina é fruto do encontro e do relacionamento entre pessoas, e moldá-la continuamente é uma forma de manter a estrutura acadêmica menos engessada do que ela já é.
Outra característica interessante da disciplina é que a maioria das estudantes que a escolhiam eram mulheres e concluintes, ou perto de concluir. Era quase consenso, no início dos semestres, no momento da apresentação, quando perguntadxs o porquê de escolherem aquela disciplina, dizerem algo como: “não tive quase ou nenhuma experiência prática na minha graduação e gostaria de me aproximar disso”. Falas como essa evidenciam que a presença das mulheres no canteiro é expressiva e a falta de experiência prática é sentida pelos estudantes.
Cléber Marinho na marcenaria da FAUFBA confeccionado ferramenta em madeira. No semestre 2018.2, as aulas da disciplina aconteciam no mesmo momento das aulas da disciplina da Tectônica. Por vezes as turmas se juntaram para realizar atividades em conjunto, evidenciando que as disciplinas dialogam entre si e que uma pode agregar conhecimentos à outra.
O espaço dedicado às práticas da disciplina, ainda que provisório, costumava ser embaixo do anexo da Faculdade de Arquitetura. Para nós era confortável, pois o local é próximo à Marcenaria da escola, onde guardávamos nossas ferramentas e tínhamos o suporte de Cléber Marinho, marceneiro que detém muitos saberes e práticas que foram fundamentais para o desenvolvimento da disciplina.
A partir do semestre 2019.1, tivemos que migrar de espaço. Com as obras de infraestrutura que aconteceram no local, fomos transferidos para outro espaço, também improvisado, ao lado do Módulo Iansã, prédio do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU).
Com o anexo em funcionamento, lá abrigará as atividades que hoje acontecem no PPGAU. Assim, o PPGAU ficará livre para abrigar o futuro espaço dedicado à pesquisa e ensino de construção e onde, futuramente, cogita-se instalar oficialmente o Canteiro Experimental. Ou seja, o espaço do canteiro ainda não está consolidado, mas suas atividades já acontecem há um tempo considerável. Nos tópicos seguintes, refletirei sobre as atividades realizadas em cada um dos semestres em que participei da disciplina.
2018.2
Começamos este semestre, bem como nos três seguintes, com a leitura do texto “Entre o projeto e a execução: o papel do arquiteto na diminuição [ou aumento] da violência no canteiro de obra” de Sabrina Duran.
Neste semestre, tivemos 3 eixos temáticos: terra, bambu e ladrilhos hidráulicos. Maria das Graças Rodrigues da Silva, Jonas Lyrio Ximenes, Amanda Oliveira e eu atuamos como tirocinante e monitores, respectivamente. Na última unidade da disciplina, as estudantes se dividiram em 4 grupos, cada um incumbido de projetar e executar uma proposta construtiva que melhorasse nosso espaço de trabalho.
Bambu
No semestre 2018.2, com esta maravilhosa planta, realizamos uma atividade de colheita e tratamento de varas colhidas na própria Universidade, da espécie Bambusa vulgaris. No campus da UFBA existem muitas touceiras que precisam de um manejo apropriado. O objetivo da atividade foi estimular a discussão sobre o uso do bambu na construção civil e suas inúmeras vantagens. Falamos sobre a importância do manejo e as formas de tratamento das varas a partir da experiência prática da colheita e tratamento. Contamos com a orientação da professora Akemi Tahara nessas atividades, em virtude de seu estudo e prática com o tema, e a de Jonas Ximenes, monitor da disciplina que já desenvolvia uma prática com o material. Tivemos a participação dos estudantes da Tectônica nestas práticas.
Atividade com montagem de parabolóide a partir de peças amarradas de bambu cana-da-índia.
Colheita das peças de bambu (Bambusa vulgaris) no campus da UFBA por estudantes, funcionários e professores.
Na foto abaixo, Jonas Ximenes compartilhando com a turma conhecimentos sobre o bambu.
