Manuel da Silva Moutinho

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(1936-2011)


Manuel da Silva Moutinho Um padrão da igreja bíblica

José Manuel Martins

Inclui estudo expositivo da Carta de Paulo aos Efésios, escrito com base nas prelecções de Manuel da Silva Moutinho na Escola Bíblica da Assembleia de Deus de Almada, realizada em 2006.



ABERTURA

DUAS PALAVRAS A convite de Letras d’Ouro, editores (e após haver feito a derradeira revisão do manuscrito intitulado Manuel da Silva Moutinho — Um Padrão da Igreja Bíblica) apraz-me escrever breves linhas de apreciação deste livro da autoria do Dr. José Manuel Martins, presbítero da Assembleia de Deus em Almada. Trata-se de uma obra volumosa (mas agradável de ler) relacionada com o pastor Manuel Moutinho, um sincero, dedicado, zeloso e fiel servo de Deus durante décadas de actividade evangelística e pastoral no nosso país e não só. São mais de 400 páginas que recordam a vivência cristã, o trabalho árduo (mas precioso aos olhos de Deus) em tempos bastantes difíceis por parte desse pregador do evangelho recentemente promovido à glória com a idade de 75 anos. Não me admira que, através deste livro, haja pessoas que se convertam a Cristo e não poucos crentes sejam fortalecidos na fé. O subscritor destas linhas foi abençoado ao ler a presente obra, pois o irmão Moutinho, quer nas suas pregações evangelísticas, quer nos seus estudos bíblicos, tinha uma forma peculiar de expressar-se em público, de comunicar a Palavra do Senhor, atraindo as pessoas

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que o ouviam, e não poucas convertiam-se a Deus, sendo também os cristãos evangélicos edificados na fé e instruídos biblicamente. Fernando Martinez

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PREFÁCIO

I Estará por fazer o trabalho de caracterização sociológica das portuguesas e portugueses que aceitaram a mensagem evangélica pentecostal, formando as primeiras comunidades «Assembleia de Deus» no sul e norte do país e, mais tarde, na capital. Não será temerário, porém, afirmar que integravam, com raras excepções, os extractos sociais mais humildes e provinham, em termos religiosos, das «fileiras» do catolicismo romano, que agregava, pelo menos nominalmente, a quase totalidade da população portuguesa, embora no Ultramar a realidade fosse substancialmente diferente em consequência da política europeia dos finais do século dezanove e da política dos republicanos, após a implantação da República, em 1910, que permitiram uma maior penetração das agências protestantes, em particular em Angola. Nos anos vinte, trinta e quarenta do século passado, no Algarve, em Lisboa, no Porto e no Alentejo, desses portugueses muitos eram adolescentes e jovens que tinham logrado concluir a escolaridade obrigatória e, dentre eles, alguns até formação académica mais avançada. Ao tempo, era comum as crianças e adolescentes integrarem o mercado de trabalho, muitas vezes sem sair do seio

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familiar, pelo que, daqueles adolescentes e jovens, alguns tinham já vínculos profissionais de vária natureza no campo, na indústria e nos serviços. No dia 15 de Setembro de 1936, nasceu o menino, a quem chamaram Manuel da Silva Moutinho, em Santiago de Custóias, Matosinhos, nos arredores da grande cidade do Porto, capital do norte do país, o qual, concluída a formação escolar obrigatória, lá foi parar, ainda criança, ao mundo do trabalho, em ajuda ao pai. Antes, já a família, no início da década de quarenta, quando ele tinha sete anos 8

de idade, se havia agregado à Assembleia de Deus do Porto. Primeiro a mãe, Albina Rosa, e depois o pai, José António da Cruz Moutinho, decorria o ano de 1943. Foi a transformação ocorrida na vida da mulher, que invocava a acção do Evangelho de Jesus Cristo, que lhe fora anunciado na dita Assembleia de Deus, a razão da conversão e aproximação à igreja do José Moutinho, da qual passou a ser membro e onde o filho Manuel já assistia, levado pela mãe, às respectivas reuniões de culto. Outro passou a ser o ambiente familiar do menino Manuel, uma vez que antes da conversão do seu pai eram frequentes as brigas, com gritaria e arremesso e destruição de objectos, típicas da violência doméstica comum no seio das famílias, muitas vezes provocadas pelo consumo excessivo de álcool e da dependência do jogo, em que se consumiam os parcos recursos do orçamento familiar.

