Título Prontos para Ouvir (o que o Espírito Santo diz às igrejas) Autor Samuel Alexandre Martins
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com a indicação da fonte..
Direitos Reservados © Letras d’Ouro, editores, 2011
O texto bíblico utilizado é o da Bíblia de referência THOMPSON, tradução de João Ferreira de Almeida, edição contemporânea
Editores Letras d’Ouro, editores Preparação do Original e Revisão José Manuel Martins Direcção de Arte e Design Pedro Martins Impressão e Acabamento www.artipol.net 1ª Edição, Março de 2011 ISBN 978-989-8215-24-6 Depósito Legal Letras d’Ouro, editores Sede Rua Quinta da Flamância, n.º 3, 3º Dt.º Casal do Marco 2840-030 Paio Pires, Portugal Tlm 914 847 055 Email livros@letrasdouro.com Web www.letrasdouro.com Blog letrasdouro.blogspot.com FB facebook.com/letrasdouro
ÍNDICE
Dedicatória
9
Nota de Apresentação
11
1
Introdução às sete cartas às igrejas do apocalipse
13
2
Carta à Igreja de Éfeso
17
3
Carta à Igreja de Esmirna
27
4
Carta à Igreja de Pérgamo
39
5
Carta à Igreja de Tiatira
49
6
Carta à Igreja de Sardes
67
7
Carta à Igreja de Filadélfia
75
8
Carta à Igreja de Laodiceia
83
Resumo
89
Posfácio
91
Bibliografia
121 5
NOTA DE APRESENTAÇÃO Samuel Alexandre Martins
Ao apresentar este meu novo livro, sou levado a reflectir sobre o estado da Igreja, muito em especial da Igreja no mundo dito ocidental, e a vivência dos seus membros e líderes, nos dias actuais. Em consciência tenho que afirmar, com tristeza no coração, que em muitos lugares (senão em todos de uma maneira mais ou menos evidente), as técnicas modernas e os modelos mais vanguardistas de comunicação assumiram o lugar da verdade do Evangelho; o estilo, a forma, o ritual tornaram-se mais importantes que o conteúdo, que a substância; a conveniência daquilo que se ensina, para não ferir susceptibilidades ou gerar antipatias, é mais importante do que levar as pessoas à consagração (porque existe receio de perdê-las, que elas se mudem para a igreja vizinha); há muito mais interessados em descobrir o modelo de crescimento para a igreja ideal, segundo cada conjectura particular, do que descobrir a relevância da mensagem bíblica e da sua aplicação universal e atemporal. Neste contexto, ocorre-me perguntar: O que diria Jesus das igrejas que frequentamos, que estamos a edificar, se Ele resolvesse dirigir-nos uma carta, um e-mail ou uma curta mensagem por sms, nos dias de hoje? O que diria Jesus sobre as igrejas modernas do século XXI, com os seus belos templos, 7
boas condições materiais, mas com uma profunda falta de intimidade com Ele? O que Jesus diria de mim e da igreja local da qual faço parte? Posso afirmar, sem correr o risco de errar, que o pensamento de Jesus em relação à sua Igreja (porque a Igreja continua a ser d Ele e não de nenhum homem ou organização) não mudou, pois a sua Palavra também não mudou, visto que ela é eterna e infalível. Para que ninguém me interprete mal, quero declarar que não estou preocupado com a discussão do que é tradicional versus do que é moderno; a minha preocupação não é com o «estilo», mas sim com o conteúdo, com a substância da vivência da mensagem cristã, que se tem tornado horrorosamente diluída. A questão coloca-se ao nível do confronto entre o que é genuinamente bíblico, imutável e o que de forma alguma pode ser visto como tal (e não falo das tradições dos homens, a que todos se apegam com mais força do que ao real sentido do Evangelho que Jesus nos entregou). Jesus deixou uma promessa clara para todos os membros da sua Igreja: «(…) edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vence-la» (Mateus 16:18). Esta é a minha convicção mais profunda: a Igreja está alicerçada em Cristo Jesus, o nosso Senhor eterno, que prometeu estar connosco para sempre. A Igreja pertence-lhe e jamais será vencida. Reforço a ideia de que a Igreja é de Cristo e não dos homens; por isso, é necessário deixar que seja Ele a edificar, guiar, prosperar o que comprou por um alto preço ‒ dando a sua própria vida. 8