Desenho autoral de croqui referente ao tratamento dos bambus.
Tratamento vertical de bambu no momento em que é colocada a solução líquida dentro do bambu perfurado.
Após alguns dias, o líquido é coletado de volta com o auxílio de uma roldana.
O tratamento das varas de bambu foi feito através de solução líquida de ácido bórico e bórax trincal (borato de sódio) a 8%. Os nós do bambu são perfurados, menos o último, permitindo que o próprio bambu seja um “recipiente” para receber a solução líquida.
Desenho autoral referente ao tratamento dos bambus, em que o líquido é coletado de volta. Conforme observado nas fotografias da página ao lado.
As varas ficam de pé com o líquido dentro durante o tratamento de 7 a 15 dias: nós o mantivemos por 10 dias. Com auxílio de uma roldana, conseguimos virar as varas de bambu de maneira que coletamos o líquido sem haver perda, podendo reaproveitá-lo para futuros tratamentos.
Nesse semestre também tivemos atividade de montagem de parabolóide com peças de bambu cana-da-índia amarradas.
Atividade com montagem de parabolóide a partir de peças amarradas de bambu cana-da-índia.
Na página ao lado, desenho autoral referente a construção do banco de terra ensacada construído durante a disciplina.
Etapas construtivas do banco com terra ensacada construído durante a disciplina, ao final sendo rebocado.
Terra
No semestre 2018.2, no eixo de práticas com a terra, tivemos a experiência de construir um banco de terra ensacada com sacos de laranja (raschel) e de farinha de trigo (ráfia), demonstrando a possibilidade de construção com materiais que usualmente são descartados. A terra foi colocada dentro dos sacos que foram compactados posteriormente. Pequenas peças de bambu foram colocadas verticalmente, objetivando travar as fiadas. O banco recebeu reboco de terra.
Visando promover a prática construtiva com terra além muros da Universidade, tivemos uma atividade de construção em hiperadobe na ocupação Manoel Faustino, fruto do vínculo da Residência (RAU+E) na comunidade. A construção viria a abrigar a cozinha comunitária das mulheres da ocupação.
Os moradores não conheciam a técnica do hiperadobe e foi muito rica a troca. Infelizmente, a construção não foi finalizada por inúmeras razões. Tiramos a terra do próprio local para construir. Em um contexto de ocupação onde as casas estão em situação bastante precária, é importante pensar nas
Construindo com terra a cozinha comunitária da ocupação Manoel Faustino, na periferia de Salvador.
possibilidades que a construção com terra e o suporte técnico da Universidade podem criar. Aqui a comunidade aprende com a Universidade e principalmente, a Universidade aprende com a comunidade.
Tivemos também a experiência de construir uma estrutura inspirada na taipa japonesa para dar suporte a uma atividade complementar da disciplina Técnicas Construtivas II, ministrada pelo professor Jardel Pereira Goncalves. A disciplina é, de um modo geral, teórica, mas traz essa atividade prática para enriquecer o aprendizado.
Montagem do entrelaçado de bambu em moldura de madeira para materialização da taipa.
Aplicação da massa no entrelaçado de bambu inspirado na taipa japonesa.
Ladrilho Hidráulico
Sob orientação da tirocinante Maria das Graças, tivemos a prática da elaboração de ladrilhos hidráulicos, tema de sua dissertação de Mestrado. Os ladrilhos produzidos foram usados em atividades da disciplina do semestre 2019.2.
Na primeira foto, Graça e o ladrilho hidráulico produzido em conjunto pela turma.
Na foto acima, registro da aula onde é apresentada a técnica dos ladrilhos hidráulicos para a turma. Ao lado, produção das luminárias com bambu.
Após as atividades dos eixos temáticos, a turma foi dividida em grupos, e cada um se incumbiu de escolher uma demanda de infraestrutura do espaço de trabalho, projetar e construir um artefato/instalação que desse conta de melhorar tal demanda.