* A igreja tinha uma resposta para a formação das crianças, a qual assentava, essencialmente, na Escola Dominical, onde os pais crentes integravam os filhos para aprenderem «as primeiras letras» das


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Escrituras Sagradas, num processo de formação contínua com vista à salvação, por Jesus Cristo, e à manifestação pública da conversão, através do baptismo nas águas, por imersão, em cerimónia que tinha sempre uma forte componente evangelística, visando, em particular, os familiares e amigos dos que se baptizavam. O menino Manuel da Silva Moutinho foi tomando consciência do plano de Deus para a sua vida pela leitura e exposição das Sagradas Escrituras, na sequência do que aceitou Jesus Cristo como seu salvador pessoal, obedeceu ao mandamento do baptismo e tomou gosto pela escrita, pela música e pela missão da igreja e de cada um dos crentes em tornar conhecido o Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Até à decisão de obedecer ao mandamento do baptismo, o que fez convictamente, tanto mais que, após isso, recebeu o baptismo no Espírito Santo, experimentara na meninice forte discriminação religiosa, comum naqueles dias, por pertencer a uma «família protestante». A vizinhança, muito atreita à igreja tradicional, era implacável na censura aos protestantes, que acusava de serem responsáveis por «todos os males que vinham ao mundo», embora, simultaneamente, reconhecessem a transformação operada na vida dos que «mudavam» de religião e «andavam» nos protestantes. Todavia, esse era, na altura, o melhor e mais eficaz meio de propaganda do culto protestante: o vizinho bêbado, que batia na mulher e nos filhos… agora ia com eles ao culto! A discriminação e perseguição marcaram-no, indelevelmente. Mais tarde, tudo fará para as «pôr a nu», através da sua acção evangelística, nos limites da terra que o viu nascer e por onde andou, como testemunha viva de Jesus Cristo, pregando, distribuindo literatura, vendendo Bíblias e revistas Novas de Alegria e, especialmente, por

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meio da palavra escrita, contundente quase sempre, «desmascarando» os agentes indutores desse «ódio persecutório», que eram, em regra, os párocos e as pessoas influentes da igreja católica. Nesse tempo, a igreja local, na qual a Escola Dominical desempenhava uma acção importantíssima, era uma «escola de formação» por excelência, em particular dos crentes que não tinham ou não tiveram acesso, quase sempre por razões de natureza económica/social, a escolaridade superior à instrução primária. O exemplo do jovem Manuel Moutinho é revelador disso, como 10

se aperceberá o leitor, em particular através das referências aos seus escritos (em prosa e em verso) e, também, às suas competências como músico e maestro, as quais foram, essencialmente, adquiridas no seio da igreja, com base na partilha de conhecimentos entre gerações. As gerações posteriores não compreenderam, muitas vezes, a desenvoltura intelectual destes obreiros, sem relevante formação académica, porque não valorizaram o autodidactismo que a compreensão da Bíblia e a realização das tarefas referentes à pregação, ao ensino e ao culto implicavam. Aos 17 anos já o mancebo Moutinho tinha aprendido quase tudo o que, a nível da igreja local, lhe fora possível assimilar. Tendo manifestado, muito cedo, ainda antes de obedecer ao mandamento do baptismo nas águas e de receber o baptismo no Espírito Santo, quando foi entrevistado pelo seu professor da Escola Dominical, que queria trabalhar a favor da causa do Mestre, era-lhe necessário frequentar a Escola Bíblica anual, que visava, precisamente, preparar novos obreiros, para evangelizar o país, sob o fogo e acção do Espírito Santo, o que constituía, até para as assembleias protestantes tradicionais, um desafio à coexistência e, depois, à convivência.


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Os saberes dos pastores residentes, como foi o caso de Artur da Silva Rodrigues, que o baptizou, e de Rogério Ramos Pereira, homem culto e de formação muito superior à média, à época, estavam, em geral, absorvidos e só num contexto fora das comunidades locais podiam ser substancialmente pormenorizados. Com Rogério Ramos Pereira, que era o director da revista Novas de Alegria, cargo que exerceu desde 1943 a 1957, e pastoreou a Assembleia de Deus do Porto, entre 1952 e 1958, o jovem Moutinho, após o baptismo nas águas, começou, ele próprio, a ensinar outras crianças, numa lógica de aproveitamento de todos os recursos disponíveis, como professor da Escola Dominical e a cumprir tarefas de evangelização, integrando o que comummente se chamava a «escala de cultos», implicando um contacto periódico com todos os crentes da área do Porto, nos diferentes locais de culto que em 1953 eram, pelo menos, os seguintes: Porto (Rua da Prelada), Senhora da Hora, Avintes (Areia de Cima), Castelo da Maia (em Barca), Gulpilhares, Leça da Palmeira e Rio Tinto. Amadurecera e estava seguro de que queria ser um discípulo de Jesus Cristo muito mais activo, inclusive dedicando-se a tempo inteiro à obra d’Ele. Para tanto, a participação na Escola Bíblica de Lisboa seria o passo seguinte, que acabou por dar, com o beneplácito da liderança local, em 1953, tomando, dessa maneira, contacto com outros jovens promissores, provenientes doutras regiões do país e do mesmo modo prenhes, como ele, de fulgor evangelístico e desejosos de «alcançar almas para Jesus». Foi nessa junção de esforços, enquanto alunos da Escola Bíblica, que se forjaram amizades duradouras, assentes no propósito comum de servir na Obra de Deus, chegando a locais mais remotos