1
INTRODUÇÃO ÀS SETE CARTAS ÀS IGREJAS DO APOCALIPSE Na introdução ao estudo das diferentes cartas que Jesus enviou às igrejas da Ásia Menor, podemos resumir o teor das mesmas com Richard Mayhue, dizendo o seguinte: Duas dessas igrejas receberam elogios directos e instruções para prosseguir agindo da mesma forma (Esmirna e Filadélfia). As outras cinco deveriam arregaçar as mangas e ir à luta, de forma a restabelecer a sua condição original. Dessas cinco, duas apresentavam sérios problemas e deficiências espirituais e não receberam outra coisa além de condenação (Sardes e Laodiceia). As outras (Éfeso, Pérgamo e Tiatira) tinham muitos pontos positivos, porém necessitavam de algumas mudanças; portanto, as palavras de Jesus para essas igrejas continham tanto elogios quanto repreensões.1 Devemos assinalar que todas as cartas se iniciam com uma revelação da pessoa de Jesus e, normalmente, com um elogio à igreja em causa, seguindo-se, na sequência, uma admoestação e um desafio. É de salientar também que Jesus dá uma maior ênfase às virtudes da igreja do que às suas falhas.
1 Mayhue, Richard; O Que Jesus Diria de Sua Igreja; Vida; São Paulo, 2005, pág. 31
9
Ele tem conhecimento de tudo que se está a passar em cada igreja: Ele conhece os seus êxitos, os seus fracassos, as suas derrotas e vitórias, os problemas, as dificuldades, as angústias, os obstáculos… E, muito mais importante do que tudo isto, Jesus sabe do que a igreja necessita. Notamos que, em cada uma das cartas, existem palavras de encorajamento e de chamada de atenção a cada servo de Jesus, para que seja dedicado, deseje viver e trabalhe em prol do reino de Deus. A tradição diz-nos que João teria sido pastor da comunidade em Éfeso e uma espécie de «Bispo», superintendente daquela região da Ásia Menor, tendo, por isso, aí pregado e ensinado; essas comunidades, na altura em que Jesus, através de João, se dirige a elas, teriam aproximadamente quarenta anos e grande parte dos primeiros convertidos já tinham partido para o Senhor. Essas igrejas estavam estrategicamente situadas, num raio de cento e sessenta quilómetros, e servidas por excelentes vias de comunicação, o que permitia a rápida expansão da mensagem que lhes era enviada. Muitos têm defendido que estas igrejas representariam de forma profética sete diferentes períodos da história da Igreja, desde os tempos dos apóstolos até ao momento em que Jesus voltar para arrebatar a sua Igreja. Permitam-me discordar dessa ideia pois defendo que elas representam os diferentes tipos de igrejas existentes em toda a história da Igreja, mesmo aquelas que estão em acção nos nossos dias. Aceito que, em alguns períodos, um tipo de igreja, dos sete identificados nas ditas cartas, se tenha 10
manifestado mais do que outros; estou, porém, convicto de que, um pouco por toda a história do cristianismo, encontramos igrejas que se podem, facilmente, enquadrar dentro de um dos padrões descritos e caracterizadores das igrejas às quais foram dirigidas as cartas, e que vamos analisar. Seguindo o ensino do referido autor, considere as razões a seguir, que favorecem esta interpretação: i) As sete igrejas existiram, simultaneamente; ii) O livro de Apocalipse nem por um momento sugere que essas comunidades representem estágios da história da igreja; iii) Uma análise minuciosa da história eclesiástica não confirma esse paralelo com essas sete igrejas; iv) Em oito passagens, o livro de Apocalipse nos diz que essas palavras foram dirigidas directamente às igrejas, e não que significariam períodos da história eclesiástica (2:7; 2:11; 2:17; 2:29; 3:6; 3:13; 3:22; 22:16); v) Todos os sete tipos de igrejas existiram em todas as épocas da história eclesiástica.2 Tendo isto em mente, torna-se fácil encontrar um rumo para a correcta interpretação destas cartas, que é o de devermos interpretá-las exactamente da mesma maneira como o fazemos com a epístola aos Gálatas, Coríntios ou qualquer outra carta do Novo Testamento. Assim, considere o seguinte: os nomes ou títulos de Jesus, um dos quais inicia cada uma das sete