Com a falta de instalação e iluminação, um dos grupos utilizou peças do bambu tratado
por nós para construir luminárias a serem instaladas no local de trabalho e fizeram, inclusive, a instalação elétrica. Outro grupo construiu lixeiras com pedaços de pallets que estavam disponíveis. O terceiro grupo construiu um balanço com cordas e pedaços de taco disponíveis no local e o quarto grupo propôs fazer uma torneira e espaço para lavar as mãos. Finalizamos o semestre 2018.2 com pizza no forno construído no semestre anterior da disciplina.
Luminárias com bambu, desenvolvidas durante a disciplina Práticas em Tecnologias Construtivas, prontas e instaladas.
Corte dos pallets para produção de lixeiras.
Na foto acima, construção do forno de pizza durante a disciplina de Práticas no semestre 2018.1.
Na segunda foto, o forno em atividade produzindo pizza no semestre 2018.2! A disciplina como um todo ocorreu bem e teve adesão por parte dos estudantes. As atividades em conjunto com a professora Akemi Tahara foram bastante enriquecedoras.
Ao analisar o semestre da disciplina, percebemos que o tempo de concepção e projeto do objeto a ser desenvolvido por cada grupo foi muito curto, influenciando na execução, que poderia ser mais eficiente. Ao final, com a proposta de divisão dos grupos, sentimos que a potência da turma foi dissipada, e entendemos que esse seria um ponto de transformação no semestre seguinte.
Ao final do semestre, conseguimos uma carreta de terra oriunda da própria UFBA, fruto de movimentações do terreno para a construção de um novo prédio da Universidade. Essa terra seria nossa matéria-prima para eventuais atividades nos semestres seguintes.
Caminhão trazendo para a FAUFBA terra oriunda de movimentação em obra no campus da UFBA.
2019.1
Iniciamos o semestre com a discussão sobre nosso novo espaço de trabalho. Como mencionei anteriormente, fomos transferidos para o espaço conectado ao PPGAU, que não possuía infraestrutura alguma para acontecer as práticas da disciplina. Começamos o semestre com o sentimento de “arrumar a casa”.
Nosso primeiro movimento foi de limpeza e organização, inclusive das nossas ferramentas de trabalho, que antes ficavam na marcenaria e agora precisavam de um novo local. Confeccionamos um mural de madeira e deixamos na sala do PPGAU.
Como não tínhamos nenhuma área coberta e o período de chuvas estava por vir, nos dedicamos a planejar e construir uma cobertura. Uma outra
Produção de painel para ferramentas, feito pelos estudantes, durante atividade da disciplina.
demanda era a construção de baias para guardarmos areia, brita e o arenoso próximos ao nosso novo espaço de trabalho.
Enquanto no semestre anterior tivemos grupos propondo e executando diferentes objetos, nesse semestre buscamos seguir um caminho coletivo de projetar e construir, o que, para mim, foi o ponto alto do semestre. O ato de projetar fazendo e em coletivo foi bastante enriquecedor.
Primeiro, fizemos o levantamento de todos os materiais disponíveis, depois traçamos breves linhas no papel (e uma maquete improvisada com bloco e graveto) do que seria a estrutura e partimos para a execução, que foi onde aconteceu a maior parte do projeto.
Para a construção da cobertura, tivemos que lidar com a escassez de materiais para desenvolver a abundância na criatividade. Lidamos com os materiais disponíveis e um praticamente inexistente orçamento
Maquete improvisada com um bloco quebrado e gravetos para estudo in loco.
Estudo prático e em grupo de maneiras estruturalmente eficientes para a construção da cobertura.
Com um funil improvisado, inserimos a argamassa por dentro do buraco feito no pilar de bambu, para que a junção do pilar com a fundação fosse firmada. Nas fotos ao lado, Instalação de pilar de bambu (Bambusa vulgaris) e em seguida, preparo de argamassa.
Croqui da autora. (2020)
Construção coletiva das vigas-vagão, entre professores, funcionário e estudantes. No qual dupla de bambu canada-índia são amarradas junto com peça de bambu Bambusa vulgaris.