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do interior de Portugal, sem esquecer as Ilhas e as Províncias Ultramarinas. Ainda faria mais duas temporadas em Lisboa, nas Escolas Bíblicas de 1954 e 1955, até ser convidado para ingressar no escol dos obreiros pentecostais, sendo dos mais novos a aceitar tal desafio, com apenas 19 anos e todos os sonhos por realizar. O obreiro Manuel da Silva Moutinho conhecia profundamente as necessidades do povo que servia, em todos os lugares em que exerceu o seu ministério espiritual. Misturava-se com as pessoas, em 12

várias acções pastorais, percebia os seus anseios e necessidades, media o pulso à satisfação com que os novos convertidos davam os primeiros passos na fé, pregava e ensinava sobre toda a problemática do momento, usando as Escrituras como resposta e solução para cada caso de interesse individual ou da comunidade com base nesse conhecimento, ensino que consubstanciava usando exemplos do quotidiano, que os ouvintes tão bem conheciam (porque viviam ou tinham vivido situações semelhantes) e lhes permitia assimilar a solução bíblica e comportar-se em conformidade com ela. Podemos dizer que era um homem popular no sentido em que se sentia próximo de todos por conhecer muito bem o problema, a necessidade, a reacção de cada um, mesmo ao ensino que não fosse consensual ou pudesse merecer reserva. Sempre, em qualquer caso, mantendo convicção e coerência, a mensagem era perceptível e geralmente aceite, quanto mais não fosse, em nome da unidade da igreja bíblica, argumento que utilizava como mestre experimentado. Pregava e ensinava em tom quase coloquial, como se dum diálogo se tratasse com cada um dos ouvintes ou discípulos, perguntando e dando a resposta, criando situações bem-humoradas, rindo


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e chorando, cantando e lamuriando, silenciando e fazendo ruído a seguir… revelando, em púlpito, toda a sua experiência de lidar com o povo, mas também conhecimento absoluto dos comportamentos típicos do cidadão comum e dos membros das igrejas. Aliás, muitas dessas características do discurso oral estão presentes nas prelecções que constituem a parte mais relevante deste livro, embora, em grande medida, esbatidas pelas exigências formais da escrita. Ainda assim, por vontade nossa, sobreviveram resquícios da oralidade que permitem ao leitor vislumbrar essa mestria comunicacional numa linguagem simples, popular, inteligível, sem contudo beliscar ou obnubilar a unção do Espírito Santo que imanava da palavra que pregava e se misturava nos Améns repetidos dos ouvintes. Sustentando o que em parte afirmamos, remetemos o leitor para um texto que, não sendo laudatório, pode ser matriz desse reconhecimento da sua capacidade de falar a linguagem popular sem perder o sentido mais profundo do ministério da palavra ungida, donde destacamos uma frase de João Tomás Parreira, que o assinou e a Revista Novas de Alegria publicou: «… no trabalho pastoral sente-se a unção do Espírito Santo…» O trabalho pastoral é de Manuel da Silva Moutinho, à frente da Igreja de Aveiro e quando se celebrava um culto de Acção de Graças pela passagem do 5º aniversário do seu pastorado, em 1982. O autor dessa frase já antes tinha escrito, num texto de Dezembro de 1978, publicado naquela mesma Revista, que o pastor Manuel da Silva Moutinho, recentemente chegado a Aveiro, se esforçava na área doutrinal «com estudos bíblicos que proporcionam alegria nos corações, cultivando a inteligência e dando sentido razoável e consistente da fé em Cristo.»

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Essa sua capacidade de comunicar, em linguagem acessível a todos, com profundidade e de modo ungido, era reconhecida em várias latitudes, não só pelos seus pares, que o convidavam, mas pelos falantes da língua de Camões, que se ajuntavam para o ouvir transmitir «maravilhosas mensagens de edificação espiritual» com as quais o povo se enriquecia e as comunidades faziam os ajustamentos necessários ao seu modo de se relacionar com Deus, através da observância das Escrituras, único suporte da igreja bíblica que o pregador «edificava» por esse mundo fora. 14

A mensagem era tão impressiva que as igrejas invocavam o impacto infligido ao ponto de afirmarem não poder esquecer «tão depressa o benefício espiritual recebido através do ministério do pastor Moutinho», como se pode ler na notícia escrita por João Fernandes, da África do Sul, publicada na revista Novas de Alegria, em Janeiro de 1981, entre muitos outros textos alusivos a essa capacidade de comunicar e ensinar.