2 Mayhue, Richard; O Que Jesus Diria de Sua Igreja; Vida; São Paulo, 2005, pág. 32-33
11
cartas, não estão limitados a apenas um período de tempo ou uma cidade: Ele tem actualmente os mesmos títulos em todos os lugares. As bênçãos aos vencedores, na conclusão de cada carta, também pertencem a todos os vencedores, em todas as épocas e em todos os lugares. Não estão restritas aos «campeões espirituais» do primeiro século. Além disso, quando Deus diz que odeia a imoralidade (2:20) ou a idolatria (2:14), podemos ter certeza de que Ele ainda sente o mesmo em relação àqueles que praticam tais pecados.3 Podemos então dizer, em jeito de conclusão, que o conteúdo destas cartas dirigidas às igrejas do Apocalipse continua a ter absoluta relevância para a Igreja dos nossos dias, não devendo, assim, a sua actualidade ser posta em causa, nem o respectivo ensino, ministrado directamente por Jesus, ser negligenciado pelos ministros do evangelho e igrejas disseminadas pelo Mundo.
3 Arrington, French e Stronstad, Roger (editores); Comentário Bíblico Pentecostal; CPAD; Rio de Janeiro; 2003; pág. 1845
12
2
CARTA À IGREJA DE ÉFESO (Apocalipse 2:1-7)
A palavra Éfeso significa desejado. É à igreja nessa cidade que Jesus Cristo dirige a primeira das suas cartas, ela que de todas era a igreja mais antiga e cujos crentes eram desejados por Ele. A cidade de Éfeso situava-se na antiga Ásia Menor (actualmente, uma porção da Turquia), sendo a sua capital no tempo do Império Romano. O seu templo Ártemis ou de Diana4 foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. A moralidade desta cidade era extremamente baixa: (…) Heraclito escreveu que não era possível morar lá sem cair aos prantos diante de tamanha imoralidade.5 Jesus Cristo, através de Paulo, colocara um candelabro nessa cidade sombria aquando da primeira estadia do apóstolo aí, na qual investiu mais tempo do que em qualquer outro lugar, e aonde voltou uma segunda vez.6 É oportuno referir que muitos outros ilustres líderes passaram por esta igreja, tais como: Áquila, Priscila, Apolo, Silas, Timóteo
4 Actos 18:19 5 Mayhue, Richard; O Que Jesus Diria de Sua Igreja; Vida; São Paulo, 2005, pág. 48 6 Actos 18:19; 19:1
13
e o próprio apóstolo João. Podemos afirmar, com toda a certeza, que esta igreja possuía uma boa base doutrinária, tendo sido bem cuidada pelos sucessivos líderes, ao longo de quarenta anos. Esta igreja era a única das sete que já antes tinha recebido correspondência apostólica, quando Paulo, no ano de 64 d.C., lhe dirigiu uma missiva; agora recebia outra da parte do próprio Senhor Jesus Cristo, no ano 96 d.C., através do punho do apóstolo João.
“
Ao anjo da igreja de Éfeso escreve: Isto diz aquele que tem na mão direita as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro (Ap 2:1).
”
A expressão ao anjo da igreja de Éfeso é provavelmente uma referência ao pastor da mesma, ao responsável, ao mensageiro de Deus para o seu povo naquela cidade.
1. Isto diz aquele…
Esta frase mostra-nos que Jesus Cristo não está morto, mas vive para todo o sempre e comunica com o seu povo. Ele falou ali ao anjo da igreja mas, certamente, fala também, ainda hoje, a cada um que estiver receptivo e atento à sua voz, seja líder, seja um comum servidor. Não nos podemos esquecer que Jesus habita nos seus discípulos, através do seu Espírito, e por isso Ele pode falar-lhes. Como está escrito: E que 14
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Pois vós sois santuário do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo (II Co 6:16).