A estrutura do PPGAU, projetada por Lelé, recebendo esperas amarradas de bambu, onde iríamos apoiar as vigas-vagão.
Léo durante a instalação da viga-vagão. Professora Akemi conferindo a tensão.
destinado à disciplina. Utilizamos os bambus tratados por nós no semestre anterior, que serviram de estrutura, além de brita, cimento, areia e ferro já disponíveis no canteiro para a fundação. Usamos bambus cana-da-índia para travar os pilares e peças de madeira para suportar as telhas. Como o vão era grande para a dimensão das peças, fizemos vigas-vagão para vencer a distância do vão. Para cobrir, usamos telhas metálicas reaproveitadas que estavam abandonadas no estacionamento. As conexões foram feitas com cordas e arames.
As soluções construtivas foram sendo desenvolvidas ao longo da construção, de acordo com as necessidades estruturais e com a disponibilidade de materiais. Algumas soluções foram previstas e outras foram desenvolvidas posteriormente às observações da estrutura reagindo com o peso das cargas.
De fato, o ensino da arquitetura - e mais particularmente o ensino das estruturas - que somente se fixa na teoria, tornase um trabalho etéreo, metafísico. Estes conceitos quando acompanhados de modelos e de experimentações práticas possibilitam ao aluno a capacidade de enxergar ou de perceber os fenômenos. Todos os exercícios vividos praticamente e com o uso de modelos trazem ao aluno a possibilidade de realmente “sentir” as forças. Esta percepção “liga” o aparato sinestésico do estudante que passa a viver as realidades físicas do espaço agindo sobre as estruturas no fértil ambiente da vida real, do tempo real. (MINTO, 2009, p. 102)
Na página ao lado, terças improvisadas sendo instaladas. Durante a instalação, a turma analisa a reação das peças, o que fletiu ou não, ou que tá firme, o que precisa de travamento, etc. Foi nesse momento que percebemos que as vigasvagão precisavam de um certo travamento entre elas, que o fizemos com arame e peças de bambu.
Na foto abaixo, momento de instalação das telhas metálicas reaproveitadas. A união faz a força!
Cobertura finalizada e sendo utilizada!
Na página seguinte croqui autoral. Talvez o resultado não tenha sido a cobertura mais linda do mundo, mas posso garantir que para sua materialização foi necessário muito esforço coletivo e é aí que mora sua beleza. Para ser sincera, desfrutamos pouco da cobertura no restante do semestre, e a chuva pouco apareceu. No fim das contas, fizemos a estrutura pela riqueza do aprender fazendo. Seu objetivo não foi seu fim, mas seu processo.
Nesse semestre, além da realização da cobertura, construímos baias para deixarmos os materiais como areia, arenoso e brita. Em relação às práticas construtivas com terra, tivemos nesse semestre a prática inspirada na taipa japonesa aproveitando a moldura de madeira usada no semestre anterior.
Quanto à estrutura da disciplina, a análise que fizemos do semestre foi positiva em virtude da alteração da estrutura de “grupos separados que projetam e constroem objetos separados” como nos semestres anteriores. Pensar junto e construir junto a cobertura, com certeza, foi um saldo positivo.
Acima, Cléber, João e Kellvy aplicando a massa no entrelaçado de bambu da taipa inspirada na japonesa.
Na terceira foto, Marina, Elisa, Marta e Maria Luísa construindo as baias. Até minha mãe, Marta, colaborou com a mão na massa!
Na quarta foto, Akemi e Maria Luiza peneirando a terra para a massa da taipa. Estas atividades aconteceram no semestre 2019.1.
2019.2
Nesse semestre, a mudança proposta na organização da disciplina se deu na organização e distribuição da carga horária. Em vez das horas serem distribuídas semanalmente ao longo do semestre com uma aula por semana, elas foram concentradas no formato de mutirão. Foi nesse semestre que abraçamos e lançamos o nome do canteiro como “Canteiro Multi_rão”, um canteiro múltiplo que é construído a partir das práticas coletivas dos mutirões. Fizemos inclusive um Instagram, o @canteiromulti_rao visando o compartilhamento e registro de experiências.