* Vai, por certo, o leitor constatar, pela extensão das referências feitas no apêndice desta obra, que Manuel da Silva Moutinho não se limitou a verbalizar o Evangelho nos muitos lugares dos oito distritos do nosso país (Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Setúbal e Faro) em que serviu ou noutros países onde esteve como orador convidado. Ele, com efeito, pregou e ensinou nas igrejas locais, em conferências nacionais de vária índole e propósitos. Fê-lo também no estrangeiro, em comunidades de expressão portuguesa, na Europa, em África, na América do Norte, na América do Sul, ensinou em


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Escolas bíblicas das igrejas locais e, ainda, nas Escolas de Ensino do Movimento Pentecostal. Parte fulcral desta obra refere-se exactamente ao ensino que ministrou numa Escola Bíblica, da iniciativa da igreja local que o convidou, e experiências destas contam-se às dezenas no seu currículo de pastor e ensinador das Escrituras. Imaginemos, tendo em conta o tempo de duração dessa Escola Bíblia, o que representam para ele, em tempo investido no estudo e apresentação dos temas, as participações por esse mundo fora em eventos de igual natureza e de duração às vezes superior. A nós interessa-nos, particularmente, relevar o muito que escreveu, durante mais de cinquenta anos, e publicou nos meios de comunicação escrita do Movimento a que pertencia, (Novas de Alegria, Boa Semente, Caminho e Avivamento) desde que nasceu para o «cristianismo bíblico», expressão que utilizou repetidas vezes e através do Movimento protagonizava, além das obras que foi publicando, em verso, mas especialmente em prosa, nas quais expôs o seu pensamento, gizado na juventude e posto em prática durante todo o seu ministério activo na Obra de Deus. Discorreu sobre todos os assuntos bíblicos importantes, na óptica por que via a comunidade assembleiana e a sua função primordial na sociedade, sempre partindo dum pressuposto claro e reiterado do qual fazia depender a sua coerência teológica e doutrinária, incluindo a «moral e os costumes», de que era lídimo arauto: a igreja bíblica. Sim, pela convicção do que significava para ele a noção ou conceito de igreja bíblica, lutou denodadamente, vincando os princípios básicos desse conceito, dos quais não deu sinais de querer abdicar, embora, como ele próprio afirmava, não fosse um radical.

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Lembrámo-nos do cuidado com que se entregou à redacção final do capítulo doze do seu livro Ensino, Organização e Governo da Igreja, que trata o tema O exterior da mulher crente, depois das observações que lhe fizemos. Para ele, já não interessava a «catalogação» do assunto, mas se era sustentável a doutrina de Paulo, inspirada pelo Espírito Santo. E era, sem necessidade de ser contundente ou exagerado. Moderou os termos na análise do assunto sem deixar de convictamente considerar que o modelo de igreja bíblica de que era obreiro impunha a sua exegese, não que tal assunto fosse atirado para 16

«debaixo do tapete». O seu «modelo» de igreja bíblica foi construído, digamos assim, nos primórdios da sua formação teológica e doutrinária, no contexto que também revelamos neste livro e que consideramos decisivo. São as suas convicções de juventude que darão respaldo a esse modelo, que suportará, sem condescendência, durante o seu longo e profícuo ministério pastoral. Na verdade, quando escrevia, era a esse passado, em que se formou e a que estava umbilicalmente ligado, que se reportava, bem como aos exemplos nele recolhidos e relativos aos pioneiros do movimento pentecostal com quem privou, admitimos que sem excepção. Estará sempre presente no seu discurso que, para «todos os males» de ordem espiritual, moral e social, a resposta está nas Escrituras Sagradas e a solução para os «males» que afectam ou podem afectar a igreja se encontra no quadro de referência de valores doutrinários, que para ele é insubstituível: «A solução é imitarmos o nosso passado.» Ou seja, «voltar às primeiras obras», ao princípio de tudo, ao quadro inicial de referências doutrinárias e ao local (igreja) onde tudo começou, individualmente falando.