2. …que tem na mão as sete estrelas…
As sete estrelas simbolizam os sete pastores de cada uma das sete igrejas. Os pastores da igreja não somente ouviam a voz de Deus mas estavam na mão do Senhor, cuja protecção estava sobre eles. A sua mão carinhosa estava com eles. A sua mão poderosa os acompanhava. Mas a sua mão repreensiva também estava sobre eles e está, ainda, sobre todos quantos são seus.
3. …que anda no meio dos sete candeeiros de ouro…
Os sete candeeiros simbolizam as sete igrejas a quem Jesus se estava a dirigir. Cristo verdadeiramente move-se no meio do seu povo, acompanha-o e está sempre em cada um que lhe pertence, pois essa foi a sua promessa: E certamente estou convosco todos os dias, até à consumação do século. Ele disse também: Pois onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles. Esta é a realidade: Jesus encontra-se no meio da igreja para abençoar, guiar, corrigir e santificar os que dela fazem parte integrante.
15
“
Conheço as tuas obras e o teu trabalho, e a tua perseverança, e que não podes suportar os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos.
”
1. Conheço as tuas obras e o teu trabalho, e a tua perseverança…
O Mestre, sem dúvida, conhece cada um e as suas obras. Podemos estar certos, como seus discípulos, que o nosso trabalho não é vão no Senhor; pelo contrário, Ele vê o nosso esforço e dedicação e recompensa-nos e, por isso, é necessário ser persistentes e fiéis na obra do Senhor. Não nos podemos deixar abalar pelo inimigo, mas prosseguir para o alvo, que é sermos cada vez mais iguais a Jesus na nossa vida.
2. …e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos. Os crentes de Éfeso não se deixavam enganar por falsos ensinos, por falsas doutrinas, pois eles testavam todo o ensino recebido pela Palavra de Deus; os crentes de Éfeso estavam seguindo o exemplo dos de Bereia, examinando cada dia nas escrituras se estas coisas eram assim (At 17:11b). Nos dias de hoje, devemos agir da mesma forma, não nos deixando enganar por falsos mestres e seus ensinos, mas analisando tudo pelas Sagradas Letras. É importante notarmos que já Paulo tinha tido problemas com os falsos mestres como nos relata II CO 11:13-15; em Actos, ele chama-os de lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho. Mas os crentes 16
em Éfeso não toleravam tal ensino e mantinham-se fiéis à pura doutrina, que Paulo lhes tinha deixado. A expressão puseste à prova é equivalente a dizer no grego: Reprovaste-os.
“
E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.
”
Por causa do nome de Jesus e pela sua dedicação ao trabalho de espalhar o Evangelho, eles estavam a sofrer. Eram perseguidos, maltratados, mas nem por isso desanimavam. Apesar da luta, eles não se cansavam e avançavam. Certamente o seu desempenho nos traz à mente o exemplo do servo do Senhor, Estêvão (At 7: 54-60). Vem também ao nosso coração o exemplo que Paulo nos deixou e certamente lhes tinha deixado a eles pessoalmente (II Co 11:23-27). Apesar de tudo, eles não podiam ficar calados e com as suas acções e palavras mostravam a diferença de viver naquele contexto difícil, honrando o nome de Jesus, o seu Senhor.
“
Tenho, porém contra ti que deixaste o primeiro amor.
”
Como refere Stanley Horton, apesar do seu zelo e de seu trabalho árduo para o Senhor, os Efésios tinham um sério problema. Haviam deixado, ou 17
esquecido, o seu primeiro amor. O grego utilizado aqui dá a ideia de um abandono espontâneo, uma deliberada desistência. Os crentes daquela igreja deram ao Senhor o seu serviço, mas não a si mesmos. Apesar de se empenharem no trabalho do Senhor já não tinham mais uma íntima comunhão com Ele.7 Embora empenhando-se no trabalho do Senhor, tinham perdido a melhor parte ‒ a comunhão com o seu Mestre. Esqueceram-se que Jesus, no seu ministério terreno, fez tudo movido de íntima compaixão (Mt 16:22-23).