Tivemos aulas iniciais de apresentação, leitura de texto e apresentação do projeto a ser construído no mutirão. Organizamos a atividade em dois mutirões que aconteceram da sexta até o domingo, durante duas semanas seguidas. O primeiro mutirão aconteceu nos dias 11, 12 e 13 de outubro de 2019 e o segundo nos dias 18, 19 e 20.
Nesse semestre, divulgamos nas redes sociais e convidamos a todas e todos os interessados em participar do mutirão, o que permitiu que pessoas não matriculadas na disciplina também participassem.
O objeto construído foi uma área de convívio na parte externa. Com a retomada das obras do anexo da FAUFBA, o antigo forno a lenha foi derrubado e decidimos construir um próximo ao nosso novo espaço de trabalho.
As técnicas construtivas nesse semestre foram com materiais majoritariamente industrializados (tijolinho cerâmico argamassado com massa de cimento). Tocamos na terra apenas para a materialização do forno de pizza, que contou com argamassa de terra e açúcar.
Léo Bahia colaborou como monitor da disciplina, e nós desenvolvemos o projeto antes do mutirão acontecer, pois para conseguir realizar a disciplina de maneira concentrada no formato mutirão, tudo precisaria ser muito bem pensado e planejado com todos os materiais previamente organizados. No formato mutirão, a maior parte das atividades transcorreu durante o final de semana, período em que os funcionários da UFBA não estão presentes no campus: o pequeno esquecimento de uma ferramenta, por exemplo, poderia comprometer uma etapa inteira de trabalho.
O projeto do espaço é composto por uma pia que direciona a água cinza a um círculo de bananeira8; um forno de pizza e uma estrutura de bancada de trabalho. Para a elaboração do projeto, fizemos um levantamento dos materiais disponíveis e assim o desenvolvemos pensando na estrutura com tijolinhos maciços por haver quantidade disponível para nosso uso.
Desenhos esquemáticos, elaborados pela autora e Léo Bahia, da bancada de trabalho e do forno de pizza. VISTA
1º mutirão PLANTANo primeiro mutirão, construímos as bases dos 3 objetos: o forno, a pia e a bancada de trabalho. Construímos a bancada de suporte do forno à lenha com a tecnologia da argamassa armada dias antes do primeiro mutirão. Foram duas peças de 1,20x0,50m resultando em uma bancada de 1,20x1,00m. Improvisamos uma banheira de bloco com uma lona dentro para servir de tanque de cura para a peça.
Elaboração de bancada em argamassa armada.
Na primeira foto, os materiais e ferramentas a serem usadas durante o mutirão.
Nas demais fotos, o processo construtivo da bancada de trabalho e da base para o forno. Em grupo, alteramos a diagramação dos tijolos da bancada.
Estudantes e professores, durante a atividade da disciplina, levantando a base para pia e o forno de pizza.
Finalização do primeiro mutirão da disciplina.
2º Mutirão
No segundo mutirão, assentamos as bancadas, construímos a cúpula do forno de pizza e fizemos a instalação hidrossanitária da pia utilizando a opção do círculo de bananeira.
Na primeira foto, Graça trabalhando no piso da pia.
Na segunda e terceira foto, aplicação dos ladrilhos hidráulicos, elaborados no semestre 2018.2, na bancada construída no semestre 2019.2.
Na quarta e quinta foto, etapas construtivas do círculo de bananeira, para tratamento hidro sanitário de águas cinzas da pia.
Cúpula do forno de pizza sendo construída coletivamente durante o mutirão da disciplina.
Na foto ao lado, estreia do forno com sessão de pizza!
Abaixo, registro do forno e da bancada de trabalho finalizados.
Na página ao lado, turma reunida após a finalização do segundo mutirão, última atividade da disciplina no semestre 2019.2.