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Para ele, o quadro primeiro de referência é tangível, está representado no testemunho desses homens que têm rosto, a quem ainda se ouve a voz, e «escreveram» as linhas mestras da orientação do Movimento. Se for preciso ir mais longe, as referências não estão em Lutero, nos reformadores, na patrística, em Santo Agostinho… Não! São neotestamentárias e implicam o exemplo dos apóstolos ou do apóstolo dos apóstolos, Paulo, que foi de Tarso e era conhecido por Saulo, o impulsionador e fundador das igrejas fora de Jerusalém, em cuja doutrina bebia o ensino que preenchia quaisquer lacunas naquilo que não aprendera directamente dos mestres de referência contemporâneos. Essa insistência, até à exaustão, na «imitação do passado» foi consensual, se assim podemos dizer, durante duas décadas, sempre com o respaldo dos seus inspiradores, que se mantiveram na liderança do Movimento até ao início da década de oitenta. Mas, após a restauração das liberdades cívicas e religiosas, ocorrida com a queda do regime político do Estado Novo, essa orientação de recorrente inspiração no passado foi, aqui e ali, objecto de observações críticas, das quais resultou, directamente, a inspiração para o denominarem «conservador». O pastor Moutinho não se submeteu, porém, ao epíteto que lhe deram os mais jovens — obreiros, muitos deles, saídos da «escola» pós-Abril de 1974, que davam os primeiros passos na liderança de igrejas, e outros que granjearam notoriedade com a «saída de cena» gradual dos pioneiros, designadamente enquanto líderes de opinião nos encontros juvenis e no jornal da Juventude, cuja publicação se iniciara no Porto, em meados da década de 60, sob a égide de João Sequeira Hipólito, de quem, aliás, Manuel da Silva Moutinho era exce-

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lente colaborador, «precioso auxiliar na evangelização bem como na música e coro», entre os quais se cimentou «uma cooperação inesquecível» que uniu os seus corações através dos anos. 1 A sua atitude foi a de dissertar sobre o assunto e expor o seu pensamento acerca do que significava para ele ser conservador. No fundo, enquanto para os seus detractores o conservadorismo implicava uma atitude de rejeição do novo, uma visão muito centrada nos valores e costumes sociais, que se tinham perdido no tempo e não eram significantes à igreja e às novas gerações, para ele não se tratava 18

de outra coisa senão de reafirmar o quadro de valores que preenchiam o seu conceito de igreja bíblica. Era esse o seu refúgio seguro e nisso foi mestre exímio: «A Bíblia diz!» E se a Bíblia diz… ficavam sem espaço de intervenção os liberais, como lhes chamava, retribuindo-lhes o epíteto de conservador… A grande ideia orientadora da sua acção, enquanto pregador e ensinador, resumia-se à matriz essencial: «a igreja bíblica» ou, dito doutro modo, a «igreja do cristianismo bíblico». E o que significantes conceitos representavam no seu pensamento biblicista não é de somenos. Significavam tudo para ele e é isso, afinal, que, aos olhos de muitos, o define como «conservador». Para ter uma ideia exacta do seu ensino, bastará o estoicismo de ler o repositório teológico e doutrinário que disponibilizamos neste livro e, complementarmente, as obras que nos legou, em particular as que publicou pouco tempo antes de pôr termo ao seu ministério activo nas igrejas como pastor. Remetemos o leitor nessa direcção, seguros de que a tarefa será agradável e compensadora, pois o mestre prendê-lo-á facilmente não tanto pela exuberância da escrita, mas pela sabedoria de experiência feita que revela, sempre consubstanciada numa proximidade


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vívida, em que retrata as situações do quotidiano do crente, matricialmente evangélico, as daqueles que não enveredaram ainda pelo caminho apontado, reiteradamente apontado, décadas a fio, que é Jesus Cristo, mas também as daqueles que tendo andado no caminho o deixaram ou vão apenas caminhando pelas bermas, ora parando, ora voltando atrás… E no legado fabuloso que deixou incluem-se, sem qualquer dúvida, as centenas de textos que escreveu e publicou, cuja síntese fizemos e consta do apêndice deste livro. Como é evidente, o resumo implica interpretação e é sempre menos e até pode ser diferente do que o autor escreveu, mas é, seguramente, uma chave que abre pistas para entrar, mediante a leitura dos textos tal qual foram publicados, no exacto pensamento de quem escreveu. Por isso, a síntese ou resumo não dispensa a leitura da obra, embora, para muitos, isso possa não ser possível, por dificuldade de acesso às fontes identificadas ou constituir um ciclópico esforço que os demoverá.

* Não nos refugiaremos, porém, na simples remissão para o que escreveu Manuel da Silva Moutinho, deixando ao leitor, em exclusivo, o privilégio da descoberta. Não! Queremos também participar dela, sem querer todavia influenciar as conclusões de cada um. Portanto, contribuiremos com o que se nos tornou possível vislumbrar, após vários meses de leitura e análise dos seus textos, e que é apenas a parte visível dum iceberg velocíssimo a navegar em mares profundos, empurrado pela força do vento. Muito do que faltará ver da vasta obra deste ministro do evangelho, incontornável no Movimento Pentecostal português, será certa-

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mente também muito importante para compreender a acção da «igreja bíblica» no nosso país, durante mais de meio século. Caberá ao leitor «cavar» mais profundamente o terreno que ele semeou para poder beneficiar da parte do filão ainda escondida e, seguramente, em bruto. Nesse caminho de descoberta, que faremos com o leitor, servir-nos-emos apenas de tópicos, que não têm, ab initio, propósitos apologéticos mas tão-só os de evidenciar os fundamentos em que o mestre Moutinho punha os pés, que eram, sempre e seguramente, para ele, os do cristianismo bíblico. 20