“
Lembra-te de onde caíste! Arrepende-te e pratica as primeiras obras. Se não te arrependeres, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres.
”
Havia três passos fundamentais que o destinatário e os demais membros da igreja tinham que dar:
1. Lembra-te de onde caíste!
Era de suma importância ele (s) lembrar(em)-se de onde tinha(m) caído, onde foi que o seu coração esfriou, porque é que deixaram o primeiro amor.
7 Horton Stanley; A Vitória Final; editora CPAD; Rio de Janeiro; 1995; p. 36
18
Jesus chamava-os a voltarem ao calvário e ao seu sangue derramado por eles, ao seu amor por cada um deles.
2. Arrepende-te…
Não existe outra opção quando falhamos: temos que nos arrepender, pedir perdão ao Senhor e rogar pela sua misericórdia e ajuda. Este arrepende-te enfático corresponde ao apelo a uma mudança de mentalidade para que se produza uma nova atitude. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça (1 Jo 1:9).
3. …e pratica as primeiras obras.
O Espírito de Deus estava comunicando-lhes a necessidade de voltarem à compaixão, voltarem a fazer as coisas com um coração ardendo de amor por Ele, pelas pessoas que os rodeavam e pela obra de Deus. É o convite do Senhor a cada um: volta a fazer como fizeste no passado, volta a amar-me como me amaste no passado.
4. …e removerei do seu lugar o teu candeeiro…
Se os crentes de Éfeso não dessem ouvidos às palavras de Jesus, pagariam um alto preço pois deixariam de estar na presença de Jesus e Ele não andaria mais no meio deles. Seriam tirados da face de Deus e os seus nomes removidos do livro da vida do Cordeiro.
19
“
Tens, porém, a teu favor, que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.
”
Quem são os nicolaítas e porque razão eram tão mal vistos? Eram assim conhecidos por referência ao seu líder e tão odiados por causa das doutrinas que queriam impor à igreja: Nicolau de Antioquia (At 6:5) supostamente teria dado o seu nome a um grupo, dentro da igreja primitiva, que procurava entrar em compromisso com o paganismo, a fim de permitir que os cristãos participassem sem embaraço em algumas das actividades sociais e religiosas da sociedade ímpia na qual se encontravam. É possível que o termo «nicolaítas» seja uma forma helenizada do termo hebraico Balaão, sendo assim uma alegoria; nesse caso, a orientação da seita seria semelhante à do corruptor de Israel, no Antigo Testamento (Nm 22). Nesse caso, os «nicolaítas» devem ser identificados com grupos atacados por Pedro (2 Pe 2:15), Judas (11) e João (Ap 2:14 e, possivelmente, 2:20-23), por advogarem no seio da igreja a frouxidão sexual dos pagãos.8
“
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.
8 O Novo Dicionário da Bíblia; Edições Vida Nova, São Paulo 1995, pág. 1108
20
”
1. …o que o Espírito diz às igrejas.
Em primeiro lugar, este versículo mostra-nos uma viragem no discurso de Jesus: Ele deixa de falar só para Éfeso, voltando-se para a Igreja Universal, de todos os tempos, para todos os seus santos.
2. Ao que vencer…
Só existem dois tipos de pessoas: os vencedores ‒ com Cristo; os vencidos ‒ sem Cristo. O Espírito está a falar à Igreja para que ela seja vencedora, pois tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo (1 Jo 2:16). Só através de Jesus e do seu sangue é que obtemos a vitória sobre cada uma dessas áreas. Ele jamais perdeu uma batalha e é quem nos diz: Mas tende bom ânimo! Eu venci o mundo (Jo 16:33b). Paulo, escrevendo aos Romanos, diz-nos: Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou (Rm 8:37). Estamos do lado do vencedor e caminhamos para a perfeição tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Cristo Jesus (Fp 1:6).
3. …dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus. Jesus dará, pessoalmente, ao crente verdadeiro, o fruto da árvore da vida. Devido ao pecado de Adão, toda a Humanidade foi cortada da árvore da vida, sujeitando-se, a partir daí, à morte física. Em 21
Jesus, porém, passamos a usufruir novamente desse direito, o qual porá termo à morte.
22