Compreender-se-á que a segurança do seu ensino estava no que aprendera e, consequentemente, não podia tergiversar. O remédio estava em manter, sem alteração, o ensino recepcionado e, havendo desvio, «voltar às primeiras obras», que significavam o quadro de referência doutrinário que devia estar permanentemente acautelado na igreja local onde a caminhada cristã tinha começado para cada militante da causa de Cristo. Ou seja, o que aprendera era o «cristianismo bíblico» e a «igreja bíblica» era aquela em que se ministrava e praticava o «cristianismo bíblico». Pode parecer redundante, mas era esse o seu «quadro ideológico» simples e seguro. Essa insistência até à exaustão transformou-se na sua «imagem de marca» de tal maneira que, nos anos a seguir à restauração das liberdades cívicas e políticas no país (e religiosas, também, obviamente), teve que suportar essa cruzada, insistentemente. Mas, para ele, ser conservador, na avaliação dos mais novos, especialmente dos seus pares, formados «noutra escola», e dos jovens que militavam por Cristo, essencialmente através da música, do canto e das intervenções escritas nos «órgãos de comunicação» do Movimento, não tinha que ter sentido negativo, sinónimo de «aversão à evolução».


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Se é verdade que os que o «esconjuravam» por ser conservador tinham presentes os seus escritos, em particular, onde verberava as tendências modernistas, cada vez mais semelhantes, no que concerne aos costumes, ao que se via «lá fora», no mundo perdido, afastado de Deus, condenado ao inferno, não o é menos que ele não dizia o que dizia por simples misoneísmo de última hora. Não. Limitava-se a ser coerente, a ensinar o que aprendera, no seu estilo popular e próximo das pessoas mais simples, que se identificavam com as premissas ideológicas de que partia. Não mudava o pregador porque a Bíblia não muda, a Palavra de Deus é «ontem, hoje e sempre» e estava certo que não andava a enganar ninguém durante o tempo em que ensinou como ensinou. Não era a aversão ao novo que o motivava, mas a convicção própria de que o que era novo não era melhor, antes representava evidente retrocesso e, a prazo, a derrota espiritual dos crentes convertidos, incapazes de resistir às solicitações do modernismo na doutrina e nos costumes. Se até então sempre ensinara que a igreja bíblica era aquela em que se pregava as Escrituras, que eram a única regra de fé, onde se conferia a presidência ao Espírito Santo e se vivia em santificação, não tinha razões para mudar uma vírgula que fosse a tudo quanto correspondesse a esse padrão: a Bíblia, o Espírito Santo e a santificação, contra tudo e contra todos! Não mudaria no essencial apesar da corrente contrária. Aliás, a imagem que usava, e está patente nesta obra, para exemplificar a atitude do homem e mulher salvos, era a do salmão, na sua rota dos mares para as nascentes dos rios, sempre contra a corrente! Ele era um homem que praticava esse «desporto» e incentivava os seus ouvintes ou leitores a ingressar no seu clube: «Sempre a subir contra

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a corrente!» Condição sine qua non para a igreja se manter bíblica e viva! Nesse sentido, já no declinar do seu ministério, mas ainda quando era escutado por uma parte significativa dos seus pares, entusiasmava os seus amigos e companheiros assembleianos a manter a Bíblia como a única regra de fé e referência de toda a prática cristã. Nada mais devia ser pregado, nada mais devia ser ensinado, nada mais devia ser ouvido, e assim a igreja caminharia sem sair das «veredas de outrora», ou seja, como os pioneiros ensinaram e como ele 22

aprendera e ensinava.2 Essencialmente, o que é que este homem pregava e ensinava desde a sua juventude, nas igrejas em que foi pastor, nos mais variados areópagos cá e por esse mundo fora? Mais uma vez, a solução mais cómoda seria remeter o leitor para o que «está escrito», a obra que nos legou. Mas não deixaremos de abrir algumas portas para clarear o pano de fundo onde será possível ler a sua obra com grandíssimo proveito espiritual.

* A igreja bíblica não fala apenas do pecado, para lembrar que ele existe e afecta a relação com Deus e com as outras pessoas. Vai além disso e, de arma na mão, que é a Palavra de Deus, aperta o gatilho e dispara continuamente, sem abrandar o espírito combativo, contra esse mal que está enraizado no íntimo do ser humano. Eis uma característica constante do seu discurso: a luta permanente contra o pecado. Assim, no confronto com opiniões distintas (como as dos que dizem: «devemos falar do pecado sem o combater continuamente em todas as suas manifestações», por exemplo), ele tencionava — sem questionar a liberdade de todos os outros fazerem


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de modo diferente, se fossem corajosos para assumir essa postura — «pregar o que a Bíblia ensina aos pecadores, para a salvação, e aos crentes o comportamento e os costumes que levam os salvos a agradarem a Deus.»3 Tinha bem presente que não podia deixar de exercer o seu ministério desse modo, não priorizando a catequização das pessoas para as doutrinas assumidas, e fazer delas seguidoras ou convertidos, «mas apresentar a verdade de Deus a fim de os sinceros conhecerem o Criador e o que ele quer de cada um.» Sem prejuízo das convicções religiosas de todos, o importante é manter o amor à verdade e «falar de Deus na presença de Deus.» Essa é a essência do «cristianismo bíblico» numa «igreja bíblica»: falar a verdade revelada nas Escrituras. Nada de ritos, por mais significado que tenham, mas batalhar pela conversão dos pecadores para viverem uma vida nova sob a doutrina bíblica. A salvação é por Jesus Cristo, a igreja bíblica prega toda a Palavra e o Espírito Santo convence «do pecado, da justiça e do juízo.» A igreja bíblica deve ter a visão estratégica de influenciar as pessoas a tomar as melhores decisões de natureza espiritual, moral e social. Essa é verdadeiramente a sua função, combatendo acerrimamente para negar espaço aos agentes do mal, mesmo que usem meios ditos culturais, como o cinema, o teatro, a televisão, a literatura, ou até intervenham por meio das religiões, de modo que todos sejam chamados ao arrependimento dos seus pecados e ao abandono convicto e completo da vida pecaminosa, com manifestação de obras de santificação que revelem os sinais do «novo nascimento». Doutra forma, a igreja não é bíblica e a sua existência torna-se inútil. E a soma de todos quantos nascem de novo, espalhados pelo

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mundo e integrados em vários redis (igrejas locais bíblicas, onde se vive em santificação!) corresponde à igreja universal de Jesus Cristo unida, independentemente das suas vinculações. A igreja bíblica é uma aeronave de um só motor, que é toda a Palavra de Deus revelada, e duas asas, que são a fé e o amor!

* Posto assim a claro o seu conceito de igreja bíblica, há pelo menos duas outras ideias fulcrais, que se atravessam no seu pensa24

mento desde a juventude: o dever específico dos líderes de garantir a unidade doutrinária dentro do quadro denominacional da sua referência (como é óbvio, é a doutrina que recebeu dos pioneiros e que ensinou pelo país inteiro, sem alterações ou adaptações) e a crítica frontal à doutrina da Igreja Católica. E sabemos porquê. No primeiro caso, é a coerência que está em causa. Não lhe era concebível que o Movimento se tivesse implantado e crescido, contra tudo e contra todos, incluindo os evangélicos doutras matrizes denominacionais, e, ao dobrar da esquina, este ou aquele líder se arrogasse o direito de pregar ou ensinar algo diferente do que lhe fora transmitido. Não é, a nosso ver, repetimos, qualquer manifestação de misoneísmo, mas de coerência: se para ele ontem estava certo, correspondia à revelação bíblica e foi assim que Deus usou cada um para alcançar os resultados conhecidos, no que se refere ao crescimento da igreja, por que se há-de dizer hoje que tudo (ou quase) estava errado? Tal mimetismo (digamos assim, para não ferir susceptibilidades, embora o pastor Manuel da Silva Moutinho não tivesse esse receio,


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pois, de modo incomum, tinha a capacidade de dizer, chamando à atenção ou exortando, o que mais ninguém diria, mesmo tendo o mesmo compromisso com a verdade) afrontava-o pessoalmente e punha em causa a unidade da igreja, na vertente denominacional ou nos redis onde se ensinara o que considerava ser a verdade revelada. Esse labor pela unidade implicava, para todos os crentes, padrões uniformes de vivência quotidiana do Evangelho, principalmente no contexto social de cada crente, quer quanto aos fundamentos da fé, quer quanto à vivência dos valores evangélicos. Não haveria unidade se os dirigentes tergiversassem na liturgia pentecostal, desvalorizando, por exemplo, a exposição da Palavra em benefício doutras vertentes cultuais, como o cântico e a música. Não haveria unidade se não fosse possível a um crente convertido no sul do país ser admitido na comunhão duma igreja do norte do país. Essa era a grande preocupação do pastor Manuel da Silva Moutinho, em particular depois do desaparecimento dos pioneiros em cujo exemplo se inspirava. A seguir, era a questão do catolicismo romano que mais o preocupava uma vez que a Igreja Católica Romana padronizava exactamente o exemplo extremo duma igreja cristã não bíblica, ou seja, morta, onde o cristianismo bíblico não era reconhecido e donde era necessário «arrancar» os milhões de portugueses que, dizendo-se tradicionalmente cristãos, viviam valores sem fundamento bíblico e, mais grave ainda, sem a certeza da salvação. Se o leitor se der ao cuidado de conferir os artigos que o pastor Manuel da Silva Moutinho escreveu e publicou verificará que, décadas a fio, exortou os católicos romanos a crer, para a salvação, apenas em Jesus Cristo, que a vida eterna é uma questão que não pode ser relegada para lá da morte, mercê do que possam fazer os vivos, atra-

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vés de liturgias e boas obras, que o culto cristão não admite adoração a santos ou imagens de escultura. É verdade que, por um lado, poucos como ele enfrentaram o desafio de questionar as doutrinas da Igreja Católica Romana, e, por outro, a atitude persecutória que ela assumiu contra os crentes evangélicos que «pescavam» nas áreas de influência do catolicismo, pondo-o em causa exactamente por se assumirem como igreja bíblica, propagadora da única mensagem que podia garantidamente salvar — Jesus Cristo. 26

Pode aqui ou acolá até ter exagerado na denúncia que fazia das incongruências e erros grosseiros do catolicismo romano, o que lhe deverá ser relevado tendo em conta que, desde a adolescência, constatou o obscurantismo em que viviam as pessoas ditas cristãs, incapazes de reconhecer que a revelação aos homens se fez unicamente por intermédio de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ademais, estando seguro da salvação e da condição de discípulo de Jesus, não seria a Igreja Católica Romana, que ensinava o que estava errado à luz das Escrituras, a impedi-lo — como muitas vezes tentou fazer por intimidação, através dos párocos locais, com recurso à violência — de pregar por todo o lado o «cristianismo bíblico» e chamar para a «igreja bíblica» todos quantos quisessem conhecer a Verdade e segui-la! A nós interessa-nos, nesta oportunidade, homenagear essa coerência e resistência. A exegese do respectivo pensamento bíblico ficará, entrementes, a cargo dos mais habilitados, podendo ela contribuir para melhor compreensão dos fundamentos, que por ora só enunciamos, da sua acção pastoral. Mas não nos permitimos terminar esta nota de prefácio sem uma referência sumária ao seu empenhamento e labor


Um padrão da igreja bíblica

por esta causa da «igreja bíblica», procurando não repetir o que ele próprio deu conta nas palavras que respigamos dos seus escritos.

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ÍNDICE

Abertura Prefácio CAPÍTULO I Contributo de enunciação de legado doutrinário CAPÍTULO II Pressupostos de formação e motivação CAPÍTULO III A propósito da carta aos efésios. Exposição prática da doutrina da igreja bíblica Apresentação e agradecimentos Importância e propósito da carta Uma breve introdução Acerca do escritor e do autor da carta Escrita na prisão, em Roma Apresentação do escritor Cuidado com o rebanho A motivação do escritor Estudando a carta Vendo os dois lados: o lodo e a glória Dando relevo a três palavras A santificação dos crentes

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Dois tipos de santificação: imputada e conquistada Santos em Éfeso Ser fiel O modelo Descuidos Persistência Os votos para os santos e fiéis em Éfeso Deus é exaltado Recordações O tema Retomando o estudo Revelações aos crentes Escolhidos Eleitos Antes da fundação do mundo Deus tem um plano Recapitulação Irrepreensíveis Moderados Filhos adoptados Adoptados para glória de Deus Redenção O mistério da sua vontade A herança é dos pecadores salvos Fé e amor Alegria do pastor Entendimento e conhecimento A igreja e o seu governo O plano de Deus em acção Vivificados Olhando o passado O curso do mundo Influenciados Desobedientes


Um padrão da igreja bíblica

Carnais Escravos Irados Anúncio e recordação Resumindo Propósito Amor e misericórdia Esse amor nasceu quando? Ressuscitados Prova da sua graça Fé Obras Alteração do plano de estudo Importância da unidade na igreja Pedir ou mandar Prisioneiro Próprio da vocação Relembrando Quatro virtudes Humildade Mansidão Longanimidade Suportar em amor Última parte Guardar a unidade Inspirar a unidade Um só corpo O mesmo espírito Um só Senhor Uma só esperança Uma só fé Um só baptismo Um só Deus

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Manuel da Silva Moutinho

APÊNDICE I Resumos dos artigos publicados na revista Novas de Alegria APÊNDICE II Resumos dos artigos publicados na revista Avivamento APÊNDICE III Resumos de participações na revista Boa Semente APÊNDICE IV Resumos de artigos publicados na revista Caminho 32

APÊNDICE V Sugestão de leituras complementares APÊNDICE VI Obras do pastor Manuel da Silva Moutinho Notas Agradecimentos



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